bases para uma metodologia da pesquisa em direito - josé maurício adeodato

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  • 8/14/2019 Bases para uma Metodologia da Pesquisa em Direito - Jos Maurcio Adeodato

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    BASES PARA UMA METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO

    Joo Maurcio AdeodatoProfessor do Programa de Ps-Graduao em Direito da

    Escola Superior da Magistratura de Pernambuco.

    Sumrio: 1. Introduo: o contexto brasileiro e a importncia da pesquisa e da ps-graduao em direito. 2. Como escolher o tema. 3. Organizao da pesquisa jurdica. 4.Fontes de pesquisa jurdica. 5. Redao do trabalho cientfico. 6. Formas de refernciass fontes utilizadas. 7. Sugestes bibliogrficas.

    1. Introduo: o contexto brasileiro e a importncia da pesquisa e da ps-graduaoem direito.

    O ensino jurdico vem atravessando mais uma grande modificao estrutural,talvez a maior na histria do ensino superior no Brasil, o que vem provocando debatesmais que salutares. Embora se venha escrevendo copiosamente sobre metodologia depesquisa no Brasil, o direito tem sido sistematicamente esquecido. A pesquisa jurdica das mais atrasadas do pas e os investimentos governamentais na rea so irrisrios, nadaobstante ser direito um dos cursos superiores mais importantes e procurados pelosegressos do segundo grau no pas1. Este fenmeno deve-se a diversos fatores, tais como aprofissionalizao (e mesmo proletarizao) da profisso, mercantilismo nos cursos jurdicos privados, omisso do Estado e da sociedade, sem falar nas duradouras

    conseqncias do esvaziamento qualitativo do corpo docente jurdico levado a efeito pelogoverno militar que se estendeu desde 1964. Apesar de sua importncia, no cabe aquiconsiderar essas causas.

    Alm da ignorncia sobre como pesquisar e como apresentar os resultados de suaspesquisas, os juristas esto em geral to envolvidos com problemas prticos do dia-a-diaque no tm tempo para estudos mais aprofundados. A pesquisa toma tempo, exigegrande dedicao e as recompensas imediatas so parcas, ainda que seu resultado, osaber, seja extremamente til no tratamento de problemas prticos do dia-a-dia. E acomunidade jurdica nacional vem percebendo isto. No s a ps-graduao stricto sensu(mestrado e doutorado) e lato sensu (especializao) em direito crescem visivelmente emquantidade e qualidade, nos ensinos pblico e privado, como tambm as entidades quecongregam profissionais tradicionalmente afastados da pesquisa preocupam-se mais emais em melhor formar seus quadros, sejam estes da magistratura, do ministrio pblico,da advocacia, e procuram a pouco e pouco privilegiar a pesquisa e o currculo dos

    1 Conferir os quatro volumes publicados pela Comisso de Ensino Jurdico do Conselho Federal da OAB,Braslia, 1992, 1993, 1996 e 1997. Tambm Luciano Oliveira - Joo Maurcio Adeodato: O Estado da Arteda Pesquisa Jurdica e Scio-Jurdica no Brasil. Braslia: Conselho da Justia Federal, Centro de EstudosJudicirios, 1996.

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    candidatos em concursos de ingresso que promovem, alm de oferecerem oportunidadesde estudo investindo em seus prprios quadros.

    falaciosa a argumentao de que a ps-graduao no necessariamentegarantia de qualidade. O silogismo falso pois o paradigma se transforma em um sofismaquando o exemplo casual, isolado ou mesmo pouco freqente. O paradigma s tem

    sentido quando a regra, no o mero exemplo excepcional2. Apesar da retricasupostamente objetiva e geral, parece que as aes contrrias e aquelas que pretendemminimizar a importncia da ps-graduao em direito no Brasil tm um fundamentonitidamente pragmtico e, por motivo deste carter existencial de sobrevivncia, seusbaluartes atuam to denodadamente em defesa de seus prprios interesses.

    Da a resistncia de muitos setores conservadores a mudanas mais profundas,procurando desqualificar a pesquisa e a ps-graduao. Como no a obtiveram nem aquerem ou podem obter, revoltam-se contra o estabelecimento de critrios e contraaqueles que esforam-se neste sentido. sintomtico observar que todas as crticas aoexcesso de importncia dado pesquisa e ps-graduao em direito venham, semexceo, de pessoas que no conseguiram uma coisa nem outra. Nunca se viu um doutormenosprezando publicamente a importncia da ps-graduao.

    Mas os problemas internos da ps-graduao so muitos e mais srios. Um deles o alto ndice de desistncia, fenmeno que no exclusivo da ps-graduao brasileiranem do curso de direito3, mas neles atinge nveis ainda mais significativos. Por um lado,tem-se o aspecto psicolgico da sndrome da desistncia, quando o aluno procuraexplicar seu prprio fracasso na empreitada atravs de argumentos objetivos, tais comoter pouco tempo disponvel, ser arrimo de famlia, ter coisas mais importantes a fazer, apouca importncia profissional da ps-graduao e toda sorte de problemas pessoais. Ofato que, ao lado da disponibilidade intelectual, pesquisa tarefa das mais estafantes enem todos tm conseguido lev-la a cabo satisfatoriamente.

    Por outro lado, h a atitude leniente das agncias governamentais para combolsistas que no cumprem suas obrigaes, culminando na perda de todos os prazos semdefender a dissertao ou tese, inadimplentes aps usufrurem de recursos de um paspobre que to pouco investe em educao. Com base em pareceres no mnimoquestionveis, as agncias tm entendido a bolsa de estudos pblica como uma doaopura e simples, sem contrapartidas, quando sanes cveis contra quem no cumprecontratos seriam ao menos argumentveis em quaisquer tribunais e so a regra no queconcerne s agncias de fomento pblicas em outros pases.

    Este texto pretende auxiliar quem pretende participar de uma discusso sobre odireito em bases cientficas, atravs de uma srie de sugestes que o bom senso e a

    experincia confirmam.

    2 Aristteles: Retrica, I, 2, 1357b, 30-35, inThe Works of Aristotle, trad. de W. Rhys Roberts, coleoGreat Books of the Western World. Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1990, vol. 8.3 Estelle M. Phillips - Derek. S. Pugh:How to get a PhD - A Handbook for Students and their Supervisors .Buckingham - Philadelphia: Open University Press, 1995,passim.

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    2. Como escolher o tema.

    O tema do trabalho no precisa necessariamente ser original. bastante que oenfoque, a atitude do pesquisador o seja. Costuma-se dizer que uma dissertao demestrado ou monografia de ps-graduao pode-se reduzir a comentar um tema qualquer,ficando a exigncia de originalidade adstrita tese de doutorado. Isto no procede.Evidentemente a originalidade cientfica uma virtude e deve ser buscada, qualquer queseja a dimenso ou a pretenso do texto a ser produzido. Assim, uma monografia sertanto melhor quanto mais parea uma dissertao de mestrado e uma dissertao demestrado ser tanto melhor quanto mais parea uma tese de doutorado. A avaliao piorana direo inversa.

    A abrangncia do tema uma questo delicada quando se trata de defini-lo. Osautores de obras jurdicas parecem tender a uma ampliao exagerada de seus temas, fatoque, embora possa atrair estudantes incautos, preocupados com o sucesso em provas, nose prestam ao trabalho cientfico. No faz sentido que um jovem mestrando se dedique a

    escrever uma dissertao como Hermenutica Jurdica ou Fundamentos do DireitoPenal ou O Estado Moderno. Temas muito amplos perdem em preciso e acuidade edemandam muita experincia por parte de seu autor4.

    Estratgias para reduzir um tema jurdico so basicamente por assunto (Adispensa abusiva no contrato de trabalho), por autor (O conceito de legitimidade emHannah Arendt), por circunscrio temporal (Evoluo do concubinato na segundametade do sculo XX), por circunscrio espacial (Aes de despejo na Comarca deEscada), por referncia expressa a aspecto especfico do direito positivo (O princpioda nacionalidade na Lei de Introduo ao Cdigo Civil de 1916) etc., alm dessescritrios combinados.

    O que bom para as editoras, posteriormente, se o trabalho vier a ser publicadocom objetivos de mercado, nem sempre de bom tom cientfico. Editores tendem aquerer uniformizar os ttulos, buscando atingir maior pblico, muitas vezes com o nomeda disciplina a que se podem dirigir os livros (Filosofia do Direito ao invs deOntologia do Dever Ser no Neokantismo Tardio). Ao escrever para seus pares eexaminadores, porm, a norma deve ser invertida.

    Outra regra nunca separar teoria de praxis, pensar conceitualmente erealidade emprica s tm sentido um com o outro. Interessante observar que, nadaobstante o direito constituir matria eminentemente prtica, os juristas pouco mencionama prtica do direito quando escrevem seus trabalhos tericos, eles dificilmentereferem-se a seus trabalhos de campo, a suas experincias prticas enquanto operadores

    jurdicos, para confirmar empiricamente suas teses, o que, em outras reas, constituimetodologia unnime dos pesquisadores.

    4 Franz Wieacker, j autor consagrado, escreveu a Histria do Direito Privado Moderno mas teve ocuidado de colocar como subttulo: Com especial ateno ao desenvolvimento alemo. V.Privatrechtsgeschichte der Neuzeit - unter besonderer Bercksichtigung der deutschen Entwicklung .Gttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1967.

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    3. Organizao da pesquisa jurdica.

    Uma questo que preocupa quem se prope a escrever um trabalho cientfico

    refere-se s dimenses, ao nmero de pginas que o texto deve ter. Claro que no h umaresposta pronta para isto, devendo preponderar o bom senso. O grau de especificidade e onmero de partes, captulos, subitens etc. dependero, obviamente, do nmero de laudas.Subdividir tanto, a ponto de ter dois ou mais subitens em uma s pgina ou mesmo umpor pgina um exagero detalhista. Subdividir um trabalho de cem laudas em apenas trspartes o pecado oposto.

    Um projeto sobretudo prospectivo, diferindo do relatrio, cujo carter retrospectivo. Assim, nada h de errado em listar na bibliografia do projeto obras de queainda no se dispe nem se sabe como conseguir, obtidas a partir das listagensbibliogrficas de outras obras. Desonesto faz-lo na verso final do trabalho.

    Pesquisar quase que sinnimo de estudar, significando, quando muito, umaforma especial de estudo. O advogado que estuda para melhor fundamentar suaargumentao no processo faz pesquisa, sem dvida. Especificamente, contudo, otrabalho de pesquisa mais ambicioso, apresentando-se de forma sistemtica, compretenses de racionalidade e aplicao generalizada. Ele precisa apoiar-se o maisclaramente possvel no objeto investigado, seja este objeto formado por eventos, umconjunto de normas ou opinies de leigos, agentes jurdicos, doutrinadores. Da aimportncia das fontes de referncia, que sero comentadas adiante.

    Devido inseparabilidade entre teoria e praxis, o trabalho de pesquisa precisadescrever seus pontos de partida e ao mesmo tempo problematiz-los e explic-los, isto ,procurar compreend-los dentro de uma viso (teoria) de mundo coerente. Esquecer as

    bases empricas do direito faz a viso de mundo irreal e intil, ainda que pareacoerente; reduzir-se a descrever dados empricos sem uma teoria, por outro lado, deixa ainformao fora de rumo e dificulta a comunicao.

    Ainda que um trabalho de pesquisa possa ser predominantemente conceitual oupredominantemente emprico, o pesquisador deve ter o cuidado de explicitar asinterrelaes entre as duas formas de abordagem: se quiser conceituar a diferena entre aprescrio e a decadncia, nada melhor do que ajuntar exemplos reais e atuais, alm daanlise de precedentes, jurisprudncia, casos concretos. Parece-nos, portanto, que umcaptulo emprico ou mesmo referncias constantes a fatos reais s tm a enriquecer umtrabalho de pesquisa terico.

    Conceitualmente, ento, devendo mais serem entendidas como fases de uma nicatarefa do que como atitudes distintas, podemos dividir a pesquisa em bibliogrfica eemprica.

    Pesquisa bibliogrfica aquela ... desenvolvida a partir de material j elaborado,constitudo principalmente de livros e artigos cientficos5. Mas ela tambm inclui outrasformas de publicao, tais como artigos de jornais e revistas dirigidos ao pblico em5 Cf. Antnio Carlos Gil: Como Elaborar Projetos de Pesquisa. So Paulo: Atlas, 1991, p. 48.

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    geral. No caso da pesquisa jurdica, importante tambm o estudo de documentos comoleis, repertrios de jurisprudncia, sentenas, contratos, anais legislativos, pareceres etc.,constituindo uma vertente especfica da pesquisa bibliogrfica que podemos chamar dedocumental.

    J na pesquisa emprica, o pesquisador vai mais diretamente aos eventos e fatos,

    sem intermediao de outro observador, investigando as variveis de seu objeto etentando explic-las controladamente. Seus mtodos so muitos, tais como questionrios,entrevistas, estudos de caso, entre outros.

    A pesquisa jurdica pode ser classificada, dentre outros critrios, em cientfica,que tem por fim descrever e criticar os fenmenos definidos como objeto, e dogmtica,destinada a sugerir estratgias de argumentao e deciso diante de conflitos a partir denormas jurdicas estabelecidas.

    Os manuais sobre como redigir um trabalho, disponveis nas livrarias, insistemsobre os aspectos formais dos planos e projetos. Isto , sem dvida, fundamental.

    A parte mais importante dividir o tema escolhido em tpicos razoavelmentedetalhados. Esses tpicos devem ter ttulos especficos, personalizando o plano detrabalho desde logo. No nos parecem os melhores aqueles projetos de pesquisa comsumrios asspticos, que poderiam servir a qualquer tema e a qualquer autor, tal comoensinado em alguns cursos de biblioteconomia: Projeto: As Estratgias de Inconsistnciano Judicirio Brasileiro. 1. Introduo (1.1. Importncia do tema. 1.2. Justificativa). 2.Objetivos geral e especficos. 3. Hipteses de trabalho. 4. Metodologia (4.1. Material emtodos. 4.2. Universo. 4.3. Instrumentos. 4.4. Procedimentos). 5. Conceitos bsicos. 6.Concluses. 7. Cronograma. 8. Bibliografia.

    Na pesquisa jurdica, pelo menos, isto no funciona. Ainda que tais idiasprecisem estar presentes por trs do projeto ou sumrio, o autor deve procurar ttulos que

    j exponham ao leitor, a partir do ndice, algo do contedo que o espera e queindividualizem o trabalho. O ideal que a introduo tenha um ttulo especfico, que jexpresse uma justificativa pela escolha; dentro desta introduo, um subttulo designar aimportncia do tema: outro explicitar a metodologia empregada, tanto na pesquisa (quaisas fontes, quais as formas utilizadas) quanto na redao (optou por este ou aquele sistemade referncia, este ou aquele autor-guia, porque excluiu ou incluiu este ou aquele tema -dependendo de seu papel, a metodologia pode ocupar um captulo parte); outroapontar, muito resumida e atrativamente, o contedo de cada captulo. No nossoexemplo: Projeto: As Estratgias de Inconsistncia no Judicirio Brasileiro. 1.Hipteses de trabalho (1.1. Direito e Estado subdesenvolvidos. 1.2. Direito estatal edireito extra-estatal. 1.3. O direito extra-estatal dependente do Estado. 1.4. Como se

    organiza esta pesquisa). 2. Pressupostos epistemolgicos (2.1. Pluralismo jurdico versusmonismo estatal. 2.2. Estratgia. 2.3. Disfuno). 3. O direito extra-estatal no judiciriobrasileiro (3.1. O nvel dogmtico previsto no ordenamento oficial. 3.2. O nvel extra-dogmtico ensejado pelo ordenamento oficial. 3.3. O nvel extra-dogmtico contrrio aoordenamento oficial). 4. Metodologia (4.1. Pesquisa bibliogrfica dos fundamentosepistemolgicos. 4.2. Coleta de decises judiciais singulares e jurisprudnciasexemplificativas. 4.3. Pesquisa de legislao. 4.4. Levantamento estatstico de denncias,tramitao e resultados. 4.5. Observao controlada e induzida de processos em

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    tramitao no Foro do Recife). 5. A atuao da sociedade no controle externo do judicirio. 6. O judicirio e o controle interno das prticas extra-dogmticas. 7.Concluso: a ineficincia do procedimento jurdico brasileiro na estruturao dogmticado direito positivo. 8. Bibliografia.

    4. Fontes de pesquisa jurdica.

    Certamente as principais fontes de pesquisa em direito so os livros e artigosespecializados. Os juristas brasileiros costumam usar mais livros e manuais do queartigos, o que contraria as tendncias mais modernas, quando tempo escasso e precioso.Em uma rea como fsica, por exemplo, os livros so dirigidos aos iniciantes e osiniciados concentram-se em artigos menores e mais objetivos.

    Quanto mais especficas as fontes bibliogrficas, melhor, devendo-se eliminar as

    obras genricas que nada tm a ver com o tema e aquelas bsicas que so de leituraobrigatria para formao na rea, a no ser se especialmente analisadas no texto.

    Chama ateno que os juristas, cuja atividade essencialmente prtica, pouco sereferem a legislao, jurisprudncia e casos prticos quando publicam trabalhosdoutrinrios. Essas referncias do maior peso a uma teoria, alm de a tornarem maisclara e eficiente no trato com os problemas, conforme j mencionado. Se o trabalhodogmtico nas lides dos profissionais do direito prtico pouco tem de cientfico, elecertamente um objeto de todo interesse para a perspectiva cientfica que deve ter apesquisa jurdica.

    Certos temas, por suas caractersticas ou novidade, tm nos artigos e reportagens

    da imprensa uma fonte de pesquisa importante. O pesquisador no deve ter pejo de referi-los. Mas bvio que, por sua prpria pretenso limitada, tais fontes no tm a mesmadignidade de artigos especializados, por exemplo. Claro que pode haver artigos de jornaissuperiores a artigos de revistas especializadas, sobretudo se o controle de qualidadedestas deixa a desejar, misturando nveis quilometricamente distantes, como quaseregra unnime no Brasil. Mais aconselhvel , portanto, observar cada refernciaconcreta.

    A consulta bibliografia estrangeira nunca prejudicial e , no mais das vezes,indispensvel. As fontes so to importantes que a escolha do prprio tema precisaconsiderar a acessibilidade delas; de nada adianta um tema genial se no h comoinformar-se a respeito dele. A leitura de lnguas estrangeiras amplia em proporogeomtrica as possibilidades de obteno de informaes.

    A ficha de leitura uma das formas mais eficientes de consulta s fontes. Com elao pesquisador consegue ter disponvel um maior nmero de informaes quando daredao dos textos, sem que precise a todo momento recorrer a livros, cdigos,repertrios de jurisprudncia etc. Com a vantagem adicional de ter como fonte pararedao de seu texto final um texto que j foi redigido pelo prprio autor, desde que aficha no se limite a transcrever ipsis litteris o contedo da fonte, o que equivaleria ao

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    trabalho de grifar trechos dos textos consultados; a ficha de leitura ser mais eficiente sej expressar o contedo das fontes nos termos e na perspectiva do pesquisador.

    Uma regra geral importante atentar para a necessidade de referirespecificamente, no decorrer do texto, tudo aquilo que aparecer listado na bibliografia. Evice-versa. Conforme j sugerido, no se devem listar obras de leitura obrigatria ou

    fontes que, embora tenham sido importantes na formao do pesquisador, pouco ou nadatenham a ver com a efetiva elaborao daquela pesquisa e no apaream diretamentereferidas nos rodaps.

    Fontes no-bibliogrficas de pesquisa, to ao gosto dos demais estudiosos dosfenmenos sociais, no vm sendo utilizadas pelos juristas como seria de desejar:questionrios, entrevistas, amostragens estatsticas, dentre outros mtodos, desde quecorretamente conduzidos, s traro conseqncias benficas credibilidade de umapesquisa jurdica. At mesmo relatos provenientes de observaes pessoais quase nuncaso aproveitados, perdendo-se por vezes a rica experincia que juzes, advogados,procuradores, promotores que querem participar das discusses cientficas tm a relatar.

    Outro meio importante de acesso a fontes de pesquisa jurdica so as redes decomputao, eficientes para consulta a bibliotecas, legislao, jurisprudncia e a imensagama de informaes que possibilita. O mais importante nessas redes que as regiesgeogrficas diminuem sua importncia, difundindo-se a informao a pesquisadores deregies distantes dos grandes centros, outrora monopolizadores das fontes. Isto fundamental para o pesquisador brasileiro, a quem o debate cientfico quase semprechega com atraso. Com as redes computacionais, desde que domine alguma lnguaestrangeira mais universal, qualquer pessoa pode comunicar-se e acessar de imediatofontes antes indisponveis.

    6. Redao do trabalho cientfico.

    Como forma de linguagem que , ao trabalho cientfico aplicam-se, em princpio,as mesmas regras do bem redigir: clareza, conciso, objetividade etc. Cada captulo devecuidar de um tema, dentro deles cada subitem tem um assunto especfico, cada pargrafoprecisa expressar uma idia, tudo isto em funo da unidade e coerncia internas quanto attulos e subttulos, para que no se repita em uma parte o que j foi dito em outra,atentando rigidamente para as relaes contm e est contido etc.

    A clareza fundamental. E o trabalho tem que partir de um suporte deconhecimentos que o leitor divida com o autor. Se o leitor que o autor tem em mente iniciante, o trabalho deve partir de bases genricas, senso comum sobre o direito; se oleitor especializado, o autor pode comear mais especificamente. Mas a regra amesma: comear mostrando ao leitor o ponto de partida que se supe ser dominado porele. Tudo isto levando tambm em conta o espao disponvel: trazer a novidade comclareza, sem ser repetitivo ou bvio. intil escrever para si mesmo ou achar que o leitorsabe tudo o que o autor sabe, pois a tem-se o dilema: quem domina os pressupostos dotema no precisa ler o texto do autor, pois ele nada acrescenta; quem no os domina,

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    simplesmente no compreende patavina do que se diz no trabalho. Ambas as opesdeixam a desejar.

    Usar grficos, frmulas, tabelas e assemelhados pode ser um recurso muitoefetivo. Mas preciso cuidado com aqueles que, muito comumente, mais tornamininteligvel o que se quer explicar.

    Evidentemente a linguagem discursiva no tida como a nica forma decomunicao. Os hippies tentaram comunicar-se pelos olhos e corao e o apelo dasexperincias telepticas, cinticas, holsticas demonstram tal convico. Mas linguagemcientfica, descritiva, s resta o discurso, com pretenses de racionalidade, deentendimento universal, por assim dizer.

    O texto transcrito a seguir, efetivamente publicado6, um exagero dos defeitosque fizeram com que se generalizasse a convico de que a filosofia e a teoria geral dodireito, assim como muito da teoria dogmtica, so puro palavrrio. Mas tais problemasde redao so reais na rea jurdica e vale a pena transcrever a aludida pea.

    Direito: uma percepo de infinito. A reflexo filosfica situa o Direito nadimenso infinita ao enfocar o sentido do termo e o modo pelo qual o seu significado foipercebido. Assim que a evidncia detectora viu a latitude e a profundidade ntica destarealidade ao divis-la no rumo impetuoso e solene da sua finalidade, o que demonstra aausncia absoluta de qualquer limite, tanto na sua percepo como no ente percebido.

    A direo e a dimenso deste raciocnio explicitam e indicam, objetivamente, aintrinsidade qualitativa, quer seja do objeto da percepo, quer seja do sujeito perceptor.A direo aponta o fim bem como o mtodo de atingi-lo; a dimenso estabelece ainfinitude desse fim. Logo, o Direito o caminho infinito ao encontro do infinito. Aqualidade deste caminho est sentida e impressa nele mesmo, e isto se diga, igualmente,do seu perceptor.

    O Direito - orientao iluminada - espelha em suas propriedades a qualidadeinfinita do seu escopo, bem como do sujeito deste fito, quer dizer, o fim do Direito setraduz na sua propriedade de conduzir o homem ao seu objetivo (onde se coloca, originale positivamente (,) o carter educativo da pena).

    Ora, se somente o infinito chega ao infinito, o Direito se compreende napercepo infinita do prprio infinito em que a ilimitao ntica determinante dessapercepo estabelece a prpria incomensurabilidade do ente percebido.

    A infinitude (d)o ser do Direito como evidncia racional encerra a propriedadequalificada e qualitativa do prprio homem, quer dizer, como realidade racional o Direitose caracteriza pela racionalidade mesma. Neste caso, uma ntida percepo de infinito,

    porque foi percebido pela propriedade infinita do homem: a razo.Mas no s de textos esdrxulos dos filsofos, grandes ou no, vive a

    incompreensibilidade. A primeira parte do artigo 58 do Cdigo Civil define o conceito decoisa principal: Principal a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente7.

    6 Artigo assinado no Jornal Gazeta do Povo. Curitiba: sbado, 6 de setembro de 1997, 6a. pgina.7Cdigo Civil (Lei n. 3.071 de 1.1.1916). So Paulo: Saraiva, 1997.

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    Muitos outros exemplos poderiam ser pinados, mostrando como a vigilncia em prol daclareza precisa ser permanente e incansvel.

    6. Formas de referncias s fontes utilizadas.

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) tem muita razo aoestabelecer aquelas regras que provocam risos nos juristas mais antiquados, ainda quehaja alguns exageros que em nada contribuem. Mas fora de dvida que a grandecortesia do cientista ao seu auditrio fornecer os meios possveis para repetio detodos os seus passos. O leitor tem todo fundamento para desconfiar do autor que se referea uma obra sem especific-la, sem referir-se o mais exatamente possvel ao trecho sobexame. Digenes Larcio e Kant puderam dar-se aos luxos da economia e da imprecisode referncias; no mundo moderno, contudo, o nmero e a variedade dos envolvidos no

    debate cientfico exigem mais.Alm desta justificativa metodolgico-cientfica, o rigor formal eficiente

    pragmaticamente, sobretudo com a edio de textos por computadores. Um exemplo: dostrabalhos selecionados para publicao a partir dos Anais do XVII Congresso Mundial daAssociao Internacional de Filosofia Jurdica e Social, realizado em Bolonha, no verode 1995, exigiam-se detalhes de forma centimtricos, sob pena de excluso. que assimsalva-se tempo, eliminam-se custos e diminuem-se margens de erro no imenso trabalhoenvolvido em digitar ou mesmo uniformizar dezenas de artigos impressos ou formatadosdiferentemente, entregues ao risco da criatividade grfica dos diversos autores.

    Mas mesmo para quem vai redigir uma tarefa escolar, sem ambies maiores,

    alguns cuidados formais so imprescindveis. O mais bsico deles a referncia s fontesutilizadas.

    Um critrio genrico que as referncias, qualquer que seja o sistema escolhido,no obriguem o leitor interessado a ser constantemente remetido a outras partes dotrabalho. Assim, pior do que notas e referncias ao final do livro s se elas estiverem aofinal de cada parte ou captulo.

    H dois sistemas bsicos, ambos teis, se corretamente utilizados, ainda que osjuristas brasileiros no lhes tenham dado devida ateno. O chamado sistema completo o mais cmodo para o leitor - desde que as referncias venham mesmo ao p da pginae no ao final do livro ou, pior ainda, dos captulos - posto que todos os dados das fontesesto a qualquer tempo disponveis. Para ver como ele funciona, observe-se a forma dosrodaps e das sugestes bibliogrficas ao final deste trabalho. O pesquisador pode optarentre apor apenas a inicial do primeiro ou dos dois primeiros nomes do autor ou coloc-los por extenso, ainda que seja prefervel esta ltima hiptese. Em se tratando de obra dediversos autores, h vrias possibilidades: 1. Quando os autores so em pequeno nmero,trs ou quatro, aconselhvel cit-los todos; 2. Se h muitos autores, pode-se citar onome do primeiro, seguido da expresso et allii (e outros), mas talvez assim destaque-se

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    indevidamente o nome do mesmo, da porque Umberto Eco sugere o uso da sigla AAVV(autores vrios)8, que tem a vantagem de colocar todos os autores em um mesmo plano;3. Se a obra coletiva mas com um ou mais organizadores, a referncia deve vir emnome destes, seguidos da abreviatura orgs. entre parnteses.

    Existem os dados indispensveis e dispensveis nas referncias. Na primeira

    categoria, em caso de livros, esto autor, ttulo da obra (que deve vir em destaque - emnegrito ou itlico), cidade, editora, ano de publicao e pgina ou pginas especficasreferidas no caso. Quando se tratar de artigos de revistas ou captulos de livros, soindispensveis o ttulo do texto (entre aspas ou no), o ttulo do veculo em que a obra seinsere (em destaque), referncias deste veculo (fascculo, nmero, anos de existncia -quando houver - em suma, como ele se apresenta para identificao), pginas de incio efim do texto, alm de pgina ou pginas especficas referidas ali. Dispensveis, pormteis e assim desejveis, so o tradutor, a edio, a coleo em que a obra se insere(quando houver, claro), o nmero de pginas da obra etc. A opo do pesquisador ficabasicamente entre dar comodidade ao leitor ou economizar espao. Na listagembibliogrfica, obviamente, dispensa-se a pgina especfica referida.

    E justamente pelo critrio da economia de espao que cresce a adeso ao sistemaautor-data. Aqui, as referncias podem vir no rodap ou mesmo no prprio corpo dotexto: o nome do autor seguido de vrgula, do ano de publicao da obra, de dois pontose da pgina ou pginas especficas consultadas (Saldanha, 1982: 68). Os dados completosda referncia estaro na listagem das fontes, sem que seja necessrio referi-los a cadaoportunidade. A nica diferena na forma que o ano de publicao, na listagembibliogrfica, deve aparecer logo depois do nome do autor, entre parnteses, j que oano, alm do nome, que individualiza a referncia feita ao longo do texto. Se opesquisador tiver consultado mais de uma obra de um mesmo autor, publicadas nomesmo ano, a diferenciao deve ser feita atravs de letras minsculas colocadas logoaps o ano. Caso haja mais de um autor com o mesmo sobrenome, deve-se recorrer siniciais do primeiro nome; se ainda ainda assim houver confuso, s iniciais do segundo eassim por diante. Colocar os primeiros nomes por extenso no corpo do texto no usualneste sistema, posto que seu critrio-guia a economia de espao. Na listagembibliogrfica, porm, desejvel.

    Note-se que o sistema autor-data no afasta necessariamente os rodaps, ainda queelimine boa parte deles, aqueles simplesmente referenciais. Mas h os rodapsexplicativos, os quais no podem vir entre parnteses no corpo do texto.

    A listagem bibliogrfica final (bibliografia) dispensvel quando se optar pelosistema completo e se tratar de texto relativamente curto e com poucas referncias, como o caso deste aqui.

    Mas a norma formal bsica uma s, alm daquele critrio material jmencionado, o de possibilitar ao leitor refazer os passos da pesquisa: a uniformidade. Opesquisador deve escolher seu prprio sistema de listagem de fontes e estabelecer com oleitor um cdigo de comunicao o mais possvelmente objetivo e inequvoco.

    8 Umberto Eco: Como se Faz uma Tese em Cincias Humanas. Trad. Ana Falco Bastos e Lus Leito,prefcio de Hamilton Costa. Lisboa: Editorial Presena, 1977, pp. 86-87.

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    A numerao das referncias deve ser contnua, por captulo ou ao longo de todoo trabalho, com preferncia para esta, pois individualiza cada referncia, sem precisarcitar o captulo. Embora isto parea trivial, muitos pesquisadores iniciantes preferemrecomear a numerao a cada pgina, o que inadmissvel.

    Idem significa o mesmo autor, ibidem significa na mesma obra; da mesma forma

    que op. cit. (obra citada), vm sendo pouco usados, sobretudo porque podem dificultar oacesso do leitor informao. S devem ser usados quando a obra que indicam teve suasreferncias completas discriminadas imediatamente antes, por exemplo: na nota nmero12 o livro foi referido; se as notas 13 e 14 se referem mesma fonte, as expresses acimaso palatveis. Mas se as notas seguintes referem-se a outras obras, como comumacontecer, e a obra referida na nota 12 volta a aparecer l na frente, digamos, na nota 32,o leitor dificilmente achar as referncias necessrias quando se defrontar com idem ouibidem, principalmente se entre elas h referncias a vrias outras obras, todas lanandomo das mesmas expresses, por sua vez. confuso.

    Para evitar tais dificuldades, alguns autores9 repetem o nome do autoranteriormente citado e colocam entre parnteses o nmero da nota em que as refernciascompletas daquela obra primeiro apareceram. A vantagem sobre ibidem ou op. cit. bvia, pois o leitor saber exatamente onde encontrar as referncias completas, quandodelas precisar. Mas se o nmero de referncias muito grande, o leitor ter algumtrabalho.

    No sistema autor-data, como as referncias se repetem tantas vezes quantasnecessrias, as expresses idem, ibidem e op. cit. no so utilizadas.

    Mas as expresses latinas apud, (citado por, conforme) e passim (aqui e ali)servem para os dois sistemas. A citao apud cabe quando o autor que se cita no foidiretamente consultado mas a informao chegou atravs de um outro autor. Deve serusada com toda parcimnia, pois no se trata de fonte bibliogrfica primria, e apenas

    quando a obra que se cita de difcil acesso; no fica bem citar Pontes de Miranda apudLourival Vilanova, pois a fonte que se quer pode ser sem dificuldade consultadadiretamente. A expressopassim usada quando o tema abordado est em tantas pginasda obra-fonte que o pesquisador no se dispe a enumer-las. um tipo de referncia queimplica responsabilidade de ter consultado toda a obra citada e que a mesma estejarealmente imbricada com o assunto sob exame. Sempre mais exato citar pgina porpgina.

    A citao ipsis literis, aquela que transcreve literalmente um enunciado da fonte,tambm utilizada independentemente do sistema de referncia que se escolha. Deve serda mesma maneira usada com economia, quando o pesquisador considere que a fonte

    chegou a uma formulao irretocvel, exemplar para algum argumento, para analis-laespecificamente etc.

    Quem escreve um trabalho sempre se pergunta a quantidade de referncias quedeve fazer. Esta questo impossvel de ser precisamente respondida, devendo, como

    9 Como Robert Alexy: Probleme der Diskurstheorie, in Zeitschrift fr philosophische Forschung, Band43, 1989, pp. 81-93, ou a traduo brasileira: Problemas da Teoria do Discurso, in Anurio do Mestradoda Faculdade de Direito do Recife n 5. Recife: ed. UFPE, 1992, pp. 87-105.

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    sempre, prevalecer o contexto e o bom senso. Talvez, guisa de mero palpite, umtrabalho jurdico exija em mdia entre uma referncia a cada trs pginas e trsreferncias a cada pgina.

    Ao organizar a bibliografia ao final do texto, o pesquisador deve tambm atentarpara a quantidade de fontes. Em trabalhos mais alentados, esperam-se mais obras na

    listagem bibliogrfica, claro. Se forem muitas, aconselhvel dividi-las, sempre sob ocritrio de facilitar o trabalho de reconstruo do leitor: livros, artigos, legislao,jurisprudncia, redes de computao e outras espcies de documentos. Se o trabalho temdez laudas, por outro lado, devem-se referir apenas as fontes mais importantes.

    Finalmente, uma palavra sobre a forma fsica do trabalho, sobre como ele deveapresentar-se no papel. Se o critrio bsico para a informao do leitor a referncia aomaior nmero de dados possvel para localizao da fonte, o critrio bsico naformatao, assim como dito para a escolha dos mtodos de citao, precisa ser auniformidade. Quase nunca o trabalho escrito em um s flego e comum o empregode formas diferentes ao longo do mesmo texto, o que no bom. Para evitar isto osprogramas editores de textos dispem das makros. Mas o melhor de todo jeito prestarateno formatao: se o primeiro item est em algarismo arbico, o mesmo deveocorrer com todos; o espao dos ttulos e subttulos deve ser idntico a cada um deles,assim como deve ser uniforme toda sorte de espaos e recuos escolhidos; ideal evitar aobra de arte grfica e no lanar mo de todos os tipos, formas e tamanhos oferecidospelo editor de texto do computador. Sempre melhor sobriedade e comedimento.

    Como sugesto de uniformidade, podem-se reservar as aspas para as citaes ipsisliteris, ironias e ttulos; o negrito, para os trechos que pretende-se sejam destacados,enfatizados no texto; e o itlico pode ficar para as expresses estrangeiras. Mas talescolha relativa e o importante , como dito, a uniformidade.

    7. Sugestes bibliogrficas.

    Conforme esta epgrafe, no se trata da bibliografia utilizada para redao dopresente trabalho, a qual se encontra listada nos rodaps do mesmo, mas sim de sugestespara quem deseja aprofundar-se um pouco mais na metodologia da pesquisa geral ejurdica. Artigos sobre o tema so raros, da porque listamos apenas livros.

    . ACKOFF, Russel: Planejamento de Pesquisa Social. So Paulo: Herder-EDUSP, 1967.

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    CAMPESTRINI, Hildebrando: Como Redigir Ementas. So Paulo: Saraiva, 1994.

    . CARRAHER, David: Senso Crtico do Dia-a-Dia das Cincias Humanas. So Paulo:Pioneira, 1983.

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