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1 Biografia Grandes Homens - Escritores

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Biografia Grandes Homens - Escritores

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Biografia

Grandes homens - Escritores

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Jesus .

Jesus

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Belém, Pronvíncia romana da Judeia [nota 1]

Morte 29-36? d.C.[1]

Jerusalém, Judeia[nota 2]

Etnia Judeu

Progenitores Mãe: Virgem Maria

Pai: São José (adoptivo)

Ocupação Carpinteiro, profeta itinerante erabino

Ouça o artigo (info)

Este áudio foi criado a partir da revisão datada de 16 de Dezembro de

2009 e pode não refletir mudanças posteriores ao artigo (ajuda com

áudio).

Jesus[nota 3][nota 4]

(8-4? a.C. – 29-36? d.C.[1][2][3]

), também

chamado de Jesus de Nazaré, é a figura central

do cristianismo.[4][5]

Para a maioria dos cristãos Jesus

éCristo, a encarnação de Deus e o "Filho de Deus", que

teria sido enviado ao mundo para salvar

a humanidade.[6][7][8]

Acreditam que foi crucificado, morto e

sepultado, desceu à mansão dos mortos, mas muitos

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estudiosos acreditam que depois de morto, Jesus foi ao

paraíso, pois foi o que Ele disse em Lucas 23: 43 e

ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa).[4]

Para os adeptos

do islamismo, Jesus é conhecido noidioma

árabe como Isa (ىسيع, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus,

filho de Maria").[9]

Osmuçulmanos tratam-no como um

grande profeta e aguardam seu retorno antes doJuízo

Final.[10][11]

Alguns segmentos do judaísmo o consideram

um profeta,[12]

outros um apóstata.[13]

Os

quatro evangelhos canónicos são a principal fonte de

informação sobre Jesus.

Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de

onde nasceu, a província romana da Judeia, sua influência

difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua

morte, ajudando a delinear o rumo da civilização

ocidental.[14]

Índice

[esconder]

1 Fontes textuais

2 Etimologia

o 2.1 Nomes e títulos de Jesus

3 Pontos de vista sobre Jesus

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o 3.1 Método histórico

o 3.2 No islamismo

o 3.3 No judaísmo

o 3.4 No cristianismo

3.4.1 Denominações cristãs com

discrepâncias doutrinárias

3.4.2 Novos movimentos religiosos de

origem cristã ou supostamente cristã

4 Biografia de Jesus pelo Novo Testamento

o 4.1 Genealogia

o 4.2 Nascimento

o 4.3 Infância e juventude

o 4.4 Batismo e tentação

o 4.5 Ministério

4.5.1 Mandamentos

4.5.2 A transfiguração

o 4.6 A paixão

4.6.1 A entrada triunfal em Jerusalém

4.6.2 Ceia anterior à crucificação

4.6.3 A prisão

4.6.4 O julgamento

4.6.5 A crucificação

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O Didaquê (em grego

clássico: Διδαχń) é um texto

do século I, baseado nas

tradições das primeiras

comunidades cristãs e escrito

por vários autores. Apesar de

pequeno, é de grande valor

histórico e teológico.[15]

Foi

descoberto

em 1873 nummosteiro deCons

tantinopla.

O papiro P52, escrito

em grego epaleograficamen

tedatados como tendo sido

escrito por volta do

ano125 d.C., é geralmente

reconhecido como o mais

antigo documento sobre

Jesus.[16][17][nota 5]

Contém

um fragmento deJoão

18:31-33 no recto(frente)

e João 18:37-38no verso.

A principal fonte sobre Jesus são os quatro evangelhos

canónicos,[18]

a que se somam outras fontes cristãs, como

os evangelhos apócrifos, e um número escasso de fontes

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não-cristãs.[14]

Estas fontes providenciam poucas

informações sobre o Jesus histórico.[19]

Três dos evangelhos canónicos (Mateus, Marcos e Lucas)

são conhecidos como sinópticos devido às suas

semelhanças. Embora Mateus apareça em primeiro lugar

no Novo testamento, acredita-se actualmente que Marcos

foi o primeiro a ser escrito.[20]

Enquanto que Mateus dirige-

se a uma audiênciajudaica, e Lucas aos gentios, ambos

parecem ter usado Marcos como fonte, possivelmente

numa versão inicial.[21]

João, por seu lado, "é uma

produção independente, apresentando os dizeres de

Jesus Cristo na forma de discursos que difere do que

contam os outros três".[22]

De acordo com alguns historiadores, estes textos foram

escritos entre setenta a cem anos após a morte de

Cristo[23]

[nota 6]

Eles recontam em pormenores a vida

pública de Jesus, ou seja, o período de pregações nos

últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas

informações sobre sua vida privada. Representam os

principais documentos em que convergem os

trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade,

diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a

confiabilidade dos evangelhos e ahistoricidade de

Jesus têm se desenvolvido.[24]

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Os livros apócrifos têm um valor histórico direto muito

ténue ou quase nulo[25][nota 7]

(dada a sua composição

tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são

mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos

séculos seguintes [26]

[nota 8]

), eles fazem uso

defábulas legendárias em grande partes de suas

narrativas.[27]

Os tipos de livros apócrifos são variados: Os evangelhos

apócrifos (como o Evangelho do Pseudo-Tomé e

o Evangelho do Pseudo-Mateus) que

contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes

chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido

contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos

canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por

vezes caprichoso e vingativo;[28]

Entre os evangelhos

apócrifos contam-se os gnósticos (incluindo o Evangelho

de Felipe e Evangelho de Tomé), que contêm revelações

privadas e interpretações inéditas sobre o "logos", e

transforma Jesus como um ser divino aprisionado em

carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de

alcançar salvação[29]

; Os evangelhos apócrifos da paixão

(por exemplo, o Evangelho de Pedro e o Evangelho de

Nicodemos) não acrescentam muito às descrições de

morte de Jesus dos Evangelhos canônicos, mas têm a

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característica distintiva de retirar a culpa de Pôncio

Pilatos e coloca-las sobre os chefes e autoridades

religiosas judias.[30]

Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão

algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus

seguidores. A mais antiga destas obras é o Testimonium

Flavianum[31]

. Alguns historiadores consideram tais

referências como interpolações posteriores

de copistas cristãos .[nota 9]

Etimologia

O nome Jesus vem do hebraico ( ישועYeshua[nota 10]

), que

significa "Javé/Jeová (YHVH) salva".[32]

Foi também

descrito por seus seguidores

como Messias (do hebraico ( משיחmashíach, que

significa ungido e, por extensão, escolhido[33]

), cuja

tradução para ogrego, Χριστός (Christós), é a origem da

forma portuguesa Cristo.[34]

Nomes e títulos de Jesus

Ver página anexa: Nomes e títulos de Jesus no Novo

Testamento

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O símbolo do peixe, recorrente no início

da iconografia cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς

(ichthýs) é o acrônimo deἸησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός

Σωτήρ (IēsoùsChristòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus

Cristo Filho de Deus Salvador.[35]

Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só

com o seu próprio nome mas também com

vários epítetos e títulos (A lista está em ordem

decrescente de frequência):

"Jesus"[nota 3]

"Cristo". Literalmente significa "ungido",[33]

e foi

posteriormente associado aoMessianismo. Na época

de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu,

especialmente para promover um resgate social e

político. [nota 11][nota 12]

"Senhor". Utilizado principalmente no livro de Atos dos

Apóstolos e nas cartas. O títulohonorífico, em grego

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clássico é desprovido de valor religioso, mas é

particularmente significativa a aplicação dele a Jesus,

pela associação que a Septuaginta faz deste título

com o termo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos

nomes de Deus.[36]

"Filho do Homem." Na tradição judaica tardia, a

expressão tinha uma forte

conotaçãoescatológica.[37][38]

"Filho de Deus". No Antigo Testamento, a expressão

indica uma relação estreita e indissociável entre Deus

e um homem ou uma comunidade humana. No Novo

Testamento, o título assume um novo significado,

indicando uma filial real.[39]

"Rei". O atributo da realeza foi relacionada com

o Messias, que era considerado um descendente e

herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se identificar

com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do

título.[40]

Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou

Mestre)[41]

Profeta[42]

Sacerdote,[43]

Nazareno,[44]

Deus,[45]

V

erbo,[46]

Filho de José[47]

eEmanuel.[48]

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Além disso, especialmente no Evangelho segundo João,

são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como:

Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, Bom

Pastor, Pão da Vida, pão vivente, pão de Deus, porta,

Caminho e Verdade.[49]

Pontos de vista sobre Jesus

Método histórico

Ver artigo principal: Jesus histórico, Jesus nas

comparações mitológicas, Mito de Jesus

Estudiosos têm utilizado o método histórico para

desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao

longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus

entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito

diferente da imagem de Jesus baseada nos

evangelhos.[50]

Alguns estudiosos fazem uma distinção

entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos

e o Jesus entendido através de um ponto de

vista teológico, [nota 13]

ao passo que outros estudiosos

sustentam que o Jesus teológico representa uma figura

histórica.[4][51][52]

As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e

seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os

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evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Algumas

partes dos evangelhos são consideradas historicamente

confiáveis enquanto que outras partes não o

são,[53][54][55][56][57][58]

e os elementos cuja autenticidade

histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o

nascimento de Jesus e sobre a ressurreição e detalhes

sobre a crucificação.[59][60][61][62][63][64]

A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam

a existência histórica de Jesus. [nota 14]

[nota 15][65][66]

Um dos

proponentes da não-historicidade foi Bruno

Bauer no século XIX. Acadêmicos que rejeitam totalmente

a historicidade de Jesus baseiam-se na falta de

evidência arqueológica direta, a falta de menção em

documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre

o cristianismo primitivoe a mitologia e religião

contemporânea.[67]

O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus

histórico [68]

é um esforço pós-iluminista para descrever

Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final

do século XVIII, estudiosos têm analisado os evangelhos e

tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os

esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão

do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos

cristãos e usando os métodos de crítica histórica

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e sociológica, além da análise literária dos ditos de

Jesus.[69]

Ascensão de Jesus numa antiga pinturaturca.[70]

No islamismo

Ver artigo principal: Isa (profeta)

Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn

Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos

principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão foi

um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do

que se passa no cristianismo, não é um ser divino.

Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos

e a narração do Alcorão da história de Jesus.

A virgindade de Maria é plenamente reconhecida pelo

islã.[71]

Jesus teria anunciado várias vezes na Bíblia a

chegada de Maomé como o último profeta.[72]

A morte de

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Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer

explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele

foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto

Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus.[73]

A morte

ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se

o seu regresso no dia do Juízo Final [74]

e a descoberta,

nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira. [nota 16]

O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere

a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota

17][75]

No judaísmo

Ver artigo principal: Yeshua

Mais informações: Yeshu ben Pantera e Judaísmo

messiânico

O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou

parte de uma trindade, ou um mediador de Deus,

é heresia.[76]

O judaísmo também sustenta que Jesus não

é o messias [77]

argumentando que ele não cumpriu

as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as

qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que

Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas

pela Torá para provar que ele era um profeta. E mesmo

que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse

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reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta

poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que

os rabinos afirmam que Jesus fez.[78]

A Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam),

considerada uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus

é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para

servir a uma divindade além de Deus". De acordo com

o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que

Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da

comunidade judaica.[79][80]

E quanto ao Judaísmo

reformista, o movimento progressista moderno, afirmam:

"Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que

Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim

um apóstata".[81]

[nota 18]

No cristianismo

Ver artigo principal: Cristologia e Jesus Cristo

A figura de Jesus de Nazaré é o centro

da religião conhecida como cristã, embora existam

diversas interpretações sobre a sua pessoa. [nota 19]

De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é

o protagonista de um único ato [nota 20]

e intransferível, pelo

qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua

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natureza decaída e atingir a salvação. [nota 21]

Tal ato é

consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.

A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e

constitui sua esperançasoteriológica. Como ato, é

exclusivo da divindade e indisponível ao homem. De forma

mais precisa, a encarnação, a morte e

a ressurreição compensam os três obstáculos que

separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a

natureza, [nota 22]

o pecado,[nota 23]

e a morte. [nota

24] Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz

humana.[82]

Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por

sua ressurreição, a morte.[83]

Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado

no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, com a formulação

do Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas

principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de

várias igrejas protestantes.

O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o

seguinte:

Cremos em um só Senhor, Jesus

Cristo, Filho Unigênito de Deus,

gerado do Pai desde toda a

eternidade, Deus de Deus, Luz da

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Luz, Deus verdadeiro de Deus

verdadeiro, gerado, não criado,

consubstancial ao Pai; por Ele todas

as coisas foram feitas. Por nós e para

nossa salvação, desceu dos céus;

encarnou por obra do Espírito Santo,

no seio da Virgem Maria, e fez-se

verdadeiro homem. Por nós foi

crucificado sob Pôncio Pilatos;

sofreu a morte e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia,

conforme as Escrituras; subiu aos

céus, e está sentado à direita do Pai.

De novo há de vir em glória, para

julgar os vivos e os mortos; e o seu

reino não terá fim.[84]

Existem, no entanto, igrejas não trinitárias,

ou unicistas que não reconhecem a existência de uma

trindade de pessoas em Deus. [nota 25]

Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a

encarnação e Filho de Deus,

segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É Filho por

Natureza, e não por adoção, o que significa que sua

Divindade absoluta e sua humanidade absoluta são

inseparáveis. [nota 26]

A relação entre a natureza divina e

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humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes

termos:

Fiéis aos santos Pais, todos nós,

perfeitamente unânimes, ensinamos

que se deve confessar um só e

mesmo Filho, nosso Senhor Jesus

Cristo, perfeito quanto à divindade, e

perfeito quanto à humanidade;

verdadeiramente Deus e

verdadeiramente homem, constando

de alma racional e de corpo,

consubstancial com o Pai, segundo a

divindade, e consubstancial a nós,

segundo a humanidade; em tudo

semelhante a nós, excetuando o

pecado; gerado segundo a divindade

pelo Pai antes de todos os séculos, e

nestes últimos dias, segundo a

humanidade, por nós e para nossa

salvação, nascido da Virgem Maria,

mãe de Deus; um e só mesmo

Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que

se deve confessar, em duas

naturezas, inconfundíveis, imutáveis,

indivisíveis, inseparáveis; a

distinção de naturezas de modo

algum é anulada pela união, antes é

preservada a propriedade de cada

natureza, concorrendo para formar

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uma só pessoa e em uma

subsistência; não separado nem

dividido em duas pessoas, mas um

só e o mesmo Filho, o Unigênito,

Verbo de Deus, o Senhor Jesus

Cristo, conforme os profetas desde o

princípio acerca dele

testemunharam, e o mesmo Senhor

Jesus nos ensinou, e o Credo dos

santos Pais nos transmitiu.[85]

Denominações cristãs com

discrepâncias doutrinárias

Ver artigo principal: Disputas cristológicas, Heresia

Existem algumas minorias cristãs que não partilham das

definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e

do Concílio de Calcedónia.

Nestorianismo, variante doutrinal inspirada pelo

pensamento de Nestório, que possui uma

denominação ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente) e

é endossada por algumas escolas ligadas

ao Cristianismo Esotérico, como a Fraternidade

Rosacruz de Max Heindel. O centro de sua doutrina é

a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha

algum dia sido uma criança. Consequentemente, a

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separação entre as pessoas humana e divina de

Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso[86]

.

Monofisismo é a variante de uma unificação das duas

doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré.

Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a

divina. Foi promovido pelo Eutiques e rejeitado

no Concílio de Calcedónia[87]

.

Novos movimentos religiosos de

origem cristã ou supostamente

cristã

Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente

protestantes, surgidos a partir da segunda metade

do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das

denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a

natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses

movimentos podem ser considerados como

cristãos.[88][89][90]

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos

Dias (conhecido como Mórmons) crêem que Jesus

oferece duas salvações diferentes: a da morte física e

a da morte espiritual.[91]

Os mórmons também mantém

a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou

a América e continuou ali seus ensinamentos[92]

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As Testemunhas de Jeová consideram Jesus como

"filho unigênito", o único a ser criado diretamente por

Deus, bem como "oprimogênito de toda a criação", e

também como "o primogênito dentre os mortos", ou

seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser

ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele

não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma

poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado,

cujo sangue derramado abre o caminho para a

humanidade obter a vida eterna".[93]

Além disto, Jesus

não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas

sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro

Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de

Cristo e Sua igualdade com o Pai.[94]

As Testemunhas

de Jeová afirmam que Jesus não morreu

numa cruz com uma reta vertical e uma

horizontal,[95]

mas numa estaca de tortura, com

apenas uma reta vertical. Outra característica

importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo

corpo que morreu e se tornou rei do céu em 1914 e

que desde então vivemos no período da Segunda

vinda de Cristo.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatiza, como a

maioria dos grupos adventistas,

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uma escatologia milenarista e acredita que a segunda

vinda de Jesus é iminente e que será visível e

palpável. Além disso, têm o Sábado como dia sagrado

de descanso, e afirmam que seguem o exemplo de

Jesus, que ia à Sinagoga aos Sábados.

Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs,

como alguns que negam terminantemente a divindade de

Jesus e a sua missão de salvação. [nota 27]

Biografia de Jesus pelo Novo Testamento

Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os

ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos

canônicos: Evangelhos deMateus, Marcos, Lucas e João,

pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os apócrifos

do Novo Testamento apresentam também alguns relatos

relacionados a Jesus. Existem também diversas obras que

tentaram harmonizar o relato dos quatro Evangelhos

canônicos num único relato cronologicamente coerente e

elas são chamadas de "harmonias evangélicas", sendo a

mais antiga delas oDiatessarão já do século II d.C.

Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da

vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco

do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou

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27

cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias

não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu

encontram-se nos escritos de Josefo, [nota 28]

que nasceu no

ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta

do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117;

e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.

[96]

Genealogia

Ver artigo principal: Genealogia de Jesus

A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo

da Vinci, 1475, Galleria degli Uffizi, Florença.

Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato

da genealogia de Jesus.[97][98]

Estes relatos são

substancialmente diferentes.[99]

Várias explicações têm

sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos,

1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi

traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de

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José.[100]

Acadêmicos modernos geralmente vêem as

genealogias como construções teológicas.[101]

Mais

especificamente, sugere-se que as genealogias tenham

sido criadas com o objetivo de justificar o nascimento de

uma criança com linhagem real.[102][103][104]

Nascimento

Ver artigo principal: Nascimento de Jesus

Mais informações: Três Reis Magos

A adoração de Cristo, Fra Angélico eFilippo

Lippi, National Gallery of Art,Washington

Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre

7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.[1][105]

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29

Não há evidência histórica contemporânea demonstrando

a data de Nascimento de Jesus. Ocalendário gregoriano é

baseado em uma tentativa medieval de contar os anos

desde o nascimento de Jesus, que foi estimado

por Dionysius Exiguus entre 2 AC/ACE e 1 DC/DEC.[106]

O

evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu

durante o reinado de Herodes, que morreu em 4

ACE,[107]

sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos

de idade quando ele teria ordenado o Massacre dos

inocentes. O autor do evangelho de Lucas similarmente

coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido

durante o reinado de Herodes, mas afirma que o

nascimento aconteceu durante o Censo de

Quirino dasprovíncias romanas da Síria e Judeia, o que

geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma

década depois da morte de Herodes.[108]

A maioria dos

acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.[109]

De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época

do rei Herodes o sacerdoteZacarias, esposo de Isabel —

ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do

nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel.[110]

No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo

Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era

virgem e noiva de José, eanuncia que ela viria a

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conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o

nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao

saber que sua noiva estava grávida, não teria

compreendido inicialmente que Maria recebera a missão

de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho,

um anjo lhe revelou a vontade de Deus, e ele aceitando-a,

recebeu Maria como esposa.[110]

Massacre dos Inocentes quadro de Peter Paul

Rubens (1577-1640).

Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria

promovido um recenseamento de todos os habitantes do

Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas

cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria levado

Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por

não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma

manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da

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região, avisados por um anjo, vieram até o local do

nascimento de Jesus para adorá-lo.[110]

Completados os oito dias que determinava a tradição

judaica, Jesus foi levado ao templo por sua família para

ser circuncidado, quando foi abençoado

por Simeão e Ana.[110]

Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria

recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo

a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos

teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de

uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo.

E, ao encontrarem Jesus numa casa com

Maria, adoraram-lhe e

ofertaram ouro, incenso e mirra representando,

respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua

imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se

decidido a matar aquele que lhe iria tomar o trono, o

chamado Massacre dos Inocentes. Tal notícia teria

chegado a José, que então foge com Maria e o menino

para o Egito. Jesus e sua família teriam permanecido no

Egito até a morte de Herodes, quando então José, após

ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a

cidade de Nazaré. [111]

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32

Infância e juventude

Ver artigo principal: Irmãos de Jesus, Sagrada Família

de Jesus de Nazaré

John Everett Millais, Jesus na casa de seus

pais, 1850.

Segundo Mateus 2:13-23, após a fuga para o Egipto a

família de Jesus permaneceu nessa região até à morte

de Herodes, o Grande. Nessa altura deixam o Egipto e

estabelecem-se em Nazaré, de modo a evitar terem de

viver sob a autoridade do filho e sucessor de

Herodes,Arquelau.[112]

A única referência à adolescência de Jesus nos

Evangelhos canónicos ocorre em Lucas 2:42-51,

conhecido como "Jesus entre os doutores". Segundo este

evangelista, aos doze anos Jesus foi com os pais de

Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach,

a Páscoajudaica, e lá surpreendeu os doutores

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do Templo pela facilidade com que aprendia a doutrina, e

por suas perguntas intrigantes.[113]

Em Marcos 6:3, Jesus é designado como tekton (τέκτων

em Grego), normalmente percebido como

significando carpinteiro. Mateus 13:55 diz que era filho de

um tekton.[114][nota 34]

Para além das informações do Novo Testamento, as

associações específicas da profissão de Jesus

à carpintaria são uma constante nas tradições cristãs dos

séculos I e II. São Justino Mártir, que morreu cerca do

ano 165, escreveu que Jesus fazia juntas earados.[117]

Batismo e tentação

Ver artigo principal: Batismo de Jesus

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34

Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do

século XIX.

Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem

o batismo de Jesus por João Batista,[118]

e este evento é

descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério

público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas,

Jesus foi para o rio Jordão onde João Batista estava

pregando e batizando as pessoas.

Mateus descreve que João estava hesitante em atender o

pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é

quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu,

"Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda

a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e

saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se

abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e

ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti

me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de

João não descreve o batismo e nem se refere a João

como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre

quem João tinha pregado — o Filho de Deus.

Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por

Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta

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35

noites.[119]

Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o

tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus

rejeitou as tentações respondendo com uma citação

das escrituras.[120]

Em seguida o diabo se foi e os anjos

vieram para cuidar de Jesus.[121]

Ministério

Ver artigo principal: Milagres de Jesus

O Sermão da Montanha, Carl Heinrich

Bloch, Copenhague, século XIX.

Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para

anunciar a salvação e as Bem-

aventuranças àhumanidade.[122][123]

Durante o seu

ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como

andar sobre a água, transformar água em vinho, várias

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curas, exorcismos (como o exorcismo na sinagoga de

Cafarnaum) e ressuscitação de mortos (como

a Ressurreição de Lázaro).[124]

. É nesta época também

que Jesus expulsa os vendilhões do Templo, conhecido

como o único relato do Evangelho onde Ele se vale da

violência física para realizar seu intento[125]

.

O evangelho de João descreve três Pessachs durante o

ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou

por pelo menos dois anos e um mês,[126]

apesar de

algumas interpretações dos evangelhos sinóticos

sugerirem um período de apenas um ano.[127][128]

Jesus

desenvolveu seu ministério principalmente na Galileia,

tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases

evangelísticas e se deslocando várias vezes

a Tiberíades pelo Mar da Galileia. Esteve também em

cidades comoSamaria, na Judeia e sobretudo

em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em

outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente

por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.[129][130]

Mandamentos

Os principais temas da pregação de Jesus foram, de

acordo com os Evangelhos, o anúncio do Reino de Deus,

o perdão divino dospecados e o amor de

Deus.[131]

Expostos, entre outros, nas

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inúmeras parábolas e acções de Jesus, no Pai-

Nosso,[132]

nas Bem-aventuranças[133]

e na chamada regra

de ouro.[134]

Jesus resumiu também "toda a Lei e

os Profetas" do Antigo Testamento em apenas dois

mandamentos fundamentais,[135]

a saber: "Amar a Deus de

todo coração, de toda alma e de todo espírito e ao próximo

como a ti mesmo"(Mateus 22:37-39).[135]

A doutrina

católica sobre os Dez Mandamentos considera que os dez

mandamentos doDecálogo são uma refracção destes dois

mandamentos referentes ao bem da pessoa.[136]

Além destes ensinamentos, Jesus trouxe um novo

mandamento: "que vos ameis uns aos outros, como Eu

vos amei" (João 15:10).[137]

A transfiguração

Ver artigo principal: Transfiguração (cristianismo)

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Transfiguração de Jesus, de Ernesto Thomazini, na

Basílica doBom Jesus de Iguape e Nossa Senhora

das Neves em Iguape(SP).

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três

dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago— a um monte

para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado

diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu

rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam,

entãoElias e Moisés apareceram e conversavam com ele.

Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu

disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo,

a ele ouvi". Os evangelhos também afirmam que até o final

de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos

de sua morte e ressurreição futura.[138][139]

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A paixão

Ver artigo principal: Mistério Pascal

A entrada triunfal em Jerusalém

Ver artigo principal: Entrada triunfal em Jerusalém

Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus

seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa

da Páscoa judaica. Ele entrou na cidade no lombo de

um jumento.[nota 35]

Foi recebido por uma multidão, que o

aclamou como "filho de Davi".[140]

Nos evangelhos de

Lucas e João, também é chamado de rei.

Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da

multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os

repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo:

"Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas

19:40).

Ceia anterior à crucificação

Ver artigo principal: Última Ceia

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40

A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497

Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus

apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A

Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que

seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes.

Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu

corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos,

este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será

derramado para a remissão dos pecados".[141]

O Evangelho segundo João oferece maiores detalhes

sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e

17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos

discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os

últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e

a oração sacerdotal.

A prisão

Ver artigo principal: Prisão de Jesus

Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus

teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte

das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três

discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe

companhia.

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41

Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos

sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam

prendê-lo, por trinta moedas de prata.[142]

Acompanhado

por um grupo de homens armados, Judas chegou ao

jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo

na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso.

Por parte de seus seguidores houve um princípio de

resistência, mas depois todos se dipersaram e

fugiram.[143][nota 36]

O julgamento

Ver artigos principais: Julgamento de Jesus no

Sinédrio, Corte de Pilatos e Jesus na corte de Herodes

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42

Ecce Homo ("Eis o homem"!),Pôncio Pilatos ao

apresentarJesus Cristo aos judeus. Obra do pintor

italiano Antonio Ciseri(1821-1891)

Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo

Sacerdote Caifás.[144]

A lei judaica não permitia que

o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante

o Pessach[145]

e a lei romana proibia que se condenasse

um homem à morte.[145]

Jesus foi acusado primeiramente

de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas

entraram em desacordo.[146]

Depois, perguntaram a Jesus

se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus.

Jesus respondeu que era,[147]

e foi então acusado

deblasfemar ao dizer-se Deus.

Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença

de Pôncio Pilatos,[148]

que então governava a província

romana da Judeia.[149]

Acusavam-no de estar traindo Roma

ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos

enviou-o a Herodes Antipas[150]

— filho de Herodes, o

Grande[151]

— que governava a Galileia.[152]

Lucas conta

que Herodes zombou de Jesus,[153]

vestindo-o com um

manto real, e devolveu-o a Pilatos.[150]

Jesus foi então flagelado e recebeu a coroa de espinhos.

Era de praxe os governantes romanos libertarem um

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prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs

Jesus e um assassino condenado, de

nome Barrabás,[154]

na escadaria do palácio, e pediu à

multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto

em liberdade (um episódio conhecido como Ecce

Homo).[155]

A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu

Barrabás.[156]

Pilatos entregou então Jesus para morrer

nacruz.[157]

A crucificação era uma forma comum de

execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de

classes inferiores.[158]

A crucificação

Ver artigo principal: Crucificação de Jesus, Cruz cristã

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Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.

Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na

cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara

de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo:

"Salve o Rei dos Judeus".[159]

A seguir, espancaram-no e

cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até

um lugar chamado Gólgota. [nota 37]

Ao vê-lo perder as

forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu,

que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do

caminho.

Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz

pelos soldados romanos. João conta que escreveram no

alto da cruz a frase latina "Iesus Nazarenus Rex

Iudeorum".[nota 38]

Puseram a cruz de Jesus entre as de

dois ladrões.[160][nota 39]

Antes de morrer, Jesus exclamou:

"Elí, Elí, lamá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus,

meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46).

Depois de três horas, Jesus morreu. José de

Arimatéia e Nicodemos puseram o seu corpo num túmulo

recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.

Existe uma questão que pode ser polêmica para algumas

pessoas inclusive estudiosas da questão envolvida,

conforme os parágrafos abaixo:

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45

Um erro de tradução da Bíblia é tomar staurós como

estaca ou estaca de tortura e, baseando-se nisto, dizer

que Jesus foi pregado em uma estaca ao invés de uma

cruz.[161]

Isto pois, na época que se diz ser a da morte de

Jesus, o significado da palavra já havia passado a

abranger duas estacas cruzadas.[161]

Por outro lado, o livro The Non-Christian Cross (A Cruz

Não-Cristã), de J. D. Parsons, explica: “Não existe uma

única sentença em nenhum dos inúmeros escritos que

formam o Novo Testamento que, no grego original, forneça

sequer evidência indireta no sentido de que

o staurós usado no caso de Jesus fosse diferente

do staurós comum; muito menos no sentido de que

consistisse, não em um só pedaço de madeira, mas em

dois pedaços pregados juntos em forma de uma cruz.”

A ressurreição

Ver artigo principal: Mistério Pascal e Ressurreição de

Jesus

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46

A ressurreição de Cristo, porRaffaello

Sanzio, 1500. MASP

Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria

Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde

encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois

disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois

discípulos viram-no na estrada de Emaús.

Entretanto, os evangelhos discordam em relação a

quantidade de pessoas que foram com Maria Madalena

naquela manhã. João 20:1 faz referência apenas a uma

pessoa, Mateus 28:1 cita Maria Madalena e a outra Maria.

Marcos 16:1 faz referências a Maria Madalena, Maria, mãe

de Tiago e Salomé, já Lucas 24:1, 2, 3 e 10 não deixa tão

evidente a quantidade de pessoas.

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47

Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis

encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois

na Galileia onde chegou a ser visto por algumas centenas

de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece

detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o

momento da ressurreição.

Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus

teria sido precedida de um grandeterremoto em razão da

remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:

E eis que houve um grande

terremoto; porque um anjo

do Senhor desceu do céu,

chegou-se, removeu a pedra

e assentou-se sobre ela. O

seu aspecto era como um

relâmpago, e a sua veste,

alva como a neve. E os

guardas tremeram

espavoridos e ficaram como

se estivessem mortos.

—(Mateus,

28:2-4

No mesmo Evangelho é informado também que os líderes

judeus da época teriam subornado os guardas para que

contassem uma versão diferente, ou seja, que os

discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os

vigias dormiam.[162]

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48

Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos

Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de

Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo

Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos de

3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios,

escrita por volta do ano 55 da era cristã, onde o apóstolo

menciona duas outras aparições de Jesus após a sua

ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas,

Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na

outra ocasião, teria aparecido ao seu

parente Tiago,[163][164]

o qual, após esta experiência, teria

se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém,

escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.[164]

A ascensão

Ver artigo principal: Ascensão de Jesus

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49

Garofalo: Ascensão de Cristo, 1510-20.

A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de

Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de

Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.

Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar,

apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-

lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o

Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que,

após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser

encoberto por uma nuvem.

Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta

que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi

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recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É

Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento,

informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de

seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao

céu (Lucas 24:50-52).

Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata

que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos

permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão

de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os

quais teriam proferido as seguintes palavras:

Varões galileus, por que estais

olhando para as alturas? Este

Jesus que dentre vós foi assunto

ao céu virá do modo como o

vistes subir

—Atos,

1:11

Diferente da ocasião da morte de Jesus na cruz, Lucas diz

que os discípulos não ficaram entristecidos com a

aparente separação ocorrida na ascensão, mas

retornaram felizes para Jerusalém.

Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e

João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de

Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na

segunda parte do seu último verso com a frase de que

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Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos

até o fim do mundo (Mateus 28:20).

Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o

Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de

Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na

visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus

durante sua prisão em Patmos [165]

e recebe a missão de

escrever o Apocalipse.[166]

Relíquias de Jesus

Ver artigo principal: Prepúcio Sagrado, Santo

Graal, Santo Sudário e Vera Cruz

Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a

direita um negativo em preto e branco.

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52

Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita

pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a

Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam

falsificações medievais.[167]

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e

discutida[nota 40]

relíquia de Jesus é talvez

o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego),

atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal

do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava

envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e

mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem (frente

e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos

compridos, ostentando as marcas no corpo

correspondente à descrição da paixão: marcas

deflagelação, a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados

por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é

uma pintura, mas o resultado de um gradual

amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo

de um filme fotográfico.[nota 41]

Na parte mais profunda das

feridas há vestígios de sangue tipo AB.

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos

restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços

de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de

Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele

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entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das

quais, provavelmente original encontra-se no Obelisco do

Vaticano), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o

título que foi pregado à cruz[nota 38]

e taça que ele teria

usado na última ceia (o Santo Graal).

Jesus na ficção e na arte

Na arte

Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.

Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou

representar Jesus em forma humana, preferindo invocar

sua figura através de símbolos, tais como

o monograma formado pelas letrasgregas Χ y Ρ, iniciais do

nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω,

primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto

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54

grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o

símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ,

«ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός,

Σωτήρ(Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo

Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado

como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em

símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.[168][nota 42]

Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro

representado como um jovem, muitas vezes com o rosto

de Alexandre Magno, sem barba e sem cabelos

longos [169]

. A partir do século IV foi representado quase

exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou

habitual uma série de representações de Jesus. Algumas

das quais com a imagem doPantocrator, que tiveram um

grande sucesso na Europa medieval.[170]

Na literatura

Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras

literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de

Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do

tema podemos citar:

Mikhail Bulgakov: O Mestre e Margarida (escrito entre

1928 e 1940, publicado em 1967).

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55

Robert Graves: Rei Jesus (1947).

Níkos Kazantzákis: Cristo Crucificado (1948) e A

Última Tentação de Cristo (1951), no qual se

basearia Martin Scorsese para filmar o filme

homônimo.

Fulton Oursler: A Maior História Jamais

Contada (1949). No qual se baseou o filme de George

Stevens.

José Saramago: O Evangelho segundo Jesus

Cristo (1991).

Norman Mailer: O Evangelho segundo o Filho (1997).

Fernando Sánchez Dragó: Carta de Jesus ao

Papa (2001).

O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas

obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a

ficção ou o romance de mistério.

Mirza Ghulam Ahmad: Jesus na Índia 1899

Juan José Benítez: Operação Cavalo de Tróia (1984-

2006; saga de vários volumes).

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56

Dan Brown: O Código da Vinci (2003)

No cinema

A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo

Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão,

tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos

personagens mais interpretados no cinema.[171][172]

O

primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion

de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis

Lumière.[173]

No cinema mudo, o filme que mais se

destacou foi O Rei dos Reis(1927) de Cecil B. DeMille.

O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos

pontos de vista: Desde a grandiosa produção

de Hollywood O Rei dos Reis(Nicholas Ray, 1961) até as

visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo

Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também

deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores

como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).

Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus

não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última

Tentação de Cristo(1988), de Martin Scorsese, baseado

no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito

criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O

filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a

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57

aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi

considerado anti-semita por alguns membros da

comunidade judaica.[174][175]

A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários

ângulos. [nota 43]

Existem interpretações satíricas da figura

do criador docristianismo, como A Vida de Brian (Terry

Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo

Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes

de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y

Stanislav Sokolov, 2000).

No teatro

A vida de Jesus também tem sido levada

aos palcos da Broadway e a outras partes do mundo

através dos musicais. Entre as representações líricas da

vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular

musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera rock com

músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice,

representada pela primeira vez em 1970, e que

posteriormente viria a se espalhar pelo resto do

planeta.[176]

Também se destaca a peça de

teatro Godspell, com música de Stephen Schartz e

arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela

primeira vez também em 1970.[177]

No teatro do Brasil,

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58

destaca-se Auto da Compadecida, peça de Ariano

Suassuna escrita em 1955 e publicada em 1957, que

retrata um jesus negro.

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59

Paulo de Tarso Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Este artigo é sobre o apóstolo Paulo de Tarso

(São Paulo). Para outros significados, veja São Paulo

(desambiguação).

São Paulo

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Paulo ( por Rembrandt)

Apóstolo dos Gentios e Mártir

Nascimento ca. 5[1] em Tarso, na Cilícia[nota a]

Morte 67 (62 anos)[2]:p. 411

Veneração por Toda cristandade

Principaltemplo Basílica de São Paulo Extra-Muros,

naVia Ostiense, Roma

Festa litúrgica

29 de junho (Festa de São Pedro e São

Paulo[3]

Atribuições

um homem segurando uma espada e

um livro[3]

Padroeiro:

autores, Imprensa, editoras e

escritores[3]

Polêmicas Controvérsia da circuncisão

Portal dos Santos

Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo

Paulo, Saulo de Tarso eSão Paulo, foi um dos mais

influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras

compõem parte significativa do Novo Testamento. A

influência que exerceu no pensamento cristão, chamada

de "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel

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como proeminente apóstolo doCristianismo durante a

propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano[4]

.

Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele se

dedicava àperseguição dos primeiros discípulos de Jesus

na região de Jerusalém[nota b]

. De acordo com o relato

na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém

eDamasco, numa missão para que, encontrando fiéis por

lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão

de Jesus envolto numa grande luz. Ficou cego, mas

recuperou a visão após três dias e começou então a

pregar o Cristianismo[nota c]

.

Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um

dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo[5]

.

Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma

situação legal privilegiada[6]

.

Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a

Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por

estudiosos modernos[4]

. Agostinhodesenvolveu a ideia de

Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas "obras

da Lei"[4]

. A interpretação de Martinho Lutero das obras de

Paulo influenciou fortemente sua doutrina de "sola fide"[4]

.

A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua

vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo

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acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia

de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança,

influência e legado levaram à formação de comunidades

dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de

Israel, aderiam ao código moraljudaico, mas que

abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei

Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre

a vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento",

fundamentados na morte de Jesus e na

suaressurreição[nota d]

.

A Bíblia não relata a morte de Paulo.

Índice

[esconder]

1 Fontes de informação

2 Nomes

3 Antes da conversão

4 Conversão e a sua missão

o 4.1 Testemunho pós-conversão

o 4.2 Primeiros anos de ministério

o 4.3 Primeira viagem missionária

o 4.4 Segunda viagem missionária

4.4.1 Concílio de Jerusalém

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4.4.2 Paulo e Silas

o 4.5 Terceira viagem missionária

o 4.6 Viagem a Roma

o 4.7 O Incidente em Antioquia

o 4.8 Visitas a Jerusalém nos Atos e nas Epístolas

5 Prisão e morte

o 5.1 Tradição sobre a morte de Paulo

o 5.2 Túmulo e relíquias

6 Obras

o 6.1 Atribuição de suas obras

o 6.2 Redenção

o 6.3 Relação com o judaísmo

o 6.4 Escatologia

o 6.5 Papel das mulheres

7 Influência no cristianismo

o 7.1 Tradição oriental

o 7.2 Tradição ocidental

8 Visões críticas

9 Ver também

10 Notas

11 Referências

12 Bibliografia

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13 Ligações externas

Fontes de informação

Conversão do procônsul Sérgio Paulo, de quem

Saulo pode ter tomado emprestado o nome.

Por Rafael, no Victoria and Albert Museum, em Londres.

A principal fonte para informações históricas sobre a vida

de Paulo são as pistas encontradas em suas epístolas e

nos Atos dos Apóstolos. Os Atos recontam a carreira de

Paulo, mas deixam de fora diversas partes de sua vida,

como a sua alegadaexecução em Roma[4]

.

Estudiosos como Hans Conzelmann e o teólogo John

Knox (não deve ser confundido com John Knox do século

XVI), disputam a confiabilidade histórica dos Atos dos

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Apóstolos[7][8]

. O relato do próprio Paulo sobre seu passado

está principalmente naEpístola aos Gálatas. De acordo

com alguns acadêmicos, o relato dos "Atos" sobre a visita

de Paulo a Jerusalém, em Atos 11:27-30, contradiz o

relato nas epístolas paulinas[4]

. Outros consideram o relato

de Paulo nas epístolas como sendo mais confiável do que

os encontrados nos "Atos"[2]:p. 316-320

.

Nomes

O nome original de Paulo era "Saulo" (em hebraico: -

Sha'ul; tiberiano: Šāʼûl - "o que se pediu, o que se orou

por" e traduzido em grego antigo: Σαούλ - Saul - ou

Σαῦλος - Saulos)[9][10]

, nome que divide com o bíblicoRei

Saul, um outro benjaminita e primeiro rei de Israel, que foi

sucedido pelo Rei Davi, da tribo de Judá[6][11]

. Segundo

suas próprias palavras, era um fariseu[nota e]

.

O uso de "Paulo" (em grego: Παῦλος - Paulos;

em latim: Paulus ou Paullus - "baixo"; "curto"[12]

) aparece

nos "Atos" pela primeira vez quando ele começou sua

primeira jornada missionária em território desconhecido.

Em Atos 13:6-13, Paulo aparece, juntamente

comBarnabé e João Marcos, conversando com Sérgio

Paulo, um oficial romano em Chipre que será convertido

por ele. Paulus era um sobrenome romano e alguns

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argumentam que Paulo o adotou como seu primeiro

nome[13]

. Outra teoria, apontada pelo Vaticano, afirma que

era costume para os judeus romanizados da época

adotarem um nome romano e o pai de Paulo

provavelmente quis agradar à família dos Pauli[14]

. Por fim,

há ainda os que consideram possível a homenagem a

Sérgio Paulo e mais provável que a mudança esteja mais

relacionada a um desejo do apóstolo em se distanciar da

história do Rei Saul, que perseguiu Davi[15]

.

Antes da conversão

Em "Atos dos Apóstolos", Paulo afirma ter nascido

em Tarso (na província de Mersin, na parte meridional

da Turquia central) e faz breves menções à sua família.

Um sobrinho é mencionado em Atos 23:16 e sua mãe é

citada entre os que moram em Roma emRomanos 16:13.

É ali também que o apóstolo confessa que «Saulo

assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando

homens e mulheres, os entregava à prisão.» (Atos

8:3)[16]

[nota f]

.

Mesmo tendo nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém,

"aos pés de Gamaliel"[nota r]

, que é considerado um dos

maiores professores nos anais do Judaísmo" e cujo

equilibrado conselho em Atos 5:34-39, para que os judeus

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se contivessem na fúria contra os discípulos, contrasta

com a temeridade de seu estudante que, após a morte

de Estevão, saiu num rompante perseguindo os

"santos" [nota g]

.

Conversão e a sua missão

Mais informações: Cronologia bíblica do Novo

Testamento

Conversão de Saulo.

Em Damasco, na Síria.

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A conversão de Paulo pode ser datada entre os anos

de 31 e 36[17][18][19]

pela referência que ele fez em uma de

suas epístolas[4]

. De acordo com os "Atos dos Apóstolos",

sua conversão (metanoia) ocorreu na "estrada para

Damasco", onde ele afirmou ter tido uma visão de Jesus

ressuscitado que o deixou temporariamente cego[nota h]

.

Testemunho pós-conversão

Nos versículos iniciais da Epístola aos Romanos, Paulo

nos dá uma litania de sua própria alegação apostólica e de

suas convicções pós-conversão sobre a ressurreição de

Cristo.

Os seus próprios textos nos dão alguma ideia sobre o que

ele pensava de sua relação com o Judaísmo. Se por um

lado se mostrava crítico, tanto teologicamente quanto

empiricamente, das alegações de superioridade moral ou

de linhagem dos judeus[nota s]

, por outro defendia

fortemente a noção de um lugar especial reservado

aos filhos de Israel[nota t]

.

Ele ainda afirmou que recebeu as "boas novas" não de

qualquer um, mas por uma revelação pessoal de Jesus

Cristo[nota i]

. Por isso, ele se entendia independente da

comunidade de Jerusalém[2]:p. 316 - 320

(possivelmente

no Cenáculo), embora alegasse sua concordância com ela

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no que tangia ao conteúdo do Evangelho [nota j]

. O que é

mais impressionante nessa conversão é a mudança na

forma de pensar que ocorreu. Ele teve que mudar seu

conceito sobre quem oMessias era e, particularmente,

aceitar a ideia, então absurda, de um Messias crucificado.

Ou talvez o mais difícil tenha sido a mudança de seus

conceitos sobre a superioridade dos judeus. Ainda há

debates sobre se Paulo já se considerou como o veículo

de evangelização dos gentios no momento de sua

conversão ou se isto se deu mais tarde[20]

.

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Batismo de Paulo por Ananias.

Na casa de Ananias, em Damasco, na Síria.

Primeiros anos de ministério

Após a sua conversão, Paulo foi para Damasco, onde os

"Atos" afirmam que foi curado de sua cegueira

e batizado por Ananias de Damasco[21]

. Paulo afirma em 2

Coríntios 11:32 que foi em Damasco que ele escapou por

pouco da morte, indo em seguida primeiro para a Arábia e

depois de volta para Damasco[nota u][22]

. Esta viagem de

Paulo para a Arábia não é mencionada em nenhum outro

lugar no Novo Testamento e alguns autores acreditam que

ele tenha na realidade viajado até o Monte Sinai para

meditar no deserto[23][24]

. Ele descreve em Gálatas como,

três anos após a sua conversão, ele viajou para

Jerusalém, onde se encontrou com Tiago, o Justo, e ficou

com Simão Pedro por 15 dias[nota v]

.

A narrativa em Gálatas continua afirmando que, quatorze

anos após a sua conversão, ele foi de novo a

Jerusalém[nota w]

. Não se sabe exatamente o que aconteceu

neste período, conhecido como "anos desconhecidos",

mas tanto os Atos quanto os Gálatas nos dão algumas

pistas[25]

. Ao final deste período, Barnabé foi ao encontro

de Paulo e o trouxe de volta para Antioquia[nota x]

. O autor

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F. F. Bruce sugeriu que os quatorze anos podem ser

contados a partir da conversão de Paulo ao invés de sua

primeira visita a Jerusalém[26]

.

Quando uma grande fome ocorreu na Judeia[27]

, Paulo e

Barnabé viajaram para Jerusalém para entregar a ajuda

financeira da igreja de Antioquia[28]

. De acordo com os

Atos, Antioquia já tinha se tornado um centro importante

para os fiéis após a dispersão dos crentes que se seguiu

ao martírio deEstêvão[2]

e foi lá que os seguidores de

Jesus foram, pela primeira vez, chamados de cristãos[nota k]

.

Primeira viagem missionária

Primeira viagem.

Nos Atos, relatam-se três viagens de Paulo: a primeira,

liderada primeiro por Barnabé, levou Paulo de Antioquia

até Chipre, passando depois pela Ásia Menor (Anatólia) e

de volta a Antioquia. Em Chipre, Paulo refuta e

cega Elimas, o mago, que estava criticando seus

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ensinamentos. Deste ponto em diante, Paulo é descrito

como sendo o líder do grupo[29]

.

Segunda viagem missionária

Segunda viagem.

Concílio de Jerusalém

Mais informações: Concílio de

Jerusalém e Controvérsia da circuncisão

Paulo partiu para sua segunda viagem de Jerusalém, onde

estava sendo realizado o concíliocom os outros apóstolos

no qual a obrigatoriedade da circuncisão foi retirada. A

maior parte dos acadêmicos concorda que houve uma

reunião vital entre Paulo e a igreja de Jerusalém em algum

momento entre os anos de 48 e 50[4]

, descrita em Atos

15:2 e geralmente entendido como o mesmo evento

mencionado por Paulo em Gálatas 2:1[4]

. A principal

questão discutida ali foi se os gentios convertidos

precisavam ou não ser circuncidados, conforme o relato

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nos Atos e em Gálatas. Paulo alega em sua epístola que

terá sido neste encontro que

Pedro, Tiagoe João aceitaram a missão de Paulo aos

gentios[30]

.

Com o objetivo de levar a Antioquia o resultado do

concílio, os fiéis realizaram uma eleição para escolher dois

mensageiros que acompanhariam Paulo e Barnabé nessa

missão. Os eleitos então foram Silas e Judas, "chamado

Barsabá"[nota y]

.

Paulo, Barnabé, Judas e Silas partiram então

de Jerusalém levando os decretos dos apóstolos aos fiéis

em Antioquia e nas províncias romanas da Síria e Cilícia.

Chegando a Antioquia, eles cumprem a missão que lhes

foi dada, sendo que Judas retorna para Jerusalém e

desaparece da história, enquanto Silas permanece na

cidade[nota z]

.

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Paulo e Barnabé em Listra.

Por Nicolaes Berchem, 1650. Atualmente no Musée d'Art et d'Industrie,

em Saint-Étienne, na França.

Paulo e Silas

Em Antioquia, Paulo e Barnabé tiveram uma dura

discussão sobre se deveriam levarJoão Marcos com eles.

Nos Atos, é mencionado que o menino já os tinha deixado

em uma viagem anterior para retornar para casa. Paulo

acreditava que ele ainda não estava pronto para este tipo

de evangelização e, por isso, ele e Barnabé decidiram se

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separar. Barnabé acabou levando João Marcos consigo

e Silas se juntou a Paulo[31]

.

Paulo e Silas viajaram para diversas cidades diferentes,

como Tarso, Derbe e Listra(todas na Ásia Menor). Nesta

última, eles encontraram Timóteo, um discípulo que tinha

uma boa reputação, e decidiram levá-lo com eles.

Em Filipos (na Grécia), uma multidão incitada por homens

insatisfeitos com a conversão de uma escrava que dava

muitos lucros aos seus patrões com suas adivinhações se

insurgiu contra os missionários, açoitando e prendendo

Paulo e Silas. Após um milagroso terremoto, os portões da

prisão se abriram e os dois puderam escapar, o que levou

por sua vez à conversão do carcereiro[nota a1]

. Eles seguem

então para Bereia, de onde Paulo segue para Atenas,

deixando ali Silas e Timóteo[nota b1]

. Na capital grega, Paulo

prega noareópago contra os muitos ídolos que encontra,

converte Dionísio, o Areopagita e parte[nota c1]

.

Por volta de 50 a 52, Paulo passou 18 meses em

Corinto[4]

, onde reencontrou Timóteo e Silas. A referência

nos Atos ao procônsul Gálio permite inferir a data

(vide Inscrição de Gálio[4]

). Lá ele trabalhou com Silas e

Timóteo[4]

e Paulo conheceu Priscila e Áquila, que se

tornaram fiéis crentes e ajudaram Paulo em suas viagens

missionárias. A dupla seguiu Paulo e seus companheiros

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até Éfeso e o grupo permaneceu ali para iniciar aquela que

seria a mais forte e fiel igreja cristã daquele tempo. A

cidade foi um importante centro da cristandade a partir do

ano 50. Em 52, os missionários viajaram para Cesareia

Mazaca para cumprimentar a igreja que se formara ali,

viajando em seguida para o sul até Antioquia,

descansando ali por um ano antes de iniciarem uma

terceira viagem missionária[31]

.

Terceira viagem missionária

Terceira viagem.

Paulo iniciou sua terceira viagem missionária passando

por toda a região da Galácia e da Frígiapara reforçar a fé e

ensinar para os fiéis, além de repreender os que estavam

em erro. Quando ele chegou em Éfeso, ficou ali por pouco

menos de três anos e realizou uma série de milagres,

como curas e exorcismos. O apóstolo seguiu então para

a Macedônia[32]

, passando novamente por Corinto, onde

permaneceu por três meses. Quando ele estava pronto

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para retornar para aSíria, mudou de ideia por conta de um

plano que os judeus tinham feito contra sua vida, voltando

então para a Macedônia e terminando sua viagem em

Cesareia[33]

.

Embora Paulo tenha escrito sobre uma visita que fez

a Illyricum, ele estava se referindo ao que hoje chamamos

de Illyria Graeca[34]

, parte da província romana da

Macedônia, onde hoje está atualmente a Albânia[35]

.

Viagem a Roma

Paulo e seus companheiros seguiram então para Roma,

naquela que foi provavelmente a última das viagens

missionárias, em 60. A viagem começou em Jerusalém,

onde os irmãos foram recebidos em festa. Lá, Paulo foi

espancado e quase morto, preso e enviado para Cesareia

Marítima, onde esteve detido durante aproximadamente

um ano e meio. Foi transferido depois para Roma, a seu

pedido, e solto após o comandante saber que ele era

um cidadão romano. Paulo passou então a pregar na

capital imperial[36]

.

O Incidente em Antioquia

Ver artigos principais: Incidente em

Antioquia e Epístola aos Gálatas

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Apesar do acordo encontrado no Concílio de Jerusalém,

como tinha entendido Paulo, o apóstolo relata como ele

depois confrontou publicamente Pedro, no que ficou

conhecido como "Incidente em Antioquia", por causa da

relutância dele em realizar suas refeições com os cristãos

gentios em Antioquia[37]

.

Escrevendo depois sobre o incidente, relata ter dito a

Pedro e os demais presentes «Se tu, sendo judeu, vives

como gentio, e não como judeu, como obrigas os gentios a

viver como os judeus?» (Gálatas 2:11-14)[16]

. Paulo

também menciona que até mesmo Barnabé, seu

companheiro de viagem até aquele momento, ficou do

lado de Pedro[37][nota l]

.

O resultado final do incidente permanece incerto.

A Enciclopédia Católica afirma que "o relato de Paulo

sobre o incidente não deixa dúvidas de que Pedro viu

justiça na reprimenda". Em contraste, a obra "From Jesus

to Christianity", de L. Michael White, alega que "o

confronto com Pedro foi uma falha completa, uma bravata

política, e Paulo logo deixou Antioquia como persona non

grata para nunca mais voltar"[38]

.

Visitas a Jerusalém nos Atos e nas Epístolas

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79

Esta tabela foi adaptada da obra de White, From Jesus to

Christianity[30]

. Este pareamento entre as viagens de Paulo

como narradas nos Atos e nas Epístolas não é consenso

entre os acadêmicos.

Atos dos Apóstolos Epístolas

Primeira visita a

Jerusalém[nota d1]

"Decorridos

muitos dias" da

conversão em

Damasco

Prega

abertamente

em Jerusalém

com Barnabé

Encontra os

apóstolos

Primeira visita a

Jerusalém[nota e1]

Três anos após a

conversão de

Damasco

Vê apenas Pedro

(Cefas) e Tiago

Segunda visita a

Jerusalém[nota f1]

Levando a

ajuda

financeira por

conta da fome

Há um debate sobre

se a viagem de Paulo

em Gálatas 2 se

refere à visita para

ajudar na fome ou

sobre o Concílio de

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Barnabé em

Antioquia[nota j1]

Quarta visita a

Jerusalém[nota k1]

Para

cumprimentar

a igreja

Aparentemente não é

mencionada.

Quinta visita a

Jerusalém[nota l1]

Após uma

ausência de

muitos anos[nota

m1]

Para "trazer

esmolas à

minha nação, e

fazer oferenda"

Paulo é preso

Outra [nota n] visita a

Jerusalém [nota n1]

Para "trazer

esmolas"

Prisão e morte

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Tiago, irmão de Jesus[nota q]

, líder dos cristãos de

Jerusalém, que avisou Paulo sobre os riscos de

pregar contra a Torá em Jerusalém[4]

.

Paulo chegou em Jerusalém em 57 com uma coleta de

dinheiro que tinha feito para a comunidade local[4]

e,

segundo Atos, ele foi recebido calorosamente. Porém, o

relato continua afirmando que ele foi interrogado

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por Tiago por ensinar a «...todos os judeus que estão entre

os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não

circuncidem seus filhos nem andem segundo os nossos

ritos» (Atos 21:22)[16]

. Paulo então realizou um ritual de

purificação para não dar aos judeus nenhum motivo para

acusá-lo por não seguir os mandamentos da Lei[4]

.

Paulo porém continuava a pregar contra a circuncisão,

contra as restrições alimentares e contra os requerimentos

da Torá e isto provocou o rompimento final com os

judeus[4]

. Paulo causou um alvoroço ao aparecer

no Templo e somente escapou da morte por ter sido

preso[4]

. Ele foi então mantido prisioneiro por dois anos

em Cesareia até que um novo governador reabrisse seu

caso em 59[4]

. Quando Paulo foi acusado de traiçãoapelou

ao César, alegando seu direito, como cidadão romano, de

ser levado a um tribunal apropriado e de se defender das

acusações[4]

.

Atos 28:1 relata que no caminho para Roma, Paulo sofreu

um naufrágio em "Melite"(Malta)[4]

, onde ele se encontrou

com Públio[nota o1]

e foi recebido pelos habitantes da ilha

com "muita humanidade"[nota p1]

. Ele chegou a Roma por

volta do ano 60 e passou mais dois anos em prisão

domiciliar[nota q1]

. Contando esta vez, Paulo passou entre

cinco e seis anos preso em celas ou prisioneiro em casa.

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84

Ireneu de Lyon acreditava que Pedro e Paulo tinham sido

os fundadores da Igreja de Roma, sendo eles a

nominarem São Lino como bispo e sucessor:

“ ...Igreja fundada e organizada em

Roma pelos dois mais gloriosos

apóstolos, Pedro e Paulo; também

[ensinando] a fé pregada aos

homens, que chegou aos nossos

dias através da sucessão dos

bispos....Os abençoados

apóstolos, então, tendo fundado e

abençoado a Igreja, entregaram

nas mãos de Lino o episcopado. ”

— Adversus Haereses 3.2-3, Ireneu de

Lyon[39]

Paulo, porém, não foi bispo de Roma e nem levou

o cristianismo para lá, pois já havia cristãos em Roma

quando ele chegou lá[nota r1]

. É evidente também que Paulo

já tinha escrito uma epístola para a Igreja de Roma antes

de ter visitado a cidade[nota o]

. Porém, Paulo pode ter tido

um importante papel na formação da Igreja na capital

romana.

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85

Tradição sobre a morte de Paulo

Decapitação de São Paulo.

Por Enrique Simonet, 1887

Ver artigo principal: Santa Tradição

Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta

explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo

com a tradição cristã, Paulo foi decapitado em Roma

durante o reino do imperador Nero em meados dos anos

60 na Abadia das Três Fontes (emitaliano: Tre Fontane)[40]

.

O tratamento mais "humano" dado a Paulo, em contraste

com a crucificação invertida de São Pedro, foi graças à

sua cidadania romana[41]

.

Vários autores cristãos da Antiguidade já propuseram mais

detalhes sobre a morte de Paulo. I Clemente, uma carta

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escrita pelo bispo de Roma, Clemente, por volta do ano 90

d.C. relata o seguinte sobre Paulo[42]

:

“ "Por causa de inveja e brigas,

Paulo, pelo exemplo, mostrou a

recompensa da resistência

paciente. Após ele ter sido preso

por sete vezes, ter sido exilado,

apedrejado e ter pregado no

ocidente e no oriente, ele recebeu

o reconhecimento que era o

prêmio da sua fé, tendo ensinado

a retidão para o mundo inteiro e

tendo chegado aos confins do

ocidente. E quando ele já tinha

dado seu testemunho perante os

governantes, partiu deste mundo e

foi para um lugar sagrado, tendo

encontrado um notável padrão de

resistência paciente. ” — I Clemente, Clemente de Roma

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Basílica de São Paulo Extra-Muros com a estátua de

Paulo na frente. Na basílica encontram-se as

alegadas relíquias do apóstolo.

Em Roma.

Comentando sobre esta passagem, Raymond Brown

escreve que, ainda que ela não afirme categoricamente

que Paulo foi martirizado em Roma, "...algo assim é a mais

provável interpretação".[43]

Eusébio de Cesareia, que escreveu no século IV d.C.,

afirma que Paulo foi decapitado durante o reino

do imperador romano Nero[44]

. Este evento tem sido

datado ou no ano de 64 d.C., quando Roma foi devastada

por um incêndio, ou alguns anos depois, em 67 d.C. A

festa de São Pedro e São Paulo, da Igreja Católica, é

comemorada em 29 de junho, o que pode refletir uma data

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tradicional para o seu martírio. Outras fontes também

apontaram uma tradição de que Pedro e Paulo teriam

morrido no mesmo dia (e, possivelmente, no mesmo

ano)[45]

.

O apócrifo Atos de Pedro sugere que Paulo sobreviveu a

Roma e viajou para o oeste, para a Hispânia[46]

. Alguns

mantém o ponto de vista que ele poderia ter visitado a

Grécia e a Ásia Menor após a sua viagem à Hispânia e

que ele pode ter sido finalmente preso em Troas e enviado

a Roma para ser executado[47]

(veja-se a discussão

acimasobre as epístolas a Timóteo).

Túmulo e relíquias

A tradição cristã mantém que Paulo foi enterrado com São

Pedro ad Catacumbas na Via Ápia e lá permaneceu até

seu corpo ser levado para a Basílica de São Paulo Extra-

Muros, em Roma. O venerável Beda, em sua Historia

ecclesiastica gentis Anglorum, escreveu que o Papa

Vitaliano, em 665, deu algumas relíquias de Paulo

(incluindo a cruz feita com as correntes que o prenderam)

ao rei Oswiu da Nortúmbria, no norte da Inglaterra[48]

.

Ainda segundo a tradição, o túmulo de Paulo estaria

localizado na Basílica de São Paulo Extra-Muros, em

Roma[49]

. Escavações foram realizadas conforme o relato

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feito em um comunicado da Agência Católica Internacional

de Imprensa (APIC - Agence de Presse Internationale

Catholique), de 17 de fevereiro de 2005[50]

:

“ Um sarcófago que pode conter as

relíquias do apóstolo Paulo foi

identificado na Basílica de São

Paulo Extra-Muros, de acordo

com Giorgio Filippi, chefe do

departamento epigráfico do Muse

u do Vaticano.

Sob o altar elevado, está uma laje

de mármore do século IV, que

sempre esteve visível, contém

uma inscrição PAULO

APOSTOLO MART (Paulo

Apóstolo Mártir). A placa tem três

furos e provavelmente está

relacionada com o culto funerário

de São Paulo. De acordo com

Giorgio Filippi, esses buracos

foram usados para a "criação de

relíquias" por meio de simples

contato com o túmulo do

apóstolo. ”

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Ao longo da Via Ostiense, um

santuário foi erguido sobre o

túmulo do apóstolo Paulo ainda

no século I d.C. Como já fizera

com São Pedro, o imperador

romano Constantino, o Grande,

começou, no início do século IV,

a construir umabasílica para

abrigar o túmulo. Então, em 386,

meio século após a do imperador

e por conta do afluxo de

peregrinos, uma basílica ainda

maior foi construída por ordem

dos imperadores Valentiniano

II, Teodósio I e Arcádio.

— Agência Católica Internacional de

Imprensa[50]

,

Em junho de 2009 o Papa Bento XVI anunciou os

resultados das escavações ali realizadas. O sarcófago em

si não foi aberto, mas foi examinado por meio de uma

sonda e revelou pedaços de incenso e de linho, azul e

púrpura, assim como pequenos fragmentos de osso, que

foram datados por radiocarbono como sendo do século I

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ou II d.C. De acordo com o Vaticano, isto é uma evidência

a favor da tradição de que ali está efetivamente o túmulo

de Paulo.[51]

.

Obras

Epístola aos Gálatas.

Novo Testamento de 1524.

Ver artigo principal: Epístolas paulinas

Quatorze epístolas do Novo Testamento são atribuídas a

Paulo, das quais sete têm a autoria quase que

universalmente aceita, enquanto que as outras sete são

disputadas:Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses, 1

Timóteo, Tito e Hebreus. Destas, quatro são consideradas

como sendo de outro autor que não Paulo por razões

textuais e gramaticais, enquanto que as outras três são

disputadas por alguns acadêmicos[2]

. Paulo aparentemente

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ditou todas as suas epístolas (exceto Gálatas) através de

um secretário (ou amanuense), que geralmente

parafraseava o tom de sua mensagem, como era a prática

entre os escribas do século I d.C.[2]:316-320[52]

.

Estas epístolas circularam entre as comunidades cristãs e

eram lidas em público por membros da igreja, juntamente

com outras obras[53]

. Elas foram citadas ainda no século I,

por volta de 96 d.C., por Clemente de Roma em sua

epístola Clemente aos Coríntios[42]

.

tribuição de suas obras

Paulo escrevendo suas epístolas.

Valentin de Boulogne ou Nicolas Tournier, século XVI, atualmente na

Blaffer Foundation Collection, Houston,Texas.

As epístolas paulinas foram na sua maioria escritas para

igrejas que Paulo visitou e o apóstolo era um grande

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viajante. Ele passou por Chipre, por toda a Ásia Menor,

pelaGrécia, Creta e Roma. Elas estão repletas de

exposições sobre o que os cristãos deveriam acreditar e

como deveriam viver, ao passo que ele não relata ao

destinatário (e aos leitores modernos) muito sobre a vida

de Jesus. Suas mais explícitas referências são passagens

sobre a Última Ceia[nota s1]

e a crucificação e

ressurreição[nota t1]

. As referências aos ensinamentos de

Jesus são também esparsos[nota u1]

, levantando a questão,

ainda em disputa, sobre o quão consistente éseu relato

sobre a fé com o que está nos quatro evangelhos

canônicos, os Atos e aEpístola de Tiago. O ponto de vista

de que o Cristo de Paulo é diferente do Jesus histórico foi

proposta pelo teólogo Adolf Harnack[54]

. De toda maneira,

ele nos dá o primeiro relato escrito do que é ser cristão e

da espiritualidade cristã.

Das catorze cartas atribuídas a Paulo e incluídas

no cânone do Novo Testamento, há pouca ou nenhuma

disputa de que Paulo tenha escrito pelo menos sete[55]:p.

411:

Epístola aos Romanos

Primeira Epístola aos Coríntios

Segunda Epístola aos Coríntios

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Epístola aos Gálatas

Epístola aos Filipenses

Primeira Epístola aos Tessalonicenses

Epístola a Filêmon

A Epístola aos Hebreus, que foi atribuída a ele ainda na

antiguidade, já era questionada na época, e atualmente

não é considerada como tendo sido escrita por ele pela

maior parte dos especialistas (veja Antilegomena). A

autoria das demais epístolas tem variados graus de

disputa a respeito da autoria[56]

.

A autenticidade da Epístola aos Colossenses tem sido

questionada[57]

por conter uma descrição de Jesus não

encontrada em nenhuma outra de Paulo, descrevendo-o

como a "imagem do Deus invisível"[nota v1]

,

uma cristologia que só tem paralelo no Evangelho de

João[nota w1]

. Evidências internas demonstram uma conexão

próxima com a Epístola aos Efésios[58]

, que é muito similar

a Colossenses (dos 155 versículos, 78 são idênticos[58]

),

mas quase sem referências pessoais. O estilo de

Colossenses é único entre as epístolas paulinas, não se

encontrando a ênfase na cruz que se vê nas demais e

nem referência à Segunda vinda de Cristo, além de uma

exaltação do casamento que contrasta com a encontrada

em 1 Coríntios 7:8-9. Finalmente, segundo R.E. Brown, ela

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exalta a Igreja de uma forma que só se tornaria comum

numa segunda geração de cristãos, "construída sobre a

fundação deixada pelos apóstolos e profetas", já

passada[59]

. Os defensores da autoria paulina argumentam

que ela foi escrita para ser lida uma quantidade grande de

igrejas (daí a similaridade com Efésios) e marca um

estágio final do desenvolvimento de Paulo de Tarso. Deve

ser lembrado também que a porção moral da epístola, que

é composta dos dois últimos capítulos, tem uma afinidade

muito maior com os trechos equivalentes em outras

epístolas enquanto que o restante casa perfeitamente com

os detalhes que conhecemos sobre a vida de Paulo,

dando-nos ainda mais pistas sobre ela[58]

. Ela confirma,

por exemplo, que ele estava preso quando a escreveu[nota

x1].

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Paulo de Tarso.

Estátua na Praça de São Pedro, no Vaticano.

As epístolas pastorais, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Epístola a

Tito também já tiveram a autoria questionada. As três

principais razões são:

As diferenças em vocabulário, estilo e teologia em

relação às demais obras de Paulo. Os defensores da

autenticidade afirma que elas foram provavelmente

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escritas em nome do apóstolo sob sua autoridade por

algum de seus discípulos, a quem ele teria explicado

claramente o que deveria ser escrito, ou a quem ele

havia passado um sumário por escrito dos pontos a

serem desenvolvidos, e que, uma vez escritas, Paulo

as teria lido, aprovado e assinado[47]

.

A dificuldade de alinhá-las com a biografia conhecida

de Paulo[60]

. Estas epístolas, assim como as dirigidas

aos Colossenses e aos Efésios, foram escritas no

período em que Paulo estava preso, mas ao contrário

delas, afirmam que o apóstolo foi solto e viajou depois

disso. Os defensores argumentam que Paulo foi preso

pela primeira vez não por algum crime contra os

romanos, mas para salvá-lo da prisão. Em Filêmom,

ele parece ter a esperança de ser libertado logo[nota

y1] e haveria bastante tempo para ele ter visitado Creta

e escrever as epístolas a Timóteo antes de sua

segunda - e final - prisão pelos romanos[47]

.

Finalmente, foram levantadas diversas objeções sobre

o estado avançado da Igreja que a epístola deixa

transparecer. Novamente, os defensores alegam que

a epístola usa termos como "bispo", "diácono" e

"padres" como sinônimos para indicar os que foram

legados pelos apóstolos com a missão evangélica e

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não no sentido organizacional que termo viria a

adquirir nos anos seguintes. Alegam também que se

estas epístolas fossem mesmo, como alegam os

críticos, uma defesa da sucessão apostólica pelos

bispos, elas já deveriam ter sido atacadas como

fraudes na antiguidade, argumenta que não encontra

nenhum suporte evidencial[47]

.

O principal argumento contra a autoria de Paulo

da Segunda Epístola aos Tessalonicenses é que a

sua escatologia parece contradizer a da Primeira Epístola

aos Tessalonicenses[61]

. Enquanto a primeira epístola

parece indicar que a parousia é iminente[nota z1]

, na

segunda ele a coloca num futuro desconhecido[nota a2]

, o

que implicaria num "erro" do apóstolo em uma epístola

que, segundo os crentes, teve inspiração divina. A defesa

principal é que a frase mais polêmica, «Então nós que

estivermos vivos, e formos deixados, seremos

arrebatados em nuvens...» (1 Tessalonicenses

4:17)[16]

teve tradução problemática já

na Vulgata (em latim: Nos, qui vivimus, qui residui sumus),

mas que o texto original em grego não deixa

dúvidas, hemeis oi zontes oi paraleipomenoi, ama syn

autois arpagesometha, que seria melhor traduzido como

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"Nós, se estivermos vivos - se deixados para trás - [na

terra], seremos arrebatados..."[61]

.

Redenção

Ver artigo principal: Expiação

A teologia da redenção foi um dos principais assuntos

abordados por Paulo[62]

. Paulo ensinou que os cristãos

foram redimidos da Lei(veja supersessionismo) e

do pecado pela morte de Jesus e sua ressurreição[62]

. Sua

morte foi uma expiação e, pelo sangue de Cristo, a paz foi

estabelecida entre Deus e o homem[62]

. Pelo batismo, um

cristão toma sua parte na morte de Jesus e na sua vitória

sobre a morte, recebendo, gratuitamente, uma renovada

condição de filho de Deus[62]

.

Paulo pregando em Atenas.

Pintura na parede do auditório Weise-Gymnasium, emZittau, na Saxônia.

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elação com o judaísmo

A teologia de Paulo sobre o evangelho acelerou a

separação da seita messiânica dos cristãos do judaísmo,

algo que Paulo não desejava[4]

. Ele escreveu que somente

a fé em Cristo (como Messias) era suficiente e decisiva

para a salvação, tanto de judeus quanto de gentios,

tornando o cisma entre os cristãos e os judeus não só

inevitável, mas permanente[4]

. Ele argumentou que os

gentios convertidos não precisavam se tornar

judeus ou ser circuncidados, nem tampouco seguir as leis

alimentares[4]

. Porém, em Romanos, ele insiste numa

visão positiva do valor da Lei Mosaica como um guia

moral[nota b2]

.

Escatologia

Veja também: Escatologia cristã e Segunda vinda de

Cristo

De acordo com Ehrman, Paulo acreditava que Jesus iria

retornar ainda durante a sua vida[11]

. Ele afirma que Paulo

acreditava que os cristãos que tinham morrido nesse meio

tempo seriam ressucitados para poder participar do Reino

de Deus. Acreditava também, segundo ele, que os salvos

seriam transformados e assumiriam formas

sobrenaturais[11]

.

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101

O ensinamento de Paulo sobre o fim do mundo aparece

muito claramente nas suas epístolas à igreja

de Tessalônica. Muito perseguidos, é possível que eles

tenham escrito para o apóstolo primeiro perguntando

sobre os que já tinham morrido e sobre o que deveriam

esperar no final. Paulo então os assegura que os mortos

se levantarão primeiro e serão seguidos pelos que ainda

estão vivos[nota c2]

. Veja a discussão mais acima sobre as

epístolas aos tessalonicenses), o que pode sugerir uma

iminência do fim, mas ele não foi específico sobre a

cronologia e encoraja seus ouvintes a terem paciência na

epístola seguinte[63]

. O final dos tempos será uma batalha

entre Jesus e o "Homem da iniquidade" [nota p]

, cuja

conclusão será o triunfo final de Cristo.

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103

Timóteo é também muitas vezes utilizada por muitas

igrejas para negar-lhes o voto em assuntos eclesiásticos e

posições de ensino para público adulto e também a

permissão para o trabalho missionário[64]

.

“ 11A mulher aprenda em silêncio

com toda a sujeição; 12pois não permito à mulher que

ensine, nem que tenha domínio

sobre o homem; mas que esteja

em silêncio.

13Pois Adão foi formado primeiro,

depois Eva. 14Adão não foi seduzido, mas a

mulher é que, deixando-se iludir,

caiu na transgressão; ” — 1 Timóteo 2:11-14,

Esta passagem parece estar dizendo que as mulheres não

devem ter na igreja nenhum papel de liderança frente aos

homens[65]

. Se ela também proíbe as mulheres de ensinar

outras mulheres ou crianças é duvidoso, pois até mesmo

nas igrejas católicas que proíbem o sacerdócio feminino,

permitem queabadessas ensinem e tenham posições de

liderança sobre outras mulheres. Qualquer interpretação

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desta parte das escrituras tem que se confrontar com as

dificuldades teológicas, contextuais, sintáticas e léxicas

destas poucas palavras[66]

.

O teólogo J. R. Daniel Kirk encontrou um importante papel

para as mulheres na igreja antiga, como por exemplo

quando Paulo elogiaFebe por seu trabalho

como diaconisa[nota e2]

e também Júnia[nota f2]

, considerada

por alguns como sendo a única mulher citada no Novo

Testamento entre os apóstolos[67][68]

. Kirk aponta para

estudos recentes que levaram alguns a concluir que a

passagem que obriga as mulheres a "ficarem caladas nas

igrejas" em 1 Coríntios 14:34 foi uma adição posterior,

aparentemente por um autor diferente e não era parte da

carta original de Paulo à igreja de Corinto. Outros, como

Giancarlo Biguzzi, alegam que a restrição de Paulo sobre

as mulheres em Coríntios é genuína, mas aplica-se ao

caso particular de proibi-las de fazerem perguntas ou de

conversar, e não uma probição generalizada contra as

mulheres falarem, pois em 1 Coríntios 11:5 Paulo afirma o

direito das mulheres de profetizar[69]

.

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105

Conversão no caminho para Damasco.

Por Caravaggio, na Igreja de Santa Maria del Popolo,

em Roma.

O terceiro exemplo de Kirk de uma visão mais inclusiva

está em «Não pode haver judeu nem grego, não pode

haver escravo nem livre, não pode haver homem nem

mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gálatas

3:28)[16]

. Ao anunciar um fim dentro da igreja das divisões

que eram tão comuns no mundo todo, ele conclui

destacando que "...havia mulheres do Novo

Testamento que ensinaram e tinham autoridade na igreja

antiga e que estes ensinamentos e esta autoridade eram

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106

sancionadas por Paulo e que o apóstolo mesmo oferece

um paradigma teológico dentro do qual a superação da

subjugação da mulher é um resultado esperado"[70]

.

Influência no cristianismo

Ver artigo principal: Paulinismo

A influência de Paulo no pensamento cristão é

possivelmente o mais importante dentre todos os outros

autores do Novo Testamento[4]

. Paulo declarou que sua fé

em Cristo tornou a Torádesnecessária para a salvação,

exaltou a igreja cristã como sendo o corpo de Cristo e

mostrou o mundo fora da igreja como estando sob

julgamento[4]

.

Tradição oriental

No oriente, os padres da Igreja reduziram a eleição divina

presente Romanos 9:11 à onisciênciade Deus[4]

e o tema

da predestinação presente na teologia ocidental não

aparece no oriente[4]

.

Tradição ocidental

As obras fundamentais de Agostinho sobre a "boa nova"

como um presente (graça), sobre a moralidade como a

vida no Espírito, sobre a predestinação e sobre o pecado

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o gnosticismo, argumenta que Paulo era um gnóstico e

que as epístolas pastorais, antignósticas, são falsificações

"pseudo-paulinas", escritas para refutar esta crença ainda

na antiguidade[71]

.

O acadêmico britânico e judeu Hyam Maccoby argumenta

que o Paulo como descrito nos Atos dos Apóstolos e o

Paulo que aparece em suas próprias obras são pessoas

muito diferentes. Algumas dificuldades foram apontadas

no relato de sua vida, por exemplo. O Paulo dos Atos está

muito mais interessado na história factual e menos na

teologia e ideias como a justificação pela fé não estão ali,

assim como não estão as referências ao Espírito, de

acordo com Maccoby. Ele também afirma que não existem

referências a João Batista nas epístolas paulinas,

enquanto Paulo o menciona diversas vezes nos Atos[72]

.

Maccoby teoriza ainda que Paulo sintetizou o judaísmo, o

gnosticismo e o misticismo para um cristianismo como

uma religião com um salvador cósmico. De acordo com

ele, o farisaísmo de Paulo foi sua própria invenção e que

ele, na verdade, teria se associado com os saduceus.

Maccoby atribui ainda as origens do antissemitismo cristão

a Paulo e alega que a visão das mulheres que o apóstolo

defendia, embora inconsistente, refletia seu gnosticismo

(em seus aspectos misóginos)[72]

.

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109

Outros autores lembram que linguagem nos discursos de

Paulo é muito parecida com a deLucas no estilo. Além

disso, George Shillington escreve que o autor dos Atos

provavelmente criou os discursos de acordo com este

estilo e eles contêm sua marca teológica e literária[73]

.

Contrariamente, o historiador e apologista cristão

Christopher Price argumenta que o estilo de Lucas nos

Atos representa o estilo dos historiadores da época que

reconhecidamente relatavam discursos em suas obras[74]

.

F. C. Baur (1792–1860), professor de teologia

em Tübingen, na Alemanha, o primeiro acadêmico a

criticar os Atos e as epístolas paulinas, e fundador

da Escola de Tübingen de teologia, argumentou que

Paulo, como o "Apóstolo dos gentios", estava em violenta

oposição com os doze apóstolos originais. Baur considera

os Atos como uma obra tardia e pouco confiável[75]

. O

debate que ele iniciou continua até hoje, com Adolf

Deissmann[76]

(1866 - 1937) e Richard

Reitzenstein[77]

(1861–1931) enfatizando a herança grega

de Paulo e Albert Schweitzer destacando a sua

dependência do Judaísmo[78]

.

O professor Robert Eisenman da Universidade da

Califórnia em Long Beach, argumenta que Paulo era

membro da família de Herodes, o Grande[79]

. Eisenman faz

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uma conexão entre Paulo e um indivíduo identificado

por Flávio Josefo como "Saulus", um "parente de

Agripa"[80]

. Outro elemento bastante citado como suporte a

esta tese está em «Saudai a Herodião, meu

compatriota.» (Romanos 16:11)[16]

(em latim: Salutate

Herodionem cognatum meum.).

Entre os críticos do apóstolo Paulo também está Thomas

Jefferson, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos,

que escreveu que Paulo foi o "primeiro que corrompeu as

doutrinas de Jesus"[81]

.

F.F. Powell argumenta que Paulo, em suas epístolas, fez

uso de muitas ideias do filósofo grego Platão, chegando

até mesmo a usar as mesmas metáforas e a mesma

linguagem[82]

. Por exemplo, em Fedro, Platão

colocou Sócrates dizendo que os ideais celestes são

percebidos como "se através de um vidro, vagamente"[83]

.

Estas palavras são ecoadas por Paulo em «Pois agora

vemos como por um espelho em enigma» (1 Coríntios

13:12)[16]

.

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111

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Nacionalidade Chinesa

Ocupação Escritor

Prémios Nobel de Literatura (2012)

Gênero literário Realismo mágico

Guan Moye (em chinês: 管謨業, em chinês simplificado

管谟业, em pinyin Guǎn Móyè( (17 de fevereiro de 1955) é

um escritor chinês, mais conhecido

pelo pseudônimode Mo Yan (em chinês: 莫言, em pinyin

Mò Yán), que significa "Não fale"[1]

. É descrito como "um

dos mais famosos, banidos e largamente pirateados

escritores chineses".[2]

Foi laureado com o Nobel de Literatura em 2012,[3]

"que

com realismo alucinatório funde contos populares, história

e contemporaneidade".[4]

Biografia

Nasceu na província de Shandong, numa família de

granjeiros, em um meio rural. Deixou a escola durante

a Revolução Cultural para trabalhar numa fábrica

de petróleo. Com 20 anos alistou-se no Exército Popular

de Libertação, as atuais forças armadas do seu país, onde

desempenhou um cargo de segurança e foi instrutor

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político de propaganda[3]

e nessa época começou a

escrever. Seu pseudônimo foi escolhido logo no início de

sua carreira e significa "não fale". Numa entrevista recente

explicou que o nome se refere ao período revolucionário

da década de 1950, quando seus pais o instruíam a não

falar tudo o que pensa quando em público.[5]

Em 1981, publicou o seu primeiro romance que tinha

escrito enquanto soldado.[3]

Em 1984, obteve um posto na Escola de Arte e Literatura

do Exército, o que lhe permitiu dedicar mais tempo a

escrever.

Em 1987, edita o que seria um grande sucesso, "Red

Sorghum", que foi adaptado ao cinema por Zhang Yimou.

A película contou com os atores Gong Li e Jiang Wen,

ganhando o Urso de Ouro do Festival Internacional de

Berlim em 1988.[3]

Em 1996, publicou 丰乳肥臀 (traduzido em Portugal como

"Grandes peitos, ancas largas" e editado pela Ulisseia,

reeditado em 2007 pela Babel),[3]

romance que foi proibido

na China, e no que desde uma visão feminina, revisa

quase um século da história do seu país. Devido ao teor

sexual da história, o autor foi obrigado a escrever uma

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115

autocrítica ao seu próprio livro, tendo mais tarde sido

obrigado a retirá-lo de circulação.[6]

Em 2009, numa conferência na Feira do Livro de Frankfurt,

respondeu às acusações de falta de independência

perante o poder: "Um escritor deve exprimir crítica e

indignação perante o lado negro da sociedade e a

fealdade da natureza humana, mas não devemos recorrer

a formas de expressão uniformes. Alguns poderão querer

gritar nas ruas, mas devemos tolerar aqueles que se

escondem nos seus quartos e usam a literatura para

transmitir as suas opiniões".[6]

Nesse mesmo ano, o

escritor ganha diversos prémios, entre eles Prémio

Newman para literatura chinesa.[7]

Em 2011, ganhou o Prêmio Mao Dun, o mais importante

galardão literário oficial do país, sendo depois eleito vice-

presidente da Associação dos Escritores da China.[3][6][7]

O seu mais recente romance, "Frog", fala de um tema

especialmente sensível: a prática de abortos forçados na

China devido à política de controle da natalidade imposta

há três décadas sob a politica de "um casal, um filho".[3]

Seu estilo é comparado com o realismo mágico de Gabriel

García Márquez.

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Morte 20 de novembro de 1910 (82 anos) Astapovo

Império Russo

Ocupação Escritor, novelista

Movimento literário Realismo

Magnum opus Guerra e Paz

Anna Karenina

Assinatura

Lev Nikolayevich Tolstoi, mais conhecido em português

como Liev Tolstói (emrusso:

; Yasnaya Polyana, 9 de setembro de 1828 —

Astapovo, 20 de novembro de 1910) foi um escritor russo.

Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por

tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias

contrastavam com as igrejas e governos, pregando uma

vida simples e em proximidade à natureza.

Junto a Dostoiévski, Turgueniev, Gorki e Tchecov, Tolstói

foi um dos grandes mestres da literatura russa do século

XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as

campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina,

onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um

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dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da

Literatura.[1]

Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de

sua casa, buscando viver uma vida simples.

Índice

[esconder]

1 Biografia

o 1.1 Infância e juventude

o 1.2 Vida adulta

o 1.3 Conversão

o 1.4 Morte

2 Ideais

o 2.1 Proximidade com o anarquismo

o 2.2 A busca pelo natural

o 2.3 Pacifismo

o 2.4 Religiosidade sem dogmas

3 Citações

4 Obras mais relevantes

5 Referências

6 Ligações externas

Biografia

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Infância e juventude

Liev Nicolaevitch, conde de Tolstoi[2]

, nasceu em Yasnaya

Polyana (nome da sua casa), que se localiza a

12 km de Tula e a 200 km de Moscovo. Era filho de

Nicolas Ilyitch, conde de Tolstoi e de Maria

Nicolaevna, princesa de Volkonsky.

Com a morte prematura dos pais, foi educado por

preceptores. Em 1851, na juventude, o sentimento de

vazio existencial levou-o a alistar-se no exército da Rússia.

Tal experiência colaboraria para que, mais tarde, se

tornasse pacifista.

Durante esta época de sua juventude, Tolstoi bebia muito,

perdia muito dinheiro no jogo e dedicava muitas noites a

ter encontros com prostitutas. Mais tarde, o velho escritor

repudiaria esta fase de sua vida.

Vida adulta

No final da década de 1850, preocupado com a

precariedade da educação no meio rural, Tolstoi criou em

Iasnaia Poliana uma escola, para filhos de camponeses. O

escritor mesmo escreveu grande parte do material didático

e, ao contrário da pedagogia da época, deixava os alunos

livres, sem excessivas regras e sem punições.

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Em 1862, casou-se com Sophia Andreievna Bers, com

quem teve 13 filhos. Durante 15 anos, dedicou-se

intensamente à vida familiar. Porém, o casamento com

Sophia seria repleto de distúrbios e brigas. Foi nessa

época que Tolstoi produziu os romances que o

celebrizaram - "Voina i mir" (Guerra e Paz - 1865/1869) e

Anna Karenina. O primeiro, que consumiu sete anos de

trabalho (ambos são considerados umas das maiores

obras da literatura mundial.

Embora extremamente bem-sucedido como escritor e

famoso mundialmente, Tolstoi atormentava-se com

questões sobre o sentido da vida e, após desistir de

encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência,

deixou-se guiar pelo exemplo da vida simples dos

camponeses, a qual ele considerou ideal. A partir daí, teve

início o período que ele chamou de sua "conversão".

Conversão

Seguindo ao pé da letra a sua interpretação dos

ensinamentos cristãos, Tolstói encontrou o que procurava,

cristalizando-se então os princípios que norteariam sua

vida a partir daquele momento.[1]

O cristianismo do escritor recusou a autoridade de

qualquer governo organizado e de qualquer igreja. Criticou

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122

também o direito à propriedade privada e os tribunais e

pregou o conceito de não-violência. Para difundir suas

ideias Tolstoi dedicou-se, em panfletos, ensaios e peças

teatrais, a criticar a sociedade e o intelectualismo estéril.

Tais ideias postas tão explicitamente causaram confusão

nos fãs do famoso escritor e influenciariam um importante

admirador: Gandhi, nesta época ainda na África do Sul.

Após sua "conversão", Tolstói deixou de beber e fumar,

tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como

camponês. Jaime de Magalhães Lima que visitou e

correspondeu-se com Tolstoi escreveu: “Leão Tolstoi foi

um adepto e um apóstolo do vegetarismo. E não é pouco

nem insignificante que um tal espírito e tão sublimado

coração perfilhasse e praticasse essa doutrina, que a

inércia moral e o poder do vício desprezam ou

escarnecem na cegueira própria da sua particular

estreiteza.”[3]

Convencido de que ninguém deve depender

do trabalho alheio passou a limpar seus aposentos, lavrar

o campo e produzir as próprias roupas e botas. Suas

ideias atraíram um séquito de seguidores, que se

denominavam "tolstoianos". Decidiu abrir mão de receber

os direitos autorais dos livros que viria a escrever, só

voltou a querer utilizar este dinheiro quando precisou

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angariar fundos para transportar para o Canadá uma

comunidade de camponeses perseguidos pelo governo.[1]

Tolstoi chegou a ser vigiado pela polícia do czar. Devido a

suas ideias e textos, foi excomungado pela Igreja

Ortodoxa russa, em 1901. Alguns de seus amigos e

seguidores foram também exilados. Tolstoi somente não

foi preso porque era adorado em todo o mundo como um

dos maiores nomes da arte de seu tempo.

Tolstoi, porém, não conseguia alcançar a simplicidade em

que acreditava. Sua família, especialmente a mulher

Sophia, cobrava-lhe os luxos e riquezas aos quais

estavam acostumados. Os filhos davam razão a mãe, a

quem Tolstói amava e que ameaçava se matar quando o

escritor fazia menção de abandonar a casa.

Sophia, que havia lhe dedicado a vida, cobrava que o

escritor deixasse para ela, em testamento, os direitos

autorais das obras que fez na fase final de sua vida.

Tolstoi, por sua vez, elaborou um testamento secreto, no

qual passaria todos os direitos autorais a um tolstoiano de

nome Chertkov, que tornaria sua obra pública.

Aos 82 anos de idade, Tolstoi decide, enfim, fugir de casa

e abandonar a família para largar aquela vida na qual ele

não mais acreditava.

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Morte

Durante alguns dias a fuga foi um sucesso. Nos trens e

nas estações por que passava, Tolstoi era reconhecido por

todos, já que era o homem mais famoso da Rússia.

Porém, devido a sua preferência em viajar em vagões de

terceira classe, onde havia frio e fumaça, o já debilitado

escritor contraiu uma pneumonia, que foi agravando

rapidamente. No dia 20 de novembro de 1910, o velho

escritor morreu durante a fuga, de pneumonia, na estação

ferroviária de Astapovo, província de Riazan.[1]

O trem funerário que trazia seu corpo foi recebido por

camponeses e operários que viviam próximos à

propriedade dos Tolstoi. Seu caixão foi carregado seguido

por uma multidão de 3 a 4 mil pessoas.[1]

O número teria

sido ainda maior se o governo de São Petesburgo não

tivesse proibido a vinda de trens especiais de Moscou para

o enterro do escritor. Sua morte foi noticiada nos principais

jornais do mundo. Encontra-se sepultado em sua casa

em Yasnaya Polyana, Tul'skaya Oblast' na Rússia.[4]

Ideais

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Proximidade com o anarquismo

Para Tolstoi, os Estados, as igrejas, os tribunais e os

dogmas eram apenas ferramentas de dominação de uns

poucos homens sobre outros, porém repudiava a

classificação de seus ideais como sendoanarquistas. Foi

citado pelo escritor anarquista russo Piotr Kropotkin no

artigo Anarquismo daEnciclopédia Britânica de 1911 e

alguns pensadores o consideram como um dos nomes

do Anarquismo cristão. Outra aproximação com o

anarquismo se deu em 1862, quando Tolstói, em viagem

pela Europa, visitou o autor anarquistaProudhon. Este

estava a escrever um texto chamado "La guerre et la paix",

cujo título Tolstói propositalmente utilizou em seu maior

romance.

O escritor não acreditava em guerras e revoluções

violentas como solução para quaisquer problemas, mas

sim em revoluções morais individuais que levariam às

verdadeiras mudanças. Afirmava que suas teses se

baseavam na vida simples e próxima à natureza dos

camponeses e no evangelho e não nas teorias sociais de

seu tempo.

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126

A busca pelo natural

Apesar de afirmar ter-se convertido no último período de

sua vida e de renegar seus trabalhos mais famosos,

encontram-se nestes mesmos textos diversas referências

sobre a busca do autor por uma vida simples e próxima à

natureza. Segundo o escritor George Woodcock em "A

História das ideias e movimentos anarquistas", em todos

os romances que Tolstoi escreveu quando mais novo, ele

"considera a vida tanto mais verdadeira quanto mais

próxima da natureza".

Vários foram os personagens criados nesta época que

representavam o ideal de vida simples e natural. Em "Os

Cossacos" são os camponeses meio selvagens de uma

área remota do Cáucaso; Em Guerra e Paz é o

personagem Platão que é descrito no livro como a

personificação da verdade e da simplicidade: "Suas

palavras e ações brotam dele com a mesma

espontaneidade que o aroma brota da flor". Em Anna

Karenina outro camponês, também chamado Platão, é o

símbolo desta aspiração de Tolstói.

Ainda antes, na infância, Tolstói alimentava, junto aos

irmãos, um sonho de fraternidade total. Eles acreditavam

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127

que o círculo fraterno que formavam poderia ser

expandido e englobar a humanidade inteira, eliminando

todos os problemas. O local onde esta utopia foi

idealizada, sob a sombra de uma árvore em um bosque da

Rússia, é o local onde foi enterrado Tolstói, conforme ele

pedira, e também mais um seu irmão.

Pacifismo

Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras

de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou

correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-

violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi

baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não

se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.

No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o

escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e

ao militarismo como um todo). Ele também defende e

exalta povos como os Quakers, que buscam a

simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência.

Religiosidade sem dogmas

Foi excomungado pela Igreja Ortodoxa

Russa, religião dominante no seu país, depois de tanto

criticá-la. O escritor entendia como dogmas irracionais,

que serviam para dominar o povo, alguns dos conceitos

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128

mais caros à Igreja. Considerava e seguia a doutrina de

Jesus, mas achava impossível, por exemplo, que Jesus

pudesse ser um homem e Deus, ao mesmo tempo. Para

Tolstoi, Deus estava nas próprias pessoas e em suas

ações e Jesus teria sido, para ele, o homem que melhor

soube exprimir uma conduta moral que gerasse justiça,

felicidade e elevasse espiritualmente a todos os homens.

Seu cristianismo exacerbado, no fim de sua vida,

assemelhava-se ao cristianismo primitivo. Em alguns

trabalhos publicados, seus textos foram muito mais longe

que suas atitudes pessoais, como em "Sonata a Kreutzer",

que mostra uma tendência a exaltar o celibato, porém o

escritor ainda teve filhos depois desta obra. Pouco antes

de sua morte, seus amigos o aconselharam a se retratar

com a Igreja, este porém, recusou-se.

[editar]Citações

Se queres ser universal, começa por pintar a tua

aldeia.

— Liev Tolstói

Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer

de suas costas.

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— Liev Tolstói

Enquanto houver matadouros, haverá campos

de guerra.

— Liev Tolstói

Todos pensam em mudar o mundo, mas

ninguém pensa em mudar a si mesmo.

— Liev Tolstói

Em vão, centenas de milhares de homens,

amontoados num pequeno espaço, se

esforçavam por desfigurar a terra em que

viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que

nada pudesse germinar; em vão arrancavam as

ervas tenras que pugnavam por irromper; em

vão impregnavam o ar de fumaça; em vão

escorraçavam os animais e os pássaros - Em

vão... porque até na cidade, a primavera é

primavera.

— Tolstói, em "Ressurreição"

O homem pode viver 100 anos na cidade sem

perceber que já está morto há muito tempo

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— Tolstói, em "Sonata a Kreutzer

A felicidade é estar com a natureza, ver a

natureza e conversar com ela.

— Tolstói, em "Os Cossacos"

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132

Franz Kafka Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Para o filme do diretor Steven Soderbergh,

veja Kafka (filme).

Franz Kafka

František Kafka

Fotografia de Franz Kafka tirada em 1906

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133

Nome

completo

František Kafka

Nascimento 3 de julho de 1883

Praga

Áustria-Hungria

Morte 3 de junho de 1924 (40 anos)

Klosterneuburg, Áustria

Ocupação Agente de seguros, escritor

Movimento

literário

Modernismo, existencialismo,surrealismo,

precursor dorealismo mágico

Magnum

opus

A Metamorfose, O Castelo, O Processo

Religião Judaísmo

Assinatura

Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 —

Klosterneuburg, 3 de junho de 1924)[1][2]

foi um dos

maiores escritores de ficção da língua alemã do século

XX. Kafka nasceu numa família de classe

média judia em Praga, Áustria-Hungria (atual República

Checa). O conjunto de seus textos— na maioria

incompletos e publicados postumamente[3]

— situa-se

entre os mais influentes da literatura ocidental.[4]

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Em obras como a novela A Metamorfose (1915) e

romances como O Processo (1925) e O Castelo (1926)

retrata indivíduos preocupados com um pesadelo de um

mundo impessoal e burocrático.

Índice

[esconder]

1 Família

2 Educação

3 Obra

4 Espólio

5 Estilo literário

6 Livros e Contos[2]

7 Kafka cinematográfico

8 Ligações externas

9 Referências

10 Bibliografia

Família

Kafka nasceu em uma família judia de classe média

em Praga, capital da Boêmia. Seu pai, Hermann Kafka

(1852–1931),[5]

foi descrito como um "grande empresário

egoísta e arrogante" e por Kafka se considerava um

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135

"verdadeiro Kafka em força, saúde, apetite, a sonoridade

da voz, eloquência, a auto-satisfação, presença de espírito

e o conhecimento da natureza humana". Hermann era o

quarto filho de Jacob Kafka, um abatedor kosher, e foi a

Praga a partir de Osek, um judeu de língua checa, perto

da aldeia Písek no sul da Boêmia. Depois de trabalhar

como representante de vendas da viagem, ele se

estabeleceu como varejista independente de homens e

mulheres de bens de fantasia e acessórios, que

empregam até 15 pessoas e usando uma gralha (Kavka

em checo) como seu logotipo nos negócios. A mãe de

Kafka, Julie (1856-1934), era filha de Jakob Löwy, um

cervejeiro próspero em Poděbrady e foi melhor educada

que seu marido.

Franz era o mais velho de seis filhos. Ele tinha dois irmãos

mais novos, Georg e Heinrich, que morreram com a idade

de 15 meses e 6 meses, respectivamente, antes de Franz

completar 7 anos, e três irmãs mais novas: Gabriele ("Elli")

(1889-1944), Valerie ("Valli") (1890-1944) e Ottilie ("Ottla")

(1892-1943).[5]

Em dias úteis, os pais estavam ausentes

em casa. A mãe de Franz ajudou a administrar os

negócios do marido e trabalhou neles até 12 horas por dia.

As crianças foram criadas em grande parte por uma série

de governantas e funcionários. A relação de Kafka com

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seu pai foi gravemente perturbada, conforme explicado na

carta ao seu pai, em que ele se queixou de ser

profundamente afetado pelo exigente caráter autoritário

deste.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as irmãs de Kafka

foram enviadas com suas famílias para o Gueto de Lodz e

morreram ali emcampos de extermínio. Ottla foi enviada

para o campo de concentração de Theresienstadt e, em

seguida, em 7 de outubro de 1943, para o campo de

extermínio de Auschwitz, onde 1.267 crianças e 51

encarregados de educação, incluindo Ottla, morreram

asfixiados com gás.

Kafka aos cinco anos.

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Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica,

a tcheca e a alemã.[6]

No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, a

quem pedirá, em 1922, que destrua todas as suas obras

após sua morte.[5]

Em 1903, Kafka tem sua primeira relação sexual, o que lhe

deu insegurança por toda a sua vida. Nesse ano também,

fez sua primeira visita a um sanatório. Teve vários casos

amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais

das moças, outros por desinteresse próprio.[5]

Entre 1914 e 1924, Kafka esteve três vezes perto do

casamento. Desistiu sempre. Tentou primeiro por duas

ocasiões com Felice Bauer, uma alemã com quem se

correspondeu até 1917. A última vez foi com Julie

Wohryzek, mais nova do que ele.

Kafka falece no dia 3 de junho de 1924 no

sanatório Kierling, perto de Klosterneuburg na Áustria. A

causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca,

apesar de sofrer de tuberculose desde 1917.[7]

Educação

Kafka aprendeu alemão como sua primeira língua, contudo

era quase fluente em tcheco. Considerava-se incapaz nos

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estudos, tanto que em uma carta a Felice Bauer declarou

que não acreditava que conseguiria concluir o ensino

médio. No momento de escolher a carreira, optou pelo

curso de Filosofia, no entanto foi impedido pelo seu pai,

com quem não tinha uma relação de afetividade. Tendo de

decidir entre Química e Direito, Franz opta pela faculdade

de Química junto com seu grande amigo Max Brod.

Permanece 15 dias no curso e desiste, entrando de vez

para a faculdade de Direito, que será tema de boa parte de

suas obras. Formado em Direito em 1906, trabalhou como

advogado a princípio na companhia

particular Assicurazioni Generali e depois na

semiestatal Instituto de Seguros contra Acidentes do

Trabalho. Solitário, com a vida afetiva marcada por

irresoluções e frustrações, Kafka atingiu pouca fama com

seus livros, na maioria editados postumamente. Mesmo

assim era respeitado nos círculos de literatura que

frequentava.

Obra

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Epitáfios em hebraico no túmulo da família Kafka

O seu livro A Metamorfose (1915) narra o caso de um

homem que acorda transformado num gigantesco

inseto;[8]

O Processo (1925) conta a história de um certo

Josef K., julgado e condenado por um crime que ele

mesmo ignora;[9]

em O Castelo (1926), o agrimensor K.

não consegue ter acesso aos senhores que o

contrataram.[10]

O livro A Colônia Penal (1914) fala sobre

uma máquina que tem o poder de executar sentenças.

Trata-se de uma história absurda sobre uma Colônia que

usa esta máquina para torturar e matar pessoas, sem que

estas sequer saibam o porquê de sua morte. O livro é uma

crítica aos sistemas despóticos de poder.[11]

Essas quatro

obras-primas definem não apenas boa parte do que se

conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio

carácter do século: kafkiano.

Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu

também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de

páginas de diários. Deixou inacabado o

romance Amerika e mesmo alguns capítulos de O

Processo - cujos capítulos foram escritos sem ordem

cronológica da obra e há controvérsias se a edição oficial

do livro é a definitiva - também ficaram inacabados.

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Kafka morreu num sanatório perto de Viena, onde se

internou com tuberculose. Desde então, seu legado -

resgatado pelo amigo Max Brod - exerce enorme influência

na literatura mundial.

Espólio

Em 2012, depois de anos de disputa, a colecção de

documentos, que inclui inéditos e documentos pessoais de

Franz Kafka e Max Brod vai ser entregue à Biblioteca

Nacional de Israel. A decisão do tribunal de Tel Aviv obriga

as filhas da antiga secretária de Brod a devolverem o

espólio.

Tudo começou logo após a morte de Kafka em 1924,

quando o amigo e testamenteiro literário Max Brod,

também escritor, jornalista e compositor, não queimou

manuscritos, diários e cartas e tudo o que restava, como

era a última vontade do escritor.

Max Brod emigrou para a Palestina em 1939 fugindo à

perseguição nazi, dando instruções a Esther Hoffe,

secretária e amante, que quando morresse todos os

documentos fossem depositados na Biblioteca Nacional de

Jerusalém. O que nunca viria a acontecer.

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Brod morreu em 1968 e Esther Hoffe não respeitou o

pedido e ficou com o espólio.Em 1998 decidiu levar a

leilão o manuscrito de O Processo, que viria a ser

adquirido, pelo equivalente a cerca de milhão e meio de

euros, pelo Ministério da Cultura alemão, ficando

depositado na Biblioteca de Marbach am Neckar, uma

pequena cidade no Sul do país, no estado de Baden-

Württemberg, a uns 35 km de Estugarda.

Esther, que morreu em 2007, decidiu deixar às filhas o

espólio de Kafka. Após a morte da mãe, em 2007, Eva e

Ruth quiseram fazer valer os direitos também sobre parte

daquele patrimônio que entretanto foi descoberto no

apartamento de Esther, em Tel Aviv.

Foi nessa altura que o Estado de Israel decidiu intervir,

reivindicando o espólio para a Biblioteca Nacional de

Jerusalém. Soube-se então que outra parte do espólio

estava depositado, desde há várias décadas e ainda por

iniciativa de Max Brod, num banco na Suíça

Estilo literário

A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado,

imparcial, atenciosa ao menor detalhe, e abrange os

temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais

conhecidos são as pequenas histórias A Metamorfose, Um

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artista da fome e os romances O Processo, América e O

Castelo. Os seus contos são julgados como verdadeiros e

realistas, em contato com o homem do século XXI, pois os

personagens kafkianos sofrem de conflitos existenciais,

como o homem de hoje. No mundo kafkiano, os

personagens não sabem que rumo podem tomar, não

sabem dos objetivos da sua vida, questionam seriamente

a existência e acabam sós, diante de uma situação que

não planejaram, pois todos os acontecimentos se viraram

contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se

aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de

sair dela. Por isso, a temática da solidão como fuga, a

paranoia e os delírios de influência estão muito ligados à

obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens

secundários que espiam, e conspiram contra o

protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à

exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros

onde a personagem principal é uma mulher). No fundo,

estes protagonistas não são mais que projecções do

próprio Kafka, onde ele expõe os seus medos, a sua

angústia perante o mundo, a sua solidão interior, sua

problemática em lidar com a família e o círculo

social.[carece de fontes]

Livros e Contos[2]

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Cenas de um Casamento no Campo (1907)

Considerações (1908)

Aeroplano em Brescia (1909)

Amerika (1910, 1927)

O Veredicto (1912)

A Metamorfose (1912, 1915)

A Sentença (1912, 1916)

Meditação (1913)

Contemplação: O Foguista (1913)

Diante da Lei (1914, 1915)

A Colônia Penal (1914, 1919)

O Processo (1914, 1925)

Um Relatório para a Academia (1917)

A Preocupação de um Pai de Família (1917)

A Muralha da China (1917, 1931)

Carta ao Pai (1919)

Um Médico Rural (1919)

Poseidon (1920)

Noites (1920)

Sobre a Questão das Leis (1920)

Primeiro Sofrimento (1921)

Cartas a Milena (1920, 1923)

Investigações de um Cão (1922)

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ESCRITOR MAX SALGADO

PRESBÍTERO, FILÓSOFO E PACIFISTA.

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NOME : MAX EMILIANO SALGADO MOREIRA

CASADO 31 ANOS

NATURAL GOVERNADOR VALADARES MG

ESCRITOR, FILOSOFO, PACIFISTA E PREGADOR

ITINERANTE.

DEFENSOR DA PAZ E DO DESARMAMENTO

DAS NAÇÕES, DOUTRINA DA NÃO VIOLÊNCIA.

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BA TEOLOGIA - FAC. UNIDA - ES

BA TEOLOGIA - FATEMGRAD - RJ

TEOLOGIA - CETEO - GO

TEOLOGIA - I. T. CARISMA - SP

PREGADOR - SETREPP - ES

OBRAS

Irmãos de fé

Linhagem Espiritual

A intimidade de Deus

Jesus & Lúcifer

O ser e o Ter

O LEGADO

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O SER

O FILOSOFO VISIONARIO

AVIVAMENTO

O DEUS DESCONHECIDO

ESTUDO A VIDA NO ESPIRITO

ESTUDO E EBD

HÁ PROFETAS CALADOS, HÁ IGREJAS COMPRADAS,

HÁ MINISTROS VENDIDOS.

OBRAS EM 10 IDIOMAS

PORTUGUÊS

INGLÊS

FRANCÊS

JAPONES

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HEBRAICO

ALEMÃO

SUECO

ESPANHOL

ITALIANO

ÁRABE

MINISTÉRIO MAX SALGADO

(UNÇÃO E LEGADO)

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A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO.........

JESUS CRISTO........................................

DEUS.......................................................

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Livro A INTIMIDADE DE DEUS

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LIVRO LINHAGEM ESPIRITUAL

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LIVRO A PESSOA DO ESPIRITO SANTO

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Vida e obra de Francisco de Assis

Procurei ler a biografia deste santo para compreender melhor a importância e as etapas da vida dele, para a Igreja Católica. Trata-se de Francisco de Assis antes e

depois da sua conversão. É bom lembrar que há

inúmeras biografias impressas sobre este santo, e todas devem ser respeitadas, mas pelo fato de divergirem

muitas vezes entre si, coloquei aqui o que achei mais convincente, ou seja, o que realmente acredito dentro

de cada obra lida durante o curso.

Francisco de Assis foi o fundador da Ordem dos Frades

menores. Nasceu em Assis, Itália, em 1181, e morreu em Porciúncula em 1226. Foi canonizado no ano de

1228, quando passou a ser considerado santo pela

Igreja Oficial da época. Comemora-se o seu dia em 04 de outubro.

Francisco Bernadone foi filho de um rico comerciante de

tecidos da era medieval, teve uma juventude frívola e

descuidada em companhia de outros jovens boêmios.

A experiência nas lutas entre Assis e Perúgia e a séria enfermidade conseqüente levaram-no à conversão, a

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partir do momento em que um dia, na Igreja de São

Damião, pareceu-lhe ouvir uma imagem de Cristo dizer-

lhe: -"Francisco, restaura minha casa decadente."

Tomou no sentido literal as palavras que ouvira e vendeu mercadorias da loja de seu pai para reformar

essa igreja.

Como resultado, seu pai repudiou-o e deserdou-o. O

jovem saiu de casa, sem dinheiro algum, para unir-se à "Irmã Pobreza", quando passou a viver a verdadeira

vida apostólica e a pregar o ideal religioso para os fieis

pobres da sociedade medieval; passados três anos, o Papa Inocêncio III autorizou Francisco e seus onze

companheiros a tornaram-se pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.

Deu-se, assim, o início da Ordem dos Frades Menores, que tinha como sede a Capela Porciúncula de Santa

Maria dos Anjos, perto de Assis. O número de candidatos à ordem era muito grande e, sendo assim,

foi aberto outro convento, em Bolonha; porém, por toda

a Itália, os irmãos conclamavam o povo, de classe baixa ou alta, à fé e à penitência. Recusavam posses,

conhecimentos humanos e mesmo promoção eclesiástica; poucos dentre eles tomaram as ordens

sacras. O próprio Francisco de Assis nunca foi sacerdote.

Em 1212, ele e Clara, sua companheira assídua, fundaram a primeira comunidade das clarissas. Nessa

época, por duas vezes Francisco tentou ser missionário entre os muçulmanos, sem resultado. Só conseguiu seu

intento, em parte, quando acompanhou os cruzados de

Gautier de Brienne ao Egito, em 1219. Pessoalmente, solicitou permanência ao Sultão Malek al-Kamel, mas

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não teve sucesso, tanto entre os sarracenos ou com os

próprios cruzados, e, depois de visitar a Terra Santa,

voltou para a Itália.

Já em 1217, o movimento franciscano começara a desenvolver-se como uma ordem religiosa. Dado ao

grande número de aderentes, a ordem foi crescendo de

tal forma, que foi necessária a criação de províncias; grupos de frades foram encaminhados para elas e para

fora da Itália, inclusive para a Inglaterra.

Logo após a sua volta do Oriente, Francisco renunciou à

liderança da ordem. Entretanto, durante sua ausência, os irmãos criaram algumas inovações e, em

conseqüência disso, Francisco, apoiado por seu bom amigo Cardeal Ugolino, apresentou em 1221 uma

versão revista da regra. Tal versão reiterava a pobreza,

a humildade e a liberdade evangélica, das quais ele sempre fora um exemplo. Mas, antes que a nova regra

fosse finalmente aprovada, teve de sofrer algumas alterações e ser formalizada para conciliar as diversas

opiniões.

Em 1224, enquanto Francisco pregava no Monte

Alverne, nos Apeninos, apareceram-lhe no corpo cicatrizes correspondentes às cinco chagas do Cristo

crucificado, fenômeno chamado de "estigmatização". Os estigmas permaneceram e constituíram uma das fontes

de sua fraqueza e dos sofrimentos físicos, que

aumentaram, progressivamente, até que, dois anos depois, ele acolheu a "Irmã Morte".

Ao longo dos séculos, a admiração por Francisco de

Assis espalhou-se espontaneamente entre os cristãos de

qualquer comunhão e, também, entre outras pessoas. Há uma forte atração no seu "Cântico do Sol", no que

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sabemos sobre ele por meio das Fioretti ("Florzinhas") e

do Espelho da Perfeição, na sua simplicidade,

integridade, franqueza e nas qualidades líricas de sua vida. Francisco de Assis, porém, foi mais do que um

individualista inspirado: foi um homem de grande introspecção espiritual, cujo consumidor amor por Cristo

e pela redenção do homem encontrou expressão em

tudo o que disse e fez.

Em 1979 o Papa João Paulo II proclamou-o santo patrono dos ecologistas, como era um grande

admirador da natureza na época em que viveu. (In:

Dicionário Festividades Religiosas)

Com estas palavras terminamos este trabalho de um personagem da História da Igreja. Por tudo quando ele

realizou em nome da religiosidade, podemos ver que ele

era um homem da sua época e tudo o que ele viveu está relacionado com a sociedade medieval. Resumindo:

ele foi fruto da sua época mas que, nos parece, inovou em algumas coisas, como no próprio conceito de

pobreza.

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Bibliografia

# Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.