boas práticas na elaboração e implantação em obras

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i Universidade Federal do Rio de Janeiro PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS: BOAS PRÁTICAS NA ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO EM OBRAS Ricardo Silva Moreira 2014

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Page 1: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

i

Universidade Federal do Rio de Janeiro

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS:

BOAS PRÁTICAS NA ELABORAÇÃO E

IMPLANTAÇÃO EM OBRAS

Ricardo Silva Moreira

2014

Page 2: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

ii

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS: BOAS PRÁTICAS NA

ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO EM OBRAS

Ricardo Moreira

Projeto de Graduação apresentado ao

curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto / 2014

Page 3: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

iii

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS: BOAS PRÁTICAS NA

ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO EM OBRAS

Ricardo Moreira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

OBTENÇÃO DE GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof.º Jorge dos Santos, D. Sc.

________________________________________________

Prof.ª Ana Catarina Evangelista, D. Sc.

________________________________________________

Prof.ª Isabeth Mello, M. Sc.

________________________________________________

Prof.º Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL.

AGOSTO DE 2014

Page 4: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

iv

Moreira, Ricardo Silva

Procedimentos Operacionais: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em Obras / Ricardo Silva Moreira. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

x, 57 p.: il. 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 56 – 57.

1. Procedimentos Operacionais: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em Obras. Santos, Jorge II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil III. Título.

Page 5: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

v

Agradecimentos

Agradeço à minha mãe e meu pai por todo carinho, compreensão e suporte em todas

as etapas da minha vida, e os principais responsáveis por eu ter atingido meus

objetivos até aqui.

Agradeço também às minhas irmãs pela amizade e por serem a fonte de inspiração

que sempre me impulsionou a acreditar na minha caminhada.

À todas as amizades feitas na faculdade que tornaram essa longa caminhada mais

feliz e divertida dividindo momentos de sucesso e também as dificuldades da vida de

um estudante.

À toda a minha família, pais, irmãs, tios e primos que me ajudaram na minha

formação.

Agradeço em especial ao meu orientador Jorge Santos pela ajuda e compreensão no

desenvolvimento dessa monografia e também a todos os professores que contribuíram

para minha formação

Por fim agradeço as minhas amizades pelos momentos que passamos ao longo da

vida.

Page 6: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

vi

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Engenheiro Civil.

Procedimentos Operacionais: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras.

A padronização é ferramenta importante para a industrialização da construção civil.

Empresas estão buscando padronizar os seus processos construtivos, administrativos

e gerenciais para aumentar a produtividade, reduzir custos e prazos sem comprometer

a qualidade final.

O surgimento das normas da família ISO 9000 e certificações como o PBQP-H exigem

que as empresas padronizem e documentem seus procedimentos internos. Para

elaborar um procedimento operacional é necessário conhecer profundamente a sua

rotina e técnicas construtivas, para isso, as construtoras utilizam como fonte de

pesquisa as normas técnicas, estudos acadêmicos e o conhecimento dos profissionais

envolvidos no serviço. A Gestão da Qualidade possui ferramentas como a planilha 5 W

e 1H, fluxograma e outras que permitem a organização dessas informações para o

desenvolvimento do procedimento operacional que será documentado.

Para implantar esses procedimentos em obras é necessário o desenvolvimento da

equipe treinando periodicamente e conscientizando a necessidade e importância de se

estabelecer um padrão para executar as tarefas.

Ao longo desse trabalho será mostrado como as construtoras elaboram e implantam

procedimentos operacionais em suas obras.

Ricardo Silva Moreira

Agosto /2014

Orientador: Jorge Santos

Curso : Engenharia Civil

Palavras Chave: Padronização, procedimentos operacionais, ISO 9000

Page 7: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to School Polytechnic / UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Civil Engineer

Operating Procedures: Good Practices in the development and deployment in the

works

Standardization is an important tool for the industrialization of construction. Companies

are looking to standardize his internal processes to increase productivity, reduce costs

and deadlines without compromising the final quality.

The emergence of the ISO 9000 family and certifications as PBQP-H requires

companies to standardize and document their internal procedures. To develop an

operating procedure is necessary to know your routine and construction techniques for

this, builders use technical standards, academic studies and knowledge of

professionals involved in service. Quality Management has tools such as 5 W and 1 H,

flowchart that allow the organization of this information for the development of the

procedure that will be documented.

To implement these procedures in works is necessary to develop team training

periodically and aware of the need and importance of establishing a standard to

perform the tasks.

During this work will be shown as builders develop and deploy operational procedures

in their works.

Ricardo Silva Moreira

August / 2014

Advisors: Jorge Santos

Course: Civil Engineering

Keywords: Standartization, procedures, ISO 9000

Page 8: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

viii

Sumário 1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1 Importância do Tema ...................................................................................................... 1

1.2 Objetivo ............................................................................................................................. 1

1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 1

1.4 Metodologia .................................................................................................................. 1

1.5 Estrutura do trabalho ....................................................................................................... 2

2. Padronização na Construção Civil ................................................................................... 3

2.1 Definição ........................................................................................................................... 3

2.2 Vantagens e desvantagens da padronização ............................................................. 4

2.3 A ISO 9001 ....................................................................................................................... 5

2.3.1 International Standartization Organization ........................................................... 5

2.3.2 Normas da série 9000 .............................................................................................. 5

2.3.3 ISO 9001:2008 .......................................................................................................... 5

2.5 SiAC/PBQP-H ................................................................................................................... 9

2.5.1 Plano de Qualidade da Obra ................................................................................ 10

2.6 Procedimentos operacionais como ferramenta de padronização .......................... 12

2.7 Principais resultados da padronização ....................................................................... 13

3. Procedimentos Operacionais - Contextualização. ...................................................... 15

3.1 Conceituação .................................................................................................................. 15

3.2 Aspectos Históricos ....................................................................................................... 15

3.3 Conceitos e métodos de desenvolvimento ................................................................ 16

3.4 Formas de implantação dos procedimentos operacionais nas obras ................... 17

3.4.1 Treinamento ............................................................................................................ 17

4- Modelos de Procedimentos Operacionais ....................................................................... 19

5. Métodos de Elaboração e implantação de procedimentos operacionais .................... 23

5.1 Métodos e ferramentas de elaboração de procedimentos ...................................... 23

5.2 Estrutura de um procedimento operacional ............................................................... 25

5.3 Elaboração de procedimento operacional para execução de estrutura de concreto armado ................................................................................................................... 26

5.4 Técnicas e Ferramentas para implantar procedimentos ......................................... 28

5.2.1 Treinamento ............................................................................................................ 28

5.2.2 Métodos de treinamento ........................................................................................ 30

6- Estudo de caso ..................................................................................................................... 34

Page 9: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

ix

6.1 Apresentação ................................................................................................................. 34

6.2 Métodos de elaboração ................................................................................................ 34

6.2.1 Objetivo .................................................................................................................... 34

6.2.2 Documento de Referência .................................................................................... 34

6.2.3 Método Executivo ................................................................................................... 35

6.3 Métodos de implantação ............................................................................................... 42

6.4 Assuntos e Itemização dos procedimentos da empresa. ........................................ 48

6.4.1 Planejamento / Execução da obra : ..................................................................... 48

6.4.2 Diretrizes para Administração da Obra ............................................................... 48

6.4.3 Almoxarifado............................................................................................................ 48

6.4.4 Segurança ............................................................................................................... 48

6.4.5 Compras ................................................................................................................... 48

6.4.6 Obra .......................................................................................................................... 49

6.5 Considerações Finais .................................................................................................... 52

7. Conclusão ............................................................................................................................. 54

Bibliografia ................................................................................................................................. 55

Referências Eletrônicas ........................................................................................................... 57

Page 10: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

x

Lista de Figuras.

Figura 1: Vantagens e desvantagens da padronização. Fonte: Fraga,2011.................04

Figura 2: Procedimento Operacional Gesso estuque página 1. Fonte: Construtora Y,

2014...............................................................................................................................21

Figura 3: Procedimento Operacional Gesso estuque página 1. Fonte: Construtora Y,

2014...............................................................................................................................22

Figura 4: Fluxograma de treinamento. Fonte: Construtora Z, 2014..............................25

Figura 5: Modelo de procedimento operacional. Fonte: Luiz, 2010..............................28

Figura 6: Mudanças de comportamento com o treinamento. Fonte: Chiavenato,1999.29

Figura 7: Ciclo de treinamento. Fonte: Chiavenato, 2000.............................................30

Figura 8: Processo de desenvolvimento tecnológico. Fonte: Construtora Z, 2014.......35

Figura 9: Metodologia para desenvolvimento de procedimento Fonte: Construtora Z,

2014...............................................................................................................................36

Figura 10: Relatório de desenvolvimento de componentes e métodos construtivos.

Fonte: Construtora Z, 2014...........................................................................................40

Figura 11: Declaração de aprovação de componentes e métodos construtivos. Fonte:

Construtora Z, 2014.......................................................................................................41

Figura 12: Sistema que armazena os procedimentos da empresa. Fonte: Construtora

Z, 2014..........................................................................................................................43

Figura 13: Lista de Presença em treinamento – Fonte: Construtora Z, 2014...............44

Figura 14: Treinamento dado pelo estagiário e encarregado de obra. Fonte:

Construtora Z, 2014.......................................................................................................45

Figura 15: Sistema de registro de treinamento. Fonte: Construtora Z, 2014................46

Figura 16: Fluxograma de treinamento. Fonte: Construtora Z, 2014............................47

Figura 17: Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas

página 1 Fonte: Construtora Z, 2014.............................................................................50

Page 11: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

xi

Figura 18: Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas

página 2. Fonte: Construtora Z, 2014............................................................................51

Figura 19: Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas

página 3. Fonte: Construtora Z, 2014............................................................................52

Page 12: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

xii

Lista de Tabelas.

Tabela 1: Atividades de apoio ao treinamento. Fonte: NBR ISSO 10015,2001............32

Tabela 2: Avaliação de treinamento. Fonte: NBR ISSO 10015, 2001...........................32

Page 13: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

xiii

Lista de Notações, abreviaturas

ISO: International Organization for Standartization / Organização Internacional de

Normalização.

NBR: Norma Brasileira Regularizadora.

PBQP-H: Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.

Siac: Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil.

SGQ: Sistema de Gestão da Qualidade.

FVS: Folha de Verificação de Serviço.

PQO: Plano de Qualidade da Obra.

Page 14: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

1

1. Introdução

1.1 Importância do Tema

Com a globalização e a crescente competitividade do mercado da construção civil

temos a padronização como importante ferramenta para executarmos serviços da

melhor maneira possível buscando oferecer aos clientes um produto adequado aos

seus anseios e padrões pessoais de qualidade.

Assim são desenvolvidos procedimentos operacionais que são documentos que

descrevem passo a passo a execução da tarefa diminuindo assim os desvios no

resultado. Como na construção civil temos um grande numero de serviços repetitivos é

possível desenvolver e implantar procedimentos padronizados atendendo as normas

da serie ISO 9000 e assim implantando os sistemas de gestão de qualidade internos

permitindo às empresas atingir lugar de destaque no mercado

1.2 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo apresentar os procedimentos operacionais utilizados

por empresas da construção civil, as técnicas utilizadas na sua elaboração e como

eles são implantados nas obras.

1.3 Justificativa

A padronização das atividades em obras na construção civil devido o seu caráter

repetitivo é uma forma de garantir um resultado com adequação ao uso e também são

utilizados para que as empresas obtenham as certificações garantidas pela

documentação dos seus procedimentos se colocando em lugar de destaque no

competitivo setor da construção civil.

1.4 Metodologia

As informações utilizadas nesse trabalho são fruto de pesquisa em artigos, revistas

especializadas da área, livros e a outros trabalhos realizados por pesquisadores,

professores da área.

Foi utilizada a internet como fonte de busca de material e o trabalho consiste numa

revisão bibliográfica, consulta de normas e também da vivência do autor em uma

empresa com forte presença do sistema de gestão de qualidade e utilização de

procedimentos.

Page 15: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

2

1.5 Estrutura do trabalho

O trabalho é formado por sete capítulos, sendo o primeiro o responsável por

apresentar o tema,objetivos, justificativa e o método utilizado para pesquisa e

estruturação.

O segundo capítulo é abordando o assunto da padronização na construção civil

trazendo a sua definição, o que deve ser padronizado, vantagens e desvantagens da

padronização para a construção civil, os sistemas de gestão de qualidade, a ISO 9001

e o SiAC/ PBQP-H, os métodos de padronização, os procedimentos operacionais

como ferramenta de padronização e os principais resultados da padronização.

O terceiro capítulo trata da contextualização dos procedimentos operacionais,

trazendo a sua conceituação, para que servem, os aspectos históricos, o conteúdo dos

procedimentos.

No quarto capitulo apresento modelos de procedimentos operacionais utilizados pelas

construtoras, com os assuntos que são tratados pelos procedimentos, a estrutura de

um procedimento e como são executados: quem os prepara, emite, aprova, distribui,

divulga e como são implantados.

O quinto capítulo apresenta os métodos utilizados para elaborar procedimentos e

técnicas utilizadas para disseminar e fazer com que conheçam e pratiquem o

procedimento.

O sexto capítulo apresenta um estudo de caso feito numa obra de uma construtora de

grande porte do Rio de Janeiro e apresenta como ela elabora e insere procedimentos

nas suas obras.

Page 16: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

3

2. Padronização na Construção Civil

2.1 Definição

Padronização: “Ação ou efeito de padronizar; sistematização”. / Processo de

formação de padrões sociais; estandardização. / “Indústria Uniformização dos tipos de

fabricação em série, pela adoção de um único modelo”.(Fonte : Aurélio, 2014)

A construção civil é um setor propicio para a padronização, pois possui uma grande

quantidade de serviços e tarefas envolvidas em todo o processo que vão desde a

concepção de projetos até os serviços de canteiro e também a organização de todo o

funcionamento da obra como a contratação de serviços e materiais.

"Não é possível caminhar para a industrialização e ser competitivo sem a integração

dos processos da empresa, tanto no âmbito das atividades da operação, como dos

processos internos", afirma Antonio Carlos Zorzi, diretor de engenharia da Cyrela,

empresa que implantou há dez anos um sistema de gestão da qualidade que visa

integrar os processos internos. (Construção Mercado 92, , Artigo 283591, Pini Editora.

http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacaoconstrucao/92)

Para Fazinga (2012) a padronização é uma importante ferramenta de gestão voltada

para a redução da variabilidade no processo produtivo, e tem papel de importância na

industrialização do setor de construção civil caracterizado por mão de obra artesanal.

Com o crescimento do setor grandes empresas atuam em diferentes estados

ocasionando um maior numero de obras sob a responsabilidade da gerência, sem

contar o aumento das equipes e a utilização de engenheiros recém formados com

pouca experiência.

Meira e Araujo (1997) destacam que a padronização constitui-se em um elemento

importante na busca da racionalização dos processos construtivos, contribuindo com

benefícios tanto para a empresa como para seus funcionários.

Saurin e Formoso (2006),entre varias estratégias gerenciais que disseminou no

movimento pela qualidade total, a padronização destaca-se como uma das mais

importantes e mais eficientes, trazendo uma série de benefícios à empresa, facilitando

as atividades de planejamento, controle e execução.

Para Campos (1992), a padronização é uma ferramenta gerencial que permite à

organização obter melhorias em qualidade, custo, segurança e cumprimento de

prazos.

Page 17: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

4

2.2 Vantagens e desvantagens da padronização

A padronização apresenta vantagens e desvantagens resumidas na figura 1.

FIGURA 01 – Vantagens e desvantagens da padronização Fonte: Fraga, 2011.

Empresas que adotam a padronização dos seus processos internos conseguem

melhores resultados no mercado, maior agilidade na tomada de decisões, diminuição

de retrabalhos ganhando prazo, diminuindo custos sem perder a qualidade final do

produto.

As características da mão de obra das construtoras que tem forte presença de

operários desqualificados, alta rotatividade e serviços executados por empreiteiras

contratadas fazendo com que os colaboradores das empreiteiras tenham pouco ou

nenhum vinculo com a construtora é um fator que atrapalha a implantação da

padronização já que esses funcionários trabalham em obras de diversas construtoras

diferentes que possuem o seu próprio sistema de gestão da qualidade com suas

particularidades.

A execução de serviços tarefados onde o operário recebe pela quantidade produzida e

não pelas horas trabalhadas faz com que executem o seu serviço da maneira mais A

empresa que deseja obter o selo de certificação da ISO 9001 deve após implantar o

seu sistema de gestão da qualidade solicitar a órgãos certificadores do INMETRO para

que seja realizada uma auditoria que irá emitir relatório certificando que a empresa

atende os requisitos.

Page 18: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

5

2.3 A ISO 9001

2.3.1 International Standartization Organization

A ISO é uma organização não governamental sem fins lucrativos que surgiu durante

uma reunião em Londres, na Inglaterra envolvendo empresários de 25 países que

decidiram criar um órgão capaz de, em nível mundial, unificar as normas industriais.

Sediada em Genebra, Suíça, passou a funcionar oficialmente em 1947.

2.3.2 Normas da série 9000

A ISO 9000 é um conjunto de normas internacionais, que fornecem critérios para a

avaliação de procedimentos de garantia da qualidade e gestão de qualidade em uma

organização.

As normas da serie 9000 foram criadas para apoiar organizações de todos os tipos e

tamanhos, na implementação e operação de sistemas de gestão da qualidade.

A família de normas ISO 9000 estabelece requisitos que auxiliam a melhoria dos

processos internos, a maior capacitação dos colaboradores, o monitoramento do

ambiente de trabalho, a verificação da satisfação do cliente, colaboradores e

fornecedores, num processo continuo de melhoria do sistema de gestão da qualidade

aplicando-se a campos tão diversos como materiais, produtos, processos e serviços.

(FRAGA, 2011)

É composta pelas seguintes normas:

a) ISO 9000: Descreve os fundamentos do sistema de gerenciamento da

qualidade e especifica sua terminologia.

b) ISO 9001: Especifica os requisitos do Sistema da qualidade.

c) ISO 9004: Diretrizes para melhoria do desempenho.

2.3.3 ISO 9001:2008

A ISO 9001 é uma norma de gestão que possibilita as empresas verificar, medir e

monitorar seus processos proporcionando a melhoria continua de produtos e serviços,

redução de custos, melhoria da qualidade dos processos de trabalho, melhor eficiência

e eficácia na organização, torna a empresa mais competitiva pois passa a imagem

para o seu publico alvo que é uma empresa que procura adequar seus produtos

buscando a satisfação do cliente, por isso ela pode ser implantada em empresas de

pequeno ou grande porte e de qualquer setor da economia já que estabelece

requisitos para os processos e não para os produtos.

Page 19: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

6

Em seu item 4.1 a ISO 9001 apresenta os seguintes requisitos gerais que devem ser

atendidos pela organização:

a) Determinar os processos necessários para o sistema de gestão da

qualidade e sua aplicação para toda a organização

b) Determinar a sequencia e interação desses processos

c) Determinar critérios e métodos necessários para assegurar que a operação

e o controle desses processos sejam eficazes

d) Assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias para

apoiar a operação e monitoramento desses processos.

e) Monitorar, medir onde aplicar e analisar esses processos.

f) Implementar ações necessárias para atingir os resultados planejados e a

melhoria contínua desses processos.

2.3.3.1 Requisitos da ISO 9001:2008 e a padronizaçã o de processos

A norma ISO 9001:2008 especifica requisitos para a implantação de sistemas de

gestão da qualidade nas organizações para aplicação interna, para certificação ou

para fins contratuais, estando focada na eficácia do sistema de gestão da qualidade

em atender aos requisitos dos clientes. Fraga, (2011).

Segundo a ISSO 9001, estes são os requisitos:

a) Escopo: a norma especifica requisitos para um sistema de gestão da

qualidade, quando uma organização necessita demonstrar sua capacidade

para fornecer produtos que atendam os requisitos dos clientes aumentando

assim a sua satisfação.

b) Referencia normativa: para a aplicação da ISO 9001:2008 é indispensável o

ABNT NBR ISO 9000:2005, Sistemas de Gestão da Qualidade –

Fundamentos e Vocabulários.

c) Termos e definições: para os efeitos da ISO 9001:2008 aplicam-se os

termos e definições da ABNT NBR ISO 9000.

d) Sistema de Gestão da Qualidade: a organização deve estabelecer,

documentar, implementar e manter um sistema de gestão da qualidade e

melhorar continuamente a sua eficácia de acordos com os requisitos da

norma.

Page 20: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

7

e) Responsabilidade da direção: a alta direção deve fornecer evidencia do seu

comprometimento com o desenvolvimento e implementação do sistema de

gestão da qualidade, e com a melhoria continua de sua eficácia.

f) Gestão de recursos: a organização deve determinar e prover os recursos

necessários para implementar e manter o sistema de gestão da qualidade e

melhorar continuamente sua eficácia e aumentar a satisfação dos clientes.

g) Realização do produto: a organização deve planejar e desenvolver os

processos necessários para a realização do produto.

h) Medição análise e melhoria: a organização deve planejar e implementar os

processos necessários de monitoramento, medição, analise e melhoria dos

seus produtos monitorando informações sobre a satisfação do cliente,

realizando auditorias internas, medir processos e produtos coletando dados

para demonstrar a adequação e eficácia do sistema de gestão da

qualidade.

2.3.3.2 Controle de documentos e registros

Para Valls (1995) o controle de documentos é considerado um dos alicerces do

sistema da qualidade, pois, com ele, o cumprimento dos requisitos estabelecidos é

evidenciado, a informação atualizada sobre como desenvolver cada atividade é de

conhecimento dos colaboradores da empresa e, além disso, os processos de trabalho

da empresa contam com um ambiente propício para sua melhoria contínua.

Segundo Melichar (2013), o controle de documentos contempla uma questão de

organização, visando proporcionar aos envolvidos acesso rápido e fácil a tudo que for

necessário para o controle e manutenção da qualidade nas diversas etapas

construtivas e no produto final como um todo.

Em seu item 4.2.3 a norma diz que os documentos requeridos pelo sistema de gestão

da qualidade devem ser controlados. Deve ser estabelecido um procedimento

documentado para definir os controles necessários para:

a) Aprovar documentos quanto à sua disposição e emissão

b) Analisar criticamente e atualizar, quando necessário, e reaprovar

documentos,

c) Assegurar que as alterações e a situação da revisão atual dos documentos

sejam identificadas,

Page 21: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

8

d) Assegurar que as versões pertinentes de documentos aplicáveis estejam

disponíveis nos locais de uso,

e) Assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente

identificáveis,

f) Assegurar que os documentos de origem externa determinados pela

organização como necessários para o planejamento e operação do sistema

de gestão da qualidade sejam identificados e que sua distribuição seja

controlada,

g) Evitar o uso não pretendido de documentos obsoletos e aplicar a

identificação adequada nos casos em que eles forem retidos por qualquer

propósito.

Já em seu item 4.2.4 a norma diz que registros estabelecidos para prover evidência de

conformidade com requisitos e da operação eficaz do sistema de gestão da qualidade

devem ser controlados.

2.3.3.3 Competência, Treinamento e conscientização

Segundo a norma as pessoas que executam atividades devem ser competentes, com

base em educação, treinamento, habilidade e experiência apropriados.

Em seu item 6.2.2 a norma diz que a organização deve:

a) Determinar a competência necessária para as pessoas que executam

trabalhos que afetam a conformidade com os requisitos do produto

b) Onde aplicável, prover treinamento ou tomar outras ações para atingir a

competência necessária,

c) Avaliar a eficácia das ações executadas

d) Assegurar que seu pessoal está consciente quanto à pertinência e

importância de suas atividades e de como elas contribuem para atingir os

objetivos da qualidade, e

e) Manter registros apropriados de educação, treinamento, habilidade e

experiência.

2.3.3.4 Controle de produção e prestação de serviç o

Segundo a ISO 9001 em seu item 7.5.1 a organização deve planejar e realizar a

produção e prestação de serviço sob condições controladas que devem incluir:

a) A disponibilidade de informações que descrevam as características do

produto,

Page 22: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

9

b) A disponibilidade de instruções de trabalho quando necessárias,

c) O uso de equipamento adequado,

d) A disponibilidade e uso de equipamento de monitoramento e medição

e) A implementação de monitoramento e medição,

f) A implementação de atividades de liberação, entrega e pós-entrega do

produto.

2.3.3.5 Validação dos processos de produção e prest ação de serviços

Segundo a norma a organização deve validar quaisquer processos de produção onde

a saída resultante não possa ser verificada por monitoramento ou medição. Neste item

são apresentadas as providencias que devem ser estabelecidas para esses

processos:

a) Critérios definidos para a análise crítica e aprovação dos processos

b) Aprovação de equipamento e qualificação de pessoal

c) Uso de métodos e procedimentos específicos

d) Requisitos para registros

e) Revalidação

2.4.3.5 Monitoramento e medição de processos

Neste item a norma diz que a organização deve aplicar métodos adequados para

monitoramento e medição dos seus processos. A norma segue dizendo que estes

métodos devem demonstrar a capacidade dos processos adotados em alcançar os

resultados planejados.

2.5 SiAC/PBQP-H

O setor da construção civil apresenta particularidades como participação de diversos

setores com diferentes funções: incorporadores, construtores, projetistas, usuários,

fornecedores, empreiteiros, empresa de gerenciamento, laboratórios de ensaio,

proprietário, etc.; a heterogeneidade dos bens e serviços que produz; o

tradicionalismo; a inércia às alterações por utilizar Mao de obra intensiva e pouco

qualificada com pouco acesso a um plano de carreira; nomadismo; operários moveis

em torno de um produto fixo; a singularidade das obras; o ambiente de trabalho

exposto às intempéries; especificações confusas e mal definidas; grau de precisão

indefinido; baixa qualificação e alta rotatividade da Mao de obra destacados por Souto

e Salgado (2003).

Page 23: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

10

Devido a essas particularidades e como as normas da ISO são muito genéricas e não

foram desenvolvidas especificamente para o setor da construção civil as empresas do

setor adotam também a certificação PBQP-H, que é um programa que atende os

requisitos da norma, mas é voltado para a construção civil.

O SiAC ( Sistema de avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras da

construção civil) é um sistema que avalia a conformidade dos sistemas de gestão da

qualidade implantados das empresas do setor da construção civil.

O PBQP-H, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, é um

instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos firmados pelo

Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996). A

sua meta é organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais:

a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.

A busca por esses objetivos envolve um conjunto de ações, entre as quais se

destacam: avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da

qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização

técnica, capacitação de laboratórios, avaliação de tecnologias inovadoras, informação

ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores envolvidos. Dessa forma,

espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de

produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos.

O objetivo, em longo prazo, é criar um ambiente de isonomia competitiva, que propicie

soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no

país, atendendo, em especial, a produção habitacional de interesse social. (Fonte:

PBQP-H, 2014)

O PBQP-H oferece dois níveis de certificação, o Nível A e o Nível B, e para atingir o

Nível A devem ser atendidos todos os seus requisitos pela construtora.

Além dos requisitos da ISO 9001, o PBQP-H tem requisitos específicos para a

construção civil. Com base na elaboração e implantação de procedimentos

padronizados em obras, alguns itens do PBQP-H Nível A receberão destaque a seguir.

2.5.1 Plano de Qualidade da Obra

Segundo o programa em seu item 7.1.1 a empresa deve, em cada uma de suas obras,

elaborar e documentar o Plano de Qualidade da Obra consistente com os requisitos do

Sistema de Gestão da Qualidade. No que diz respeito a elaboração e implantação de

procedimentos operacionais são destacados os seguintes elementos exigidos pelo

programa.

Page 24: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

11

a) Relação de materiais e serviços de execução controlados, e respectivos

procedimentos de execução e inspeção;

b) identificação dos processos considerados críticos para a qualidade da obra

e atendimento das exigências dos clientes, bem como de suas formas de

controle; devem ser mantidos registros dos controles realizados;

c) Programa de treinamento específico da obra.

2.5.2 Operações de Produção e Fornecimento de Servi ço

Segundo o item 7.5 do programa a empresa deve planejar e realizar a produção e o

fornecimento de serviço sob condições controladas que incluem a disponibilidade de

procedimentos de execução documentados. O item é subdividido e detalhado a seguir

2.5.3 Controle dos serviços de execução controlados

A empresa construtora deve, de maneira evolutiva, garantir que os procedimentos

documentados afeitos aos serviços de execução controlados incluam requisitos para:

a) realização e aprovação do serviço, sendo que, quando a empresa

construtora optar por adquirir externamente algum serviço controlado ela deve:

a.1) definir o procedimento documentado de realização do processo, garantir

que o fornecedor o implemente e assegurar o controle de inspeção desse

processo,ou

a.2) analisar criticamente e aprovar o procedimento documentado de

realização do serviço definido pela empresa externa subcontratada e assegurar

o seu controle de inspeção.

Nota: caso o serviço seja considerado um serviço especializado de execução de obras

e tenha sido terceirizado, não há necessidade de demonstração do procedimento de

realização, ficando a empresa construtora dispensada de analisá-lo criticamente e de

aprová-lo. A existência do procedimento documentado de inspeção, conforme previsto

nos Requisitos Complementares aplicável ao subsetor, continua, no entanto sendo

obrigatória.

b) qualificação do pessoal que realiza o serviço ou da empresa subcontratada,

quando apropriado.

2.5.4 Validação de processos

A empresa construtora deve validar todos os processos de produção e de

fornecimento de serviço onde a saída resultante não possa ser verificada por

monitoramento ou medição subsequente. Isso inclui os processos onde as deficiências

Page 25: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

12

só fiquem aparentes depois que o produto esteja em uso ou o serviço tenha sido

entregue.

A validação deve demonstrar a capacidade desses processos de alcançar os

resultados planejados. A empresa construtora deve tomar as providências necessárias

para esses processos, incluindo, quando aplicável:

a) critérios definidos para análise crítica e aprovação dos processos;

b) aprovação de equipamento e qualificação de pessoal;

c) uso de métodos e procedimentos específicos;

d) requisitos para registros e;

e) revalidação.

2.6 Procedimentos operacionais como ferramenta de p adronização

O projeto executivo utilizado nas obras está ligado apenas ao produto final que se

deve atingir, pois não traz informações detalhadas sobre como produzir, segundo

Cattani (1994) o projeto não se preocupa com o durante, apenas com o depois,

representando o objeto como deverá ser visto quando concluído, raramente

detalhando os passos ou processos intermediários que deverão ser percorridos entre

o projeto e o objeto.

Já que o projeto chega às mãos do operário sem informações de como executar a

tarefa, é conveniente a elaboração de procedimentos padronizados escritos de como

fazer. A este respeito, Maia (1994) destaca que um dos primeiros passos para a

implantação de um programa de qualidade na construção deve ser a rotinização de

procedimentos.

O uso de procedimentos operacionais em obras facilita a padronização pois utilizando-

o para o treinamento proporciona aos operários uma melhor compreensão sobre o seu

trabalho e quais passos deve seguir em cada etapa da execução do serviço, tornando-

o mais independente.

Segundo Vargas (1979) no processo de formação do profissional da construção,

baseado na imitação ou tentativa, uns absorvem os métodos dos outros, com todas as

deficiências e vícios dos primeiros, portanto a adoção de procedimentos operacionais

é uma ferramenta que se bem aplicada elimina esses vícios e fornece um produto final

adequado.

Para Kruger (1997) a padronização de procedimentos favorece a troca de informações

entre a direção da obra e os operários, sendo peça fundamental no treinamento.

Page 26: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

13

Para Santos (1995) a utilização de subempreiteiros contratados a para a realização de

serviços causa uma fragmentação da mão de obra diluindo as responsabilidades

sobre o produto final e desenvolvimentos de processos, por isso a construtora que

possua seus procedimentos operacionais documentados garante a padronização dos

seus serviços treinando todos os colaboradores participantes na execução do serviço

tendo ele vinculo direto ou não com a empresa.

2.7 Principais resultados da padronização

Como resultados da padronização, a organização que a aplica é beneficiada por três

âmbitos distintos: a Revisão dos processos padronizados da empresa; Treinamento

dos colaboradores, para a condução do processo seguindo o padrão estabelecido; e a

Melhoria no sistema interno de padrões da organização. (FALCONI, 1992)

Segundo Nakamura (2010) que um bom controle gerencial em conjunto com a

padronização conduz não apenas a ganhos de qualidade, mas também de

produtividade. Complementa Nakamura (2010), que através da padronização na

construção civil, empresas costumam apresentar canteiros mais organizados e

aproveitamento melhor dos materiais, contribuindo para inspeções de recebimento e

estoque de materiais. Outra vantagem diz respeito à qualidade e segurança na

execução dos serviços graças à padronização e aos treinamentos das equipes.

Segundo Ribeiro (2013) um dos maiores benefícios oriundos da padronização da

construção civil é a possibilidade de se estabelecer algo similar a uma linha de

montagem dentro do canteiro de obras. Isso se torna viável à partir do momento em

que se utiliza sistemas construtivos industrializados, reduzindo o processo construtivo

a simples repetição de tarefas de montagem.

No estudo feito por Josino, Neto e Falcioni (2007) são apresentados os resultados

obtidos com a padronização em uma empresa construtora no estado do Ceará:

a) redução das falhas no recebimento de insumos e de serviços de terceiros;

b) formação de parcerias com fornecedores;

c) redução de custos de produção, através da minimização do desperdício e

retrabalho em obra,

d) diminuição dos custos indiretos da obra;

e) melhora no planejamento e gerenciamento de obras, através da utilização de

ferramentas de controle mais eficazes, permitindo o cumprimento dos prazos dos

serviços;

Page 27: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

14

f) diminuição nas perdas.

Jungles & Benetti (2006) em estudo de caso com empresas construtoras do Paraná

apontaram como principais impactos positivos:

a) melhoria na organização interna e o controle e planejamento gerencial. Além

desses benefícios;

b) melhorias em relação aos processos técnicos e de obras;

c) qualidade dos produtos;

d) aumento de produtividade;

e) preocupação com a segurança do trabalho e a organização do canteiro;

f) redução dos desperdícios, que está relacionado à diminuição de retrabalhos.

g) no que se refere à gestão de pessoas os benefícios destacados são a

motivação e valorização do funcionário e comunicação interna.

Page 28: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

15

3. Procedimentos Operacionais - Contextualização.

3.1 Conceituação

Para Tachizawa e Scaico (1997) o procedimento operacional é um padrão voltado a

cada uma das atividades de um processo e tem foco nas tarefas prioritárias, ou seja,

as tarefas que tem influencia direta na obtenção das características da qualidade do

produto e no desempenho do processo.

Os procedimentos operacionais descrevem o passo a passo da execução de tarefas e

tem como objetivo garantir os resultados esperados nas atividades executadas,

diminuindo assim os desvios na execução.

Segundo Campos (1992) os procedimentos operacionais devem conter:

a) Relação dos equipamentos, peças e materiais necessários para realizar a

tarefa;

b) Especificações de qualidade;

c) Descrição dos procedimentos da tarefa e condições de operação;

d) Pontos proibidos em cada tarefa;

e) Itens de controle das características da qualidade;

f) Anomalias passíveis de ação;

g) Inspeção diária dos equipamentos de produção.

3.2 Aspectos Históricos

A necessidade de padronizar os processos pode ser percebida nas civilizações mais

antigas.Na China Antiga já existiam conceitos de procedimentos de execução para

atender aos padrões de qualidade do governo.As construções das pirâmides do Egito

antigo, a construção civil na Grécia Antiga, aplicavam o controle de processo que

consistia em métodos uniformes, normas de procedimentos e obediência às normas.O

sucesso dos antigos construtores, que seguiam sempre o mesmo conjunto de normas,

deve-se ao uso de materiais, métodos e procedimentos uniformes. Contudo, foi a

Revolução industrial que trouxe a necessidade de padronização dos processos para

garantir a qualidade, pois houve um distanciamento maior entre o produtor e o

consumidor. (ALGARTE; QUINTANILHA 2000)

A revolução industrial teve como berço a Inglaterra, a partir da segunda metade do

sec. XVIII, quando o surgimento das fabricas e a invenção das maquinas a vapor

impulsionaram as tendências que o mercantilismo havia iniciado. O aparecimento de

um novo tipo de organização proporcionou a substituição do processo manual pelo

Page 29: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

16

processo de produção mecânica e fabril influenciando as técnicas de produção e de

administração especificas para a indústria. (PEINADO; GRAEL, 2007)

Com a abertura do mercado e globalização na década de 90 as empresas brasileiras

precisavam melhorar a qualidade dos seus produtos e para isso começar a buscar a

obtenção da certificação ISO 9000, que pede que todos os processos utilizados sejam

documentados, porém antes disso as empresas possuíam um setor ou departamento

denominado Organização e Métodos (O&M). Uma das principais atribuições desse

setor era documentar, criticar e padronizar os procedimentos de trabalho utilizados na

empresa. (PEINADO; GRAEL, 2007)

Existe uma grande quantidade de processos que são documentados por empresas em

forma de procedimentos operacionais, dentre eles:

a) Contratação de um funcionário

b) Recebimento de materiais

c) Contratação de serviços

d) Segurança no trabalho

3.3 Conceitos e métodos de desenvolvimento

Para padronizar procedimentos, é necessário primeiramente conhecer sua rotina,

colhendo informações e características específicas do processo. A gerência de

processos utiliza modelos para a geração de um conteúdo detalhista das ações de

uma organização, como: Fluxograma ,PDCA, Planilha 5 W 1H, Diagrama de Ishikalwa.

De uma série dessas ferramentas, as mais utilizadas são: Planilha 5 W 1 H,

Fluxograma e Padronização, resultando num detalhamento dos Procedimentos

Operacionais. (LIMA 2007)

Segundo Falconi (1992) o ato de padronizar é reunir as pessoas envolvidas num

determinado processo e discutir seu fluxo, até que se possa encontrar o melhor

caminho que ele deve seguir, assegurando que todos os participantes irão seguir o

caminho que foi acordado, e capacitá-los devido às novas mudanças.

Para Peinado e Grael (2004), o método 5 W 1 H é basicamente um check list muito

utilizado para ter a garantia de que o planejamento seja bem conduzido, assim como

sua execução, sem que reste dúvidas quanto a veracidade das informações e da

análise, por parte tanto dos dirigentes quanto dos colaboradores. Neste método, as

atividades encontram-se descritas claramente, têm prazos e responsabilidades

definidas, com a finalidade de que o projeto de melhoria não falhe por falta de

incentivo ou determinação.

Page 30: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

17

De acordo com Jatobá (2004), o fluxograma é a representação diagramada do fluxo

das várias etapas de um processo qualquer. No início de um projeto de melhoria, sua

utilidade é fazer os participantes adquirirem uma visão completa do processo, ao

passo que permite que cada um tenha melhor percepção de qual é o seu papel

naquele processo e de como seu trabalho influi no produto final. Afirma ainda que uma

outra alternativa seria comparar o fluxo do processo de como ele é feito na realidade,

e de como ele deveria ser, e assim, identificar melhor os problemas existentes.

3.4 Formas de implantação dos procedimentos operaci onais nas obras

Para que a padronização de processos gere resultados satisfatórios, é importante que

haja o comprometimento de todos os participantes do mesmo, portanto o

desenvolvimento de equipe é uma das mais adequadas estratégias de educação e

treinamento e deve ser explorada pelas organizações.

Segundo Pinheiro (2006) o desenvolvimento de equipe é o processo de reeducação

voltado para grupos de pessoas independentes, e que é uma atividade constante de

educação e não possui um tempo determinado.

O desenvolvimento de equipe é também uma estratégia muito utilizada nas

organizações, com o propósito de sensibilizar os colaboradores, dando-lhes

oportunidade de reflexão sobre as mudanças a serem implantadas, bem como ao

despertar da conscientização para a constante busca quanto à melhoria contínua dos

procedimentos de trabalho. (COUTINHO, 1999)

Deve existir um banco de arquivos com: procedimentos internos adotados pela

empresa, procedimentos de gestão, procedimentos executivos, as fichas de controle

de materiais e serviços, formulários da empresa, manuais e modelos. Estes

documentos devem ser disponibilizados a todos os intervenientes na execução e

controle da qualidade de forma a permitir o esclarecimento de dúvidas e de detalhes

executivos e de controle no momento que for necessário. Isso inclui os

subempreiteiros e demais prestadores de serviços a obra.

3.4.1 Treinamento

O treinamento tem relação intima com o aprendizado e a experiência. Concretiza-se

num processo de desenvolvimento de novas habilidades, geralmente calçado em um

ensinamento de trabalhadores mais experientes. (KRUGER, 1997).

Segundo Chiavenato (1989) treinamento significa preparo de pessoas para o cargo,

Macian (1997) diz que treinamento é uma forma de educação, cuja característica

Page 31: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

18

essencial é educar para o trabalho e estimula mudanças no comportamento

direcionando-os para o melhor desempenho profissional. Carvalho (1988) identifica

treinamento como uma forma de educação especializada, uma vez que seu propósito

é preparar o individuo para o desempenho de uma determinada tarefa que lhe é

confiada.

O treinamento pode e deve ser implementado na indústria da construção civil, pois um

trabalhador treinado aprimora suas habilidades, aumenta seus conhecimentos e se

torna mais eficiente em seu trabalho, porém a alta rotatividade do setor pode

prejudicar essa disseminação de informações, pois não há tempo para se formar

grupos duradouros. (KRUGER, 1997)

Page 32: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

19

4- Modelos de Procedimentos Operacionais

Vieira (2010) destaca que para padronização existem alguns aspectos indispensáveis

como a definição dos responsáveis pela aprovação dos procedimentos padronizados,

pelo planejamento da padronização e o pessoal de operacional, assegurando assim

uma equipe para a padronização.

O setor responsável da construtora elabora os procedimentos seguindo métodos de

padronização já mencionados onde consultam normas técnicas, consultores

especialistas no assunto para descrever o processo, elaborar de um fluxograma e

registrar em formato padronizado.

Para Melhado e Fabrício (1998), procedimentos são caracterizados pela prescrição

detalhada das técnicas construtivas, das ferramentas e dos materiais empregados em

cada serviço, configurando padrões de referência a serem seguidos nas várias obras

da empresa, ressalta ainda criação que a utilização desses procedimentos, contribui

para as empresas ampliar o domínio técnico sobre suas práticas construtivas,

estabelecendo padrões de qualidade para cada serviço e níveis de produtividade

desejados.

Os procedimentos operacionais documentados pelas construtoras têm como assunto

os diversos serviços e tarefas que são executados nas suas obras, que vão desde

tarefas gerenciais como a contratação de funcionários, contratação de serviços e

materiais, até os serviços de campo como a execução de alvenaria de vedação,

instalação de contramarcos, execução de contrapiso, etc..

A redação dos procedimentos caracteriza-se pela clareza e objetividade e apresentam

uma linguagem simples e direta, possibilitando uma leitura rápida e agradável. Os

Procedimentos Operacionais apresentam ainda fotografias de equipamentos,

ferramentas e materiais utilizados na sua execução além de fotografias de operários

executando os serviços favorecendo a familiarização com os procedimentos.

Os procedimentos operacionais utilizados pelas construtoras são documentados em

formulários padrão com cabeçalho e rodapé contendo os seguintes itens:

a) Logomarca da empresa

b) Título com o nome do serviço que é assunto do procedimento

c) Número do procedimento

Page 33: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

20

d) Data de aprovação e elaboração

e) Setores da empresa e nome dos responsáveis pela elaboração e

aprovação

f) Revisão

g) Número de páginas

A seguir são apresentados e descritos os itens padrão que são conteúdo dos

procedimentos operacionais:

a) Objetivo: informa o objetivo do procedimento ressaltando qual é o serviço

ou tarefa que está sendo padronizado

b) Campo de aplicação: informa o setor da construtora onde o procedimento

deverá ser aplicado

c) Documentos referência: informa quais os documentos que devem ser

utilizados como referencia na realização do serviço, podem ser projetos

executivos, especificações de acabamento e até outros procedimentos

relacionados a esse serviço.

d) Materiais: lista todos os materiais necessários para a realização do serviço,

neste item são utilizadas fotografias e desenhos dos materiais facilitando o

entendimento.

e) Ferramentas e equipamentos: lista todas as ferramentas e equipamentos

que deverão ser utilizados pelo executor do serviço, neste item também são

incluídas fotografias e figuras dos equipamentos.

f) Método executivo: apresenta a sequencia detalhada de cada etapa

necessária para a execução do serviço, mostrando as condições para inicio

do serviço e em seguida toda a sua metodologia executiva.

g) Registro de inspeção: informa os documentos que são utilizados para a

inspeção desse serviço.

As figuras 2 e 3 apresentam um modelo de procedimento operacional para

revestimento em gesso estuque coletado do sistema de gestão da qualidade da

Construtora Y do Rio de Janeiro que atua no setor de edificações residenciais e

comerciais de médio e alto padrão para execução de revestimento de gesso estuque.

Page 34: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

21

Figura 02 – Procedimento Operacional Gesso estuque página 1 Fonte: Construtora Y,

2014.

Page 35: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

22

Figura 03 – Procedimento Operacional Gesso estuque página 2 Fonte: Construtora Y,

2014.

Page 36: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

23

5. Métodos de Elaboração e implantação de procedime ntos operacionais

5.1 Métodos e ferramentas de elaboração de procedim entos

Para a elaboração de procedimentos, algumas considerações devem ser feitas, como

por exemplo, a repetitividade da tarefa. As tarefas da construção civil apresentam esse

caráter sendo, portanto alvos potenciais da padronização. A maneira mais prática de

se observar as atividades componentes da tarefa do modo real como ocorrem é anotar

os passos do trabalho do operário, enquanto assiste ao seu desempenho. Eventuais

diálogos durante a execução das tarefas sobre o porquê de determinadas ações,

devidamente registrados complementam e confirmam a efetiva participação do

colaborador na elaboração do padrão. (KRUGER, 1997)

No caso de procedimentos operacionais para os serviços de obra executados pelos

operários como o revestimento cerâmico de pisos e paredes, execução de contrapiso,

etc. deve ser feito um estudo das técnicas construtivas consultando especialistas,

mestres de obras, as normas existentes sobre os serviços, ou seja, coletar o maior

número de dados possíveis sobre a execução da mesma e depois organiza-los em

forma de procedimentos operacionais, que segundo Santana (1994) devem apresentar

uma linguagem clara e simples.

A literatura sobre qualidade identifica ferramentas básicas que são utilizadas para

organizar esses dados, formalizar os procedimentos e que se forem utilizadas

corretamente permitem resolver os problemas auxiliando a localização, compreensão

e eliminação de problemas que afetam a qualidade do produto ou serviço.

Santos (2012) fornece a descrição dessas ferramentas que são explicadas a seguir.

a) Benchmarking

Compara os processos e o desempenho de produtos e serviços com os de líderes

reconhecidos, permitindo identificar as metas e estabelecer prioridades para a

preparação de planos que resultarão em vantagem competitiva no mercado.

Quando aplicar: Comparar um processo com os de líderes reconhecidos para

identificar as oportunidades para a melhoria da qualidade.

b) Brainstorming

É uma técnica para estimular a criatividade de uma equipe para gerar e esclarecer

uma serie de ideias, problemas ou questões e pode ser traduzida como tempestade de

ideias e gera um grande numero de ideias sobre um assunto em um determinado

Page 37: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

24

espaço de tempo. A técnica consiste em reunir um grupo de pessoas envolvidas em

um determinado assunto para apresentarem todas as ideias que lhe venham à cabeça

num período de tempo.

Quando aplicar: Identificar possíveis soluções para problemas e oportunidades em

potencial para melhoria da qualidade

c) Diagrama de Causa e efeito

É uma ferramenta usada para analisar criteriosamente e expor as relações entre um

determinado efeito e suas causas potenciais. As varias causas em potencial são

organizadas em categorias principais e subcategorias.

d) Diagrama de Árvore:

É uma técnica que mapeia os caminhos e tarefas que necessitariam ser cumpridas

para atingir um objetivo primário e os sub objetivos relacionados.

e) 5W e 1 H

Recebe este nome devido às letras iniciais de seis perguntas em inglês que ajudam a

esclarecer situações

Técnica utilizada na análise ou execução de uma rotina objetivando identificar

claramente cada atividade:

When ( quando) – Quando a atividade deve ser feita?

Who ( Quem) – Quem participa das ações necessárias para desenvolver a atividade?

What (o que) – Qual atividade precisa ser realizada?

Where (Onde) – Onde a atividade ocorre e onde deve ser aplicada?

Why (porque) – Porque a atividade deve ser realizada?

How (como) – Como a atividade deve ser realizada

f) Fluxograma ou diagrama de processo

É um diagrama utilizado para representar através de símbolos gráficos a sequencia de

todos os passos seguidos em um processo, facilitando a sua visualização e

entendimento.

Page 38: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

25

É uma ferramenta que permite melhorar a compreensão do processo de trabalho,

mostra como uma tarefa deve ser executada e cria um padrão de trabalho ou uma

norma de procedimento.

Para elaborar um fluxograma é necessário entender e levantar os passos do processo

e este levantamento pode ser feito por meio de entrevistas e reuniões com seus

executores.

A figura 4 apresenta um exemplo de um fluxograma utilizado pela Construtora Z para

demonstrar o processo de treinamento dado em obras da empresa.

Figura 04 – Fluxograma de treinamento. Fonte: Construtora Z, 2014.

5.2 Estrutura de um procedimento operacional

Com o aquecimento da economia e o crescimento do número de obras houve uma

diminuição da mão de obra qualificada e a padronização de serviços em

procedimentos é uma ferramenta que, o que pode ser visto no estudo de Meira e

Araujo (1997) onde foi elaborado um procedimento para assentamento de azulejos.

Como a construção civil conta com uma mão de obra composta geralmente por

analfabetos e pessoas de pouca instrução os procedimentos devem ter linguagem

simples e objetiva, serem claros e conter as informações que servirão de apoio na

Page 39: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

26

execução de um serviço pois os projetos executivos apenas apresentam o resultado a

ser atingido e não como atingir esse resultado.

Santana (1994) recomenda a elaboração de um check list contendo todos os pré-

requisitos necessários ao inicio de um serviço garantindo que o operário execute as

suas atividades sem ser atrapalhado por pendências de serviços anteriores.

Tendo em vista a qualidade do produto final deve ser implementado um controle do

processo que permita vistoriar alguns itens significativos durante a execução e/ou

após a conclusão do serviço. Para isso as construtoras desenvolvem fichas de

verificação de serviço baseadas no seu respectivo procedimento para monitorar a

execução.

Um procedimento deve conter os seguintes itens:

a) Objetivo: identifica o serviço a ser realizado e suas características

b) Documentos e Normas de referencia: identificam os projetos,

especificações de serviços e normas técnicas utilizadas na elaboração.

c) Método executivo: Descrição passo a passo das etapas necessárias para

executar o serviço

d) Material: lista os materiais necessários para execução

e) Equipamentos / Ferramentas: especifica os equipamentos e ferramentas

necessários para execução

f) Frequência da verificação do serviço: define a frequência e quem deve

verificar o serviço

5.3 Elaboração de procedimento operacional para exe cução de estrutura

de concreto armado

Luiz (2010) em seu estudo apresenta a elaboração de procedimento operacional para

execução de estrutura de concreto armado moldado in loco no qual foi feita uma

pesquisa bibliográfica, consulta às normas de procedimentos para obras de concreto

armado gerando um quadro sinóptico que proporcionou embasamento teórico para

desenvolver procedimentos operacionais. Também foi feito acompanhamento de obras

com registro fotográfico das diversas etapas de execução de serviço e reuniões com

mestres de obras para obter opiniões aproveitando a experiência deles sobre métodos

de execução.

Page 40: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

27

Luiz (2010) formulou um quadro detalhando o processo separando em etapas e

relacionando a capa uma o que a NBR 14931 – 2004 define como praticas para sua

execução e em seguida as informações obtidas em pesquisa a diversos autores

entendidos do assunto, para que fossem confrontados e se completando para elaborar

o procedimento.

Como resultado de sua pesquisa Luiz (2010) obteve os seguintes procedimentos:

a) Execução de formas

b) Serviços de Armação

c) Concretagem

Na figura 5 Luiz (2010) apresenta um modelo padrão dos procedimentos elaborados

com a itemização utilizada para organizar as informações sequenciais dos

procedimentos.

Page 41: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

28

Figura 05 – Modelo de procedimento operacional. Fonte: Luiz, 2010.

5.4 Técnicas e Ferramentas para implantar procedime ntos

5.2.1 Treinamento

Visando melhorar o produto final e preparar as equipes para executar os

procedimentos padronizados desenvolvidos as construtoras se utilizam de

treinamentos tanto para os operários que de fato realizam as tarefas como para

Page 42: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

29

engenheiros, estagiários, técnicos de segurança, almoxarifes, administrativos, ou seja,

todos os colaboradores que estejam envolvidos em processos para que conheçam os

procedimentos e sejam capazes de implantar o treinamento e avaliar se os objetivos

estão sendo atingidos.

No seu item 3.1 a NBR ISO 10015 define treinamento como: “Processo para

desenvolver e prover conhecimento, habilidades e comportamentos para atender

requisitos.”, já em seu item 4.1.1 a norma afirma que “Um processo de treinamento

planejado e sistemático pode dar uma importante contribuição para auxiliar uma

organização a melhorar suas capacidades e para alcançar seus objetivos de

qualidade.”.

Segundo Chiavenato (2000) o treinamento é o processo educacional de curto prazo

aplicada de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem

conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. O

treinamento envolve transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho,

atitudes frente a aspectos da organização, da tarefa e do ambiente, e desenvolvimento

de habilidades.

A figura 6 mostra os quatro tipos de mudanças de comportamento que são obtidas

com treinamento.

Figura 06 – Mudanças de comportamento com o treinamento. Fonte: Chiavenato,1999

Page 43: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

30

Porém não basta apenas dar o treinamento, é preciso avaliar os resultados obtidos

pelo, para isso Chiavenato (2000) apresenta o ciclo de treinamento em 4 fases

sintetizadas na figura 7.

Figura 07 – Ciclo de treinamento. Fonte: Chiavenato, 2000

5.2.2 Métodos de treinamento

Um programa de treinamento, seja qual for a sua finalidade, deve ser confeccionado

sob medida de modo a atender às necessidades peculiares da organização. Carolan

(1993) afirma que os programas de treinamento devem ser curtos, com enfoque nas

necessidades de conhecimento e que muita informação pode contribuir para um fraco

desempenho. Carolan conclui que um treinamento direcionado os aprendizes recebem

unicamente as informações que necessitam e quando as necessitam para executar as

tarefas com sucesso.

Deve ser levado em consideração que os trabalhadores da Construção Civil são

adultos e os operários além de adultos são na maioria das vezes analfabetos ou de

pouca instrução e o seu possível desejo de aprender esbarra nas suas limitações

pessoais.

Segundo Picchi (1993) o papel do instrutor não é o de ensinar, mas sim de facilitar o

aprendizado. Picchi prossegue citando alguns princípios para a educação de adultos:

a) Os adultos devem ter o desejo de aprender,

b) Os adultos aprenderão somente o que sentem a necessidade de aprender,

c) Os adultos necessitam de conhecimentos com aplicabilidade imediata,

d) Os adultos aprendem fazendo,

Page 44: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

31

e) A aprendizagem se centraliza em problemas e os problemas devem ser

reais,

f) Os novos conhecimentos devem ser relacionados com suas experiências

anteriores e integrados às mesmas e

g) Os adultos querem se sentir responsáveis por sua própria aprendizagem.

Scardoelli et al. (1994) informam que, como constatação de experiência de varias

empresas envolvidas num programa de qualidade, a realização de cursos fora do local

de trabalho tem resultados muito limitados devido o cansaço físico e o deslocamento

entre moradia, local de trabalho e locais de realização dos cursos.

A ABNT NBR ISO 10015:2001 Gestão da Qualidade - Diretrizes para treinamento

fornece diretrizes que possam auxiliar uma organização a identificar e analisar as

necessidades de treinamento, projetar o treinamento, executar o treinamento, avaliar

os resultados do treinamento, monitorar e melhorar o processo de treinamento, de

modo a atingir seus objetivos Esta Norma enfatiza a contribuição do treinamento para

a melhoria contínua e tem como objetivo ajudar as organizações a tornar seu

treinamento um investimento mais eficiente e eficaz. (Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT)

Em seu item 4.3.3 a NBR ISO 10015 diz que métodos de treinamento podem incluir:

a) Curso e seminários no local ou fora do local de trabalho

b) Estágios

c) Treinamento no local de trabalho

d) Autotreinamento

e) Treinamento à distancia

A norma apresenta as atividades de apoio quem a empresa pode desenvolver para

garantir o sucesso do treinamento, demonstradas na tabela 1:

Page 45: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

32

Tabela 1 – Atividades de apoio ao treinamento. Fonte: NBR ISO 10015, 2001.

Já a tabela 2 apresenta avaliação do treinamento.

Tabela 2 – Avaliação de treinamento. Fonte: NBR ISO 10015, 2001.

Kruger (1997) apresenta uma visão econômica e estratégica que para ele algumas

empresas veem treinamento como um custo e não como um investimento.

Page 46: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

33

“As empresas de Construção Civil obviamente se beneficiam de programas de

treinamento ministrados a seus operários, na medida em que os seus trabalhadores

resultem mais qualificados. Este não é, porém o pensamento corrente no meio. O

quadro que se verifica na maior parte dos casos é de empresas que não investem em

programas de treinamento do pessoal. Algum motivo ou consideração dos custos que

o treinamento origina, sem a visão de futuro do investimento que estaria sendo feito no

crescimento dos predicados profissionais e pessoais do operário.” (KRUGER, 1997)

Page 47: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

34

6- Estudo de caso

6.1 Apresentação

O estudo de caso se dará em uma grande construtora e incorporadora nacional, que

realiza edificações residenciais e comerciais de médio e alto padrão atuante em 16

estados brasileiros. Em virtude da mesma não ter autorizado a divulgação de sua

razão social neste trabalho, a mesma será identificada neste trabalho como

Construtora “Z”. O empreendimento objeto deste estudo situa-se no bairro Barra da

Tijuca, no Rio de Janeiro. Trata-se de um empreendimento de alto padrão com 8

torres de 17 pavimentos tipo com 4 unidades privativas cada, e cobertura com 2

unidades privativas.

As áreas das unidades privativas variam de 143m² a 166m².

6.2 Métodos de elaboração

Para elaborar os seus procedimentos a empresa tem como responsável o setor de

Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico que conta com equipe de engenheiros

especialistas que estudam as normas, consultam autoridades dos assuntos que

precisam ser padronizados, visitam obras. É o sistema de gestão de qualidade da

empresa o responsável por desenvolver, aprovar, emitir, divulgar e distribuir os

procedimentos nas obras.

O Procedimento de Gestão – Metodologia Para Desenvolvimento Tecnológico de

Componentes e Métodos Construtivos contém as diretrizes da empresa para

elaboração de um procedimento operacional de serviços levando em conta a sua

viabilidade técnica e econômica que é descrito a seguir:

6.2.1 Objetivo

O procedimento tem por objetivo estabelecer uma metodologia para conduzir o

desenvolvimento tecnológico de componentes e métodos construtivos e fornecer

diretrizes para a correta implantação de inovações tecnológicas.

6.2.2 Documento de Referência

Os seguintes documentos são considerados referência para a elaboração de

procedimentos:

a) Normas e/ou livros técnicos internacionais:

b) Revistas e/ou catálogos de fornecedores;

c) Trabalhos acadêmicos (teses dissertações ou boletins), consulta eletrônica

(internet); entre outras

Page 48: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

35

6.2.3 Método Executivo

O processo de desenvolvimento é ilustrado na figura 08:

Figura 08 – Processo de desenvolvimento tecnológico. Fonte: Construtora Z, 2014

6.2.3.1 Dados de entrada

Os dados de entrada para o desenvolvimento de componentes e métodos construtivos

podem ser:

a) Solicitação direta da diretoria/Gerencia de obras

b) Solicitação da incorporação

c) Necessidade interna de departamentos, como Planejamento e Orçamentos,

Projetos, Obras, Relacionamento com o cliente.

Outros fatores também podem ser considerados dados de entrada:

a) Resultados de auditoria interna ou externa

b) Avaliação dos fornecedores

c) Demanda do mercado

d) Alteração/atendimento de normas Técnicas Nacionais/Internacionais

O Gestor da Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico avaliará os dados de entrada

e verificará a necessidade do desenvolvimento. Os estudos finalizados e implantados

são registrados no Sistema de Gestão da Qualidade.

6.2.3.2 Metodologia do Processo de Desenvolvimento

A metodologia para o desenvolvimento de componentes ou métodos construtivos é

representado no fluxograma das atividades apresentado na figura 09:

Page 49: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

36

Figura 09 – Metodologia para desenvolvimento de procedimento Fonte: Construtora Z,

2014

6.2.3.2.1 Estudos Iniciais

Durante a etapa de estudos iniciais, serão realizadas as seguintes sub-etapas:

a) Objetivos a serem alcançados com o desenvolvimento do componente ou

método construtivo;

b) Possíveis soluções para atender às necessidades identificadas para o

desenvolvimento;

A partir das pesquisas, deverão ser identificados de forma mais detalhada (para cada

solução):

a) Caracterização e função de componentes/métodos construtivos;

b) Equipamentos relevantes (não convencionais);

c) Possíveis interferências com outros subsistemas do edifício;

d) Requisitos de desempenho.

e) Entrega – Inspeção e armazenamento

6.2.3.2.2 Viabilidade

Deverão ser estudadas a viabilidade econômica e técnica, descritas a seguir:

Page 50: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

37

a) Viabilidade Econômica: será realizado um levantamento sobre os insumos

necessários para a execução de cada solução considerada tecnicamente

viável. Esta viabilidade econômica se baseará não somente no custo

unitário de componentes e elementos, mas no custo global, considerando

todas as interferências técnicas e a gestão do canteiro.

No caso de alternativa de componente ou método, que já vem sendo empregada pela

empresa, será levantado o custo atual para comparação.

b) Viabilidade Técnica: são analisados aspectos como informações de

mercado, componentes ou métodos construtivos, fatores de produção,

fatores ambientais.

6.2.3.2.3 Avaliação Experimental

Nesta etapa serão executadas as seguintes sub-etapas:

a) Ensaios em Laboratório: para verificar se as características obtidas estão

em conformidade com os requisitos de desempenho estabelecidos

(definidos conforme necessidade avaliada pelo Gestor da Área da

Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico). Podem ser aprovados ensaios

já realizados pelo fornecedor;

b) Ensaios de Desempenho em Campo: para avaliar o comportamento em uso

(conforme necessidade avaliada pelo Gestor da Área da Qualidade e

Desenvolvimento Tecnológico).

6.2.3.2.4 Protótipo

a) Projeto do Protótipo: serão definidas as diretrizes para realização do

protótipo (especificações, procedimento, local, data);

b) Realização do Protótipo;

c) Avaliação do Protótipo: validação das etapas do desenvolvimento.

Para alguns materiais a realização de protótipo será mediante decisão do

Representante do Departamento.

Page 51: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

38

6.2.3.2.5 Consolidação da Tecnologia

Na etapa da consolidação da tecnologia, será finalizado um Relatório de

Desenvolvimento Tecnológico (anexo 01 deste procedimento), que já estará sendo

elaborado desde as primeiras etapas, para a divulgação interna da tecnologia

desenvolvida. Este relatório quando necessário será discutido com a Diretoria Técnica,

Consultoria Técnica e/ou outras Áreas pertinentes.

Nesta etapa, caso haja necessidade, também serão revisados os documentos internos

pertinentes ao SGQ. Estas revisões poderão ser feitas em outros momentos, caso isso

seja conveniente para uma melhor organização do processo de revisão da

documentação interna.

Em caso de necessidade de liberação do componente ou método construtivo, o

mesmo poderá ser aprovado antes da conclusão do relatório de desenvolvimento,

conforme avaliação do Gestor da Área da Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico

e/ou Diretoria de Engenharia.

Após aprovação do relatório pelo Gestor de Qualidade e Desenvolvimento

Tecnológico, será emitida a Declaração de Aprovação, que será divulgada

internamente a todos que terão interface com a nova tecnologia / material / fornecedor.

6.2.3.2.6 Avaliação e Acompanhamento

A partir da consolidação da tecnologia, o novo componente ou método construtivo será

acompanhado pela Área da Qualidade quanto ao comportamento em uso real e

possíveis ajustes. Este acompanhamento será realizado nas visitas da Área da

Qualidade à obra.

Nesta etapa a tecnologia já deverá estar em plenas condições de ser utilizada, e seu

monitoramento se dará somente para buscar a melhoria contínua da tecnologia.

Caso sejam identificadas falhas ou incoerências, em qualquer etapa do

desenvolvimento, devem ser tomadas as ações necessárias para a sua correção,

retornando às etapas anteriores. Se, em qualquer uma das etapas, houver a

identificação da inviabilidade da solução, deve-se reiniciar o processo para satisfazer a

necessidade inicialmente identificada ou decidir pela reprovação do estudo e

consequente cancelamento da homologação.

Page 52: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

39

6.2.3.2.7 Dados de Saída

a) Relatório de Desenvolvimento Tecnológico: será desenvolvido na etapa de

consolidação da tecnologia com o intuito de registrar as informações

relativas ao desenvolvimento e servir de fonte de informação (no caso de

dúvidas ou para outras pesquisas).

b) Documentação do Sistema de Gestão de Qualidade

c) Declaração de Aprovação do novo componente ou método construtivo: a

Área de Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico realizará o

acompanhamento da produção em escala piloto e emitirá uma declaração

para validar o novo componente ou método construtivo, constituindo este

documento numa aprovação para o uso em ampla escala. A declaração

será enviada para a Diretoria Técnica, Área de suprimentos, Gerência de

obras e demais áreas envolvidas.

A figura 10 apresenta o modelo de relatório de desenvolvimento de componentes e

métodos construtivos:

Page 53: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

40

Figura 10 – Relatório de desenvolvimento de componentes e métodos construtivos.

Fonte: Construtora Z, 2014.

A figura 11 apresenta o modelo de declaração de aprovação de componentes e

métodos construtivos:

Page 54: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

41

Figura 11 – Declaração de aprovação de componentes e métodos construtivos. Fonte:

Construtora Z, 2014

Page 55: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

42

6.3 Métodos de implantação

Toda a equipe da obra é treinada nos procedimentos da empresa, não só quem

executa os serviços, mas também quem confere, para isso cada obra tem seu plano

de qualidade que diz quais são os procedimentos que devem ser seguidos e quem

deve ser treinado nele e quem está apto a dar treinamento.

Também há uma forte campanha de marketing interno na empresa, mostrando como é

o seu jeito de ser e a importância de se envolver buscando o autotreinamento e o

autodesenvolvimento para atender requisitos e conquistar a satisfação do cliente.

O Plano de Qualidade da Obra possui a matriz de treinamento, onde são listados

todos os procedimentos padronizados utilizados, quem deve estar treinado em cada

procedimento e quem está apto a dar treinamento para a equipe.

Todos os procedimentos da empresa são documentados e armazenados no sistema

para consulta da equipe de obra garantindo que sejam estudados individualmente e

também podem ser utilizados para dar treinamentos admissional, de integração e

periódicos sempre que a equipe de obra ou de qualidade achar necessário.

A figura 12 mostra o sistema de armazenamento de documentos.

Page 56: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

43

Figura 12 - Sistema que armazena os procedimentos da empresa. Fonte: Construtora

Z, 2014

Os treinamentos dados na empresa devem ser registrados em formulário padrão com

de lista de presença, o conteúdo programático, o objetivo do treinamento e os

instrutores responsáveis pelo treinamento, posteriormente o treinamento é

armazenado no sistema.

As figuras 13 e 14 mostram documento de registro de treinamento em forma de lista

de presença e o treinamento promovido pelo estagiário e encarregado da obra.

Page 57: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

44

Figura 13 – Lista de Presença em treinamento – Fonte: Construtora Z, 2014

Page 58: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

45

Figura 14 - Treinamento dado pelo estagiário e encarregado de obra. Fonte:

Construtora Z, 2014

Durante as vistorias de qualidade e auditorias internas feitas periodicamente nas obras

da construtora os auditores selecionam alguns colaboradores, fazem questionamentos

sobre a política de qualidade da empresa, sobre o procedimento do serviço que estão

executando e consultam o sistema para saber se os entrevistados receberam

treinamento.

A figura 15 apresenta o registro de treinamento com todas as informações sobre o

treinamento dado:

Page 59: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

46

Figura 15 – Sistema de registro de treinamento. Fonte: Construtora Z, 2014

Page 60: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

47

A figura 16 apresenta o fluxograma que define o processo de treinamento em obras da

empresa.

Figura 16 – Fluxograma de Treinamento – Fonte: Construtora Z, 2014.

Page 61: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

48

6.4 Assuntos e Itemização dos procedimentos da empr esa.

São diversos os assuntos padronizados em forma de procedimentos utilizados pela

Construtora Z que são separados por área de interesse:

6.4.1 Planejamento / Execução da obra :

a) Execução e Inspeção dos Serviços

b) Planejamento da Obra

c) Guia de Vistoria de Vizinhos

d) Execução e Acompanhamento de Cronogramas

e) Entrega de obra

f) Vistoria Final e Entrega da Obra ao Cliente

g) Base para manual do síndico

h) Relatório de Pré-habite-se

i) Fluxo de Passagem de Obra para Assistência Técnica

j) Administração

6.4.2 Diretrizes para Administração da Obra

a) Controle de Portaria

b) Controle de Chaveiro

6.4.3 Almoxarifado

a) Pedido, Recebimento,Verificação e Controle de Materiais em Obras

b) Controle de equipamento de medição

c) Controle de Equipamentos e Ferramentas

6.4.4 Segurança

a) Procedimento para Controle e Distribuição de EPI

b) Área de Vivência

c) Treinamento de Segurança do Trabalho

6.4.5 Compras

a) Contratação de Serviços e Avaliação de Fornecedores de Material

Page 62: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

49

b) Liberação de Retenção - Obra próprias

c) Gestão de Documentação Obrigatória das Empreiteiras das Obras

d) Qualificação e Avaliação de Empreiteiros e Fornecedores

6.4.6 Obra

a) Formas - Montagem e Desforma;

b) Concretagem de Peças Estruturais;

c) Montagem de Armadura;

d) Alvenaria Modular Racionalizada;

e) Instalação de Louças e Metais Sanitários;

f) Contrapiso para Cerâmica, Porcelanato, Carpete, Piso Laminado e

Assoalho de Madeira;

g) Revestimento de Piso Cerâmico ou Pedra Bitolada;

h) Revestimento Interno em Argamassa;

i) Revestimento de Fachada em Argamassa;

j) Pintura.

Os procedimentos utilizados seguem um padrão e sempre devem conter os itens

abaixo:

1) Cabeçalho com o logo da empresa, a descrição do serviço

2) O objetivo do procedimento em questão

3) Os documentos de referencia que podem ser projetos, especificações e até

mesmo outros procedimentos relacionados.

4) A descrição das ferramentas e equipamentos que serão utilizados para

execução do serviço

5) Equipamentos de proteção individual que deverão ser utilizados

6) O método executivo descrevendo de forma clara e objetiva o passo a passo

da tarefa a ser executada

7) Verificação do serviço

Para o caso de procedimentos que não são relacionados à serviços de obra temos os

seguintes itens:

Page 63: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

50

1) Cabeçalho com o logo da empresa, a descrição do serviço

2) O objetivo do procedimento em questão

3) Os documentos de referencia

4) As responsabilidades de cada setor da obra envolvido no procedimento

5) A descrição passo a passo da tarefa a ser executada.

As figuras 17, 18 e 19 mostram como exemplo o procedimento operacional de controle

de equipamentos e ferramentas utilizado na obra:

Figura 17 – Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas.

Fonte: Construtora Z, 2014

Page 64: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

51

Figura 18 – Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas.

Fonte: Construtora Z, 2014

Page 65: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

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Figura 19 – Procedimento operacional de controle de equipamentos e ferramentas.

Fonte: Construtora Z, 2014

6.5 Considerações Finais Com a utilização dessa metodologia a empresa atende os requisitos da ISO 9001,

obtém a certificação PBQP-H e mantém seu Sistema de Gestão da qualidade

organizado e controlado com todos os procedimentos operacionais disponíveis nas

suas obras.

Page 66: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

53

Através dos procedimentos a transferência de informações entre os engenheiros e

operários é facilitada. A realização de treinamentos periódicos permite que os serviços

sejam executados da forma imaginada pela empresa, pois os procedimentos

operacionais do Sistema de Gestão da Qualidade são usados como conteúdo

programático.

Page 67: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

54

7. Conclusão

O presente trabalho buscou mostrar os principais assuntos que são conteúdos dos

procedimentos que compõem o Sistema de Gestão da Qualidade de construtoras

nacionais, como são elaborados e implantados em suas obras.

Para elaborar um procedimento operacional é necessário um profundo estudo sobre a

tarefa que se deseja executar, para isso as empresas construtoras formam equipes de

engenheiros que com base nas normas técnicas brasileiras, na bibliografia técnica e

na experiência acumulada dos especialistas de diversas áreas das empresas que

coletam dados suficientes para descrever os serviços e organiza-los sob a forma de

procedimento. A tarefa fica bem detalhada permitindo identificar as falhas e em qual

momento ela ocorreu com mais facilidade.

Com as normas da serie ISO 9000 e certificações como o PBQP-H as empresas

podem implementar um sistema de gestão da qualidade documentando seus

processos e buscar sempre a melhoria continua para fornecer um produto que atenda

os requisitos.

O treinamento é a forma utilizada para implementar os procedimentos nas empresas

construtoras pois proporciona o desenvolvimento pessoal e o prepara o colaborador

para executar a sua tarefa da maneira correta seguindo passos repetitivos levando à

perfeição na execução. Um operário bem treinado tem maior compreensão da sua

posição e importância na empresa e a sua participação com opiniões na elaboração

dos procedimentos traz o sentimento de que estão todos no mesmo barco na busca

pela qualidade.

Page 68: Boas Práticas na Elaboração e Implantação em obras

55

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