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Bases fisiológicas da Osteopatia

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Bases fisiológicas da Osteopatia

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 2

Índice

1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 6

2 – HISTÓRIA DA OSTEOPATIA ............................................................................................................................... 9

2.1 – Andrew Taylor Still .......................................................................................................................................... 9

2.2 – Criação da Osteopatia ..................................................................................................................................... 11

2.3 – Outras personalidades importantes para a Osteopatia .................................................................................... 13

3 – DEFINIÇÕES DA OSTEOPATIA ........................................................................................................................ 14

4 - PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA DE A.T. STILL ................................................................................................ 15

4.1 - A unidade do corpo ......................................................................................................................................... 15

4.2 - A estrutura governa a função........................................................................................................................... 16

4.3 - A autocura ....................................................................................................................................................... 16

4.4 - A lei da artéria ................................................................................................................................................. 16

5 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO OSTEOPATA ........................................................................................................ 17

6 – OSTEOPATIA NO BRASIL E NO MUNDO ....................................................................................................... 17

7 – ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS RELEVANTES À OSTEOPATIA ........................................ 18

7.1 - Medula espinhal e raízes nervosas .................................................................................................................. 19

7.2 - Ramo meníngeo do nervo espinhal (nervo de Luschka) ................................................................................. 20

7.3 - Fibras nervosas ................................................................................................................................................ 21

7.4 - Unidade motora ............................................................................................................................................... 22

7.5 - Potencial de ação ............................................................................................................................................. 22

7.6 – Interneurônios ................................................................................................................................................. 23

7.7 - Receptores sensoriais ...................................................................................................................................... 24

7.7.1 - Receptores mecânicos .............................................................................................................................. 24

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 3

7.7.2 – Características dos receptores ................................................................................................................. 29

7.8 - Tipos de fibras nervosas sensoriais ................................................................................................................. 29

7.9 - Segmento medular/Metâmero: ........................................................................................................................ 30

7.10 – Sistema Nervoso Visceral (autônomo) ......................................................................................................... 32

7.10.1 – Sistema Nervoso Simpático................................................................................................................... 33

7.10.2 – Sistema Nervoso Parassimpático........................................................................................................... 35

7.11 - Reflexos ......................................................................................................................................................... 36

7.11.1 - Reflexo Medular .................................................................................................................................... 37

7.11.2 - Reflexo somato-somático ....................................................................................................................... 38

7.11.2 - Reflexo viscero-visceral ......................................................................................................................... 38

7.11.3 - Reflexo víscero-somático:...................................................................................................................... 38

7.11.4 - Reflexo somato-visceral ........................................................................................................................ 39

8 - AS FÁSCIAS - breve introdução............................................................................................................................ 39

9 - TENSEGRIDADE .................................................................................................................................................. 41

10 – CONCEITOS DE MACRO E MICROFISIOLOGIA ARTICULAR ................................................................. 43

10.1 – Macrofisiologia articular .............................................................................................................................. 44

10.2 – Microfisiologia articular ............................................................................................................................... 44

11– DISFUNÇÕES SOMÁTICAS .............................................................................................................................. 45

11.1 – Características clínicas.................................................................................................................................. 47

11.2 – Hipótese fisiopatológica das disfunções somáticas ...................................................................................... 48

11.2.1 – Modelo neurológico da facilitação – Irwin Korr ................................................................................... 49

11.2.2 - Modelo nociceptivo de Van Buskirk ..................................................................................................... 50

11.2.3 – Modelo neurofasciogênico – Tozzi ....................................................................................................... 51

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 4

11.3 – Disfunções primárias e adaptações secundárias ........................................................................................... 54

12 – LESÃO OSTEOPÁTICA TOTAL ...................................................................................................................... 56

13 - CONCEITOS DE HIPO E HIPERMOBILIDADE .............................................................................................. 57

14 – SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL - FACILITAÇÃO MEDULAR ....................................................................... 59

14.1 – Consequências da facilitação medular .......................................................................................................... 60

14.2 – Sinais clínicos da facilitação medular........................................................................................................... 61

14.3 – Caracterização das facilitações/sensibilizações ............................................................................................ 63

15 – MOVIMENTOS VISCERAIS: suas disfunções e técnicas de correção .............................................................. 64

16 – MOVIMENTOS CRANIANOS: suas disfunções e técnicas de correção ........................................................... 67

17 – OS 5 MODELOS DE APLICAÇÃO DA OSTEOPATIA ................................................................................... 70

17.1 – O modelo biomecânco-estrutural .................................................................................................................. 71

17.2 – O modelo respiratório-circulatório ............................................................................................................... 71

17.3 – O modelo neurológico .................................................................................................................................. 72

17.4 – O modelo metabólico .................................................................................................................................... 72

17.5 – O modelo comportamental ........................................................................................................................... 73

18 - TIPOS DE DOR.................................................................................................................................................... 75

18.1 - Características das dores devido a bloqueio articular ................................................................................... 75

18.2 - Características da dor discal .......................................................................................................................... 76

18.3 - Característica da dor capsuloligamentar ........................................................................................................ 77

18.4 - Características da dor de origem muscular.................................................................................................... 78

18.5 - Características da dor de origem neural ........................................................................................................ 79

18.6 - Características da dor de origem visceral ...................................................................................................... 79

19 - DOR REFERIDA ................................................................................................................................................. 80

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 5

20 - DIAGNÓSTICO OSTEOPÁTICO ....................................................................................................................... 82

20.1- Anamnese ....................................................................................................................................................... 82

20.2 – Inspeção (estática e dinâmica) ...................................................................................................................... 83

20.3- Palpação.......................................................................................................................................................... 84

20.4 – Testes de mobilidade .................................................................................................................................... 84

20.5 - Radiologia ..................................................................................................................................................... 85

21 - AS TÉCNICAS OSTEOPÁTICAS DE TRATAMENTO ................................................................................... 85

21.1 – Técnicas diretas (estruturais) ........................................................................................................................ 87

21.1.1 – Técnicas Rítmicas.................................................................................................................................. 87

21.1.2 – Técnicas de Thrust................................................................................................................................. 95

21.2 – Técnicas Indiretas (funcionais) ..................................................................................................................... 99

21.2.1 – Técnica de strain-counterstrain (técnicas de Jones) .............................................................................. 99

21.2.2 – Técnica de Balanced Ligamentous Tension (Técnica de equilíbrio da tensão ligamentar) ................ 100

21.2.3 – Técnica de Still .................................................................................................................................... 102

21.2.4 - Técnica de liberação posicional ........................................................................................................... 102

21.3 - Técnicas combinadas ................................................................................................................................... 103

22 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 104

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 6

1 - INTRODUÇÃO

No final do século XIX, o médico americano Dr. Andrew Taylor Still se encontrava

descontente com a prática de sua profissão exercida na época. Após a perda de pacientes e

familiares por algumas epidemias, passou a estudar a essência do ser humano e observar as

estruturas e o funcionamento do corpo como uma verdadeira máquina que tem todos os seus

sistemas inter-relacionados e também apresenta capacidade autorreguladora. Passou a deduzir

que as enfermidades, suas causas e tratamentos tinham origem em desequilíbrios funcionais que

poderiam repercutir sobre o organismo de maneira mecânica e também neurológica,

influenciando negativamente funções fisiológicas como a atividade do sistema nervoso e

vascular. De acordo com os relatos de sua biografia, após diversos fatos e anos de intensos

estudos e observações, em 1874 Still criou um método de diagnóstico e tratamento o qual

denominou alguns anos depois como Osteopatia.

Segundo o glossário de terminologia osteopática do ECOP (Educational Council of

Osteopathic Principles), a filosofia Osteopática: “é um conceito de cuidado de saúde embasado

no conhecimento científico em expansão que envolve o conceito da estrutura (anatomia) e

função (fisiologia) dos organismos vivos”. Enfatiza os seguintes princípios:

1 – O ser humano é uma unidade dinâmica funcional;

2 – O corpo possui mecanismos autorreguladores que são de natureza auto-curadoras.

3 – Estrutura e função são inter-relacionadas em todos os níveis.

4 – O tratamento racional é baseado nesses princípios.

Andrew Still chamou de “deslocamentos ósseos” as alterações funcionais que produziam

desequilíbrios fisiológicos e como consequência a perda da homeostase. Atualmente tal

problema é conhecido como disfunção somática: “função alterada ou debilitada dos componentes

relacionados ao sistema somático: esqueleto, articulações e estruturas fasciais, e elementos

vasculares, linfáticos e neurais relacionados”.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 7

Baseado em suas observações, Still compreendeu as relações diretas e evidentes entre o

sistema neuromusculoesquelético e os outros sistemas, e como os fenômenos neurofisiológicos

ligados às disfunções somáticas deixariam o organismo vulnerável às enfermidades. Sendo

assim, uma das ideias fundamentais do criador da Osteopatia foi utilizar o sistema

musculoesquelético como interface para poder abordar os outros sistemas em um tratamento.

O corpo humano apresenta uma admirável capacidade de adaptação em relação aos

meios (externo e interno). Quanto maior a quantidade de adaptações causadas por mecanismos

disfuncionais, menor é a capacidade de defesa do indivíduo.

A Osteopatia pode ser subdividida de maneira conceitual, basicamente em três categorias,

contudo deve ficar claro que a filosofia Osteopática envolve o profundo conhecimento anatômico

e fisiológico global, relacionando todos os sistemas. Desta forma, a Osteopatia diferencia-se de

outros métodos de terapia manual, pois busca o trabalho integral proporcionando condições para

que o próprio organismo busque seus próprios sistemas de equilíbrio/homeostase.

A OSTEOPATIA FOCA NO INDIVÍDUO, E NÃO NA DOENÇA!!!

Osteopatia Estrutural/Musculoesquelética/Parietal

É relacionada às disfunções neuromusculoesqueléticas, atuando com foco no

restabelecimento/manutenção da mobilidade tecidual (articulações, músculos, ligamentos,

fascias, etc). Para isto, o Osteopata tem um amplo arsenal de técnicas manuais específicas para

cada tipo de tecido.

Osteopatia Craniana

Um discípulo direto de Still, William Sutherland, foi inovador ao perceber a existência de

um micromovimento rítmico dos ossos cranianos relacionado com tensões das meninges (dura-

máter) e a dinâmica do líquido cerebroespinhal.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 8

Disfunções deste mecanismo podem repercutir principalmente sobre o sistema nervoso

autônomo, nervos cranianos, e vascularização craniana, afetando o organismo de maneira global.

Sutherland propôs então, o diagnóstico tratamento craniano, seguindo os princípios da filosofia

Osteopática de Andrew Still.

Osteopatia Visceral

Está direcionada à percepção da mobilidade/motilidade dos órgãos e seus envoltórios.

Trata-se de testes e técnicas de manipulações aplicadas diretamente sobre as vísceras e seus

tecidos circundantes, e também a estimulação reflexa do sistema nervoso autônomo no intuito de

corrigir disfunções que repercutam sobre vascularização, desequilíbrios neurovegetativos,

espasmos da musculatura lisa, e aderências fasciais.

O diagnóstico e tratamento Osteopáticos são realizados de forma global sem limitações

de idade, integrando os sistemas corporais na busca das causas das enfermidades e não somente

suas consequências.

Este material descreve aspectos relevantes aos estudantes e praticantes da Osteopatia,

como seu histórico, conceitos, generalidades, modelos e princípios fisiológicos. O intuito é

auxiliar na preparação do aluno do Colégio Brasileiro de Osteopatia (CBO) a compreender de

forma clara as informações essenciais para a sua formação, para que possa aplicar a filosofia

Osteopática de forma eficaz na sua prática clínica diária, respeitando as tradições e evolução

científica.

Quando utilizada corretamente por um profissional devidamente qualificado e

habilitado, a Osteopatia além de não produzir efeitos colaterais, costuma gerar uma resposta

terapêutica rápida e segura, proporcionando a diminuição ou eliminação dos sintomas e o

restabelecimento da homeostasia natural.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 9

2 – HISTÓRIA DA OSTEOPATIA

2.1 – Andrew Taylor Still

Dr. Andrew Still

Nasceu no dia 6 de agosto de 1828,

nos Estados Unidos, mais especificamente

em Lee County, no estado da Virginia. A.T

Still tinha ascendência escocesa e irlandesa,

e desde cedo Still seguiu os passos de seu

pai, Abram Still, um pastor de igreja

metodista, fazendeiro e médico de fronteira.

Desenvolveu diversas habilidades em sua

vida, como de fazendeiro, mecânico,

inventor, além de ter sido um dedicado

homem de família. Desenvolveu diversas

habilidades em sua vida, como de

fazendeiro, mecânico, inventor, além de ter

sido um dedicado homem de família. Tinha

fascínio por anatomia desde sua

adolescência, quando caçava animais e os

dissecava para poder observar suas

estruturas. Teve sua formação em medicina

prática em Missouri.

Sofria fortes cefaleias e náuseas

quando era adolescente. Um dia encontrou

uma solução temporária para o problema,

que era apoiar sua cabeça sobre uma corda

presa entre duas árvores. Chamou esse

evento de: “primeira lição em Osteopatia”.

Sugere-se que essas observações

contribuíram para seus pensamentos

posteriores, que direcionaram o

desenvolvimento da filosofia Osteopática.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 10

A primeira lição de osteopatia: Andrew Still descansando com sua cabeça apoiada em

uma corda esticada. Still, 1897.

Epidemias de algumas enfermidades como sarampo, tuberculose e meningite, atingiam

sua comunidade e pacientes. Tais episódios fizeram com que Still refletisse sobre a impotência

que a medicina praticada na época tinha para resolver algumas enfermidades.

Em 1864, após retornar da guerra civil, três de seus filhos morreram em curto período de

tempo devido à meningite. Algumas semanas após, falece sua filha mais nova de pneumonia.

Devastado, Still passou a crer que essa medicina era muitas vezes ineficaz na compreensão da

etiologia das doenças, e consequentemente nos seus tratamentos. Tinha a convicção de que os

tratamentos agressivos que apenas aplicavam fortes medicamentos e cirurgias eram

inconvenientes para seus pacientes. Tratamentos poderiam ser mais danosos do que curadores.

A partir desses eventos traumáticos e de seu sentimento de impotência, passou a estudar

profundamente o funcionamento básico do ser humano no intuito de melhor compreender suas

condições naturais e patológicas.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 11

2.2 – Criação da Osteopatia

No dia 22 de junho de 1874, Dr. Andrew Still relatou ter sido o momento que mudaria o

rumo de sua carreira e de sua vida. O dia em que percebeu a dimensão da importância da

anatomia e de suas relações com o desempenho de eventos naturais do organismo.

“No dia 22 de junho de 1874, atirei à brisa a bandeira da osteopatia”

Dedicou anos de sua vida analisando atentamente a anatomia e a fisiologia para buscar

melhor compreender o corpo humano, e dessa forma achar novas maneiras de poder abordá-lo.

Seus conceitos inicialmente sofreram resistência das pessoas ao seu redor. Foi

massacrado pela comunidade médica, e considerado insano por seus amigos e familiares. Isso o

levou a uma época de arruinamento financeiro.

Em 1875, se mudou para Kirksville no estado de Missouri, onde viveu o resto de sua

vida. Seu método foi se tornando lentamente conhecido pelos resultados promovidos.

Nessa época, Still passou a ensinar seus próprios filhos a pratica da osteopatia: Harry,

Charles e Herman. Percebendo que ele e seus três filhos não conseguiam atender a demanda de

pacientes que surgiam, pensou em ensinar outros discípulos para poder difundir a osteopatia.

Inicialmente seus alunos tinham dificuldade em compreender sua filosofia e acompanhar suas

profundas noções anatômicas e fisiológicas.

Em 1892 fundou a primeira escola de osteopatia na cidade de Kirksville, a American

School of Osteopathy, atualmente denominada como A.T.Still University.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 12

Estrutura inicial da American School of Osteopathy com Andrew Still sentado na

varanda. Chila, 2011.

Surgiu a necessidade de diferenciar a titulação de um médico “tradicionalista” com

reconhecimento de M.D. (Medical Doctor) daquele com a formação osteopática. Passou a existir

então a titulação de Diplomado em Osteopatia – D.O

Em 1900, se formou um aluno de Still: John Martin Littlejohn. Ele foi responsável por

fundar em 1915, uma das escolas de osteopatia mais reconhecidas e respeitadas da Europa até

hoje, a British School of Osteopathy. A partir daí ocorreu um processo de migração da osteopatia

para outros países da Europa e para o resto do mundo.

As principais obras publicadas pelo Dr. Andrew Still foram:

• Autobiography of Andrew Taylor Still with a History of the Discovery and Development

of the Science of Osteopathy, em 1897;

• Philosophy of Osteopathy, em 1899;

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 13

• The Philosophy and Mechanical Principles of Osteopathy, em 1902;

• Osteopathy Research and Practice, em 1910.

Seguiu sua vida como osteopata clínico e professor difundindo sua filosofia até sua morte

em 12 de dezembro de 1917, com 89 anos.

2.3 – Outras personalidades importantes para a Osteopatia

Muitas pessoas contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento e evolução

da Osteopatia. Alguns desses personagens:

J.Martin Littlejohn: graduado na “American School of Osteopathy”. Fundou a primeira

escola em Chicago, e depois se mudou para Londres participando de forma direta na

fundação da B.S.O. (British School of Osteopathy).

William Garner Sutherland: aluno de Still, desenvolveu os conceitos da Osteopatia

craniana e passou muitos anos desenvolvendo as teorias e técnicas do método, muitas

delas aplicadas até os dias atuais.

Fryette: estudou a mobilidade vertebral pela fluoroscopia. Produziu o trabalho Physical

Laws of Vertebral Motion.

Fred Mitchell: desenvolveu importantes pesquisas em relação à mobilidade da região

pélvica e suas relações com a postura corporal. Auxiliou o desenvolvimento das técnicas

de energia muscular (T.E.M.).

Irwin korr: fisiologista que passou vários anos dando aulas em escolas de Osteopatia em

Kirsville, Michigan e no Texas. Descreveu em seus trabalhos os princípios

neurofisiológicos das disfunções somáticas. Esses conceitos vêm sendo pesquisados

continuamente até os dias atuais.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 14

Lawrence Jones: profissional do estado de Oregon que desenvolveu as técnicas de

tensão/contratensão (strain/counterstrain).

3 – DEFINIÇÕES DA OSTEOPATIA

Somente em 1889, mais de 10 anos após anunciar o nascimento da nova filosofia, A.T.

Still denominou especificamente como “Osteopatia” seu método. Quando indagado por seus

colegas, pelo fato de que o termo osteopatia não estaria disponível nos dicionários, Still

respondeu: “nós iremos inserir”.

A palavra osteopatia, desde a criação do método, causou dúvidas e confusão em sua

definição. Deriva de duas palavras gregas: “osteon” significando osso; e “pathos” denotando

doença/sofrimento ou influenciado por algo. A palavra pathos também pode ser empregada

como “influenciado ou sensível a algo”. O real signficado da palavra osteopatia, respeitando suas

raízes gregas seria: influenciado pelos ossos ou esqueleto. Esse nome aparentemente foi dado em

contraste á alopatia e homeopatia. Em grego, alopatia significa em sua raiz, “influenciado pelo

oposto”, e homeopatia significa, “influenciado pelo mesmo ou pelo semelhante”.

AOA (American Osteopathic Association)

“Um sistema completo de cuidado de saúde com uma filosofia que combina as

necessidades do paciente com a prática atual de medicina, cirurgia e obstetrícia; que enfatiza e

relação entre estrutura e função; e que tem apreciação na habilidade do corpo de curar a si

mesmo”.

BSO (British School of Osteopathy)

“Osteopatia é um sistema de cuidados primários de saúde, complementar a outras

práticas médicas. É apropriado para muitos pacientes e pode contribuir para o tratamento e

condutas de uma vasta gama de condições. Os Osteopatas trabalham principalmente através do

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 15

sistema neuromúsculoesquelético, principalmente nos músculos e nas articulações, utilizando

abordagens holísticas”.

General Osteopathic Council of Great Britain (GOsC),

“Osteopatia é um sistema de diagnóstico e tratamento estabelecido e reconhecido, que

baseia sua principal ênfase na integridade estrutural e funcional do corpo. É distinta pelo fato

de reconhecer que algumas dores e incapacidades das quais sofremos vêm de anormalidades na

função da estrutura corporal assim como os danos causados pelas doenças”.

4 - PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA DE A.T. STILL

Em suas obras, Still descreveu os grandes princípios da filosofia Osteopática.

1. A unidade do corpo.

2. A estrutura governa a função.

3. A autocura.

4. A lei da artéria.

4.1 - A unidade do corpo

O primeiro grande princípio refere-se à unidade do ser, de que cada indivíduo é uma

expressão do corpo, mente e espírito. A pessoa é regulada, coordenada e integrada por funções

fisiológicas interdependentes que relacionam diferentes elementos anatômicos, fisiológicos e

psicológicos.

Todas as estruturas anatômicas corporais são mecanicamente interconectadas por

diferentes tipos de tecido conectivo/conjuntivo. Fisiologicamente os sistemas também se

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 16

relacionam diretamente para manter as condições de homeostase. O corpo humano tem a

capacidade de reencontrar o equilíbrio (físico, bioquímico, mental, etc.).

4.2 - A estrutura governa a função

A estrutura representa as diferentes partes do corpo, ossos, músculos, fascias, vísceras,

glândulas, etc. A função é a atividade de cada uma destas partes, como a função respiratória,

cardíaca, digestiva, etc. Still observou em algumas situações, relações alteradas entre estrutura e

função que eram tipicamente desconsideradas por outros.

A enfermidade não pode se desenvolver se a estrutura é harmoniosa, por tanto uma

desordem da estrutura pode ser a origem da enfermidade. Esta relação entre a estrutura e a

função se aplica a todos os elementos do corpo.

4.3 - A autocura

O corpo é auto-regulador, pois apresenta todos os elementos necessários para eliminar ou

reprimir as enfermidades, com a condição de que seus “meios” estejam livres para funcionar

efetivamente. Não devem existir obstáculos sobre a condução nervosa, linfática, vascular, para

que a nutrição celular e a eliminação de toxinas ocorram corretamente.

4.4 - A lei da artéria

O sangue é o meio de transporte de todos os elementos necessários para manter as

condições homeostásicas naturais. O papel da vascularização é primordial, sendo que os

desequilíbrios funcionais podem levar a má circulação arterial, debilidade do retorno venoso e

linfático, provocando o acumulo de toxinas. As enfermidades se instalam sempre sobre órgãos

debilitados.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 17

5 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO OSTEOPATA

As funções primárias de um praticante de osteopatia, propostas atualmente, são:

•Buscar as causas primárias das doenças utilizando práticas disponíveis baseadas em

evidências;

•Potencializar a capacidade de cura dos pacientes;

•Individualizar o planejamento de abordagem ao paciente com ênfase na saúde e na

prevenção de doenças;

•Utilizar um diagnóstico palpatório e tratamento manipulativo com foco nas alterações

das condições mecânicas, estruturais e fisiológicas.

6 – OSTEOPATIA NO BRASIL E NO MUNDO

A regulamentação da osteopatia ocorre de acordo com o que cada país define para os seus

padrões acadêmicos e profissionais. Recentemente, duas organizações foram criadas para ajudar

na padronização da aplicação e ensino da osteopatia pelo mundo: a International Osteopathic

Alliance (OIA) e a World Osteopathic Health Organization (WOHO). Em alguns países a

Osteopatia está diretamente vinculada à formação médica, em outros à formação em fisioterapia

e em alguns locais o Osteopata pode ter formação universitária independente de outras áreas da

saúde. Em alguns países europeus, o Osteopata pode se formar com nível de graduação

universitária (modelo chamado full-time) ou em cursos de formação (modelo chamado part time)

se já tiver uma formação universitária em área da saúde.

Foi introduzida no Brasil por Osteopatas europeus na década de 1980 e desde então vem

se difundindo como modalidade terapêutica.

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No ano 2000 foi criado o Registro Brasileiro dos Osteopatas, órgão vinculado à

Osteophatic International Alliance (OIA), que tem como objetivo o reconhecimento da

Osteopatia como profissão no Brasil e sua regulamentação.

No ano de 2001, a Osteopatia foi reconhecida como especialidade da Fisioterapia, na

resolução 220/2001 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

No ano 2004 foi criada a Associação Brasileira dos Fisioterapeutas Osteopatas, que tem

como objetivo fortalecer a especialidade Osteopatia dentro da Fisioterapia. Em 2009, a

Associação vinculou-se ao COFFITO.

No ano de 2013, a Osteopatia foi reconhecida como ocupação, na Classificação Brasileira

de Ocupações (CBO), sob número 2261- 10. O fisioterapeuta e o médico podem, desde então, ter

como ocupação a Osteopatia.

O capítulo a seguir irá abordar alguns aspectos anatomofisiológicos relevantes que devem

ser compreendidos pelo leitor, para que os conceitos básicos possam ser aplicados aos

fundamentos da Osteopatia. É importante ressaltar que muitos desses princípios

neurofisiológicos dão suporte teórico e científico aos fenômenos que envolvem as disfunções

somáticas e suas repercussões, assim como para as técnicas de tratamento utilizadas na

Osteopatia. Trata-se de um tratamento reflexo baseado em respostas desencadeadas por

estímulos mecânicos aplicados em receptores sensoriais

7 – ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS RELEVANTES À

OSTEOPATIA

Para que o leitor possa compreender de forma clara as bases anatomofisiológicas que dão

suporte à Osteopatia, é importante que alguns princípios fisiológicos básicos sejam lembrados e

considerados:

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7.1 - Medula espinhal e raízes nervosas

A medula espinhal fica localizada no canal vertebral, formado pelos forames vertebrais

sucessivos, é o principal centro reflexo e via de condução entre o corpo e o encéfalo. Da face

ventral e dorsal da medula se originam as raízes anteriores e posteriores dos nervos espinhais,

respectivamente. As raízes posteriores contêm fibras aferentes (sensitivas) que transportam

fluxos nervosos da periferia (pele, músculos, cápsulas, ligamentos) para a medula, e as raízes

anteriores contêm fibras eferentes (motoras) que se originam dos neurônios motores espinhais e

seguem para o músculo esquelético.

As duas raízes se unem na saída do canal vertebral para formar um nervo espinhal, que

por sua vez, ramifica-se num ramo anterior e outro posterior. É importante lembrar que os dois

ramos são na maioria dos casos (salvo poucas exceções) mistos, pois contém fibras aferentes

(sensitivas) e eferentes (motoras). O ramo anterior sempre apresenta um longo trajeto antes de

atingir seu órgão alvo (músculo, glândula...), sendo que nas regiões cervical e lombar esses

ramos anteriores formam os plexos nervosos multisegmentares (cervical, braquial, lombar e

sacral), e na região torácica formam os grandes nervos intercostais, que no caso, são

unisegmentares. Já os ramos posteriores dos nervos espinhais normalmente apresentam um

trajeto bem mais curto, pois na maioria dos casos inerva a pele, músculos profundos, capsulas

articulares e o periósteo do próprio segmento medular.

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Medula espinhal e raízes nervosas

7.2 - Ramo meníngeo do nervo espinhal (nervo de Luschka)

É o primeiro ramo originado do nervo espinhal. Logo após sair do forame intervertebral o

nervo espinhal fornece um primeiro ramo que passa pelo forame intervertebral e, voltando para o

canal, junto com um ramo comunicante cinzento proveniente do gânglio simpático paravertebral.

Distribui-se mediante por filetes muito delgados, inervado o disco intervertebral, os ligamentos

longitudinal anterior e posterior, e a porção ventral da dura-máter.

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Nervos espinhais e ramos meníngeos

7.3 - Fibras nervosas

As fibras nervosas, em suas extremidades periféricas dão origem às terminações

nervosas, que podem ser sensitivas ou aferentes (receptores), e motoras ou eferentes. Quando as

terminações sensitivas são estimuladas adequadamente, dão origem a um impulso nervoso que é

levado e interpretado no sistema nervoso central (SNC). As terminações motoras existem na

porção terminal das fibras eferentes e são os elementos de ligação entre estas fibras e os órgãos

efetuadores: músculo ou glândula.

As fibras nervosas motoras têm sua origem no corno anterior da substância cinzenta da

medula e saem da medula, por meio das raízes anteriores para inervar as fibras musculares

esqueléticas. Estes neurônios podem ser de dois tipos: neurônios motores alfa e neurônios

motores gama. Os neurônios alfa têm em média 14 micrometros de diâmetro e inervam as

grandes fibras musculares. Os neurônios gama são menores com diâmetro médio de 5

micrometros e inervam pequenas fibras musculares, as fibras intrafusais dos fusos.

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7.4 - Unidade motora

A unidade motora (UM) apresentada na figura abaixo consiste num motoneurônio e as

fibras musculares inervadas por ele. O corpo do neurônio localiza-se no corno anterior da

substância cinzenta da medula e deixa a medula pela raiz anterior até chegar ao músculo-alvo. A

menor unidade de movimento controlada pelo sistema SNC é uma UM, definido por Sherington

em 1906.

Cada músculo tem muitas UMs. O

número de fibras musculares na UM de

músculos da mão varia de 200 a 300 e pode

chegar a mais de mil nos músculos grandes

do membro inferior. Quando a UM é ativada

o suficiente, todas as fibras musculares

pertencentes a ela vão contrair em poucos

milissegundos. Esse é o chamado princípio

do tudo ou nada.

Unidade motora

7.5 - Potencial de ação

As membranas das células nervosas e musculares apresentam um potencial elétrico

negativo de repouso, o chamado potencial de membrana, decorrente da concentração de íons que

se encontram dentro e fora das células. A abertura dos canais iônicos da membrana nervosa faz

com que ocorra um potencial de ação (despolarização, repolarização e hiperpolarização) podendo

alcançar valores positivos. Este potencial percorre todo o neurônio motor até alcançar a fibra

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muscular causando um estímulo para desencadear o potencial de ação muscular. Cada potencial

de ação gera uma contração muscular.

Potencial de ação

Na contração muscular normal, todas as fibras musculares da unidade motora se

despolarizam, produzindo repercussões elétricas no músculo que podem ser detectadas pela

eletromiografia (EMG). O sinal elétrico gerado nas fibras musculares como resultado do

recrutamento de uma UM é chamado de potencial de ação da unidade motora (PAUM).

7.6 – Interneurônios

O PAUM pode ser facilitado ou inibido pelas informações recebidas por neurônios que

fazem conexão com os neurônios motores na medula, os chamados interneurônios, que podem

ser excitatórios ou inibitórios. Eles estão presentes na substância cinzenta da medula (corno

anterior, posterior e nas áreas intermediárias entre os dois), e fazem sinapses com os neurônios

do corno anterior, assim como mostra a figura abaixo.

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Quase todos os sinais sensoriais que

chegam à medula provenientes dos nervos

espinhais ou do cérebro, são transmitidos e

processados pelos interneurônios para

finalmente convergir para os neurônios

motores anteriores, e controlar a função

muscular.

Interneurônios

7.7 - Receptores sensoriais

Os itens relacionados a este tópico irão abordar os receptores sensoriais localizados nos

músculos, tendões e cápsulas articulares, enfatizando suas ações e repercussões sobre a medula

espinhal.Grande parte das atividades do sistema nervoso (SN) é iniciada pela atividade de

receptores sensoriais, podendo determinar vários tipos de reações corporais. Existem

basicamente cinco tipos de receptores sensoriais: mecanorreceptores, termorrreceptores,

nociceptores, receptores eletromagnéticos, e quimiorreceptores. Os mecanorreceptores detectam

a compressão ou o estiramento mecânico do receptor ou dos tecidos adjacentes a ele; os

termorreceptores detectam alterações de temperatura, alguns frio e outros calor; os nociceptores

(receptores de dor) detectam lesões teciduais; os eletromagnéticos detectam luz na retina do

olho; e os quimiorreceptores detectam alterações químicas no corpo.

7.7.1 - Receptores mecânicos

Os principais receptores mecânicos localizados nos músculos e tendões são os fusos

musculares (FM) e os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) respectivamente. Os FM são pequenas

estruturas dispostas em paralelo nos ventres dos músculos esqueléticos. Já os OTGs encontram-

se em série nos tendões.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 25

7.7.1.1- Fuso neuromuscular

Os fusos estão espalhados no ventre

dos músculos e seu número varia com a

complexidade da função do músculo em que

estão situados. Quanto mais complexo,

maior a proporção de fusos. Cada fuso está

envolto por tecido conjuntivo e tem

aproximadamente 3 milímetros de

comprimento. Contem numerosas fibras

musculares muito finas que se chamam

fibras intrafusais, e também fibras muito

mais longas e potentes – extrafusais – que

constituem a massa do músculo estriado.

Fuso neuromuscular

Cada fuso contém 3 a 12 fibras musculares intrafusais que se fixam nas fibras musculares

extrafusais circundantes. A região central das fibras intrafusais não é contrátil, tem função

sensorial. Existem dois tipos de terminações sensoriais nas fibras intrafusais: a terminação

primária, fibra do tipo Ia, com diâmetro de 17 micrômetros que transmitem sinais sensoriais para

a medula com velocidade de 70 a 120 m/s; e terminações secundárias, fibras tipo II com

diâmetro médio de 8 micrômetros. As partes terminais das fibras intrafusais que efetivamente

contraem-se são excitadas pelas fibras motoras gama originadas no corno anterior da medula

espinhal, já as fibras extrafusais são excitadas por fibras motoras alfa.

O estiramento e alongamento das fibras intrafusais causa deformações mecânicas de seus

receptores sensoriais que enviam sinais nervosos para a medula pelas fibras aferentes e fazem

sinapse com os neurônios motores alfa. Os neurônios motores alfa geram impulsos de volta para

o músculo, que se contrai. Assim os FMs enviam informações para o SN mostrando o

comprimento do músculo e a velocidade de variação de seu comprimento.

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Terminações nervosas do fuso neuromuscular

Quando o músculo é alongado mais do que seu comprimento de repouso, o fuso (porção

sensorial) também está estirado, o que faz descarregar as terminações primárias e secundárias

com frequências crescentes, proporcionais ao grau de estiramento.

Descarga do fuso neuromuscular em situação de repouso

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Descarga do fuso neuromuscular em situação de alongamento

O encurtamento do músculo, seja por contração ou por aproximação passiva de suas

inserções, diminui proporcionalmente a frequência de descargas e também pode fazer que

cessem.

Descarga do fuso neuromuscular em situação de contração

Os fluxos aferentes procedentes do fuso têm uma influência excitatória. Quando um

músculo é estirado, o estímulo dos fusos faz que, por via reflexa, o músculo se contraia e resista

a este estiramento. Portanto, a função do fuso muscular é a de fazer o músculo resistir a toda

variação de comprimento em uma ou outra direção.

O fuso é o componente sensitivo dos reflexos de estiramento ou reflexos miotáticos. Este

mecanismo é extremamente importante na manutenção da postura. A força da gravidade tende

continuamente a flexionar o corpo. Os fusos situados nos músculos extensores asseguram a

estática e estão constantemente submetidos a tensão pelas forças gravitacionais. Esta tensão

crônica causa uma contração tônica destes músculos anti-gravitários, o que nos permite manter

retos.

7.7.1.2 - Órgão tendinoso de Golgi

Estão situados nos tendões, na união músculotendinosa e em série com as fibras

musculares. São fascículos tendinosos em torno dos quais se enrolam fibras nervosas aferentes,

ativados pelo estiramento do tendão, detectando alterações de tensão muscular. . Toda tensão

exercida sobre um tendão, deforma estes receptores. Os sinais do OTG são transmitidos por

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fibras nervosas do tipo Ib para o SNC. O sinal que chega a medula excita um interneurônio

inibitório, que inibe por sua vez o neurônio motor anterior e a também a contração do músculo

respectivo. Por tanto, sua estimulação tem como resultado uma inibição, não permitindo que o

músculo realize mais tensão. É um mecanismo auto-regulador protetor.

Orgão tendinoso de Golgi e suas terminações nervosas

7.7.1.3 - Receptores articulares

As terminações sensitivas localizadas nas cápsulas e ligamentos periarticulares, informam

constantemente medula espinhal e o restante do sistema nervoso central, através de receptores

sensitivos não-adaptativos, os movimento, posições e situações gerais das articulações. Dentro e

também ao redor das articulações sinoviais existem receptores sensoriais, como os de Ruffini e

de Pacini. Os receptores de Ruffini ficam dentro da cápsula e respondem a alterações na posição

articular e a velocidade de movimento articular. Localizado dentro da cápsula e nos tecidos

conectivos, os receptores de Pacini respondem as pressões criadas pelos músculos, assim como a

dor na articulação. Esses receptores articulares, assim como os receptores localizados nos

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músculos, ligamentos e tendões mantêm o SN constantemente informado sobre as condições

dentro e ao redor das articulações.

Os receptores capsuloligamentares

também atuam como reguladores do aporte

sanguíneo muscular. Quando um ligamento

é estirado por um movimento, envia uma

mensagem para a medula espinhal, que por

sua vez aumenta o fluxo sangüíneo para

poder responder ao aumento do gasto

energético.

Movimentos mal controlados podem

excitar anormalmente o sistema

cápsuloligamentar e ser a origem de arcos

reflexos adaptativos.

Receptores articulares

7.7.2 – Características dos receptores

Uma característica em comum dos receptores sensoriais é qualquer que seja o estímulo

que os excite, ocorre uma alteração no potencial elétrico da membrana do receptor. As excitações

podem ocorrer de várias maneiras: pela deformação mecânica do receptor, pela aplicação de

substância química, pela alteração da temperatura, pelo efeito da radiação eletromagnética.

7.8 - Tipos de fibras nervosas sensoriais

Os sinais emitidos pelos receptores são transmitidos para o SN por fibras nervosas

sensoriais. Essas fibras podem ser classificadas da seguinte maneira:

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• Grupo Ia, fibras de terminações sensitivas dos FMs;

• Grupo Ib, fibras dos OTGs;

• Grupo II, fibras da maioria dos receptores táteis;

• Grupo III, fibras que conduzem sensações de temperatura, tato grosseiro e dor

em picada;

• Grupo IV, fibras amielínicas que conduzem sensações de dor, coceira,

temperatura e de tato grosseiro.

Os sinais desencadeados pelos neurônios eferentes são considerados segmentares, pois

produzem respostas motoras nos músculos em que se localizam os neurônios aferentes do

mesmo segmento medular.

7.9 - Segmento medular/Metâmero:

É a unidade funcional vertebral: composta por duas vértebras e todos os elementos que

fazem parte do segmento (vasos, articulações, músculos, ligamentos dentre outras).

Um metâmero é um segmento medular que proporciona inervação sensitiva e motora para

regiões específicas do corpo de maneira segmentar, de acordo com a divisão embriológica.

Cada metâmero recebe e envia informações (inervação aferente e eferente), por meio do

sistema nervoso somático e autônomo a diferentes elementos:

- Pele (Dermátomo): É a área cutânea inervada por uma única raiz nervosa.

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- Músculo (Miótomo): músculos inervados por axônios motores dentro de cada nervo segmentar

(raiz). Ex: L1 – iliopsoas, C5 – Bíceps braquial, C4 – Trapézio superior dentre outras. Salienta-se

que cada músculo apresenta, normalmente, inervação multissegmentar.

- Osso (Esclerótomo): É uma região de periósteo inervada por uma única raiz nervosa. Há uma

grande variabilidade entre indivíduos.

- Artéria (Angiótomo): Compreende todos os vasos, artérias, veias e sistema linfático do nível da

raiz nervosa.

- Vísceras (Viscerótomo): É uma víscera inervada por uma única raiz nervosa. Assim como o

músculo, as vísceras apresentam inervação multissegmentar.

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SEGMENTO MEDULAR

7.10 – Sistema Nervoso Visceral (autônomo)

A seguir será descrita uma breve revisão sobre o sistema nervoso visceral para que se

compreendam suas relações com as disfunções somáticas. O intuito no momento não é

aprofundar demasiadamente o conhecimento nesse complexo sistema, pois isso será realizado em

outro momento do curso.

O sistema nervoso visceral ou também chamado de autônomo ou neurovegetativo é um

sistema involuntário e dividido em dois: sistema nervoso simpático e sistema nervoso

parassimpático. Esses sistemas controlam as funções viscerais na busca da homeostase, e ao

mesmo tempo em que podem ser considerados antagonistas, na verdade são sinergistas.

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Normalmente descreve-se que o sistema nervoso somático (voluntário) é totalmente

independente do sistema nervoso visceral, mas sabe-se que os componentes somáticos

proporcionam muitos efeitos sobre o sistema autônomo, e vice-versa. Outra grande diferença

entre o sistema somático e o visceral, é que o primeiro normalmente é composto por um único

neurônio, que vai da medula espinhal até seu órgão alvo (músculo, glândula...). Já o sistema

visceral é, na grande maioria das vezes composto por dois neurônios que realizam sinapse antes

de chegar ao destino final: neurônio pré e pós-ganglionar.

7.10.1 – Sistema Nervoso Simpático

É o sistema toracolombar, pois apresenta o corpo de seus neurônios na coluna lateral da

substância cinzenta da medula espinhal, desde o primeiro segmento torácico até o segundo

segmento lombar normalmente. Essas fibras nervosas deixam a medula junto aos axônios

motores por meio das raízes anteriores dos nervos espinhais. Deixam os nervos espinhais por

meio do ramo comunicante branco para chegar à cadeia de gânglios simpáticos laterovertebrais

(ou para-vertebrais), que se localizam anterolateralmente aos corpos vertebrais e muito próximos

das articulações costovertebrais. Quando chegam nesse nível, os neurônios simpáticos pré-

ganglionares podem fazer sinapse com os pós-ganglionares em diferentes níveis. (discutidos

profundamente no momento oportuno). Na maior parte de seu curso, os nervos simpáticos

viajam junto com os nervos somáticos.

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Sistema nervoso simpático

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Esse sistema mediado pela adrenalina, geralmente acentua a atividade dos outros

sistemas, preparando o corpo para situações de “luta ou fuga”, dependendo de situações externas

e internas do corpo. As reações são moderadas constantemente e ajustadas em respostas às

informações recebidas por centros superiores: funções viscerais, circulação, metabolismo, tônus

da musculatura lisa, motilidade visceral, função cardíaca e pulmonar são reguladas.

7.10.2 – Sistema Nervoso Parassimpático

É conhecido como crânio-sacral, pois a origem dos neurônios pré-ganglionares localiza-

se no crânio (pares cranianos III, VII, IX e X) e no sacro (S2, S3 e S4). Fibras do III

(oculomotor), VII (facial) e IX (glossofaríngeo) suprem basicamente os órgãos localizados na

cabeça, enquanto o restante dos órgão toraco-abdomino-pélvicos recebem sua inervação

parassimpática do X (vago) e nervos pélvicos (S2, S3 e S4. Não existe inervação parassimpática

nas extremidades do corpo.

Os órgãos recebem duplo controle do simpático e parassimpático. Este processo é

sinérgico e deve manter-se constantemente equilibrado para que o organismo mantenha-se em

homeostase. As funções básicas do sistema parassimpático são de manutenção interna, incluindo

digestão e excreção. Esse sistema opera com mais intensidade durante períodos de recuperação e

repouso.

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Sistema nervoso parassimpático

7.11 - Reflexos

O reflexo nervoso é uma relação básica entre um estímulo de entrada para o corpo e uma

saída involuntária através de uma ação de um músculo ou um órgão secretório.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 37

7.11.1 - Reflexo Medular

Os elementos funcionais dos reflexos medulares são: receptor sensorial, neurônio

aferente (sensorial), medula (interneurônios), neurônio eferente (motor) e as terminações

eferentes.

- Receptor: originam potenciais de ação de diferentes graduações que, provocam o aparecimento

de potencial de ação. Este é conduzido centripetamente, passando diretamente do prolongamento

periférico ao prolongamento central. Exemplos: corpúsculos de Paccini e Ruffini, terminações

nervosas livres, FNM, OTG, terminações das mucosas das vísceras, entre outros...

- Neurônio aferente (sensorial): especializado em conduzir impulsos. São aferentes os neurônios,

fibras ou feixes de fibras que trazem impulsos a uma determinada área do sistema nervoso

central.

- Interneurônios: Os neurônios de associação constituem a grande maioria dos neurônios

existentes no sistema nervoso central. Podem ter funções excitatórias ou inibitórias.

- Neurônios eferentes (motores): são eferentes os neurônios, fibras ou feixes de fibras que levam

impulsos de uma determinada área do sistema nervoso para a periferia.

- Terminações eferentes: As fibras nervosas eferentes somáticas relacionam-se com as fibras

musculares estriadas esqueléticas através de estruturas especializadas denominadas placas

motoras. Na placa motora, a terminação axônica emite finos ramos contendo pequenas

dilatações, os botões sinápticos de onde é liberado o neurotransmissor.

*** Terminações Eferentes Viscerais: o mediador químico pode ser a acetilcolina ou a

noradrenalina. Não possuem placas motoras, como nas terminações somáticas. O

neurotransmissor é liberado em um grande trecho final da fibra nervosa e não apenas em sua

extremidade, podendo a mesma fibra estabelecer contato com um grande número de fibras

musculares ou células glandulares.

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7.11.2 - Reflexo somato-somático

Reflexos provocados nas estruturas somáticas gerados por estimulação na estrutura

somática relacionada ao segmento medular. É uma resposta musculoesquelética por um estímulo

dado a uma estrutura somática.

Ex: reflexos defensivos - movimentos de retirada para um estímulo nocivo. Ocorrem

quando um estímulo é aplicado a uma estrutura somática.

7.11.2 - Reflexo viscero-visceral

Ocorre quando há entrada sensorial de uma estrutura visceral, que provoca consequente

atividade em um órgão. EX: distensão do intestino provocada pelo volume das fezes que resulta

no aumento da contração do músculo do próprio intestino.

Envolvem a atividade aferente dos receptores na medula espinhal através de

interneurônios para produzir atividade eferente simpática e/ou neurônios motores

parassimpáticos.

7.11.3 - Reflexo víscero-somático:

É causado por estímulos viscerais locais que produzem padrões de resposta reflexas nas

estruturas somáticas segmentarmente relacionadas. É a repercussão no sistema

musculoesquelético ao estímulo de receptores viscerais. Pode causar, por exemplo, aumento do

nível de tensão muscular ou diminuição do limiar sensitivo da pele/periósteo.

Diversos receptores viscerais existem na mucosa e área epitelial, que respondem a

estímulos mecânicos, dolorosos e estímulos químicos. Há receptores de tensão nas camadas de

músculos viscerais que respondem à distensão mecânica; receptores de tensão na camada serosa,

que são mais lentos e que também monitoram plenitude da víscera, como por exemplo os

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corpúsculos de Paccini localizados no mesentério. Há também receptores de dor (terminações

nervosas livres) nos vasos sanguíneos viscerais.

Representação esquemática do reflexo viscero-somático.

7.11.4 - Reflexo somato-visceral

É a estimulação somática local produzindo padrões somáticos de resposta reflexa em

estruturas viscerais segmentarmente relacionados. É a repercussão no sistema visceral advindo

de uma alteração musculoesquelética correspondente ao mesmo segmento medular.

8 - AS FÁSCIAS - breve introdução

A.T. Still já citava a importância das fáscias na homeostase e que esse tecido seria o local

para procurar as causas da doença. A palavra fáscia é derivada do latim “banda”. É o tecido

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conectivo que envolve e penetra nos diferentes tecidos e órgãos do corpo humano, e atua como

transmissor de tensões mecânicas entre as estruturas, além de diversas outras funções fisiológicas

recentemente descobertas. É extremamente inervada e proporciona continuidade entre todas as

estruturas, fazendo do corpo todo uma única unidade funcional.

Existem diferentes classificações e definições do que realmente pode ser considerado

tecido fascial. Por exemplo, alguns autores consideram que fáscia é qualquer camada de tecido

conectivo denso e irregular, ou seja, um componente de tecido mole que permeia todo o corpo

humano incluindo aponeuroses, ligamentos, tendões, retináculos, cápsulas articulares, túnicas de

órgãos e vasos, as meninges, o periósteo e todo endomísio. Outros autores questionam a

condição de irregularidade da fáscia, pois alguns tecidos como ligamentos e tendões apresentam

disposição regular.

As necessidades funcionais e as tensões mecânicas recebidas diariamente em cada área

composta por fáscia têm relação direta com a constituição tecidual no que se refere a densidade,

regularidade, disposição das fibras e etc. Essa característica de adaptação e remodelamento

constante que a fascia apresenta depende da atividade dos fibroblastos, células responsáveis por

diversas funções, entre elas a síntese de colágeno e elastina. É um tecido mutável em decorrência

das tensões mecânicas, e claro, das disfunções.

Como citado acima no texto, existem diversas classificações do tecido fascial que podem

ser encontradas na literatura. Uma das mais utilizadas atualmente indica (Willard et al, 2019):

- Fáscias superficiais (areolar ou panicular): envolve todo o corpo com exceção de

orifícios como a órbita e os canais oral e nasal. É composta por tecido conectivo irregular denso

e também frouxo, assim como grande concentração de gordura;

- Fáscias profundas: alguns autores chamam de fáscia de revestimento. Essa camada

forma o periósteo nos ossos, epimísio nos músculos e epitendão nos tendões. Envolve estruturas

que compõem o esqueleto axial (cabeça e tronco) e apendicular (membros);

- Fáscias meníngeas: engloba o sistema nervoso central. Inclui a dura-máter e as

leptomeninges (aracnoide e pia-máter). Bordoni e Bordini (2015) sugerem que o epineuro, que

reveste os nervos periféricos, é uma expansão e continuidade dessas fáscias.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 41

- Fáscias viscerais ou internas: é a camada mais complexa das quatro. Forma o envoltório

das cavidades corporais. Engloba a pleura e peritônio visceral e promove a condução

neurovascular para os órgãos. Na linha média, vai desde a base do crânio até a cavidade pélvica.

Conecta os órgãos entre eles e também com estruturas parietais através de ligamentos viscerais.

Até não muito tempo atrás, a fáscia era considerada apenas uma estrutura de conexão

passiva. Recentemente diversas pesquisas vem mostrando a relação das fáscias com algumas

funções fisiológicas como por exemplo o metabolismo e o sistema autominune. Os papéis desse

tecido também têm sido discutidos e relacionados à gênese das disfunções somáticas quando se

encontra disfuncionais. Essas hipóteses serão discutidas no capítulo 10.

Além dos diversos módulos da formação do CBO que englobam o sistema

musculoesquelético, visceral e craniano e suas respectivas fáscias, também dispomos de 2

módulos específicos sobre as fáscias durante o desenvolvimento do curso.

9 - TENSEGRIDADE

Um dos pilares que norteia a avaliação e abordagem osteopática é o princípio de que

estrutura e função estão inter-relacionados de forma recíproca. Assim como a ideia que

alterações funcionais/mecânicas que ocorrem em um local do corpo também interferem à

distância. Estes princípios foram indicados desde as observações iniciais de A.T. Still.

A tensegridade é um conceito físico, que surgiu das teorias de compressão-tensão

desenvolvidas pelo matemático, artista e inventor estadunidense R.B. Fuller (1895-1983) na

década de 1920. As formas construídas segundo este modelo são estabilizadas por estruturas de

compressão descontínuas unidas por uma estrutura de tensão contínua e pode se manter estável

durante a dinâmica, inclusive se sobre ela não incidir a força gravitacional. Esta maneira de

entender a estabilidade de estruturas foi um avanço no entendimento do modelo segundo o qual

as estruturas são estabilizadas apenas pela força da gravidade, proposto pela teoria newtoniana.

No modelo de tensegridade, uma carga compressiva ou tensional aplicada sobre uma

estrutura deve ser assimilada sobre todo o CONJUNTO, o que faz com que haja dissipação de

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forças e minimize a repercussão sobre uma região específica. Esta condição minimiza a chance

das estruturas chegarem ao colapso.

A estabilidade estática e dinâmica dos modelos de tensegridade ocorrem

independentemente de a estrutura apresentar simetria nos planos do espaço. Esta situação de

assimetria é a encontrada no corpo humano quando observadas as características morfológicas da

coluna vertebral, do fêmur, da caixa torácica e de todas as suas demais partes, principalmente

quando estão em movimento - BIOtensegridade.

A célula apresenta tensão, mesmo sem estímulo mecânico externo. É uma condição de

pré-estresse. Na célula, os microfilamentos geram o componente tensional (in vivo estão tensos e

adquirem formas triangulares) e os microtúbulos são os componentes compressivos

descontínuos, num modelo de tensegridade. Esta condição faz com que estímulos mecânicos

aplicados na matriz extracelular sejam transferidos diretamente para o interior da célula. Estes

estímulos fazem com que os microfilamentos alterem sua forma e os microtúbulos alterem sua

posição e, mesmo após o estímulo (compressivos e/ou tensionais), a célula continue estável,

porém com nova organização interna e nova forma.

Esse mecanismos permitem que a célula se adapte a diferentes ambientes. Se a célula está

num ambiente mais flexível tenderia a perder tensão e, consequentemente, colapsar, porém isto

não ocorre porque se adapta modificando sua membrana. Esta adaptação traciona a matriz

extracelular, transferindo tensão de dentro da célula para a matriz extracelular, o que mantém sua

membrana num estado de tensão constante. A tensão constante garante a interdependência dos

componentes de compressão em qualquer situação.

A célula pode tracionar a matriz extracelular porque há integração mecânica entre a

membrana celular e a matriz extracelular - pela integrinas. São proteínas de adesão presentes na

membrana celular, que participam da interação mecânica entre a célula e a matriz celular e

auxiliam na regulação intracelular e na fisiologia celular. Isso é observado no citoesqueleto de

todas as células (por exemplo, células epiteliais, células nervosas, células imunes, células ósseas

e fibroblastos) e não apenas nas células musculares. Além de detectar um sinal mecânico e

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transmiti-lo através da superfície da célula, forças transmitidas sobre estes receptores, são

convertidos em alterações na bioquímica intracelular e na expressão gênica.

As células se apresentam unidas e tensas (condição de pré-estresse) e prontas para

receberem sinais mecânicos (por meio de compressão e/ou alongamento) e convertê-los em

respostas bioquímicas, fenômeno conhecido como mecanotransdução. Este fenômeno é

importante para a compreensão do desenvolvimento e funcionamento celular e tecidual, de como

se relacionam as estruturas dentro de um tecido corporal, de como os tecidos se relacionam entre

si e de como se dão alguns processos patológicos.

Além das células, outras estruturas do corpo humano (coração, pulmão, ossos, moléculas)

são também estabilizadas por este sistema de compressão-tensão, assim como todo organismo. O

corpo funciona num modelo de tensegridade maior formado por diversos modelos de

tensegridade menores. A tensegridade pode explicar o conceito de globalidade (unidade do corpo

de Still) utilizado pelos osteopatas, tanto por demonstrar as relações mecânicas entre todas as

partes do corpo quanto por demonstrar a possibilidade de transferência de informações entre

estas partes em condições fisiológicas ou até mesmo disfuncionais.

10 – CONCEITOS DE MACRO E MICROFISIOLOGIA ARTICULAR

Alguns aspectos referentes à fisiologia articular devem ser totalmente entendidos e

sempre lembrados pelos estudantes e praticantes de Osteopatia e terapia manual, pois fazem

parte da prática clínica diária desses métodos de trabalho.

Quando estudamos e avaliamos em nossos pacientes a fisiologia das articulações,

devemos lembrar que se pode subdividir a fisiologia articular em macrofisiologia e

microfisiologia articular.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 44

10.1 – Macrofisiologia articular

É utilizada para descrever o posicionamento dos ossos em relação ao espaço

(macrofisiologa estática), e também os movimentos de segmentos osteoarticulares

(macrofisiologia dinâmica).

A macrofisiologia estática é empregada principalmente na definição de situações ligadas

à postura corporal. Anteversão pélvica, retificação da lordose cervical são exemplos de

posicionamento de segmentos ósseos em relação ao espaço, que são facilmente visualizados pelo

observador ou até mesmo através de exames de imagem.

Já a macrofisiologia articular dinâmica descreve os principais movimentos de

articulações, como por exemplo a abdução do ombro, a extensão do quadril, etc. Mas é

importante entender que os grandes movimentos articulares descritos pela macrofisiologia são

sempre acompanhados e de certa forma dependentes de pequenos movimentos que ocorrem

nessas articulações descritos pela microsfisiologia articular.

10.2 – Microfisiologia articular

Para que possam ocorrer os macromovimentos em segmentos corporais, sempre é

necessário que pequenos movimentos ocorram nas articulações envolvidas nesses movimentos.

Por exemplo: num movimento de abdução do ombro descrito pela macrofisiologia, várias

articulações são envolvidas e em cada uma delas existem movimentos específicos que são

essenciais para uma boa fisiologia. Em determinados graus da abdução, a cabeça do úmero

realiza um deslizamento inferior, depois a clavícula realiza um movimento de rotação, a

articulação escapulotorácica faz um movimento em báscula e por fim as primeiras vértebras

torácicas realizam pequenas inclinações para o lado oposto à abdução do ombro. Todos esses

pequenos movimentos devem ocorrer de forma sistemática para que o ombro consiga chegar na

amplitude máxima da abdução de 180 graus. Caso alguma das articulações envolvidas não seja

capaz de realizar tais micromovimentos por uma restrição/disfunção, o macromovimento sofrerá

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 45

limitações e adaptações, e possivelmente alguns tecidos moles serão expostos à situações de

stress constante.

A microfisiologia articular, ao contrário da macro, não é facilmente visível pelo

examinador e também não é de simples análise em exames de imagem (exames dinâmicos

facilitam tal análise). É necessário que o examinador Osteopata tenha profundo conhecimento de

cada micromovimento que cada articulação executa para que possa aplicar os testes de

mobilidade específicos e realizar as correlações clínicas.

É muito importante salientar ao leitor que estas formas de análise são inter-relacionadas

mas em certos casos são independentes. Exemplo: quando se observa um indivíduo

estaticamente com uma anteversão pélvica e aumento da lordose lombar (macrofisiologia

articular), significa que os ossos ilíacos se encontram rodados anteriormente e as vértebras

lombares encontram-se estendidas. Este posicionamento dos ossos em relação ao espaço não

quer dizer que eles se encontram fixados do ponto de vista da microfisiologia articular. Os ossos

ilíacos podem realizar pequenos movimentos de rotação anterior e posterior (microfisiologia),

mas no caso do exemplo descrito acima, não significa que pelo fato de estaticamente estarem em

anteversão, os ilíacos estejam fixados em rotação anterior. É uma tendência em alguns casos,

mas é possível que os ossos ilíacos apresentem seus micromovimentos livres nesse exemplo.

Deve-se compreender que quando existem problemas ligados à microfisiologia de uma

articulação, certamente prejuízos ocorrerão na macrofisiologia. O papel do Osteopata é analisar

profundamente e detalhadamente os micromovimentos articulares, para que possa tratar de forma

específica possibilitando uma macrofisiologia harmoniosa.

11– DISFUNÇÕES SOMÁTICAS

Esse termo substitui outros utilizados antigamente, como os “deslocamentos ósseos”

descritos por Still, posteriormente chamados de “lesão osteopática”.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 46

Para o glossário de terminologia osteopática:

“Disfunção somática é a função alterada ou debilitada dos componentes relacionados ao

sistema somático: esqueleto, articulações e estruturas fasciais, e elementos vasculares, linfáticos

e neurais relacionados.”

São alterações funcionais de parâmetro menor, ou seja, são problemas mecânicos que não

são acompanhados de lesões teciduais (fratura, ruptura ligamentar, etc) seguidas de respostas

inflamatórias. Não são demonstrados em exames laboratoriais e/ou de imagem, sendo que seu

diagnóstico é dado através de palpação e testes de mobilidade específicos para cada tecido.

Uma disfunção somática se trata de um distúrbio funcional reversível que pode afetar

tecidos conectivos do esqueleto axial (ex: coluna vertebral) e apendicular (membros), e também

tecidos dispostos em outras zonas como nos envoltórios fasciais das vísceras, ou até mesmo o as

fáscias neurais encontradas no sistema nervoso central e periférico.

A disfunção pode ser denominada de acordo com sua localização, como por exemplo:

disfunção vertebral, disfunção visceral, disfunção craniana, etc.

Há muito tempo tem sido considerada como o fator central e principal no contexto da

filosofia Osteopática, relacionando seus impactos sobre a saúde em um contexto de globalidade

do corpo humano. Diferentes teorias tentam explicar seus achados clínicos e sua fisiopatologia.

Com citado anteriormente, as disfunções somáticas podem afetar distintos tipos de

tecidos. Sugere-se que no caso das disfunções somáticas que envolvam níveis vertebrais, todos

os tecidos inervados pelo metâmero/segmento medular envolvido (músculo, pele, osso, víscera,

artéria) podem sofrer consequências negativas em suas funções. Da mesma forma, disfunções

somáticas periféricas em qualquer tipo de tecido (tendão, cápsula, dura-máter, peritônio, etc...)

que afetem a aferência desses tecidos ao sistema nervoso, pode originar ou manter disfunções

somáticas medulares.

Parsons e Marcer propuseram algumas considerações sobre as disfunções somáticas:

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✓ Etiológica: traumática, compensatória, postural

✓ Temporal: aguda, crônica

✓ Hierarquia: primária, secundária, compensatória

✓ Fisiologia: neuromusculoesquelética, fascial, viscero-somática, somato-visceral)

Podem ser denominadas de acordo com:

- A mobilidade livre que desempenhe: exemplo, disfunção em rotação anterior do ilíaco.

Nesse caso o ilíaco está fixado em rotação anterior e não realiza a rotação oposta (posterior);

- A direção da restrição: exemplo, disfunção de restrição à flexão do osso temporal.

Nesse caso o osso temporal está fixado em extensão e não realiza a flexão;

- Pelo posicionamento (determinado pela palpação) do segmento em relação a estruturas

adjacentes: exemplo, disfunção em superioridade da primeira costela. Nesse caso a primeira

costela está fixada em uma posição superior (inspiratória) e não aceita o movimento na direção

oposta/inferior (expiratória).

11.1 – Características clínicas

Algumas características podem ser clinicamente observadas nas disfunções somáticas. A

literatura descreve tradicionalmente esses quatro parâmetros com a sigla TART (T - tenderness,

A - assimetry, R - restriction, T – texture changes):

•Tenderness: aumento da sensibilidade.

Os tecidos localizados na zona em disfunção se encontram mais sensíveis à palpação

devido à hiperexcitação dos receptores sensoriais e dos neurônios aferentes que conduzem suas

informações.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 48

•Assimetry: assimetria.

O segmento disfuncional encontra-se com alteração de posicionamento espacial

perceptível à palpação. A assimetria é percebida quando se compara o posicionamento de

referências anatômicas vizinhas ao segmento palpado.

•Restriction: restrição.

A amplitude de movimento e sua qualidade se encontram alteradas no tecido

afetado. Uma “barreira” anormal de movimento é mantida.

•Texture changes: alteração da textura do tecido.

Os tecidos que circundam a região disfuncional apresentam características palpatórias

diferenciadas. Esses tecidos incluem a pele, músculos, tendões, cápsulas e outros tecidos

conectivos. Sugere-se que alterações no sistema nervoso decorrentes da disfunção fazem com

que o tecido fascial se torne mais denso e também tenha sua atividade vasomotora (arterial,

venosa e linfática) e sudorípara modificada.

11.2 – Hipótese fisiopatológica das disfunções somáticas

Cronologia do surgimento das hipóteses sobre as disfunções somáticas:

➢ 1900: Louisa Burns, que fez parte do instituto de pesquisa A.T. Still em Chicago, realizou

uma série de estudos relacionados aos distúrbios somáticos e repercussões sobre funções

viscerais.

➢ 1930: J. S. Denslow e seus colegas promoveram estudos pioneiros feitos com registros de

eletromiografia para obter evidências relacionadas aos achados palpatórios nas

disfunções somáticas.

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➢ 1945: Irwin Korr se juntou a Denslow para dar continuidade às pesquisas utilizando

EMG e introduziu o conceito da facilitação medular, que será abordado posteriormente.

Esse modelo ainda é frequentemente descrito em obras literárias osteopáticas nas

principais escolas de Osteopatia do mundo, porém outros modelos descritos nas últimas

três décadas apresentam maior suporte científico.

➢ 1990: modelo nociceptivo de Van Busrkirk (1990), revisado posteriormente por Gary

Fryer (2003, 2016) e Howwel e Willard (2015).

➢ 2015: modelo neurofasciogênico de Tozzi (2015).

11.2.1 – Modelo neurológico da facilitação – Irwin Korr

O fisiologista Irwin Korr propôs a relação da disfunção somática vertebral ao que ele

chamou de segmento medular “facilitado”. Denominava o problema naquela época como “lesão

osteopática”.

Em 1947, Denslow definiu: “Uma lesão osteopática vertebral representa um segmento

medular facilitado, mantido nesse estado por impulsos de origem endógena que penetram na raiz

dorsal correspondente. Todas as estruturas que recebem fibras nervosas eferentes desse segmento

estão consequentemente, potencialmente expostas à excessiva excitação ou inibição”.

Esse modelo propôs que o fuso neuromuscular seria o principal receptor sensorial

envolvido e responsável pela manutenção da disfunção. O aumento da atividade das fibras

motoras gama (hiperatividade gama) causaria a manutenção da contração das fibras musculares

intrafusais de tal forma que estiramento da porção sensitiva do fuso manteria uma contração

muscular crônica palpável clinicamente.

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11.2.2 - Modelo nociceptivo de Van Buskirk

Van Buskirk, já em 1990, colocou em questão alguns conceitos propostos por Korr. Para

ele, os fusos neuromusculares não seriam capazes de produzir as contrações musculares reflexas.

Sugeriu que receptores sensoriais localizados em vários tecidos podem estar envolvidos com as

disfunções somáticas, em especial os nociceptores. Eles seriam os principais responsáveis pela

manutenção da contração muscular reflexa e aumento das descargas simpáticas.

Esse modelo propõe que o estresse nocivo mecânico, químico ou térmico em tecidos

musculoesqueléticos ou viscerais causam alterações reflexas nos axônios que bombardeiam o

corno posterior da substância cinzenta da medula. Isto leva a uma série de eventos nos tecidos

locais tendo como consequência final a facilitação/sensibilização central ou medular. Como

consequência ocorre alteração na atividade das raízes anteriores e fibras eferentes viscerais

causando respectivamente aumento do tônus muscular e repercussões nas atividades autonômicas

(vasomotora, sudorípara e atividade visceral) do segmento medular envolvido.

O aumento da atividade muscular causaria sinais clínicos tradicionalmente observados:

restrição de mobilidade tecidual, assimetrias e dor.

A manutenção da restrição de mobilidade ao longo do tempo provoca alterações nos

tecidos conjuntivos locais ajudando a manter o distúrbio. Esse modelo neurológico das

disfunções somáticas tem sido predominante nas últimas décadas na explicação das disfunções

somáticas e suas relações somato-viscerais e viscero-somáticas, por mais que faltem evidências

conclusivas sobre o assunto.

Para Garry Fryer (1999), os modelos que sugerem que as contrações musculares reflexas

são responsáveis pelas alterações de mobilidade encontradas nas disfunções somáticas articulares

são insustentáveis. Ele destaca que estudos recentes mostram que músculos segmentares são

inibidos na presença de dor. Um modelo hipotético apresentado por esse autor propõe que as

disfunções são iniciadas por uma lesão tecidual, e as consequências são as alterações funcionais

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reversíveis direcionadas pelos estímulos nocieptivos, assim como no modelo de Van Buskirk.

Tensões mecânicas impostas nos receptores localizados em cápsulas e ligamentos causam

inflamação e efusão sinovial ativando nociceptores. Reflexos axonais produzem alteração da

textura tecidual local. A efusão articular e o ingurgitamento tecidual podem explicar a restrição

de mobilidade. A atividade nociceptiva que chega ao corno posterior da medula pode ser

responsável pelo aumento da atividade simpática, provocando repercussões viscerais e imunes.

Músculos segmentares estabilizadores acabam sendo inibidos e músculos multissegmentares

excitados, de tal forma que aquela articulação tornar-se instável e mais suscetível a estresse

mecânico. A manutenção do problema ao longo do tempo produz modificações nas

características físicas no tecido conjuntivo, contribuindo para a sustentação da restrição de

mobilidade e as assimetrias. Um ciclo autossustentável se instala.

Howwel e Willard, em 2005, refinaram o modelo nociceptivo, descrevendo as conexões

entre uma disfunção somática, a nocicepção e o sistema imune neuroendócrino. Deram ênfase ao

fato que os neurônios sensoriais (nociceptores aferentes primários) não somente tem papel de

levar à medula a resposta de dor causada pelo estresse/lesão num receptor tecidual gerando a

liberação de peptídeos (GABA) causando uma inflamação neurogênica e consequente

sensibilização/facilitação central, porém podem ter papéis “ativos” levando esses peptídeos em

sentido antidrômico (neurônio aferente causando potencial de ação no sentido do receptor) e

provocando respostas inflamatórias teciduais locais. A consequência final seria a sensibilização

do próprio receptor estressado inicialmente (sensibilização periférica).

11.2.3 – Modelo neurofasciogênico – Tozzi

Tozzi publicou em 2015 uma extensa revisão de literatura baseada em evidências

científicas e propôs o chamado modelo neurofasciogênico. Esse modelo apresenta a perspectiva

de que as disfunções somáticas possam ter, além das influências baseadas no modelo

nociceptivo, relações fundamentais com alterações em algumas propriedades específicas da

fáscia:

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✓ Arquitetura da fáscia: tensões mecânicas apresentam papel fundamental no

remodelamento do tecido conectivo por uma cascata de eventos que afetam a

micro e macro arquitetura da fáscia e também suas características de tensegridade

✓ Contratilidade da fáscia: a fáscia apresenta capacidade contrátil por meio de

fibras musculares lisas, que funcionam independentemente da atividade muscular

esquelética. Tem sido proposto que a força gerada pela contração fascial pode se

estender aos tecidos conectivos intramusculares modificando suas demandas

tensionais. Disfunções desse mecanismo podem aparentemente modificar o tônus

muscular

✓ Viscoelasticidade da fáscia: a fáscia apresenta capacidade de deformação plástica

e elástica, baseado na interdependência entre sua arquitetura e conteúdo fluídico.

Quando ocorrem modificações de tensão no tecido conectivo, ocorre uma

reorganização de fibroblastos no citoesqueleto, com uma consequente mudança na

viscosidade do tecido

✓ Conteúdo e dinamismo fluídico da fáscia: a fáscia tem papel importante no

equilíbrio e fisiologia de fluidos corporais, de tal forma que as tensões impostas

ao tecido apresentam repercussões diretas sobre sua hidratação. Tais fluídos tem

diversos papéis importantes, sendo um deles permitir o deslizamento entre as

lâminas de tecido fascial durante o movimento corporal. Existe uma influência

recíproca entre as forças mecânicas, respostas celulares e dinâmica de fluídos

intersticiais. Modificações de tensão induzidas por disfunções somáticas podem

influenciar negativamente o dinamismo dos fluídos, espessando a fáscia e

atrapalhando o mecanismo fisiológico de deslizamento que deve ocorrer entre

suas camadas

✓ pH da fáscia: a fáscia apresenta terminações nervosas livres que informam o

sistema nervoso algumas condições fisiológicas com mudanças temperatura e o

pH. A viscosidade da fáscia parece ter relação direta com alguns fatores como a

temperatura, concentração iônica e o pH. Exercícios físicos que promovem

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aumento da temperatura, reduzem a tensão e viscosidade da fáscia, e a respiração

e nutrição influenciam diretamente o pH

✓ Interação somática neuro-fascial: a fáscia é um órgão sensorial permeado de

aferentes primários, especialmente nas camadas mais superficiais. Quando a

fáscia se encontra sob condição de tensão mecânica contínua, alterações

patológicas na inervação ocorrem, aumentando a quantidade de fibras

nociceptivas que geram ou mantém um estado inflamatório. A irritação dos

aferentes primários na fáscia é capaz de iniciar a liberação de neuropeptídios que

podem eventualmente provocar uma inflamação neurogênica com sensibilização

central e periférica

✓ Interação autonômica neuro-fascial: a tensão fascial parece ser regulada por

atividade autonômica que controla células musculares lisas, independente do

tônus muscular esquelético

✓ Influências metabólicas: algumas células de tecido conectivo respondem ao

estresse mecânico, induzindo a síntese de colágeno e o remodelamento da matriz.

Fatores de crescimento e hormônios (GH e outros) mediam esses processos, ou

sejam, têm grande influência sobre a tensão e textura da fáscia

✓ Piezoeletricidade: é uma propriedade de várias estruturas biológicas, baseada no

fato que uma força mecânica é convertida em estímulo elétrico através de

polarização induzida por estresse e vice-versa. O colágeno pode, via transdução

eletromecânica, realizar intercâmbio de informações físicas desde o nível

macroscópico até o nível celular, seja por via direta ou processo bioquímico. É

plausível que as modificações arquitetônicas do colágeno após eventos de lesão,

cirurgia ou inflamação crônica, podem modificar as respostas piezoelétricas da

região afetada repercutindo diretamente sobre a fisiologia da fáscia

✓ Epigenética: são as mudanças hereditárias coletivas no fenótipo devido a

processos que surgem independentemente da sequência primária de DNA. Vários

fatores podem influenciar: radiações, drogas, infecções, dietas, estilo de vida, etc.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 54

A epigenética parece estar relacionada ao controle de diversos processos celulares

como por exemplo a regeneração tecidual. Modificações epigenéticas podem

alterar a função imune, levando então a respostas inflamatórias e distúrbios

crônicos nos tecidos conectivos.

Tais modificações estruturais e funcionais da fáscia poderiam justificar cada um dos

sinais clínicos das disfunções somáticas encontrados palpatoriamente (TART). Em virtude do

recente aumento significativo do conhecimento científico sobre as diversas características

fisiológicas da fáscia, Tozzi propôs a importância primordial desse tecido na gênese das

disfunções somáticas.

11.3 – Disfunções primárias e adaptações secundárias

“A disfunção primária é a que mantém um padrão total de disfunção, incluindo outras

disfunções secundarias. A primeira disfunção a aparecer temporalmente”. ECOP

As disfunções consideradas como secundárias “surgem desde respostas mecânicas ou

neurofisiológicas subsequentes à um problema primário...” ECOP

Uma disfunção primária pode ser:

• Traumática: choques, quedas, etc,

• Fisiológica: respeitando os movimentos fisiológicos da articulação/tecido.

Toda disfunção primária necessita de uma adaptação. A adaptação não necessita sempre

de um tratamento, somente se persiste por tempo prolongado mantendo-se mesmo após a

correção da disfunção primária.

A disfunção secundária trata-se de uma adaptação, produto de uma necessidade de uma

“acomodação” a uma dada situação. Por exemplo, uma disfunção primária de um segmento

vertebral ou a disfunção primaria de outra articulação (tálus, ilíaco, etc). A adaptação pode ser

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próxima ou distante da disfunção primária dinamicamente reversível. Se a primária é corrigida,

teoricamente a adaptação secundária pode desaparecer sem a necessidade de intervenção.

Sem dúvida a persistência ao tempo da disfunção primária provocará mudanças

estruturais na disfunção secundária, que deixará de ser uma adaptação para se transformar em

uma compensação. Nesse caso, a correção da disfunção primária não será acompanhada pela

desaparição espontânea da disfunção secundária (compensação) que irá necessitar de um

tratamento direto e específico.

Na coluna vertebral, as disfunções primárias, geralmente bloqueiam uma vértebra

isolada, as adaptações neutras afetam um grupo de vértebras. As adaptações diminuem a

capacidade do corpo se defender. Quanto mais nos adaptamos a algo, menos podemos nos

adaptar a outra coisa.

Liem e colegas (2017) sugerem algumas distinções das disfunções somáticas e suas adaptações:

✓ Disfunção somato-somática: quando uma disfunção primária somática (estruturas

osteomioarticulares) leva a uma disfunção secundária via conexões fasciais, ligamentares,

musculares ou neurais;

✓ Disfunção somato-visceral: quando uma disfunção primária de tecidos somáticos afeta

secundariamente estruturas viscerais via conexões fasciais, ligamentares ou vasculares.

Essa relação envolve principalmente as disfunções vertebrais/medulares e suas possíveis

repercussões viscerais via sistema nervoso autônomo;

✓ Disfunção viscero-somática: distúrbios em órgãos que podem repercutir no sistema

neromusculoesquelético;

✓ Disfunção viscero-visceral: uma disfunção primária de um órgão causando adaptações

secundárias em outro, via suas conexões neurais, vasculares, fasciais;

✓ Disfunção psicossomática ou psico visceral: situações de estresse psicológico agudas ou

crônicas podem sobrecarregar a capacidade homeostática, e o corpo pode reagir locais

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 56

(ex: contraturas musculares) ou globais (redução da função linfocitária, aumento da

secreção de cortisol, reações involuntárias via sistema límbico e autonômico);

✓ Disfunção somato-psicológica ou viscero-psicológica: quando as disfunções somáticas

primárias que causam dor, aumento do tônus simpático, alterações neuroendócrinas e etc,

que secundariamente levam a sobrecargas psicológicas.

Ou seja, de maneira sucinta, podemos afirmar que existem vias mecânicas (continuum

fascial) e neurológicas para que uma disfunção primárias possa causar adaptações secundárias no

corpo humano.

12 – LESÃO OSTEOPÁTICA TOTAL

Descrito inicialmente em 1920 por Arthur Becker e desenvolvido adiante em 1954 por

Fryette, é um conceito que leva em consideração o ser como um todo e as influências que o meio

interno e ambiental tem no organismo. Abrange a somatória de todas as disfunções somáticas de

um indivíduo, e a relação estabelecida entre elas. Considera a integração fisiológica entre todos

os diferentes sistemas, e como uma alteração de mobilidade tecidual (disfunção) pode impactar

em diferentes mecanismos fisiológicos corporais afetando distintas funções fisiológicas.

A análise diagnóstica osteopática considera o individualismo e globalidade, busca as

principais disfunções localizadas em distintos tecidos para compreender a cronologia e inter-

relação dos problemas, sempre com a proposta fundamental de encontrar a “lesão/disfunção

primária”. Sua correção pode ser a chave para reestabelecer e normalizar os inputs sensoriais dos

tecidos afetados, quebrando um ciclo neurofisiológico disfuncional que manteria uma complexa

rede de adaptações e compensações corporais generalizadas – lesão osteopática total.

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13 - CONCEITOS DE HIPO E HIPERMOBILIDADE

Essa teoria propõe que toda perda de mobilidade (hipomobilidade) de uma articulação

produz de forma adaptativa, o prejuízo mecânico de outro segmento que deverá compensar essa

falta de mobilidade com um funcionamento excessivo, uma hipermobilidade adaptativa. Esta

hipermobilidade reacional ocorre em zonas adjacentes (supra ou subjacente) à fixação articular.

Esse conceito sugere que as zonas hipermóveis normalmente se encontrarão no sistema

musculoesquelético, e não em tecidos vísceras ou cranianos (menos móveis por natureza).

Propõe-se que essas áreas reacionais seriam locais que geralmente apresentem dores

espontâneas do paciente, devido ao stress mecânico imposto aos tecidos periarticulares

(músculos, ligamentos, cápsulas, discos). Porém na prática clínica observa-se que certamente

áreas hipomóveis também podem ser o local sintomático.

Esse conceito postula que num primeiro momento, o stress mecânico na área hipermóvel

provoca processos inflamatórios e álgicos, e em longo prazo favorece processos degenerativos.

EXEMPLO PRÁTICO

Quando um indivíduo realiza o movimento de abdução de 180 graus do ombro, várias

articulações devem estar livres para que o movimento aconteça como um todo. O movimento

inicia-se na glenoumeral, depois ocorre na acromioclavicular, esternoclavicular, escapulotorácia,

e por fim as primeiras vértebras torácicas realizam uma inclinação lateral para o lado oposto do

movimento para que se possa alcançar a amplitude total. No caso de uma hipomobilidade das

primeiras vértebras torácicas, o indivíduo realiza o movimento completamente, mas para isso,

algumas adaptações podem ocorrer, como por exemplo, uma hipermobilidade adaptativa da

articulação glenoumeral. Neste caso, os tecidos moles relacionados à glenoumeral estão

suscetíveis ao stress mecânico, e certamente será o local onde os sintomas irão aparecer.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 58

Nas zonas hipermóveis os testes de mobilidade são negativos, pois não existem fixações

articulares presentes.

A figura ao lado mostra um exemplo

que ocorre com frequência na prática

clínica: hipomobilidade na articulação

sacroilíaca gerando hipermobilidade de

segmentos lombares. Neste caso, os

sintomas espontâneos localizam-se na região

lombar com a possibilidade de irradiações

para o membro inferior.

Hipomobilidade sacroilíaca, com hipermobilidade lombar

A figura abaixo demonstra em exemplo de uma disfunção (hipomobilidade) em extensão

em L5, e a possibilidade de hipermobilidade na articulação acima (L4) quando o indivíduo busca

realizar um movimento de flexão do tronco, o qual L5 não estaria apta a realizar.

Hipomobilidade adaptativa de L4 em flexão, devido à fixação de L5 em extensão

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 59

Deve ficar claro para o leitor que esse é apenas um conceito e NÃO UMA REGRA, nem

UMA LEI. É totalmente plausível, na prática clínica, encontrar zonas dolorosas espontaneamente

que estão hipomóveis.

O objetivo do osteopata sempre é devolver mobilidade aos tecidos e estruturas fixados,

restritos – hipomóveis.

14 – SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL - FACILITAÇÃO MEDULAR

Um estímulo/estresse nocivo em receptores localizados em diversos tecidos (pele,

músculos, vísceras, fáscias...), mantido ao longo do tempo, causa um bombardeio aferente ao

sistema nervoso central e pode acabar desencadeando um aumento prolongado e reversível na

excitabilidade de neurônios do segmento medular correspondente. Esse fenômeno é chamado de

sensibilização/sensitização central, e vem sendo debatida amplamente seu papel em dores e

doenças crônicas musculoesqueléticas (Latremoliere e Woolf, 2009; Woolf, 2011).

Sugere-se há bastante tempo que uma disfunção somática que esteja presente num

segmento vertebral seja acompanhada de um processo de sensibilização central (facilitação

medular). O glossário de terminologia osteopática define a facilitação medular como: “A

manutenção de um grupo de neurônios (neurônio pré-motor, neurônio motor ou neurônio

simpático pré-ganglionar) em um estado de excitação parcial ou subliminar; nesse estado menos

estímulos aferentes são necessários para desencadear descargas de impulsos. A facilitação pode

ocorrer devido ao aumento constante de impulsos aferentes, padrões aberrantes de estímulos

aferentes, ou alterações nos neurônios afetados ou seus ambientes químicos. Uma vez

estabelecida, a facilitação pode ser sustentada por atividade normal do sistema nervoso

central”.

Produz-se um estado parcial ou total de excitação: necessita menos estímulos aferentes

provenientes de qualquer tecido, para produzir a descarga de influxos. O metâmero pode ser

ativado por reflexos somato-somáticos ou viscero-somáticos.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 60

Segmentos facilitados são cronicamente hiperexcitados. Os músculos da região são

mantidos num estado hiperativo, que restringe a mobilidade segmentar. Acredita-se que todos os

tecidos do nível metamérico (músculo, pele, osso, víscera, artéria), sofram consequências da

facilitação medular. Qualquer um dos tecidos que seja relacionado sensorialmente a um

segmento medular, ou seja, provoque aferências para esse metâmero, pode ser a fonte das

facilitações.

14.1 – Consequências da facilitação medular

Os segmentos facilitados serão mais ativos que os demais:

1. As fibras musculares inervadas pelos segmentos facilitados têm o tônus elevado que

produz modificações morfológicas, químicas e metabólicas (que podem se transformar

em fontes de irritações crônicas).

Isto inclui as fibras musculares lisas viscerais e estriadas esqueléticas.

2. O limiar de percepção da dor fica diminuído: existe facilitação das fibras

espinotalâmicas.

3. A facilitação simpática produz uma simpaticotonia:

• Aumento da atividade sudorípara que diminui a condução elétrica da pele.

• Alteração do tônus dos vasos (artérias, veias e grandes vasos linfáticos): tecidos

isquêmicos com déficit de nutrientes e oxigênio e com repercussões negativas

sobre a dinâmica da drenagem fluídica venolinfática – congestão, acúmulo de

toxinas.

Propõe-se que todos os tecidos que recebem uma inervação motriz (músculos

esqueléticos e lisos, vasos, glândulas) a partir do segmento facilitado estão expostos a um

processo de desequilíbrio funcional.

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14.2 – Sinais clínicos da facilitação medular

Pode-se encontrar em caso de facilitação medular ou sensibilização central:

• Dor à palpação do periósteo no nível do esclerótomo. Isso pode ocorrer na palpação das

próprias vértebras e também em periósteo de ossos do esqueleto apendicular (membros)

inervados pelo segmento em disfunção. Os mapeamentos de inervação sensorial do

periósteo do esqueleto apendicular é bastante confuso.

• Dermalgias reflexas no nível do dermátomo. Isso pode ser palpado e testado

lateralmente à vertebra ou até mesmo na pele em zonas mais periféricas, respeitando o

mapeamento dos dermátomos.

• Desequilíbrios tônicos nos músculos que compõem o miótomo. É possível realizar a

exploração palpatória para buscar evidenciar: espasmos, densificações, pontos-gatilho, e

também alterações (hiper ou hipo) nos testes de tônus de músculos dos membros.

• No nível do angiótomo, os vasos (artérias, veias e linfáticos) que fazem parte do nível

facilitado apresentam um aumento de tônus em sua camada muscular lisa. Por tanto a

dinâmica dos fluídos teciduais é prejudicada, favorecendo:

o processos de redução de oxigênio e nutrientes que são direcionados pelas artérias;

o congestão e acúmulo de toxinas drenadas pelo sistema venolinfático.

• No nível do viscerótomo, sugere-se que ocorra um desequilíbrio nas atividades

sensoriomotoras do sistema nervoso autonômico (simpático e parassimpático), causando

distúrbios funcionais em órgãos e sistemas.

Não podemos testar diretamente todos os elementos do metâmero em nosso exame físico,

porém bastam três elementos para confirmar o diagnóstico de uma verdadeira disfunção somática

vertebral acompanhada da facilitação medular (tríade metamérica).

✓ Dermalgias reflexas: que se situam na zona em disfunção e/ou nos membros,

respeitando o território de dermátomos. Fibras do ramo meníngeo do nervo espinhal

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(n. de Luschka) que inervam a pele unida à apófise articular e espinhosa encontram-se

sensíveis, justificando a dermalgia reflexa local. As dermalgias reflexas são colocadas

em evidência quando se realiza o teste de “palpado rodado”, respeitando o mapa de

inervação dos dermátomos.

✓ Esclerótomo: dor à palpação do periósteo no nível vertebral (apófise espinhosa,

transversa...), ou à distância respeitando a inervação do periósteo na periferia.

✓ Alteração tônica muscular: hiperatividade/espasmo/contratura ou debilidade. Uma

disfunção somática vertebral produz hiperatividade dos músculos monoarticulares

locais que mantém a fixação, e isso se põe em evidência por meio da palpação das

fáscias locais – aumento da tensão e densidade, presença de pontos gatilho, aumento

da sensibilidade). Além de alteração tônica local produzida pela facilitação das fibras

nervosas do ramo posterior do nervo espinhal, os músculos da periferia também

sofrem alteração de tônus, neste caso pela facilitação do ramo anterior do nervo

espinhal.

Nos casos de avaliação das disfunções somáticas de vértebras cervicais e lombares, pode-

se analisar o tônus de músculos inervados por esses níveis medulares nos membros superiores ou

inferiores, respectivamente. Já quando a avaliação é realizada em quase toda a coluna torácica,

os testes de tônus de músculos periféricos não podem ser aplicados, pois os ramos anteriores dos

nervos espinhais desses níveis medulares formam os nervos intercostais, que inervam músculos

de difícil possibilidade para se realizar os testes de tônus.

COMO PODEMOS TESTAR O TÔNUS?

Para se estudar o tônus de músculos, buscando evidenciar uma verdadeira facilitação

medular, é importante saber aplicar os testes musculares específicos para cada nível medular. É

necessário saber testar pelo menos um músculo para cada nível medular. A diferença de um teste

de tônus muscular para um teste de força, é que no primeiro caso é solicitada uma contração

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isométrica e verifica-se a capacidade de manter tal contração, enquanto que no segundo caso é

solicitada uma contração em toda a excursão de atividade do músculo. No caso de disfunção

somática com facilitação medular, pode-se encontrar:

• Hiperatividade/espasmo: músculo mantém contração isométrica

máxima por apenas alguns segundos, e na sequencia fica debilitado;

• Debilidade: incapacidade para manter a contração isométrica máxima

desde o início do teste.

Se encontrados estes três elementos alterados (tríade metamérica: dermátomo,

esclerótomo, miótomo) coloca-se em evidência uma disfunção somática com consequente

facilitação medular. Corrigindo a fixação, busca-se suprimir as mensagens disfuncionais no nível

do metâmero.

14.3 – Caracterização das facilitações/sensibilizações

Normalmente, os neurônios eferentes motores não geram respostas reflexas para qualquer

pequeno estímulo. Um neurônio eferente não descarrega até que seu potencial de membrana

chega a um valor subliminar. Deve ser estimulado suficientemente para descarregar um arco

reflexo, o que representa uma espécie de proteção para o sistema nervoso.

No segmento medular facilitado essa proteção não funciona. Grande número de

neurônios é mantido próximo de seus limiares de descarga e são facilitados inclusive em repouso

por um bombardeio aferente crônico que provem de estruturas em relação metamérica com os

neurônios: viscerotomo, esclerótomo, dermátomo, miótomo, angiótomo. Qualquer um desses

tecidos que pertencem ao metâmero podem ser a fonte primária de irritação.

Os receptores sensoriais mecânicos ou de dor representam uma fonte importante destes

tipos de aferências, não importa que estrutura metamérica possa ser a origem:

- uma víscera patológica

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- um ponto gatilho miofascial

- uma cicatriz, tatuagem

- uma restrição ou densificação fascial

- uma estrutura inflamada ou irritada, etc

O estado de facilitação pode estender-se a todos os neurônios que tem seu corpo celular

no segmento medular que inerva a articulação em disfunção, o que inclui as células do corno

anterior, as fibras pré-ganglionares do sistema nervoso simpático, assim como as fibras

espinotalâmicas condutoras de dor.

15 – MOVIMENTOS VISCERAIS: suas disfunções e técnicas de correção

As vísceras apresentam papel importante na manutenção do funcionamento do corpo em

seu conjunto. São unidas e conectadas pelo tecido mais abundante em nosso corpo, o tecido

conjuntivo (peritônio, pleura, pericárdio, mesos...), e apresentam mobilidade fisiológica

governada principalmente pelo músculo diafragma. Por esses motivos, não devem ser

consideradas de maneira diferente de articulações. Quando os movimentos fisiológicos destas

“articulações” se encontram restritos ou perdidos, prejuízos funcionais podem ocorrer.

No nível das vísceras, as “facetas articulares” se representam pelos diferentes elementos

do peritônio e o “líquido sinovial” está representado pela secreção serosa que envolve os órgãos,

o líquido peritoneal. Quando se realizam ciclos respiratórios, o diafragma exerce pressões

cefálicas e caudais, fazendo com que as vísceras se deslizam e rodem umas contra as outras

durante esses movimentos. Isto pode ser considerado como o jogo articular visceral.

A mobilidade visceral depende de alguns fatores:

➢ sistema nervoso somático (diafragma);

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➢ sistema neurovegetativo (movimentos peristálticos, movimentos cardíacos);

➢ movimento respiratório primário ou impulso rítmico craniano.

Esta mobilidade é necessária para uma boa funcionalidade já que a bomba vascular do

abdome está constituída pelos movimentos do diafragma, pelos diferentes movimentos viscerais

que permitem realizar um bombeamento vascular local. Estes mecanismos fazem parte da

homeostase corporal.

Seja pela presença de cicatrizes cirúrgicas, ou se um indivíduo apresenta uma infecção,

por exemplo, é possível que diferentes serosas criem aderências e limitem a mobilidade

fisiológica das vísceras. A “fixação ou disfunção visceral” consiste na perda de parte ou da

totalidade das possibilidades de movimento de uma víscera, assim como o sistema

musculoesquelético.

Podem-se distinguir diferentes tipos de disfunções viscerais:

❑ Aderências (fixações articulares)

❑ Ptoses (alterações ligamentares)

❑ Espasmos viscerais (fixações musculares)

Em casos de disfunções somáticas vertebrais com facilitações medulares, as informações

autônomas podem estar desequilibradas, repercutindo sobre o tônus muscular das vísceras e das

secreções glandulares. Outro elemento anatômico que pode perturbar as disfunções viscerais é o

décimo par craniano, o nervo vago. Ele proporciona a inervação parassimpática de várias

vísceras torácicas, abdominais e pélvicas, sendo que disfunções no nível do crânio ou das

vértebras cervicais altas podem gerar prejuízos às suas funções.

As manifestações das disfunções viscerais geralmente são distantes sobre o aparelho

locomotor, na forma de dores referidas. Todas as patologias orgânicas/teciduais produzem

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fixações dos tecidos relacionados às vísceras. A víscera deixa de estar livre na cavidade a qual

pertence. Se o corpo não se adapta a esta situação, se desenvolve um transtorno estrutural.

Algumas causas de disfunções viscerais:

✓ Cirurgias ou infecções que determinam aderências

✓ Tensões Diafragmáticas

✓ Disfunção circulatória, angioespasmo, tensões, pressão abdominal

✓ Sistema neurovegetativo

✓ Alteração psicológica

O tratamento buscará devolver para a víscera sua mobilidade primitiva fisiológica, assim

como sua vascularização e reequilíbrio neurológico. O Osteopata deve tratar todos os

movimentos no corpo humano, inclusive o movimento fisiológico visceral. A Osteopatia é a arte

de provocar uma auto-correção do organismo. A manipulação visceral é um destes meios.

Um órgão tem boa saúde se é móvel, graças às serosas, e aos ligamentos que o rodeiam.

Toda perda de mobilidade, fixação, aderência à outra estrutura, modificam o movimento da

víscera e predispõe as patologias.

As funções das manipulações viscerais têm as seguintes ações:

• Diminuir o espasmo reflexo da musculatura lisa.

• Estirar as fascias com a finalidade de liberar as aderências entre as facetas de

deslizamento e dar elasticidade aos tecidos.

• Aumentar a vascularização local, diminuindo o angioespasmo.

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• Suprimir o arco reflexo nociceptivo, neurovegetativo local que agrava ou mantém a

facilitação medular.

16 – MOVIMENTOS CRANIANOS: suas disfunções e técnicas de correção

Um discípulo direto de Andrew Still, William Garner Sutherland (1873 – 1954), é

considerado o pai da Osteopatia craniana. Estudou na American School of Osteopathy em

Kirksville, nos Estados Unidos e foi pioneiro na hipótese que o crânio teria mobilidade

fisiológica cíclica e inerente, e desde então várias diferentes hipóteses buscam descrever os

mecanismos responsáveis por esses movimentos.

Denominou o movimento inerente do crânio de “mecanismo respiratório primário”

(MRP). O autor sugeriu na época que esses movimentos seriam causados por ritmos de contração

e dilatação dos ventrículos cerebrais em decorrência da produção e bombeamento do líquido

cerebroespinhal. Insinuou que esse mecanismo afetaria a respiração celular e outros processos

fisiológicos orgânicos.

Atualmente outros termos podem ser encontrados relacionados ao movimento inerente do

crânio além do termo inicialmente denominado por Sutherland de MRP, como o “ritmo

craniosacral” (RCS) ou também o “impulso rítmico craniano” (IRC) que vem sendo amplamente

utilizado na atualidade.

A verdadeira origem da mobilidade inerente do crânio ainda é desconhecida. Além das

hipóteses de Sutherland, outras foram e vêm sendo sugeridas:

• A produção e absorção cíclicas do líquido cerebroespinhal no sistema nervoso

central criariam movimentos que se propagariam no crânio e restante do corpo;

• A mobilidade seria resultante da combinação de outros movimentos involuntários

como a respiração diafragmática, a pulsação arterial, e o peristaltismo dos órgãos;

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• Atividade elétrica que ocorre no cérebro causaria uma espécie de motricidade que

se espalha pelo corpo;

• Resquícios da mobilidade que ocorre no desenvolvimento embriológico dos

tecidos do corpo humano;

• Resultante da atividade do sistema nervoso autônomo sobre as artérias.

A frequência considerada como normal desse ritmo tem certa variação dentro da

literatura que aborda o tema

• Sutherland: 10 a 14 ciclos por minuto;

• Brookes: 12 a 14 ciclos por minuto;

• Greenman: 10 a 14 ciclos por minuto;

• Mitchell Jr: 6 a 12 ciclos por minuto;

• Retzlaff: 6 a 12 ciclos por minuto;

• Upledger: 6 a 12 ciclos por minuto;

• Nelson e colaboradores: 4 a 8 ciclos por minuto.

As disfunções cranianas seguem os mesmos conceitos de qualquer disfunção somática:

são restrições de mobilidade teciduais em um ou vários parâmetros de movimento. Sugere-se que

as restrições ao nível craniano possam atingir tecidos suturais, membranosos, nervosos,

vasculares, musculares, assim como interferir diretamente no próprio IRC.

Restrições de mobilidade dessas articulações e ossos parecem ter importantes influências

sobre alguns fatores como: vascularização craniana (venosa, arterial), função fisiológica de

nervos cranianos e espinhais ligados ao crânio, etc... Sabe-se que dentro das suturas existem

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receptores sensoriais, neurônios e vasos, e isso nos faz acreditar que a existência desses

elementos estejam diretamente ligados à presença de micromovimentos nessas articulações.

Também é importante ressaltar que os ossos cranianos estão todos unidos pelo tecido

conjuntivo que envolve o sistema nervoso central, a dura-máter. Este tipo de tecido conjuntivo

resistente e praticamente inelástico, interconecta os ossos cranianos e também liga o crânio com

a coluna vertebral e com a pelve do ponto de vista mecânico. Dessa forma, as tensões geradas

nesses tecidos por disfunções mecânicas certamente são transmitidas aos elementos que

constituem essa cadeia.

Causas de disfunções Cranianas:

➢ Disfunção traumática: diminuição da amplitude de movimento.

➢ Fixação articular, diminuindo a capacidade de abertura e fechamento de uma

sutura.

➢ Lesão intra-ossea, que corresponde a uma alteração anatômica (escoliose).

➢ Parto (ventosa, fórceps, a pelve).

Objetivos das manipulações Cranianas:

➢ Restabelecer a função articular. Equilibra as tensões no nível da sutura já que existe um

sistema sensitivo entre elas.

➢ Suprimir o estímulo nociceptivo que nasce dos mecanorreceptores, estes estão situados

nas suturas do crânio.

➢ Suprimir as tensões da dura-máter que podem afetar:

- a inervação das meninges.

- os nervos cranianos, gânglios neurovegetativos, elementos neurovasculares encefálicos.

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➢ Liberar o sistema venoso intracraniano, para suprimir as estases circulatórias.

➢ Suprimir os angioespasmos das artérias intracranianas.

17 – OS 5 MODELOS DE APLICAÇÃO DA OSTEOPATIA

No início da década de 1980, o Educational Council on Osteopathic Principles (ECOP)

publicou os cinco modelos conceituais relacionados à atuação osteopática, que são:

• Biomecânico-estrutural;

• Respiratório-circulatório;

• Neurológico;

• Metabólico-funcional;

• Comportamental-biopsicossocial.

Cada modelo expressa maneiras distintas de observação, avaliação, diagnóstico e

tratamento através da Osteopatia. São as formas nas quais se pode influenciar os processos

fisiológicos dos indivíduos tratados com a Osteopatia.

Na prática, os modelos geralmente são aplicados combinados para um paciente

individualmente. As opções são guiadas por alguns fatores, como diagnóstico, histórico clinico,

resposta ao tratamento, etc. O sistema neuromusculoesquelético é considerado o principal meio

de comunicação entre os cinco modelos, pois é através dele que o corpo pode se adaptar aos

múltiplos fatores de estresse. A organização mundial da saúde (OMS) reconheceu em 2006 os

cinco modelos como contribuições únicas da osteopatia nos cuidados de saúde.

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 71

17.1 – O modelo biomecânico-estrutural

Observa o paciente a partir de uma perspectiva estrutural e mecânica, dando ênfase à

anatomia da coluna vertebral, membros, músculos e as funções mecânicas da mobilidade e

postura corporal.

Esse modelo defende que em ocasiões de alterações estruturais, que causem ou sejam

causadas por disfunções de tecidos musculoesqueléticos, podem afetar estruturas neurológicas e

vasculares e consequentemente comprometer processos metabólicos e comportamentais. Isso

pode gerar distúrbios em várias funções corporais reduzindo sua capacidade homeostática.

O tratamento seguindo esse modelo é direcionado à correção das disfunções somáticas,

suprimindo as restrições e restaurando as funções mecânicas.

Para alcançar as metas propostas por esse modelo, o osteopata conta com várias

ferramentas como: thrust; mobilização articular; técnicas de energia muscular; liberação

miofascial; técnicas funcionais; técnica de Still.

17.2 – O modelo respiratório-circulatório

A proposta desse modelo é que a chave da homeostase seria a boa circulação de todos os

fluídos corporais, garantido nutrição e drenagem apropriada dos tecidos ao nível celular.

Os componentes primordiais desse modelo são os diafragmas: respiratório, craniano,

pélvico e escapular. Os diafragmas são áreas de possíveis restrições transversais que podem

afetar não somente a mobilidade, mas também a dinâmica dos fluídos arteriais, venosos,

linfáticos e cerebroespinhais.

As técnicas que podem ser aplicadas nesse modelo são: técnicas cranianas; técnicas

articulares ; técnicas de liberação miofasciais dos diafragmas; técnicas de bombeamento linfático;

técnicas viscerais.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 72

17.3 – O modelo neurológico

Considera a relação e os impactos fisiopatológicos das disfunções somáticas e os

fenômenos de facilitação sobre os processos biomecânicos, circulatórios, metabólicos e

comportamentais. É dada importância às condições que envolvem as disfunções somáticas e os

sistemas viscerais através do sistema nervoso autônomo, e também o impacto dos distúrbios

neurológicos envolvidos na fisiopatologia das disfunções sobre o sistema neuroendócrino e o

comprometimento da homeostase.

A principal meta do tratamento osteopático seguindo esse modelo é suprimir os

segmentos facilitados para buscar o equilíbrio neurológico e redução dos sintomas. A restauração

da função neural irá beneficiar diretamente as funções sistêmicas e também potencializará a

capacidade adaptativa do paciente. Para atingir tais metas, o osteopata conta com grande

diversidade de abordagens incluindo os pontos de Chapman, técnicas de counterstrain,

osteopatia craniana, liberação neural.

17.4 – O modelo metabólico

O organismo precisa manter o equilíbrio entre a produção, distribuição e consumo de

energia, para que tenha plena capacidade de manter diversos processos fisiológicos como a

reparação de lesões e combate a infecções por exemplo. Disfunções somáticas que afetem essas

funções promovem maior consumo energético, e consequentemente as suas correções auxiliam

nas respostas homeostáticas.

A base do tratamento osteopático seguindo esse modelo é a abordagem sobre os sistemas

viscerais e também sobre o sistema linfático. A meta é potencializar os processos de

autorregulação e autocura, e também as funções imunes e endócrinas. Além disso, o profissional

pode direcionar o paciente seguindo algumas recomendações como a realização de exercícios,

modalidades para redução do estresse e também aconselhamentos nutricionais.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 73

17.5 – O modelo comportamental

Esse modelo propõe a observação do indivíduo em seus aspectos mentais, emocionais,

sociais e até mesmo espirituais. Traz a ideia que as disfunções somáticas atrapalham as reações

do sistema neuromusculoesquelético aos estressores biopsicossociais. O tratamento osteopático

pode ser útil para suprimir tais disfunções, com a aplicação de técnicas de liberação

somatoemocionais, e também com aconselhamentos diversos de estilo de vida.

A figura abaixo demonstra a interface entre os cinco modelos e o sistema

neuromusculoesqueletico. Esses modelos promovem uma observação da importância clinica das

disfunções somáticas no contexto das informações objetivas e subjetivas.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 74

Os 5 modelos clássicos que relacionam estrutura e função, afetados pelo sistema

neuromusculoesqueletico (NME) e que adaptam o corpo aos estressores ambientais. O

exame e tratamento manipulativo osteopáticos são aplicados para influenciar as cinco

funções favorecendo a homeostase.

Os cinco modelos são conceituais e quando se aplicam técnicas distintas sobre os tecidos

corporais, estas abordagens proporcionam além das respostas biomecânicas, efeitos

neurológicos, fluídicos, metabólicos e comportamentais. A perspectiva distinta pode auxiliar na

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 75

compreensão e na maneira de abordar, porém os cinco modelos são interdependentes dentro da

globalidade do ser humano.

18 - TIPOS DE DOR

Cada tipo de tecido apresenta características específicas de manifestação clínica de

sintomas. Torna-se essencial que o Osteopata saiba reconhecer tais características através da

anamnese e exame físico completo, para que possa aplicar um tratamento eficaz. Dentro do

amplo arsenal de técnicas disponível na Osteopatia, deve-se salientar que algumas técnicas tem

seus objetivos direcionados para tecidos específicos. O texto irá descrever na sequencia

características básicas de manifestação clínica dos principais tecidos corporais.

18.1 - Características das dores devido a bloqueio articular

A dor é precisa, centralizada sobre a articulação correspondente. A dor é quase sempre

surda (não se manifesta em repouso) e aumenta somente com determinados movimentos. A dor

articular é com frequência piorada por posturas e posições assumidas, nas quais as superfícies

articulares são aproximadas ou estressadas.

Sintomas:

- final de movimento abrupto nos testes de mobilidade.

- movimentos dolorosos ou impossíveis (bloqueio mecânico).

- dor aguda no movimento.

Esta dor tem caráter específico em função das articulações disfuncionais ou lesionadas:

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 76

• Dor sacroilíaca que se manifesta durante a marcha, mudanças de decúbito, torções do

tronco, quando o paciente sentado calça as meias.

• Dor de uma faceta articular lombar se manifesta sobretudo durante os movimentos de

extensão ou de inclinação e rotação homolateral que colocará a faceta em sofrimento.

18.2 - Características da dor discal

O disco intervertebral praticamente não é inervado (somente em sua periferia), mas em

caso de protusão ou hérnia discal em fase de lesão aguda, a dor pode se transmitir pelo nervo

meníngeo recorrente (Luschka) devido ao efeito da tensão gerada sobre o ligamento longitudinal

posterior ou sobre a dura-máter em decorrência de um eventual processo inflamatório.

Uma anomalia discal pode perturbar a relação entre os diferentes elementos vertebrais e

modificar a dimensão do forame de conjugação ou canal medular pela inflamação e o edema que

provoca que invadem este espaço.

Sabemos que salvo em raras exceções, os nervos são mistos, por isso devemos considerar

não somente o trajeto anatômico dos mesmos quando realizamos o diagnóstico da nevralgia, mas

também devemos ter em mente os tecidos moles inervados por cada raiz e a extensão das

ramificações nervosas.

Supõe-se que a tração tensiona a bainha nervosa, alterando o equilíbrio pressórico intra e

extraneural, causando a diminuição da vascularização sanguínea do tecido neural. Este

mecanismo isquêmico é favorável ao aparecimento da dor.

A dor é aguda e se manifestará de preferência quando o corpo é submetido a pressões da

gravidade (posição sentada ou em pé: na posição sentada o disco impõe tensão no ligamento

longitudinal posterior e dura-máter, o que provoca dor).

Esta dor aparece imediatamente, sem tempo latente enquanto o peso aumenta sobre o

disco que já não é capaz de amortecer as pressões. Normalmente aumenta por flexão com o

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 77

paciente em pé, que aumenta a pressão do disco de maneira muito intensa. Em geral esta dor

aumenta com a tosse e pelos esforços de defecação, tosse e espirro (manobra de Valsalva) que

aumentam a pressão abdominal e intra-discal.

18.3 - Característica da dor capsuloligamentar

As cápsulas e seus ligamentos são ricos em nociceptores e podem se tornar irritados pelas

alterações mecânicas e químicas em articulações degeneradas ou quando estão sujeitos à tensão

prolongada numa articulação submetida a stress mecânico.

A dor de origem capsuloligamentar não é aguda, pois aparece quando o indivíduo está na

mesma posição por um longo período (sentado, em pé, deitado ou inclinado para frente). Esta dor

também se manifesta ao final das amplitudes articulares.

Aparece depois de um tempo de latência variável entre 10 minutos e uma hora:

frequentemente a dor aumenta com a mudança de posição que se realiza após longo período na

mesma posição. A dor normalmente é difusa e descrita como uma sensação de queimação.

Suas consequências são múltiplas:

- espasmos musculares.

- reflexo simpático neurovascular que provoca uma congestão e estase sanguínea, um

edema.

- restrições de mobilidade.

-dores referidas ligamentares que podem simular uma dor radicular.

Existem características próprias da dor para cada ligamento.

✓ Cápsulas interapofisárias

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 78

São responsáveis pelas dores lombares unilaterais que se apresentam do lado lesionado.

A dor aumenta por inclinação e rotação homolateral.

✓ Ligamentos iliolombares

A dor é lateral lombar baixa ou também sacroilíaca, às vezes inguinal. A dor aumenta

pela flexão e inclinação contralateral. Os ligamentos iliolombares podem provocar dores

projetadas no território de L5.

✓ Ligamentos inter-espinhosos.

São responsáveis pelas dores durante a flexão mantida (ex: sentado na cadeira) e ao

retornar à posição. Provoca dores em barra e dores situadas sobre a linha média da coluna. Os

ligamentos interespinhosos podem provocar dores referidas no território que condiz com o nível

da lesão/inflamação.

✓ Ligamentos sacroilíacos

Os ligamentos sacroilíacos são responsáveis por sintomas em localização topográfica

semelhante ao trajeto do n. isquiático - glúteo e na face posterior da coxa (território de S1, S2)

A dor dos ligamentos sacroilíacos frequentemente aumenta com a rotação do tronco.

✓ Ligamentos sacrotuberais.

São responsáveis por dores que se projetam no território de S2.

18.4 - Características da dor de origem muscular

A dor pode resultar de irritantes químicos da isquemia, de processo inflamatório, ou até

mesmo do estresse prolongado nas fixações tendinosas no periosteo.

A dor manifesta-se durante o movimento, na contração muscular: o movimento doloroso

indica o músculo envolvido (rotadores, inclinadores, extensores ou flexores).

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 79

Quando os sintomas são desencadeados por processos inflamatórios nas junções

miotendinosas, geralmente ocorre dor na contração, alongamento e palpação do tecido lesionado.

Isso pode ser levado em consideração clinicamente na busca de tendinopatias.

Pode também existir dor referida que é de localização distinta para cada músculo

(TRAVELL e SIMONS, 1998): a dor sentida é descrita como surda e difusa, do tipo isquêmico;

a dor aumenta com a contração muscular isométrica.

Músculos sujeitos a prolongada tensão fadigam-se facilmente, de modo que uma dor

profunda e difusa frequentemente se desenvolve. Uma vez que metabólitos tenham sido

formados nos tecidos, eles levam algum tempo para serem dispersos.

18.5 - Características da dor de origem neural

A dor de gênese neural (nervo espinhal, nervo craniano) é descrita pelo paciente como

filiforme (linear), portanto o paciente pode descrever o trajeto com o dedo. Quando a compressão

mecânica do tecido neural ocorre em sua raiz, esta dor aumenta com certos movimentos do

tronco. Quando a compressão ocorre em seu trajeto na periferia, geralmente os movimentos do

membro relacionado despertam os sintomas.

Uma das principais características desse tipo de sintoma é que ele é bem definido,

respeitando o trajeto anatômico da raiz nervosa afetada. Tem curta duração e alta intensidade e

os testes de tensão e palpação revelam o nervo acometido.

18.6 - Características da dor de origem visceral

Esta fonte de dor inclui todos as vísceras, glândulas e vasos que são envelopados por

fáscias que apresentam inervação nociceptiva. Geralmente as fáscias que revestem o parênquima

do órgão (fáscia de revestimento) não apresentam inervação sensitiva, somente autonômica

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 80

(Pasini e Stecco, 2017). Já as fáscias envolvem mais perifericamente os órgãos e os conectam

entre eles e com o resto do corpo (fáscias de inserção) apresentam inervação nociceptiva. Esses

receptores nociceptivos são responsáveis pela transmissão de estímulos dolorosos quando

submetidos a estresse/lesão/inflamação e sugere-se que tornem-se hiperativos/facilitados quando

o tecido conectivo se torne densificado no local.

A dor visceral não é bem localizada por duas razões.

1. A inervação da víscera é multissegmentar, com poucas terminações nervosas. Por

exemplo, a dor cardíaca pode estender-se de C3 a T4. Isto explica muitos e

variados quadros clínicos de infarto do miocárdio.

2. O local da dor visceral corresponde aos dermátomos dos quais o órgão doente

recebe sua inervação. Por exemplo, o pericárdio é adjacente ao diafragma. A dor

de origem cardíaca e diafragmática é muitas vezes percebida no ombro porque o

segmento espinhal C4-C5 também supre o coração e o diafragma.

Quando existe uma patologia ativa/aguda de algum órgão, produzindo dores referidas,

geralmente os sintomas não modificam com alterações de posições e movimentos. Quando isso

acontece, é necessário ter atenção e solicitar triagem médica para o diagnóstico patológico.

19 - DOR REFERIDA

Frequentemente, um indivíduo sente dor em parte do corpo que fica consideravelmente

distante do tecido que causa dor. Este tipo de dor é chamada de dor referida. A dor, usualmente é

iniciada em um dos órgãos viscerais e referida à área na superfície do corpo. A dor pode ser

referida à área do corpo não exatamente coincidente com a localização da víscera que produz a

dor.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 81

Dois mecanismos foram descritos (Bowsher, 1988), fornecendo a base para a

compreensão da dor referida. Foram identificados axônios bifurcados nos nervos sensórios

periféricos. Mostrou-se que estes axônios apresentam unidades sensórias, as quais possuem um

ramo inervando a pele e outro inervando o músculo ou alguma outra estrutura sensória. Os

axônios bifurcados possuem um único corpo celular localizado em um gânglio de raiz nervosa e

um único axônio proximal dirigindo-se para a medula espinhal, partindo da célula ganglionar.

Dor referida visceral gerada por axônio bifurcado

O segundo mecanismo é baseado na convergência de nervos sensitivos periféricos para a

mesma célula na medula espinhal. Deste modo, nociceptores das vísceras, dirigindo-se para a

medula espinhal através dos nervos simpáticos ou esplâncnicos, terminam nas mesmas células do

corno dorsal que os nociceptores que partem da pele e são conduzidos por nervos somáticos. A

célula central pode ser mais solicitada para receber impulso via um dos neurônios periféricos e

pode interpretar o impulso de neurônios normalmente menos ativos como proveniente de

neurônios normalmente mais ativos.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 82

Dor referida visceral gerada por convergência nervosa

20 - DIAGNÓSTICO OSTEOPÁTICO

Nos casos em que os pacientes procuram tratamento Osteopático pela presença de dor,

um dos primeiros trabalhos do Osteopata consiste em determinar os tecidos responsáveis pelos

sintomas apresentados pelo paciente e os motivos específicos que levaram a essas condições.

Aqui começa realmente o diagnóstico Osteopático, já que são vários os elementos capazes de

produzir dor.

Sabendo que para cada tecido existe uma técnica mais apropriada de tratamento, é muito

importante que o diagnóstico seja preciso para que os resultados das intervenções sejam eficazes.

Uma vez identificado o tecido, determinar se o tratamento é possível ou não, e se pode ou não ser

perigoso. Devemos lembrar que a dor pode ser referida de outro território ou de uma víscera.

20.1- Anamnese

Num primeiro momento esta fase de uma consulta deve ser realizada da forma mais

ampla e ao mesmo tempo objetiva possível. Deve-se interrogar o paciente sobre todo seu

histórico clínico, e também sobre o histórico de seus sintomas atuais:

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Bases fisiológicas da Osteopatia

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✓ Dor: características, movimentos ou posições que aumentam ou diminuem,

momentos, como iniciou, progresso dos sintomas, outros tratamentos aplicados...

✓ Traumas: qualquer tipo desde início da vida.

✓ Doenças: incluir questionamentos sobre sintomas sub-clínicos que possas indicar

disfunção em algum sistema.

✓ Cirurgias: explorar cicatriz(es) no intuito de verificar sua influencia sobre o

organismo.

✓ Trabalho e atividade física.

✓ Medicamentos e outros tratamentos realizados.

20.2 – Inspeção (estática e dinâmica)

• Observar o pacientes nos três planos de espaço. Buscar situação das curvas

fisiológicas (lordose, cifose) e também desvios no plano coronal (escolioses).

• Buscar se existe posição antálgica, e relacionar com os sintomas se os mesmo

estão presentes.

• Estudar os movimentos ativos do paciente e observar: amplitude, simetria dor.

• Buscar zonas planas ou quebras de curva na coluna vertebral.

• Localizar uma perna curta, e analisar se esta é verdadeira (anatômica) ou falsa

(funcional).

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Bases fisiológicas da Osteopatia

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20.3- Palpação

A palpação é uma forma importante de buscar informações relevantes. Por meio dela,

podem-se buscar alterações da textura dos tecidos corporais – pele, fascia, músculos, ligamentos,

tendões... Alterações teciduais que ocorrem em resposta à inervação simpática, podem aumentar

ou diminuir a temperatura e umidade do local.

O Osteopata deve se concentrar nas sensações que recebe através de suas mãos quando

está palpando o paciente. A distribuição e profundidade dos receptores sensoriais localizados em

nossas mãos determinam qual parte das mãos são melhores utilizadas em cada teste palpatório

específico. Os receptores de calor encontram-se mais concentrados no dorso da mão, onde a pele

é mais fina do que na palma. Dessa forma, é mais apropriado utilizar essa região das mãos para

sentir a temperatura tecidual. Receptores táteis (Merkel, Meissner) estão dispostos em grande

proporção na polpa dos dedos, fazendo estas regiões mais sensíveis ao tato.

Existem vários tipos de testes palpatórios globais e locais que podem ser utilizados na

avaliação.

A observação dos tecidos deve ser agregada à palpação dos mesmos, na busca de

alterações de coloração da pele. Um eritema pode significar uma infecção ou inflamação, e é

tipicamente visto em disfunções somáticas agudas. Pele pálida e sem reflexo histamínico

normalmente encontra-se em zonas de disfunções somáticas crônicas.

20.4 – Testes de mobilidade

• Testar a mobilidade de diferentes tipos de tecidos.

• Identificar o que é barreira anatômica e barreira fisiológica.

• Buscar porque está limitada a barreira fisiológica:

- barreira elástica: aumento do tônus muscular.

- barreira brusca e abrupta: problema articular.

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 85

20.5 - Radiologia

A imaginologia é uma importante ferramenta de auxílio para o Osteopata. Pode dar

indícios de alterações funcionais, mas devemos lembrar que os exames são realizados em

condições estáticas, diferentes de nossa vida que é totalmente dinâmica.

A condição clinica do paciente é soberana, e não a imagem. Em momento oportuno do

curso de formação, será aprofundado o estudo imaginológico, e claro, durante os próprios

seminários de cada segmento corporal estudado, o estudo de exames de imagem será abordado.

Um dos principais objetivos que devemos ter é buscar as principais contraindicações ao

tratamento Osteopático:

• Fraturas.

• Transtornos degenerativos.

• Transtornos infecciosos ou inflamatórios.

• Transtornos metabólicos.

• Metástases ósseas.

21 - AS TÉCNICAS OSTEOPÁTICAS DE TRATAMENTO

As técnicas desenvolvidas ao longo da história da osteopatia podem ser classificadas

basicamente como:

➢ Técnicas diretas (ou estruturais): aplicadas contra as barreiras mecânicas, impondo às

articulações ou tecidos uma tensão no sentido da mobilidade restrita

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Bases fisiológicas da Osteopatia

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 86

➢ Técnicas indiretas (ou funcionais): aplicadas no sentido oposto da barreira ou restrição,

ou seja, no sentido da facilidade do movimento para obter um estado de relaxamento

mecânico, chamado de ponto de quietude (still point)

➢ Técnicas combinadas: como o próprio nome sugere, combinam os princípios de técnicas

diretas e indiretas

As três categorias de técnicas podem ser aplicadas em diferentes tecidos que são

encontrados em diversos sistemas:

➢ sistema musculoesquelético: músculos, cápsulas, ligamentos, articulações (sinoviais,

cartilaginosas e fibrosas), periosteo e fáscias em geral (superficiais e profundas);

➢ sistema neuromeníngeo: fáscias neurais (dura-máter craniana e medular, epineuro);

➢ sistema visceral: fáscias viscerais com suas expansões e prolongamentos (mesos,

ligamentos, tendão central, bainhas vasculares e etc).

Buscam-se as seguintes respostas nos tecidos abordados:

✓ romper aderências

✓ estimular o processo de reparação e sínteses de tecido

✓ melhorar a viscoelasticidade e densidade

✓ potencializar a dinâmica dos fluidos

✓ regularizar o tônus muscular

✓ restaurar a função mecânica

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✓ suprimir o bombardeio aferente.

O tratamento osteopático pode ser feito de forma isolada ou combinado com outros tipos

de cuidados de saúde. A proposta primordial desse tipo de tratamento é potencializar a

capacidade fisiológica que o próprio organismo possui em buscar a saúde, restaurando as funções

mecânicas normais minimizando a exposição do corpo.

Desde o início, a filosofia se estendia as relações entre corpo, mente e espírito. Segundo o

Dr. Still: “Encontrar a saúde deve ser o objetivo do praticante da osteopatia. Qualquer um pode

encontrar a doença”.

21.1 – Técnicas diretas (estruturais)

São todas as técnicas que, qualquer que seja o tecido tratado, se realizam no sentido das

restrições, seja em um ou vários parâmetros fisiológicos restritos.

Podemos subdividir as técnicas diretas em:

- Técnicas rítmicas

- Técnicas de thrust

21.1.1 – Técnicas Rítmicas

O aplicador da técnica controla parâmetros como ritmo, velocidade, intensidade e tempo

de aplicação da técnica. Todos os parâmetros podem ser modificados em decorrência dos

objetivos da técnica.

Alguns exemplos de técnicas rítmicas:

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• Mobilização articular

• Alongamento rítmico (streching)

• Técnicas de energia muscular

• G.O.T. - General Osteopathic Treatment (Tratamento Osteopático Global)

• Técnicas neuromusculares

• Tensão sustentada

• Bombeamento

• Percussão de Fulford

21.1.1.1 – Mobilização articular

Generalidades

As técnicas de mobilização articular têm como principal objetivo aumentar a mobilidade

articular de uma estrutura disfuncional, porém repercutem sobre a flexibilidade dos tecidos que

se localizam próximos à articulação que recebeu a intervenção, especialmente o tecido conectivo

(cápsula, ligamentos) e os músculos monoarticulares.

Procedimento

Para execução com esta finalidade, o Osteopata deve levar a articulação, passivamente,

até a barreira restritiva e, em seguida, passar desta amplitude, com movimentos lentos e rítmicos,

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para que a barreira fisiológica seja acessada. O paciente deve ser posicionado confortavelmente,

assim como o Osteopata, para que a manobra seja realizada com o mínimo gasto energético e

mínimo desconforto ao paciente.

Durante a mobilização articular, o Osteopata consegue dosar sua força e coletar

informações referentes à quantidade e qualidade do movimento em tempo real, o que facilita o

ajuste da força, direção e velocidade durante a execução da manobra. A cada movimento

realizado, a amplitude vai aumentando e o Osteopata deve evoluir para esta nova amplitude. A

técnica deve ser encerrada assim que a articulação parar de ceder à força empregada pelo

Osteopata.

21.1.1.2- Alongamento rítmico - streching

Generalidades

Esta técnica pode ser aplicada sobre músculos esqueléticos, cápsulas, ligamentos e fáscias

em geral. Nesta técnica, o estiramento rítmico do tecido mole é transmitido aos receptores

sensoriais. A proposta da técnica é que ocorra inibição da hiperatividade das fibras musculares,

assim como a ruptura de pontes cruzadas e redução da densificação de seus envoltórios.

Procedimento

Num primeiro momento o osteopata coloca tensão longitudinal ou transversal sobre o

tecido abordado, até encontrar a barreira dos tecidos moles. Em seguida o osteopata aplica

movimentos rítmicos oscilando o aumento e redução da tensão. Conforme se perceba o

relaxamento dos tecidos, o osteopata deve aumentar a amplitude dos movimentos oscilatórios,

buscando novas barreiras.

Sugere-se que em condições agudas o osteopata utilize movimentos de baixa amplitude e

menor frequência. Em casos crônicos deve realizar grandes amplitudes e maior frequência.

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21.1.1.3 – Técnica de Energia Muscular (T.E.M.)

Generalidades

Descrita pelo osteopata Fred Mitchell em 1948 e posteriormente sistematizada e refinada

por seu filho Fred Mitchell Jr DO, a TEM é classificada como uma técnica direta.

Pode ser aplicada em músculos esqueléticos, porém com diferentes objetivos: reduzir a

hiperatividade/contraturas, potencializar o tônus, quebrar aderências. Também é bastante

aplicada para correção de disfunções articulares, com o intuito de inibir os músculos e

envoltórios fasciais supostamente envolvidos nas disfunções somáticas articulares.

A proposta clássica da técnica é que a tensão mecânica imposta ao tecido muscular

alongado pelo osteopata, somada às contrações ativas proporcionadas pelo paciente, acabem

solicitando a atividade dos OTGs gerando um arco reflexo inibitório no tecido muscular. Existem

outras formas de realizar a técnica, que serão descritas logo abaixo.

Procedimento

Inicialmente é colocada tensão mecânica no tecido muscular de maneira passiva,

afastando suas fixações no sentido do alongamento. Isso deve ser feito de maneira lenta e passiva

para minimizar a possibilidade de reflexos de defesa. Assim que a barreira dos tecidos moles é

encontrada, o osteopata deve solicitar contrações ativas do paciente, enquanto resiste ao

movimento proporcionando a isometria.

Após as contrações, o osteopata deve buscar passivamente novas barreiras, e depois

repetir os procedimentos até que não encontre mais barreiras disfuncionais.

Existe bastante divergência em relação ao tempo e a intensidade das contrações a serem

realizadas durante a técnica. Sugerimos a leitura da obra de Chaitow (2008) que descreve as

diversas possibilidades e sugestões.

Sugerimos que seja levado em consideração em relação a:

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INTENSIDADE DAS CONTRAÇÕES

- para músculos pequenos e monoarticulares: contrações leves

- para músculos amplos e volumosos: contração mais vigorosa para recrutar todas as

unidades motoras

*para as TEMs isolíticas ou miotensivas, as contrações devem sobrepor a resistência

proporcionada pelo osteopata.

TEMPO DAS CONTRAÇÕES

Contrações com duração de 3 a 5 segundos

NÚMERO DE CONTRAÇÕES

Geralmente são necessárias 3 a 5 contrações para atingir a barreira funcional máxima.

Diferentes formas de aplicar as TEMs.

1) RELAXAMENTO PÓS-ISOMÉTRICO:

Na contração isométrica, a força que o Osteopata realiza é igual à força realizada pelo

paciente. Aproveita-se do relaxamento que segue a contração para alongar o músculo

espasmado/hiperativo e devolver seu comprimento normal, suprindo assim a restrição de

mobilidade.

2) CONTRAÇÃOES ISOTÔNICAS:

Neste tipo de contração, começar pedindo ao paciente uma contração isométrica muito leve e

logo pedir que contraia cada vez mais forte sendo capaz de realizar força maior que a do

Osteopata. Quando o paciente realiza uma força máxima, coloca em funcionamento o

máximo de unidades motoras do músculo, isto permite aumentar o tônus basal, é útil quando

se trata de um músculo debilitado ao teste de tônus.

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3) CONTRAÇÕES ISOLÍTICAS

Essa forma é aplicada para quebrar aderências teciduais. Pedir ao paciente uma contração

leve, e o Osteopata exerce uma resistência maior que a do paciente. Isto permite estirar

potentemente as fascias e romper as aderências e fibroses que existem entre músculo e

fascias.

4) CONTRAÇÃO POR INIBIÇÃO RECÍPROCA DE SHERINGTON

O mecanismo utilizado nesta técnica é a inibição recíproca descrito por Sherington. Se existe

um músculo em espasmo agudo no qual a contração provoque sintomas, é possível utilizar

seu antagonista para inibir o músculo-alvo. Colocar em posição de alongamento o músculo

que se deseja abordar, e depois pedir contração isométrica dos antagonistas e em seguida

aumentar a tensão em alongamento do músculo eu se quer tratar.

5) CONTRAÇÕES MIOTENSIVAS

Neste tipo de técnica se utiliza a contração potente de um músculo para induzir a correção de

uma disfunção somática articular.

21.1.1.4 - General Osteopathic Treatment

Generalidades

O tratamento osteopático global é uma rotina de avaliação e tratamento criado pelo

Osteopata John Martin Littlejohn. Foi denominada assim pois permite que o osteopata realize o

tratamento por todo o corpo do paciente. Para LittleJohn o tratamento local permaneceria pontual

sem que existissem efeitos permanentes se o campo da fisiologia não fosse acessado. Baseado

nisso, criou uma rotina de atendimento com uma sequência coordenada e ordenada de técnicas

maximalistas com grandes alavancas que permitem o diagnóstico e tratamento mediante a

mobilização das articulações e distensão dos tecidos moles (músculos, tendões, ligamentos,

fascias). Todo o sistema articular, muscular, neural e visceral é estimulado em uma única sessão.

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Além da melhora da mobilidade articular, o método tem como objetivo regular o sistema

imunológico, permitir a integração neurológica e o equilíbrio do sistema nervoso autônomo,

regular o tônus muscular, melhorar a coordenação, função e circulação de fluidos sanguíneos e

linfáticos.

Procedimento

A rotina de atendimento se inicia com uma avaliação do padrão do movimento. Iniciam-se

as técnicas pelo membro inferior direito, e na sequência o tronco, membro superior direito. A

mesma sequência se repete no lado esquerdo do corpo do paciente finalizando com técnicas de

crânio e coluna cervical.

21.1.1.5 - Técnica neuromuscular

Generalidades

Utilizada em tecidos conectivos e musculares sendo necessário o conhecimento

anatômico para obter a melhor resposta. São utilizados deslizamentos longitudinais profundos

sobre os tecidos para promover a ruptura de aderências, aumento da vascularização e a redução

da densidade e sensibilidade.

Procedimento

Uma das mãos toma contato proximalmente ao deslizamento que será realizado, e realiza

uma tensão tecidual na direção oposta a da utilizada na técnica. Isto é feito para impor uma

tensão prévia (tissue pull) nos tecidos a serem tratados.

A outra mão toma contato com a polpa do polegar posicionada de forma profunda no

tecido que será tratado e o antebraço voltado na direção do deslizamento. Quando a técnica é

realizada em músculos esqueléticos, o deslizamento deve ser feito sempre longitudinalmente às

fibras.

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O deslizamento deve ser profundo e lento sendo que a velocidade da técnica é controlada

pela liberação dos tecidos. Ou seja, quanto mais denso menor é a velocidade. É recomendado

realizar cerca de três traços profundos nos tecidos tratados. No final da técnica é possível

observar a zona avermelhada devido a reação de vasodilatação local.

21.1.1.6 – Tensão sustentada

Generalidades

Esta técnica utiliza-se para abordar disfunções fasciais gerais, desde restrições articulares,

miofasciais, cranianas e viscerais

A proposta e gerar uma barreira tecidual tridimensional no tecido desejado e mantê-las o

tempo necessário para que os tecidos se adaptem e ocorra a liberação de eventuais tensões locais.

Procedimento

Independente da estrutura a ser tratada, o procedimento é semelhante. Deve-se buscar

uma condição de tensão mecânica de forma tridimensional. Essa condição deve ser

progressivamente acentuada conforme os tecidos sejam inibidas.

A característica da barreira tecidual deve deixar de ser abrupta para se tornar elástica.

É possível utilizar as respirações profundas como auxílio, aumentando as barreiras nas

fases expiratórias.

21.1.1.7– Bombeamento

É uma técnica especificamente utilizada para músculos e aponeuroses. O osteopata deve

tomar um contato o mais próximo possível do tecido a ser tratado, e em seguida deve alternar

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 95

pressões anteroposteriores e também movimentos circulares, até que a densidade e sensibilidade

reduzam consideravelmente.

21.1.1.8- Percussão de Fulford

Técnica desenvolvida pelo osteopata americano Robert Fulford. É uma abordagem fascial

feita através de vibrações com frequências oscilatórias. Pode ser aplicada em diversos tecidos,

incluindo os gânglios neurovegetativos, com a proposta de auxiliar o trofismo e função dessas

estruturas, assim como nos órgãos-alvo relacionados a esses gânglios.

21.1.2 – Técnicas de Thrust

Generalidades

É uma técnica articular de categoria direta. Trata-se de utilizar alta velocidade e baixa

amplitude para realizar a técnica de maneira que surpreenda os sistemas de proteção, inibindo os

tecidos que supostamente mantém uma disfunção articular.

É caracterizado pelo posicionamento específico da articulação e a execução da manobra

corretiva no sentido da barreira (por ser uma técnica direta) para aumentar a amplitude do

movimento articular e chegar próximo à barreira anatômica.

Normalmente gera um ruído articular, comumente denominado estalo ou cavitação. Esse

ruído é atribuído a um processo de mudança na relação entre os gases existentes dentro da

articulação e, consequentemente, o som.

O thrust pode ser aplicado paralelamente ou perpendicularmente às superfícies articulares

numa das direções contra a barreira da articulação fixada. A separação brusca das superfícies

articulares e o estímulo provocado nos receptores sensoriais teciduais surpreendem o sistema

nervoso central e provocam um “black out sensorial local”.

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Se utilizada de maneira correta, gera efeitos biomecânicos (aumento da mobilidade

articular) e também efeitos neurológicos (correção da facilitação central/ facilitação medular).

O estiramento da cápsula articular durante a separação das facetas estimula os receptores

sensoriais e a informação sensitiva vai por vias aferentes até o corno posterior da medula

espinhal, neste nível haverá uma inibição dos neurônios eferentes somáticos e autônomos.

Objetivos

As metas destas técnicas são:

➢ Liberar as aderências.

➢ Fazer que se deslizem as facetas articulares uma com respeito a outra e restaurar a função

articular.

➢ Normalizar a vascularização produzindo um reflexo neurovascular local e a distância.

➢ Provocar um reflexo aferente inibitório.

O thrust necessita a utilização de uma força mínima com certas condições já que a posição

do operador deve ser correta com respeito ao plano articular. O thrust é realizado por uma

contração breve e explosiva dos tríceps e peitorais do operador ou por um “body drop”.

O paciente deve estar confortável, estável e não deve existir dor. O osteopata deve colocar

seu corpo no espaço de maneira que fique por cima da articulação que vai manipular, seu centro

de gravidade deve estar sistematicamente localizado sobre a disfunção. Quando o Osteopata e o

paciente encontram-se bem posicionados, as técnicas de thrust tornam-se de fácil realização.

Alavancas

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A redução do slack será permitida pela combinação de parâmetros menores de

movimentos que serão os deslizamentos laterias ou deslizamentos anteroposteriores, compressão

ou tração.

Utilizam-se sistematicamente em todas as técnicas Osteopáticas para diminuir a

quantidade de parâmetros maiores necessários, também servem para diminuir a força necessária

na redução da disfunção.

Quando os parâmetros menores são colocados, a amplitude articular diminui. A alavanca

primária é a direção principal na qual a força corretora deve ser executada. A alavanca

secundária serve para focalizar a força corretora. Numa manipulação com técnica de thrust

sempre se deve manter um jogo articular.

* Redução do slack = colocar a tensão final, com os parâmetros menores de movimento sobre a

faceta que vai ser manipulada.

AS DIFERENTES FORMAS DE EXECUTAR O THRUST

• Técnicas de thrust indiretas

Para realizar estas técnicas a colocação em tensão e o thrust são realizados unicamente com a

ajuda das alavancas superior e inferior. O impulso não é dado com contato direto na articulação

tratada.

• Técnicas de thrust diretas

Toma-se um contato na direção e sobre a articulação que é manipulada depois de ter

realizado um estiramento cutâneo, um “tissue pull”.

A redução do slack consiste em colocar a tensão unicamente com os contatos diretos, sem

grandes alavancas, a thrust deve ser o mais rápido possível.

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A técnica direta geralmente se utiliza sobre a maca com drop que permite absorver o excesso

de força nos tecidos moles e que aumenta a velocidade da manipulação.

• Técnicas de thrust semi-diretas

É uma combinação das técnicas diretas e indiretas. Serão muito mais seletivas que as técnicas

indiretas que permitem ao mesmo tempo ter todas as vantagens pela utilização das alavancas a de

ter a vantagem de uma técnica direta.

Nessas técnicas, se toma um contato direto com uma mão sobre a articulação que é

manipulada. A colocação em tensão será dupla, uma pela alavanca inferior e a outra pelo contato

direto. O thrust é levado diretamente sobre a articulação no eixo do plano de redução e a força

pode ser aumentada se necessário, aumentando simultaneamente as alavancas.

Contraindicações das técnicas de thrust (não ao tratamento Osteopático)

➢ Traumatismos (fraturas, entorses grau 3, luxações).

➢ Tumores ósseos.

➢ Infecções (espondilodiscite).

➢ Reumatismos inflamatórios (espondilite anquilosante, artrite reumatóide, síndrome de

Reiter).

➢ Síndrome de Barre-Liou.

➢ Vasculares (aneurisma, insuficiência vértebro-basilar).

➢ Metabólicas (osteoporose importante).

➢ Congênitas (malformação da dobradiça crânio-cervical, malformação de Arnold

Chiari).

➢ Síndromes hiperálgicas a associadas a patologias neurológicas.

➢ Psíquicos (histeria, neurose).

➢ Paralisia periférica ou central

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21.2 – Técnicas Indiretas (funcionais)

O princípio dessas técnicas é de ir no sentido da disfunção, em sentido oposto à barreira

de restrição. A estrutura em disfunção é passivamente direcionada no sentido da facilidade até o

ponto de tensão fascial mínima (still point – ponto de quietude). Deve-se manter esta posição de

equilíbrio tridimensional até que se perceba a liberação espontânea das tensões teciduais.

Geralmente essa percepção ocorre com as sensações de calor, redução significativa da densidade,

aumento da fluidez tecidual e redução da sensibilidade tátil.

A proposta é encontrar a condição que amenize os estímulos aferentes proporcionados

pela disfunção -“silêncio neurológico” – para que, em seguida, o próprio organismo do paciente

reaja espontaneamente suprimindo as respostas eferentes alteradas. Sugere-se que isso

proporcione condições mais favoráveis a reorganização do tecido em condições isquêmicas,

inflamatórias e etc.

As respostas alcançadas com a aplicação de técnicas indiretas são as mesmas das técnicas

diretas: restaurar a mobilidade, regularizar o tônus miofascial e vascular, suprimir o bombardeio

aferente e etc.

As principais técnicas indiretas são:

- Técnica de strain-counterstrain

- Técnica de balanced ligamentous tension

- Técnica de Still

- Técnica de liberação posicional

21.2.1 – Técnica de strain-counterstrain (técnicas de Jones)

Generalidades

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As técnicas de counterstrain foram desenvolvidas por Lawrence Jones, Osteopata

Americano do estado de Oregon. Desenvolveu a técnica de forma inesperada. Durante o

tratamento de um de seus pacientes, após realizar alguns procedimentos, deixou-o em uma

posição de conforto e foi avaliar outra pessoa. Após voltar a sala para dar continuidade ao

tratamento o paciente relatou grande melhora nos sintomas.

Essa técnica tem seu princípio baseado na redução da hiperatividade dos músculos

através da digito pressão associada à aproximação das suas fixações anatômicas. A justificativa é

a redução da retroalimentação da atividade gama gerada pela aferência do fuso neuromuscular do

músculo hiperativo. Ao assumir uma posição de conforto, somado a inibição do ponto de maior

tensão essa aferência diminui significativamente e consequentemente a isso ocorre

proporcionalmente a redução da eferência.

Procedimento

Durante a aplicação dessa técnica o Osteopata deverá realizar uma pressão sobre o ponto

do músculo ou tecido de maior sensibilidade, e em seguida posicionar o paciente passivamente

buscando o maior conforto possível do segmento, pelo menos 70%, a ser tratado mantendo-o

nessa posição de conforto por 90 segundos. Alguns autores denominam essa fase de relaxamento

como um “silêncio neurológico”. Durante esse período o Osteopata deve manter a comunicação

com o paciente solicitando a ele que relate a sensação da palpação. Após os 90 segundos o

osteopata deverá retornar passivamente a posição inicial e reavaliar a tensão do tecido.

Os mesmos princípios podem ser aplicados também para outros tecidos: periósteo,

ligamento, víscera, etc.

21.2.2 – Técnica de Balanced Ligamentous Tension (Técnica de equilíbrio da tensão ligamentar)

Generalidades

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Inicialmente desenvolvida por Still e futuramente mais explorada por Lippincott e

denominada como "as técnicas osteopáticas de W.G. Sutherland”. A Balanced Ligamentous

Tension (BLT), como posteriormente foi chamada. Inicialmente foi proposta para tratar

disfunções articulares, porém os mesmos princípios podem ser aplicados às membranas, vísceras,

fáscias e fluídos. Seus fundamentos são apoiados na teoria em que defende que as disfunções são

mantidas pelo tecido conjuntivo que reveste uma determinada articulação, principalmente os

ligamentos, fato esse que determinou a definição do nome da técnica.

Baseados nas ideias aplicadas ao crânio, Sutherland utilizou o termo “mecanismo de

tensão recíproca” para descrever o papel dos ligamentos nas articulações. Basicamente o autor

defendia que os ossos estão mantidos em suas posições por um determinado equilíbrio de

estruturas membranosas e uma disfunção seria a perda desse equilíbrio ocasionada por um

trauma, uma infecção ou uma inflamação.

Procedimento

Para tratar uma disfunção através da técnica BLT, o osteopata deverá buscar posicionar a

estrutura na posição da disfunção e manter nessa condição ate que o corpo se reequilibre.

Didaticamente, a aplicação da técnica pode ser dividida em dois momentos:

• Busca do ponto de equilíbrio: através da compressão ou descompressão da articulação e

da movimentação da mesma em todas as direções buscando o ponto de equilibrio,

podendo até exagera-lo em um primeiro momento (flexão, extensão, rotações e

inclinações).

• Liberação: através da manutenção desse ponto, aguardar a liberação, concentrando-se na

respiração.

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21.2.3 – Técnica de Still

Generalidades

Relatos de alunos do Dr. Still descreveram algumas intervenções utilizadas por ele. As

técnicas utilizadas por ele baseavam-se inicialmente em aumentar a condição da disfunção

somática e em seguida aplicar pressão neles para estimulá-los a voltar a sua condição normal. Os

autores descreveram o método que Dr. Still utilizava para tratar chamando-o de “exagero da

lesão”.

Procedimento

Chila (2011) descreve os passos para a realização da técnica utilizada por Dr. Still em:

- posicionar o tecido na facilidade de forma excedente,

- comprimir ou tracionar a região com uma força máxima de 2kg,

- conduzir o tecido mantendo a compressão ou tração contra a barreira e em seguida

voltar a posição neutra.

Sua aplicação não é fácil, pois depende de muita percepção manual, interação com o

paciente e fortes bases anatômicas e biomecânicas.

21.2.4 - Técnica de liberação posicional

Generalidades

É uma opção interessante de ser aplicada para corrigir disfunções somáticas e

consequentemente abordar as disfunções musculoesqueléticas. A proposta é colocar o corpo do

paciente em posição de conforto, suprimindo as informações alteradas proporcionadas pelos

receptores em disfunção, e normalizando os tecidos associados à disfunção.

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Os objetivos da técnica são: normalização da tensão fascial, correção de uma eventual

hipomobilidade articular, melhoria do dinamismo dos fluidos.

Procedimento

O osteopata deve ter sempre um contato que permita obter informações sensoriais, assim

como controlar alavancas para executar a técnica. Deve induzir os tecidos uma condição na qual

perceba redução máxima das tensões, geralmente aplicando componente de compressão e em

seguida testenado e impondo posicionamentos nos três planos de espaço, que amenizem ao

máximo as barreiras locais. Essa condição é simplesmente mantida por um curto período (4 - 5

segundos) e em seguida os tecidos e estruturas são levados a posição neutra. Para testar a

efetividade da técnica, o osteopata deve reanalisar os parâmetros disfuncionais.

21.3 - Técnicas combinadas

São técnicas que combinam fases diretas e indiretas. Um exemplo bastante tradicional

pode ser dado pelas técnicas cranianas e membranosas desenvolvidas por William Sutherland

D.O., o criador da osteopatia craniana. Ele propôs uma abordagem, que inicalmente o osteoapata

agrave a disfunção relaxando os tecidos restritos, e nu segundo momento busque uma fase de

correção direta.

Técnicas para fáscias de maneira geral, incluindo as viscerais, podem ser aplicadas de

maneira combinada: impondo tensão em uma das dimensões de espaço no primeiro momento e

no segundo momento o osteopata leva os tecidos para condições de facilidade que permitam

acentuar ainda mais a fase direta da técnica.

O que realmente importa é o objetivo das abordagens no contexto da globalidade do

paciente, e não somente as técnicas em si!!!

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22 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

American Association of Colleges of Osteopathic Medicine (AACOM).Glossary of Osteopathic terminology. Nov

2011.

BARRAL, J.P; MERCIER, P. Manipulaciones viscerales 1. 2ª edición. Elsevier-Masson. 2009.

BORDONI, B; BORDONI, G. Reflections on osteopathic fascia treatment in the peripheral nervous system.

Journal of pain research. 2015; 8 735–740.

CHAITOW, L. Técnicas de Energia Muscular. Elsevier, 2008.

CHAITOW, L. Teoria e Prática da Manipulação Craniana: abordagem em tecidos ósseo e mole. São Paulo:

Editora Manole, 2001.

CHILA, A. G. Foundations of osteopathic medicine, 3 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2010.

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