bloco (1)

298

Upload: juliano-vasconcellos

Post on 22-Jul-2016

252 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

O Bloco é o livro do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Feevale.

TRANSCRIPT

  • dobr

    a

    dobr

    a

    dobra dobrado

    bra

    dobr

    adobra dobra

    espiral deste lado

  • www.feevale.br arquitetura

    espiral deste ladoATENO!

  • Escola: _______________________

    CURSO: ________________________

    NOME: _________________________

    Arquitetura & Urbanismo

    Feevale

  • 2-Bloco(1)

  • 2-Bloco(1)

    Associao Pr-Ensino Superior em Novo Hamburgo - ASPEURCentro Universitrio Feevale

    Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil

    2005

  • 4-Bloco(1) 5-Bloco(1)

    PRESIDENTE DA ASPEURArgemi Machado de Oliveira

    REITOR DO CENTRO UNIVERSITRIO FEEVALERamon Fernando da Cunha

    COORDENAO EDITORIALInajara Vargas Ramos

    REALIZAOInstituto de Cincias Exatas e TecnolgicasCurso de Arquitetura e Urbanismo

    EDITORA FEEVALECelso Eduardo Stark - CoordenaoMaiquel Dlcio Klein - Analista de EditoraoFabula Zimmer - Assistente de EditoraoSabrina Martins - Assistente de Editorao

    CAPAJuliano Caldas de VasconcellosFoto da fachada do Prdio Arenito: Ana Carolina Pellegrini

    EDITORAO ELETRNICAAna Carolina PellegriniJuliano Caldas de Vasconcellos

    REVISOAna Carolina PellegriniJuliano Caldas de Vasconcellos

    IMPRESOGrfica Nova Prova

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Centro Universitrio Feevale - RS/Brasil

    Bibliotecria responsvel: Llian Amorim Pinheiro CRB 10/1574

    Editora Feevale - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - proibida a reproduo total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos do autor (Lei n 9.610/98) crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

    CENTRO UNIVERSITRIO FEEVALECampus I: Av. Dr. Maurcio Cardoso, 510 - CEP: 93510-250 - Hamburgo Velho - Novo Hamburgo - RSCampus II: RS 239, 2755 - CEP: 93352-000 - Vila Nova - Novo Hamburgo - RSFone: (51) 3586.8800Site: www.feevale.br

    Bloco (1): penso, logo registro / Organizadores: Ana Carolina Pellegrini, Juliano Caldas de Vasconcellos. Novo Hamburgo : Feevale, 2005.295 p. ; 21 cm.

    ISBN 85-86661-96-1

    l. Arquitetura Estudo e ensino 2. Computao grfica 3. Tecno-logia 4. Desenho (Projetos) I. Pellegrini, Ana Carolina II. Vasconcellos, Juliano Caldas de

    CDU 72

  • 4-Bloco(1) 5-Bloco(1)

    Agradecimentos:

    Nossos agradecimentos aos acadmi-

    cos Bernard Piccoli, Laura Moura e

    Thas Luft da Silva, estagirios do

    Laboratrio de Projetos e do Labo-

    ratrio de Computao Grfica, que

    colaboraram em diferentes etapas

    do processo de edio, e aos cole-

    giados do Curso de Arquitetura e

    Urbanismo do Centro Universitrio

    Feevale e do Instituto de Cincias

    Exatas e Tecnolgicas, que acolhe-

    ram de braos abertos a proposta

    desta publicao, especialmente aos

    professores Alessandra Brito,

    Leandro Manenti e Luciana Martins,

    fiis apoiadores deste projeto.

  • 6-Bloco(1) 7-Bloco(1)

  • 6-Bloco(1) 7-Bloco(1)

    Apresentao

    Projetar o verbo do arquiteto.

    Ainda que o objeto de nossa profis-

    so seja a idia materializada, sua

    realizao parte sempre da premis-

    sa do projeto. Um projeto idealiza-

    do por arquitetos, entretanto, no

    se limita ao planejamento de edifi-

    caes ou cidades. Esta publicao

    prova disso.

    Bloco(1) a realizao de uma idia

    que nasceu no incio do ano de 2005

    nos corredores do nosso jovem Pr-

    dio Arenito, onde se concentram as

    aulas de nosso tambm jovem Curso

    de Arquitetura e Urbanismo.

    Mais do que o resultado tangvel,

    o projeto Bloco(1) almeja a socia-

    lizao da produo intelectual de

    nossos alunos e professores e o

    intercmbio de informaes entre os

    demais cursos do Centro Universi-

    trio Feevale, entre outras escolas

    e com a sociedade em geral.

    Le Corbusier: bloco de notas registro histrico sobre o projeto do edifcio-viaduto para o rio de janeiro em 1936. (CORBUSIER. Rio de Janeiro 1929 1936. Rio de Janeiro: C.A.U.R.J., 1999. 1 disco laser)

  • 8-Bloco(1) 9-Bloco(1)

    O ponto de partida para esta publi-

    cao foi o bloco de anotaes. En-

    quanto o jogo de esquadros, o com-

    passo, a rgua paralela e outros

    apetrechos que figuravam sobre a

    mesa de trabalho do arquiteto fo-

    ram, com o passar do tempo, ceden-

    do espao aos recursos da computa-

    o grfica, o bloco e a lapiseira

    continuam a acompanhar os profis-

    sionais e estudantes de arquitetura

    no seu cotidiano. O bloco do arqui-

    teto se abre com agilidade para o

    registro de croquis, poemas, breves

    relatos, recortes, fotografias...

    Memrias e esboos que podero

    sair do papel para colorir a vida.

    Penso, logo registro: este o

    conceito da Bloco(1). Uma compila-

    o de idias e reflexes sobre as

    atividades de nosso curso, assuntos

    pertinentes arquitetura, ao ur-

    banismo e aos temas que cercam a

    profisso do arquiteto. Alguns mais

    elaborados, outros ainda incipien-

    tes, os pensamentos assumem a for-

    ma de imagens e palavras e vm a

    pblico visando, principalmente, a

    instigar a discusso a respeito de

    nossas atividades acadmicas e dos

    rumos da escola que queremos con-

    tinuar a construir. Bloco(1) refle-

    te, portanto, o perfil do Curso de

    Arquitetura e Urbanismo do Centro

    Universitrio Feevale.

    Para que esta publicao fosse

    possvel, contamos com a ajuda de

    estudantes e professores, todos os

    que se dispuseram a enviar seus

    textos e imagens em tempo hbil,

    o que resultou na reunio de um

    material heterogneo, composto de

    variados assuntos, que, revela a

    interdisciplinaridade como forte

    determinante do perfil da Bloco(1).

    Na medida em que os textos foram

    chegando at ns, o material a ser

    publicado foi se dividindo, natu-

    ralmente, em duas partes: a pri-

    meira, mais descontrada na forma

    e no contedo, apresentada no

  • 8-Bloco(1) 9-Bloco(1)

    formato vertical e traz as contri-

    buies relacionadas s experin-

    cias que envolvem diretamente os

    estudantes. Nesta primeira parte,

    o leitor poder compartilhar com

    os integrantes do curso algumas

    das etapas de sua breve histria,

    como viagens de estudo, ativida-

    des desenvolvidas em laboratrios,

    trabalhos de aula e experincias

    extracurriculares. Para finalizar

    este trecho, surgem os passatem-

    pos: os jogos so um pretexto para

    abordar a arquitetura de forma l-

    dica. Apresentam alguns desafios

    arquitetnicos, os quais pretendem

    incluir os diversos perfis de lei-

    tores, desde os iniciantes na ar-

    quitetura at os mais experientes.

    J a segunda parte para ser lida

    no formato convencional e rene a

    produo intelectual de integrantes

    do corpo docente e discente da Fe-

    evale, alm da colaborao de cinco

    arquitetos convidados: Andra Soler

    Machado, Csar Wagner, Clovis Ilgen-

    fritz da Silva, Tiago Holzmann da

    Silva e Vinicius Netto, cujos textos

    versam sobre suas respectivas pales-

    tras, ministradas em diferentes mo-

    mentos da histria do curso e esto

    organizados em ordem cronolgica.

    Em seguida, novamente a prata da

    casa: as contribuies percorrem

    fragmentos de dissertaes de mes-

    trado, teses de doutorado, impres-

    ses de viagens, reflexes sobre

    questes histricas ou contempor-

    neas da arquitetura e do urbanismo.

    Bloco(1) o produto de um esforo

    conjunto para atingir nossa perma-

    nente meta de arquitetos-professo-

    res: o comprometimento com o ensi-

    no da arquitetura e do urbanismo.

    Temos a convico de que aprender

    pode e deve ser prazeroso. Acre-

    ditamos que a atividade acadmica

    pode e deve ser estimulante. Por-

    tanto, podemos e devemos oferecer

    alternativas para a socializao do

    conhecimento que proporcionem, alm

  • 10-Bloco(1) 11-Bloco(1)

    do intercmbio de informaes, al-

    guns momentos de diverso. Este

    o primeiro passo. Esperamos poder

    chegar ainda mais longe.

    Ana Carolina Pellegrini e Juliano

    Caldas de Vasconcellos.

  • 10-Bloco(1) 11-Bloco(1)

    Viajar preciso

    vivenciar a arquitetura tambm .............. 13

    Laboratrio de Projetos

    Experimentando a Arquitetura ................ 23

    Um olhar fotogrfico na Arquitetura ....... 41

    Esboar e croquisar desenhar............ 51

    Mies 3D

    Extruses e movimentos no Laboratrio de Compu-

    tao Grfica............................... 67

    Uorquixpi

    Uma viso antropofgica..................... 75

    GD Real................................... 83

    Gincana

    Uma forma de integrao entre aprendizagem e

    tecnologia.................................. 89

    Concurso Design Brasil.................... 95

    Passatempos...............................103

    Sumrio

    Bloco vertical

    M

    arg

    ina

    is d

    o B

    loco

    - C

    roq

    uis

    de

    Le C

    orb

    us

    ier,

    Os

    car

    Niem

    eyer

    , Ric

    hard

    Ro

    ger

    s, A

    ldo

    Ro

    ss

    i e o

    rga

    niz

    ad

    ore

    s

  • 12-Bloco(1)

  • 13-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    A palavra viagem, segundo o dicionrio Aur-

    lio, ato de ir de um lugar a outro mais ou

    menos afastado . Confesso que fiquei um pouco

    decepcionada com o conceito, j que esta pa-

    lavra, no meu ponto de vista, repleta outros

    de significados alm do simples deslocamen-

    to. Para mim, viajar descobrir novos lugares,

    sentir novas sensaes, outros aromas e sabo-

    res... Algum j disse que viajar viver e eu

    concordo plenamente! Como em todos os grandes

    acontecimentos felizes (casamentos, formaturas,

    nascimentos...) a viagem envolve o antes, du-

    rante e depois. So trs etapas bem distintas,

    mas cada uma com o seu valor.

    A preparao da viagem muito estimulante, pois

    diante das vrias opes de descobertas de um

    novo lugar podemos fazer um menu personaliza-

    do, isto , selecionar os locais de interesse

    pessoal ou aqueles que possuem um maior signi-

    ficado para ns. Considero esta etapa como se

    fosse a de uma preparao psicolgica e emo-

    VIVENCIAR A ARQUITETURA TAMBM

    VIAJAR PRECISO

    Prof. Ms. Alessandra Brito

    ________________________

    Registros da viagem mais recente. Braslia/DF Julho-2005

    (FOTOs: alison silva)

  • 14-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    15-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    cional para o que vamos encontrar. Tambm tem

    um pouco daquele sentimento de no deixar nada

    importante para trs, dar o verdadeiro senti-

    do ao que vamos ver com o intuito de saborear

    cada lugar e momento com os cinco sentidos e

    no atravs da fotografia revelada. Fiquei im-

    pressionada quando visitei o Louvre e vi cente-

    nas de turistas olhando as obras de arte atravs

    das lentes das cmaras fotogrficas e correndo

    atrs da guia que falava e andava rapidamente

    diante daquelas maravilhas. Aquele momento foi

    apenas registrado mas, com certeza, no foi

    verdadeiramente vivenciado.

    Entretanto, o mais fascinante de tudo

    que, por mais que a etapa de preparao

    seja feita de maneira muito detalhada e

    profunda, o durante sempre nos apre-

    senta surpresas e experincias ines-

    quecveis... s vezes boas, s vezes

    ruins, mas faz parte!!. Por mais que

    tentemos imaginar e pesquisar os locais

    a serem visitados, nunca conseguimos

    ter a verdadeira dimenso do que va-

    mos encontrar. Alm disso, cada pessoa

    sente o espao de um jeito diferente: o contexto,

    as companhias, a escala, as experincias de vida Lembranas da viagem a So Paulo!

  • 14-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    15-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    pintam um qua-

    dro nico que

    fica impregnado

    na lembrana. Nem

    sempre os lugares

    mais badalados ou

    exuberantes so os

    que mais impres-

    sionam.

    s vezes, pe-

    quenos momentos ou locais, geralmente aqueles

    no fotografados, so os que ficam para sempre

    na memria. Parece que sou contra a

    fotografia, n?! Mas no isso...

    adoro tirar e ver as fotografias

    das minhas viagens para reviver os

    momentos inesquecveis. Mas, o que

    tenho observado que as fotografias

    possuem muito mais significado para

    ns (viajantes) do que para as pessoas

    para as quais mostramos, acredito que justa-

    mente por causa daquele significado que co-

    mentei inicialmente, que nico e particular

    de cada um.

    Alm disso, a gente nunca volta a mesma pessoa

    de uma viagem, pois os nossos horizontes e

    Mapa do sul do Uruguai, a primeira

    viagem internacional.

    Antnio Prado e arredores...

    quenos momentos ou locais, geralmente aqueles

  • 16-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    17-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    cultura so ampliados, algumas barreiras e pre-

    conceitos so transpostas, amizades so consoli-

    dadas, o sentimento de patriotismo e/ou bair-

    rismo so exacerbados. Nos damos conta de quo

    pouco sabemos e conhecemos, sem falar naquela

    vontade de quero mais...

    Para onde vamos na prxima vez?

    Gosto muito de um trecho do livro Mar sem fim

    do navegador Amyr Klink, que exprime muito bem

    o verdadeiro sentido de uma viagem:

    ... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa

    viajar. Por sua conta, no por meio de hist-

    rias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por

    si, com seus olhos e ps, para entender o que

    seu. Para um dia plantar as suas prprias

    rvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para

    desfrutar do calor. E o oposto ... Um homem

    precisa viajar para lugares que no conhece

    para quebrar essa arrogncia que nos faz ver

    o mundo como o imaginamos, e no simplesmente

    como ou pode ser; que nos faz professores e

    doutores do que no vimos, quando deveramos

    ser alunos, e simplesmente ir ver.

    Nesta tica de ser um eterno aprendiz, de apren-

    der com o que se v e de vivenciar a arquitetura,

    Reproduo da lista de estudantes presentes na primeira viagem.

  • 16-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    17-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    o curso de Arquitetura e Ur-

    banismo da Feevale iniciou em

    2002/2 as suas viagens de

    estudo.

    A primeira viagem

    foi singela em ter-

    mos de distncia e

    nmero de alunos

    (aproximadamen-

    te 18), mas fun-

    damental para

    dar o start neste processo. O roteiro foi o

    centro histrico de Porto Alegre/RS. A partir

    desta visita, surgiu aquele gostinho de quero

    mais falado anteriormente, e os prprios alu-

    nos j cobravam quando seria a prxima viagem.

    Em 2003, as cidades escolhidas foram Pelotas/RS

    (no primeiro semestre), alm de So Paulo/SP e

    Curitiba/PR (no segundo semestre), apro-

    veitando a 5 Bienal Internacional de

    Arquitetura de So Paulo. A visita Bie-

    nal j rendeu frutos, visto que um grupo

    de alunos participou este ano do Concurso

    Internacional de Escolas de Arquitetura e

    foi selecionado!Performance

    em frente ao

    parlamento uruguaio.

    (FOTOS: ANA CAROLINA PELLEGR

    INI)

  • 18-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    19-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    A turma que participou de

    ambas as viagens j era

    maior, em mdia 35 alunos e

    5 professores. J no era

    necessrio nem muita di-

    vulgao, pois os alunos

    j se articulavam para

    participar. Instituiu-se,

    ento, a prtica de ofe-

    recer duas viagens por

    ano, uma de curta e outra

    de longa durao. Em 2004, as cidades escolhidas

    foram Antnio Prado/RS, para conhecer a arqui-

    tetura italiana e contempornea da

    cidade, e a primeira viagem interna-

    cional, incluindo as cidades de Mon-

    tevidu, Colnia e Punta Del Este, no

    Uruguai. Desde Pelotas, tambm ins-

    tituiu-se a incluso no roteiro das

    viagens o contato com os cursos de

    Arquitetura e Urbanismo locais e/ou

    com arquitetos cuja produo arquite-

    tnica fosse significativa na cidade.

    Acreditamos que isto refora o carter

    da viagem de estudo e possibilita

    novos contatos e oportunidades entre institui-

    es e cursos.

    A turma que participou de

    ambas as viagens j era

    maior, em mdia 35 alunos e

    5 professores. J no era

    necessrio nem muita di-

    foram Antnio Prado/RS, para conhecer a arqui-

    Acreditamos que isto refora o carter

    Avenida Paulista dominada.

    (FOTO: luis fabiano de lima)

    registro do masp.

    (FOTO:maria rita soares)

  • 18-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    19-Bloco(1)

    VIAJAR PRECISO

    Em 2005 o roteiro escolhido para a viagem de

    longa durao foi o centro-oeste brasileiro:

    Goinia, Braslia, Belo Horizonte, Ouro Preto e

    Mariana e, para o futuro, intercmbios

    internacionais.

    Depois de participar das cinco primeiras via-

    gens, posso dizer que, a cada ano, foram

    melhorando de qualidade. Os conhecimentos

    adquiridos, os momentos e lugares comparti-

    lhados, as pessoas que conhecemos, as festas

    que fizemos (no nibus, nos bares, nas pra-

    as), as msicas que cantamos e tocamos (a

    pipa do vov no sobe mais, Ser - do Legio

    Urbana) e os jarges recitados (ningum mere-

    ce, h) criaram uma amizade e integrao mui-

    to saudveis entre corpo docente e discente

    que, como diz aquela propaganda de carto de

    crdito, no tem preo!

    Do meu tempo de estudante de arquitetura, as

    viagens de estudo foram alguns dos bons mo-

    mentos que guardo na memria e que hoje es-

    tou tendo a grata oportunidade de vivenciar

    e compartilhar novamente, desta vez, no papel

    de professora!

  • -experimentando a arquitetura

    Prof. Ms. Ana Carolina Pellegrini

    ______________________________

    A palavra laboratrio, sem dvidas, inspira

    respeito. Quando se quer atribuir credibilidade

    a um produto numa campanha publicitria, ou

    quando se quer ratificar a confiabilidade de uma

    pesquisa cientfica, l vem ele: o laboratrio.

    Testes de laboratrio comprovam...

    Segundo o Dicionrio Aurlio, em sua primeira

    definio, laboratrio o lugar destinado ao

    estudo experimental de qualquer ramo da cincia,

    ou aplicao dos conhecimentos cientficos

    com objetivo prtico (exame e/ou preparo de

    medicamentos, fabricao de explosivos, exame

    de lquidos e tecidos do organismo, etc.). At

    o final da primeira parte, concordo plenamente.

    Mas o contedo entre os parnteses... ser que

    ele o responsvel pelo senso comum costumar

    relacionar a palavra apenas a reas como

    qumica, biologia, medicina, etc.? A quarta

    definio apresentada por Aurlio me parece mais

    adequada, mas vem com um alerta j no comeo:

    Laboratrio de Projetos

  • 24-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    25-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    Fig, indicando que o sentido figurado.

    Talvez, por isso mesmo, eu a considere mais

    interessante. Expressar-se no sentido figurado

    no to fcil como parece... portanto,

    a vai: Teatro de notveis operaes ou

    transformaes.

    Ser que nosso Laboratrio de Projetos um

    laboratrio no sentido figurado?

    Recorri novamente ao dicionrio:

    figurado. Adj. 1. Em que h figuras ou

    alegorias; metafrico, tropolgico. 2. Alegrico,

    imitativo; representado. 3. No existente;

    hipottico, suposto. 4. Diz-se de dana popular

    ou de salo com passos e marcaes variados,

    movimentados.

    Bem, j de primeira, um alento: adjetivo e, de

    acordo com o que se costuma aprender na escola,

    um adjetivo confere qualidade a alguma coisa

    (ainda que seja no sentido figurado)... J a

    terceira definio me deixou bastante insegura,

    e a quarta, evidentemente, est se referindo a

    outro assunto.

    Cheguei concluso, ento, de que nosso

    Laboratrio de Projetos as duas coisas: Um

  • 24-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    25-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    S.m. substantivo masculino e um S.m.Fig.

    Afinal de contas, fazemos cincia, aplicamos

    conhecimentos cientficos com objetivo prtico

    e temos buscado, modstia parte, produzir

    notveis operaes e transformaes.

    Para quem no conhece, o Laboratrio de Projetos

    do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro

    Universitrio Feevale um projeto vinculado

    a um programa de extenso chamado Arquitetura

    Comunitria. Coordenado por mim, conta, neste

    momento, com dois professores colaboradores -

    Prof. Juliano Vasconcellos e Prof Alessandra

    Brito - e dois estagirios Bernard Piccoli e

    Thas Luft da Silva.

    Inicialmente, o Laboratrio de Projetos se

    chamava Escritrio Modelo. Entretanto, na medida

    em que se foi delineando mais precisamente o

    perfil e a vocao do projeto, o nome trocou.

  • 26-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    27-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    Enquanto um Escritrio Modelo est, geralmente,

    mais voltado prestao de servios, o

    Laboratrio de Projetos desenvolve atividades

    essencialmente direcionadas ao crescimento

    acadmico. claro que, uma vez vinculados

    a um programa de extenso, fundamental

    que voltemos nossos olhares, tambm, para a

    comunidade. E o que temos procurado fazer.

    Partindo da premissa de colaborar exclusivamente

    com grupos coletivamente organizados e

    comprovadamente carentes, a primeira comunidade

    com a qual o Laboratrio de Projetos trabalhou

    foi a Horta Comunitria Joanna De ngelis, em

    Novo Hamburgo. A Horta, como conhecida na

    regio, no apenas uma horta, mas sim, uma

    instituio sem fins lucrativos, que beneficia

    crianas, jovens e adolescentes carentes, os

    quais participam, fora de seu horrio escolar, de

    cursos de informtica, floricultura e artesanato.

    Naquela oportunidade, no final do ano de 2003,

    o Laboratrio de Projetos ainda no tinha

    estagirios e contava com a disposio de

    estudantes voluntrios, os quais desenvolveram

    com a orientao de professores, estudos para

    a implantao de um espao de lazer para os

  • 26-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    27-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    adolescentes e jovens

    da Horta. O trabalho

    contemplou visitas

    ao local, reunies

    com a coordenao da

    instituio, dinmicas

    de grupo com os adolescentes, levantamento

    planialtimtrico do terreno e, finalmente,

    o desenvolvimento do estudo preliminar para

    o projeto da rea de convvio, que contar

    com arquibancadas, pista de skate, palco para

    apresentaes, mesas de jogos, alm de um

    pequeno estdio de rdio.

    No ano de 2004, o Laboratrio de Projetos foi

    procurado pela associao de moradores da Vila

    Martin Pilger, que se situa ao lado do Campus

    II do Centro Universitrio Feevale. Depois de

    algumas reunies, procedeu-se o levantamento

    planialtimtrico de toda a rea ocupada pela

    vila, com vistas a auxiliar a comunidade na

    composio da documentao necessria ao

    encaminhamento judicial da regularizao

    dos terrenos, que no so de propriedade

    dos moradores. O Laboratrio realizou, ainda

    em parceria com a associao da vila, numa

    atividade conjunta com a Agncia de Comunicao

  • 28-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    29-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    da Feevale (AGECOM), levantamento e estudo

    para compartimentao e reforma do galpo

    da associao de moradores, que vinha sendo

    utilizado para atividades com as crianas da

    comunidade, mas no apresentava condies

    salubres de ocupao.

    Outra comunidade com a qual

    o Laboratrio trabalhou,

    tambm com vistas

    colaborao no levantamento

    das condies de ocupao

    do lugar e da regularizao

    dos lotes, foi a chamada

    Grande Gala. O objeto do trabalho tratava-se

    de uma antiga fbrica de calados abandonada,

    que, h muito, foi ocupada pelos ex-funcionrios

    a empresa. Para adequarem o local moradia,

    lotearam o galpo da fbrica sob a forma

    de pequenos apartamentos e ali permaneceram

    durante dcadas at que, atualmente, o edifcio

    de madeira encontra-se a ponto de ruir e deixar

    pelo menos dez famlias desabrigadas. Alm dos

    moradores do prdio, h novas residncias que

    foram construdas no entorno da antiga fbrica,

    as quais formaram uma vila informal que, agora,

    carece de regularizao.

  • 28-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    29-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    Importante salientar que os levantamentos

    topogrficos mencionados sempre contaram com

    a coordenao dos professores Marisa Freitas

    Furtado e Reginaldo Macednio, responsveis,

    em diferentes pocas, pelo Laboratrio

    de Geoprocessamento e pela disciplina de

    Topografia.

    Passarela da Educao

    Ainda que o carter comunitrio seja de

    comprovada importncia, o Laboratrio de

    Projetos vem adquirindo, paulatinamente,

    perfil mais acadmico, enfatizando a

    interdisciplinaridade de suas atividades. Isto

    no significa que a preocupao social tenha

    sido abandonada. Pelo contrrio, se mantm

    como objeto de trabalho para as atividades

    que, atualmente, tm procurado privilegiar o

    crescimento do aluno, como agente transformador

    da sociedade.

    Neste sentido, dentre as atividades mais

    recentes do laboratrio, pode-se destacar a

    participao na organizao do Concurso Pr-

    Design Social (ver artigo da Prof. Suzana

    Vielitz), juntamente com o Curso de Design do Centro

    Passaram at agora pelo

    Laboratrio de Projetos,

    alm dos professores j

    mencionados, os seguintes

    acadmicos:

    Adriane Wild Brack

    Ana Paula Jaeger

    Bernard Piccoli

    Cndida Bacarin Pereira

    Carolina Schneider

    Eduardo Jaeger

    Elisabeth Schneider

    Geovana GuizolFI

    Jsun Rigotto Carpeggiani

    Mrcia Wingert

    Maria Rita Soares

    Mnia Fries

    Rodrigo Martini

    Tatiana Becker

    Thas Luft da Silva

    Vivian Klein

  • 30-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    31-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    Universitrio Feevale, a organizao desta publicao

    em parceria com o Laboratrio de Computao Grfica

    e a participao da Sexta Bienal Internacional de

    Arquitetura e Design.

    Apresentando como desafio para o Concurso

    Internacional de Escolas de Arquitetura o

    tema da habitao social no sculo XXI, a

    comisso organizadora da Bienal propunha

    que se projetasse insero numa parcela de

    tecido urbano existente na regio da escola

    concorrente.

    Como o Laboratrio de Projetos j vinha, h

    algum tempo, trabalhando com a Vila Martin

    Pilger e essa fica justamente ao lado da

    Feevale, nada mais natural do que escolh-

    la para desenvolver o projeto da Bienal.

    O Concurso, entretanto, previa que os

    estudantes trabalhassem com uma rea de, no

    mnimo, 10ha e, no mximo, 20ha. Tratou-se

    de agregar ao projeto parte da Vila Colina

    da Mata, que tambm fica prxima ao Centro

    Universitrio, mas do outro lado da RS

    293, estrada que estabelece a ligao entre

    a BR 116 e municpios da regio do Vale dos

    Sinos, como Sapiranga e Campo Bom.

  • 30-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    31-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    A equipe de projeto, formada pelos acadmicos

    Ana Paula Jaeger Martha, Eduardo Jaeger, Jsun

    Carpeggiani, Mrcia Wingert e Tatiana Becker

    realizou levantamento fotogrfico dos locais,

    manteve contato com lideranas das comunidades

    e pesquisou outras solues urbansticas para

    problemas anlogos at que chegou ao conceito

    que deu origem a todo o projeto:

    Passarela da Educao.

    O grande problema detectado pelos alunos a

    barreira determinada pela estrada estadual RS

    239. Ao mesmo tempo em que configura uma

    conexo intermunicipal, a via torna-se perigosa

    barreira para os que vivem s suas margens,

    especialmente os que esto restritos ao lado

    norte da estrada (Vila Colina da Mata), pois

    o municpio de Novo Hamburgo se desenvolve a

    partir da margem sul da rodovia.

    Um sem-nmero de acidentes envolvendo veculos

    automotores, ciclistas, pedestres e veculos de

    trao animal vem atingindo a populao de uma

    vila e de outra. Iniciativas como a implantao

    de dispositivo de controle de velocidade

    (pardal) atenuaram o nmero de ocorrncias, mas

    no resolveram definitivamente o problema.

  • 32-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    33-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    Inicialmente, pensou-se em projetar uma

    passarela sobre a RS-239 para que os moradores

    pudessem cruzar em segurana de um lado para

    outro. Logo, a idia evoluiu para uma praa

    elevada, que permitisse real integrao entre

    as duas partes da cidade criando uma unidade

    espacial que at ento inexistente.

    O termo passarela, alm da acepo relativa

    possibilidade de travessia, alude tambm

    moda, ao carnaval. O conceito de passarela,

    por sua vez, remete idia de lugar dos

    acontecimentos especiais. Neste sentido, o

    projeto procura situar na praa elevada sobre

    a RS-239 os elementos especiais do projeto.

    Sobre a faixa, que atua como curativo da

    rea cortada pela RS 239 (no sentido

    norte-sul), localizam-se

    equipamentos que servem

    tanto s comunidades

    estudadas, quanto

    cidade de Novo Hamburgo.

    Sobre a passarela

    podero trafegar

    veculos de trao

    animal, bicicletas,

  • 32-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    33-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    alm, evidentemente, de pedestres. Os veculos

    automotores podero utilizar o viaduto j

    existente algumas centenas de metros adiante, na

    direo de Campo Bom.

    Os principais usos previstos para a passarela

    so as escolas tcnicas. Ali a populao do

    municpio e da regio poder qualificar-se

    profissionalmente sem depender unicamente do

    ensino superior. No entender dos acadmicos,

    a educao superior no o nico caminho

    para a qualificao profissional e boa parte

    de problemas, como falta de mo de obra

    qualificada e excesso de candidatos a vagas nas

    universidades brasileiras, seria resolvida com a

    implantao de mais escolas tcnicas compatveis

    com a realidade econmica de cada regio. Alm

    disso, a passarela contar tambm com espao

    destinado a feiras para comercializao das

    mercadorias produzidas nas escolas, biblioteca e

    centro de informtica social.

    A idia, portanto, a de criar um ciclo

    educacional, o qual ser composto pela Escola

    Bsica a ser implantada no corao da Vila

    Colina da Mata, pelas escolas tcnicas sobre a

    passarela e pelo Centro Universitrio Feevale,

  • 35-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

  • 35-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    cujos profissionais

    egressos podem dar o

    retorno de seu aprendizado

    s prprias comunidades de

    origem.

    A implantao da praa elevada levou em

    considerao as caractersticas topogrficas

    do terreno, a fim de que fossem evitadas

    grandes movimentaes de terra. Do lado sul,

    ela coincide com o nvel da rua. Na extremidade

    norte, entretanto, possui dois acessos

    distintos. O primeiro deles rampeado,

    numa inclinao adequada tanto aos

    pedestres quanto aos portadores

    de necessidades especiais. neste

    trecho que se situa um anfiteatro

    para pequenas apresentaes, o qual

    aproveita a declividade da passarela

    para a configurao da platia.

    O outro acesso atravs de uma

    escadaria que leva Praa da Igreja.

    Intencionalmente monumental, ela

    interrompe a passarela e possibilita,

    mais do que uma passagem de nvel, um outro

    local de permanncia. Quanto aos blocos de

    habitao social, os quais esto dispostos sobre

  • 37-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    as duas extremidades da passarela - j em terreno

    plano - a soluo adotada priorizou as questes da

    sustentabilidade, mobilidade e identidade regional.

    Os mdulos residenciais contaro com uma

    estrutura principal independente (metlica) e

    os planos verticais tero apenas a funo de

    vedao, sendo preenchidos por painis compostos

    de material reciclado. A alternativa ecolgica

    e permite que os profissionais formados na escola

    tcnica e empregados na Usina de Reciclagem,

    ambas previstas pelo projeto, trabalhem na

    construo dos blocos de habitao social.

  • 37-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    A equipe acredita que o caminho para a qualidade

    de vida e incluso social no sculo XXI

    parte do investimento em educao. Um projeto

    urbanstico deve contemplar questes como

    avano tecnolgico e adequao ecolgica, mas

    no pode prescindir, em hiptese nenhuma, da

    sustentabilidade social, ratificando o habitante

    como protagonista da cidade do novo milnio.

    O projeto, na poca em que est sendo

    escrito este artigo, encontra-se em fase de

    desenvolvimento. A equipe de estudantes prepara-

    se para expor o resultado de seu esforo para

    os milhares de visitantes da Sexta Bienal

    Internacional de Arquitetura e Design. a

  • 38-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

    primeira vez que nosso jovem Curso

    de Arquitetura e Urbanismo estar

    representado em evento de tamanha

    envergadura, o que alegra a todos

    os envolvidos nesta tarefa. O

    gostinho de primeira vez torna

    o trabalho ainda mais instigante

    e sua divulgao atravs de meios

    como esse visa a incentivar que,

    nos prximos anos, cada vez

    mais estudantes se interessem em

    participar.

    O Laboratrio de Projetos,

    portanto, caminha para estas

    prximas oportunidades e sempre

    estar aberto aos acadmicos

    interessados em fazer da

    reflexo sobre o problema

    social da arquitetura uma

    ferramenta de projeto, um meio de

    efetuar notveis operaes ou

    transformaes, num sentido cada

    vez menos figurado.

    (As imagens publicadas neste artigo pertencem ao acervo do laboratrio de projetos).

  • 38-Bloco(1)

    Laboratrio de Projetos

  • 41-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfico

    O grego filsofo Aristteles foi um

    dos primeiros pensadores ocidentais

    a demonstrar o seu interesse emp-

    rico sobre a tcnica e o processo

    ptico da fotografia. Tambm vamos

    encontrar os rabes, os chineses

    e os renascentistas a realizarem

    diversos experimentos e prti-

    cas no campo da tcnica, processo

    e linguagem. Aproximadamente 185

    anos j se passaram desde os seus

    primeiros registros fotogrficos

    feitos com daguerretipos, mas a

    fotografia continua a exercer um

    enorme fascnio para o homem.

    A fotografia foi colocada ao al-

    cance de todos e, ao mesmo tempo,

    permite a cada indivduo explo-

    Prof. Ms. Donaldo Hadlich

    ______________________

    Um olhar fotogrficona Arquitetura rar as possibilidades temticas ao

    mximo. No mbito da arquitetura,

    a fotografia adquire um interesse

    similar. Ambas tm como objeto de

    interesse expressar linhas, for-

    mas, texturas, composies e luzes

    sobre o trabalho final. Todo fot-

    grafo diante de uma construo ou

    obra arquitetnica tem a obriga-

    o de retratar as formas j cria-

    das, ou seja, as residncias foram

    feitas para serem habitadas, as

    igrejas para servirem como local

    de adorao, as bibliotecas como

    local de pesquisa e reflexo, as

    fbricas como local de trabalho.

    A fotografia deve manter esta ver-

    dade e identificao dos ambientes

    internos e externos de inmeras

    construes.

    Diante de alguma construo, o fo-

    tgrafo deve possuir algumas no-

    es de estilos arquitetnicos.

  • 42-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfico

    43-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfico

    Alm disso, ele deve estudar e

    esgotar todas as possibilidades de

    ngulos e enquadramentos possveis

    para o tema. Os diferentes pontos

    de vista, enquadramentos, luzes e

    composies, olhar esttico e cria-

    tivo iro contribuir, certamente,

    para que todo o fotgrafo e a sua

    imagem fotogrfica representem e

    expressem os detalhes e grandes

    planos arquitetnicos.

    A preservao e o resgate do pa-

    trimnio histrico sinaliza a busca

    de uma poca passada. A fotografia

    adquire um significado especial,

    quando deseja obter representaes

    fiis e expressivas de determinadas

    obras arquitetnicas. Entretanto,

    caso o fotgrafo pretenda incorpo-

    rar em seus registros fotogrficos

    uma interpretao e significado

    especial, ele no deve se esquecer

    de realizar um estudo aprimorado e

    cuidadoso de seu tema fotogrfico

    e arquitetnico.

    A proposta de ensino e trabalho

    prtico para os alunos do curso de

    Arquitetura e Urbanismo da Feeva-

    le, aborda conceitos e normas do

    universo da fotografia, assim como

    tambm prope o emprego de sua

    tcnica, processo e linguagem para

    a rea da Arquitetura. Os acad-

    micos da disciplina de Fotografia

    Aplicada Arquitetura, Carlos Ro-

    grio Weber, Eduardo Jaeger, Jsun

    Rigotto Carpeggiani, Helio Kehl

    Baptista, Marlon Vinicio Krake,

    Marlon Eduardo Bauer conciliaram

    princpios bsicos e fundamentais

    da fotografia com outros elementos,

    que traduzem questes e noes de

    escala, espacialidade, composio,

    luminosidade e reflexos, verticali-

    dade e horizontalidade, etc. Atra-

    vs de um olhar esttico e arquite-

    tnico, eles realizaram registros

    fotogrficos repletos de detalhes,

    texturas, paisagismos e demais ca-

    ractersticas peculiares prprias

    das edificaes de nossa regio.

  • 42-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    43-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Marlon Krake

    Detalhe da Igreja So Pedro.

    Textura em madeira da Igreja So Pedro.

    Detalhe do telhado em madeira de antigas residncias.

    Detalhe das estruturas de uma antiga construo enxaimel.

  • 44-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    45-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Eduardo Jaeger

    Interior da nova Igreja So Pedro de Ivoti/RS.

    Sede da antiga Igreja So Pedro.

    Detalhe do antigo telhado de residncias habitadas por imigrantes em Ivoti/RS.

    Praa Harmonia de Ivoti teve colaborao do paisagista Burle Marx.

  • 44-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    45-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Helio Kehl Baptista

    Cu terra e gua em Ivoti, no meio rural... ...e o contexto urbano.

    Outro olhar sobre a torre da igreja. Vista lateral da Ponte do Imperador.

  • 46-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    47-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Marlon Bauer

    Antiga construo dos primeiros produtores de gua ardente do municpio.

    Planos e ref lexos em enxaimel tradicional.

    Na rua da Cascata est concentrado o maior Ncleo enxaimel do estado.

    Arquitetura como

    traduo de uma poca...

  • 46-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    47-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Jesun R. Carpeggiani

    Vista de parte superior da Ponte do Imperador.

    Antiga construo serviu como pequeno armazm e aougue.

    Ponte do Imperador. Serviu de local e descanso para o Imperador Dom Pedro II.

    Detalhe do telhado de uma antiga mercearia.

  • 48-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfi co

    Carlos R. Weber

    Luz e sombra na Praa da Harmonia. Sociedade de Canto Harmonia, obra de 1922.

    Verses monocromticas dos vitrais da igreja em Ivoti.

  • 48-Bloco(1)

    Um olhar fotogrfico

  • 51-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    Prof. Ms. Jos Arthur Fell

    _______________________

    prtica do homem, e isso uma das

    habilidades que o distingue dos demais seres,

    sinalizar numa superfcie qualquer sua presena,

    seus dias e seus desejos. No importa a

    tecnologia que utilize, o desenho uma das

    primeiras expresses de suas idias. Assim

    que algo surge no interior da mente humana,

    um desenho, por mais sinttico que seja, brota

    onde quer que possa ser riscado. Um animal na

    parede de uma caverna paleoltica, um ideograma

    oriental, o desenho produzido por uma criana,

    riscos na areia da praia, a idia genial do

    arquiteto... todos so gerados pelo mesmo

    Fig. 01 - Um rpido esboo preliminar.

    Fig. 02 - Parede de caverna de Lascaux, FR. (Fonte: lapuerta, 1997)

    Esboar e croquisar desenharDe uma atividade da disciplina IAU1(*)

    Conforme Watelet, apud Lapuerta, 1997: a mente per-

    de sempre o fogo devido lentido dos meios que se

    tem para utilizar, para expressar e fixar suas con-

    cepes... esta rapidez de execuo o princpio do

    fogo que vemos brilhar nos esboos dos pintores de

    gnio. Reconhecemos o trao do movimento de sua alma,

    calculamos sua fora e fecundidade.

    (*) disciplina de introduo a arquitetura e urbanismo I.

  • 52-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    53-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    processo. Todo crebro, quando

    produz pensamentos, produz imagens

    internas; e, quando detm uma

    idia, a comunica externamente

    tanto pela palavra como por gestos,

    por mmica, enfim, por desenhos,

    os quais, para serem a mais exata

    manifestao, devem ser riscados

    imediatamente e rapidamente,

    pois todo pensamento veloz,

    evanescente e fugidio como a

    chama que crispa numa fogueira;

    ele necessita ser registrado

    rapidamente, pois em poucos

    segundos j no ser mais o mesmo.

    Assim, desde o tempo mais remoto,

    as habitaes humanas so erguidas

    a partir de desenhos, so guiadas

    e resultam do plano esquematizado

    por traos riscados. As tcnicas

    evoluram: desenhos no cho da

    obra, desenhos em quadrculas,

    a ajuda da geometria, o uso

    de escalas, a perspectiva, o

    desenho assistido por computador

    e o passeio arquitetnico

    virtual; porm, estas so todas

    Figs. 03 e 04 - Esboos partindo da observao de ambientes residenciais.

  • 52-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    53-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    Fig. 05 - Esboos de um dese-nho de observao: o desenho rpido, momentos de reFlexo.

    Fig. 06 - Croqui de um desenho de observao: o desenho mais evoludo.

    manifestaes, externalizaes de idias

    primordiais internas ao pensamento humano.

    Esboos so de natureza ntima, se transformam

    em belos croquis (fig. 05 e 06), revelam uma

    caracterstica pessoal; e, mais adiante, deles

    se originam desenhos tcnicos para consignao

    pblica, para o reconhecimento da idia.

    Ainda no existe instrumento melhor para uma

    reflexo instantnea do espao tridimensional

    como os esboos, pois, como mostram as

    figuras 03 e 04, de alunas de IAU1, mesmo

    no possuindo ainda precises geomtricas,

    so rpidos como um ato reflexivo e permitem

    uma srie de variaes at o entendimento do

    objeto observado, como nestes casos (fig. 05),

    ou imaginado, como numa situao projetual

    na qual o objeto uma idealizao interior

    (fig. 08). Esboos so para o arquiteto como

    as anotaes so para o escritor ou para o

    qumico; materializam, registram e garantem

    o frescor no exato momento do ato criativo,

    acompanham longas e suadas maturaes; assim

    destinam para o computador apenas o grand-

    finale projetual, se no faltar luz.

    Os textos a seguir - um tratando de aspectos

    at a Idade Mdia e outro mostrando o grande

  • 54-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    55-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    impulso surgido a partir do

    Renascimento - e alguns desenhos

    apresentados aqui - dois tipos

    desenhos de observao: esboos

    e croquis - so de alguns

    alunos de uma disciplina de

    primeiro semestre, Introduo a

    Arquitetura e Urbanismo 1, voltada

    para desenvolver em calouros

    a expresso grfica bsica e

    conceitos elementares. Resultam

    de duas atividades, entre outras,

    para a compreenso no apenas

    da importncia de se desenhar

    um objeto observado, utilizando-

    se no mais do que o olho, o

    lpis e o papel, mas tambm para

    a constatao da importncia que

    o desenho, em suas modalidades,

    desempenhou para o desenvolvimento

    da idia arquitetnica ao longo

    dos sculos.

    Fig. 07 - Croqui de um desenho de observao: o desenho mais evoludo a partir dos estudos da observao de uma cena.

    Fig. 08 - Esboos da Winton Guest House - Frank Gehry, Minessota, 1983. (Fonte: lapuerta, 1997)

  • 54-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    55-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    Dois textos com um pouco da histria 1. O desenho do projeto at a Idade Mdia

    Acadmica Karen Kirsten, IAU1 - 2005.01

    ___________________________________

    O desenho, apesar de ser uma

    coisa simples - que voc faz com

    um simples graveto no cho, um

    instrumento que, desde a poca

    remota das cavernas, utilizado

    para expressar sentimentos e

    pensamentos: o chamado desenho

    mental (interno). A criatividade

    desde ento foi se desenvolvendo

    com a apario de vrios materiais

    artsticos. Mais tarde, foram

    criados desenhos muito mais

    elaborados, cuidadosos e estudados, chamados,

    ento, de desenhos de arquitetura; (desenhos

    externos), que no so apenas desenhos simples,

    mas uma representao grfica, tcnica e

    regulamentada do artista, que externaliza uma

    idia. Mas, antes disso, o artista passa por

    vrios processos; o primeiro o esboo que

    trata de desenvolver os primeiros traos entre o

    desenho mental e o desenho externo, o incio

    Fig. 09 - planta de um jardim egpcio encontrado gravado na pedra de uma parede. (Fonte: fariello, 2000)

  • 56-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    57-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    para os primeiros traos de um grande projeto;

    o segundo o croqui que j uma mostra mais

    definitiva e mais detalhada daquilo que se pensa

    fazer. Para qualquer tipo de arte, podendo ser

    arquitetura, pintura ou escultura, o esboo

    e o croqui servem como estudo daquilo que se

    quer construir ou formar; e, apesar de no

    serem feitos com grandes cuidados estticos ou

    geomtricos, pois seus traos devem ser leves e

    rpidos, no por isso que podemos desprezar

    sua beleza porque eles tm tanto valor quanto

    a obra final. No Egito, por exemplo (fig. 09),

    desenhava-se com os materiais que se tinha em

    mos, como em lminas de pedra, que eram usadas

    para fazer os esboos esquemticos para guiar

    a marcao; o arquiteto no podia se ausentar

    da obra porque s ele sabia como eram feitas

    as marcaes com estacas e cordas e como eram

    feitas as fundaes das edificaes. J na

    Grcia, o agente geral da arquitetura era o

    mestre de obras, que agia no com a ajuda de

    projetos detalhados, mas muito com a exposio

    oral do arquiteto, o qual dava a palavra

    final; percebe-se, atravs da perfeio de como

    eram executadas as fachadas, que o arquiteto

    detinha uma posio na sociedade. No Imprio

    Romano, o arquiteto tambm mantinha seu status

    Fig. 10 - fachada de um prdio, provavelmente para a famlia Sansedoni,1340, com um con-trato de construo no roda-p do papel encontrado por toker, F. e seu artigo gothic architecture by remote con-trol: an illustrated building contract of 1340. Nota-se a simplicidade do trao, uma ca-racterstica at essa poca, com menos recursos materiais e tcnicos para o desenho. (Fonte: lapuerta, 1997)

  • 56-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    57-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    e desenvolvia novas tcnicas

    geomtricas. O mestre de obras se

    tornou uma pessoa sobrecarregada

    porque cuidava de vrios outros

    mestres de obra como: mestre

    carpinteiro, mestre ferreiro mestre

    pedreiro, etc. e ainda combinava

    em si o arquiteto moderno, o

    contratante de obra e o supervisor.

    Porm, a partir do sculo XII, o

    desenho de arquitetura se estende

    e se torna fundamental para a

    execuo da obra juntamente com o

    arquiteto, uma pessoa que detinha

    grandes conhecimentos relacionados

    atividade de construir e com

    o desenho de arquitetura. E

    mesmo que seus esboos ainda no

    fossem instrumentos adequados

    para dirigir os demais mestres

    de obra, eles eram usados mais

    para sua prpria organizao nos

    processos tcnicos da construo.

    Contudo, a partir daquele sculo,

    o desenho em arquitetura comea a

    se tornar um instrumento cada vez

    mais importante e sofisticado para

    a execuo da obra. Assim todo

    estudante que estava nos ltimos

    anos da sua instruo fazia muitos

    esboos para treinar o desenho e

    a geometria, aperfeioando cada

    vez mais seu traado e memorizando

    as vrias frmulas de montagem na

    justaposio das diversas partes

    dos elementos suportantes da

    construo medieval.

    Eles tambm usavam esses esboos e

    croquis para incentivar o cliente

    a construir e, desta maneira,

    arrecadar algum dinheiro. Pelo fato

    de, neste extenso perodo medievo,

    o desenho para arquitetura estar

    mais rgido e mais definido s

    necessidades construtivas, alguns

    meros esboos representavam apenas

    a idia inicial e muitos planos de

    projetos incluam o desenho e o

    contrato escrito juntos (fig. 10).

  • 58-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    59-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    2. O emprego do esboo desde o Renascimento at hoje

    Acadmica Amanda Jaqueline Schefer, IAU1 - 2005.01.

    __________________________________________

    O homem que sabia que seria diferente dos

    outros, por causa do ofcio, foi o arquiteto

    renascentista, utilizando suas tcnicas de

    esboo e projeto. Era visto como cavalheiro,

    destacando-se por sua habilidade mental e sua

    capacidade de se expressar. Alberti diz que a

    funo do desenho dar uma composio adequada

    s construes atravs apenas do desenho em si,

    fazendo com que elas dependam basicamente dele.

    Foi no Renascimento Italiano que a pintura,

    escultura e arquitetura se tornaram um conjunto

    chamado de arte do desenho. Demonstrando

    sua importncia para as trs modalidades da

    arte, ele tornou-se um instrumento fundamental

    e insubstituvel para a realizao de um

    projeto bem estudado. No perodo do sculo

    XVI, diferentemente do arquiteto medieval e

    junto s tcnicas de perspectiva, geometria,

    esboos e croquis, surgiram novas definies

    por causa das tendncias humanistas de no se

    usar mais os esquemas dos antepassados. Esse

    novo arquiteto necessitava de novos tipos de

    desenhos, com vrios croquis e esboos para no

  • 58-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    59-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    ter que ir vrias vezes no canteiro de obras.

    Havia a necessidade de projetos mais detalhados

    tambm para se ter mais bem documentados

    os edifcios clssicos. Com um novo tipo de

    desenho, os arquitetos garantiam definitivamente

    suas necessidades de status. Miguel ngelo

    (fig. 11) e Bramante (fig. 12) utilizaram esse

    mtodo. Exemplo a Baslica de So Pedro,

    cuja contruo que foi longa e demorada,

    permitindo que vrios arquitetos se sucedessem

    e continuassem ou redefinissem os desenhos do

    antecessor. Nos sculos XVIII e XIX, as naes

    dominantes ditavam as regras, aumentando

    assim as tecnologias e conseqentemente uma

    luta contra as imperfeies. O desenho fica

    cada vez mais evoludo, passa a ter

    mais organizao, mais relao entre as

    escalas, usa-se mais a perspectiva. Assim,

    esses fatos quase levaram supresso

    do croqui. O sculo XVIII, de uma certa

    maneira, colocou na gaveta borrachas e

    croquis, pois todas as linhas comeavam a

    ser feitas com mais regras e instrumentos,

    bem como comeava a haver uma distino

    entre o processo projetual (estudos) e o prprio

    projeto (final). A academia francesa cole des

    Beaux Arts, em Paris, grande Meca do ensinamento

    Fig. 11 - esboo de michelangelo buonarotti, da tumba da cape-la funerria dos mdicis, em So Lorenzo, IT, em 1518. (Fonte: lapuerta, 1997)

    Fig. 11 - esboos da baslica de so pedro, em roma, 1505-06, de donato bramante. (Fonte: lapuerta, 1997)

  • 60-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    61-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    da arquitetura, tornava muitas vezes os alunos

    presos dentro de um jogo de regulamento e,

    para mudar isso, treinavam esboos e criavam

    testes anuais para estimular a criatividade. O

    arquiteto modernista Le Corbusier dizia que,

    para fazer a Capela de Ronchamp (fig. 13),

    armazenou vrios dados sobre o projeto em sua

    memria durante alguns meses e depois nasceu o

    projeto; desenhava traos e traos e, cada vez

    mais, seus esboos tornavam-se claros croquis

    e estes, desenho tcnico. Muitos arquitetos

    apresentam a seus clientes, junto ao projeto

    final, seus esboos e croquis, pois so bem

    valorizados esses desenhos esquemticos como

    sinal de talento. Pei, arquiteto modernista

    que projetou a National Gallery (fig. 14) em

    Washington, nos Estados Unidos, desenhou seu

    primeiro esboo na parte de trs de um mao

    de cigarros durante um vo que fazia voltando

    para sua cidade. Algo difcil de se acreditar

    que a casa da cascata, de Frank Lloyd Wright,

    foi desenhada num nico movimento, sem qualquer

    esboo. O que importa admitir que o arquiteto

    pode adotar um processo personalizado assim como

    pode consignar sua idia apenas com um croqui.

    Fig. 13 - esboo de le corbusier para a Capela de notre-dame-du-haut, em ronchamp, FR. (Fonte: boesiger, 1998)

    Fig. 14 - esboos das primeiras reFlexes do arquiteto pei, para a national gallery. (Fonte: lapuerta, 1997)

  • 60-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    61-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    Concluses

    No seria fcil o ofcio dos gnios das artes,

    da pintura, da escultura e da arquitetura se os

    mesmos, por dom natural ou por dom adquirido,

    no tivessem compreendido desde cedo que todo

    desenho nasce de uma imagem.

    As informaes do pensamento so imagens;

    percebemos o mundo atravs de imagens.

    Organizaes, planejamentos, idias, emoes,

    palavras e at mesmo o tato, o gosto e o olfato

    produzem em nosso crebro milenar imagens.

    Portanto, quando se traa uma linha qualquer em

    qualquer superfcie, ela resulta de uma imagem,

    nem sempre ntida ou precisa, mas certamente

    suficientemente clara para disparar o movimento

    do brao e da mo atravs de comandos mentais e

    reflexos neuro-musculares. O interessante que

    este processo, que nasce de uma imagem interior

    ao pensamento, gera tanto desenhos abstratos,

    racionais e objetivos como concretos, emocionais

    e subjetivos. A diferena aqui, entre abstrato e

    concreto, reside em fatores lgico-filosficos,

    isto : a abstrao, conforme FERREIRA, o ato

    de separar mentalmente um ou mais elementos de

    uma totalidade complexa para logo julg-los

    Figs. 15 e 16 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao da fachada par-cial de uma casa.

  • 62-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    63-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    e ponder-los, enquanto que as

    situaes ou as coisas concretas

    referem-se ao enunciado de

    coisa ou de representao que se

    apresenta de modo completo, tal

    como lhe prprio apresentar-se

    na sua realidade existencial e que

    no sofre julgamentos maiores.

    De certa maneira, as explicaes

    acima se referem ao modo dual e

    simultneo como o crebro funciona

    uma referente ao meridiano

    esquerdo e outra ao direito.

    Contudo, o mais importante de tudo

    que foi dito nas linhas acima que

    todo desenho, para gerar objetos ou

    situaes arquitetnicas, comea com

    atitudes e procedimentos racionais

    (abstratos e objetivos). Isto ,

    inicia sob um julgamento atento e

    minucioso de um conjunto de objetos

    e formas (por exemplo, os objetos nas

    figuras 17 e 18) para depois abstra-

    los e reagrup-los objetivamente,

    atravs de traos sobre o papel, de

    Figs. 17 e 18 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao de um mvel.

  • 62-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    63-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    maneira que a forma resultante no

    se torne um peixe ou um relgio, mas

    sim, uma mesa, com portas e espao

    para um computador. isto: em

    arquitetura, desenhos so a mais fiel

    representao do objeto observado.

    Por isso, o esboo o meio mais

    rpido de se representar um todo

    a ferramenta mais ntima

    ao pensamento. Suas imagens se

    expressam melhor quanto mais rpido

    so representadas. Depois, aps

    esses instantes iniciais de esboo,

    de estudos e de reflexes, por

    reduo cartesiana, esses primeiros

    traos comeam a ser burilados e

    aperfeioados at que o desenho,

    agora com aparncia de croqui,

    se transforme numa representao

    idealizada de um objeto observado.

    E, contrariamente a estes aspectos

    de realidade, mesmo que esboos

    e croquis sejam pertinentes

    exclusivamente ao mundo das idias

    e dos sonhos - como no caso de

    Figs. 17 e 18 - respectivamente esboo e croqui a partir da observao da fachada de uma casa.

  • 64-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

    novas propostas, novos projetos,

    novos planejamentos ou mesmo novos

    paradigmas ou novas utopias -

    este procedimento esboo-croqui -

    reflexivo e escrutinador - mostra-

    se efetivo, pois toda percepo

    mental, como j dito antes, uma

    imagem e esta uma necessidade de

    representao.

    Enfim, desenhistas e projetistas

    da arquitetura, no se desviem;

    e vamos relembrar o comentrio

    anterior da acadmica Amanda de uma

    citao de Alberti, um dos grandes

    formadores da arquitetura, em sua

    obra De reaedificatoria, de 1485, apud

    Lapuerta (1997), que j argumentava:

    o papel e a funo do desenho

    de dar aos edifcios e s partes

    dos edifcios uma composio

    adequada, uma proporo exata,

    uma organizao apropriada, um

    plano harmonioso, de modo que

    toda a forma da construo nasa

    completamente do prprio desenho.

    Organizao e reviso: Ms. Jos Arthur Fell,

    Arq. [email protected]

    Lista das FIguras de alguns alunos de IAU1

    2005.01:

    01, 17 e 18 - Felipe Scholl; 03 - Idalise Gottshalk;

    04 - Graziela Dienstmann; 05 - Fernanda Alves;

    06 - Gabriela Birk; 07 - Liu Hauser; 15 e 16 -

    Jssica Castilho; 19 e 20 - Denis Cicarolli. Estes

    exemplos aqui apresentados foram escolhidos

    por contriburem ao tema apresentado.

    Ressalva-se entretanto que outros exemplos de

    demais alunos poderiam ser aqui apresentados

    no fosse a brevidade deste espao.

    REFERNCIAS:

    BOESIGER, W. Le Corbusier. So Paulo: Martins

    Fontes, 1998

    FARIELLO, F. La arquitectura de los jardines:

    de la antigedad al siglo XX. Madrid: Mairea-

    celeste, 2000.

    FERREIRA, A. B. H. Novo dicionrio da lngua

    portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

    LAPUERTA, J. M. El croquis, proyecto y

    arquitectura. Madrid: Celeste Ediciones, 1997.

  • 64-Bloco(1)

    Esboar e croquisar desenhar

  • 67-Bloco(1)

    Mies 3D

    Mies 3DA Casa Farnsworth, modela-da em Vectorworks e renderi-zada no art*lantis. (Acervo do laboratrio)

    Casa Farnsworth

    Mies 3DExtruses e movimentosno Laboratrio de Computao Grfica

    Prof. Ms. Juliano Caldas de Vasconcellos

    __________________________________

    Desde o segundo semestre do ano de 2002, o La-

    boratrio de Computao Grfica do Curso de Ar-

    quitetura e Urbanismo da Feevale trabalha nos

    exerccios bidimensionais e tridimensionais das

    disciplinas de Computao Grfica I e II com a

    reproduo de exemplares arquitetnicos de exce-

    lncia, reforando a idia de um curso de desenho

    digital* inserido em um contexto acadmico.

    Dentro do conjunto de exerccios aplicados nes-

    tas disciplinas, destacam-se alguns exemplares

    da obra de Mies van Der Rohe, como o Pavilho

    de Barcelona e a Casa Farnsworth. A preciso

    geomtrica, a qualidade dos espaos e a modu-

    laridade presente nestes dois exemplos fator

    decisivo para que a aplicao dos conceitos de

    desenho dentro do computador sejam compreendi-

    Mies van Der Rohe visitando a obra da Casa Farnsworth. (Fonte: RILEY, Te-rence. Mies in Berlin. Nova York: Museum of Modern Art, 2002. 392p )

    (*) Dentro do Laboratrio

    convencionou-se tratar o

    desenho feito no computador

    dessa forma.

  • 68-Bloco(1)

    Mies 3D

    69-Bloco(1)

    Mies 3D

    dos j nos primeiros meses de tra-

    balho. Nunca demais frisar que

    os acadmicos elaboram desenhos

    tridimensionais no segundo ms da

    primeira disciplina de Computa-

    o Grfica I, o que evidencia uma

    curva de aprendizado bastante aba-

    tida, sendo os exemplares elemen-

    tos importantes no rpido processo

    de entendimento das ferramentas

    disponibilizadas pelos softwa-

    res VectorWorks (modelagem 3D) e

    Art*lantis (foto-realismo).

    O Pavilho de Barcelona foi o exem-

    plar pioneiro, utilizado como ava-

    liao tanto bidimensional quanto

    tridimensional. Na primeira eta-

    pa, em qualquer um dos exerccios,

    os acadmicos reproduzem a planta

    a partir de um desenho em escala,

    utilizando ferramentas de parede,

    esquadria, escada etc. Com a base

    completa e modulada, o prximo pas-

    so lanar mo dos comandos de ex-

    truso, de pilares e formao pisos

    e coberturas, completando a base do

    pavilho de barcelona, modelo em Vectorworks. (Acervo do laboratrio)

  • 68-Bloco(1)

    Mies 3D

    69-Bloco(1)

    Mies 3D

    modelo 3D. Na seqncia, o desenho

    exportado para o Art*lantis onde

    transparncias, texturas, luzes e

    cmeras so adicionadas.

    Todo exerccio precedido de uma

    apresentao do exemplar a ser de-

    senhado, atravs de fotografias,

    grficos e panoramas em realidade

    virtual (no caso do Pavilho), para

    que sejam reconhecidas as partes a

    serem graficadas e modeladas.

    Outro interessante trabalho de-

    senvolvido pelo Laboratrio a

    pesquisa e desenvolvimento de de-

    senhos e modelos tridimensionais

    de obras cujo material est pul-

    verizado e/ou incompleto nas pu-

    blicaes existentes no acervo. O

    caso mais recente do conjunto

    habitacional Weienhofsiedlung, em

    Stuttgart (1925-27). Nesta obra,

    os desenhos existentes foram todos

    analisados a partir de 4 fontes

    diferentes e re-elaborados digi-

    talmente, em 2D e 3D.

    Conjunto Weienhofsiedlung, Stuttgart, 1927(Acervo do laboratrio)

  • 70-Bloco(1)

    Mies 3D

    71-Bloco(1)

    Mies 3D

    Sobre Mies van der Rohe...A obra de Mies van der Rohe se vale tanto

    de elementos do De Stijl, no que diz respeito interceptao de planos e volumes , para a forma compositiva, quanto do Sistema Domin, no que se refere caracterstica estrutural.

    As principais caractersticas compositivas da obra de Mies eram a elegncia a simplicidade (tambm encontradas no De Stijl). Ele articula planos verticais e horizontais, formando a volumetria desejada.

    Na parte estrutural, utilizou em abundncia o Sistema Domin, o que possibilitou as plantas livres, caracterizando a Fluidez dos interiores de Mies. Ainda do Sistema Domin, pde tirar proveito e inspirar-se para compor os delgados pilares metlicos e as fachadas de grandes panos envidraados, o que posteriormente, tornou-se uma das principais caractersticas do Estilo Internacional, do qual foi precursor.

    Mies 3D

    (fragmento de veriFicao de conhecimentos realizada na disciplina de Teoria e Histria da Arquitetura e Urbanismo II)

    -Acad. Thas luft da silva

  • 70-Bloco(1)

    Mies 3D

    71-Bloco(1)

    Mies 3D

    Cartaz da 1a Expograf, expo-sio multimdia que reuniu grande parte da produo do Laboratrio.

    O resultado da produo dos acadmicos que cur-

    sam as disciplinas no Laboratrio material

    de exposio desde o segundo semestre de 2003.

    Em maio deste ano ocorreu a primeira exposio

    multimdia, que mostrou no s os trabahos es-

    tticos (desenhos e maquetes eletrnicas), como

    os vdeos elaborados na disciplina de Computao

    Grfica II. Nesta exposio, os trabalhos foram

    editados e reunidos em um audiovisual, apresen-

    tado no saguo do Prdio Arenito.

    Neste segundo semestre de 2005 uma nova eta-

    pa do Laboratrio se iniciou, com a abertura da

    terceira disciplina de CG (optativa). Esta, avan-

    ar ainda mais nas questes do desenho digital,

    procurando sempre a representao arquitetnica

    precisa e graficamente expressiva, nunca deixan-

    do de ter como referncia o desenho tradicional,

    sempre to bem empregado por Mies van der Rohe.

    o vdeo da exposio foi apre-sentado no saguo do pr-dio arenito. (foto: ana carolina pellegrini)

  • 75-Bloco(1)

    uma viso antropofgica.

    Prof. Ms. Leandro Manenti

    _______________________

    Muito se discute hoje em dia sobre o perfil

    das universidades regionais e seu importante

    papel na descentralizao do desenvolvimento,

    procurando solues locais para problemas

    locais, face s respostas estandardizadas

    oferecidas por uma globalizao cada vez mais

    massificadora. Porm, no podemos jamais

    esquecer o importante papel das trocas culturais

    entre os povos no desenvolvimento e afirmao de

    Os participantes ao Final do evento.

    (1)

  • 76-Bloco(1) 77-Bloco(1)

    suas prprias culturas. A partir de experincias

    externas, podemos lanar luz sobre os nossos

    problemas localizados. Neste sentido, acredito que

    o Workshop Internacional de Projetao Arquitetnica,

    ministrado pelo grupo de pesquisa italiano Cominciare

    a Progettare, em uma promoo conjunta dos cursos

    de Arquitetura e Urbanismo da Feevale e da

    Univates, foi exemplar.

    Para um pas onde ainda se est buscando a

    construo de uma identidade cultural, da

    qual a arquitetura um fator decisivo, a

    experincia italiana nos aponta um caminho:

    a teorizao baseada na anlise critica da

    histria. Seguindo a tradio de tericos

    italianos como Vitrvio, Alberti, Palladio2 e

    Aldo Rossi, o grupo de estudos da Politcnica

    de Torino baseia seu mtodo de projeto na

    anlise de precedentes arquitetnicos, buscando

    extrair relaes formais do objeto em si e

    dele com o entorno, criando um sistema de

    composio baseado na articulao de elementos,

    por adio, subtrao, sobreposio, etc. e

    regrados por relaes de ritmo e propores.

    Desta forma, o que acompanhamos nos encontros

    foi uma seqncia lgica de exerccios,

  • 76-Bloco(1) 77-Bloco(1)

    embasados por esta carga terica, ministrada

    pelo Professor Marco Trisciuoglio, que, em

    seqncia, era colocada em prtica pelos

    participantes, com o assessoramento direto

    do professor italiano e de sua equipe,

    constituda pelas professoras Michela

    Barosio, Marcella Graffione e Verena Caetano

    da Silveira. O objetivo final do Workshop

    era que os participantes desenvolvessem

    individualmente uma proposta contempornea

    para a reconstruo de uma galeria do sculo

    XVII, conhecida como Galleria dello Zuccari,

    que fez durante sessenta anos, a ligao

    entre o Palazzo Reale e o Palazzo Madama, no

    centro histrico da cidade de Torino.

    Iniciando pelo estudo do entorno e da

    configurao original da Galeria, os

    participantes realizaram sucessivos estudos

    sobre temas de composio arquitetnica, como

    a identificao de ritmos e da partio bsica

    de um edifcio em base, corpo e coroamento.

    Alm disso, realizaram exerccios de aplicao

    de ordens clssicas, que, como havia definido

    Alberti no sculo XV, so uma maneira eficaz

    de se organizar um projeto, muito antes de

    serem meros ornamentos. Todos estes exerccios

  • 78-Bloco(1) 79-Bloco(1)

    tiveram como objetivo instrumentalizar

    os presentes para que desenvolvessem uma

    proposta contempornea e livre, porm com

    uma fundamentao terica que permitiu mesmo

    aos mais iniciantes uma certa segurana

    para intervir em um ambiente to distante e

    fortemente constitudo.

    Paralelo ao Workshop tivemos ainda a palestra

    do Prof. Marco Trisciuoglio sobre as diversas

    consideraes acerca da forma arquitetnica.

    Para ele, a forma arquitetnica segue um

    estilo quando considerada como o produto de

    uma regra, um cnone, como podemos observar

    no exerccio sobre a aplicao das ordens

    clssicas propostas por Vignola. J se a

    forma arquitetnica resultado de um esquema

    de referncia, como observamos nos estudos

    de Aldo Rossi, temos o tipo. Agora, se a

    forma arquitetnica fruto de uma expresso

    pessoal, como muito observamos na arquitetura

    contempornea, estamos lidando com linguagens.

    Em suma, para o Prof. Marco, temos uma evoluo

    da arquitetura que inicia-se no estilo, passa

    pelo tipo e chega hoje nas linguagens.

    Mas o que levamos, afinal, desta experincia ?

  • 78-Bloco(1) 79-Bloco(1)

    Ao meu ver, alm de uma bela teoria e de

    vocabulrio bsico em italiano, reforamos a

    idia de que das coisas nascem coisas3, de que

    a arquitetura nasce dela mesma, que o estudo e

    a teorizao sobre o que existe a fonte para

    a nova arquitetura; contempornea, como no

    poderia deixar de ser, porm no alheia ao seu

    contexto. Que teorizar uma forma de aprender

    arquitetura, e que prticas como esta devem ser

    repetidas, seja com presenas internacionais ou

    locais, pois exercitar a criatividade essencial

    para alunos de arquitetura, seno para todos.

    Deglutimos a experincia italiana para aprender,

    mais uma vez, que temos que construir nossa(s)

    prpria(s) teoria(s) antes que seja tarde, pois

    enquanto continuarmos importando cultura nunca

    teremos uma arquitetura brasileira contempornea,

    atual e contextualizada. Mas onde iremos buscar

    nossas referncias? Na Itlia? At podemos

    comear por l, ou em qualquer outro lugar, mas

    importante que no esqueamos de incluir nossa

    prpria histria da arquitetura, j que, se at

    o mestre Le Corbusier tentou fazer parte dela,

    sinal de que deve ter algum valor.

    Tupi, or not tupi that is the question4.

    Notas:

    1. Verso para Tupi elaborada

    pela profA. Ana Carolina

    Pellegrini.

    2. Permito-me aqui simpliFIcar

    e chamar Vitrvio, Alberti

    e Palladio de italianos

    mesmo no havendo ainda a

    constituio de um estado

    italiano em seus respectivos

    perodos.

    3. Ttulo do livro de Bruno

    Munari.

    4. Manifesto Antropofgico

    de Oswald de Andrade.

    (fotos deste artigo de lucia-na nri martins)

    (desenhos do acervo do curso de arquitetura e urbanismo da feevale)

  • 83-Bloco(1)

    -estudo das superfcies retilneas

    desenvolvveis e no desenvolvveis.

    Prof. Marcelo Ferreira

    ____________________

    Apresentam-se, atravs deste trabalho, alguns

    experimentos sobre a forma de prottipos e sua

    organizao espacial, desenvolvidos como etapa da

    disciplina de Geometria Descritiva (GD) Aplicada.

    Trata-se de uma srie didtica de exerccios

    prticos, fundamentados no conceito das

    Superfcies Retilneas Desenvolvveis e no

    Desenvolvveis, atravs dos quais se pretende

    demonstrar ao aluno o entendimento da boa forma

    uma configurao que satisfaa a procura

    da unidade, do equilbrio e criar um senso

    crtico no campo da percepo visual.

    A superfcie, como chamado o resultado do

    trabalho, considerada na sua acepo plstica

    visual, examinando-se algumas relaes entre os

    princpios de sua organizao perceptiva e sua

  • 84-Bloco(1) 85-Bloco(1)

    apreenso estrutural.

    Esta apreenso no

    tratada segundo

    o enfoque rigoroso

    dos clculos estruturais. ,

    sim, abordada no seu plano

    emprico-estrutural, utilizando-

    se procedimentos de estudos

    experimentais, visto que os alunos

    em questo esto no incio do Curso

    de Arquitetura e Urbanismo, ainda

    sem o domnio dos fundamentos de

    esforos estruturais.

    Os estudantes,

    entretanto, contam

    com o auxlio

    do professor da

    disciplina, que atua

    como orientador.

    Este exerccio no intenciona

    equacionar a forma plstica das

    superfcies, sobretudo no aspecto

    da criao. Desenvolve-se no campo

    da aplicao dos conhecimentos

    geomtricos que possam ser

    averiguados no resultado final.

    ETAPAS DO EXERCCIO

    As questes trabalhadas pelo

    exerccio so as seguintes:

    1. Anlise e aplicao dos

    conhecimentos adquiridos na

    disciplina, atravs de propostas

    projetos - desenvolvidos pelos

    alunos. importante ressaltar

    que neste estgio do trabalho o

    aluno tem livre escolha de cores e

    materiais que sero utilizados na

    sua proposta.

    2. Montagem de maquetes em escala

    reduzida para a percepo da

    forma, a fim de que os estudantes

    entendam por que h superfcies

    que se unificam e se integram

    plasticamente enquanto outras no

    correspondem ao objetivo proposto,

    e verificao da adequao dos

    materiais a serem utilizados na

    montagem do trabalho final.

    3. A montagem das maquetes em escala

    natural, a fim de que se propiciem

  • 84-Bloco(1) 85-Bloco(1)

    condies adequadas manifestao do potencial

    criativo e do senso esttico-estrutural, alm da

    anlise final do processo como um todo.

    Considerando o conjunto de resultados, o fato de

    a maioria das superfcies terem versado sobre

    arranjos das formas mais bsicas - conides,

    piramidais significativo, sobretudo porque

    a livre escolha das formas facultada aos

    alunos possibilitaria uma diversidade maior.

    Nesse contexto, a linha de estudo esttico

    experimental se apresenta como um efetivo e

    produtivo apoio ao processo ensino-aprendizagem.

    Pode-se perceber um possvel denominador comum

    entre a percepo, a estruturao espacial e

    a anlise crtica da forma e sua organizao,

    conforme indicam os exerccios j realizados.

    Atravs deste trabalho prtico proposto para o

    estudo das Superfcies Retilneas Desenvolvveis

    e no Desenvolvveis, os alunos comeam a

    adquirir conhecimento e subsdios que lhe

    permitam criticar seus prprios trabalhos, a fim

    de apurar sua exigncia rumo a um progressivo

    aperfeioamento qualitativo no que se refere aos

    aspectos formais e compositivos de seus futuros

    trabalhos acadmicos.

    (As fotograFIas deste artigo so de autoria do professor Marcelo Ferreira).

  • 89-Bloco(1)

    Pink Floyd

    Another Brick

    In The Wall

    Daddys home cross the Ocean.

    Leaving just a memory.

    The snapshot in the Family album.

    Daddy what else did you leave for me?

    Damn It! What did you leave behind for me?

    All in all it was just a brick in the wall.

    All in all it was all just bricks in the wall.

    We dont need no education.

    We dont need no thought control.

    No dark sarcasm in the classroom.

    Teacher leave the kids alone.

    Hey, teacher leave the kids alone!

    All in all its just another brick in the wall.

    All in all youre just another brick in the wall

    We dont need no education.

    We dont need no thought control.

    No dark sarcasm in the classroom.

    Teachers leave those kids alone.

    Hey, Teacher leave those kids alone!

    All in all youre just another brick in the wall.

    All in all youre just another brick in the wall.

    Diante de um novo sculo, pre-

    ciso repensar sobre o processo de

    aprendizagem e criar novas idias,

    atravs das quais possvel quebrar

    a muralha (The Wall Pink Floyd)

    entre o saber e o aprendizado, entre

    o professor e os estudantes.

    A dinmica des-

    se nosso tem-

    po moderno, j

    foi apresenta-

    do por Charles

    Chaplin no seu

    filme Tempos

    Modernos, em

    que o homem ten-

    ta acompanhar o

    Prof. Ms. Reginaldo Macednio da Silva

    __________________________________

    - uma forma de integrao entre

    aprendizagem e tecnologia.

  • 90-Bloco(1) 91-Bloco(1)

    ritmo de produo e a evoluo das

    mquinas. Hoje temos vrios exem-

    plos de uma grande evoluo e des-

    se nosso tempo moderno, como a

    internet, o telefone celular, o GPS

    (sistema de posicionamento global)

    entre outros.

    Na docncia, evolumos do giz para

    o projetor multimidia, do mime-

    grafo para a impressora a laser e da

    pesquisa em livros de papel, para a pesquisa no

    meio digital, atravs do qual possvel entrar

    em diversas bibliotecas e acessar diversos li-

    vros, em diversas lnguas e em diversos pases.

    A rea de topografia evoluiu muito em termos de

    equipamentos, com as estaes totais (Total Sta-

    tion), GPS (Sistema de Posicionamento Global) e

    os novos computadores, cada vez mais rpidos, em

    seu processamento de dados e em sua capacida-

    de de armazenamento. J em termos de software,

    tivemos uma grande evoluo com o surgimento de

    muitos aplicativos na rea de topografia, melho-

    rando a possibilidade de escolha, contribuindo

    para um melhor aprendizado.

    Na docncia, evolumos do giz para

    o projetor multimidia, do mime-

    grafo para a impressora a laser e da

    pesquisa em livros de papel, para a pesquisa no Nivelamento da estao total

  • 90-Bloco(1) 91-Bloco(1)

    Diante de toda essa evoluo, nada

    melhor do que o professor evoluir e

    criar novos procedimentos adequados

    a esse novo mundo que nos cerca.

    Na disciplina de Topografia, do

    Curso de Arquitetura e Urbanismo,

    criou-se, nesse semestre, uma GIN-

    CANA, como uma forma de integrao

    entre professor e os estudantes e

    entre o aprendizado e a tecnologia,

    aplicando-se uma nova dinmica no

    processo de aprendizagem.

    A participao dos alunos foi fun-

    damental para a execuo desse

    mtodo, atravs do qual pode-se

    despertar o interesse pelos equipa-

    mentos e juntar as aulas tericas

    com o aprendizado na prtica.

    A GINCANA teve como objetivo o uso

    de equipamentos, como a Estao

    Total e o GPS, e tornou possvel

    a unio entre a teoria prtica,

    fora da sala de aula.

    Implantao dos pontos no Campus II para a gincana de GPS

    Local do ponto, noite...

  • 92-Bloco(1)

    Trabalhando com a Estao Total, os alu-

    nos tiveram que nivelar o equipamento,

    usando as informaes aprendidas em sala

    de aula e nas aulas prticas e, nesse

    caso, pde-se observar um maior interesse

    devido competio entre eles.

    J para o uso do GPS, eles utilizaram a

    informao de coordenadas de pontos, que

    foram distribudos no Campus II da Fee-

    vale, sem saberem onde tinham sido colo-

    cados esses pontos. Apenas com a utilizao do

    GPS eles puderam seguir as coordenadas para sua

    localizao.

    No final da GINCANA, quem atingiu o menor tempo

    entre as duas etapas ganhou um acrscimo em sua

    nota final.

    Dessa forma pde-se observar que a integrao

    entre tecnologia e aprendizado pode ser estimu-

    lada de maneira diferente, atingindo-se o ob-

    jetivo final, que compreender as informaes

    apresentadas em sala de aula. O professor pode,

    portanto, explorar essas atividades como uma

    nova ferramenta no processo de ensino.

    Integrao entre os acadmicos!

    (fotos deste artigo de auto-ria de reginaldo macednio da silva)

  • 92-Bloco(1)

  • Concurso Design Brasil

    95-Bloco(1)

    Concurso Design BrasilProf. Suzana Vielitz de Oliveira

    ____________________________

    Numa iniciativa dos Cursos de

    Arquitetura e Urbanismo e Design da

    FEEVALE, foi elaborada uma atividade

    interdisciplinar muito interessante: O

    CONCURSO PR-DESIGN SOCIAL.

    Os alunos do Curso de Design j vinham

    participando, desde o 1 semestre de

    2005, de vrios concursos nas mais

    diversas reas do Design, dentre elas:

    de mveis como o MACISA, ou HETTISCH

    International, ROMMANEL de jias, ABRE

    de embalagens, como tambm havia alguns

    alunos interessados no concurso DESIGN DE

    CARTER SOCIAL. Aps a leitura do edital,

    verificou-se que a Instituio s poderia

    enviar 5 trabalhos e, a partir disso, Maria Rita e Leonardo,

    premiados.

  • Concurso Design Brasil

    96-Bloco(1)

    Concurso Design Brasil

    97-Bloco(1)

    surgiu a idia de promover o concurso interno,

    de modo a proceder de forma democrtica e justa

    na escolha dos representantes.

    Neste momento, havia 23 alunos trabalhando e

    propondo com idias e assessorando no Centro

    de Design, alm dos estudantes do Curso de

    Arquitetura e Urbanismo, que buscaram orientao

    junto ao colegiado do seu curso.

    A atividade interdisciplinar se fez necessria e

    foi de grande interesse para efetivar o contato

    entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo e

    Design em reas nas quais suas atribuies se

    sobrepem e complementam.

    Os alunos dos dois cursos citados manifestaram

    interesse em participar do concurso Design de

    Carter Social, o qual necessitava de orientao

    tcnica especfica, acompanhamento dos projetos,

    bem como orientao e incentivo final para o

    envio de todo o material.

    Por esses motivos, entendeu-se que o mais

    adequado seria realizar a atividade em conjunto,

    de forma a dar mais peso participao da

    Instituio, havendo possibilidade de envolver

    ANA CAROLINA OLIVEIRA DA FONSECA e MRCIA BEATRIZ WINGERT, do Curso Arquitetura e Urbanismo e MANUELE PETRY, do Curso de Design.

  • Concurso Design Brasil

    96-Bloco(1)

    Concurso Design Brasil

    97-Bloco(1)

    colegas, divulgar o que acontece nos cursos e

    apoiar os participantes.

    A comisso organizadora do Concurso Pr-

    Design Social, formada pelos professores Ana

    Carolina Pellegrini (Arquitetura e Urbanismo),

    Victor Baptista (Design) e Suzana Vielitz de

    Oliveira (Design) elaborou um edital interno,

    que foi divulgado aos alunos. Os estudantes

    receberam a ajuda da comisso interna, que

    esteve disposio para dirimir dvidas,

    orientar, conduzir da melhor maneira todos

    os trabalhos. Alm disso, os professores

    envolvidos determinaram e divulgaram os

    prazos, organizaram o evento de julgamento e

    premiao interna e, finalmente, acompanharam

    os classificados at os ltimos momentos quando

    tudo foi embalado e postado.

    Foram entregues, no dia 20 de junho de 2005,

    nove trabalhos, dos quais quatro contemplavam

    a categoria veculo para coleta de materiais

    reciclveis, e cinco, a categoria mobilirio

    urbano para stios protegidos pelo patrimnio

    histrico. Os critrios levados em conta para o

    julgamento foram pertinncia ao tema, coerncia

    entre forma e funo, escala e propores

  • Concurso Design Brasil

    98-Bloco(1)

    Concurso Design Brasil

    99-Bloco(1)

    adequadas, ergonomia, informaes como memorial

    descritivo, material adequado, aspectos de

    preservao de patrimnio ou leveza, agilidade,

    exeqibilidade. A comisso julgadora decidiu

    por premiar dois trabalhos de cada categoria.

    Foram selecionados, na categoria veculo, o

    trabalho de JORGE RECHMANN MELLO do curso

    de Design, orientado pelos professores Victor

    Baptista e Suzana Oliveira, e o trabalho do grupo

    formado pelos alunos ALBERTO GISMOND SCHFFER,

    EVANDRO ALBRECHT e MARLENE TEREZINHA C. BECK,

    da disciplina de Projeto I, orientados pelo

    professor Everton do Amaral, do Curso de Design.

    Na categoria mobilirio urbano, foram

    selecionados os trabalhos do grupo

    interdisciplinar formado pelas alunas ANA

    CAROLINA OLIVEIRA DA FONSECA