bateria básica de avaliação do processamento auditivo central

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Universidade de Aveiro 2007 Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática Departamento de Línguas e Culturas Secção Autónoma de Ciências da Saúde Jorge Humberto Ferreira Martins TESTES DE AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL SSW EM PORTUGUÊS EUROPEU

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Bateria Neuropsicológica de Avaliação Do Processamento Auditivo Central.

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  • Universidade de Aveiro 2007

    Departamento de Electrnica, Telecomunicaes e Informtica Departamento de Lnguas e Culturas Seco Autnoma de Cincias da Sade

    Jorge Humberto Ferreira Martins

    TESTES DE AVALIAO DO PROCESSAMENTOAUDITIVO CENTRAL SSW EM PORTUGUS EUROPEU

  • Universidade de Aveiro

    2007 Departamento de Electrnica, Telecomunicaes e Informtica Departamento de Lnguas e Culturas Seco Autnoma de Cincias da Sade

    Jorge Humberto Ferreira Martins

    TESTES DE AVALIAO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL SSW EM PORTUGUS EUROPEU

    Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dosrequisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Cincias da Fala e daAudio, realizada sob orientao cientfica dos Doutores Jos Manuel NetoVieira e Antnio Joaquim da Silva Teixeira, Professores Auxiliares doDepartamento de Electrnica, Telecomunicaes e Informtica daUniversidade de Aveiro.

  • III

    Dedico este trabalho: Aos meus pais, pelo amor, apoio e dedicao incondicional. Ao meu irmo pela sua presena na minha vida. Dr. Vera Cruz, me 2, por todo o apoio e incentivo

  • IV

    o jri

    presidente Doutora Ana Maria Perfeito Tom Professora Associada da Universidade de Aveiro vogais Doutor Jos Francisco Higino Madeira da Silva Professor Associado com Agregao da Faculdade de Cincias Mdicas da

    Universidade Nova de Lisboa Doutor Jos Manuel Neto Vieira (Orientador) Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro Doutor Antnio Joaquim da Silva Teixeira (Co-Orientador) Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro

  • V

    agradecimentos

    Ao Prof. Dr. Jack Katz, pela sua disponibilidade e preciosos conselhos. Ao Prof. Dr. Jos Vieira, pela sua disponibilidade e orientao. Ao Prof. Dr. Antnio Teixeira, pela sua disponibilidade e orientao s Prof. Dr Lurdes Moutinho, Prof. Dr Rosa Lidia e Prof. Dr Andreia Hall pela sua preciosa colaborao e disponibilidade Ao Dr. Manuel Filipe Rodrigues, pela confiana e ajuda prestada. Ao Dr. Fernando Rodrigues pela sua disponibilidade Ao Mestre Rui Nunes pela sua disponibilidade, compreenso, amizade e por toda a ajuda prestada. Mestre Margarida Serrano pela ajuda e conselhos. Ao meu colega de Mestrado Dr. Lus Salema pela sua disponibilidade e colaborao. Aos meus colegas Dr. Isabel Magalhes, Dr Graa Cristina e Dr. Joo Janario por toda a sua pacincia e ajuda no decorrer do trabalho. Aos meus colegas Luis CastelBranco, Catarina CastelBranco e Drio Feitor, pela colaborao, compreenso e amizade. A todos que tornaram possvel o trabalho, pais, crianas e indivduos avaliados. BEM HAJA

  • VI

    palavras-chave

    Alteraes do processamento auditivo central, SSW, Audiologia, Processamento auditivo

    resumo

    A possibilidade de avaliao do sistema auditivo central uma melhoria na prtica clnica em Audiologia. Com o nosso trabalho disponibilizamos para a lngua portuguesa europeia, a ferramenta mais utilizada na Audiologia internacional, julgando, assim, contribuir para uma melhor avaliao dos indivduos com alteraes do processamento auditivo central. O nosso trabalho foi dividido em diversas etapas: reviso da anatomo-fisiololgia e da literatura existente e posterior criao do teste SSW verso Portugus Europeu. Para a criao do teste foi criada a lista de estmulos em Portugus Europeu, avaliada a sua adaptao a crianas, gravada e criado o teste para avaliar a populao normoouvinte. A avaliao foi efectuada a 89 indivduos dos 12 aos 59 anos, 45 do gnero feminino e 44 do gnero masculino, dos quais 10 so canhotos. Tambm foram avaliadas 5 crianas com 6 anos e 7 crianas com 9 anos. Como principal resultado salientamos a obteno do SSW para o Portugus Europeu, com as mesmas caractersticas do teste original de Katz, no tendo o nosso trabalho revelado diferenas estatsticas no desempenho no teste relacionadas com gnero, regio territorial de origem e predominncia motora (dextro/canhoto). Contudo, foi encontrada diferena estatstica no desempenho no teste quando se avaliou a formao acadmica dos indivduos do grupo 3 (idades de 12 a 59 anos) em que os indivduos sem frequncia universitria revelaram pior desempenho.

  • VII

    keywords

    Central auditory processing disorders, SSW, Audiology, Auditory processing

    abstract

    The possibility of evaluating the Central auditory system its an improvement in the Audiology practice. With our work we provide for the European Portuguese Language the most used tool in international audiology in this evaluation, thinking that our contribution will be of importance in evaluating subjects whit exchanges in the central auditory processing, ether children or adults. The Work was split in several stages: summary of anatomy and physiology, existing literature on the theme and posterior creation of a version of the SSW test for European Portuguese. For the creation of the test, a list was produced in European Portuguese, the adaptation for children was evaluated, the list was recorded and a test was created to be evaluate on the normal hearing population. The evaluation was carry out on a total of 89 subjects from 12 to 59 years old, 44 males and 45 females, 79 subjects were right handed and ten subjects were left handed. Also some children were evaluated, 5 children with the age of 6 years and 7 children of 9 years old. The most important result is the production of the SSW test for the European Portuguese Language whit the same characteristics of the original test from KATZ, our work shows no statistical differences regarding the gender and right or left handed, however it was found a statistic difference on in the subjects test performance whit academic background on the group 3 (12 to 59 years old). Subjects whit academic background performed better than subjects without academic background.

  • VIII

    ndice ndice ............................................................................................................................VIII ndice de Figuras ..............................................................................................................X ndice de Tabelas ............................................................................................................ XI ndice de Grficos.........................................................................................................XIII Lista de Abreviaturas................................................................................................... XIV Captulo 1 - Introduo................................................................................................. 1

    1.1 Motivao ......................................................................................................... 1

    1.2 Objectivos......................................................................................................... 1

    1.3 Estrutura da Dissertao ................................................................................... 2

    Captulo 2 - Anatomo-Fisiologia do Sistema Auditivo ................................................ 3 2.1 Ouvido .............................................................................................................. 3

    2.1.1 Ouvido Externo......................................................................................... 4 2.1.2 Ouvido Mdio ........................................................................................... 6 2.1.3 Ouvido Interno ou Labirinto .................................................................... 9 2.1.4 Vias Auditivas Centrais .......................................................................... 14

    Captulo 3 - Avaliao Auditiva ................................................................................. 21 3.1 Avaliao auditiva perifrica...................................................................... 21

    3.2 - Avaliao auditiva central........................................................................... 26

    3.3 STAGGERED SPONDAIC WORDS TEST (SSW-T).................................. 30

    3.4 Aplicao do teste SSW ................................................................................. 33

    3.5 Resultados do teste SSW ................................................................................ 33

    3.5.1 Anlise quantitativa................................................................................ 35 3.5.2 Anlise qualitativa .................................................................................. 39 3.5.3 Qualificadores......................................................................................... 41

    3.6 SSW para Espanhol ........................................................................................ 42

    3.7 SSW para Hebraico ........................................................................................ 44

    3.8 SSW Portugus do Brasil ............................................................................... 46

    Captulo 4 - Criao do Teste SSW para Portugus Europeu .................................... 47 4.1 Metodologia Usada na Criao da Lista de Dissilabos para o SSW para o

    Portugus Europeu...................................................................................................... 47

    4.1.1 Descrio das Etapas .............................................................................. 47 Captulo 5 - Aplicao/Avaliao do teste SSW para Portugus Europeu................. 55

    5.1 Definio das QUESTES DE INVESTIGAO........................................ 55

    5.2 Definio da populao e amostra.................................................................. 55

    5.2.1 Critrios de incluso ............................................................................... 56 5.3 Metodologia utilizada na recolha de dados .................................................... 57

    5.4 Instrumentos utilizados................................................................................... 57

    5.5 Mtodos estatsticos........................................................................................ 58

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    IX

    5.6 Caractersticas Gerais da Amostra.................................................................. 58

    5.7 Individuos avaliados possuidores de patologias............................................. 69

    5.8 Anlise dos Resultados.................................................................................. 72

    5.8.1 Questo 1 O teste SSW para o Portugus Europeu possui as mesmas caractersticas do SSW original? ............................................................................ 73 5.8.2 Questo 2 O teste SSW para o Portugus Europeu distingue o normal do patolgico? ........................................................................................................ 78 5.8.3 Questo 3 Existe influncia da regio no desempenho no teste SSW para o Portugus Europeu?..................................................................................... 81 5.8.4 Questo 4 - Os indivduos canhotos tm desempenho semelhante os indivduos dextros?................................................................................................. 88 5.8.5 Questo 5 - Existe influncia da formao acadmica no desempenho no teste SSW para o Portugus Europeu? ................................................................... 93

    5.9 Resumo dos resultados ................................................................................. 103

    Discusso dos resultados................................................................................. 106 Captulo 6 - Concluses............................................................................................ 109

    6.1.1 Resumo do trabalho.............................................................................. 109 6.1.2 Principais resultados (ou concluses)................................................... 110 6.1.3 Trabalhos futuros.................................................................................. 111

    Referncia Bibliogrficas ............................................................................................. 112 Anexos .......................................................................................................................... 118

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    X

    ndice de Figuras

    Figura 1 - Sistema Auditivo Perifrico (BONALDI 2004) .............................................. 3 Figura 2 - Pavilho auditivo (YOST 2000) ...................................................................... 4 Figura 3 Efeito de amplificao do pavilho e CAE. (YOST 2000)............................. 5 Figura 4 - Ouvido mdio (1-Martelo, 2-Bigorna, 3-Estribo, 4-Membrana do Timpano, 5-

    Janela Redonda e 6-Trompa de Eustquio) (PUJOL 2003) ..................................... 6 Figura 5 - Ouvido interno (Labirinto sseo) (NETTER 1993)......................................... 9 Figura 6 - Ouvido interno (Labirinto membranoso) (NETTER 1993)........................... 11 Figura 7- rgo de Corti (PUJOL 2003)........................................................................ 11 Figura 8 Corte transversal de uma espira da cclea: 1. Canal coclear, 2. Rampa

    vestibular, 3. Rampa timpnica, 4. Membrana vestibular (Reissner), 5. Membrana basilar, 6. Membrana tectria, 7. Estria vascular, 8. Gnglio de Corti, 9. Lmina espiral ssea. (FONSECA, SANTOS et al. 2002).................................................. 12

    Figura 9 - Clulas ciliadas internas e externas (SOFTKEY 1995)................................. 13 Figura 10 - Via Auditiva Ascendente (PURVES 2005) ............................................... 15 Figura 11 Localizao do Cortx Auditivo Primrio (PURVES 2005) .................... 17 Figura 12 Via Auditiva Inespecfica (PUJOL 2003) ................................................... 18 Figura 13 Via auditiva descendente (PURVES 2005)................................................. 20 Figura 14 Exemplo de um Audiograma Tonal obtido durante a recolha da amostra.. 22 Figura 15 Exemplo de um audiograma vocal (A Limiar de deteco; B Limiar de

    reconhecimento da Fala (SRT); C Percentagem de discriminao) obtido durante a recolha da amostra ............................................................................................... 23

    Figura 16 Exemplo de um timpanograma do ouvido direito (R) e do ouvido esquerdo (L) obtido durante a recolha da amostra................................................................. 24

    Figura 17 Exemplo de reflexos acsticos ipsilaterais do ouvido direito (R) e ouvido esquerdo (L) obtido durante a recolha da amostra ................................................. 25

    Figura 18 Exemplo das otoemisses acsticas por produtos de distoro efectuadas no ouvido esquerdo, obtidas durante a recolha da amostra. ........................................ 26

    Figura 19 Espectrograma da sequncia 1 da lista final do teste SSW para o Portugus Europeu que inicia o estmulo no ouvido direito.................................................... 50

    Figura 20 Espectrograma da sequncia 10 da lista final do teste SSW para o Portugus Europeu que inicia o estmulo no ouvido esquerdo............................... 50

    Figura 21 - Software de apresentao do teste aos pacientes ......................................... 54

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    XI

    ndice de Tabelas Tabela 1 - Lista de espondeus do teste SSW (KATZ 1962)........................................... 31 Tabela 2 - Apresentao dos dois primeiros itens do SSW-T, o primeiro item iniciou-se

    no ouvido direito (IOD) e o segundo no ouvido esquerdo (IOE)........................... 33 Tabela 3 Registo dos diversos tipos de erros possveis ............................................... 34 Tabela 4 Exemplo do clculo do SSW simplificado (SSW-S).................................... 35 Tabela 5 Exemplo do clculo do SSW corrigido (SSW-C)......................................... 36 Tabela 6 Categoria TEC propostos por Katz............................................................... 38 Tabela 7 Lista de disslabos da verso do SSW em espanhol (RAMOS, WINDHAM et

    al. 1992) .................................................................................................................. 43 Tabela 8 Tabela de resultados dos dois grupos no teste SSW a 15 e a 50 dB SL.

    (KEYDAR e KATZ, 1976) .................................................................................... 45 Tabela 9 Tabela de resultados dos dois grupos obtidos para cada ouvido nas duas

    verses do SSW (Inglesa e Hebraica) (KEYDAR e KATZ, 1976)........................ 45 Tabela 10 Lista de disslabos da verso do SSW em Portugus do Brasil (BORGES

    citado por (PEREIRA e SCHOCHAT 1997)) ........................................................ 46 Tabela 11 Lista provisria de disslabos da verso do teste SSW em Portugus

    Europeu................................................................................................................... 48 Tabela 12 Lista final de disslabos da verso do teste SSW em Portugus Europeu .. 52 Tabela 13 - Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 1 nas frequncias de 500, 1000,

    2000 e 4000 Hz para o ouvido direito e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003)...................................................... 59

    Tabela 14 - Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 1 nas frequncias de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz para o ouvido esquerdo e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003) ..................................... 60

    Tabela 15 Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 2 nas frequncias de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz para o ouvido direito e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003)...................................................... 62

    Tabela 16 - Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 2, nas frequncias de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz para o ouvido esquerdo e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003) ..................................... 62

    Tabela 17 Tabela da distribuio do grupo 3 no que se refere varivel Distritos..... 63 Tabela 18 Tabela da distribuio do grupo 3 no que se refere varivel Habilitaes

    Literrias................................................................................................................. 64 Tabela 19 Caracterizao do grupo 3 em relao varivel Idade ............................. 65 Tabela 20 - Distribuio do grupo 3 em relao varivel Idade.................................. 66 Tabela 21 Tabela da distribuio do grupo 3 no que se refere varivel Profisso ... 67 Tabela 22 - Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 3, nas frequncias de 500, 1000,

    2000 e 4000 Hz para o ouvido direito e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003)...................................................... 68

    Tabela 23 - Tabela dos limiares auditivos para o Grupo 3, nas frequncias de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz para o ouvido esquerdo e o valor mdio do limiar auditivo calculado atravs da classificao do BIAP (BIAP 2003) ..................................... 69

    Tabela 24 A tabela apresenta os valores mdios e desvio padro obtidos no SSW-PE e no SSW-US(original) para a faixa etria 12-59...................................................... 73

    Tabela 25 Tabela com comparao das mdias do teste SSW-PE com o teste SSW-US original em ingls americano utilizando o teste exacto de Fisher .......................... 75

    Tabela 26 - Tabela com os valores obtidos para o grupo 2 nos diferentes itens avaliados................................................................................................................................ 76

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    XII

    Tabela 27 Tabela com os valores obtidos para o grupo 1 nos diferentes itens avaliados................................................................................................................................ 77

    Tabela 28 Tabela com os valores comparativos dos normoouvintes com os casos com patologia segundo a varivel nmero de erros total (SSW-stot). ........................... 79

    Tabela 29 - Tabela com os valores comparativos dos valores obtidos nos indivduos normoouvintes com os casos com patologia. ......................................................... 80

    Tabela 30 - Tabela do teste de homogeneidade segundo a varivel Coimbra/outro para o Grupo 3 ................................................................................................................... 83

    Tabela 31 Tabela ANOVA da comparao da influncia do Distrito de Coimbra comparativamente com os restantes Distritos para o grupo 3. ............................... 84

    Tabela 32 Teste no paramtrico para K amostras independentes para a varivel Coimbra_Outro distrito grupo 3 ............................................................................. 85

    Tabela 33 Tabela dos valores da mdia, desvio padro e intervalo de confiana entre as variveis distrito de Coimbra e outros distritos para o grupo 3 ......................... 85

    Tabela 34 - Tabela do teste de homogeneidade segundo a varivel Coimbra/outro para o Grupo 2 ................................................................................................................... 86

    Tabela 35 - Tabela ANOVA da comparao da influncia do Distrito de Coimbra comparativamente com os restantes Distritos para o grupo 2 ................................ 87

    Tabela 36 - Teste no paramtrico para K amostras independentes para a varivel Coimbra_Outro distrito grupo 2 ............................................................................. 87

    Tabela 37 - Tabela do teste de homogeneidade segundo a varivel dextro/canhoto para o grupo 3................................................................................................................. 90

    Tabela 38 - Tabela ANOVA da comparao da influncia da varivel dextro/canhoto para o grupo 3 ......................................................................................................... 91

    Tabela 39 Tabela do teste no paramtrico Kruskal Wallis segundo a varivel dextro/canhoto para o grupo 3 ................................................................................ 91

    Tabela 40 - Tabela do teste no paramtrico Kruskal Wallis segundo a varivel dextro/canhoto para o grupo 2 ................................................................................ 92

    Tabela 41 Tabela do teste de homogeneidade segundo a varivel formao para o grupo 3.................................................................................................................... 94

    Tabela 42 Tabela do teste Kruskal Wallis para a varivel formao para o grupo 3 .. 94 Tabela 43 Tabela do teste Jonckheere-Terpstra para a varivel formao para o grupo

    3 .............................................................................................................................. 95 Tabela 44 Tabela de mltiplas comparaes com o teste LSD para as variveis

    SSW_TOT; EC; ENC e diferena de ouvido ......................................................... 96 Tabela 45 Tabela dos valores normativos para o grupo 12_59 segundo a sua formao

    acadmica para o intervalo de confiana de 95% e de 99%, para o grupo 3.......... 97 Tabela 46 - Tabela do teste de homogeneidade segundo a varivel formao para o

    grupo 2.................................................................................................................. 102 Tabela 47 - Tabela ANOVA da comparao da influncia do formao acadmica no

    desempenho do teste para o grupo 2..................................................................... 102 Tabela 48 Tabela representativa dos resultados obtidos para a Questo 1................ 103 Tabela 49 - Tabela representativa dos resultados obtidos para a Questo 2 ................ 104 Tabela 50 - Tabela representativa dos resultados obtidos para a Questo 3 ............... 104 Tabela 51 - Tabela representativa dos resultados obtidos para a Questo 4 ................ 105 Tabela 52 - Tabela representativa dos resultados obtidos para a Questo 5 ................ 105

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    XIII

    ndice de Grficos Grfico 1 - Distribuio do grupo 1 em relao varivel Gnero................................ 59 Grfico 2 - Distribuio do grupo 2 em relao varivel Gnero................................ 60 Grfico 3 - Distribuio do grupo 2 em relao varivel Distrito ............................... 61 Grfico 4 - Distribuio do grupo 2 em relao varivel Habilitaes Acadmicas... 61 Grfico 5 Distribuio do grupo 3 em relao varivel Gnero ............................... 63 Grfico 6 - Grfico da distribuio do grupo 3 no que se refere varivel

    Coimbra/Outros Distritos ....................................................................................... 64 Grfico 7 - Grfico da distribuio do grupo 3 no que se refere varivel Formao .. 65 Grfico 8 - Distribuio do grupo 3 em relao varivel Dextro/Canhoto.................. 68 Grfico 9 - Audiograma tonal e vocal do indivduo 1 portador de neurofibramatose tipo

    II ............................................................................................................................. 70 Grfico 10 Audiograma tonal e vocal do indivduo 2 portador de tumor benigno do

    tronco cerebral ........................................................................................................ 71 Grfico 11 - Audiograma tonal e vocal do indivduo 3 portador de dislexia ................. 71 Grfico 12 Grfico com os valores comparativos do SSW-PE e o SSW Original para

    a o nmero total de erros ........................................................................................ 75 Grfico 13 Boxplot representativo do nmero total de erros no teste SSW-PE

    comparando os valores dos indivduos sem patologia com os indivduos com patologia. ................................................................................................................ 78

    Grfico 14 Boxplot dos valores mdios obtidos para a varivel inverses no grupo 2 comparativamente com a criana com dislexia. ..................................................... 80

    Grfico 15 - Grfico com os valores comparativos do SSW-PE quanto ao efeito dos diferentes distritos no desempenho do teste para a varivel total de erros............. 81

    Grfico 16 - Grfico com os valores comparativos do SSW-PE e o SSW-US Original quanto ao efeito da regio no desempenho do teste para a varivel total de erros. 82

    Grfico 17 Boxplot representativo dos valores mdios e desvio padro para a varivel Dextro/canhoto segundo o nmero total de erros (ler grupo 12_59 de normo-ouvintes) ................................................................................................................. 89

    Grfico 18 - Boxplot representativo dos valores mdios e desvio padro para a varivel Dextro/canhoto segundo o nmero de erros na condio ouvido esquerdo com competio (ler grupo 12_59) ................................................................................ 89

    Grfico 19 Boxplot representativo dos valores mdios e desvio padro do nmero total de erros segundo a varivel formao. ........................................................... 93

    Grfico 20 Boxplot do n total de erros no teste SSW-PE segundo a varivel frequncia universitria. ......................................................................................... 98

    Grfico 21 - Boxplot da diferena de ouvido no teste SSW-PE segundo a varivel frequncia universitria para o grupo 3. ................................................................. 99

    Grfico 22 - Boxplot do nmero de erros no ouvido esquerdo competio no teste SSW-PE segundo a varivel frequncia universitria para o grupo 3. .......................... 100

    Grfico 23 - Boxplot o nmero de erros no ouvido esquerdo no competitivo no teste SSW-PE segundo a varivel frequncia universitria para o grupo 3.................. 101

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    XIV

    Lista de Abreviaturas

    ASHA American Speech-Language Hearing Association

    CAI Canal Auditivo Interno

    CCE Clulas Ciliadas Externas

    CCI Clulas Ciliadas Internas

    CGM Corpo geniculado mdio

    COS Complexo Olivar Superior

    dB Decbel

    dB HL Decbel nvel de audio

    dB SL Decbel nvel de sensao

    DC Direita Competitiva

    DNC - Direita No Competitiva

    DPOEA Otoemisses Acsticas por Produtos de Distoro

    EC Esquerda Competitiva

    ENC - Esquerda No Competitiva

    OEA - Otoemisses Acsticas

    SNAC Sistema Nervoso Auditivo Central

    SRT Limiar de Reconhecimento da Fala

    SSW Staggered Spondaic Word

    SSW-C - Staggered Spondaic Word Corrigido

    SSW-PE - Staggered Spondaic Word para o Portugus Europeu

    SSW-S - Staggered Spondaic Word Simplificado

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    XV

  • 1

    Captulo 1 - Introduo

    1.1 MOTIVAO

    Desde os trabalhos de Brocca e colaboradores em 1954 o Processamento Auditivo

    Central tem vindo a despertar o interesse de diversos investigadores. Em 1987, Johnson

    e Myklebust citados por (JORGE 2006) referem que ouvir no significa

    necessariamente compreender.

    O teste de palavras espondaicas alternadas (Staggered Spondaic Words test), foi

    um dos primeiros meios de avaliao do processamento auditivo central utilizado pelos

    Audiologistas nos Estados Unidos aps a dcada de 60 do sculo XX. Na actualidade

    este teste continua a ser um dos testes de avaliao do processamento auditivo central

    mais aplicados (MUSIEK e RINTELMAN 2001), fazendo ainda hoje parte da bateria de

    testes usada na avaliao de problemas de processamento auditivo central (BELLIS e

    BECK 2000; JERGER e MUSIEK 2000). Com o teste SSW, Katz pretendia efectuar o

    topodiagnstico das leses que condicionavam o normal desempenho no processamento

    auditivo central, quer em casos de suspeita de leses cerebrais ou do tronco enceflico

    (KATZ, BASIL et al. 1963)

    No sendo do nosso conhecimento a existncia de nenhum teste psicofsico para o

    Portugus Europeu que nos permita efectuar em Audiologia qualquer avaliao do

    sistema auditivo central, com estmulo em competio, julgamos importante a criao e

    normalizao de testes com essa finalidade. Sendo o teste Staggered Spondaic Word

    (SSW) um dos testes mais utilizados em diferentes pases, recaiu nele a nossa escolha.

    1.2 OBJECTIVOS

    Este trabalho tem como principal objectivo criar a verso do teste Staggered

    Spondaic Word (SSW) para o Portugus Europeu e como objectivo especfico,

    desenvolver uma aplicao informtica para a aplicao do teste SSW para o Portugus

    Europeu visando a simplificao:

    - na aplicao do teste;

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    2

    - na criao da base de dados;

    - no tratamento dos dados obtidos;

    - na leitura dos resultados do teste,

    tendo como inteno disponibilizar e divulgar Audiologia e Otorrinolaringologia um

    teste de diagnstico de fcil e rpida aplicao que lhes permita obter informaes sobre

    o desempenho do sistema auditivo central.

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Ao longo da prtica clnica a Audiologia portuguesa depara-se com dificuldades

    no diagnstico de algumas patologias, nomeadamente quando relacionadas com

    problemas de processamento auditivo central, a que no alheia a ausncia de testes

    adaptados ao Portugus Europeu, cuja finalidade auxiliar no diagnstico destas

    patologias.

    Apesar de vrias dcadas de atraso, foi nosso propsito disponibilizar para a

    lngua portuguesa europeia uma ferramenta que nos permita avaliar e intervir nesta rea

    to fascinante como o sistema auditivo central. Com o intuito de disponibilizar o teste

    que melhor serve este propsito, optmos por estudar e adaptar para o Portugus

    Europeu o Staggered Spondaic Word Test (SSW) criado pelo Prof. Jack Katz em 1963.

    Para melhor compreenso do sistema que pretendemos estudar e como faz-lo

    com este teste, abordamos na primeira parte deste trabalho a anatomo-fisiologia do

    sistema auditivo, os meios de avaliao dos sistemas auditivos perifrico e central,

    dando natural destaque ao teste que trabalhmos. Na segunda parte deste trabalho

    apresentamos as diferentes etapas desenvolvidas para a criao e validao do SSW,

    verso Portugus Europeu (SSW-PE), e todo o estudo estatstico dos dados recolhidos,

    dando resposta s seguintes perguntas:

    - O teste SSW-PE possui as mesmas caractersticas do SSW original? (5.8.1)

    - O teste SSW-PE distingue o normal do patolgico? (5.8.2)

    - Existe influncia da regio no desempenho no teste SSW-PE? (5.8.3)

    - Os indivduos canhotos tm desempenho semelhante aos indivduos dextros?

    (5.8.4)

    - Existe influncia da formao acadmica no desempenho no teste SSW-PE?

    (5.8.5)

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    3

    Captulo 2 - Anatomo-Fisiologia do Sistema

    Auditivo

    No entender de muitos autores, entre os quais (MARTINS 1998) a audio um

    dos sentidos mais importantes do ser humano na comunicao interpessoal e na relao

    com o meio envolvente.

    Ouvir consiste no complexo mecanismo pelo qual o ouvido responde vibrao

    mecnica das ondas sonoras, as transforma em estmulos elctricos e transmite essa

    informao ao crebro, permitindo a sua compreenso.

    2.1 OUVIDO

    O ouvido pois, um rgo mecano-receptor funcionando como elo de ligao

    entre o mundo exterior e o sistema nervoso, revestindo-se, a funo auditiva, de grande

    complexidade.

    Este rgo constitudo por trs partes (Figura 1):

    - ouvido externo

    - ouvido mdio

    - ouvido interno

    Figura 1 - Sistema Auditivo Perifrico (BONALDI 2004)

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    4

    2.1.1 Ouvido Externo

    O ouvido externo e o ouvido mdio recolhem, amplificam e conduzem as ondas

    sonoras ao ouvido interno, onde se encontram os receptores auditivos, que iro ser

    estimulados.

    O ouvido externo, formado pelo pavilho auricular e pelo canal auditivo externo,

    canaliza as ondas sonoras at membrana do tmpano.

    O pavilho auricular est situado na parte lateral do crnio por trs da articulao

    temporo-maxilar e da regio parotdea, frente da regio mastoideia e por baixo da

    escama do temporal.

    Configurao externa do pavilho auricular (Figura 2):

    Face externa:

    - hlix - anti-hlix - fosseta do anti-hlix - raiz do hlix - goteira do hlix - tragus - anti-tragus - concha - chanfradura da concha - lbulo da orelha

    Face interna: - parte posterior livre

    - parte anterior aderente ao crnio

    Figura 2 - Pavilho auditivo (YOST 2000)

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    5

    O pavilho auricular constitudo por fibrocartilagem, ligamentos, msculos e

    revestimento cutneo e tem, segundo Yost (YOST 2000), trs funes principais:

    - localizao da fonte sonora devido ressonncia das diversas cavidades do

    pavilho e reflexo das ondas sonoras que provocada pela diferente

    incidncia das ondas acsticas;

    - proteco mecnica do canal auditivo externo e impede a produo de sons

    parasitas, de alteraes de temperatura e de humidade;

    - amplificao do som atravs do conjunto cranio-pavilho-concha, que

    permite uma focalizao (ganho de alguns decibel) e uma ressonncia,

    havendo um efeito de amplificao importante (frequncia de 2500 Hz no

    canal auditivo externo e nas frequncias prximas de 5000 Hz na concha)

    resultante do conjunto pavilho-canal auditivo externo. (Figura 3)

    Figura 3 Efeito de amplificao do pavilho e CAE. (YOST 2000)

    O canal auditivo externo ao longo da vida de um indivduo passa por

    diversas transformaes. Sendo no recm-nascido totalmente cartilaginoso, pois a

    poro ssea s aparece por volta do ano de idade, no adulto fibrocartilaginosa no seu

    1/3 externo e sseo nos 2/3 internos. Estendendo-se da concha do pavilho auricular

    membrana timpnica e tendo um comprimento de cerca de 25 mm, dimetro de 5-10

    mm e um istmo a nvel da transio da poro fibrocartilaginosa para a ssea, est

    revestido em toda a sua extenso por tecido cutneo, continuao da pele da face

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    6

    externa do pavilho. A face externa da membrana timpnica tambm constituda por

    este revestimento cutneo.

    No 1/3 externo a pele, mais espessa, contm pelos finos e glndulas sebceas na

    derme, glndulas ceruminosas e sudorparas no tecido celular subcutneo. Nos 2/3

    internos a pele mais fina, seca e sem glndulas ceruminosas.

    O canal auditivo externo possui uma ressonncia natural na frequncia de 3500

    Hz, permitindo o ganho de alguns decbel - 15 dB nas frequncias de 3000 a 4000Hz.

    (RUAH 2002; BONALDI 2004)

    2.1.2 Ouvido Mdio

    O ouvido mdio formado por um conjunto de cavidades cheias de ar, no qual

    se podem considerar trs pores (Figura 4):

    - a caixa do tmpano;

    - a trompa de Eustquio;

    - as cavidades ou clulas mastoideias.

    Figura 4 - Ouvido mdio (1-Martelo, 2-Bigorna, 3-Estribo, 4-Membrana do Timpano, 5-Janela

    Redonda e 6-Trompa de Eustquio) (PUJOL 2003)

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    A caixa do tmpano uma cavidade situada entre o canal auditivo externo e o

    ouvido interno e comunica frente com a nasofaringe e, por conseguinte, com as vias

    respiratrias por meio da trompa de Eustquio, e atrs, com as clulas mastoideias

    atravs do Aditus Ad Antrum. atravessada, desde a membrana do tmpano at janela

    oval, por uma cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo) articulada entre si, que se pe

    em movimento atravs de msculos (tensor do tmpano e msculo estapdico) e

    ligamentos. A cadeia ossicular e os msculos tm como funes:

    - proteco do ouvido interno atravs do reflexo estapdico, que no

    normoouvinte desencadeado bilateralmente a uma intensidade de 70 decibel supra-

    liminares, diminuindo a quantidade de energia transmitida ao ouvido interno (MOLLER

    1983). Segundo Yost (YOST 2000) a atenuao de cerca de 0.6 a 0.7 dB por cada

    decbel acima do limar do reflexo estapdico. Esta reduo de 10 a 30 dB para sons de

    forte intensidade, variando a sua eficcia com a frequncia do som, atingindo reduo

    mxima nas frequncias mais graves (< 2000 Hz). Contudo o sistema no tem uma

    resposta eficaz em estmulos sonoros intensos de surgimento brusco;

    - adaptao de impedncias, pois a impedncia acstica aumenta pelo efeito

    da contraco dos msculos do ouvido mdio em resposta a sons de frequncias

    inferiores a 800 Hz e diminui em resposta a sons de frequncias superior a 800 Hz.

    (MOLLER 1983)

    A caixa do tmpano, de forma bicncava, apresenta duas paredes cobertas por

    uma mucosa em continuidade com a mucosa farngea atravs da trompa de Eustquio:

    - externa, constituda pela membrana do tmpano;

    - interna que corresponde ao ouvido interno;

    e uma cavidade composta por quatro paredes:

    - superior (tico);

    - inferior (recessus hipo-timpnico);

    - posterior (d acesso ao Aditus Ad Antrum);

    - anterior (orifcio posterior da trompa de Eustquio).

    A membrana do tmpano, semi-transparente e de colorao cinzento prola, com

    um tamanho mdio de 9,7 mm no seu dimetro vertical, 8,8 mm no dimetro antero-

    posterior e 0,1 mm de espessura, fibrosa (fibras radiais, circulares, transversais e

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    8

    parablicas), elstica, delgada, mas resistente, e a sua parede interna constituda pela

    mucosa que reveste a caixa do tmpano. (PAO 2003)

    A parte da membrana do tmpano que se fixa escama do Temporal,

    denominada membrana flcida de Schrapnell, mais delgada, laxa e menos resistente

    do que a parte que se fixa ao sulco timpnico, e est separada do resto da membrana

    pelos ligamentos timpanomaleolares. (PAO 2003)

    Na membrana timpnica poder-se- observar o cabo do martelo e o tringulo

    luminoso.

    A trompa de Eustquio com um comprimento de 35-45 mm, constituda por

    uma parte ssea (1/3 posterior) que se abre na caixa do tmpano; uma parte

    fibrocartilaginosa (2/3 anteriores) que se abre na nasofaringe; e uma parte mucosa, que

    as reveste, est situada frente da caixa do tmpano e, sendo um prolongamento do

    ouvido mdio, estabelece a ligao entre a caixa do tmpano e a nasofaringe, tem como

    funes:

    - o transporte de ar da nasofaringe para o interior do ouvido mdio, permitindo

    desta forma uma perfeita equalizao de presses, a quando da deglutio;

    - a proteco do ouvido mdio das variaes bruscas da presso atmosfrica

    na nasofaringe;

    - a drenagem do muco produzido pelo ouvido mdio.

    As clulas mastoideias, pequenas cavidades pneumatizadas, esto localizadas

    na parte mais posterior do ouvido mdio.

    O ouvido mdio constitui um sistema mecnico funcionando como alavanca. A

    presso da vibrao recepcionada pela membrana do tmpano transmitida pelos

    ossculos (martelo, bigorna e estribo) cclea (ouvido interno), aps ter sido aumentada

    cerca de vinte e duas vezes pela diferena das reas da membrana do tmpano (maior) e

    da janela oval (menor). (MOORE 2003)

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    2.1.3 Ouvido Interno ou Labirinto

    O ouvido interno ou labirinto, situado no rochedo do osso Temporal, formado

    por duas partes: uma, labirinto sseo que envolve a outra, labirinto membranoso.

    O labirinto sseo consistido por trs pores distintas (Figura 5):

    - vestbulo (poro mdia);

    - canais semicirculares (poro postero-superior);

    - caracol (poro anterior).

    Figura 5 - Ouvido interno (Labirinto sseo) (NETTER 1993)

    O vestbulo uma cavidade ovide, aplanada transversalmente e alargada

    obliquamente para baixo e para a frente.

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    10

    Os canais semicirculares so trs tubos cilndricos (superior, posterior e externo)

    em forma de ferradura que se abrem pelas suas duas extremidades no vestbulo. Devido

    sua forma as extremidades denominam-se por ampolares (as mais largas) e no

    ampolares.

    O caracol ou cclea um canal sseo com cerca de 35 mm de comprimento

    enrolado em torno de um eixo cnico chamado columela, que, no Homem faz duas

    voltas e ., terminando numa extremidade designada por cpula do caracol ou apx, e

    encontra-se frente do vestbulo. Em todo o seu comprimento divide-se em trs rampas,

    pela membrana Basilar e a membrana de Reissner:

    - rampa vestibular na parte superior;

    - rampa timpnica na parte inferior;

    ambas contm no seu interior a perilinfa, lquido rico em sdio (NA+) e comunicam

    entre elas no vrtice da cclea por um pequeno orifcio, o helicotrema;

    - rampa mdia ou canal coclear, que contm a endolinfa, lquido rico em

    potssio (K+) (BONALDI 2004)

    Na base da cclea a rampa vestibular termina ao nvel da janela oval, fechada

    pela platina do estrbo.

    A rampa timpnica termina ao nvel da janela redonda, orifcio situado no

    centro da parede do ouvido mdio, fechado pela membrana timpnica secundria.

    (GANONG 1977; RUAH 2002; MOORE 2003)

    O labirinto membranoso, preenchido pela endolinfa, encontra-se dentro do

    labirinto sseo tendo uma configurao idntica deste e separado dele pela perilinfa, e

    tambm ele constitudo, de igual modo, por trs partes distintas (Figura 6):

    - vestbulo membranoso;

    - canais semicirculares membranosos;

    - caracol membranoso.

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    Figura 6 - Ouvido interno (Labirinto membranoso) (NETTER 1993)

    O vestbulo membranoso constitudo por duas vesculas (utriculo e sculo).

    Os canais semicirculares membranosos tm a mesma configurao dos canais

    sseos.

    O caracol membranoso, contido no caracol sseo, descrito anteriormente,

    contm o rgo espiral de Corti onde tm origem 95% das fibras do nervo auditivo

    (Figura 7).

    Figura 7- rgo de Corti (PUJOL 2003)

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    12

    O rgo de Corti situado no canal coclear, abaixo da membrana tectorial e por

    cima da membrana basilar, formado por clulas pilosas e de sustentao. Entre as

    clulas pilosas, (clulas ciliadas externas (CCE) (20000) e clulas ciliadas internas

    (CCI) (3500) clulas sensoriais receptoras da audio) existem terminaes nervosas

    aferentes e eferentes. (GANONG 1997; AQUINO e ARAJO 2002)

    A membrana basilar torna-se mais larga e flcida medida que se aproxima do

    apx, facto que lhe confere selectividade em relao s frequncias. Assim a parte basal

    da membrana mais sensvel s frequncias mais altas (sons agudos) e a parte mais

    apical, s frequncias mais baixas (sons graves), fazendo com que o ouvido interno se

    comporte como um analisador espectral do sinal, decompondo sinais complexos

    atravs da vibrao de diferentes reas da membrana basilar. (YOST 2000)

    As fibras nervosas das CCI convergem e formam o gnglio espiral. a partir

    daqui que se forma a parte coclear do nervo auditivo, poro anterior do nervo

    vestibulococlear, que se aloja no canal auditivo interno (CAI). (RUAH 2002;

    BONALDI 2004)

    Figura 8 Corte transversal de uma espira da cclea: 1. Canal coclear, 2. Rampa vestibular, 3. Rampa

    timpnica, 4. Membrana vestibular (Reissner), 5. Membrana basilar, 6. Membrana tectria, 7. Estria

    vascular, 8. Gnglio de Corti, 9. Lmina espiral ssea. (FONSECA, SANTOS et al. 2002)

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    13

    Figura 9 - Clulas ciliadas internas e externas (SOFTKEY 1995)

    A vibrao da platina do estribo na janela oval produz uma onda lquida,

    provocando oscilaes transversais da membrana basilar, fazendo com que os clios das

    clulas ciliadas externas sofram uma inclinao, havendo assim uma estimulao

    mecnica das mesmas, originando a despolarizao das CCE e consequentemente o

    potencial microfnico coclear cuja intensidade est dependente do nmero de clulas

    estimuladas pela onda sonora.(BROTO e GIL-LOYZAGA 2003) A actividade motora

    das clulas ciliadas externas provoca uma contraco das mesmas, que pode ser rpida

    (amplificando os sons de muito baixa intensidade ao aumentar o nmero de contactos

    por unidade de tempo entre a superfcie celular e a membrana tectorial) ou lenta

    (reduzindo a amplificao dos sons de alta intensidade ao diminuir o nmero de

    contactos das clulas com a membrana tectorial, servindo como proteco aos sons

    nocivos de alta intensidade) (BROTO e GIL-LOYZAGA 2003) permitindo, desta

    forma, a adequada estimulao das clulas ciliadas internas originando a sua

    despolarizao. Estes impulsos nervosos, percorrendo o nervo auditivo em direco ao

    tronco cerebral, dirigem-se ao crtex auditivo localizado no lobo temporal superior (1 e

    2 circunvolues). (Figura 10) Neste percurso o estmulo bioelctrico atravessa

    diferentes estruturas anatmicas.

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    14

    2.1.4 Vias Auditivas Centrais

    O nervo auditivo constitudo por axnios que so prolongamentos do gnglio

    espiral ou de Corti. Este nervo divide-se, por sua vez, em duas vias:

    - via auditiva ascendente ou aferente (Figuras 10) que se iniciam no ncleo

    coclear, onde comea o sistema auditivo central. (AQUINO e ARAJO

    2002; RUAH 2002)

    - e via auditiva descendente ou eferente (Figuras 13) que se estende do cortex

    auditivo at s clulas ciliadas.

    Via Auditiva Ascendente ou Aferente

    A informao proveniente do nervo auditivo passa para os ncleos cocleares

    anteriores, medianos e posteriores (bolbo raquidiano) que so o primeiro centro

    integrador localizado na via auditiva primria. (AQUINO e ARAJO 2002; PUJOL

    2003)

    As fibras nervosas dos ncleos cocleares dirigem-se ento, para o segundo

    centro integrador, o complexo olivar superior (COS). Fazem-no principalmente de

    forma contra-lateral, cruzando a linha mdia, mas tambm ipsi-lateralmente.

    (BONALDI 2004) O COS est envolvido na codificao de sons complexos e no

    mecanismo de localizao da fonte sonora - as baixas frequncias produzem uma

    diferena interaural de tempo e as altas frequncia produzem uma diferena interaural

    de intensidade. (AQUINO e ARAJO 2002; PUJOL 2003)

    Segundo CARVALHO (CARVALHO, R, 1996 citado por (MAROTTA 2002)),

    o complexo olivar superior considerado uma estrutura neurolgica de grande

    importncia no Arco Reflexo Estapediano, que se julga estar envolvido no desempenho

    das capacidades auditivas, nomeadamente:

    - na diminuio do mascaramento de sons de baixas frequncias sobre os de

    altas frequncias, aumentando a gama dinmica do sistema auditivo a sons

    de elevada intensidade;

    - na melhoria da discriminao da fala a intensidades altas;

    - na melhoria da selectividade frequencial;

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    15

    - na melhoria da localizao sonora atravs da interaco binaural do reflexo

    acstico.

    As leses do sistema auditivo central aps o COS quase nunca produzem

    alteraes auditivas unilaterais. (PURVES 2005)

    Figura 10 - Via Auditiva Ascendente (PURVES 2005)

    O COS, e o colculo inferior (3 centro integrador), recebem um afluxo muito

    grande de fibras nervosas de ambos os ouvidos, permitindo o seu envolvimento no

    mecanismo de localizao sonora. Um e outro parecem capazes de responder

    especificamente a sons que chegam em diferentes tempos aos dois ouvidos e, como tal,

    produzem audio binaural e permitem diferenciar determinado som dum rudo de fundo.

    (PICKLES 1982; MOLLER 1983; AQUINO e ARAJO 2002; RUAH 2002; PUJOL 2003;

    BONALDI 2004; MUSIEK e BARAN 2006)

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    16

    O colculo inferior, localizado no mesencfalo, a estrutura que recebe as fibras dos

    ncleos cocleares e do COS, comunicando tambm, com o corpo geniculado mdio

    ipsilateral e com o cerebelo (conexes contralaterais e ipsilaterais). (AQUINO e ARAJO

    2002) O colculo inferior responsvel pelo processamento de sons com padres temporais

    complexos, possuindo neurnios que s respondem a sons modulados em frequncia

    enquanto que outros respondem a sons de duraes especficas. (PURVES 2005)

    O corpo geniculado mdio (CGM), quarto e ltimo centro integrador antes do

    cortx, uma estrutura localizada no tlamo que recebe somente fibras ipsilaterais do

    colculo inferior. No entanto, tanto os neurnios do tlamo como os do cortx respondem

    estimulao de ambos os ouvidos em 90% das vezes, mostrando que a audio a este nvel

    predominantemente bilateral. Este quarto centro integrador realiza ainda importante

    trabalho de integrao preparao da resposta motora (por exemplo vocal). (AQUINO e

    ARAJO 2002; PUJOL 2003)

    Leses do CGM do origem a alteraes nos resultados dos testes dicticos e

    reduo da amplitude das curvas Na-Pa nos potenciais evocados de mdia latncia e N1-P2

    e P3 nos potenciais tardios, no sendo detectadas nos exames mais frequentemente

    realizados como so o audiograma tonal, audiograma vocal e potenciais do tronco cerebral.

    (MUSIEK e BARAN 2006).

    Indivduos portadores de dislexia possuem alteraes anatmicas, nomeadamente

    possuem neurnios menores e mais estreitos no lado esquerdo do crebro (GALABURDA e

    EIDELBERG, 1982 citado por (MUSIEK e BARAN 2006))

    O crtex auditivo primrio (Figura 11) a substncia cinzenta localizada na parte

    postero-superior do lbulo temporal, mais precisamente no giro temporal superior,

    recebendo as projeces vindas do tlamo. Posteriormente temos o giro angular, que

    representa a regio de Wernicke, responsvel pelo reconhecimento dos estmulos

    lingusticos e da compreenso da fala. Esta regio, no crebro humano, apresenta-se

    normalmente maior no hemisfrio esquerdo. (PURVES 2005)

    Segundo Springer (SPRINGER 1998) o hemisfrio esquerdo predominante para a

    linguagem. 95% de indivduos dextros sem antecedentes histricos de leses cerebrais tm

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    17

    a fala e a linguagem controlada pelo hemisfrio esquerdo; os 5% restantes tm a fala

    controlada pelo hemisfrio direito. Contrariando a lei de Brocca, segundo a qual a fala

    controlada pelo hemisfrio que predominantemente controla a parte motora (dextros e

    canhotos), em 70% dos indivduos canhotos, o hemisfrio esquerdo o dominante para a

    fala e nos restantes 30% a maioria apresenta o centro da linguagem em ambos os

    hemisfrios.

    Segundo os trabalhos de Wada (Wada citado por. (SPRINGER 1998)) a

    percentagem de indivduos que possuem o hemisfrio direito predominante para a fala

    muito reduzida. Estes resultados esto de acordo com os resultados obtidos por Caner-

    Cukiert (Caner-Cukiert citado por (MALHEIRO 2006) que, comparando dados obtidos em

    pesquisas intra operatrias e em questionrios de dominncia manual, concluiu que 97%

    dos dextros e 70% dos canhotos apresentam o centro da linguagem no hemisfrio esquerdo.

    Israel (ISRAEL 1995) refere que em alguns canhotos o centro da linguagem est localizado

    no hemisfrio direito.

    Figura 11 Localizao do Cortx Auditivo Primrio (PURVES 2005)

    As reas corticais auditivas comunicam entre si por meio de fibras que atravessam a

    regio posterior do corpo caloso, recebem informao binaural e tm uma enorme

    capacidade de extrair um sinal sonoro de um rudo de fundo. Este fenmeno deve-se ao

    facto de os neurnios desta rea no responderem a estmulos contnuos e de longa durao

    (rudo de fundo), mas sim a estmulos cujas caractersticas de frequncia e intensidade

    variam rapidamente. (AQUINO e ARAJO 2002; RUAH 2002)

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    18

    O crtex auditivo marca ento o fim da via auditiva primria. Aqui a mensagem

    reconhecida, memorizada e possivelmente integrada numa resposta motora, uma vez que foi

    sendo descodificada pelos ncleos inferiores. (PUJOL 2003)

    Na formao reticular do tronco cerebral, onde ocorrem inmeras sinapses, as

    informaes auditivas so confrontadas com outras informaes sensoriais cabendo aos

    centros de viglia e motivao a seleco da modalidade sensorial prioritria a cada

    momento. (PUJOL 2003)

    Figura 12 Via Auditiva Inespecfica (PUJOL 2003)

    Com a chegada do estmulo auditivo ao tlamo inespecfico, onde ocorrem contactos

    com o hipotlamo e o centro cerebral associativo (multissensorial), agrupam-se diferentes

    modalidades sensoriais, permitindo seleccionar o tipo de informao que se considera

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    19

    prioritria. Por exemplo, se estiver a ver televiso num caf com rudo intenso, este sistema

    permite que a ateno se centre sobre a tarefa mais motivadora e/ou mais importante.

    Via Auditiva Descendente ou Eferente

    A via auditiva descendente (Figura 13) tem o seu inicio no crtex auditivo e area de

    associao e dirige-se para o corpo geniculado mdio, continuando o seu percurso de forma

    similar via ascendente mas em sentido inverso, terminando na cclea. (MUSIEK e

    BARAN, 2006). A via descendente est dividida em dois segmentos:

    - o segmento rostral, este segmento envolve o crtex auditivo, as reas de

    associao secundrias, o corpo geniculado mdio, o coliculo inferior e o

    lemnisco lateral. Ainda reduzido o conhecimento sobre a fisiologia deste

    segmento, julgando-se que um dos reguladores em alguma medida do sistema

    aferente nomeadamente a cclea, o nervo auditivo e os ncleos inferiores do

    tronco cerebral (MUSIEK e BARAN, 2006).

    - e o segmento caudal, envolve complexo olivar superior (lateral e mdio),

    ncleos cocleares, nervo auditivo terminando na cclea (CCI e CCE). Este

    segmento est melhor estudado do que o segmento rostral, estando envolvido:

    o no auxilio na audio em situaes de rudo em competio (WINSLOW E SACHS, 1987; WINSLOW E SACHS, 1988; KAWASE e

    LIBERMAN, 1993) citados por (MUSIEK e BARAN, 2006);

    o na reduo da amplitude das otoemisses acsticas (COLLET et al., 1990; BERLIN et al., 1993) citados por (MUSIEK e BARAN, 2006).

    o na melhoria da campo dinmico em situaes de rudo em competio (SAHLEY et al., 1997; MAY et al.; 2004) citado por (MUSIEK e

    BARAN, 2006)

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    20

    Figura 13 Via auditiva descendente (PURVES 2005)

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    21

    Captulo 3 - Avaliao Auditiva

    Desde os trabalhos de Brocca e colaboradores em 1954 o Processamento Auditivo

    Central tem vindo a despertar o interesse de diversos investigadores. Em 1987, Johnson e

    Myklebust citado por (JORGE 2006)) referem que ouvir no significa necessariamente

    compreender. A American Speech-Language-Hearing Association (ASHA, 1996) descreve

    o Processamento Auditivo Central como: os mecanismos e processos do sistema auditivo

    responsveis pelos seguintes fenmenos comportamentais: localizao do som;

    discriminao auditiva; reconhecimento de padres auditivos; aspectos temporais da

    audio; desempenho auditivo na presena de sinais competitivos e desempenho auditivo

    com sinais acsticos degradados.

    Em 2000, Alvarez e colaboradores definiram o Processamento Auditivo como o

    conjunto de capacidades auditivas das quais o indivduo depende para interpretar o que

    ouve. Alguns indivduos que apesar de apresentarem limiares auditivos dentro dos valores

    normais apresentam dificuldades de compreenso em algumas situaes auditivas mais

    exigentes. Este facto originou o surgimento de diversos testes de avaliao auditiva que,

    completando as tradicionais avaliaes auditiva, permitem uma cada vez mais criteriosa

    avaliao auditiva perifrica e central.

    A avaliao auditiva reveste-se de inmeros desafios, entre os quais a avaliao das

    diferentes estruturas que compem a via auditiva. Em Audiologia esta avaliao dividida

    em avaliao da via auditiva perifrica e avaliao da via auditiva central, havendo no

    entanto alguns exames que embora estejam colocados na avaliao do sistema auditivo

    perifrico no avaliam apenas essa estrutura.

    3.1 AVALIAO AUDITIVA PERIFRICA

    A avaliao do sistema auditivo perifrico a avaliao bsica de qualquer alterao

    auditiva. Esta avaliao normalmente composta por diversos teste que passaremos a

    apresentar resumidamente:

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    22

    - audiograma tonal, tem como principal objectivo determinar o limiar auditivo

    mnimo de intensidade sonora para que o indivduos sinta uma sensao auditiva. Nesta

    avaliao so usualmente avaliadas as frequncias de 125, 250, 500, 1000 2000, 4000 e

    8000 Hz na via area e 250, 500, 1000 2000, 4000 Hz na via ssea. O audiograma tonal

    permite-nos obter informao quanto ao grau e ao tipo de hipoacsia. O grau de hipoacsia

    determinado atravs do clculo da soma dos limiares nas frequncias de 500, 1000, 2000 e

    4000 Hz divididos por 4. (BIAP 2003).

    Figura 14 Exemplo de um Audiograma Tonal obtido durante a recolha da amostra

    - audiograma vocal que segundo Penrod (PENROD 1999) permite a avaliao da

    recepo e reconhecimento da linguagem oral. Os mecanismos de recepo so complexos

    e envolvem para alm do acto de ouvir, o conhecimento da lngua, a inteligncia, entre

    outras. Este exames fornecem-nos informao medida que vamos aumentando o limiar de

    apresentao dos estmulos:

    - Limiar de deteco, quando o indivduo ouve mas no reconhece.

    - Limiar de reconhecimento da fala (SRT), quando o indivduo discrimina

    50 % dos estmulos

    - Percentagem de discriminao, significando a percentagem de

    discriminao de palavras a uma intensidade de 35 dB acima do SRT.

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    23

    Figura 15 Exemplo de um audiograma vocal (A Limiar de deteco; B Limiar de reconhecimento da Fala (SRT); C Percentagem de discriminao) obtido durante a recolha da amostra

    A audiometria vocal pode ser efectuada com diferentes estmulos de teste desde

    monosslabos, disslabos e frases, apresentados com aplicao de filtros ou alteraes na

    velocidade da sua apresentao. Na avaliao do teste SSW original para determinao do

    SSW-C aplicado o teste de monosslabos foneticamente balanceado W-22 de Hirsh. Este

    teste foi desenvolvido em 1952 por Hirsh e colaboradores, composto por 200 palavras

    monossilbicas dividido em 4 conjuntos de 50 palavras. (PENROD 1999)

    - timpanograma bilateral com curva tipo A que segundo a classificao de Jerger

    (GELFAND 2001), tem o pico de mxima compliance entre -100 e + 50 daPa. O

    timpanograma o resultado grfico da avaliao da impedncia do ouvido mdio em

    funo da variao de presso de ar no canal auditivo externo, em que o mximo de

    flexibilidade da membrana timpnica ocorre quando a presso intra timpnica igual

    presso extra timpnica (PORTMANN e PORTMANN 1993).

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    24

    Figura 16 Exemplo de um timpanograma do ouvido direito (R) e do ouvido esquerdo (L) obtido durante a recolha da amostra

    - reflexos acsticos ipsi e contralateral presentes dentro dos valores normais

    bilateralmente (entre 70 a 90 dB acima do limiar auditivo (BESS e LARRY 1992) e 80 a 90

    dB HL para os invetigadores (WILSON e MARGOLIS 2001)), pois comum encontrar os

    reflexos alterados nos doentes com alteraes de processamento auditivo central

    (MENEGUELLO, DOMENICO et al. 2001). Segundo Borg (BORG, 1973 citado por

    (MUSIEK e BARAN 2006) uma das funes dos reflexos acsticos a proteco do ouvido

    interno a sons de alta intensidade, Moller (MOLLER, 2000 citado por (MUSIEK e BARAN

    2006) refere que os reflexos acsticos so um sistema de controle do input da cclea.

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    25

    Figura 17 Exemplo de reflexos acsticos ipsilaterais do ouvido direito (R) e ouvido esquerdo (L) obtido durante a recolha da amostra

    - otoemisses acsticas (OEA) As OEA foram inicialmente descritas por Kemp em

    1978 (KEMP, RAY et al. 1986; PORTMANN e PORTMANN 1993; AQUINO e ARAJO

    2002; AQUINO 2002) que as definiram como energia sonora com origem na cclea, podem

    ser expontneas ou evocadas, que se propaga para o ouvido mdio e externo. Segundo

    Robinette e Glattke (ROBINETTE e GLATTKE 1997) as OEA so geradas apenas quando

    o rgo de Corti est prximo das condies fisiolgicas normais. S podem ser detectadas

    quando o ouvido externo e mdio funcionam normalmente, sendo raramente registadas em

    perdas auditivas superiores a 35-40 dB HL e, segundo Hall (HALL 2000), as OEA por

    produtos de distoro (DPOAE) s so vlidas quando a amplitude do DP exceder o valor

    do rudo em pelo menos 3 dB.

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    26

    A indivduos com problemas de processamento auditivo central no possvel

    conseguir a atenuao das OAE ao efectuar um estmulo contralateral, devido a alteraes

    do sistema auditivo eferente.(ABREENA 2002)

    Figura 18 Exemplo das otoemisses acsticas por produtos de distoro efectuadas no ouvido esquerdo, obtidas durante a recolha da amostra.

    3.2 - AVALIAO AUDITIVA CENTRAL

    A avaliao do sistema auditivo central teve origem nos trabalhos de Bocca e seus

    colaboradores, em 1954 e 1955. Estes trabalhos pioneiros despertaram e motivaram

    diversos investigadores. Contudo, a comunidade cientfica audiolgica, devido

    complexidade do sistema nervoso auditivo central (SNAC), no aceitou facilmente a

    utilidade destes meios de avaliao. Ainda hoje a anatomo-fisiologia do SNAC no

    totalmente compreendida, nem as suas diferentes funes so definidas adequadamente. Por

    estas razes a avaliao do sistema auditivo central representa um desafio mpar (JORGE

    2006)

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    27

    Com a evoluo tecnolgica, os exames audiolgicos comportamentais,

    electrofisiolgicos e imagiolgicos tm permitido uma melhor compreenso deste sistema

    to complexo, o que motivou os investigadores a prosseguirem o estudo do sistema auditivo

    central normal para melhor compreenderem as suas alteraes.

    Nas ltimas dcadas foram publicados diversos estudos que mostram a eficcia dos

    testes comportamentais e electrofisiolgicos na identificao dos distrbios do SNAC.

    Entre os exames electrofisiolgicos, os potenciais evocados de mdia latncia, P300;

    (MUSIEK e RINTELMAN 2001)) e o mapeamento da actividade elctrica cerebral esto

    ajudando a definir as reas cerebrais responsveis pela audio e a descrever o

    funcionamento normal e alterado.

    Na actualidade, o interesse por esta rea de estudo partilhado por Audiologistas e

    profissionais de diversas reas de saberes como Otorrinolaringologia, Psicologia,

    Neuropsicologia, Neurologia, Terapia da Fala, Educao Especial, etc., que juntam os seus

    saberes para melhor intervir na diminuio das limitaes originadas por estas patologias.

    Os testes de avaliao do Processamento Auditivo Central so categorizados

    segundo Bellis e Ferre (BELLIS, 1996 citado por (JORGE 2006); Ferre, 1997 citado por

    (JORGE 2006)) como:

    - testes monoaurais de baixa redundncia, so testes em que a redundncia

    extrnseca do sinal da fala diminuda, para avaliar a funo central do processamento e

    encerramento auditivo da informao, que engloba a ateno e a representao fonolgica.

    Os testes mais utilizados so:

    o Teste de Fala Filtrada, que consiste em duas listas de 50 palavras do tipo consoante-ncleo-consoante (CNC) de fcil inteligibilidade para

    adultos em que aplicado um filtro passa-baixo com frequncia de corte

    a 500 Hz com taxa de rejeio de 18 dB por oitava, sendo os estmulos

    apresentados unilateralmente a 50 dB SL e o ndice de identificao

    determinado para cada ouvido;

    o Teste de Fala com Rudo, utilizado normalmente com rudo branco (White Noise) ou rudo da fala (Speech Noise) como sinal em

    competio com relao sinal/rudo de 0 a + 10 dB, sendo o estmulo

    apresentado a 40 dB SL;

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    28

    o Teste de Frases com estmulo em competio Ipsilateral, composto por 10 frases, apresentadas com mensagem em competio em que

    pedido ao indivduo testado para identificar uma das dez frases impressas

    que corresponda ao estmulo testado.

    - Testes dicticos, caracterizados pela apresentao simultnea nos dois

    ouvidos de estmulos diferentes. Os testes mais utilizados so:

    o Teste dictico de dgitos, em que so apresentados simultaneamente dois dgitos a cada ouvido sendo pedido ao indivduo testado que repita

    os nmeros ouvidos. Trata-se de um teste de aplicao fcil e rpida, com

    sensibilidade moderadamente alta para avaliar leses do tronco cerebral,

    crtex e inter-hemisfricas. (MUSIEK e RINTELMAN 2001)

    o Teste dictico de consoante-vogal neste teste os estmulos utilizados so ba, da, ga, pa, ta e ca. sendo apresentados aos dois ouvidos quase

    simultaneamente ou com um atraso na apresentao do segundo estimulo

    em relao ao primeiro que pode variar em 15, 30, 60 e 90 ms. Os

    indivduos com leses do corpo geniculado mdio apresentam supresso

    quase completa dos estmulos apresentados no ouvido esquerdo enquanto

    que os estmulos apresentados no ouvido direito no apresentam

    alteraes.

    o Teste de disslabos alternados (SSW), que iremos apresentar detalhadamente no ponto 3.3

    o Teste de identificao de frases com mensagem em competio contralateral, trata-se de um teste igual ao teste de Frases com estmulo

    em competio Ipsilateral, diferindo apenas no facto da apresentao da

    mensagem em competio ser efectuada no ouvido contralateral ao da

    apresentao do estmulo.

    - Testes de processamento temporal, segundo Taborga citado por (JORGE

    2006)) as capacidades de ordenao temporal de frequncia e de durao so utilizadas

    principalmente para a anlise dos aspectos rtmicos, acentuao e prosdia da fala. Os testes

    de processamento temporal mais utilizados so:

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    29

    o Pith Pattern Sequence (PPS) (sequncia de padro de frequncia) um teste composto por 120 sequncias, cada uma composta por trs tone

    burst (pulsos de sinusides), em que dois so da mesma frequncia e o

    outro de frequncia diferente ((baixa frequncia (800 Hz) e de alta

    frequncia (1122 Hz)), podendo ser geradas seis sequncias diferentes:

    alta-alta-baixa; alta-baixa-alta; alta-baixa-baixa; baixa-baixa-alta; baixa-

    alta-baixa e baixa-alta-alta. pedido ao indivduo testado que identifique

    ou reproduza as frequncias ouvidas em cada sequncia.

    o Duration Pattern Sequence (DPS) (sequncia de padro de durao) neste teste o som apresentado um tone burst de 1000 Hz, em que

    alterado o tempo de apresentao do som de 250 ms e 500 ms, sendo

    apresentado trs sons em que dois tm a mesma durao enquanto que o

    outro tem durao diferente. As sequncias possveis so: curto-curto-

    longo; curto-longo-curto; curto-longo-longo; longo-longo-curto; longo-

    curto-longo e longo-curto-curto.

    Segundo Musiek e colaboradores (Musiek et al. 1990 citado por. (JORGE 2006)) os

    dois testes anteriormente apresentados so especialmente indicados para avaliao de

    patologia cerebral.

    - e testes de interaco binaural, nos quais necessria a interaco dos dois

    ouvidos para conseguir compreender o sinal dictico ouvido, separados por diversos

    factores: tempo, frequncia e intensidade entre os dois ouvidos. Os estmulos so ouvidos

    nos dois ouvidos e necessrio efectuar a sua integrao, que se julga ser efectuada no

    tronco cerebral, motivo pelo qual estes testes esto indicados para pesquisa de leses nesta

    estrutura nervosa. Os testes de interaco binaural so;

    o Teste de percepo da fala rapidamente alternada, em que so apresentados segmentos de 20 frases de forma alternada nos dois ouvidos

    a intervalos de 300 ms resultando a apresentao de 10 frases em cada

    ouvido, em que o ouvido que recebe o primeiro estmulo considerado o

    canal lder.

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    30

    o Teste de fuso binaural, em que apresentado um estmulo da fala nos dois ouvidos, contudo um recebe o estmulo com um filtro passa baixo e

    o outro recebe o mesmo estmulo com um filtro passa alto.

    o Teste de mudana de limiar determinada atravs de mascaramento, caracterizado pela apresentao de um som pulstil (normalmente de 500

    Hz) ou de espondeus nos dois ouvidos ao mesmo tempo que

    apresentado um som de mascaramento binaural. O teste pode ser

    efectuado de duas formas:

    homofsica em que o estmulo e o rudo mascarador so apresentados na mesma fase,

    antifsica em que o estmulo e o rudo mascarador so apresentados com diferena de fase de 180 num ouvido enquanto

    que no outro mantida a fase.

    Neste teste os pacientes com leses do tronco cerebral baixo apresentam resultados

    alterados.

    3.3 STAGGERED SPONDAIC WORDS TEST (SSW-T)

    - teste de palavras espondicas (palavras formadas por duas silabas longas

    (UNIVERSAL 1999)) alternadas (Staggered Spondaic Words test), foi um dos primeiros

    meios de avaliao do processamento auditivo central empregue pelos Audiologistas nos

    Estados Unidos durante os ltimos 30 anos. Na actualidade este teste continua a ser um dos

    testes de avaliao do processamento auditivo central mais aplicados (MUSIEK e

    RINTELMAN 2001), fazendo ainda hoje parte da bateria de testes usada na avaliao de

    problemas de processamento auditivo central (BELLIS e BECK 2000; JERGER e MUSIEK

    2000). Com o teste SSW, Katz pretendia efectuar o topodiagnstico das leses que

    condicionavam o normal desempenho no processamento auditivo central, quer em casos de

    suspeita de leses cerebrais quer do tronco enceflico (KATZ, BASIL et al. 1963). No

    entanto, os profissionais utilizam tambm este teste para avaliao de crianas com

    distrbios de aprendizagem recorrendo, para tal, aos dados normativos obtidos pelo autor

    ((KATZ e IVEY 1999); (ORTIZ, PEREIRA et al. 2002); (DIBI e PEREIRA 1998). Este

    teste possui determinadas caractersticas que fazem dele uma ferramenta muito til, porque:

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    31

    - pouco influenciado pelas distores da audio perifrica ((KATZ 1968);

    CAFARELLI et al, 1977 citado por (KATZ e IVEY 1999));

    - de simples aplicao, o que o torna aplicvel a uma ampla faixa etria, em

    populaes com distrbios com atraso mental, autismo, pacientes com doena de

    Alzheimer e com epilepsia;

    - pode ser usado em populaes com leses do sistema nervoso central;

    - possui dados normativos para avaliar indivduos de diferentes faixas etrias (5,

    6, 7, 8, 9, 10, 11, dos 12 aos 59 e idade superior a 60 anos) (EMANUEL 2002);

    - evidencia forte validade e segurana ((KATZ e IVEY 1999);

    - requer pouco tempo na sua aplicao, tornando o procedimento mais econmico

    e menos incmodo para o indivduo testado (< de 20 minutos) (KATZ 1962).

    O teste SSW (Tabela 1) composto por 160 espondeus divididos em 40 itens de 4

    disslabos cada.

    Tabela 1 - Lista de espondeus do teste SSW (KATZ 1962)

    A B C D E F G H 1 Up Stairs Down Town 2 Out Side In Law 3 Day Light Lunch Time 4 Wash Tub Black Board 5 Corn Bread Oat Meal 6 Bed Spread Mush Room 7 Flood Gate Flash Light 8 Sea Shore Out Side 9 Meat Sauce Base Ball 10 Black Board Air Mail 11 House Fly Wood Work 12 Green Bean Home Land 13 Sun Day Shoe Shine 14 White Walls Dog House 15 Black Door Play Ground 16 School Boy Church Bell 17 Snow White Foot Ball 18 Band Saw First Aid 19 Blue Jay Black Bird 20 Ice Land Sweet Cream 21 Hair Net Tooth Brush 22 Fruit Juice Cup Cake 23 Ash Tray Tin Can 24 Nite Light Yard Stick 25 Key Chain Suit Case 26 Play Ground Bat Boy 27 Corn Starch Soop flakes 28 Birth Day First Place 29 Day Break Lamp Light 30 Door Knob Cow Bell 31 Bird Cage Crows Nest 32 Week End Work Day 33 Book Shelf Drug Store 34 Wood Work Beach Craft 35 Hand Ball Milk shake 36 Fish Net Sky Line 37 For Give Milk Man 38 Sheep Shin Bull Dog 39 Race Horse Street Car 40 Green House String Bean

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    32

    Normalmente efectuado a 50 dB SL (50 dB acima do limiar mdio nas frequncias

    500, 1000, 2000 Hz). importante realar que o valor do limiar mdio para se considerar

    audio normal nos Estados Unidos at 25 dB HL enquanto que na Europa segundo a

    regra do BIAP (BIAP 2003) de 20 dB HL. Nas situaes em que este valor produz

    desconforto ao indivduo testado, a intensidade de apresentao do estmulo reduz-se para a

    25 dB SL. A tabela de valores normativos do SSW original para intensidade de

    apresentao de 50 dB SL encontra-se no Anexo 4, em que os dados do grupo etrio 12-59

    foram obtidos com a avaliao de 20 indivduos normo ouvintes adultos (KATZ, BASIL et

    al. 1963), no tendo ns informao do nmero de indivduos testados em cada um dos

    outros grupos etrios. Os primeiros e quartos disslabos de cada item so apresentados

    isoladamente (no competitivos, (NC)) e separados em cada ouvido; os segundos e terceiros

    disslabos so apresentados simultaneamente nos dois ouvidos (estmulo dictico, em

    competio (C)).

    A cada uma das denominaes do estmulo acrescentada a identificao do ouvido

    a testar, criando 4 condies diferentes de estmulo; direita no competitiva (DNC), direita

    em competio (DC), esquerda em competio (EC) e esquerda no competitiva (ENC). O

    teste inicia-se sempre no ouvido direito apresentando-se os itens seguintes alternadamente

    no ouvido esquerdo e direito, por forma a que metade dos itens se iniciem no ouvido direito

    e a outra metade no ouvido esquerdo. Desta forma o SSW permite avaliar ambos os ouvidos

    em situao de estmulo normal e em condio de competio em todos os itens. (KATZ,

    BASIL et al. 1963)

    A seleco das palavras dissilbicas de estmulo foi efectuada de maneira a existir

    uma relao semntica entre si (upstairs e downtown), nomeadamente os disslabos DNC e

    DC, EC e ENC e os DNC e ENC (Tabela 2) (KATZ, BASIL et al. 1963).

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    33

    Tabela 2 - Apresentao dos dois primeiros itens do SSW-T, o primeiro item iniciou-se no ouvido

    direito (IOD) e o segundo no ouvido esquerdo (IOE).

    Primeiro Segundo Terceiro

    Item 1 (inicio ouvido direito) (IOD)

    DNC Up

    DC stairs down EC

    town ENC

    Item 2 (inicio ouvido esquerdo) (IOE)

    ENC Out

    EC side in

    DC

    law DNC

    3.4 APLICAO DO TESTE SSW

    O teste aplicado atravs de um leitor de CDs e um audimetro de dois canais, com

    auscultadores, estando o indivduo a testar instalado numa cabina insonorizada. A

    apresentao padro efectuada a 50 dB HL quando o SRT obtido a 0 dB HL ou melhor.

    Nas situaes em que o SRT pior do que 0 dB HL o teste apresentado a 50 dB SL

    (KATZ 1968). Nas situaes em que este valor produz desconforto ao indivduo a testar o

    teste efectuado a 25 dB SL ou, se existir uma perda de conduo maior ou igual a 20 dB

    HL, a apresentao nesse ouvido dever ser de 30 dB SL.

    O nvel de apresentao dos estmulos deve garantir que uma diminuio da

    sensibilidade no afecte o desempenho do paciente (KATZ, 1968 cit in (QUEIRS 2004)).

    O teste tem uma durao aproximada de 10 minutos. Antes de cada item o indivduo a testar

    ouvir uma pergunta Est pronto?, que tem como finalidade prepar-lo para o teste.

    3.5 RESULTADOS DO TESTE SSW

    O SSW deve ser analisado quantitativa e qualitativamente. A anlise quantitativa

    efectuada pela avaliao dos resultados do SSW simplificado (SSW-S) e SSW corrigido

    (SSW-C). A anlise dos aspectos qualitativos feita atravs da anlise da tendncia de

  • Testes de Avaliao do Processamento Auditivo Central SSW em Portugus Europeu

    34

    resposta (inverses e efeitos de ordem) e qualificadores (comportamentos durante o teste,

    respostas lentas ou rpidas). As respostas correctas ou erradas devero ser consideradas

    individualmente para cada uma das 160 palavras e representadas da seguinte forma:

    - as palavras erradas (omitidas ou substitudas) so identificadas com um trao

    horizontal, para a palavra omitida, escrevendo-se a palavra errada em cima da

    palavra de teste no caso de palavras substitudas (Tabela 3);

    - o nmero de erros em cada item assinalado na coluna Erros;

    - se todas as palavras repetidas estiverem correctas indiferentemente da ordem

    coloca-se um na coluna Erros;

    - a ordem de repetio das palavras no avaliada, contudo identificada com a

    colocao de algarismos que a identifiquem;

    - um item fora de sequncia apenas diagnosticado como Inverso e identificado

    com um circulo no I que se encontra na folha de registo.

    Tabela 3 Registo dos diversos tipos de erros possveis

    Item A DNC

    B DC

    C EC

    D ENC

    Inverso Erros

    31

    Bird

    ____ Cage

    Crows

    Nest

    I

    1

    33

    Book

    Shelf

    Drug

    Store

    I

    35

    He

    Fall Bull

    Milk

    Shake

    I

    1

    37

    For

    ____ Give

    Masked Milk

    Man

    I

    2

    39

    Race

    1

    Horse

    4

    Straight Street

    3

    Car 2

    1

    Total erros 0

    3

    2

    0

    5

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    3.5.1 Anlise quantitativa

    3.5.1.1 SSW SIMPLIFICADO (SSW-S) A anlise do SSW-S fornece os seguintes dados:

    - a percentagem de erros em cada uma das quatro condies;

    - a mdia de erros para cada ouvido;

    - a mdia total de erros.

    Estes valores so determinados atravs da combinao de oito valores (nmeros

    cardinais) para obter os resultados das quatro condies de teste. Se o teste iniciado no

    ouvido direito os erros so identificados de A a D em ordem sequencial. Os registos do

    ouvido esquerdo so, por sua vez, identificados de forma invertida de H a E, para combinar

    os erros das mesmas condies de teste (Figura. 4). Aps somar o nmero de erros

    multiplica-se o total, em cada condio de teste, por 2,5 para calcular a percentagem de

    erros em cada uma delas. Para calcular a percentagem de erros do SSW-S para cada ouvido

    efectua-se o seguinte clculo: (DNC + DC)/2 ((17,5+27,5)/2) efectuando o mesmo clculo

    para o ouvido esquerdo: (ENC+EC)/2 ((40+25)/2). Finalmente para calcular o total de erros

    do SSW-S efectua-se a soma da percentagem de erros do ouvido direito com a do esquerdo

    e divide-se por 2 ((22,5+32,5)/2).

    Tabela 4 Exemplo do clculo do SSW simplificado (SSW-S)

    SSW-S DNC DC EC ENC ENC EC DC DNCColuna A B C D E F G H Erros 6 8 8 4 6 8 3 1

    Modo de teste DNC DC EC ENCN. erros 7 11 16 10

    % de erros * 2,5 17,5 27,5 40 25

    Ouvido OD OE

    SSW-S % erros 22,5 32,5

    Total 27,5

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    3.5.1.2 SSW CORRIGIDO (SSW-C)

    A anlise do SSW-C geralmente usada na interpretao dos resultados do teste. O

    SSW-C obtido atravs da subtraco da percentagem de discriminao do teste W-22 de

    Hirsh (lista de monosslabos) aos resultados do SSW-S. A Tabela 5 mostra os valores de

    92% para o ouvido direito e 88% para o ouvido esquerdo. Posteriormente determina-se a

    mdia das percentagens de erro do (DNC+DC)/2 e do (ENC+EC)/2 dando os valores para o

    ouvido direito (14,5) e ouvido esquerdo (20,5) respectivamente, sendo novamente

    determinada a mdia entre os valores encontrados (OD+EC)/2 obtendo-se, assim, o

    resultado final da percentagem de erro do SSW-C (17,5).

    Tabela 5 Exemplo do clculo do SSW corrigido (SSW-C)

    SSW-C . OD OE % discriminao 92 88

    Modo de teste DNC DC EC ENC % erros 17,5 27,5 40 25 % erros discriminao -8 -8 -12 -12 SSW-C % erros 9,5 19,5 28 13

    Ouvido OD OE SSW-C % erros 14,5 20,5

    Total SSW-C % erros 17,5

    A introduo de um factor de correco pode adicionar um elemento de erro ao

    resultado, sendo no entanto esta correco considerada justificvel pelo facto de

    proporcionar duas vantagens sobre o SSW-S: uma, permite avaliar o paciente com limiares

    de 40 dB HL em frequncias da fala; a outra, em casos retrococleares em que os distrbios

    afectam a discriminao, ocorrem com frequncia resultados supercorrigidos, sendo

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    provvel que um resultado negativo do SSW-C permita efectuar um melhor topodiagnstico

    da leso em alguns casos de surdez neurossensorial.

    Alguns autores mostram alguma relutncia ao uso do teste W-22 e subtraco do

    seu resultado ao SSW-S, visto o W-22 ser um teste composto por monosslabos e o SSW

    ser composto por espondeus (LYNN e GILROY, 1975 cit in (KATZ. J 1999)); segundo

    outros autores entre os quais ARNST, 1982 cit in (KATZ. J 1999), existem evidncias que

    a correco funciona, principalmente quando a perda auditiva no excede os 40 dB.

    Anlise quantitativa do SSW-C versus local da leso

    - nos casos normais e casos cocleares (at grau mdio) = SSW-C ~ 0;

    - casos de lees do nervo auditivo (VIII par) = SSW-C < 0;

    - casos de tumores do tronco cerebral baixo = SSW-C < 0 ipsi lateral leso;

    - casos de tumores do tronco cerebral alto = SSW-C > 0 contra lateral leso

    - casos de leso nos centros de recepo auditiva (giro de Heschl) = SSW-C > 0

    contra lateral leso;

    - casos de leso nos centros no auditivos (temporal, anterior, frontal e occipital) =

    SSW-C ~ 0;

    - casos de leso do corpo caloso

    o regio mdia e posterior = SSW-C > 0 para a condio EC; o regio posterior = SSW-C ~ 0 (excepto no idoso, que evidenciam

    comportamentos de leses na regio mdia e posterior).

    3.5.1.2.1 Anlise TEC (Total, Ear, Condition)

    A anlise TEC, que comporta cinco categorias (Tabela 6), efectuada com base na

    anlise dos resultados do SSW-C e auxilia, atravs da avaliao dos trs parmetros, no

    estudo do local da leso em pacientes adultos. Esta anlise no deve ser efectuada em

    crianas com problemas de processamento auditivo central

    Anlise T

    Para o clculo do valor de T toma-se o valor total do SSW-C comparando-se na

    tabela 6 qual a categoria em que ele se encaixa.

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    Anlise E

    Para o clculo do valor de E toma-se o valor mais