biblioteca pública

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Biblioteca Pblicaprincpios e diretrizes

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PRESIDENTE DA REPBLICA

Fernando Henrique CardosoMINISTRO DA CULTURA

Francisco Corra WeffortPRESIDENTE DA FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL

Eduardo PortellaDIRETORA DO DEPARTAMENTO DE PROCESSOS TCNICOS

Celia Ribeiro ZaherCOORDENADORA DO SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PBLICAS

Sandra de Mendona Domingues

O Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas/SNBP, institudo pelo Decreto Presidencial n 520 de 13 de maio de 1992, tem como objetivo principal o fortalecimento das bibliotecas pblicas do Pas. O SNBP assume como pressuposto bsico para o desenvolvimento de suas aes a funo social da biblioteca pblica. Essa Instituio Cultural ao assumir este papel na comunidade possibilita a construo de uma sociedade verdadeiramente democrtica e a formao de uma conscincia crtica do indivduo levando-o ao exerccio pleno da cidadania.

FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL Departamento de Processos Tcnicos Coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas Rua Debret, 23 - 8 andar, salas 811/812 Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20030-080 Tel.: (0xx21) 220 3040 ramais: 232 - 315 Fax: (0xx21) 220 4690 E-mail: [email protected] www.bn.br

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Departamento de Processos TcnicosCoordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas

Biblioteca Pblicaprincpios e diretrizes

Rio de Janeiro 2000

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SRIE : DOCUMENTOS TCNICOS, 6

ISBN: 85-85023-83-X

Biblioteca Pblica : princpios e diretrizes / Fundao Biblioteca Nacional, Coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas. Rio de Janeiro : Fundao Biblioteca Nacional, Dep. de Processos Tcnicos, 2000. 160p.: il; 26 cm. (Documentos tcnicos; 6) Bibliografia: p. 159-160 ISBN: 85-85023-83-X (broch.)

1. Bibliotecas Pblicas. I Biblioteca Nacional (Brasil). Departamento de Processos Tcnicos. II Ttulo. II Biblioteca Nacional (Brasil). Coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas. III. Srie: Documentos tcnicos (Biblioteca Nacional (Brasil)); 6. CDD 027.4 19 ed.

Ficha Tcnica

SUPERVISO E REDAO FINAL Celia Ribeiro Zaher EQUIPE DE REDAO Giselda Brasil Aronovich May Brooking Negro Produo de Textos: Ronaldo Menegaz Patrocnio: Odebrecht e Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro Apoio: SABIN Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional

PROIBIDA A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL DESTA OBRA DIREITOS RESERVADOS FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL

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PREMBULO

difcil dizer com quantos livros se constri uma nao. Mas possvel adiantar que, sem essa populao disciplinada e inslita, esses habitantes de bibliotecas pblicas e privadas, impossvel construir uma nao, sobretudo uma nao mundial.

Eduardo Portella

Presidente da Biblioteca Nacional

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PREFCIO

"Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivduos so valores humanos fundamentais. Eles sero alcanados somente atravs da capacidade de cidados, bem informados, para exercerem seus direitos democrticos e terem papel ativo na sociedade. [...] A biblioteca pblica, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condies bsicas para a aprendizagem permanente, autonomia de deciso e desenvolvimento cultural dos indivduos e grupos sociais." (Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Pblicas). Essa definio do papel da Biblioteca Pblica caracteriza a importncia de sua existncia, dentro dos preceitos de modernidade, como instrumento para a insero adequada de nosso pas na Sociedade da Informao. Ao exercer seu papel social e informativo, a biblioteca pblica brasileira contribui de forma eficaz para minimizar um dos mais srios problemas da sociedade atual, ou seja, a desigualdade entre os que tm acesso informao e os que so desprovidos dela. Em seu empenho em prol do desenvolvimento das bibliotecas pblicas e de sua adequao s necessidades do pas, a Biblioteca Nacional contou com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro e da Construtora Norberto Odebrecht, que patrocinaram a publicao desta obra, integrante da srie Documentos Tcnicos, que visa difundir aos bibliotecrios, conservadores, pesquisadores e demais profissionais, as metodologias e prticas da instituio nas reas de preservao e processamento tcnico de acervos. A Biblioteca Nacional, guardi mxima do registro do saber em nosso pas, tem a misso de auxiliar as bibliotecas pblicas brasileiras a desempenharem seu papel primordial, apoiando, principalmente, a formao e a qualificao de recursos humanos adequados a enfrentar a tarefa de disseminar a informao e o saber entre as comunidades e os indivduos. seu compromisso com a sociedade obter um padro de qualidade que seja uma contribuio efetiva para que a Nao alcance um patamar de desenvolvimento humano compatvel com sua grandeza e suas esperanas.

Celia Ribeiro ZaherDiretora Fundao Biblioteca Nacional

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NOTA EXPLICATIVA

A presente publicao no tem a pretenso de esgotar todas as questes que envolvem a biblioteca pblica; outros trabalhos com ela relacionados devero ser escritos, sabendo-se de antemo que muito ainda ter que ser feito, posto que mais que um dever, propiciar a educao e o acesso informao uma obrigao inalienvel do Estado. O tempo urge, e o que j se fez muito pouco diante do muito que resta ainda por fazer. Este manual, que ora lanado pela Biblioteca Nacional, vem na seqncia de duas verses anteriores: a primeira, de 1995, editada pela Biblioteca Nacional, procurou atender aos apelos feitos durante o IV Encontro do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, em 1994. Trabalho de bibliotecrios dedicados misso de gerir, organizar e difundir a informao e o acesso aos bens culturais em todos os recantos de nosso pas, o manual, em primeira verso, contou com a contribuio de todos os participantes daquele Encontro Nacional, em especial, das bibliotecrias Sandra Mendona e Celia Domingues, do Rio de Janeiro; Gleyde Costa Victor, de Pernambuco; Rosa Maria de Sousa Lanna, de Minas Gerais, e Mira Helena Beer Maia, de Santa Catarina. Uma segunda verso, com algumas modificaes, foi publicada em Porto Alegre, em edio limitada, com patrocnio obtido pela Associao Rio-Grandense de Bibliotecrios. A obra atual, embora com outra perspectiva, utilizou material tcnico das verses anteriores, mas foi sensivelmente atualizada, reescrita e ampliada com a incluso de novos captulos, que se espera, sirvam de orientao para a utilizao de tcnicas de preservao e uso de novas tecnologias. Cabe um agradecimento a Giselda Brasil Aronovich que, enquanto Coordenadora do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, colaborou efetivamente para a elaborao deste manual. oportuno ressaltar ainda a coordenao firme e decisiva de todo o trabalho de elaborao e editorao deste manual pela Diretora do Departamento de Processos Tcnicos, Celia Ribeiro Zaher.

Sandra Mendona DominguesCoordenadora SNBP Departamento de Processos Tcnicos

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SUMRIO Captulo 1 A BIBLIOTECA PBLICA17 17 23

EVOLUO DO CONCEITONovos parmetros Histrico

NO BRASILProgramas de aes e apoio a Bibliotecas Pblicas Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas

Captulo 2

GESTO DE BIBLIOTECA PBLICA

27 28

MARKETING EM BIBLIOTECAS PBLICASIdentificando o pblico-alvo A imagem da biblioteca Divulgao dos servios da biblioteca Relacionamento da biblioteca com o governo local Relacionamento Biblioteca/Escola Publicaes

PLANEJAMENTOPlanejando um servio para a comunidade Estudo da comunidadeColeta de forma indireta Coleta de forma direta Entrevista pessoal

32

Documentos legais e estrutura organizacional

POTENCIALIZANDO RECURSOSRedes/Consrcios/Parcerias Sociedade de Amigos da Biblioteca (SAB)

37

ADMINISTRANDO RECURSOSRecursos financeiros Onde procurar recursos? Oramento Tipos de verbas pblicas Recursos humanosQualificao, aperfeioamento e educao continuada Voluntrios

38

AVALIANDO RESULTADOSEstatsticas dos servios Estatstica de freqncia Estatstica do movimento dirio de publicaes Relatrio anual

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Captulo 3

UM PRDIO FUNCIONAL

47 47 48

PRINCPIOS GERAIS RECOMENDAES TCNICASParte eltrica, comunicao e iluminao Acstica Previso de carga dos pavimentos Controle de temperatura e umidade Defesa contra sinistros

REAS ESPECFICAS DO PRDIO CAPACIDADE E DIMENSIONAMENTOCapacidade das estantes Nmero de lugares

50 52

MVEIS E EQUIPAMENTOS Captulo 4 FORMAO DO ACERVO

55 57 57 58 59

CRITRIOS BSICOS PARA A COMPOSIO DO ACERVO TIPOS DE MATERIAIS SUGESTES DE MATERIAIS DOCUMENTAIS E BIBLIOGRFICOSObras de referncia Peridicos Folhetos Arquivo de recortes Estampas Material audiovisual. Multimeios Publicaes eletrnicas. Multimdia Objetos reais Outros materiais

SELEO DO ACERVO AQUISIOCompra Doao Permuta Novas aquisies

62 62

AVALIAO PERMANENTECritrios para qualificao de obras raras Descarte ou baixa Crescimento da coleo

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Captulo 5

TRATAMENTO TCNICO DO ACERVO

67 67

REGISTRO DE OBRASComo registrar livros e folhetos Como registrar peridicos Outros materiais

INVENTRIOAcervo total Carimbos

70

VIABILIZANDO O ACESSO INFORMAOA organizao do acervo Processamento tcnico Classificao Catalogao Catlogos Tipos de catlogos Ordenao fsica do acervo Livros Peridicos Material audiovisual/Multimeios

71

EMPRSTIMO DOMICILIARConsideraes gerais Preparo do livro para emprstimo Inscrio do leitor Rotina para o emprstimo e devoluo de obras

86

Captulo 6 SERVIOS

A BIBLIOTECA COMO CENTRO DE INFORMAO 93 E LEITURA DA COMUNIDADE93

Servio de referncia e informao Programa de formao e orientao de usurios Servio de emprstimo domiciliar Servio de ouvidoria Servio de memria local Servios especiais Servios de extenso Servio de informao comunidade (SIC) Metodologia de implantao Servios de ao cultural O agente cultural

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Atividades culturaisApresentao de peas teatrais ou encenao Apresentao de artistas e grupos de artistas locais Clubes de leitura Concursos Exposies Hora do conto Teatro de fantoches

Captulo 7

PRESERVAO E CONSERVAO DO ACERVO

105

Principais agentes de deteriorao de acervos documentais Procedimentos em caso de desastres Acondicionamento para preservao Tratamento de documentos fotogrficos

Captulo 8

INFORMATIZAO

113

Processo decisrio reas de trabalho especializadas Seleo e aquisio de obras Processamento tcnico Circulao e emprstimo Armazenamento Consulta aos catlogos Acesso e disseminao de informaes Aplicao na rea de preservao Escolha de equipamentos Programas Participao em redes e consrcios

Anexos Bibliografia

121 a 158 159

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ANEXO 1Endereos dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas

ANEXO 2Modelos de Projetos de Integrao Biblioteca/Comunidade a serem adaptados situao local

ANEXO 3Formulrio de Pesquisa para conhecimento da comunidade

ANEXO 4Questionrio Padro para entrevista pessoal

ANEXO 5Modelo de Lei de Criao de Biblioteca Pblica

ANEXO 6Modelo de Regulamento da Biblioteca

ANEXO 7Modelo de Estatuto da Sociedade de Amigos da Biblioteca Pblica

ANEXO 8Atribuies do Tcnico em Biblioteconomia

ANEXO 9Escolas de Biblioteconomia

ANEXO 10Mveis e Equipamentos (Listagens no exaustivas)

ANEXO 11Materiais de uma Biblioteca Pblica (Listagens no exaustivas)

ANEXO 12Circuito da Obra na Biblioteca

ANEXO 13Partes do Livro

ANEXO 14Classificao decimal de Dewey

ANEXO 15Alfabetao

ANEXO 16Calendrio Cultural

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A BIBLIOTECA PBLICA

A informao, desde os primrdios da civilizao, a matria prima do processo de desenvolvimento do homem e das naes. Hoje, mais do que nunca, a capacidade de obter informao e gerar conhecimento fator fundamental na sociedade contempornea, onde informao poder. No entanto, cada vez mais crescem as diferenas sociais e econmicas entre os que possuem informao e aqueles que esto destitudos do acesso a ela. Dentro deste contexto, cabe biblioteca pblica atuar, como instituio democrtica por excelncia, e contribuir para que esta situao no se acentue ainda mais e que a oportunidade seja oferecida a todos. Assim, a biblioteca pblica deve assumir o papel de centro de informao e leitura da comunidade com esse objetivo. As bibliotecas, em geral, so classificadas de acordo com as funes que desempenham, o tipo de leitor para o qual direcionam seus servios e o nvel de especializao de seu acervo. So identificadas como bibliotecas nacionais, universitrias, pblicas, escolares, especiais e especializadas. Como, por exemplo, uma biblioteca universitria tem como funo apoiar o desenvolvimento das atividades acadmicas, e seus servios visam atender aos alunos, professores e funcionrios das universidades, sendo sua coleo voltada para o ensino e a pesquisa. A biblioteca , pois, uma instituio que agrupa e proporciona o acesso aos registros do conhecimento e das idias do ser humano atravs de suas expresses criadoras. Como registros entende-se todo tipo de material em suporte papel, digital, tico ou eletrnico (vdeos, fitas cassetes, CD-ROMs, etc.) que, organizados de modo a serem identificados e utilizados, compem seu acervo. Sem fins lucrativos, objetiva atender comunidade em sua totalidade. A biblioteca pblica o espao privilegiado do desenvolvimento das prticas leitoras, e atravs do encontro do leitor com o livro forma-se o leitor crtico e contribui-se para o florescimento da cidadania.

EVOLUO DO CONCEITOO conceito de biblioteca pblica baseia-se na igualdade de acesso para todos, sem restrio de idade, raa, sexo, status social, etc. e na disponibilizao comunidade de todo tipo de conhecimento. Deve oferecer todos os gneros de obras que sejam do interesse da comunidade a que pertence, bem como literatura em geral, alm de informaes bsicas sobre a organizao do governo, servios pblicos em geral e publicaes oficiais. A biblioteca pblica um elo de ligao entre a necessidade de informao de um membro da comunidade e o recurso informacional que nela se encontra organizado e sua disposio. Alm disso, uma biblioteca pblica deve constituir-se em um ambiente realmente pblico, de convivncia agradvel, onde as pessoas possam se encontrar para conversar, trocar idias, discutir problemas, auto-instruir-se e participar de atividades culturais e de lazer.

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Assim, as bibliotecas pblicas caracterizam-se por: 1) destinar-se a toda coletividade, ao contrrio de outras que tm funes mais especficas; 2) possuir todo tipo de material (sem restries de assuntos ou de materiais); 3) ser subvencionada pelo poder pblico (federal, estadual ou municipal). Ela difere da biblioteca comunitria/popular, que surge da comunidade e por ela gerida, sendo o atendimento feito, geralmente, por voluntrios.

Novos parmetrosFrente ao conceito de biblioteca pblica enunciado no Manifesto da UNESCO, torna-se evidente o papel da biblioteca pblica no Brasil de hoje como a mais democrtica instituio de carter cultural e educacional a qual, sem dvida alguma, tem a vocao nata para exercer um papel social de grande relevncia na insero da sociedade brasileira na sociedade da informao.

A biblioteca pblica o centro local de informao, disponibilizando prontamente para os usurios todo tipo de conhecimento. Os servios fornecidos pela biblioteca pblica baseiam-se na igualdade de acesso para todos, independentemente de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade, lngua, status social. 1Espera-se que desempenhe com eficcia sua funo social de centro de leitura e informao, cabendo ressaltar que, ao cumprir este papel, a biblioteca pblica estar, certamente, atuando nas comunidades de forma a minimizar, um dos mais graves problemas desta nova Sociedade, que o ...risco de aprofundar a desigualdade interna de cada nao, entre ricos e pobres de informao, uma vez que a economia da informao regida pelos mesmos fatores estruturais e geopolticos do sistema produtor de riquezas.2O fim do sculo est trazendo tona uma nova reorganizao dos modos de produo e negcios e, conseqentemente, da economia, da sociedade e da poltica. Esta mudana profunda toma por base as idias, a informao, o conhecimento, a busca da eficincia e o inevitvel risco que todas as instituies tm de enfrentar para garantir seu espao e nele avanar. A globalizao inexorvel que estamos sofrendo tem como principal componente tecnolgico e industrial a computao, a informao e a comunicao, e, no caso de pases da complexidade e dimenso do Brasil, preciso ao muito rpida e eficiente para que no apenas soframos este processo. Deste modo, importante a formulao de uma estratgia de governo para conceber e estimular a insero adequada da sociedade brasileira na sociedade da informao3

Podem-se destacar, tambm, algumas funes face s mudanas decorrentes da absoro de novas tecnologias na rea da informao e que se refletem em nosso cotidiano. G agente essencial na promoo e salvaguarda da democracia, atravs do livre aces-

1 PERIDICO DO SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PBLICAS. Biblioteca pblica: Unesco, Manifesto, 1994. Rio de Janeiro: Fundao Biblioteca Nacional, v. 1, n. 1, ago. 1995. Encarte especial.

2 SOCIEDADE da Informao: cincia e tecnologia para a construo da sociedade da informao no Brasil. [Braslia]: IBICT; So Paulo: Instituto UNIEMP, 1998. 164 p.

3

Ibidem, p. 27

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so a todo tipo de informao proporcionando, desta forma, matria de reflexo para a gerao do verdadeiro conhecimento; G instituio de apoio educao e formao do cidado em todos os nveis, atravs da promoo e incentivo leitura e formao do leitor crtico e seletivo capaz de usar a informao como instrumento de crescimento pessoal e transformao social; G centro local de tecnologias da informao, atravs do acesso s novas tecnologias da informao e da comunicao, familiarizando os cidados com o seu uso; G instituio cultural,atravs da promoo do acesso cultura e do fortalecimento da identidade cultural da comunidade local e nacional

HistricoCriada na Inglaterra como conseqncia da Revoluo Industrial, no final do sculo XIX, at a poca atual, a biblioteca pblica passou por profundas mudanas em seu conceito. Destacam-se como marcos dessas mudanas os seguintes fatos: G revoluo industrial: o conceito inicial era vinculado classe trabalhadora e s funes educativas e moralizantes; G crise econmica dos anos trinta e a Segunda Guerra Mundial: a imagem da biblioteca pblica incorpora o conceito de atuar como instrumento para a paz e a democracia e identifica-se com a classe mdia e a populao estudantil, cada vez mais numerosas; G publicao pela UNESCO, em 1949, da 1 verso do Manifesto da Biblioteca Pblica: destacando sua funo em relao ao ensino e caracterizando-a como centro de educao popular; G dcada de 50: incio de questionamentos crescentes por parte da classe bibliotecria, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, sobre o papel da biblioteca pblica e sua permanente identificao com os valores da classe mdia e a cultura de elite; G dcadas de 60 e 70: os movimentos culturais contestatrios desencadeiam novos questionamentos sobre o papel da biblioteca pblica. Procura-se uma nova funo voltada para as classes mais desfavorecidas da sociedade de carter mais social; G publicao pela UNESCO, em 1972, da 2 verso do Manifesto da Biblioteca Pblica: sintetizando como suas funes educao, cultura, lazer e informao; G dcada de 80: informao e comunicao so vinculadas ao desenvolvimento das sociedades. Inicia-se o uso generalizado dos computadores e das novas tecnologias de comunicao nas bibliotecas, desencadeando o aparecimento das redes de bibliotecas, o que se reflete em suas funes e conceito; G dcada de 90: Sociedade da Informao/Conhecimento, a revoluo digital afeta o trabalho e a vida cotidiana. Necessidade dos indivduos e das sociedades de adaptarem-se s rpidas e crescentes mudanas. G publicao pela UNESCO, em 1994, da 3 verso do Manifesto da Biblioteca Pblica: seu texto enfatiza o compromisso da biblioteca pblica com a democratizao do acesso s novas tecnologias de informao. A evoluo do seu conceito pode ser traada atravs dos diversos Manifestos da UNESCO publicados ao longo dos anos. A UNESCO publicou pela primeira vez o Manifesto da Biblioteca Pblica, em 1949, destacando sua funo em relao ao ensino

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e caracterizando-a como centro de educao popular. Como resultado da publicao do Manifesto, houve, em vrias partes do mundo, um grande movimento para o seu desenvolvimento. A segunda verso, publicada em 1972, teve grande repercusso na Amrica Latina e lanava como grandes atribuies da biblioteca pblica: educao, cultura, lazer e informao. Aps sua publicao, vrias conferncias foram realizadas na Amrica Latina, sendo que a de 1982, em Caracas, endossando o Manifesto, prope algumas aes especficas para a regio: G propiciar o livre acesso informao; G estimular a participao da populao na vida nacional e na vida democrtica; G promover a difuso e a proteo das culturas nacionais, autnomas e de minorias, tendo em vista a formao da identidade nacional, como tambm o conhecimento e o respeito s outras culturas; G formar o leitor crtico e seletivo; G ser um instrumento de educao formal e no formal; G ser o centro de comunicao e informao da comunidade. A funo da biblioteca em relao comunidade, informao e cultura foi sempre objeto de ateno dos participantes de reunies de bibliotecrios atuantes na rea. Em reunies latino-americanas posteriores surgiram outras propostas, tais como a que se refere preocupao com a vida das populaes menos favorecidas nas reas rurais e nas periferias das grandes cidades e atuao da biblioteca como centro de desenvolvimento cultural da comunidade. Por sua vez, a Federao Brasileira de Associaes de Bibliotecrios, FEBAB, na sua Declarao de Princpios da Biblioteca Pblica Brasileira4, sugere que a biblioteca atue como centro de memria social e centro de disseminao da propriedade cultural da comunidade. Assim, face s mudanas ocorridas na sociedade no decorrer de 30 anos, desde o aparecimento da 2 verso, a UNESCO decidiu atualizar seus conceitos e, em 1994, durante a reunio do PGI Council Meeting da UNESCO, realizada em Paris, aprovou a ltima verso do Manifesto. Essa verso ressalta como bsicas as misses da biblioteca que se relacionam com a informao, alfabetizao, educao e cultura, e as descreve em doze itens. Essas doze misses incorporam algumas aes propostas pelas reunies da Amrica Latina e Caribe, como as relativas herana cultural, ao apoio tradio oral, ao acesso informao comunitria e ao apoio educao em todos os seus nveis. Incorporando as novas tecnologias em seu texto, a UNESCO, prope como misso: facilitar o desenvolvimento da informao e da habilidade no uso de computador. Prope, ainda, a formao de redes nacionais de bibliotecas, obedecendo a padronizao de normas de servios e criando o relacionamento destas redes entre si e com as outras bibliotecas do pas, independentemente do tipo de biblioteca. O Manifesto da UNESCO sobre a Biblioteca Pblica deve servir como fonte de reflexo sobre seu papel e suas funes no mundo globalizado, mas cabe aos dirigentesMACEDO, Neusa Dias de. Das diretrizes para bibliotecas "Declarao de Princpios da Biblioteca Pblica Brasileira": comunicao. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentao. So Paulo, v. 25, n.3/4, p.69-78, jul./dez. 1992.4

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de bibliotecas priorizar o desenvolvimento de suas funes de acordo com a realidade local e, at mesmo, identificar novas funes dentro de suas comunidades. Como a leitura do Manifesto bsica para a ao de qualquer biblioteca em qualquer parte do mundo, a Biblioteca Nacional efetuou sua traduo para o portugus para o V Encontro do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (Salvador, BA - 1995). O Manifesto foi lanado, em portugus, oficialmente, em forma de cartaz, na reunio Regional da IFLA/LAC: Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Pblicas, Salvador, Bahia, maro de 1998 e distribudo para todo o Pas. O texto do Manifesto transcrito a seguir. UNESCO Biblioteca Pblica. Manifesto 1994

Durante o "PGI Council Meeting"da UNESCO, ocorrido em Paris em 29/11/94, o conselho aceitou e aprovou o Manifesto da Biblioteca Pblica preparado sob os auspcios da seo de Bibliotecas Pblicas da IFLA. Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivduos so valores humanos fundamentais. Eles sero alcanados somente atravs da capacidade de cidados, bem informados, para exercerem seus direitos democrticos, e terem papel ativo na sociedade.Participao construtiva e desenvolvimento da democracia dependem tanto de educao adequada, como do livre e irrestrito acesso ao conhecimento, pensamento, cultura e informao. A biblioteca pblica, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condies bsicas para a aprendizagem permanente, autonomia de deciso e desenvolvimento cultural dos indivduos e grupos sociais. Este Manifesto proclama a crena da UNESCO na biblioteca pblica como fora viva para a educao, cultura e informao, e como agente essencial para a promoo da paz e bem estar espiritual da humanidade. Em decorrncia, a UNESCO estimula governos nacionais e locais a apoiar e comprometerem-se ativamente no desenvolvimento das bibliotecas pblicas.

A Biblioteca PblicaA biblioteca pblica o centro local de informao, disponibilizando prontamente para os usurios todo tipo de conhecimento. Os servios fornecidos pela biblioteca pblica baseiam-se na igualdade de acesso para todos, independente de idade, raa, sexo, religio, nacionalidade, lngua ou status social. Servios e materiais especficos devem ser fornecidos para usurios inaptos, por alguma razo, a usar os servios e materiais regulares, por exemplo, minorias lingsticas, pessoas deficientes ou pessoas em hospitais ou prises. Todas as faixas etrias devem encontrar material adequado s suas necessidades. Colees e servios devem incluir todos os tipos de suporte apropriados e tecnologia moderna bem como materiais convencionais. Alta qualidade e adequao s necessidades e condies locais so fundamentais. O acervo deve refletir as tendncias atuais e a evoluo da sociedade, assim como a memria das conquistas e imaginao da humanidade. Colees e servios no podem ser

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objeto de nenhuma forma de censura ideolgica, poltica ou religiosa, nem de presses comerciais.

Misses da Biblioteca PblicaAs seguintes misses bsicas relacionadas informao, alfabetizao, educao e cultura devem estar na essncia dos servios da biblioteca pblica: 1. Criar e fortalecer hbitos de leitura nas crianas desde a mais tenra idade; 2. Apoiar tanto a educao individual e autodidata como a educao formal em todos os nveis; 3. Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento criativo pessoal; 4. Estimular a imaginao e criatividade da criana e dos jovens; 5. Promover o conhecimento da herana cultural, apreciao das artes, realizaes e inovaes cientficas; 6. Propiciar acesso s expresses culturais das artes em geral; 7. Fomentar o dilogo intercultural e favorecer a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradio oral; 9. Garantir acesso aos cidados a todo tipo de informao comunitria; 10. Proporcionar servios de informao adequados a empresas locais, associaes e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da informao e da habilidade no uso do computador; 12. Apoiar e participar de atividades e programas de alfabetizao para todos os grupos de idade e implantar tais atividades se necessrio.

Recursos, Legislao e RedesA biblioteca pblica deve por princpio ser gratuita. A biblioteca pblica de responsabilidade das autoridades locais e nacionais. Deve ser apoiada por uma legislao especfica e financiada pelo governo nacional e local. Deve ser componente essencial de uma estratgia a longo prazo para cultura, informao, alfabetizao e educao. Para assegurar a coordenao e cooperao das bibliotecas por todo o pas, a legislao e planos estratgicos devem tambm definir e promover uma rede nacional de bibliotecas baseada em normas de servio. A rede de bibliotecas pblicas deve ser concebida tendo em vista sua relao com as bibliotecas nacionais, regionais, especializadas tanto quanto, as bibliotecas escolares e universitrias.

Operao e AdministraoDeve ser formulada uma poltica clara definindo objetivos, prioridades e servios relacionados com as necessidades da comunidade local. A biblioteca pblica deve ser efetivamente organizada e respeitar padres profissionais de operao. Deve ser assegurada a cooperao com parceiros adequados, por exemplo grupos de usurios e outros profissionais, em mbito municipal, regional, nacional e internacional.

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Os servios devem ser fisicamente acessveis a todos os membros da comunidade. Isto requer que o prdio da biblioteca esteja bem localizado, com instalaes corretas para leitura e estudo, assim como tecnologias adequadas e horrio de funcionamento conveniente aos usurios. Isto implica tambm na extenso dos servios aos usurios impossibilitados de freqentar a biblioteca. Os servios da biblioteca devem ser adaptados s diferentes necessidades das comunidades em reas rurais e urbanas. O bibliotecrio um intermedirio ativo entre usurios e recursos. A educao profissional e contnua do bibliotecrio indispensavel para assegurar servios adequados. Programas de extenso e educao do usurio devem ser promovidos visando ajud-lo a beneficiar-se de todos os recursos disponveis.

Implantao do ManifestoOs administradores em mbito nacional e regional e o universo da comunidade bibliotecria, em nvel mundial, esto desta forma convocados a implantar os princpios expressos neste Manifesto.

NO BRASILA primeira biblioteca pblica brasileira foi criada em 1811, na cidade de Salvador, Bahia. A anlise dos documentos de criao desta biblioteca demonstram a preocupao com a funo de apoio educao. Hoje, no Brasil, o apoio educao ainda uma das prioridades da ao da biblioteca pblica, no somente em relao educao formal, mas principalmente, no processo de educao continuada. Para exercer essa funo necessrio que a biblioteca trabalhe em parceria com outras entidades da comunidade, buscando desta forma conjugar esforos para erradicar o analfabetismo e promover a insero social dos indivduos atravs da leitura. A educao e a promoo da leitura no podem ser confiadas totalmente escola e famlia, especialmente quando dirigidas s faixas sociais menos favorecidas da populao. Apesar do forte papel assumido pelos modernos meios de comunicao de massa, na sociedade brasileira contempornea, a leitura condio essencial para que o indivduo tenha acesso informao. A leitura considerada no apenas como a decodificao de signos grficos, mas a capacidade de percepco crtica e interpretativa da informao instrumento essencial para transformar a informao em conhecimento. O novo conceito de biblioteca pblica deve ser implementado, promovendo amplamente as facilidades oferecidas pelas novas tecnologias da informao (registros eletrnicos, comunicao e transferncia de arquivos) e disponibilizando esses modernos meios de comunicao e informao, atravs do treinamento e orientao dos usurios para o seu uso cotidiano. A biblioteca pblica deve, ainda, atuar como um centro de informao de cultura popular promovendo a melhor integrao comunidade/biblioteca, visando a coleta, preservao e disseminao da documentao representativa dos valores culturais que expressam as razes, jeito de ser e identidade de nosso povo. Existem, atualmente, no pas 3454 bibliotecas pblicas (1999), na sua maioria dirigidas por leigos (52% dos dirigentes possuem apenas o 2 grau e 13% apenas o 1

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grau). Dentro deste contexto faz-se necessrio, em paralelo criao de bibliotecas no Pas, um forte investimento na formao de recursos humanos possibilitando a atuao das bibliotecas pblicas como agentes de desenvolvimento das comunidades locais.

Programas de aes e apoio a bibliotecas pblicasAtravs do Programa Uma Biblioteca em Cada Municpio, a Secretaria de Livros e Leitura do Ministrio da Cultura (MinC) tem fomentado a ampliao do nmero de bibliotecas pblicas no Pas, tendo como objetivo que em cada municpio brasileiro exista ao menos uma biblioteca pblica. Algumas experincias dos estados tm comprovado a eficcia do engajamento e participao da comunidade junto com os governos estaduais e municipais, e a colaborao com rgos do Governo Federal, na implantao, desenvolvimento e criao de redes de bibliotecas.

Sistema Nacional de Bibliotecas PblicasNo mbito nacional, toda biblioteca pblica deve estar registrada no Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (SNBP), institudo na Fundao Biblioteca Nacional (FBN) pelo Decreto Presidencial n. 520 de 13 de maio de 1992, que tem como objetivo principal o fortalecimento das bibliotecas pblicas no Pas. O Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas da Fundao Biblioteca Nacional (FBN) tem uma unidade coordenadora nacional cuja funo coordenar e promover aes articuladas junto aos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas, potencializando a atuao destes segmentos em mbito estadual e viabilizando, desta forma, a integrao e interao das bibliotecas pblicas brasileiras. O Sistema Nacional tem como segmentos: a coordenadoria nacional, os sistemas estaduais e as bibliotecas pblicas estaduais e municipais. Os Sistemas Estaduais funcionam em cada estado da federao, encabeados, geralmente, pelas bibliotecas pblicas estaduais, que passam, por sua vez, a articular-se com as bibliotecas pblicas municipais. Para integrar-se ao Sistema Nacional, as bibliotecas pblicas devem procurar o sistema de bibliotecas de seu estado e efetuar seu cadastramento (ver Anexo 1- Endereos dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas). Uma vez cadastrada, a biblioteca passar a usufruir dos programas desenvolvidos pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, em mbito nacional e estadual. O Sistema Nacional desenvolve um Programa de Treinamento de Recursos Humanos para Bibliotecas Pblicas, do qual faz parte esta publicao. Edita, distribui e divulga livros, manuais, material informativo e de divulgao (cartazes, prospectos, folders, etc.) para as bibliotecas pblicas, instituies e autoridades relevantes para o desenvolvimento das aes de fortalecimento das bibliotecas pblicas. A Fundao Biblioteca Nacional/Departamento de Processos Tcnicos/Coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas tem priorizado dentro de suas aes a formao de recursos humanos objetivando melhorar a qualidade dos servios prestados pelas bibliotecas pblicas. Este programa objetiva qualificar os dirigentes de bibliotecas pblicas e os coordenadores dos Sistemas Estaduais objetivando uma ao mais efetiva por parte desses gerentes, atualizando-os com as modernas tcnicas de adminis-

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trao e informao aplicadas s bibliotecas. Para atingir estes objetivos tm sido realizados cursos e elaboradas publicaes, em apoio ao treinamento aos bibliotecrios e auxiliares que trabalham em bibliotecas pblicas. Um dos objetivos principais manter atualizado o Cadastro de Bibliotecas Pblicas Brasileiras, integrantes do Sistema divulgando via Internet no endereo http:// HYPERLINK http://www.bn.br. As bibliotecas cadastradas podem solicitar diretamente e /ou atravs dos sistemas estaduais os servios e assessorias abaixo relacionados: G Programa de treinamento de recursos humanos: realizao de cursos, palestras e publicaes de apoio formao de recursos humanos. GEdio de cartazes, folders, etc: edio, distribuio e divulgao de material de apoio ao marketing institucional das bibliotecas pblicas e dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas. G Preservao de acervo: assessoria na instalao de laboratrios de restaurao, oficinas de encadernao e setores de higienizao de acervo e treinamento de tcnicos em preservao bibliogrfica e encadernao. G Informao documental: servios a longa distncia, levantamento bibliogrfico, reproduo de material bibliogrfico, localizao de documentos em outras instituies. G Intercmbio de publicaes. Receber e oferecer duplicatas e novas publicaes doadas Fundao Biblioteca Nacional para distribuio. G Plano Nacional de Recuperao de Obras Raras- Planor: assessoria para identificao e processamento tcnico de acervo antigo (sc. XV a XVIII e IX Brasil), treinamento e visitas tcnicas. G Plano Nacional de Microfilmagem. Assessoria na implantao de laboratrios e treinamento.Intercmbio de microfilmes de peridicos. G Programa Nacional de Incentivo Leitura- PROLER: Assessoramento permanente para desenvolvimento, em parceria, de programas e aes para a promoo da leitura. GConsrcio Eletrnico de Bibliotecas: Permite s bibliotecas pblicas cadastradas, atravs de estabelecimento de convnio especfico para este fim, compartilharem os recursos informacionais relativos ao acervo da Biblioteca Nacional disponibilizados via Internet possibilitando a estas bibliotecas enorme economia de recursos e agilizando a formao de bases locais atravs do download de registros da Biblioteca Nacional.

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GESTO DA BIBLIOTECA PBLICA

Os responsveis enfrentam enorme desafio ao se empenharem nas atividades de gesto de sua bibliotecas. Os relatos de dificuldades e frustraes se fazem cada vez mais comuns. Freqentemente so vividas situaes em que a exigidade de recursos locais empedem as bibliotecas de oferecerem servios com as qualidades possveis e desejveis. Tal paradoxo decorre, muitas vezes, de interpretaes equivocadas de documentos internacionais como, por exemplo, o Manifesto da UNESCO e outros documentos que divulgam conceitos e princpios referentes biblioteca pblica na sociedade atual. , pois, essencial, ao interpretar esses documentos, lembrar que eles visam estabelecer conceitos, princpios e valores de consenso internacional para a valorizao da biblioteca pblica. Foram elaborados com o objetivo de nortear polticas nacionais e divulgar conceitos e princpios gerais vigentes universalmente, num determinado momento histrico da sociedade. No contexto local, ao gerenciar a biblioteca pblica, o responsvel pela biblioteca deve utiliz-los como subsdios para visualizar a ampla gama de servios e formas de atuao possveis e desejveis para a biblioteca pblica na sociedade contempornea e, dentro deste leque de possibilidades, selecionar as formas de atuao e servios que melhor atendem comunidade local .

Sem dvida, a biblioteca pblica latino-americana est convencida de que deve cumprir mltiplas funes, interpretao demaggica do ideal de ser tudo para todos.5Esses documentos tratam de servios gerais que pretendem abarcar toda a populao, uma vez que teoricamente a populao, como um todo, considerada usuria potencial da biblioteca. Isto propicia um estilo tradicional de planejamento, que consiste em desenvolver pouco a pouco os servios bibliotecrios em todas as direes.6 Outro problema a falta de conhecimentos bsicos de modernas tcnicas de administrao e gerncia. O contexto atual da sociedade tem acarretado substanciais mudanas nas reas de gesto e administrao. Dentre elas cabe ressaltar o planejamento estratgico aliado ao marketing. Para fazer face ao papel social que a biblioteca pblica deve desempenhar na sociedade brasileira contempornea, necessrio utilizar conhecimentos, ainda que bsicos, destas ferramentas de gerenciamento. O planejamento estratgico caracteriza-se por basear-se na anlise do contexto onde a biblioteca est inserida, ou seja, anlise da comunidade e pelo estabelecimento5 LVAREZ ZAPATA, Didier. Productividad y misin de la biblioteca pblica latino-americana. Hojas de Lectura, n. 51, p. 10, abr./jun. 1998.

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DOMNGUEZ SANJURJO, Mara Ramona. Nuevas formas de organizacin y servicios en la biblioteca pblica. Asturias: TREA, 1996. p.16.

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de planos com viso a longo prazo. Por outro lado, dentro desta metodologia, o planejamento, a longo prazo norteia os programas e projetos a curto e mdio prazos, visualizando oportunidades e riscos para sua implementao, bem como os pontos fortes e os pontos fracos da biblioteca. A aplicao de alguns conceitos bsicos de planejamento estratgico associados s estratgias de marketing possibilita ao responsvel enquanto gerente evitar a situao paradoxal, acima citada, que certamente o leva frustrao, pois ao tentar ser tudo para todos, a biblioteca deixa de atuar de forma eficaz na comunidade. A definio de projetos e servios baseados nas tcnicas de segmentao de mercado e o estabelecimento de prioridades na implementao destes projetos evitam que o responsvel pela biblioteca tente abarcar toda a gama de servios possveis de serem oferecidos hoje por uma biblioteca pblica. sabido que as empresas no podem satisfazer todos os consumidores de um mercado pelo menos no todos da mesma forma. H muitos tipos diferentes de desejos... 7 Gesto e administrao so duas palavras que muitas vezes so usadas com o mesmo significado. No entanto, gesto mais abrangente, englobando tarefas como planejamento, organizao, direo e controle, enquanto que a administrao mais voltada para a produo de uma empresa, tendo significado mais restrito do que gesto. Administrao refere-se utilizao dos recursos para alcanar os objetivos da biblioteca. Estes objetivos devem ser definidos a partir da identificao e expectativas da populao em relao sua biblioteca pblica.

MARKETING EM BIBLIOTECAS PBLICASA biblioteca pblica ainda no faz parte da paisagem urbana como o fazem o correio, o banco, a igreja e o hospital. necessrio que ela se faa conhecer para atingir os usurios em potencial. Deve ter seus servios valorizados pelos que tomam deciso, pelos polticos e pelo pblico em geral. Suas atividades precisam tambm ser divulgadas para manter o interesse dos seus leitores habituais e eventuais, despertar o interesse de leitores em potencial e promover seus servios, encorajando o uso e o apoio que a biblioteca necessita. A divulgao dos servios da biblioteca pblica j vem sendo feita, por muitos, h muito tempo, mas de uma maneira emprica ou intuitiva. Essa ao resulta mais da vontade pessoal de expandir seu uso, do que da utilizao de tcnicas apropriadas de marketing. O marketing o trabalho de planejamento, implementao e controle das atividades de uma organizao, visando estabelecer uma relao de troca com o consumidor de seu produto ou com o usurio de seu servio.

Identificando o pblico-alvoFace ampla gama de usurios em potencial que, por princpio, a biblioteca pblica deve atender e a diversidade de servios e recursos desejveis de serem oferecidos hoje por esta instituio, a segmentao de mercado apresenta-se como instrumento essencial para identificar e dividir a populao em grupos, de acordo com suas afinidades e, assim, planejar e implantar servios especiais com o objetivo de melhor atend-la.7

KOTLER, Philip, ARMSTRONG, Gary. Princpios de marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1995. p. 30

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As aes da biblioteca devem ser agrupadas de acordo com as chamadas tcnicas de marketing: mudana de atitudes da biblioteca e da sua imagem; estudo de usurios e de suas expectativas e necessidades; adequao dos produtos que oferece ao seu usurio; controle e avaliao. So bem conhecidos em marketing, os 4Ps em ingls (product, price, place, promotion), que em portugus se tornam: produto (servios e programas), preo (custo do tempo do usurio), praa (bibliotecas ramais, carro biblioteca), e promoo (como nos comunicamos? quem somos? ou seja, o que a biblioteca pblica, relaes pblicas, publicidade). Todo trabalho voltado ao marketing necessita de um programa, como os exemplificados,(ver Anexo 2 Modelos de projetos que integraro biblioteca/comunidade a serem adaptados situao local). O por qu? Como? Quando? Com qu? Onde?, no podem ficar sem resposta. Que produtos e servios oferecer? Que novos servios? Quem atingir (definir os segmentos da populao): leitores ou leitores em potencial? donas de casa, analfabetos? Que tipo de mensagem vai ser usada? Que mdia? Quais os recursos financeiros? Qual o custo/benefcio? O marketing, pode ser utilizado para criar ou vender a prpria imagem da biblioteca, isto denominado marketing institucional. Consiste em uma srie de atividades desenvolvidas com o objetivo de criar, manter ou modificar as atitudes e comportamento do pblico-alvo com relao biblioteca. Normalmente, as instituies sem fins lucrativos, como as bibliotecas, os museus, as igrejas, etc., tm no marketing institucional um poderoso instrumento para atrair patronos, buscar parcerias e atrair patrocnios para seus projetos. Atravs do marketing institucional possvel tornar a biblioteca pblica parte integrante da paisagem da comunidade.

Igreja

Correio

Escola

Prefeitura

Biblioteca

Banco

Hospital

Figura 1 A biblioteca como parte integrante da comunidade.

A imagem da bibliotecaPara formar e continuar a manter sua imagem, a biblioteca precisa marcar sua presena ou estar presente em todas as comemoraes da comunidade, at com barraquinha na festa junina ou na feira semanal. Uma atividade j aprovada a TARDE DE LAZER NA BIBLIOTECA caso a biblioteca precise de um mecanismo muito forte para atrair o cidado comum e criar uma imagem de que pode servir a todos (muitas pessoas pensam que ela lugar s de estudante). Este um mega evento com mltiplas atividades, numa tarde de preferncia de fim de semana em perodo de frias escolares, contando com recursos da comunidade para:

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G divulgao (jornais, rdio e TV locais); G realizao e demonstrao de atividades artsticas, de artesanato ou de cultura popular com a participao de artistas locais que apresentam suas habilidades. Por exemplo, um marceneiro da comunidade, que ensina a fazer caixinhas de madeira; G programao para pais e filhos (um pai ensina e todos fazem as pipas, com concurso para escolher a mais bonita). Estas so algumas das atividades que podem ser programadas, mas sempre deve-se ter a preocupao de expor livros sobre as atividades desenvolvidas e estimular o emprstimo domiciliar e o uso da biblioteca. Com este evento, chama-se a ateno da comunidade e cria-se uma imagem de acessibilidade e simpatia em relao biblioteca, estimulando a continuidade de seu uso pelos participantes.

Divulgao dos servios da bibliotecaA imagem marcante da biblioteca na comunidade cria um ambiente favorvel para obter-se apoio dos meios de comunicao (jornais, rdio, TV) e espao para divulgao dos servios da biblioteca e suas atividades culturais. A biblioteca, para sua publicidade e divulgao, precisa contar com outros parceiros, principalmente aqueles que tenham uma afinidade com seus objetivos ou sejam, outros rgos da municipalidade, como por exemplo : uma papelaria pode oferecer cpias de folhetos; a livraria que fornece os livros para compra; uma grfica que preste servios ao municpio pode imprimir alguma publicao; o setor de arquitetura da prefeitura pode executar um desenho ou colocar setas indicativas do local da biblioteca em ruas adjacentes. O trabalho de divulgao dos servios deve ser regular e constante, externo e interno. Os cartazes da biblioteca devem estar nos locais de maior circulao de pblico supermercados, mercearias, estaes de trens, metr, clubes, escolas, igrejas, etc. Internamente, a biblioteca deve dispor de cartazes de localizao dos espaos com indicaes tcnicas (funcionamento dos catlogos, servios existentes) e quadros de informaes e avisos diversos e de atividades da biblioteca (grficos sobre o movimento de consulta, etc.) A atuao pessoal do responsvel pela biblioteca um fator imprescindvel para a divulgao da biblioteca.

Relacionamento da biblioteca com o governo localSubordinada a uma fundao cultural, s secretarias de educao e cultura ou diretamente ao gabinete do prefeito, a biblioteca depende do poder pblico para sua implantao e continuidade dos trabalhos. Assim sendo, essencial que o responsvel pela biblioteca tenha um timo relacionamento com a administrao local. Algumas estratgias podem ser adotadas para criar esse relacionamento. Atividades de carter excepcional a palestra de um escritor de renome, uma grande exposio devem ser apresentada ou inaugurada pelo prefeito ou autoridade da rea da cultura, incluindo a imprensa e convidados, usurios ou no. O relatrio anual deve ser enviado para a prefeitura e para o presidente da cmara e o responsvel da biblioteca deve comparecer a solenidades oficiais, etc.

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O responsvel deve esforar-se para que a biblioteca seja vista pelo governo como um servio comunitrio de importncia e procurar o apoio dos seus leitores mais fiis e de pessoas da comunidade.

Relacionamento biblioteca/escolaOs estudantes so os maiores usurios da biblioteca pblica, mesmo em pases onde existe um sistema eficiente de bibliotecas escolares. O estreitamento da relao da biblioteca/escola promove o mtuo conhecimento, tornando-se altamente produtiva para o desempenho das funes das duas instituies. A escola,ao conhecer melhor a biblioteca, certamente ir us-la de forma mais adequada e eficaz, trazendo benefcios para o ensino/aprendizado e a educao dos estudantes. A biblioteca, por sua vez, ao conhecer as demandas e necessidades dos professores e alunos, poder oferecer melhores servios para esta importante parcela da comunidade. Com este objetivo deve-se divulgar a biblioteca junto s escolas, promovendo uma apresentao da biblioteca, seus servios, programao cultural e realizando visitas de estudantes acompanhados de seus professores. A integrao biblioteca/escola possibilita o desenvolvimento de um trabalho conjunto com os professores para uma melhor orientao da pesquisa escolar na biblioteca pblica. Atravs da parceria biblioteca/escola podem ser promovidas atividades conjuntas tais como: a visita de um escritor biblioteca integrada s atividades pedaggicas das escolas, feiras de livro ou de cincias, encontros culturais, exposies, etc.

PublicaesAs publicaes auxiliam a divulgao da biblioteca, promovem seus servios e fazem com que a biblioteca esteja presente diante dos seus leitores reais em potencial. Vrios so os tipos de publicaes de uma biblioteca, desde os mais simples, como marcadores de livros, at um boletim peridico. Os mais comuns so: G folhetos de divulgao da biblioteca ou de algum servio especfico, como por exemplo, carro-biblioteca; G listas bibliogrficas sobre determinado assunto a serem enviadas a um pblico especfico. Por exemplo, em comum acordo com as professoras, uma lista sobre um trabalho escolar, o material de que dispe a biblioteca para a dona de casa, para a me (sobre crianas, problemas com adolescentes); G jornal infanto-juvenil; G cartazes a serem distribudos nos locais de maior afluncia de pblico; G sacolas com dizeres sobre a biblioteca para os livros emprestados: os textos das sacolas podem ser caracterizados como uma publicao. As publicaes podem integrar um projeto de marketing, contando com o apoio de empresas ou instituies locais, sendo que, usualmente, o apoio documentado pela logomarca da empresa na publicao.

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PLANEJAMENTOO planejamento pode ser definido como um conjunto de tcnicas, mtodos e procedimentos que objetiva intervir de forma programada por meio de planos, programas e projetos. Plano conjunto de informaes sistemicamente ordenadas que estabelecem os objetivos e polticas gerais referenciadoras de programas e/ou projetos. Programa conjunto de informaes setorialmente organizadas que procuram operacionalizar os objetivos do plano por meio de projetos. Projeto conjunto de informaes delimitadas no tempo, espao e recursos para a execuo de aes setoriais. Toda situao de planejamento traz em seu bojo uma insatisfao e um desejo de mudanas, ou seja a partir do conhecimento de uma realidade atual (diagnstico da situao atual) objetiva-se empreender uma srie de processos para atingir uma situao almejada no futuro. Na maioria das vezes, um plano com viso a longo prazo existe de maneira informal na cabea das altas gerncias das instituies e refletem seus valores, ideais, atitudes polticas no caso das bibliotecas pblicas, pode-se chamar de altas gerncias os prefeitos e os secretrios de cultura. No entanto, altamente desejvel que seja estabelecido, formalmente um Plano de Desenvolvimento para a Biblioteca com uma viso a largo prazo normalmente este prazo de 4 a 5 anos onde esteja formalmente expressa a situao almejada no futuro. Isto permite um melhor acompanhamento e avaliao da execuo dos programas e projetos, possibilitando maior eficincia na correo dos eventuais desvios e a retroalimentao do processo de planejamento, em mbito geral. Por outro lado, deixar formalmente registrado o desejo e as expectativas que a comunidade tem em relao biblioteca, de certa forma pode ser um instrumento precioso para evitar a descontinuidade de trabalhos em pocas de mudanas de prefeitos e/ou secretrios de cultura. importante enfatizar que o envolvimento destas altas gerncias fundamental, portanto, sempre que acontecerem estas mudanas governamentais, procure o prefeito e/ou o secretrio para que esta viso a largo prazo seja revista em conjunto com eles. importante que o plano de viso macro, ou seja a largo prazo, reflita os valores, ideais, atitudes polticas da nova administrao. possvel imprimir a marca desta nova administrao sem descontinuar programas e projetos que esto sendo bem sucedidos em sua implementao . Sugira acrescentar algo aos programas e projetos em curso que reflita essa nova administrao, ou a criao de novos programas e projetos que imprimam a marca e vendam a imagem da nova administrao.

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Se possvel, estabelea, formalmente ao menos, a misso da biblioteca pblica em sua comunidade. A melhor maneira de implementar este Plano de Desenvolvimento para a Biblioteca de forma participativa. Monte uma equipe onde estejam envolvidos representantes dos segmentos mais representativos de sua comunidade. de extrema importncia o envolvimento das altas gerncias nesta fase do planejamento, ou seja, neste macro planejamento. Se existe uma Sociedade de Amigos da Biblioteca, certamente ela tambm dever ser envolvida. Alguns conceitos importantes: Misso: a misso estabelece a razo da existncia da biblioteca na comunidade. Esta deve ser definida de forma bastante abrangente de modo que seja vlida como elemento norteador de todo o processo de planejamento a longo prazo. Mais uma vez importante conhecer as necessidades de informao e expectativas da comunidade com relao biblioteca. Exemplo: A Misso da biblioteca pblica municipal pode ser assim estabelecida: assegurar comunidade, atravs da promoo do acesso amplo e democrtico informao, elementos para seu desenvolvimento econmico e social. Com base nesta misso sero estabelecidas as polticas, objetivos e funes a serem desenvolvidas pela biblioteca. Objetivos: entende-se como objetivo a situao que se deseja alcanar. Ao configurarem uma situao futura, os objetivos indicam a orientao que a instituio procura seguir e estabelecem linhas mestras para o desenvolvimento das atividades. Polticas: as polticas so princpios ou grupos de princpios de carter genrico e abrangente, que constituem balizamentos ao comportamento dos integrantes da instituio. Constituem guias para a tomada de decises e regras para a ao, contribuindo para o alcance dos objetivos. Assim, as polticas fazem parte da estratgia geral da instituio. Funes: as funes de uma instituio constituem um complexo de obrigaes e responsabilidades exercidas atravs das aes ou atividades executadas pelas unidades operacionais que a integram. Tais funes devem garantir a implementao das polticas dentro das quais se enquadram, de forma a permitir a consecuo dos objetivos da instituio. importante ressaltar que o planejamento um processo que no finda com a criao da biblioteca, a construo e/ou reforma do prdio ou a criao de um novo servio. A biblioteca pblica uma instituio dinmica e para tanto deve estabelecer como rotina de suas atividades o acompanhamento e avaliao dos resultados de seus programas e projetos com o objetivo de retroalimentar o processo de planejamento.

Planejando um servio para a comunidadeO profissional que recebe a incumbncia de organizar ou reorganizar uma biblioteca, ou seja, um prdio com uma coleo bibliogrfica e um conjunto de servios, deve empenhar-se, antes de tudo no processo de planejamento, estabelecimento dos objetivos a serem alcanados e das aes necessrias para atingi-los. Tendo em vista a situao particular de cada biblioteca, este processo de planejamento pode desenvolver-se de

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diferentes formas, mas em qualquer circunstncia, o estudo da comunidade o ponto de partida do planejamento. Quando o planejamento objetiva reorganizar uma biblioteca j existente, faz-se necessrio efetuar um diagnstico da situao atual da biblioteca. Com base neste diagnstico possvel avaliar suas instalaes, servios e nvel de satisfao de seus usurios. O diagnstico deve levantar informaes sobre: G edifcio e suas instalaes; G estrutura organizacional; funes; servios; recursos humanos; recursos econmicos.

Estudo da comunidadeO sucesso de uma biblioteca pblica pode ser medido pela resposta que oferece s expectativas e demandas da comunidade, bem como pela sua habilidade em mobilizar apoio dos vrios grupos comunitrios para o desenvolvimento de suas funes. Seus servios e espao fsico devem ser planejados visando o desempenho dessas funes e o atendimento das expectativas da comunidade. Esta etapa do estudo da comunidade j um primeiro passo para a participao e identificao da comunidade com a biblioteca. Existem muitas definies do conceito de comunidade. Para efeito do planejamento aqui proposto, considera-se a comunidade um grupo organizado de pessoas que ocupam um determinado espao geogrfico e cujos membros esto em contnua relao entre si. Essas relaes so determinadas por interesses comuns de produo, tradio, cultura, etc. A anlise da comunidade , sem dvida alguma, um dos pontos fundamentais do processo de planejamento. As formas de efetuar o estudo ou anlise da comunidade so amplas e variadas. Assim, necessrio delimitar previamente os mtodos e instrumentos que sero utilizados, as informaes a serem obtidas e, conseqentemente, os dados a serem coletados. Este procedimento evitar obter informaes desnecessrias, que no sero utilizadas no planejamento. importante levar em conta alguns problemas tpicos da sociedade contempornea e verificar como estes afetam a comunidade local como, por exemplo: globalizao, desemprego, expanso do nmero de trabalhadores e reduo de salrios, drogas e avanos tecnolgicos, etc. Nesta fase de grande utilidade o estabelecimento de um roteiro das informaes relevantes para o conhecimento da comunidade local : sua origem e evoluo histrica, tendncias e ciclos de desenvolvimento, caractersticas demogrficas, econmicas, culturais e sociais. O modelo (Anexo 3 Formulrio de pesquisa para conhecimento da comunidade) apresenta formulrio bsico de pesquisa e um questionrio a ser aplicado, em entrevista por amostragem, para identificar caractersticas da populao. Basicamente essas informaes podem ser obtidas por coleta de forma indireta (informaes j coletadas e elaboradas por outras instituies) ou por coleta de forma direta (coletadas pela prpria biblioteca). Coleta de forma indireta Muitas das informaes necessrias anlise e estudo da comunidade j se encontram coletadas por outras instituies, ou rgos governamentais e muitas vezes disponveis em publicaes impressas ou eletrnicas.

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Entre as publicaes e instituies que podem facilitar a coleta de informaes destacam-se: Publicaes: Gcensos; boletins e publicaes estatsticas; listas telefnicas; listas amarelas, etc. Instituies: Grepresentaes e delegacias locais dos governos federal e estadual (use tambm as informaes disponveis na Internet); sindicatos; associaes comerciais; IBGE; IBAM, etc. Coleta de forma direta Os mtodos mais utilizados para efetuar esta coleta direta so pesquisas e entrevistas. No entanto, a observao direta de alguns aspectos da vida da comunidade tambm de grande valia para seu conhecimento. A observao direta possibilita conferir e avaliar melhor alguns dados e informaes obtidas de formas mais ortodoxas. Dentre os fenmenos passveis de avaliar atravs da observao direta, pode-se exemplificar: os dias e as horas de maior movimento nas ruas, hbitos culturais e de lazer, tradies locais. Cabe ressaltar que, ao fazer o estudo da comunidade, a coleta de informaes atravs da forma direta deve ser realizada aps a coleta de informaes de forma indireta. Desta forma, evita-se incluir perguntas desnecessrias cujas respostas se encontram nas fontes j existentes e permite concentrar-se em atualizar dados desatualizados ou pouco confiveis e obter novos dados. Apesar das caractersticas das comunidades serem muito variadas, pode-se definir alguns tipos de informao de importncia fundamental para estabelecer o seu perfil: G dados gerais sobre a cidade-sede e/ ou municpio: localizao geogrfica, limites territoriais, extenso territorial, populao (dados do ltimo censo), identificao dos distritos e bairros, clima. Informaes atualizadas sobre instituies e empresas governamentais sediadas no municpio, prefeitura e seus departamentos (organograma), Cmara dos Vereadores, lideranas polticas e, se possvel, dados biogrficos das lideranas locais. Incluir, tambm, os dados dos deputados eleitos pela regio; G dados histricos: evoluo histrica da comunidade nos ltimos anos, desenvolvimento econmico e social (principalmente tendncias e ciclos de crescimento, como subsdios para melhor compreenso da situao atual); G dados demogrficos: nmero de habitantes, sexo, idade, carter urbano ou rural da comunidade, condies de moradia (nmero de habitantes em favelas e/ou conjuntos habitacionais populares); Gdados econmicos: atividades econmicas mais importantes, nvel econmico da populao, incidncia de desemprego, existncia de indstrias, bancos e empresas em geral (esses dados alm de proporcionar informaes sobre caractersticas da comunidade como um todo, permitem detectar possibilidades de patrocnio), existncia de organizaes sindicais, desenvolvimento de atividades artesanais, comerciais e de servios, horrios do comrcio, existncia de feiras semanais; G dados sociais: existncia de instituies sociais de qualquer tipo, orfanatos, asilos para idosos, presdios, ONGs (Organizaes No Governamentais), associaes comunitrias (identificao de lderes comunitrios), clubes de servio (Lions, Rotary, Escoteiros), associaes beneficentes;

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G dados educacionais: nvel de escolaridade da populao, taxa de analfabetismo, existncia de escolas ou instituies de ensino governamentais ou privadas dos diferentes nveis, nmero de estudantes matriculados nos diferentes nveis (1 grau, 2 grau, universitrio); G dados culturais: organizaes e grupos culturais existentes, centros culturais e de diverso (cinemas, teatros, centros desportivos, etc.), expresses culturais tpicas da comunidade, eventos culturais realizados com maior freqncia, jornais locais, emissoras de rdio e/ou televiso, livrarias, editoras, outras bibliotecas; G dados sobre transportes e comunicaes: principais meios de transporte, principais estradas, servios de comunicao como telefonia, correio, TV, rdio, Internet.; G dados sobre servios bsicos: gua, esgoto, eletricidade, sade (existncia de hospitais, postos de sade, etc.) Entrevista pessoal As entrevistas pessoais devem limitar-se a um nmero reduzido de pessoas selecionadas de modo a obter-se uma pequena amostragem dos diferentes segmentos da populao. Portanto, fundamental selecionar entrevistados influentes na comunidade, que ocupem cargos de direo nas instituies e empresas locais, permitindo conhecer as expectativas existentes sobre a biblioteca, do ponto de vista oficial e institucional. Para completar a amostragem, as entrevistas restantes devero ser feitas com pessoas da comunidade de diferentes segmentos scio-econmicos e distintos grupos de escolaridade, profisso e sexo. Para entrevistas com pessoas da comunidade em geral, aconselhvel utilizar um questionrio padro (ver modelo Anexo 4 Questionrio padro para entrevista pessoal). As perguntas visam conhecer as necessidades de informao do entrevistado, seus hbitos culturais e de leitura. Todas as entrevistas devem ser planejadas com antecedncia. No caso de autoridades e lderes da comunidade necessrio prepar-las individualmente de acordo com a rea de especializao da pessoa a ser entrevistada.

Documentos legais e estrutura organizacionalNo mbito municipal, as bibliotecas pblicas so criadas e mantidas pelas prefeituras municipais e/ou fundaes culturais, as quais destinam recursos humanos, financeiros e materiais para sua manuteno. A biblioteca pblica municipal deve ser criada por lei municipal, de iniciativa do prefeito ou da cmara dos vereadores, motivada pela comunidade. A Lei de Criao (Anexo 5 Modelo de lei de criao de biblioteca pblica) constitui o primeiro documento legal da biblioteca, oferecendo-lhe amparo legal, regulamentando e padronizando seu funcionamento. Vrios outros documentos complementam a Lei de Criao, regulamentando suas atividades administrativas: G convnios, como os efetuados com os sistemas estaduais;

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G regulamentos (Ver Anexo 6 Modelo de regulamento da biblioteca); G regimentos: incluem as polticas adotadas (objetivos, prioridades, servios), as polticas de aquisio e as estratgias de interao com a comunidade; G manuais de servios incluindo rotinas e descrio de tarefas dos funcionrios; G atas de reunies administrativas; G livro de decises decorrentes de reunies administrativas ou tcnicas; G projetos em estudo. Cabe ao responsvel pela biblioteca organizar esses documentos num arquivo administrativo, visando preserv-los e facilitando sua localizao e uso. A Lei de Criao, estabelece as ligaes essenciais dentro da estrutura organizacional. Numa biblioteca de mdio a grande porte, o organograma (grfico representativo da estrutura de um rgo) pode ser departamentalizado por funes, finalidade, clientela e servios. Vrios modelos podem ser utilizados, como o exemplo a seguir:

CHEFIA

ADMINISTRAO PESSOAL MANUTENO FINANAS

PROCESSOS TCNICOS PRESERVAO

ATENDIMENTO REFERNCIA E INFORMAO EMPRSTIMO ATIVIDADES CULTURAIS

SERVIOS DE EXTENSO BIBLIOTECAS RAMAIS CARRO BIBLIOTECA SERVIOS COMUNIDADE

Figura 4 Exemplo de organograma

POTENCIALIZANDO RECURSOSRedes/Consrcios/ParceriasA biblioteca pblica no pode ser uma instituio isolada, ilhada em si mesma. No contexto da sociedade atual seus servios no devem estar restritos ao seu acervo. Para atender necessidade de informao da comunidade, a biblioteca deve utilizar os mais variados recursos. fundamental trabalhar em rede com diversos organismos, bem como organizar-se, em mbito estadual, participando dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas e, conseqentemente, integrar-se ao Sistema Nacional de Bibliotecas Pbicas. importante tambm integrar-se a outros sistemas ou redes, por exemplo, s bibliotecas universitrias da regio, ou a arquivos e museus do mesmo municpio. A reunio de bibliotecas em redes e sistemas amplia sua capacidade de acesso informao e sua atuao fora de seu espao fsico. Possibilita ainda, atravs do compartilhamento de recursos, o barateamento de custos e uma maior racionalizao de servios e recursos.

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A biblioteca deve trabalhar com suas congneres em sistema de parceria. Essas parcerias devem ser formalizadas atravs de convnios que estabeleam os compromissos firmados, garantindo desta forma o cumprimento dos mesmos e a manuteno e continuidade dos programas e projetos desenvolvidos dentro desta filosofia de trabalho. Por exemplo: pode-se fazer um convnio de parceria entre bibliotecas para ampliar a coleo de revistas. Atravs deste convnio as bibliotecas comprometem-se a assinar revistas e a cumprir as rotinas de emprstimo entre bibliotecas, de acordo com os critrios estabelecidos no convnio. Neste tipo de convnio uma biblioteca compromete-se a fazer as assinaturas de determinados ttulos, enquanto a outra encarrega-se de assinar outros ttulos. Este procedimento, certamente ir otimizar o intercmbio entre as parceiras, potencializar o acesso informao pelos usurios das duas bibliotecas e redundar em economia de recursos para as duas.

Sociedade de Amigos da Biblioteca (SAB)A Sociedade de Amigos da Biblioteca (SAB) uma associao sem fins lucrativos constituda por membros da comunidade que decidem voluntariamente unir seus esforos para apoiar a biblioteca no seu trabalho dirio, visando a otimizao dos servios prestados. o instrumento mais importante para agilizar a gesto da biblioteca e o mais eficaz canal de comunicao e integrao com a comunidade, promovendo um clima favorvel em relao biblioteca. Da mesma maneira, importante seu apoio aos contatos da biblioteca com o governo local da qual depende. Seus rgos diretivos devem contar com a participao de lderes de diferentes segmentos da comunidade representantes das reas cultural, educacional, comercial, industrial, ONGs, grupos religiosos, clubes de servio fortalecendo e ampliando, desta forma, sua capacidade de dilogo com a comunidade. A exemplo do que ocorre com escolas, as SABs esto cada vez mais disseminadas e constituem um grande apoio para a execuo da poltica de bibliotecas, a realizao de suas atividades culturais e captao de recursos. Este objetivo alcanado estimulando a iniciativa privada para que d seu apoio financeiro biblioteca ou promovendo eventos que proporcionem recursos adicionais ao seu oramento. Um modelo de estatuto de SAB (Anexo 7 Modelo de estatuto de Sociedade de Amigos da Biblioteca Pblica) exemplifica as caractersticas, a finalidade e o funcionamento de uma SAB.

ADMINISTRANDO OS RECURSOSRecursos financeirosOs recursos da biblioteca pblica provm do oramento municipal ou estadual sendo que algumas bibliotecas tm dotao prpria no oramento de suas secretarias. Os responsveis podem ser ordenadores de despesas, tendo que apresentar, anualmente, a proposta oramentria. Embora esta seja a situao ideal, a maior parte das bibliotecas depende de outras unidades municipais ou estaduais para efetuar seus gastos, o que limita sobremaneira sua atuao. Talvez, esta dependncia seja uma das causas do desenvolvimento limitado das bibliotecas em nosso pas, sendo necessrio um grande esforo pelo responsvel para que a biblioteca tenha seu prprio oramento. Face s limitaes de verbas pblicas que afetam o seu servio, a biblioteca no pode depender unicamente delas, necessitando dispor de recursos adicionais.

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Onde procurar estes recursos?Uma das alternativas a apresentao de projetos para financiamento pelas leis de incentivos fiscais federais, estaduais ou municipais ou pelas companhias federais ou estaduais de financiamento de projetos. A lei federal de incentivo cultura, ou Lei Rouanet, Lei 8313, de 23 de dezembro de 1991, um timo instrumento para financiamento de projetos. Sugere-se a leitura da publicao Guia prtico de elaborao de projetos culturais, de autoria de Antnio Leal e Renato Oswaldo Kamp, que esclarece quais so os mecanismos. Com as leis de incentivos fiscais os empresrios tm demonstrado interesse em projetos apresentados pelas bibliotecas. O patrocnio de projetos deve ser apresentado s empresas tambm como uma oportunidade de publicidade de seus servios e produtos. Esses projetos podem encontrar receptividade entre os proprietrios de empresas da comunidade, principalmente daquelas relevantes para a operao da biblioteca ou seja, livrarias, bancas de jornal, lojas de brinquedos e de msica, lojas de lembranas, agncias de turismo.

OramentoA municipalidade ou o estado s concede verbas para a biblioteca pblica se a mesma for considerada como um servio relevante para a populao e se o oramento for apresentado com metas bem justificadas. O trabalho de relaes pblicas com as autoridades responsveis, primordial para a dotao oramentria da biblioteca. No oramento a ser repartido entre educao, sade, transporte, cultura e outras reas, a fatia de cada um muito pequena, mas pode se tornar ainda menor, ou crescer de acordo com o desempenho da biblioteca frente populao e s autoridades governamentais.

Tipos de verbas pblicasAs verbas pblicas so separadas em diferentes tipos: material permanente, material de consumo, servios. Material permanente todo o material que forma o patrimnio pblico, como mveis, equipamentos, livros e revistas, etc. O oramento para material de consumo inclui material de escritrio, material de limpeza e produtos utilizados para a conservao do acervo. Os servios de terceiros incluem despesas de: luz, gua, telefone, correio, transporte, limpeza e segurana e outros servios tais como: manuteno de equipamentos, encadernao, contrato de professores e artistas, podendo ser efetuados atravs da contratao de pessoas fsicas ou jurdicas

Recursos humanosA biblioteca deve ser um servio de utilidade pblica. Para que desempenhe este papel e a comunidade a reconhea como tal, deve buscar a qualidade dos seus servios. Esta qualidade diretamente afetada pelos seus recursos materiais (instalaes fsicas, mobilirio, equipamentos, acervos, etc.) e humanos, sendo importante investir na qualificao de seus funcionrios. Os funcionrios que nela atuam devem conhecer bem o acervo, os servios que a biblioteca presta e serem treinados para lidar com o pblico. Para isso so necessrios alguns conhecimentos bsicos sobre princpios e normas de relaes

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humanas. Funcionrios qualificados e atenciosos so elemento primordial para um bom atendimento e o desempenho efetivo e eficaz das funes da biblioteca pblica. O responsvel por uma biblioteca deve ser um bibliotecrio, ou seja, profissional habilitado legalmente. O papel do responsvel pela biblioteca de contribuir para o desenvolvimento da comunidade explorando ao mximo os recursos de que dispe, mesmo escassos, para satisfazer s necessidades de informao dos membros da comunidade. Os municpios com populao acima de 5000 habitantes devem ter, no mnimo, um bibliotecrio profissional, e 2 tcnicos em Biblioteconomia (2 grau). (Ver Anexo 8 Atribuies do tcnico em biblioteconomia). Pequenos municpios no possuem condies de arcar com as despesas de um profissional, assim algumas alternativas so possveis para solucionar este problema: G numa poca em que se desenvolvem trabalhos em consrcios e parcerias, um nmero determinado de municpios de uma mesma diviso administrativa, ou prximos e acostumados a trabalhar em conjunto, podem contratar um bibliotecrio supervisor ; Go estado ao qual pertence o municpio pode contratar bibliotecrios supervisores de outros municpios, ou manter uma equipe supervisora na sede da diviso administrativa, que atenderia os municpios integrantes daquela diviso. Compete ao responsvel pela biblioteca, alm de suas funes tcnicas: G planejar; G realizar contatos externos; G obter fundos, elaborar projetos; G coordenar servios administrativos: servios gerais de escritrio, arquivos internos (expediente, finanas, pessoal), correspondncia, compra de material e contabilidade, manuteno, limpeza e segurana do prdio; G avaliar as estatsticas e os resultados do trabalho da biblioteca; G distribuir e definir as tarefas dos funcionrios e saber aproveitar as potencialidades de cada um. Cuidar do aperfeioamento profissional ou tcnico do pessoal. Desenvolver em todos a auto-estima pelos seus servios e pela biblioteca. Manter o esprito de trabalho em equipe. Algumas recomendaes teis: G reunies regulares com a equipe da biblioteca so um bom mtodo de solucionar problemas, ao mesmo tempo criando oportunidades de promover melhor integrao. A troca de experincias sempre um fator de enriquecimento dos conhecimentos da equipe; G algumas qualidades devem ser estimuladas na equipe: conscincia social, flexibilidade, adaptabilidade, capacidade de anlise, curiosidade mental, iniciativa, uma boa dose de bom humor e criatividade; G dentre as qualidades acima, a criatividade um fator indispensvel para o desenvolvimento de qualquer empresa, e precisa ser estimulada em toda a equipe. Esta qualidade de grande utilidade na administrao e na prestao dos servios da biblioteca, onde muitas vezes se esbarra com dificuldades para seu funcionamento.

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O primeiro passo para ter novas idias e inovar acreditar que se pode ser criativo. O responsvel pela biblioteca deve sempre dar oportunidade aos funcionrios de apresentarem novas idias ou proporem mudanas ou adaptaes, que venham melhorar o desempenho e otimizar os trabalhos ou a qualidade dos servios prestados. Sugestes sobre o relacionamento com o pblico para que a biblioteca tenha uma boa imagem junto comunidade: G As pessoas que atendem ao pblico so o carto de visitas da instituio e pelo tipo de atendimento, que a maioria dos usurios julga uma instituio. De nada adianta a biblioteca ter um acervo rico e instalaes perfeitamente adequadas se os funcionrios que nela trabalham no prestam um bom atendimento ao pblico; G A cordialidade um comportamento primordial do funcionrio no seu relacionamento com o usurio. O modo afvel de receber um leitor, o contato do olhar, um sorriso, um cumprimento (bom dia, boa tarde e at logo) contribuem para aproximlo da biblioteca; G O funcionrio da biblioteca o intermedirio entre o pblico e a informao, portanto deve estar sempre bem informado e atualizado sobre os servios e o acervo da biblioteca; G Procure encontrar o difcil meio termo entre deixar o leitor vontade e, ao mesmo tempo, se necessrio ou solicitado, dar-lhe plena ateno. A pergunta : Ser que tem aqui o livro tal? merece mais do que uma simples resposta: Procure no catlogo; G A tranqilidade deve ser uma atitude constante do funcionrio. Atitudes extremas somente devem ser tomadas se o usurio assumir comportamento desrespeitoso em relao s pessoas e destrutivo em relao ao acervo e ao patrimnio da biblioteca. Normas e regulamentos so instrumentos necessrios e especialmente teis para orientar decises e apoiar atitudes dos funcionrios em tais ocasies. Qualificao, Aperfeioamento e Educao Continuada O responsvel pela biblioteca no pode, por si s, ser a nica pessoa envolvida com o aperfeioamento de pessoal. Deve procurar apoio das pessoas da comunidade, bem como estabelecer parcerias com outras instituies, como por exemplo universidades/faculdades, especialmente as escolas de biblioteconomia, educao, administrao, letras e outras. (Ver Anexo 9 Escolas de Biblioteconomia) A participao, quando possvel, do pessoal da biblioteca em encontros, seminrios, congressos e reunies sempre til para o aperfeioamento profissional da equipe. Voluntrios Um curso de encadernao e/ou reparos em livros, por exemplo, pode despertar o interesse de alguns participantes para que oferea os seus servios por algumas horas por dia. Uma me que acompanha o filho pode ficar entusiasmada com o atendimento e propor-se a colaborar com os servios da biblioteca. Dessa forma, pode-se mobilizar pessoas da comunidade e formar um corpo de voluntrios.

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No entanto, no s gostar de ler e aparecer de vez em quando, que faz de um usurio, um voluntrio. Este precisa se comprometer a ter um horrio fixo dependendo de suas disponibilidades, e aceitar as normas que regulam o funcionamento da biblioteca. necessrio um termo de compromisso, e que no mesmo se esclarea a caracterstica de no prestador de servio pblico do voluntrio.

AVALIANDO RESULTADOSCabe ao responsvel da biblioteca, alm de dirigi-la, acompanhar os trabalhos verificando se esto sendo feitos de acordo com as normas e regimentos internos, se os leitores esto sendo bem atendidos; se a coleo est atualizada; se a biblioteca est limpa e ordenada etc. Para controle e avaliao dos resultados e comparao com os objetivos estabelecidos no planejamento, so imprescindveis os relatrios mensais, que oferecem dados para o relatrio anual das atividades. Este o melhor ndice para julgar a eficincia e a utilidade da biblioteca e um grande auxlio para: seleo de obras (aponta as mais consultadas), a identificao dos horrios mais procurados (necessidade de mais funcionrios), verificao de diminuio ou crescimento de freqncia, etc. A anlise dos relatrios, seja mensal, anual, ou de projetos especficos, possibilita a avaliao dos objetivos estabelecidos, tornando possvel detectar eventuais desvios e efetuar as correes necessrias. um instrumento essencial para a avaliao de desempenho servindo, tambm, para justificar pedidos de aumento de funcionrios, de verbas para as atividades, etc.

Estatsticas dos ServiosPara essa avaliao, devem ser computados diariamente os seguintes servios, preenchendo-se a folha anexa: Nmero de publicaes adquiridas, registradas, catalogadas, classificadas; Fichas datilografadas e inseridas (ou registros feitos em computador); Obras preparadas para emprstimo.FOLHA DIRIA DE SERVIOS Dia Obras adquiridas N de obrasCompra

ANO

MS Fichas

Doao Registradas Catalogadas Classificadas Prep. p/emprstimo Datilografadas Inseridas

Figura 5 - Folha diria de servios executados

MODELO N .

/00

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Estatstica de freqnciaTambm, diariamente, deve-se anotar: G Nmero ou quantidade de inscries; G Nmero de freqncia de usurios; G Nmero de emprstimos; G Nmero de consultas. No fim do ms, esses dados serviro de base para a elaborao da estatstica mensal.FOLHA DE CONTROLE DE FREQNCIA ANO Quantificao Dia Inscries Emprstimo Freqncia Consultas MS

Totais Modelo no. /00

Figura 6 Folha de controle de freqncia

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Estatstica do movimento dirio de publicaesEssa estatstica serve para auxiliar no julgamento do movimento de uma biblioteca e, at mesmo, para saber que assuntos so mais procurados e quais os horrios de maior freqncia.

ESTATSTICA DO MOVIMENTO DIRIO DE PUBLICAESNome da Biblioteca: Movimento: Assunto Obras gerais 000 Enciclopdias 030 Filosofia 100 Religio 200 Cincias Sociais 300 Filologia 400 Cincias Puras 500 Cincias Aplicadas 600 Artes, Divertimentos 700 Literatura 800 Histria, Geografia 900 TOTALFigura 7 Estatstica do movimento dirio de publicaes

Data: Manh Tarde Noite

/

/ Total

Como utilizar este modelo: G no fim de cada expediente (manh, tarde, noite), todas as obras consultadas devem estar sobre as mesas, para que os funcionrios (jamais o prprio leitor) as coloquem nas estantes; G essas obras devem ser separadas de acordo com a sua classificao geral (tal qual consta no modelo), contadas e anotadas nas folhas; G aps contabilizadas, as obras podem ser recolocadas nas estantes. No fim do ms, deve ser preenchida uma nova folha em que o item data represente o ms. Nela se dar o somatrio de todo movimento ocorrido naquele ms. Caso a biblioteca possua computador, esse trabalho pode ser feito atravs de algum programa especfico. O Excel, do Office muito bom para estatstica pois permite a elaborao de grficos que auxiliam a visualizar a atuao da biblioteca ms a ms, ano a ano.

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Relatrio anualO relatrio anual compe-se de duas partes: G a soma de todos os dados estatsticos dos relatrios mensais, sendo estes efetuados por pessoa encarregada de todas as estatsticas (dirias e mensais) e que dever consolidar o relatrio anual. Goutros dados que permitam uma avaliao das atividades da biblioteca: resultados alcanados atravs de projetos desenvolvidos, os principais eventos culturais realizados, as dificuldades encontradas, as solues implementadas para problemas surgidos, as derrotas e as vitrias, etc. Deve ser um retrato do que aconteceu durante o ano. As informaes devem ser completas, porm claras, exatas, compreensveis e sucintas (um relatrio confuso e/ou longo demais, ningum l). O relatrio deve tratar de um assunto por vez, com um pargrafo para cada idia ou argumento. Devem ser usados grficos, menos ridos que os simples dados estatsticos, para ilustrar um desempenho. Um relatrio bem feito e completo pode reverter em grande benefcio para a biblioteca, na hora de solicitar verbas para aquisio de obras, para conservao e para recuperao de acervo, bem como para requerimento de material de consumo, instrumental tcnico, mveis, etc. Os relatrios de uma biblioteca pblica no so feitos apenas para serem arquivados. Devem ser, pelo contrrio, amplamente divulgados na comunidade, enviando-se cpias ao rgo mantenedor, imprensa local, etc., chamando ateno do pblico para o que est sendo feito pela biblioteca.

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UM PRDIO FUNCIONAL

De posse de um perfil demogrfico e scio-cultural da comunidade, pode-se avaliar quais sero as demandas de informao e de servios a serem oferecidos pela biblioteca. O planejamento poder prosseguir estabelecendo-se algumas diretrizes quanto instalao da biblioteca, seja uma nova construo ou a adaptao de prdio j existente. O espao fsico a ser planejado dever prever os servios que foram identificados como necessrios comunidade.

PRINCPIOS GERAIS:G a biblioteca deve estar, sempre que possvel, em local central, de fcil acesso por parte da populao, tanto adulta quanto infantil. Incluir acessos para deficientes fsicos e idosos; Go projeto arquitetnico deve propor solues funcionais, atendendo relao custo/benefcio. Um prdio bem construdo e funcional mais fcil de ser conservado; G o ambiente deve ser bastante amplo visando possibilitar a separao, quando possvel, de reas com finalidades diferentes e permitir acomodaes confortveis para os usurios. A biblioteca deve ser um ambiente agradvel, um local aprazvel, onde seja bom permanecer; G o ambiente da biblioteca deve ser funcional e agradvel, e a disposio dos mveis e equipamentos deve refletir esse clima, no dificultando, por exemplo, a circulao de usurios e funcionrios; G a planta baixa parte integrante da documentao necessria para o planejamento da biblioteca; caso no seja possvel localiz-la, deve-se providenciar pelo menos um esboo da rea, por mais simples que seja, em que se registrem, em forma de desenho, os limites do espao fsico ocupado pela biblioteca e sua rea circunvizinha; G o posicionamento das janelas deve levar em conta a entrada de luz natural e a ventilao do ambiente. Recomenda-se que o acervo no seja colocado muito prximo s janelas ou diretamente exposto ao sol, evitando o possvel extravio de obras e a sua deteriorao pela ao do sol, vento e umidade; G o piso deve ser de material resistente e de fcil conservao. Nos lugares de clima quente conveniente utilizar material que no concentre calor, como pisos de cermica, granilite (korodur) ou at mesmo o piso cimentado com corante, que ainda uma boa opo; G materiais coloridos do vida biblioteca. Exemplos: uma parede de cor diferente ou mobilirio com cores especficas para as diferentes reas dos diversos servios; G a biblioteca uma instituio dinmica; portanto, ao elaborar o projeto, seja ele de reforma ou construo do prdio, um dos atributos essenciais a ser levado em conta

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