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construção social

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  • CONSTRUO NACIONAL E CIDADANIA ESTUDOS DE NOSSA ORDEM SOCIAL EM MUDANA

    REINHARD BENDIX

    Traduo

    Mary Amazonas Leite de Barros

  • 8REAVALIAO DOS CONCEITOS DE TRADIO E MODERNIDADE*

    Modernizao um termo que ficou em moda aps a Segunda Guerra Mundial. Ele til, apesar de vago, pois tende a evocar associaes semelhantes nos ieiores contemporneos. Seu primeiro impulso pode ser pensar em moderno em termos da tecnologia atual, com suas viagens a jato, explorao do espao e energia nuclear. Mas o senso comum da palavra moderno engloba toda a era desde o sculo XVIII, quando invenes como a mquina a vapor e a mquina de tecer forneceram a base tcnica inicial pra a industrializao das sociedades. A transformao econmica da Inglaterra coincidiu com o movimento de independncia nas colnias americanas c a criao do Estado-nao na Revoluo Francesa. Conseqentemente, a palavra moderno evoca tambm associaes com a democratizao das sociedades, especialmente a destruio do privilgio herdado e a declarao de igualdade dos direitos de cidadania.

    Essas mudanas do sculo XVI11 iniciaram uma transformao das sociedades humanas s comparvel com a transformao dos povos nmades em agricultores sedentrios, cerca de 10 mil anos antes. At 1750, a proporo da populao ativa do mundo empregada na agricultura era provavelmente superior a 80%. Dois sculos depois, cra de cerca de 60%, e, nos pases industrializados do mundo, caiu abaixo de 50%, atingindo 10 a 20% cm pases que j possuam uma histria relativamente longa de industrializao. Na Gr-Bretanha, pas pioneiro nesse

    * Uma verso anterior desle ensaio foi publicada em Comparativo Stadics in Socicy and Hisiory, IX, abr. 1967, pp. 202-346, Cambridge Universily Press.

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  • REINHARD BE N D IX

    aspecto, a proporo da fora de trabalho empregada na agricultura baixou para 5% em 1950'.

    Onde quer que tenha ocorrido, a modernizao das sociedades deu origem a estruturas sociais marcadas por desigualdades baseadas em laos de parentesco, privilgio hereditrio e autoridade (freqentemente monrquica) estabelecida. Em virtude de sua nfase comum na hierarquia de posies herdadas, as sociedades pr-modernas ou tradicionais tm certos pontos em comum. A destruio dessas caractersticas da velha ordem e o conseqente surgimento da igualdade so uma marca de modernizao; portanto, o ltimo processo mostra certas uniformidades. Essas mudanas na ordem social e poltica eram aparentes antes que as conseqncias totais da Revoluo Industrial fossem compreendidas. Como resultado, a maioria dos pensadores (se no todos eles) do sculo XIX

    [...] exibem o mesmo ardente senso do sbilo, convulsivo desvio da sociedade de um caminho que ela seguira durante milnios. Todos m anifestam a mesma profunda intuio do desaparecim ento de valores histricos - e, com eles, as seguranas e desigualdades seculares - e do surgim ento de novos poderes, novas inseguranas, e novas tiranias. [...]2

    E, corno acrescenta o professor Nisbet, a sociologia na Europa desenvolvera-se quase inteiramente em torno de temas e antteses levantados pelas duas revolues e de seu impacto sobre a velha ordem3. Devemos muitos insights a essa tradio intelectual. Todavia, hoje h indicaes de que essa perspectiva produziu uma viso supersimplificada das sociedades tradicionais, das sociedades modernas, e da transio de umas para as outras. A supersimplificao resultava de interpretaes ideolgicas do. contraste entre tradio e modernidade, e de generalizaes indevidas da experincia europia. Atualmente, uma anlise mais diferenciada e equilibrada da modernizao deve ser possvel; a discusso que se segue apresentada como uma contribuio nesse sentido.

    Sua primeira parte trata de um aspecto da histria das idias. O surgimento da civilizao industrial na Europa engendrou uma nova concepo da sociedade, contrastes hostis entre tradio e modernidade, e uma teoria de mudana social que

    1. Ver Cario M. Cipolla, The Economic History o f World Population, Baltimore, Penguin Books, 1964, pp. 24-28. Focalizando a ateno nos efeitos tcnicos e econmicos do processo, Cipolla fornece uma formulao abrangente do que significa industrializao. Nenhuma clareza pode ser alcanada em relao modernizao , que mais inclusiva e se refere, ainda que vagamente, aos mltiplos processos sociais e polticos que acompanharam a industrializao na maior parte dos pases da civilizao ocidental. A discusso que se segue contm contribuies para uma definio de modernizao.

    2. Ver Robert A. Nisbet, Emite Durkhcim, f-nglewood Cliffs, Prentice-Hall, 1965, p. 20.3- Idcm , p. 21 n.

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  • culminou na obra de Karl Marx e, mais recentemente, num revival das teorias de evoluo social. Meu esforo ser mostrar como se desenvolveu nosso vocabulrio conceituai nos estudos sobre a modernizao. A segunda parte oferece uma crtica metodolgica dessa tradio intelectual e prope uma conceitualizao alternativa do contraste ntre tradio e modernidade. Na terceira parte tentarei desenvolver uma abordagem comparativa no estudo da modernizao e ilustr-la pela aplicao ao campo de estratificao social.

    REA VAIJAO DOS CONCEITOS DE TRADIO E MODERNIDADE

    Persistncia e M udana de Idias sobre a Sociedade M oderna

    Uma nova perspectiva

    O sentimento de que o final do sculo XVIII representa um hiato na perspectiva intelectual, bem como um novo incio na histria da civilizao ocidental, comum entre estudiosos, do mesmo modo que a conotao afim do termo moderno entre as pessoas em geral. Antes dos sculos XVII e XVIII, o mundo da natureza e do homem era concebido como uma emanao da divina providncia. Desde ento nosso pensamento foi reestruturado em todos os campos de aprendizagem. Como a idia de Deus fundiu-se com a de Natureza, o conceito do universo criado no incio dos tempos foi gradualmente substitudo pela idia de um processo de evoluo infinitamente variado e ativo. A idia foi ampliada de maneira paralela nossa compreenso do crescimento do conhecimento, para uma nova concepo de Deus como na obra Natur Philosophie, de Schelling, e para uma interpretao tica da histria mundial, como na opinio de Kant de que todas as excelentes faculdades naturais da humanidade permaneceriam imutveis para sem pre, se no fosse pela natureza do homem com sua vontade de discutir, sua vaidade odiosamente competitiva, e seu insacivel desejo de possuir ou de governar4. Este era um dos muitos esquemas pelos quais os pensadores do fim do sculo XVIII e incio do sculo XX vinculavam as qualidades irascveis dos homens individualmente ao conceito de uma reservada regularidade de legitimidade atribuda ao mundo social. Enquanto Kant usava uma construo teleolgica a esse respeito, os economistas clssicos como Adam Smith afirmavam que a propenso do homem para a permuta, o intercmbio, e a troca de uma coisa por outra deu origem a aes que obedeciam

    4. Immanuel Kant, ldea for a Universal History wilh Cosmopolitan Intent, em Carl J. Friedrich (ed.), The Philosophy o f Kant, New York, Random House, 1949, p. 121. Notar a relao dessa opinio com a tradio intelectual delineada em Arthur Lovejoy, The Grcat Chain ofBcing , New York, Harper &Bros., , passim.

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  • REINHARD DENDIX

    a u m a)ei impess.ial de oferta e procura. Por suas aes na sociedade, os indivduos se conformam a um a regularidade ou princpio mais alto sem pretender agir assim. Termos como o objetivo da natureza ou a mo invisvel pelos quais Kant e Smith se referiam a esse princpio mais elevado podem ser considerados uma sobrevivncia de um a antiga crena na divina providncia ou um arauto dos conceitos posteriores de sociedade e economia. Em todo caso, eles ajudaram a introduzir numa nova viso do mundo social como uma estrutura impessoal que possui atributos ou princpios independentes.

    A discusso que se segue apresenta um esboo histrico de idias sobre a nova sociedade industrial em formao - com especial nfase nos efeitos dessa sociedade sobre as diferentes classes sociais. Meu objetivo mostrar que o contraste hostil entre tradio e modernidade o tema principal subjacente a uma grande diversidade de tpicos e que influencia nossa compreenso da sociedade moderna at o presente.

    Em seu Essay on theHistory o f Civil Society, publicado pela primeira vez em 1767, Adam Ferguson atribua o progresso de um povo subdiviso de tarefas (a diviso do trabalho de Adam Smith), que ao mesmo tempo melhora as habilidades do arteso, cs lucros do fabricante, e o prazer dos consumidores.

    Cada oficio pode absorver totalmente a ateno de um homem, e tem um m istrio que deve ser estudado. [...] Naes de artffices resultaram de membros, que alm de seu com rcio particular, so ignorantes ac todos os negcios hum anos, e que podem contribuir com a preservao e a am pliao de sua com unidade, sem transform ar seu interesse num objeto de seu olhar ou ateno.

    A discusso de Ferguson formula maneiras de encarar a sociedade moderna que se tornaram lugares-comuns. A diviso do trabalho restringe necessariamente a compreenso daqueles que se especializam. Desse modo, ela tambm aumenta sua produtividade e a riqueza do pas. Portanto, objetivos privados, uma falta de preocupao consciente com o bem-estar pblico, e benefcios pblicos caminham juntos. Essa doutrina do laissez-faire coaduna-se, como Marx j notara, com a teoria da ao social, pelo menos numa forma rudimentar. Pelo simples compare- cimento ao servio, cada homem diferenciado por sua chamada e tem um lugar ao qual sc ajusta. Na viso de Ferguson, as diferenas entre os homens so um resultado direto dos hbitos que eles adquirem praticando diferentes artes: Alguns empregos so liberais, outros mecnicos. Eles requerem talentos diferentes, e

    5. Adam Ferguson. An litxay on tkc tlh lo ry o f Civil Sociei v, 5. cd.,Lomlon,T.Cbdetl, 1782, pp. 302-303.

    .w

  • inspiram diferentes sentimentos''. Em sua avaliao desses corolrios de especializao, Ferguson combina a antiga sabedoria convencional com uma compreenso dos problemas emergentes da sociedade moderna. A antiga diviso da sociedade numa minoria dirigente desocupada e a massa da populao trabalhadora reflete-se em sua opinio de que o nvel social depende do trabalho que os homens fazem. Os que devem ganhar sua subsistncia so degradados pelos objetivos que perseguem, e pelos meios que ele emprega para obt-lo. Aqueles que pertencem classe superior no so limitados por nenhuma tarefa e so livres para seguir a disposio de sua mente e de seu corao.

    Ao mesmo tempo, Ferguson est bem consciente de que a crescente diviso do trabalho cobra um preo. Os objetivos da sociedade so promovidos mais adequadamente por artes mecnicas que requerem pouca.capacidade e que florescem melhor sob uma total supresso de sentimento e razo7. Outro filsofo escoces, John Millar, aponta que a arte e a cincia melhoram com a diviso do trabalho, mas que esta produz no trabalhador, que empregado numa nica operaao manual, um habitual vazio de pensamento, no estimulado por muitas perspectivas, mas por [perspectivas] como as que derivam das futuras folgas de seu trabalho, ou dos agradveis retornos do repouso corporal e do sono"\ O custo humano do trabalho manual nas modernas condies de cred"- - ~ w, pvt luiuv, UHtema desde as primeiras horas da sociedade industrial.

    Argumenta-se que esse custo humano inevitvel. Os custos das classes trabalhadoras sob as novas condies so simplesmente uma nova forma da antiga diviso da sociedade em amos e servos. Tentativas de aliviar esses encargos apenas diminuem a riqueza de um pas e, portanto, em ltima instncia, agravam a sorte dos propnos trabalhadores9. Contudo, essa defesa da ordem hierrquica tradicional sob novas condies no se equiparou, a longo prazo, ao significado de outro corpo de opinio, muito mais crtico.

    REAVALIAO DOS CONCEITOS DE TRADIO E MODERNIDADE

    6. lem, pp. 308-309.7. Idcm, p, 305.

    8. Ver John, M illa rSocial Consequenccs of lhe Division of Labor, reeditado em Will iam C. Lehmann, John Millar ofC lasgow , 1735-ISOI, Cambridge Universily Press, 1960, pp. 380-387 Este volume comem uma reimpresso do Origin o f ,hc Distinction o f Ranks, de Millar, publicado primeiramente em 1771. J

    9. BAmnd Burke Thc.ugl.ls and De.ails on Scarcily (1795), em Works, Boston, Little, Brow,, & Co 1869 V, pp. 134-135. O prprio Burke usou a doulrina do laissez-faire para suslentar seu argumento. A lei da oferta e da procura governava os salrios pagos ao trabalho, e a interferncia com essa lei simplesmente agravaria a condio do pobre. O Iradicional argumento conlra a injustia desse sistema e exemplificado por William Godwin, Enqrnry Conccrning PoUUcal Justice and its Influcncc on Morais andHappincss, Toronto, Universily c f Toronto Press, 1946 ,1, pp. 15-20.

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  • REINHARD BENDIX

    Criticas conservadoras e radicais da indstria

    Em muitas partes da Europa, os homens de letras encaravam as discrepncias entre ricos e pobres com alarme e com um sentimento de que a destituio do povo representava um novo fenmeno e uma ameaa crescente ordem social. As idias de um a crescente bifurcao da sociedade em duas classes opostas, bem como a doutrina da pauperizao, que so familiares aos modernos leitores a partir dos escritos de Karl Marx, eram de fato crenas expressas por muitos escritores europeus durante os sculos XVIII e XIX10. Seu senso de crise reflete-se em idias acerca de hierarquia social que procuravam levar em conta as mudanas ocorridas nas sociedades que se industrializavam. Para exemplificar essas idias, indicar alguma coisa de sua ubiqidade, e mostrar o quo fortemente elas influenciaram o pensamento social, usarei exemplos da Alemanha, da Frana e dos Estados Unidos. Esses juzos sobre as hierarquias sociais num perodo de transio refletem tanto a experincia como o senso moral de homens de nveis sociais diferentes e o senso moral com que o prprio escritor encara o papel dos diferentes grupos nessa transio.

    O primeiro exemplo compara uma crtica conservadora com uma crtica humanista via comercialzaao riu Alemanha 110 fim o scuio X vii. jtm i / /, o publicista Justus Mser queixava-se, num artigo sobre a propriedade genuna, de que naqueles dias a lngua alem tinha perdido sua capacidade de designar uma relao inalienvel do proprietrio com sua propriedade11. Antigamente, o proprietrio de terras inclua direitos associados aos de proprietrio, como o direito de caar, de votar na Assemblia Nacional, e outros. Esses direitos eram conhecidos por termos distintivos que davam uma chave aos direitos especficos dos quais um proprietrio gozava vitaliciamente. Ele podia vender ou dispor da prpria terra de outra maneira, mas no podia renunciar a esses direitos, do mesmo modo que um comprador da terra no podia adquiri-los. A crtica de Mser da mudana na lngua , portanto, ao mesmo tempo uma acusao da decadncia moral resultante de uma transferncia fcil de propriedade. A relao entre um proprietrio e sua propriedade , em sua opinio, uma fonte de identificao pessoal e estabilidade social. Estas so garantidas na medida em que a propriedade territorial confere ao proprietrio direitos c privilgios que lhe do status na comunidade e que s podem ser obtidos por herana, no pela compra.

    10. Cf. a pesquisa dessas opinies de R obeit MicheJs, Dic Verelendungsthcoric, Leipzig, Alfred Kroenei, 1928, passim.

    I i. Jusius Mser, Smtliche Werkc, Berlin, Nicolaischc Buchhandiung, 1842, IV, pp. 158-162. Devo essa referncia ao artigo de Karl Maitnhem, citado abaixo.

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  • A crtica humanista da comercializao parece primeiia vista muito semelhante de Mser. O comrcio, bem como a propriedade e o cuidado da propriedade, corroem a integridade do indivduo, porque todos os atos e pensamentos dele giram em torno de consideraes sobre dinheiro e convenincia econmica. O homem governado por aquilo que deve estar a seu servio. Em seu romance Wilhelm Meisters Lehrjahre (Anos de Aprendizagem de Wilhetm Meister), publicado originalmente em 1796, Goethe expressa sua opinio quando escreve: De que me vale fabricar boa ferramenta se meu prprio peito est cheio de impurezas? Ou com que objetivo deve ser entendida a arte de pr em ordem propriedades territoriais, quando meus prprios pensamentos no esto em harmonia?12.

    Mas o heri de Goethe prossegue relacionando sua opinio anticomercial aos valores pessoais conflitantes do Brger e do aristocrata. Este, diz ele, tem maneiras polidas de conformidade com sua alta posio social, mas no cultiva seu corao.' O Brger no pode atender a tais pretenses. Para ele, a questo decisiva no quem ele , mas que discernimento, conhecimento, talentos, ou riquezas possui. Ele deve cultivar um certo talento individual, para ser til, e bem conhecido que em sua existncia pode no haver harmonia, porque a fim de tornar um talento til, ele deve abandonar o exerccio de outro qualquer13. Desse modo, o heri de Goethe, o aristocrata, tem uma posio social elevada, mas um corao frio, o Brger pode obter distino por suas realizaes, mas apenas o artista est numa posio de perseguir o cultivo harmonioso de sua natureza14.

    A semelhana entre esses pontos de vista no ultrapassa sua comum rejeio do comrcio. Mser olha para trs para uma sociedade caracterizada por uma hierarquia de privilgio e subordinao baseada na terra e nos direitos associados com a propriedade territorial. Ele atribui quela sociedade no apenas estabilidade, mas qualidades intelectuais e sentimentais ideais, de modo que as relaes do homem com seus coetneos esto em harmonia, e seu trabalho uma vazo adequada para suas capacidades. Contra essa mtica imagem do passado, a comercializao da propriedade aparece como uma decadncia da civilizao. Durante o sculo e meio que se seguiu, o louvor feito por Mser dos consagrados direitos inalienveis era associado reiteradamente no s com a benevolncia do regime

    REAVALIAO DOS CONCEITOS DE TRADIO E MODERNIDADE

    12. Johann W. Goethe, Wilhelm M eisters Apprcnticcship, rad. R. Dillon Boytan, London, Beil & Doldy, 1867, p. 268. Ver tambm Baron Knigge, Practical Philosophy o f Social Life, Lansingburgh, Perriman & Biiss, iSOS, pp. 307-308.

    13. Goethe, op. cit.14. Ver Werner Wittich, Der soziaJe Gehatt von Goethes Roman Wilhelm Meisters Lehrjahre, em

    Melchor Palyt (ed.), Hauplprobleme derSozsologic, ErinncrangsgabefrM ax Weber, BerJin, Duncker & Humblot, 1923, U, pp. 278-300.