bela,mÃe e trabalhadora · e personagens relevantes de pernambuco, sem louvações descabidas nem...

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1 Algomais MAIO/2016 R$ 10,00 Ano 11 - nº 122 - maio 2016 - www. revistaalgomais.com.br BELA,MÃE E TRABALHADORA Mulheres se desdobram para conciliar o cuidado com os filhos e a carreira profissional

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1Algomais • Maio/2016

R$ 10,00

Ano 11 - nº 122 - maio 2016 - www. revistaalgomais.com.br

BELA,MÃEE TRABALHADORAMulheres se desdobram para conciliar o cuidado com os filhos e a carreira profissional

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2 Algomais • Maio/2016

O paraíso aoseu alcance.Campanha Mais Noronha.

Fernando de Noronha é um paraíso ecológico incomparável, que atrai

turistas do mundo inteiro. Na baixa temporada, esse destino de tanta

beleza e magia tem alguns atrativos a mais: descontos de até 30% nas

passagens aéreas, hospedagens e outros serviços. Com a campanha Mais

Noronha é assim: você faz a viagem dos seus sonhos, com preços que nem sonhava.

» Período: abril a junho.

» Voos diários do Recife. Consulte o seu agente de viagem ou acesse www.noronha.pe.gov.br

» Mais comodidade para você: a Taxa de Preservação Ambiental pode ser paga pela internet, no endereço acima.

» Adquira o ingresso para o acesso ao Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha no site www.parnanoronha.com.br

Descontos de até

em toda a ilha.30%

GOV PE_An_Mais Noronha_41,4x27,5cm copy.pdf 1 5/3/16 3:03 PM

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3Algomais • Maio/2016

O paraíso aoseu alcance.Campanha Mais Noronha.

Fernando de Noronha é um paraíso ecológico incomparável, que atrai

turistas do mundo inteiro. Na baixa temporada, esse destino de tanta

beleza e magia tem alguns atrativos a mais: descontos de até 30% nas

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Noronha é assim: você faz a viagem dos seus sonhos, com preços que nem sonhava.

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4 Algomais • Maio/2016

Não é novidade para ninguém que a imagem da “rainha do lar, com avental sujo de ovo” - tão difundida na célebre música de, Erivelto Martins, David Nasser e Washington Harline - já não cabe mais na realidade das mães contemporâneas. Hoje elas se destacam no mercado de trabalho, estatísticas mostram que estudam mais do que os homens para se capacitar na profissão, sem deixar de escanteio o cuidado com os filhos. É um malabarismo.Mas tudo isso tem um preço alto. Não contam com suporte para deixar seus filhos e trabalharem tranquilas. O apoio muitas vezes vem da família, em geral das suas mães. Há também cobranças por parte delas mesmas. Muitas profissionais sentem-se culpadas por achar que não dão a atenção adequada às crianças, sentimento que não é compartilhado pelos homens. Sem falar na cobrança de setores da sociedade que ainda reverenciam como modelo a mulher bela, recata e do lar.Nesta edição, mostramos algumas mães bem-sucedidas que vivenciam esse malabarismo. A reportagem traz também análises de especialistas sobre as dificuldades e soluções que permeiam o mundo dessas mulheres.Análise também é a linha da matéria que mostra como as sugestões de O Recife que Precisamos (propostas para planejamento de longo prazo para a capital pernambucana desenvolvidas pelo Observatório do Recife e TGI, com apoio da Algomais) evoluíram para o projeto Recife 500 anos encampado pela prefeitura. São apresentadas as medidas já implantadas e as ações futuras.Na área cultural, trazemos uma interessante matéria sobre escritores mirins, crianças que escrevem livros e participam até de lançamentos em eventos literários. Trazemos ainda uma deliciosa entrevista com o maestro Clóvis Pereira, que fala da sua carreira musical, da época em que as rádios chegavam ao requinte de terem orquestra, além de revelar bastidores do Movimento Armorial.

Boa leitura!

editorialDe rainha do lar à malabarista

Diretoria executivaSérgio Moury [email protected] de [email protected]

Diretoria comercialLuciano [email protected]

conselho eDitorialArmando Vasconcelos, Fábio Lucas, Gustavo Costa, João Rego, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida e Sérgio Moury Fernandes.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

reDaçãoFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

REPORTAGEnSCláudia Santos Rafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo neto (Editor)

FOTOGRAFIADiego nóbrega

[email protected]: (81) [email protected]

PubliciDaDeEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

Cláudia Santos - Editora Geral

[email protected]

edição 122 - 13/05/2016 - tiragem 12.000 exemplares capa: rivaldo neto - Foto: Diego nóbrega

facebook.com/revistaalgomais@revistaalgomais

Edição 122

e mais Entrevista 8

Economia /Jorge Jatobá 14

Arruando pelo Recife e por Olinda 20

Baião de Tudo / Geraldo Freire 28

João Alberto 36

Memória Pernambucana 38

Última Página/ Francisco Cunha 40

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

caPa

Mães e trabalho Elas fazem malabarismo para conciliar carreira e os filhos PE. 08

emPreenDeDorismo

NovidadeEmpresa oferece transporte para quem tem dificuldade de locomoção. 16

Planejamento

Recife 500 anosO que foi executado do projeto e o que falta executar. 18

literatura

PrecoceEscritores mirins lançam livros incentivados pelos pais. 32

auDitaDa Por

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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5Algomais • Maio/2016

José NivaldoLeitor contumaz desta revista, não me canso de vibrar com as suas novida-des. O retorno do querido Joca,é sim-plesmente sensacional e a entrevista com o amigo e imortal José Nivaldo me fez voltar a gloriosos tempos. Seria muito interessante que jovens "revolucionários"do hoje seguissem o exemplo desse extraordinário homem de Boi Pintado.

José Áureo Bradley – Recife

FutebolA pedido do presidente da Federa-ção Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, gostaríamos de parabenizar a revista pela abertura de espaço para falar sobre o futebol per-nambucano. Recebemos a edição de aniversário e ficamos encantados com o artigo do jornalista José Neves, inti-tulado "Mudanças sentidas no Futebol Pernambucano". Muito obrigada pelo espaço dado ao nosso futebol.

Fernanda Durão, assessora de imprensa da FPF

cartasESCREva [email protected]

Engorda de Boa VigemMuito boa a matéria sob a ótica dos diferentes conceitos. Em Paulista, contenção do avanço do mar sem ganhos ambientais e para o lazer da população. A engorda em Jaboatão apresenta ganhos efetivos em ambos os aspectos.

Stênio Cuentro - Recife

Joca Souza LeãoComo dizia minha avó Dinda, que Deus a tenha, “quem sabe cerzir, cerze com suas próprias linhas”. Eu acho que era isso que ela diria se tivesse tido a chance de ler as crônicas de Joca Souza Leão.

albérico Sá Corrêa de Brito – aldeia

Tava faltando alguém, senhor editor, tava faltando alguém. Agora, que Joca voltou, não tá faltando mais ninguém.

Hilton Cunha Jr. – Jaboatão dos Guararapes

Estou na sala de espera do consultório da minha dentista, Dra. Narcisa Pessoa, lendo a Algomais. E eis que encontro a crônica de Joca Souza Leão, Daqui não saio. Magistral. Simplesmente magistral. Quando chega a minha vez de ser aten-dida, comento com Narcisa. E ela me diz que é dentista dele também. Ou seja, eu e Joca temos a mesma dentista. Espero conhecê-lo um dia.

Suzy Braga - Recife

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@revistaalgomais

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6 Algomais • Maio/2016

“POR CAuSA DA RáDIO ARRANJEI POR TODA A vIDA"

Entrevista a rafael Dantas

entrevista

Essa aproximação com a sétima arte aguçou seu interesse pela cultura?uns dois anos após a inauguração do cinema, eu já estava com uns 13 anos e passei a trabalhar com ele como ajudante de operador. Por força de obrigação assistia também aos filmes musicais naquela época, nos anos 40. Aí aumentei o meu gosto pela música.

Algum filme marcante da época? um dia apareceu o filme A noite so-nhamos, que relatava a vida de Fre-deric Chopin, compositor polonês. Fiquei impressionado não só pela mú-sica, mas com o processo de aprendi-zado e o progresso dele. E menos de um mês depois disse: papai que quero tocar o piano. Mamãe, eu quero tocar o piano.

Foi aí que o senhor começou a tocar instrumentos musicais?Não. Antes, quando eu tinha 12 anos, comecei a tocar gaita de boca. Come-cei a tocar de ouvido aquelas marchi-nhas brasileiras... Mas quando decidi pelo piano meu pai disse: "Como você vai aprender se não temos piano em casa?" Eu disse: "Não tem problema, eu me viro". Meus pais se entusias-

maram e me matricularam com uma senhora muito famosa na época, Dja-nira Barbalho. Ela achou que eu já ti-nha um talento musical, pelo que eu acompanhava meu pai desde a infân-cia. Meu pai me levava aos consertos. Ainda hoje me lembro do maestro Severino Ramos reclamando com ele: "Luizinho, leva esse menino para casa não vês que ele está dormindo". Mas meu pai me deixava quietinho no banco, dormindo.

Como foi a experiência de começar a tocar?No mesmo ano em que comecei a estudar a professora achou que eu já poderia tocar na audição, que na-quele semestre aconteceu no Clube Internacional de Caruaru. Com dois anos apenas de estudo eu já tocava algumas coisinhas de ouvido também no piano. A professora não gostava, mas eu tocava escondido nas casas de Caruaru. Em 1946, na sociedade musical da Nova Euterpe, onde meu pai trabalhou, eles queriam fazer uma orquestra de jazz, mas não era jazz, era uma orquestra popular. Me cha-maram para tocar. Em junho daquele ano, a orquestra foi contratada para

clóvis pereira. Maestro, compositor e professor universitário fala da sua trajetória na música

Consagrado pelo talento musical, o maestro Clóvis Pereira deixou seu nome marcado na história das rádios, clubes, universidades e conservató-rios de Pernambuco e de outros Es-tados do Nordeste. Nesta entrevista à Revista Algomais ele lembra dos seus primeiros passos, quando ainda to-cava gaita e revela bastidores do Mo-vimento Armorial e do seu tempo de estudante na Berklee College of Music, na cidade de Boston.

O amor pela música vem da infância?Eu sou natural de Caruaru. Meu pai era músico da Sociedade Musical Nova Euterpe, uma banda. E minha mãe era cantora de um bloco, nos anos 20, quando era jovem. Meu pai nessa épo-ca tocava violão. Depois que ele casou, ele melhorou o gosto pela música, se aproximou da banda musical e passou a tocar clarinete. Eu sempre o acompa-nhava desde que eu tinha uns 9 anos. Até que de uma hora para outra ele saiu da banda e conseguiu um trabalho muito bom no Cine Caruaru. Passou a ser operador dos projetores cinemato-gráficos e também pintava os cartazes, pois ele também era pintor. A partir daí passei a acompanhá-lo no cinema.

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7Algomais • Maio/2016

Por força de obrigação, eu assistia aos filmes musicais da época, nos anos 40. Aí aumentei o meu gosto pela música”

perguntaram se eu não gostaria de acompanhá-los. Eu disse: posso dar um treininho, discreto. Eles concor-daram. Conheci então os músicos dessa orquestra. Isso foi no mês de setembro. Ainda toquei com eles no Revéillon, em Caruaru. Em janeiro do ano seguinte, até o primeiro semestre toquei com essa orquestra. No segun-do semestre meu pai veio trabalhar no Recife. Ele passou a ser projetista do cinema da Base Aérea, uma ótima colocação na época. Eu vim para aqui terminar o curso ginasial.

De um músico jovem de Caruaru, como o senhor conseguiu se destacar no circuito musical do Recife?Eu estava sem fazer nada pelo Reci-fe, sem muito a tocar. Até que a Rádio Clube anunciou o concurso musical

chamado Céu ou Inferno. Me inscrevi para tocar gaita. Em paralelo ao pia-no, nunca tinha deixado de tocar a gaita. Levei para o programa, que era apresentado por Fernando Castelão a música Dança do Fogo, de Manuel de Falla, que era muito difícil. Quando acabei de tocar foi palma para todo lugar. A próxima candidata era uma menina chamada Creusa, tocando no cavaquinho o maior sucesso da época, um baião chamado Delicado. Quando acabou foram muitos aplau-sos também. Foi apertado, mas ela ganhou. Mas como Fernando Caste-lão estava torcendo por mim, ele me convidou para ser o mais novo ar-tista do programa dele. Assim entrei na rádio. Em 1948 comecei a ouvir a Rádio Jornal do Comércio, que tinha inaugurado. Eles criaram o concur-so “A hora da Gaita", num patrocí-nio da Hering, que era um produtora de gaitas da época. Toquei a mesma peça. Nesse programa o julgamento era técnico e terminei como vence-dor. Eles gostaram de mim na rádio e passaram a me chamar para tocar. O cachê já era melhor.

Quais seus passos para chegar a ser maestro na rádio?Depois de uns três meses nesse novo ambiente, consegui autorização para treinar no piano da rádio. O dire-tor artistico me permitiu tocar na sala de ensaios. Foi ali onde conhe-ci vários músicos que estavam entre os melhores do Brasil. Pessoa de

tocar no São João e São Pedro, num tempo que não tinham ainda desco-berto o forró. Fomos tocar numa noi-te de São João como se fosse uma fes-ta, não no estilo junino. Deu certo. O pessoal ficou satisfeito, pois não atra-palhei. Em 1947 houve em Caruaru a festa da Primavera. Eles, para mostrar a grandiosidade e luxo, contrataram o Bando Acadêmico do Recife, que era uma orquestra espetacular. Eu tinha acabado de sair de uma pneumonia, mas para ver esse bando insisti para meu pai deixar eu ir. Tinha 17 anos. Fui assistir ao baile. Quando o bando acadêmico fez o primeiro interva-lo, passei a conversar com os mú-sicos. Disse que estava começando. E perguntei: "Cadê o pianista?" Eles disseram que infelizmente não veio. Eu disse que estudava piano e eles

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8 Algomais • Maio/2016

Não quero mais outro compromisso além de compor para mim"

uma reunião Jarbas e Cussy estavam tocando a mesma coisa. Eu sugeri que a viola e o violino fizessem coisas di-ferentes. um fazia uma coisa e a viola respondia. Peguei o lápis e a caneta, um papel de música. Dois compassos. Fiz na hora enquanto eles estavam discutindo. Muito bem. Quando co-meçaram a tocar Ariano chega abriu a boca de alegria. A partir daí as re-uniões eram feitas comigo e com eles dois. Depois de pronto, Ariano queria mostrar a Brennnand, no sítio dele. A primeira audição do Movimento Ar-morial aconteceu lá na residência de Francisco Brennand. Foi no alpendre da casa dele, oferecido à família.

E como terminou?Parou quando Ariano passou a dis-cordar de algumas coisas que Cussy fazia. Cussy padiu para fazer uma or-questração de uma música popular na época: Viola Enluarada e mais umas duas músicas populares. Ele começou a apresentar essas músicas popula-res quando terminava, o Armorial. Como um brinde ao público para ou-vir algo diferente. Aí não deu certo, pois Ariano não aprovou. E pediu que não tocasse mais, para não mistu-rar. Cussy concordou. Ariano ficou crente que não tinha mais isso. Com Ariano presente ele não fazia. A cisão aconteceu quando Cussy arranjou uma audição na redação do Jornal do Commércio, no Dia dos Jornalistas. E tocou essas músicas.Suassuna era um homem muito sério, muito honesto, mas muito vaidoso. O próprio Cussy disse que ele era tão vaidoso quanto Gilberto Freyre. Dois expoentes da cultura brasileira.

Como é a sua rotina hoje?Estou aposentado de qualquer em-prego. Depois disso ninguém me contratou para nada. E também es-tou com uma idade que não quero ter compromissos a não ser de compor música para mim e para ajudar meu filho, Clovis Pereira Filho, que é vio-linista principal da orquestra de João Pessoa. Ele foi o único dos meus qua-tro filhos que seguiu a carreira mu-sical. Quando ele era pequeno e eu ia para rádio ficava me imitando no piano. Mas eu o incentivei a aprender violino.

entrevista clóvis pereira

Queiroz, ao fundar a rádio, trouxe os melhores músicos de violino, viola e violoncelo do Rio de Janeiro. E trouxe alguns também da Itália. A orques-tra da Rádio Jornal do Commério era melhor que a da Rádio Nacional. um dia o maestro Guerra Peixe foi para São Paulo. A rádio decidiu repetir um programa e fui convidado para reger a orquestra da rádio. Já tinha tido uma experiência anterior regendo a Jazz Band Acadêmica. Fui e agradei. A partir daí passei a ser maestro da Rá-dio Jornal do Commercio para todos os programas. Por conta disso arran-jei todo o resto da minha vida. Cerca de 10 anos depois eu inaugurei a tele-visão como maestro, em 1960.

A rádio o levou para tocar nos Carna-vais da época?Eu não brincava, só tinha assistido ao Carnaval em Caruaru. Mas, após conhecer a festa no Naútico, fiquei vislumbrado. De repente o diretor da orquestra que tocava lá no Carnaval desistiu e a rádio me perguntou se eu gostaria de acumular. Deram um au-mento besta e eu assinei o contrato. Depois dirigi orquestras ainda nos Carnavais do Sport, Clube Português e Clube Internacional.

Como foi sua experiência na acade-mia, como professor universitário?Em 1964, recebi um convite para ser professor na universidade de Natal. Eles sabiam que eu tinha estudado harmonia com Guerra Peixe. Depois passei a ensinar também em João Pessoa, onde também dirigi o Con-servatório de Música. E de lá vim para o Recife, onde me aposentei pela Tv Jornal, pela Rádio, pela universidade e Orquestra Sinfônica.

Como aconteceu a oportunidade de es-tudar fora do País?Em 89 eu já estava um pouco cansado de dar aulas nas universidades e me ins-crevi para uma bolsa de mestrado pela Capes. veja a graça de Deus. Eu não ti-nha o curso de bacharelado, mas como ensinava em escola de ensino superior, nunca me cobraram diploma. Eu dava aula sem formação acadêmica, só com o que aprendi na prática e nos estudos com Guerra Peixe. Entrei na universi-dade do Rio Grande do Norte após indi-

Como foi sua experiência no Movi-mento Armorial?Fui chamado em 1983. Ariano tinha a ideia de fazer na música o que ele vinha pesquisando de cultura nor-destina. Como ele não conheia os músicos, chamou um professor da universidade que tocava viola e vio-lino. Música não era o gênero dele. Esse rapaz era meu amigo desde os tempos de Guerra Peixe, muito co-nhecido aqui, o filósofo e compositor Jarbas Maciel. Ele disse: "uma pessoa que não podemos esquecer é Clóvis Pereira, da Tv". Ariano concordou. Eu topei a princípio, depois disse que não poderia aceitar. Por fim, conci-liei os horários com as universidades e retornei. Jarbas indicou também Cussy de Almeida, um dos maiores violinistas que teve no Recife. Em

cação de dois músicos que trabalharam comigo nas rádios e me indicaram para o reitor, que me ofereceu um contrato.Fui desconfiado para o Estados univos, pois não tinha o título. E a universidade de Boston poderia pedir. Após os exa-mes a diretora me disse: Congratula-tions. Depois ouvi o boato na escola que a melhor prova para entrar para o mes-trado tinha sido a de um brasileiro.

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9Algomais • Maio/2016

PensanDo bem

[email protected]

Há exatos 36 anos estava iniciando minha vida profissional, no come-ço da década de 80. Eu era um jovem no início

da carreira profissional e que tinha tido a oportunidade de entrar em uma grande empresa internacional de consultoria e auditoria e estava com muitos sonhos na minha cabeça e uma vontade enorme de trabalhar e construir meu caminho.

E o que estava acontecendo exa-tamente naquele ano? Uma crise sem precedentes na economia, um ge-neral na presidência de nosso País , empresas fechando, desemprego em alta, enfim um quadro caótico!

E eu com isso? Quando somos jo-vens parece que a realidade não nos alcança, pois vivemos o nosso mundo e o nosso mundo é o futuro! Eu tra-balhava para ser o melhor e poder contribuir com as minhas ideias no aprimoramento das empresas que eram nossos clientes. Acreditem, não lembro de nada daquela crise, mas lembro bem de todos os trabalhos que participei e de todas as empresas que prestei serviços.

Aí os anos passaram, a crise pas-sou e eu estava muito mais preparado para aproveitar os anos de bonança que vieram. Fico pensando nos mi-lhões de jovens brasileiros que estão atualmente construindo as suas car-reiras e trabalhando com afinco na busca de seus sonhos. Espero que to-dos eles sejam iguais a mim, ignorem a crise e continuem trabalhando na busca de um futuro melhor para to-dos nós.

A minha atividade profissional me permite ter uma visão bastante ampla do que está acontecendo no mundo empresarial, pois temos clientes dos mais variados segmentos econômicos e de diversos tamanhos, ou seja, a pe-

quena, a média e a grande empresa.E o que estou vendo é uma quan-

tidade enorme de empresas fazendo o seguinte: aprimorando seus pro-cessos operacionais, melhorando a eficiência, reduzindo custos, melho-rando a governança, implantando os métodos relacionados à lei anti-cor-rupção, buscando novos mercados, aprimorando as parcerias com for-necedores e clientes, repensando os seus produtos e buscando a inovação, criando um sentimento forte de união entre os sócios e os colaboradores.

Outro aspecto que tenho presen-ciado é o interesse cada vez maior de fundos de private equity em investir em empresas brasileiras, favorecidos principalmente pela taxa de câmbio. Mas acredito que não seja só pela taxa de câmbio, mas também pela cla-ra visão desses fundos que o Brasil é enorme e quando a economia reto-mar sua rota de crescimento o negó-

cios serão bastante lucrativos.Outro aspecto que as empresas

devem estar preparadas, e que vem acontecendo no Brasil há vários anos, são os processos de consolidação de setores. Esse processo começou com as instituições financeiras, criando grandes conglomerados financeiros, tais como Bradesco e Itaú, depois vieram os supermercados, as lojas de departamentos etc.. Recentemente temos visto o setor de saúde passan-do por esse processo, principalmente hospitais e clínicas.

Esse processo de consolidação vai acontecer ainda com outros diversos se-tores, pois a busca de eficiência e redução de custos passa por esse processo, inclusive para criar musculatura para outras oportu-nidades. Enfim sou um otimista incorrigí-vel e atuamente estou me sentindo como há 36 anos, trabalhando com determina-ção, foco, coragem e alegria, pois VA-MOS VENCER A CRISE !!!!

Nós vamos vencer a crise josÉ emílio calaDo

Consultor

vejo uma quantidade enorme de empresas aprimorando seus processos operacionais, melhorando a eficiência, reduzindo custos

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10 Algomais • Maio/2016

um número cada vez menor de mulheres tem o luxo ou pretensão de serem classi-ficadas como belas, reca-

tadas e do lar na sociedade brasileira. O meme que se espalhou pelas redes sociais no último mês entra em con-fronto com o contexto social em que 37,3% das mulheres são as principais responsáveis pelo sustento da casa, de acordo com o IBGE. Muitas delas dividem a trajetória de crescimento profissional com a maternidade. Pes-

quisa do Instituto Sophia Mind indica que 91% delas acredita que é factível sim ser uma ótima profissional e mãe ao mesmo tempo. Na prática, com todo um malabarismo de atividades e gestão dos horários, elas têm mostra-do que realmente é possível. Porém pagam um preço alto com a sobre-carga de tarefas e a falta de estruturas de creche. O suporte vez da famílias, em geral das avós.

Segundo a consultora da ágilis-RH, Eline Nascimento, existe uma

percepção de que hoje há uma maior divisão nas atividades domésticas entre homens e mulheres. Mas quan-do se trata das responsabilidades com os filhos, o peso sobre a mãe ainda é grande. “Essa divisão entre o papel de mãe e trabalhadora gera um processo de angústia. Mas a vida profissional é parte da vida da mulher e ela tem que se desculpabilizar”, diz.

Para gerenciar com qualidade a carreira e ter o tempo necessário para o cuidado dos filhos, Eline destaca a

O DESAFIO DE SER MãE E PROFISSIONAL

capa

Para se destacar na carreira e cuidar dos filhos, mulheres se desdobram para dar conta das múltiplas tarefas cotidianas

jornaDa triPla. a méDiCa CaRla núBia JÁ tEvE DE amamEntaR SEuS FilHoS noS intERvaloS DoS PlantõES noS HoSPitaiS

Rafael Dantas

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11Algomais • Maio/2016

relevância de mobilizar uma rede de apoio familiar, negociar bem com o parceiro a divisão das atividades e, quando possível, na própria empresa por alternativas como horários mais flexíveis e a possibilidade de realizar parte da carga horária em casa.

A boa gestão do tempo é uma das características das mulheres que conseguem crescer profissionalmen-te sem abrir mão de estar presentes no crescimento dos filhos. A médica Carla Núbia Nunes Borges, 45 anos, já viveu a experiência de amamentar os filhos nos intervalos dos plantões. “Eles me acompanharam muito nos hospitais, principalmente nos finais de semana. Desde pequenos sempre combinamos muito os horários. Eles sofreram muito com essa rotina, mas sempre foram parceiros nessa minha caminhada”, conta a médica.

Nessa trajetória, além do traba-lho nos hospitais, Carla ainda passou pelo divórcio quando os filhos Lucas, Lara e Luiz tinham respectivamente 10, 8 e 7 anos. Se as responsabilidades aumentaram, ela seguiu crescendo profissionalmente e fez duas espe-cializações e um mestrado em ciência da saúde em paralelo aos empregos. “Foi bem difícil, mas fiz uma escolha. Sofri muito, pois me achava ausente. Mas investi em tempo de qualidade. A vida ficou dividida apenas entre eles e o trabalho. As festas e saída com ami-gas ficaram em segundo plano, mas não me arrependo”.

Mesmo com o tempo restrito, ela se esforçou para fazer ao menos duas refeições por dia com a família, além de aproveitar os finais de semana com os filhos. Férias, aniversários e Dia das Crianças eram motivo de festa. Duas bases de apoio nessa jornada fo-ram a sua mãe e o colégio.

Outra profissional da área de saú-de que divide trabalho, estudos e a maternidade é Gabriela Félix de Sou-za, 32. Hoje ela está em transição. É fisioterapeuta, faz faculdade de me-dicina e tem uma filha de 11 meses, Laura. A chegada da bebê foi plane-

jada. A angústia veio quando voltou à rotina de trabalho e estudante. “Re-tornar às atividades foi o momento mais complicado de transição. vol-tei às aulas quando Laura tinha dois meses. Não sabia se iria dar certo, a criança depende muito da mãe. No começo para sair de casa era bem di-fícil. Mas sempre deixei com alguma das avós”, conta.

Com a volta ao trabalho em pa-ralelo aos estudos, ela só fica com a bebê no começo da manhã e no pe-ríodo da noite. “Reduzi minha carga horária profissional, saí de um hos-pital, mas mesmo assim me cobro muito pelo fato de estar ausente. A cobrança é muito maior minha que de outras pessoas”. A rotina da pequena hoje é no hotelzinho das 7h às 18h. A mãe, além do emprego e do tempo na faculdade ainda se desdobra para manter os estudos em dia. Muitas ve-zes usando as madrugadas.

As preocupações com os cuida-dos com os bebês nos seus primeiros meses, quando associados ao acú-mulo das funções profissionais e de casa levam muitas mulheres a ten-sões emocionais mais intensas. “As mulheres entraram no mercado de trabalho, mas os homens não entra-

cobrançaGaBRiEla EStuDa, tRaBalHa, maS SE CoBRa PElo PERíoDo quE EStÁ auSEntE Da FilHa lauRa, aPESaR DE tER REDuziDo a CaRGa HoRÁRia no tRaBalHo

amaurY cantilino

O receio de ter seu espaço preenchido pelo profissional que a substituiu na gestação é muito presente"

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12 Algomais • Maio/2016

ram em casa, no cuidado com os fi-lhos, na mesma intensidade. Recebo nos consultórios muitas mulheres com depressão pós-parto ou vivendo muitos conflitos na volta ao trabalho. Elas têm uma sensação subjetiva de responsabilidade do cuidado com o filho que o homem não tem”, afir-ma o médico Amaury Cantilino, que é professor adjunto departamento de psiquiatria da uFPE e membro da Co-missão de Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Além dessa preocupação com os filhos, o médico relata que a competiti-vidade no mercado profissional, pouco flexível às mães, também angustia as mulheres. “O receio de ter seu espa-ço preenchido pelo profissional que a substituiu na gestação é muito presen-te. Nessa volta ao trabalho, com fre-quência há uma sensação de ameaça no emprego. A necessidade de se au-sentar no adoecimento dos filhos, por exemplo, cria nas mães uma impressão

no trabalhoquanDo não tEm Com quEm DEixaR aS CRiançaS, PRiSCila kRauSE lEva oS FilHoS PaRa o ESCRitóRio. na viDa PolítiCa, ElES JÁ a aComPanHaRam até Em CamPanHa

de vulnerabilidade da sua empregabi-lidade”, explica Amaury.

Esse dilema dos possíveis prejuízos na competitividade profissional femi-nina se aqueceu neste ano com decla-rações do polêmico parlamentar Jair Bolsonaro que defendeu que as mulhe-res recebessem menos por engravidar. Apesar da chuva de críticas recebidas pelo deputado federal, sua opinião se-gue sendo uma realidade no mercado de trabalho no Brasil, em que as mulheres ainda ganham 30% a menos que os ho-mens, de acordo com pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esse preconceito com as mulheres tem retardado as gestações e levado também à recusa da maternidade. Resultado dis-so é que no Censo 2010, 20% das famí-lias não tinham filhos. No Censo 2000 eram 14% das famílias nessa situação.

mãe e Parlamentar. A deputada estadual Priscila Krause dividiu os últimos anos da sua vida parlamentar com o cuidado com os filhos Mateus, 6, e Helena, 5. Entre as sessões, ela contou com a família e com sua equi-pe de trabalho para acompanhar as crianças. Até o ex-governador Gusta-vo Krause já participou de reunião na escola. “O desafio foi grande e conti-nua sendo. Meu primeiro filho nasceu

em 2010, quando eu era vereadora e candidata à deputada estadual. Esse período me exigiu muito equilíbrio emocional. E é um período em que to-das as mulheres estão muito mexidas do ponto de vista hormonal. É preciso muito apoio de quem está perto para poder dar conta”, afirma Priscila.

O gabinete parlamentar vez por outra é onde as crianças se abrigam, para ficar mais pertinho da mãe e quando não é possível deixá-los com pessoas de confiança. “Minha luta hoje é como de qualquer mulher com vida profissional ativa. Preciso que meus meninos estejam em seguran-ça, bem assistidos para eu sair de casa e trabalhar. Quando não estão ou levo para trabalho ou cancelo compro-misso”, afirma. Algumas escolhas não são fáceis. A parlamentar lembra que a sua diplomação no ano de 2012 coincidiu com o mesmo dia e turno na festa natalina de seu filho Mateus. um evento para o qual ele se preparou por meses. Ela optou pelo programa que era mais relevante para a família. E disse que não se arrepende.

Lutas femininas foram vencidas nas últimas décadas. Os próximos avanços passam por a sociedade, in-cluindo as empresas, oferecer mais apoio às mães trabalhadoras.

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Joca Souza leão*

Pano Rápido

Interfonei pro porteiro do prédio logo que ouvi o apito a distância: “Ó, por favor, quando o ho-mem do cuscuz passar

por aí, chama ele e me avisa que eu desço.”

Desci com dois deposi-tozinhos de plástico e R$ 10. Doce ilusão. Não deram pra quase nada. um depósito vol-tou vazio. “um é dois e três é cinco”, disse Seu Amaro, de quem sou freguês desde que voltaram a vender cuscuz nas ruas daqui do Espinheiro. E ele tinha uma versão afiada para justificar a inflação do cuscuz:

– É o dólar, doutor, é o dó-lar...

– Seja lá por que, Seu Amaro, o cuscuz diminuiu de tamanho e o pre-ço tá de lascar – respondi concordan-do, mas sem concordar muito.

O tabuleiro de alumínio, forra-do com folha verde de bananeira, já estava aberto sobre o cavalete. Os cuscuzes amarelinhos, com algum, pouco, coco ralado por cima, ofere-ciam-se sensuais qual peitinhos de moças, com biquinhos e tudo.

“O dólar subiu, doutor, o milho sobe junto. Toda vez é assim. Ago-ra, quando o dólar cai, o milho não cai. Noutros cantos eu não sei como é, não; mas no Brasil é assim, subiu, tá subido... e não baixa mais nem a pau.”

Subi os 11 andares de elevador, meus seis cuscuzinhos na mão, já an-

tecipando cheiro e gosto do café pas-sado na hora e queijo de coalho assa-do na tefal. Botei água no fogo e fiquei ali pensando, enquanto aguardava a pré-fervura (para um bom café, que não se deixe a água ferver).

Se o cuscuz de milho fosse fran-cês, teria várias lendas em torno dele, como toda comida e bebida francesa que se preza. Assim como dizem que a taça de champanhe foi moldada em porcelana nos seios de Maria Anto-nieta, mulher de Luís XvI, diriam, quem sabe, que a cuscuzeira fora moldada nos peitos (não mais nos “seios”, mas “peitos”) de Brigitte Bardot. E teríamos grandes cuscuzes, vendidos em dupla: BB.

Como se sabe, o cuscuz (kuzkuz, segundo Antônio Houaiss) é árabe. Feito de sêmola de trigo. E não de

milho. Nossas primeiras cozinheiras (portuguesas, africanas e descendentes) usaram milho por falta de trigo. Como, pelo mesmo motivo, usaram macaxei-ra e mandioca para os seus bolos. Aqui no Nordeste, sabiamente, acrescenta-ram-lhe o leite de coco.

Meu pai morreu sem nunca ter experimentado cuscuz industrial, pré--cozido. “Isso não pode deixar de ser uma porca-ria. Parece isonor moído.” E priu! Assunto encerra-do. Na casa dele, milho e coco ralados na hora. O milho, com o “rapador” sobre o balcão. O coco, a cozinheira “rapava” uma quenga por vez; arrepa-nhava a saia com a mão e sentava sobre a parte de

madeira do “rapador”. Depois, era só torcer o pano com coco ralado, mo-lhando com água fervente... e tinha-se o leite de coco. “Industrial – dizia meu pai – tem gosto de sabão.” Cuscuzeira no fogo por 15, 20 minutinhos... um açucarzinho por cima... e só.

Meu pai comia tudo com mantei-ga e açúcar: cará, batata-doce, ma-caxeira, banana-comprida, tapioca, queijo assado, tudo.

Como diz meu amigo e ex-colega de turma Alceu valença, “Pernambu-co não existiria sem o açúcar. É o doce e o amargo, é o doce para quem plan-tava, para os senhores de engenho, para a classe dominante; era o fel para os escravos”.

* Joca Souza Leão é cronista

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A INFLAçãO DO CuSCuz

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14 Algomais • Maio/2016

economia jorGe jatobÁ

Economista

A questão fiscal

Quando uma família gasta mais do que a soma dos rendimentos dos seus membros ela incorre em déficit. Estando no ver-

melho, essa família pode recorrer a empréstimos para co-brir a diferença e/ou buscar reduzir drasticamente suas despesas ou ainda, se possível, trabalhar mais para elevar a renda familiar. Caso não faça nenhum ou pouco esforço para gastar menos ou se não puder ganhar mais por conta de um mercado de trabalho adverso, a fa-mília cobrirá seus gastos com emprés-timos pagando juros altos, especial-mente se recorrer ao cheque especial.

Se insistir na prática do endivida-mento, essa família vai parar nos limi-tes de crédito oferecidos pelos bancos ou vai pagar juros cada vez mais altos por conta do risco de, eventualmente, não saldar o débito. Além disso, nin-guém vai querer ser parceiro de uma família endividada para nenhum ne-gócio por medo de que ela não venha honrar seus compromissos. Os encar-gos da dívida (juros, correção monetá-ria, multas etc.) irão ganhando espaço nas despesas da família e a relação en-tre o total da dívida e a renda da família irá se elevar rapidamente.

Eventualmente essa família será fi-nanceiramente insolvente, tendo que se desfazer de patrimônio, se tiver algum, para pagar o que deve. Em tese essa fa-mília deveria gastar menos do que ga-nha e fazer uma poupança para pagar a dívida e seus encargos. Isso faria com que a relação entre o total da dívida e a renda familiar caísse e, eventualmente se estabilizasse. Essa descrição – guar-dadas as devidas proporções e concei-tos – aplica-se ao caso brasileiro que está enfrentando uma grave crise fiscal.

De fato, o descontrole das contas públicas está no cerne dos problemas econômicos enfrentados pelo Brasil. O desajuste fiscal gera inflação, eleva os juros, compromete a provisão de

las agências de rating, sendo a melhor certificação a do grau de investimento, status que o País perdeu recentemente.

O governo deveria fazer uma poupan-ça para pagar os encargos da dívida. Essa poupança é definida como a diferença entre receitas e despesas não financeiras, ou seja, o superávit primário. Quando a poupança é negativa, o governo tem que pedir mais dinheiro emprestado, o que significa rolar a dívida aumentado, assim, o seu estoque. O descontrole se manifesta

tanto pelo crescimento do déficit primário quanto pelo aumento da relação dívida bruta-PIB.

Esta é a essência do problema fiscal brasilei-ro. O País apresenta des-de 2014 déficits primários sucessivos, inclusive pre-vistos para 2016, e uma

elevação da relação dívida bruta-PIB. O déficit nominal - a diferença entre o total das receitas e despesas - vem também se elevando como uma pro-porção do PIB. Essa diferença aumen-tou de 2,96% para 10,38% do PIB en-tre 2013 e 2015. Por sua vez o superávit primário de 1,72% do PIB, em 2013, transformou-se em déficit primário de 1,88% em 2015. E a relação dívida bru-ta-PIB elevou-se de 53,8% para 67,6% do PIB entre 31/12/2013 e 31/12/2015. Essa trajetória é insustentável podendo chegar, em 2018, a R$ 4 trilhões, cerca de 80% do PIB.

O ajuste fiscal não é um fim em si mesmo, mas um meio para se retomar o crescimento econômico e continuar com os programas de proteção e de desenvolvi-mento social de que o País tanto necessita. Famílias e governos precisam ser financei-ramente saudáveis para dar conta de suas responsabilidades e propiciar bem-estar para todos. O ajuste das contas públicas não é uma questão ideológica como muitos dão a entender. É uma questão financeira. Se assim não for entendido enfrentaremos dificuldades crescentes.

[email protected]

serviços públicos essenciais, abocanha parte da poupança do setor privado e trava os investimentos públicos – por falta de recursos – e privados, pois gera incerteza entre os empresários so-bre a solvência financeira do País. Além disso, o setor privado não aceitará um parceiro para investimentos que esteja altamente endividado e que, eventual-mente, possa se tornar insolvente.

O fato é que por muitos anos o Brasil vem apresentando taxas de crescimento

do gasto público acima do crescimento do PIB. Gasta-se mais do que se arre-cada, daí decorrendo a necessidade de se endividar para cobrir a diferença. Quando isso ocorre o Estado brasileiro é obrigado a pedir dinheiro empresta-do às pessoas, às empresas, aos bancos e aos fundos de investimento, nacionais e estrangeiros. Para tanto o Tesouro Na-cional emite títulos da dívida pública que são remunerados com juros acres-cidos da variação na inflação oficial ou da variação de outros indexadores.

Para que o mercado os adquira, as-sim emprestando dinheiro ao governo, é necessário não só que os juros sejam atrativos e que se situem acima da in-flação, mas que sejam também segu-ros, isto é, que o valor aplicado origi-nalmente mais os encargos sejam, de fato, pagos pelo governo na data do resgate ou, fora dela, no dia em que o credor decidir recuperar o que aplicou de volta. Portanto, tem que haver se-gurança de que o dinheiro emprestado pelo credor seja pago pelo devedor, ou seja, pelo Tesouro Nacional. O grau de segurança do pagador é medido pe-

O descontrole das contas públicas está no cerne dos problemas econômicos enfrentados pelo Brasil

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16 Algomais • Maio/2016

Empresa lança no Recife serviço especial de transporte para pessoas que apresentam dificuldades de locomoção

empreendedorismo

Motorista e também cuidador

Antenado com as demandas da população com dificul-dades de locomoção, aca-ba de surgir no Recife, um

serviço especializado em logística de transporte de pessoas com mo-bilidade reduzida. A empresa Essen-ce Cuidados é quem está trazendo a novidade de olho no processo ace-lerado de envelhecimento do País. Mais de 6% dos brasileiros possuem alguma deficiência, segundo o IBGE, portanto há um público elevado a ser atendido nesse nicho de mercado. Com a vida atribulada que as pessoas têm hoje, fica muito difícil alguém assumir o deslocamento com a regu-laridade que o familiar precisa. Além do transporte por motivações mé-dicas, a empresa atenderá o público que precisa se deslocar para lazer.

“Estamos trazendo um novo ser-viço para a cidade. Nossos profissio-nais não são motoristas, mas cuida-dores capacitados. Dependendo do tipo de enfermidade, poderá estar à disposição também um técnico de enfermagem. Além do deslocamento, acompanhamos o paciente durante o atendimento, caso necessário”, afir-ma o diretor da empresa, Rafael Bitu.

A Essence Cuidados pertence ao Grupo urja Social, responsável pela operação do PE Conduz, programa do Governo do Estado que realiza o transporte porta a porta de pessoas com deficiência. A proposta da dire-ção é trazer para a iniciativa privada

um serviço semelhante ao ofertado no setor público, com o uso intenso de novas tecnologias. “Pretendemos preencher o hiato no mercado para esses familiares de pessoas com mo-bilidade reduzida. Só quem vive o dia a dia com pessoas nessas condições em sua família sabe quão difícil é a logística para levar para tratamento ou para algum passeio, com o devido acompanhamento de um cuidador”.

Quanto à tecnologia, será possível acompanhar em tempo real o deslo-camento do paciente. Os veículos são equipados com câmera e as imagens podem ser acessadas pela internet. Além do que os cuidadores farão o re-gistro de cada etapa do trajeto (quando o paciente é embarcado, ao chegar e ao sair da clínica e no retorno para casa).

O acompanhamento online também faz parte do transporte de lazer.

O preço do serviço varia de acordo com o tempo necessário do acompa-nhamento pelo cuidador. Para o cui-dador com transporte em carro regu-lar, a hora de atendimento fica por R$ 60. Se o cliente precisa de um carro adaptado (caso dos cadeirantes, por exemplo), o valor de uma hora é de R$ 75. Se a família fechar um pacote, a empresa trabalha com descontos. A princípio o serviço será ofertado ape-nas na Região Metropolitana do Reci-fe, mas a Essence projeta chegar em Caruaru e Petrolina.

Serviço: Mais informações sobre a Essen-ce Cuidados no telefone: (81) 3419-8086 ou pelo site: www.essencecuidados.com.br

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18 Algomais • Maio/2016

Surgida no projeto o Recife que Precisamos, proposta de planejar a cidade no longo prazo é colocada em prática

urbanismo

Planejamento em marcha

Planejar é criar o futuro. A afirmação muito divulgada entre os teóricos de gestão de empresas cabe perfeitamente

para a vida pessoal e também para a administração de uma cidade. Essa valiosa recomendação, no entan-to, tem sido relegada há décadas por gestores municipais no Brasil afora. Diante dessa realidade, a TGI Consul-toria em Gestão junto com o Obser-vatório do Recife, e apoio editorial da Revista Algomais, elaboraram o pro-jeto O Recife que Precisamos, após debates com vários setores da socie-dade. A proposta reúne cinco tópi-cos, entre eles a necessidade de se ter um planejamento a longo prazo para construir uma cidade melhor para se viver.

As sugestões do projeto foram apresentadas aos candidatos nas elei-ções passadas. Eleito, Geraldo Julio encampou a proposta e daí surgiu o projeto Recife 500 anos. O que foi realizado até agora pela prefeitura? Quais são os próximos passos? Para responder a essas indagações foi rea-lizada uma reunião na sede da TGI.

O evento contou com represen-tantes da sociedade organizada que ouviram uma explanação de Guilher-me Cavalcanti, diretor-executivo da Aries (Agência Recife para Inovação e Estratégia), que está capitanean-do o Recife 500 anos. Cavalcanti fez uma exposição detalhadas das ações meta. RuBén quER EnGaJaR a PoPulação Francisco BuSCaR um novo imaGinÁRio

escuta. CavalCanti: FoRam ouviDaS maiS DE 3 mil PESSoaS PaRa ConStRuiR o Plano

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já realizadas. “A reunião foi uma ma-neira de executarmos o controle so-cial do projeto, acompanhando como ele está sendo implantado”, defende Rubén Pecchio, membro do núcleo executivo do Observatório do Recife.

Cavalcanti explicou que a Aries foi criada a partir da iniciativa da socieda-de civil organizada, Núcleo de Gestão do Porto Digital e a Prefeitura do Recife. A agência está coordenando a constru-ção do Plano Estratégico de Desenvol-vimento de Médio e Longos Prazos para a Cidade do Recife, que tem como referência o aniversário de 500 anos da capital em 2037. A ideia é de que até essa data a cidade passe por uma trans-formação estrutural, a partir de melhorias impulsionadas por quatro eixos: inclusão e desenvolvimen-to, desenvolvimento econômico, espaço urbano e mobilida-de, e sustentabilidade ambiental.

um dos primei-ros passos dados pela Aries, segundo Ca-valcanti, foi conhe-cer a experiência de outros países, como a Holanda. “A uFPE e o CAu-PE (Conse-lho de Arquitetura e urbanismo de Per-nambuco) realiza-ram em 2012 o rXa (Recife Exchange Amsterdam), evento onde arquite-tos e urbanistas dos dois municípios buscaram soluções urbanísticas para o centro expandido do Recife. De lá surgiu a ideia de ter como marco do projeto os 500 anos da cidade”, in-forma o diretor da Aries.

ParticiPação. A linha de atuação da agência tem sido abrir espaço para a participação de vários segmentos na elaboração do plano. Por isso foi ins-tituído o Conselho Recife 500 anos, composto por diversos rerepresen-tantes da sociedade civil, da iniciati-va privada e do poder público. Ele é acionado em momentos de reflexões

e construções estratégicas.Para estimular ainda mais o en-

volvimento da sociedade, foram ou-vidas cerca de 3.500 pessoas, entre moradores de diversos bairros da cidade, dos movimentos negro e fe-minista, associação de moradores, empresários entre muitos outros. “Achávamos que seria difícil engajar a população para discutir qual futu-ro desejavam para a cidade, mas para nossa surpresa as pessoas compar-tilhavam da necessidade de discutir

mudanças urbanas estruturais", co-memora Cavalcanti

“Dessa escuta produzimos a visão de futuro da cidade almejada pelos moradores, que tem 20 atributos, que são proposição de linhas de ação a serem trabalhadas”, explica o diretor da Aries. Entre os temas levantados estão meio ambiente, consolidação de novos padrões de convivência so-cial, mobilidade e desenvolvimento econômico. Também foram aborda-dos temas que são transversais, isto é, são fundamentais para a solução de vários outros problemas como a desigualdade social, a discriminação racial e a segurança.

O acesso à educação de qualida-

de, entretanto, foi considerada como um vetor fundamental de transfor-mação para solucionar todos os de-mais 19 atributos. “A educação está na causa de problemas como a vio-lência e a desigualdade social”, resu-me Cavalcanti.

visão De Futuro. O próximo passo será detalhar esses temas em visões de futuro para costurar as transfor-mações que a cidade precisa. “A par-tir dessa estratégia de implementa-

ção, vamos fazer uma carteira de projetos que esperamos que seja algo em torno do qual a cidade possa se engajar”, espera Ca-valcanti.

Para Rubén Pec-chio, o projeto Par-que Capibaribe seria uma das maneiras de promover esse enga-jamento e ao mesmo tempo realizar uma síntese de todas as 20 questões levantadas na escuta à popula-ção. O projeto é uma iniciativa que promo-ve a articulação do rio e os espaços urbanos, conectando suas mar-gens com equipamen-tos existentes na cida-de e espaços de área verde e de lazer, crian-do ciclovias e interli-gando vias de ônibus.

“O projeto propõe o conceito de cidade parque e é a síntese mais fácil de ser apreendida pela sociedade. O rio percorre a cidade inteira e pode ser o fio condutor do processo econômi-co”, sugere Pecchio. Quem sabe, seja esta a saída para formar um novo ima-ginário da população recifense sobre a cidade, que é defendido pelo con-sultor Francisco Cunha, sócio da TGI. “Precisamos sair da dicotomia que é olhar o Recife de uma forma megalo-maníaca – que origina frases como ‘o Beberibe junta-se com o Capibaribe para formar o oceano Atlântico’ – ou depreciativa, na qual surgem expres-sões como Hellcife. Isso precisa mu-dar”, defende o consultor.

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20 Algomais • Maio/2016

maior templo do Recife possui afrescos de murilo la Greca e arquitetura que impressiona o visitante pela beleza

arruando pelo Recife e por Olinda

Nossa Senhora da Penha, a joia de nossas igrejas

leonardo Dantas Silva

Neste nosso Arruando pelo Recife, vamos através do bairro de São José, em busca da Praça do Merca-

do, buscando uma visita à Basílica de Nossa Senhora da Penha de França, uma das joias de nossa arquitetura religiosa, recentemente restaurada pelos frades capuchinhos, sob a di-reção do frei Luís de França Fernan-des.

Construída entre 1869 e 1882 pelos capuchinhos franceses, ins-talados naquele local desde o ano de 1656, quando ergueram seu pri-mitivo hospício, o suntuoso templo desperta as atenções de todos que se dirigem ao bairro singular do Re-cife. Sendo a única igreja da capital pernambucana em estilo coríntio, a basílica foi construída em forma de cruz latina, obedecendo a projeto ar-quitetônico do frei Francesco de vi-cenza, entre 1869 e 1882, guardando uma certa semelhança com a Basíli-ca de Santa Maria Maior, de Roma.

As portas principais são entalha-das em madeira, com cenas bíbli-cas, apresentando seu frontispício

dez imagens de santos esculpidas em mármore em tamanho natural. O conjunto possui duas torres finas laterais (40 m de altura) que ladeiam uma torre central (zimbório) sobre o qual se encontra uma imagem de Nossa Senhora da Penha, em bronze dourado e tamanho natural, domi-nando todo conjunto.

Trata-se do maior templo do Re-cife (65,70 m de comprimento por 28,40 m de largura), distribuído em três naves sustentadas por grossas colunas de mármore italiano, que exibem sob sua cúpula central, nos ângulos destacam-se entre as arca-das, preciosos afrescos, únicos exis-tentes no Brasil, pintados pelo artista Murillo La Greca (1899-1985), re-presentando os evangelistas Marcos, Mateus, Lucas e João.

Murillo La Greca, nascido vicen-te La Greca, nasceu na cidade per-nambucana de Palmares, em 1899, tendo falecido no Recife, em 5 de julho de 1985. Começou suas lições de pintura no Colégio Salesiano do Recife, seguindo depois, aos 18 anos, para o Rio de Janeiro e finalmente

DestaquesCHama a atEnção o tEto RiCamEntE oRnaDo Com PintuRaS E oS DEtalHES aPliCaDoS ao CoRo

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21Algomais • Maio/2016

to urbano com sua imagem relicário contendo ossos, dentes e sangue do mártir, trazida de Roma em 1793.

Na Basílica da Penha, chama a nossa atenção o túmulo do 17º bispo de Olinda, frei vital Maria Gonçalves de Oliveira, nascido em També (1844) e falecido em Paris (1878), figura cen-tral da Questão Religiosa. Cumprin-do determinações do vaticano, Dom vital interditou algumas irmandades do Recife que mantinham maçons em seus quadros. A questão com a maço-naria tomou vulto e, por desobediên-cia às ordens do imperador, veio ele a ser preso em 2 de janeiro de 1874.

Condenado a quatro anos de tra-balhos forçados pelo Supremo Tri-bunal de Justiça, em 21 de setembro, é, porém, anistiado em 17 de setem-bro do ano seguinte. Seu mausoléu, projetado pelo arquiteto Giácomo Palumbo e esculpido por João Bereta de Carrara, foi inaugurado em 4 de julho de 1937.

Trata-se de uma visita obrigató-ria para todos os que visitam a cida-de do Recife, visto tratar-se de um dos mais belos templos católicos do território nacional.

Roma. voltando ao Brasil em 1926, veio consagrar-se como grande ar-tista, ao conquistar vários prêmios no Salão Oficial de Belas Artes (1927) e a dividir atelier com Cândido Por-tinari. Já casado com a artista Sílvia Decusati (1936), depois de uma tem-porada na Itália, volta ao Recife para pintar os afrescos da Basílica de Nos-sa Senhora da Penha, representando os quadros evangelistas (3 metros al-tura), trabalho que concluiu em 1946 com auxílio de sua mulher.

Continuando a nossa visita à Ba-sílica de Nossa Senhora da Penha, extasiados diante do colorido do seu interior; mais parecendo-se com um imenso cenário pintado diante dos nossos olhos do que mesmo uma obra de arquitetura. Destaque espe-cial para o conjunto de colunas em mármore a separar as três naves do templo, as pinturas do teto, detalhes aplicados ao coro e aos dois púlpitos, colunatas e altar-mor, com a escul-tura da padroeiras rica em detalhes, centralizando às atenções junta-mente com a urna do Santíssimo Sa-cramento e as capelas laterais. Nos altares laterais, destaca-se o de San-

luxo. tRêS navES São SuStEntaDaS PoR GRoSSaS ColunaS DE mÁRmoRE italiano

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Trabalho social rompe fronteiras Site que conecta onGs a pessoas que querem ser voluntárias é imitado em outras cidade e tem até estrangeiros cadastrados

RecifeemPauta

O Transforma Recife, platafor-ma digital que conecta orga-nizações não governamentais e voluntários, completou um

ano em março último e, apesar da pouca idade, já rendeu resultados. O projeto recebeu prêmios, como o Inovacidade 2016, que reconhece práticas inovado-ras e desafios da transformação urba-na sustentável. O sucesso do programa inspirou as cidades de Petrópolis (RJ), Campinas (SP) e Salvador (BA) a desen-volveram projetos semelhantes.

Idealizado pela Prefeitura do Reci-fe, o programa criou um site que liga as organizações não governamentais da cidade a indivíduos que desejam trabalhar como voluntários em ações

cidadania

sociais. "Hoje, temos mais de 400 or-ganizações cadastradas e mais de 70 mil pessoas que se ofereceram para participar de alguma atividade como voluntário", afirma Fábio Silva, coor-denador do projeto.

uma das marcas do Transforma Recife é o voluntariômetro, equipa-mento instalado na Avenida Agame-non Magalhães, uma das vias mais movimentadas da cidade. "Ele já está computando quase 400 mil horas de trabalho voluntário em um ano. O projeto, portanto, se transformou no maior programa de políticas públicas do Brasil voltado para o fortalecimento do terceiro setor e de convocação da sociedade civil", completa Fábio.

Quem entrar na plataforma digital, achará todas as organizações sociais da cidade. Lá, informará quantas ho-ras poderá trabalhar e os dias da sema-na. "Achamos que por meio do Trans-forma Recife, estamos construindo

GarotaDa. RoDRiGo luCaS, DE 25 anoS, é voluntÁRio DE Contação DE HiStóRiaS atRavéS Da aSSoCiação EmPREEnDElER

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um modelo de impacto social para o Brasil. Ele se tornou algo tão gran-de que outras cidades também estão montando projetos parecidos, como Petrópolis, Campinas e Salvador. Isso significa que a vontade das pessoas em ajudar não é exclusiva do Recife. Antes, elas queriam ajudar, mas não sabiam como", constata.

O programa começa a ter alcance internacional. Em março, 25 estudantes de 10 países chegaram ao Recife para co-meçar o trabalho voluntário através do projeto. De acordo com Fábio Silva, uma organização cadastrada disponibilizou vagas para intercambistas. "As vagas fo-ram preenchidas por pessoas que dese-javam passar o período de intercâmbio. A organização começou a solicitar na plataforma casas para esses voluntários se hospedarem durante o tempo do in-tercâmbio no Recife", explica. "Isso aca-bou até facilitando ainda mais o envio de intercambistas. Além disso, essas pes-soas que vêm para exercer o trabalho de cidadania, podem pesquisar através da internet as vagas que querem exercer e as organizações que precisam dessa ajuda", completa. Por serem estrangeiros, gran-de parte desses intercambistas são alo-cados como professores para ensinarem seus idiomas nativos.

uma das Organizações Não Gover-namentais cadastradas no Transforma Recife é o Centro de Educação Comu-nitária Gabriela Feliz, na Caxangá, que completa 20 anos em outubro. "Com a chegada do Transforma Recife, começa-mos a lançar na plataforma as vagas dis-poníveis que tínhamos aqui. Queríamos um atendimento jurídico, por exemplo, mas não tínhamos como pagar. Quan-do anunciamos no site, surgiram logo 16 pessoas inscritas. Hoje, temos um calendário fixo que os advogados aten-dem gratuitamente as pessoas", revela a pedagoga Cláudia von Sohsten, gestora da ONG.

A ajuda foi de fundamental impor-tância para o crescimento do Centro de Educação Comunitária Gabriela Feliz. A administradora do local faz questão

de enaltecer os projetos iniciados após o Transforma. "Antes só tínhamos educação infantil para as crianças da comunidade. Hoje, somos um centro de serviço social. Além da educação, dispomos de cursos de qualificação profissional e uma cooperativa de mu-lheres que já está gerando renda. Isso tudo é por conta do Transforma porque foram e são os voluntários que dão as aulas. Antes não tínhamos condições de oferecer. Hoje, nós podemos", diz Cláudia. De acordo com ela, são 24 vo-luntários trabalhando na organização.

O bacharel em direito Alberto Ma-galhães Pires, de 23 anos, é um dos 70 mil inscritos no programa. Ele se inscreveu no Transforma Recife para promover o espírito de voluntário que já possuía. "Eu já trabalhava nas orga-nizações Cores do Amanhã e na Salve

Sertão, na qual sou um dos fundadores. Eu me cadastrei no Transforma Recife justamente para ajudar outras institui-ções", diz. O sentimento em ajudar o próximo é o prêmio do trabalho. "Dian-te do auxílio aos outros, nós acabamos nos ajudando também. Pensamos que no trabalho voluntário damos alguma coisa, mas, na verdade, recebemos bem mais. Sou muito feliz com que faço e acredito que esse é o caminho. É uma esperança de qualidade de vida melhor para outras pessoas", afirma.

Serviço - o cadastramento está dispo-nível à população através do site www.transformarecife.com.br. Também é pos-sível realizar a inscrição na sala física do projeto. O espaço está localizado na Rua Domingos José Martins, 95, no Bairro do Recife, das 9h às 12h e das 15h às 17h.

Destaques. ao laDo, a FESta DE aBERtu-Ra Do tRanSFoRma RECiFE, quE PoSSui vo-luntÁRioS ESPECializaDoS Em DivERSoS SERviçoS, Como o oDontolóGiCo

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com potencial de se tornar importante vantagem competitiva. Para que isso aconteça, todavia, é preciso que a sus-tentabilidade esteja, de fato, incorpo-rada à estratégia do negócio.

Gestão maistGi consultoria em Gestão

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Sustentabilidade e estratégia do negócio

A chamada gestão susten-tável, na medida em que articula de modo indis-sociável as dimensões econômica, social e am-

biental, representa a interseção con-vergente dos interesses empresariais com os interesses da sociedade.

Nessa perspectiva, a avaliação do desempenho empresarial não se pode traduzir apenas em variáveis econô-micas e/ou financeiras. Requer, por exemplo, incorporar variáveis intan-gíveis como satisfação dos emprega-dos, imagem para o cliente ou repu-tação, que representam tanto quanto os resultados financeiros e que são construídas mais nas interações e po-sicionamentos da empresa com seus diversos públicos do que apenas na qualidade dos produtos, no seu pa-drão de produtividade ou na dinâmi-ca comercial.

Algumas tendências são clara-mente perceptíveis a qualquer ob-servador dos conteúdos das propa-gandas ou das notícias nas diversas mídias, como as seguintes:

1. práticas de responsabilidade social e exercício da cidadania empresarial estão, cada vez mais, na pauta da gestão;

2. princípios como transparência e visibilidade dos impactos da ação das corporações sobre o ambiente e as comunidades às quais se vinculam começam a ser cobrados;

3. cuidados com a gestão da ambiên-cia, ou clima interno, adotando práti-cas de valorização e reconhecimento dos empregados estão cada vez mais presentes no dia a dia das empresas;

“Não existe Plano B simplesmente porque não existe Planeta B.”

Ban Ki-moon, secretário geral da OnU.

4. acesso a informações e sua disse-minação deixam de estar submetidos aos controles internos da corporação e se tornam disponíveis nas redes abertas, na maior parte das vezes, mesmo para além de qualquer con-trole;

5. crescente consciência dos direitos de cidadania por um número cada vez maior de clientes, empregados e fornecedores exige das empresas atitudes de respeito, seriedade e res-ponsabilidade;

6. mudanças de postura dos clien-tes e consumidores, que se mostram muito mais propensos a adquirir pro-dutos que não prejudiquem o meio ambiente, estão se tornando corri-queiras na realidade organizacional.

Ao mesmo tempo, o poder públi-co avança nos mecanismos de regu-lação e em processos de simultanei-dade e cruzamento de informações que ampliam o controle social sobre as empresas. Instituições desse tipo de controle como o Ministério Públi-co tornam-se cada vez mais ativas e vigilantes.

uma conclusão possível da análi-se dessas tendências é que a sustenta-bilidade deve ser apropriada cada vez mais pela gestão empresarial como uma variável necessária, inclusive

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emocionado e que está chorando um pouco alto para quem está trancando numa lata velha voadora. E o gordo simpático sentado ao seu lado já está com o braço estendido a oferecer-te um lenço. E a aeromoça, aquela mes-ma que instruiu sobre a porta, per-gunta se você está passando bem.

E você tem uma vontade incon-trolável de perguntar se essa porta, caso abrisse, nos levaria a um mundo melhor. De mais tolerância, respeito, inclusão, acessibilidade, acolhimen-to. E ao aterrissar você liga para a mãe dos seus filhos para perguntar o placar do jogo. Com voz doce e suave, ela responde que seu arquirrival foi o vencedor. Então você diz que a ama, que a admira profundamente e que já está com saudade. E antes de desligar você houve ela dizer: “endoidou de vez”. E você sabe que, mais uma vez, ela tem razão.

Feliz dia das mães às superpode-rosas!

ninho De Palavras

[email protected]

Você está a dez mil pés. Seu time do coração joga, neste exato mo-mento, a final do cam-peonato. Você teve um

estressante dia de trabalho, na ca-pital federal. Além disso, acima das nuvens, nada de wi-fi, muito menos TV. Você imagina a cena da bola es-tufando a rede do goleiro adversário, mas logo se dá conta de quão incon-fiável é o ataque rubro-negro. Seu as-sento é o da saída de emergência. Isso mesmo! Aquele que não reclina. Você lembra das palavras da aeromoça, minutos atrás, com instruções sobre como abrir a porta em caso de neces-sidade. Você pensa em abrir a porta, mesmo sem necessidade. Essa ideia idiota logo lhe abandona. Você não consegue dormir, então pega papel e caneta. Dana-se a escrever. Tenta organizar a agenda do que resta da semana. Você anota que domingo é dia de almoçar com a família. Lembra que é Dia das Mães.

E por falar em mãe, você volta a sentir-se culpado por ter, na noite anterior, bisbilhotado aquela men-sagem que chegou no celular da mãe dos seus filhos, oriunda daquele gru-po de Whatsapp do qual ela não per-mite que você participe. Mas você pensa em logo agradecer a Deus por ter se atrevido a mexer e por ter se deparado com uma confraria ultras-secreta de mulheres que se intitulam “superpoderosas”. E pensa como é apropriado o nome desse grupo. Pra-ticamente uma seita. E como em toda a seita, o que impera são ideologias e conceitos divergentes dos sistemas dominantes.

Nessa confraria ultrassecreta ho-mem não entra, mas você entrou rapidinho. Só uma olhadinha. Lá, somente mães. Tão somente mães de pessoas com autismo. Ali trocam

ideias, dividem suas aflições, com-partilham sentimentos, frustrações, conquistas. Vibram com a vitória da outra. Estimulam o progresso dos meninos. Divulgam novidades. Tan-ta mensagem linda, você pensa. De apoio, de amizade. E você lembra o quão raro é o ombro amigo nos dias de hoje.

E você descobriu que foi ótimo ter entrado ali e ter dado aquela espiadi-nha. E descobriu que há tanta força nessas mulheres. Há tanto amor en-trega e dedicação. Tanta cumplicidade, bem querer, companheirismo. E é tão bonitinho ver que elas se referem aos filhos como “anjos azuis”. E você lem-bra que não é somente o fato de todas elas serem mães de pessoas com autis-mo que as une. Não! Você se dá conta de que há uma energia a mover esse barco onde juntas estão: o amor de mãe. O desejo, talvez inconsciente, de mudar tudo em volta, a sociedade mesmo. O esforço mútuo, contínuo, na tentativa

Superpoderosas

“E você descobriu que foi ótimo ter entrado ali e ter dado aquela espiadinha. E descobriu que há tanta força nessas mulheres”

bruno mourY FernanDes

Cronista

de alterar o curso nada natural do rio. Então você passa a perceber, ain-

da mais, que a luta diária não é só pelo desenvolvimento dos seus res-pectivos rebentos. É pela mudança de mentalidade nos outros também. E você pensa em mil maneiras de gri-tar ao mundo a admiração que possui por essas meninas, mulheres, mães. E você agradece a Deus por existirem Milenas, Danielas, Andréas, Sílvias, Julianas, Cândidas. E você deseja que elas se multipliquem mundo afora.

Então você percebe que está

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baião de [email protected] Freire

o Dia Da cirurGia

Foi divulgado um estudo inglês que analisou 4, 1 milhões de pacientes que foram submetidos a cirurgias eletivas (não emergência). Nas intervenções realizadas na sexta--feira, o risco de matar o paciente em até um mês depois chegou a 44%. Para as cirurgias feitas no fim de semana o pique foi assustador: 82%. Para todos os casos, a com-paração foi com a segunda-feira, dia confirmado como o mais fa-vorável para os operados, com um percentual insignificante de mor-talidade. O estudo sugere que as possíveis causas para as mortes se-jam o cansaço das equipes médicas e o menor número de profissionais nos hospitais durante o fim de se-mana. Tome nota: ser operado na sexta, ou no fim de semana, é mais arriscado.

sem anestesia

Até o início dos anos 1840 as cirurgias eram feitas a cru. Era assim que chama-vam as operações sem anestesia, porque até aqueles tempos esse recurso não existia. Os operados suportavam as dores da extração de um dente ou ampu-tação de um membro contando apenas com a força do médico para segurar os desesperados pelas dores. O ano da grande virada foi 1844, quando o dentista de Connecticut, Horace Wells, descobriu as propriedades anestésicas do óxido nitroso. Mesmo assim, a glória ficou para o sócio dele, o também dentista Wil-liam Morton, que teve mais sucesso na demonstração em 1846.

contra o sauDÁvel

Deu na pesquisa que a palavra “sau-dável”, quando se refere a alimento, sofre uma enorme rejeição do come-dor. O teste foi feito com 400 adultos e mostrou que 65% jogaram pra lá todo produto que ostentava esse ró-tulo.

PaPaGaios

O Brasil tem 90 espécies de papagaios. A maioria é totalmente desconhecida até dos maiores admiradores do bicho verde. O mais tolerante à presença humana, e que pode ser encontra-do em todos os Estados, é o periquito-rei. um dos mais bonitos, mas difícil de encontrar, é o papagaio-de-peito-roxo, nativo da Mata Atlântica e de florestas de araucária, ameaçado de extinção.

PeriGo

A indústria de automóveis está pre-parando um sistema para adaptar antivírus para carro. Os motores já estão sujeitos a ataques via internet. Os hackers partiram na frente e já co-meçaram a praticar algumas traqui-nagens.

Falar cura

Freud fez essa descoberta há mais de um século. Assim foi inventada a psicoterapia.

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integrante do Grupo manifesto, cantor e compositor, que participou dos festivais da canção, prepara seu terceiro CD

música

Zé Renato de volta à MPB

O cantor e compositor zé Renato, que nos anos 60 integrou o Grupo Mani-festo e chegou a participar

dos inflamados festivais da canção no Maracanãzinho – prepara-se para produzir seu terceiro CD. "Será um trabalho de MPB, que, na verdade, é mais a minha praia. A característica da minha música é muito mais acen-tuada para linha da bossa nova e vol-tada especificamente para a minha dissonância musical. Já estou partin-do para fazer os arranjos", revela.

No ano passado, zé Renato, aprovei-tando-se de sua versatilidade, lançou-se em outras águas ao realizar o CD zé Re-nato São João, composto por músicas de forró. Os discos são mais uma etapa da sua trajetória artística que teve início no Rio de Janeiro. Recifense, de nascimen-to, José Renato Silva Filho, aos 5 anos foi morar na Cidade Maravilhosa, porque seu pai recebera um convite para trabalhar na mítica Rádio Nacional. Durante a infância no Rio, ganhou um violão de presente de sua mãe e começou a arranhar os primei-ros acordes dentro de casa. Ao mesmo tempo que a paixão pela música crescia, o pernambucano se aprofundou no campo do marketing e da propaganda, traba-lhando em agências de publicidade e veí-culos de comunicação.

O trabalho na área da comunica-ção, entretanto, não o fez deixar de lado as artes. Com amigos, criou uma

trajetoria noS anoS 60, zé REnato moRou no Rio, onDE tRaBalHou Com múSiCa E PuBliCiDaDE

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peça musical De Chiquinha Gonzaga à Bossa Nova, onde identificava diversos aspectos da cultura da música do País. Através da música Manifesto - uma sáti-ra sobre o turbulento momento em meio à Ditadura Militar - composta original-mente pelo pianista Mariozinho Rocha - o Grupo Manifesto foi criado. Era o início de um movimento que percorreu o Brasil. "Após os ensaios, íamos a alguns bares e continuávamos com as apresentações. Em dia, Gutemberg Guarabyra - hoje da dupla Sá e Guarabyra - nos convidou para participar com ele da apresentação da música Margarida, no II Festival Inter-nacional da Canção, produzido pela Rede Globo, no Maracanãzinho. Conseguimos vencer e, a partir daí, começamos a viajar o País inteiro", afirma.

A vitória no festival, entretanto, pe-gou todos de surpresa, principalmen-te pelo calibre dos concorrentes: Chico Buarque e Milton Nascimento. "Nós não estávamos esperando vencer. A letra da nossa música era bem incompatível com o modelo musical brasileiro daquela épo-ca. Mas o respaldo que o público deu, fez com que a música se tornasse um suces-so. Definitivamente, foi uma grande sur-presa para todos e acabou sendo um fator bastante motivador e determinante para nossa carreira", diz zé Renato.

Como muitos outros artistas expoen-tes da época, o Grupo Manifesto também sofreu repressões e censuras por parte do governo militar. "Depois da nossa con-quista no festival, fomos alvo de algumas pressões e censuras, porque as músicas - especialmente Manifesto - eram sáti-ras bem criativas em relação a tudo que

comPanheirosCom o GRuPo maniFESto, zé REnato PaRtiCiPou Da aPRESEntação vEnCEDoRa Do FiC Do CantoR GuaRaByRa

estava aconte-cendo", revela.

Após o final do gru-po, zé decidiu continuar no meio musical - sem esquecer, é claro, da sua carreira publicitária. Em 1995, ele retornou à cidade natal para atuar como gerente regional da Tv Manchete, Rádio Manchete Fm e Bloch Editores. Anos depois, com o enfraque-cimento e o posterior encerramento das atividades da emissora, foi o responsável pela implantação da rádio Nova Brasil.

Durante esse período, nunca dei-xou a arte de lado. Como ele mesmo diz, a música corre nas veias. "Come-cei, em 2012, a desenvolver um sarau. Era um projeto de intercâmbio cul-tural e musical com artistas da terra e de fora. Muitos deles, inclusive, eu conheci na época em que morei no Rio de Janeiro e que fiz parte do Grupo Manifesto. Após realizar edições des-se projeto, me dediquei à produção do meu primeiro CD", relembra.

Para o artista, que atuou na época

dos festi-vais, conside-rada uma das fa-ses áureas da música brasileira, o atual cená-rio da MPB não é nada animador. "Os veícu-los de comunicação possuem uma certa culpa nesse quesito, porque eles veicu-lam músicas sem nenhum conteúdo poético. Em busca de audiência, eles mas-sificam a programação com músicas sem qualidade", afirma.

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32 Algomais • Maio/2016

incentivadas pelos pais, crianças lançam livros e se animam com o universo literário

literatura

Escritores mirins em ação

A criação de livros elaborados por crianças vem crescendo no Brasil e se tornando im-portante para imersão do

público infantil no universo literário. Embora não haja estatísticas sobre o assunto, o certo é que escritores mi-rins já não são uma novidade, e al-guns deles chegaram até a participar de eventos como a Fliporto onde au-tografaram suas obras.

Marina Cavalcante, de apenas 6 anos, é uma dessas autoras preco-ces. A entrada na carreira literária foi impulsionada pelo pai, o jorna-lista Marcelo Cavalcante, com quem lançou o livro Mariana e o passari-nho perdido. Tudo começou, segundo Marcelo, quando chamou sua atenção a maneira como a filha brincava com suas bonecas. "Sempre acompanhei as brincadeiras de Marina e via as histórias criadas por ela, que é algo completamente natural como em qualquer criança. Acho muito inte-ressante quando elas criam e imagi-nam um universo naquele momen-to", conta Marcelo.

O jornalista, que já havia escrito o livro de Pedrinho e a chuteira da sorte, lançado em 2013, baseado na expe-riência de sua infância, decidiu enve-redar numa outra obra, cuja história foi inventada pela filha. "Eu pensei

que ela iria criar algo so-bre as bonecas, mas ela contou um relato sobre um passarinho que se perdeu. Marina inven-tou a narrativa, que até não tinha muito senti-do, mas eu desenvol-vi em cima do texto e assim surgiu o produto final", explica.

A obra feita en-tre Marcelo e Marina surgiu por conta de Pedrinho e a chutei-ra da sorte. "Quando meu pai criou o livro dele, eu quis fazer o meu também. Foi muito legal fazer um livro com ele", disse a pequena escritora. Segundo ela, novas histórias já estão surgindo para que outras obras sejam lançadas. "Já es-tou pensando em fazer outros livros. vai ser quase igualzinho ao outro, no mesmo estilo", completa.

Marina e o passarinho perdido foi lançado em 2015 em um evento orga-nizado pelos próprios autores. Além da novidade, houve contação de his-

soliDarieDaDeiDEia Do livRo SuRGiu PaRa aRRECaDaR FunDoS PaRa ConStRuiR uma BiBliotECa numa iGREJa Em CamaRaGiBE

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tórias e brincadeiras relacionadas à literatura para as crianças. Da mídia impressa, o livro agora segue para a versão audiovisual. "Quero pegar a história que eu e minha filha fizemos e transformar em um material digital, para colocar no Youtube e nas redes sociais. Da mesma forma que há o es-tímulo a leitura com a obra física, há também um encorajamento para as crianças assistirem ao filme", planeja. "Queria já ter lançado, mas tive que fazer a trilha sonora e acabou atra-sando esse processo", completa.

Quem também se aventurou no mundo das letras foi válter José Nas-cimento Lira, de 7 anos. Em 2015, ele lançou O menino que faz histórias, com a intenção de construir uma bi-blioteca no bairro de Santa Mônica, em Camaragibe, cidade onde mora com os pais. "um dia quando está-vamos na igreja, ele me perguntou o por quê de lá não ter um espaço para a leitura das crianças. Respondi que não tinha por falta de recursos fi-nanceiros. Ele decidiu fazer o livro para, com o dinheiro das vendas, ajudar na construção desse espaço. Após a finalização dos textos, mos-trei o projeto para alguns parceiros, que resolveram ajudar na montagem

e na confecção do projeto gráfico", explica Samuel Lira, pai do pequeno escritor. A JM Consultoria e Pesqui-sa, empresa pernambucana de pres-tação de serviços de consultoria em-presarial, comprou a ideia e decidiu apoiar financeiramente o livro.

Samuel, aliás, ajudou o filho em diversas noites para que as ideias do escritor mirim fossem transforma-das em histórias. "Quando eu che-gava em casa à noite após o trabalho,

ele me chamava para montarmos as histórias", revela. "Falava para ele me ajudar naquele momento, porque amanhã não teria a mesma ideia na cabeça", confirma válter. Ele ainda não decidiu qual profissão pretende exercer no futuro. Entretanto, duas já aparecem como favoritas. "Eu já estou fazendo outras histórias, mas também gosto de jogar futebol. En-tão, quero ser jogador ou escritor", completa.

emPurãozinho . Apesar de todo crescimento das publicações infan-to-juvenis, ainda há poucas obras escritas pelas próprias crianças. Os pais possuem um papel determinante na concessão de liberdade para eles criarem seu universo. “O problema começa na família. Os adultos quan-do olham o livro de válter, por exem-plo, não sentem tanto interesse. Mas quando as crianças começam a ler, elas ficam paralisadas e extremamen-te fascinadas porque é o mundo delas ali retratado”, afirma. “Quando ficam sabendo que foi uma outra criança que produziu, elas pedem papel e caneta para produzirem seus textos. Ou seja, resta apenas aquele empurrãozinho para o início”, revela.

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João Alberto [email protected]

Paula meira

bilho Feminino       

Paula Meira é uma das figuras de maior brilho no nosso mundo social. Bonita e elegante, é destaque nos eventos que participa e nos encontros que costuma promover no seu apartamento da Avenida Boa viagem. E no setor empresarial comanda, com a maior competência, a Interne, empresa de hospital residência, que é referência na cidade e que amplia sua atuação no setor educacional, promovendo cursos na área médica.

o Poeta

Além de pintor famoso, Montez Magno costuma fazer, nas ho-ras de lazer, poesias. Agora reuniu muitas delas no livro Soma. Na primeira, revela que não vive de sons, vive de cores.

shoPPinGs

O Shopping Camará, em Camaragibe, deve ser inaugurado ainda neste ano. Para 2017, estão programada as aberturas do Pateo, em Olinda e mais dois, em Petrolina e Garanhuns.

hotel

Já está pronto o primeiro Hotel Meliá do Grande Recife, cons-truído pela Rio Ave. Fica na Nova Barra, em Candeias, com 24 andares e 192 apartamentos. Inauguração será no meio do ano.

os shows

um problema que está virando comum no Recife é a trans-ferência das datas de shows, anunciados com muita ante-cedência. Quatro casos já aconteceram neste ano, trazendo transtornos para quem compra os ingressos e programa a ida.

joaquim Francisco

juventuDe

uma das principais metas de Margarida Cantarelli na presidência da Academia Pernambucana de Letras será aproximar a juventude da principal casa da cultura per-nambucana.

Patrimônio

Durante muitos anos, o Terreiro do Pai Edu, no Alto da Sé, foi frequentado por muitos colunáveis recifenses. Depois, o pai de santo entrou em declínio após o caso de um boi que o Náutico havia lhe prometido e que não foi entregue, provocando anos de problemas para alvirrubro. Agora, o prefeito Renildo Calheiros assinou decreto transformando o terreiro em Patrimônio Imaterial de Olinda.

livro De joaquim

Profundo conhecedor da história política do Estado e dono de um texto leve e gostoso, Joaquim Francisco vem sendo incentivado por muitos amigos para reunir fatos que vivenciou num livro. Que seria, com certeza, o maior sucesso.

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João Alberto

wanessa anDraDe

anabela lacet, sÉrGio mourY FernanDes, KlÉber lacet e o ator carlos machaDo

O que secomenta...

... por aí

QuE pela primeira vez a elei-ção para prefeito de Caruaru terá segundo turno.

QuE faz sucesso o charmoso restaurante Mocó da vila, nas Graças.

QuE Raul Jungmann não vai disputar reeleição para verea-dor do Recife, permanecendo como deputado federal.

QuE sem fiscalização eletrô-nica, as faixas azuis destinadas aos ônibus são constantemen-te desrespeitadas.

QuE funcionando em soft oppening há mais de dois anos, o Teatro do RioMar ainda não foi inaugurado.

sucesso De wanessa                      

um dos grandes destaques no jornalismo pernambucano, Wanessa Andrade tem uma experiente carreira, passando por emissoras de Tv de Petrolina e João Pes-soa, até chegar à Globo Nordeste, onde comanda, há dois anos, o mais impor-tante telejornal da emissora, o NETv. Re-centemente, ela recebeu o prêmio Taca-runa Mulher, na categoria comunicação.

Prêmio

O Instituto Brincante, do pernambu-cano Antônio Carlos Nóbrega e da sua mulher Rosane Almeida, é um dos fi-nalistas do Prêmio Governador do Es-tado de São Paulo para a Cultura, na categoria Instituições Culturais. Já a recifense Ester Hrinpum é finalista na categoria Artes visuais.

oDontocaPe  comPleta 20 anos                     

Os diretores da Algomais Sérgio Moury Fernandes e Luciano Moura conhece-ram as novas instalações da Odontocape, nas Graças, que passou por recente reforma. A visita foi acompanhada pelo ator global Carlos Machado que veio para o lançamento da campanha publicitária dos 20 anos de fundação da em-presa. Na ocasião Kleber Lacet Filho e Anabela Lacet, sócios da OdontoCape informaram que vão abrir franquias e uma da nova unidade em Camaragibe.

Foto

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memória pernambucana

Recife em chamasnum ato heroico, o prático nelcy Campos impediu incêndio que atingiria 5 km do Centro da cidade

marcelo alcoforado

Hoje perdido nos confins da história, o incêndio de Roma castigou, severamen-te, as áreas mais povoadas da

cidade. São muitas as hipóteses para tal acontecimento, pontificando, contudo, a que se baseia no fato de que os morado-res, cujas habitações eram em sua maio-ria feitas de madeira, se valiam do fogo para se aquecer e preparar os alimentos. Por negligência, supõe-se, o fogo de uma dessas casas teria se alastrado e, com a infeliz coincidência do vento que soprava forte naquele dia, quase fazia desapare-cer a cidade que então era a mais pode-rosa do planeta.

A explicação mais corrente, no en-tanto, é a de que Nero, o insano impera-dor romano, em busca de inspiração para dedilhar sua harpa teria colocado fogo na cidade, intencionando reconstruí-la mais forte, graças a uma nova e majesto-sa arquitetura. Tal versão é sobejamente desmentida pelos historiadores, já que, atualmente é sabido, Nero sequer esta-va em Roma naquela ocasião. Ademais, ao ser informado do acontecimento logo regressou e deu auxílio aos desabrigados, inclusive recebendo-os no seu palácio. Houve até quem afirmasse que o impera-

dor era mesmo o autor do incêndio, para adquirir terrenos a preço vil.

versões à parte, o fato é que o in-cêndio começou no centro comercial de Roma na noite do dia 18 de julho do ano 64 e rapidamente tomou conta da cidade. Foram seis dias de trabalho ininterrupto em busca de controlar as chamas. Mes-mo assim, o problema não cessara, já que alguns focos espontaneamente reacesos fizeram o combate durar mais três dias. Contadas as perdas, dois terços da cidade estavam destruídos, inclusive obras da civilização romana, valiosas para a cul-tura ocidental e para a história da huma-nidade, como, por exemplo, o Templo de Júpiter e o Lar das virgens vestais.

Como o pensamento não conhece barreiras, viajemos no tempo. Pronto! Em menos de um segundo percorremos 1921 anos. Agora, estamos no Recife, onde ocorreu um incêndio potencial-mente muito mais destrutivo do aquele de Roma. Diga-se, desde já, que aqui não se pretendia reconstruir a capital nem havia algum interessado em terrenos a preço de quase nada. Existia, isto sim, fatalidade. E coragem.

O que você vai ler agora é a história desse incêndio que nos revelou um herói

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pernambucano, o homem que salvou o Recife da destruição.

Para entender melhor, imagine-se nos arrecifes olhando a cidade a partir do mar. É a visão mais bonita da nossa ca-pital. De imediato, seus olhos percorrem o Recife Antigo, rico das construções co-loniais. Olhando para a esquerda, a zona Sul da cidade. Para a direita, Olinda. Pois saiba que esse panorama desta cidade histórico-portuária por pouco não de-sapareceu deixando apenas escombros.

Na noite de 12 de maio de 1985, todo o esplendor arquitetônico da região, in-cluído o Palácio do Governo, que já foi ocupado por Maurício de Nassau, e do Teatro Santa Isabel, obra do engenheiro francês Louis Léger vauthier, e ainda as proximidades dos bairros da Boa vista, de Santo Antônio, do Pina e de Brasília Teimosa, poderiam ter-se tornado cin-zas. Naquela noite, um dos três tanques do navio Jatobá, contendo 1.500 tonela-das de gás de cozinha, explodiu, se fez chamas. Para agravar o perigo, o Jatobá

estava ancorado próximo ao Parque de Tancagem do Brum, abarrotado de com-bustíveis. Se aqueles reservatórios, con-tendo cerca de 153 mil metros cúbicos de inflamáveis explodissem, parte da cida-de do Recife seria tragada pelas chamas. Calcula-se que em um raio de cinco qui-lômetros tudo ficaria calcinado.

urgia rebocar o Jatobá para longe do porto, mas quem se habilitava a desem-penhar a perigosa missão?

Às duas horas da madrugada de um domingo Dia das Mães o telefone do prático da barra Nelcy Campos tocou, e apenas 20 minutos depois, ele chegou ao porto. Estava nascendo um herói. Não um super-herói, daqueles que figuram glorificados nas telas do cinema, mas um homem comum, praticando um gesto in-comum. Nelcy Campos não vacilou. Foi ele o único profissional a aceitar a árdua tarefa de evitar maiores danos das labare-das, que àquela altura atingiam 20 metros de altura, e que nem os bombeiros haviam sido capazes de controlar.

Sua primeira providência foi mano-brar os dois navios que estavam perto do Jatobá e, como ele, carregados de gás butano, deixando-os a uma distância se-gura. Em seguida, com sua liderança e a ajuda de outros portuários, ele serrou os cabos do navio em chamas, fixou a em-barcação ao reboque Saveiro e partiu na direção de um banco de areia situado a seis quilômetros dali. O objetivo, que

ele alcançou com absoluto sucesso, era evitar a explosão total do cargueiro e dos tanques de combustíveis do Brum. Reci-fe estava salva.

Somente no meio da manhã do dia seguinte, ele regressou à terra, encon-trando à sua espera toda a imprensa, oportunidade em que pronunciou uma frase que bem diz do seu caráter e serve como exemplo para os que hoje vivem o cotidiano da cidade: "Nunca me vi em uma situação tão difícil e perigosa, mas pensei logo na população. Mesmo sa-bendo que podia ser arriscado e que po-dia morrer, parti para a operação".

Pelo seu feito heroico, Nelcy da Silva Campos foi reverenciado por autoridades e ilustrou manchetes nos jornais Brasil afora. Do Governo de Pernambuco re-cebeu a mais alta distinção, a medalha Guararapes Classe Ouro, e foi também reverenciado pela Marinha brasileira que, em 29 de junho de 2003, o home-nageou com um busto de mármore no Terminal Marítimo do Marco zero (a central de serviços turísticos do Carna-val), que passou a adotar, desde então, o seu nome. Eram passados 18 anos desde aquela noite trágica.

Nelcy Campos, o prático da barra que nasceu a 21 de janeiro de 1931 e arriscou a vida para salvar esta cidade, morreu a 27 de setembro de 1990, de causas naturais.

Graças a ele, as chamas daquela noite foram extintas. Já a chama da nossa ad-miração por ele jamais se apagará.

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O desafio do próximo governo é imen-so. Tanto do ponto de vista da eco-nomia, quanto da política, quanto do restabelecimento da confiança cuja ausência impede os agentes econô-

micos de consumirem e de investirem, contribuin-do decisivamente para o esfriamento da demanda e, em última análise, para a recessão que atormen-ta o País há pelo menos dois anos seguidos.

Do ponto de vista da economia, uma condição indispensável para recolocação do País nos trilhos é a recuperação das contas públicas que passaram durante anos por uma desarrumação que se traduz nos dias que correm na inflação de dois dígitos, na recessão renitente e no desemprego recorde.

Do ponto de vista da política, o desafio se traduz na montagem de um ministério e de uma maioria parlamentar os menos fisiológicos pos-síveis, capazes de formular e executar o ajuste fiscal conjuntural que permita destravar a eco-nomia e refazer o caminho da saída da recessão e da retomada do crescimento, ainda que em bases modestas. um crescimento mais vigoroso só será possível com a realização das reformas e do ajuste fiscal estrutural que só o governo elei-to em 2018 terá condições de fazer.

Do ponto de vista da confiança, cujos indica-dores apontam os níveis mais baixos da história, a retomada só ocorrerá se tanto a parte econômi-ca quanto a política do desafio forem superadas.

De um modo geral, pode-se dizer que o pró-ximo governo será de transição e seu sucesso de-penderá criticamente de dar certo logo no início.

O Brasil pós-impeachment

Consultore arquiteto

próximo(a) presidente eleito em 2018.Curiosamente, nas especulações da im-

prensa sobre o novo ministério, nada menos do que 10 pernambucanos foram cogitados: Jar-bas vasconcelos, Romero Jucá, Mendonça Fi-lho, Bruno Araújo, Raul Jungmann, Cristovam Buarque, Roberto Freire, Augusto Coutinho, Raul Henry, Fernando Coelho Filho. O que não deixa de ser uma evidência da nossa densidade política, muito necessária para o enfrentamen-to do cenário adverso que também nos aflige de forma muito intensa e do qual só vamos sair junto com o País.

[email protected]

Se for mais do mesmo ou cai logo ou potencializará a nível inimaginável a incerteza e a desconfiança e cairá mais na frente

Não resistirá ao rame-rame tradicional da políti-ca brasileira. Se for mais do mesmo ou cai logo ou potencializará a nível inimaginável a incerteza e a desconfiança e cairá mais na frente.

Se for bem sucedido, como precisamos, sua missão será arrumar a casa para entregar o governo minimamente organizado para o(a)

Francisco cunhaúltima página

MENOS CUSTOS. MAIS BENEFÍCIOS PARA SUA EMPRESA.A SaúdeCorp preza pela excelência no atendimento, tendo como base alguns pilares na assessoria em saúde corporativa. 1) Atendimento personalizado, num modelo preventivo. 2) Alternativas adequadas às nossas demandas. 3) Postura preventiva. 4) Preocupação com as vidas humanas, o que revela o grande diferencial na prestação de serviço. Estamos muito satisfeitos e que esta relação seja mantidapor muitos anos.

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