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Método de preparo de amostrasTRANSCRIPT
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5. Digesto de Amostras Assistida por Microondas
5.1. INTRODUO
Ana Rita Nogueira- CPPSE/EMBRAPA
rico Marlon de Moraes Flores - DQIUFSM
Francisco Jos Krug - CENAIUSP
Guenter Knapp - Graz University of Technology Joaquim de Arajo Nbrega - DQ/UFSCar
Juliano Smanioto Barin -DQIUFSM
o~: primeiros experimentos com fomos de microondas para decomposio Je amostras foram realizados em 1975 utilizando-se frascos
fechados em fomos domsticos com resultados muito promissores. Embora os
fomos domsticos no fossem apropriados para se trabalhar em ambientes
agressivos, particularmente quando os frascos de reao deixavam escapar
vapores cidos corrosivos, era notria a diminuio do tempo de decomposio
das amostras, comparativamente aos procedimentos convencionais utilizando-se
placas aquecedoras ou blocos digestores. Aqueles pesquisadores que j trabalhavam com sistemas fechados viam as vantagens dos aquecimentos por
microondas con-1 certa reserva, pois os sistemas fechados aquecidos de maneira
convencional j tinham desempenho superior aos abertos. Ressaltando-se pequenas exceh~s, o uso do forno de microondas para o preparo de amostras
Francisco Jos Krug, fji
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permaneceu praticamente ignorado at l 985;quando o interesse na digesto por
microondas tomou-se bastante popular. A partir de ento, as publicaes
inicialmente se voltaram quase que exclusivamente decomposio (em sistemas abertos) de amostras ambientais, alimentos, ligas, leos, metais, minerais, etc.
A radiao microondas pode ser utilizada em muitos outros campos
da qumica, como sntese orgnica, sntese de compostos organometlicos,
compostos inorgnicos, catlise etc. No tocante ao preparo de amostras, a esfera
de aplicao tem se expandido cada vez mais em reas que envolvem
decomposies por vias seca e mida, fuso, extraes, acelerao de reaes .
qumicas, por exemplo. Pesquisas recentes vm avaliando o efeito da radiao
microondas na formao de complexos, formao de compostos coloridos,
processos cromatogrficos, dentre outros. Os efeitos no trmicos das interaes
das microondas com as substncias ainda so um desafio que necessita ser
investigado. Hoje se reconhece que os fomos de microondas para fins analticos possuem tecnologia muito avanada, com excelentes desempenhos para
amostras orgnicas e muitas amostras inorgnicas. Destaque tambm deve ser
dado aos sistemas que exploram microondas focalizadas em frascos fechados,
mas a presso atmosfrica, e aos sistemas em fluxo contnuo. Neste captulo,
nfase ser dada aos fomos de microondas com frascos fechados de mdia a ai ta
presso, e aos sistemas com microondas focalizadas. Avanos recentes na
literatura tambm so mencionados no final deste captulo.
Francisco Jos Krug, [email protected]. V Workshop sobre Preparo de Amostras, So Paulo, 2004.
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Nmero de
publicaes 100
80
60
40
20
o ~ ....
Ano
Fig. 5.1. Nmero de publicaes sobre digestes assistidas por microondas/ano 3 (adaptado de Kingston & Haswell, 1997)
De uma maneira geral, pode-se afirmar que aqueci,1entos por
microondas proporcionam digestes mais rpidas e seguras do que aqueles
baseados em aquecimento "convencional", quando realizados em equipamentos
adequados para este fim.
5.2. CONCEITOS TERICOS 5.2.1. GERAL
As primeiras tentativas para compreender os aspectos qumicos e
fsico-qumicos do processo de dissoluo, mediante o aquecimento com
microondas, revelaram a necessidade de se conhecer, e preferivelmente
monitorar, as condies de temperatura e presso durante o processo de
digesto.
Os sistemas analticos modernos, desenvolvidos especificamente
para digestes assistidas por microondas, apresentam facilidades para medir a
temperatura e a presso do sistema amostra-cido(s) durante o perodo reacional
Francisco Jos Krug, [email protected]. V Workshop sobre Preparo de Amostras, So Paulo, 2004.
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por meio da aplicao da tecnologia baseada em termometria com sensores de
fibras ticas e outros transdutores. possvel medir tanto a temperatura no meio reacional in situ, ou externamente. Alm disso, materiais de alta resistncia
mecnica, como TEFLON PFA e TFM, permitem que se trabalhe com
recipientes fechados a presses elevadas e, conseqentemente, temperaturas
mais elevadas, que podem ser monitoradas continuamente. Dependendo do
sistema de digesto (do projeto do frasco de digesto), a presso pode ser controlada e ajustada ao valor programado pelo operador em qualquer momento do processo. O conhecimento da presso e da temperatura permite que se
interfira automaticamente nas etapas do processo de digesto. Desta forma,
possvel determinar experimentalmente a durao e a potncia mais adequadas
de cada etapa para a digesto da amostra.
5.2.2. RELAES BSICAS FUNDAMENTAIS
As relaes tericas, que regem a interao da radiao das
microondas com a amostra e com os reagentes utilizados para a digesto, so
basicamente aquelas que, de uma forma geral, regulam a interao entre matria
e energia. Obviamente, o tipo especfico de radiao restringe as consideraes e
os efeitos da mesma energia sobre a amostra e sobre os reagentes presentes
durante. a ao das microondas no sistema. '
As microondas so ondas eletromagnticas (Figuras 5.2 e 5.3) e, como tal, so portadoras de energia. Cobrem uma faixa de freqncias do
espectro eletromagntico que varia de 300 a 300.000 MHz (Figura 5.3). De acordo : com o regulamento da Comisso Federal de Comunicaes e das Leis
)"
'
Intemabonais de Rdio, somente quatro freqncias so permitidas para uso
industrial, cientfico e domstico: 91525, 245013, 580074 e 22125125, em
MHz. Os fomos de microondas comerciais fabricados para uso domstico ou
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para laboratrios empregam microondas de 2450 MHz. A potncia que se gera
em um forno de microondas do tipo domstico ou analtico cobre uma faixa de
600 a 700 W, mas alguns equipamentos modernos operam com uma potncia de
1.100 W que, em outras palavras, significa um fornecimento de at 15. 77 4 cal
min-1
(1 kW = 239 cal s"1).
Fig. 5.2. Ilustrao de uma onda eletromagntica polarizada propagando-se num plano perpendicular a esta folha ( = comprimento de onda, E = campo eltrico, H =campo magntico). Cortesia Milestone.
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~ 1!!:111@1mm:::mm1:mrnm:mm::1:::::::::1::::."!!::1:!ii: :H:y:n::p:/(://(>>:::u : : : : : : : '.:::::::::::: '~::::::::::::!Infravermelho l::u:::i::: ::::::::j Microondas j::::::: 1 Radioondas ! "> !l\l\1\\\l\\\lllll\\llll\ll\llllllil\\llllll\llllllll\ll\\lll!!ll\i!!i[\!\ \\:\\\\\\\\}\{:\\\}\\\\}\:?\\:\{ \ \ \ \ \ \ \ \: \: \ \ \:::: ~: +-Radiao Laser---.
-1 o -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 1
Comprimento de Onda (metros)
3xl 012 3xl o1 O 8 3x10 3xl06 3x104 3x10 2
Frequncia (MHz) 14 14 14
@) @ ~ a Eltrons da Eltrons da Camada Camada Vibraes Rotaes Mais Interna de Valncia Moleculares Moleculares
Fig. 5 .3. Representao de uma parte do espectro eletromagntico 1
Quando um material no transparente s microondas absorve este tipo de radiao, o material pode sofrer um aumento considervel na sua
temperatura, devido, principalmente, interao da radiao eletromagntica
com os ons dissolvidos e com o solvente, provocando migrao inica e
rotao de dipolos.
A ocorrncia destes dois processos resulta em um movimento
molecular no material, que tambm contribui para o aquecimento do mesmo.
Estes dois processos ocorrem quando microondas interagem com a soluo de
um cido (ou mistura de cidos) usado para a digesto da amostra de interesse.
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Formas de aquecimento
Aquecimento condutivo
Corrente de conveco
Aquecimento por microondas
Super aquecimento localizado
Fig. 5.4. Vises puntuais sobre as formas de aquecimento condutivo e por microondas.
Somente a energia das microondas no suficiente para a quebra
das ligaes qumicas, devendo ser ressaltada a importncia destes mecanismos
de converso de energia (Tabela 5.1 ). A converso de energia in situ apresenta-se muito atrativo do ponto de vista qumico, pois sua magnitude ir dep.:nder das
propriedades das molculas, o que permite algum controle das propriedades dos
materiais e na seletividade das reaes. Os qumicos esto bastante
familiarizados com aquecimento condutivo (por exemplo, placas aquecedoras, chama ou fornos convencionais). O aquecimento por microondas envolve absoro direta de energia pelo material que est sendo aquecido (Fig.5.4). Assim, novos mtodos so necessrios para urna correta aplicao das
microondas em diferentes campos da qumica.
As microondas apresentam radiao no ionizante, sendo muito
menor que a energia necessria para quebrar as ligaes das molculas orgnicas
comuns (Tabela 5.1 ). Isto no significa que no ocorram outros efeitos
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biolgicos ou significativas interaes da radiao eletromagntica co1n a
matria.
Tabela 5.1. Energia das microondas x energia eletromagntica
Tipo de radiao Raios-X
Ultravioleta
Visvel
Infravermelho
Microondas
Tipo de ligao qumica H-OH
H-CH3
H-NHCH3
H3C-CH3
PhCH2-COOH
(adaptado de Knapp, 1998) 15
5.2.2.1. Migrao Inica
Frequncia (MHz) 3,0 X 1013
1,0 X 1013
6,0 X 109
3,0 X 106
2450
Energia Quntica (e V) 1,24 X 105
4,1
2,5
0,012
0,0016
Energia de ligao qumica (e V} 5,2
4,5
4,3
3,8
2,4
A migrao inica consiste no movimento eletrofortico dos ons
dissolvidos de um lugar para outro no interior da soluo da amostra. O
movimento dos ons causado pela interao entre as espcies inicas e o
campo eltrico oscilante das microondas. Os ons se deslocam produzindo um
fluxo de corrente (Fig. 5.5), cujo movimento sofre resistncia causada por outras espcies com fluxo oposto ao deslocamento. Como resultado desta resistncia,
so produzidas perdas do tipo I2R (produo de calor) provocando um aumento na temperatura do meio, imediatamente ao redor de cada on que migra. O
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movimento dos ons aumenta medida que a temperatura tambm aumenta,
provocando, assim, um efeito do tipo "avalanche".
Migrao inica
=o:;o C=t> B : + 0--0-0 G C=t> () ...
...
-t
E
Fig. 5.5. Representao esquemtica da migrao inica
Toda soluo inica tem pelo menos duas espcies inicas (ons Na+ e ons cr, por exemplo) e todos os ons contribuem para o processo de aquecimento. A contribuio de cada on depende de sua concentrao e sua
mobilidade no meio (Tabela 5.2). A mobilidade depende do tamanho, carga e condutividade do on, e tambm da temperatura.
Tab. 5.2. Efeito do aumento da concentrao de NaCl no fator de dissipao 15
(adaptado de Knapp, 1998)
Concentrao (mol r 1) 0,0
O, 1
0,3
0,5
Tangente 8
0,157
0,240
0,435
0,625
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5.2.2.2. Rotao de Dipolo
Refere-se ao efeito que o campo eltrico oscilante das microondas
causa s molculas da amostra que possuem momento dipolar induzido ou
permanente. Quando se estabelece um campo eltrico, as molculas dipolares se alinham com os polos deste campo eltrico (Fig. 5.6).
Como as ondas eletromagnticas geram campos eltricos positivos
e negativos alternados, provoca-se uma desordem e agitao das molculas
dipolares, transforinando-se em calor a energia absorvida para o realinhamento
das molculas. A Figura 5.7 est exagerada para efeito de ilustrao. No entanto,
o que ocorre uma rpida mudana de posio das molculas, que passam um
pouco mais de tempo em uma direo que em outra. Quando o campo eltrico removido, ocorre o retomo das molculas desordem, em um tempo de
relaxao t e energia trmica gerada.
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+1 o u e .......
QJ QJ o o.. E Ctl u
+
o u
;;:: .......
QJ QJ o o.. E Ctl u
+
o u
;;:: .......
QJ QJ o o.. E Ctl u
o-
,/, o . .....__ H H
o+ o+
t=Ons
t=O,lns
t=0,3ns
Fig. 5.6. Rotao de uma molcula de gua com o campo eltrico de uma
microonda (cortesia Milestone)
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b.
+H'-0-1 H+ H+
1 o-
'-H+
o-+H/ '-H+
+H /H+ 1
-o -o '-H+ '-H+
Fig. 5.7. Representao da resposta molecular a um campo eletromagntico. (a) molculas polarizadas alinhadas com os plos do campo eletromag11tico; (b) desordem iermicamente induzida quando o campo eletromagntico alterado (copiado de E.D.Neas, M.J. Collins . Microwave Heating, ln: Kingsto11 & Jassie2)
Quando se utiliza a frequncia de 2450 MHz, o alinhamento das molculas e seu retomo ao estado de desordem ocorre 4,9 x 109 vezes por
segundo, o qual resulta em um aquecimento rpido e eficiente. O aquecimento
devido a este processo depende do tempo de relaxao da amostra, o qual
definido como o tempo necessrio para ordenar totalmente e desordenar 63% da
amostra que, por sua vez, depende da temperatura e viscosidade da amostra.
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5.2.2.4. Capacidade de Penetrao das Microondas
Quando se irradia um material qualquer com microondas, existem trs possibilidades quanto penetrao da onda eletromagntica: a) Reflexo: o material reflete as microondas sem ser afetado pelas mesmas. b) Transparncia: as microondas atravessam o material sem provocar nenhum
efeito no material. .
c) Absoro: o material absorve total ou parcialmente a radiao. Para digestes assistidas por microondas explora-se a absoro das
t. '
microondas. Nesta situao, a energia eletromagntica das microondas que
absorvida convertida em energia trmica (calor), com o conseqente aquecimento do meio reacional. Como os materiais diferem na sua habilidade de
converso da energia eletromagntica das microondas em calor, importante
conhecer o fator de dissipao de energia da amostra. Este fator representa a
capacidade que cada material possui em absorver energia de microondas. Esta
absoro est diretamente relacionada com o grau de penetrao da radiao no
material. A penetrao nula nos materiais que refletem microondas, como os
metais, e infinita nos meios transparentes (quartzo e Teflon so praticamente transparentes).
Na Fig. 5.8 esto representadas as propriedades dielt1icas da gua
destilada em funo da freqncia, a 25C. Observa-se que apreciveis valores
de perdas dieltricas ocorrem acima de l 0000 Hz, enquanto que os microondas
domsticos operam a freqncias muito inferiores, 2450 Hz. Existe uma razo
prtica para se utilizar essa baixa freqncia: necessrio que o alimento seja eficientemente aquecido em seu interior. Se a freqncia for tima para uma
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mxima velocidade de aquecimento, as microondas sero absorvidas nas regies
externas do alimento, e penetraro muito pouco. Portanto, a profundidade de
penetrao, que a profundidade dentro de um material onde a porencia atinge a
metade de seu valor na superfcie, um outro importante parmetro
experimental.
80
o
1 Q-1 1 10 Freqncia (GHz)
Fig. 5.8. Propriedades dieltricas da gua em funo da freqncia 3
(adaptado de Kingston & Haswell, 1997).
Quando a amostra aquecida, o tempo de relaxao dieltrica ir mudar com o fator de dissipao e, conseqentemente, com a profundidade de
penetrao. A Tabela 5.3 ilustra esta observao. O fator de dissipao decresce
com a elevao da temperatura da gua. Este decrscimo ocorre porque l/t
aumenta com o aumento da temperatura da gua e ento a freqncia rotacional
da gua no ser coincidente com a freqncia angular incidente das
microondas, e a absoro decresce.
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Tabela 5.3. Efeito da temperatura no fator de dissipao da gua
Temperatura C Tangente 8 (X 104) a
1,5 3100 5,0 2750 15,0 2050 25,0 1570 35,0 1270 45,0 1060 55,0 890 65,0 765 75,0 660 &5,0 547 95,0 470
Medidas feitas a 3000 MHz. Dados extrados de Von Hippel, A.R. Dieletric Materiais and Applications; John Wiley: New York, 1954; p. 301.
Quando ocorre absoro, a penetrao vai depender fundamentalmente da relao entre o fator de perda (E"), e a constante dieltrica (E') da amostra em particular. Esta relao conhecida como fator de dissipao
e representada por tan 8, sendo expressa pela razo entre o fator de perda e a
constante dieltrica:
tan 8 = 0"/ 0' A constante dieltrica E' pode ser vista como uma medida da
habilidade da amostra em se opor ao caminho das microondas, e o fator de perda
dieltrica E" como a eficincia da converso da energia da radiao microondas
em calor (capacidade da amostra e dissipar a quantidade de energia absorvida na forma de calor). Quanto maior for a capacidade de dissipao de uma amostra, menor ser a capacidade de penetrao das microondas na mesma. A magnitude
da razo f,"/ f,' fornece uma idia da transformao da energia das microondas
em calor em cada material. Valores do fator de dissipao de alguns materiais Francisco Jos Krug, [email protected]. V Workshop sobre Preparo de Amostras, So Paulo, 2004.
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so apresentados na Tabela 5 .4. Maiores vafores de tan 8 representam maior
absoro de microondas. ...
Tabela 5.4. Fatores de dissipao(tan 8). Medidas efetuadas a 3000 MHz 3. (adaptado de Kingston & Haswell, 1997)
Material Temperatura (C) Fator de Dissipao (tan xlO~)
gua 25 1570,0 Quartzo fundido 25 0,6 Cermica F-66
.. 25 5,5
Vidro borossilicato 25 10,6 Vidro fosfatado 25 46,0
Slica 25 0,6 Porcelana n 4462 25 11,0
Plexiglass 27 57,0 Nylon 66 25 128,0
Cloreto de polivinila 20 55,0 Polietileno 25 3,1
Polipropileno 25 2,0 Poliestireno 25 . 3,3 Teflon PTFE 25 1,5 Teflon PFA 25 1,5
A maioria dos dados de perda e constante dieltrica foram obtidos
temperatura ambiente para um grande nmero de materiais. Alguns trabalhos
mais atuais, no entanto, apresentam dados relacionados s temperaturas que os
slidos atingem aps o aquecimento em fomos de microondas durante um
determinado perodo de tempo (Tabela 5.5).
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5.2.3. GUA COMO SOLVENTE
Como, na grande ma10na dos casos, o analista'" utiliza solues
aquosas para a realizao de uma anlise, conveniente conhecer o efeito das
microondas sobre a gua.
Para molculas pequenas, tais como a molcula da gPa, medida
que a temperatura aumenta, a migrao inica tambm aumenta, mas a
contribuio da rotao de dipolo diminui. Portanto, quando a gua aquecida
mediante irradiao com microondas, em princpio a absoro de radiao
dominada pela contribuio da rotao dipolar. Entretanto, medida que a .
temperatura aumenta, a contribuio da migrao inica tmna-se mais
importante. A contribuio relativa de cada um destes fatores depende
essencialmente da mobilidade e do tempo de relaxao. Em uma soluo aquosa
contendo um cido ou uma mistura de cidos, a concentrao inica da soluo
tambm desempenha um papel importante na capacidade da soluo em
absorver radiao. Se a mobilidade e a concentrao inica forem baixas, o
aquecimento da amostra depender essencialmente da rotao dipolar. Por outro
lado, medida que a mobilidade e a concentrao aumentam, o aquecimento por
microondas ser dominado pela migrao inica e o tempo de aquecimento
depender cada vez menos do tempo de relaxao da soluo.
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Tabela 5.5. Efeito do aquecimento por microndas na temperatura dos slidos 3
Substncia T(C) Tempo (min)
AI 577 6 e 1283 1
Co23 1290 3 CuCl 619 13 FeCb 41 4 MnCh 53 1 75
'
NaCl 83 7 Ni 384 1
NiO 1305 6,25 SbC13 224 1, 75 SnCh 476 2 SnCl4 49 8 ZnC12 609 7 CaO 83 30 Ce02 99 30 Cu O 701 0,5
Fe203 88 30 Fe34 510 2 La23 107 30 Mn02 321 30 Pb02 182 7 Pb34 122 30 SnO 102 30 Ti02 122 30 V20s 701 9 W03 532 0,5
Nota: Todos os experimentos se iniciaram temperatura arnbiente. As amostras
(25 g) foram aquecidas em um forno de J krV (2.450 MHz) com um frasco contendo 1000 mL de gua. (adaptado de Kingston & Haswell, J 997).
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Tabela 5.6. Capacidade calorfica de cidos min.erais 2 (adaptado de Kingston & Jassie, 1988)
Soluo cida
Actico ( l 00 % ) Clordrico (3 7 ,2 o/o)
Fluordrico (49 %) Ntrico ( 70,4 % )
Fosfrico (85,5 %) Sulfrico (96,06 %)
' Agua
Concentrao (mol r 1)
17,4
12
6 1
28,9 15,9
8 1
14,8
18 6,7 1, 1
1
55
Capacidade calorfica (cal g- 1 c- 1)
0,4947 0,5863 0,7168 0,9378 0,6960 0,5728 O, 7162 0,9497 0,4470
0,3499 0,6142 0,9142 0,9339 0,9997
importante observar que a energia no absorvida apenas por solventes polares (cidos minerais, solventes orgnicos, reagentes, misturas aquosas), produzindo calor e acelerando as reaes qumicas, mas tambm por algumas molculas da amostra, pelos materiais onde a amostra est contida e por
superficies que, idealmente, no se desejaria aquecer durante a reao. As microondas podem tambm ser absorvidas por tecidos. Na maioria dos pases j esto estabelecidas as faixas de tolerncia e os limites para a freqncia da
energia eletromagntica, tempo de exposio, massa do corpo, tempo,
periodicidade de exposio, etc. A exposio energia de fomos domsticos ou
de laboratrio limitada a 5 mW/cm2 a uma distncia de 5 cm de qualquer
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superficie do sistema. Os fabricantes devem informar o projeto e controle de qualidade, incluindo medidas de segurana quanto radiao e acidentes, alm
de informar qualquer defeito no produto (i.e., que represente risco de radiao a qualquer pessoa). Os efeitos biolgicos j esto detalhados em mais de 1000 publicaes, sendo que os principais se referem aos efeitos trmicos, muitas
vezes provocando superaquecimento do tecido exposto. Comparando-se com a
luz do sol, que provoca aquecimentos e fenmenos de superficie, a energia das
microondas penetra na pele nos tecidos subcutneos, elevando as temperaturas
do tecido e do sangue. Diferentes freqncias promovem diferente energia de
penetrao no tecido humano (Tabela 5.7).
Tabela 5. 7. Profundidade de penetrao das microondas em funo da
freqncia. (Kingston & Haswell, 1997).
Frequncia (GHz) Profundidade de Energia (J/cm) penetrao (cm)
0,915 3,03 17,3
2,450 2,05 20,6
3,0 1,97 20,9
30 o '
0,097 143,3
100,0 0,032 376,4
300,0 0,023 579, 1
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5.3. INSTRUMENTAO PRA DIGESTO COM MICROONDAS
5.3.1. Sistema com cavidade (forno de microondas)
Um forno de microondas com cavidade para propsitos analticos
(Fig.5.9) consta fundamentalmente de seis componentes: 1. Magnetron ii. Guia para as microondas 111. Distribuidor de ondas (na realidade um refletor rotatrio) 1v. Cavidade v. Frasco de reao v1. Bandeja rotatria ou rotor (usado para fixar os frascos de reao)
Guia de ondas
Antena do magnetron
r/'*~.:::,\l ~,:-/~'~p~1, r~ ~H Magnetron
\ Bomba de i [:: : ~; J!;. ,.: "Y/ 1 .. Jl J Rot:~esto ::::::: j.,.m .. _ ... v:.~.v-~ sz., .... /\X"X/.'. ~.... ;.;:;::
i~\~~k:::::::~~::~:::::::::::::::wx::-:-:::-:::::-::~:::::::=:::=::~~-::::::::X::-:-:-:-:-:::w.:::::--:::-::::::::::::::::::::~:::::~::::~~:1~~ Fig 5.9. Desenho esquemtico de urn forno de microondas, rnostrando bombas
de digesto fixadas em um rotor, sob ao de microondas homogeneamente espalhadas por um refletor rotatrio
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A radiao produzida pelo magnetron transportada atravs do guia
das microondas para a cavidade, onde distribuda pelo distribuidor e circulador
em direes especficas que permitem uma maior irradiao da zona prxima ao
centro da cavidade. A bandeja rotatria permite expor a amostra a L~ma radiao homognea e reprodutvel, dependendo do projeto do forno. Existem fomos que operam com 2 magnetrons e que garantem uma maior e mais homognea
transferncia de energia para cada frasco de reao. O nmero de bombas de
digesto varia de 1 a 24, dependendo do fabricante. Existe um fabricante que
oferece um modelo de forno de microondas que emprega sistema de digesto
com refrigerao dos vasos de reao (Fig. 5.13 ), permitindo que os frascos sejam abertos decorridos cerca de 1 O min aps a digesto ter se completado. Existem frascos de digesto que tambm permitem acomodar minifrascos de
digesto em seu interior.
De todos os componentes mencionados, o magnetron mereceu uma
ateno especial no passado, porque ele considerado o "corao" do forno de
microondas. Hoje considerado um componente simples ~ de custo relativamente baixo. Consiste da combinao de um anodo, um catodo e uma
srie de cavidades de ressonncia, todos arrumados em uma geometria
cilndrica. Rente ao catodo deste tubo existe um campo magntico. Quando se aplica uma alta voltagem atravs dos eletrodos, geram-se eltrons que entram em
ressonncia sob a influncia do campo magntico. Isso produz oscilao do
magnetron. Nestas condies, os eltrons cedem energia com frequncia
varivel ou fixa a qual irradiada. Todos os instrumentos para decomposio de
amostras possuem magnetron que gera microondas com uma frequncia fixa de
2450 MHz. Em alguns instrumentos, a potncia da energia eltrica que o
magnetron recebe de aproximadamente 1200 W, sendo que aproximadamente
metade (600-700 W) convertida em energia eletromagntica. Atualmente
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existem equipamentos comerc1a1s que fornecem at 1600 W na forma de
microondas.
A potncia de radiao emitida pelo magnetron controlada
mediante a fixao de ciclos de operao de forma descontnua. Esses "ciclos de
trabalho" definem a relao de tempo na qual o magnetron permar:ece ativo ou
inativo. A eficincia na produo de microondas de um magnetr0n afetada
principalmente pelo superaquecimento do mesmo. A causa principal do
superaquecimento devida s ondas que retornam por reflexo ao seu ponto de
origem. Em equipamentos modernos esse inconveniente no se constitui em uma
limitao sria.
RECIPIENTES PARA A DIGESTO
A primeira condio a cumprir que os materiais dos frascos de
digesto sejam transparentes s microondas, de tal forma que as microondas sejam absorvidas pela soluo do meio reacional. Os materiais mais empregados para fabricao dos vasos ou copos de reao so o PTFE (Teflon marca registrada da DuPont), PFA (perfluoroalcoxi) e TFM (marca registrada da Hoechst para PTFE quimicamente modificado). Os materiais preferidos so o PFA e TFM por apresentarem melhor desempenho que o Teflon. O Teflon
pode sofrer deformao mesmo temperatura ambiente, mas a deformao dos
vasos das bombas de digesto considerada desprezvel quando so utilizadas
temperaturas menores que 150C. Para temperaturas maiores a deformao
aumenta com a temperatura, tornando-se mais difcil manter os frascos vedados.
Alm disso a vida til dos frascos tambm diminui. Um outro aspecto que
concorreu para o desenvolvimento do PF A e do TFM que o Teflon um
material poroso mesmo quando de tima qualidade. Dependendo da fabricao a
porosidade pode ser mnima, mas espera-se migrao de vapores atravs do
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mesmo. Alm disso, tambm existem nscos de perdas por adsoro e
contaminao. O ponto de fuso do PF A situa-se entre 300 e 31 O C. A
estabilidade trmica do PF A limita o seu uso para conaie~; em que a
temperatura no ultrapasse 260 C. O ponto de fuso do TFM situa-se entre 320
e 340 C e a mxima temperatura operacional de 300C. O TFM
recomendado pelos fabricantes dos fornos mais modernos, quand0 se pretente
trabalhar com temperaturas mais altas, mas no recomendam digestes muito
longas nesta temperatura (
-
demais dispositivos de segurana so as principais diferenas entre um forno de
microndas para laboratrio e um outro para uso domstico.
Vlvula Membrana de ruptura
Tampa externa
.. Vaso de reao
Corpo externo
Fig. 5.1 O. Frasco de digesto com membrana de ruptura
Mola de presso
Pisto
Vaso de reao
Fig. 5.11. Frasco de digesto tipo pisto
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Arde refrigerao
,~s .. ensor ot1co
'"---,
'- Tampa de rosquear ,"- ""-"
-
.. ..-~ Parafuso de compresso
_,,.,,,, Mola de presso
-Vaso de reao
Corpo externo (camisa de presso)
~-Suporte para fixao das bombas
Fig. 5.14. Frasco de digesto com vlvula de alvio (cortesia Milestone)
Fig. 5.15. Ilustrao da abertura da vlvula de alvio quando a presso interna for superior a 60 bar (cortesia Milestone)
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O uso de . recipientes fechados para digestes com microondas tem
sido inevitavelmente recomendado nos casos em que preciso aproveitar o
efeito de altas temperaturas para dissolver amostras de "difcil" decomposio,
nas quais se pretende determinar componentes volteis. Em geral, as vantagens
preconizadas para digestes assistidas por microondas em frascos de digesto
fechados so semelhantes quelas j mencionadas para os sistemas fechados de alta presso com aquecimento convencional (bombas de digesto), quando comparados com sistemas abertos:
a) Maior eficincia na dissoluo em altas temperaturas .
b) Risco reduzido de perdas de analitos por volatilizao e) Risco reduzido de contaminaes devidas ao ambiente de trabalho. d) Menor consumo de reagentes de alta pureza
Entre as desvantagens inerentes aos sistemas fechados que
empregam os materiais mencionados, que, geralmente, no se pode digerir
massas de amostra muito elevadas, porque a presso interna que se desenvolve
dentro da bomba depende da presso de vapor do cido empregado e da presso
resultante causada pelos produtos gasosos gerados nas reaes de
decomposio. No caso de materiais orgnicos, sabe-se que o C02 o principal
produto gasoso gerado, com presso parcial proporcional massa de carbono na
amostra. Por exemplo, se as digestes forem feitas com 1 O mi HN03 em vaso de
100 ml e realizadas a 250C, recomenda-se no mximo 250 mg de fgado
bovino. Se a temperatura desejada para a digesto for de 200C pode-se digerir at 1 g da mesma amostra no mesmo frasco. Em ambos os casos, a presso
interna no frasco ser de 60 bar. Deve-se lembrar que altssimas presses
podero ser observadas, utilizando-se somente um cido ou somente gua dentro
do frasco fechado, porque as presses de vapor do cido ou da gua aumentam
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consideravelmente com a temperatura. Por exemplo, a presso desenvolvida por
1 O mi de HCl 36% v/v em frasco fechado de 23 ml a 223 C de
aproximadamente 97 bar ou 1430 psi (psi=libras por polegada ao quadrado). Temperaturas mais altas podero ser empregadas, diluindo-se ou diminuindo-se
a quantidade de cido.
Outra limitao, seria a necessidade de se digerir amostras com teor
de carbono semelhante, porque muitos equipamentos permitem o monitoramento
indireto das digestes de todos os frascos, utilizando-se apenas um dos frascos
de digesto com sensores de presso e de temperatura. Nesse caso, a opo seria
colocar a amostra com o maior teor de carbono na bomba contendo os sensores.
Existe equipamento de um fabricante que possui um nico trandutor de presso
para todos os frascos (Fig. 5.13), dispensando o controle quanto semelhana entre as amostras, e outros com controle independente.
Historicamente, uma das maiores preocupaes quanto aos
recipientes fechados residia na qualidade dos materiais utilizados na fabricao
dos frascos de digesto, de tal forma que pudessem suportar altas presses. Para
se ter uma idia, os primeiros frascos comerciais eram feitos inteiramente de
Teflon suportando no mximo 7 bar de presso, e alguns fabricantes
consideravam 20 bar como alta presso. Gradativamente, os frascos de digesto
foram redesenhados, e atualmente todos possuem um corpo externo feito com
material tambm transparente s microondas e de altssima resistncia, podendo
suportar presses maiores que 150 bar. Do ponto de vista operacional, utilizam-
se presses menores. Os frascos de reao de PF A ou TFM possuem paredes
relativamente finas e se ajustam no interior deste corpo externo. Os fomos de microondas que empregam frascos de digesto com vlvula de alvio abrem
momentaneamente a vlvula, quando a presso interna exceder 60 ou l 00 bar,
dependendo do fabricante. Os fomos com bomba tipo pisto com ou sem
refrigerao limitam-se a presses operacionais de 72 a 82 bar.
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Outrossim, deve-se lembrar que: como existem inmeras aplicaes
onde so comuns situaes nas quais as digestes geram presses de trabalho
menores que 20 bar, existem fabricantes que oferecem mis de um tipo de
bomba de digesto, em geral denominadas de bombas para "mdia presso" e
"alta presso" .
Para fins analticos, a escolha do melhor forno de microondas deve
levar em considerao os frascos de digesto oferecidos (desenho, capacidade, durabilidade e custo), os sensores de temperatura e de presso (custo, durabilidade e tempo de resposta), os programas para o controle e aquisio de dados, a opo para secagem dos digeridos. e os dispositivos de segurana .
.
5.3.2. Sistemas com microondas focalizadas
Sistemas de digesto com frascos pressurizados so usados com
muito sucesso utilizando-se somente cido ntrico, principalmente para a
amostras orgnicas e inclusive amostras inorgnicas, com a possibilidade de se
usar at 24 bombas de digesto simultaneamente. No obstante, uma das
maiores desvantagens dos sistemas fechados a limitao associada ao tamanho
das amostras. Uma outra desvantagem das bombas de digesto, que ainda no
havia sido mencionada, a gerao de H2 quando ligas metlicas e metais so
dissolvidos com cidos. Nestes caso, alm de provocar um aumento na presso
interna da bomba, o hidrognio um excelente combustvel, aumentando ainda
mais o risco de exploso. Uma necessidade adicional est na necessidade de
resfriamento e despressurizao dos frascos para adio de reagentes durante o
ciclo de aquecimento.
Sistemas de digesto de amostras que empregam as chamadas
microondas focalizadas (Fig. 5.1 O), possibilitam um grande nmero de aplicaes interessantes. As digestes so feitas em frascos adequadamente
"fechados" presso atmosfrica. Estes frascos tm a forma de um tubo com 30
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a 40 cm de altura e 2 a 4 cm de dimetro, e sero denominados "tubos de
digesto" neste texto. Os tubos so feitos de quartzo, vidro borossilicato ou
Teflon, com capacidade para 50 , 100 ou 250 ml. No passado, e mesmo
atualmente, estes tubos tem recebido a denominao de tubos "abertos". Na
realidade, esses tubos de digesto possuem um dispositivo que adaptado na sua
extremidade superior, construdo de forma a restringir contaminao pelo ar
externo, possuindo entrada para adio contnua ou intermitente de reagentes, e
proporcionando o refluxo do(s) vapor(es) do(s) solvente e do(s) cido(s), de modo a aproveitar ao mximo a capacidade de digesto e minimizar as perdas de
reagentes. As operaes so realizadas com segurana nos equipamentos .
modernos, tomadas as precaues recomendadas pelos fabricantes.
No primeiro equipamento com microondas focalizadas, projetado em 1986, um nico tubo de digesto era colocado diretamente no guia de ondas
logo aps o magnetron, de tal forma que somente a regio do tubo contendo a
amostra ficasse exposta ao feixe de radiao microondas. Como o restante do
tubo permanece mais frio, cria-se uma regio para condensao e refluxo,
minimizando perdas de cidos e de analitos por volatilizao. Os equipamentos
modernos de digesto com microondas focalizadas oferecem a possibilidade de
se trabalhar "simultaneamente" com at 6 amostras diferentes posicionados em
uma nica guia de ondas (a radiao microondas fornecida seqencialmente por me10 de refletores), simultneamente com 4 tubos, utilizando-se l magnetron independente por tubo, e seqencialmente com tubos posicionados
em um carrossel contendo amostras de diferentes composies qumicas,
passando um tubo de cada vez pelo guia de ondas. Como os tubos so abertos,
com entrada para diferentes reagentes, possvel fazer um programa de digesto
diferente e totalmente independente para cada amostra. A potncia das
microndas focalizadas varia de 200 a 300 W para cada tubo de digesto. Nesse
caso, cumpre lembrar que as microondas esto confinadas em um gma com
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dimenses reduzidas ( 109,22 x 54,61 mm ou 86,36x43,18 mm de acordo com a IEC-Intemational Electrotechnological Commission). Assim, microondas focalizadas, com potncia de 200 W por amostra em tubo de digesto, so
consideravelmente mais potentes que em frascos de digesto nos fomos com j descritos e que possuem cavidade de aproximadamente 30 x 30 x 30 cm.
Convm observar que digestes assistidas por microondas focalizadas podem
ser feitas com H2S04 , cujo uso limitado nos frascos de digesto fechados, face ao elevado ponto de ebulio deste cido. A utilizao de microondas
focalizadas no mtodo de Kjeldhal para determinao de nitrognio em diferentes amostras um bom exemplo da maior versatilidade dos sistemas com
.
microondas focalizadas. Existem outras aplicaes que s podem ser
implementadas em tubos de digesto "abertos", com riscos reduzidos de
exploso, e com massas de at 15 g de amostra.
Magnetron
Guia de ondas
------
------
Tubo de digesto
Fig. 5. t O.Sistema de digesto com microondas focalizadas
Atenudor de microondas
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Os sistemas de decomposio abertos assistidos por microondas operam em
presso atmosfrica, no apresentando problemas associados com o aumento de
presso, como nos sistemas fechados. A perda potencial de espcies volteis
controlada pela condensao dos vapores em um condensador situado na
extremidade superior do frasco (Fig. 5 .11 ). Neste sistema, massas de at 15 g de amostra podem ser usadas, e a adio de reagentes em qualquer estgio do
processo de decomposio feita sem dificuldades. A adio de reagentes em
qualquer momento do procedimento pode ser benfica em relao eficincia da
digesto, constituindo-se em uma grande vantagem frente aos sistemas fechados,
onde a adio de reagentes no pode ser realizada facilmente nos equipamentos
comerciais disponvis, sem resfriamento e abertura dos recipientes. Tambm, o
sistema aberto pode evaporar uma mistura reagente at a secura rapidamente e
eficientemente, uma vantagem particular para a remoo de HF aps a
decomposio de amostras geolgicas, por exemplo. Alm disso, a radiao no
do tipo pulsada, como nos fomos de microondas domsticos. Medidas de
temperatura so possveis, bem como o controle desta, podendo-se estabelecer
programas pr-definidos.
Um aspecto interessante do sistema deve-se capacidade de aplicar
mtodos variados para diferentes amostras simultaneamente, devido
possibilidade de operar cada frasco independentemente. Alm disso, a aplicao
de microondas focalizadas em baixas potncias possibilita a acelerao da
lixiviao de compostos organometlicos sem afetar a ligao metal-carbono ou
ainda, extrair compostos orgnicos. A natureza focalizada de energia das
microondas confere uma alta eficincia com a aplicao de potncias
relativamente baixas (200W).5
Uma aparente desvantagem deste sistema que apenas uma amostra
pode ser decomposta de cada vez, embora j estejam no mercado sistemas com duas ou seis cavidades (fabricados pela CEM), com capacidade de programao
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da potncia irradiada e temperatura desejada para cada amostra, independentemente, nos quais a energia das microondas transferida para cada
amostra seqencialmente. Outra caracterstica do sistema que, por operar
presso atmosfrica, faz-se uso de um cido com alto ponto de ebulio (como o cido sulfrico) para alcanar uma maior temperatura e, conseqentemente, maior eficincia na decomposio de materiais orgnicos.
magnetron A
amostra
sensor infravermelho
o o
B
Figura 5.11. Sistema de decomposio por via mida "aberto" com aquecimento
por microondas focalizadas (A) e frasco normalmente utilizado com condensador (B).
A principal dificuldade da decomposio empregando microondas
focalizadas a distribuio no uniforme da radiao entre todas as cavidades,
quando elas so operadas simultaneamente, e a elevada concentrao cida das
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amostras aps a decomposio. 6 O primeira aspecto no to cr'.tico, p01s o
controle da liberao da radiao de microondas para cada cavidade est
baseada na temperatura do frasco de reao, que controlada com sensor de
infra-vermelho. Por outro lado. a concentrao cida alta, devido utilizao
de grandes volumes de cido sulfrico para aumentar a temperatura da mistura
reagente, como comentado acima. Este problema pode ser contornado por
mudanas realizadas na adio dos cidos concentrados amostra. Neste
processo, a amostra lquida adicionada gradualmente a um pequeno volume de
cido (
-
A decomposio em sistema alJerto assistida por microondas tem
sido utilizada para a extrao de alguns elementos e compostos organometlicos
para posterior especiao de Se em urina8 , Sn em sedimentos9 , Hg em peixes 10
e As em cogumelos comestveis. 11 Tambm, tem sido utilizada para
decomposio de amostras orgnicas e inorgnicas, para posterior determinao
de Hg em cosmticos12 , Se em suplementos nutricionais e em xampus 13 e Cd,
Co, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Ni, Pb e zinco em cinzas de incinerao. 14
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