beja | a cidade portuguesa como maior potencial

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BOAS PRÁTICAS Partilha de informação garante sucesso BEJA A cidade portuguesa com o maior potencial VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT Este suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercial da Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2588, de 19 de Setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente s + negócios mais. suplemento Cidades como motor de crescimento de uma região Num mercado cada vez mais global a diferença é agora um factor chave. Especialização ou diversificação o importante é atrair investimento e fomentar a economia.

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Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013

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Page 1: BEJA | A cidade portuguesa como maior potencial

B OAS PRÁTI CASPartilha de informaçãogarante sucesso

B E J AA cidade portuguesacom o maior potencial

VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PTEste suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercialda Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2588,de 19 de Setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente

s+negócios mais.suplemento

Cidades como motor decrescimento de uma regiãoNum mercado cada vez mais global a diferença é agora umfactor chave. Especialização ou diversificação o importante éatrair investimento e fomentar a economia.

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.II | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013

Beja | Agricultura, infra-estruturas e turismo s

REG I ÕES EM ERG EN TES N O CON TEXTO G LOBAL

Apostar nadiferenciação

Ser diferente, quer através daespecialização ou da diversificação.Essa é a solução para atrairinvestimentos e proporcionaro desenvolvimento.

ALEXANDRA [email protected]

As cidades sempre foram o motordecrescimentodasregiõesondees-tão inseridas. Adiferençaé que ac-tualmenteconcorremnummerca-doglobale,porisso,ofactordiferen-ciador assume maior importância.Hoje,nãosetratadeconseguirmaisfundosdoqueoutracidadevizinha,mas simde procurare atrairinves-timentos que, de outra forma, irãoparaconcorrentesquepodemestarlocalizados no outro lado do mun-do.

Aquestão,vistadestaforma,ére-lativamenterecente.Edetalformaimportante que suscitou a realiza-çãodeumcongressointernacional,quedecorreuentre11e13deSetem-bro,emBeja,umadaspotenciaisci-dades emergentes daEuropa.

Com as novas regiões surgemtambémnovosnegócios.Ouformasdiferentes de abordar um mesmosector. Veja-se o caso da agricultu-ra. Giuseppe Falco, da MasseriaGioSole e antigo presidente daEu-ropeanCouncilofYoungFarmers,

apontou a sua empresa como umexemplodeadaptaçãoàsmudançasdomercado.LocalizadaemCapua,a antiga Azienda Agricola Raffaele(só em 1986 assumiu a denomina-çãoactual)cedoassumiuainovaçãocomoumfactorchaveparaosuces-so comercial. Em 1970 apresentouos kiwis ao mercado italiano e vin-teanosdepois iniciouumprocessode reprodução in vitro e produçãoemsistemahidroponia(semterra)deplantasornamentais.Seguiram--se as especialidades alimentares,os produtos artesanais, aproduçãode energia fotovoltaica e o negóciodoagro-turismo.Areceitadosuces-so, para Giuseppe Falco, está naconstante análise do mercado e nainterligação entre a empresa, a co-munidade e as universidades. Des-taformatodososintervenientesbe-neficiam.

A vantagem da especialização Noutros casos, a melhor aposta

passa pelo aproveitamento e apri-moramento do legado histórico dacidade. E pela aposta na especiali-

Congress of European Emerging Regions

Um posto detrabalho nacultura suportadirecta ouindirectamentequatro empregosno turismo geralPABLO MORALESCâmara de Comércio de Sevilha

Regiõesemergentesnum quadroem transição

Acapacidade de cooperação, dife-renciaçãoeliderançanasredesglo-bais é umactivo crítico das cidadese regiões face aos desafios da com-petitividade,dodesenvolvimentoedo crescimento.

Hojeacompetiçãoéglobaletor-na-seimprescindívelqueumacida-de ou região consiga ter um factordiferenciador,capazdeatrairinves-timentos, turistas e residentes.

Bejae o Baixo Alentejo têm res-pondido a esse desafio através deuma persistente estratégia de pro-moção dos seus activos regionais,nosquaissedistingueminfra-estru-turassignificativas,edamaximiza-çãodosseusimpactosnodesenvol-vimento económico. O sucessocompetitivo da região depende daadequada valorização desses acti-vosregionais,entreosquaissedes-taca o Alqueva e o regadio, o Aero-porto e as oportunidades de locali-zação empresarial, a proximidadeaoPortodeSines,acapacidadetec-nológicaeformativaeaofertaturís-tica.Dadoopotencialdecrescimen-to da região, essa política local temrelevânciaeimpactonacional.Con-vém não esquecer que estes em-preendimentos foram considera-dos como sendo projectos PIN.

Aintegração, cooperação e lide-rança de redes europeias corres-pondeàvisãoestratégicasegundoaqual a projecção global do municí-pioedaregiãoédeimportânciade-cisiva para o desenvolvimento. AsConferências de Beja e a redeCoEER, assim como os projectosinternacionais, em que agentes lo-cais se têm envolvido, confirmamessavocaçãoeafirmamacapacida-de daregião se diferenciarnacom-petição global – em que cada vezmais se decide o futuro das cidades

e das regiões – pela atracção de re-cursos, investimento, inovação,quadros, ideias e oportunidades.

O expectável desenvolvimento,combasenaparticipaçãonessasre-des, de um cluster aeronáutico lo-cal exemplifica, de formacategóri-ca, o significado dessavisão e aim-portância da projecção global dosfactores de diferenciação competi-tivadacidade e dasuaregião.

O significado das infra-estrutu-ras e das estratégias regionais paraa fixação de investimentos, recur-soseempregos,paraoqualinsubs-tituivelmente contribuemas auto-ridadeslocais,asempresaseospro-motores–públicoseprivados–re-gionais permitem afirmar Beja e oBaixo Alentejo como uma regiãoemergente no quadro das regiõeseuropeias.

No presente momento de tran-sição convergem, temporalmente,alterações significativas no quadrocompetitivo,noqualseafirmamascidades e as regiões: inicia-se umnovo quadro europeu de financia-mentoestrutural,clarificam-sede-safiosglobais–emespecialoclimá-tico - afirmam-se novos sectoreseconómicos,intensificam-seasmu-tações tecnológicas, aprofundam--se as redes globais – de pessoas,empresas,cidades,gruposeregiões.Nestequadroemtransiçãodespon-tam (novas) oportunidades, deci-dem-se apostas competitivas eemergem novos paradigmas com-petitivos.

Énestequadroemtransiçãoqueas regiões europeias emergentes,nasquaissedistinguemBejaeoBai-xoAlentejo,esperamencontrarar-gumentos que consolidem as suasaspirações de crescimento, desen-volvimento e futuro.

Editorial

O sucesso competitivo de uma cidadedepende da valorização dos seus activos

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.Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | III

são três dos factores diferenciadores da região

Nosúltimostemposverificou-seum regresso ao sector primário,não só por parte da populaçãomaisjovem,mastambémdosin-vestidores.Arazão,maisdoqueacrise económica, deve-se, noAlentejo, à disponibilidade deágua,vindadoAlqueva.Afaltadeirrigação anterior condicionavaasplantações,fazendocomqueosprodutoresoptassemporcereaisde sequeiro e alguns olivais. Ago-ra são possíveis novas culturas,como as de regadio, e produçõesintensivas,comoosnovosolivais.ComoreferiuaoJornaldeNegó-cios Luís d’Argent, da ACOS –AgricultoresdoSul,agrandevan-tagem é a de “hoje podermos fa-zertudooquequisermos”.Exem-plo disso são as novas plantaçõesde frutos vermelhos, como as ro-mãs, e de marmeleiros.

Apesardeofenómenoseestara verificar um pouco por todo oPaís, o Alentejo tem a vantagemde seraregião commaiornúme-rodehorasdeluzsolar,oque,alia-doàáguadisponíveldabarragem,lhe confere uma vantagem paraplantações intensivas. Não é poracasoquemuitadaproduçãojáse

destinaàexportação.Também a bovinicultura de

carne tem vindo a ter resultadospositivos.Empartedevidoaofac-to de, como explica José Pais, daACBM-AssociaçãodeCriadoresde Bovinos Mertolengos, desde2008 os produtores não necessi-tarem de terceiros paraentregaros vitelos no matadouro. O que,aliadoàexportaçãodeanimaisvi-vos paraEspanhafez comque ospreços se tenham mantido emalta.Noentantoaindaháalgumasquestões a resolver. Em termostécnicos Portugal ainda está, se-gundoJoséPais,muitolongedosparceiroseuropeus,comoaFran-ça,Itália,Inglaterra,entreoutros.Para José Pais é necessária umaintervençãourgentenasáreasdareprodução,genéticaealimenta-ção animal. Asolução passa pelacriação de “programas de apoio,ligadosaregrasdeproduçãobemdelineadas e objectivas”.

Masistodenadavalesenãoseconseguircomercializar.Eopro-blemaéquefaltao“últimoelodacadeia,entreosagrupamentosdeprodutoresdebovinoseoconsu-midorfinal”.

zação de um determinado sector.Foi o que aconteceu com a cidadeRzeszów, naPolónia. Aregião é co-nhecida pela sua forte vertente in-dustrial,nomeadamentenaquími-cae farmacêuticae aviação. Curio-samente tudo começou em 1936,quando o governo polaco decidiudesenvolver uma região industrialnazonacentro do país. O objectivoera “simples”: industrializar as re-giões pobres e apostarnadefesadopaísfaceàsameaçasdaAlemanhaeda então União Soviética. Para talforamcriadosclustersdeindústriamilitar – aviação, artilharia, muni-ções. Adecisão não foi a tempo deimpedir a II Guerra Mundial, maspermitiu juntar todo um conjuntode infra-estruturas, onde se desta-cam quatro aeroportos (um delesinternacional), universidades téc-nicas (onde existe o único simula-dorparaaaviaçãocivil)ecentrosdeinvestigação.

Numa região considerada dasmaispobresdaPolónia,aindústriaaeroespacialrevela-seessencialnodesenvolvimentoeconómico,social

e humano, sendo o segundo maiorsectoracontribuirparaaeconomialocal, atrás apenas do comércio,transportes, turismo e comunica-ções.Maisimportanteéopotencialinerente,nãosóaoníveldoempre-go(actualmenteosectordaaviaçãojáempregamaisde23milpessoas),comodainvestigaçãoemtermosdeinvestimento.Osnúmerosindicamqueháumpotencialparavendassu-periores a mil milhões de dólares.Hoje, amaioriadaprodução játemcomodestinoaexportação,nomea-damente para os Estados Unidos,Venezuela,Indonésia,Itália,Cana-dá, Espanha, Alemanha e México.Semesquecerqueissosignificaumareestruturação daeconomiadare-gião.

Investir na cultura, ganhar no turismo

Mas nem todas as regiões têmumsectortãoespecializadocomooda aviação. É o caso da Andaluzia,.onde, como explicou Pablo Mora-les, daCâmarade Comércio de Se-vilha, a solução passou por uma

selecção criteriosa dos projectos aapoiar.Nãovaleapenaapostarnumprogramaquenãosobreviverácomotrémitodosfundoscomunitários.

Dado o contexto específico daAndaluziafoicriadooCHORD,umprograma que aproveita a herançacultural para desenvolver oportu-nidades de desenvolvimento rural.Implementadoentre2009e2011oCHORDpromoveueventostípicos,de forma a diversificar a oferta tu-rísticaeconquistarnovospúblicos.Paratal primeiro foram identifica-das as necessidades e constrangi-mentosculturaisecriadasparceriasde longo prazo.

Aapostanaculturaculminounorecuperardealgumastradições,nacriação de novas ideias e na dimi-nuição dataxade desemprego, no-meadamente dos jovens.

Tão ou mais importante é o fac-to de os resultados terem provadoque o investimento na criação deum posto de trabalho na culturapode, indirectamente, suportar oucriarquatroempregosnosectordoturismo emgeral.

AG RI CU LTU RA

O regressoaos campos

Irrigação constante trouxe novasculturas ao Alentejo

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.IV | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013

F I N AN CI AM EN TO

A vantagem da partilhade conhecimento

Nem sempre é fácil para as PME conhecerem os vários mecanismos definanciamento existentes na União Europeia. O DIFASS foi criado com oobjectivo de permitir a troca de informações entre parceiros europeus.ALEXANDRA [email protected]

Muitos dos projectos que promo-vemo desenvolvimento de umaci-dade/região assentam em fundoscomunitários. Mas nem sempre éfácil,nomeadamenteparaaspeque-nasemédiasempresas(PME)aob-tenção desses fundos. A DIFASSpretende colmataressa“falha”.

Através de uma rede de 26 par-ceiros, espalhados por20 países daUniãoEuropeia,aDIFASSpreten-deserummeiodepartilhadeinfor-mações que permitam ajudar asPME a obter os investimentos ne-cessários. O projecto pretende tro-car experiências e boas práticascomprovadas.

Osresultados,segundoKathrynHavering,projectmanagernaWSXEnterprise, permitem que os par-ceiros conheçam as várias formasdefinanciamentoexistentesnasvá-riasregiões.Aideiaéadequesepro-movaapartilhadedadosdeprojec-tos já implementados e testados.Por exemplo, uma ferramenta deGestãodeMicroFinanças,daHun-gria, está a ser “transferida” para aEstónia, Espanha, Itáliae Repúbli-cadaEslováquia.Ouoprogramadeapoio à internacionalização dasPME, desenvolvido pelo parceironaAndaluzia, que estáaser imple-mentado,comoumprograma-pilo-to, na Dinamarca, na Itália, na Ro-méniae naSuécia.

Paraconseguirconciliaras ope-rações de 26 parceiros são realiza-das inúmeros workshops com umprograma pré-estabelecido. Tudocomeça com a análise do trabalhofeito nasessão anteriore comaob-servação do tema em causa. Se-guem-seasapresentações,asques-tões e os debates. Só depois é esta-belecido uma listagem com osfeedbacks e com as boas práticas,que vão avotos. O objectivo é iden-tificar as duas boas práticas demaior sucesso que possam serimplementadas,atravésdeumpro-

gramapiloto, em oito regiões. Sen-do que tudo isto fica devidamentedocumentado, de formaaservirdebaseatrabalhosfuturoseparacon-sultaposterior.Osdocumentoses-tãoacessíveisatravésdositedoDI-FASS, assim como os vídeos reali-zados. Estafoi aformaencontradapara que os parceiros tivessem,sempre,àsuadisposiçãotodootipode informação e ajuda disponível.Porque essaé aprincipal“queixa”.

Simplificar os processos Acontinuaçãodarealizaçãodos

encontros permite aprender comos erros. No Workshop referente àinternacionalização foi detectadoque existem condicionantes ao su-cessodequalquerprojecto.Éocasodo excesso de papelada. O DIFASSrecomenda que o processo seja omais simples possível, que dê tem-po às empresas mais cépticas e queapostenaqualidadedosagentesdenegóciosnospaísesemcausa.Jáemrelação aos micro-emprésticos asrecomendaçõesincidiramemqua-tro pontos estratégicos: disponibi-lizar o máximo de formação e su-portepossível,simplificaroproces-so, flexibilizar os termos dos paga-mentoseutilizarosintermediáriosfinanceiros correctos.

Independentementedocenárioem causa as entidades competen-tes, quer sejam os governos, aban-caououtrainstituição,estastêmdeter em conta as vantagens da sim-plificação dos processos assimcomo da diminuição da papelada.Sem esquecer a formação. Estanuncaédemais.Porvezesumaem-presapodetertodasasferramentasnecessáriasparaodesenvolvimen-to do seunegócio comexcepção doconhecimentonecessárioparaaob-tenção do financiamento. É aquique entra o DIFASS e os seus par-ceiros.Todasasreuniõesjárealiza-daseprogramadastêmcomoobjec-tivo que os casos de sucesso sejamtransmitidosereaplicadossemprequepossível.AAndaluziaéumcaso

paradigmático. O seu programadeinternacionalizaçãoestánestemo-mento a ser implementado na re-giãoautónomadeSardenha,naItá-lia;noTallinnScienceParkTehno-pol, naEstónia; naregião daMace-dónia, na Grécia; na FundaçãoTeknikdalen, na Suécia; e noVaeksthus Central, naDinamarca.Pablo Morales, da Câmara de Co-mérciodeSevilha,explicouqueumdos erros recorrentes é o de inves-tir em projectos que, findo os fun-dos comunitários, não terão possi-bilidade de seguir em frente. É porisso altura de repensar as estraté-gias aseguir.

Programas regionais potenciam crescimento

Existem duas vias possíveisaquandodaimplementaçãodefun-dos comunitários. Aprimeira con-siste na adaptação do projecto aoqueaUniãoEuropeiaeaComissãopretendem, orientando apropostade financiamento nesse sentido. Oque só e possível com um conheci-mento aprofundado das políticaseuropeias.

Aoutra via utiliza a abordagemoposta. Assenta na criação de pro-cessosdecapitalizaçãoabertospelaUnião Europeia para criar novasideias, novos cenários. Isso poderáser realizado através do recurso ainquéritos, grupos de especialis-

tas… Aqui há mais liberdade parainovar.

No entanto a possibilidade deobtençãodefundoscomunitáriosémais limitada. O que aumentaain-damaisaimportânciadaescolhadoprojecto.

Porquenãoimplementar/finan-ciarumprogramaqueapostanolo-cal/regional? Ao contrário daideiageral as regiões não têm apenas deoptarporprojectosinternacionais.Na verdade, para Pablo Morales, aaposta certa passa exactamentepelo oposto. Porque são os progra-mas locais que vão desenvolver asregiões onde estão inseridos.

Congress of European Emerging Regions

Implementaçãode boas práticascomprovadasassegura sucessode projectosKATHRYN HAVERINGWSX Enterprise

Programas locaispotenciamum maiordesenvolvimentodas regiões queprojectos dedimensão eurpeiaPABLO MORALESCâmara de Comércio de Sevilha

Alqueva | Hoje a barragem assegura a irri

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A evolução do Porto de Sines, aabertura do Aeroporto de Beja e o“aparecimento”daBarragemdoAl-quevatransformaramotecidoeco-nómico alentejano. Estão a surgirnovos investimentos, alguns delesoriundosdeoutraspartesdopaís,edo globo. E, de acordo com um es-tudodaCâmaradeBeja,oconcelhopode ganhar 22 mil habitantes até2021, tendo em contaaexploraçãodaspotencialidadesdestestrêsem-preendimentos.

Aagriculturaeoenoturismosãouma das principais apostas destanova geração de investidores. Nãosóaoníveldovinhocomaexperien-ciadenovascastasmastambémemtermos de turismo. Hoje já se pro-curaaliaronegóciovinícolacomou-tros complementares.

E novos projectos significammais postos de trabalho. Que, se-gundooestudo,poderãoiraté15milnovos empregos até 2021. Por ou-trolado,edadoa“nova”população,prevê-senãosóumcrescimentopo-pulacionaldoconcelhocomoinclu-sive o seurejuvenescimento.

Actualmente existem sete em-preendimentos,aoredordeBeja,deagro-turismo. Todos eles com ca-racterísticas, dimensões e ofertasdistintas. O turistapode optarpeloClubedeCampodacadeiaVilaGalé,aunidadecommaisquartosdispo-níveis,pelaHerdadedosGrous,peloMonteNovoeFigueirinha,pelare-centementeabertaHerdadedoVauentreoutrashipóteses.Muitasdes-tas unidades são investimentos dequem aprendeu a apreciar o Alen-tejo. Veja-se o caso de Miguel Sou-sa Otto. O que começou como umpequeno projecto começou a ga-nhardimensão e hoje abarcagran-departedoquotidianodesteexecu-tivo do Norte. Embora o negócioprincipal assente no vinho este écomplementado pelo do turismo epelacomercialização de azeite e deervas aromáticas.

Todos os projectos financeira-mente sustentáveis são benéficospara o desenvolvimento da região.Um dos mais emblemáticos, pelasua complexidade, é o da Herdade

daMalhadinhaNova.Aproprieda-defoiadquirida,em1998,pelafamí-lia Soares, estando os terrenosabandonadoshámaisde30anos.Onegócio assenta maioritariamentenaproduçãovitivinícola.Noentan-to é também importante a criaçãode animais de raças autóctones, acriaçãoetreinodocavalopuraraçalusitana,assimcomoasmaisrecen-tes apostas: o Hotel Rural – Coun-tryHouse&SpaeoRestaurantedaMalhadinha– Wine & Gourmet. Aunidade, com 10 quartos, aliado aoserviço do restaurante e as opera-çõesquotidianasdaHerdadefazemcom que haja uma equipa perma-nente de mais de 30 pessoas.

Osectordoturismoestáemcres-cendo, estando a Câmara Munici-palde Bejaaanalisarnovos projec-tos. Sendo por isso expectável ocrescimento do número de camas.

Mas Bejanão estásó aatrair in-vestimento nacional.

O mesmo acontece como inter-nacional.Eumdosmaisimportan-tes, não só velo valor mas tambémpelanotoriedadequetrazàregiãoéo promovido pela McFarlandSmith, empresa que faz parte dogrupo Johnson MatheyPLC, lídermundialnaproduçãodealcalóidesopiáceos e outras drogas controla-das. Acompanhiaestavaàprocurade terrenos paraaplantação de pa-poila e a solução foi o Alentejo. Oprimeirocontactodeu-seháquatroanos.Descobriramumaregiãocommaishorasdesol,umterrenofértile com boa irrigação, onde haviaapoio técnico, boas acessibilidadese“umaportaabertaparaaexporta-ção”. Com o potencial do terrenodemonstrado há que passar à fasedaimplementação.

O projecto está distribuído porduas fases, comaprimeiraatermi-narnopróximoanoearepresentaruminvestimento de cinco milhõesdeeuroseacriaçãodecincopostosde trabalho. Com a plantação docampodepapoilaserespectivopro-cessamentoeextracçãooprogramacontacontractar(até2018)mais30pessoas, num investimento de 35milhões de euros.

Condições específicas da região estão a atrairinvestidores nacionais e internacionais

Projectos naagricultura eturismo poderãocriar 15 mil novosempregos até2021

McFarland Smithvai investir40 milhõesde euros, até2018, naplantação eextração de umcampo depapoilas

gação a 68 mil hectares de regadio

AG RI CU LTU RA

Os novos alentejanos

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.VI | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013

CRESCI M EN TO E SU STEN TABI LI DADE

Envolver acomunidade

Quer seja na implementação de um projecto ou naelaboração de uma estratégia de diferenciação de umacidade a sociedade civil tem uma palavra a dizer. Sem elanenhum plano, por melhor que seja, tem sucesso.

ALEXANDRA [email protected]

Não é fácil paraumacidade/regiãocriar uma estratégia de sucesso dozero. Hoje a concorrência é feroz ejá há nomes implementados nomercado.

Adefinição do caminho aseguiréoprimeiropasso.Odefiniraiden-tidadedacidadeeoqueadiferenciadaconcorrência. Só depois se podeelaborar uma estratégia, optar porprojectos de desenvolvimento ecandidatar-se a fundos comunitá-rios.

AntonellaValmorbida,daAsso-ciation of the Local DemocracyAgencies (ALDA) reflectiu sobre otema e deu alguns conselhos. Paraaexecutivaestáprovadoqueosmu-nicípioseasregiõessãooverdadei-ro motor do desenvolvimento sus-tentáveledocrescimentoeconómi-co. No entanto isso só é possível seseconjugaremcomdoisimportan-tesfactores:asociedadecivileumacidadaniaresponsável.Nãobastaopoderpolíticoeosectorprivadoin-vestirem dinheiro e tomarem me-didas.Apopulaçãotambémtemdeestar envolvida. Caso contrário osprojectos poderão não ser os maisadequados ou criar-se um senti-mento de resistência que pode le-varaofalhançodosmesmos.EstaéaliásaáreadaactuaçãodaALDA.Aassociação serve de intermediáriaentreosváriosintervenientesepro-curapromoveragovernaçãoeapar-ticipação dos cidadãos ao nívellocal.

PoroutroladoaALDA,naspala-vrasdeAntonellaValmorbida,éde-fensoradadescentralizaçãoedare-gionalizaçãodopoderpolítico.Paraa executiva é essencial que haja

independência das autoridadeslocais ao orçamento de Estado. Sóassim conseguirão desenhar e im-plementar as medidas necessáriasàsuaregião.

Investir nas energias sustentáveis Joana Mundó, da Ecoserveis,

umaNGOespanhola,especializadanos temas da energia, também de-fendeuoenvolvimentodacomuni-dadeaquandodadefiniçãoeimple-mentaçãodasestratégias.Aorgani-zação defende o relacionamentoentre a sociedade e o sector comoformade promover um modelo deenergiaquesejajustoesustentável,quer do ponto de vista social, am-biental e cultural. Criada em 1992permitiuoaproximarentreocam-po técnico-científico e asociedade,ao mesmo tempo que diminuiu asassimetrias informativas, aumen-tandooconhecimentosobreotemadaenergia,nomeadamenteareno-vável.

Actuandonasáreasdaeficiênciaenergética,napoupançadeenergiaenoseuimpactonoambiente,aor-ganização defende que o investi-mento nas energias renováveispodeterimpactosregionaispositi-vos.Atravésdaformaçãoedadisse-minação da informação os consu-midorestornam-semaisconscien-teseefectuamumautilizaçãomaisracional daenergia. Algo essencial,especialmente em tempo de criseeconómica.Masmaisdoqueisso.Aapostanasenergiasrenováveiscriaempregoeoportunidadesdenegó-cio.

Um exemplo claro, para JoanaMundó, são as comunidades gera-doras de energia. Quando um gru-po de cidadãos se une e, de formaconsciente, investe, por exemplo,em painéis fotovoltaicos, a fim deproduzir energia para consumopróprioeparacomercialização.Ou,quando um conjunto de pessoase/ouentidadesseunenosentidode

Congress of European Emerging Regions

Programas dedesenvolvimentosó terão sucesso seenvolverem asociedade civilANTONELLA VALMORBIDAALDA (Association of the LocalDemocracy Agencies)

Sociedade | O não envolvimento da comunidade na definição, elaboração e implemen

encontrare implementarsoluçõesde energia sustentável. É aqui queentraaEcoserveis.ANGOprocurafacilitar a partilha de informação eajudaradesenvolverosprojectosdacomunidade.

Apesar de a melhor abordagemseraque envolve acomunidade háaindaalgumasbarreirasaultrapas-sar. Porumlado estes projectos re-queremumelevadoníveldeconhe-cimentotécnico.Oquepodecondi-cionar não só a aprovação como aimplementaçãodosprogramas.Poroutrolado,nãoétransparenteocus-to totaldaenergiaconvencional.

O não saberexactamente qual opreço dafacturadaenergiadificul-ta a tomada de decisão dos utiliza-dores. Estes ficam sem perceberexactamentequaisoscustosenvol-vidos e se vale, ou não, a penainvestir nas energias alternativas.Mesmoporqueoinvestimentoini-cial num projecto desta natureza éavultado.Econvémnãoesquecera

burocracia que envolve levar pordianteumprojectodestanatureza.Não só são programas morososcomo“nãohácoordenaçãoentreosvários organismos competentes”.Tãooumaisimportanteéofactodeo temanão constarno planeamen-tohabitualdosgovernos,querlocaiscomo centrais.

Formas de financiamento Tendo em conta que os projec-

tosdeenergiasalternativasobrigamauminvestimento inicial avultadoequenemtodosaspessoastêmessemontantedisponívelháqueconse-guir financiamento. Para Ecoser-veis eJoanaMundóháquatromo-delos disponíveis: o financiamentodirecto,omisto,orecursoaumfun-do de energias renováveis ou ocrowdfunding.

O primeiro, o financiamento di-recto,claramentesópoderáseruti-lizadoouporpessoascomumaele-vadadisponibilidade financeiraou

Envolvimento dasociedade emprojectos deenergia leva a umautilização maisracionalJOANA MUNDÓEcoserveis

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.Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | VII

ntação de projectos pode criar um sentimento de resistência e ao falhanço dos mesmos

Melhor qualidade de vida= mais competitividade

Investirnamelhoriadaqualidadedevidanascidadeséinvestirnofu-turo desenvolvimento territorialda Europa. Esta é a opinião de Si-mone d’Antonio, daCittalia. Con-vém lembrar que 75% da popula-ção vive em cidades e que 70% daenergiaéconsumidanasmetrópo-les.

Mas, na Europa, o desenvolvi-mentoeaprimoramentodascida-des envolve vários desafios. Querao níveldainovação, dacoesão so-cial, da participação dos cidadãos,damobilidade,doemprego,doam-biente, da energia, da construção,dainclusão,daregeneraçãodoses-paçospúblicos,dadimensãointer-nacionale do multiníveldo gover-no. Sendo que todos eles estão in-terligadosetêmimpactonoquoti-diano das pessoas. Veja-se o casoda(quase)inexistenteparticipaçãodoscidadãosnavidadacidade.Issoaconteceporquenãoháconfiançanaspolíticas,quernacionaiscomoregionais. Poroutro lado amobili-dade ganhou importância, não sópela necessidade de ligação a ou-trascidadesmastambémpelaexis-tência de novas necessidades. É ocaso dos veículos eléctricos, porexemplo.

E quanto à dimensão internacional? Ela é tão importante porque

hojeacompetiçãonãoésóentreci-dades mas sim entre redes de me-trópoles. A que for mais coesa eapresentar mais factores de dife-renciaçãoestaráemvantagemnãosónaatractividadedenovosinves-tidores mas também em turistas,visitantes, residentes…

Mas o que faz com que as cidades sejam tão importantes no desenvolvimento das regiões?

ParaSimoned’Atonioarespos-ta está no facto de conseguirem,por um lado, fazer um uso maisefectivo e nacional dos fundos eu-ropeuse,poroutro,deasuapolíti-caterum impacto directo no quo-tidiano dos cidadãos. Por outrolado podem criar ligações entre

diferentes sectores daeconomiaecriarem hubs de determinado co-nhecimento ou indústria. Sem es-quecer que estaapostareflecte-sena promoção do capital humano,nomeadamenteaoníveldaforma-ção e do emprego.

Paraque umacidade sejacom-petitivadeveráapostarnoqueadi-ferenciade todas as outras. E con-jugar essas diferenças com as ou-trasmetrópolesdasuarede,defor-ma a disponibilizar uma “oferta”integrada.

Simone d’Atonio apontouexemplos de diversas cidades eu-ropeias que estão a avançar nessesentido. É o caso de Salerno, porexemplo,queestáautilizarosfun-doseuropeuspararegenerarasualinhacosteiraeocentrodacidade.JáVitoria-Gasteiz,asegundacida-de do país Basco, optou por inves-tir no ambiente como motor decrescimento.Belfast,porseulado,está a criar comunidades segurasatravés daregeneração urbana.

Emboranãotenhatidooportu-nidadedeconhecerBejaesótenhavisitado de formasuperficial as ci-dades de Lisboa e Porto, Simoned’Atonioreferiuquetodasascida-desdeveriamencararomelhoraraqualidade de vidacomo um factorcompetitivo.

A cidade queapresentar maisfactores dediferenciaçãoatrairá maisinvestidores,turistas eresidentesSIMONE D’ANTONIOCittalia

para projectos mais pequenos, decarácterindividual. Ou, nacomprade acções de empresas que actuemnaárea.Omisto,queenvolveinves-timento directo e instituições ban-cárias, por seu lado, permite umamaior abrangência mas obriga aumamaiorsupervisãoporpartedeterceiros. Este é o modelo vocacio-nado para investidores com umapersonalidade mais conservadora.

Se prefere investir em diversosprojectosasoluçãopassapelaaquisi-çãodefundosdeenergiasrenováveis.Oriscoficadiluídoentreosváriospro-gramasoqueatenuapossíveisperdas.

Quanto ao crowdfunding esteainda é um modelo relativamenterecente. Sendo que Joana Mundósó conhece uma plataforma espe-cializada em energia. Trata-se daalemãcrowdEner.gy.

Portugal é um dos países quemais tem investido, nos últimosanos,nasenergiasrenováveis.Paraissocontribuiu,emanosanteriores,

osprogramasdeincentivo,porpar-te de particulares, e uma maiorconsciênciaporpartedasempresas.

Aúltima legislação sobre o con-sumo energético, que obrigou a al-terações no desenho e construçãodasedificaçõesnovase,agora,aumaanálise dos edifícios comercializa-dos,está,lentamente,amodificarocenário daconstrução nacional.

Masaindahámuitacoisaafazer.O país não aproveitatodo o seu po-tencial fotovoltaico. Veja-se o casodaAlemanha,quetemumapercen-tagem mais elevada de habitaçõescom paineis fotovoltaicos. Aexpli-cação assenta, porumlado, no cus-to inicial de aquisição das tecnolo-gias, da crise económica, assimcomo da falta de conhecimento dealgunsconsumidores/construtores.Algoque,comaajudaecooperaçãodasváriasentidadesenvolvidas,po-derá aumentar a independênciaenergética do país, permitindo in-clusive asuaexportação..

A alemãcrowdEner.gy é,por enquanto, aúnica plataformade crowdfundingespecializada naenergiaJOANA MUNDÓEcoserveis

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CASO DE ESTU DO

Beja, a potencialregião portuguesa

Infra-estruturas, economia diversificada, recursoshumanos qualificados e projectos de âmbito nacionalelevam a importância da cidade.ALEXANDRA [email protected]

Beja é uma região paradigmáticaportuguesa.Tendoporbaseonovoconceito de regiões emergentescomomotordecrescimentoencon-tra-se numa posição invejável faceaoutras cidades nacionais.

A agricultura, aliada àsagro-indústrias, continua a ser omotor da economia, embora o tu-rismo tenha crescido nos últimosanos. Este desenvolvimento deve-se,emgrandeparte,aoaparecimen-todegrandesinfra-estruturasnare-gião, como sendo o Aeroporto e aBarragemdo Alqueva.

Terrenos que se encontravamabandonados,nalgunscasoshává-rias décadas, foramrecuperados.

Isto está a impulsionar um sec-torjádesiimportante.Agarantiadeágualevouao aparecimento de no-vasculturas.Ondeantesdominavaos cereais de sequeiro começahojeaaparecer umaculturade regadio.Comumaoutravantagem.Adeper-mitir plantações intensivas. Estas,para já, destinam-se maioritaria-mente ao mercado interno. Mas oobjectivo é o de possibilitar o au-mento das exportações. Falta umamaiorcoordenação napromoção ecomercialização dos produtos.

Aconjunçãodeumadiversidadedaeconomiaassente no sectorpri-mário e numa rede de infra-estru-turas é o que permite o desenvolvi-mento da região. Para que Beja al-cancetodooseupotencialfaltaape-nas uma coisa. As acessibilidades.AlgoqueestádependentedoGover-no Central e não das entidades lo-cais. No entanto, o facto de muitos

dosprojectosjáemcursoouplanea-dosseremconsideradosdeinteres-se nacional pode facilitar o desblo-queiodestasituação.Osucesso(ouinsucesso)doAeroportodeBeja,daBarragemdoAlquevaoumesmodoPorto de Sines não tem impactoapenasnaregiãodeBejamassimaonívelde todo o país.

OquepoderáfacilitarcriaçãodaligaçãodeSinesaMadrid,essencial,nomeadamente para o transportede mercadorias. E para um maiordesenvolvimentodoPortodeSines,queestaránumaposiçãoúnicaparaservir de “porta de entrada” para omercadoeuropeu.Poroutrolado,edado que se pretende fomentar otransportedepassageirosnoAero-porto de Beja, é fundamental per-mitir arápidadeslocação dos mes-mos. Querparaaregião do Algarvecomo paraLisboa.

Comasinfra-estruturasemfun-cionamento e projectos em cursoprevê-seumaumentodacriaçãodepostos de trabalho na região, no-meadamenteemtermosdoempre-go qualificado.

Arelação entre as empresas e asuniversidadeséessencialparaoas-segurardo mesmo. Sendo que estarelocalizaçãodapopulaçãovaicom-baterofenómenodadesertificaçãodointerior.Enãosetratadeumce-nário futurista. Hoje a taxa de de-semprego já é inferior à média na-cional.

Número que deverá diminuir(aindamais)tendoemcontaospro-jectosjáaprovados,queraoníveldaagriculturacomo do turismo. Are-gião, ao contrário de outras, aindadispõe de financiamento disponí-

vel, ao abrigo do PRODER. Estãoprevistos vários programas que“vão entrar agora em obra”. Querseja ao nível do ampliamento deunidadesjáexistentescomoàcria-ção de novos turismos rurais.

Por outro lado, o facto de a eco-nomia social estar a crescer tam-bémpermiteacriaçãodenovospos-tosdetrabalho,nomeadamentenageração mais jovem. Estão asurgirnovasoportunidadesenasfunções.

Novos tempos, nova imagem,Beja está a mudar. Amodernizar--se.Atentarcaptar(ainda)maisin-vestimentoeaatrairnovosresiden-tes.Peloquechegouentãoalturadelhe conferirumanovaimagem.

O objectivo era provocar reco-nhecimento junto da população eapresentar uma marca que fosseagregadoradacidade,domunicípioe daregião. Umamarcaque reflec-tisse a tradição e a história de maisdedoismilanosdeBejacomumre-flexo contemporâneo e moderno.

Depoisdeanalisadoscasosinter-nacionais, como o de Amesterdão,CharlotteouCopenhagachegou-seaum resultado. O que se pretendiaerapromoveros produtos De Beja,a história De Beja, as pessoas DeBeja… e assimse chegouàdenomi-nação “De Beja”. É o que distinguea cidade de todas as outras. E quepermite criar uma espécie de selode garantia.

Avantagem,segundoaIvity,em-presa responsável pela criação danovamarca, é ade que este concei-totantoseaplicaàcidadecomoàre-gião.ODeBejatemumaabrangên-cia vantajosa, que pode ser utiliza-daportodos.

Congress of European Emerging Regions

Beja | A capital do baixo Alentejo tem uma das baixas taxas de desemprego do país

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Aeroportode BejaOs aeroportos são mais do que umpontodetransportedepassageiros.Mais do que um potencial meio detransportedeturistaséumaimpor-tantefontedereceitaseumpólodedesenvolvimento. O que a ANA –Aeroportos de Portugalpretende écriar um cluster de aeronáutica aoredordo aeroporto. Este permitiránão só desenvolver a indústriacomo potenciará a economia. Istoaomesmotempoquepromoveráotrabalho especializado e criará no-vos postos de trabalho.

Inauguradohádoisanos,oaero-portoestáaserencaradocomosen-doumpólodedesenvolvimentodaregião, nomeadamente através dacriação de um cluster aeronáutico.Pedro Beja Neves, director doAeroportodeBeja,dáoexemplodaTAP, que iniciou as operações demanutençãodasuafrotanasinsta-lações de Beja. Por outro lado, emtermosdotransportedecarga,háadestacarapresençado UTI.

Ooperadorlogísticointernacio-nalefectuouoprimeirovoo,deBejapara a Alemanha, este ano. “O pri-meiro passo – ter um operador noaeroporto – está dado”, refere Pe-dro BejaNeves.

Esteéaliás,o“verdadeiro”negó-cio do aeroporto, dado que em ter-mosdotráfegodepassageirososnú-meros “interessantes” só deverãosurgirapartirde2018,quandoestepassará a ser uma “porta de entra-da regular”. O que só será possívelse “a promoção do Alentejo, nomundo,continuar”.Mesmoassim,as expectativas são as de duplicar,em número, os cinquenta movi-mentos/voosrealizadosnoanopas-sado. Desdequeiniciouoperações,a13 de Abril de 2011, o aeroporto járecebeu 160 movimentos, de setecompanhias aéreas. Destes 110eramoperaçõeschartere48devoosprivados.

Por enquanto são o transportedecargaeaindústriaossectoresquemaiscontribuemparaasreceitasdoaeroporto. Que mantém, em per-manência, uma equipa de quinzeelementos a trabalhar nas instala-ções.

Portode SinesAssumindoopapelde“portadeen-trada” na ligação ibero-atlântica, oPortodeSineséhojelídernacionalem termos de mercadorias movi-mentadas e a principal porta deabastecimento energético do país(petróleo e derivados, carvão e gásnatural).Adquire,porisso,primor-dial importânciaasuainterligaçãocomossectoresindustriaisexisten-tesnaregiãoecomoutrosmeiosdetransporte.

O primeiro semestre deste anotrouxeumnovorecordeemtermosde carga movimentada. Númerosdisponibilizados pelo Porto de Si-nes indicam um crescimento de22% nas mercadorias e 62 porcen-to nos contentores. O que, traduzi-do em toneladas, significa que fo-rammovimentadas17,4milhõesdetoneladas mercadorias e 422 milTEU.

Mas tão ou mais importante doque os números recorde de cargatransportada são as notícias sobre

asparceriasefectuadas.EmMarçoa Autoeuropa anunciou estar a es-tudar a criação de uma plataformalogísticaemSines.OPortoseriaas-simutilizadocomoportadesaída(eentrada) para os mercados euro-peus, americanos e do ExtremoOriente.Aconcretizar-seonegóciosignificaumaumentodasexporta-ções nacionais assim como um au-mentodasuaimportâncianasliga-ções América-Europa. Isto porqueas características do Porto (águasprofundas) permitem aatracagemde navios de maiorporte.

Semesquecerasacessibilidadesterrestres. Está previsto uma evo-luçãorodoferroviáriaquepermiti-rádarrespostaaocrescimentopre-visto.

Por outro lado convém não es-queceraredeGlobaldaRedeTran-seuropeiadeTransportes(RTE-T).Foramfeitas iniciativas no sentidode incluir o Porto de Sines comoporto estratégico.

Aseraprovadaestaacçãopermi-tirápotenciarumaligaçãoferroviá-ria de mercadorias entre Sines eMadrid e aumentar o tráfego demercadorias.

Barragemdo AlquevaO maiorlago artificial daEuropa, econsequentemente a maior reser-vaestratégicade águadaEuropa, oAlquevagaranteadisponibilizaçãodeáguamesmoemperíodosdesecaextrema.Comumaáreadeinfluên-ciaquerondaos10milquilómetrosquadrados e que abrange os distri-tos de Beja, Évora, Portalegre eSetúbal, o Sistema de Rega deAlqueva transformou o que antesera a agricultura alentejana. Ondeantes imperavam os cereais de se-queiro hoje hámais liberdade paraexperimentarnovas culturas.

Nafaseactualdeimplementaçãoestãoemexploraçãocercade68milhectaresderegadio.Deumtotalde120 mil, previstos para 2015. Estegarantedeáguaestáaabrirportasanovas produções. Quer de novosprodutoscomodeplantaçõesinten-sivas, como sendo o olival. EstaspermitiraminclusivequePortugal,nafileiradoazeite,setornasseauto--suficiente.

As novas apostas passam pelaplantaçãodemilhoassimcomoto-mate, cebola, alho, melão e melan-cia,papoila,fruteiras(pomardecle-mentinas, uva de mesa, e outros) efrutossecos(amendoeirasenoguei-ras).

Ataxadeadesãoreferentea2012foisuperiora60%,comasprevisõesaapontaremparaumnovorecordeesteano.Emcausaestánãosóoga-rante do fornecimento de águacomo o apoio disponibilizado peloSISAP - Sistema de Apoio à Deter-minaçãodaAptidãoCultural,atra-vésdaEDIA,entidadegestoradeAl-queva.Esteserviçodeconsultoriaéespecialmenteimportantenadefi-niçãodenovasculturas.Sendoque,actualmente,estãoemdesenvolvi-mentoprojectosnasáreasde:olival,fruteiras, hortícolas, horto-indus-triais, medicinais, cereais de rega-dio, pecuária, proteaginosas, olea-ginosas e especiarias.

AinfluênciadoAlquevanãoter-minanosectoragro-pecuário.Tevetambém influência no turismo.Queraoatrairturistasparaaregiãoenvolventecomoaoimplicaracria-çãodeprojectosturísticosnáuticos.

As três infra-estruturas chave

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TURISMOSector em crescimento énecessário efectuar estudos debenchmarking entre váriosmercados/países/regiões.Só desta forma será possívelpartilhar informações e aprendercom os melhores.Por outro lado há que estar atentoàs mudanças no mercado e aosurgimento de novas formas deturismo e de novos perfisde turistas.O conhecimento existe.Há que utilizá-lo para elaborarestratégias e implementar projectos.Num mundo em constantemutação as agências de viagensadquirem um papel novo, mas nempor isso menos importante.O seu conhecimento sobre asregiões e os turistas revela-seessencial aquando da comunicaçãoe elaboração de estratégias.Sobre a comunicação, ainda maisimprescindível num mundo em quea concorrência é global, as regiõestêm de perceber quais os seuspontos fortes/diferenciadores ecomunicá-los.Criar reconhecimento, nãosó junto do público finalcomo nos intervenientes dosector e nos órgãos de comunicaçãosocial.

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ENERGIA E BIOENERGIAO sector que começa a ser relevante,principalmente em momentos decrise, exige, no entanto,planeamento.Não só a nível municipal comonacional. Há que definirquais as áreas de interesse eonde/quais os projectos a seremimplementados.Sendo que o planeamento é averdadeira ferramenta para aimplementação da eficiênciaenergética.Que é um tema cada vez maisimportante para as empresas e oscidadãos.Com os custos da energiaa aumentar cabe a cadaum adoptar comportamentosque permitam uma maiseficiente utilização.Os municípios têm de reduziros seus custos, o que poderá seralcançado através da monitorizaçãoe de uma melhor utilização dosequipamentos.Em relação às novas formas decriação de energias, como ospainéis fotovoltaicos a roundtable considera que é necessárioavaliação dos custos.Isto porque há oportunidades esoluções onde o retorno justifica oinvestimento feito.

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SUSTENTABILIDADE, AMBIENTEE QUALIDADE DE VIDA URBANAUma cidade só poderá serconsiderada um motor decrescimento da região onde estainserida se tiver pessoas. E seoferecer uma boa qualidade de vida.Esta foi a conclusão a que chegaramos membros que estiveram a debatero tema nas round tables. Énecessário investir nasustentabilidade das cidades. E istopassa por muito mais do quesimplesmente “injectar” dinheironum ou noutro programa. Estes têmde ser adaptados à realidade de cadacidade, combatendo problemasespecíficos.E, numa altura em que surgem novasformas de mobilidade, em que apopulação ganha nova consciência,as cidades têm de ser capaz de darresposta. Quer seja através de umamais eficiente rede de transportespúblicos ou através da criação decondições à utilização de meiosalternativos, como sendo a bicicletaou os veículos eléctricos.Estas iniciativas terão impactodirecto em algo básico como aqualidade do ar. E que deverá seracompanhado por um correctoordenamento do território, por umaeficiente gestão dos resíduos e dofluxo de água.

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OpiniãoMaria da Graça Carvalho

Membro doParlamento Europeu

A posição únicado AlentejoAs regiões emergentes têm um pa-pel essencial no prepararaEuropaparaos desafios do século XXI. Es-tes vão desde saber diferenciar-senumaeconomiaemconstantemu-dança, enfrentar a competição dosmercados internacionais ao aque-cimento global e as consequênciasdeterumapopulaçãocadavezmaisenvelhecida.

Otimingdestecongressoéespe-cialmenteinteressantedadoquees-tamos a finalizar a preparação danova geração dos programas daUniãoEuropeia,queestarãoemvi-gor entre 2014-2020. Entre elesdestaca-se o Horizon 2020, voca-cionado para a investigação e des-envolvimento,comumorçamentode 70 mil milhões de euros. Realçotambém o Quadro Estratégico Eu-ropeu,queincluicincofundos:coe-são,desenvolvimentoregional,fun-dosocialeuropeu,agriculturaepes-cas.Sendoque,sóparaPortugalfo-ramalocados27milmilhõesdeeu-ros, que serão geridos pelas autori-dades nacionais e regionais.

Ainda em relação às verbas queserãodisponibilizadasaPortugal,oAlentejoCCDRestá,actualmente,aproceder ao planeamento de comoinvestiressesfundos,deacordocomasprioridadesregionais.Asconclu-sões deste congresso serão um im-putprecioso parao processo de de-cisãodessasmesmasprioridades.

O Alentejo está numa posiçãoúnica. Tem umagrande riquezaderecursos naturais e um dos melho-resconjuntosdeactivosdaEuropa,onde se incluem o Aeroporto deBeja,oPortodeSineseaBarragemdo Alqueva. Aque se juntam insti-tuições de ensino de elevadaquali-dade,comoInstitutoPolitécnicodeBejaafazerpartedeumpólodeex-celênciaregional.

Mas nem tudo são pontos posi-tivos. Ainfra-estrutura rodoviáriaalentejana ainda necessita de sermelhorada.

Ao determinar as prioridadesque beneficiarão dos fundos

comunitários é essencial que estassejamestabelecidasdeacordocomo objectivo de estimular o cresci-mentoeconómicoedepromoveroemprego. Os tópicos abordados nocongresso – aeronáutica e aviação;agriculturaeagro-indústrias;turis-mo e as novas ruralidades; energiaebioenergia;sustentabilidade,am-bienteequalidadedevidaurbana–são os apropriados para promovero crescimento naregião, atenuar odesempregoecriarnovospostosdetrabalho.

Apesardefactorescomoainfra--estrutura, os recursos naturais, aqualidadedoensinoeosfundoseu-ropeusseremimportantesnofutu-ro da região, por si só não são sufi-cientesparaasseguraroseucresci-mento económico. Houve alturasem que Beja teve todo um conjun-todefactorespositivoseosresulta-dosobtidosnãoforamosdesejados.

Paratalénecessárioassegurarascondiçõesmacroeconómicasfavo-ráveis, menos burocracia e umamaior aposta na inovação. Se con-seguirmos juntar todos estes dife-rentes aspectos num“pacote” har-monioso creio que conseguiremosfazercresceraeconomiae baixarodesemprego.

Mas,paraconseguiristo,éessen-cial prosseguir com o processo dereformas estruturais. E que estasnão sejam encaradas apenas comoexercíciosdepoupança.Todasasre-formasestruturaispodemedevemserorientadascomoformadeatin-gireproporcionarascondiçõesparaumcrescimentoeprosperidadefu-turo.

Emconclusão,osmunicípiosearegião de Beja só conseguirão res-ponderaosdesafiosdehojesecon-seguirem explorar aos seus recur-sosnaturais,asinfra-estruturasdis-poníveis,ocapitalhumanoearedede ensino existente no Alentejo.Condições que serão alavancadaspela correcta aplicação dos fundosdisponibilizados pelo próximo or-çamento daUnião Europeia.