bibliotecas como prática de responsabilidade social no brasil

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social As bibliotecas da USP e... a inclusão e a responsabilidade social Elisa Machado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Coordenadora-Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas – SNBP/FBN Rio de Janeiro, 30 de maio de 2011.

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social

As bibliotecas da USP e... a inclusão e a responsabilidade social

 

Elisa MachadoUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

Coordenadora-Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas – SNBP/FBN

Rio de Janeiro, 30 de maio de 2011.

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Responsabilidade Quando falamos de responsabilidade estamos falando

de coletividade e, por conseguinte, de política.

Hoje percebemos uma forte tendência à desvalorização da atividade de agir conjuntamente, a supervalorização das realizações pessoais e o fim dos prazeres que não trazem expectativas e interesses particulares.

No entanto, dentre os diferente níveis de responsabilidade, acredito que estamos discutindo aqui, a responsabilidade para com o mundo, por meio de um agir consistente.

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Responsabilidade Na concepção pública de vida, somos atores

e expectadores e, estamos em busca do que Hannah Arendt chama de felicidade pública, a qual requer o cultivo de uma sociabilidade, uma espécie de exercício de humanidade.

É a compreensão do senso público que necessariamente diz respeito e está relacionado aos outros e não aos objetos.

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social

Projeto de pesquisa do DEPB/UNIRIO.

Voltado para o desenvolvimento do pensamento científico e a iniciação à pesquisa de estudantes de graduação, na área de Biblioteconomia.

Por meio dos diferentes projetos, de pesquisa, de extensão e de ensino, desenvolvidos na universidade temos a oportunidade de estreitar relações e ampliar o diálogo com a sociedade.

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Objetivos Analisar os ações voltadas para a criação

formação e/ou desenvolvimento de bibliotecas, lideradas por empresas privadas, sob a percepção de sua responsabilidade social.

Colaborar para a melhoria da qualidade dos investimentos públicos e privados na área Biblioteconomia.

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Responsabilidade social

É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2010).

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Responsabilidade social

As reflexões que fundamentaram a noção de responsabilidade social, na área de Administração, no exterior, datam de 1950.

No Brasil, o tema surge indiretamente na literatura em 1968.

Somente a partir dos anos 2000 que o assunto ganhou notoriedade, quando as principais revistas e eventos científicos passaram a considerá-lo efetivamente em sua pauta.

No entanto, de modo geral podemos dizer que no Brasil há uma institucionalização dos debates e pouca reflexão conceitual.

(FREIRE et al. 2008).

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Responsabilidade social

“As maiores empresas doadoras de projetos sociais no Brasil de fato não doam dinheiro do seu bolso, e sim são captadoras de recursos, usando o modelo de aliança com outras empresas e/ou organismos internacionais para financiar suas idéias, com o qual ocupam, aliás, um espaço aberto pelas leis de incentivo dos governos federal e estaduais” (PAOLI, 2005, p. 399).

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Responsabilidade social

Em relação aos recursos destinados à estas ações, pesquisas apontam para o fato de que nem todas as empresas que se declaram socialmente responsáveis divulgam informações financeiras específicas sobre os recursos gastos em benefício público o que gera dúvidas sobre a existência, ou a dimensão dos investimentos à comunidade (MILANI, 2008).

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Responsabilidade social

Evolução dos nomes e objetivos dados ao ato de doação empresarial: Filantropia Responsabilidade Social Investimento Social

Ativismo social voluntário do setor privado: Dentro do quadro geral do país de carências de acesso à

saúde, educação, cultura e de tantos outros direitos universalizados, percebe-se um apelo à “criatividade social” e ao estímulo à participação de novos atores na questão social – o setor privados e as ONGs.

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Questões Quais as ações de responsabilidade social que tem a

biblioteca como foco principal?

Quais os resultados e impactos dessas ações para a sociedade e para a área de Biblioteconomia?

Que tipo de empresa está investindo nessa área?

Como se dão esses investimentos?

O que leva uma empresa a escolher a biblioteca como o seu projeto de investimento social?

Quais as relações entre esses projetos e as políticas públicas para a área de bibliotecas no país?

Como os bibliotecários lidam com essa questão?

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Algumas preocupações:

Até que ponto o mercado, por meio do Terceiro Setor, esta assumindo o papel do Estado;

A ambigüidade entre os interesses privados e a ação pública que se estabelece neste campo;

“A preconização a iniciativa individual e privada contra a ineficiência burocrática do Estado e a politização dos conflitos sociais” (PAOLI, 2005, p. 386).

O “esvaziamento do conteúdo político da noção de espaço público” (MACEDO, 2005, p.10);

O potencial inovador dessas ações x a aleatoriedade seletiva no tempo e no espaço no qual as ações acontecem (PAOLI, 2005).

A postura dos bibliotecários frente a esse processo.

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Coleta de dados:

Projeto

Empresa

Bibliotecário

Biblioteca pública

Projeto de pesquisa

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1. Criação de um banco de projetos de responsabilidade social na área de Biblioteconomia.

41 projetos: 21 estão localizadas em São Paulo, 9 no Rio de Janeiro, 1 em Minas

Gerais, 1 na Bahia, 1 em Pernambuco, 2 no Ceará, 2 no Paraná, 1 no Rio Grande do Sul,  2 em Brasília, 1 no Tocantins.

Esses números mostram que mais de 70% dessas ações se concentram na região Sudeste, seguido pela região Nordeste, região Centro–Oeste e região Sul.

Quanto a abrangência 21 projetos são de ordem municipal, 4 são estaduais e 16 são de amplitude nacional.

2. Levantamento de fontes de informação sobre o assunto.

Resultados

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social

Embora a garantia de funcionamento e manutenção das bibliotecas públicas seja responsabilidade do Estado, os investimentos privados podem, de maneira complementar, colaborar na inovação, modernização e qualificação desses espaços e serviços.

Acreditamos que este cenário, quando apropriado de maneira consciente e crítica pelos gestores públicos, pode constituir-se em uma oportunidade para o estabelecimento de parcerias de qualidade na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social

Ao eleger o tema “As bibliotecas da USP e... a inclusão e a responsabilidade social”, entendo que fomos convidados a refletir sobre a nossa ação política e nesse sentido, cabe lembrar que “política não é uma qualidade dos indivíduos, essencial ou acidental, mas algo que ocorre entre os indivíduos, no espaço comum da vida pública” (ARENDT, 2007).

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As bibliotecas da USP e... a inclusão e a responsabilidade social

[...] nos cabe a arte de exercitar a alteridade, de assumir responsabilidade por quem somos, pelo modo como agimos, e por que mundo somos responsáveis [...] a responsabilidade tanto para com quem sou, quanto para com o outro e para com a durabilidade do mundo, encontram pelo menos um afluente em comum [...] o espaço da ação que ao mesmo tempo separa e une os indivíduos, que os engendra e lhes confere esse mesmo poder, que não estaria locado nem na esfera puramente privada, de uma interioridade não compartilhada, nem em uma esfera pública desprovida do espaço político” (ARENDT, 2007).

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ARENDT, Hanna Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.FREIRE, Robson et. Al. Responsabilidade social corporativa: evolução da produção científica. In: Congresso Nacional de Excelencia em Gestão, 4, Niterói, 2008.INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. O que é responsabilidade social. Disponível em: <http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx> Acesso em: 16 out. 2010.MACEDO, Myrtes de Aguiar. O comunitárismo na nova configuração das políticas sociais do Brasil. Em Debate. Rio de Janeiro, n. 1, 2005. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/6595.PDF?NrOcoSis=18410&CdLinPrg=pt> Acesso em: 28 jul. 2008.MACHADO, Elisa Campos. Bibliotecas comunitárias como prática social no Brasil. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2008. [Tese de doutorado – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de SãoPaulo].MILANI FILHO, Marcos Antonio Figueiredo. Responsabilidade social e investimento social privado: entre o discurso e a evidenciação. Revista de Contabilidade e Finanças, v. 19, n.4, São Paulo, maio/ago. 2008. OLIVEIRA, Francisco de. Privatização do público, destituição da fala e anulação da política: o totalitarismo neoliberal. In: OLIVERIA, Francisco; PAOLI, Maria Célia (Org.). Os sentidos da democracia: políticas do dissenso e hegemonia global. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 55-82.PAOLI, Maria Célia. Empresas e responsabilidade social: os enredamentos da cidadania no Brasil. In: SANTOS, B. S. (Org.) Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 375-418.

Referências

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Bibliotecas como prática de responsabilidade social

Obrigada!

Elisa [email protected]

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