bloco (1)
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O Bloco é o livro do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Feevale.TRANSCRIPT
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dobr
a
dobr
a
dobra dobrado
bra
dobr
adobra dobra
espiral deste lado
-
www.feevale.br arquitetura
espiral deste ladoATENO!
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Escola: _______________________
CURSO: ________________________
NOME: _________________________
Arquitetura & Urbanismo
Feevale
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2-Bloco(1)
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2-Bloco(1)
Associao Pr-Ensino Superior em Novo Hamburgo - ASPEURCentro Universitrio Feevale
Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil
2005
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4-Bloco(1) 5-Bloco(1)
PRESIDENTE DA ASPEURArgemi Machado de Oliveira
REITOR DO CENTRO UNIVERSITRIO FEEVALERamon Fernando da Cunha
COORDENAO EDITORIALInajara Vargas Ramos
REALIZAOInstituto de Cincias Exatas e TecnolgicasCurso de Arquitetura e Urbanismo
EDITORA FEEVALECelso Eduardo Stark - CoordenaoMaiquel Dlcio Klein - Analista de EditoraoFabula Zimmer - Assistente de EditoraoSabrina Martins - Assistente de Editorao
CAPAJuliano Caldas de VasconcellosFoto da fachada do Prdio Arenito: Ana Carolina Pellegrini
EDITORAO ELETRNICAAna Carolina PellegriniJuliano Caldas de Vasconcellos
REVISOAna Carolina PellegriniJuliano Caldas de Vasconcellos
IMPRESOGrfica Nova Prova
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Centro Universitrio Feevale - RS/Brasil
Bibliotecria responsvel: Llian Amorim Pinheiro CRB 10/1574
Editora Feevale - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - proibida a reproduo total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos do autor (Lei n 9.610/98) crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.
CENTRO UNIVERSITRIO FEEVALECampus I: Av. Dr. Maurcio Cardoso, 510 - CEP: 93510-250 - Hamburgo Velho - Novo Hamburgo - RSCampus II: RS 239, 2755 - CEP: 93352-000 - Vila Nova - Novo Hamburgo - RSFone: (51) 3586.8800Site: www.feevale.br
Bloco (1): penso, logo registro / Organizadores: Ana Carolina Pellegrini, Juliano Caldas de Vasconcellos. Novo Hamburgo : Feevale, 2005.295 p. ; 21 cm.
ISBN 85-86661-96-1
l. Arquitetura Estudo e ensino 2. Computao grfica 3. Tecno-logia 4. Desenho (Projetos) I. Pellegrini, Ana Carolina II. Vasconcellos, Juliano Caldas de
CDU 72
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4-Bloco(1) 5-Bloco(1)
Agradecimentos:
Nossos agradecimentos aos acadmi-
cos Bernard Piccoli, Laura Moura e
Thas Luft da Silva, estagirios do
Laboratrio de Projetos e do Labo-
ratrio de Computao Grfica, que
colaboraram em diferentes etapas
do processo de edio, e aos cole-
giados do Curso de Arquitetura e
Urbanismo do Centro Universitrio
Feevale e do Instituto de Cincias
Exatas e Tecnolgicas, que acolhe-
ram de braos abertos a proposta
desta publicao, especialmente aos
professores Alessandra Brito,
Leandro Manenti e Luciana Martins,
fiis apoiadores deste projeto.
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6-Bloco(1) 7-Bloco(1)
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6-Bloco(1) 7-Bloco(1)
Apresentao
Projetar o verbo do arquiteto.
Ainda que o objeto de nossa profis-
so seja a idia materializada, sua
realizao parte sempre da premis-
sa do projeto. Um projeto idealiza-
do por arquitetos, entretanto, no
se limita ao planejamento de edifi-
caes ou cidades. Esta publicao
prova disso.
Bloco(1) a realizao de uma idia
que nasceu no incio do ano de 2005
nos corredores do nosso jovem Pr-
dio Arenito, onde se concentram as
aulas de nosso tambm jovem Curso
de Arquitetura e Urbanismo.
Mais do que o resultado tangvel,
o projeto Bloco(1) almeja a socia-
lizao da produo intelectual de
nossos alunos e professores e o
intercmbio de informaes entre os
demais cursos do Centro Universi-
trio Feevale, entre outras escolas
e com a sociedade em geral.
Le Corbusier: bloco de notas registro histrico sobre o projeto do edifcio-viaduto para o rio de janeiro em 1936. (CORBUSIER. Rio de Janeiro 1929 1936. Rio de Janeiro: C.A.U.R.J., 1999. 1 disco laser)
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8-Bloco(1) 9-Bloco(1)
O ponto de partida para esta publi-
cao foi o bloco de anotaes. En-
quanto o jogo de esquadros, o com-
passo, a rgua paralela e outros
apetrechos que figuravam sobre a
mesa de trabalho do arquiteto fo-
ram, com o passar do tempo, ceden-
do espao aos recursos da computa-
o grfica, o bloco e a lapiseira
continuam a acompanhar os profis-
sionais e estudantes de arquitetura
no seu cotidiano. O bloco do arqui-
teto se abre com agilidade para o
registro de croquis, poemas, breves
relatos, recortes, fotografias...
Memrias e esboos que podero
sair do papel para colorir a vida.
Penso, logo registro: este o
conceito da Bloco(1). Uma compila-
o de idias e reflexes sobre as
atividades de nosso curso, assuntos
pertinentes arquitetura, ao ur-
banismo e aos temas que cercam a
profisso do arquiteto. Alguns mais
elaborados, outros ainda incipien-
tes, os pensamentos assumem a for-
ma de imagens e palavras e vm a
pblico visando, principalmente, a
instigar a discusso a respeito de
nossas atividades acadmicas e dos
rumos da escola que queremos con-
tinuar a construir. Bloco(1) refle-
te, portanto, o perfil do Curso de
Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitrio Feevale.
Para que esta publicao fosse
possvel, contamos com a ajuda de
estudantes e professores, todos os
que se dispuseram a enviar seus
textos e imagens em tempo hbil,
o que resultou na reunio de um
material heterogneo, composto de
variados assuntos, que, revela a
interdisciplinaridade como forte
determinante do perfil da Bloco(1).
Na medida em que os textos foram
chegando at ns, o material a ser
publicado foi se dividindo, natu-
ralmente, em duas partes: a pri-
meira, mais descontrada na forma
e no contedo, apresentada no
-
8-Bloco(1) 9-Bloco(1)
formato vertical e traz as contri-
buies relacionadas s experin-
cias que envolvem diretamente os
estudantes. Nesta primeira parte,
o leitor poder compartilhar com
os integrantes do curso algumas
das etapas de sua breve histria,
como viagens de estudo, ativida-
des desenvolvidas em laboratrios,
trabalhos de aula e experincias
extracurriculares. Para finalizar
este trecho, surgem os passatem-
pos: os jogos so um pretexto para
abordar a arquitetura de forma l-
dica. Apresentam alguns desafios
arquitetnicos, os quais pretendem
incluir os diversos perfis de lei-
tores, desde os iniciantes na ar-
quitetura at os mais experientes.
J a segunda parte para ser lida
no formato convencional e rene a
produo intelectual de integrantes
do corpo docente e discente da Fe-
evale, alm da colaborao de cinco
arquitetos convidados: Andra Soler
Machado, Csar Wagner, Clovis Ilgen-
fritz da Silva, Tiago Holzmann da
Silva e Vinicius Netto, cujos textos
versam sobre suas respectivas pales-
tras, ministradas em diferentes mo-
mentos da histria do curso e esto
organizados em ordem cronolgica.
Em seguida, novamente a prata da
casa: as contribuies percorrem
fragmentos de dissertaes de mes-
trado, teses de doutorado, impres-
ses de viagens, reflexes sobre
questes histricas ou contempor-
neas da arquitetura e do urbanismo.
Bloco(1) o produto de um esforo
conjunto para atingir nossa perma-
nente meta de arquitetos-professo-
res: o comprometimento com o ensi-
no da arquitetura e do urbanismo.
Temos a convico de que aprender
pode e deve ser prazeroso. Acre-
ditamos que a atividade acadmica
pode e deve ser estimulante. Por-
tanto, podemos e devemos oferecer
alternativas para a socializao do
conhecimento que proporcionem, alm
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10-Bloco(1) 11-Bloco(1)
do intercmbio de informaes, al-
guns momentos de diverso. Este
o primeiro passo. Esperamos poder
chegar ainda mais longe.
Ana Carolina Pellegrini e Juliano
Caldas de Vasconcellos.
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10-Bloco(1) 11-Bloco(1)
Viajar preciso
vivenciar a arquitetura tambm .............. 13
Laboratrio de Projetos
Experimentando a Arquitetura ................ 23
Um olhar fotogrfico na Arquitetura ....... 41
Esboar e croquisar desenhar............ 51
Mies 3D
Extruses e movimentos no Laboratrio de Compu-
tao Grfica............................... 67
Uorquixpi
Uma viso antropofgica..................... 75
GD Real................................... 83
Gincana
Uma forma de integrao entre aprendizagem e
tecnologia.................................. 89
Concurso Design Brasil.................... 95
Passatempos...............................103
Sumrio
Bloco vertical
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12-Bloco(1)
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13-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
A palavra viagem, segundo o dicionrio Aur-
lio, ato de ir de um lugar a outro mais ou
menos afastado . Confesso que fiquei um pouco
decepcionada com o conceito, j que esta pa-
lavra, no meu ponto de vista, repleta outros
de significados alm do simples deslocamen-
to. Para mim, viajar descobrir novos lugares,
sentir novas sensaes, outros aromas e sabo-
res... Algum j disse que viajar viver e eu
concordo plenamente! Como em todos os grandes
acontecimentos felizes (casamentos, formaturas,
nascimentos...) a viagem envolve o antes, du-
rante e depois. So trs etapas bem distintas,
mas cada uma com o seu valor.
A preparao da viagem muito estimulante, pois
diante das vrias opes de descobertas de um
novo lugar podemos fazer um menu personaliza-
do, isto , selecionar os locais de interesse
pessoal ou aqueles que possuem um maior signi-
ficado para ns. Considero esta etapa como se
fosse a de uma preparao psicolgica e emo-
VIVENCIAR A ARQUITETURA TAMBM
VIAJAR PRECISO
Prof. Ms. Alessandra Brito
________________________
Registros da viagem mais recente. Braslia/DF Julho-2005
(FOTOs: alison silva)
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14-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
15-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
cional para o que vamos encontrar. Tambm tem
um pouco daquele sentimento de no deixar nada
importante para trs, dar o verdadeiro senti-
do ao que vamos ver com o intuito de saborear
cada lugar e momento com os cinco sentidos e
no atravs da fotografia revelada. Fiquei im-
pressionada quando visitei o Louvre e vi cente-
nas de turistas olhando as obras de arte atravs
das lentes das cmaras fotogrficas e correndo
atrs da guia que falava e andava rapidamente
diante daquelas maravilhas. Aquele momento foi
apenas registrado mas, com certeza, no foi
verdadeiramente vivenciado.
Entretanto, o mais fascinante de tudo
que, por mais que a etapa de preparao
seja feita de maneira muito detalhada e
profunda, o durante sempre nos apre-
senta surpresas e experincias ines-
quecveis... s vezes boas, s vezes
ruins, mas faz parte!!. Por mais que
tentemos imaginar e pesquisar os locais
a serem visitados, nunca conseguimos
ter a verdadeira dimenso do que va-
mos encontrar. Alm disso, cada pessoa
sente o espao de um jeito diferente: o contexto,
as companhias, a escala, as experincias de vida Lembranas da viagem a So Paulo!
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14-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
15-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
pintam um qua-
dro nico que
fica impregnado
na lembrana. Nem
sempre os lugares
mais badalados ou
exuberantes so os
que mais impres-
sionam.
s vezes, pe-
quenos momentos ou locais, geralmente aqueles
no fotografados, so os que ficam para sempre
na memria. Parece que sou contra a
fotografia, n?! Mas no isso...
adoro tirar e ver as fotografias
das minhas viagens para reviver os
momentos inesquecveis. Mas, o que
tenho observado que as fotografias
possuem muito mais significado para
ns (viajantes) do que para as pessoas
para as quais mostramos, acredito que justa-
mente por causa daquele significado que co-
mentei inicialmente, que nico e particular
de cada um.
Alm disso, a gente nunca volta a mesma pessoa
de uma viagem, pois os nossos horizontes e
Mapa do sul do Uruguai, a primeira
viagem internacional.
Antnio Prado e arredores...
quenos momentos ou locais, geralmente aqueles
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16-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
17-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
cultura so ampliados, algumas barreiras e pre-
conceitos so transpostas, amizades so consoli-
dadas, o sentimento de patriotismo e/ou bair-
rismo so exacerbados. Nos damos conta de quo
pouco sabemos e conhecemos, sem falar naquela
vontade de quero mais...
Para onde vamos na prxima vez?
Gosto muito de um trecho do livro Mar sem fim
do navegador Amyr Klink, que exprime muito bem
o verdadeiro sentido de uma viagem:
... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa
viajar. Por sua conta, no por meio de hist-
rias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por
si, com seus olhos e ps, para entender o que
seu. Para um dia plantar as suas prprias
rvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para
desfrutar do calor. E o oposto ... Um homem
precisa viajar para lugares que no conhece
para quebrar essa arrogncia que nos faz ver
o mundo como o imaginamos, e no simplesmente
como ou pode ser; que nos faz professores e
doutores do que no vimos, quando deveramos
ser alunos, e simplesmente ir ver.
Nesta tica de ser um eterno aprendiz, de apren-
der com o que se v e de vivenciar a arquitetura,
Reproduo da lista de estudantes presentes na primeira viagem.
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16-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
17-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
o curso de Arquitetura e Ur-
banismo da Feevale iniciou em
2002/2 as suas viagens de
estudo.
A primeira viagem
foi singela em ter-
mos de distncia e
nmero de alunos
(aproximadamen-
te 18), mas fun-
damental para
dar o start neste processo. O roteiro foi o
centro histrico de Porto Alegre/RS. A partir
desta visita, surgiu aquele gostinho de quero
mais falado anteriormente, e os prprios alu-
nos j cobravam quando seria a prxima viagem.
Em 2003, as cidades escolhidas foram Pelotas/RS
(no primeiro semestre), alm de So Paulo/SP e
Curitiba/PR (no segundo semestre), apro-
veitando a 5 Bienal Internacional de
Arquitetura de So Paulo. A visita Bie-
nal j rendeu frutos, visto que um grupo
de alunos participou este ano do Concurso
Internacional de Escolas de Arquitetura e
foi selecionado!Performance
em frente ao
parlamento uruguaio.
(FOTOS: ANA CAROLINA PELLEGR
INI)
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18-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
19-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
A turma que participou de
ambas as viagens j era
maior, em mdia 35 alunos e
5 professores. J no era
necessrio nem muita di-
vulgao, pois os alunos
j se articulavam para
participar. Instituiu-se,
ento, a prtica de ofe-
recer duas viagens por
ano, uma de curta e outra
de longa durao. Em 2004, as cidades escolhidas
foram Antnio Prado/RS, para conhecer a arqui-
tetura italiana e contempornea da
cidade, e a primeira viagem interna-
cional, incluindo as cidades de Mon-
tevidu, Colnia e Punta Del Este, no
Uruguai. Desde Pelotas, tambm ins-
tituiu-se a incluso no roteiro das
viagens o contato com os cursos de
Arquitetura e Urbanismo locais e/ou
com arquitetos cuja produo arquite-
tnica fosse significativa na cidade.
Acreditamos que isto refora o carter
da viagem de estudo e possibilita
novos contatos e oportunidades entre institui-
es e cursos.
A turma que participou de
ambas as viagens j era
maior, em mdia 35 alunos e
5 professores. J no era
necessrio nem muita di-
foram Antnio Prado/RS, para conhecer a arqui-
Acreditamos que isto refora o carter
Avenida Paulista dominada.
(FOTO: luis fabiano de lima)
registro do masp.
(FOTO:maria rita soares)
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18-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
19-Bloco(1)
VIAJAR PRECISO
Em 2005 o roteiro escolhido para a viagem de
longa durao foi o centro-oeste brasileiro:
Goinia, Braslia, Belo Horizonte, Ouro Preto e
Mariana e, para o futuro, intercmbios
internacionais.
Depois de participar das cinco primeiras via-
gens, posso dizer que, a cada ano, foram
melhorando de qualidade. Os conhecimentos
adquiridos, os momentos e lugares comparti-
lhados, as pessoas que conhecemos, as festas
que fizemos (no nibus, nos bares, nas pra-
as), as msicas que cantamos e tocamos (a
pipa do vov no sobe mais, Ser - do Legio
Urbana) e os jarges recitados (ningum mere-
ce, h) criaram uma amizade e integrao mui-
to saudveis entre corpo docente e discente
que, como diz aquela propaganda de carto de
crdito, no tem preo!
Do meu tempo de estudante de arquitetura, as
viagens de estudo foram alguns dos bons mo-
mentos que guardo na memria e que hoje es-
tou tendo a grata oportunidade de vivenciar
e compartilhar novamente, desta vez, no papel
de professora!
-
-experimentando a arquitetura
Prof. Ms. Ana Carolina Pellegrini
______________________________
A palavra laboratrio, sem dvidas, inspira
respeito. Quando se quer atribuir credibilidade
a um produto numa campanha publicitria, ou
quando se quer ratificar a confiabilidade de uma
pesquisa cientfica, l vem ele: o laboratrio.
Testes de laboratrio comprovam...
Segundo o Dicionrio Aurlio, em sua primeira
definio, laboratrio o lugar destinado ao
estudo experimental de qualquer ramo da cincia,
ou aplicao dos conhecimentos cientficos
com objetivo prtico (exame e/ou preparo de
medicamentos, fabricao de explosivos, exame
de lquidos e tecidos do organismo, etc.). At
o final da primeira parte, concordo plenamente.
Mas o contedo entre os parnteses... ser que
ele o responsvel pelo senso comum costumar
relacionar a palavra apenas a reas como
qumica, biologia, medicina, etc.? A quarta
definio apresentada por Aurlio me parece mais
adequada, mas vem com um alerta j no comeo:
Laboratrio de Projetos
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24-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
25-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
Fig, indicando que o sentido figurado.
Talvez, por isso mesmo, eu a considere mais
interessante. Expressar-se no sentido figurado
no to fcil como parece... portanto,
a vai: Teatro de notveis operaes ou
transformaes.
Ser que nosso Laboratrio de Projetos um
laboratrio no sentido figurado?
Recorri novamente ao dicionrio:
figurado. Adj. 1. Em que h figuras ou
alegorias; metafrico, tropolgico. 2. Alegrico,
imitativo; representado. 3. No existente;
hipottico, suposto. 4. Diz-se de dana popular
ou de salo com passos e marcaes variados,
movimentados.
Bem, j de primeira, um alento: adjetivo e, de
acordo com o que se costuma aprender na escola,
um adjetivo confere qualidade a alguma coisa
(ainda que seja no sentido figurado)... J a
terceira definio me deixou bastante insegura,
e a quarta, evidentemente, est se referindo a
outro assunto.
Cheguei concluso, ento, de que nosso
Laboratrio de Projetos as duas coisas: Um
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24-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
25-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
S.m. substantivo masculino e um S.m.Fig.
Afinal de contas, fazemos cincia, aplicamos
conhecimentos cientficos com objetivo prtico
e temos buscado, modstia parte, produzir
notveis operaes e transformaes.
Para quem no conhece, o Laboratrio de Projetos
do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitrio Feevale um projeto vinculado
a um programa de extenso chamado Arquitetura
Comunitria. Coordenado por mim, conta, neste
momento, com dois professores colaboradores -
Prof. Juliano Vasconcellos e Prof Alessandra
Brito - e dois estagirios Bernard Piccoli e
Thas Luft da Silva.
Inicialmente, o Laboratrio de Projetos se
chamava Escritrio Modelo. Entretanto, na medida
em que se foi delineando mais precisamente o
perfil e a vocao do projeto, o nome trocou.
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26-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
27-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
Enquanto um Escritrio Modelo est, geralmente,
mais voltado prestao de servios, o
Laboratrio de Projetos desenvolve atividades
essencialmente direcionadas ao crescimento
acadmico. claro que, uma vez vinculados
a um programa de extenso, fundamental
que voltemos nossos olhares, tambm, para a
comunidade. E o que temos procurado fazer.
Partindo da premissa de colaborar exclusivamente
com grupos coletivamente organizados e
comprovadamente carentes, a primeira comunidade
com a qual o Laboratrio de Projetos trabalhou
foi a Horta Comunitria Joanna De ngelis, em
Novo Hamburgo. A Horta, como conhecida na
regio, no apenas uma horta, mas sim, uma
instituio sem fins lucrativos, que beneficia
crianas, jovens e adolescentes carentes, os
quais participam, fora de seu horrio escolar, de
cursos de informtica, floricultura e artesanato.
Naquela oportunidade, no final do ano de 2003,
o Laboratrio de Projetos ainda no tinha
estagirios e contava com a disposio de
estudantes voluntrios, os quais desenvolveram
com a orientao de professores, estudos para
a implantao de um espao de lazer para os
-
26-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
27-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
adolescentes e jovens
da Horta. O trabalho
contemplou visitas
ao local, reunies
com a coordenao da
instituio, dinmicas
de grupo com os adolescentes, levantamento
planialtimtrico do terreno e, finalmente,
o desenvolvimento do estudo preliminar para
o projeto da rea de convvio, que contar
com arquibancadas, pista de skate, palco para
apresentaes, mesas de jogos, alm de um
pequeno estdio de rdio.
No ano de 2004, o Laboratrio de Projetos foi
procurado pela associao de moradores da Vila
Martin Pilger, que se situa ao lado do Campus
II do Centro Universitrio Feevale. Depois de
algumas reunies, procedeu-se o levantamento
planialtimtrico de toda a rea ocupada pela
vila, com vistas a auxiliar a comunidade na
composio da documentao necessria ao
encaminhamento judicial da regularizao
dos terrenos, que no so de propriedade
dos moradores. O Laboratrio realizou, ainda
em parceria com a associao da vila, numa
atividade conjunta com a Agncia de Comunicao
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28-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
29-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
da Feevale (AGECOM), levantamento e estudo
para compartimentao e reforma do galpo
da associao de moradores, que vinha sendo
utilizado para atividades com as crianas da
comunidade, mas no apresentava condies
salubres de ocupao.
Outra comunidade com a qual
o Laboratrio trabalhou,
tambm com vistas
colaborao no levantamento
das condies de ocupao
do lugar e da regularizao
dos lotes, foi a chamada
Grande Gala. O objeto do trabalho tratava-se
de uma antiga fbrica de calados abandonada,
que, h muito, foi ocupada pelos ex-funcionrios
a empresa. Para adequarem o local moradia,
lotearam o galpo da fbrica sob a forma
de pequenos apartamentos e ali permaneceram
durante dcadas at que, atualmente, o edifcio
de madeira encontra-se a ponto de ruir e deixar
pelo menos dez famlias desabrigadas. Alm dos
moradores do prdio, h novas residncias que
foram construdas no entorno da antiga fbrica,
as quais formaram uma vila informal que, agora,
carece de regularizao.
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28-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
29-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
Importante salientar que os levantamentos
topogrficos mencionados sempre contaram com
a coordenao dos professores Marisa Freitas
Furtado e Reginaldo Macednio, responsveis,
em diferentes pocas, pelo Laboratrio
de Geoprocessamento e pela disciplina de
Topografia.
Passarela da Educao
Ainda que o carter comunitrio seja de
comprovada importncia, o Laboratrio de
Projetos vem adquirindo, paulatinamente,
perfil mais acadmico, enfatizando a
interdisciplinaridade de suas atividades. Isto
no significa que a preocupao social tenha
sido abandonada. Pelo contrrio, se mantm
como objeto de trabalho para as atividades
que, atualmente, tm procurado privilegiar o
crescimento do aluno, como agente transformador
da sociedade.
Neste sentido, dentre as atividades mais
recentes do laboratrio, pode-se destacar a
participao na organizao do Concurso Pr-
Design Social (ver artigo da Prof. Suzana
Vielitz), juntamente com o Curso de Design do Centro
Passaram at agora pelo
Laboratrio de Projetos,
alm dos professores j
mencionados, os seguintes
acadmicos:
Adriane Wild Brack
Ana Paula Jaeger
Bernard Piccoli
Cndida Bacarin Pereira
Carolina Schneider
Eduardo Jaeger
Elisabeth Schneider
Geovana GuizolFI
Jsun Rigotto Carpeggiani
Mrcia Wingert
Maria Rita Soares
Mnia Fries
Rodrigo Martini
Tatiana Becker
Thas Luft da Silva
Vivian Klein
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30-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
31-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
Universitrio Feevale, a organizao desta publicao
em parceria com o Laboratrio de Computao Grfica
e a participao da Sexta Bienal Internacional de
Arquitetura e Design.
Apresentando como desafio para o Concurso
Internacional de Escolas de Arquitetura o
tema da habitao social no sculo XXI, a
comisso organizadora da Bienal propunha
que se projetasse insero numa parcela de
tecido urbano existente na regio da escola
concorrente.
Como o Laboratrio de Projetos j vinha, h
algum tempo, trabalhando com a Vila Martin
Pilger e essa fica justamente ao lado da
Feevale, nada mais natural do que escolh-
la para desenvolver o projeto da Bienal.
O Concurso, entretanto, previa que os
estudantes trabalhassem com uma rea de, no
mnimo, 10ha e, no mximo, 20ha. Tratou-se
de agregar ao projeto parte da Vila Colina
da Mata, que tambm fica prxima ao Centro
Universitrio, mas do outro lado da RS
293, estrada que estabelece a ligao entre
a BR 116 e municpios da regio do Vale dos
Sinos, como Sapiranga e Campo Bom.
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30-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
31-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
A equipe de projeto, formada pelos acadmicos
Ana Paula Jaeger Martha, Eduardo Jaeger, Jsun
Carpeggiani, Mrcia Wingert e Tatiana Becker
realizou levantamento fotogrfico dos locais,
manteve contato com lideranas das comunidades
e pesquisou outras solues urbansticas para
problemas anlogos at que chegou ao conceito
que deu origem a todo o projeto:
Passarela da Educao.
O grande problema detectado pelos alunos a
barreira determinada pela estrada estadual RS
239. Ao mesmo tempo em que configura uma
conexo intermunicipal, a via torna-se perigosa
barreira para os que vivem s suas margens,
especialmente os que esto restritos ao lado
norte da estrada (Vila Colina da Mata), pois
o municpio de Novo Hamburgo se desenvolve a
partir da margem sul da rodovia.
Um sem-nmero de acidentes envolvendo veculos
automotores, ciclistas, pedestres e veculos de
trao animal vem atingindo a populao de uma
vila e de outra. Iniciativas como a implantao
de dispositivo de controle de velocidade
(pardal) atenuaram o nmero de ocorrncias, mas
no resolveram definitivamente o problema.
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32-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
33-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
Inicialmente, pensou-se em projetar uma
passarela sobre a RS-239 para que os moradores
pudessem cruzar em segurana de um lado para
outro. Logo, a idia evoluiu para uma praa
elevada, que permitisse real integrao entre
as duas partes da cidade criando uma unidade
espacial que at ento inexistente.
O termo passarela, alm da acepo relativa
possibilidade de travessia, alude tambm
moda, ao carnaval. O conceito de passarela,
por sua vez, remete idia de lugar dos
acontecimentos especiais. Neste sentido, o
projeto procura situar na praa elevada sobre
a RS-239 os elementos especiais do projeto.
Sobre a faixa, que atua como curativo da
rea cortada pela RS 239 (no sentido
norte-sul), localizam-se
equipamentos que servem
tanto s comunidades
estudadas, quanto
cidade de Novo Hamburgo.
Sobre a passarela
podero trafegar
veculos de trao
animal, bicicletas,
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Laboratrio de Projetos
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Laboratrio de Projetos
alm, evidentemente, de pedestres. Os veculos
automotores podero utilizar o viaduto j
existente algumas centenas de metros adiante, na
direo de Campo Bom.
Os principais usos previstos para a passarela
so as escolas tcnicas. Ali a populao do
municpio e da regio poder qualificar-se
profissionalmente sem depender unicamente do
ensino superior. No entender dos acadmicos,
a educao superior no o nico caminho
para a qualificao profissional e boa parte
de problemas, como falta de mo de obra
qualificada e excesso de candidatos a vagas nas
universidades brasileiras, seria resolvida com a
implantao de mais escolas tcnicas compatveis
com a realidade econmica de cada regio. Alm
disso, a passarela contar tambm com espao
destinado a feiras para comercializao das
mercadorias produzidas nas escolas, biblioteca e
centro de informtica social.
A idia, portanto, a de criar um ciclo
educacional, o qual ser composto pela Escola
Bsica a ser implantada no corao da Vila
Colina da Mata, pelas escolas tcnicas sobre a
passarela e pelo Centro Universitrio Feevale,
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Laboratrio de Projetos
cujos profissionais
egressos podem dar o
retorno de seu aprendizado
s prprias comunidades de
origem.
A implantao da praa elevada levou em
considerao as caractersticas topogrficas
do terreno, a fim de que fossem evitadas
grandes movimentaes de terra. Do lado sul,
ela coincide com o nvel da rua. Na extremidade
norte, entretanto, possui dois acessos
distintos. O primeiro deles rampeado,
numa inclinao adequada tanto aos
pedestres quanto aos portadores
de necessidades especiais. neste
trecho que se situa um anfiteatro
para pequenas apresentaes, o qual
aproveita a declividade da passarela
para a configurao da platia.
O outro acesso atravs de uma
escadaria que leva Praa da Igreja.
Intencionalmente monumental, ela
interrompe a passarela e possibilita,
mais do que uma passagem de nvel, um outro
local de permanncia. Quanto aos blocos de
habitao social, os quais esto dispostos sobre
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Laboratrio de Projetos
as duas extremidades da passarela - j em terreno
plano - a soluo adotada priorizou as questes da
sustentabilidade, mobilidade e identidade regional.
Os mdulos residenciais contaro com uma
estrutura principal independente (metlica) e
os planos verticais tero apenas a funo de
vedao, sendo preenchidos por painis compostos
de material reciclado. A alternativa ecolgica
e permite que os profissionais formados na escola
tcnica e empregados na Usina de Reciclagem,
ambas previstas pelo projeto, trabalhem na
construo dos blocos de habitao social.
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37-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
A equipe acredita que o caminho para a qualidade
de vida e incluso social no sculo XXI
parte do investimento em educao. Um projeto
urbanstico deve contemplar questes como
avano tecnolgico e adequao ecolgica, mas
no pode prescindir, em hiptese nenhuma, da
sustentabilidade social, ratificando o habitante
como protagonista da cidade do novo milnio.
O projeto, na poca em que est sendo
escrito este artigo, encontra-se em fase de
desenvolvimento. A equipe de estudantes prepara-
se para expor o resultado de seu esforo para
os milhares de visitantes da Sexta Bienal
Internacional de Arquitetura e Design. a
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38-Bloco(1)
Laboratrio de Projetos
primeira vez que nosso jovem Curso
de Arquitetura e Urbanismo estar
representado em evento de tamanha
envergadura, o que alegra a todos
os envolvidos nesta tarefa. O
gostinho de primeira vez torna
o trabalho ainda mais instigante
e sua divulgao atravs de meios
como esse visa a incentivar que,
nos prximos anos, cada vez
mais estudantes se interessem em
participar.
O Laboratrio de Projetos,
portanto, caminha para estas
prximas oportunidades e sempre
estar aberto aos acadmicos
interessados em fazer da
reflexo sobre o problema
social da arquitetura uma
ferramenta de projeto, um meio de
efetuar notveis operaes ou
transformaes, num sentido cada
vez menos figurado.
(As imagens publicadas neste artigo pertencem ao acervo do laboratrio de projetos).
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Laboratrio de Projetos
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Um olhar fotogrfico
O grego filsofo Aristteles foi um
dos primeiros pensadores ocidentais
a demonstrar o seu interesse emp-
rico sobre a tcnica e o processo
ptico da fotografia. Tambm vamos
encontrar os rabes, os chineses
e os renascentistas a realizarem
diversos experimentos e prti-
cas no campo da tcnica, processo
e linguagem. Aproximadamente 185
anos j se passaram desde os seus
primeiros registros fotogrficos
feitos com daguerretipos, mas a
fotografia continua a exercer um
enorme fascnio para o homem.
A fotografia foi colocada ao al-
cance de todos e, ao mesmo tempo,
permite a cada indivduo explo-
Prof. Ms. Donaldo Hadlich
______________________
Um olhar fotogrficona Arquitetura rar as possibilidades temticas ao
mximo. No mbito da arquitetura,
a fotografia adquire um interesse
similar. Ambas tm como objeto de
interesse expressar linhas, for-
mas, texturas, composies e luzes
sobre o trabalho final. Todo fot-
grafo diante de uma construo ou
obra arquitetnica tem a obriga-
o de retratar as formas j cria-
das, ou seja, as residncias foram
feitas para serem habitadas, as
igrejas para servirem como local
de adorao, as bibliotecas como
local de pesquisa e reflexo, as
fbricas como local de trabalho.
A fotografia deve manter esta ver-
dade e identificao dos ambientes
internos e externos de inmeras
construes.
Diante de alguma construo, o fo-
tgrafo deve possuir algumas no-
es de estilos arquitetnicos.
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Um olhar fotogrfico
43-Bloco(1)
Um olhar fotogrfico
Alm disso, ele deve estudar e
esgotar todas as possibilidades de
ngulos e enquadramentos possveis
para o tema. Os diferentes pontos
de vista, enquadramentos, luzes e
composies, olhar esttico e cria-
tivo iro contribuir, certamente,
para que todo o fotgrafo e a sua
imagem fotogrfica representem e
expressem os detalhes e grandes
planos arquitetnicos.
A preservao e o resgate do pa-
trimnio histrico sinaliza a busca
de uma poca passada. A fotografia
adquire um significado especial,
quando deseja obter representaes
fiis e expressivas de determinadas
obras arquitetnicas. Entretanto,
caso o fotgrafo pretenda incorpo-
rar em seus registros fotogrficos
uma interpretao e significado
especial, ele no deve se esquecer
de realizar um estudo aprimorado e
cuidadoso de seu tema fotogrfico
e arquitetnico.
A proposta de ensino e trabalho
prtico para os alunos do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Feeva-
le, aborda conceitos e normas do
universo da fotografia, assim como
tambm prope o emprego de sua
tcnica, processo e linguagem para
a rea da Arquitetura. Os acad-
micos da disciplina de Fotografia
Aplicada Arquitetura, Carlos Ro-
grio Weber, Eduardo Jaeger, Jsun
Rigotto Carpeggiani, Helio Kehl
Baptista, Marlon Vinicio Krake,
Marlon Eduardo Bauer conciliaram
princpios bsicos e fundamentais
da fotografia com outros elementos,
que traduzem questes e noes de
escala, espacialidade, composio,
luminosidade e reflexos, verticali-
dade e horizontalidade, etc. Atra-
vs de um olhar esttico e arquite-
tnico, eles realizaram registros
fotogrficos repletos de detalhes,
texturas, paisagismos e demais ca-
ractersticas peculiares prprias
das edificaes de nossa regio.
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Um olhar fotogrfi co
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Um olhar fotogrfi co
Marlon Krake
Detalhe da Igreja So Pedro.
Textura em madeira da Igreja So Pedro.
Detalhe do telhado em madeira de antigas residncias.
Detalhe das estruturas de uma antiga construo enxaimel.
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Um olhar fotogrfi co
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Um olhar fotogrfi co
Eduardo Jaeger
Interior da nova Igreja So Pedro de Ivoti/RS.
Sede da antiga Igreja So Pedro.
Detalhe do antigo telhado de residncias habitadas por imigrantes em Ivoti/RS.
Praa Harmonia de Ivoti teve colaborao do paisagista Burle Marx.
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Um olhar fotogrfi co
45-Bloco(1)
Um olhar fotogrfi co
Helio Kehl Baptista
Cu terra e gua em Ivoti, no meio rural... ...e o contexto urbano.
Outro olhar sobre a torre da igreja. Vista lateral da Ponte do Imperador.
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Um olhar fotogrfi co
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Um olhar fotogrfi co
Marlon Bauer
Antiga construo dos primeiros produtores de gua ardente do municpio.
Planos e ref lexos em enxaimel tradicional.
Na rua da Cascata est concentrado o maior Ncleo enxaimel do estado.
Arquitetura como
traduo de uma poca...
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46-Bloco(1)
Um olhar fotogrfi co
47-Bloco(1)
Um olhar fotogrfi co
Jesun R. Carpeggiani
Vista de parte superior da Ponte do Imperador.
Antiga construo serviu como pequeno armazm e aougue.
Ponte do Imperador. Serviu de local e descanso para o Imperador Dom Pedro II.
Detalhe do telhado de uma antiga mercearia.
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48-Bloco(1)
Um olhar fotogrfi co
Carlos R. Weber
Luz e sombra na Praa da Harmonia. Sociedade de Canto Harmonia, obra de 1922.
Verses monocromticas dos vitrais da igreja em Ivoti.
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48-Bloco(1)
Um olhar fotogrfico
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51-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
Prof. Ms. Jos Arthur Fell
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prtica do homem, e isso uma das
habilidades que o distingue dos demais seres,
sinalizar numa superfcie qualquer sua presena,
seus dias e seus desejos. No importa a
tecnologia que utilize, o desenho uma das
primeiras expresses de suas idias. Assim
que algo surge no interior da mente humana,
um desenho, por mais sinttico que seja, brota
onde quer que possa ser riscado. Um animal na
parede de uma caverna paleoltica, um ideograma
oriental, o desenho produzido por uma criana,
riscos na areia da praia, a idia genial do
arquiteto... todos so gerados pelo mesmo
Fig. 01 - Um rpido esboo preliminar.
Fig. 02 - Parede de caverna de Lascaux, FR. (Fonte: lapuerta, 1997)
Esboar e croquisar desenharDe uma atividade da disciplina IAU1(*)
Conforme Watelet, apud Lapuerta, 1997: a mente per-
de sempre o fogo devido lentido dos meios que se
tem para utilizar, para expressar e fixar suas con-
cepes... esta rapidez de execuo o princpio do
fogo que vemos brilhar nos esboos dos pintores de
gnio. Reconhecemos o trao do movimento de sua alma,
calculamos sua fora e fecundidade.
(*) disciplina de introduo a arquitetura e urbanismo I.
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Esboar e croquisar desenhar
53-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
processo. Todo crebro, quando
produz pensamentos, produz imagens
internas; e, quando detm uma
idia, a comunica externamente
tanto pela palavra como por gestos,
por mmica, enfim, por desenhos,
os quais, para serem a mais exata
manifestao, devem ser riscados
imediatamente e rapidamente,
pois todo pensamento veloz,
evanescente e fugidio como a
chama que crispa numa fogueira;
ele necessita ser registrado
rapidamente, pois em poucos
segundos j no ser mais o mesmo.
Assim, desde o tempo mais remoto,
as habitaes humanas so erguidas
a partir de desenhos, so guiadas
e resultam do plano esquematizado
por traos riscados. As tcnicas
evoluram: desenhos no cho da
obra, desenhos em quadrculas,
a ajuda da geometria, o uso
de escalas, a perspectiva, o
desenho assistido por computador
e o passeio arquitetnico
virtual; porm, estas so todas
Figs. 03 e 04 - Esboos partindo da observao de ambientes residenciais.
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Esboar e croquisar desenhar
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Esboar e croquisar desenhar
Fig. 05 - Esboos de um dese-nho de observao: o desenho rpido, momentos de reFlexo.
Fig. 06 - Croqui de um desenho de observao: o desenho mais evoludo.
manifestaes, externalizaes de idias
primordiais internas ao pensamento humano.
Esboos so de natureza ntima, se transformam
em belos croquis (fig. 05 e 06), revelam uma
caracterstica pessoal; e, mais adiante, deles
se originam desenhos tcnicos para consignao
pblica, para o reconhecimento da idia.
Ainda no existe instrumento melhor para uma
reflexo instantnea do espao tridimensional
como os esboos, pois, como mostram as
figuras 03 e 04, de alunas de IAU1, mesmo
no possuindo ainda precises geomtricas,
so rpidos como um ato reflexivo e permitem
uma srie de variaes at o entendimento do
objeto observado, como nestes casos (fig. 05),
ou imaginado, como numa situao projetual
na qual o objeto uma idealizao interior
(fig. 08). Esboos so para o arquiteto como
as anotaes so para o escritor ou para o
qumico; materializam, registram e garantem
o frescor no exato momento do ato criativo,
acompanham longas e suadas maturaes; assim
destinam para o computador apenas o grand-
finale projetual, se no faltar luz.
Os textos a seguir - um tratando de aspectos
at a Idade Mdia e outro mostrando o grande
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Esboar e croquisar desenhar
55-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
impulso surgido a partir do
Renascimento - e alguns desenhos
apresentados aqui - dois tipos
desenhos de observao: esboos
e croquis - so de alguns
alunos de uma disciplina de
primeiro semestre, Introduo a
Arquitetura e Urbanismo 1, voltada
para desenvolver em calouros
a expresso grfica bsica e
conceitos elementares. Resultam
de duas atividades, entre outras,
para a compreenso no apenas
da importncia de se desenhar
um objeto observado, utilizando-
se no mais do que o olho, o
lpis e o papel, mas tambm para
a constatao da importncia que
o desenho, em suas modalidades,
desempenhou para o desenvolvimento
da idia arquitetnica ao longo
dos sculos.
Fig. 07 - Croqui de um desenho de observao: o desenho mais evoludo a partir dos estudos da observao de uma cena.
Fig. 08 - Esboos da Winton Guest House - Frank Gehry, Minessota, 1983. (Fonte: lapuerta, 1997)
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Esboar e croquisar desenhar
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Esboar e croquisar desenhar
Dois textos com um pouco da histria 1. O desenho do projeto at a Idade Mdia
Acadmica Karen Kirsten, IAU1 - 2005.01
___________________________________
O desenho, apesar de ser uma
coisa simples - que voc faz com
um simples graveto no cho, um
instrumento que, desde a poca
remota das cavernas, utilizado
para expressar sentimentos e
pensamentos: o chamado desenho
mental (interno). A criatividade
desde ento foi se desenvolvendo
com a apario de vrios materiais
artsticos. Mais tarde, foram
criados desenhos muito mais
elaborados, cuidadosos e estudados, chamados,
ento, de desenhos de arquitetura; (desenhos
externos), que no so apenas desenhos simples,
mas uma representao grfica, tcnica e
regulamentada do artista, que externaliza uma
idia. Mas, antes disso, o artista passa por
vrios processos; o primeiro o esboo que
trata de desenvolver os primeiros traos entre o
desenho mental e o desenho externo, o incio
Fig. 09 - planta de um jardim egpcio encontrado gravado na pedra de uma parede. (Fonte: fariello, 2000)
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56-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
57-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
para os primeiros traos de um grande projeto;
o segundo o croqui que j uma mostra mais
definitiva e mais detalhada daquilo que se pensa
fazer. Para qualquer tipo de arte, podendo ser
arquitetura, pintura ou escultura, o esboo
e o croqui servem como estudo daquilo que se
quer construir ou formar; e, apesar de no
serem feitos com grandes cuidados estticos ou
geomtricos, pois seus traos devem ser leves e
rpidos, no por isso que podemos desprezar
sua beleza porque eles tm tanto valor quanto
a obra final. No Egito, por exemplo (fig. 09),
desenhava-se com os materiais que se tinha em
mos, como em lminas de pedra, que eram usadas
para fazer os esboos esquemticos para guiar
a marcao; o arquiteto no podia se ausentar
da obra porque s ele sabia como eram feitas
as marcaes com estacas e cordas e como eram
feitas as fundaes das edificaes. J na
Grcia, o agente geral da arquitetura era o
mestre de obras, que agia no com a ajuda de
projetos detalhados, mas muito com a exposio
oral do arquiteto, o qual dava a palavra
final; percebe-se, atravs da perfeio de como
eram executadas as fachadas, que o arquiteto
detinha uma posio na sociedade. No Imprio
Romano, o arquiteto tambm mantinha seu status
Fig. 10 - fachada de um prdio, provavelmente para a famlia Sansedoni,1340, com um con-trato de construo no roda-p do papel encontrado por toker, F. e seu artigo gothic architecture by remote con-trol: an illustrated building contract of 1340. Nota-se a simplicidade do trao, uma ca-racterstica at essa poca, com menos recursos materiais e tcnicos para o desenho. (Fonte: lapuerta, 1997)
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56-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
57-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
e desenvolvia novas tcnicas
geomtricas. O mestre de obras se
tornou uma pessoa sobrecarregada
porque cuidava de vrios outros
mestres de obra como: mestre
carpinteiro, mestre ferreiro mestre
pedreiro, etc. e ainda combinava
em si o arquiteto moderno, o
contratante de obra e o supervisor.
Porm, a partir do sculo XII, o
desenho de arquitetura se estende
e se torna fundamental para a
execuo da obra juntamente com o
arquiteto, uma pessoa que detinha
grandes conhecimentos relacionados
atividade de construir e com
o desenho de arquitetura. E
mesmo que seus esboos ainda no
fossem instrumentos adequados
para dirigir os demais mestres
de obra, eles eram usados mais
para sua prpria organizao nos
processos tcnicos da construo.
Contudo, a partir daquele sculo,
o desenho em arquitetura comea a
se tornar um instrumento cada vez
mais importante e sofisticado para
a execuo da obra. Assim todo
estudante que estava nos ltimos
anos da sua instruo fazia muitos
esboos para treinar o desenho e
a geometria, aperfeioando cada
vez mais seu traado e memorizando
as vrias frmulas de montagem na
justaposio das diversas partes
dos elementos suportantes da
construo medieval.
Eles tambm usavam esses esboos e
croquis para incentivar o cliente
a construir e, desta maneira,
arrecadar algum dinheiro. Pelo fato
de, neste extenso perodo medievo,
o desenho para arquitetura estar
mais rgido e mais definido s
necessidades construtivas, alguns
meros esboos representavam apenas
a idia inicial e muitos planos de
projetos incluam o desenho e o
contrato escrito juntos (fig. 10).
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58-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
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2. O emprego do esboo desde o Renascimento at hoje
Acadmica Amanda Jaqueline Schefer, IAU1 - 2005.01.
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O homem que sabia que seria diferente dos
outros, por causa do ofcio, foi o arquiteto
renascentista, utilizando suas tcnicas de
esboo e projeto. Era visto como cavalheiro,
destacando-se por sua habilidade mental e sua
capacidade de se expressar. Alberti diz que a
funo do desenho dar uma composio adequada
s construes atravs apenas do desenho em si,
fazendo com que elas dependam basicamente dele.
Foi no Renascimento Italiano que a pintura,
escultura e arquitetura se tornaram um conjunto
chamado de arte do desenho. Demonstrando
sua importncia para as trs modalidades da
arte, ele tornou-se um instrumento fundamental
e insubstituvel para a realizao de um
projeto bem estudado. No perodo do sculo
XVI, diferentemente do arquiteto medieval e
junto s tcnicas de perspectiva, geometria,
esboos e croquis, surgiram novas definies
por causa das tendncias humanistas de no se
usar mais os esquemas dos antepassados. Esse
novo arquiteto necessitava de novos tipos de
desenhos, com vrios croquis e esboos para no
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58-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
59-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
ter que ir vrias vezes no canteiro de obras.
Havia a necessidade de projetos mais detalhados
tambm para se ter mais bem documentados
os edifcios clssicos. Com um novo tipo de
desenho, os arquitetos garantiam definitivamente
suas necessidades de status. Miguel ngelo
(fig. 11) e Bramante (fig. 12) utilizaram esse
mtodo. Exemplo a Baslica de So Pedro,
cuja contruo que foi longa e demorada,
permitindo que vrios arquitetos se sucedessem
e continuassem ou redefinissem os desenhos do
antecessor. Nos sculos XVIII e XIX, as naes
dominantes ditavam as regras, aumentando
assim as tecnologias e conseqentemente uma
luta contra as imperfeies. O desenho fica
cada vez mais evoludo, passa a ter
mais organizao, mais relao entre as
escalas, usa-se mais a perspectiva. Assim,
esses fatos quase levaram supresso
do croqui. O sculo XVIII, de uma certa
maneira, colocou na gaveta borrachas e
croquis, pois todas as linhas comeavam a
ser feitas com mais regras e instrumentos,
bem como comeava a haver uma distino
entre o processo projetual (estudos) e o prprio
projeto (final). A academia francesa cole des
Beaux Arts, em Paris, grande Meca do ensinamento
Fig. 11 - esboo de michelangelo buonarotti, da tumba da cape-la funerria dos mdicis, em So Lorenzo, IT, em 1518. (Fonte: lapuerta, 1997)
Fig. 11 - esboos da baslica de so pedro, em roma, 1505-06, de donato bramante. (Fonte: lapuerta, 1997)
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60-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
61-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
da arquitetura, tornava muitas vezes os alunos
presos dentro de um jogo de regulamento e,
para mudar isso, treinavam esboos e criavam
testes anuais para estimular a criatividade. O
arquiteto modernista Le Corbusier dizia que,
para fazer a Capela de Ronchamp (fig. 13),
armazenou vrios dados sobre o projeto em sua
memria durante alguns meses e depois nasceu o
projeto; desenhava traos e traos e, cada vez
mais, seus esboos tornavam-se claros croquis
e estes, desenho tcnico. Muitos arquitetos
apresentam a seus clientes, junto ao projeto
final, seus esboos e croquis, pois so bem
valorizados esses desenhos esquemticos como
sinal de talento. Pei, arquiteto modernista
que projetou a National Gallery (fig. 14) em
Washington, nos Estados Unidos, desenhou seu
primeiro esboo na parte de trs de um mao
de cigarros durante um vo que fazia voltando
para sua cidade. Algo difcil de se acreditar
que a casa da cascata, de Frank Lloyd Wright,
foi desenhada num nico movimento, sem qualquer
esboo. O que importa admitir que o arquiteto
pode adotar um processo personalizado assim como
pode consignar sua idia apenas com um croqui.
Fig. 13 - esboo de le corbusier para a Capela de notre-dame-du-haut, em ronchamp, FR. (Fonte: boesiger, 1998)
Fig. 14 - esboos das primeiras reFlexes do arquiteto pei, para a national gallery. (Fonte: lapuerta, 1997)
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Esboar e croquisar desenhar
61-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
Concluses
No seria fcil o ofcio dos gnios das artes,
da pintura, da escultura e da arquitetura se os
mesmos, por dom natural ou por dom adquirido,
no tivessem compreendido desde cedo que todo
desenho nasce de uma imagem.
As informaes do pensamento so imagens;
percebemos o mundo atravs de imagens.
Organizaes, planejamentos, idias, emoes,
palavras e at mesmo o tato, o gosto e o olfato
produzem em nosso crebro milenar imagens.
Portanto, quando se traa uma linha qualquer em
qualquer superfcie, ela resulta de uma imagem,
nem sempre ntida ou precisa, mas certamente
suficientemente clara para disparar o movimento
do brao e da mo atravs de comandos mentais e
reflexos neuro-musculares. O interessante que
este processo, que nasce de uma imagem interior
ao pensamento, gera tanto desenhos abstratos,
racionais e objetivos como concretos, emocionais
e subjetivos. A diferena aqui, entre abstrato e
concreto, reside em fatores lgico-filosficos,
isto : a abstrao, conforme FERREIRA, o ato
de separar mentalmente um ou mais elementos de
uma totalidade complexa para logo julg-los
Figs. 15 e 16 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao da fachada par-cial de uma casa.
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62-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
63-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
e ponder-los, enquanto que as
situaes ou as coisas concretas
referem-se ao enunciado de
coisa ou de representao que se
apresenta de modo completo, tal
como lhe prprio apresentar-se
na sua realidade existencial e que
no sofre julgamentos maiores.
De certa maneira, as explicaes
acima se referem ao modo dual e
simultneo como o crebro funciona
uma referente ao meridiano
esquerdo e outra ao direito.
Contudo, o mais importante de tudo
que foi dito nas linhas acima que
todo desenho, para gerar objetos ou
situaes arquitetnicas, comea com
atitudes e procedimentos racionais
(abstratos e objetivos). Isto ,
inicia sob um julgamento atento e
minucioso de um conjunto de objetos
e formas (por exemplo, os objetos nas
figuras 17 e 18) para depois abstra-
los e reagrup-los objetivamente,
atravs de traos sobre o papel, de
Figs. 17 e 18 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao de um mvel.
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62-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
63-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
maneira que a forma resultante no
se torne um peixe ou um relgio, mas
sim, uma mesa, com portas e espao
para um computador. isto: em
arquitetura, desenhos so a mais fiel
representao do objeto observado.
Por isso, o esboo o meio mais
rpido de se representar um todo
a ferramenta mais ntima
ao pensamento. Suas imagens se
expressam melhor quanto mais rpido
so representadas. Depois, aps
esses instantes iniciais de esboo,
de estudos e de reflexes, por
reduo cartesiana, esses primeiros
traos comeam a ser burilados e
aperfeioados at que o desenho,
agora com aparncia de croqui,
se transforme numa representao
idealizada de um objeto observado.
E, contrariamente a estes aspectos
de realidade, mesmo que esboos
e croquis sejam pertinentes
exclusivamente ao mundo das idias
e dos sonhos - como no caso de
Figs. 17 e 18 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao da fachada de uma casa.
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64-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
novas propostas, novos projetos,
novos planejamentos ou mesmo novos
paradigmas ou novas utopias -
este procedimento esboo-croqui -
reflexivo e escrutinador - mostra-
se efetivo, pois toda percepo
mental, como j dito antes, uma
imagem e esta uma necessidade de
representao.
Enfim, desenhistas e projetistas
da arquitetura, no se desviem;
e vamos relembrar o comentrio
anterior da acadmica Amanda de uma
citao de Alberti, um dos grandes
formadores da arquitetura, em sua
obra De reaedificatoria, de 1485, apud
Lapuerta (1997), que j argumentava:
o papel e a funo do desenho
de dar aos edifcios e s partes
dos edifcios uma composio
adequada, uma proporo exata,
uma organizao apropriada, um
plano harmonioso, de modo que
toda a forma da construo nasa
completamente do prprio desenho.
Organizao e reviso: Ms. Jos Arthur Fell,
Arq. [email protected]
Lista das FIguras de alguns alunos de IAU1
2005.01:
01, 17 e 18 - Felipe Scholl; 03 - Idalise Gottshalk;
04 - Graziela Dienstmann; 05 - Fernanda Alves;
06 - Gabriela Birk; 07 - Liu Hauser; 15 e 16 -
Jssica Castilho; 19 e 20 - Denis Cicarolli. Estes
exemplos aqui apresentados foram escolhidos
por contriburem ao tema apresentado.
Ressalva-se entretanto que outros exemplos de
demais alunos poderiam ser aqui apresentados
no fosse a brevidade deste espao.
REFERNCIAS:
BOESIGER, W. Le Corbusier. So Paulo: Martins
Fontes, 1998
FARIELLO, F. La arquitectura de los jardines:
de la antigedad al siglo XX. Madrid: Mairea-
celeste, 2000.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionrio da lngua
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
LAPUERTA, J. M. El croquis, proyecto y
arquitectura. Madrid: Celeste Ediciones, 1997.
-
64-Bloco(1)
Esboar e croquisar desenhar
-
67-Bloco(1)
Mies 3D
Mies 3DA Casa Farnsworth, modela-da em Vectorworks e renderi-zada no art*lantis. (Acervo do laboratrio)
Casa Farnsworth
Mies 3DExtruses e movimentosno Laboratrio de Computao Grfica
Prof. Ms. Juliano Caldas de Vasconcellos
__________________________________
Desde o segundo semestre do ano de 2002, o La-
boratrio de Computao Grfica do Curso de Ar-
quitetura e Urbanismo da Feevale trabalha nos
exerccios bidimensionais e tridimensionais das
disciplinas de Computao Grfica I e II com a
reproduo de exemplares arquitetnicos de exce-
lncia, reforando a idia de um curso de desenho
digital* inserido em um contexto acadmico.
Dentro do conjunto de exerccios aplicados nes-
tas disciplinas, destacam-se alguns exemplares
da obra de Mies van Der Rohe, como o Pavilho
de Barcelona e a Casa Farnsworth. A preciso
geomtrica, a qualidade dos espaos e a modu-
laridade presente nestes dois exemplos fator
decisivo para que a aplicao dos conceitos de
desenho dentro do computador sejam compreendi-
Mies van Der Rohe visitando a obra da Casa Farnsworth. (Fonte: RILEY, Te-rence. Mies in Berlin. Nova York: Museum of Modern Art, 2002. 392p )
(*) Dentro do Laboratrio
convencionou-se tratar o
desenho feito no computador
dessa forma.
-
68-Bloco(1)
Mies 3D
69-Bloco(1)
Mies 3D
dos j nos primeiros meses de tra-
balho. Nunca demais frisar que
os acadmicos elaboram desenhos
tridimensionais no segundo ms da
primeira disciplina de Computa-
o Grfica I, o que evidencia uma
curva de aprendizado bastante aba-
tida, sendo os exemplares elemen-
tos importantes no rpido processo
de entendimento das ferramentas
disponibilizadas pelos softwa-
res VectorWorks (modelagem 3D) e
Art*lantis (foto-realismo).
O Pavilho de Barcelona foi o exem-
plar pioneiro, utilizado como ava-
liao tanto bidimensional quanto
tridimensional. Na primeira eta-
pa, em qualquer um dos exerccios,
os acadmicos reproduzem a planta
a partir de um desenho em escala,
utilizando ferramentas de parede,
esquadria, escada etc. Com a base
completa e modulada, o prximo pas-
so lanar mo dos comandos de ex-
truso, de pilares e formao pisos
e coberturas, completando a base do
pavilho de barcelona, modelo em Vectorworks. (Acervo do laboratrio)
-
68-Bloco(1)
Mies 3D
69-Bloco(1)
Mies 3D
modelo 3D. Na seqncia, o desenho
exportado para o Art*lantis onde
transparncias, texturas, luzes e
cmeras so adicionadas.
Todo exerccio precedido de uma
apresentao do exemplar a ser de-
senhado, atravs de fotografias,
grficos e panoramas em realidade
virtual (no caso do Pavilho), para
que sejam reconhecidas as partes a
serem graficadas e modeladas.
Outro interessante trabalho de-
senvolvido pelo Laboratrio a
pesquisa e desenvolvimento de de-
senhos e modelos tridimensionais
de obras cujo material est pul-
verizado e/ou incompleto nas pu-
blicaes existentes no acervo. O
caso mais recente do conjunto
habitacional Weienhofsiedlung, em
Stuttgart (1925-27). Nesta obra,
os desenhos existentes foram todos
analisados a partir de 4 fontes
diferentes e re-elaborados digi-
talmente, em 2D e 3D.
Conjunto Weienhofsiedlung, Stuttgart, 1927(Acervo do laboratrio)
-
70-Bloco(1)
Mies 3D
71-Bloco(1)
Mies 3D
Sobre Mies van der Rohe...A obra de Mies van der Rohe se vale tanto
de elementos do De Stijl, no que diz respeito interceptao de planos e volumes , para a forma compositiva, quanto do Sistema Domin, no que se refere caracterstica estrutural.
As principais caractersticas compositivas da obra de Mies eram a elegncia a simplicidade (tambm encontradas no De Stijl). Ele articula planos verticais e horizontais, formando a volumetria desejada.
Na parte estrutural, utilizou em abundncia o Sistema Domin, o que possibilitou as plantas livres, caracterizando a Fluidez dos interiores de Mies. Ainda do Sistema Domin, pde tirar proveito e inspirar-se para compor os delgados pilares metlicos e as fachadas de grandes panos envidraados, o que posteriormente, tornou-se uma das principais caractersticas do Estilo Internacional, do qual foi precursor.
Mies 3D
(fragmento de veriFicao de conhecimentos realizada na disciplina de Teoria e Histria da Arquitetura e Urbanismo II)
-Acad. Thas luft da silva
-
70-Bloco(1)
Mies 3D
71-Bloco(1)
Mies 3D
Cartaz da 1a Expograf, expo-sio multimdia que reuniu grande parte da produo do Laboratrio.
O resultado da produo dos acadmicos que cur-
sam as disciplinas no Laboratrio material
de exposio desde o segundo semestre de 2003.
Em maio deste ano ocorreu a primeira exposio
multimdia, que mostrou no s os trabahos es-
tticos (desenhos e maquetes eletrnicas), como
os vdeos elaborados na disciplina de Computao
Grfica II. Nesta exposio, os trabalhos foram
editados e reunidos em um audiovisual, apresen-
tado no saguo do Prdio Arenito.
Neste segundo semestre de 2005 uma nova eta-
pa do Laboratrio se iniciou, com a abertura da
terceira disciplina de CG (optativa). Esta, avan-
ar ainda mais nas questes do desenho digital,
procurando sempre a representao arquitetnica
precisa e graficamente expressiva, nunca deixan-
do de ter como referncia o desenho tradicional,
sempre to bem empregado por Mies van der Rohe.
o vdeo da exposio foi apre-sentado no saguo do pr-dio arenito. (foto: ana carolina pellegrini)
-
75-Bloco(1)
uma viso antropofgica.
Prof. Ms. Leandro Manenti
_______________________
Muito se discute hoje em dia sobre o perfil
das universidades regionais e seu importante
papel na descentralizao do desenvolvimento,
procurando solues locais para problemas
locais, face s respostas estandardizadas
oferecidas por uma globalizao cada vez mais
massificadora. Porm, no podemos jamais
esquecer o importante papel das trocas culturais
entre os povos no desenvolvimento e afirmao de
Os participantes ao Final do evento.
(1)
-
76-Bloco(1) 77-Bloco(1)
suas prprias culturas. A partir de experincias
externas, podemos lanar luz sobre os nossos
problemas localizados. Neste sentido, acredito que
o Workshop Internacional de Projetao Arquitetnica,
ministrado pelo grupo de pesquisa italiano Cominciare
a Progettare, em uma promoo conjunta dos cursos
de Arquitetura e Urbanismo da Feevale e da
Univates, foi exemplar.
Para um pas onde ainda se est buscando a
construo de uma identidade cultural, da
qual a arquitetura um fator decisivo, a
experincia italiana nos aponta um caminho:
a teorizao baseada na anlise critica da
histria. Seguindo a tradio de tericos
italianos como Vitrvio, Alberti, Palladio2 e
Aldo Rossi, o grupo de estudos da Politcnica
de Torino baseia seu mtodo de projeto na
anlise de precedentes arquitetnicos, buscando
extrair relaes formais do objeto em si e
dele com o entorno, criando um sistema de
composio baseado na articulao de elementos,
por adio, subtrao, sobreposio, etc. e
regrados por relaes de ritmo e propores.
Desta forma, o que acompanhamos nos encontros
foi uma seqncia lgica de exerccios,
-
76-Bloco(1) 77-Bloco(1)
embasados por esta carga terica, ministrada
pelo Professor Marco Trisciuoglio, que, em
seqncia, era colocada em prtica pelos
participantes, com o assessoramento direto
do professor italiano e de sua equipe,
constituda pelas professoras Michela
Barosio, Marcella Graffione e Verena Caetano
da Silveira. O objetivo final do Workshop
era que os participantes desenvolvessem
individualmente uma proposta contempornea
para a reconstruo de uma galeria do sculo
XVII, conhecida como Galleria dello Zuccari,
que fez durante sessenta anos, a ligao
entre o Palazzo Reale e o Palazzo Madama, no
centro histrico da cidade de Torino.
Iniciando pelo estudo do entorno e da
configurao original da Galeria, os
participantes realizaram sucessivos estudos
sobre temas de composio arquitetnica, como
a identificao de ritmos e da partio bsica
de um edifcio em base, corpo e coroamento.
Alm disso, realizaram exerccios de aplicao
de ordens clssicas, que, como havia definido
Alberti no sculo XV, so uma maneira eficaz
de se organizar um projeto, muito antes de
serem meros ornamentos. Todos estes exerccios
-
78-Bloco(1) 79-Bloco(1)
tiveram como objetivo instrumentalizar
os presentes para que desenvolvessem uma
proposta contempornea e livre, porm com
uma fundamentao terica que permitiu mesmo
aos mais iniciantes uma certa segurana
para intervir em um ambiente to distante e
fortemente constitudo.
Paralelo ao Workshop tivemos ainda a palestra
do Prof. Marco Trisciuoglio sobre as diversas
consideraes acerca da forma arquitetnica.
Para ele, a forma arquitetnica segue um
estilo quando considerada como o produto de
uma regra, um cnone, como podemos observar
no exerccio sobre a aplicao das ordens
clssicas propostas por Vignola. J se a
forma arquitetnica resultado de um esquema
de referncia, como observamos nos estudos
de Aldo Rossi, temos o tipo. Agora, se a
forma arquitetnica fruto de uma expresso
pessoal, como muito observamos na arquitetura
contempornea, estamos lidando com linguagens.
Em suma, para o Prof. Marco, temos uma evoluo
da arquitetura que inicia-se no estilo, passa
pelo tipo e chega hoje nas linguagens.
Mas o que levamos, afinal, desta experincia ?
-
78-Bloco(1) 79-Bloco(1)
Ao meu ver, alm de uma bela teoria e de
vocabulrio bsico em italiano, reforamos a
idia de que das coisas nascem coisas3, de que
a arquitetura nasce dela mesma, que o estudo e
a teorizao sobre o que existe a fonte para
a nova arquitetura; contempornea, como no
poderia deixar de ser, porm no alheia ao seu
contexto. Que teorizar uma forma de aprender
arquitetura, e que prticas como esta devem ser
repetidas, seja com presenas internacionais ou
locais, pois exercitar a criatividade essencial
para alunos de arquitetura, seno para todos.
Deglutimos a experincia italiana para aprender,
mais uma vez, que temos que construir nossa(s)
prpria(s) teoria(s) antes que seja tarde, pois
enquanto continuarmos importando cultura nunca
teremos uma arquitetura brasileira contempornea,
atual e contextualizada. Mas onde iremos buscar
nossas referncias? Na Itlia? At podemos
comear por l, ou em qualquer outro lugar, mas
importante que no esqueamos de incluir nossa
prpria histria da arquitetura, j que, se at
o mestre Le Corbusier tentou fazer parte dela,
sinal de que deve ter algum valor.
Tupi, or not tupi that is the question4.
Notas:
1. Verso para Tupi elaborada
pela profA. Ana Carolina
Pellegrini.
2. Permito-me aqui simpliFIcar
e chamar Vitrvio, Alberti
e Palladio de italianos
mesmo no havendo ainda a
constituio de um estado
italiano em seus respectivos
perodos.
3. Ttulo do livro de Bruno
Munari.
4. Manifesto Antropofgico
de Oswald de Andrade.
(fotos deste artigo de lucia-na nri martins)
(desenhos do acervo do curso de arquitetura e urbanismo da feevale)
-
83-Bloco(1)
-estudo das superfcies retilneas
desenvolvveis e no desenvolvveis.
Prof. Marcelo Ferreira
____________________
Apresentam-se, atravs deste trabalho, alguns
experimentos sobre a forma de prottipos e sua
organizao espacial, desenvolvidos como etapa da
disciplina de Geometria Descritiva (GD) Aplicada.
Trata-se de uma srie didtica de exerccios
prticos, fundamentados no conceito das
Superfcies Retilneas Desenvolvveis e no
Desenvolvveis, atravs dos quais se pretende
demonstrar ao aluno o entendimento da boa forma
uma configurao que satisfaa a procura
da unidade, do equilbrio e criar um senso
crtico no campo da percepo visual.
A superfcie, como chamado o resultado do
trabalho, considerada na sua acepo plstica
visual, examinando-se algumas relaes entre os
princpios de sua organizao perceptiva e sua
-
84-Bloco(1) 85-Bloco(1)
apreenso estrutural.
Esta apreenso no
tratada segundo
o enfoque rigoroso
dos clculos estruturais. ,
sim, abordada no seu plano
emprico-estrutural, utilizando-
se procedimentos de estudos
experimentais, visto que os alunos
em questo esto no incio do Curso
de Arquitetura e Urbanismo, ainda
sem o domnio dos fundamentos de
esforos estruturais.
Os estudantes,
entretanto, contam
com o auxlio
do professor da
disciplina, que atua
como orientador.
Este exerccio no intenciona
equacionar a forma plstica das
superfcies, sobretudo no aspecto
da criao. Desenvolve-se no campo
da aplicao dos conhecimentos
geomtricos que possam ser
averiguados no resultado final.
ETAPAS DO EXERCCIO
As questes trabalhadas pelo
exerccio so as seguintes:
1. Anlise e aplicao dos
conhecimentos adquiridos na
disciplina, atravs de propostas
projetos - desenvolvidos pelos
alunos. importante ressaltar
que neste estgio do trabalho o
aluno tem livre escolha de cores e
materiais que sero utilizados na
sua proposta.
2. Montagem de maquetes em escala
reduzida para a percepo da
forma, a fim de que os estudantes
entendam por que h superfcies
que se unificam e se integram
plasticamente enquanto outras no
correspondem ao objetivo proposto,
e verificao da adequao dos
materiais a serem utilizados na
montagem do trabalho final.
3. A montagem das maquetes em escala
natural, a fim de que se propiciem
-
84-Bloco(1) 85-Bloco(1)
condies adequadas manifestao do potencial
criativo e do senso esttico-estrutural, alm da
anlise final do processo como um todo.
Considerando o conjunto de resultados, o fato de
a maioria das superfcies terem versado sobre
arranjos das formas mais bsicas - conides,
piramidais significativo, sobretudo porque
a livre escolha das formas facultada aos
alunos possibilitaria uma diversidade maior.
Nesse contexto, a linha de estudo esttico
experimental se apresenta como um efetivo e
produtivo apoio ao processo ensino-aprendizagem.
Pode-se perceber um possvel denominador comum
entre a percepo, a estruturao espacial e
a anlise crtica da forma e sua organizao,
conforme indicam os exerccios j realizados.
Atravs deste trabalho prtico proposto para o
estudo das Superfcies Retilneas Desenvolvveis
e no Desenvolvveis, os alunos comeam a
adquirir conhecimento e subsdios que lhe
permitam criticar seus prprios trabalhos, a fim
de apurar sua exigncia rumo a um progressivo
aperfeioamento qualitativo no que se refere aos
aspectos formais e compositivos de seus futuros
trabalhos acadmicos.
(As fotograFIas deste artigo so de autoria do professor Marcelo Ferreira).
-
89-Bloco(1)
Pink Floyd
Another Brick
In The Wall
Daddys home cross the Ocean.
Leaving just a memory.
The snapshot in the Family album.
Daddy what else did you leave for me?
Damn It! What did you leave behind for me?
All in all it was just a brick in the wall.
All in all it was all just bricks in the wall.
We dont need no education.
We dont need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Teacher leave the kids alone.
Hey, teacher leave the kids alone!
All in all its just another brick in the wall.
All in all youre just another brick in the wall
We dont need no education.
We dont need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Teachers leave those kids alone.
Hey, Teacher leave those kids alone!
All in all youre just another brick in the wall.
All in all youre just another brick in the wall.
Diante de um novo sculo, pre-
ciso repensar sobre o processo de
aprendizagem e criar novas idias,
atravs das quais possvel quebrar
a muralha (The Wall Pink Floyd)
entre o saber e o aprendizado, entre
o professor e os estudantes.
A dinmica des-
se nosso tem-
po moderno, j
foi apresenta-
do por Charles
Chaplin no seu
filme Tempos
Modernos, em
que o homem ten-
ta acompanhar o
Prof. Ms. Reginaldo Macednio da Silva
__________________________________
- uma forma de integrao entre
aprendizagem e tecnologia.
-
90-Bloco(1) 91-Bloco(1)
ritmo de produo e a evoluo das
mquinas. Hoje temos vrios exem-
plos de uma grande evoluo e des-
se nosso tempo moderno, como a
internet, o telefone celular, o GPS
(sistema de posicionamento global)
entre outros.
Na docncia, evolumos do giz para
o projetor multimidia, do mime-
grafo para a impressora a laser e da
pesquisa em livros de papel, para a pesquisa no
meio digital, atravs do qual possvel entrar
em diversas bibliotecas e acessar diversos li-
vros, em diversas lnguas e em diversos pases.
A rea de topografia evoluiu muito em termos de
equipamentos, com as estaes totais (Total Sta-
tion), GPS (Sistema de Posicionamento Global) e
os novos computadores, cada vez mais rpidos, em
seu processamento de dados e em sua capacida-
de de armazenamento. J em termos de software,
tivemos uma grande evoluo com o surgimento de
muitos aplicativos na rea de topografia, melho-
rando a possibilidade de escolha, contribuindo
para um melhor aprendizado.
Na docncia, evolumos do giz para
o projetor multimidia, do mime-
grafo para a impressora a laser e da
pesquisa em livros de papel, para a pesquisa no Nivelamento da estao total
-
90-Bloco(1) 91-Bloco(1)
Diante de toda essa evoluo, nada
melhor do que o professor evoluir e
criar novos procedimentos adequados
a esse novo mundo que nos cerca.
Na disciplina de Topografia, do
Curso de Arquitetura e Urbanismo,
criou-se, nesse semestre, uma GIN-
CANA, como uma forma de integrao
entre professor e os estudantes e
entre o aprendizado e a tecnologia,
aplicando-se uma nova dinmica no
processo de aprendizagem.
A participao dos alunos foi fun-
damental para a execuo desse
mtodo, atravs do qual pode-se
despertar o interesse pelos equipa-
mentos e juntar as aulas tericas
com o aprendizado na prtica.
A GINCANA teve como objetivo o uso
de equipamentos, como a Estao
Total e o GPS, e tornou possvel
a unio entre a teoria prtica,
fora da sala de aula.
Implantao dos pontos no Campus II para a gincana de GPS
Local do ponto, noite...
-
92-Bloco(1)
Trabalhando com a Estao Total, os alu-
nos tiveram que nivelar o equipamento,
usando as informaes aprendidas em sala
de aula e nas aulas prticas e, nesse
caso, pde-se observar um maior interesse
devido competio entre eles.
J para o uso do GPS, eles utilizaram a
informao de coordenadas de pontos, que
foram distribudos no Campus II da Fee-
vale, sem saberem onde tinham sido colo-
cados esses pontos. Apenas com a utilizao do
GPS eles puderam seguir as coordenadas para sua
localizao.
No final da GINCANA, quem atingiu o menor tempo
entre as duas etapas ganhou um acrscimo em sua
nota final.
Dessa forma pde-se observar que a integrao
entre tecnologia e aprendizado pode ser estimu-
lada de maneira diferente, atingindo-se o ob-
jetivo final, que compreender as informaes
apresentadas em sala de aula. O professor pode,
portanto, explorar essas atividades como uma
nova ferramenta no processo de ensino.
Integrao entre os acadmicos!
(fotos deste artigo de auto-ria de reginaldo macednio da silva)
-
92-Bloco(1)
-
Concurso Design Brasil
95-Bloco(1)
Concurso Design BrasilProf. Suzana Vielitz de Oliveira
____________________________
Numa iniciativa dos Cursos de
Arquitetura e Urbanismo e Design da
FEEVALE, foi elaborada uma atividade
interdisciplinar muito interessante: O
CONCURSO PR-DESIGN SOCIAL.
Os alunos do Curso de Design j vinham
participando, desde o 1 semestre de
2005, de vrios concursos nas mais
diversas reas do Design, dentre elas:
de mveis como o MACISA, ou HETTISCH
International, ROMMANEL de jias, ABRE
de embalagens, como tambm havia alguns
alunos interessados no concurso DESIGN DE
CARTER SOCIAL. Aps a leitura do edital,
verificou-se que a Instituio s poderia
enviar 5 trabalhos e, a partir disso, Maria Rita e Leonardo,
premiados.
-
Concurso Design Brasil
96-Bloco(1)
Concurso Design Brasil
97-Bloco(1)
surgiu a idia de promover o concurso interno,
de modo a proceder de forma democrtica e justa
na escolha dos representantes.
Neste momento, havia 23 alunos trabalhando e
propondo com idias e assessorando no Centro
de Design, alm dos estudantes do Curso de
Arquitetura e Urbanismo, que buscaram orientao
junto ao colegiado do seu curso.
A atividade interdisciplinar se fez necessria e
foi de grande interesse para efetivar o contato
entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo e
Design em reas nas quais suas atribuies se
sobrepem e complementam.
Os alunos dos dois cursos citados manifestaram
interesse em participar do concurso Design de
Carter Social, o qual necessitava de orientao
tcnica especfica, acompanhamento dos projetos,
bem como orientao e incentivo final para o
envio de todo o material.
Por esses motivos, entendeu-se que o mais
adequado seria realizar a atividade em conjunto,
de forma a dar mais peso participao da
Instituio, havendo possibilidade de envolver
ANA CAROLINA OLIVEIRA DA FONSECA e MRCIA BEATRIZ WINGERT, do Curso Arquitetura e Urbanismo e MANUELE PETRY, do Curso de Design.
-
Concurso Design Brasil
96-Bloco(1)
Concurso Design Brasil
97-Bloco(1)
colegas, divulgar o que acontece nos cursos e
apoiar os participantes.
A comisso organizadora do Concurso Pr-
Design Social, formada pelos professores Ana
Carolina Pellegrini (Arquitetura e Urbanismo),
Victor Baptista (Design) e Suzana Vielitz de
Oliveira (Design) elaborou um edital interno,
que foi divulgado aos alunos. Os estudantes
receberam a ajuda da comisso interna, que
esteve disposio para dirimir dvidas,
orientar, conduzir da melhor maneira todos
os trabalhos. Alm disso, os professores
envolvidos determinaram e divulgaram os
prazos, organizaram o evento de julgamento e
premiao interna e, finalmente, acompanharam
os classificados at os ltimos momentos quando
tudo foi embalado e postado.
Foram entregues, no dia 20 de junho de 2005,
nove trabalhos, dos quais quatro contemplavam
a categoria veculo para coleta de materiais
reciclveis, e cinco, a categoria mobilirio
urbano para stios protegidos pelo patrimnio
histrico. Os critrios levados em conta para o
julgamento foram pertinncia ao tema, coerncia
entre forma e funo, escala e propores
-
Concurso Design Brasil
98-Bloco(1)
Concurso Design Brasil
99-Bloco(1)
adequadas, ergonomia, informaes como memorial
descritivo, material adequado, aspectos de
preservao de patrimnio ou leveza, agilidade,
exeqibilidade. A comisso julgadora decidiu
por premiar dois trabalhos de cada categoria.
Foram selecionados, na categoria veculo, o
trabalho de JORGE RECHMANN MELLO do curso
de Design, orientado pelos professores Victor
Baptista e Suzana Oliveira, e o trabalho do grupo
formado pelos alunos ALBERTO GISMOND SCHFFER,
EVANDRO ALBRECHT e MARLENE TEREZINHA C. BECK,
da disciplina de Projeto I, orientados pelo
professor Everton do Amaral, do Curso de Design.
Na categoria mobilirio urbano, foram
selecionados os trabalhos do grupo
interdisciplinar formado pelas alunas ANA
CAROLINA OLIVEIRA DA FONSECA