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metrópoles 3 EDITORIAL 3 A reestruturação do sector das águas, formalizada por uma resolução do Governo que lhe aponta um calendário muito concreto até finais de 2008, não é uma questão simples - podemos dizer que é um conjunto de questões entrelaçadas. Desejada por uns, temida por outros, será sempre um tema polémico, onde as escolhas políticas se cruzam com debates sobre a eficácia ou a rentabilidade dos vários caminhos possíveis. É um cenário em que há muitos actores interessados - o Governo, os Municípios (por si sós ou por meio das suas empresas inter-municipais), as empresas privadas e, em última instância, o cidadão contribuinte, que espera ser servido com qualidade. O acesso aos fundos comunitários destinados a este sector, e o modo exacto de os distribuir, complicam ainda mais o enredo. Por detrás de perguntas como - quem deve pagar o quê, e a quem - ficam outras que têm precedência ética e política: a quem pertence, de facto, o meio ambiente em que todos somos chamados a viver, e como se pode delegar a responsabilidade de o gerir. Sabemos que tais questões não se resolvem com opções ideológicas “fundamentalistas”; mas vale a pena lembrar que a referida Resolução nº 72/2004, de 17 de Maio, ao mesmo tempo que se propõe, claramente, reduzir “o peso do sector empresarial do Estado” e “desenvolver o sector privado da indústria do ambiente em Portugal”, não deixa de afirmar que a gestão das águas é “um serviço público essencial”, que deve ser prestado com “eficiência, qualidade e segurança”. Isto deverá ser bastante para não perdermos a noção do que é prioritário. Para além das nossas legítimas convicções, como para além dos legítimos interesses dos vários actores acima citados, há uma consciência crescente de que os recursos da Natureza, essenciais à vida humana, não podem ser tratados como artigos de consumo ligeiro, e muito menos como produtos disponíveis para negócios de lucro garantido. O debate que se faça (e para o qual esta edição da Metrópoles deseja contribuir), bem como as decisões que se tomem, não podem perder de vista a seriedade desta matéria e a responsabilidade que nela assumem todos os envolvidos MARIA DA LUZ ROSINHA PRESIDENTE DA JUNTA METROPOLITANA SEPARAR AS ÁGUAS QUESTÕES DELICADAS E RESPONSABILIDADE POLÍTICA

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metrópoles3

EDITORIAL

3

A reestruturação do sector das águas, formalizada por uma resolução do Governo que lhe aponta umcalendário muito concreto até finais de 2008, não é uma questão simples - podemos dizer que é um conjuntode questões entrelaçadas. Desejada por uns, temida por outros, será sempre um tema polémico, onde asescolhas políticas se cruzam com debates sobre a eficácia ou a rentabilidade dos vários caminhos possíveis. É um cenário em que há muitos actores interessados - o Governo, os Municípios (por si sós ou por meiodas suas empresas inter-municipais), as empresas privadas e, em última instância, o cidadão contribuinte, queespera ser servido com qualidade. O acesso aos fundos comunitários destinados a este sector, e o modoexacto de os distribuir, complicam ainda mais o enredo. Por detrás de perguntas como - quem deve pagar o quê, e a quem - ficam outras que têm precedênciaética e política: a quem pertence, de facto, o meio ambiente em que todos somos chamados a viver, e comose pode delegar a responsabilidade de o gerir. Sabemos que tais questões não se resolvem com opções ideológicas “fundamentalistas”; mas vale a penalembrar que a referida Resolução nº 72/2004, de 17 de Maio, ao mesmo tempo que se propõe, claramente,reduzir “o peso do sector empresarial do Estado” e “desenvolver o sector privado da indústria do ambienteem Portugal”, não deixa de afirmar que a gestão das águas é “um serviço público essencial”, que deve serprestado com “eficiência, qualidade e segurança”. Isto deverá ser bastante para não perdermos a noção do que é prioritário. Para além das nossas legítimasconvicções, como para além dos legítimos interesses dos vários actores acima citados, há uma consciênciacrescente de que os recursos da Natureza, essenciais à vida humana, não podem ser tratados como artigosde consumo ligeiro, e muito menos como produtos disponíveis para negócios de lucro garantido. O debate que se faça (e para o qual esta edição da Metrópoles deseja contribuir), bem como as decisõesque se tomem, não podem perder de vista a seriedade desta matéria e a responsabilidade que nela assumemtodos os envolvidos �

MARIA DA LUZ ROSINHA

PRESIDENTE DA JUNTA METROPOLITANA

SEPARAR AS ÁGUAS

QUESTÕES DELICADASE RESPONSABILIDADE

POLÍTICA

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4metrópoles

metrópoles

RedacçãoJOSÉ MIGUEL DENTINHOE SILAS DE OLIVEIRA

FotografiaLUISA FLORESC. M. LISBOAC. M. LOURES

Colaboradores permanentesANTÓNIO VALDEMAR (CULTURA), DAVID LOPES RAMOS (GOSTOS), JOÃO PAULO MARTINS (AROMAS), RUI PIMENTEL (CARTOONISTA).

Colaboram neste númeroMANUELA RAPOSO MAGALHÃES,FERNANDO RUAS,MÁRIO LINO CORREIA,JAIME MELO BAPTISTA.

Director CriativoLUÍS BEATO

Produção GráficaARLINDO SILVA ARTES GRÁFICAS, LDA.

RedacçãoLargo do Campo Pequeno nº2, 8º C 1000-079 LISBOATel. / Fax: 21 797 6746E-mail: [email protected]

PropriedadeÁrea Metropolitana de LisboaRua Carlos Mayer, nº 2, r/c, 1070-102 LISBOATel.: 21 842 8570 – Fax: 21 842 8577E-mail: [email protected]

Distribuição gratuitaISSN: 1645 - 7021Depósito legal nº 195580/03Tiragem: 5000 exemplares - Trimestral

FICHA TÉCNICA

DirectoraMARIA DA LUZ ROSINHA

Directora executivaDALILA ARAÚJO

Secretária de redacçãoPATRÍCIA ENCARNAÇÃO

Produção editorialESCRITA DAS IDEIAS,COMUNICAÇÃO INTEGRADA, LDA.

28

24

CO-FINANCIADO PELA COMUNIDADE EUROPEIA

FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

PORLVT - Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo

#7 � 3º Trimestre 2004

12

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SUMÁRIO

EDITORIAL

Separar as Águas 3

BREVES

Notícias dos concelhos da GAML 6

ENTREVISTA

Mesa-redonda com a Assembleia Metropolitana 12

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

Portos, transportes marítimos e território 20

FUNDOS COMUNITÁRIOS

PORLVT / Valorização de espaços públicos 22

AMBIENTE E URBANISMO

A sustentabilidade da cidade-região 24

RETRATO DE LISBOA

Desenvolvimento e competitividade 28

RETRATO DE OEIRAS

Uma postura inovadora 38

DOSSIER

Recursos hídricos 48

REPORTAGEM

Equipamentos desportivos municipais 60

PATRIMÓNIO DO BARREIRO

Um passado a preservar 68

PATRIMÓNIO DE SETÚBAL

O Convento de Jesus 72

CULTURA

Aquilino Ribeiro em Oeiras 74

GOSTOS

Os bifes de Lisboa 76

AROMAS

O generoso de Carcavelos 78

ACONTECEU

Paisagens do desporto na GAML 80

metrópoles5

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FESTIVIDADES

O artesanato e a gastronomiatradicional e conventual estiveramem destaque na I Feira das Artes eTradições que se realizou emAlcochete, contando com apresença de meia centena deexpositores, de Norte a Sul do país.A autarquia pretende inserir oconcelho na rota das maisprestigiadas feiras da especialidade,para fomentar a actividade artesanal,estimulando o seu conhecimento evenda.

FREEPORT

Foi recentemente inaugurado oespaço comercial Freeport deAlcochete, o maior “outlet” daEuropa. Numa área equivalente a 55estádios de futebol, o Freeport deAlcochete tem 240 lojas e 40restaurantes, além de 21 salas decinema com capacidade para 5000lugares e de um anfiteatro ao ar livre.De acordo com o grupo britânicoFreeport Leisure, o espaço custoucerca de 250 milhões de euros edeverá ser visitado por 20 milhõesde pessoas no primeiro ano.

HIPISMO INTERNACIONAL

O campo de obstáculos da Herdadeda Barroca d`Alva, foi cenário doCampeonato da Europa de ConcursoCompleto de Equitação, com apresença de numerosos cavaleirosnacionais e estrangeiros. O evento,organizado pelo centro hípico local,é um dos mais importantes docalendário europeu e compõe-se detrês provas: ensino, corta-mato eobstáculos.

REQUALIFICAÇÃO URBANA

Está já em curso, com um prazo deexecução de quatro meses, o

projecto de remodelação do LargoUnidos Venceremos, em Alcochete.A intervenção paisagística desteespaço urbano, localizado no Bairro25 de Abril, está avaliada em 76 mileuros e consiste na requalificação dazona através da criação de umespaço multifuncional, com áreas delazer equipadas com mobiliáriourbano e recreio infantil e juvenil.

REFEITÓRIOS

A autarquia tem vindo a assumirgradualmente a gestão municipal dosrefeitórios escolares – 12 até aomomento – na sequência daassinatura de um protocolo decolaboração com o Ministério daEducação na área da componentealimentar, incluindo o apoio dado àsfamílias com crianças a frequentar osjardins de infância da rede pública. ACâmara Municipal comparticipaintegralmente nas refeições de 1026crianças e parcialmente de 122, emconformidade com a práticadesenvolvida nos restantes níveis deensino.

CIRCULAÇÃO

A nova rotunda ovalizada da Covada Piedade, junto ao Largo 5 deOutubro, já está a funcionar,permitindo a ligação entre a zonanorte e sul da freguesia e facilitandoa circulação de milhares deautomobilistas. A necessidade destaintervenção foi diagnosticada noâmbito do Plano de Mobilidade:Acessibilidades 21, devido aoelevado volume de tráfego e àimpossibilidade de ligação entre aRua Dr. António José de Almeida ea Rua da União Piedense.

COMUNICAÇÃO

Garantir aos munícipes informação

permanente sobre o processo doMetro Sul do Tejo é o grandeobjectivo do Plano de Comunicação,desenvolvido pela Câmara Municipal,que inclui outdoors, mupis, folhetos,press releases e artigos de opinião,e já visível nas ruas da cidade. Aprincipal vertente desta acçãobaseia-se na necessidade deinformar o cidadão sobre umprojecto complexo e de grandeimpacto urbano, divulgando ascaracterísticas do MST, o seufuncionamento e enquadramentourbano e a interligação com outrosmeios de transporte.

MAIS ESCOLAS

Foi recentemente inaugurada aEscola Básica do 1º Ciclo / Jardim deInfância de Vale Flores, no Feijó, umcomplexo escolar com 1.400 m2,instalado num terreno com 5.000m2, a que corresponde uminvestimento municipal avaliado em1,3 milhões de euros. Comcapacidade para 125 crianças, onovo equipamento de ensino estádotado de várias valências, entre asquais um refeitório, campo de jogos,espaço para a futura bibliotecaescolar e uma sala destinada aactividades de expressão física emotora.

PERApesar da impossibilidade nacontracção de empréstimos pelasautarquias, que impede a conclusãodo realojamento social no concelho,o Município da Amadora resolveu já53% dos casos inscritos no Progra-ma Especial de Realojamento. Das6508 famílias identificadas em 1993como vivendo em barracas, 3499 foram realojadas ao longo da

AML editao terceiro volumede Banda DesenhadaDando continuidade a um projectoiniciado em 2003, que pretendedivulgar junto das escolas o patrimónionatural e paisagístico da ÁreaMetropolitana de Lisboa, foi editadoo 3º volume da série “A minha terra”,uma banda desenhada com texto deJoão Paulo Cotrim e desenhos de AlainCorbel. Esta edição, com o título“Montanhas de verde na Serra deSintra”, leva a Ana (personagem dahistória) a descobrir os contrastes daSerra de Sintra.A Banda Desenhada “Montanhas deverde na Serra de Sintra” pode ser obtida mediante um pedido, por fax,carta, ou e-mail, à Grande ÁreaMetropolitana de Lisboa, ou consultadanas Bibliotecas Públicas Municipais �

BREVES

JUNTAMETROPOLITANA

DE LISBOA

ALCOCHETE

ALMADA

AMADORA

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BREVES

vigência do programa.

RECRIAR A VIDA

A Câmara Municipal vai concederno ano lectivo 2004/2005 apoiotécnico à organização eacompanhamento de CursosTeóricos promovidos por diversasinstituições do concelho, e umcontributo financeiro no valor de46.678 mil euros, no âmbito doPrograma “Recriar a Vida”. OPrograma é promovido em parceriacom as Juntas de Freguesia eAssociações locais, e destina-se apessoas com mais de 50 anos,residentes na Amadora, quequeiram desenvolver actividadesculturais, educativas ou gímnicas.

MATERIAL ESCOLAR

No âmbito das suas competênciasem matéria de acção social escolar,a autarquia aprovou a atribuição desubsídios para livros e materialescolar no montante total de 43.140mil euros, a distribuir pelas escolasdo 1º ciclo do ensino básico doconcelho, no início do ano lectivo2004/2005. A verba atribuída temcomo base o número de alunoscarenciados, identificados no anotransacto, e o aumento do custo dosmanuais escolares.

ESTACIONAMENTO

A Amadora dispõe, a partir deagora, de 170 lugares deparqueamento no primeiro parquesubterrâneo construído noconcelho, situado no Largo Dr.Gandra Nunes, um investimentoprivado no montante de trêsmilhões e quinhentos mil euros. Deacordo com a autarquia, estão emfase de conclusão ou projecto oitooutros parques de estacionamentono subsolo.

PATRIMÓNIO

Dois anos é o tempo que vai levara recuperar o órgão da Igreja deNossa Senhora do Rosário, um dosespaços de culto mais importantesdo concelho. A obra de recuperaçãodo órgão, datado do século XVIII eoferecido à comunidade local por D.Maria I, está orçada em cerca de 100mil euros e será financiada em 50%pelo IPPAR e em 30% pela autarquia,sendo o restante assegurado pelacomunidade barreirense.

VOLUNTARIADO

A Agência de Voluntariado Social,estrutura local recentemente criadapela Câmara Municipal, continua arecepcionar inscrições para serviçovoluntário, ou para benefício dele,na Divisão dos Assuntos Sociais. Esteé um local privilegiado de encontroentre os munícipes que pretendamcooperar com a autarquia nas áreasrelacionadas com a SolidariedadeSocial, Educação, Saúde, Cultura,Associativismo e Ambiente.

EQUIPAMENTOS MUNICIPAIS

Está em curso a obra de reabilitaçãodo Parque Infantil da Rua doMormugão, na Freguesia de SantoAndré. Trata-se de uma intervençãoda responsabilidade da autarquia,orçada em cerca de 23 mil euros, eque consiste na instalação de novosequipamentos infantis e mobiliáriourbano e na renovação dasinfraestruturas de saneamento, regae abastecimento de água. Tambémjá arrancou a construção da futuraEscola Básica do 1º Ciclo e Jardimde Infância dos Fidalguinhos, uminvestimento municipal de 947 mileuros, que se prevê esteja afuncionar no ano lectivo 2005/2006.

REQUALIFICAÇÃO

A Avenida Alfredo da Silva, nocoração da cidade do Barreiro, e azona envolvente à estátua com omesmo nome, vai ser alvo de umaimportante intervenção urbanística,com um custo estimado em 630 mileuros e um prazo de execução de135 dias. As obras em causa, que vãoser objecto de concurso público,integram a execução de novospasseios, em calçada portuguesa, aremodelação da rede de águas e a

montagem de mobiliário urbano eiluminação pública.

MAIS SAÚDE

Com conclusão prevista para 2006,vão ser lançados os concursospúblicos para as obras de construçãodas extensões dos centros de saúdede S. João do Estoril, Alcabideche eS. Domingos ( Parede ), com oobjectivo de melhorar as condiçõesde saúde no concelho e evitar orecurso excessivo e injustificado aohospital. A extensão do Centro deSaúde de Cascais, em S. João doEstoril, orçada em cinco milhões deeuros, vai servir cerca de 42 milpessoas e deverá arrancar ainda estaano.

PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO

O projecto de arquitectura,conservação e especialidades para asalvaguarda e musealização daFortaleza de Nossa Senhora da Luz,foi ganho pela dupla de arquitectosCristina Guedes e Francisco Vieirade Campos, na sequência datomada de posse pela autarquiadeste imóvel classificado. Doprograma do futuro espaçomuseológico, cujas obras deverãoestar concluídas em 2006, fazemparte, além da própria fortalezaabaluartada, uma área de exposiçõestemporárias e cafetaria.

ACESSIBILIDADES

A Câmara Municipal acaba de lançaro concurso público para aconstrução de uma nova ligaçãoentre as Fontainhas e Alvide àAvenida de Sintra, uma das principaisartérias de acesso à Vila de Cascais.A nova estrada, a nascer ao longodo perímetro do colégio Amor deDeus, vai custar cerca de meio

milhão de euros, prevendo-se oarranque da construção para o iníciode 2005.

REPAVIMENTAÇÃO

Estão decorrer as obras derepavimentação total da estradaT a l a í d e --Conceição da Abóboda, uminvestimento municipal de 140 mileuros. Com uma extensão de 2.500metros, os trabalhos no troçocompreendem, para além darepavimentação, o levantamento dascaixas e tampas existentes, areparação de bermas em calçada, aconstrução de valetas em cimento ea implementação da respectivasinalização viária.

LISBOA

RECICLAGEM

O novo sistema de recolha de lixoporta-a-porta, a funcionar há quaseum ano em alguns bairros lisboetas,registou um crescimento de 30% nareciclagem de embalagens, 19% nocaso do vidro e de 14% para opapel/cartão. Através deste sistema,os resíduos, já separados, sãorecolhidos pela autarquia junto decada munícipe, ao invés de seremdepositados nos ecopontos e noscolectores de lixo.

URBANISMO

Câmara e Administração Centralrubricaram um protocolo para aexecução do nó rodo-ferroviário deAlcântara, com o objectivo demelhorar as acessibilidades, facilitaro usufruto do rio Tejo e acompatibilização das ligaçõesferroviárias. O projecto, um esforçoconjunto público e privado, insere-se na intervenção urbanística aexecutar na zona ocidental da cidadenos próximos dez anos, denominada“Alcântara XXI”.

metrópoles7

CASCAIS

LISBOA

BARREIRO

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CENTRO HÍPICO

A autarquia lisboeta aprovou aconstrução de um centro hípicomunicipal, destinado ao ensino daequitação e hipoterapia, em MontesClaros, no parque florestal deMonsanto, com um custo estimadode 1,4 milhões de euros. Oequipamento, que deverá estarconcluído no final de 2005, terá oitomil m2, dos quais 2,3 mil metros deárea coberta, como previsto noPlano de Ordenamento eRevitalização de Monsanto de 1991.

PARQUEAMENTO

A Câmara Municipal disponibilizoumais duas centenas de lugares deestacionamento aos moradores ecomerciantes dos bairros históricosonde, desde Maio último, é proibidocircular de automóvel, graças àcolaboração da APL e da empresaoperadora dos parques localizadosna área de jurisdição portuária. Esteslugares somam-se aos 175disponibilizados desde Junho do anopassado, em Santa Apolónia e noJardim do Tabaco, no âmbito de umprotocolo assinado pelas juntas defreguesia e a APL.

LOURES

PISCINAS

Foi já inaugurado o complexo depiscinas municipais de Santo Antóniodos Cavaleiros. O novoequipamento custou cerca de 5milhões de euros e dispõe de váriasvalências, entre as quais três tanques,um de 25 metros apto para provasnacionais e internacionais, um paraformação e outro dirigido ao públicoinfantil, ginásio, sala de convívio,sauna, cafetaria, loja, e uma bancadacom capacidade para 500 pessoas.

AUGISA Câmara Municipal atribuiu alvarásde loteamento ao Bairro AreiasNovo, um núcleo de génese ilegallocalizado na Freguesia da Apelação,constituído por 71 lotes e 69 fogos,e ao Bairro Alto de São Lourenço,em Santa Iria da Azóia. Esta fase deintervenção faz parte do processode legalização dos dois bairros einsere-se num dos objectivosestratégicos da autarquia que visa aregularização da maioria de áreasurbanas de génese ilegal existentesno concelho.

CARROS ABANDONADOS

O Município de Loures está apromover uma campanha que visasensibilizar os munícipes para aproblemática das viaturasabandonadas na via pública. Comesse objectivo a autarquia põe àdisposição da população um serviçode recolha de viaturas e o seuposterior encaminhamento parareciclagem. Um serviço gratuito,exigindo apenas o preenchimentode um formulário, juntandofotocópias do livrete, do Registo dePropriedade e do Bilhete deIdentidade.

PAVILHÃO DE MACAU

A Câmara Municipal adquiriu oPavilhão de Macau, um dos maisemblemáticos da Expo 98, por cercade 100 mil euros. O equipamentoserá instalado, durante o próximoano, no Parque da Cidade, junto àzona dos viveiros, e na áreaenvolvente será criada uma casa dechá e outras valências de apoio, demodo a permitir a reconstrução dosambientes próprios de Macau ereviver a presença portuguesanaquele território.

MAFRA

CIRCULAR INTERNA

Um contrato-programa firmadoentre a autarquia e a AdministraçãoCentral vai permitir a construção daCircular Regional Interior de Mafra,com um custo total estimado em 2,5milhões de euros, dos quais 750 mil

euros são comparticipados peloGoverno. Distribuído por duas fases,uma de 2,1 km que ligará a rotundada Avenida Almirante GagoCoutinho à Estrada Municipal 549,em Gorcinhos, outra na zona doSobreiro. Prevê-se que a nova via decirculação possa abrir ao trânsito emMaio do próximo ano, evitando acirculação diária de cerca de 18 milveículos pelo interior da vila.

NOVAS ESCOLAS

Foi recentemente inaugurado oJardim de Infância e a Escola do 1ºCiclo Professor João Dias Agudo, naPóvoa da Galega, freguesia doMilharado. Trata-se de um complexoescolar com capacidade para acolher250 crianças, dotado de pavilhãopolidesportivo, biblioteca, salas deexpressão plástica, informática,estudo e formação, para além deum refeitório. Também o Jardim deInfância do Gradil abriu as portas,dotado com duas salas deactividades, um refeitório e uma salapolivalente, destinados a criançasdos 3 aos 5 anos.

DESPORTO

A freguesia da Venda do Pinheirodispõe já de um estádio municipalconstruído de raiz, com iluminaçãoe relva ar tificial. O novoequipamento dispõe de balneáriospara equipas e árbitros, salas dereuniões, secretaria, gabinetemédico, lavandaria, arrecadações euma bancada para 500 pessoas. Arede de acessos foi igualmentemelhorada, através de uma ligaçãoá A8 e à zona Norte do estádio.

TAPADA DE MAFRA

Um ano após o incêndio de 2003que lavrou em dois terços dos 834hectares da mancha florestal daTapada Nacional de Mafra, a antiga

reserva de caça real vai readquirindoo seu estado original. No último anoforam investidos 1,5 milhões deeuros na sua recuperação, incluindoa rearborização da Tapada, areabilitação dos caminhos pedestres,a construção de uma barragem enovos meios de prevenção ecombate a fogos.

ENSINO

A autarquia abriu um concursopúblico destinado à construção deum pavilhão desportivo na EscolaBásica 2/3 José Afonso, em AlhosVedros, no âmbito de um acordocelebrado com a DREL. O projecto,no valor de 300 mil euros, serásuportado em 30% pela Câmara,sendo o restante daresponsabilidade da AdministraçãoCentral.

REQUALIFICAÇÃO URBANA

A operação de revitalização urbanada Baixa da Banheira começa a tervisibilidade após dois anos detrabalhos. A intervenção incidiu,numa primeira fase, na renovaçãodo parque escolar do ensino básico,incluindo a criação de um refeitóriona escola nº1 e de um auditório naBiblioteca Municipal 2 do Vale daAmoreira, e brevemente naconstrução de um novo jardim deinfância e um ATL na escola nº 8. Em2005, a escola nº5 irá receber umlaboratório de informática, enquantoa biblioteca será dotada de novasvalências, entre as quais se destacamum espaço dedicado às novastecnologias, a ampliação da sala deleitura e a renovação do espaçoexterior envolvente.

PAYSHOP

A Câmara Municipal aderiu aoserviço de cobrança PayShop, nãonecessitando os munícipes de sedeslocar à autarquia para efectuar opagamento das facturas de água,podendo fazê-lo em diversosestabelecimentos comerciais doconcelho, sem qualquer custoadicional. O Serviço PayShop estádisponível em 9 estabelecimentoscomerciais do concelho, localizadosna Moita, Baixa da Banheira, Vale daAmoreira, Arroteias e Quinta Fonte

BREVES

8metrópoles

MOITA

MAFRA

LOURES

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BREVES

da Prata.

CALDEIRA DA MOITA

A autarquia promoveu aapresentação pública daRequalificação da Envolvente àCaldeira da Moita, projecto integradono Programa de Valorização da ZonaRibeirinha do Concelho. Na suaglobalidade, esta intervençãoestende-se por uma área de quase180.000 m2, compreendida entre aEscola Básica 2/3 Fragata do Tejo e oLar Abrigo do Tejo, com um custoestimado de 5.904.420 milhões deeuros, parcialmente financiado peloPrograma Polis, e incide em cincograndes áreas: Parque Urbano eJardins do Estuário; Prolongamentoda Avenida Marginal; Passeio Marginale Largo do Campo da Feira; CentroNáutico; Acções Educativas e deSensibilização Ambiental.

MICROEMPRESAS

Vai arrancar em Novembro, com aduração de nove meses, o primeirocurso de especialização emempreendorismo e inovação, doPrograma Montijo-Microempresas.A iniciativa está a ser lançada no

âmbito da Rede Dinâmica XXI,criada pela Lispolis, Câmara doMontijo e Instituto Europeu deEstudos Superiores e Formação, e édirigida a jovens empreendedores edesempregados da região.

CADASTRO

Com o objectivo de valorizar oplaneamento, o ordenamento e agestão do território, a Câmara doMontijo vai estabelecer uma parceriacom o Instituto GeográficoPortuguês, que permitirá reunir todaa informação geo-referenciada domunicípio. A medida dácontinuidade a um primeiroprotocolo que permitiu informatizarparte dos dados do cadastrogeométrico da propriedade rústicado Montijo.

PACA Câmara Municipal e o Institutopara a Gestão das Lojas do Cidadãocelebraram um protocolo que incluia criação de um Posto deAtendimento ao Cidadão nafreguesia de Canha. O PACpermitirá aos munícipes substituir ourevalidar a carta de condução,requisitar o cartão e marcarconsultas no SNS, entregarreclamações, pedir certidões ealterar morada, entre outrosserviços. A colaboração com oIGLC prevê a abertura de mais umPAC em Pegões e outro no Montijo,até ao segundo semestre de 2005.

PDSSFoi apresentado publicamente oPlano de Desenvolvimento Social ede Saúde, um documento que visauma estratégia a três anos para oconcelho, assente numa lógica deparcerias e de desenvolvimentosustentável, no âmbito dosprogramas Rede Social e MontijoSaudável. Uma casa para apopulação sem-abrigo e umaresidência para doentes mentais sãoalguns dos projectos previstos.

PROQUAL A Câmara Municipal e a CCDRLVTassinaram, no Mosteiro de Alcobaça,quatro protocolos no âmbito doPrograma Operacional Regional

gerido por este organismo daAdministração Central. Oscontratos-programa em causa, noâmbito do PROQUAL, envolvem uminvestimento global de cerca de 8milhões de euros, sendo 65%financiados por fundos comunitáriose nacionais e o restante suportadopelo Município.

LIVROS EM FESTA

Decorreu em Setembro a iniciativa“Livros em Festa”, organizada pelaedilidade local em parceria com aEmpresa de Comércio Livreiro, naBiblioteca Municipal D. Dinis, ondecerca de 60 editoras disponibilizaram,ao público, livros a preços reduzidos.Alice Vieira, José Jorge Letria, JoséFanha e António Torrado, foram osautores que marcaram presença nassessões de autógrafos.

PROQUAL AVANÇA

O início das empreitadas dereformulação do Espaço Urbano doBairro Olaio, avaliada em perto de575 mil euros, e dos Espaços Urbanosda Zona do Parque Maria Lamas, comuma dotação de 667 mil euros,ambos na freguesia de Odivelas, dáexpressão às obras de requalificaçãoprevistas num conjunto de projectosintegrados no Programa OperacionalRegional da CCDRLVT.

DEFICIÊNCIA

Realizou-se de 25 a 29 de Outubro,a III Semana da Pessoa comDeficiência, organizada pela CâmaraMunicipal, no Pavilhão Polivalente deOdivelas. Esta iniciativa visasobretudo, conseguir uma maior emelhor participação das famílias nosprocessos de reabilitação e naproblemática da deficiência e dar aconhecer as potencialidades dessaspessoas na sociedade onde estãoinseridas. O evento deste anocontemplou: exposições, actividadesteatrais, dança e um colóquio.

REDE CICLÁVEL

O município inaugurou,recentemente, os últimos 800metros de um total de quase seisquilómetros de ciclovias e troçoscicláveis no concelho, dotados deum investimento total de 135 mileuros. Depois das zonas de NovaOeiras e da Marginal, chegou agoraa vez do interior urbano, sendopossível ligar a Quinta do Marquês,à estação de comboios de Oeiras,ao jardim municipal e ao passeiomarítimo.

INFORMATIZAÇÃO

As 35 escolas básicas do 1º ciclo doconcelho de Oeiras vão ter umcomputador em cada sala de aula,uma iniciativa que vai custar aomunicípio cerca de 130 mil euros. AEscola Básica do 1º Ciclo de Paço deArcos, recentemente reabilitada, é aprimeira a ser apetrechada,seguindo-se as restantes escolas doconcelho que vão ficar equipadascom um total de 228 computadoresaté ao final de Outubro.

FORNOS DE CAL

Foi inaugurado o primeiro de cincofornos de queima de cal existentesno centro histórico de Paço deArcos, classificado pelo IPPAR, em2000, como imóvel de interessepúblico. As obras de requalificaçãorealizaram-se ao longo dos últimostrês meses e custaram cerca de 78mil euros, ficando para mais tardea musealização dos restantes fornos,estando a autarquia a negociar comos proprietários a sua aquisição.

HUMOR DE IMPRENSA

Realizou-se o XVIII Salão Nacional e

metrópoles9

OEIRAS

ODIVELAS

PALMELA

MONTIJO

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Humor de Imprensa que tem comoobjectivo premiar e divulgar osautores nacionais que criam epublicam na imprensa portuguesa,na área do humor gráfico. Pelaprimeira vez foi atribuído o PrémioJuventude de Humor, destinado apremiar jovens criadores. O júridestacou autores como: JoséBandeira, Ricardo Galvão, RuiPimentel, XPTO, Paulo Fernandes eRui Pedro Duarte, cujos trabalhospoderam ser vistos até 7 deNovembro, na Galeria MunicipalPalácio Anjos, em Algés.

PALMELA

PARQUE ESCOLAR

Antecedendo a abertura do anolectivo 2004/2005, a autarquiaprocedeu a obras de beneficiaçãonas escolas do 1º ciclo do ensinobásico, com um custo estimado de280 mil euros. As intervençõesabrangeram a EB1/JI de Lagoa doCalvo, a EB1 de Lagoa da Palha, aEB1 de Palmela 2, a EB1/JI dePalmela 1, a EB1/JI de Pinhal Novo1, a EB1 de Águas de Moura 1 e aEB1 de Cajados.

MAIS ESCOLAS

A Escola Básica e Jardim de Infânciada Quinta do Anjo, com capacidadepara 250 alunos do 1º ciclo e 75 dopré-escolar, entrou na rede escolarno presente ano lectivo, emsubstituição das duas escolas do 1ºciclo existentes. A ampliação da EB1nº 4 de Pinhal Novo, uminvestimento de 1.700 milhão deeuros, é outro dos projectos quecontribuiu para a qualificação doparque escolar de Palmela.

SANEAMENTO

Está a decorrer o concurso para aexecução da rede de drenagem deáguas residuais domésticas nosarruamentos transversais à Rua Joãode Deus, na Quinta do Anjo, nomontante de 126.440 mil euros. Adecorrer está também o concursopara a execução de infraestruturasde arruamentos, abastecimento deágua, drenagem de águas residuaisdomésticas e pluviais, redestelefónicas e eléctricas no BairroAlentejano, freguesia da Quinta doAnjo, no valor de 78.500 mil euros.

PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO

Está já concluída a segunda fase doprograma de apoio à recuperaçãode imóveis, que incidiu nasubstituição das portas das casas edos vãos das janelas e na reparaçãodas coberturas das habitações doQuarteirão 21, no Centro Históricoda Vila de Palmela. Numa primeirafase, foi executado o reboco e apintura das fachadas. Os trabalhosda responsabilidade da CâmaraMunicipal, são superiores a 92 mileuros.

SEIXAL

SEIXALÍADA

Mais de 30 mil pessoas participaramna XXI Seixalíada, uma iniciativa dascolectividades do concelho do Seixalque tem como objectivo promovero desporto popular. Com umorçamento de 82 mil euros, durantetrês semanas, 53 modalidadesestiveram ao alcance de quem quisexperimentar novas actividades edisputar prémios nas chamadas“olimpíadas” locais. Segundo osorganizadores, o evento é o maiordo género que se realiza emPortugal.

GASTRONOMIA

Decorre de 25 de Outubro a 30 deNovembro a 12ª edição da Festa daGastronomia do Seixal, tendo comoprincipais objectivos a promoção edivulgação da gastronomia local eregional como um importanteproduto turístico, bem como adinamização do sector darestauração. Podem participar noconcurso todos os estabelecimentosde restauração e bebidas doconcelho do Seixal, devendo cada

concorrente apresentar uma ementaque preserve a gastronomia local eutilize produtos da região. A 6 deDezembro serão conhecidos osresultados do certame.

COMPOSTAGEM

O Projecto de Compostagem naComunidade do Seixal continua asuscitar o interesse da população doconcelho para a importância dareciclagem e da reutilização dosresíduos domésticos. Até aomomento, foram entregues 535compostores a munícipes residentesem moradias que aderiram aoprojecto e que passaram a produzircomposto nos seus jardins ouquintais. O objectivo de constituiruma comunidade de 1000 famíliasecológicas está agora mais perto darealidade.

JAZZ

A Escola Moderna de Jazz do Seixalabriu inscrições para o início de maisum ano lectivo. A funcionar desde2002, contando com o apoio daCâmara Municipal, Junta deFreguesia de Corroios e CentroCultural e Recreativo do Alto doMoinho, o objectivo da sua criaçãofoi o da divulgação de um géneromusical bastante popular noconcelho, sobretudo depois de1996, quando da realização doprimeiro Seixal Jazz.

NOVA MARGINAL

Foi já apresentado o projecto doprimeiro troço da nova marginal deSesimbra, uma parceria entre aCâmara e os proprietários doedifício Bar Califórnia, que visa dotaresta artéria de mais espaço para ospeões e de zonas de lazer, tornando-a mais atractiva. Com este projecto,de via de sentido único, surgemnovos acessos à praia, cria-se umaplataforma com restaurantes ebalneários e alarga-se o passeiopedonal.

COMPLEXO DESPORTIVO

Foi inaugurado o complexodesportivo de Maçã, uma estruturafundamental para a formação dosescalões jovens do futebol doGrupo Desportivo de Sesimbra. Asobras, orçadas em cerca de 45.000euros, foram custeadas pela CâmaraMunicipal e incluíram a construçãode novos balneários, posto médico,sala de trabalho e arrecadações.

ENSINO

A autarquia aprovou o ante-projectoda obra de remodelação eampliação da Escola do EnsinoBásico nº 1 do Zambujal,contemplando, entre váriosmelhoramentos, a criação de sala derefeições, novas estruturas eléctricas,água, esgotos e gás, parqueamentoautomóvel e a construção de umabrigo coberto. Ao longo dosúltimos anos foram investidos váriosmilhões de euros na melhoria dascondições de ensino e aprendizagemnas três freguesias do concelho,destacando-se a construção daEscola Básica nº 3 do Conde 1, bemcomo as obras realizadas em escolasde Aiana, Cotovia, Sesimbra eQuinta do Conde.

PATRIMÓNIO

A preservação do patrimónioexistente no concelho é umimportante objectivo prosseguidopela Câmara Municipal. Exemplosdisso mesmo estão patentes noCastelo de Sesimbra, na antiga

BREVES

10metrópoles

SETÚBAL

SEIXAL

SESIMBRA

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BREVES

Capela do Espírito Santo dosMareantes, no Cine-Teatro JoãoMota, na Igreja do Castelo e nadinamização do projecto dereabilitação da Fortaleza de Santiago.Em colaboração com a DGEMN, oupor iniciativa própria, trata-se de darvida ao património históricoedificado.

CASA-MUSEU

A Câmara de Setúbal abriu ascomemorações do “Ano Bocage2005”, uma iniciativa que ficarámarcada pela musealização da casado poeta, bem como pela realizaçãode um ciclo de eventos culturais. Oprojecto museológico vai serdesenhado por uma equipapluridisciplinar, tendo em vista autilização integral da Casa de Bocagecomo Centro de DocumentaçãoBoca-geano em rede cominstituições de ensino nacionais eestrangeiras.ESPAÇO PEDONAL

A Câmara Municipal encerrou aotrânsito automóvel, com carácterpermanente, a Rua Vasco da Gama,no Bairro do Tróino, com oobjectivo de contribuir paramelhorar a qualidade de vida eambiental daquela zona da cidade.O encerramento desta ar tériapossibilita o aparecimento de umcircuito exclusivamente destinadoaos peões, com várias esplanadas,que ligará a Avenida Luísa Todi aoLargo da Fonte Nova.

PATRIMÓNIO

A autarquia vai adquirir a casa ondenasceu a cantora lírica Luísa Todi

através de um apoio financeiro de 90mil euros, atribuído por duasempresas ao abrigo da lei domecenato. O Município propõe-serecuperar e transformar o imóvelnuma casa-museu, tendo já garantidoa disponibilidade do Centro Nacionalde Cultura para elaborar o projectode obras e de musealização do futuroespaço cultural, onde ficará albergadoo espólio da artista.

AMBIENTE

Quarenta contentores de deposiçãode embalagens de plásticotransparente (PET) vão serinstalados em todas as freguesias doconcelho, no âmbito do projectoecológico RECOPET. Os novosequipamentos funcionam comocomplemento dos ecopontos,permitindo o tratamento selectivode material destinado à reciclagem.O RECOPET é um projectoinovador da responsabilidade devárias empresas ligadas ao sector econta com o apoio da CâmaraMunicipal.

MONSERRATE

Após cinquenta e cinco anos deabandono, e concluídas as obras da1ª fase do restauro, avaliadas em 1,3milhões de euros, abriu ao público,de forma condicionada, o Palácio deMonserrate. O programa da visitaprevê uma hora de passeio pelasmuitas dezenas de hectares dejardins e 30 minutos no interior doPalácio, adquirido em 1856 porFrancis Cook e comprado peloEstado, em 1949. A 2ª fase dostrabalhos de recuperação do imóvelincidirá sobre o espaço interior eestá avaliada em 3,8 milhões deeuros.

SERVIÇO SOCIAL

166.070 mil euros é o montanteatribuído este ano pela CâmaraMunicipal a diversas associações semfins lucrativos, no âmbito do Programade Apoio Financeiro às InstituiçõesParticulares de Solidariedade Social.Distribuído por três eixos de actuação– Construção e Remodelação deEquipamentos; Projectos e Actividadese Apoio ao Arrendamento – oprograma municipal contemplainstituições que trabalham na área

de Reinserção Social, Apoio àDeficiência, Apoio aos Imigrantes eMinorias e Apoio à Saúde.

ESCOLAS

Durante o ano lectivo de 2004-2005, as escolas básicas do 1º ciclodo concelho de Sintra contarão commais 446 computadores, 356impressoras e 3094 exemplares desoftware educativo multimédia, noâmbito da participação do Municípiono PRODEP III, passando a haverum computador para cada 23alunos. Foram candidatos aoPrograma 87 estabelecimentos deensino, abrangendo um total de15.332 alunos, 244 deles portadoresde deficiência, para um investimentoglobal de 552.461 mil euros.

JOVENS

Sintra vai ter um Programa deApoio às Associações Juvenis eGrupos de Jovens, tendo em vistaa sua inserção no concelho. OPrograma, ao qual podemcandidatar-se as associações juvenise de estudantes, visa estimular opapel fundamental que asassociações desempenham naformação de gerações de jovenscidadãos.

VILA FRANCA DE XIRA

ESCOLAS

A autarquia vai investir 1,8 milhõesde euros para recuperar três escolasbásicas do primeiro ciclo da redeescolar, e 2,9 milhões de euros naconstrução de mais duas, na Póvoade Santa Iria e em Castanheira doRibatejo, ambas com capacidadepara 75 alunos.

ACESSIBILIDADES

A Câmara Municipal anunciou aadjudicação, por 34.500 mil euros eum prazo de execução de doismeses, do projecto de ligação doIC2 à EN 10, na Póvoa de Santa Iria,que vai permitir a melhoria dafluidez do tráfego no Sul doconcelho, sobretudo na Póvoa deSanta Iria e Forte da Casa. Aautarquia anunciou igualmente aadjudicação da empreitada derequalificação da Estrada daPanasqueira II, Alverca do Ribatejo,pelo valor de 105.232 mil euros.

APOIO À CRIANÇA

Foi recentemente inaugurado oComplexo de Apoio à Infância daAssociação de Promoção Social deCastanheira do Ribatejo, localizadona Urbanização de São João – I Fase.Este equipamento social e educativo,resultou de um investimentosuperior a 2,4 milhões de euros, dosquais 491 mil euros correspondema investimento municipal, e vaidesenvolver a sua actividade nasvalências de creche e pré-escolar e,numa fase seguinte, Actividades deTempos Livres, para um conjunto de387 crianças.

metrópoles11

SINTRA

VILA FRANCADE XIRA

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA

ASSEMBLEIA METROPOLITANA

Questões antigase novos desafios nos caminhos dadescentralização

A convite da Metrópoles, Joaquim Martins Gonçalves, José Luís Nunes Catalão e Joaquim Francisco da Silva

Sardinha, respectivamente Presidente e Vice-Presidentes da Assembleia Metropolitana de Lisboa, comentam em conjunto

os efeitos esperados, as dúvidas suscitadas e as expectativas institucionais que a entrada em vigor da nova organização territorial, consagrada pelas Leis 10 e 11/2003, veio gerar.

Metrópoles Há uma crítica que é feita a este novomodelo de organização territorial, que reside nofacto de o novo quadro de responsabilidadesatribuídas não estar associado à realização deeleições directas para os órgãos metropolitanos. Masisso corresponderia já ao princípio da regionalização...No fundo, trata-se de saber qual é a regionalizaçãoque se rejeitou e qual é o substituto deregionalização que esta nova divisão administrativa

pressupõe.Joaquim Martins Gonçalves Esta não é umaregionalização, porque não é reforçada a legitimidadedemocrática das Áreas Metropolitanas, isto é: nãoexiste eleição directa para os seus órgãos. Na minhaopinião, isto ainda é uma Associação de Municípios. Naturalmente que as novas Leis promoveram ummaior arco de competências, até de acordo com asnossas reivindicações municipais, mas há um

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ENTREVISTA

problema que vai ser colocado no próximo OGE:até que ponto é que o Governo central irá financiaras novas competências da Grande ÁreaMetropolitana de Lisboa. O que me parece é que,se não houver alterações relativamente à dotaçãopara este ano, serão os Municípios a pagar essa novadescentralização. Nós aprovámos por unanimidade, em 8 de Julho de2002, em sessão da Assembleia Metropolitana, umaresolução onde (entre outras coisas) se afirma: “Mais de uma década de vigência da Lei nº 44/91permite concluir que o actual modelo das ÁreasMetropolitanas não dispõe de atribuições nem de meiosadministrativos e financeiros que lhes confiram eficácia.(.../...) Importa assim passar de uma Associação deMunicípios sem objecto específico para uma verdadeiraautarquia metropolitana.”“(.../...) Deverá ser reforçada a legitimidade democráticadas Áreas Metropolitanas através da articulação no órgãodeliberativo entre a representação de todos os Municípiosenvolvidos e a eleição directa de deputadosmetropolitanos, bem como pela existência de um órgãoexecutivo com carácter permanente e exercício de funçõescom legitimidade democrática.”O que é que nós queremos dizer com isto? Comeleições directas. Todos os Presidentes das Câmaras, mesmo os dopróprio executivo da GAML, têm ideiassupramunicipais e intermunicipais. O grandeproblema que se coloca é o da legitimidade.

Metrópoles E em que é que a legislação veio ounão atender a essas propostas?

Joaquim Martins Gonçalves Veio atender sóno aspecto de dar mais competências definidas naLei. O problema é que, como a Junta e aAssembleia Metropolitana não são eleitasdirectamente, cada Presidente de Câmaradefenderá, naturalmente, os seus interessesmunicipais, estando sujeito a pressões económicase até à pressão dos seus eleitores. É difícil para elestomarem medidas metropolitanas quando nãoestão legitimados para o efeito. Havendo legitimidade democrática delegada numórgão regional, neste caso metropolitano, esse

executivo tinha mais à-vontade para definir e pararesolver os problemas supramunicipais de acordocom a população. Em relação aos Presidentes, parajá não têm tempo, porque têm os seus Municípiospara administrar a tempo inteiro.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Quandonós votámos esta tentativa de forçar que a legislaçãotivesse um outro cariz, sendo certo que ela não seriaregionalista, achámos também que seria insuficientenós prevermos na Lei a criação de uma espécie deconselho de administração que fosse gestor de umaGAM.O reforço da legitimidade democrática é umprograma que é sufragado pelo eleitorado e quedepois é avaliado no fim de um determinadomandato. Esta é que é a diferença; e não havendoisto, naturalmente que as obras a executar só sãofeitas com o acordo dos Srs. Presidentes de Câmara.E por vezes isso colide com os seus própriosinteresses locais. Mas penso que isto não é um drama. Pelocontrário, é uma opor tunidade que o conjuntodas forças dos agora dezoito Municípios têm, deprocurar os pontos de equilíbrio comum nosentido de fazer avançar um processo que é deinteresse intermunicipal e inter-regional. EstaGAML, onde se concentra 25 % da populaçãoportuguesa, tem que manifestar, dentro das suaspróprias forças, a capacidade de ser a maisdinâmica do País, a que tem maior capacidade deresposta aos desafios do séc. XXI.

José Luís Nunes Catalão Há aqui uma situaçãoem que o legislador não entrou em linha de contacom a experiência anterior ; ou seja, manteve amesma linha de actuação, sem qualquer evolução.Havia que aprender com o que se fez ao longo dosanos anteriores às Leis 10 e 11 /2003, e isso nãoaconteceu, mantém-se a Assembleia eleita da mesmaforma, a Junta eleita da mesma forma, quando já sepoderia ter dado um salto mais significativo.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Estalegislação é interessante para as novas Áreas e paraas Comunidades Urbanas, etc, mas para as existentes

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ENTREVISTA

sabe a pouco. E porquê? Porque nós já estávamosnuma fase mais adiantada e podíamos ter avançadoum pouco mais. Este é o problema.Joaquim Martins Gonçalves Eu até diria quehouve um recuo institucional. Porque passámos deuma Área Metropolitana cuja legislação era nacionalpara uma Grande Área Metropolitana que é, digoe repito, uma Associação de Municípios. Poderá alguém dizer que esta questão daregionalização já está ultrapassada, porque foi votadoum referendo. Mas o referendo é temporário, aregionalização ainda continua na Constituição e, alémdisso, o referendo não abarca, a meu ver, as ÁreasMetropolitanas. Estas podem até não ser definidascomo regiões, mas ao fim e ao cabo serem regiõesmetropolitanas à parte do próprio referendo. Todosos países avançados têm regiões nas grandesmetrópoles - não são chamadas regiões, mas ÁreasMetropolitanas - porque há necessidade institucionalsobre essa matéria...

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Mas olegislador não quis fazer regionalização, quis fazerdescentralização, portanto nós é que não devemosconfundir.

Joaquim Martins Gonçalves Certo! Mas há oproblema da eficácia. E depois vai ser o problemafinanceiro. O que pensamos é que deve haverresponsabilização democrática directa, que asresponsabilidades multi-municipais não podem serdefinidas com autarcas que têm como prioridade asua Câmara Municipal: não terão tempo, nem porcausa das tais pressões económicas, e da populaçãoque os elegeu, podendo perder por isso a sua visãosupramunicipal e metropolitana - como já aqui foi dito. Para mim, a falta de visão descentralizadora temefeitos na economia; nós temos uma economia frágil,por problemas de falta de visão descentralizadora e,neste caso, metropolitana e regional - e da ausênciade uma autarquia intermédia.

Metrópoles Apesar do processo dedescentralização ter sido legitimado pelos órgãosautárquicos dos 18 Municípios aderentes, achamque estão salvaguardados os pressupostos básicos

que permitam responder às expectativas enecessidades deste vasto e diversificado espaçogeográfico?

Joaquim Martins Gonçalves Lembro-me que,no acto da escritura, foi dito que um Presidente deCâmara, à pergunta de um jornalista sobre o queiria ser para ele a GAML, com este novo modelo,

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Joaquim Martins Gonçalves:

Como a Junta e a Assembleia

Metropolitana não são eleitas

directamente, cada Presidente

de Câmara defenderá, naturalmente,

os seus interesses municipais, estando

sujeito a pressões económicas e

às dos seus eleitores.

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ENTREVISTA

teria respondido: “será o que as CâmarasMunicipais quiserem.” Embora não esteja muito de acordo, acho queserá aquilo que as Câmaras quiserem,tendencialmente uma Associação de Municípios(querendo caricaturar), mas também será aquiloque o Governo central quiser no que diz respeitoao financiamento das Câmaras da Grande Área

Metropolitana de Lisboa, do Por to e das váriasComunidades Urbanas. Porque se as Câmarasterão que financiar o funcionamento da GAML,deverão, também, ter mais meios financeiros parao poderem fazer.

José Luís Nunes Catalão Eu penso que não. Oque vem não é suficiente para responder àsexpectativas. Estas são sempre maiores do que aquiloque o legislador criou, e as necessidades também sãobastantes para este espaço geográfico. Este processonasceu coxo... e vai manter-se assim, porque não sederam os avanços que se deveriam ter dado. Oresultado vai ser o que os Presidentes de Câmaraconseguirem para chegar a acordo.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Pensoque há aqui um aspecto importante. O orçamentode cada um dos Municípios vai prescindir de umapequena parcela naquilo que for entendido como oque, a nível de GAM, é mais barato fazercolectivamente, porque ganha massa crítica, ganhadimensão e ganha capacidade negocial. Neste momento, as expectativas são grandes e osactores, nomeadamente as Câmaras Municipais, terãoque fazer uma avaliação muito correcta do queperdem e do que ganham. Este, no fundo, é oproblema que se vai colocar a breve trecho. Temos outro caso concreto, que foi debatidorecentemente num Congresso em Lisboa, quepotencia o rio Tejo como interface entre as duas sub-regiões, a região norte e a região sul, e um factordinâmico na própria Área Metropolitana. O rio, arelação das populações com o rio, o aspectoeconómico, o aspecto lúdico, tudo isso é uma das áreasonde os concelhos ribeirinhos do rio Tejo têm muitoa fazer.

Joaquim Martins Gonçalves Para mim foi muitopositivo que, neste novo modelo, a GAML sejacomposta por Municípios das duas margens do Tejo,que têm muito em comum. Com o rio e o porto deLisboa como grandes pólos de desenvolvimento.Os Municípios têm grandes expectativas e vontadeque haja uma visão metropolitana, mas énecessário que essas expectativas não sejam

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José Luís Catalão:

O que vem não é suficiente para

responder às expectativas. Este processo

nasceu coxo, e vai manter-se, porque não

se deram os avanços que se deveriam

ter dado. O resultado vai ser o que

os Presidentes de Câmara conseguirem

para chegar a acordo.

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ENTREVISTA

goradas, e que os pressupostos básicos da leisejam bem definidos em relação ao própriofinanciamento do modelo. O problema aqui é ofinanciamento do modelo.Metrópoles Pode dizer-se que este pacotedescentralizador atribui um novo protagonismo àAssembleia Metropolitana de Lisboa ? Quais asdiferenças relativamente ao modelo anterior, quevigorava há treze anos ?

Joaquim Martins Gonçalves Há algumastransferências de competências que são positivas. Noaspecto do planeamento do Ordenamento Geral doTerritório, nós temos competências para darpareceres em relação ao PROTAML, o que nãoestava bem definido na anterior lei. O que me pareceé que, como acontece com a Junta, também nós, porcomplementaridade, segundo a lei geral, temos acompetência de aprovar planos, sob proposta daJunta Metropolitana.

José Luís Nunes Catalão Em termos deAssembleia, eu acho que só indirectamente. Nós nãotemos esse protagonismo, isso está assente.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Nemtemos que ter...

José Luís Nunes Catalão Nem temos que ter ;nós só vamos atrás daquilo que a Junta fizer. Se aJunta nos apresentar os planos, então temos que nospronunciar, e que aprovar, ou não aprovar, essesplanos, na área do desenvolvimento regional, dosplanos intermunicipais, do ordenamento do território,da protecção civil e dos transportes.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Esteaumento de competências é muito granderelativamente à legislação anterior, porque são áreasnovas, e áreas onde há muito a fazer.Nomeadamente, estamos a falar de vários tipos deplaneamento ao nível da segurança de eventos, comofoi agora o Euro, em que verificámos interesse epreocupação da Junta relativamente a esta matéria.

Joaquim Martins Gonçalves O protagonismo

da Assembleia é o que é dado pela legislação, as Leis10 e 11 /2003, e será tanto maior, nessa linha deraciocínio, quanto maior for o protagonismo daprópria Junta, do trabalho por ela desenvolvido, nabase das facilidades ou das dificuldades que tiver paracumprir esta legislação - dificuldades ao nívelfinanceiro, e a outro que não é despiciendo, que é oproblema humano... Penso que isto ainda não foi muito bem salientado,mas a Área Metropolitana tem poucos quadrostécnicos, neste momento não tem quase nenhuns.Para ser uma instituição com protagonismo, terá que,naturalmente, ter mais meios financeiros e humanos.Os problemas que surjam, e os constrangimentosfinanceiros e humanos, são pedra de toque para oprotagonismo da própria Junta e da Assembleia. Sehouver menos constrangimentos, haverá maisparticipação...

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Se nósquisermos poupar num sítio para gastar no outro,aumentamos o protagonismo; poupar, isto é, reduziro trabalho municipal para fazer um trabalhosupramunicipal. No fundo, nós não podemos aportarao dinheiro que os impostos congregam na ÁreaMetropolitana: para essas tarefas, ou há mais receitas,ou fazem-se por redução dos orçamentos municipais,para responder ao nível intermunicipal. A não serque o Estado prescinda de alguma parte daquilo quefaz actualmente e aporte aos orçamentossupramunicipais, das GAM’s.

Joaquim Martins Gonçalves Por vezes asquestões supramunicipais são difíceis de resolver,porque, como já foi dito, podem contradizer osinteresses económicos e políticos do próprioMunicípio. Naturalmente que os eleitos, ao seremao mesmo tempo eleitos para o Município e paraa GAML, têm também esses constrangimentos; defacto, se houvesse uma autarquia intermédia, oseleitores iriam escolher pessoas que tinham essaresponsabilidade e que eram fiscalizadas no fim domandato. Assim, é preciso haver unanimidade. Parahaver intermunicipalidade é necessário que todosestejam de acordo no sentido de avançar comdeterminado projecto. O problema está aqui.

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ENTREVISTA

Todos os Presidentes das Câmaras têm visãointermunicipal. O problema é entrarem ementendimento com as contas dos taisconstrangimentos financeiros e, até, com os seuspróprios eleitores, porque eles foram eleitos pelapopulação, não foram eleitos pela GAML, e têmde ter muito cuidado, se houver incompreensões.

Metrópoles Como é que a Assembleia Metropoli-tana vai exercer estas competências previstas noArt. 16º da Lei 10/2003? Parece ser,

essencialmente, um órgão fiscalizador da actividadeda Junta Metropolitana...

Joaquim Francisco da Silva Sardinha De formaidêntica àquela que existia com as AssembleiasMunicipais relativamente às Câmaras. Como modelofiscalizador é um modelo de pouca eficiência. Pensoque, mais ano menos ano, as Câmaras vão passar adispor de auditorias externas, que é seguramente omeio mais eficaz sob o ponto de vista fiscalizador,porque a acção fiscalizadora das Assembleias Municipaise da Assembleia Metropolitana é uma competênciapolítica, e não fiscalizadora no âmbito global. É um caminho que o legislador irá ter de introduzir,porque a fiscalização feita apenas pelo Tribunal deContas, pela Inspecção-Geral da Administração doTerritório, e da Inspecção Geral de Finanças, éinsuficiente. E a responsabilidade que, sob o pontode vista global, pertence à Assembleia Metropolitana,ou Municipal, deveria ser conjugada com um modeloque existe nas sociedades, que é de revisão dascontas por uma empresa de auditoria.

José Luís Nunes Catalão A AssembleiaMetropolitana, para além de ser um órgão fiscalizador,também tem contribuído para a discussão, com acriação de comissões - e, no caso da nossaAssembleia, existem seis comissões permanentes, quepermitem ter uma visão global sobre os problemasdesta Grande Área Metropolitana: temos umaComissão de Acessibilidades e Transportes, outra deOrdenamento, Ambiente e Qualidade de Vida, umade Economia, Finanças e Desenvolvimento Económico,uma de Saúde e Segurança das Populações, uma deEducação, Cultura, Desporto e Juventude, e ainda umade Assuntos Sociais e de Solidariedade. A criaçãodestas comissões visa, não só fazer a fiscalização, mastambém, muitas vezes, discutir alguns dessesproblemas, o que levou já até à criação de semináriostemáticos - estou a pensar no caso da Imigração,da Agricultura no Meio Rural, dos Transportes naÁrea Metropolitana, e outros que poderão surgir nodesenvolvimento das próprias comissõespermanentes.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Portanto,

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Joaquim Francisco Sardinha:

O orçamento de cada um dos Municípios

vai prescindir de uma pequena parcela

naquilo que, a nível de Grande Área

Metropolitana, é mais barato fazer

colectivamente, porque ganha massa

crítica e capacidade negocial.

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ENTREVISTA

o papel da Assembleia Metropolitana não é sófiscalizador mas também, de alguma forma,dinamizador de algumas das competênciassupramunicipais, no sentido mais lato e maisenriquecedor do termo, que é potenciar as ligaçõessupramunicipais desta vertente.Joaquim Martins Gonçalves É uma coisa comque estou muito de acordo: a AssembleiaMetropolitana, e em paralelismo com ela asAssembleias Municipais, são órgãos fiscalizadores, mastambém são órgãos políticos e, apesar de algumastentativas de alteração da legislação sobre estamatéria, a Assembleia da República tem mantido osórgãos Assembleias Municipais (e neste caso aAssembleia Metropolitana) como órgãos eleitos emlistas próprias, como órgãos políticos. Isto fazsalvaguardar a questão das minorias, que poderãoestar representadas no respectivo órgão municipal.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Peçodesculpa, Sr. Presidente, elas estão representadas noórgão executivo e no deliberativo, que é umasituação única no panorama da legislação de Direitocomparado europeu.

Joaquim Martins Gonçalves Estão presentes,mas como a Assembleia Municipal tem um maiornúmero de elementos a eleger, naturalmente que as

minorias aí têm mais facilidade de entrar. Era isso queeu queria dizer. Mas fez bem em chamar a atenção,porque houve tentativas, de facto, de acabar com aeleição directa para a Assembleia Municipal, comoos franceses fazem, e outros países europeus. Em relação às comissões permanentes, podemosdizer que globalmente tem sido positivo o seutrabalho. Neste momento, a Comissão deOrdenamento, de Ambiente e Qualidade de Vidajá entrou em contacto com as Câmaras no sentidode promover uma iniciativa sobre os PlanosDirectores Municipais de segunda geração,consubstanciada num estudo comparadointermunicipal; vai começar pelas Câmaras de Setúbal,Sesimbra e Palmela, levando os Presidentes e ostécnicos a discutir a questão do Ordenamento doTerritório. Até porque, com a nova lei, nós, ÁreaMetropolitana, temos competência nessa matéria.

Joaquim Francisco da Silva Sardinha Que seráum desafio interessantíssimo, nós compatibilizarmos oPROTAML com os Planos de cada um dos Municípios.E será, seguramente, uma evolução muito positiva, querao nível do planeamento do Ordenamento doTerritório, quer ao nível local e supra-regional. Mas há aqui ainda um aspecto que eu gostaria deressaltar : é o papel da Conferência de Líderes, quetem funcionado bastante bem na articulação e na

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Da esquerda para a direita:

Joaquim Francisco da Silva Sardinha, Presidente da Assembleia Municipal de Mafra

Joaquim Martins GonçalvesPresidente da Assembleia Municipal da Moita;

José Luís Nunes Catalão, Secretário da Assembleia Municipal de Alcochete

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ÁREA

Lisboa é ponto de entrada do mar em terra,fazendo a “ponte” para a outra margem daGrande Área Metropolitana, numa relação particular

e muito privilegiada, tendo a água como referenciacomum. Por todo o seu território, há quasesempre pontos de contacto, não só nas suasmargens atlânticas, mas também ao longo dos rios,onde se destacam o Tejo e o Sado pela suagrandeza. Os seus portos principais de Setúbal eLisboa são local privilegiado de entrada e saída depessoas e mercadorias, de Portugal e da Europapara todo o mundo. A importância do mar e dasfrentes ribeirinhas que dão corpo às cidades-porto,encontram num livro como este, dedicado àproblemática portuária, um enquadramento útil enecessário. Segundo o seu coordenador, João Figueiredo deSousa, docente do Departamento de Geografia ePlaneamento Regional da faculdade de CiênciasSociais e Humanas da Universidade Nova deLisboa e Vice-presidente do Instituto de Dinâmicado Espaço da mesma instituição, “a motivaçãoprincipal que levou à sua publicação deveu-se àconstatação da existência de um conjuntodiversificado de trabalhos de âmbito académico,

20metrópoles

METROPOLITANA DE LISBOA

PORTOS,TRANSPORTESMARÍTIMOSE TERRITÓRIO

Novo livro

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metrópoles21

LISBOA

científico ou técnico, cujo interesse justificava a suadivulgação”, relacionados com os transpor tesmarítimos, o papel dos portos no desenvolvimentoregional e no ordenamento das áreas portuárias. O livro constitui para a Presidente da JuntaMetropolitana de Lisboa, Maria da Luz Rosinha,“um impor tante contributo para o

aprofundamento do conhecimento destes temase integra-se no conjunto de iniciativas apoiadaspela Área Metropolitana de Lisboa, com vista àmelhoria do conhecimento do territóriometropolitano”�

ÁREA METROPOLITANA DE

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22metrópoles

FUNDOS COMUNITÁRIOS

No âmbito do Programa Operacional da Região deLisboa e Vale do Tejo – PORLVT, um dos programasde fundos estruturais disponíveis no QuadroComunitário de Apoio III, a Câmara Municipal deLisboa apresentou à Junta Metropolitana de Lisboa(enquanto executora administrativa e financeira dasmedidas 1.1 - Acessibilidades e Equipamento, 1.2 -Valorização ambiental e patrimonial e 1.3 -

Capacidade institucional, incluídas no Eixo Prioritário 1- “Apoio ao Investimento de Interesse Municipal eIntermunicipal” para a Área Metropolitana de Lisboadeste programa) dois projectos de valorização deespaços públicos da cidade: Reabilitação do EspaçoPúblico dos Loios – 1.º Fase e Revitalização doParque Florestal de Monsanto – 1.º Fase.Os projectos implicam diversas intervenções em

PROGRAMA OPERACIONAL REGIONAL DE LISBOA E VALE DO TEJO

LISBOA - VALORIZAÇÃODE ESPAÇOS PÚBLICOSEIXO PRIORITÁRIO 1:APOIO AO INVESTIMENTODE INTERESSE MUNICIPALE INTERESSE REGIONAL

LÓIOS

(ZONA URBANA DE CHELAS)PRAÇA CENTRAL

DO BAIRRO DOS LÓIOS

CENTRO DE DIA, CRECHE

E JARDIM DE INFÂNCIA

DOS LÓIOS

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COMUNITÁRIOSFUNDOS

locais que necessitavam de ser requalificados, demodo a cumprirem da melhor forma a sua vocaçãocomo espaços públicos de qualidade. O Bairro dos Lóios encontra-se inserido na malhaurbana de Chelas, numa área onde predomina ahabitação de carácter social. Pretendeu-se, com a suareabilitação, contribuir para a melhoria da qualidadede vida dos habitantes, desenvolvendo, de formaintegrada, as actividades dos vários grupos etários,através da melhoria das condições de acessibilidadee usufruto dos espaços públicos.O projecto de reabilitação é constituído por diversascomponentes:

� Um equipamento social polivalente, que incluicentro de dia, creche e jardim-de-infância;

� Construção de arruamentos, esgotos e tratamentode espaços exteriores entre edifícios;

� Arborização, ajardinamento e pavimentação depercursos pedonais;

� Criação de novos espaços de recreio e lazer.

A candidatura para este projecto contemplou3.591.344,85€ de investimento elegível, dos quais 50%foram comparticipados pelo FEDER (1.795.672,42€).A candidatura foi apresentada em 2001 e o projectoencontra-se em fase de conclusão.O projecto de intervenção no Parque Florestal deMonsanto revestiu-se de contornos um poucodiferentes. Pretendeu, através da dotação deequipamentos de qualidade, revitalizar uma zona de

grande potencial. O projecto enquadrou-se no planode Ordenamento do Parque Florestal de Monsanto,traduzindo-se na execução de intervenções derequalificação da estrutura verde principal e sua áreaenvolvente (urbana), de acordo com as suas aptidõese ocupações do território, numa política dedinamização do parque, tendo em vista o seuusufruto pela população.O projecto realizou-se entre 2000 e 2002 e incluiuas seguintes intervenções:

� Construção do parque de estacionamento doParque Ecológico;

� Passagem subterrânea do Parque Ecológico;

� Construção de pistas cicláveis;

� Parque de acolhimento de animais;

� Parque Infantil do Alvito;

� Centro de Acolhimento – Interpretação do ParqueEcológico.

Esta candidatura correspondeu a um investimentode 390.000.000,00€, dos quais 195.000.000€ (50%)foram comparticipados pelo FEDER, através doPORLVT�

MONSANTO

PASSAGEM SUBTERRÂNEA

DO PARQUE ECOLÓGICO

DE MONSANTO

CENTRO DE ACOLHIMENTO

- INTERPRETAÇÃO DO PARQUE

ECOLÓGICO

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URBANISMOAMBIENTE e

No imaginário da maioria das pessoas, a referênciaexistente relativamente a uma cidade com qualidadede vida, é a da cidade histórica. Por esta entenda-sea cidade em que o modelo é a “rua corredor”, ouseja aquela em que a rua é delimitada por edifícios,sendo a sua importância hierárquica definida pelalargura da rua e a qualidade e monumentalidade dosedifícios que contêm o seu espaço; as tipologiasformais do espaço público são a praça, o largo, ououtras que miscigenam a tradição rural com a urbana,como o campo ou o terreiro; no que respeita àstipologias lineares, a rua pode alargar-se e conteralinhamentos de árvores simples ou duplos, incluídosou não em faixas plantadas, lembrando os boulevardsparisienses; os jardins ocupam um quarteirão oualgum espaço sobrante da malha urbana e, maisrecentemente, alargaram-se sob a forma do parquepúblico que, na sua maior dimensão assume o papel

do que ainda alguns chamam “pulmão verde” e aforma de parque florestal.Este modelo vigorou entre nós até aos anos 40, àvolta da data da morte de Duarte Pacheco (1943).Com a aplicação operacional dos princípiosmodernistas, o modelo da cidade histórica foi banidoe a rua corredor deu lugar às vias de circulaçãoautomóvel, ao passo que, no espaço existente entreelas, nasciam edifícios soltos, tão altos e com umadensidade tão grande, quanto o licenciamento pelasentidades públicas o permitia.Esta viragem, da cidade histórica para o urbanismooperacional modernista, coincidiu aliás com a perdada capacidade que a Administração detinha decontrolar o processo de construir cidade, através dotraçado das ruas e mesmo, como no períodobarroco, do desenho das fachadas limítrofes, comomodo de assegurar a sua qualidade.

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A CIDADE HISTÓRICA E A CIDADE MODERNA

ÁREAMETROPOLITANA

DE LISBOA

CIDADE-REGIÃOMANUELA RAPOSO MAGALHÃES *

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AMBIENTE

A iniciativa de urbanizar foi entregue aos promotoresprivados que partiam de um qualquer terrenodisponível, para a construção do edifício, muitas vezesdeixando as infraestruturas e tudo o mais que aspessoas precisam, por construir. Foi assim que opapel da Administração foi esvasiado do controle doprocesso, de modo a garantir a sua qualidade. Foiassim que a AML foi crescendo e continua a crescer,ao sabor do mercado livre de terrenos, do maiorlucro dos promotores, individuais ou colectivos, comoa banca, as Autarquias Locais ou a própriaAdministração Central. Aquilo que devia ser reguladopelo Plano de Urbanização ou o Plano de Pormenor,de iniciativa pública, deu lugar ao Projecto deLoteamento, de iniciativa privada, que “cai” sobre aPaisagem Rural, como se de um alien se tratasse,ignorando o seu significado ecológico e cultural edestruindo ecossistemas essenciais, sem promoverligação coerente ao existente, nem fornecercondições de vida com um mínimo de dignidade.Os valores de que depende a venda da casa sãoabsolutamente ilusórios, tais como os acabamentos,ou a vista para um prometido espaço verde que logodesaparece sob um novo edifício.É assim que chegámos ao desordenamento que

todos conhecemos, com consequências graves paraa qualidade de vida dos que vivem nas periferias, mastambém para o congestionamento da cidadehistórica, devido a cada vez mais vias paraautomóveis, à redução dos passeios para oestacionamento de superfície e a redução dapermeabilidade do solo e do sub-solo peloestacionamento subterrâneo, com resultadospatentes na destruição de zonas mais sensíveis comoa baixa lisboeta.Se pensarmos que a Lisboa do tempo do Marquês dePombal chegava até ao Rossio, a de Ressano Garcia,até ao Campo Grande e a de Duarte Pacheco atéàs Avenidas Novas, em que o Bairro da Encarnaçãojá ficava “fora de portas”, é fácil perceber que osproblemas que se põem à Cidade-Região não são osmesmos da Cidade Histórica. A dimensão alteracompletamente a escala dos problemas. E é sabidoque problemas diferentes exigem soluções diferentes.No entanto, a maioria dos Planos DirectoresMunicipais mostram que o modelo que está na basedas suas propostas, continua a ser o de preenchertodo o espaço e os interstícios existentes entre oespaço edificado, com mais edificação, como se deuma manta de retalhos se tratasse.

A CIDADE REGIÃO NÃO PODE SERCONSTRUÍDA COMO A CIDADE HISTÓRICAA AML tem que ser recuperada com base nos novosconceitos que visam a sustentabilidade das cidadese constam de todas as directivas europeias, pelomenos desde os anos 90, nomeadamente o LivroVerde do Ambiente Urbano, o relatório CidadesEuropeias Sustentáveis e a Agenda 21 Local.A ideia fundamental é a de que a Cidade-Região nãopode ser constituída por espaço edificado contínuo,totalmente impermeabilizado, à excepção de algunsjardins, tal como se verifica na Cidade Histórica. O conceito de aptidão ecológica permite alocalização da edificação nas melhores condições paraa conservação dos edifícios e para a suahabitabilidade. Por outro lado, permite garantir ofuncionamento dos ecossistemas através dapreservação das suas componentes espaciais, numamesma estrutura, que a nossa legislação (Decreto-Lei 380/99) designa por Estrutura Ecológica.

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e URBANISMO

PROPOSTA DE ESTRUTURA

ECOLÓGICA METROPOLITANA

COM AS ÁREAS URBANIZÁVEIS

DOS PDM DE 1ª GERAÇÃO

QUE DEVEM SER RECONVERTIDAS

PARA A MESMA

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URBANISMO

O resultado será uma Estrutura Edificada, constituídapelas vias e pela edificação, intercalada orgânicamentecom a Estrutura Ecológica que permeará o espaçoedificado, diluindo-se no espaço rural de transição efinalmente no espaço rural-agrário, assumindofunções progressivamente mais rurais. A EstruturaEcológica fornecerá os equipamentos de base“verde” necessários à população urbana, enquantoque, paralelamente, assegura a circulação e aconservação da água e dos nutrientes (solo vivo), acirculação das brisas locais, a regeneração natural davegetação e da fauna. O conforto bioclimático deum espaço edificado com a intercalação de vegetaçãoé comprovadamente melhor do que nos espaçospredominantemente inertes. O papel ecológico destaEstrutura contribui significativamente para a saúdeda população urbana, através da termoregulação, daredução do teor de poeiras no ar, do balanço dahumidade do ar e do solo, da drenagem do ar frio ehúmido que agrava as doenças reumatismais e,quando poluído, as doenças do foro respiratório.A Estrutura Ecológica deverá ainda ser suporte deuma nova mobilidade saudável. Percursos onde sepossa andar a pé, de patins, de bicicleta, ou emqualquer dos inúmeros novos veículos não poluentespermitindo, em complementaridade com ostransportes públicos, reduzir o tempo gasto nospercursos quotidianos entre a casa e o emprego, deum modo mais saudável. A mobilidade saudávelincorpora a necessidade já reconhecida de exercíciofísico, nas actividades do dia a dia, evitando o recursoao ginásio e aos gastos financeiros e em tempo queisso comporta. Facilita o acesso aos transportespúblicos e é já uma realidade em muitas cidadeseuropeias, mesmo em algumas latinas emediterrânicas, para contestar desde já o argumentode que este modelo só resulta nos países germânicose anglo-saxónicos.

A REVISÃODOS PLANOS DIRECTORES MUNICIPAISA implementação deste modelo não é compatívelcom o disposto na maioria dos Planos DirectoresMunicipais em vigor.A própria natureza desses planos deverá ser alteradacom o objectivo de substituir a delimitação de áreas

às quais é atribuído um uso dominante, pelainterpretação dos sistemas e dos objectivos a atingircom a sua gestão sustentável, incluindo, quando forcaso disso, limiares de utilização.A revisão dos Planos Directores Municipais éindispensável no sentido de delimitar a EstruturaEcológica Municipal, nas suas componentesFundamental e Urbana. Para esta Estrutura, osregimes da REN e da RAN contribuirão com osprincípios que o interesse Nacional exige, o queimplica a revisão dos diplomas existentes, não nosentido da destruição da filosofia sub-jacente, comoé proposto pelo documento assinado por SidónioPardal, mas sim no sentido de corrigir erros que astrês décadas de aplicação revelaram e aconselham.Outro dos objectivos da revisão dos PDM é adelimitação de áreas com aptidão para a edificação,nas quais a Administração se deve antecipar àiniciativa privada, adquirindo esses solos, nos quaisse deverá promover a elaboração de Planos deUrbanização por equipas independentes dospromotores. Estes solos poderão depois serdisponibilizados progressivamente para a construção,à medida das necessidades, com regras bem definidasque assegurem a qualidade do espaço edificado, mastambém do espaço público que é o suporte da vidacolectiva e portanto da cidadania �

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AMBIENTE e

ESBOÇO DA ESTRUTURA

ECOLÓGICA FUNDAMENTAL

E URBANA E REDE CICLÁVEL

POTENCIAL DO CONCELHO

DE ALMADA

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RETRATO

Cidade multissecular, anterior à era cristã,ocupada, sucessivamente, pelos Romanos,Bárbaros e Muçulmanos, foi conquistada em

1147 por D. Afonso Henriques, que em 1179 lhedeu o primeiro foral, confirmado depois por D.Sancho I. No reinado de D. Afonso III tornou-secapital do reino. A sua importância na vida da Naçãotem surgido ao longo dos tempos, quer como palcode acontecimentos da mais alta importância esignificado na História de Portugal, quer como factordeterminante das transformações e movimentos que

decidiram a política nacional. A cidade teve duasépocas de grande esplendor: a de D. Manuel I e a deD. João V, marcadas pelo empório comercial e peloaparecimento de grandes equipamentos públicosconstruídos com o ouro do Brasil. Em 1755, umviolento incêndio destruiu mais de um terço dacidade, reconstruída pelo ministro de D. José, oMarquês de Pombal. Nasceu assim a Lisboapombalina, de ruas largas e simétricas, encimada anorte , pela Praça do Rossio e a sul, pelo Terreiro doPaço, símbolo do poder político e porta de entrada

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LISBOA DAS SETE COLINAS

METRÓPOLEMULTISSECULAR

NO CAMINHO DODESENVOLVIMENTO

ECONÓMICO E DACOMPETITIVIDADE

EUROPEIA

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RETRATO

da capital. Ao longo do seu percurso histórico, Lisboa, viveu,como nenhuma outra cidade portuguesa, asgrandezas e misérias do império, preservando, noentanto, a sua identidade e procurando absorver osfactores de modernidade competitiva quediferenciam as metrópoles europeias de referência.Do legado patrimonial, lá estão a Torre de Belém eo Mosteiro dos Jerónimos, e outros exemplos devárias épocas, como o Padrão dos Descobrimentos,os Palácios da Ajuda e de Belém, os Museus daMarinha e dos Coches. E também para um lancheguloso na afamada Fábrica dos Pastéis de Belém.Fundada em 1837, um dos ex-libris culinários deLisboa. Na frente ribeirinha, destaca-se a Baixa Pombalina,com o seu desenho urbano simétrico, deixadacomo legado visionário aos por tugueses e aoMundo pelo Marquês de Pombal. Zona decomércio tradicional de Lisboa, mas também sede

da alta finança, de ministérios e área de restauração.Subindo, encontra-se o Chiado, poiso de artistas eintelectuais, a recuperar a importância e as vivênciasde outrora. A leste e a oeste da Baixa surgem algunsdos bairros alfacinhas mais tradicionais, comoAlfama, o Castelo, encimado pela fortificação militarde S. Jorge, o Bairro Alto e a Mouraria. Motivos devisita não faltam. Afinal, a cidade tem mais de 100igrejas, 90 palácios, cerca de 60 fontes e jardinspúblicos. Sendo de realçar, entre os mais antigos, osJardins da Estrela, do Ultramar, do Campo Grande,da Gulbenkian e entre os mais recentes, os relvadosdo Parque das Nações, o jardim do Alto do ParqueEduardo VII, onde se inicia o corredor incompletoidealizado pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles,que chegará até Monsanto, e em breve o Jardim doArco Cego, localizado no antigo terminal da Carris. Na actualidade, a urbe continua a oferecer aospasseantes um clima privilegiado e perspectivassurpreendentes de hábitos diferenciados e modos

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de vida tão típicos como a heterogeneidade das suasgentes. Aqui e acolá, na cidade antiga, ruas estreitase sinuosas, mais além uma panorâmica das suas setecolinas, ao fundo, o reconfortante embalar do Tejo,iluminado por uma luz forte e quente. Lá longe, oprolongamento da cidade, subindo as colinas emdirecção às Avenidas Novas, ou espraiando-se pelamargem do Tejo, onde se localizam zonas de serviçose de habitação à procura de tranquilidade e qualidadede vida. Centralidades recentes, como a Urbanizaçãoda Alta de Lisboa ou o Parque das Nações, surgemem torno da adopção de novos padrões dequalificação urbana. Grandes projectos urbanísticos,

assinados por arquitectos de prestígio internacional,previstos para o Parque Mayer e, a sul da cidade,os designados “Alcântara XXI”, que ocupam 43hectares repartidos por nove projectos, numa grandeoperação de reordenamento urbano, que implica aconstrução do nó rodo-ferroviário de Alcântara ea deslocalização do terminal de contentores da zonaportuária, dão conta dos sinais de modernidade quevisam estruturar a cidade do futuro. Mas, se as periferias crescem, o centro tem-sedesertificado, perdendo a capital, nos últimos 20 anos,30 por cento da população, fixando-se em valoresde 1930, e comparativamente a outras capitais, como

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Paris, que perde apenas 1,2 por cento, Madrid, 9,7por cento, enquanto Londres, ganha 7,1 por cento, deacordo com as primeiras conclusões do retrato deLisboa do século XXI, um trabalho coordenado peloeconomista especializado em planeamento urbano,João Seixas.A ideia da localização periférica da metrópolelisboeta, longe dos centros de decisão estratégicae das capitais europeias que com ela concorrem,está hoje muito atenuada, não só devido ao acessouniversal às novas tecnologias da informação, quefacilitam os contactos institucionais e de negócios,como, também, à qualidade dos equipamentosinstalados e à construção de acessibilidades viáriastransfronteiriças que atingem Lisboa, cruzando opaís, para a ligação às principais rotas do comérciointernacional.

Nesse sentido, se explica a construção de muitosequipamentos, públicos ou privados, criados nosúltimos anos para responder aos fluxos de procurade serviços e a novas necessidades sociais e culturais,acompanhando o desenvolvimento urbano da cidade,pensado numa lógica metropolitana: Acessibilidadesviárias distribuidoras de tráfego, como as CircularesRegionais Interna e Externa de Lisboa e o Eixo Norte-Sul, a travessia ferroviária do Tejo pela Ponte 25 deAbril, Ponte Vasco da Gama, diversos parques deestacionamento subterrâneos, os interfaces detransportes no Campo Grande, Gare do Oriente,Sete-Rios, Pontinha e Cais do Sodré, o alargamentoda rede de metropolitano aos concelhos vizinhos deOdivelas e Amadora, o renovado Aeroporto daPortela, o aumento da oferta cultural, em torno deinstituições de prestígio como o CCB, a Culturgest

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e a Gulbenkian, e a reabilitação urbana do parqueimobiliário degradado.Mas apesar da obra feita e de muitoempreendorismo municipal, persistem alguns factoresde estrangulamento, mantendo a cidade ascaracterísticas de uma grande cidade-emprego, comgraves problemas de trânsito, estacionamento,qualidade de vida e segurança, que não foi possívelresolver totalmente até aos nossos dias. Noutro plano de intervenção, a relação cidade-rio

conhece horizontes promissores com os projectosde requalificação de uma ampla frente ribeirinha deAlgés à Matinha, fruto da concertação de interesses,nem sempre fáceis, entre os operadores e aautoridade portuária, a autarquia e a administração

central, que vão da vertente económica dos portosaos novos paradigmas do lazer e da qualidade de vidados cidadãos que têm o privilégio de usufruir dasfrentes de água que as cidades-porto proporcionam.Momentos altos no calendário festivo da cidadevivem-se por altura dos Santos Populares, um mistode festa pagã, bairrismo exacerbado, marchaspopulares e desgarradas fadistas, bem acompanhadapela gastronomia tradicional lisboeta. Num registomais erudito, a Festa da Música clássica, para todasas idades, tem honras de romaria interclassista, e éjá um acontecimento obrigatório na programaçãoanual do CCB. É inegável que, numa dezena de anos,acontecimentos como a presidência portuguesa da

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União Europeia, em 1992, Lisboa, Capital Europeiada Cultura, em 1994, a Expo 98, e o Euro 2004, dadaa sua grandeza mediática e social, ajudaram aprojectar a cidade para patamares de dimensãointernacional, nunca antes atingidos.Neste contexto, a oportunidade para reconverter azona oriental de Lisboa, marcou uma época simbolizadapelo primado do planeamento e pelo arrojoarquitectónico dos projectos, expressa emequipamentos como a Gare do Oriente, o Pavilhão dePortugal, o Teatro Camões e a Torre Vasco da Gama,o Oceanário e o Pavilhão Atlântico, exemplosemblemáticos de uma arquitectura inovadora dedimensão humana. A captação de iniciativas capazes de influenciar agestão do ordenamento do território e renovar avida na cidade-metrópole, apesar do seu caráctermuitas vezes efémero e marcadamente comercial,constitui, inegávelmente, um desafio transversal àsociedade e de efeitos multiplicadores no seudesenvolvimento.2004 tem sido um ano de particular notoriedadepara a capital portuguesa, itinerário de grandeseventos internacionais - o festival de música Rockin Rio Lisboa e a realização da fase final do Europeude Futebol – cuja imagem perdurou, durante umlargo período de tempo, nos media internacionais. Fruto da integração europeia do País, do surto deconstrução de grandes obras públicas e de umaimagem cosmopolita e acolhedora, transmitida

além-fronteiras, Lisboa tornou-se, um poucosurpreendentemente, uma cidade multicultural,multiétnica e multilingue, como nunca tinha sido nostempo do império colonial e do isolamentointernacional que assinalou um período significativodo século XX. Disso se dão conta os seushabitantes, confrontados com culturas emergentes,que introduziram práticas sociais, sabores e odoresdiferentes na vida quotidiana da cidade, a par deuma nova geração de criadores em vários sectoresde actividade profissional, que dão expressão a umanova atitude de cidadania empreendedora eambiciosa dos destinos da capital, uma cidade quese transformou de forma exuberante com a Expo

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Lisboa perdeu nas últimas décadas centenas demilhares de habitantes, expulsando as novasgerações para a periferia. Essa é a principal causados múltiplos problemas que a cidade estáapostada em ultrapassar : a desertificação eenvelhecimento demográfico das suas zonashistóricas, com a concomitante degradação dopatrimónio edificado; e a invasão diária da cidadepor parte dos muitos que, da periferia, aqui sedeslocam diariamente para trabalhar, provocandouma sobrecarga de tráfego de transporteindividual, com nocivas consequências ao nível daescassez de estacionamento e de degradação dasinfra-estruturas viárias, do espaço público e daqualidade ambiental em geral.Por isso, importa agir integradamente para inverteressa situação. É esse, precisamente, o sentido geralda intervenção do nosso mandato autárquico àfrente dos destinos da cidade capital do país:reabilitando, requalificando e rejuvenescendo. A reabilitação urbana, de que depende o espíritoidentitário da cidade, é um processo em marcha

e que apresenta já os seus frutos, estendendo-se das zonas antigas da cidade a outras maismodernas. Os vários programas em cursopermitiram a entrada em obra simultânea, pelaprimeira vez, de mais de um milhar de edifícios.A adesão dos proprietários a esses programas, asalterações legislativas que permitem maiorintervenção ao nível de obras coercivas, asSociedades de Reabilitação Urbana que, criandoparcerias entre o público e o privado, são umrelevante instrumento da política da autarquianesta matéria, vão permitir acelerar o processode reabilitação. Lisboa está a ficar mais bonita.A requalificação do espaço público, quer pela suarenovação, quer pela construção de novasestruturas e equipamentos, está a permitir aoscidadãos o seu usufruto em condições sociais eambientais mais cómodas e agradáveis. Por outrolado, a modernização das infra-estruturas viáriase de transporte público, de que são exemplo asrecentes medidas inauguradas ou anunciadas naSemana da Mobilidade, virão possibilitar melhorescondições de circulação e de usufruto dotransporte público em detrimento do individual.Estas medidas, integradas numa melhor gestãourbanística, visam, em última instância, rejuvenescera cidade. Muitos dos fogos disponibilizados pelareabilitação urbana destinam-se, prioritariamente,aos jovens. O reordenamento e requalificação doespaço público são outro factor essencial deatracção para novos habitantes, investimentos eturismo. Lisboa, ao mesmo tempo que preservaa sua identidade, está no caminho de se tornaruma cidade mais competitiva, atractiva, jovem ecosmopolita.

* Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

OS TRÊS R’S DE LISBOAReabilitar, Requalificar e Rejuvenescer

António Carmona Rodrigues*

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98, e mais recentemente por ocasião do Euro 2004. Por tudo isto, não é difícil acreditar que a capital dePortugal esteja hoje entre as cinco cidades europeiasmais visitadas, a par de Paris, Londres, Roma e Dublin,é a primeira cidade do Atlântico europeu em turismode cruzeiros e, sem dúvida, um destino cada vez maisprocurado pelos promotores e organizadores deeventos de negócios, dispondo para esse efeito,fundamentalmente, do Centro de Congressos daJunqueira, da Feira Internacional de Lisboa, do CentroCultural de Belém, e de mais de uma centena dehotéis bem equipados.Este esforço de requalificação urbana, de captaçãode eventos e de gestão racional do espaço público,terá de ser completado com actividades criadorasde riqueza. “Para se tornar competitiva a nívelinternacional, a capital precisa de apostar nasactividades económicas baseadas no conhecimento,como a banca e as telecomunicações”, afirma oeconomista Augusto Mateus, no volume dedicadoao “Desenvolvimento económico e competitividade

urbana de Lisboa”, de um mega-estudo demográfico,urbanístico e sociológico sobre Lisboa, elaborado porum conjunto de investigadores, para apoio da revisãodo Plano Director Municipal. A futura instalação das sedes da Agência Europeia deSegurança Marítima e do Observatório Europeu paraa Droga e Toxicodependência, entre o Cais do Sodrée a Ribeira das Naus, é o corolário deste encandearde acontecimentos com reflexos no futuro da cidadee na vida dos seus habitantes, o reconhecimentoeuropeu da importância geoestratégica da cidademultissecular e do papel privilegiado que podedesempenhar no diálogo euro-mediterrânico, o queimplica um esforço promocional, uma atitude inventivae o envolvimento institucional dos diversos agentesinteressados no desenvolvimento sustentado dumagrande metrópole como é Lisboa �

DADOS ESTATÍSTICOS

Área - 84,6 km2

Freguesias - 53 População em 2001 - 564.657 habitantes

Fontes: Instituto Nacional de Estatística, 2003; Sistema Metropolitanode Informação Geográfica, 2003; CD-Rom Património Metropolitano– Inventário Geo-referenciado do património da Área Metropolitana

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Odesenvolvimento de Oeiras não podedeixar de ser lido no contexto da famosa“linha” de Cascais - a qual, conforme foi

recordado na nossa edição anterior, a propósitodeste último concelho, tem pouco mais de umséculo. Por esta lógica, devia caber-lhe o lugarsecundário de porto de escala, de estação depassagem. Mas Oeiras sacudiu, desde cedo, essedestino menor.

A sua história é semelhante em muitos pontos: adescoberta das frentes ribeirinhas como locais delazer, e o gosto moderno pelos banhos de mar ede sol, são uma “moda” em que a realeza primeiro,a aristocracia logo a seguir, a burguesia endinheiradaatrás delas, abrem caminho ao que hoje se chamaturismo de massas. O exemplo francês da Côted’Azur teve nisto tudo um papel decisivo. Mas aapetência pelas grandes mansões com vista para

OEIRAS

VONTADEDE OCUPAR UM LUGAR

ORIGINALA meio caminho entre Lisboa e Cascais,

solicitada pelos dois pólos da “linha”, Oeiras tem identidade histórica

e soube encontrar o seu próprio caminho - que é hoje o da inovação

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o mar já vinha de trás e Oeiras, neste aspecto,antecipou-se um século ao Rei D. Luís, que em1871 adaptou a residência de Verão o paço dosgovernadores da antiga Cidadela de Cascais. Oeiras teve o seu próprio príncipe todo-poderoso:Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeirase Marquês de Pombal. A meia distância entre os doisfocos de atracção de Lisboa e de Cascais, e muitoantes de se falar em Riviera ou em Montecarlo, eledeixou ali a sua marca com um Palácio imponente,que incluía jardins, estátuas, cascatas trabalhadas,painéis de azulejos e tudo o que a imaginação e aarte podiam proporcionar a um gosto exigente. Deste Palácio, hoje propriedade da Câmara

Municipal e classificado como monumento nacional,já se falou, também, na nossa última edição. Cabe-nos contar aqui a história envolvente, anterior eposterior à acção desta personagem invulgar.Porque há uma Oeiras antes e uma Oeiras depoisdo Marquês. Se formos alguns séculos atrás notempo, é evidente que vamos encontrar ocupaçãohumana desde muito cedo; a Carta Arqueológicado Concelho está feita e não faltam vestígios, sendotalvez o mais conhecido deles o povoado pré-histórico de Leceia, em Barcarena, hoje classificadocomo de interesse público. Há depois materiais daépoca romana, como o mosaico da rua dasAlcássimas, e muitos outros do período muçulmano,de que são testemunho numerosos topónimos -aliás, como este acima citado, que designa nadamenos que a rua mais antiga de Oeiras. O Memorial Histórico referido no trabalho da DrªFilomena Isabel Serrão Rocha, sobre o património ea história de Oeiras (edição da Câmara Municipal),aponta como as mais antigas culturas dos terrenosdesta região as do trigo, do vinho e do azeite, algumafruta e pasto para gado miúdo. Outros terrenos, maispobres, foram usados como pedreiras, ou para aprodução de cal. Ao longo da Idade Média, várias ordens religiosasimplantaram os seus conventos no espaço que é hojeabrangido pelo Concelho de Oeiras. De alguns delesrestam poucos vestígios; outros passaram a serresidências senhoriais depois da extinção das ordens,

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em 1834, e sobreviveram nesta nova qualidade. DEFESA DA COSTAE QUINTAS DE RECREIOUm dos aspectos em que Oeiras foi inovadora tem aver com a aventura da expansão marítima, para a qualcedo forneceu meios humanos (tripulantes, pilotos emestres das naus, soldados) e meios materiais (das suaspedreiras saíram blocos que foram usados nas muralhasde Tânger). E segundo uma antiga tradição popular, El-Rei D. Manuel I ia para a varanda do Paço de Arcosver passar as naus que faziam a carreira da Índia. Tanto as naus como a costa precisavam de artilharia,e foi aqui perto, no condado de Barcarena, que D.João II fez construir uma fábrica de armas chamadaas Ferrarias d’El-Rei. Mais tarde, D. Manuel Iacrescentou-lhe um moinho de fazer pólvora. Oscanhões passaram a ser produzidos noutros locais apartir do séc. XVII, mas a Real Fábrica de Pólvora deBarcarena atravessou quatro séculos (!) sempre emlaboração, adaptando-se às novas fontes de energia,desde a primitiva azenha até ao vapor, à electricidadee ao diesel, só encerrando em 1988. Este complexoé hoje propriedade da Câmara Municipal, encontra-se recuperado e nele pode ser visitado o Museu daPólvora Negra. No decurso dos sécs. XVI, XVII e XVIII, levantou-se ao longo da costa uma série de fortalezas paradefesa da entrada no Tejo, das quais uma das maisimponentes é a de S. Julião da Barra, em Oeiras;apoiada, do meio do rio, pela Fortaleza de SãoLourenço da Cabeça Seca (Torre do Bugio),constituía um aparelho dissuasor quaseinstransponível. A história militar conta que as trêsPraças de Guerra desta costa tinham os seuscomandos e principais guarnições na Cidadela deCascais, na Fortaleza de S. Julião da Barra e na Torrede S. Vicente de Belém. Conta também, infelizmente,que foi a traição, e não a derrota, que em 1580 abriuàs tropas espanholas do Duque de Alba, na guerrada Restauração, tanto as portas da Cidadela comoas de S. Julião. Um desses antigos fortes da “linha”, o de S. Pedro, emPaço de Arcos, foi usado a partir de 1885 para aprimeira Escola de Torpedos, e mais tarde comoquartel do Grupo de Defesa de Submarinos da Costa. Mas nem só de guerras se fazia, naquele tempo, a

paisagem de Oeiras. Nesses mesmos três séculos emque as praias eram mais motivo de receio do que deprazer, e a engenharia militar as tratava, justamente,como fronteiras a couraçar, nas encostas das ribeirasabria-se espaço para quintas de lazer e paláciosnobres. Em Caxias houve mesmo um Paço Real,mandado construir pelo Infante D. Francisco, filho deD. Pedro II, e muito usado como estância de veraneiopor sucessivos membros da Corte ao longo do séc.XIX. Conta-se que Almeida Garrett visitou ali aImperatriz D. Amélia, em 1844, e leu-lhe alguns dosseus poemas. Tudo isto antes da adaptação daCidadela de Cascais a residência real de Verão... A mais famosa dessas quintas e residências apalaçadas

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foi, sem dúvida, a do Marquês de Pombal. A quedapolítica do Marquês e o seu “exílio” em Pombal, apartir de 1777, foram o princípio da sua decadência,mas é preciso sublinhar que a Corte morou nestePalácio, na pessoa de D. José I (fazendo de Oeirasa “capital” do País), em pleno séc. XVIII - antes,portanto, de o fazer em Caxias e mais tarde emCascais. Segundo o Memorial Histórico já aqui citado, notermo de Oeiras havia, no séc. XVIII, 14 quintas, 8olivais, 26 vinhas, 30 terras, 4 cerrados, dois baldios,um pomar, duas azenhas, 4 fontes públicas e “muitasCasas nobres”.

No seu estilo autocrático muito próprio (a que hojese chama “despotismo iluminado”), o Marquês dePombal procurou impôr ao “seu” domínio um nívelde desenvolvimento surpreendente para a época,num misto de gosto e de ostentação em que nemsempre é fácil separar as coisas. A sua Quinta (emrigor, um conjunto de quintas de diferentes vocaçõeseconómicas) produzia vinho, tinha laranjais, olivais,pomares de outros frutos, uma indústria de bichosda seda e abundância de água, utilizada tanto paraa rega como para efeitos de lazer (caso das cascatase do tanque de pesca). No Verão de 1776, sendo seu hóspede El-Rei D. João I,o Marquês organizou a I Feira agrícola e industrialrealizada no País (e talvez na Europa), apresentandoaos visitantes surpreendidos uma série de barracasde exposição dos produtos da terra e da indústriaque era possível reunir em Portugal naquele tempo. Teve ainda o projecto de construção de um canalque ligaria a vila à costa, dando a Oeiras um portode mar. O plano foi feito e está guardado no InstitutoGeográfico e Cadastral; a obra chegou a ser iniciada,mas a queda política do Marquês ditou também ofim do “Canal Novo de Oeiras”, cuja vala, já meioentulhada, era usada, no princípio do séc. XX, comocarreira de tiro pelas guarnições do CampoEntrincheirado de Lisboa.É evidente que a saída do Marquês, a quem Oeirasdeve, no fundo, o estatuto de vila e o foral“novíssimo” de 1760, trouxe consigo algumapagamento de impor tância. Mas na segundametade do séc. XIX o impulso de industrializaçãoda política regeneradora veio restituir ao concelhoum pouco daquele carácter inovador que ocaracterizava. Não podem deixar de ser aquimencionadas a Fundição e a Fábrica de Lanifíciosde Oeiras, que chegou a empregar mais de meiomilhar de operários; quatro fábricas de cortumese toda uma série de unidades derivadas da indústriatêxtil, como a Camisaria Moderna de Linda-a-Velha(com loja de venda no Rosssio), a fábrica de chitase estamparia de Outurela e outra do mesmogénero em Linda-a-Velha.

O REGRESSO AO MARE AS INDÚSTRIAS DE VANGUARDA

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Inaugurada em Setembro de 1889, a “linha” abriu aopovo uma “moda” que, como foi dito acima, teve porexemplos fundadores o gosto de D. Luís pela baía deCascais, logo imitado pela nobreza e pela burguesia deposses, bem como a notícia que aqui chegava do quese fazia em França, na costa do Mediterrâneo. As primeiras praias “finas” foram Pedrouços, maistarde Paço de Arcos, e as outras pelo meio. Massobre o sentido social desta deslocação para oeste,desta espécie de “fuga” ao vulgar, vale a pena relerdois parágrafos saborosos de “Memórias da Linha deCascais”, obra de Branca de Gonta Colaço e MariaArcher, cuja edição de 1943 foi republicada, há cincoanos, pelas Câmaras de Cascais e Oeiras. No capítulosobre Caxias: “Há o bairro antigo, ao fundo daavenida marginal, onde ainda hoje existem boasmoradias, as quais, nos tempos áureos da terra,foram habitadas por muitas famílias de tom - as queemigravam, aflitivamente, para maiores distâncias dacapital, mal se aproximava do seu poiso o alastrar daonda burguesa ao longo da linha.” (pág. 120) E nocapítulo sobre Paço de Arcos: “(.../...) Veraneavam ali,

desde o meado do último século, as famíliasaristocráticas que não transigiam com a promiscuidadesocial... Mais tarde também se refugiaram na praiaelegante todos os banhistas que abandonavamPedrouços e as outras praias vizinhas de Lisboa,banhistas espavoridos com a invasão destes lugarespelos veraneantes da burguesia endinheirada.” (pág.135)Outro aspecto em que Oeiras foi inovadora, nestecaso por decisão exterior e por efeito da sualocalização privilegiada, foi o do ensino. Não haviaLiceus a oeste de Lisboa. Nos anos 40 do século findo,foi reconhecida e necessidade de um estabelecimentode ensino secundário que servisse as (então) “mais de20 mil famílias” que habitavam a linha de Cascais, eescolheu-se Oeiras para a sua localização. Inauguradoem Outubro de 1952, o Liceu Nacional de Oeiras(hoje chamado Escola Secundária Sebastião e Silva)foi durante muito tempo a única escola de ensinopúblico (secundário) na “linha”, e talvez a maisinfluente. Três gerações de muitas famílias guardammemórias da sua passagem por lá. Foram

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recentemente comemorados os 50 anos da suaexistência, o que foi oportunidade para o reencontronostálgico de numerosos ex-alunos - tantos deles,hoje, em diversos lugares de destaque na vida nacional. Já o Taguspark, o Lagoas Park, a Quinta da Fonte, oComplexo Investigacional da Quinta do Marquês edemais equipamentos de tipo semelhante representamum esforço deliberado de Oeiras para se posicionar navanguarda do meio empresarial, como espaço depreferência de institutos de investigação, empresas dereferência ou jovens start ups vocacionadas para as novastecnologias, como as da informação e telecomunicações,biotecnologia e outras. O mais imponente destes

empreendimentos é o Taguspark, com os seus 360hectares de terreno ocupado, um núcleo universitário,centro de congressos, centro de telecomunicaçõesavançadas, e cerca de 160 entidades que aliconcentraram 6.500 postos de trabalho. Orecentemente inaugurado SATU Oeiras é uma espéciede “metro” aéreo automático, sobre viaduto, semcondutor, numa primeira fase fazendo a ligação entre aestação da CP de Paço de Arcos e o Parque dos Poetas/ Oeiras Park. Já está em construção o segundo troço,que o levará até ao Lagoas Park, e planeado o terceiro,até ao Taguspark. Nos terrenos da cultura e do lazer, a futura marina

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Oeiras, um dos concelhos da Área Metropolitanade Lisboa, concilia e é caracterizado por umpassado cuja riqueza histórica e patrimonialconjuga na perfeição com a inovação e evoluçãoconstante que distingue o município naactualidade.Em Oeiras encontram-se vestígios que remontamà pré-história e ao período romano, mas foi apar tir do século XVIII, com a elevação dapovoação de Oeiras a vila e a formação doconcelho, que o primeiro impulso dedesenvolvimento se fez sentir. Nesse período, aacção de Sebastião José de Carvalho e Melo, oMarquês de Pombal, foi proeminente e cujaimportância acaba de ser ainda mais valorizada,nesta primeira fase com a recente aquisição, pelaautarquia, do Palácio e jardins, estes já abertosao público.Nos últimos anos, Oeiras assume-se como umespaço de competências e de inteligência comum pólo de desenvolvimento tecnológico ecientífico único no país, for tes apostas nahabitação municipal e no apoio aos mais pobres,

sendo um concelho possuidor de um tecidoempresarial forte e de protecção ambiental, queultrapassam a média, e se constituem comoreferencial na Área Metropolitana de Lisboa.Uma forte aposta na inovação traduz-se desdejá na entrada em funcionamento doSATUOEIRAS, um meio de transporte públicoinovador, que liga o centro histórico da vila dePaço de Arcos ao singular Parque dos Poetas,um esplendoroso jardim e espaço cultural.Na zona litoral do concelho, em contínuoprocesso de recuperação e valorização, realcepara o Passeio Marítimo que já se estende entreas praias da Torre e de Santo Amaro de Oeiras,e que vai avançar faseadamente até Algés, aPiscina Oceânica de Oeiras, a criação edinamização do Porto de Recreio que lhe estáadjacente, e a valorização das praias.Oeiras é hoje um dos municípios portuguesescom melhor qualidade de vida, desenvolvimentoempresarial, actividades de cultura e lazer, e quetem como padrão o que de melhor se projectae faz por esse mundo fora.

UM CONCELHO DE VALORESTeresa Pais Zambujo*

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e o Parque dos Poetas, na colina que domina Oeiras,perto da conhecida rotunda com repuxos da A5, umespaço aprazível e, ao mesmo tempo, uma formaoriginal de homenagear, na representação escultóricade 20 poetas do séc. XX, uma das ar tes em quePortugal sempre se revelou exuberante. O projectoinicial partiu do encontro feliz entre um Poeta e umEscultor, respectivamente o Prof. David MourãoFerreira e o Mestre Francisco Simões. A primeira fasedesta obra foi inaugurada há pouco mais de um ano,com 11 estátuas já implantadas. Finalmente, um capítulo em que Oeiras seempenhou com resultados reconhecidos foi o docombate à habitação degradada. O Município aderiudesde o seu início, em 1993, ao Programa Especialde Realojamento, apontando concretamente paraa erradicação dos milhares de barracas existentesem vários bairros problemáticos. No princípio doano passado, e com a atribuição de novos fogos dehabitação social às últimas 182 famílias inscritas no

PER, no Páteo dos Cavaleiros (Carnaxide), aPresidente da Câmara, Teresa Pais Zambujo, deupor findo o processo de eliminação das barracas -reconhecendo embora que permanece o desafiode resolver o problema de “habitações degradadasde outro tipo, em núcleos antigos onde acapacidade de regeneração do PER não conseguiuchegar”; afirmou também, como outra dasprioridades nesta área, a da Habitação para Jovens,que tem já uma lista de mais de 1500 inscritos. É outro modo de afirmar uma postura inovadora �

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DADOS ESTATÍSTICOS

Área - 45,8 km2

Freguesias - 9 População em 2001 - 162.128 habitantes

Fontes: Instituto Nacional de Estatística, 2003; Sistema Metropolitanode Informação Geográfica, 2003; CD-Rom Património Metropolitano– Inventário Geo-referenciado do património da Área Metropolitana

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ENTREVISTA

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RECURSOS HÍDRICOS

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICAe INTERESSE PÚBLICOAO SERVIÇO DOS MUNÍCIPESA denominada indústria da água - abastecimento público de água e drenagem de águas residuais - constitui um sector de actividade com o objectivo essencial de fornecer serviçosde interesse público, com especificidades próprias, atendendo às exigências de saúde públicae de qualidade ambiental. Países com diversas culturas e dotados de diferentes modelos organizacionais debatem-se com problemas comuns, procurando melhorar a optimização dos recursos e a qualidade do atendimento dos serviços. Em Portugal, qualquer que venha a ser o quadro de referência para o sector, a importância estratégica deste bem de primeira necessidade exige decisões inovadoras e racionais, que não ponham em causa o interesse nacional e os direitos dos consumidores

Na última década, pelo menos desde Outubrode 1993, o tema da exploração e gestão desistemas de abastecimento de água e de

saneamento de águas residuais urbanas, bem como arecolha e tratamento de resíduos sólidos, tem sidoobjecto de grande controvérsia, polarizada em tornodas fronteiras difusas entre sector público e iniciativaprivada. Há autores que argumentam que aparticipação dos privados no mercado das águas é ocaminho a seguir para garantir o financiamento

necessário para a infra-estruturação do País e eliminara interferência excessiva do Estado. Pelo contrário,outros analistas sustentam que o facto de existiremempresas públicas com altos padrões de eficiênciasignifica que o sucesso das reformas não deve passarnecessariamente pela privatização, afirmando que nãose pode concluir que os serviços privatizados sejammais eficientes do que a sua réplica pública.Em Portugal, onde o Estado controla quase porcompleto, o sector da água, inicia-se agora um novo

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ciclo de reformas institucionais que se esperacontribua decisivamente para a definição de umapolítica sectorial coerente e estável, pondo termo aoclima de instabilidade num sector de actividade queinfluencia, directa ou indirectamente, mudançassignificativas na sociedade portuguesa, quer de ordemtécnica, económica, social ou política.Nos últimos dois anos, a tutela das águas teve trêsministros, vários grupos de trabalho encarregues dodossiê e dois modelos tornados públicos comdiferentes propostas para o sector.Um deles, o chamado Plano Todo Bom, apontavapara a criação de nove grandes empresas regionaisque seriam abertas ao capital privado, com dimensãoe escala suficientes para as tornar atractivas aoinvestimento privado. No entanto, não previaalternativas caso as Câmaras ou as empresas queactualmente detém concessões optassem por nãointegrar as empresas regionais. A demissão doministro Isaltino de Morais veio pôr fim a esta solução,entendida por vários peritos como um modelo quenão assegurava um adequado nível de estabilidade

na implementação das decisões, nomeadamentetendo em conta o peso institucional das autarquiasenvolvidas directamente na exploração dos sistemas.Amílcar Theias, o ministro que se seguiu, optou porum modelo misto, faseado, assente na préviareestruturação do sector público empresarial antesde se avançar com qualquer cenário de privatização. É neste contexto que é publicada a Resolução doConselho de Ministros nº 72/2004, de 17 de Maio,documento clarificador das intenções do Governosobre a reforma do sector, contendo o plano deexecução 2004-2006 do modelo de reestruturaçãodas águas que requer, para a sua efectivaimplementação, vontade política e capacidade dedecisão para recuperar os atrasos estruturais esatisfazer os compromissos internos e externos,decorrentes, nomeadamente, da utilização de fundoscomunitários disponibilizados no âmbito do IIIQuadro Comunitário de Apoio.De facto, não só Portugal deveria ter transposto atéfinal de Dezembro de 2003 a Directiva-Quadro daÁgua da União Europeia; como também já deveria

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ter sido aprovada em Conselho de Ministros a novaLei da Água, assegurando a transposição da Directivae permitindo, ao mesmo tempo, a reforma dosistema institucional de gestão dos recursos hídricose o novo regime económico-financeiro para a suautilização; sem esquecer os planos de baciahidrográfica, aprovados mas não implementados noterreno, bem como a maioria das acções do PlanoNacional da Água.O universo AdP assume nas actuais circunstânciasuma importância central, não só pelaresponsabilidade que o grupo tem na aplicação doplano PEAASAR ( Plano Estratégico deAbastecimento de Água e de Saneamento de ÁguasResiduais ) 2000-2006, que visa colocar Portugal aonível da média da UE, assegurando a 95% dapopulação portuguesa o abastecimento de águapotável e 90% com drenagem e tratamento de águasresiduais, como também pelas implicações que aalienação parcial das suas participações e aprivatização até ao limite de 49% do capital, até aofinal de 2005, terá junto das autarquias e dospotenciais investidores institucionais e particulares,por via do mercado de capitais. Dada a posição monopolista que detém - holdingcom cerca de 69 empresas, detida pelo Estado a100%, que controla todos os sistemas multimunicipaisde captação, tratamento e comercialização de águase de resíduos sólidos - a sua reestruturação põe emconfronto duas teses antagónicas sobre a evoluçãodo sector. Por um lado, a manutenção da função quelhe está atribuída como dinamizadora dosinvestimentos em infraestruturas fundamentais e, poroutro, a manifesta incompatibilidade com acontinuação da participação no mercado dasconcessões municipais e das prestações de serviçosem concorrência com os privados.Diversos analistas interrogam-se, também, quanto àsconsequências do cenário maximalista de antecipaçãodo processo de privatização de uma entidade denatureza pública – a AdP - que tem recebido doexterior 85 % do financiamento necessário para osinvestimentos em curso, sob a alegação de se tratar deum serviço público. Neste caso, tornar-se-á inevitávela discussão acerca da origem do dinheiro investido, aquem é devida a mais-valia e o respeito pelas regras

da concorrência.Trata-se de respeitar as regras do jogo, sob o olharatento de Bruxelas, estando em causa a imagem doPaís e as responsabilidades do Estado durante operíodo de investimento, considerando-se que a fasede exploração do sistema deve ter a participação deprivados. Pelo meio há o momento da necessáriareestruturação do sector, de modo a não se correro risco do sector da água passar de um monopóliodo Estado para um monopólio privado. É nesta faseque têm de ser definidos, por exemplo, o modeloregulatório, actualmente exercido pelo IRAR, ascondições de acesso à actividade e os termos emque os privados vão aceder aos fundos comunitários.Poças Martins, presidente da Águas de Portugal,afasta-se das polémicas e mostra-se tranquilo quantoao desenvolvimento e oportunidade do processoem curso, considerando o papel dos privados comoparte da solução e não do problema, salvaguardadoo serviço público assente numa relação dinâmica comos cidadãos e as câmaras municipais. Quando menos de 50 por cento do territórionacional e dois terços da população, a viverpredominantemente no litoral, representam a fatiade mercado apetecível para os privados, o modelode reestruturação a definir terá de incluir tambémde forma equitativa a faixa de mercado que não érentável, ou seja, o interior, para respeitar oscompromissos assumidos, contrariando as dinâmicasde mercado que tratam de uma formaacentuadamente economicista a gestão de valoresambientais, sociais, éticos e de equidade territorial.Apesar desta realidade, as empresas do sector olhamcom agrado para a oportunidade de participar nocapital da holding das águas, aguardando apenas pelareavaliação governamental do novo modelo. Oinvestimento no sector das águas constitui umainteressante oportunidade de negócio para o sectorprivado, uma vez que estas empresas são quaseimunes aos ciclos económicos, às crises petrolíferasou às bolhas especulativas, uma vez que fornecemum bem de primeira necessidade, que não pode sersubstituído.Analisando as vantagens e desvantagens daprivatização de serviços públicos e sectoresestratégicos, o economista João Ferreira do Amaral

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considera, em artigo publicado no jornal “Expresso”,que os eventuais ganhos de eficiência da privatizaçãosão desmentidos pelos riscos inerentes de umapossível descontinuidade, relacionada com a falênciadas empresas, e pelas condições adversas demonopólio existente, para concluir que “aprivatização de serviços de interesse geral não é umaboa solução. Mais vale investir na melhoria dosprocessos de gestão e avaliação dos serviçospúblicos”. Quaisquer que sejam os caminhos a seguir, todosreconhecem, no entanto, que o sucessivo adiamentona resolução dos problemas obriga agora a umesforço suplementar, nomeadamente no domínio doaumento da eficiência e da racionalização dos custose dos usos; da criação do mercado de direitos daágua; da estabilização do modelo operativo com osmunicípios; das tarifas e dos períodos de concessão;do redimensionamento dos sistemas e das empresas;da redução de perdas; do pagamento das obras emprazos mais dilatados e da importância estratégicada água para a economia nacional, que podeimpulsionar interessantes processos de melhoria nadistribuição e no uso produtivo das águas, tanto nosector agrário como no industrial ou no de serviçosurbanos.É no centro deste cruzar de opiniões, interessespolíticos e económicos e de necessidades de todos

os dias, que se situa a intervenção do titular da pasta,Luís Nobre Guedes, sabendo-se apenas “que oExecutivo vai cumprir a Resolução aprovada peloanterior Governo”, embora subsistam dúvidas quantoà dimensão da intervenção dos privados na AdP, queo novo ministro gostaria que se “cingisse à sua missãode braço estratégico do Estado no sector empresarialda água”.Entretanto, muita coisa mudou nos últimos trintaanos, para melhor. O abastecimento de águacanalizada passou de 50% em 1974 para 90% em2000, e as instalações sanitárias domésticas de 58%para 92%. A rede de esgotos urbanos que servia 20%da população chega agora aos 70%; pese embora asfalhas de qualidade do serviço das estações detratamento de águas residuais, agravada pelasdificuldades financeiras e gestionárias por que passamos sistemas multimunicipais que actuam na área daGAML –a Simtejo, responsável pelo saneamentointegrado do Tejo e Trancão, a Sanest, na Costa doEstoril e a Simarsul, na margem sul do Tejo. Tambémnestes casos, a possível junção dos vários sistemasmultimunicipais, com o correspondente alargamentode escala e a racionalização dos recursos disponíveis,pode ser uma opção possível para solucionar oproblema. As autarquias têm aqui um papelinstitucional determinante, mas é preciso nãoesquecer as responsabilidades da administraçãocentral neste processo, já que, através da Águas dePortugal, detém a maioria do capital social dos referidossistemas, influenciando as opções estratégicas e apolítica de gestão.A verdade é que, para o grande público, consumidorpassivo deste bem de primeira necessidade, ascarências são ainda muitas e as movimentações queestão a ocorrer, de contornos demasiado técnicos ecomplexos para a sua compreensão, passam àmargem do seu interesse imediato, apesar dasinevitáveis consequências nos orçamentos familiarese na qualidade de vida das populações, derivadas daalteração dos valores das tarifas e das flutuações dosníveis de qualidade da água distribuída. Para os ambientalistas o essencial “são os recursoshídricos e não a gestão das águas”. É que,independentemente da opção estratégica que vier aser implementada, ainda haverá muitos outros

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problemas para resolver: a salvaguarda dos aquíferos,a gestão da água dos rios por bacia hidrográfica e aimplementação de uma verdadeira economia daágua, assente nos princípios do utilizador-pagador epoluidor-pagador.Portugal, com recursos hídricos em quantidadesconsideráveis, e com anos de investimentos emtratamento de esgotos, não tem conseguido travara perda de qualidade das suas águas. Na origem doerro, está, segundo alguns analistas, a horizontalidadeadministrativa que marca a gestão dos recursoshídricos, retalhando as diversas fases do processo atéao consumidor final, através da introdução na cadeiaexplorativa de múltiplas entidades, públicas e privadas,locais e nacionais, na ausência de uma gestão deconjunto, racional e lógica, e independente dasinfluências políticas.Para Orlando Borges, Presidente do Instituto da Água(INAG), uma das consequências desta multiplicidade

de entidades, que urge minimizar, são as perdas,sabendo-se que cerca de 39% da água que é captadaem Portugal é desperdiçada, implicando um custototal sem benefícios de cerca de 728 milhões deeuros, ou seja, 0,64 do PIB. Neste quadro de referência, a complexidade dastarefas cometidas aos decisores políticos exige umaséria reflexão à escala nacional, transparência deprocessos, clareza de objectivos e uma enormeconcertação de posições entre os diversos agentesintervenientes, de modo a conciliar as potencialidadesdo mercado com o interesse público, mas comconsciência das suas limitações e perversões. Tarefadifícil, pelo menos com o grau de eficácia exigida e asalvaguarda dos interesses dos cidadãos, sabendo-seque a lei orgânica do XVI Governo reparte adefinição das orientações estratégicas para o sectorpor três ministérios: Ambiente, ActividadesEconómicas e Cidades, embora o ministro do

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Éinquestionável, e generalizadamentereconhecido, o papel, fundamental, que o PoderLocal tem vindo a desempenhar, depois de

alcançada a Liberdade, no progresso e qualificação doPaís.Considerado, com justeza inteira - fruto da obraentretanto concretizada -, a mais efectiva conquista daDemocracia, o Municipalismo veio encontrar, então,um Portugal atrasado, sem infra-estruturas nemequipamentos, definitivamente longe dos padrõesconseguidos pela maioria das nações europeias.Partindo praticamente do zero, eram inúmeras astarefas que, afinal em todos os campos, havia queenfrentar, eram inúmeros os desafios a que asalubridade, o bem estar dos cidadãos, odesenvolvimento de Portugal, obrigavam.De entre as tantas carências, o sector das águas e,sobremodo, o dos resíduos urbanos, eram dos queevidenciavam maiores insuficiências. Pelo que houve,sem hesitação, de iniciar um ciclópico trabalho que,da cidade maior à mais recôndita aldeia, exigiuimportantes investimentos, quer monetários, quer deempenhamento e entrega dos eleitos locais.Sucessivamente, foram melhoradas as condições decaptação e adução da água, bem como qualificadas assuas características sanitárias; por todo o país seoptimizou a recolha, tratamento e reciclagem dos lixos;a rede de saneamento básico – e as indispensáveisestações de tratamento de águas residuais – têm vindo

a crescer de forma sustentada.O percurso já percorrido é impressionante, e osvalores conseguidos são motivo de orgulho para osautarcas. Contudo, há ainda muito caminho para fazer,é enorme, ainda, a empresa que nos aguarda atéatingirmos os níveis de atendimento que encontramosna Europa em que nos inserimos.Se é indubitável que foi no Poder Local que mais seprogrediu, menos verdade não é que, nos desafios damodernidade, estamos perante uma nova fase na vidado municipalismo democrático.Com efeito, para podermos bem enfrentar os novosreptos, para continuarmos a bem servir as populaçõesque nos elegem, importa materializar (as tantas vezesprometidas) políticas descentralizadoras, urgeconcretizar a atribuição de mais capacidades aosMunicípios ou às Áreas Metropolitanas ouComunidades Urbanas.A descentralização administrativa é actualmente, cadavez mais, em absoluto inadiável, e só a atribuição demaiores competências e dos necessários meiosfinanceiros – de que hoje os Municípios não dispõem– poderão viabilizar os desideratos que os cidadãosnos colocam quotidianamente: atingirmos patamaresde atendimento elevados, mas fazê-lo com a qualidadea que o Poder local habituou os portugueses �

*Presidente da Associação Nacional

Sector da ÁguaUm longo caminho a percorrer

FERNANDO RUAS*

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Quem tem acompanhado com algumaatenção, numa perspectiva da defesa dointeresse público, a evolução do Sector da

Água em Portugal ao longo dos últimos dez anos, nãopode deixar de ter notado, com grande perplexidadee preocupação, a tremenda confusão introduzida noSector desde 2002.Em 1993, o Governo Cavaco Silva aprovou e iniciouo desenvolvimento de uma estratégia clara paraultrapassar o grande atraso que então se verificava noatendimento da população portuguesa em termos deabastecimento de água para consumo público e desaneamento de águas residuais urbanas, tanto nos seusaspectos quantitativos como qualitativosO mérito desta estratégia foi, posteriormente,reconhecido pelos Governos de António Guterresque, por isso, a assumiram e lhe deram continuidade,desenvolvendo-a, com base na experiência entretantoobtida, na preparação do PEAASAR - PlanoEstratégico de Abastecimento de Água e deSaneamento de Águas Residuais (2000-2006).A implementação desta estratégia decorreu, desde oseu início, com bastante sucesso, aliás reconhecidotanto a nível nacional como internacional,

designadamente por instituições da União Europeia.Assim, e em resultado da acção concertada dosGovernos, dos municípios e da AdP-Águas dePortugal, verificou-se um enorme progresso no nossoPaís no período 1994-2001, no que se refere aos níveisde atendimento da população e à qualidade dosserviços prestados em termos de abastecimento deágua potável e de saneamento de águas residuais comtratamento adequado.Ao longo deste período, a AdP-Águas de Portugalteve como importantes missões ser um instrumentoempresarial da política pública do ambiente aoserviço das populações e do desenvolvimentoeconómico e social, a nível nacional, regional e local,e liderar a constituição e desenvolvimento de umforte Grupo empresarial de base nacional nodomínio do ambiente. O valor do Grupo, nesteperíodo, aumentou mais de oito vezes, tornando-senum dos dez maiores Grupos empresariais a nívelmundial no seu domínio de actividade e, a nívelibérico, no segundo maior Grupo com reaisperspectivas de alcançar o primeiro lugar.Com a entrada em funções do Governo de DurãoBarroso, em Abril de 2002, esta estratégia parece

Para onde vai o Sector da Água MÁRIO LINO CORREIA*

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ter sido, inexplicavelmente, abandonada esubstituída por outra assente na imperatividade dodesmantelamento e privatização do Grupo, semque se vislumbrem os benefícios daí resultantes parao País. Para definir esta nova estratégia, nomearam-se múltiplos grupos de trabalho, gastaram-seingloriamente milhões de euros e apresentaram-se múltiplas soluções, muitas vezes disparatadas,irrealizáveis e contraditórias entre si, acabando oGoverno, finalmente, por aprovar uma estratégiaconfusa e incompletamente definida para o Sector.Entretanto, deixou de se ouvir falar das missões daAdP - Águas de Portugal, passando-se, no entanto,a saber que o ritmo de investimento nos SistemasMultimunicipais tinha sofrido um grandeabrandamento e que as metas do PEAASAR nãoiriam ser atingidas em 2006 - correndo-seseriamente o risco de se virem a perderimportantes fundos comunitários disponibilizadospara o efeito - e que as tarifas dos SistemasMultimunicipais iriam aumentar substancialmente,relativamente ao que estava anteriormente previsto. O que antes era fundamentalmente visto como umserviço público básico cuja prestação o Estado tinha ainalienável obrigação de promover, em condições deadequada sustentabilidade técnica, económica, financeira,social e ambiental, mobilizando, para o efeito, o que demelhor o País dispõe nesta matéria – recursos humanos

especializados, conhecimento, experiência, capacidadede planeamento, organização e gestão, e recursosfinanceiros próprios e comunitários – envolvendo nesseobjectivo o sector público e o sector privado, passou aser visto, prioritariamente, como um negócio, em quese movem grandes interesses que passaram a influir,marcadamente, na política a seguir.Enquanto antes as preocupações fundamentais seprendiam com a necessidade de rapidamente seinfraestruturar o País para melhor servir as populações,com o cumprimento dos orçamentos, metas e prazosprevistos para essa infra estruturação, com a qualidadedos serviços prestados aos consumidores, com aspolíticas de utilização racional e de poupança da água,com o combate às fugas e desperdícios, e com a plenae atempada utilização dos fundos comunitários, atónica agora é posta, prioritariamente, na eufemística«reestruturação do sector da água», que mais não éque a melhor forma de organizar esta actividade paraela se tornar um negócio mais atraente e rentável paraos interesses privados.Neste contexto, o futuro do Sector não parecepromissor, a menos que, rapidamente, se ponha fim aesta deriva irresponsável e altamente prejudicial paraos interesses do País �

*Ex-presidente do Grupo Águas de Portugal1996/2002

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DOSSIER

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O Modelode Regulação dos Serviços deÁguas e ResíduosJAIME MELO BAPTISTA*

Oabastecimento público de água àspopulações, o saneamento das águasresiduais urbanas e a gestão dos resíduos

sólidos urbanos constituem serviços públicos deinteresse económico geral, essenciais ao bem estar,à saúde pública e à segurança colectiva daspopulações, às actividades económicas e à protecçãodo ambiente. No actual estádio de desenvolvimentodo País, em que este problema ambiental de primeirageração não se encontra ainda totalmente resolvido,é indispensável que Portugal recupere rapidamenteatrasos e antecipe transformações, aproximando-se mais rapidamente dos níveis europeus.Essa recuperação passa por uma regulação eficaz eeficiente que garanta a protecção dos interesses dosutilizadores, num sector de monopólio natural,materializada na optimização da relação entre ospreços e a qualidade de serviço prestado. Deve no

entanto ter-se também em conta a salvaguarda daviabilidade económica e dos legítimos interesses dasentidades gestoras.Foi recentemente definido pelo Instituto Reguladorde Águas e Resíduos (IRAR) o seu modelo deactuação enquanto regulador de cerca de meiacentena de entidades concessionárias destes serviços.Este modelo passa por dois planos de intervenção,um primeiro ao nível da regulação estrutural dosector e um segundo ao nível da regulação doscomportamentos das entidades gestoras.A regulação estrutural do sector pretendecontribuir para a sua melhor organização e para asua clarificação. Esta regulação é uma forma decontrolo directo sobre o contexto envolvente eindirecto sobre as entidades gestoras, reduzindoou eliminando a possibilidade de comportamentosindesejáveis.

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DOSSIER

Complementarmente, o modelo de regulação passatambém por regular os comportamentos das entidadesgestoras relativamente aos aspectos económicos e dequalidade de serviço, impedindo eventuaiscomportamentos indesejáveis. A regulação económicaé uma importante forma da intervenção, na medidaem que os preços de monopólio tendem a ser maisaltos que os preços resultantes de mercadosconcorrenciais. A obtenção dos preços mais baixosque permitam simultaneamente a viabilidadeeconómica e financeira das entidades gestoras, o quenaturalmente corresponde à situação mais justa paraos utilizadores, exige uma forte intervenção da entidadereguladora. A regulação da qualidade de serviço éindissociável da regulação económica, condicionandoos comportamentos permitidos às entidades gestorasrelativamente ao serviço que prestam aos utilizadores,traduzida num conjunto predefinido de indicadores de

desempenho.Este modelo deve ser complementado com autilização de mecanismos de comparação dosresultados do desempenho de cada entidade gestoraao longo do tempo e também com os resultados deoutras entidades similares (benchmarking). Osresultados desta comparação devem ser objecto deexposição pública, na medida em que isso não sómaterializa um direito fundamental que assiste a todosos utilizadores como também pressiona as entidadesgestoras no sentido da eficiência. Será assim possívelconsolidar uma cultura de informação, concisa, credívele de fácil interpretação por todos �

*Presidente do Instituto Regulador de Águas e Resíduos

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REPORTAGEM

A actividade desportiva desenvolvida nos 18 concelhos da Grande Área Metropolitana de Lisboaestá intimamente ligada à prática da educação física, exercida, fundamentalmente, no âmbito darede escolar dos ensinos primário e secundário. As políticas públicas municipais, por iniciativa própriaou com o apoio da Administração Central têm, neste domínio, dado uma atenção muito especialà componente social, formativa e pedagógica das actividades curriculares e extra-curriculares, como objectivo de fomentar o interesse dos jovens para práticas de animação saudáveis, que contribuampara o desenvolvimento equilibrado das suas capacidades humanas. Paralelamente a esta iniciação

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EQUIPAMENTOS MUNICIPAIS

Prática desportiva

e gestão de infraestruturas

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REPORTAGEM

de base, os poderes autárquicos não deixam deresponder, crescentemente, às expectativas dasinúmeras colectividades e clubes existentes e àsexigências do desporto federado, através daatribuição de subsídios ao movimento associativo e

promovendo a construção de equipamentoscolectivos multiusos, cuja utilização se destina não sóà prática do desporto escolar e de competição, comotambém para usufruto da população em geral.Acontecimentos de referência, como a Corrida de

AlcochetePavilhão Municipal de Samouco

AlmadaComplexo Desportivo

AmadoraParque Central – Zona Zeca Afonso

Circuito de ginástica de manutenção para a terceira idadee pessoas com necessidades especiais, possibilitando aos idosos,a prática de vários tipos de modalidade de ginástica ao ar livre.

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REPORTAGEM

S. Silvestre na Amadora, a Meia Maratona de Lisboa,o Grande Prémio de Ciclismo M. R. Cortez, emSintra, o Open do Estoril em ténis, os TorneiosInternacionais de Futebol Infantil e de sub-23 naPontinha, assumem já uma expressão relevante no

panorama desportivo, que ultrapassa mesmo asfronteiras metropolitanas e nacionais, ajudando apromover a imagem dos concelhos representados eda própria GAML. Outras manifestações anuais, deque são exemplo, o “Xira 2000”, os Jogos

BarreiroAuditório Municipal Augusto Cabrita

CascaisPavilhão OrientalSituado na Quinta dos Lombos está previsto estar concluídono primeiro semestre de 2005. Terá um campo de jogo, adaptadopara a realização de outros espectáculos, ginásio, instalações sociais,amplas bancadas e parqueamento automóvel.

MafraPavilhão Municipal Ministro dos Santos

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REPORTAGEM

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Desportivos do Barreiro e da Cidade de Almada, osJogos do Sado e a Seixaliada, conferem umadimensão popular e abrangente ao chamadodesporto para todos. Nas áreas dos idosos e dosjovens, todos os calendários municipais reservam

espaço significativo da sua programação para acolheriniciativas tradicionais dos respectivos concelhos,com designações tão elucidativas dos objectivos aatingir, como “Desporto Sénior”, “Férias Activas”,“Mexa-se na Marginal”, “Desporto Mais”.

MontijoPavilhão Desportivo

LisboaPavilhão Municipal do Casal Vistoso

MoitaPiscina de Alhos Vedros

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REPORTAGEM

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Estas experiências de sucesso, que significaram umaevolução qualitativa na realidade desportiva vivida nosconcelhos integrantes, beneficiaram da comparticipaçãode fundos comunitários orientados para a satisfação denecessidades básicas em matéria de infraestruturas

desportivas. Hoje, avaliados os resultados, os recursosdisponíveis e os meios aplicados, urge reflectir sobreo enquadramento organizacional do patrimónioautárquico na área do desporto, racionalizar e planeara sua gestão operacional. Este, é um dos desafios que

OdivelasPavilhão Municipal

OeirasEstádio Nacional - Jamor

LouresComplexo de Piscinas MunicipaisSanto António dos Cavaleiros

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REPORTAGEM

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a Grande Área Metropolitana de Lisboa, de constituiçãorecente, vai enfrentar, com o potencial de competênciasque poderá vir a assumir, elevando os objectivosestratégicos da Junta Metropolitana para novospatamares de exigência e de organização, já

perspectivados numa lógica metropolitana, que, nestedomínio, traduz-se, nomeadamente, na aplicação globalde um novo modelo de gestão integrada dos recintosdesportivos municipais, na rentabilização dos seusespaços para outras actividades, na redefinição das

PalmelaPiscina Municipal do Pinhal Novo

SeixalPiscina Municipal de Corroios

SesimbraPavilhão Municipal da Quinta do Conde

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REPORTAGEM

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vocações desportivas locais e na complementaridadeintermunicipal e supramunicipal dos respectivosequipamentos. A Grande Área Metropolitana de Lisboa tem emcurso um projecto inovador de referenciação

geográfica dos equipamentos públicos nos 18Municípios. A 1ª fase deste projecto é, precisamente,a georeferênciação dos equipamentos desportivos,permitindo aos cidadãos, às Associações Desportivas,aos Municípios e outras instituições um melhor

SetúbalComplexo Municipal - Piscinas das Manteigadas

SintraPavilhão José Carlos Sifuentes

Vila Franca de XiraPiscina Municipal de Calhandriz

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O Barreiro foi, durante muitos anos do século XX,sinónimo da cidade da indústria, ligada ao grandeparque industrial que se desenvolveu durante muitasdezenas de anos nos seus limites, crescendo nasmargens do rio Tejo, através de sucessivos aterros.O potentado industrial da CUF e os caminhos deferro, conheceram períodos de grandedesenvolvimento no concelho, dotado de umaimportante instalação ferroviária para a ligação ao suldo País. Hoje, mantendo o cariz de cidade industrial,deseja preservar a sua história, recuperando as zonasmais tradicionais do território. Primeiro, o Barreiro

antigo, as primeiras fases de desenvolvimento urbano,mas sem esquecer o aproveitamento da sua históriaindustrial, cuja memória a autarquia se prepara parapreservar, a pensar seguramente no desenvolvimentona região de outra indústria, a do Turismo. O Barreiro, integrado no antigo concelho de Riba

Tejo dos séculos XIII a XV, desenvolveu umaestrutura de povoamento a partir de inúmerasfamílias disseminadas ao longo das margens do Tejo,que deram origem aos actuais aglomerados urbanos.O centro antigo da cidade divide-se em duas áreasdistintas - Tardo-Medieval e Pombalina.

PATRIMÓNIO

UM PATRIMÓNIO

A PRESERVARO Barreiro aposta agora na preservação do seu patrimónioarquitectónico, cujas origens remontam à mais de 600 anos.

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PATRIMÓNIO

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PATRIMÓNIO

O traçado e a morfologia irregulares do velho cascourbano, que deixa adivinhar as raízes medievais,implantou-se numa pequena elevação sobranceiraao rio que permite um olhar único sobre o Tejo eLisboa. O alçado principal das casas estava voltadode costas ao Tejo, pois era para ele que ficava viradaa zona de trabalho, a principal relação dos habitantesda região com o rio. Testemunho desses tempos sãoos moinhos de água e de vento, particularmente osde Alburrica, que ainda resistem ao passar dostempos. Este património único, irá ser objecto derecuperação por iniciativa da autarquia local, umprimeiro passo para a preservação da históriaindustrial do concelho, iniciada com o fabrico defarinha e de sal para alimentar a capital, passandopela expansão e declínio da indústria corticeira e,mais recentemente, há um século, com odesenvolvimento das actividades associadas aoscaminhos de ferro e à Companhia União Fabril.

BARREIRO ANTIGO

Podemos denominar de Barreiro Antigo a parte dacidade que se situa entre a Rua Marquês de Pombale a Avenida Bento Gonçalves, desde o Largo doRosário até ao Largo Alexandre Herculano, e o Largodas Obras, junto ao Portão da Quimiparque. Estaárea corresponde ao aglomerado primitivo da cidadedo Barreiro. É nela que se encontram edifícios eespaços públicos urbanos de indiscutível interessehistórico e patrimonial.De acordo com as suas características, podemosdividir esta área em duas grandes zonas. Uma, a maisantiga, de traçado irregular e de cariz medieval. Situa-se entre o Beco de São Francisco, a Rua doConselheiro Joaquim António de Aguiar e a RuaAguiar. Inclui ainda o Largo Rompana e as igrejas daMisericórdia e de Santa Cruz. Esta zona correspondeà área povoada e construída ao longo dos séculosXV e XVI.A outra, mais recente, desenvolve-se paralelamenteao rio Tejo, desde a Igreja de Nossa Senhora doRosário até ao Largo Alexandre Herculano.Apresenta um traçado reticulado, quase irregular, ecorresponde à expansão da vila do Barreiro ao longodos séculos XVII, XVIII e XIX. É nesta área que seencontram os edifícios mais significativos de

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PATRIMÓNIO

arquitectura de habitação do século XIX e daprimeira metade do século XX.O núcleo habitacional de traçado antigo apresentacaracterísticas arquitectónicas muito modestas, mastípicas da arquitectura vernacular, ainda visíveis emtelhados de duplo beiral ou telhados múltiplos dequatro águas, comuns nos sécs. XVI e XVII, nassacadas de ferro forjado e nas janelas de sistema deguilhotina, bem raras nos nossos dias. Ainda sepodem ver muitas casas revestidas a azulejo dosséculos XIX e XX. Como locais típicos, destacam-se a Praça de Santa Cruz, antigo centro cívico doBarreiro, o Largo Rompana, ex-libris da zona velha,o Pátio dos Bichos ou a Travessa do Loureiro, quese articula com a “zona pombalina”. Esta cresceunum traçado reticular, através de vias que sedesenvolvem axialmente da antiga Rua de Palhaisaté à ermida de S. Roque, hoje Igreja de NossaSenhora do Rosário.No que respeita à renovação do parque habitacionalenvelhecido, e no domínio da reabilitação das zonasde valor histórico e patrimonial, o município doBarreiro apresenta hoje um quadro de actuação que

respeita as características locais e tem em conta oconjunto urbano onde se insere.Para 2004, e numa primeira fase de intervenção,foram delimitados os núcleos históricos do«Barreiro»; «Bairro das Palmeiras»; «Lavradio»;«Santo António da Charneca» e «Coina», áreas apartir das quais se irão concretizar operações de

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PATRIMÓNIO

O Convento de Jesus, em Setúbal, é um dosprincipais marcos do estilo Manuelino em Portugal.Na sua igreja, que se destaca por ter sido oprimeiro ensaio em Por tugal de “igreja salão”,podem ser vistas belíssimas colunas torsas. Acapela-mor é revestida de azulejos de caixilho e

nela foi instalado, em 1520-1530, um retábulo depintura considerado como um dos mais notáveisconjuntos da Arte do Renascimento em Portugal.Encontra-se exposto na Galeria de PinturaRenascentista, instalada numa antiga enfermaria dohospital da Misericórdia de Setúbal anexa à Igreja.

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O CONVENTODE JESUS

EM SETÚBALA recuperação de um dos marcos principais do estilo Manuelino em Portugal arranca ainda este ano

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PATRIMÓNIO

Da autoria de Jorge Afonso, é constituído por 14painéis, denominados “primitivos de Setúbal”,sendo um dos mais notáveis conjuntos da Arte doRenascimento em Por tugal. Frente à igrejaencontra-se um belo cruzeiro em mármorevermelho da Arrábida, mandado construir por D.Jorge de Lencastre. As obras da edificação do Convento de Jesusiniciaram-se em 1490, tendo terminado cerca de10 anos depois. Classificado como monumentonacional, encontra-se hoje em avançado estado dedegradação, justificando o previsto arranque dasobras para a sua recuperação, da responsabilidadedo IPPAR - Instituto Por tuguês do PatrimónioArquitectónico. A Câmara Municipal de Setúbalprevê, também, construir um edifício na áreaenvolvente do convento, que irá albergar umpequeno auditório e um espaço para exposiçõestemporárias.Debaixo do seu tecto acolhe-se o museu da cidade,aí instalado há mais de 30 anos, após a saída doHospital, em 1959. Um ano depois, algumas das suassalas foram adoptadas para as exposiçõescomemorativas do Centenário da Elevação deSetúbal a Cidade, procedendo-se, posteriormente,à adaptação de todo o edifício para a instalação doMuseu, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdiade Setúbal, com o apoio da Câmara Municipal deSetúbal e do Governo Civil. A abertura oficial doMuseu realizou-se a 5 de Fevereiro de 1961. Noespaço museológico podem ser vistas colecções dearte, história, arqueologia e numismática. Ao nívelartístico, sobressaem as obras de pintura, sobretudoa do século XVI, escultura sacra, ourivesaria, azulejariae outras artes decorativas. A arte contemporâneaestá também bem representada, beneficiando daincorporação de novas obras �

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CULTURA

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Entre Lisboa e Cascais, namargem norte do estuáriodo Tejo, distribui-se o município de Oeiras.Caracterizava-se, nos primórdios e durante trêsséculos, por duas zonas distintas: o litoral, com fortalezas e praias e um espaço rural que, nas últimas décadas, sedescaracterizou dentro davila e outras áreas do concelho.Aquilino Ribeiro declarava categoricamente :“OEIRAS é o marquês e não precisa de mais nadano seu pretérito para ser famosa”. Mas também, namesma data, escrevia sem hesitações: “Quem viu(Oeiras) há 20 anos e a vê hoje não a conhece.” Porduas vezes Aquilino morou em Oeiras: primeiro, emSanto Amaro, quando era funcionário da Biblioteca

Nacional dirigida por Jaime Cortesão e Raul Proença;depois, nos anos 30 e 40, ao regressar do segundoexílio político em França, instalou-se na Quinta deSanta Catarina na Cruz Quebrada, que viria a ser absorvida pela estrada marginal e implantação doEstádio Nacional.Em ambos os locais concebeu e redigiu obras deficção, de abordagem histórica e “ensaios ocasionais”,para utilizar a expressão atribuída (julgo por AntónioSérgio) aos textos de circunstância, de colaboraçãoregular na Imprensa, posteriormente reunidos emvolume. Mas de todos os livros de Aquilino, das duasfases em que se radicou em Oeiras, destaca-se amonografia que dedicou à própria vila e ao concelho.Intitula-se, apenas, Oeiras e tornou-se uma raridadebibliográfica.O autor não incluiu o seu nome na capa, masidentifica-se na última página com o seguinteesclarecimento: “Coligiu estas notas para ser agradávelaos seus amigos de Oeiras, tenente Coentro, dr. SílvioPélico, Leonino Simões e seu vizinho Agostinho deMacêdo, em homenagem ainda à terra em que viveude 1918 a 1927 – Aquilino Ribeiro. Cruz Quebrada1940.”Uma dinâmica de crescimento de ocupaçãodesordenada e avassaladora do território modificou,nas últimas quatro ou cinco décadas, quase tudo quesubsistia das origens setecentistas, ou das mudanças introduzidas durante ou após a introdução da linhade caminho de ferro de Pedrouços a Cascais;moradias de gosto suíço ou francês que se sucediam,

O PALÁCIOPOMBAL VISTO POR

AQUILINOANTÓNIO VALDEMAR *

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CULTURA

no traçado regular das ruas ladeadas de árvores, em direcção ao rio. Os grandes blocos habitacionais, paradormitórios de Lisboa, criaram situações agressivasde ruptura com a malha antiga e tradicional.Do passado remoto evocado por Aquilino ficaram,entre outras, duas referências arquitectónicas, emmuitos aspectos sem paralelo no País: o Palácio doMarquês de Pombal e o Forte de São Julião da Barra.O Palácio permanece associado à fortuna e influênciatentaculares dos Carvalhos; à elevação de Oeiras aVila em 1759 e de Sebastião José a Conde de Oeiras;aos padrões dos arquitectos e ar tistas queparticiparam na reconstrução do terramoto de 1755.Representa o modelo, por excelência, da quinta deregalo, num sítio ainda privilegiado pela natureza, eda casa de lavoura com a variedade e abundânciados produtos da terra. Faz parte da história deOeiras e contribuiu para que esta ficasse na História. Realizou-se na área do palácio, em 1766, a primeira feiradas indústrias portuguesas em Oeiras. O marquêspretendeu demonstrar, nesse repositório, o progressoalcançado devido às reformas que impulsionou nossectores da Indústria, da Agricultura e do Comércio.Integravam o Palácio duas quintas e jardins.Mantiveram-se na família até ao século XX, alturaem que o adquiriu, aos herdeiros, Artur Brandão(1876-1960), político, jornalista e editor, um dosproprietários da Bertrand com o pintor José Malhoae Júlio Dantas. Passou, depois, para a Câmara deOeiras, que o vendeu à Gulbenkian para instalar oInstituto de Ciências.Nos anos 80 foi, temporariamente, cedido ao Estadopara o Instituto Nacional de Administração. Hoje estáde novo nas mãos do Município de Oeiras.Era muito diferente do que é agora o Palácio queAquilino Ribeiro conheceu. Possuía, aliás, obras dearte coleccionadas por Artur Brandão, que tiveramvários destinos. Reconheceu Aquilino que “perto deLisboa só o Palácio de Queluz lhe releva em grandezae magnificência.”Concebeu e dirigiu as obras o arquitecto CarlosMardel, adoptando a edificação pombalina que, paraAquilino Ribeiro, “mais que a simplificação do estiloD. João V, ramalhudo e todo preocupado com aluxúria visual, revela uma arquitectura sui generisacomodada à vontade decidida, recta e implacável

que não tem tempo a perder.” Predominam a azulejaria policromada, com cenasgalantes, episódios de caça ou de pesca; tectos altosde masseira e decorações de estoque feitas por Groseie seus discípulos, as cantarias opulentas, o esplendorda estatuária em mármore de Carrara. Ainda se pode

ver a “Cascata dos Poetas”, representados porHomero, Virgílio, Tasso e Camões, da autoria deMachado de Castro; a fachada da adega monumental,“autêntica catedral de Sileno” destinada a arrecadarem tonéis de vinhático, trinta pipas das 400 que aquinta produzia do excepcional vinho de Carcavelos.“O palácio encerra em sumo grau – assinalouAquilino – tanto as vir tudes como os defeitos daépoca, mas sente-se logo a mão inteligente e o gostoseguro com que foi estudada e arranjada a molduraque o paramenta do lado da vila.”No caso objectivo de Oeiras, e ao contrário de ou-tras localidades, será difícil concluir que o núcleo antigo,o casco urbano, continua a ser o único centronevrálgico da vila e do concelho, embora ali seconcentrem alguns dos principais serviços públicos ede interesse público. Contudo, o Palácio do Marquêsde Pombal – quaisquer que tenham sido astransformações no interior e o desaparecimento damaioria do conjunto para novas urbanizações -propõeum olhar crítico e reflectivo em torno da evoluçãoverificada nos últimos séculos – memórias vivas ecomplementares de tudo quanto foi (e é) positivo ounegativo da herança política, social e cultural �

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GOSTOS e AROMAS

Os bifes são fatias de carne quase sempre de vaca,embora também os haja de carne de cavalo ou deporco ou de carneiro - e fiquemo-nos por aqui -, decorte e peso variáveis, embora tradicionalmente sesituem entre os 100 e os 200 gramas, servidos fritosou grelhados, com e sem molho e acompanhamentovariado, embora a maior parte das vezes com batatasfritas.Estamos em Lisboa, são os seus bifes que nosinteressam e esses são todos de vaca. As suasdesignações estão ligadas aos seus criadores, emalguns casos talhantes, ou aos nomes das casas —tabernas, cafés e restaurantes — de que se tornaramemblemas. Actualmente continuam a ser falados nacidade-capital os bifes das cervejarias Trindade ePortugália, mas os melhores podem comer-se a horas

tardias, que a casa também funciona como bar, noCafé de São Bento, na rua do mesmo nome, nãolonge do palácio onde funciona a Assembleia daRepública.Há, entre nós, um grande apego ao bife com ovo acavalo e batatas fritas, embora a carne de vaca (de boi,diz-se no Norte) não tenha uma qualidade por aí além.Falo em termos gerais que, nos últimos anos, surgiramcarnes de raças apuradas e certificadas de grandecategoria. E são elas, pelo menos, as carnes das raçasbarrosã, arouquesa, maronesa, de Lafões, marinhoa ealentejana. Os bifes de qualquer destas raças de gadobovino são suculentos e saborosos e não precisammais do que sal grosso e uma grelhadura ou frituracapazes, para atingir o máximo da sapidez.Regressemos, porém, aos bifes de Lisboa, que faziamas delícias dos frequentadores dos botequins, estancos,tabernas, cafés e “restaurants” (era assim que se dizia),nos idos do final do século XIX e princípios do séculoXX. Sobrevivem alguns, como o “à Marrare”, o “àcortador” ou o “na frigideira de barro à lisboeta”, masnão em muitos sítios. O restaurante do Mercado deSanta Clara, tanto quanto sei, é o único que conserva,na sua lista, quase todos os bifes de Lisboa.Comecemos pelo “bife à Marrare”, o mais famoso doseu tempo. Evoca o nome do napolitano AntónioMarrare que, chegado a Lisboa nos finais do séculoXVIII, foi copeiro do marquês de Nisa, empresário doSão Carlos, ficando sobretudo conhecido com

EVOCAÇÃO DOSBIFES DE LISBOA

DAVID LOPES RAMOS *

Fazem-se actualmente tantas campanhas, que não viria mal aomundo que alguém se ocupasse numa a favor do regresso dos maisemblemáticos bifes de Lisboa aos restaurantes da cidade. Alguémquererá pôr mãos à obra?

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AROMASGOSTOS e

fundador de quatro cafés. Foi num deles, o “Marraredas Sete Portas”, onde o bife nasceu. Muito apreciadoera também o “bife à Faustino”, servido na “Culináriada Avenida”, à esquina da Calçada da Glória, “que foia primeira casa que funcionou em Lisboa com acozinha à vista”, assinala José Quitério na sua obra“Livro de bem comer” (Assírio & Alvim, Novembrode 1987). Na “Cervejaria Jansen”, localizada na RuaAntónio Maria Cardoso, onde mais tarde existiu o“Retiro da Severa”, inventou-se o “bife à Jansen”.Quanto ao “bife à inglesa”, tratou-se de uma criaçãoda cozinha da “Taverna dos Ingleses”, que existiu naesquina dos Remolares com a Avenida 24 de Julho, quetinha a particularidade de ser grelhado. O “bife àcortador”, um dos que ainda se fazem, continua a

abrilhantar a ementa do restaurante “Óh Lacerda¡”, daavenida de Berna, um antigo talho. Foi numa destascasas que ele foi inventado. Do acém-redondo,espalmado, esfregado com sal grosso, pimento e alhoesmagado, é frito em banha de porco, em frigideira debarro. De Lisboa são igualmente o “bife de vacaenrolado à lisboeta”, o “bife de vaca na frigideira debarro à lisboeta” e o “bife de vaca com molho dequeijo”.Fazem-se actualmente tantas campanhas, que não viriamal ao mundo - podendo antes tal iniciativa resultarnum notório benefício para os apreciadores de bifes -que alguém se ocupasse numa a favor do regresso dosmais emblemáticos bifes de Lisboa aos restaurantes dacidade. Alguém quererá pôr mãos à obra? �

O “bife à Marrare” é alto e cortado dopojadouro pelo fio do veio da carne.Actualmente, é quase sempre do lombo. Deveser cozinhado idealmente em frigideira de ferro,na qual, depois de bem aquecida, se põemanteiga de vaca a derreter e o bife a fritar.Deixa-se tostar o bife de um lado, volta-se, emoperação rápida para que a carne fique malpassada, tempera-se com sal grosso de qualidade,escorre-se a frigideira, coloca-se novo pedaço demanteiga, agita-se o recipiente e baixa-se o lume.Juntam-se duas colheres de sopa de natas paraengrossar o molho que escorre da carne. Deixa-se reduzir um pouco. Passa-se o bife para umprato de louça previamente aquecido e despeja-se o molho por cima. Acompanha-se com batatasem palitos, fritas em bom azeite.O “bife à Faustino” é do lombo, alto, frito nafrigideira de ferro em banha de porco. Frita-seprimeiro uma rodela grossa de pão de forma, aqual, estando dourada, se coloca num prato. Namesma gordura quente, frita-se o bife,temperado com sal grosso. Quando a carne seapresentar com cor de caramelo de um lado,volta-se, sem picar, para tomar cor. Abranda-seo lume e dispõe-se o bife sobre a fatia de pão

frito. Passa-se ligeiramente na frigideira, anteslimpa e enxaguada, uma boa fatia de bompresunto de Chaves (pode também ser deMontalegre ou de Vinhais, melhor se de porcobísaro). Reduz-se ligeiramente o molho e mistura-se um pouco de manteiga, mas não deixandoferver. Verte-se parte do molho sobre a carne eo restante serve-se em molheira. Por cima da fatiade pão frito, do bife e da fatia de presunto,coloca-se metade de um tomate maduro detamanho médio, sem sumo nem sementes,levemente passado em manteiga e recheado comovos mexidos. À parte, as batatas fritas da ordem. Regalem-se!

As receitas do à Marrare e do à Faustino

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Já se sabe que a tradição já não é o que era e essafrase, sistematicamente usada, é particularmente útilse estivermos a falar dos vinhos de Carcavelos. Temposhouve em que o Carcavelos disputou a primazia daqualidade dos generosos portugueses. Nascido àsportas de Lisboa, numa zona que circundavaCarcavelos e que era povoada por quintas, chegou,no séc. XVIII, a ter fama além fronteiras e a disputarao Porto a glória do reconhecimento mundial. Vérticedo célebre triângulo dos “vinhos do termo de Lisboa”

- os outros dois eram Colares e Bucelas - o Carcavelosfechava em beleza uma refeição que começava comos brancos de Bucelas, passava aos tintos de Colarese terminava com um generoso de grande nível e comimensa personalidade.A história do vinho de Carcavelos encontra-seindissociavelmente ligada à figura do Marquês dePombal, ministro do reino no reinado de D. José, eque governou Portugal na segunda metade do séculoXVIII. Proprietário de uma quinta em Oeiras onde

GOSTOS e AROMAS

CARCAVELOSUM ADEUS PORTUGUÊS

JOÃO PAULO MARTINS *

Já foi um generoso de grande reputação mas, hoje em dia, quemse lembra do que é um bom Carcavelos? Provavelmente só algumapreciador já em idade avançada, que possa ter memória dos vinhos que ainda nos anos cinquenta e sessenta existiam nomercado. Hoje vivemos todos das memórias..

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produzia vinho - a capacidade de armazenamentoatingia as 900 pipas - o Marquês de Pombal procuroupor todas as formas dar relevo ao seu vinho e chegoumesmo a aconselhar o loteamento do Porto comvinho de Carcavelos, para o que vendia 250 pipasanualmente à então designada Companhia Geral daAgricultura das Vinhas do Alto Douro. Tratava-se deuma prática que hoje seria completamente proibidauma vez que, como todos sabemos, não estáautorizado o loteamento de vinhos de uma regiãodemarcada com outros vinhos de fora da região.A fama do Carcavelos chegou a Inglaterra no início doséc. XIX, coincidindo com o período de maiorprodução (cerca de 3 000 pipas). A esta fama não foiestranha a presença na região, durante as invasõesfrancesas, de Artur Welesley, futuro Duque deWellington e, à época, chefe do corpo expedicionárioinglês. Privados do “seu” Vinho do Porto, os inglesesafeiçoaram-se ao Carcavelos, que acabaramposteriormente por divulgar em Inglaterra. Foi apenasmais um caso – os outros são o Porto e o Madeira– em que os ingleses funcionaram como grandespropagandistas “nas mais desvairadas partes” dosvinhos que eles, como pretensos encarregados damissão histórica da divulgação cultural, se encarregaramse espalhar pelo mundo.Diferente do Vinho do Porto era o Carcavelos. Masera um generoso de muita qualidade que rapidamentefez as delícias dos súbditos de Sua Majestade, que odenominavam “Lisbon Wine”. A primeira grandemachadada no Carcavelos foi dada pela praga do oídioem 1852 e o golpe mortal foi dado pela filoxera, em1876. Destruídos os vinhedos, a reconstituição foi lentamas, ainda assim, era possível nos anos trinta do séculopassado, encontrar uma produção que rondava os 40000 litros/ano. De então para cá, a produção nãodeixou de baixar. A pressão urbana matou oCarcavelos e as quintas foram transformadas emapartamentos e villas de sabor burguês. A última quintaque cessou a produção foi a Quinta do Barão, bemno coração de Carcavelos. O que resta dos vinhosdesta quinta ainda se pode encontrar no mercado,mas a qualidade está muito longe daquela que erapossível encontrar quando os seus vinhos tinham amão e o saber do Eng.º Manuel Vieira.A qualidade e originalidade dos vinhos desta região

fez com que fosse incluída no primeiro pacote dasdemarcações de 1908. As vinhas situavam-se entreOeiras e Cascais e beneficiavam da influência do mar.Pontificavam várias castas autorizadas para aprodução do generoso, sendo algumas brancas eoutras tintas. Nas brancas destacava-se o GalegoDourado, Boal e Arinto e, nas tintas, a Negra Mole,a Trincadeira e o Espadeiro.A vinificação seguia de perto a técnica usada para aprodução de generosos mas, não poucas vezes, omosto era deixado a fermentar até o vinho ficar seco,sendo o grau de doçura dado pela adição de umabafado (mosto ao qual foi adicionado aguardente).Os vinhos eram sempre mais secos do que o Vinhodo Porto e assemelhavam-se a um Porto tawny, coma dominância dos aromas de frutos secos. Sempreforam, por isso, vinhos de sobremesa, especialmenteapreciados pela elegância e frescura dos aromas,autênticos vinhos de cheiro.Actualmente, a produção concentra-se praticamentesó na Estação Agronómica de Oeiras. No mercadoapenas é possível encontrar o vinho da Quinta dosPesos e Estação Agronómica. Por comparação entreestes dois vinhos, não é possível concluir sobre o novoestilo do Carcavelos. Têm perfis completamentedistintos, sendo mais os factores que os afastam do queaqueles que os juntam. O consumidor terá, assim,dificuldade em perceber qual é o vinho que melhorrepresenta o Carcavelos. As poucas garrafas queainda restam da antiga Quinta da Bela Vista atingempreços muito elevados e as existentes da Quintado Barão não justificam o que por elas se pede. Estamos a assistir à morte lenta de um grandevinho e o futuro não parece nada promissor. Éevidente que, pela zona em que as quintas sesituavam, não haveria muitas outras alternativas. Mastambém se sabe que em outras regiões do mundonão foi assim. Há vinhas bordalesas que sesituam no meio de cidades e não é por issoque os vinhos morreram. Ou alguém imaginaque o Château Haut-Brion ia desaparecerpor se situar no meio de prédios?São, infelizmente, diferentes concepções depatrimónio e, nesse particular, os francesesdão-nos cartas �

*Jornalista

AROMASGOSTOS e

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Muitas centenas de jovens de todas as idades fizeramdo Parque das Nações, no último domingo deSetembro, o espaço aberto de uma grande festa,saudável e feliz. Além de ser o ponto de chegada da5ª Meia Maratona de Portugal, foi também num dosseus locais mais emblemáticos, o Pavilhão de Portugal,que decorreu, ao longo de todo o dia, o espectáculo“Paisagens do Desporto”, promovido e organizadopela GAML. Num dia belíssimo de princípio de Outono, a sombrada grande pala do Pavilhão acolhia todos quantos,participantes ou espectadores destes eventos, sedeixaram seduzir pela energia e graciosidade demovimentos da ginástica rítmica, nas suas váriasmodalidades de aeróbica, step, acrobática, body-combat, funk, hip/hop, além da dança-jazz e da dançaetnográfica tradicional. A festa, neste capítulo, começou às 11 horas e estevea cargo de mais de três dezenas de clubes eassociações desportivas, recreativas e musicaisprovenientes dos 18 Municípios da Grande ÁreaMetropolitana de Lisboa, cujas intervenções foramapresentadas por João Baião e Sílvia Alberto. Osgrupos sucederam-se, durante toda a manhã e aprimeira metade da tarde, sem quebras nem perdade interesse, a atestar a motivação dos seusmembros e a qualidade da organização, mais uma

vez assegurada pelo Prof. Joseph Azevedo, que háquatro anos presta à AML a sua colaboração comocoordenador geral deste espectáculo. Entre osassistentes, não faltou quem trocasse a quietude dascadeiras por uma adesão espontânea ao ritmocontagiante, participando assim, e sem sair do seulugar, no acto que decorria no palco. A festa era grátise houve espaço para todos. “Paisagens do Desporto” era o título deste ano parao espectáculo gímnico promovido pela Grande Área

DANÇA E DESPORTOFIZERAM A FESTA

NO PARQUE DAS NAÇÕES

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Metropolitana de Lisboa, a sublinhar a policromia evariedade das populações representadas, assim comodas modalidades praticadas por cada grupoparticipante. Pouco depois das 17 horas foi a vez daCompanhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo,sob a direcção artística de Vasco Wellenkamp,apresentar o seu trabalho AmarAmália, em que osbailarinos dão, literalmente, corpo e expressão aalguns dos mais conhecidos fados de AmáliaRodrigues. A Área Metropolitana de Lisboa tem-se associadotodos os anos, desde o início, à Meia Maratona dePortugal. Com redobrada razão o fez de novo agora,

quando se comemora o Ano Europeu da Educaçãopelo Desporto. É preocupação comum dos dirigentesda Junta Metropolitana, bem como dos autarcas dosMunicípios da GAML, fomentar os valores de umacidadania positiva e saudável, que se manifestam de ummodo especial nestas iniciativas e justificam o apoio àscolectividades que lhes dão protagonismo.Para o fim da tarde, os voluntários presentes foramchamados a mostrar os seus dotes numa aula deginástica colectiva dirigida pelo Prof. Joseph Azevedo.Afastadas as cadeiras para mais longe do palco, nãohouve segregação de idades que impedisse aparticipação entusiástica de todos, dos mais novos aos

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