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(admII/sem2/201 3) UNIVERSIDADE FEDERALDE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM Bernadete Marinho Bara De Martin Gama Objetivo: Compreender a supervisão como um instrumento de orientação da equipe de enfermagem para uma prática de qualidade. - Pode dizer-me que caminho devo tomar? - Isto depende do lugar para onde você quer ir. (Respondeu com muito propósito o gato) - Não tenho destino certo. - Neste caso qualquer caminho serve. (“Alice no País da Maravilhas” - Lewis Carrol) I.Introdução A supervisão como instrumento de direção tem sido considerada capaz de exercer grande influência em aspectos fundamentais das organizações. E este é um dos motivos que justificam o estudo da função supervisão pelo enfermeiro, uma vez que pela própria Lei do Exercício Profissional – Lei 7498/86, ele deve assumir a coordenação das atividades da equipe de enfermagem, visando principalmente à prestação de uma assistência eficaz, o desenvolvimento do pessoal e a manutenção de um ambiente humano produtivo para todos. As características da supervisão têm passado por modificações de acordo com o contexto social, político e momento histórico das sociedades onde as organizações estão inseridas. Percebem-se significativas mudanças entre a supervisão tradicional, centrada na inspeção do trabalho, nas punições e nas falhas, com o caráter estritamente “fiscalizador”, e a supervisão atual ou contemporânea, centrada no desenvolvimento pessoal, visando o controle dos processos e resultados, com o enfoque voltado para o desenvolvimento de pessoal e com caráter “orientador”. O enfermeiro tem percebido que sua formação tem recebido influências da visão de mundo de cada época, adotando às vezes atitude de autoridade, sem levar ao desenvolvimento profissional, estabelecendo relações negativas no trabalho, e em muitas situações induzindo as pessoas a ocultarem seus erros por recearem punições. ______________________________________________________________________________

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Page 1: Bernadete Marinho Bara De Martin Gama - ufjf.br£o-e-Coordenação... · aperfeiçoamento como profissional, e principalmente valorizando cada um como pessoa humana ... ação- avaliação),

(admII/sem2/2013)

UNIVERSIDADE FEDERALDE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICADISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II

SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM

Bernadete Marinho Bara De Martin Gama

Objetivo: Compreender a supervisão como um instrumento de orientação da equipe de enfermagem para uma prática de qualidade.

- Pode dizer-me que caminho devo tomar? - Isto depende do lugar para onde você quer ir. (Respondeu com muito propósito o gato)

- Não tenho destino certo. - Neste caso qualquer caminho serve.

(“Alice no País da Maravilhas” - Lewis Carrol)I.Introdução

A supervisão como instrumento de direção tem sido considerada capaz de exercergrande influência em aspectos fundamentais das organizações. E este é um dos motivosque justificam o estudo da função supervisão pelo enfermeiro, uma vez que pela própriaLei do Exercício Profissional – Lei 7498/86, ele deve assumir a coordenação dasatividades da equipe de enfermagem, visando principalmente à prestação de umaassistência eficaz, o desenvolvimento do pessoal e a manutenção de um ambientehumano produtivo para todos. As características da supervisão têm passado por modificações de acordo com ocontexto social, político e momento histórico das sociedades onde as organizações estãoinseridas. Percebem-se significativas mudanças entre a supervisão tradicional, centradana inspeção do trabalho, nas punições e nas falhas, com o caráter estritamente“fiscalizador”, e a supervisão atual ou contemporânea, centrada no desenvolvimentopessoal, visando o controle dos processos e resultados, com o enfoque voltado para odesenvolvimento de pessoal e com caráter “orientador”. O enfermeiro tem percebido que sua formação tem recebido influências da visão demundo de cada época, adotando às vezes atitude de autoridade, sem levar aodesenvolvimento profissional, estabelecendo relações negativas no trabalho, e em muitassituações induzindo as pessoas a ocultarem seus erros por recearem punições.______________________________________________________________________________

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Texto elaborado como Material Instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem II. Curso de Graduaçãoem Enfermagem. Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Juiz de Fora. 02/2013

Tem sido evidenciada nos últimos anos uma postura mais democrática por parte dosenfermeiros, onde o supervisor passa a se preocupar com o planejamento,desenvolvimento e avaliação do trabalho, visando sua qualidade e o desenvolvimento depessoal. Assim, o enfermeiro passa a assumir a função de orientador e facilitador dotrabalho, onde os fins desejáveis são propostos conjuntamente pelos auxiliares e técnicosde enfermagem e pelo enfermeiro, enquanto supervisor (grupo > equipe). Embora essa seja a caracterização mais recente de supervisão, encontramos aindaem muitos serviços de enfermagem seu desenvolvimento de forma centralizadora,autoritária, com ênfase excessiva no fator produção em detrimento do fator humano –gente, o que ocorre em consequência da filosofia e objetivos de cada serviço, e da visão,competência e maturidade de seus profissionais supervisores. Talvez não tenhamos a precisa dimensão da influência da supervisão em nossosambientes de trabalho, mas uma questão é certa – ela vai repercutir em cada dimensãodo cuidar. Especialistas em Recursos Humanos tem demonstrado que a supervisão podeinfluenciar no índice de absenteísmo de pessoal, no oral de grupo de trabalho e naprodutividade e qualidade de serviço realizado, conforme afirma Cunha (1991).

II.Conceitos e Objetivos da Supervisão

O conceito de supervisão, como não poderia deixar de ser, é influenciado pelosvalores e convicções das pessoas envolvidas na mesma, e pelo contexto em queessa função é desenvolvida.

Se conceituada tradicionalmente, a supervisão é definida autocraticamente comosendo “a inspeção e verificação do desempenho de um profissional por alguém quesó procura coisas que estejam sendo feitas de modo errado”. Neste modo decompreender, o supervisor “planeja todo o trabalho, toma todas as decisões e dáordens aos profissionais, que têm de obedecê-las sem hesitar”. Os efeitos dessaforma de supervisão são, entre outros, a inibição da iniciativa e da produtividade(Kron e Gray, 1994).

Se conceituada de um modo mais atual, a supervisão consiste em ajudar oindivíduo a fazer melhor o seu trabalho, o que se consegue através de umaadministração democrática, na medida em que se garante aos profissionaispossibilidades de participação no estabelecimento dos objetivos do trabalho bemcomo do planejamento e métodos para atingi-los; envolve um processo deorientação contínua das pessoas com a finalidade de desenvolvê-las e capacitá-laspara a realização do e no trabalho (Cunha, 1991 e Kron e Gray, 1994).

Supervisão pode ainda ser entendida como um processo dinâmico e democráticode integração e coordenação dos recursos humanos – pessoas, numa estruturaorganizada, visando alcançar objetivos definidos em programa de trabalho,mediante o desenvolvimento pessoal.

Supervisão significa “olhar pra cima”, de uma forma abrangente e total,pressupondo que quem supervisiona tenha a qualificação e o conhecimento paradesempenhar tal função.

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Supervisor vem do sentido de “inspecionar”, porque o inspetor ficava em localmais elevado em relação aos trabalhadores, de onde podia enxergar todos osdetalhes da operação. O termo veio do latim super, “acima”, e videre, “ver”. Osupervisor é o que vê de cima (Gehringer, 2002).

Os objetivos principais da supervisão são segundo Kron e Gray (1994): • Estimular em cada pessoa o desejo de auto-aperfeiçoamento;• Orientar, treinar e guiar os indivíduos de acordo com suas necessidades para

utilização de suas capacidades e para desenvolvimento de novas habilidades;• Cultivar o espírito da cooperação, dando ênfase ao “ NÓS” em vez do “EU”;• Buscar, na medida do possível, proporcionar condições de trabalho adequadas, o

que envolve o ambiente físico, quantidade e facilidade de obtenção de suprimentose equipamentos, bem como uma atmosfera de trabalho agradável, humano eprodutivo (condições necessárias para o enfermeiro desenvolver a supervisão).

Com o alcance desses objetivos, a supervisão em enfermagem quer conseguirassistência de qualidade para a clientela pelo trabalho de equipe, e isto só éalcançado quando há organização, estímulo e desenvolvimento de trabalho e dobem estar pessoal.

Ainda para Kron e Gray (1994), supervisionar é planejar, dirigir, guiar, ensinar,observar, estimular, corrigir, elogiar, avaliar e recomendar, nas seguintes condições:

Quando? Continuamente, nas 24 horas.

A Quem? A todo indivíduo.

Como? Com paciência, tato e justiça.

Para quê? Para que cada indivíduo possa fazer seu trabalho e prestarassistência de enfermagem, com habilidade, segurança, de formacorreta e completa, de acordo com a sua capacidade, dentro daslimitações de seu trabalho.

III. A Supervisão na Prática da Enfermagem

Para o enfermeiro assumir a supervisão em enfermagem a humanização deveconstituir o embasamento de todo o processo, exigindo-se da equipe produçãoquantitativa e qualitativa de trabalho, orientando e acompanhando a mesma, para oaperfeiçoamento como profissional, e principalmente valorizando cada um comopessoa humana (competência profissional / competência interpessoal, motivaçãopara o desenvolvimento de pessoal, acreditar no potencial humano – fator gente,envolvimento de todos para co-participação).

Alguns princípios devem ser observados pelo enfermeiro na prática da supervisão,a saber: psicologia (conhecimento de cada pessoa da equipe); sociologia(compreensão dos elementos do grupo em relação a comportamento individual ecoletivo, heterogeneidade, capacidade de adaptação); planejamento (paradirecionamento do processo de supervisão); organização (favorece o desempenhoda equipe, com a definição de funções, área física satisfatória, recursosnecessários); direção (para proporcionar o melhor para a clientela e pessoal);justiça ( para agir respeitando os direitos legais, com distribuição equitativa deatividades e horários).

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Ao realizar suas atividades, o supervisor observa de forma sistemática e avalia otrabalho do pessoal, devendo incentivá-los a utilizar seus próprios conhecimentos,ajudá-los a melhorar sua capacidade para o trabalho, contribuindo para umaassistência de enfermagem qualificada e para o desenvolvimento individual eprofissional de ambos.

O principal interesse da supervisão é, portanto pessoal. Pessoal/Equipe que estarájuntamente com o supervisor desenvolvendo ações e mobilizando recursos para oatendimento da clientela. Pode-se afirmar, e Cunha (1991), nos trás estacontribuição, que praticamente não há enfermeiros que não desenvolvam asupervisão, uma vez que desde os que prestam cuidados diretos aos pacientes atéos que assumem as divisões ou serviços de enfermagem, em maior ou menorcomplexidade, todos desenvolvem atividades que visam o aprimoramento dopessoal de enfermagem e manutenção de condições necessárias para a prestaçãode uma assistência eficiente e eficaz.

Para desenvolver a função de supervisão, o enfermeiro deve integrar em seutrabalho aspectos administrativos (quando interpreta, emprega e assegura ospropósitos de administração no SE, utiliza o controle e a avaliação para determinaro progresso e as necessidades de treinamento de pessoal, aprimora o trabalho epromove o desenvolvimento profissional e pessoal de cada um da equipe) easpectos técnicos (quando orienta e educa o pessoal, auxilia no desenvolvimentodas potencialidades na realização de procedimentos básicos de enfermagem eoutros).

A supervisão em enfermagem deve ser para o enfermeiro um recurso valioso, paraque ele conheça sempre mais e melhor as necessidades de sua clientela, e assimpossa agir, assumindo diretamente o cuidar ou delegando criteriosamente quandoindicado, não constituindo uma forma do mesmo se esquivar do compromissodaquilo que é de sua competência.

IV. Técnicas e Instrumentos de Supervisão

Para o desenvolvimento da supervisão o enfermeiro deverá fazer uso detécnicas (conjunto de métodos para a execução de uma função) e instrumentos(conjunto de meios para se atingir um fim), e deverá ser avaliado em cada SE e nasdiversas situações, quais desses recursos que melhor atendem às necessidades,características e objetivos dos mesmos.

De acordo com Cunha (2010), temos:

• Instrumentos de Supervisão: Prontuário – ficha do cliente / prescrição deenfermagem / plano de supervisão / cronograma / roteiro / normas, rotinas eprocedimentos do serviço de enfermagem / plano de desenvolvimento pessoal.

• Técnicas de Supervisão: observação direta e indireta (visita de enfermagem) /análise de registros / entrevistas / reunião/ discussão de grupo / demonstração /orientação/ estudo de caso / dinâmica de grupo / análise de situação pelo métodocientífico.

V. Desenvolvimento da Supervisão

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Para desenvolver a supervisão necessariamente teremos de percorrer o caminhoque a metodologia científica nos aponta, qual seja: analisar criticamente assituações/problemas identificando as necessidades, identificar e definir os problemas,estabelecer as prioridades, descrever os objetivos que se deseja alcançar, avaliar assituações alternativas, definir o período de tempo, implantar as propostas viáveis,avaliar continuamente e replanejar quando se fizer necessário (> Planejamento >Execução > Avaliação).

Como instrumentos para o planejamento da supervisão podem ser utilizados oplano de supervisão (diagnóstico situacional – ação- avaliação), o cronograma e oroteiro, que deverão ser adaptados às particularidades da situação vivenciada peloenfermeiro supervisor (Cunha, 2010).

A execução/desenvolvimento da supervisão depende diretamente do planejamento eserá tanto melhor e eficaz, quanto mais precioso for o próprio planejamento. Odesenvolvimento da supervisão deve estar voltado para o atendimento dasnecessidades da clientela e para tanto o enfermeiro realiza ações de coordenação,avaliação e controle e deve observar: visita de enfermagem à clientela e aos setores eunidades de sua área de atuação conforme plano diário e prioridades; distribuição deatividades ao pessoal conforme categoria e capacitação; planejamento assistencial decada cliente (diagnóstico de enfermagem, prescrição evolução, ações de cuidado diretoe indireto); acompanhar o desempenho da equipe, orientar e demonstrar atividades;interpretar junto com a equipe protocolos, normas, rotinas e procedimentos fazendo asadequações necessárias ao atendimento da clientela; detectar situações ou problemasrelativos a assistência direta ou a recursos humanos, materiais e ambientais,buscando sua resolução; identificar e assumir / encaminhar a necessidade detreinamento / reciclagem de pessoal; manter contato com todos os setores / unidadesdo serviço de saúde para a tomada de decisão, encaminhamentos solução deproblemas; elaborar relatório de atividades do SE e outros.

Avaliação da Supervisão: a avaliação da supervisão deve ser realizada peloenfermeiro de forma contínua, revendo sempre o planejamento inicial e replanejamentode acordo com a necessidade, uma vez que é um meio e não um fim em si mesma, edeve ser voltada para a caracterização dos resultados obtidos, adequação daspropostas e sua praticidade. A avaliação pode ser imediata (realizada ao longo doprocesso, ao final de todas as ações, permitindo a análise dos resultados obtidos, apertinência dos objetivos e das ações, técnicas e instrumentos usados e caracterizandoa sua flexibilidade) e mediata (realizada ao final de todo o processo, para esclarecer asdúvidas que tenham surgido e replanejar com nova direção de orientação para asações).

VI. Dificuldades no Desenvolvimento da Supervisão

Existem situações e fatores que dificultam o desenvolvimento do processo desupervisão, limitando o alcance dos objetivos a serem atingidos no SE, e o enfermeirodeve estar atento a eles, estão: filosofia do SE que não considera a importância dodesenvolvimento do pessoal e das relações interpessoais fundamentadas no respeitomútuo; política de trabalho centralizadora, autoritária e “tarefista”, não incentivando aparticipação da equipe como um todo na tomada de decisão; inadequação /dimensionamento incorreto de recursos; política social vigente que afeta asorganizações e seu pessoal (absenteísmo, rotatividade,...); precariedade / falta deequipamentos e materiais para a assistência de enfermagem; área física inadequada

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quanto a padrões e necessidades do SE; despreparo do enfermeiro para desenvolvera supervisão; falha no planejamento do serviço levando a sobrecarga de solicitaçãodos enfermeiros, interferindo no planejamento, e impedindo-os de alcançar osobjetivos do SE (amplitude de supervisão) e outros.

Existem ainda “erros”, que são citados por Mirshawka (1992), e que vão de encontroa algumas dificuldades na supervisão em enfermagem, cometidos principalmente por“supervisores novatos”, e entre eles temos: fazer mudanças apenas pelo prazer defazer alguma modificação e para mostrar “que faz algo”; fazer mudanças drásticassem o devido preparo; não conseguir delegar; não discutir todas as possíveis causasdo problema; mostrar favoritismo entre os membros da equipe; não desenvolver meiosde comunicação eficaz; não utilizar adequadamente o tempo; não documentar, apenasfazer críticas sem propor soluções; não colocar logo as “mãos na massa”;desconhecer a filosofia e os objetivos do serviço; não saber pedir um conselho, umaajuda.

Acrescentamos ainda outras situações/fatores que podem interferir na supervisão emenfermagem: saber como e quando delegar ou não delegar (observar: parademonstrar capacidade de trabalho e estabelecer relação de confiança com a equipe;para aprender; para ensinar; para contribuir com a equipe; de acordo com a LEP;...);não ter compromisso ético – profissional; não valorizar os recursos do sistema deinformação do SE (passagem de plantão, registros,...).

Resultados de uma supervisão eficaz: ao aprimorar a prática da supervisão, oenfermeiro está contribuindo para: manutenção de um nível elevado na qualidade daassistência de enfermagem, satisfação do paciente, dos familiares e da equipe, para oreconhecimento da qualidade da assistência de enfermagem, a adequação dosprogramas elaborados pelo SE e a manutenção de condições propiciais aodesenvolvimento e motivação do pessoal, ao trabalho em equipe e à adaptação dastécnicas de trabalho a natureza do homem enquanto trabalhador, para maiorsegurança nas ações da equipe de enfermagem, maior autoconfiança e integração daequipe e maios economia e credibilidade para o SE e instituição.

- Um recurso de imenso valor para o enfermeiro desenvolver uma supervisão eficaz ésua capacidade de observação. Ao desenvolver a observação de forma sistemática, oenfermeiro obterá dados, informações e perceberá o todo de forma mais abrangente, oque certamente favorecerá sua visão a cerca das necessidades da clientela e dopessoal.

VII. Considerações Finais

A satisfação do cliente é o ponto que sinaliza a eficácia do processo de supervisão,juntamente com a satisfação da própria equipe de enfermagem. Desenvolvendo uma supervisão eficaz, o enfermeiro será para sua equipe umareferência positiva de orientação e atitudes e como diz tão bem Barros (1995), opessoal deve ser considerado não como “mão de obra”, mas como “cabeça de obra”,fundamentais para o sucesso das ações e, portanto é importante que se sintamsatisfeitos e realizados como co-parceiros na produção da assistência de enfermagem.

• E aí nos reportamos a Fulton (1995), que nos afirma:

“... a tarefa do supervisor não é fácil, mas na medida em que se progride, a

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experiência torna-se o seu melhor professor. A chave está na atitude, e você deveestar sempre aberto a mudanças. Lembre-se sempre que a sua equipe é o seu bemmais precioso. Todos os problemas podem ser contornados e resolvidos. As pessoasacreditem nas suas aptidões, ou você não seria um supervisor.”

VIII. Ainda algumas considerações sobre a Supervisão em Enfermagem

A supervisão realizada pelo enfermeiro, independente do cargo ou função que exerça éuma estratégia para a democratização das ações de saúde, pois visa à transformação domodelo assistencial hegemônico através de uma assistência integral, equânime e resoluti-va aos usuários do sistema de saúde (Servo, 2001).

Segundo Servo (2001), "o padrão de supervisão sistematizada deve ser compreendidocomo um processo que envolve planejamento, execução e avaliação das atividades reali-zadas, através da utilização de técnicas e instrumentos de supervisão".

Espera-se com a supervisão, a melhoria na qualidade do serviço, além do desenvolvimen-to de habilidades e competências da equipe de saúde, através da educação permanenteno serviço.

As concepções sobre supervisão têm variado de acordo com o contexto político e socialde cada época e a função do elemento supervisor deve acompanhar essas variações,para que possa exercer a supervisão de forma democrática.

Embora a supervisão já tenha sido vista como uma função de caráter fiscalizador e puniti-vo em que o supervisor assumia um papel "de assegurar o cumprimento das ordens e dosregulamentos impostos pelo seu patrão" (Cunha,1991), atualmente a mesma "evidencia ainteração do supervisor com o supervisionado, interação que se traduz pela resolução deproblemas em conjunto, de forma cooperativa e sistematicamenteplanejada”(CIAMPONE,1991).

Um dos objetivos da supervisão é manter a educação permanente dos trabalhadores desaúde através da constante avaliação do serviço realizado por estes, com propósito deidentificar as necessidades de orientação e treinamento, no intuito de prevenir situaçõesproblemáticas e manter as situações desejáveis.

O supervisor deve colocar-se como um elemento pertencente ao grupo e não superior aeste, posicionando-se a favor dos interesses coletivos, de forma a possibilitar uma melho-ria da assistência prestada.

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A supervisão torna-se pertinente na medida em que auxilia as pessoas a alcançar metasou padrões de atendimento, os quais, elas mesmas conceberam, tendo como parâmetroas políticas institucionais e adaptando-se as realidades locais (SERVO,2001).

Através da ação supervisora pretende-se melhorar a qualidade dos serviços de atenção àsaúde, colaborando para a promoção, proteção e recuperação da saúde rumo à consoli-dação do Sistema Único de Saúde (SUS).

A supervisão é uma atividade que faz parte do cotidiano do enfermeiro, à medida que esteplaneja, executa e avalia o processo de trabalho da equipe na qual encontra-se inserido.Desta forma sistematiza o processo de supervisão em enfermagem.

IX. Referências

BARROS, S.P.M.F. Gerenciamento do Trabalho de Enfermagem. In: Anais do CongressoBrasileiro de Enfermagem, 47ª, Goiânia, ABEn, 1995.

CUNHA, K.C. Supervisão em Enfermagem. In: KURCGANT, P. (org.) Administração emEnfermagem. São Paulo: EPU, 1991.

FULTON, R. Supervisão: Bom senso acima de tudo. São Paulo: HARBRA Ltda., 1995.

GAMA, B.M.B.D.M. Supervisão em Enfermagem. Administração em Enfermagem.FACENF/UFJF. 2012.

GEHRINGER, Max. BIG MAX: vocabulário corporativo. São Paulo: Negócio Editora, 2002.

KRON, T; GRAY, A. Administração dos cuidados de Enfermagem ao paciente: colocandoem ações as habilidades de liderança. Rio de Janeiro: Interlivros, 1994.

MIRSHAWA,V.; VARGA, C. O supervisor é a Chave. São Paulo: HARBRA Ltda., 1992.

ROSSO, F.,BOEGER,M.,SILVA,M.J.P., LOMELINO, S. Liderança em 5 Atos :FerramentasPráticas Para Gestores Em Instituições De Saúde. Rio de Janeiro.Editora Yendis. 2012.

SANTOS, I. Supervisão em Enfermagem. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1993.

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UNIVERSIDADE FEDERALDE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICADISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II

COORDENAÇÃO EM ENFERMAGEM

Bernadete Marinho Bara De Martin Gama

Objetivo: Compreender a coordenação como recurso a ser utilizado pelo enfermeirovisando uma assistência qualificada e obtenção de melhores condições de trabalho.

I. Recordando ...

• Como sabemos a palavra Administração vem do latim, ad (junto de) e ministratio(prestação de serviço) e significa a ação de prestar serviço ou ajuda. Modernamen-te, administração representa todas as atividades relacionadas com o planejamento,organização, direção e controle (Chiavenato,1999).

• Os dois objetivos principais da administração são proporcionar eficiência e eficáciaàs organizações, sendo eficiência compreendida como “fazer as coisas correta-mente; preocupação com os meios” e eficácia como “alcançar resultados; preocu-pação com os fins e objetivos”.

• As funções administrativas são: planejamento, organização, direção e controle.• Destacamos neste momento a função de direção, que significa liderar e orientar o

pessoal. Simultânea aos trabalhos de planejamento e organização, é consideradacomo a essência do trabalho daquele que administra e objetiva alcançar resulta-

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dos. Pouco adianta um bom planejamento e uma boa organização se as pessoastrabalham sem orientação e coordenação adequadas. Os meios de direção são:

a emissão de ordens; instruções; comunicação; motivação; liderança coordenação.

II. A Coordenação em Enfermagem

• O profissional de enfermagem tem descrito suas atribuições na Lei n.º 7.498/86,que dispõe sobre o exercício da enfermagem e afirma no artigo 11, alínea c, que éprivativo do enfermeiro o planejamento, organização, coordenação, execução eavaliação dos serviços de assistência de enfermagem (BRASIL, 1987).

______________________________________________________________________________Texto elaborado como Material Instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem II. Curso de Graduação

em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Juiz de Fora. 02/2013

• O enfermeiro é responsável pelo planejamento e coordenação da unidade de traba-lho, sendo que o mesmo possui o compromisso de viabilizar em conjunto com ou-tros atores sociais o alcance dos objetivos e metas daquele serviço, incentivando aparticipação da equipe na organização e produção dos serviços de saúde, atenden-do as reais necessidades dos usuários.

• Este resultado certamente irá contribuir para a implementação de ações sistemati-zadas através de um método de trabalho de enfermagem. O exercício da funçãogerencial centralizado na qualidade da assistência ao paciente, deve orientar asações do enfermeiro na implementação de um método para sistematizar e organi-zar a assistência de enfermagem (CASTILHO e GAIDZINSKI, 1991).

• Para se ter uma supervisão eficiente, é necessária a adoção de uma metodologiade trabalho que a contemple como processo dinâmico que envolve o planejamento,a execução e a avaliação das atividades realizadas. Neste contexto, a coordenaçãoé o meio de direção que vai buscar, através da orientação e condução do grupo detrabalho, o alcance dos objetivos.

• Para Chiavenato (1999), dirigir é decidir e para decidir precisamos planejar. Plane-jar em enfermagem significa adotar um roteiro para coordenar as ações da equipe,visando uma assistência qualificada e obtenção de melhores condições de trabalho.

• A responsabilidade pela promoção da saúde nos serviços deve ser compartilhadaentre indivíduos, comunidade, grupos, profissionais da saúde, instituições e gesto-res de saúde (BRASIL, 2001).

• A enfermagem desempenha um papel fundamental para a efetivação de um serviçode saúde com qualidade, sendo que o principal instrumento para revelar o queacontece na prática é a divulgação do que é vivenciado no cotidiano.

• Portanto, para coordenar, é necessário o enfermeiro posicionar-se de forma críticaperante as políticas do setor saúde, cabendo a enfermagem utilizar um método efi -caz para prestar assistência aos usuários de cada instituição, de forma global, coe-

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rente e responsável, ajustando princípios e medidas administrativas à solução deproblemas de sua competência, além da socialização destas experiências (BRASIL,2001).

• A coordenação das atividades em uma unidade de trabalho é parte necessária da li -derança em enfermagem, ou seja, a liderança eficaz do enfermeiro depende tam-bém da coordenação (Kron e Gray,1994). Manter todos da equipe bem informadossobre as várias atividades e intercorrências do serviço de enfermagem, utilizar deforma consciente e responsável os recursos da instituição (processo de educaçãoem serviço) são condições para a coordenação em enfermagem.

• A coordenação fundamenta-se no planejamento e na utilização da capacidade decada pessoa e nos recursos institucionais e da comunidade (Kron e Gray,1994).

• A coordenação desenvolvida com excelência pelo enfermeiro confere ao mesmo acondição de direção do serviço de enfermagem nas 24 horas. Isto significa que:

Coordenar é utilizar de todas as ferramentas necessárias para o acompanhamentoe as intervenções necessárias no serviço de enfermagem (processo de comunica-ção;instrumentos e técnicas de supervisão; liderança; monitoramento dasações/mecanismo de controle);

Coordenar é dar subsídio ao enfermeiro para que mesmo “ausente” (horário de des-canso/folgas,...) ele consiga, através da utilização eficaz destes recursos, se fazer“presente” e atuar atendendo as necessidades dos usuários, da equipe de trabalho,da instituição e da comunidade.

III. Referências

BRASIL.Conselho Regional de Enfermagem. COREN.Regulamentação do ExercícioProfissional da Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Minas Gerais,2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Políticas de Saúde. Promoção da Saúde.Brasília (DF): MS; 2001.

Castilho V, Gaidzinski RR. Planejamento da assistência de enfermagem. In KurcgantP, (coordenadora). Administração em enfermagem. São Paulo (SP): EPU; 1991. p.207-14.

CIAMPONE, MHT.Metodologia do planejamento na enfermagem.In: Kurcgant P, (co-ordenadora). Administração em enfermagem. São Paulo (SP): EPU; 1991. p. 41-58.

CUNHA, KC. Supervisão e enfermagem. In: Kurcgant P, coordenadora. Administraçãoem enfermagem. São Paulo (SP): EPU; 1991. p. 117-32.

SERVO, M.L. S; CORREIA, V.S. Supervisão da enfermeira em Unidades Básicas deSaúde. Revista Brasileira de Enfermagem. Rev. bras. enferm. vol.59 n°.4 Brasília July/Aug. 2006

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SERVO,MLS. Supervisão da enfermeira em hospitais: uma realidade local (tese). Feirade Santana (BA): Universidade Estadual de Feira de Santana: 2001.