blog da editora e livraria sêfer - e-book...de so ne ti e u ac ão ch ac i c r u ç c e u o p ã v...

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emot terr o po lu ção oe di o i d n o ao io n isér a m to ass lt v lê cia m i sn d e oh n de o esti ad furacã c aci a u p a l c ção va an he t f o utriç e ão enchent e o ai t g r ão terr m to ass s na o ue ra po ão doe ç ê ndio luiç n a o ao io n a i é ia rem to ass lt v lê ci msr m sn d e oh n e de o esti ad furacã c aci a vlnh a aa c e tufão ição un chent esnutr ts ami en e v t em t a ai to g ra ul o err o o ss s na ue r nd o poluição o n i d ença e o a io n isér a mar m to ass lto v lê cia m i f m sn d e u a ha o e de o esti ad f r cãoc cina o ru a l c u c r pção va an he t fão s i ão un nchen de nutr ç ts ami e te v c emot ai t g r ul ão terr o ass s na o ue ra n po u ção oe ç incê dio l i d n a a o m sér a ass lto vi lência i i fm sn d e oh n o e de o esti ad furacã c aci a orrup a l c c ção va an he t f o es u enchen d nutrição ts nami te v c e o ai t g r ul ão terr m to ass s na o ue ra êndio poluição inc doença e o a sa o m sér a mar m to s lto vi lência i i s ne t e fur de o s idad acão c a r ç al ch cha in co rup ão av an e tufão ição un chent desnutr ts ami en e v t em t ai to g ra ul o err o o ass s na ue r nd poluição o incê io d ença a sal o c msra s to vi lên ia iéi fm sn d e u ha o e de o esti ad f racão c cina o rup o a l c c r çã va an he t f o s i ão un enchen de nutr ç ts ami te v c emot ai t g r ul ão terr o ass s na o ue ra n po u ão oe ç incê dio l d n a e o ao io n isé a mar m to ass lt v lê cia m ri fm sn d e oh n o e de o esti ad furacã c aci a o u ã al nc c rr o av a he t f o ição un m hente desnutr ts a i enc v e o at ul o t rremot assasin o êndio poluição inc doença e o a sa o misér a mar m to s lto vi lência i fm n d ua a a o e deso esti ade f r cão ch cin o ru ão l c c r ava an he t f o ição un chent desnutr ts ami en e u i ts nam up ão orr ç r t ma emo o fome r t ma emo o rr gue a o f me d corr ã upç o n i ts nam en des utr ção u i chente l r m as i vu cão te re oto sas nato in ndi olu o n o p içã doe ça r to al i ér ma emo ass to ms ia o s dad f na f me desone ti e uracão chaci c rru a aa c e o pção v l n h tu o snut o nc nt de riçã e he e l t r ot as i er a vu cão er em o sas nato gu r in io lu cênd po ição a t al vi cia s m remo o ass to olên mi éria s dad f r na fome desone ti e u acão chaci c rru ç o c e u o o p ã avalan h t s r ã de nut iç o tsunami ul t r ot as i er a v cão er em o sas nato gu r i ndi po ã e ncê o luiç o do nça r ot al i cia s ma em o ass to v olên mi éria e es ida fr a fom deson t de u acão chacin c rru ç o aa c e u o p ã av l n h t fão n ição ts am ench des utr un i ente ul t r ot as o er a v cão er em o sasinat gu r u ã pol o to alt io a s i maremo ass o v lênci mi ér a de e d e ra son sti ad fu cão ch a or tu acin c rupção fão n ição ts nam en des utr u i chente lc m g r vu ão terre oto uer a p ção oen olui d ça to alt io a i maremo ass o v lênci misér a fu ac fome r ão ch co av he acina rrupção alanc n içã ts nam en des utr o u i chente ul t to as i er a v cão erremo sas nato gu r i ndi olu ão en ncê o p do ça r to ên i ér ma emo viol cia m s ia o dad f a f me desonesti e uracão chacin rru ç o v a e u o co p ã a al nch t n i ts nam en des utr ção u i chente l t ot as i er a vu cão errem o sas nato gu r in io en cênd do ça to al vi ia s i maremo ass to olênc mi ér a o s dad f na f me desone ti e uracão chaci c rr ç o v c e u o o up ã a alan h t s ut i o nc nt de n r çã e he e r o as i a ter em to sas nato guerr ala av guerra vi ci olên a a i tsun m d ça oen ec e n hent i oe a ncêndio d o f me a an val che as a sasin to i d ncên io d ns d eso e ti ade fo tu ã ao ass lt ol o p uiçã ua i ts n m vulcão Benjamin Blech Se Deus é bom, por que o mundo é tão ruim? e a ça ria ã o fão ent e erra u en ça iséria hacin a ufão t chen te guerr o a do ença a isé ia m r o ch cin a a ufão e t enchente at o doença n a miséria ci a ão cha ina c c ch e ufão t i enchent m e g err u a corona coronavírus coronavírus coronavírus coronavírus E-book Vol. 1

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Page 1: Blog da Editora e Livraria Sêfer - E-book...de so ne ti e u ac ão ch ac i c r u ç c e u o p ã v l h t ã e s u t r ç ã s n m ul t ot as i er a v cã o er em o sa s na to gu i

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o ço o i ên a

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BenjaminBlech

tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente

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E-bookVol. 1

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Conteúdo extraído do livro:

Se Deus é bom, por que o mundo é tão ruim?

Rabino Benjamin Blech Editora e Livraria Sêfer

2006

Este livro é dedicado a todos aqueles que me inspiraram e me ensinaram, por meio dos seus exemplos, que o sofrimento pode nos aproximar de Deus, da bondade, da compaixão e de uma maior compreensão de nós mesmos e de nossas vidas.

B.B.

Copyright © 2003 by Benjamin Blech

Direitos reservados àEDITORA E LIVRARIA SÊFER LTDA.

Alameda Barros, 735 CEP 01232-001 São Paulo SP BrasilTel. 3826-1366 [email protected] www.sefer.com.br

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IntroDução

A jovem mulher com o rosto transtornado estava no fim da fila daqueles

que aguardavam para conversar comigo. Parecia que ela queria ser a última. Com

toda a certeza, quando chegasse a sua vez, a sala estaria praticamente vazia.

“Rabino”, ela começou com um suspiro, “eu preciso falar com você.” Todo

o modo de ela se comportar denotava dor, e eu a convidei para se sentar; então

ela descarregou sua história.

Após muitas tentativas para engravidar e depois de muitos fracassos,

ela finalmente dera à luz uma menina. Seus olhos se encheram de lágrimas

enquanto ela descrevia a sua alegria e a dor subsequente ao se dar conta

de que a criança tinha vários defeitos congênitos. Ela veio me falar sobre as

desesperadas tentativas para salvar a vida da criança, que no final das contas

fracassaram. Seu bebê morreu.

“Na ocasião, alguém me deu este livro.” Ela exibiu um exemplar de

Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas (Editora Nobel), o best-seller de

Harold S. Kushner. “Ele me trouxe muito conforto. Ele me deu a certeza de que

o que aconteceu não foi por minha culpa – que Deus não castigou a mim ou

ao meu bebê.”

Ela fez uma pausa. “Mas agora isso me dá pesadelos.”

Enquanto ela respirava profundamente, antecipei o que estava por vir. Eu

já tinha ouvido isso antes.

“Hoje eu tenho dois filhos saudáveis. Estamos muito contentes. Mas

agora, a cada instante, eu fico esperando que algo terrível aconteça. Se Deus

não dirige o mundo como este livro diz...”, a voz dela embargou e ela sentiu

dificuldade em se recompor. “Rabino, eu não sei no que acreditar. Por favor, me

ajude a entender o sentido de tudo isso!”

Quantas vezes haviam me feito exatamente aquele mesmo pedido! Em

minhas quase 4 décadas como rabino, com certeza nenhum outro problema foi

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levado a mim com tanta frequência quanto este: Por que sofremos? Por que

morremos? Por que o meu filho? Por que a minha mãe? Por que eu?

Desde o aparecimento do agora mundialmente famoso livro Quando

Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas’ um incontável número de pessoas me

pediu para explicar: Deus dirige o mundo ou não? Coisas ruins acontecem

fortuitamente, como sustenta Kushner, ou há um plano e um desígnio para os

eventos de nossas vidas?

Kushner, um rabino do Movimento Conservador, escrevera o livro como

resultado da morte trágica do seu jovem filho. Nele, tentou compreender o

sentido da terrível doença do pequeno menino e do seu próprio sofrimento. Em

sua autorreflexão, ele concluiu que havia sido uma pessoa boa, e nem ele nem

seu filho haviam merecido aquela dor. Isto fez com que ele se confrontasse com

um dilema terrível – se Deus desejara que isto acontecesse, Deus poderia ser

bom? Kushner decidiu que Deus tinha que ser bom. Portanto, argumentou, uma

coisa assim tão terrível só poderia ter acontecido a uma pessoa boa se o bom

Deus tivesse sido impotente para evitá-la. Coisas ruins acontecem às pessoas boas

porque Deus não está no controle do mundo.

Em sua conclusão, Kushner se afastou de uns 3.000 anos de ensinamentos

judaicos. Além disso, ele deixou claro que intitulou intencionalmente o seu livro

de Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas e não de Por Que Coisas Ruins

Acontecem às Pessoas Boas? Ele tem afirmado frequentemente – em seu livro e

em suas conferências públicas – que somente está interessado no resultado:

Quando acontece, o que você faz? Como você se recupera disto? O porquê é

irrelevante e impossível de responder.

Sem dúvida, muitas pessoas encontraram consolo no livro de Kushner.

Todavia, ao longo dos anos desde a sua publicação – ele ainda é impresso e

largamente lido –, eu conheci um sem-número de indivíduos para quem esta

abordagem está longe de ser satisfatória. Inicialmente, a sua ideia – de que

Deus não dirige o mundo e que as coisas ruins não fazem parte do Seu plano –

pode parecer atraente. Afinal de contas, isto nos permite acreditar que nós não

somos responsáveis por aquilo que nos acontece; não carregamos qualquer

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fardo de culpa. Nós certamente não podemos nos culpar por nosso sofrimento,

se até mesmo Deus é incapaz de tornar nossas vidas um pouco melhor.

Mas, no fim, o sentimento de que o mundo está girando descontrolado

nos deixa mais amedrontados do que antes. Nada importa. Não há um plano. O

afortunado vence; o azarado perece. Trata-se de uma visão obscura e anárquica

na qual a maioria das pessoas reconhece intuitivamente que não podem aceitar.

Suas almas lhes falam que isso simplesmente não é verdade.

Não importa o quão cruel a vida possa parecer, as pessoas ainda sabem

de alguma maneira que Deus tem poder ilimitado – caso contrário Ele não

seria Deus. Ele está no controle do mundo. “Então, por quê?” – as pessoas se

questionam legitimamente. Por que o mundo parece tão terrível? Se Deus é

bom, por que a vida é tão ruim?

Felizmente, os antigos ensinamentos judaicos oferecem respostas. Afinal

de contas, parece razoável que o povo mais perseguido do mundo deva ter os

maiores especialistas em lidar com o problema do sofrimento. Os judeus têm

sido afligidos, brutalizados, torturados e insultados ao longo dos tempos. Eles

têm motivos para fazer esta pergunta mais do que qualquer outro povo. E foi

o próprio Deus que ouviu o seu clamor e lhes deu a resposta por meio dos

ensinamentos da Torá, bem como pelos escritos dos profetas e sábios.

Não, as respostas não são simples. Nada tão desconcertante assim pode

ser solucionado com uma explicação superficial. De fato, há muitas respostas,

não apenas uma, e muitas podem se aplicar a diferentes situações. As variáveis

são infinitas; a combinação de possibilidades é quase ilimitada.

Todavia, eu acredito que o que você vai ler fará sentido para qualquer

coração receptivo. Este livro emergiu de uma série de conferências que foram

excepcionalmente bem recebidas. Em uma delas, um homem resumiu seus

sentimentos ao dizer: “O que você fez por mim foi mais do que me fazer

entender minhas dificuldades com maior clareza; você também me deu um

remédio poderoso para minha alma.”

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Com toda honestidade, falar deste assunto não foi fácil. Certamente

posso dizer que este foi o mais difícil de todos os temas com o qual eu já lidei

em minhas conferências. Então, quando me sentei para escrever sobre isto,

tive que fazer uma extensa reflexão de alma antes de enfrentar a tarefa. Eu

percebo que, felizmente, fui poupado de maiores tragédias durante a minha

vida. Embora eu tenha tido que lidar com as mortes do meu pai e da minha

mãe, ambos faleceram com idades relativamente avançadas. O resto da minha

família, minha esposa e filhos, são felizes e saudáveis. Algumas pessoas

poderiam dizer: “Você não vivenciou sofrimento de fato. Você realmente não

sabe o que é isso.”

Há um pouco de verdade nisso. Entretanto, não tive a intenção de fazer

deste um livro de autoajuda escrito por um sobrevivente, para aqueles que

sofrem devido à perda de um ente querido ou que estejam enfrentando alguma

doença grave. Em vez disso, escrevi este livro como uma compilação da sabedoria

judaica sobre este assunto. Ao absorver as perspicácias dos grandes sábios do

nosso passado – entre eles incontáveis vítimas de sofrimento incomparável, que

foram, não obstante, capazes de sobrepujar suas provações ao mesmo tempo

que mantiveram sua fé –, eu sinto uma necessidade enorme de transmitir o

que eles têm para nos ensinar. O entendimento deles pode transformar nossas

vidas. Suas observações podem tornar nossa dor suportável. Porque a coisa

mais difícil de aceitar quando somos colocados para baixo por uma tragédia

é que a vida, quando tudo foi dito e feito, não faz sentido. E o que os sábios

de tempos antigos alcançaram com seu brilhantismo foi restabelecer nossa

capacidade de acreditar em um mundo racional, mesmo quando este parece

dolorosamente irracional.

O que eu vou compartilhar com vocês são os frutos de milhares de anos

de debate, reflexão e conflito espiritual.

Dito isto, deixem-me esclarecer as fontes que usei.

Basicamente, o material que eu examino aqui vem do Talmud. O Talmud

é uma grande obra de mais de 60 volumes que expõe o comentário judaico a

respeito do texto principal, a Torá (os Cinco Livros de Moisés), que se acredita

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ser a palavra de Deus. Além disso, o Talmud apresenta as lições do Midrash,

uma forma de ensinar profundas lições por meio de histórias, ilustrações e

parábolas.

É muito fácil contar uma história; é uma maneira divertida e atraente

de ensinar. Os estudantes de então podiam compreender verdades de difícil

entendimento por meio da moral das histórias que ouviam. Mais tarde, depois

que a arte de contar histórias caiu em desuso, filósofos judeus – tais como

o famoso Maimônides – passaram a falar em condições mais abstratas. Qual

modo de ensinar está mais correto? – Aquele que transmitir melhor a essência

para o estudante, e cada estudante é diferente. Neste livro faremos uso de

ambos, porque cada um tem seu lugar.

Finalmente, gostaria de destacar que, embora o tema da morte e do

sofrimento possam parecer depressivos, ao longo dos séculos os judeus – por

mais estranho que isso possa parecer – têm considerado isto algo louvável

e inspirador. O judaísmo é uma religião cuja principal oração de luto é um

poema – não de lamento ou de tristeza, mas de louvor a Deus. Os judeus

enlutados recitam uma oração conhecida como Cadish depois da morte de um

ente querido. Ela começa assim: “Que o Seu grande Nome seja exaltado e

santificado no mundo que Ele criou conforme Sua vontade.”

Ao ouvir essa oração em um funeral, um participante não-judeu certa

vez me fez uma relevante observação: “Se os judeus podem louvar a Deus até

mesmo na presença da morte, eles devem saber algo que o resto do mundo

não sabe.”

É verdade. O judaísmo antigo nos ensina como reconhecer o grande

nome de Deus e o Seu amor por nós até mesmo nos momentos mais terríveis.

Este afirma que há respostas ricas e inspiradoras à derradeira questão: Se Deus

é bom, por que a vida é tão ruim?

Junte-se a mim ao iniciarmos a mais importante jornada espiritual que

existe – a busca pela serenidade em face da adversidade. E saiba que na

sabedoria acumulada ao longo das épocas há uma solução, testada pelo tempo,

para transformar desespero em esperança e pesar em fé em um mundo melhor.

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PARTE 1

POR QUE COISAS RUINS ACONTECEM ÀS PESSOAS BOAS?

CAPÍtuLo 1o DILEMA DE JÓ

“Na terra de Uts viveu um homem chamado Jó ...” 1

Assim começa um dos mais famosos relatos bíblicos, a história de um

homem bom e piedoso que, até mesmo quando acometido pela calamidade e

pela tragédia, jamais hesita na sua submissão a Deus.

Quando começa a narrativa, Satã duvida da fé de Jó e diz a Deus que

a devoção deste se deve unicamente às suas bênçãos: Jó é saudável, rico e

feliz, mas se sua fortuna fosse revertida, Satã sugere astutamente, sua fé não

resistiria ao teste. Em resposta, Deus permite que Satã teste Jó, e ele o faz da

forma mais cruel. Jó fica sem dinheiro. Seus filhos morrem. Ele é acometido por

uma doença terrivelmente dolorosa. E ainda assim se recusa a amaldiçoar Deus.

Em vez disso, ele declara: “O Eterno deu e o Eterno tomou. Seja abençoado o

Nome do Eterno.”2

Os amigos advertem Jó para se arrepender dos seus pecados, insistindo

que suas tragédias devem ser um castigo Divino pelos erros por ele cometidos.

Por que outro motivo, eles declaram, poderia ele estar sofrendo deste modo?

“Quem teria perecido sendo inocente?” – eles lhe perguntam. “Ou quando foi

o justo abatido?”3 – mas Jó sabe que nada fez de errado e recusa-se a se

arrepender. Ele suplica a Deus para explicar por que este mal o acometeu.

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No fim, Deus recompensa Jó por sua firmeza e restaura sua riqueza em

dobro, sua família e sua saúde. Os amigos de Jó são castigados por terem

aumentado a sua aflição, e a história tem um final feliz com Jó vivendo em

contentamento até os 140 anos.

Mas Jó nunca obtém uma resposta. A única explicação de Deus para o

seu sofrimento foi lhe dirigir uma série de perguntas: “Onde estavas quando

construí as fundações da terra?... Quem pode, com sabedoria, contar as nuvens

do céu, e quem pode fazer verter as botijas do céu?... Queres caçar a presa

para a leoa ou satisfazer o apetite de seus filhotes?... É por tua sabedoria que

se eleva o falcão e abre suas asas, voando para o sul?”4 Em outras palavras,

Deus parece estar dizendo a Jó: “Eu dirijo este mundo vasto e complexo, e você

possivelmente não consegue entender as inúmeras razões pelas quais Eu faço

o que faço.”

E nós ainda continuamos tentando. E é inevitável que surja o nome de

Jó quando lutamos para entender por que Deus permite o mal no mundo, ao

perguntarmos a antiga questão: Por que coisas ruins acontecem às pessoas boas?

Surpreendentemente, esse relato pode muito bem ser uma ficção. Jó

nunca existiu, de acordo com muitos dos Sábios do Talmud.5 Então, por que ele

está na Bíblia?

Embora Jó seja talvez o único herói imaginário entre as personalidades

bíblicas, ele é ao mesmo tempo o mais universal de todos eles. Ele é o pai que,

inexplicavelmente, perde seu trabalho e não tem meios de manter sua família.

Ele é a mãe que acabou de saber que seu filho tem câncer terminal. Ele é o

sobrevivente do Holocausto que ainda acorda gritando no meio da noite. Ele

sou eu, ele é você.

É por isso que o livro de Jó não é de fato a história de uma figura trágica

do passado. O livro de Jó trata de homens e mulheres do século 21 que tentam

compreender as circunstâncias injustas de suas vidas ao mesmo tempo que

lutam para se segurar em suas convicções. Acima de tudo, o livro de Jó lida com

um dilema que, cedo ou tarde, cada um de nós tem que resolver em nossas

vidas. Este dilema é a aparente contradição entre três suposições básicas:

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* Deus é justo. Ele julga a todos nós com correção e imparcialidade. Ele

recompensa os bons e pune os maus.

* Deus é Todo-Poderoso. Ele pode fazer qualquer coisa. Nada ocorre no

mundo que não seja pela Sua vontade. De fato, tudo o que acontece faz parte

do Seu plano.

* Jó é um homem bom.

Agora, visto que tudo vai bem para Jó – ele é saudável e rico –, podemos

acreditar simultaneamente nessas três afirmações sem dificuldade. Mas quando

o sofrimento de Jó começa, quando ele perde suas posses, sua família e sua

saúde, passamos a ter um problema: não podemos mais compreender o sentido

das três proposições simultaneamente; agora podemos afirmar quaisquer duas

delas somente se negarmos a terceira.

Se Deus é, ao mesmo tempo, justo e Todo-Poderoso, então a terceira

declaração deve estar errada – Jó não é um homem bom; ele é um pecador

e merece o que está lhe acontecendo. Mas se Jó é bom e, apesar disso, Deus

provoca o seu sofrimento, então Deus não pode ser justo. Ou se Jó é bom e

Deus não é responsável pelo seu sofrimento, então Deus não pode ser Todo-

Poderoso.

A ideia de que as três suposições sejam verdadeiras parece ser impossível.

Então qual delas está errada? Qual das três teremos que sacrificar no altar da

realidade? Eis a questão.

DEuS É JuSto?Para muitos, a conclusão mais lógica é que Deus não é justo. Ele é caprichoso,

talvez até mesmo mau. De fato, esta era a visão de mundo que prevalecia nos

tempos antigos, quando os povos adoravam deuses como Chacmool, o deus maia

da fertilidade, ou o deus Nergal, da Mesopotâmia, precursor do nosso Satã. Para

esses deuses eram sacrificados escravos, virgens e, até mesmo, seus filhos –

tudo o que fosse necessário para apaziguar os deuses.

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Para alguns, questionar a justiça de Deus assume uma forma um pouco

diferente: embora Deus seja bom, Ele deve ter um oponente que não o é, e

que muitas vezes prevalece. Esta visão conduz inevitavelmente ao dualismo, à

convicção de que há dois deuses – um deus da bondade e outro do mal.

Esta é uma das mais antigas maneiras de entender o Divino e encontrar

uma resposta racional à dificuldade teológica do mal. O zoroastrismo – a religião

predominante em boa parte do Oriente Médio desde a época do Império Persa

até o advento do Islã – aceitava esta visão. Nós ainda vemos vestígios disto

naquelas formas de cristianismo que designam poderes sobrenaturais e quase

Divinos a Satã, o inimigo de Deus. (Em contrapartida, o judaísmo vê Satã como

um servo de Deus cuja função é criar escolhas entre o bem e o mal, de modo

que possamos exercitar o nosso livre-arbítrio.)

o VErDADEIro SIGnIFICADo Do MonotEÍSMo

Abrahão, o primeiro monoteísta, ensinou-nos que há um só Deus. Ao

final da sua história em Gênesis, a Bíblia nos diz: “E Abrahão era velho, entrado

em dias, e o Eterno o abençoara em tudo.”6

Será mesmo que Deus o abençoara em todas as coisas? Ele não o colocara

em meio a dez testes difíceis, dos quais o mais desafiador fora o pedido para

sacrificar o seu próprio filho? Será que Abrahão não teve que vagar por todo

o Crescente Fértil, suportar a fome e defender os membros da sua família de

agressores? Ele não acabara de enterrar sua amada esposa Sara, justamente

nos versículos que precedem esta declaração de que fora abençoado “em tudo”?

Mas Abrahão fora abençoado em todas as coisas porque ele entendeu

que um Deus bom só faria coisas para o seu benefício. Ele viu todo teste,

toda dificuldade, como uma oportunidade para seu autodesenvolvimento –

um veículo para a construção do caráter, para o fortalecimento da fé, para se

aproximar de Deus. E foi por isso que ele considerou tudo o que lhe aconteceu

como uma bênção.

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Da época de Abrahão em diante, os descendentes e seguidores do

grande patriarca proclamaram a unicidade de Deus. A oração fundamental do

judaísmo declara: Shemá Israel, Adonai Elohênu, Adonai Echad – “Escuta Israel! O

Eterno é nosso Deus, o Eterno é um só!” Um judeu praticante deve repetir essa

oração duas vezes por dia, em todos os dias da sua vida. E estas são as últimas

palavras que ele deve pronunciar, se for possível, no seu leito de morte.

A pergunta é óbvia: Não será este um modo estranho de expressar a

unicidade de Deus? Se Deus é um só, por que Ele tem dois nomes? Por que

ele é chamado de “Eterno” e de “Deus” – Adonai e Elohênu (a forma possessiva

de Elohim)?

Nesta expressão mais básica do monoteísmo é colocada e respondida a

própria luta do homem para entender a aparente contradição entre o bem e o

mal. Deus é um só, mas Ele tem dois atributos diferentes. Da mesma maneira

que eu sou uma só pessoa, embora seja conhecido em momentos diferentes

como rabino Benjamin ou papai, dependendo do papel que eu esteja exercendo

– do mesmo modo, Deus é alternadamente conhecido como Adonai e Elohim,

dependendo da Sua função e da natureza do Seu relacionamento naquele

momento em particular.

Há momentos em que Ele se apresenta para nós como um pai amoroso

e nos transmite bondade e misericórdia; o nome Dele é então Adonai, que

carrega em si o Seu atributo de bondade. Em hebraico, costumamos dizer:

Baruch Hashem! – “Graças ao Nome (do Eterno)”, porque este é o nome que dá

ênfase à Sua misericórdia.

Mas há outros momentos em que Ele Se apresenta para nós como um rígido

juiz, determinando a sentença de acordo com a Sua lei e nos punindo por nossas

infrações. Então o Seu nome é Elohim, disciplinador rígido e legislador implacável

do universo. É por isso que, com toda razão, quando estamos angustiados e

fazemos nossas preces, nós as endereçamos a Adonai, e não a Elohim.

No entanto, embora nós O descrevamos por Seus dois atributos, sabemos

que, na verdade, ambos são aspectos de um mesmo Criador amoroso. Aquele

que aparece como um rígido disciplinador está agindo somente com a motivação

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de um pai amável e atencioso. Em outras palavras (parafraseando): “Escuta

Israel: Adonai e Elohênu é, de fato, Adonai Echad, um único Deus!”

Portanto, a doutrina mais básica do judaísmo determina que, dentre as

nossas três suposições, não podemos rejeitar a primeira. Deus é justo, ético e

bom. A sua própria essência é Adonai, inclusive quando Ele parece ser Elohim;

a aspereza aparente é apenas uma camuflagem para o amor e a preocupação

de Deus.

DEuS É toDo-PoDEroSo?Sigamos, então, para a segunda suposição; talvez seja esta que esteja

errada. Talvez Deus não seja Todo-Poderoso. Em Quando Coisas Ruins Acontecem

às Pessoas Boas, Harold Kushner assume esta posição. Ele discute que preferiria

“diminuir” Deus ao dizer que Ele é impotente para evitar que coisas ruins

aconteçam em vez de pensar mal de Deus por Ele causar sofrimento. Este seria,

então, o menor dos males. Inundações, incêndios e furacões não são “atos de

Deus”, como as companhias de seguros costumam chamá-los, mas eventos

fortuitos. Deus está chorando conosco porque Ele é incapaz de aliviar a nossa

dor. Não há nada que Ele possa fazer! O mundo como Ele criou funciona por

si mesmo. A natureza é fortuita e cega. Bactérias e vírus não fazem qualquer

escolha moral sobre quem eles infectarão. Os cromossomos se transformam ao

acaso, levando ao nascimento de uma criança deformada. Máquinas falham e

aviões caem sem motivo nem razão. Deus foi a “Primeira Causa”; mas, após

a Criação, Ele não opta mais – ou nem mesmo tem capacidade para interferir.

O judaísmo tradicional rejeita vigorosamente essa visão. Às vezes Deus

pode limitar deliberadamente o Seu poder de ação para nos conceder o livre-

arbítrio, mas Ele nunca é fraco ou impotente. O poder de Deus e o envolvimento

pessoal e direto Dele no mundo estão expressos já no primeiro dos Dez

Mandamentos: “Eu sou o Eterno, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da

casa dos escravos” (Êxodo 20:2). Deus não Se identifica como o Criador dos

céus e da terra, que colocou o mundo em movimento e então o deixou para

desenvolver-se aleatoriamente. Deus Se anuncia como o planejador das Dez

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Pragas que destruíram a resolução egípcia de escravizar os israelitas. A fim de

libertar o Seu povo, Ele derrotou o mais poderoso império da Terra.

Mas Deus Se comunica ainda mais claramente do que nas palavras

explícitas do Decálogo. Em primeiro lugar, nos 19 capítulos que precedem os

Dez Mandamentos, a Bíblia relaciona com riqueza de detalhes o sofrimento dos

israelitas no Egito e a sua milagrosa salvação. Essa lembrança adicional de que

Deus foi o redentor deles parece desnecessária. Além disso, parece redundante

dizer “da terra do Egito” e, em seguida, “da casa dos escravos”, como se

precisássemos de maior esclarecimento. Os Dez Mandamentos são considerados

o resumo mais conciso do judaísmo; então por que “terra” e “casa”?

Por meio dessa dupla expressão, o primeiro dos Dez Mandamentos nos

ensina, na realidade, uma ideia absolutamente importante sobre o modo pelo

qual Deus está envolvido no mundo. Há aqueles que poderiam estar dispostos

a admitir que Deus tem um papel na história, mas consideram impossível

acreditar que a Sua preocupação se estende além das nações, a fim de incluir

cada indivíduo. Na opinião deles, Deus está disposto a se ocupar das “grandes

tarefas”, como o destino de um povo inteiro, mas certamente não com o que

acontece a cada família em particular. Teologicamente, eles não têm problema

em aceitar Deus como Aquele que levaria todos os judeus para fora da “terra

do Egito”; o que eles têm dificuldade em acreditar é que Deus estivesse tão

envolvido em detalhes a ponto de se preocupar também com cada “casa dos

escravos”. Terra, sim; mas casa, não. O Êxodo demonstrou que Deus não

apenas salvou o povo judeu, mas também cada judeu e judia. É por isso que,

depois de deixarem o Egito juntos, como uma nação, os judeus receberam a

ordem para marcar os batentes das portas de suas casas. Foi dito a eles para

sacrificar um cordeiro – um deus egípcio – a fim de provar a rejeição deles pela

idolatria. Eles tiveram que levar o sangue daquele cordeiro e espalhá-lo nos

batentes das suas portas a fim de reconhecer publicamente o seu compromisso

e a sua confiança em Deus. Se eles fizessem isso, Deus prometera que cuidaria

de cada moradia e faria com que o anjo da morte “passasse por cima” das casas

daqueles que escolhessem se identificar com Ele.

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Sim, Deus conhecia cada endereço, cada residente. Naquela imensa

demonstração do Seu poder para mudar a história, Ele também demonstrou a

forma mais íntima de Sua preocupação. Deus não apenas interveio para salvar

um povo, mas para salvar 600.000 indivíduos – todos, e cada um deles, um

precioso microcosmo do mundo inteiro e um filho amado do Seu Criador.

Para comemorar esse fato incrível, até hoje em dia os judeus celebram

a festa de Pêssach (a Páscoa judaica). Em um jantar denominado de Sêder

(“Ordem”), a história da libertação dos israelitas é lida e revivida. O que os pais

tentam ensinar aos seus filhos é que, para todo evento da vida, seja grande ou

pequeno, há uma razão, porque o “princípio da ordem Divina” governa tudo o

que acontece.

Portanto, nós também não podemos rejeitar a segunda das três

suposições: Deus é Todo-Poderoso. Ele é o autor da história – e a Sua máxima

Divina não é “que cada um cuide dos seus problemas”.

JÓ É BoM?Como você pode ver, resta apenas uma suposição para explicar o enigma

da aflição de Jó: afinal de contas, ele devia ser uma pessoa ruim. Você deve se

lembrar que os amigos de Jó também chegaram a essa mesma conclusão. É o

mesmo tipo de lógica que, notadamente, encontrou eco depois do Holocausto

por aqueles que assinam embaixo do que eu denomino “revisionismo teológico

do Holocausto”. Francamente, essa é uma abordagem considerada, por mim,

até mais perigosa e desprezível do que a visão que afirma que o Holocausto não

aconteceu. Esta última é facilmente refutável; a primeira condena aqueles que

não tiveram qualquer oportunidade para responder por si mesmos.

Afirmar que as vítimas mereceram o seu destino me deixa constrangido.

Aquelas 6 milhões de pessoas não só foram torturadas e assassinadas, e não

só tiveram tudo o que lhes era precioso destruído e profanado como, agora,

após suas mortes, suas memórias são profanadas por aqueles que dizem:

“Eles devem ter merecido isto.” É possível que 6 milhões de homens, mulheres

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e crianças tenham merecido um destino assim? Eles eram assim tão ruins?

Inclusive as crianças?

uMA EXPLICAção ALtErnAtIVA Será possível que todas as três suposições estejam corretas, e que exista

um outro modo de resolver o dilema que Jó nos apresenta?

A resposta é... sim.

CAPÍtuLo 2rEPrEEnSão E CuLPA

A fim de encontrarmos a solução para o dilema de Jó, devemos nos voltar

para a antiga sabedoria do Talmud.

Ao colocarmos a questão “se uma pessoa sofre, isso significa que ela

merece sofrer?”, nós obtemos imediatamente duas respostas aparentemente

contraditórias.

No Tratado Baba-Metsia,7 ao fazer uma exposição a respeito do dano

que pode ser infligido com palavras, o Talmud explica o que a Bíblia quer dizer

quando condena o pecado de “oprimir um estrangeiro”, e oferece este exemplo:

“Se alguém é visitado pelo sofrimento, afligido por uma doença ou enterrou

seus filhos, não se deve falar com ele do modo como os companheiros de Jó

falaram com ele: ‘... Lembra, eu te peço. Quem teria perecido sendo inocente?’”

O Talmud condena claramente os amigos de Jó que lhe disseram que

ele devia ter cometido algum crime para merecer seu sofrimento. Os rabinos

classificaram o comportamento deles na categoria daqueles que oprimem os

outros com palavras.

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Mas, no Tratado Berachot,8 o Talmud ensina: “Se alguém vê que um

sofrimento doloroso o acomete, deve examinar a sua conduta, pois está dito:

‘Porque Eu te dou uma boa instrução; não abandones Meu ensinamento’.” Em

outras palavras, Deus nos dá “ensinamentos” na vida cuja mensagem devemos

interpretar. Nosso sofrimento pode bem ser uma consequência das nossas

transgressões.

Portanto, o que devemos fazer com essas duas passagens talmúdicas

aparentemente contraditórias? Será que o sofrimento é uma consequência

merecida da transgressão, ou as duas coisas não têm qualquer conexão entre si?

Na primeira fonte somos advertidos a não chegar à mesma conclusão dos

amigos de Jó, de que alguém que sofre está sendo punido por algo que fez de

errado. Por outro lado, na segunda passagem é dito a nós que, se um indivíduo

é visitado por uma tragédia, ele mesmo deve tentar entender o que fez de

errado. Como podemos reconciliar essas declarações diametralmente opostas?

Na verdade, não há aqui uma contradição de fato. Em ambos os exemplos,

o sofrimento pode ou não ser em consequência das ações da pessoa. Mas há

uma diferença básica entre usar a tragédia para encontrar o erro dos outros e

fazer com que a tragédia nos ilumine com respeito às nossas próprias falhas.

O Talmud diz claramente que nenhum indivíduo pode julgar qualquer

outro e deduzir, diante da mera presença do sofrimento, que isto é o castigo de

Deus pela transgressão; isso pode ou não ser verdade. Alguém pode sofrer e,

ainda assim, ser uma boa pessoa. Até mesmo um indivíduo piedoso conhece

a dor, e até o devoto sofre uma enfermidade. Há toda uma série de razões

que poderiam explicar isto, como iremos descobrir, e nenhuma delas reflete a

respeito da virtude da pessoa que está sofrendo. Não devemos ousar condenar

e difamar um ser humano decente.

Mas se você é aquele indivíduo que está sofrendo, você tem a obrigação

de se perguntar: O que eu posso ter feito para merecer isto? O que eu poderia

ter feito para evitar isto? É possível que o meu sofrimento seja um castigo de

Deus? Ou é possível que o meu sofrimento seja talvez uma mensagem, um

alerta diante do qual eu tenha que reagir?

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Dito de maneira simples, o Talmud nos ensina a reagir ao sofrimento

de duas maneiras diferentes, dependendo se estamos olhando para os outros

ou para nós mesmos. A resposta adequada para o sofrimento dos outros é

a compaixão; somos proibidos de condenar. A reação correta para o nosso

próprio sofrimento é a introspecção; talvez Deus esteja simplesmente usando

um método doloroso para nos transmitir uma importante verdade.

E como podemos saber se o nosso próprio sofrimento é um castigo

Divino ou uma advertência Divina? Quando Deus intervier, quando Ele estiver

lhe enviando uma mensagem, você saberá. Como? Há um modo seguro de

saber – Deus é muito específico e não deixa dúvidas sobre o Seu significado se

você simplesmente pensar um pouco.

ALto E CLAroDarei alguns exemplos muito simples de mensagens inconfundíveis de

Deus que envolvem pessoas que conheço.

Uma jovem mulher queria estudar em Israel, mas o custo da viagem –

1.450 dólares – estava além das possibilidades dos seus pais. O pai rezou pela

ajuda de Deus, porque pensava que esta era uma coisa importante para a sua

filha. Então ele teve a ideia de retirar algumas tranqueiras que estavam atrás

de uma loja de sua propriedade e vendê-las. Talvez, ele esperava, isto pudesse

levantar uma parte do dinheiro necessário. Ao final da venda, ele totalizou o

valor que havia obtido – exatamente 1.450 dólares! Era impressionante demais

para ser uma coincidência. Obviamente, Deus aprovou a sua decisão e fez com

que isso pudesse ser percebido.

Na família de um amigo meu, o avô tinha por tradição financiar todos os

bar-mitsvás dos seus netos. Quando o filho do meu amigo estava se preparando

para celebrar a sua entrada no mundo adulto, o avô, é claro, quis cobrir os

custos, como era seu costume. Meu amigo discutiu com ele, mas o avô não

renunciou a isso. Infelizmente, alguns poucos meses antes de o bar-mitsvá se

realizar, o avô morreu. Meu amigo estava com dificuldades para pagar pelo bar-

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mitsvá do seu filho, mas, ao se aproximar a data, comprou um bilhete de loteria

e ganhou. O impressionante é que, quando recebeu a conta do serviço de bufê

no valor total de 2.365 dólares, ele verificou que os seus ganhos com a loteria,

deduzidos os impostos, eram exatamente também de 2.365 dólares. “Afinal de

contas, as orações do avô foram atendidas”, ele disse. “Ele pagou as despesas

do bar-mitsvá!”

Mais uma vez, a correlação era muito exata para ser simplesmente

aleatória. Como você pode ver, há momentos em que Deus deseja que

reconheçamos claramente que Ele está intervindo em nossas vidas. Para isso,

Ele utiliza o que eu chamaria de “a precisão da impossibilidade estatística”.

Aquilo que é muito forçado para ser coincidência não deve ser outra coisa senão

a intervenção Divina. Como diz esta profunda observação, “a coincidência é

simplesmente o modo que Deus escolheu para permanecer anônimo”.

Embora eu estivesse atento a esse conceito, não estava preparado para

o momento em que isso aconteceria de forma tão clara comigo.

Em uma viagem para a Europa Oriental, a fim de visitar os lugares onde

viveram meus antepassados e os campos de concentração onde muitos da minha

família pereceram, eu passei uma manhã de Shabat em uma sinagoga de Varsóvia.

O costume é conceder a algumas pessoas da congregação a grande honra de

subir para ler a Torá e recitar as bênçãos apropriadas. Eu não me identifiquei

como rabino, mas por alguma razão, dentre todos os turistas e residentes locais,

eles me selecionaram como um dos sete que receberiam essa honra.

Também é um costume das pessoas a quem é concedida essa honra

fazer publicamente uma doação para a sinagoga. Assim que concluí minhas

bênçãos e estava bastante emocionado pela percepção do lugar onde eu

estava e de quantos grandes líderes judeus devem ter me precedido nesse

mesmo local, senti a necessidade de fazer uma contribuição muito generosa.

Entretanto, eu hesitei, porque não queria passar a imagem de um rico turista

americano, envergonhando todas as demais pessoas que haviam sido honradas

e cujas contribuições estavam limitadas por suas condições financeiras menos

privilegiadas. Em meio ao meu conflito interno entre esses desejos contraditórios,

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decidi que uma doação de 36 dólares seria o mais correto a fazer – o suficiente

para ser significativa como uma doação e sem ser exorbitante como uma

expressão do meu próprio ego. Pouco tempo depois de anunciada a doação,

ouviu-se um sonoro suspiro dos congregantes. Parecia que 36 dólares eram

uma verdadeira fortuna, se convertidos ao valor corrente dos zlotis poloneses.

O presidente se aproximou rapidamente de mim, perguntou-me onde eu estava

hospedado e, se eu concordasse, um comitê viria ao meu hotel imediatamente

após o final do Shabat para receber a tão generosa doação. É claro que

concordei, e cinco minutos após o término do Shabat, com o aparecimento

de três estrelas no céu, o comitê surgiu no saguão do hotel e me pediu para

efetivar minha doação. Eu lhes dei o dinheiro com alegria e me senti muito

gratificado pelo mérito de ser capaz de realizar uma boa ação, uma mitsvá.

Minha esposa e eu quisemos então saber o que havia para se fazer por

algumas horas de um sábado à noite em Varsóvia. O gerente do hotel nos disse

que havia um cassino nas redondezas e que essa era a única atividade que

estava à nossa disposição.

Inexperiente para jogar, parei logo na primeira máquina caça-níqueis

e, num impulso, depositei uma moeda. O que aconteceu em seguida foi

inacreditável. Luzes piscaram, sinos tocaram, as pessoas ao redor da sala

pararam o que estavam fazendo para ver o que havia acontecido. Levantei-me

surpreso ao ver o tanto de fichas que saía de dentro da máquina. Parece que eu

ganhara o prêmio principal, e tive que ser ágil em encher baldes e baldes com

meus ganhos. Concluí imediatamente que devia ter usado toda a minha cota de

sorte para aquela noite; então fui trocar as fichas por dinheiro.

O caixa colocou todas as fichas na máquina de contar e finalmente

retornou com o total. O valor total da soma que me foi passado pela mulher

do caixa era estarrecedor, e por um momento pensei que eu me tornara quase

um milionário. O que eu tinha esquecido era que o montante que ela contara

estava em moeda corrente polonesa, em zlotis. Ansiosamente, eu lhe perguntei:

“Quanto é isso em dólares americanos?”

Após um rápido cálculo, ela respondeu: “Ah, algo em torno de 36 dólares.”

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Durante anos eu havia rezado para que tudo o que doássemos finalmente

retornasse a nós. Mas, desta vez, Deus fez isso de maneira tão exageradamente

clara que minha contribuição foi recompensada por seu equivalente exato.

Eu tinha ouvido relatos semelhantes de outras pessoas e sempre os tinha

considerado difíceis de acreditar. Agora eu soube em primeira mão que Deus

pode ser encontrado não apenas em sinagogas e templos religiosos, mas até

mesmo em Las Vegas, Atlantic City e num cassino de Varsóvia!

o PrInCÍPIo DA MEDIDA Por MEDIDAVamos supor agora que não se trate de um evento feliz como nos exemplos

anteriores. Há ocasiões em que, em vez da sorte, prevalece o infortúnio, e a

mão de Deus está claramente por trás disto. Quando é que uma mensagem

dolorosa de Deus é uma punição direta por erros cometidos?

O princípio é o mesmo: a correlação será precisa. Você será facilmente

capaz de relacionar o “castigo” com o “crime”; eles estarão claramente unidos

por conteúdo e contexto.

A Torá nos dá vários destes exemplos. Talvez o mais famoso ocorra no

livro do Êxodo. Como você deve se lembrar, os egípcios, em sua perseguição

aos israelitas, afogaram milhares de bebês judeus. Então, quando os israelitas

fugiram e o Mar Vermelho se abriu para lhes conceder uma passagem segura,

foram os perseguidores egípcios que se afogaram. Não há como negar a

conexão. Esta foi uma mensagem específica de Deus de que essa punição e

o crime que a provocou foram, sem dúvida, identificados pelo modo como os

egípcios foram destruídos.

Outro exemplo da Torá vem de uma história de Jacob, o último dos

Patriarcas. A fim de obter a bênção da primogenitura de seu pai Isaac – uma

bênção que ele sentia merecer e que já comprara anteriormente de seu irmão

Esaú –, Jacob enganou seu pai, que estava cego. Algum tempo depois, após

trabalhar para o seu tio Labão durante sete anos para ganhar a mão da sua

amada prima Rachel, ele se tornou vítima de um ato de enganação. Labão

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trocou a noiva à última hora e substituiu Rachel por sua filha mais velha, Lea.

Aquele que enganara outros agora foi enganado. O destino – ou melhor, “o

dedo de Deus” – assegurou a retribuição por um erro, ainda que cometido por

uma pessoa, em outros casos, inocente.

No Talmud, esse princípio é conhecido como “medida por medida”,

significando que, de acordo com a justiça de Deus, a punição sempre

corresponde ao crime cometido.

É este o conceito que se faz presente com muita frequência em nossas

próprias vidas; basta que sejamos sábios o bastante para reconhecê-lo e

escutar sua mensagem. Há pouco tempo, um homem veio até mim com um

olhar constrangido em seu rosto. Duas semanas antes, eu abordara esse rico

homem de negócios para lhe pedir uma contribuição de 460 dólares a fim

de ajudar em uma situação que era literalmente uma emergência de vida ou

morte, mas ele me negou auxílio. Agora ele me confidenciou: “Rabino, quando

eu lhe disse não, eu sabia que estava errado. Um dia depois, alguns inspetores

vieram ao meu local de trabalho – algo que nunca me acontecera antes – e

me cobraram um total de 460 dólares por infrações que, depois, mostraram-se

equivocadamente atribuídas a mim. Imagino que Deus só quis me mostrar que

eu não merecia mais aquele dinheiro. Eu só queria tê-lo entregado a você.”

Portanto, podemos confiar no princípio de “medida por medida” sempre

que este nos for transmitido por meio de um sinal claro. Quando sofremos, isto

pode, ou não, ser consequência de um erro cometido, mas ninguém mais tem

o direito de fazer esse julgamento. Todavia, o próprio sofredor deve fazer uma

reflexão e verificar se há alguma correlação. Será que Deus está lhe enviando

uma mensagem específica, inconfundível? Se o castigo corresponde ao crime, a

dor é um chamado para o arrependimento!

ADVErtÊnCIA: tEnHA CuIDADo! Preciso aqui acrescentar algumas palavras de precaução. Não reaja

exageradamente na sua autoavaliação. A culpa judaica é o tema central de

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muitas piadas, mas não há nada de engraçado quando a culpa irracional

provoca danos irreparáveis. A culpa fora de proporção em relação ao “crime”

não faz parte dos ensinamentos judaicos. No entanto, algumas pessoas – por

terem sido mal instruídas; por terem adquirido, de alguma maneira, uma ideia

confusa de Deus; por acreditarem que Deus, não importa como, fere-os “na

própria carne” – assumem equivocadamente um nível de culpa que é ilógico

e seriamente prejudicial. Ao confundirem suas pequenas falhas com crimes

capitais, elas se condenam a uma tortura autoimposta que vai muito além de

qualquer coisa que fosse decretada por um Deus compassivo.

Uma mulher que conheço, quando estudante universitária, era

sexualmente promíscua, mas não sentia qualquer culpa por isso na época.

Entre seus pares, durante a cultura hippie do “amor livre”, o sexo casual era

um comportamento normal. Após amadurecer, ela deixou aquele estilo de

vida para trás e tornou-se religiosamente comprometida. Quando, em uma

reunião social na sinagoga, ela conheceu o homem dos seus sonhos, não sentiu

necessidade de confessar a ele suas indiscrições da juventude. Após dois anos

de um casamento feliz, seu marido morreu num acidente de automóvel. O seu

pesar não teve limites. Ao procurar uma razão para a tragédia que a atingiu, ela

se convenceu de que Deus “matou” o marido dela a fim de castigá-la por seu

passado ilícito. Por fim, ela sofreu um colapso nervoso.

Obviamente, o modo como ela assumiu a sua culpa foi completamente

irracional. Como isso poderia, por mais que se possa imaginar, ser considerado

“medida por medida”? Infelizmente, reações extremas de culpa como esta são

comuns. Por isso, quero ser muito enfático: pessoas como essa mulher não

podem estar mais erradas! Se a sua perda foi de fato um castigo, esta, com

toda certeza, não correspondeu ao crime. Todavia, as pessoas que pensam

como ela se destroem, destroem suas famílias, seus companheiros e seus filhos

por causa de um nível de culpa que assumem sem qualquer fundamento. Já é

suficientemente ruim sofrer a tragédia inicial. Muito pior é criar outra tragédia

para si mesmo ao pensar que “eu devo ter merecido isso”, quando isto claramente

pode não ser verdade. Culpar-se a esse nível faz com que uma pessoa se sinta

totalmente não merecedora – não merecedora da vida, de ajudar o próximo,

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de fazer qualquer coisa, de existir. Uma pessoa assim decidiu que, das nossas

três suposições, a terceira é a que está errada. “Eu não sou uma boa pessoa.

Um Deus justo e Todo-Poderoso me puniu por meus pecados.” No entanto,

já demonstramos que isto não era verdade no caso de Jó; e isto, com muita

certeza, nem sempre é verdadeiro no caso do sofrimento das pessoas.

Defender o contrário disso é ser culpado de acusar falsamente a si mesmo,

e esse ato de sustentar falso testemunho, seja contra si mesmo ou contra o seu

próximo, é expressamente proibido pelo nono dos Dez Mandamentos. Além do

mais, isto também envolve sustentar falso testemunho contra Deus, porque um

Deus justo estabelece a Sua punição – quando Ele faz isso – com justiça, de

acordo com o princípio de “medida por medida”.

rESuMoVejamos como estamos longe de responder à pergunta “Por que as

pessoas boas sofrem?”:

Devemos acreditar que Deus é bom e justo, e que Ele é Todo-Poderoso.

Acreditar no contrário é não ter mais um Deus para quem possamos rezar. Por

que rezar para um Deus que é impotente para responder? Poucos de nós, que

acreditamos em Deus, aceitaríamos essa visão.

Ao vermos outras pessoas sofrendo, devemos conter nosso julgamento.

Temos que lhes dar o benefício da dúvida, porque não sabemos por que isto

está lhes acontecendo. Mas se somos nós que estamos sofrendo, estamos

obrigados a nos ocupar de uma sincera introspecção: será que essa dor pode

ser uma mensagem de Deus?

Às vezes Deus nos envia uma mensagem dolorosa para o nosso próprio

bem, de forma que possamos viver nossas vidas de um modo melhor. Se você

encosta numa chama, o que acontece? Você sente uma dolorosa sensação de

queimado e afasta a sua mão antes que algum dano sério ocorra. Sofrer pode

ser esse tipo de mensagem. Mas você deve confiar que, se isto é assim, haverá

uma pista na mensagem. Você será capaz de perceber alguma ligação entre o

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que lhe aconteceu e algo que fez de errado e que lhe faz sentir-se muito mal.

Por exemplo, se há alguns anos você enganou um cliente ou sócio nos negócios

e amanhã alguma pessoa lhe enganar, você terá uma correlação clara. Essa é

uma pista.

Porém, se não houver essa conexão, ou se o sofrimento parecer

completamente fora de proporção em relação a qualquer coisa que você possa

ter feito na vida, então não – eu repito, não – jogue a culpa sobre si mesmo.

Há muitas outras razões pelas quais você pode estar sofrendo, como veremos

nos próximos capítulos.

notAS

1. Jó 1:1 – 2. Jó 1:21 – 3. Jó 4:7 – 4. Jó 38–40 – 5. Baba Batra 15a – 6. Gênesis 24:1 – 7. Baba

Metsia 58b – 8. Berachot 5a.

no próximo volume da série de e-books Se Deus é Bom Por Que o Mundo é tão Ruim?

Capítulo 3: O Princípio da Maior Prioridade

Capítulo 4. A Resposta de Deus

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