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    Sociologia da Educao I

    Holda Coutinho BarbosaFernando Lothario da Roza

    1 Perodo

    Palmas-TO/ 2007

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    FUNDAO UNIVERSIDADE DO TOCANTINSReitor: Humberto Luiz Falco Coelho

    Vice-Reitor: Lvio William Reis de Carvalho

    Pr-Reitor de Graduao: Galileu Marcos Guarenghi

    Pr-Reitora de Ps-Graduao e Extenso: Maria Luiza C.P. do Nascimento

    Pr-Reitora de Pesquisa: Antnia Custdia Pedreira

    Pr-Reitora de Administrao e Finanas: Maria Valdnia Rodrigues Noleto

    Diretor de EaD e Tecnologias Educacionais:Claudemir Andreaci

    Coordenador Pedaggico: Geraldo da Silva Gomes

    Coordenadora do Curso na Unitins: Maria Rita de Cssia P. Labanca

    FAEL Faculdade Educacional da LapaDiretor Geral: Luiz Carlos Borges da Silveira

    Diretor Acadmico: Osris Manne Bastos

    Diretor Administrativo e Financeiro: Cssio da Silveira Carneiro

    Coordenadora do Curso de Pedagogia a Distncia: Cllia Peretti

    EDUCON EMPRESA DE EDUCAO CONTINUADA LTDADiretor Presidente: Luiz Carlos Borges da Silveira

    Diretor Executivo: Luiz Carlos Borges da Silveira Filho

    Diretor de Desenvolvimento de Produto: Mrcio Yamawaki

    Diretor Administrativo e Financeiro: Jlio Csar Algeri

    ORGANIZAO DO MATERIAL DIDTICOProduo e Organizao de Contedos Acadmicos: Darlene Teixeira Castro e

    Maria Lourdes F. G. Aires

    PRODUO E DESIGN GRFICOGerenciamento e Fluxo Logstico: Vivianni Asevedo Soares Borges

    Projeto Grfico: Edglei Rodrigues e Irenides Teixeira

    Ilustraes: Edglei Rodrigues e Geuvar S. de Oliveira

    Reviso de Contedo: Kyldes Batista Vicente

    Diagramao: Douglas Donizeti Soares

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Apresentao

    Caro(a) aluno(a),

    Nossa relao professor/aprendiz comea aqui. E o materialimpresso uma ferramenta necessria e importante para caminharmosjuntos.

    Voc est recebendo os textos relacionados disciplina Sociologiada Educao, que tm por objetivo direcionar seus estudos nesta importanterea.

    Sociologia da Educao uma disciplina instigante, dinmica einteressante, Aborda diversos temas abrangentes, como os clssicosmodernos e contemporneos, a relao com a educao, a Sociologia comouma cincia que estuda os fenmenos sociais e a educao que est presentena vida das pessoas, fazendo essa relao enriquecer ainda mais oconhecimento.

    Temas como o surgimento e a formao da Sociologia e suainfluncia no meio educacional; o conhecimento dos pensadores clssicos e

    contemporneos, suas teorias e contribuies para a educao; abordagemneoliberal, sua influncia e conseqncias para a educao sero discutidosneste Caderno de Contedo e Atividades. Buscamos redigir um material emlinguagem acessvel e clara, conscientes de que necessrio falar deassuntos delicados sem criar obscuridade, mas sem dispensar a terminologiasociolgica e educacional quando necessria.

    Se existir algo melhor que felicidade, isso que desejamos a voc.

    Bons estudos! Boa reflexo!

    Holda Coutinho Barbosa

    Fernando Lothario da Roza

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    PLANO DE ENSINOCURSO: PedagogiaPERODO: 1

    DISCIPLINA: Sociologia da Educao I

    EMENTAA Sociologia como cincia e o surgimento da Sociologia na

    educao. As teorias sociolgicas clssicas e contemporneas. A educaocomo processo e suas relaes com a cultura e a aprendizagem de papissociais. A funo social da escola. As relaes entre educao e sociedade: anatureza e as especificidades dos fenmenos sociolgicos e suas relaescom os fenmenos educacionais.

    OBJETIVOS! estabelecer uma reflexo ampla sobre as concepes sociolgicasque norteiam o trabalho em educao;! conhecer e diferenciar conceitos sociolgicos bsicos;! analisar os aspectos culturais, polticos e econmicos da sociedadeque interferem no contexto educacional;! estabelecer relaes entre o pensamento sociolgico e o contextoeducacional contemporneo.

    CONTEDO PROGRAMTICO!

    a Sociologia no contexto da sociedade capitalista.! teoria sociolgica clssica: Durkheim, Marx e Weber;! teoria sociolgica contempornea: Althusser, Bourdieu e Passeron;! questes sociais da educao: informtica (incluso e exclusodigital);! mundializao do capital, Neoliberalismo e reestruturao produtiva;! movimentos sociais e atores na unidade escolar.

    BIBLIOGRAFIA BSICACOSTA, Cristina. Sociologia: introduo cincia da sociedade. 2.ed. SoPaulo: Moderna, 2000.

    MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educao: introduo ao estudo daescola no processo de transformao social. 11.ed. So Paulo: EdiesLoyola, 2003MORRISH, I. Sociologia da educao. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTARGALLIANO, Guilherme A. Introduo Sociologia. So Paulo: Habra,2000.GENTILI, Pablo; SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Neoliberalismo,qualidade total e educao. Petrpolis: Vozes, 2001.GOMES, Candido Alberto. A educao em perspectiva sociolgica. 3.ed.,rev. e ampliada. So Paulo: EPU, 1994.

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    OLIVEIRA, Prsio Santos de. Introduo Sociologia. So Paulo: tica,2001.

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    Sumrio

    Unidade 1 -A Sociologia no contexto da sociedade capitalista: origem e

    formao ....................................................................................... 9

    Unidade 2 -Principais abordagens sociolgicas e suas implicaes para aeducao ......................................................................................17

    Unidade 3- Karl Marx: a crtica da sociedade capitalista - a educao e a

    escola ..........................................................................................22

    Unidade 4 - Max Weber: a ao social - educao e burocracia............28

    Unidade 5 -Abordagem pragmtica e a pedagogia progressista ..........32

    Unidade 6 -Abordagem reprodutivista da educao...........................37

    Unidade 7 - Abordagem reprodutivista da educao - Pierre Bourdieu,

    Jean Claude Passeron .....................................................................41

    Unidade 8 -A mundializao do capital, a reestruturao produtiva e a

    Educao ......................................................................................46

    Unidade 9 Neoliberalismo............................................................51

    Unidade 10 - Ps-modernidade, multiculturalismo e educao.............56

    Unidade 11 -Movimentos sociais e educao....................................64

    Unidade 12 -Os meios de comunicao e a mdia .............................70

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    Meta da unidadeApresentao e anlise dos principais fatores histricos culturais,

    como a Revoluo Industrial e a Revoluo Francesa, que possibilitaram osurgimento da Sociologia, sua formao e desenvolvimento.

    A Sociologia no contexto da sociedadecapitalista: origem e formao

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! identificar os aspectos histricos culturais que contriburampara o surgimento da Sociologia;

    ! conhecer as bases tericas da Sociologia que influenciaram ocampo educacional.

    Pr-requisitosO estudo da Sociologia, para principiantes do curso de Pedagogia,tem como base disciplinas no nvel mdio como Filosofia, Sociologia eHistria.

    IntroduoNesta unidade, vamos conhecer como a Sociologia se consolidou

    como cincia. Inicialmente, iremos evidenciar a origem da palavrasociologia, depois daremos uma breve viagem histrica na Idade Modernapara conhecer os principais fatores que contriburam para o surgimento daSociologia no sculo XVIII, entre os quais as Revolues Industrial e

    Francesa, com amplo significado para as transformaes polticas,econmicas, tecnolgicas, culturais e sociais na Europa, EUA, ampliando, aolongo do sculo XIX e XX, para todo o planeta Terra.

    O surgimento da SociologiaA princpio, podemos iniciar esta unidade indagando: o que

    sociologia? Como surgiu? Quais os acontecimentos que possibilitaram suaorigem? Quem o autor dessa palavra?

    Sociologia um termo hbrido formado a partir de duas lnguas: dolatim socio com idia de social, e do grego logos (razo), que exprime aidia de palavra ou estudo. O termo Sociologia significa, portanto,estudo do social ou estudo da sociedade.

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    H uma ampla literatura sobreos movimentos culturais e

    cientficos que voc poder

    pesquisar nas bibliotecas e sitesna internet, filmes edocumentrios. Por ex. sobre

    Galileu, entre outros.

    Essa palavra foi criada em 1839 por Auguste Comte, filsofofrancs, considerado o pai da Sociologia. Comte achava que a Sociologiadeveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente. Mais frente,entenderemos o porqu dessa idia comteana.

    Tendo agora conhecido a origem da palavra Sociologia, vamos,

    neste ver alguns acontecimentos histricos que marcaram seu. Essesurgimento ocorreu em um contexto histrico especfico, que coincide comos derradeiros momentos da desagregao da sociedade feudal, bem como daconsolidao da civilizao capitalista.

    Assim, a Sociologia como cincia da sociedade no surgiu derepente, nem resultou das idias de um nico autor, mas , de acordo comTomazi (2000), fruto de toda uma forma de conhecer e de pensar a naturezae a sociedade, que se desenvolveu a partir do sculo XIV quando ocorreramtransformaes sociais significativas, como o fim do Feudalismo e ascensodo Capitalismo.

    O mundo europeu ocidental comeou a sofrer transformaessubstantivas do ponto de vista econmico, poltico, cultural, cientfico,artstico, social e ideolgico, a partir do sculo XIV.

    Do ponto de vista econmico, a expanso do comrcio alm-mar,para alm das fronteiras da Europa ocidental, pelos italianos (sculos XIV eXV), pelos portugueses, espanhis ingleses, holandeses (a partir do sculoXVI), propicia o crescimento das principais cidades europias, oenriquecimento de um novo grupo de comerciantes, atrai os camponeses eservos dos feudos para as cidades e desencadeia um processo dedesmoronamento do poder dos senhores feudais, que detinham at ento opoder econmico, poltico e ideolgico, juntamente com os poderes

    religiosos da Igreja Catlica.Nesse perodo conhecido como Renascimento, considerado pelosestudiosos como uma fase de transio para a Idade Moderna, osconhecimentos produzidos comeam a descolar-se do poder religioso. Arazo, em substituio f, o instrumento de investigao dos cientistas,dos intelectuais, dos escritores e dos artistas. H um retorno aos valores domundo antigo grego: renascer do homem e da razo.

    A valorizao do homem como centro das preocupaes e dasdecises cria condies para o desenvolvimento das cincias tericas eexperimentais, no sem conflitos com a ideologia catlica da poca,paradigma dogmtica e controladora dos saberes produzidos. Para Galileu

    Galilei (1564-1642), a terra gira em torno de seu prprio eixo e do sol, nomais o centro do universo. Na Poltica, o italiano Maquiavel(1469-1527)funda a Cincia Poltica, com pressupostos que anunciam a separao entreos poderes poltico e religioso.

    No campo religioso, Martinho Lutero introduz a ReformaProtestante, enfrenta a autoridade papal e a estrutura da Igreja. Essa reforma uma tendncia que contribuiu de modo significativo para a valorizao doconhecimento racional (livre leitura das Escrituras Sagradas, em emcontraposio o monoplio do clero na interpretao baseada na f e nosdogmas). Os artistas renascentistas, clebres por suas obras de arte, utilizam-se do seu gnio criador e inventivo e das tcnicas das cincias experimentais,como Leonardo da Vinci, Miguel ngelo (Michelngelo), entre outros. A

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    maior socializao do conhecimento junto a parcelas de segmentos sociaistorna-se possvel pela inveno de Gutemberg da imprensa com caracteres.

    Esse processo de transformao, em alguns pases da Europaocidental, traz como conseqncia a mudana de paradigma econmico,poltico, cultural, cientfico, tecnolgico que ir culminar, no final do sculo

    XVIII, com as conhecidas revolues industrial, na Inglaterra, e poltica,na Frana e nos Estados Unidos. Um novo modo de produo gerado dasentranhas do modo de produo feudal, o capitalismo, e novas luzes polticasemergem com os ideais democrticos defendidos pelos intelectuaisiluministas franceses e tambm pelos lderes dos EUA. Conforme Costa(1997, p 36),

    A legislao americana, instituindo a diviso do Estadonos trs poderes e estabelecendo mecanismos paragarantir a eleio legtima dos governantes e os direitosdo cidado, puseram em prtica os ideais polticosliberais e democrticos modernos. Os Estados Unidosda Amrica constituram a primeira repblica liberaldemocrtica burguesa.

    Instaura-se a era ideolgica da primazia doindivduo sobre o coletivo, o conhecimento leigodesvinculado da religio, a primazia doconhecimento racional para todas as reas doconhecimento. A cincia a fonte que ir permitir aresoluo dos problemas da humanidade.

    No mbito da nossa anlise, para voccompreender o surgimento da Sociologia comocincia no sculo XIX, importante voc perceberque, nesse contexto histrico social, as cinciastericas e experimentais desenvolvidas nos sculosXVII, XVIII e XIX inspiraram os pensadores da reahumana a analisar as questes sociais, econmicas,polticas, educacionais, psicolgicas com enfoquecientfico.

    Cabe destacar a influncia das teorias da evoluo biolgicaelaboradas por Spencer e Darwin, cujo mtodo, calcado na observao eanlise da realidade biolgica, traz para os pensadores da rea de humanas a

    crena na possibilidade de analisar os fenmenos sociais com objetividade,desde que sejam utilizados os procedimentos adotados pela Biologia. Se ascincias da natureza obtiveram sucesso na verificao e demonstrao dosfenmenos, a explicao dos fenmenos sociais poderia utilizar igualmenteseus mtodos. Os fatos sociais poderiam ser mensurados e analisadosobjetivamente.

    A consolidao do capitalismo no sculo XIX e asanlises sociais do perodo

    A associao da cincia tcnica gera descobertas que propiciaramo aumento da produtividade nas fbricas, como o uso de novas alternativas

    energticas, desde a energia a vapor, a energia hidrulica, at chegar ao usode combustveis fsseis, como o petrleo, j no final do sculo XIX.

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    Positivismo corrente terica,criada por Auguste Comte, que

    visa a estudar a sociedadecientificamente, com base nas

    cincias naturais como qumica,biologia, fsica e astronomia.

    Registra-se, ainda, o aperfeioamento das mquinas de produo, ocrescimento das fbricas, a ampliao do leque de produtos industriais, amelhoria dos meios de transporte terrestre, martimo e fluvial, o aumento docomrcio interno e externo entre pases produtores industriais, no casoInglaterra, e pases fornecedores de matria-prima.

    Enquanto, na Idade Mdia, o sagrado era a base e o norte para todotipo de conhecimento, no sculo XIX, esse carter de sagrado passa apertencer cincia: com a crena generalizada de que os conhecimentoscientficos poderiam descobrir e apontar aos homens o caminho em direo verdade. Essa crena generalizada a partir dos meados do sculo XIX atas primeiras dcadas do sculo XX.

    Simultaneamente, crescem a concentrao da renda e a exploraodos trabalhadores pelos patres. Os conflitos e lutas reivindicatrias dostrabalhadores por melhorias salariais e condies de trabalho surgem tantona Inglaterra como nos EUA, palco de desigualdades sociais, pobreza,precrias condies de moradia, sade, educao.

    Os reflexos da Revoluo Francesa fizeram com que os pensadoresda poca externassem suas opinies acerca da ao revolucionria. Entreesses pensadores, destacam-se Alxis de Tocqueville, Durkheim, SaintSimon.

    A revoluo gerou na sociedade uma anarquia, perturbao,crise, desordem na sociedade. Para tanto, a tarefa a que esses pensadoresse propem a de racionalizar a nova ordem, encontrando solues para oEstado de desorganizao ento existente. E, segundo esses pensadores, paraobter o restabelecimento da paz e ordem, seria necessrio conhecer as leisque regem os fatos sociais, instituindo, portanto, uma cincia da sociedade.

    A formao da primeira escola cientfica do pensamento sociolgicodeve-se ao francs Augusto Comte, considerado o pai da Sociologia.

    Augusto Comte (1798-1857): a abordagem positivista uma primeira forma do pensamento social

    Os fundadores da Sociologia assumem a tarefa de estabilizar a novaordem. Comte, entre os pensadores da poca, tambm muito claro quanto aessa questo. Para ele, a nova teoria da sociedade, denominada por ele depositiva, deveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente, deixando delado a sua negao.

    Se, por um lado, j existiam aqueles que combatiam a revoluo ealmejavam uma sociedade organizada, por outro, a Frana continuava, noincio do sculo XIX, seu ritmo de uma sociedade industrial, com umaintroduo progressiva da maquinaria, principalmente no setor txtil(MARTINS, 1994, p.28). Esse avano geraria tambm, na sociedadeoperria francesa, misria e desemprego. Essas mesmas caractersticasassemelhavam-se s situaes sociais vividas pela Inglaterra no incio de suaRevoluo Industrial.

    Na concepo de Comte, considerado um de seus fundadores, aSociologia deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer as leisimutveis da vida social, isto , essa cincia deveria abster-se de qualquer

    considerao crtica e, assim, eliminar discusso sobre a realidade existente,

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    deixando de abordar, por exemplo, a questo da igualdade, da justia e daliberdade.

    Da forma como Comte idealizou a Sociologia nos moldespositivistas estaria, expresso o desejo de constru-la a partir dos modelosdas cincias fsico-naturais. Uma Sociologia de inspirao positivista,

    separada da economia poltica, que postule a independncia dos fenmenossociais em face dos econmicos.

    Costa (1997, p.50-51) sintetiza algumas posturas da concepopositivista. A sociedade interpretada, influenciada pelo darwinismo social,destacando-se os seguintes postulados:

    ! a sociedade evolui de duas formas: buscando a ordem e oprogresso;

    ! o primeiro movimento na sociedade levaria evoluo,transformando as sociedades, segundo a lei universal, damais simples para a mais complexa, da menos avanada amais evoluda;

    ! o segundo movimento procuraria ajustar os indivduos scondies estabelecidas, para garantir o melhorfuncionamento da sociedade, o bem-comum e os anseios damaioria da populao. A ordem social conduz ao progresso;

    ! os conflitos, as contradies, as revoltas deveriam sercontidos se tais movimentos colocassem em risco a ordemestabelecida ou inibissem o progresso.

    A concepo de uma evoluo linear, de estgios de sociedades maissimples para mais complexas, nos sculos XIX e XX, influenciou a

    perspectiva etnocntrica dos antroplogos que consideravam as comunidadesprimitivas ou sociedades diferentes da sociedade europias. Sendo inferiores,deviam sofrer a interveno das sociedades consideradas mais avanadas,como ocorreu no sculo XIX e XX com a poltica colonialista inicialmentede Portugal, Espanha, Inglaterra, Frana, Holanda, Alemanha, entre outros,em pases da sia, frica, Amrica Latina e Central.

    O pensamento positivista de Comte exerceu uma ampla influnciajunto aos intelectuais nos escales do poder para manuteno da ordem emfuno do progresso.

    Essa abordagem sociolgica positivista no a que ir colocar emquesto os fundamentos da sociedade capitalista, nem tampouco a em que o

    proletariado encontrar a sua expresso terica e orientao para suas lutasprticas. Foi no pensamento socialista, em suas diferentes nuances, que oproletariado buscou seu referencial terico para levar adiante as suas lutas nasociedade de classes.

    Com esses parmetros, as anlises sociolgicas permitemcompreender a complexidade dos fenmenos sociais e a importncia queessas concepes tiveram para tomada de decises nos diferentes pases, atos dias atuais. Voc estudar, nas unidades didticas posteriores, os clssicosda Sociologia e suas teorias que ampliam as possibilidades de compreensodas sociedades e das relaes entre educao e sociedade.

    Martins (1994, p.33) concebe que

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    A Sociologia sempre foi algo mais do que meiatentativa de reflexo sobre a moderna sociedade. Suasexplicaes sempre contiveram intenes prticas, umdesejo de interferir no rumo desta civilizao, tanto paramanter como para alterar os fundamentos da sociedadeque a impulsionaram e a tornaram possvel.

    As relaes entre educao e sociedade na IdadeModerna

    Em se tratando de educao no perodo da Revoluo Industrial e dosurgimento e formao da Sociologia (entre sculos XVII a XIX), podemosevidenciar algumas caractersticas:

    ! ideal de educao: homem de esprito livre, capaz dedominar todos os campos do conhecimento;

    ! desenvolvimento das tcnicas especializao dos saberes;! sculo da educao, da idia de progresso e esprito

    cientfico, entre outros.

    Esses ideais iro acontecer relativamente nas prticas educacionais,pelas condies histricas geradas em cada pas no mundo ocidental europeue norte-americano. As questes educacionais ocorrem de maneira gradativaaos acontecimentos polticos, econmicos e sociais.

    As primeiras escolas organizadas nos pases europeus (Frana,Inglaterra, Alemanha, entre outros) atendemos alunos da burguesia nascentee seguem rgidos padres de disciplina (as crianas devem comportar-se comordem, ser obedientes). Nos currculos, so introduzidas matrias nas reasdas cincias naturais, matemtica, mas a aprendizagem prioritariamente

    terica.Nos Estados Unidos da Amrica, no final do sculo XIX, a filosofia

    democrtica, o desenvolvimento da Psicologia como cincia e a mentalidadepragmtica dos americanos inspiram pensadores para formular propostaseducacionais que iro influenciar at os dias de hoje, a educao escolar dascrianas, inclusive no Brasil: a Escola Nova, com nfase na relaoteoria/prtica a partir dos interesses das crianas. Voc ir estudar, naunidade didtica 6, as bases tericas dessa corrente pedaggica.

    A Sociologia possibilita condies, na rea educacional, para que asdiscusses em relao a uma escola de qualidade ainda sejam possveis. Issoporque, mesmo havendo, de um lado, tendncias pedaggicas

    no crticas,

    manuteno e preservao do sistema capitalista, h tambm, do outro lado,uma tendnciaprogressista, que luta pela transformao social na escola.

    Essas duas vises esto presentes na escola hoje. A segunda temsuas caractersticas prximas educao libertadora, trabalhada por PauloFreire, pedagogo conhecido internacionalmente. Nas prximas unidadesdidticas, iremos estudar esse pensador com mais detalhes.

    Alm desses aspectos discutidos anteriormente, outro tambm sedestaca: a importncia da educao. Esse fato levou os socilogos comoDurkheim ou Mannheim a se interessarem por ela, formando uma parteespecfica da Sociologia: a Sociologia da Educao (KRUPPA, 1994, p.22).

    Outra autora que tambm trata dessa questo Lakatos (1990, p.27).A Sociologia da Educao, tambm denominada Sociologia Educacional ou

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Para responder a essas questes, tenha como base os aspectosfornecidos neste caderno, assim como, os sites relacionados histria daSociologia. Tanto essa unidade quanto os sites tratam da Sociologia desdeseu surgimento at sua, fornecem os primeiros conceitos que permearonosso material instrucional: a apresentao do pensamento positivistaelaborado por Comte, que serve de referncia para se compreender o

    surgimento da Sociologia; o racionalismo, que tem sua nascente no final daIdade Mdia.

    Comentrio

    Aspectos importantes abordados nesta unidade:

    ! estudamos o significado da palavra Sociologia, as

    condies histricas para o seu surgimento;

    ! refletimos sobre a viso dos pensadores que defende

    uma sociedade do tipo conservador e positivista e de

    outros que acreditam nas mudanas transformadoras;

    ! discutimos o papel da escola no contexto da sociedade

    capitalista.

    Sntese da unidade

    Sociologia Aplicada Educao, examina o campo, a estrutura e ofuncionamento da escola como instituio social e analisa os processossociolgicos envolvidos na instituio educacional. Exemplo desse tipo deSociologia: a escola como agente de socializao e de controle social. Naprxima unidade didtica, vamos conhecer a educao como tema da

    Sociologia, estudaremos alguns conceitos da Sociologia, presentes na escola,que so fundamentais para entender a relao educao e Sociologia.

    1 - Descreva o desenvolvimento da cincia e, em especial, os fatores quecontriburam para o surgimento da Sociologia. Registre suas percepes emum texto dissertativo com 15 linhas.

    2 - Tendo como base o material exposto na Unidade didtica, trace umalinha do tempo sobre a evoluo da Sociologia, tentando relacion-la com os

    dias atuais.

    RefernciasCOSTA, Cristina. Sociologia: uma introduo cincia da sociedade. SoPaulo: Moderna, 2002.LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. 6.ed. So Paulo: Atlas, 1990.MARTINS, Carlos Benedito. O que Sociologia. So Paulo: Brasiliense,1994. (Coleo primeiros passos: 57)TOMAZI, Nelson Dacio (org.). Iniciao Sociologia. 2.ed. So Paulo:

    Atual, 2000.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Estudaremos na prxima unidade as principaiscorrentes de pensamento da Sociologia e

    relacionaremos com a educao, traando, assim, umperfil da Sociologia e sua contribuio para o

    desenvolvimento da educao.

    Informaes sobrea prxima unidade

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeApresentao dos principais conceitos sociolgicos de Emile

    Durkheim e anlise do papel da educao na formao dos indivduos nasociedade.

    Funcionalismo- Correntesociolgica relacionada aopensador francs mileDurkheim (1858-1917). Para elecada indivduo exerce umafuno especfica na sociedade esua mal execuao significa um

    desregramento da prpriasociedade. Sua interpretao desociedade est diretamenterelacionada ao estudo do fatosocial, que para ele apresentacaractersticas especficas:exterioridade e a coercitividade.O fato social exterior namedida que existe antes doprprio indivduo e coercitivo namedida em que a sociedadeimpe tais postulados, sem oconsentimento prvio doindivduo. Retirado de"http://pt.wikipedia.org/wiki/Fun

    cionalismo"

    Principais abordagens sociolgicas e suasimplicaes para a educao

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! compreeender o significado de fato social e relacion-lo coma educao;

    ! estabelecer alguns parmetros da teoria durkheimiana para aeducao.

    Pr-requisitosNa unidade 1, estudamos o surgimento e a formao da Sociologia eos conhecimentos bsicos para a compreenso das teorias da Sociologia daEducao. Tais conhecimentos so de suma importncia para a formao deeducadores e socilogos na corrente de pensamento inspirada em Durkheim.

    IntroduoEntre os principais representantes da Sociologia clssica, existe a

    figura de mile Durkheim, cujas referncias histricas e contribuioeducacional so importantes tanto para sua poca como para os dias atuais.Voc ir estudar sua teoria sociolgica e sua viso de educao.

    mile Durkheim considerado um dos pioneiros da Sociologia e o mais importante

    precursor do moderno funcionalismo. Sua abordagem terica e metodolgica denominada funcionalista. Por que essa denominao?

    Influenciado pelo positivismo de Comte e pelas teoriasevolucionistas na Biologia, Durkheim concebe a Sociedade como umorganismo vivo. O organismo dos seres vivos constitudo de rgos quefuncionam de forma interdependente para manter sua sobrevivncia eequilbrio. As sociedades humanas so semelhantes. Essas sociedadesbuscam manter seu equilbrio e coeso por meio das instituies e das

    interaes sociais.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    De sua teoria, podemos destacar a concepo de fato social. Paraesse pensador, os fatos sociais so o objeto de estudo da Sociologia, sojustamente as condutas de regras e normas (leis) coletivas que orientam avida dos indivduos em sociedade. Mas o que sociedade para Durkheim? um conjunto de normas de ao, pensamento e sentimento que no existem

    apenas na conscincia dos indivduos, mas que so construdOsexteriormente, isto , fora das conscincias individuais. Os homens emsociedade se defrontam com regras de conduta, regras essas conhecidas porleis, cdigos, decretos, constituies.

    Em outras palavras, fato social um modo de agir permanente ouno, que DE exercer alguma forma de coero externa ao indivduo. Os fatossociais tm como caractersticas: exterioridade, coercitividade egeneralidade. A exterioridade consiste em idias, normas ou regras deconduta que no so criadas isoladamente pelos indivduos, mas pelacoletividade.

    A coercitividade consiste em normas e regras que devem serseguidas pelos membros da sociedade. A no obedincia a essas leis gerapunio, que ocorre quando algum desobedece ao grupo. A generalidade(universalidade) consiste em as normas poderem ser percebidas em qualquerlugar.

    A educao um exemplo de fato social. Por qu? Porque oindivduo no nasce sabendo previamente as normas de conduta necessriaspara a vida em sociedade. Essa deve educar os seus membros paraaprenderem as regras necessrias organizao da vida social. Ou seja, asgeraes adultas transmitem s crianas e adolescentes aquilo queaprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Podemos exemplificar bem

    essa teoria de Durkheim com as tradicionais famlias brasileiras dos sculosXIX e XX, especialmente aquelas que transmitiram seus valores decomportamento. E a escola, como pode ser contextualizada na concepo deDurkheim?

    Conforme vimos, a criana aprende com os adultos as regras enormas que so impostas pela sociedade.

    Porm, na escola, seu aprendizado ocorre a partir das idias,sentimentos e hbitos que so ausentes ao nascer, mas essenciais para a vidaem sociedade.

    Durkheim e a Educao

    Durkheim viu na educao o meio pelo qual a sociedade se perpetua.A educao transmite valores morais que integram a sociedade, por

    isso, a mudana educacional importante a partir de dois prismas: peloreflexo das mudanas sociais e culturais e por ser agente ativo de mudanasque envolvem a sociedade. Durkheim ainda assinala que os educadores,especialmente no Ensino Fundamental, poderiam provocar mudanas naeducao e, por conseqncia, na sociedade. Durkheim (apud Gomes,1994,p.32) considera a educao como a:

    Ao exercida pelas geraes adultas sobre as geraesque no se encontram ainda preparadas para a vida

    social. O objeto da educao faz nascer e desenvolverna criana certo nmero de estados fsicos, intelectuais e

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Paradigma doConsenso osseguidores desse modelo viam aeducao e a sociedade comointegradoras, no enfocando assituaes de contradiesexistentes na sociedade.

    Determinismo a doutrina queafirma serem todos osacontecimentos, inclusivevontades e escolhashumanas,causadospor acontecimentosanteriores, ou seja, o homem fruto direto do meio. Segue-seque o ser humanoseriadestitudo de liberdadede

    decidire de influir nosfenmenosem que tomaparte.Retirado dehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Determinismo

    morais, reclamados pela sociedade poltica no seuconjunto e pelo meio especial a que a criana,particularmente, se destine.

    A partir de vrios exemplos histricos, Durkheim mostra que aeducao estruturada de modo a assegurar a sobrevivncia da sociedade.

    Esse pensador destaca duas funes da educao: a uniformizadora,que visa integrao do indivduo no contexto da sociedade, transmisso devalores e desenvolvimento de atitudes comuns; e a diferenciadora, querefora a diviso social do trabalho.

    A anlise desenvolvida por Durkheim revela o grande valor de umaabordagem precursora do moderno funcionalismo e, por isso, ele ope-se simples descrio da forma manifesta de um fenmeno social. Fazendo umaanlise de sua teoria, podemos observar algumas vantagens e limitaes.

    Conforme Gomes (1994), Durkheim, como socilogo do consenso,no considera as contradies da sociedade poltica e no aborda as

    implicaes de a sociedade ser composta por grupos em conflito, comdiferentes relaes de poder. Devido a essas constataes, alguns autores,entre eles Gomes, consideram Durkheim um pensador do paradigma doconsenso.

    No tocante a outras definies durkhemianas relativas educao,podemos constatar limitaes, como, por exemplo, quando ele reduz oprocesso educacional ao de uma gerao madura sobre uma geraoimatura para a vida social. Gomes enfatiza a difcil tarefa de distinguirmaturidade e imaturidade, quando, ao longo de sua vida, o indivduo devesocializar-se para desempenhar vrios papis. Outro momento, dessasdefinies, relaciona-se ao fato de elas considerarem o processo educativo

    como unilateral, quando, na verdade, as geraes interagem e entram emconflito. Quanto ao educando, a definio de Durkheim atribui-lhe um papelpassivo. A criana estaria naturalmente em estado de passividade. Adefinio de educando, nesse vis, em grande parte determinista.

    Um tema importante discutido nas teorias de Durkheim relativo autoridade do professor o eixo da pedagogia do pensador. Segundo suaconcepo, o professor representa a sociedade e tem o direito legtimo deprovocar os estados fsicos, intelectuais e morais requeridos pela vidasocial. Portanto a funo bsica da educao justamente a de transmitir osvalores morais. O professor, por sua vez, exerce o seu poder em nome da

    sociedade instituda.Assim, a teoria de Durkheim apresenta suas limitaes, mas tambmtem suas virtudes, como mostra Gomes, assinalando que a obra de Durkheimcontinua sendo importante fonte de inspirao para o funcionalismo em seusdesdobramentos de novas correntes. Sua obra constitui referncia paraautores de tendncias diversas, pois eles tm encontrado nela inspirao. Umcaso exemplar o de Pierre Bourdieu, que aborda em seus estudos asrelaes entre educao e estrutura social.

    Para Durkheim, a educao importante e nos permite construir umaidia da realidade, a partir de algumas questes:

    ! a educao tem realmente integrado o indivduo

    sociedade?

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    Responder a essas questes requer de voc o entendimento do que fato social e de sua relao com a educao. Para a questo 1, consulte osite http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=243!,site elaborado por Alberto No sobre educao e sociedade, que lhe darsubsdio para compreender a educao em Durkheim. J para a questo 2,voc poder responder relendo as caractersticas da educao, segundoDurkheim, no texto desta unidade.

    Comentrio

    Estudamos a abordagem funcionalista de Durkheim e sua

    concepo sobre sociedade e educao, com destaque para o conceito de

    fato social e para o papel da educao na formao das geraes mais

    jovens. Refletimos sobre a fora e a importncia desse pensamento nacompreenso do fenmeno social e das vrias esferas de organizao da

    sociedade.

    Sntese da unidade

    ! as autoridades governamentais que representam o Estadotm proporcionado uma educao de qualidade?

    ! a escola norte-americana tem contribudo para diminuir aevaso escolar, a repetncia e a violncia no ambienteescolar?

    So questes que fazem parte do cotidiano e dos problemasexistentes na sociedade e devem ser uma preocupao de todos,especialmente dos gestores educacionais, para buscar alternativas aosproblemas scioeducacionais.

    1 - Qual a importncia dos fatos sociais, segundo Durkheim, e sua relaocom a educao? Como voc percebe essa importncia em seu espao detrabalho e de aprendizagem?

    2 Leia a citao:

    A educao a ao exercida pelas geraes adultas sobre asgeraes que ainda no se encontram preparadas para a vidasocial. Tem por objetivo suscitar e desenvolver na crianacerto nmero de estados fsicos, intelectuais e moraisreclamados pela sociedade poltica no seu conjunto e pelomeio social a que a criana particularmente se destina.(DURKHEIM, 1975, p.45)

    Caracterize a educao, conforme Durkheim formulou em sua teoria.Busque, no cotidiano, exemplos que confirmem essa concepo deDurkheim.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Estudaremos Karl Marx e sua teoria crtica sobre a sociedade

    capitalista, bem como sua concepo de sociedade e suarelao com a educao.

    Informaes sobrea prxima unidade

    RefernciasDURKHEIM, E.Educao e Sociologia.So Paulo. Melhoramentos, 1975GOMES, Cndido Alberto. A Educao em perspectiva sociolgica. 3.ed.rev. e ampl. So Paulo: EPU, 1994.MEKSENAS. Paulo. Sociologia da educao: introduo ao estudo da

    escola no processo de transformao social. 11.ed. So Paulo: EdiesLoyola, 2003.KRUPPA, Sonia M. Portella. Sociologia da educao. So Paulo: 1994.TOMAZI, Nelson Dacio (org.). Iniciao Sociologia. So Paulo: Atual,2000.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeApresentao da teoria de Karl Marx, enfocando sua viso crtica da

    sociedade capitalista e sua concepo de educao.

    Principais obras de Marx:A Misria da Filosofia

    A Sagrada Famlia

    A Ideologia Alem

    O Capital.

    Paradigma do Conflitomodelo defendido por

    pensadores que idealizavamalternativas de uma nova

    sociedade e de novas idias paraa educao.

    Karl Marx: a crtica da sociedadecapitalista a educao e a escola

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! compreender a concepo marxista quanto s condiesoferecidas pela sociedade capitalista no campo educacional;

    ! conhecer e analisar a teoria marxista no que diz respeito educao.

    Pr-requisitos

    Para que voc possa aproveitar esta unidade didtica, importanteque faa a leitura da unidade 1 sobre a Sociologia no contexto da sociedadecapitalista. Nela, h alguns aspectos relativos a conceitos trabalhados porMarx, em especial o aspecto histrico que nos fornecer os subsdiosnecessrios para que possamos compreender desenvolvimento dopensamento marxista.

    IntroduoEm seus estudos, Marx analisa os conflitos e as contradies sociais

    e prope alternativas para uma nova sociedade socialista. Sua obra resulta deestudos realizados durante oito anos, na Biblioteca de Londres, sobre os

    economistas que lhe antecederam, da anlise de documentos sobre a situaodos operrios na Inglaterra, de sua participao nos movimentosreivindicatrios dos trabalhadores.

    Karl Marx (1818 - 1883)Suas obras foram escritas com a colaborao de Friedrich Engels.

    autor de clebres obras, como O Capital, um tratado crtico sobre ocapitalismo e a sociedade burguesa; oManifesto Comunista, esboo da teoriarevolucionria destinado aos trabalhadores. O marxismo uma das fontesclssicas do paradigma do conflito.

    Em seus estudos, Karl Marx analisou os conflitos e as contradiesda sociedade capitalista e props alternativas para uma nova sociedadesocialista.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Mais-valia o nome dado porKarl Marx diferena entre ovalor produzido pelo trabalho e osalrio pago ao trabalhador, queseria a base da explorao nosistema capitalista. Retirado dehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mais-valia

    Durante o tempo que viveu na Inglaterra, no sculo XIX, ostrabalhos de Marx foram uma resposta aos srios problemas sociaisdecorrentes da Revoluo Industrial. Nesse perodo, o capitalismo geroucontradies sociais e conflitos pela enorme diferena de renda entrecapitalistas e trabalhadores.

    Crtica sociedade capitalistaAlm de ter desempenhado outras funes, como a de jornalista,

    Marx dedicou-se a analisar alguns aspectos da vida social. Uma de suascontribuies foi discutir a relao entre indivduo e sociedade. Tomazi(2000, p.21) assinala que Marx considerava que no se pode pensar a relaoindivduo-sociedade separadamente das condies materiais em que essas

    relaes se do. Ou seja, para viver, os homens precisam, inicialmente,transformar a natureza, isto , comer, construir abrigos, fabricar utenslios,entre outros. Marx ainda ressalta que o estudo de toda sociedade deveriapartir justamente das relaes sociais que os homens estabelecem entre sipara utilizar os meios de produo e transformar a natureza.

    Em seus estudos, Marx tem como objetivo maior investigar asociedade de seu tempo a sociedade capitalista. Nela, as relaes sociaisde produo definem dois grandes grupos: os capitalistas, de um lado, quepossuem os meios de produo (mquinas, ferramentas e capital) necessriospara transformar a natureza e produzir mercadorias; os trabalhadores, dooutro, tambm chamados, no seu conjunto, de proletariado, que nada

    possuem, a no ser o seu corpo e a sua disposio para trabalhar (TOMAZI,2000, p.21).

    Na sociedade capitalista, a produo s se realiza porque capitalistase trabalhadores entram em relao. O capitalista paga ao trabalhador umsalrio e, no final da produo, fica com o lucro. Esse excedente chamadode mais-valia (excedente de horas de trabalho no pagas).

    Esse tipo de relao entre capitalistas e trabalhadores leva explorao do trabalhador pelo capitalista. A mais-valia est associada aoconceito de alienao. Costa (1997) assinala que Marx desenvolve esseconceito mostrando que a industrializao, a propriedade privada e oassalariamento separam o trabalhador dos meios de produo. Que meios soesses? So as ferramentas, a matria-prima, a terra e as mquinas, que setornaram propriedade privada do capitalista. Separam, tambm, ou alienam o

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Ideologia significa umaconcepo ou viso de mundo ou

    ainda idias que orientam asaes dos indivduos, grupos ou

    instituies. Esta serve paramanter ou mudar uma situao.

    trabalhador do fruto de seu trabalho. Essas idias so a base da alienaoeconmica do homem sob o capital.

    O trabalho de Marx, conforme Gomes (1994, p.46), pode serdistinguido a partir de trs pontos:

    ! os fatores econmicos determinam a estrutura social e a

    mudana social, ou seja, a organizao social se sustenta emtrs fundamentos: as foras materiais de produo, com queo homem assegura sua subsistncia a partir dos mtodos; asrelaes de produo (relaes e direitos de propriedade); assuperestruturas legais e polticas, alm das idias e formasde conscincia social;

    ! a histria a histria da luta de classes sociais, que secaracteriza pela oposio das classes, com base em suaposio econmica e interesses divergentes. A histriasegue, pois, um movimento dialtico, de oposio declasses;

    ! a cultura das sociedades de classe se caracteriza pelaideologia: as idias esto intimamente condicionadas pelomodo de produo.

    Assim, a classe que dispe dos meios de produo controla a difusointelectual e a educao.

    O marxismo, prope a deposio da classe dominante (a burguesia)por uma revoluo do proletariado. O capitalismo, como modo de produo, criticado por Marx pelo fato de possuir o sistema de livre empresa que,segundo ele, pelas contradies econmicas internas, levaria a classe

    operria mxima explorao do seu trabalho em funo dos lucros doscapitalistas. Prope, assim, uma sociedade em que os meios de produosejam de toda a coletividade, com a distribuio igualitria de riquezaproduzida.

    Marx e a educaoExistem na literatura sociolgica alguns tericos como Roger

    Establet e Christian Baudelot, socilogos franceses, que tentam seguir eaprofundar o pensamento de Karl Marx no tocante educao.

    Esses autores, conforme Meksenas (2003, p.70), seguindo as idiasde Karl Marx, tentam reforar a idia de que,

    Sendo a sociedade capitalista desigual devido explorao de uma classe social por outra, o processoeducativo que se d dentro da escola tambm desigual,pois a escola instituio sob controle da classedominante, reprodutora das desigualdades sociais.

    Outros autores tambm comentam que a concepo de Karl Marxquanto educao est, da mesma forma, ligada ao horizonte das relaesscioeconmicas de sua poca. Santos (2005) assinala que, segundo Marx eEngels, a educao, na sociedade capitalista, um elemento de manuteno

    de hierarquia social.

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    Meksenas (2003) assinala as vises diferentes de Durkheim (queconsiderava a educao una e mltipla, sem analisar as relaes de classe) ede Marx (que enfocava a educao segundo a diferena de classes). A classeempresarial educada para dirigir a sociedade de acordo com seusinteresses, enquanto os membros da classe trabalhadora so disciplinados e

    adestrados para o trabalho e para aceitarem com submisso a sociedadecapitalista como ela se apresenta.

    Marx analisa criticamente a educao de classe, cuja escolaridade daclasse trabalhadora tem dois objetivos:

    ! preparar a conscincia do indivduo para perceber apenas aviso de mundo da classe empresarial como correta, isto ,transmitir sua ideologia;

    ! preparar o indivduo para o trabalho, faz-lo aprender onecessrio para lidar com seus instrumentos de trabalho,alm de disciplinar e treinar corpo e mente, para o adequadodesempenho de suas tarefas no trabalho.

    Essa anlise est relacionada s caractersticas da sociedadecapitalista, ou seja, existncia de conflitos, contradies e desigualdadessociais. Porm, diante de tantas adversidades, parece existir alguma aresta, eela pode ser a educao escolar. Ou seja, o ensino aparece como instrumentopara o conhecimento e tambm para a transformao da sociedade e domundo. Esse o potencial revolucionrio da educao:

    ! o conhecimento fonte de poder - a partir dele possveldominar com mais facilidade outra pessoa;

    ! a realidade escolar, vista por meio da educao de classe,

    semelhante grande disparidade entre a classe empresarial ea classe trabalhadora.

    Analisando a crtica de Marx educao, aparece de maneiraevidente a semelhana da escola de seu tempo com a escola contempornea.Vivemos em um sistema capitalista, no qual quem tem conhecimento tempoder. Por isso, a estratgia de poder da classe dominante manipular osaber. Em contrapartida, a classe trabalhadora busca o direito educao eatua para que a escola se transforme em uma instituio que possarepresentar tambm os interesses proletrios.

    Diante disso, podemos analisar algumas questes:! as escolas discutem, analisam e trabalham as diferenciaes

    sociais?! que comparaes podem ser feitas a partir das idias de

    Marx e a realidade escolar?! como se comportam as escolas privadas frente a algumas

    situaes de classe (social)?

    O espao da aprendizagem tambm um espao de desigualdades,pois a escola, enquanto instituio, reprodutora das desigualdades sociais.

    A realidade vivida pelas escolas, como evaso escolar, repetncia,ausncia de vagas, devem ser objeto de reflexo, tendo em vista a diviso declasses (dominante e dominada), caracterstica do sistema capitalista.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Nesta unidade, abordamos a viso de Marx sobre a sociedade

    capitalista, em que aparecem as relaes de conflito entre, de um lado,

    os donos dos meios de produo e, do outro, quem vende a fora de

    trabalho. Dessa relao resulta a mais-valia para a classe burguesa.

    Tambm foi objeto desta unidade a concepo marxista acerca da

    influncia da sociedade na educao.

    Sntese da unidade

    Para responder a essas questes, voc necessita reler osapontamentos que descrevem o pensamento de Marx detalhado nestaunidade, alm de pesquisar a viso de Marx sobre a sociedade capitalista nosite http://pt.wikipedia.org/wiki. Lembre-se de que voc dever posicionar-se em todas as questes com base na teoria marxista!

    Comentrio

    Marx assinala que a situao da educao peculiar no sentido deque [...] de um lado, preciso que as circunstncias sociais mudem para quese estabelea um sistema adequado de educao, mas, de outro lado, necessrio um sistema educacional adequado para produzir-se a mudanadas circunstncias sociais (MARX apud GOMES, 1994, p.47).

    Em outro momento, Marx afirma que a educao no possuisuficiente fora revolucionria.

    Em decorrncia dessa concepo, ele considerou que a combinaode trabalho produtivo, educao mental, exerccio fsico e treinamentopolitcnico seria muito importante para a educao socialista. A abolio dadiviso do trabalho, segundo Marx, requer a associao do trabalho manual eintelectual, de tal forma que a educao seria encarregada da preparao daspessoas para os novos papis a elas destinados na sociedade socialista(GOMES, 1994, p.48).

    1 - Observe as situaes abaixo e analise-as, tendo como base a teoriamarxista.

    a) Zezinho um aluno de escola particular, que ganhou bolsaintegral. Todos os dias ele percorre alguns quilmetros parachegar escola, depois de ajudar seu pai na padaria todas asmanhs. Porm Zezinho tem tido dificuldade de compreender asaulas de matemtica e de portugus, pois sempre est com sono.b) Em uma escola pblica, os alunos so taxadoscotidianamente por um professor de burros por no entenderaquilo que desenvolvido na sala de aula. Diz ele que os alunoss podero exercer atividades braais por no possuremcapacidade mental de assimilao.

    2 - Que importncia tem a teoria de Marx para a crtica da sociedadecapitalista nos dias atuais? Redija um pequeno texto com 10 linhas.

    3 - Qual a contribuio da viso marxista sobre a educao para as escolasatuais? Rena suas percepes e programe um debate com a turma. Tentesocializar os conceitos percebidos por voc.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Estudaremos Max Weber, sua teoria da ao social, comrelao inter-relao dos indivduos, a anlise das formasburocrticas e organizativas, sua relao com a educao.

    Informaes sobrea prxima unidade

    RefernciasCOSTA, Cristina. Sociologia: uma introduo cincia da sociedade. 2.ed.So Paulo: Moderna, 1997.GOMES, Cndido Alberto. A educao em perspectiva sociolgica. 3.ed.rev. e ampl. So Paulo: EPU, 1994.

    MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educao: introduo ao estudo daescola no processo de transformao social. 11.ed. So Paulo: Loyola, 2003.SANTOS, Robinson dos. Consideraes sobre a educao na perspectivamarxiana.In:Revista Espao Acadmico, n 44, janeiro de 2005. Disponvelem: . Acessoem: 10 de jul de 06.TOMAZI, Nelson Dacio (org.). Iniciao Sociologia. So Paulo: Atual,2000.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeAnlise das concepes tericas de Weber, em especial seu conceito

    de ao social e de burocracia, no mbito das relaes entre sociedade eeducao.

    Max Weber: ao social, educao eburocracia

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! entender o aspecto conceitual da ao social e suacontribuio para a ao do indivduo na sociedade;

    ! identificar o conceito de burocracia presente na educaoescolar.

    Pr-requisitosReleia a unidade sobre Durkheim e destaque o conceito desociedade, fato social e educao. Reveja, tambm, a viso marxista desociedade capitalista, o ideal de uma nova sociedade socialista e o papel daeducao na luta de classes.

    IntroduoA Sociologia, enquanto cincia, contribui nos mais vastos campos do

    conhecimento cientfico. Seus autores clssicos participam ativamente dessaconsolidao. Por isso, estudaremos a teoria de Max Weber, que analisa aeducao, com base em seu estudo sobre autoridade, burocracia, poder e

    hierarquia.

    Max WeberMax Weber acreditava firmemente nos ideais democrticos e

    buscava caminhos que libertassem o homem da cristalizao da democracia.Para Max Weber, o objeto da Sociologia a ao social, isto , toda

    ao que o indivduo pratica orientando-se pela ao de outros.Para entendermos melhor, vamos a um exemplo prximo de ns,

    citado por Tomazi (2000, p.19). O eleitor define seu voto orientado pela aodos demais eleitores. Ou seja, temos a ao de um indivduo, mas essa aos compreensvel se percebermos que a escolha feita por ele tem comoreferncia o conjunto dos demais eleitores.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Ver texto de Ivor Morrish Aescola e sua organizao, queutiliza para anlise as categorias

    autoridade e burocracia de MaxWeber.

    Assim, segundo Weber, s vo ocorrer relaes sociais no momentoque se estabelecer uma relao significativa, isto , algum tipo de sentidoentre vrias aes sociais. A ao social s vai existir quando o indivduotentar estabelecer algum tipo de comunicao, a partir de suas aes, com osdemais. Mas podemos perguntar: qual o momento em que no ocorre a ao

    social? Esse momento se d quando, por exemplo, dois ciclistas andam namesma rodovia em sentidos opostos. O simples choque entre eles no umaao social. Porm a tentativa de se desviarem um do outro j pode serconsiderada uma ao social, uma vez que o ato de desviar-se para um ladoj indica para o outro a inteno de evitar o choque, esperando uma aosemelhante como resposta (TOMAZI, 2000, p.19).

    Weber estabelece diferentes tipos de ao social, agrupando-os deacordo com o modo pelo qual os indivduos orientam suas aes:

    ! ao social tradicional ao determinada por um costumeou um hbito arraigado. Exemplo: um estudante de umdeterminado curso, como o de Medicina, segue a tradio dafamlia de exercer a medicina e, para no fugir regra,resolve fazer esse curso;

    ! ao social afetiva ao determinada por afetos ou estadosemocionais. Exemplo: o ato de uma pessoa presentear outra,movida por um sentimento de amizade;

    ! ao social racional com relao a valores aodeterminada pela crena consciente em um valorconsiderado importante, independentemente do xito dessevalor na realidade. Exemplo: fazer um curso, pois o queinteressa o fato de a pessoa considerar importante algo

    para a sua vida;! ao social racional com relao a fins ao determinada

    pelo clculo racional que estabelece fins e organiza os meiosnecessrios. Exemplo: fazer um determinado curso,colocando em primeiro plano essa finalidade, tudo o que apessoa fizer est voltada para tal.

    Max Weber encara a Sociologia como cincia interpretativa, queinvestiga valores, embora nem por isso deva estabelecer normas e ideais.Assim, diferencia-se de Durkheim por no enfatizar normas sociais, e deKarl Marx por no propor a formao de uma sociedade ideal.

    Destacamos em sua obra conceitos relevantes como burocracia,autoridade, estratificao social, que podem ser utilizados na anlise dequestes educacionais. Max Weber no analisa especificamente a educao.

    Outros tericos contemporneos se detm em estudar a escola,inspirados nas teorias de Weber, observando que existem temas que podemser explorados, tais como a organizao. Desses trabalhos destacamos AEscola e sua organizao, de Ivor Morrish. Nessa pesquisa, o autor indica otrabalho de Weber que trata de autoridade e burocracia.

    Para Weber, a autoridade uma forma particular de poder. Ela definida e sustentada pelas normas do sistema social e, de modo geral, aceitacomo legtima pelos que dela participam. Como tal, a maioria das formas deautoridade est ligada no a indivduos, mas s posies status que elesocupam em sistemas sociais. Os tipos de autoridade podem ser:

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Burocracia atualmente essetermo tem um significado

    pejorativo pelo excesso demecanismos e rituais adotados

    em instituies para tomadas dedecises: acmulo de papis e

    carimbos que passam porinmeras reparties at o

    destino final.

    Vimos os principais conceitos sociolgicos de Max Weber: o

    significado de ao social e seus diferentes tipos: o tradicional; o

    afetivo; o racional com relao a valores; o racional com relao a fins.Destacamos, tambm, os conceitos de burocracia e autoridade que

    odem ser utilizados na anlise dos sistemas escolares.

    Sntese da unidade

    ! legal-racional hierarquia organizada;! tradicional autoridade herdada (parentesco);! carismtica qualidades individuais e pessoais.

    A burocracia, por sua vez, um tipo de organizao baseada na

    autoridade legal, isto , uma forma de autoridade legitimada pela crena nasupremacia da lei. Atualmente, esse termo designa o governo de uma casta(tipo de classe social, comum na ndia) de altos funcionrios ou burocratas.

    Nas sociedades contemporneas, inmeras organizaes tm carterburocrtico, como os sistemas escolares, hospitais, empresas, rgosgovernamentais. A escola, como instituio, possui estruturas hierrquicas.

    A escola, como organizao, pode ser to variada quanto aspersonalidades que a compem. Contudo uma forma de burocracia comautoridade, baseada em uma hierarquia que pode controlar por meio dafora, da recompensa, da punio, da persuaso, da coeso ou daautodisciplina.

    A partir da concepo de Max Weber, podemos fazer algunsquestionamentos relativos escola de nosso tempo: como se d a autoridadena unidade escolar? Que critrios so utilizados na escola quando se trata daburocracia? De que maneira os educadores lidam com a questo dahierarquia na escola?

    1 - Que importncia e significado tem a teoria da burocracia weberiana paraa educao atual?

    2 - Verifique nas prticas escolares se a burocracia (conforme Weber) est aservio da eficincia e eficcia das finalidades da educao ou se estservindo para dificultar as atividades educacionais.

    3 - Elabore uma anlise comparativa entre as concepes de Durkheim, KarlMarx e Weber sobre sociedade e educao, evidenciando suas diferenas,conforme o quadro abaixo:

    Fenmeno

    social

    Viso de

    mundo

    Viso de

    homem

    Viso de

    educao

    Durkheim

    Marx

    Weber

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Estudaremos a abordagem pragmtica e a PedagogiaProgressista na viso de Dewey, que construiu sua teoria combase no pensamento de Emile Durkheim, inspirou a EscolaNova e influenciou os autores brasileiros Azevedo e Teixeira.

    Informaes sobrea prxima unidade

    Para responder a essas atividades, faa uma sntese desta unidade

    destacando o significado dos principais conceitos de Weber (terminologia,ao social, burocracia). Para conseguir esse objetivo, leia atentamente asunidades anteriores que abordam as teorias de Emile Durkheim e de KarlMarx e pesquise em livros e/ou na internet sobre o tema.

    Comentrio

    4 Quando nos deparamos com o estudo da Sociologia, encontramos asvrias correntes de pensamento que servem de referncia para oentendimento dessa cincia. Nesse sentido, no pensamento de Max Weber,um de seus conceitos :

    a) A solidariedade social de tipologia mecnica

    b) A burocraciac) A alienaod) A anomia

    Aps a identificao da alternativa correta, redija um texto em quevoc analisa o porqu das alternativas incorretas.

    RefernciasGOMES, Cndido Alberto. A Educao em perspectiva sociolgica. 3.ed.rev. e ampl. So Paulo: EPU, 1994.TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciao Sociologia. 2.ed. ver. e ampliada. SoPaulo: Atual, 2000.

    MORRISH, Ivor. Sociologia da educao. So Paulo: Zahar, 1973.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeApresentao da concepo progressista de Dewey sobre a Escola

    Nova e sua influncia na educao.

    Principais Obras de JohnDewey:

    A Escola e a Sociedade;Democracia e Educao

    Abordagem pragmtica e pedagogiaprogressista

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! identificar os principais aspectos da concepo de Deweysobre a Escola Nova;

    ! evidenciar as teorias de pensadores brasileiros quecontriburam para a Escola Progressista.

    Pr-requisitos

    Para entender a concepo de John Dewey, necessrio que voctenha compreendido a teoria de Durkheim, uma vez que Dewey foiinfluenciado por sua teoria. Nesse sentido, o pensamento de Dewey parte deuma viso funcionalista para o entendimento da sociedade e em especial daeducao, embora em uma perspectiva mais progressista.

    IntroduoEnfocaremos John Dewey pela sua considervel contribuio

    Pedagogia Progressista, em que podemos verificar um avano bastantesignificativo em relao a Durkheim por considerar o lado prtico da aopedaggica, com enfoque na sociedade democrtica.

    John Dewey (1859 - 1952), certamente, um dos mais influentes pensadores na rea da

    educao contempornea. Filsofo, psiclogo e pedagogo, posicionou-se afavor do conceito de Escola Ativa, na qual o aluno precisa ter iniciativa eoriginalidade e agir de forma cooperativa.

    considerado um filsofo pragmatista (instrumentalista) econhecido como o grande filsofo da educao moderna. Conforme algunsautores, como Aranha (1996), John Dewey influenciado pelopragmatismode William James (principal representante do pragmatismo 1842-1810) eprefere usar as expresses instrumentalismo ou funcionalismo paraidentificar a sua teoria.

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    Eu acredito que educao omtodo fundamental doprogresso social e da reforma[...]. Atravs da educao, a

    sociedade formula o seu prpriopropsito, podendo organizarseus prprios meios e recursos[...] dirigindo-os no sentido emque ela pretende mover-se(JOHN DEWEY).

    Ao contrrio de boa parte dos filsofos da sua poca, especialmentedos europeus, que se sentiram atrados por ditadores e por regimes fortes, foium pregador intransigente das virtudes do individualismo e dos valores dademocracia. Identificou o seu nome de modo definitivo com a educaoescolar de massa, que caracterizou o sculo XX.

    Dewey acreditava que escolas que atuavam em uma linha deobedincia e submisso no eram efetivas quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Seus trabalhos alinhavam-se com o pensamento liberal norte-americano e influenciaram vrios pases, inclusive o movimento da EscolaNova no Brasil. Posteriormente, discutiremos a influncia que Deweydespertou nos pensadores brasileiros.

    Em suas teorias, esse pensador fez severas crticas educaotradicional, sobretudo predominncia do intelectualismo e damemorizao. O fim da educao dar condies criana para que resolvapor si prpria os seus problemas. Com relao experincia, Deweyconcluiu que a escola no pode ser uma preparao para a vida, mas aprpria vida. Por isso, vida-experincia-aprendizagem no se separam.

    A escola possibilita a reconstruo continuada que a criana faz daexperincia. Segundo Dewey, a escola progressista consiste no crescimentoconstante da vida, medida que aumentamos o contedo da experincia e ocontrole que exercemos sobre ela (ARANHA, 1996).

    Alm dessas idias, conforme a literatura analisada, verificamos quea pedagogia de Dewey rica em aspectos inovadores. Sua principal marca seencontra na oposio escola tradicional. Refora a adaptao do aluno sociedade democrtica, que no questionada em momento algum. Trata-sede uma teoria que representa plenamente os ideais liberais, sem colocar em

    evidncia os valores burgueses.A escola, para Dewey, deve ser uma miniatura da sociedadedemocrtica, dotada de igualdade, de modo que o aluno possa transferir suasexperincias para a sociedade inclusiva, contribuindo para a mudana eimplantao de estruturas sociais democrticas. O papel da escola, segundoele, reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de ummodo simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianas aosentido e compreenso das coisas mais complexas. Em outras palavras, oobjetivo da escola deveria ser ensinar a criana a viver no mundo(RAMALHO, 2003).

    Entretanto, na atualidade, registra-se um retorno s propostas

    educacionais da Escola Nova progressista, na medida em que prope prticasdemocrticas e progressistas no interior das escolas. Vamos ver essarealidade nas concepes de Fernando de Azevedo e Ansio Teixeira,educadores brasileiros, que se mobilizaram em favor da Escola Nova eforam influenciados em sua produo pela obra de John Dewey.

    O Pragmatismo no Brasil e a Escola ProgressistaA concepo de John Dewey acerca do pragmatismo, ainda hoje,

    referncia importante para muitos autores.No Brasil, os nossos intelectuais tambm lutaram para que o espao

    escolar fosse para todos. Fernando de Azevedo, Ansio Teixeira, entreoutros, so nomes que se destacam nesse processo.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Principais Obras de Fernandode Azevedo:

    Sociologia Educacional

    Princpios da Sociologia

    Manifesto dos Pioneiros(1932) sob a inspirao denovos ideais de educao, foi

    gerado, no Brasil, o movimentode reconstruo educacional,

    com que, reagindo contra oempirismo dominante, um grupo

    de educadores pretendeutransferir do terreno

    administrativo para os planospoltico-sociais a soluo dos

    problemas escolares. Disponvel

    em: . Acesso

    em 18/07/2005

    Fernando de Azevedo (1894 -1974)Fernando de Azevedo nasceu em So Gonalo do Sapuca, MG. Foi

    professor, educador, crtico, ensasta e socilogo.No Brasil, sua filosofia foi a base terica que teve destaque no eixo

    temtico do Paradigma do Consenso. Desenvolveu seus estudos baseando-se

    nas teorias de Durkheim e de John Dewey. representante ilustre datendncia filosfico-sociolgica da Sociologia da Educao no Brasil.

    Sua concepo de educao evidenciada em SociologiaEducacional (1951), quando mostra que, mesmo nas sociedadeshomogneas, se esboa uma educao organizada que se desenvolve deacordo com a diviso social do trabalho. Com a complexidade crescente dasociedade, o aparelhamento educacional vai adquirindo tambm cada vezmais complexidade. Quanto aos sistemas educativos, Azevedo (1951),mostra que tais sistemas

    variam tambm de acordo com as formas de sociedade,

    s sendo compreendidos em funo do todo. Por isso,seguem os valores sociais, homogeneizando osindivduos sob certos aspectos e diferenciando-os soboutros, sempre tendo em mira a perpetuao dasociedade.

    Outros aspectos que devemos enfocar das idias de Azevedo so:! a preocupao com uma poltica educacional, norteada por

    um grande ideal orientador, formada na percepo dasrealidades nacionais e da vida pelos ideais cientficos deeducao;

    ! a concepo das universidades como organismos vivos

    adaptados s sociedades e destinados a acompanhar,interpretar e dirigir-lhe a evoluo, com o objetivo detransmitir o conhecimento cientfico.

    Azevedo destaca o papel socializador da educao, seu cartercoercitivo, sua importncia para a integrao social e as relaes entremudana social e educacional.

    No Brasil em que viveu, marcado pela emergncia da sociedadeurbano-industrial, uma das preocupaes foi o ajustamento da educao snovas condies histrico-sociais, expresso no Manifesto dos Pioneiros

    (1932). Esse documento defende a educao obrigatria, pblica, gratuita eleiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de mbitonacional. Critica o sistema dual, que destina uma escola para os ricos e outrapara os pobres, reivindica a escola bsica nica (ARANHA, 1996, p.198).

    Ansio Spinola Teixeira (1900 - 1971)Ansio Spnola Teixeira nasceu em Caetit (BA). Escolanovista,

    como outros intelectuais brasileiros, produz obra abundante, pretendiamodelar o ensino no Brasil. Foi educador e ensasta e contribuiu para o meioeducacional, participando do Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova.Teixeira baseia sua teoria em Durkheim e, sobretudo, em John Dewey.

    Durkheim encara a educao como processo de ajustamento a umadeterminada sociedade, e Dewey considera o processo educacional de

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    Estudamos a escola progressista de John Dewey e sua oposio

    escola tradicional, presente na educao brasileira desde o perodo

    colonial. Sob a influncia da Escola Nova de Dewey, Teixeira e Azevedo

    perceberam a importncia de as crianas serem auto-suficientes para

    resoluo de seus problemas.

    Sntese da unidade

    maneira dinmica. Por essas e outras idias, os brasileiros tambmescreveram acerca de suas realidades educacionais, tendo como base essasteorias. Um exemplo Ansio Teixeira.

    Em sua participao no Manifesto dos Pioneirosda Escola Nova, Teixeira e outros educadores, sob o

    paradigma do pensamento liberal democrtico, defendema escola pblica para todos, a fim de alcanar umasociedade igualitria e sem privilgios. Ansio Teixeira,em suas obras, relatou sua preocupao com a educaobrasileira e assinalou a acentuada seletividade daeducao no Brasil em todos os seus nveis, seletividadebaseada na desigualdade de oportunidades. Sua defesa,em primeiro lugar, por uma educao adequada sclasses populares, com a finalidade de aumentar suaprodutividade e seu nvel de vida.

    A contribuio de Teixeira inegvel para aeducao brasileira. Destacou-se como secretrio deEstado do Rio de Janeiro dos anos de 1931 a 1934. Nessagesto, criou uma rede municipal de ensino completou, que ia desde a escolaprimria universidade. Teixeira completa, em 1935, a montagem da redede ensino, criando a Universidade do Distrito Federal (UDF), que sedestacou por ter mudado o Ensino Superior brasileiro (foi extinta em 1938,durante o Estado Novo).

    Foi perseguido e cassado em 1935 no governo de Getlio Vargas,refugiou-se em sua cidade natal at 1945. Nesse perodo, atuou comoempresrio. Ao voltar s suas atividades educacionais, em 1946, assumiu o

    cargo de Conselheiro da Organizao das Naoes Unidas para a Educao,Cincia e Cultura (UNESCO) e, em 1947, tomou posse na Secretaria deEducao de seu Estado, a Bahia. Nessa gesto criou, em 1950, o CentroEducacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, aEscola Parque, experinciapioneira no pas com uma concepo de tempo integral e uma metodologiabaseada nas concepes da Escola Nova Progressista.

    J no ano de 1951, assumiu o cargo de secretrio-geral da Campanhade Aperfeioamento do Pessoal de Ensino Superior (CAPES) e, no anoseguinte, assumiu o de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedaggicos(INEP), permanecendo nele at 1964.

    Foi um dos idealizadores da Universidade de Braslia (UnB),

    fundada em 1961. Tornou-se reitor da UnB em 1963, porm, com o golpemilitar de 1964, afastaram-no do cargo, foi para os EUA lecionar nasUniversidades da Columbia e da Califrnia.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Abordaremos o modelo reprodutivista da educao,enfocando a teoria de Louis Althusser, que, baseado no

    pensamento de Marx, elabora uma anlise sobre o

    capitalismo, tendo como referncia a concepo marxistasobre os aparelhos ideolgicos.

    Informaes sobrea prxima unidade

    Para responder a essas questes, importante reler os textos sobre aEscola Nova, relacionados s concepes de Dewey. Quanto aos tericosbrasileiros, visite o site da Revista de Pedagogia

    (www.revistadepedagogia.com) que disponibiliza trs nmeros sobre AnsioTeixeira e um sobre Fernando de Azevedo. Observe os aspectosapresentados sobre a educao e o papel da escola enquanto instituiopblica.

    Comentrio

    1 - Identifique alguns aspectos importantes da concepo de Dewey,relativos educao escolar. Veja tambm se h alguma semelhana de suaobra com a realidade da escola atual. Produza um texto dissertativo com 30linhas.

    2 - Quanto aos tericos brasileiros Ansio Teixeira e Fernando de Azevedo,identifique algumas caractersticas da instituio escolar segundo a filosofiada Escola Nova, elabore um texto e socialize por meio de um debate com oscolegas de sala.

    RefernciasARANHA, Maria Lucia A. Histria da educao. So Paulo: Moderna,1996.AZEVEDO, Fernando de. Sociologia educacional. So Paulo:Melhoramentos, 1951.

    RAMALHO, Priscila. Os pensadores John Dewey. In: Revista NovaEscola, n159, Janeiro/Fevereiro, 2003.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeApresentao da teoria reprodutivista da educao, que enfoca a

    escola como um espao de reproduo do sistema capitalista.

    Estruturalismo - uma

    corrente de pensamento, nombito das cincias humanas,que se inspirou no modelo dalingstica e que apreende arealidade social como umconjunto formal de relaes. Deum modo geral, o estruturalismoprocura explorar as interrelaes(as "estruturas") por meio dasquais o significado produzidodentro de uma cultura. In:http://pt.wikipedia.org/wik i

    /Estruturalismo

    Ortodoxo ou ortodoxia,verdadeira doutrina de Cristo.Ortodoxia uma palavra gregaque significa, letra, glria(doxa) reta, direita, justa,verdadeira (orto). Disponvelem: . Acesso em: 10 de julde 06.

    Abordagem reprodutivista da educao

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! compreender a teoria reprodutivista, que enfoca a escolacomo reprodutora da sociedade capitalista;

    ! identificar os aparelhos ideolgicos da escola.

    Pr-requisitosPara aproveitar melhor esta unidade, reveja a unidade que trata da

    teoria de Karl Marx, cuja abordagem sobre as classes sociais e a educaodiferenciada ser retomada por Althusser em uma nova verso.

    IntroduoA partir da concepo de Althusser sobre os aparelhos ideolgicos e

    repressivos de Estado, vamos estudar a concepo de uma escola reprodutorada sociedade capitalista e as conseqncias que esse fato traz para alunos,professores e administradores do espao escolar.

    Louis Althusser (1918 - 1990)Considerado um marxista ortodoxo, distanciou-se, porm, ao longo

    de sua trajetria, de seu mestre Karl Marx. Foi um dos principais estudiosos

    do marxismo. Utiliza o mtodo estruturalistapara suas anlises.No primeiro momento, as preocupaes de Althusser centram-se nosfundamentos e mtodos de investigao. Seus estudos em Marx socentralizados em torno de O Capital.

    Alm dessa preocupao em estudar a concepo de Marx, Althusservolta suas teorias para o desenvolvimento da questo educacional nocontexto da sociedade capitalista.

    Aparelhos ideolgicos e repressivos: EstadoVamos compreender a teoria da reproduo com uma

    exemplificao: as escolas se constituem em lugares onde os alunos

    adquirem conhecimentos, aprendem tcnicas e normas de comportamentos.Essas normas so ensinadas conforme a classe social do aluno: se esse

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    pertencer classe dominante, a escola lhe incutir a ideologia de sua classe;se pertencer classe dominada, ser-lhe- ensinada a submisso ideologia.

    Como podemos entender o desenvolvimento desseprocesso?

    Para Althusser, h uma relao recproca entre a superestrutura e ainfra-estrutura social. Essa, por ser a base econmica da sociedade,

    autnoma e determina a superestrutura.O Estado em geral, como parte da

    superestrutura, composto pelo governo, aadministrao, o exrcito (=foras militares), apolcia, o sistema penal, o sistema judicirio. Essessubconjuntos de elementos legais e administrativosformam o conjunto estatal de mecanismos repressivos,ou seja, aqueles aparatos que podem e devem usar dafora moral, psicolgica ou fsica para reprimirresistncias ou oposies, quando for necessrio.

    Os aparelhos ideolgicos de Estado seriamaqueles aparelhos que [...] sob a forma de instituiesdistintas e especializadas, necessariamentecomplementam o sistema estatal de dominao, pormeio da ideologia. Que aparelhos seriam esses? Os

    jurdicos, polticos, religiosos, sindicais, culturais e escolares.Os aparelhos ideolgicos tm a funo ativa da reproduo das

    relaes de produo, que devem ser criadas em sua naturalidade. Assim, areproduo das relaes sociais deveria se dar no contexto da produo

    material, mas tambm no da (re)produo ideolgica.O esquema abaixo mostra a relao estabelecida entre superestruturae infra-estrutura conforme descrevemos:

    Sociedade

    Infra-estrutura (economia)

    Super estrutura

    * Aparelho Repressiva do Estado** Aparelho Ideolgico do Estado

    Notas:

    Estado

    ARE *

    Pluralidade de AIE **

    Chefe de Estado

    Governo

    Administrao pblica

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    Os temas abordados, nesta unidade, foram: a relao entre a

    superestrutura e a infra-estrutura da sociedade; a viso da escola

    enquanto reprodutora do sistema capitalista; os aparelhos ideolgicos e

    repressivos do Estado.

    Sntese da unidade

    A resposta a essas questes requer que voc faa uma releitura dotexto desta unidade, alm de buscar na internet textos alusivos teoria de L.Althusser. Voc perceber que as problemticas apresentadas pelo autorlevam-nos a compreender como a escola atua junto s comunidades e comoo papel desempenhado pelo educador de transmissor de uma determinadaconcepo ideolgica, no caso em questo, a da classe dominante.

    Comentrio

    1 - Observe as assertivas abaixo e complete, respectivamente:I) _______________________ so as instituiesresponsveis pela dominao e manuteno de um iderioconstrudo pelo Estado, para garantir a forma de produo.II) _______________________ so as instituies utilizadaspelo Estado para reprimir formas outras de pensamento(ideologias).III)_____________________ nada mais do que uma forma deexpresso ideolgica do Estado que, em suas atividades, reforavalores construdos por uma sociedade burguesa.

    a) aparelhos repressivos de Estado, escola, aparelhosideolgicos de Estadob) aparelhos ideolgicos de Estado, aparelhos repressivos deEstado, escolac) governo, aparelhos ideolgicos de Estado, escola.d) aparelhos ideolgicos de Estado, aparelhos repressivos deEstado, governo

    2 - Aps conhecermos a teoria de Althusser sobre os aparelhos ideolgicosde Estado, que aspectos so importantes para serem analisados e aplicadosna escola? Construa uma colagem onde voc expressar essesconhecimentos.

    3 Debata em grupos as seguintes assertivas:a) A escola transmite as ideologias dominantes.b) A escola serve ao capitalismo e reproduz seu sistema, seusmeios e relaes de produo.

    RefernciasGOMES, Alberto Candido. A educao em perspectiva sociolgica. 3. ed.rev. e ampl.. So Paulo: EPU, 1994.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Apresentaremos a voc a teoria de Pierre Bourdieu eJean-Claude Passeron e abordaremos questes importantes

    como capital cultural, violncia simblica, educao e escola.

    Informaes sobrea prxima unidade

    GUARESCHI, Pedrinho A. Sociologia crtica: alternativas de mudana. 58.ed. Porto Alegre: Mundo Jovem, 2005.

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    Sociologia na Educao IPedagogia

    Meta da unidadeApresentao da abordagem reprodutivista da educao, enfocando

    as teorias de P. Bourdieu sobre o capital cultural e de Passeron sobre aanlise da escola como sistema de ensino.

    Principais obras de PierreBourdieu:

    A economia das trocas

    simblicas

    Sobre a televiso

    Contrafogos

    A Reproduo: elementos para

    uma teoria do sistema

    de ensino

    O Poder Simblico.

    Abordagem reprodutivista da educaoPierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron

    ObjetivosEsperamos que, ao final desta unidade, voc seja capaz de:

    ! entender e analisar as concepes reprodutivista sobrecapital cultural e violncia simblica e suas relaes com aeducao escolar;

    ! conhecer os aspectos educacionais que fazem relao com ocapital cultural e a violncia simblica.

    Pr-requisitosA base para entender esta unidade a teoria de Althusser sobre os

    aparelhos ideolgicos de Estado e sobre a escola como reprodutora dosistema capitalista.

    IntroduoAs teorias de Pierre Bourdieu e de Jean-Claude Passeron so

    relevantes para esta unidade porque evidenciaro a escola como um sistema,em que o ensino serve de instrumento para reforar o domnio da classedominante.

    Outro tema abordado a violncia simblica, que tambm ummecanismo que reproduz valores da cultura dominante.

    Pierre Bourdieu (1930 - 2002) e Jean-Claude Passeron(1930)

    Pierre Bourdieu considerado um dos intelectuais mais influentes desua poca. A educao, a cultura, a literatura e a arte foram seus primeirosobjetos de estudo. Nos ltimos anos, Bourdieu dedicou-se ao estudo dosmeios de comunicao e da poltica. A violncia simblica foi outro temacentral da sua obra.

    Bourdieu no era apenas um pesquisador excepcional, reconhecidopela comunidade acadmica internacional, mas um intelectual empenhadonas lutas sociais e no debate poltico. Na dcada de 90, aprofundou esse

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    interesse pelos movimentos sociais, identificando seu trabalho com a criaode uma esquerda da esquerda, ou seja, uma esquerda que recusasse oscompromissos que foram sendo assumidos pela esquerda europia maistradicional, ao longo do sculo XX.

    Nos ltimos anos de sua vida, Bourdieu dedicou-se tambm ao

    combate do Neoliberalismo sob todas as formas. Criticou os meios decomunicao, que, segundo ele, estariam cada vez mais submetidos a umalgica comercial inimiga da palavra, da verdade e dos significados reais davida. Foi o crtico do lixo cultural produzido pela mdia contempornea etambm da globalizao (ou mundializao) financeira.

    Alm desses aspectos citados, importante falar tambm acerca dosconceitos por ele criados, como: espaosocial, campo social, habitus, classesocial. Esses conceitos so alusivos posio social que o indivduo ocupa nasociedade.

    Pierre Bourdieu tem, em co-autoria com Jean-Claude Passeron, umapesquisa realizada em 1970 com o ttuloAReproduo: elementos para uma teoria

    do sistema de ensino. Os autores partemdo pressuposto de que a escola, na

    sociedade capitalista, produz e reproduz a sociedade. A sociedade de classesmantm seus privilgios no sistema escolar. A suposta igualdade de ensinopara todos os alunos no se sustenta. No s o sistema de ensino particular

    desigual conforme a escola e a clientela que o freqenta, mas tambm oensino pblico diferenciado e desigual, segundo a localidade, o corpodocente, a clientela. O Ensino Superior transmite privilgios, aloca status eincute respeito. A maioria das vagas destinada aos alunos das escolasparticulares. Na obra em questo, os autores elaboraram a noo de violnciasimblica, desenvolvida pelas instituies e por seus agentes.

    O sistema de ensino gera a violncia simblica, que faz com que osindivduos vejam como naturais as representaes ou as idias sociaisdominantes, que disseminam valores culturais dominantes em toda asociedade. Manifesta-se, por intermdio da mdia, da pregao religiosa, dapropaganda, da moda e da educao.

    Teoria da Violncia SimblicaOs estudos de Bourdieu, alm da idia de habitus e de campos, tm

    no conceito de violncia simblica uma importante referncia para secompreender tambm a sociedade capitalista e suas formas de reproduo. Apartir da compreenso marxista de que a sociedade dividida em classes emum ambiente de constantes lutas e conflitos, Bourdieu concebe a sociedadecapitalista marcada por profundas desigualdades. Por outro lado, Bourdieuno deixa de beber da fonte weberiana, compreendendo que a realidadesocial tambm um conjunto de relaes de sentido, com uma dimensosimblica (CORCUFF, 2001, p.53).

    Para a compreenso do significado de violncia simblica, Bourdieudistingue dois tipos de violncia: a fsica e a simblica. A primeira

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    exercida pela fora fsica (bater em uma criana, ataques de policiais comcacetetes). A segunda, a simblica, significa repassar para as pessoas egrupos sociais valores que devem ser assimilados, caso contrrio, seropunidos. A violncia simblica repassada ideologicamente quando soincutidas nas pessoas normas ou valores que devem ser seguidos por serem

    os melhores, quando na verdade no o so.A dimenso simblica tem a ver com as maneiras de pensar formas

    de dominao social. importante perceber que Bourdieu tem acompreenso de que a sociedade dividida em classes, isto , emdominantes e dominados.

    Considerando essa situao, Bourdieu trabalha com a noo deviolncia simblica, que implica formas de dominao legitimadas pelamaioria da sociedade. Conforme Corcuff (2001), o princpio da violnciasimblica se d pelo reconhecimento e desconhecimento, ao mesmo tempo,de algo que s mantm a maioria subordinada a uma determinada forma dedominao.

    So comuns, em uma sociedade capitalista altamente desigual eexcludente, situaes de trabalho escravo, como acontece ainda emdeterminadas regies do Brasil e, por incrvel que possa parecer, quandoalguns trabalhadores so procurados para falar sobre o caso, geralmente, noenxergam a explorao qual esto submetidos.

    O cotidiano das escolasAo estudar os currculos escolares na sociedade capitalista,

    juntamente com Passeron, Bourdieu demonstra como a violncia simblicase faz presente no universo escolar. A partir da premissa de que a escola

    produz e reproduz as desigualdades sociais, todo o sistema curricular nocapitalismo formado para atender a ideologia dominante. Poucos so osque no acompanham as necessidades do capitalismo, pois o capital cultural,econmico e poltico fala mais alto.

    Se a maioria dos alunos no se inclui nas novas necessidades domercado, logo excluda do processo. Os poucos que detm o saber ficamnos melhores cargos, sem contar com os apadrinhamentos e o sistema decorrupo.

    A educao uma ao pedaggica violenta e arbitrria por parte dacultura dominante sobre grupos dominados.

    Outro conceito evidenciado por Bourdieu e Passeron o de capital

    cultural, que consiste na competncia cultural e lingstica socialmenteherdada que facilita o desempenho na escola. O ambiente tem de estarpropcio para desenvolver o capital cultural. O termo capital usadooriginalmente com o significado de bens econmicos produzidos,distribudos desigualmente e consumidos pelos indivduos. O capital culturaldiz respeito aos bens culturais distribudos desigualmente entre os grupos eclasses sociais. Nesse caso, Bourdieu e Passeron enfatizam a ocorrnciadessa desigualdade de tal modo que as possibilidades de sucesso na escolaso tambm desiguais.

    O desempenho escolar est ligado s origens culturais, seus efeitosvariam conforme o nvel de escolaridade. O resultado final, no entanto, quea escolaridad