benhamou a economia da cultura

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BENHAMOU, Françoise. A economia da cultura. São Paulo: Atelie Editorial, 2007. 200p. (páginas 75-98) Mercados de arte, formação do valor e preços As dúvidas com relação ao desenvolvimento de analise econômica de setores sem fins lucrativos mesclado às questões do culto à arte e aos patrimônios culturais dão origem a novas pesquisas sobre o mercado da arte e uma economia da cultura. Obras de arte começam a ser vendidas a preços absurdos e com isso questiona-se quais são os fatores incidentes sobre a formação de tais preços. Benhamou cita, em seu texto, Raymonde Moulin, uma historiadora de arte que distingue o mercado da arte em 3: o mercado dos cromos(obras destinadas à decoração; mercado de competição monopolística), o mercado de obras tombadas(valor formado por peso histórico da obra) e o mercado das obras contemporâneas. A “comunidade de gosto”, formada por atores(críticos, colecionadores, lideres de galeria/museus, leiloeiros de arte) fazem e desfazem modas no meio artístico, influenciando preços e procuras nos mercados de arte. Do mesmo modo que as aquisições de obras por museus tendem a modificar financeiramente o valor destas. Dentro das vendas e buscas por obras, as galerias e casas de leilão tendem a lidera, algumas vezes descobrindo talentos, e mantendo vínculos com os artistas, outras revendendo obras adquiridas por diversos vendedores. A autora ressalta que tal atitude ajudou, na década de 1980, aumentar o preço das obras, cultivando uma clientela rica. Porém, em 1989, com crise resultou em uma queda de até 80% dos negócios. Ainda no mercado de artes ressalta-se a visibilidade e credibilidade da obra, ampliadas por meio de feiras e salões. Tais feiras como outros eventos proporcionam, para o artista e para o marchand(comerciante). Quem atribuirá valor comercial a obra é o perito, este parte de um valor estético. Todo esse processo é regido por diversos fatores de incerteza, como a moda vigente, novos movimentos artísticos, reclassificações de hierarquia decorrentes da história das artes, etc. Contudo, mesmo que haja incertezas, existem regras quanto a avaliação de tais obras, na França, por exemplo, o leiloeiro

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BENHAMOU, Franoise. A economia da cultura. So Paulo: Atelie Editorial, 2007. 200p.

(pginas 75-98)Mercados de arte, formao do valor e preosAs dvidas com relao ao desenvolvimento de analise econmica de setores sem fins lucrativos mesclado s questes do culto arte e aos patrimnios culturais do origem a novas pesquisas sobre o mercado da arte e uma economia da cultura.Obras de arte comeam a ser vendidas a preos absurdos e com isso questiona-se quais so os fatores incidentes sobre a formao de tais preos. Benhamou cita, em seu texto, Raymonde Moulin, uma historiadora de arte que distingue o mercado da arte em 3: o mercado dos cromos(obras destinadas decorao; mercado de competio monopolstica), o mercado de obras tombadas(valor formado por peso histrico da obra) e o mercado das obras contemporneas.A comunidade de gosto, formada por atores(crticos, colecionadores, lideres de galeria/museus, leiloeiros de arte) fazem e desfazem modas no meio artstico, influenciando preos e procuras nos mercados de arte. Do mesmo modo que as aquisies de obras por museus tendem a modificar financeiramente o valor destas.Dentro das vendas e buscas por obras, as galerias e casas de leilo tendem a lidera, algumas vezes descobrindo talentos, e mantendo vnculos com os artistas, outras revendendo obras adquiridas por diversos vendedores. A autora ressalta que tal atitude ajudou, na dcada de 1980, aumentar o preo das obras, cultivando uma clientela rica. Porm, em 1989, com crise resultou em uma queda de at 80% dos negcios.Ainda no mercado de artes ressalta-se a visibilidade e credibilidade da obra, ampliadas por meio de feiras e sales. Tais feiras como outros eventos proporcionam, para o artista e para o marchand(comerciante).Quem atribuir valor comercial a obra o perito, este parte de um valor esttico. Todo esse processo regido por diversos fatores de incerteza, como a moda vigente, novos movimentos artsticos, reclassificaes de hierarquia decorrentes da histria das artes, etc.Contudo, mesmo que haja incertezas, existem regras quanto a avaliao de tais obras, na Frana, por exemplo, o leiloeiro por lei responsvel pela autenticidade das obras em venda.Os preos das obras de arte se apresentam como variveis. Tudo depende do capital artstico daquele que faz a obra, ou seja, fama, tempo de criao, prmios recebidos, preos de vendas anteriores. Em certos casos esses fatores se do por pesquisas que medem a participao do artista no cenrio artstico neste ponto a autora faz referncia a Kunst-Kompass, lista dos cem melhores artistas contemporneos.O preo ento analisado e decomposto em trs blocos: reconhecimento social, caractersticas da obra, um componente tradutor dos fatores no mensurveis. Assim, quando se identifica conjuntos, tcnicas, tempo de modo a se isolar os fatores aleatrios imensurveis, capaz de se criar uma mdia de preos anuais.

Crises do mercado e museusO mercado instvel da arte veio a sofrer vrias crises. Entre seus altos e baixos destacou-se a crise de 1990, onde comerciantes tiveram de recorrer a seus estoques. Crises mescladas situaes infelizes de falsificaes e vendas abaixo de valores anunciados contriburam para uma bolha especulativa, ou seja, a distancia entre o preo da obra e o seu valor fundamental aumentou. No mercado da arte, formou-se uma espiral especulativa com as expectativas de ganho.No entanto, questiona-se como no ceder - mesmo diante das recentes crises - tentao de investir-se em obras de artes quando muitas atingiram valores de vendas altssimos. As obras de arte e seus investimentos tem um custo de oportunidade elevado, decorrente de uma inconstncia no gosto humano gerar imprevisibilidades.Diante de tamanha especulao, os museus sofreram grandes consequncias. Entre 1988 e 1990, os museus mais venderam do que compraram obras e tiveram de procurar novas fontes de financiamento.Houve uma grande onde de ofertas para com museus, o que gerou reformas e ampliaes dos grandes e construo de novos, com isso vieram tambm formas de pensar o financiamento destes, uma vez que um museu uma instituio no comercial sem fins lucrativos.As formas de financiamento analisadas se classificavam em trs vertentes: ajuda pblica, mecenato e receitas prprias. Todas diretamente relacionadas misso que a instituio seguia.Afim de se manterem ativos, alguns museus passaram a alugar suas exposies e terceirizar servios. Mesmo que muitos preguem por museu ser gratuito, custos so gerados e muitas vezes alguns destes museus optam por restringir tempos de visitao e bloquear algumas reas.Com relao aquisio de obras, muitas das que so adquiridas no esto expostas permanentemente, contudo sua compra imediata, mesmo que no gere consequncias rpidas trar vantagens uma exposio que se pode adiar.

BibliografiaBENHAMOU,Franoise. A Economia da Cultura. Cotia: Ateli Editorial, 2007