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Extensão redefine papel na formação acadêmica ARQ UIVO INCUBADO RA Proposta torna obrigatória inclusão de alunos na extensão. Em Cametá, cooperados recebem orientações sobre higiene no manuseio do açaí Págs. 6 e 7 MARI CHIBA A evolução dos serviços prestados ao público marca esta trajetória Pág11 Biblioteca Central comemora 45 anos dedicados à informação Reuni vai injetar R$ 70 milhões na reestruturação do ensino e ampliação física Pág 4 Entrevista com Josep Vidal, coordenador da Casa de Estudos Hispano-Americanos Pág12 Cursos da UFPA ganham destaque no Guia do Estudante 2007 Pág 8

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Beira do Rio edição 56

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Page 1: Beira 56

Extensão redefine papelna formação acadêmica

ARQUIVO INCUBADORA

Proposta torna obrigatória inclusão de alunos na extensão. Em Cametá, cooperados recebem orientações sobre higiene no manuseio do açaí Págs. 6 e 7

MARI CHIBA

A evolução dos serviços prestados ao público marca esta trajetória Pág11

Biblioteca Central comemora45 anos dedicados à informação

Reuni vai injetar R$ 70milhões na reestruturaçãodo ensino e ampliação física Pág 4

Entrevista com Josep Vidal,coordenador da Casa deEstudos Hispano-Americanos Pág12

Cursos da UFPA ganhamdestaque no Guia doEstudante 2007 Pág 8

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Universidade Federal do ParáNovembro, 20072 BEIRA DO RIO

Fascismo não é de direita, nemde esquerda. É fascismo. Caracteriza-se por uma ideologia fundamentalista etotalitária, de pensamento único; auto-referente à sua única e absoluta "verda-de"; avessa, portanto, ao exercício darazão dialógica e ao direito do contra-ditório; movida por ações fundadas napropaganda enganosa, na calúnia e, senecessário, na violência, disposta a atin-gir seus objetivos a qualquer custo,mesmo se para isso for necessário calu-niar, intimidar, agredir, usurpar, humi-lhar, desconhecendo os fundamentosbásicos dos direitos humanos e os limi-tes civilizados do Estado de Direito.

Fascistas foram todos os regimespolíticos que condenaram à morte, semdefesa, todos os que, por eles, segundocritérios próprios, eram julgados seusadversários: dos campos de concentra-ção de Auschwitz, na Polônia, durantea Segunda Guerra Mundial, ao arqui-pélago Gullag, na ex-URSS, em plenafase totalitária pós-revolucionária.

As ditaduras militares dos anos1970-80, na América Latina - os famo-sos "anos de chumbo" -, traduziram umambiente semelhante de terror e de ame-aça, que atingiu, inclusive, o espaço pri-vilegiado, legado pela civilização, parafazer prosperar justamente o antídotocontra todo esse mal e contra toda for-

ma de obscurantismo: a universidade.Nada há de mais pernicioso e estranhoao mundo acadêmico que a ausência deliberdade de expressão, a negação dopluralismo ideológico, o impedimentodo exercício da única força, aí, legiti-mamente admitida e insubstituível: a doargumento. Valores que, sob os regimesde exceção, são permanentemente des-denhados, censurados e combatidos.

Triste e temerário é presenciar,na atual conjuntura brasileira, depois deuma longa e histórica luta contra a dita-dura militar, novamente a emergênciade práticas políticas a ameaçar tais va-lores, e, o que é pior, agora movidas nãopor parte do Estado, mas por facções egrupos que, inconformados com as der-rotas em espaços democráticos, tumul-tuam a normalidade da vida das insti-tuições, investindo em sua desmorali-zação pública.

É isso o que está ocorrendo emmuitas universidades públicas.

Desde o primeiro semestre de2007, com as indiscriminadas einjustificadas invasões de prédios dereitorias - dentre as quais ganhou maiornotoriedade aquela, escandalosa, daUSP -, até mais recentemente, com asnovas invasões e tentativas de impedi-mento de deliberação, livre e legítima,de Conselhos Universitários sobre ma-

térias de interesse acadêmico-institucional - a exemplo da avaliaçãosobre a adesão ao Programa Reuni, doMEC, que prevê a expansão de vagase de investimentos em universidades pú-blicas -, o que se observa é a ação viru-lenta de grupos de estudantes - alguns,inclusive, de fora do meio universitário -, alimentados por professores que senegam à exposição pública (por ques-tões de ordem tática ou covardia), emdesrespeito aos mais básicos princípiosdo bom senso, da racionalidade e dasnormas democráticas e colegiadas queregem os estatutos da vida acadêmica.

São inúmeros os testemunhosindignados de reitores e de membros deConselhos Universitários a repudiaresse tipo truculento de enfrentamento,a ponto de, de forma inédita, a própriaAndifes (Associação Nacional que con-grega todos os dirigentes das InstituiçõesFederais de ensino superior) ter emitidouma Nota, aprovada em sua reunião ple-nária de outubro, repudiando o que con-sidera "conteúdo fascista e totalitário"dessa forma de ação.

Não são fatos isolados. São mo-vimentos sistemáticos, contínuos, recor-rentes, progressivos, orquestrados poralas de certos partidos políticos que, porpossuírem seus quadros restritos aomeio universitário e a alguns setores do

funcionalismo público - sem maiorrepresentatividade junto à sociedademais ampla -, objetivam não simples-mente atacar, a partir de dentro das ins-tituições, os Governos popularmentesufragados, mas eleger, se possível, rei-tores, para poderem instrumentalizar auniversidade - sua principal "trinchei-ra" - em favor de seus escusos intentospolíticos.

"A defesa da universidade públi-ca, de sua autonomia, pluralismo e li-berdade, verdadeiras cláusulas pétreasde uma academia - arremata a Nota daAndifes -, terá de ser garantida com fir-meza e por todos os meios legítimos elegais à disposição, sob pena da desmo-ralização das instituições, deterioraçãodo patrimônio público e falência das con-quistas democráticas, tão arduamenteconquistas em nosso país".

Sim, o quadro não é para brinca-deira, nem para pusilanimidade. A uni-versidade pública brasileira oscila en-tre a consolidação institucional e abarbárie. Ela não pode ficar refém des-sa ameaça de plantão, que agride os seusEstatutos, a Constituição e toda sorte deracionalidade e de liberdade que deveimperar num ambiente universitário.Tudo depende de contexto; e, como nãoestamos sob regime de exceção, não hájustificativa para tanta truculência.

Alex Bolonha Fiúza de MelloReitor

Regina Fátima Feio BarrosoVice-reitora

Iracy de Almeida Gallo RitzmannPró-reitora de Administração

Sinfrônio Brito MoraesPró-reitor de PlanejamentoLicurgo Peixoto de Brito

Pró-reitor de Ensino de GraduaçãoNey Cristina Monteiro de Oliveira

Pró-reitora de ExtensãoRoberto Dall´Agnol

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduaçãoSibele Bitar Caetano

Pró-reitora de Desenvolvimento e Gestãode Pessoal

Luiz Otávio Mota PereiraPrefeito do Campus

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃOINSTITUCIONAL

JORNAL BEIRA DO RIOLuciana Miranda Costa

CoordenadoraTatiana Ferreira

EdiçãoErika Morhy, Walter Pinto, Tatiana

Ferreira, Ana Cristina TrindadeReportagem

Mari Chiba, Manoel Neto, Íris JateneFotografia

João Luiz Lima de FreitasProdução

Leylla Melo (texto), RobertoCarvalho, Gleison Furtado

(secretaria), Gerson Neto(informática),

Glaciane Serrão (letras)Estagiários

Josely Dias - Editora da UFPARevisão

Rose PepeArte

Impressão Gráfica da UFPA

UNIVERSIDADEFEDERAL DO PARÁ

Rua Augusto Correa nº1 - Belém/[email protected] - www.ufpa.br

T 91 3201-7577

Coluna do ReitorUma nova onda fascista ameaça as universidades públicasAlex Fiúza de Mello - ReitorLU

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Quase octogenário, o rádioparaense construía sua história sem dei-xar muitos registros. Além da memóriados profissionais que trabalharam emrádio, durante quase 80 anos (1928/2008), pouca coisa ficou acessível. Aspesquisas "Os setenta anos do rádio emBelém" e "Universidade no ar: ensino,pesquisa e extensão com as ondas dorádio" (Proint), ambas no âmbito da Fa-culdade de Comunicação da UFPA,buscaram contribuir para suprir esta la-cuna, tornando-se fontes sistematizadasde informações sobre o tema.

Em quase dez anos (1998/2007),trabalhou-se, com a colaboração de maisde 30 alunos do curso de ComunicaçãoSocial, na recuperação e análise da his-tória do rádio em Belém em seus princi-pais aspectos, como as radionovelas; oscontextos político, cultural, econômico esocial das décadas de 30 a 90; a estreitaligação entre o veículo e a política local;o sucesso do radiojornalismo esportivoe policial; a crise financeira enfrentadapelas rádios; o surgimento e fortaleci-mento das rádios comunitárias e religio-sas; a terceirização de vários departa-mentos; e, mais recentemente, a trans-formação do rádio na era digital.

Foram gravadas mais de umacentena de entrevistas com radialistascomo Advaldo Castro, as radioatrizes

Iracema Oliveira e Tacimar Cantuária,e comunicadores como Costa Filho eElói Santos. O rádio paraense teve e temmuitas histórias para contar. Os progra-mas de auditório e as radionovelas, dasdécadas de 40, 50 e 60, marcaram épo-ca. Os radiojornais e informativos tam-bém se fizeram presentes. A RádioMarajoara, que pertencia aos DiáriosAssociados de Assis Chateaubriand, ti-nha radiojornais em várias edições diá-rias. O radiojornalismo policial teve seuponto alto com o "Patrulha da Cidade",um programa apresentado pelo radialis-ta Paulo Ronaldo, que atraia a audiên-cia de homens, mulheres, policiais ebandidos.

Desde a década de 90, entretan-to, o clássico tripé radiofônico: música,informação e serviço tem balançado emBelém. Produtoras independentes, ge-ralmente ligadas a agências de publici-dade, contratam profissionais, vendemanúncios e patrocínios, alugam horáriosnas rádios e dividem os lucros com asemissoras. A fórmula foi a solução en-contrada para que muitos programas nãosaíssem do ar.

Nesses quase 80 anos de exis-tência do rádio em Belém, o veículo queviveu seus tempos áureos nas décadasde 40, 50 e 60 com as radionovelas eprogramas de auditório, tem buscado

novos caminhos e fórmulas para recon-quistar o público que migrou para a tele-visão e que, conseqüentemente, levouconsigo os anunciantes e patrocinado-res dos programas.

Desta forma, a pesquisa, do pon-to de vista prático, e com o objetivo deampliar o acesso às informações eutilizá-las como instrumento pedagógi-co para os alunos do curso de Comuni-cação da UFPA e de outras instituições,optou pela criação de um site (http://www.oparanasondasdoradio.ufpa.br), apublicação de um livro (com lançamen-to previsto para o início de 2008) e arealização de um Seminário temático(novembro de 2007), envolvendo alunose profissionais do rádio paraense e deoutros Estados, como a profª Nélia DelBianco, da UnB - que tem coordenadoas discussões sobre o rádio digital entreos pesquisadores de universidades bra-sileiras -; os professores Gustavo Lopes(Uninter - Curitiba) e Pedro Vaz (Fa-culdade Cásper Líbero - S.Paulo), quecoordenam as rádios universitárias desuas respectivas instituições de ensino;além de representantes da Abraço (As-sociação Brasileira de Rádios Comuni-tárias) e da Associação das Rádios Co-munitárias da Amazônia. Convido todosa conhecer esse trabalho.

OpiniãoO Pará nas Ondas do RádioLuciana Miranda Costa - Profª da Faculdade de Comunicação eCoordenadora de Comunicação Institucional da UFPA

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Universidade Federal do Pará BEIRA DO RIO Novembro, 2007 3

E D U C A Ç Ã O A D I S T Â N C I A

Expansão e consolidação dos cursos a distância na UFPAModalidade ganha cada vez mais reconhecimento

FOTOS MARI CHIBA

Cursos de educação a distância da UFPA também envolvem aulas presenciais

Pesquisa recente realizadacom os alunos do curso de Licenci-atura em Matemática na modalida-de a distância da UFPA comprova aaceitação do curso, após três anosde implantado. Os números revelamque 74,3% dos alunos recomendari-am o curso a outra pessoa e, 64,7%classificam o curso como ótimo ebom. Apenas 35,3% acham o cursoregular e nenhum dos entrevistadoso qualificou como ruim. Foram 212entrevistados em Marabá, Cametá,Tucuruí e Belém. O estudo prosse-guirá nos demais campi/pólos. Asatisfação dos alunos está relacio-nada, principalmente, à qualidade domaterial didático, considerado exce-lente em todos os cursos, e ao acom-panhamento pelos professores tuto-res. O mais baixo nível de satisfa-ção é com o atendimento adminis-trativo. Para a professora Selma Lei-te, que coordena a Assessoria deEducação a Distância junto à reito-ria, o resultado é especialmente sig-nificativo, pois as políticas públicaspara a área são recentes, datam de2004, quando o Programa Pró-Licen-ciatura 1 foi lançado pela Secretariade Educação a Distância do MEC(SEED/ MEC). A opinião dos alu-nos anima a Administração Superiora consolidar cada vez mais essamodalidade de educação na região,que vai ao encontro de pessoas quenão teriam chance de freqüentaruma universidade pública e gratuitade qualidade se não fosse a flexibili-dade de tempo e espaço que a EaDpropicia.

Hoje, a UFPA e todas as univer-sidades federais, além de algumas esta-duais, integram o Sistema UniversidadeAberta do Brasil - UAB, uma políticade estado iniciada neste governo, noperíodo da gestão de Ronaldo Mota àfrente da Secretaria de Educação a Dis-tância - SEED/MEC e do MinistroFernando Haddad. Em parceria communicípios e Estado, o sistema financiaa expansão da educação a distância paratodo o país, ocupando o espaço que an-tes era ocupado, principalmente, pelasuniversidades privadas e, timidamente,pelas públicas com seus programas deinteriorização. Com o advento das no-vas tecnologias da comunicação, e, noPará, com a conexão de parte do esta-do por meio de fibra ótica já instaladapela Eletronorte, em parceria firmadacom o Governo do Estado, além de ou-tras soluções via satélite, a Educação aDistância, ficará consolidada, contribu-indo para inclusão digital e para o de-senvolvimento de atividades importan-tes como telemedicina, gestão adminis-trativa e mesmo para a melhoria do sis-tema de ensino em geral.

Esse fenômeno de expansão doensino pela via da modalidade a distân-cia, já reconhecida pelo seu valor hámuitos anos em todo o mundo, só re-centemente está ocorrendo no Brasil.Mostrando essa expansão, o Anuário daAssociação Brasileira de Educação aDistância (ABED) diz que, em 2006, onúmero de inscritos no ensino a distân-cia (somente instituições credenciadas)em todo o país subiu em 54%, chegan-do a 778 mil pessoas em 228 institui-ções.

Atualmente a AEDI está implan-tando todos os cursos na plataformaMoodle, recomendada para todo o sis-tema nacional. Será oferecida forma-ção on-line e de forma continuada paraprofessores selecionados para o traba-lho de acompanhamento dos alunos nosmunicípios e em Belém (tutores), paraprodução de materiais didáticos em di-ferentes mídias e desenvolvendo no pró-prio sistema, programas que possibilitemacesso a pessoas portadoras de neces-sidades especiais, iniciando por aquelesque possuem visão subnormal.

Um dos grandes incentivos quea EaD vem recebendo em todo o país ena UFPA, em particular, é a quantidadede equipamentos (computadores) paraa sede Belém (50) e para os pólos, (30para cada um), servidores com confi-guração capaz de suportar milhares dealunos on-line, salas de vídeo conferên-cia, conexão banda larga com boa partedos municípios da calha sul do Amazo-nas e do Sudeste do Pará, recursos paracusteio, bolsas pagas pelo FNDE direto

aos professores que estão coorde-nando os cursos e escrevendo ma-teriais, construção de um prédio dedois andares com cerca de 1.000 m²,com todos os equipamentos e mobi-liários em orçamento para serem fi-nanciados ainda este ano pelo MEC-SEED, já que grande parte dos re-cursos para construção foiconseguida via emenda parlamentar.

Todos os professores que es-tão participando do programa sãopesquisadores com experiência degestão, pesquisa e ensino, o que per-mite uma gestão colegiada que temtrabalhado cooperativamente man-tendo um excelente nível deentrosamento, o que garante a qua-lidade e a consolidação acadêmicados cursos. Os resultados da apro-vação dos Cursos no Consepe têmdemonstrado a confiança que a ad-ministração superior e cada mem-bro do Conselho deposita nas pes-soas que estão a frente do progra-ma da UFPA.

Curso de Administração tem projeto piloto em 25 universidadesA proposição dos cursos na

modalidade a distância tem atraído paraesse amplo e flexível "espaço de au-las" alguns profissionais que já possu-em uma graduação e que, inclusive,estão no mercado de trabalho. Essefato vem ocorrendo porque o merca-do tem exigido novas habilidades e atu-alização constante dos profissionais. Éo caso dos alunos Gláucia Sério e Be-nedito Gaia, do curso de Administra-ção da UFPA na modalidade a distân-cia. O curso possibilitou que esses doisprofissionais trabalhem e estudem sema necessidade de deslocamento diáriopara aulas presenciais.

Gláucia é pedagoga e secretá-ria de Administração em AugustoCorrêa. Benedito é engenheiro civil efuncionário da Secretaria de Estado daFazenda, em Tomé-Açu. "Eu tinha umavisão do senso comum sobre Adminis-tração e entendi que precisava me qua-lificar para acompanhar a moderniza-ção da máquina pública. O curso temme dado embasamento teórico e mepermitiu visualizar direitos e deveres dos

servidores", argumenta Gláucia, de 32 anos.Ela diz ainda que não teria condições de seaperfeiçoar profissionalmente se não fos-se a possibilidade do estudo a distância, eilustra dizendo que seu pólo fica na cidadede Capanema, embora estivesse emBelém apresentando seu trabalho no se-minário temático de encerramento do se-gundo módulo do curso. O seminárioocorrreu, no final do mês de outubro, si-multaneamente, também em Altamira (há1000 km), Marabá (há 530 km), Capanema(há 166 km) e Santarém (há 800 km), pó-los que ofertam o curso, e é uma das eta-pas presenciais.

Benedito Gaia também assegura osbenefícios do curso, o segundo a distânciaque faz. O primeiro foi uma pós-gradua-ção em gestão e planejamento ambiental."Aprendia muito ´na marra´, no dia-a-dia.A disciplina Sociologia me deuembasamento muito bom sobre a relaçãocom os clientes e mesmo com os colegasde trabalho e a de Direito me deu seguran-ça para fazer cobrança de impostos comfundamentação", explica. Ele diz que hou-ve melhora na plataforma do curso, mas

se queixa da dificuldade em interagir maiscom os outros colegas.

Coordenador do curso de Adminis-tração, Erasmo Maia confirma que este éperfil da maioria dos alunos dos cursos adistância. O curso de Administração, as-sim como o de Licenciatura em Biologia,faz parte de uma rede nacional de universi-dades públicas, o que tem agilizado a pro-dução dos materiais didáticos e garantido aqualidade. Na produção desses materiais,vêm trabalhando os melhores profissionaisdas instituições consorciadas, que são acom-panhados por uma comissão editorial res-ponsável pela coordenação da equipe.

O curso de Matemática ainda utili-za os materiais didáticos do Consórcio dasUniversidades Públicas do Rio de Janeiro -Cederj. Contudo, o corpo docente da UFPAjá está produzindo conteúdos com apoio doprograma de bolsas da UAB. O curso deQuímica também vai utilizar parte do ma-terial didático do Cederj e o curso de Le-tras Português, também com o apoio doprograma de bolsas da UAB, é o único queestá sendo totalmente escrito por profes-sores da Faculdade de Letras da UFPA.

Ainda este ano haverá mais um pro-cesso seletivo especial disponibilizando600 vagas nos municípios de Bujarú,D. Elizeu, Parauapebas, Santana noAmapá e Goianésia do Pará. Finalmen-te, a UFPA terá concluído em 2007,uma expansão que salta dos 340 alu-nos que ingressaram na matemática em2003, para 2.600 alunos em apenas 4anos. Conheça mais sobre a AEDI:www.sead.ufpa.br

Selma Leite, da AEDI

Page 4: Beira 56

Universidade Federal do ParáNovembro, 20074 BEIRA DO RIO

R E U N I

Consun aprova adesão da UFPA ao ReuniPlano estabelececontratação de 513docentes e investimentosem infra-estrutura novalor de R$ 77,2 milhões

Walter Pinto

Reunião do Conselho Universitário que deliberou pela adesão da universidade ao Reuni

MARI CHIBA

Instituído por meio do Decreto fede-ral nº 6096/07, o Programa de Apoioa Planos de Reestruturação e Expan-

são das Universidades Federais (Reu-ni) se propõe financiar planos de rees-truturação e expansão das universida-des federais durante os próximos cincoanos. Tem por objetivo ampliar o aces-so aos cursos de graduação, reduzir otempo de permanência neles, promovermelhorias na estrutura física das insti-tuições e prover recursos humanos parao cumprimento dessas metas. A adesãoao Reuni é voluntária, mediante aprova-ção do plano de reestruturação e expan-são pelos conselhos superiores das uni-versidades federais. Em algumas delas,a adesão transformou-se em processosbastante tumultuados, inclusive com in-vasões de reitorias por estudantes con-trários à proposta.

A adesão da Universidade Fede-ral do Pará ocorreu no dia 19 de outu-bro, quando o Conselho Universitárioaprovou o Plano de Reestruturação eExpansão 2008-2012. Antes de subme-ter a proposta ao Consun, a Reitoria re-alizou consulta eletrônica aberta a qual-quer membro da comunidade universi-tária, com o objetivo de fornecer subsí-

dio à decisão da reitoria em submeterou não o plano ao Consun. A maioriados votantes manifestou-se favorável àadesão.

O Plano de Reestruturação eExpansão da UFPA está estruturado emeixos, detalhados em metas, com espe-cificação das estratégias para atingi-las.O cumprimento do Plano está estabele-cido em etapas anuais e seu cumprimen-to pode determinar uma mudança signi-ficativa na instituição. Entre os princi-pais eixos estão, ampliação da oferta devagas; redução das taxas de evasão;ocupação das vagas ociosas; revisão daestrutura acadêmica e reorganizaçãodos cursos de graduação; capacitaçãopedagógica; articulação da educaçãosuperior com a educação básica, profis-sional e tecnológica; política de inclusão,programas de assistência estudantil;política de extensão universitária; suporteda pós-graduação ao desenvolvimento

qualitativo da graduação; contratação depessoal docente para graduação e pós-graduação e de pessoal técnico admi-nistrativo; ampliação da infra-estruturafísica.

Até 2012, a UFPA pretende am-pliar a oferta de vagas aos cursos delicenciatura em até 50% no interior doEstado. Pretende também consolidar oscursos em funcionamento. Para cum-prir essas metas planeja contratar 341novos docentes, elevando o número deprofessores do quadro permanente dointerior dos atuais 68 para 419 docen-tes, de acordo com a distribuição seguin-te: 35 para Abaetetuba; 38 para Altami-ra; 47 para Bragança; 41 para Breves;51 para Cametá; 37 para Castanhal; 81para Marabá; 11 para Soure. Para acapital, o aumento na oferta de vagasserá de 5% mediante contratação de 83docentes, assim distribuídos por novoscursos: 10 para Biotecnologia, 8 para

Licenciatura em ciências, 9 para Licen-ciatura em ciências e matemática, 10para Museologia, 9 para Saúde coleti-va, 8 para Teatro, 10 para Dança, 10para Fisioterapia e 9 para Terapia Ocu-pacional. A contratação desses docen-tes será realizada por etapas, segundo ocronograma a seguir: ano de 2008: 94para o interior; ano de 2009, 125 (interi-or) e 24 (Belém); ano de 2010: 113 (in-terior) e 33 (Belém); ano de 2011: 9 (in-terior) e 26 (Belém). Também serãocontratados 89 docentes para a pós-gra-duação no período assinalado. A expan-são das atividades na capital e no interi-or exigirá a contratação de 116 novosfuncionários técnico-administrativos, dosquais 71 de nível superior (NS) e 45 denível médio (NM), assim distribuídos:Abaetetuba, 6 NS e 5 NM; Altamira, 5NS e 8 NM; Bragança: 1 NS e 5 NM;Breves, 3 NS e 7 NM; Cametá: 3 NS e7 NM; Castanhal; 1 NS e 2 NM; Be-lém 52 NS e 11 NM.

A UFPA planeja expandir sua in-fra-estrutura total (Belém e interior) emmais 27.207 m², por meio de obras or-çadas, hoje, em R$ 44.698.526,00. Omaior aporte de recursos vai para o cam-pus de Belém, cujas obras foram orça-das em R$ 26.294.100.

Os demais campi receberão osseguintes valores: R$ 5.673.526,00 paraAltamira; R$ 2.629.000,00 para Casta-nhal; R$ 1.446.900,00 para Cametá;1.193.500,00 para Abaetetuba, R$1.418.500,00 para Breves; R$1.149.500,00 para Soure e Marabá R$2.881.000,00. Os investimentos em in-fra-estrutura e em equipamentos paralaboratórios somam R$ 32.503.924,00.

UFPA quer elevar número de bolsas para 2.500 Andifes condena truculência das manifestações

A partir de 2008, quando oplano entra em funcionamento, até2012, a UFPA se compromete emreduzir a taxa de evasão para 10%a 20%, empregando estratégiascomo ampliação da oferta de vagas,principalmente no interior; incentivoà adoção de novas metodologias deensino por meio de seminários, ofi-cinas e cursos; revisão de normasde procedimentos acadêmicos naperspectiva de tornar o percursoacadêmico mais ágil e flexível.

Também se compromete emreduzir para 10% o número de va-gas ociosas mediante o estabeleci-mento de novas normas e mecanis-mos de controle acadêmico proces-sado em um novo sistemacomputacional que atenda às neces-sidades da atual estrutura. Outramedida será dar ampla divulgaçãodos programas de mobilidade aca-dêmica interna e externa, passandoa incluir no calendário acadêmico

anual os seus cronogramas, buscan-do sensibilizar docentes, técnicos egestores à importância da participa-ção dos alunos nesses programas.

A UFPA planeja revisar a es-trutura acadêmica e reorganizarseus cursos de graduação por meiode um novo regulamento do ensinode graduação com base nos princí-pios da flexibilidade, da racionalidadee da indissociabilidade. Como medi-da de estímulo, lançará edital parafinanciamento de cursos que apre-sentarem propostas de ações coe-rentes com as novas estratégias pro-postas.

Em relação aos programas deassistência estudantil, uma das me-tas do plano da UFPA pretende am-pliar a oferta de bolsas para 2.500,acrescentando mais 1.615 às atuais.Pretende também ampliar em 50%o atendimento mensal no Serviço deAssistência Psicossocial para alunosda graduação e da pós-graduação.

A Associação Nacional de Diri-gentes de Instituições de Ensino Superi-or divulgou nota condenando manifes-tações realizadas por grupos contráriosao Reuni em algumas universidades.Para a entidade, a truculência das ma-nifestações contrasta com a forma de-mocrática que os dirigentes das Ifes es-tão conduzindo a questão nos conselhossuperiores. Leia abaixo a nota daAndifes:

“Os reitores e demais dirigentesdas Instituições Federais de Ensino Su-perior, reunidos em Brasília na 91ª reu-nião extraordinária do Conselho Plenoda Andifes, vêm manifestar de público,perante a nação brasileira, o seu maisveemente repúdio à ação violenta eantidemocrática das invasões de reitori-as e impedimento de decisões legítimase soberanas de Conselhos Universitári-os, patrocinadas por certos grupos deestudantes que, com péssimo exemplo,não honram as melhores tradições domovimento que pretendem representar.Os lamentáveis episódios ocorridos re-centemente em diversas universidadespor ocasião da deliberação sobre a apre-

ciação dos projetos das IFES a se-rem submetidos ao Programa deReestruturação e Expansão das Uni-versidades Públicas - Reuni carac-terizam o conteúdo fascista e totali-tário desse tipo de manifestação po-lítica, que não condiz com as liber-dades democráticas, a normalidadeinstitucional e o pleno Estado de Di-reito em vigência no Brasil. Ao con-trário do que apregoam alguns, atruculência tem caracterizado taismanifestações, em contraste com aatitude democrática de dirigentes dasIFES, que, sem exceção, têm sub-metido aos Conselhos Superiores asgrandes decisões institucionais.

A defesa da universidade pú-blica, de sua autonomia, pluralismo eliberdade, verdadeiras cláusulaspétreas de uma academia, terá deser garantida com firmeza e por to-dos os meios legítimos e legais à dis-posição, sob pena de desmoralizaçãodas instituições, deterioração dopatrimônio público e falência das con-quistas democráticas, tão arduamen-te construídas em nosso país.”

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início da década de 1990, a Funai co-meçou a ficar sucateada e facilitou aapropriação pelos índios, que passarama exigir o uso do aparelho para si, pediro conserto e mesmo a compra (...) OEstado não teve mais como controlar",narra Liandro, "e hoje os Xikrin, porexemplo, possuem mais de seis estaçõesda radiofonia".

Nova configuraçãoCom a disseminação do uso da

radiofonia entre os indígenas, houve umprocesso que Liandro Faro identifica sero de reconfiguração. Os indígenas pas-saram a usar um instrumento criado poroutra sociedade, mas sem alterar seupróprio sistema de organização, ao con-trário, passaram a fortalecer seu siste-ma, facilitar o processo de mobilizaçãoem defesa de seus direitos, reafirmar suaetnicidade, proteger o meio ambiente emanter laços afetivos.

"Falei com um índio Xikrin quepassava muito mais tempo em Marabádo que na sua aldeia, por estar estudan-do. São 500 quilômetros de distância.A maneira de se manter em contato comos familiares é usando a radiofonia. Elesabe como foi a festividade, sobre a saú-de dos parentes e treina a língua da tri-

Universidade Federal do Pará BEIRA DO RIO Novembro, 2007 5

D I R E I T O

Indígenas usam radiofonia para defesa de seus direitos

FOTOS: ARQUIVO PESQUISADOR

Rádio é utilizado tanto para intermediar sua participação política, como para reafirmar suas práticas culturais

Dissertação mostra que povos indígenas fortalecem mobilização com a radiofonia, anteriormente usada só por funcionários da Funai

Érika Morhy

Instrumento conhecido por grupos indí-genas especialmente como meio de co-municação entre os funcionários da Fun-dação Nacional do Índio (Funai), aradiofonia também passou a ser usadapor muitos desses povos para defesa deseus interesses e mesmo legitimação deseus costumes. Em sua dissertação demestrado no curso de Direito da UFPA,Liandro Faro analisou o processo deapropriação dessa tecnologia pelos SuruíAikewara, Gavião Pykopjê e Xikrin doKateté, localizados no sudeste do Esta-do. Ele estudou como esse instrumento,criado pela sociedade envolvente, pas-sou a ter importância entre os indíge-nas, mais intensamente a partir da dé-cada de 1990, tanto para intermediar suaparticipação política, como para reafir-mar sua cultura e proteger o meio am-biente.

"Meu objetivo era estudar amobilização dessas populações indíge-nas nesta nova fase que chamamos deEstado Democrático de Direito, que é opós-1988. O Estado Democrático esta-va legitimando algumas ações indíge-nas e eu queria justamente analisar essacapacidade de organização dos povos",explica Liandro. Ele lembra que, até oadvento da Constituição de 1988, os di-reitos das populações indígenas estavamregulamentados apenas pelo Estatuto doÍndio, arcaico para as demandas da épo-ca. Com a participação ativa dos povos,afirma o pesquisador, foi possível cons-truir uma constituição que garantisse oreconhecimento da organização socialindígena, dos seus costumes e da suaterra.

"Até onde pude pesquisar, nãoexistia nada escrito sobre o processohistórico da radiofonia e sua inserçãonas terras indígenas. Então tive de fa-zer a pesquisa entrevistando as pessoasque trabalham na Funai há 30 anos - queé quando surge a fundação, em 1973 -,pessoas aposentadas e os próprios índi-os", argumenta Liandro.

Os depoimentos convergem paraa idéia de que foi de fato a fundaçãoque disseminou o uso da fonia em áreasindígenas. O Serviço de Proteção aoÍndio (SPI), anterior à Funai, utilizavao instrumento, mas em pequena escala."A Funai criou os postos fixos nas al-deias e os chefes dos postos precisavamde um meio de comunicação direta coma sede. O rádio usado pelas equipes vo-lantes de saúde era móvel, caro e de-pendia de manivela, óleo, bateria. De-pois das décadas de 1980-90, estes rá-dios começaram a ser fixos nas aldeias,movidos a energia elétrica. São os mes-mos usados pelos rádio-amadores", ex-plica o pesquisador.

Os índios não tinham acesso aoaparelho, que era ligado 24 horas parauso exclusivo dos funcionários da fun-dação. Servia para informar sobre epi-demias, mortes graves e conflitos, porexemplo. "No final da década de 1980 e

bo. Ele consegue se reconhecer naque-la comunidade, mesmo não estando ládurante o ano inteiro", exemplifica opesquisador.

Os usos passaram a ser os maisdiversos, tantas quantas são as razõespara os indígenas se mobilizarem.Orientador de Liandro, José HederBenatti afirma que "para algumas co-munidades indígenas o que mais as mo-biliza é a defesa do seu território. Ou-tras, que já têm consolidada a sua terra,a preocupação é com a sustentabilidadeda área e a educação". O professor des-taca, porém, que mais importante que oinstrumento em si é o que ele propicia.Neste caso, a radiofonia cumpre umpapel significativo na defesa dos direi-tos dos indígenas.

Liandro acrescenta que além dese articularem entre si, cada um na sualíngua, com seus códigos e nas suas pró-prias freqüências de rádio, os indígenastambém passaram a fazer contato dire-to com a própria Funai, Funasa e PolíciaFederal. "Se não fosse o rádio, essa par-ticipação na sociedade envolvente e aarticulação com ela também ia ser mui-to mais difícil. E eles sabem fazer esseprocesso com muita habilidade", define.

A garantia dos direitos indígenasé também uma garantia de sobrevivên-cia para esses povos, que atualmentesão mais 215 no Brasil, somando cercade 358 mil pessoas e 180 línguas dife-rentes, segundo a Funai. Mais da meta-de da população indígena está localiza-da nas regiões Norte e Centro-Oeste,principalmente na Amazônia Legal.

Programa dePós-graduação emDireitos Humanos

A pesquisa de Liandro Faroretrata parte dos eixos de açãoadotados pelo programa de pós-gra-duação em Direitos Humanos, do Ins-tituto de Ciências Jurídicas da UFPA,que, na mais recente avaliação da Ca-pes, subiu do conceito 4 para 5.

As atividades de ensino, pes-quisa e extensão do programa abordamos direitos humanos do ponto de vistados grupos sociais e economicamentevulneráveis, incluindo as populaçõestradicionais da Amazônia. A propostaé oferecer conhecimento empírico ne-cessário à proposição de promoção deseus direitos e a realizar pesquisas quebusquem alternativas capazes de re-verter cenários pouco favoráveis. Oprograma foi criado em 1983, mas a áreade concentração em Direitos Huma-nos foi definida a partir de 2003, com aaprovação do doutorado. Até então,o programa oferecia mestrado com aperspectiva em Direito Público.

O programa também elegeucomo eixos a interdisciplinariedade, aproteção dos direitos humanos e domeio ambiente e a articulação com a prá-tica de proteção dos direitos humanos.

Uma iniciativa inédita do pro-grama para o país foi a instituição deseleção diferenciada para indígenas, apartir de 2007. O ingresso dos alunosse dá mediante um edital específico,para se inserirem no processo denivelamento. Depois dessa etapa, pas-sam por nova avaliação, para ingressono sistema.

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Universidade Federal do ParáNovembro, 20076 BEIRA DO RIO

J O R N A D A

Capítulo inserido na proposta de regulamentação do ensinoWalter Pinto

ARQUIVO INCUBADORA

Em Cametá, monitora da Incubadora ministra curso de higiene e manipulação para coorperados: trabalho alia ensino, extensão e pesquisa

No período de 5 a 7 de dezem-bro, a Pró-reitoria de Exten-são promove, no Campus do

Guamá, em Belém, a 10ª Jornada deExtensão na UFPA, cujo tema cen-tral, "Extensão universitária e políticaspúblicas", expressa a preocupaçãonacional da área em intervir qualitati-vamente nas políticas sociais gover-namentais. Nos últimos anos, princi-palmente a partir do ano 2000, a ex-tensão praticada nas universidadesfederais vem mudando radicalmentede perfil. Projetos de cunho meramen-te assistencialistas se tornaram mino-ria. O que se pratica, hoje, é uma ex-tensão que estimula a autonomia dascomunidades.

Parte indissociável da tríadeensino-pesquisa-extensão, cada vezmais, a extensão universitária se con-solida como a porta da academia aber-ta ao mundo, através da qual articulao diálogo do ensino e da pesquisa coma sociedade. Por meio dessa ação, aextensão colabora para a formação decidadãos críticos à medida que possi-bilita o contato mais intenso dos estu-dantes com a realidade e traz para ointerior da instituição saberes popula-res que já não podem continuar igno-rados pelos projetos pedagógicos doscursos de graduação.

Esta nova postura vai ao encon-tro das determinações do Plano Naci-onal de Educação, aprovado em 2001,no qual a extensão é uma das dimen-sões da formação acadêmica. As uni-versidades, por exigência legal, devemprever um percentual de trabalho ex-tensionista na grade curricular da gra-duação, de tal forma que todos os es-tudantes passem pela extensão. Paraa pró-reitora de Extensão da UFPA,Ney Cristina Monteiro de Oliveira, asnovas determinações proporcionamuma dimensão diferente à extensãouniversitária, cuja presença era, atéentão, muito tímida no perfil de for-mação profissional.

Em meio ao debate nacionalpor uma extensão de qualidade, aUniversidade Federal do Pará avan-çou bastante em relação às demaisuniversidades, principalmente na re-gião Norte. A instituição de um pro-grama próprio de bolsas de extensãoe a aprovação de resoluções que nor-matizam as atividades extensionistassão conquistas que fazem da exten-são da UFPA um modelo na região.O Programa Institucional de Bolsas deExtensão (Pibex), mantido com recur-sos próprios da instituição, sinaliza acaminhada ascendente que a oferta debolsa vem trilhando nos últimos anosna UFPA. Quando a professora Re-

gina Feio assumiu a Pró-reitoria deExtensão, havia apenas 40 bolsas.Quando saiu para assumir a vice-rei-toria, o número havia passado para150. Nos últimos dois anos, esse nú-mero subiu para 250.

Ainda é pouco para uma insti-tuição que se destaca pelo maior nú-mero de estudantes entre as universi-dades federais brasileiras. Por isso,trabalha para que o CNPq crie umedital específico para a extensão. Aidéia foi bem recebida pelo conselhoe pelos cientistas presentes à últimaReunião Anual da SBPC. Mas parase tornar realidade, é preciso que oscustos constem da matriz orçamentá-ria do Ministério de Ciência e Tecno-logia. A questão está sendo discutidapelo Fórum Nacional de Pró-reitoresde Extensão, em Brasília.

Ney Cristina Monteiro explicaque a amplitude nacional dessa medi-da é importante porque nem todas asuniversidades federais atuam de for-ma uniforme: "A UFPA implantou umprograma próprio de bolsas, apóia pro-gramas e eventos de extensão e esti-mula a relação com a comunidadeexterna. Mas essa não é a realidadedas demais universidades da regiãoNorte. A maioria ainda carece de re-cursos orçamentários, de programasde bolsa e de apoio aos projetos. Ape-sar das nossas dificuldades, muitasuniversidades têm a UFPA como mo-

delo e querem chegar perto do que jáconquistamos".

Além do aumento no número debolsas, a Proex conseguiu tambémestendê-las aos campi do interior. "Te-mos, hoje, projetos de extensão emtodos os campi. Quando a gente abreum edital, o campus de Santarém, porexemplo, concorre em pé de igualda-de com o campus de Belém. Em ge-ral, são projetos bem elaborados", afir-ma a pró-reitora.

A inclusão dos campi do interi-or na extensão é uma preocupaçãopermanente da Reitoria. Um exemplodisso pode ser medido por meio doPrograma Nacional Conexão dos Sa-beres, do Ministério da Educação, queconcedeu à UFPA 30 bolsas. Para quetodos os campi possam participar doprograma, a reitoria tomou a decisãode custear outras 21 bolsas com re-cursos próprios. As 51 bolsas estãoespalhadas por todos os campi deBelém, Abaetetuba, Cametá, Casta-nhal, Breves, Soure e Bragança.

A UFPA também avançou naobtenção de bolsas oferecidas poreditais de programas patrocinadospelos ministérios da Educação, daCultura, da Ciência e Tecnologia, dasCidades, do Desenvolvimento Agrá-rio, do Desenvolvimento Social, entreoutros. "Recentemente saíram doiseditais do Ministério da Justiça e daSecretaria Especial de Educação em

Direitos Humanos. A UFPA está con-correndo em nível nacional com chan-ces de trazê-los para cá. Graças àdedicação dos nossos professores, téc-nicos e alunos, estamos conseguindoinserir a UFPA nos grandes progra-mas federais de fomento à extensão",informa Ney Cristina.

Atualmente a UFPA participade 14 programas federais, responsá-veis pelo custeio de 80 bolsas de ex-tensão. Em âmbito interno, estão ca-dastrados na pró-reitoria 219 projetos,número quase três vezes superior aos74 projetos registrados em 2005.Sabe-se, porém, que esse número ébem maior, pois há muitos outros pro-jetos ainda não cadastrados.

Ney Cristina Monteiro de Oliveira, pró-reitora

WALTER PINTO

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torna a extensão obrigatória para todos os estudantes

Os programas de perfil mera-mente assistencialista ainda existem naUFPA, mas eles são poucos. Atual-mente, a Pró-reitoria de Extensão es-timula o desenvolvimento de projetos,de qualquer área do conhecimento,que provoquem a autonomia das co-munidades nas quais estão inseridos.

A intenção da Proex é fazercom que a comunidade não se tornedependente da universidade ou dequalquer ação que o projeto de exten-são desenvolva. O que se pretende é oestabelecimento de uma relação dealteridade, de tal forma que haja oempoderamento da comunidadeapropriando-se do conhecimento esaiba continuar sua caminhada na his-tória.

"A melhor extensão será sem-pre aquela que nos possibilite intervirnas políticas públicas. Essa extensãoé a que chega, impacta, modifica e pro-voca política pública. Ou seja, quan-do o projeto chega ao fim, sempre ficaalguma coisa enraizada nas pessoas dacomunidade", explica a pró-reitora.

O maior desafio da extensão,porém, é projetar a mudançaconceitual operada na comunidadepara dentro da universidade. Segun-do a pró-reitora, um exemplo dessadificuldade ocorre com um dos maisbem sucedidos programas de exten-são da UFPA, o Programa de Incuba-dora Tecnológica de Cooperativas Po-pulares e Empreendimentos Solidári-os. Apesar dos avanços conquistados,a inserção da economia solidária, queestá na sua base do programa, podeser considerada ainda muito frágil nocurso de economia, estando limitadaa uma única disciplina de 60 horas.

Por outro lado, o curso de ser-viço social faz da incubadora um cam-po de estágio para alunos na área deserviço social do trabalho. Nas coo-perativas, eles desenvolvem ativida-des teóricas e práticas que redundamem trabalhos de conclusão da gradua-ção. Atualmente, a disciplina tem maisde 12 estagiários curriculares atuan-do na incubadora. O estágio em servi-ço social é realizado durante quatrosemestres, sendo que o último é dedi-cado ao trabalho de conclusão de cur-so. Serviço social do trabalho é umdos campos de estágio mais novos docurso.

A grande mudança estruturalserá, de fato, incluir a extensão comoparte da formação dos alunos comoconsta da proposta de regulamentaçãodo ensino de graduação. O capítulosobre a extensão foi amplamente de-batido nas reuniões promovidos paradiscutir o regulamento da graduaçãoe em fóruns de extens reescrito váriasvezes até que se chegou ao texto finalencaminhado ao Consep.

Projetos devemestimular autonomiadas comunidades A incubadora presta apoio técni-

co na área de gestão e trabalhoassociativo para pequenos empreendi-mentos, por meio da transferência detecnologia social nas várias áreas doconhecimento. Isso implica noassessoramento durante todo processode formação e no acompanhamento, atéa autogestão ou, como preferem os in-tegrantes do programa, a desincubaçãodo empreendimento.

Liderada pelo professor Arman-do Lírio, atualmente licenciado para odoutorado, a incubadora começou, em2001, como um projeto do Centro Só-cio-Econômico e atingiu o patamar deprograma de extensão em 2004. Atual-mente envolve vários cursos, inclusivede outros institutos, em função da natu-reza do trabalho cooperativista exigirequipe interprofissional. Estudantes eprofessores de serviço social trabalhamna organização social e acompanhamen-to dos cooperados. Os de economia atu-am no estudo da viabilidade econômi-ca das cadeias produtivas até acomercialização dos produtos. Os deadministração prestam assessoria nagestão cooperativista. Os de engenha-ria de alimentos e nutrição atuam naqualidade dos produtos. A área jurídicaé fundamental para formalização dosempreendimentos. A contabilidade seencarrega da organização contábil.

Para Vera Lúcia Batista Gomes,atual coordenadora do programa, as co-operativas apoiadas pela incubadorapossuem certa diversidade relacionada

Incubadora: modelo deextensão universitária

a própria realidade do Estado do Pará e,mais especificamente, da região metro-politana de Belém, onde há uma pre-ponderância de cooperativas nas áreasde serviço (limpeza e higienização),confecção de roupas, produção de biju-terias e movelaria. Nos municípios dointerior, o ramo de atividade se diferepelas características próprias das cadeiasprodutivas, com preponderância da fru-ticultura, especialmente do açaí.

Segundo a coordenadora, o pro-grama está em fase de transição, com aconclusão de alguns projetos e início deoutros. "Estamos concluindo trabalhosjunto a ADA, à Finep e ao Banco doBrasil e começando outros em parceriacom o Governo do Estado, que estáimplantando um projeto de incubaçãode empreendimentos solidários, de di-

mensão e alcance social muito grandena perspectiva da geração de trabalho erenda. Teremos oportunidade de alocarestagiários de vários cursos", explicaVera Lúcia.

Programas de extensão como aincubadora de empreendimentos solidá-rios permitem aos alunos da graduaçãoe da pós-graduação aplicar os conheci-mentos teórico-metodológicos que re-cebem nos cursos. Trata-se de um exer-cício de prática que articula ação e teo-ria. Na avaliação de Vera Lúcia, os alu-nos que passam pelo programa se cons-tituem num diferencial em relação aosdemais que não tiveram a mesma opor-tunidade. "Eles têm essa possibilidadedo exercício teórico e prático e passama conhecer melhor a realidade em queestão inseridos"

Equipe da Incubadora de Empreendimentos Solidários do Centro Sócio-Econômico da UFPA

10ª Jornada traz como novidade Prêmio Jovem Extensionista

A 10ª Jornada de Extensãoda UFPA, promovida pela Pró-Rei-toria de Extensão, terá como temacentral "Extensão universitária epolíticas públicas". Programadapara o período de 5 a 7 de dezem-bro, será precedida, no dia 4, pelo IEncontro de Bolsistas de Extensão.As conferências, mesa-redonda,exposições e programação culturalserão realizadas no auditório, noVadião e hall da reitoria.

Neste ano de comemoraçãodo Cinqüentenário da UFPA, aProex apresenta uma programaçãodiversificada com destaque para oI Encontro dos Bolsistas de Exten-

são, que reunirá os alunos que partici-pam de projetos de extensão. Outrodestaque vai para o Prêmio JovemExtensionista, que vai laurear os tra-balhos dos bolsistas que "assumem adimensão da extensão em sua vivênciaacadêmica, inovando e produzindoconhecimentos e efetivando, na prá-tica, ações socioeducacionais desafi-adoras que reverberam na relação dauniversidade com a sociedadeparaense", segundo informa a progra-mação.

No período de 5 a 7 de dezem-bro será desenvolvida a programaçãoacadêmica da jornada, por meio deapresentações de trabalhos nas formas

de comunicação oral e pôster. Aconferência de abertura "Pensar aextensão é pensar a universidadepública" será proferida pela profes-sora Iguatemi Lucena, representan-te do Ministério da Educação, en-quanto a de encerramento "A ex-tensão na UFPA em seus 50 anos",será proferida pelo reitor AlexFiuza de Mello, ex-pró-reitor deExtensão na gestão do reitor NilsonPinto de Oliveira. Haverá aindauma mesa-redonda sobre o tema"Extensão universitária e políticaspúblicas".Leia a programação completa no site daProex, no portal da UFPA (www.ufpa.br).

WALTER PINTO

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Universidade Federal do ParáNovembro, 20078 BEIRA DO RIO

G U I A D O E S T U D A N T E

Guia do Estudante 2007 premia cursos da UFPAQualidade do ensino de Geologia e Pedagogia foi destaque na última ediçãoLeylla Mello

UFPA reafirma crescimento de sua pós-graduaçãoÉrika Morhy

MARI CHIBA

Atividades práticas estão entre os pontos fortes do Curso de Geologia da UFPA, um dos melhores do país, segundo o Guia do Estudante

O Guia do Estudante 2007, da Editora Abril, premiou os

cursos universitários de todoo Brasil que alcançaram destaquequanto à qualidade do ensino, ao de-sempenho em pesquisa científica, en-tre outros itens de avaliação. A Uni-versidade Federal do Pará (UFPA) re-cebeu dois troféus durante apremiação do Guia do Estudante 2007,ocorrida em São Paulo no último mêsde outubro. Foi a vencedora na cate-goria "Área do Conhecimento: Ciên-cias da Natureza", concorrendo comUSP e UFRJ. Na categoria "Pesquisacientífica: Escolas públicas da RegiãoNorte" foi a vencedora em função dotrabalho desenvolvido nas áreas deensino e pesquisa voltados para o meioambiente. Entre os cursos da institui-ção contemplados com o conceito ex-celente (5 estrelas) estão Geologia ePedagogia.

O curso de Geologia da UFPA,que em 2007 completa 40 anos, temprocurado valorizar as atividades decampo como forma de capacitaçãodiscente e procura vincular o ensinoao contexto econômico-social da Re-gião Amazônica. "Nosso Estado temvocação mineira e a grande maioriados profissionais egressos dos bancosda Faculdade de Geologia da UFPAestá a frente dos trabalhos profissio-nais do geólogo amazônico. Nada maisimportante do que um curso formadorde profissionais sintonizados com oprogresso da região onde estão inseri-dos", destaca o vice-coordenador do

curso, professor Fernando Pina.Segundo Pina, o curso tem

como um de seus pontos fortes a ex-celente base de informação que sub-sidia suas atividades cotidianas eformativas por meio da Divisão deDocumentação do Instituto deGeociências da UFPA. Também res-salta o esforço didático-pedagógico docorpo docente do curso, 90% delecomposto por professores-doutores,

pesquisadores nos mais diversos cam-pos do conhecimento geológico. Alémdisso, cita a realização sistemática eininterrupta das atividades práticas decampo, entre elas o mapeamento geo-lógico, um dos itens didático-peda-gógicos fundamentais no binômio en-sino-aprendizagem e que tornam ocurso diferenciado dos demais.

O curso de Pedagogia tambémganhou destaque no Guia do Estudan-

te 2007. Fundado em 1954, o cursotem como principal objetivo a forma-ção prático-teórica por meio de traba-lhos interdisciplinares e pesquisas emvivências que estejam relacionadas àrealidade social. Atua na formação deum profissional competente para tra-balhar em diferentes níveis de ensino.

Veja cursos premiados no site:www.ufpa.br/beiradorio

O resultado da mais recente avaliação trienal da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior (Capes), divulgada em outu-bro, sinaliza que a pós-graduação daUniversidade Federal do Pará (UFPA)está em franco processo de expansão econsolidação. A despeito de tantos de-safios, sete programas subiram de con-ceito, criando boas expectativas paraformação de recursos humanos quali-ficados para produção de conhecimen-tos e desenvolvimento da região. Ou-tros quatro programas preparam recur-sos para contestar os resultados junto àcoordenação e a universidade aguarda,em dezembro, o julgamento que pode-rá elevar os conceitos deles.

Direito e Genética e BiologiaMolecular, ambos com cursos demestrado e doutorado, foram os doisprogramas que subiram do conceito 4para 5. Os doutorados em Doenças Tro-picais, Biologia Ambiental e CiênciasSociais (Antropologia e Sociologia) al-cançaram conceito 4, assim como osmestrados em Educação em Ciências eMatemáticas e Ciência Animal. Para o

pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação daUFPA, Roberto Dall'Agnol, os resultadossão muito representativos e importantes,tendo em vista que a universidade "ainda éa grande formadora de recursos humanosna região amazônica; tem papel decisivo noprocesso de expansão".

A Administração Superior, garanteele, tem se empenhado para induzir a cria-ção e o fortalecimento dos programas. Mos-tra desse compromisso são os semináriospromovidos pela Pró-reitoria anualmentepara orientar os coordenadores dos progra-mas, professores, técnicos e alunos e ouvirdeles o que diz respeito às duas demandasespecíficas. Além da política de aproxima-ção com os programas, a instituição tam-bém adotou como prioridade a oferta devagas nos concursos para pós-graduação.Em 2006, cita Dall'Agnol, foram abertas 17vagas e, em 2007, 32. “O novo quadro éprecioso e decisivo para a qualidade dosprogramas”, defende. Doenças Tropicais eCiência Animal, por exemplo, foram contem-plados com vagas.

O investimento em infra-estrutura éum dos pontos que tem exigido criatividadeda instituição. "Os recursos precisam ser

buscados fora, como no CT-Infra. O problemaé que a prioridade é dada aos programas jáestabilizados. Então a UFPA tenta compensarassociando aqueles já consolidados com osmais novos, para poder justificar e garantir ofinanciamento", explica Dall'Agnol. Assim jáfoi feito na área de Ciências Exatas e Naturais,que conta com o programa de Geologia eGeoquímica, que têm conceito 6, e os progra-mas de Física e Química, com 3 e 4 respectiva-mente.

Doutorado - Atualmente, a universi-dade conta com 39 programas de pós-gra-duação, sendo 16 em nível de doutorado.Quatro deles aprovados só em 2006. ParaDall´Agnol, esse nível de formação deve teratenção especial da Administração Superi-or porque é ele que promove saltos qualita-tivos nas pesquisas e forma pessoal quali-ficado para comporem o corpo docente dasinstituições. Fomentar os cursos de douto-rado também exige menos investimentos doque a criação de mestrados, porque já con-ta uma base de infra-estrutura.

Assim como o programa de CiênciaAnimal, com a subida de conceito, de 3 para4, o programa de Educação em Ciências eMatemática, criado em 2002, já poderá se

candidatar ao doutorado. "É um an-seio muito grande, não só no Pará, masna região amazônica como um todo.Tanto é que os nove estados já estãoorganizados e elaborando uma propos-ta de doutorado em rede, sob nossacoordenação, a ser proposta à Capesno próximo ano, com objetivo de for-mar cerca de 100 doutores", adiantaTerezinha Valin Oliver Gonçalves, di-retora geral do Núcleo Pedagógico deApoio ao Desenvolvimento Científico(NPADC) da UFPA, que é responsá-vel pelo programa.

A pós-graduação também temsido estimulada nos campi do interior,com o foco sobre as vocações regio-nais. Um bom exemplo é o programade Biologia Ambiental, em Bragança,que subiu do conceito 3 para 4 e já im-plantou seu doutorado, o primeiro nointerior da Amazônia. O programa cen-traliza suas atividades no estudo dosecossistemas costeiros amazônicos eteve início no ano 2000, fruto do ama-durecimento de pesquisas que se inici-aram em 1995, com o projeto Manejoe Dinâmica de Manguezais (Madam).

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Paixão de Ler Livraria do Campus: Rua Augusto Corrêa, nº1, Campus Universitário do GuamáTelefax (91) 3201-7965 - Fone (91) 3201-7911. Livraria da Praça: Instituto deCiências da Arte da UFPA - Praça da República s/n - Fone (91) 3241-8369

Respeito e igualdade na pauta do Movimento OrquídeasO Movimento Universitá-

rio Orquídeas foi lançadooficialmento no dia 13 de julhode 2007, durante a 59ª ReuniãoAnual da Sociedade Brasileirapara o Progresso da Ciência, emBelém, e as comemorações dos50 anos da UFPA. A criação dogrupo foi iniciativa de um pe-queno número de pessoas liga-das à universidade. Em poucosmeses de existência passou acontar com 140 membros. São

pessoas que se identificam com aluta pelos direitos à igualdade e dig-nidade da comunidade GLTTB. Ogrupo pretende implantar um nú-cleo de estudos e pesquisas contraa homofobia na UFPA. A idéia épromover o debate da diversidadesexual sob uma perspectiva cientí-fica.

Nos útimos dias 8 e 9 de no-vembro, o movimento realizou oSeminário "Universidade e Diver-sidade Sexual: as perspectivas aca-

dêmicas para a construção de umanova sociedade", como um doseventos preparatórios para a reali-zação do 6º Encontro NacionalUniversitário de Diversidade Sexu-al, que ocorrerá em Belém, em2008, e terá como sede a UFPA. Oevento é anual e reunirá milharesde alunos universitários de todo opaís.

"É preciso dispor de um es-paço para discutir sexo e sexuali-dade para que possamos entender

as nossas identidades de gêneroe sexuais. Um espaço paradesconstruirmos tabus e precon-ceitos. E este espaço privilegia-do é a nossa academia. Temosatualmente o apoio da Adminis-tração Superior da UFPA apoi-ando eventos nesse sentido",afirma Cléo Ferreira, membrodo Grupo GLTTB Orquídeas daUFPA. Para entrar em contatocom o grupo: [email protected].

"O livro visto por fora, não mostra nada; por dentro está cheio de mistérios".(Pe. António Vieira - Sermão de N. Sª de Penha de França)

Publicação enfoca a educação profissional no Pará

A obra "A Educação Profissional no Pará", organizada pelo grupo de Estu-dos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação da UFPA, coordenado pelo professorRonaldo Marcos de Lima Araújo, vem suprir uma grande lacuna no conhecimentosobre a formação profissional dos trabalhadores.

Há algumas obras no Brasil, mas raras são as focadas no Norte.As diferenças regionais determinam tratamento especial, de acordo com a realida-de espaço-temporal.

Os trabalhadores tornam-se mais vulneráveis à exploração capitalista, poishá uma rede de complexas relações. As saídas coletivas são desencorajadas. Anecessidade de adaptação individual se impõe. Há novos processos de trabalho ede gestão.

Ao longo do texto, verifica-se uma série de especificidades do desenvolvi-mento da educação profissional na Região Norte do Brasil, mas as políticas ema-nadas pelos gestores públicos, nos últimos anos, desconhecem as diferenças pormeio de propostas pretensiosamente universais.

São cinco os capítulos: - o 1º capítulo trata das mudanças na esfera daprodução e faz algumas referências sobre o velho e o novo em Educação profissi-onal em 3 subitens: A Construção da Institucionalidade da Educação Profissi-onal Brasileira; A Idéia de uma nova institucionalidade da educação profis-sional; Características da nova realidade do mundo do trabalho e da educa-ção profissional. O 2º capítulo aborda a Conformação Histórica da EducaçãoProfissional Paraense iniciando-se pela Contextualização histórica da Educa-ção profissional no Brasil e no Pará; A educação profissional pública e oprotagonismo da escola de Aprendizes Artífices do Pará, do Instituto LauroSodré e do Sistema "S"; O sistema "S" no Pará; Organizações da sociedadecivil e a educação profissional livre: o caso do sistema Salesiano de Forma-ção Profissional no Pará e, finalmente, A formação Profissional no Pará naAtualidade: uma nova institucionalidade.

Políticas Recentes de Educação Profissional é o título do 3º capítulo, queenfoca: A reforma da educação profissional promovida no governo FHC e areferência adotada para uma nova institucionalidade; Os limites da novainstitucionalidade pautada na noção de competências. A Educação Profissio-nal no Pará é o foco do 4º capítulo, que, a partir de acurada pesquisa, identifica naprivatização seu principal sentido, com uma constante transferência de recursospúblicos para a realização de programa em instituições privadas, em detrimentodas públicas. São 6 os subitens: Os programas da Educação profissional e seusfinanciamentos; A Educação Profissional de Nível Médio e Técnico em Belém;A Educação Profissional Livre em Belém; A Formação profissional do Siste-ma "S" no Contexto Paraense; A Educação profissional, o movimento sindi-cal e a CUT-PA; A renovação do velho.

Velhos e Novos Problemas e Desafios é a temática do 5° capítulo apresen-tando O fundamento do sociometabolismo capitalista; Trabalho e Qualifica-ção: da criação dos trabalhadores livres à produção crescente de um exérci-to de lázaros; Novos e Velhos desafios para a educação profissional na or-dem regressivo-destrutiva do capital.

E, para completar o deleite do leitor, as considerações finais levam-no àreflexão: a nova institucionalidade da educação profissional do Pará e os desafiospara o curso de pedagogia. Asseguram os autores: "defende-se uma pedagogiaque priorize, nas suas práticas, o desenvolvimento integral do homem, que conside-re as contradições sociais e que fundamente as suas ações na dialética entre a

necessidade e a liberdadedo trabalhador".

Segundo denominouMachado (2000), Pedagogiado Trabalho é um campo doconhecimento teórico e prá-tico que estuda aconcretização do processo dedesenvolvimento das carac-terísticas do gênero humanonos indivíduos. Realiza-sepela ação educacional dirigidaao desenvolvimento daspotencialidades humanas vi-sando o desempenho ativo econsciente, ou seja, não alie-nado, em sociedade.

Os autores são pro-fessores de instituições deensino superior não só doPará, todos com reconhe-cida competência na áreade Educação: RonaldoMarcos de Lima Araújo; Elinilze Guedes Teodoro; Justino de Souza Júnior;Gilmar Pereira da Silva; Aldenora Martins de Lima; Rute Costa Galvão; Verônicade Lima Carneiro; Sabrina Conde Koury; Viviane Guimarães da Silva; AnaPaula Cunha Ramos; Deusa Martins Lobato e José do Egypto Soares Filho.

O livro tem o selo da Edufpa e está disponível em suas duas livrarias, doCampus Básico e da Praça da República.

LANÇAMENTO S RECENTES DA EDUFPA

História de um pesacador - Cenas da vida do AmazonasInglês de Sousa

Avaliar para aprender - Vivências de um professor reflexivoEugênio Pacelli Bittencourt

O surf na pororoca - Sustentabilidade e turismo em SãoDomingos do Capim-PAJosé Lúcio Bentes do Nascimento

PRÓ XIMO S LANÇAMENTO S

Reciclagem e sociedade - Uma abordagem social da aná-lise do ciclo de vida das latas de alumínioArimar Leal VieiraLocal: Livraria Newstime - Shopping Iguatemi - 29/ 11, 18h

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Universidade Federal do ParáNovembro, 200710 BEIRA DO RIO

M U L T I C A M P I

Novos investimentos para expansão das atividades foram anunciados em Abaetetuba

campus de Abaetetuba en- trou na agenda das come morações dos 50 anos da

UFPA e dos 20 anos deinteriorização no final do mês de outu-bro. A exemplo de outros campi, a pro-gramação incluiu reuniões com a comu-nidade acadêmica e da região de atua-ção do campus, além de homenagensaos que ajudaram a construir o ensinosuperior na região do Baixo Tocantins.

Durante os encontros foramanunciados os novos investimentosque o campus terá nos próximos cincoanos dentro do programa dereestruturação do MEC. O campus deAbaetetuba terá um curso novo, o deEngenharia Industrial. "Vamos firmarparceria com a Albrás para que a insta-lação do curso seja em Barcarena, po-rém vinculado ao campus deAbaetetuba", informou o reitor AlexFiúza de Mello. Ele explicou que osinvestimentos nessa área tecnológicasão estratégicos e irão consolidarAbaetetuba como pólo de educaçãotecnológica na região, já que a prefei-tura do município também se empenhapela implantação de um centro federaltecnológico no município.

A construção de um laboratóriode linguagem e de um centro de treina-mento e formação na área de informática,com investimentos no valor de R$ 616mil, também estão previstos. "Teremostambém a consolidação do curso de Le-

tras, viabilizada pela contratação demais dez professores e com a oferta deuma habilitação em Língua Espanhola",informou o pró-reitor de graduaçãoLicurgo Brito. Para Licurgo, a necessi-dade de professores de língua estran-geira para atuar na educação básica jus-tifica a criação da nova habilitação.

O pró-reitor informou ainda queoutros cursos serão beneficiados com aampliação do quadro docente. Matemá-tica terá abertura de sete vagas paraprofessores e Pedagogia seis. A expan-são do campus também será estendidaao corpo administrativo. Nos próximoscinco anos, haverá concurso públicopara técnicos com vagas para conta-

dor, analista e administrador. Durante avisita ao campus a equipe da adminis-tração superior visitou os espaços ad-ministrativos e acadêmicos que já estãosendo reestruturados, com destaquepara o laboratório de informática. Asmelhorias são comemoradas pelos alu-nos. "O laboratório de informática trarámais recursos e a ampliação dos meiosde pesquisa porque irá compensar aescassez de livros. Além disso, a interneté mais um espaço para divulgarmos aprodução do curso", afirma OdileiaRodrigues, natural de Campomapema,ilha próxima a Abaetetuba. A estudanteé um dos 50 alunos do Curso "Pedago-gia das Águas" - turma especial do

Pronera, assim chamada por agregar 50alunos moradores da região das ilhas deAbaetetuba.

Há nove meses a frente da co-ordenação do campus, a professoraFrancisca Carvalho considera positivaa visita da Administração Superior aomunicípio. "Os benefícios foram para to-dos os integrantes da comunidade aca-dêmica e da sociedade da região por-que tiveram a oportunidade não só decomemorar os 50 anos da UFPA e os20 anos de interiorização, mas de refle-tir sobre o futuro dessa universidade naregião do Baixo Tocantins", avaliou.

A coordenadora lembra que ocampus ainda enfrenta o desafio de li-dar com um orçamento restrito paraatender suas demandas. A comunidadeacadêmica se ressente da falta de es-paço físico para as faculdades, centrosacadêmicos e laboratórios, além de fi-nanciamento para a pesquisa e a exten-são. Assim mesmo, para a coordenado-ra, é uma experiência rica fazer partede uma universidade pública no interiorda Região Norte, especialmente noPará. "Temos dificuldades, mas tambémmuitas oportunidades de aprender e con-tribuir com o desenvolvimento docampus e da região", observa. A apro-vação do Regimento Interno do campus,reestruturando recursos humanos einfra-estrutura, e o funcionamento donovo laboratório são consideradas porFranscica importantes metas concreti-zadas nos últimos meses com apoio daAdministração Superior.

Campus de Soure refletesobre vocação acadêmica

O futuro do campus de Soure es-teve em pauta durante as comemoraçõesdos 50 anos da UFPA e dos 20 anos deinstalação do ensino superior na ilha doMarajó. Criado há 20 anos, o campusatende a população dos municípios deSoure e Salvaterra e outras localidadesmarajoaras próximas. Como tambémestá incluído no Projeto deReestruturação do MEC, a comunida-de acadêmica teve a oportunidade dedebater as condições didático-pedagó-gicas e de infra-estrutura para o desen-volvimento das atuais atividades de en-sino, pesquisa e extensão e para a cria-ção de novos cursos voltados às deman-das locais.

"Além de resgatar as condiçõesadequadas de trabalho, deve-se pensarque áreas devem ser priorizadas na ofertade novos cursos", observou o reitor AlexFiúza de Mello na abertura do encontro,no auditório do campus. O reitor frisouque cabe à comunidade repensar os cur-sos oferecidos e avaliar a possibilidadede oferta de outros que melhor atendam

as demandas regionais e tornem Soureuma referência estadual em alguma áreado conhecimento. "Talvez a oferta decursos intervalares seja mais proveitosapara atrair jovens de outras regiões doestado levando em conta o potencial tu-rístico da cidade", sugeriu.As atividades acadêmicas no campus deSoure envolvem a oferta do curso deLetras (com habilitações em português,inglês, francês e alemão), Matemática,Pedagogia, Ciências Biológicas, Ciên-cias Sociais, Educação Artística (com ha-bilitação em Música), Geografia, Histó-ria e Turismo.

Durante encontro com a equi-pe, problemas como a falta de profes-sores e a falta de acervo bibliográficopara as habilitações em língua estran-geira foram relatados. A diretora doSistema de Bibliotecas da UFPA, Sil-via Moreira, sugeriu que o campus bus-casse parcerias com unidades da insti-tuição que mantêm convênios com ór-gãos estrangeiros para obter doaçõesde acervo específico.

A proposta de reestruturação dasatividades do campus de Soure será es-tudada, a partir de 2008, por uma co-missão que deverá, entre outras ques-tões, resolver o antigo problema relaci-onado à fixação de docentes. "O desa-fio desse grupo será redesenhar a vo-cação acadêmica do campus, garantin-do a fixação do corpo docente", afirmoua vice-reitora Regina Feio.

O Reuni prevê investimentospara o campus, como a construção deum laboratório de linguagem, um centrode treinamento e acesso à informação,

e a expansão do prédio administrativo,além da abertura de concurso para oquadro docente e técnico-administrati-vo. Paralelo às discussões dereestruturação, o campus de Soure con-solida seu alcance social junto àcomunidade."Nosso último fóruminterdisciplinar voltado para alunos doensino médio teve boa participação, as-sim como os cursos livres para as práti-cas de música e inglês, além de um cur-so de libras que oferecemos para a co-munidade" avalia a coordenadora docampus, Luizete Carliez. Veja mais fo-tos no site www.ufpa.br/beiradorio.

Praias fortalecem a vocação turística de Marajó, região que abriga o campus de Soure

Desenvolvimento Regional na pauta de AbaetetubaEquipe da Administração Superior participa de reuniões com a comunidade acadêmica

Cristina Trindade

ÍRIS JATENE

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Universidade Federal do Pará BEIRA DO RIO Novembro, 2007 11

B I B L I O T E C A

Biblioteca Central: 45 anos dedicados à informaçãoComemorações, no mês de dezembro, envolvem solenidade, lançamentos de livros e inauguraçõesTatiana Ferreira

ARQUIVO UFPA

O prédio definitivo da Biblioteca Central, no Campus Universitário, foi inaugurado na gestão de Aloysio Chaves, em 1972

UFPA investe nas bibliotecas dos campi

Modernidade e eficiência. Essassão duas palavras que definem precisa-mente a trajetória da Biblioteca Centralda UFPA, que atualmente é referênciaregional e nacional na área de bibliote-cas universitárias. No próximo dia 19 dedezembro, a biblioteca completa 45 anosde existência e a UFPA tem muito a co-memorar. Durante todo o mês será rea-lizada programação especial, que incluia solenidade comemorativa, o lançamen-to de publicações especiais e a inaugu-ração da acessibilidade ao prédio da bi-blioteca para portadores de necessida-des especiais.

Acompanhar a evoluçãotecnológica que modificou completa-mente o funcionamento de grandes bi-bliotecas em todo o mundo foi o maiordesafio enfrentado pela Biblioteca Cen-tral nos últimos anos. "Em tempos pas-sados, eram oferecidos serviços tradici-onais, como a consulta local ao acervopor meio do catálogo de fichas em pa-pel. Hoje, o acervo e nossos serviçosevoluíram para os meios eletrônico, di-gital e virtual, e conseqüentemente o ca-tálogo do acervo das bibliotecas daUFPA está disponibilizado na rede mun-dial" observa Silvia Moreira, diretora doSistema de Bibliotecas da UFPA.

Para alcançar o patamar em quese encontra, a Biblioteca Central con-tou com a dedicação de gerações de di-rigentes e servidores. Sua criação foiconcebida na gestão do ex-reitor JoséRodrigues da Silveira Netto (1960-1969). Durante dez anos, ela funcionouem diversos endereços provisórios: até1969, ficou instalada na Av. Governa-dor José Malcher e, posteriormente,ocupou um prédio estilo germânico naRua José Bonifácio. Já o prédio definiti-vo, no Campus Universitário, foi inau-gurado na gestão de Aloysio Chaves(foto), em 1972. Em 1975, por meio doDecreto nº 75.377, de 14 de fevereiro, aBiblioteca recebeu o nome oficial deBiblioteca Central - BC. Em 1976, hou-ve a ampliação do prédio passando aocupar uma área de 6.117 m². SilviaMoreira lembra a importância dos dire-tores que lhe precederam, ressaltandoque cada um "cumpriu papel importantecom ações que contribuíram para o avan-ço da biblioteca".

Atualmente, A Biblioteca Centralé coordenadora do Sistema de Bibliote-cas da UFPA (SIBI/UFPA), compostopor 33 bibliotecas que atendem aos ins-titutos, núcleos, unidades acadêmicas es-peciais (hospitais e Escola de Aplicação)e aos campi do interior. Um importanteganho para o sistema é a efetivação dasua nova configuração organizacional,face aos novos Estatuto e RegimentoGeral da UFPA. A nova estrutura daBiblioteca Central e o funcionamentosistêmico das bibliotecas integrantes doSibi/UFPA serão regulamentados por

meio de regimento em fase de aprecia-ção pelo Conselho Universitário(Consun). Dessa forma, o SIBI/UFPAserá, de fato, institucionalizado. Na prá-tica, suas normas e regulamentos pas-sam a ser aplicados em todas as biblio-tecas, o que tornará os serviços padro-nizados e ainda mais eficientes.

A Biblioteca Central realiza emmédia 2.500 atendimentos diários. Quan-do se trata de inovação, tem sido pionei-ra na Região Norte ao implantar recur-sos modernos como o softwarePergamum e e o sistema eletromagnéti-co anti-furto de acervo. Em dezembro,será inaugurada a acessibilidade paraportadores de necessidades especiais, oque inclui rampas de acesso, entradascom desníveis, barra de apoio, corrimãoe plataforma elevadora. O espaço Brailleserá reinaugurado com área mais am-pla, modernos equipamentos e softwaresvoltados aos portadores de deficiênciavisual.

Durante as comemorações dos45 anos da Biblioteca Central serãolançadas as publicações "Catálogo deTeses e Dissertações dos Programas depós-graduação Strictu Sensu da UFPA,1976-2007" e "Manual de Normalizaçãode Trabalhos Acadêmicos", que deveráser adotado nos cursos da instituição. Jáo "Ementário dos Conselhos SuperioresDeliberativos da UFPA: Consun, Concur,Consep, CONSAD, 1957-2007" serádisponibilizado em Cd-Rom e via internet.

O website do SIBI/UFPA estásendo reestruturado para tornar-se maisatrativo e interativo. O novo site tam-bém deverá ser inaugurado durante omês de dezembro e poderá ser acessadono endereço www.ufpa.br/bc.

O projeto de automação,modernização e revitalização dasbibliotecas dos campi do interior jápode ser considerado uma realida-de. Várias melhorias foram efeti-vadas nos últimos anos, quando es-sas unidades receberam o maiorvolume de investimentos de sua his-tória. Pela primeira vez, foi reali-zado concurso público para o car-go de bibliotecário para atuar noscampi do interior. Atualmente, asdez bibliotecas são dirigidas poresses profissionais da informação.Além disso, novos espaços estãosendo construídos, outros amplia-dos e equipados; enquanto os acer-vos estão sendo atualizados.

A biblioteca Josineide da Sil-va Tavares, do campus de MarabáI, foi a primeira a iniciar aautomação do acervo da bibliote-ca do Campus I, como tambémaquele que iria formar o da biblio-teca do campus II. Também inici-aram a automação do acervo as bi-bliotecas dos campi de Santarém,Bragança e Altamira.

"A automação trará vantagens aosusuários da UFPA e também àcomunidade em geral, pois alémde socializar a informação permi-te otimizar o tempo da pesquisa,disponibilizar acervos e produtose integrá-los ao SIBI/UFPA e aomundo", avalia Silvia Moreira.

As bibliotecas dos campi deMarabá I e II, Altamira, Castanhale Soure foram inauguradas emnovos espaços, visando maior con-forto aos usuários para estudo epesquisa e o novo prédio da bibli-oteca de Abaetetuba está emconstrução. A biblioteca deSantarém foi toda revitalizada.Silvia Moreira está participandodas visitas e comemorações dos50 anos da UFPA e 20 anos dainteriorização ao longo do segun-do semestre vivenciando em pou-cos dias a realidade marcante des-ses campi.

FOTOS MARI CHIBA

A diretora Silvia Moreira

Alunas na biblioteca de Castanhal

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Universidade Federal do ParáNovembro, 200712 BEIRA DO RIO

Casa de Estudos Hispano-Americanos aproxima fronteiras

Entrevista JOSEP PONT VIDAL - COORDENADOR DA CEHIA

Tatiana Ferreira

Recursos didáticos para professores e alunos de espanhol

O professor espanhol Josep Pont Vidal está há quatro anos no

Brasil e há três no Pará, ondevem atuando como pesquisador do Nú-cleo de Altos Estudos Amazônicos(Naea). No último mês de outubro, eleassumiu a coordenação da Casa de Es-tudos Hispano-Americanos, vinculadaà Assessoria de Relações Nacionais eInternacionais (Arni) da UFPA. Em en-trevista ao Beira do Rio, ele fala sobreos planos da nova coordenação, que in-cluem o incremento das oportunidadesde troca de experiências entre a UFPAe universidades hispano-americanas.

Quais são suas expectativasem relação à coordenação da Casade Estudos Hispano-Americanos?

Assumir a coordenação da Casade Estudos Hispano-Americanos é umdesafio para mim e toda a equipe por-que, afinal, trabalhamos juntos. Achoque é um desafio para a universidadetoda. Temos procurado estabelecer par-cerias com universidades espanholas elatino-americanas. Existem universida-des latino-americanas de ótima qualida-de, assim como na Espanha, e acho quenesse momento de globalização é im-prescindível conhecer as universidadesdos povos irmãos do Brasil, que são oslatino-americanos. Conhecer esses po-vos permite trocar idéias, permite tam-bém transferir experiências, mostrar oque estamos fazendo, conhecer outrasexperiências e, principalmente, conhe-cer outros povos e outras pessoas des-cobrindo uma cultura e um mundo dife-rente e, em definitiva, transmitir utopias.

Temos aqui um instrumento da

UFPA que nos proporciona conheceroutras culturas, fazer parcerias com ou-tras instituições de ensino superior, etambém com outras pessoas e diria atéem contato com elas, conhecer a nósmesmos.

Quais linhas de atuação dacasa que você destacaria?

A Casa de Estudos Hispano-Americanos tem várias linhas de atua-ção. Fazemos convênios e parceriascom outras universidades e institutos depesquisa latino-americanos e universi-dades espanholas que permitam enviare receber alunos de graduação e pós-graduação e professores, e estabelecerparcerias de forma continuada nas res-pectivas áreas de pesquisa. Por enquan-to, ainda temos poucas experiênciasnesse sentido. Em geral, elas têm acon-tecido por causa de contatos pessoais eo que nos interessa é institucionalizaresses contatos e democratizar essasoportunidades para que todos os alunose professores dos nossos institutos ecentros saibam dessa possibilidade.Nossa idéia é que a direção dos institu-tos e dos núcleos de pesquisa possamnos informar seus interesses e priorida-des. Quais as prioridades nas áreastecnológicas, de humanidades, de desen-volvimento, enfim, fazer uma espécie dediagnóstico para que se possa tirar omelhor proveito dessas oportunidades.

Quais são as outras linhas deatuação?

Uma linha de atuação diz respei-to ao trabalho junto ao Centro de Re-cursos Didáticos de Espanhol, que émantido pelo Ministério de Educação e

Ciência espanhol para difundir a culturae a língua espanhola, neste caso, na Ama-zônia. No centro, existe uma boa biblio-teca de literatura hispano-americana(ver reportagem abaixo). Temos vídeos,músicas e ele está aberto a todas as pes-soas do Pará que têm interesse na cul-tura hispano-americana. Além disso,estamos coordenando aqui o DELE,Diploma de Espanhol como Língua Es-trangeira. Estamos aplicando a prova emBelém em parceria com o InstitutoCervantes.

Como o senhor avalia a coo-peração latino-americana no casodo ensino superior na Amazônia?

É imprescindível que a UFPA se

abra às boas experiências da AméricaLatina e da Espanha; aqui temos expe-riências e pesquisas que podem servirde modelo, mas historicamente acho queestamos olhando mais para o norte. Aquestão do novo eixo Sul-Sul passa pelanecessidade da integração latino-ame-ricana. Temos centros de pesquisa deprimeira magnitude a quem podemos nosreportar e também aprender com eles.Conhecer nossos vizinhos e trocar ex-periências, metodologias e pesquisas, éfundamental no mundo atual. É impor-tante saber o que estão fazendo, quealternativas para a Amazônia e para ocontinente latino-americano discutem...

Quem está interessado emestudar na Espanha já pode obterinformações na casa de estudoshispano-americanos?

Sim. Pode procurar tanto a casade estudos hispano-americanos, quan-do o Centro de Recursos Didáticos. Eurecomendaria a todo aluno e a todo pro-fessor que tente fazer a experiência deaprender e estudar por algum tempo emoutro país. É uma experiênciaenriquecedora para observar outras re-alidades, ver a própria realidade com umpouco de distanciamento, transmitir o seuconhecimento e também aprender coi-sas novas. Assim, quem sabe faremosuma Amazônia e um mundo diferente.Quero ressaltar que estamos trabalhan-do no sentido de que a casa esteja aber-ta a todos os professores e alunos dauniversidade, sendo um instrumento asua disposição para concretizar parce-rias e essa troca de experiências com aEspanha e os países latino-americanos.

Livros, revistas, e dvds estão disponíveis aosinteressados na língua espanhola

Josep Pont Vidal, novo coordenador daCasa de Estudos Hispano-Americanos

FOTOS MARI CHIBA

O prédio da Arni, na travessa 3 demaio, abriga um espaço privilegiado paratodos os interessados no ensino da línguaespanhola. Prestando serviços gratuitos hádois anos, o Centro de Recursos Didáti-cos de Espanhol (CRDE) dispõe de umacervo que vem crescendo anualmente,com mais de 1000 itens, entre livros, ma-nuais, dvds e cds, revistas especializadas,jornais catalogados, que podem ser em-prestados a professores, estudantes de to-das as idades e interessados na língua es-panhola. Para utilizar os serviços, é ne-cessário se inscrever no Centro, que atu-almente tem quase 300 cadastrados querecebem informações de convocatóriasde bolsas de estudo, prêmios e concur-sos. O CRDE é resultado de um convê-nio entre a UFPA e o Ministério da Edu-cação da Espanha, por meio do Conse-lho de Educação da Embaixada da Espanhano Brasil.

O centro oferece diversas ativida-des para difundir e apoiar a língua e a cul-tura espanhola e hispanoamericana, taiscomo debates, palestras, seminários infor-mais e filmes. Qualquer pessoa interessa-

da pode ter seu trabalho apresentado emespanhol, uma vez avaliado pela coorde-nação. No início deste mês, a equipe doCRDE, que formou o grupo de teatroQuizás, apresentou a peça "Recorridos",durante o 5º Fórum de Línguas Estran-geiras da UFPA.

"A língua espanhola é falada por20 países e há mais de 400 milhões defalantes em todo o mundo, o que signifi-ca uma grande variedade lingüística. Noentanto, existe um corpus lingüístico co-mum que é mantido especialmente na li-teratura e nos meios acadêmicos. O cen-tro apóia todas as pessoas interessadas

no ensino de espanhol, oferece consultase empréstimos do material bibliográficoe audiovisual disponível, além de permitirpesquisas na internet em nossos compu-tadores", explica a professora MariaCristina González, co-coordenadora doCRDE em conjunto com o professor PontVidal, coordenador da Casa de EstudosHispanoamericanos (CEHIA).

O Ministério da Educação daEspanha também tem promovido cursosmodulares de atualização didática para pro-fessores de espanhol brasileiros em coo-peração com a Secretaria de Estado deEducação (Seduc), Unama e a Associa-ção Paraense de Alunos e Professoresda Língua Espanhola. Em julho de 2007,foi ministrado o I Curso Interuniversitáriode Atualização Didática para professoresde espanhol entre a UFPA e a Universida-de de Granada (Espanha).

Quanto ao ensino da língua espa-nhola no Pará, a co-coordenadora doCRDE faz uma avaliação positiva. "Existeum corpo de professores muito bem pre-parados e outro de alunos em vias de for-mação com grande interesse e dedicação.

A maioria deles está cadastrada aqui noCentro de Recursos Didáticos de Espa-nhol. Eles vêm habitualmente, consultan-do, fazendo empréstimo de livros, suges-tões... A nossa constante interação comeles é essencial", observa Cristina.

A importância do ensino do espa-nhol no Brasil também passa pela aproxi-mação entre os povos da América Latina."Esse é um aspecto relevante porque oBrasil está rodeado de países que falamespanhol, embora também falem línguasindígenas. Temos cadastradas muitas pes-soas da comunidade latina do Pará. Faze-mos empréstimo de todo o material quenecessitam, um assessoramento, pensan-do também em estimular essa interação",afirma a co-coordenadora. A equipe doCentro de Recursos Didáticos de Espa-nhol também conta com uma profissio-nal da UFPA e duas bolsistas.

Serviço: Travessa 3 de maio, 1573,São Braz (entre Magalhães Barata eGentil) Telefones: (91) 3249-6606 e3229-4469

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