bases de dados de informação para negócios no brasil · século passado, sendo rotineiramente...

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17 Resumo Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes, identificando, selecionando, descrevendo, compilando e avaliando bases de dados brasileiras nas áreas de informações jurídicas, financeiras, sobre empresas e produtos, estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas, bem como bases de dados bibliográficas em temas como administração e economia. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/ pesquisa.htm . Este artigo oferece uma visão geral das bases identificadas, narra a metodologia utilizada para seu levantamento e descrição e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores. Palavras-chave Informação para negócios; Bases de dados. Brazilian business databases Abstract Presently, there is not a publication that compiles and characterizes the Brazilian information sources for business. The study, here reported, has contributed for a better knowledge of these sources, identifying, selecting, describing, compiling and evaluating Brazilian databases in the areas of juridical and financial information about enterprises and products, statistics and economic indicators, business opportunities, vocabulary, investment, as well as bibliographic databases about themes related to administration and economy. The descriptions of the databases identified in the project are available on URL http://www.eci.ufmg.br/ cendon/pesquisa.htm. This paper offers an overall view of the databases identified, descrives the methodology utilized for the survey and description thereof and analyzes all the sources of the information obtained and its producers. Keywords Information for business; Databases. Bases de dados de informação para negócios no Brasil Bases de dados de informação para negócios no Brasil * Beatriz Valadares Cendón Beatriz Valadares Cendón Professora adjunta – Escola de Ciência da Informação – Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected] * A autora agradece o apoio recebido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). ** O termo “informação para negócios” é usado para designar o conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas. Engloba, por exemplo, informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado, padrões de consumo e gastos de consumidores, e estudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinião, informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de rádio e televisão); informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas, mercado financeiro e outras informações para investimento, disponibilidade de assistência financeira, taxas de câmbio, custo de crédito etc.); informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias); informações sobre empresas e produtos (tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informações sobre fusões e aquisições); informações jurídicas (tais como leis, regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico e financeiro, nos quais operam organizações empresariais ( Souza & Borges, 1996; Souza, 1996; Montalli, 1994). INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Em outros países, as fontes de informação para negócios ** têm sido produzidas e organizadas desde o século passado, sendo rotineiramente fornecidas aos usuários por bibliotecas e outras organizações (Figueiredo, 1994; Lavin, 1992). No Brasil, entretanto, a consciência da necessidade da organização e do controle desse tipo de informações é recente. Convencionalmente chamada de “business information” nos Estados Unidos e Inglaterra, o termo “informação para negócios” só recentemente aparece na literatura brasileira (Montalli, 1994; Figueiredo, 1994). Os poucos trabalhos publicados a respeito no meio acadêmico (Cendón, 2002; Duarte, 2000; Januzzi & Montalli, 1999; Souza & Borges, 1999; Borges & Campello, 1997; Souza & Borges, 1996; Barbosa, 1994; Figueiredo, 1994; Montalli, 1994; Barreto, 1996; Souza & Borges, 1994; Barreto, 1991) caracterizam a falta de conhecimento sobre os produtores das fontes, sobre as fontes em si (sua qualidade, forma de acesso, organização, volume produzido), sobre os produtos e serviços de informação que possam suprir sua demanda e mesmo sobre a necessidade de informações dos empresários brasileiros. A citação a seguir exemplifica esse desconhecimento: “Quem produz informação sobre mercado no Brasil? O que produz a fundação IBGE, a fundação Seade? O que é de interesse para as empresas? Quais são as características dos produtos fabricados pelas empresas Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 2, p. 17-36, maio/ago. 2003

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Page 1: Bases de dados de informação para negócios no Brasil · século passado, sendo rotineiramente fornecidas aos usuários por bibliotecas e outras organizações (Figueiredo, 1994;

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Resumo

Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize asfontes brasileiras de informação para negócios. O estudo aqui relatadocontribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes, identificando,selecionando, descrevendo, compilando e avaliando bases de dadosbrasileiras nas áreas de informações jurídicas, financeiras, sobreempresas e produtos, estatísticas e indicadores econômicos,oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas, bemcomo bases de dados bibliográficas em temas como administração eeconomia. As descrições das bases de dados identificadas no projetoestão disponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. Este artigo oferece uma visão geral das basesidentificadas, narra a metodologia utilizada para seu levantamento edescrição e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e deseus produtores.

Palavras-chave

Informação para negócios; Bases de dados.

Brazilian business databases

Abstract

Presently, there is not a publication that compiles and characterizes theBrazilian information sources for business. The study, here reported, hascontributed for a better knowledge of these sources, identifying,selecting, describing, compiling and evaluating Brazilian databases in theareas of juridical and financial information about enterprises andproducts, statistics and economic indicators, business opportunities,vocabulary, investment, as well as bibliographic databases about themesrelated to administration and economy. The descriptions of the databasesidentified in the project are available on URL http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. This paper offers an overall view of the databasesidentified, descrives the methodology utilized for the survey anddescription thereof and analyzes all the sources of the informationobtained and its producers.

Keywords

Information for business; Databases.

Bases de dados de informação para negócios no BrasilBases de dados de informação para negócios no Brasil**

Beatriz Valadares CendónBeatriz Valadares CendónProfessora adjunta – Escola de Ciência da Informação – Universidade Federal deMinas Gerais.E-mail: [email protected]

* A autora agradece o apoio recebido da Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).** O termo “informação para negócios” é usado para designar o conjuntode informações usadas pelos administradores na redução de incertezas.Engloba, por exemplo, informações mercadológicas (tais como análisesde fatias de mercado, padrões de consumo e gastos de consumidores, eestudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinião,informação sobre investimento em propaganda por diversos setores emedidas de audiência de canais de rádio e televisão); informaçõesfinanceiras (tais como desempenho financeiro de empresas, mercadofinanceiro e outras informações para investimento, disponibilidade deassistência financeira, taxas de câmbio, custo de crédito etc.);informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicosou estatísticas sobre indústrias); informações sobre empresas e produtos(tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informaçõessobre fusões e aquisições); informações jurídicas (tais como leis,regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais eanalíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico efinanceiro, nos quais operam organizações empresariais (Souza & Borges,1996; Souza, 1996; Montalli, 1994).

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Em outros países, as fontes de informação paranegócios** têm sido produzidas e organizadas desde oséculo passado, sendo rotineiramente fornecidas aosusuários por bibliotecas e outras organizações (Figueiredo,1994; Lavin, 1992). No Brasil, entretanto, a consciênciada necessidade da organização e do controle desse tipode informações é recente. Convencionalmente chamadade “business information” nos Estados Unidos eInglaterra, o termo “informação para negócios” sórecentemente aparece na literatura brasileira (Montalli,1994; Figueiredo, 1994). Os poucos trabalhos publicadosa respeito no meio acadêmico (Cendón, 2002; Duarte,2000; Januzzi & Montalli, 1999; Souza & Borges, 1999;Borges & Campello, 1997; Souza & Borges, 1996;Barbosa, 1994; Figueiredo, 1994; Montalli, 1994; Barreto,1996; Souza & Borges, 1994; Barreto, 1991) caracterizama falta de conhecimento sobre os produtores das fontes,sobre as fontes em si (sua qualidade, forma de acesso,organização, volume produzido), sobre os produtos eserviços de informação que possam suprir sua demandae mesmo sobre a necessidade de informações dosempresários brasileiros. A citação a seguir exemplificaesse desconhecimento:

“Quem produz informação sobre mercado no Brasil?O que produz a fundação IBGE, a fundação Seade?O que é de interesse para as empresas? Quais são ascaracterísticas dos produtos fabricados pelas empresas

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do Pólos Tecnológicos de Santa Rita do Sapucaí...? Qualfoi o faturamento, quem compõe o staff das companhiasX ou Y?” (Montalli, 1994, p.166)

Segundo Montalli, no Brasil, não existem meios bemdefinidos para responder a esse tipo de pergunta. Nafalta de formalização desse setor de informações,empresários se valem primordialmente de fontesinformais, as quais às vezes não são confiáveis e podemlevar à tomada de decisões inadequadas (Pinto, 1994).

Um ponto de partida para se iniciar a organização doconhecimento sobre a área de informação para negóciosno Brasil é a identificação das fontes existentes. Nãoexiste atualmente uma publicação que compile ecaracterize as fontes brasileiras de informação paranegócios. O estudo aqui relatado contribuiu para omelhor conhecimento dessas, identificando,selecionando, descrevendo, compilando e avaliandofontes brasileiras de informação de interesse paranegócios. Mais especificamente, o projeto se concentrounas bases de dados de informação para negócios, já queessas, por serem mais recentes, são particularmentecarentes de documentação. No entanto, trabalhosanteriores evidenciaram a existência e uso dessas bases:a pesquisa realizada por Souza & Borges (1996) eminstituições fornecedoras de informação com potencialpara negócios identificou que elas estavam dando ênfaseao desenvolvimento de bases de dados e que o acesso aelas constituía um dos serviços percentualmente maisoferecidos aos seus clientes por essas instituições. Borges& Carvalho (1998) mostram também que 30% dessasinstituições utilizam bases de dados próprias como fontede informação para desenvolvimento de serviços voltadospara negócios. Mais informações sobre essas bases dedados – quais são elas, qual o seu conteúdo, preço, formade acesso e distribuição – não se encontram compiladas.

O projeto, descrito a seguir, teve como objetivo levantarinformações sobre bases de dados brasileiras nas áreasjurídica e financeira, sobre empresas e produtos, deestatísticas e indicadores econômicos, oportunidades denegócios, vocabulário, investimento, biográficas e basesde dados bibliográficas em área de interesse paranegócios, como administração e economia. As descriçõesdas bases de dados identificadas no projeto estãodisponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. Este artigo narra a metodologiautilizada para levantamento e descrição das bases dedados e analisa o conjunto das fontes de informaçãoobtidas e de seus produtores.

METODOLOGIAMETODOLOGIA

Resumidamente, a metodologia para coleta de dados sobreas bases consistiu dos seguintes passos:

1. criação de lista inicial de potenciais produtores debases de dados com base em revisão de literatura e outrasfontes pessoais;

2. pesquisa na Internet para identificação dos sites dasinstituições listadas no passo um;

3. varredura do site das instituições à procura de (a) basesde dados por elas produzidas e coleta inicial de dadossobre as bases; (b) indicações de outras instituições quepotencialmente poderiam estar produzindo bases dedados ou de outras bases de dados de informação paranegócios;

4. coleta de dados sobre as bases mediante opreenchimento de um formulário (descrito a seguir);

5. tentativa de confirmação e complementação dos dadosobtidos na Internet mediante contato direto, por e-mail,com a instituição produtora;

6. inclusão das outras instituições encontradas na listade potenciais produtores de bases de dados para posteriorvisita aos seus sites, repetindo para cada uma delas ospassos de 2 a 6;

7. criação do guia de bases de dados.

A seguir, apresenta-se uma exposição detalhada doprocesso de busca das informações visando aocompartilhamento da experiência, das decisões tomadase das dificuldades encontradas.

Definição da estratégia de busca e coleta deDefinição da estratégia de busca e coleta dedadosdados – Uma característica deste projeto foi o uso daInternet como principal fonte de informação. Supôs-seque as instituições que fornecem bases de dados comoum produto de informação proveriam descrições dasmesmas em seus sites e que, por meio de pesquisas naInternet, seriam obtidos mais dados do que por meio doenvio de questionários a uma lista predefinida deinstituições. Houve um processo de experimentação ede tentativa e erro até a definição da estratégia de buscaque melhor funcionaria.

Realizou-se, inicialmente, uma pesquisa em motores debusca com palavras-chave como “bases de dados”combinadas com termos que representavam uma área

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de conhecimento, por exemplo, “financeiras”,“estatísticas” e outras. Exceto para a área de informaçãojurídica, como será posteriormente comentado, essapesquisa revelou-se pouco produtiva. A exploração dediretórios nacionais como o Cadê também não semostrou profícua para identificar bases de dados deinformações para negócios. Em vista desse resultado,adotou-se a estratégia de buscar as bases de dados pormeio de sites de instituições que poderiam ser potenciaisprodutores de bases de dados, como, por exemplo,editoras e diversos órgãos do governo ou da iniciativaprivada. A compilação dessa lista inicial de potenciaisprodutores foi feita mediante revisão da escassa literaturasobre informação para negócios publicada nas revistasacadêmicas de ciência da informação, conversas comcolegas e verificação de jornais e revistas. Como resultadodeste trabalho, obteve-se uma lista de instituições e basesde dados que foi o ponto de partida para a pesquisa.

Uma pesquisa tendo por palavra-chave os nomes dosprodutores ou das bases de dados revelava o URLs dasinstituições produtoras. Nesta fase, foram utilizadosprincipalmente os motores de busca Altavista, Googlee Todobr. Iniciavam-se então a visita e a exploraçãodesses sites à procura de bases de dados ou da indicação,através dos serviços oferecidos, da existência de basesde dados internas que provavelmente eram usadas paraprodução desses serviços. Nesta fase, links, tais como“Produtos e Serviços”, eram especialmente visados. Ossites eram também explorados para a verificação deexistência de links para outros prováveis produtoresde informação para negócios, os quais eram, então,acrescentados à lista inicial de potenciais produtorespara posterior visitação.

Na área jurídica, a mais rica em informações eletrônicas,além da estratégia descrita anteriormente, funcionou apesquisa direta nos motores de busca com palavras-chavetais como “informação jurídica”, ou “bases de dadosjurídicas”, ou “links jurídicos”. Além dessa técnica,mostrou-se produtiva a exploração de portais jurídicoscomo o do Jus Navegandi e o site da OAB, que contêmextensas compilações de recursos.

A estratégia final de busca e coleta de dados consistiu,portanto, da combinação de (1) pesquisa em fontestradicionais de informação para identificar instituiçõesprodutoras, (2) pesquisa direta em motores de buscaseguida de (3) navegação e exploração de sites.

Elaboração do formulário de descrição das basesElaboração do formulário de descrição das basesde dadosde dados – As informações disponibilizadas na Internetsobre as bases de dados eram muito variadas em formatoe conteúdo, tornando necessária a definição de umformulário padrão para coleta de dados. Para uma decisãoinicial sobre as informações que seriam coletadas,utilizou-se um diretório tradicional de bases de dados, oGale Directory of Databases. Determinou-se também queinformações seriam ignoradas. Por exemplo: optou-se pornão se coletarem informações sobre recursos de buscaoferecidos pelo sistema, campos específicos dos registrosda base ou informações sobre o software utilizado paraacesso à base.

Para fins de padronização de uma variedade de formatosde dados, estabeleceu-se um vocabulário controlado paraalguns campos. Por exemplo, no campo “Forma dedisponibilização”, foram estabelecidos valores, tais comodisquete, intranet, CD-ROM etc. Já para o campo “Tempode cobertura”, estabeleceu-se que ele poderia conter asdatas de início e término dos dados-base ou o termo“variado”, quando um CD-ROM contivesse umavariedade de bases de dados. Os valores possíveis paraesses campos foram determinados ao longo da pesquisaà medida que as informações eram coletadas.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, notou-se queseria interessante a inclusão de novos campos nãoprevistos inicialmente, como caracterização do produtor,serviços de informação oferecidos fundamentados nasbases de dados, fonte da informação sobre os dados edata de coleta dos dados. Entretanto, por terem sidodefinidos a posteriori, incluíram-se estas informaçõesna descrição de poucas das bases. A versão final doformulário continha os seguintes itens:

1 - Nome da base de dados.Nome da base de dados.

2 - Conteúdo:Conteúdo: breve descrição do conteúdo da base dedados incluindo seu escopo e cobertura.

3 - Produtor:Produtor: nome e endereço completo para contato.

4 - Caracterização do produtor:Caracterização do produtor: este campo usouum vocabulário controlado para refletir o tipo doprodutor (público ou privado) e objetivo da atividade(lucrativo ou não lucrativo).

5 - Aquisição:Aquisição: nome e endereço da instituição quedisponibiliza a base de dados (que pode ou não ser amesma que o produtor).

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6 - Início da produção:Início da produção: data do início da produçãoda base de dados em forma eletrônica.

7 - Forma de disponibi l ização:Forma de disponibi l ização: meio dedisponibilização da base de dados, por exemplo, CD-ROM, Internet (neste campo usou-se um vocabuláriocontrolado, descrito adiante);

8 - Número de registros:Número de registros: quantidade de registros nabase de dados (por exemplos: número de registrosbibliográficos, número de empresas ou produtoscadastrados).

9 - Tipo da base de dados:Tipo da base de dados: tipo de informação contidana base de dados, por exemplo: bibliográfica, estatísticaetc. (neste campo usou-se um vocabulário controlado,descrito adiante).

10 - Cobertura tópica:Cobertura tópica: indica os assuntos quecaracterizam o conteúdo, forma ou uso potencial dainformação contida na base de dados, no nível de detalhefornecido pelo produtor da base de dados. No caso de abase cobrir vários assuntos, usou-se um asterisco paraindicar o assunto principal.

11 - Cobertura geográfica:Cobertura geográfica: indica a área geográficapara a qual a informação se aplica ou da qual foi derivada.Neste campo, usou-se um vocabulário controlado comos seguintes termos: internacional, nacional, regional,estadual e municipal. Algumas bases de dados podemter indicação de mais de uma área de cobertura geográfica(por exemplo: internacional e nacional).

12 - Tempo de cobertura:Tempo de cobertura: período coberto pelos dadosna base. Os tipos possíveis são:

• Data de início – Data de término:– indica que a base de dados contém documentos datadosno intervalo.

• Variada:– indica que o CD-ROM contém um conjunto de basesde dados com tempo de cobertura variado.

13 - Freqüência de atualização:Freqüência de atualização: freqüência com queos dados da base são atualizados. Neste campo usou-sevocabulário controlado que será descrito adiante.

14 - Serviços relacionados:Serviços relacionados: serviços fornecidos pelaorganização produtora a partir da base de dados, como,por exemplo, relatórios ou outros tipos de publicação.

15 - Observações:Observações: dados complementares sobre a basede dados fornecidos pelo produtor ou obtidos na Internet.

16 - Fontes das informações sobre a base de dados:Fontes das informações sobre a base de dados:de onde emanam as informações obtidas sobre a basede dados. Neste campo, usou-se um vocabuláriocontrolado com os seguintes termos:

• Internet/Site do produtor – Não confirmada:– indica que as informações foram coletadas e/ouinferidas do site do produtor. O produtor não respondeuao e-mail de confirmação dos dados.

• Internet/site do produtor – Confirmada pelo produtor:– indica que as informações foram submetidas aoprodutor por e-mail, sendo verificadas e confirmadas porele.

16 - Data da coleta de dados:Data da coleta de dados: data em que asinformações sobre a base de dados foram obtidas.

Coleta de dados e descrição das bases de dadosColeta de dados e descrição das bases de dados

Uma vez definidas as informações a serem coletadas,exploraram-se os sites das instituições produtoras naInternet para se preencher o formulário descritoanteriormente, da forma mais completa possível, paracada base de dados. Muitas dificuldades foramencontradas, e decisões tiveram de ser tomadas parapreenchimento do formulário. As bases de dados, namaioria das vezes, eram insuficientemente descritas. Àsvezes, algumas informações não diretamente localizadasforam inferidas dos textos descritivos das bases obtidosnos sites. Por exemplo: podia-se muitas vezes deduzir-seque uma base era do tipo texto completo, embora issonão estivesse claramente explicitado. Outras vezes, a partirda descrição, podia-se deduzir a cobertura tópica da base.

Outro problema surgiu com o uso de um formuláriopadrão para descrição de uma variedade de tipos de basesde dados. Nem todos os itens do formulário eram válidospara todos os tipos de bases. Tínhamos, por exemplo,bases de notícias, bases de séries estatísticas ou basesconstituídas por um conjunto de arquivos contendodiversos textos de legislação no mesmo CD-ROM.Campos, como número de registros, não se aplicavamàs bases de séries estatísticas e bases de coletâneas detextos de legislação. Já o campo cobertura geográfica nãofazia sentido no caso de uma base de dicionário. Optou-se por não incluir na descrição os campos que não seaplicavam.

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Ocasionalmente, surgiram decisões difíceis sobre o queconsiderar como uma base de dados, pois nem sempreas fontes de informações encontradas se enquadravamperfeitamente no modelo tradicional de bases de dadosestruturadas, constituídas de registros contendo campospadronizados. Por exemplo, freqüentemente no caso deinformações jurídicas havia CD-ROMs com um conjuntode arquivos de texto completo de uma variedade defontes. Entretanto, o CD-ROM possuía título único,como, por exemplo, Legislação Brasileira. Outras vezesera difícil determinar se certo produto deveria ser vistocomo base, serviço ou sistema de informação. Assim,foi necessária a definição de critérios para seleção. Parainclusão na lista, as bases de dados encontradas deveriam:

• ser produzidas no Brasil e ter, como foco principal,informações brasileiras;

• ter conteúdo tópico dentro de informações paranegócios. As categorias iniciais foram informaçãojurídica, informação sobre empresas e produtos,informação financeira, informação estatística eoportunidades de negócios. Essa lista de categorias foiajustada ao longo do projeto de acordo com as baseslocalizadas. Assim, foram posteriormente incluídas ascategorias de bases de dados bibliográficas, deinvestimento, biográficas e vocabulário;

• conter uma coleção de registros, uniformementeestruturados em campos e pesquisáveis. Exceções foram,entretanto, abertas:

– no caso de bases de dados jurídicas, uma coletânea dearquivos com texto completo de diversas obras reunidassob título único foi considerada uma base de dados;

– no caso de bases de dados estatísticas (por exemplo,veja-se a base do IBGE), um conjunto de tabelasdisponibilizadas via Internet ou por outro meio, aindaque os dados não tivessem uma estrutura constante, foiconsiderada uma base de dados.

Os dados foram coletados no período entre 1999 e 2001.

Confirmação dos dadosConfirmação dos dados

Após o preenchimento inicial do formulário com osdados obtidos na Internet, o mesmo era enviado,acompanhado de carta de apresentação do projeto, viae-mail, para o produtor da base de dados solicitando queo mesmo confirmasse as informações coletadas sobre abase e as corrigisse ou completasse quando preciso.

Um dos propósitos da coleta preliminar de dados naInternet era minimizar o trabalho do produtor parapreenchimento do formulário e maximizar aprobabilidade de retorno dos questionários preenchidos.Em algumas organizações de maior porte, houveproblemas para se identificar o departamento ao qual oe-mail deveria ser dirigido. Outro problema relativamentefreqüente era o não-entendimento pelo respondente dasinformações solicitadas, apesar da descrição do conteúdode cada campo.

Nos casos em que o questionário não foi devolvido,procurou-se confirmar os dados via telefone. Porlimitações de recursos para o projeto, esse procedimentoocorreu em poucos casos. Adicionalmente, na fase finaldo projeto, reenviou-se o e-mail inicial para todos osprodutores que não haviam respondido ao anterior, natentativa de se obter uma taxa mais alta de confirmações.

Ao final do projeto, enviou-se carta a todos os produtoresde bases de dados representadas no site comunicando oendereço do site e convidando-os a acrescentar ou corrigirdados sobre as bases de dados, caso necessário.

Produção do guia de bases de dados de informação paranegócios. O conjunto de informações obtidas foi usadopara elaborar uma descrição final das bases de dados.Eliminaram-se informações que não puderam serinferidas ou confirmadas. A partir das informaçõesobtidas, foi elaborado um site contendo todas asinformações coletadas na pesquisa. Este site estádisponibilizado para consulta na Internet com acessoilimitado no URL http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm.

RESULTADOSRESULTADOS

Obteve-se um total de 134 bases de dados que seenquadram na área de informação para negócios,conforme mostra a tabela 1.

TABELA 1Bases de dados de informação para negóciosBases de dados de informação para negócios

Número de bases de dadosPercentagem

Dadosconfirmados

6045

Dados nãoconfirmados

7455

TotalTotal

134134100100

Fonte: elaborada pela autora.

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

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Pelas limitações da metodologia adotada, não se podeafirmar que a relação de bases de dados obtida sejaexaustiva e sua descrição completa. A lista reflete as basesde dados cujos produtores tenham sido citados naliteratura de biblioteconomia e ciência da informaçãoou que tenham sido mencionadas em sites na Internet.Além disso, no desenrolar da pesquisa, constatou-se quenovas bases de dados aparecem com freqüência: sites deprodutores revisitados após alguns poucos meses jácontinham outras bases não incluídas inicialmente.

Deve-se ressaltar que, apesar de apenas 45% dosprodutores terem respondido aos e-mails paraconfirmação e complementação dos dados, como mostraa tabela 1, espera-se que estes estejam corretos, pois foramcoletados diretamente nos sites dos produtores. Assim,considerou-se que, diante da atual carência de informaçõessobre este tópico, este esforço representava umacontribuição para a área e que seria válido disponibilizartodas as informações coletadas durante o projeto, as quaispoderiam servir de ponto de partida para outrasiniciativas. Além disso, com os dados obtidos pode-seter uma idéia inicial de algumas características gerais doconjunto das bases de dados brasileiras de informaçãopara negócios, que serão apresentadas a seguir.

Bases de dados por categoria de informaçãoBases de dados por categoria de informaçãopara negóciospara negócios

Foram coletadas informações sobre nove categorias debases de dados que incluem bases de dados de informaçõesbibliográficas, sobre empresas e produtos, financeiras,estatística e indicadores econômicos, sobre oportunidadesde negócios, biográficas, de vocabulário e sobreinvestimentos. Como mostram as tabelas 2 e 3, as basesnão se encontram uniformemente distribuídas entre ascategorias de informação consideradas. A maioria das basesde dados está na área jurídica (64%), e todas as demaisáreas estão sub-representadas e carentes de bases de dados.

A seguir, apresenta-se descrição do conteúdo de cadacategoria. Mais informações, como endereço e URL dosprodutores, estão disponibilizadas no site FontesEletrônicas de Informação para Negócios (http://www.eci.ufmg.br/cendon).

Informações bibliográficas – Informações bibliográficas – As bases de dadosbibliográficas são bases de dados referenciais contendoliteratura sobre temas tais como empreendedorismo,literatura sobre pequenos negócios, educação equalificação profissional, economia, administração deempresas, contabilidade, comércio exterior, qualidade,

TABELA 2Bases de dados por categoria de informaçãoBases de dados por categoria de informação(exceto jurídicas)(exceto jurídicas)

Categoria deinformação

BibliográficasEmpresas eprodutosFinanceirasEstatística eindicadoreseconômicosOportunidade denegóciosBiográficaVocabulárioInvestimentoTotalTotalTotal (%)Total (%)

Dadosconfirmados

23

09

1

000

15153131

Dados nãoconfirmados

610

44

3

114

33336969

Total

813

413

4

114

4848100100

Fonte: elaborada pela autora.

TABELA 3Bases de dados jurídicas por categoria deBases de dados jurídicas por categoria deinformaçãoinformação

Categoria deinformação

DoutrinaLegislaçãoJurisprudênciaTramitaçãoVocabulárioTotalTotalTotal (%)Total (%)

Dadosconfirmados

3271320

454552%52%

Dados nãoconfirmados

6171323

414148%48%

Total

9442643

8686100%100%

Fonte: elaborada pela autora.

micro e pequenas empresas. Registraram-se oito basesbibliográficas, sendo que quatro delas são produzidaspelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresas (Sebrae), como mostra a tabela 4, a seguir.

Informações sobre empresas e produtos – Informações sobre empresas e produtos – Nestacategoria foram identificadas 13 bases de dados queincluem diretórios de escopo e tamanhos variados cominformações sobre empresas brasileiras, fornecedores,produtos, entidades de apoio a micro e pequenasempresas, assim como associações de classe (tabela 5, aseguir). Os dados incluem nome e descrição da empresa,endereço, lista e descrição de produtos e serviços, entreoutros. A Datamaq, produzida pela Abimaq, contéminformações sobre máquinas e equipamentos, tais comofabricante (informação cadastral), linha de produção porfabricante, assim como características técnicas pormáquina e equipamentos.

Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 2, p. 17-36, maio/ago. 2003

Beatriz Valadares Cendón

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TABELA 4Bases de dados bibliográficasBases de dados bibliográficas

Fonte: elaborada pela autora.

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

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TABELA 5Informações sobre empresas e produtosInformações sobre empresas e produtos

Fonte: elaborada pela autora.

Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 2, p. 17-36, maio/ago. 2003

Beatriz Valadares Cendón

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Informações financeiras sobre empresas – Informações financeiras sobre empresas – Foramidentificadas quatro bases de dados com informaçõesfinanceiras sobre empresas (tabela 6). Essas bases contêmdados cadastrais das empresas e podem conterinformações básicas sobre uma empresa como receitabruta, receita líquida, lucro operacional, ativo, passivo,patrimônio, capital, débitos em atraso e outrasinformações para decisões de crédito, sobre controleacionário, relatórios submetidos à CVM, demonstraçõesfinanceiras (Balanço Patrimonial, Demonstrativo deResultados e Demonstrativo de Origens e Aplicações deRecursos), entre outros.

Informações estat ís t icas e indicadores –Informações estat ís t icas e indicadores –Comparado com outros, este setor está relativamentebem representado, com 13 bases de dados (tabela 7, aseguir). São bases do tipo numérico ou estatístico,

TABELA 6Bases de dados financeirasBases de dados financeiras

Fonte: elaborada pela autora.

contendo indicadores econômicos, sociais, financeiros,políticos e administrativos em áreas como emprego,comércio exterior, preços, contabilidade social, serviços,finanças públicas, população, salário e renda, produção,consumo e vendas, contas nacionais, moeda e crédito,juros, câmbio e balanço de pagamentos. Podem ser usadaspara atividades de planejamento e pesquisa, estudo demercado ou para o conhecimento da realidade brasileira.São produzidas por órgãos do governo federal ou estadual,bancos, institutos de pesquisa, empresas privadas e pelaConfederação Nacional da Indústria (CNI). Por serem,em sua maioria, produzidas por instituições sem finslucrativos, são quase todas disponibilizadas gratuitamentevia Internet. Exceções são as bases produzidas pelo setorprivado, como as do CNI (Comex e Indicadoreseconômicos) e do Target (Brasil em foco).

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TABELA 7Informação estatística e indicadoresInformação estatística e indicadores

Fonte: elaborada pela autora.

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Oportunidades de negócios – Oportunidades de negócios – Nesta categoriaforam incluídas bases de dados que visam a auxiliaros empreendedores a identificar e desenvolveroportunidades de negócios. Quatro bases foramidentificadas, sendo três delas do tipo diretório e umaem texto completo (tabela 8). Dentre os produtores,destaca-se o Sebrae, responsável por três bases, as quaissubsidiam seus produtos e serviços. As bases Bolsa deNegócios, Bolsa de Negócios Turísticos, e Franquiasdependem dos próprios interessados para inclusão dosdados e estão disponibilizadas via Internet paraconsulta grátis. A Ponto de Partida é consultada apenasinternamente para consultorias específica.

Biográficas – Biográficas – Apenas uma base foi encontrada nestacategoria que contempla informações sobre perfisbiográficos de personalidades ligadas ao mundoempresarial. Personalidades em DestaquePersonalidades em Destaque (http://www.investnews.net/) é produzida pela Gazeta Mercantile disponibiliza, gratuitamente na Internet, informaçõesmais recentes veiculadas pela Gazeta a respeito depersonalidades em destaque.

Vocabulário – Vocabulário – A base de dados TesauroTesauro (http://www.cni.org.br/f-ps-tesauro.htm), produzida pelaConfederação Nacional da Indústria (CNI), contémvocabulário controlado nas seguintes áreas:economia, direito, tecnologia industrial, infra-

TABELA 8Bases de dados de oportunidades de negóciosBases de dados de oportunidades de negócios

Fonte: elaborada pela autora.

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estrutura (energia, transporte, telecomunicações),informática, administração, ação social e meioambiente. É disponibilizada via CD-ROM.

Informação para investimento – Informação para investimento – Foram encontradasquatro bases na categoria de informação parainvestimento (tabela 9). Elas contêm informaçõessocioeconômicas de municípios brasileiros, avaliação dastendências de investimentos de empresas, sistemas denotícias econômicas e análises e cotações (de ações,moedas e outras) em tempo real. Servem para subsidiardecisões de investimento.

Informação jurídica – Informação jurídica – A área jurídica responde por86 das 134 bases encontradas. Essas bases se dividemem doutrina, legislação, jurisprudência, tramitação dematérias e vocabulário (bases de dados de dicionáriosou tesauros jurídicos). Devido ao seu grande número epor merecerem análise em separado, não serão aquilistadas. Provavelmente existe uma gama de fatores que

poderia explicar a concentração de bases de dados naárea jurídica. Um destes fatores poderia ser o fato de aárea ser intensiva em informações. Vários dos elementosda cadeia de produtores de informação jurídica sãopotenciais produtores de bases de dados. Por exemplo,existe considerável número de editoras de literaturajurídica; muitas dessas se tornaram produtoras de basesde dados à medida que decidiram colocar suas obrasimpressas em formato eletrônico. Deve ter influenciadoa área também a liderança do Prodasen e SenadoFederal, extremamente atuantes como apoio aoCongresso Nacional e com facilidade de acesso afinanciamento para seus projetos. Devido ao Prodasen,a área já era servida por um conjunto de bases de dadosmuito antes que outros campos. Muitas das bases dedados são também produzidas por outros órgãos dogoverno, como a extensa rede de tribunais e assembléiaslegislativas estaduais.

TABELA 9Bases de dados de informação para investimentoBases de dados de informação para investimento

Fonte: elaborada pela autora.

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Bases de dados por tipoBases de dados por tipo

Abaixo estão definidos os tipos de bases de dadosencontrados:

• Vocabulário:Vocabulário:

– Dicionário: Dicionário: a base de dados contém lista de termos,particulares para determinada disciplina ou assunto, comverbetes explicativos.

– Tesauro: Tesauro: a base de dados contém lista hierárquica determos de vocabulário controlado, que descrevem osassuntos de documentos em determinada área. Contêmtambém relações entre os termos.

• Referência bibliográfica: Referência bibliográfica: a base de dados contémreferências bibliográficas de documentos (por exemplo:artigos de revistas, relatórios, patentes, dissertações, anaisde congresso, livros, itens de jornais, material jurídico).Pode incluir resumos.

• Texto completo: Texto completo: a base de dados contém o textocompleto de documentos (por exemplo: artigos derevistas, jornais, relatórios, material jurídico etc.). Osdocumentos são armazenados de forma a permitir apesquisa em cada palavra do documento.

• Texto completo com imagens digitalizadas: Texto completo com imagens digitalizadas: abase de dados contém os documentos originais em textocompleto (por exemplo: artigos de revistas, jornais,relatórios, material jurídico etc.). Os documentos sãoarmazenados em forma de imagens e não permitem apesquisa por palavra.

• Estatística e indicadores econômicos: Estatística e indicadores econômicos: a base dedados contém uma coleção de dados quantitativos enumérico-estatísticos. Representações de manipulaçõesestatísticas dos dados mostrando medidas ao longo dotempo de determinada variável são incluídas.

• Numérica: Numérica: a base de dados contém coleção de dadosnuméricos, incluindo quotações de ações, preços e outrosdados numéricos. Propriedades, estatísticas e sérieshistóricas são excluídas.

• Diretório: Diretório: a base de dados contém lista de endereçospara contato de pessoas, organizações, publicações,empresas ou outras entidades.

Estes tipos estão distribuídos entre as bases conformemostrado na tabela 10.

TABELA 10Bases de dados por tipoBases de dados por tipo

Fonte: elaborada pela autora.Observação: os dados totalizam mais de 100% porque as bases podemconter mais de um tipo de informação.

Na tabela 10, deve ser observado que algumas bases dedados contêm mais de um tipo de dado, razão pela qualos percentuais finais somam mais que 100%. Destaca-seque 78% das bases de dados jurídicas são em textocompleto e 17% na forma de referência bibliográfica. Jáentre os outros tipos de bases de dados, 40% sãodiretórios, 31% são numéricas. As bases de dadosnuméricas e estatísticas estão localizadas dentro dascategorias de Informações financeiras, de Investimentoe Estatísticas e indicadores econômicos, como era de seesperar. As do tipo diretório encontram-se nas categoriasInformação sobre empresas e produtos e Oportunidadede negócios.

Bases de dados por freqüência de atualizaçãoBases de dados por freqüência de atualização

Apesar de muitas instituições não terem respondido aoquestionário, informação sobre a freqüência deatualização constava de razoável número de sites, e foipossível compilar o dado para cerca de 66% das basespesquisadas. Observaram-se os tipos de freqüência deatualização abaixo descritos:

• Tempo real:• Tempo real: indica que os dados são atualizados emtempo real. Geralmente são bases de dados acessíveisvia Internet ou outros sistemas em rede.

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

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• Diária• Diária

• Diária (via Internet):• Diária (via Internet): indica que os dadossão atualizados diariamente e podem seracessados via Internet. Normalmente, nessescasos, existe uma base de dados correspondenteem CD-ROM que é publicada com umafreqüência menor.

• Quinzenal• Quinzenal

• Mensal• Mensal

• Bimestral• Bimestral

• Trimestral• Trimestral

• Semestral• Semestral

• Anual• Anual

• Irregular:• Irregular: indica que não existe um padrãoregular para atualização dos dados.

• Edições consecutivas:• Edições consecutivas: indica que os dadossão atualizados, mas sem freqüência definida.Foram classificadas dentro de EdiçõesConsecutivas, bases de dados que consistem do textocompleto de livros ou obras de referência para os quaisum novo CD-ROM é lançado apenas quando surge umanova edição da obra.

• Variada:• Variada: indica que existe mais de uma base de dadose que elas são atualizadas com freqüência diversificada.

A tabela 11 mostra como as bases de dados se distribuementre essas categorias.

Como pode ser observado na tabela 11, no caso dasbases jurídicas, a soma totaliza número maior que onúmero total de bases. A razão é que as bases podem serdisponibilizadas em mais de um suporte, e cada suportepode ter uma freqüência de atualização diferente. Porexemplo, uma base pode ser oferecida em CD-ROM evia Internet. A versão no CD-ROM é atualizadasemestralmente, por exemplo, enquanto a versão naInternet é atualizada diariamente (útil no caso de diáriosoficiais, por exemplo). Outras combinações são, porexemplo, uma versão anual em CD-ROM e uma mensalem disquete. Chama atenção o grande número de basesde dados atualizadas diariamente. Tal dado deve-se, talvez,à forma de coleta de dados desta pesquisa que privilegioubases oferecidas via Internet.

TABELA 11Bases de dados por freqüência de atualizaçãoBases de dados por freqüência de atualização

Fonte: elaborada pela autora.Observação: os dados totalizam mais de 100% porque as bases podem serfornecidas em mais de uma modalidade.

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Os produtores das bases de dadosOs produtores das bases de dados

Foram identificados 68 produtores de bases de dadosdistribuídos pelos estados brasileiros, conforme mostradona tabela 12, a seguir. São Paulo responde pela produçãode 38% das bases identificadas, seguido de Rio de Janeiroe Distrito Federal, ambos com 18%. Os outros estadosapresentam contribuições menos significativas, entre asbases levantadas nesta pesquisa.

A tabela 13, a seguir, mostra que 65% dos produtorestêm o domínio COM e apenas 19% têm o domínio GOV,indicando que, pelo menos no que tange às bases dedados de informação para negócios, o setor privado temassumido a sua produção, muitas vezes com finslucrativos.

Na categoria Órgãos do governo, foram incluídos todosos produtores de domínio GOV. Essa contém umacoleção heterogênea de organizações, tais comofundações (por exemplo, Fundação Centro deInformações e Dados do Rio de Janeiro – Cide),autarquias ligadas a ministérios (por exemplo, Embratur),bancos (por exemplo, Banco do Nordeste), órgãos ligadosa planejamento (por exemplo, Instituto de PesquisaEconômica Aplicada – Ipea), assembléias legislativas ou

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TABELA 14Tipos de organizações produtoras de bases de dadosTipos de organizações produtoras de bases de dados

Fonte: elaborada pela autora.

ministérios (por exemplo, Ministério do Trabalho eEmprego). Constituem 11% dos produtores na áreajurídica e 18% nas demais áreas. Destacam-se na área deinformação estatística e indicadores econômicos, queproduzem mais de 50% das bases. Órgãos do governomuitas vezes disponibilizam as bases gratuitamente,como, por exemplo, as bases de dados do IBGE, Caged,e Rais. Essas bases são riquíssimas fontes de informação,contendo dados coletados para fins diversos, mas, talvezpor serem gratuitas, não oferecem formas amigáveis deextração e visualização dos dados desejados.

Observou-se uma variedade de produtores: órgãos dogoverno, instituições comerciais, editoras, empresas deinformática, associações, empresas de consultoria,câmaras do comércio e outros. A tabela 14 apresentauma tentativa de categorização das instituiçõesprodutoras, com base no nome da organização. Observa-se que prevalecem empresas de informática (24%),editoras (18%), órgãos de apoio a empresas e indústrias(15%), empresas de consultoria (12%) e órgãos ligadosao governo (16%).

As características dos produtores estão relacionadas como tipo de bases de dados que produzem. Assim, muitaseditoras jurídicas que comercializam bases de dados,como, por exemplo, Editora Síntese, Lex Editorae Editora Saraiva, estão colocando livros, revistas,dicionários e códigos, antes impressos, em versãoeletrônica, muitas vezes com atualização viaInternet. Editoras de páginas amarelas, como aOESP Mídia, ligada ao jornal O Estado de SãoPaulo, produzem bases de dados de diretórios deempresas e serviços. Órgãos de apoio a empresase indústria, como a Confederação Nacional daIndústria (CNI), Federação das Indústrias doEstado de São Paulo (Fiesp), Serviço Brasileirode Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)e a Câmara Americana de Comércio (Amcham),produzem, principalmente, diretórios deempresas, bases de dados de oportunidade denegócios, bem como algumas bases bibliográficasde assuntos de interesse para negócios, tais comoempreendedorismo ou educação profissional. Nocaso das bases de dados de oportunidades denegócios, como a Bolsa de Negócios produzidapelo Sebrae e Bolsa de Negócios Turísticos daEmbratur, os dados são fornecidos pelas própriasempresas que se cadastram no site, o que poderesultar em baixa qualidade devido à falta decontrole na entrada.

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

TABELA 12Localização dos produtores de bases de dadosLocalização dos produtores de bases de dadosEstado

SPRJDFMGRGSPBSCPRPAPEESNão constaTotal

Número de produtores

261212432111114

68

%

38 %18%18%6%4%3%1%1%1%1%1%6%

100%Fonte: elaborada pela autora.

TABELA 13Domínio dos produtores de bases de dadosDomínio dos produtores de bases de dadosDomínioCOMGOVORGBRINFNETNão constaTotal

N441362111

68

%65%19%9%3%1%1%1%

100%Fonte: elaborada pela autora.

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A área jurídica, por ter características próprias,introduz algumas distorções nos númerosapresentados na tabela 14, como é mostrado natabela 15. As categorias de empresas especializadasem informática e informática jurídica (37%) eeditoras (32%), juntas, constituem 71% dosprodutores de bases jurídicas. Entretanto, perfazemapenas 5% dos produtores de bases nas demaisáreas. Excetuando a área jurídica, os maisimportante produtores de bases de dados são asconfederações e federações de indústria e órgãosde apoio à empresas (38%), órgãos ligados aogoverno (18%) e empresas de consultoria, comoDun and Bradstreet do Brasil, IBMEC, Serasa eCMA, (13%).

Na área de informação financeira, 50% das basessão produzidas por empresas de consultoria.Destaca-se também o jornal financeiro GazetaMercantil, responsável pela produção de trêsimportantes bases de dados nas categorias deinvestimentos, financeira e biográfica. Outrojornal, O Estado de São Paulo, também estárepresentado entre os produtores, por meio da editoraOESP Mídia, a ele vinculada.

Uma informação que seria interessante obter é o tipode organização que produz as bases (se órgão público ouprivado, com fins lucrativos ou não). Esta informaçãonormalmente não está disponível na página do produtor,e os dados sobre esse aspecto estão incompletos devidoao grande número de instituições que não responderamao questionário. Coletar esse dado fica como sugestãopara uma posterior atualização desta pesquisa.

Bases de dados por início da produçãoBases de dados por início da produção

Essa informação não consta em cerca de 50% das basesde dados, mas, como era de se esperar, os dados coletadosindicam que a maior parte das bases teve início deprodução nos anos 90 (tabela 16).

Bases de dados por forma de disponibilizaçãoBases de dados por forma de disponibilização

Inicialmente, esperava-se encontrar bases de dadosdisponibilizadas basicamente em CD-ROM ou viaInternet. Entretanto, foi encontrada uma variedade demodalidades de oferecimento dentro dessas duas grandescategorias, como se vê abaixo:

• CD-ROM (grátis com assinatura da revista): CD-ROM (grátis com assinatura da revista): osCD-ROMs são enviados sem custo, uma vez que o usuário

TABELA 16Bases de dados por início da produçãoBases de dados por início da produção

Fonte: elaborada pela autora.

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TABELA 15Tipos de organizações produtoras de bases de dadosTipos de organizações produtoras de bases de dados(comparação entre a área jurídica e demais áreas)(comparação entre a área jurídica e demais áreas)

Fonte: elaborada pela autora.

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adquira outro produto (na maioria dasvezes, esse produto é a versão impressado conteúdo do CD-ROM).

• CD-ROM (assinatura): CD-ROM (assinatura): os CD-ROMs são adquiridos medianteassinatura dos mesmos por um períododefinido (anual, semestral ou outros).

• CD-ROM (avulso): CD-ROM (avulso): os CD-ROMspodem ser comprados isoladamente, ouseja, não é necessário assinatura dosmesmos por um período definido.

• Internet (grátis – acesso total): Internet (grátis – acesso total): abase de dados está disponível na Internetcom acesso completo às informações.

• Internet (grát is – acessoInternet (grát is – acessolimitado): l imitado): a base de dados estádisponível na Internet, porém o acessoaos dados é restrito. Por exemplo, podemser disponibilizados via Internet apenasos dados do último ano.

• Internet (assinatura): Internet (assinatura): a base dedados está disponível na sua totalidadena Internet, porém o acesso requer umasenha de acesso e é pago.

• Internet (atualizações): Internet (atualizações): a base de dados énormalmente fornecida em outros meios (por exemplo,CD-ROM), e as atualizações mais recentes dos dados(em geral diárias) podem ser acessadas via Internet.

• On-lineOn-line : : a base de dados pode ser acessadaremotamente, via rede que não seja Internet.

• Via Via e-maile-mail: : a base de dados não é disponibilizadadiretamente para os usuários e só pode ser acessadamediante envio de e-mail solicitando consulta.

• Disquete: Disquete: a base de dados é fornecida em disquete.

• Cópia demonstrativa: Cópia demonstrativa: existe cópia grátis parademonstração/marketing da base de dados.

• Via consultoria específica (avulso): Via consultoria específica (avulso): a base dedados não é disponibilizada diretamente para os usuáriose só pode ser acessada mediante contratação de serviçosde consultoria do produtor da base.

• Via consultoria específica (assinatura): Via consultoria específica (assinatura): a basede dados não é disponibilizada diretamente para osusuários e só pode ser acessada mediante contratação deserviços de consultoria do produtor da base por umperíodo determinado.

TABELA 17Bases de dados por tipo de disponibilizaçãoBases de dados por tipo de disponibilização

Fonte: elaborada pela autora.Observação.: totalizam mais de 100% porque cada base de dados pode ser oferecida emmais de uma modalidade.

• Teleatendimento – grátis: Teleatendimento – grátis: a base de dados édisponível para consulta via solicitação por telefone.

• Disponível localmente: Disponível localmente: a base de dados é disponívelpara os usuários apenas nos recintos da empresaprodutora/disponibilizadora

• Intranet: Intranet: a base de dados é disponível na Intranetda empresa produtora.

A tabela 17 mostra o número de bases em cada grandegrupo.

Conforme observado no rodapé da tabela 17, os númerostotalizam mais de 100%, já que as bases de dados podemser oferecidas em mais de uma modalidade. Cerca de60% das bases de dados são disponibilizadas em CD-ROM e 57% via Internet, modalidade que deve continuarganhando espaço. Surpreende a quantidade de bases(16%) fornecidas via disquete na área jurídica e o baixofornecimento de cópias demonstrativas. As demaismodalidades de oferecimento não são expressivas.

Na tabela 18, a seguir, observa-se uma tendência defornecimento via CD-ROM na área jurídica (83%),enquanto nas demais áreas 75% das bases são fornecidasvia Internet.

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

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A tabela 19 apresenta os dados detalhados para as diversasmodalidades de oferecimento via Internet. Somando-seacesso total e acesso parcial, 33% do total das bases dedados são oferecidos gratuitamente via Internet, sendo

TABELA 18Tipo de disponibilização por categoria de informaçãoTipo de disponibilização por categoria de informação

Fonte: elaborada pela autora.Observação.: totalizam mais de 100% porque cada base de dados pode ser oferecida em mais de uma modalidade.

TABELA 19Oferecimento via InternetOferecimento via Internet

Fonte: elaborada pela autora.

que, na área jurídica, apenas 16% são grátis. Nas demaisáreas, essa porcentagem sobe para 59%. São responsáveispor esses altos índices as bases de dados de informaçãobibliográfica, estatísticas e diretórios de empresa.

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Bases de dados por coberturaBases de dados por coberturageográficageográfica

Como mostrado na tabela 20, 77% dasbases de dados em todas as categorias,exceto a jurídica, possuem coberturanacional. Merecem destaque tambémbases com cobertura estadual (17%) einternacional (15%). Esse dado não foiapresentado para a área jurídica já que76% das bases não apresentaram essainformação. Na tabela 20, os dadossomam mais que 100%, pois algumasbases são de cobertura nacional einternacional.

CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS

O diretório de bases de dados de informação para negó-cios, desenvolvido através desta pesquisa, soma-se a ou-tros esforços originados na Escola de Ciência da Infor-mação da UFMG (Montalli, 1994; Barbosa, 1994; Souza& Borges, 1996; Souza, 1996; Borges & Campello, 1997;Borges & Carvalho, 1998; Souza & Borges, 1999; Duarte,2000; Cendón, 2002) que tiveram o intuito de melhorconhecer a produção das informações para negócios pororganizações privadas e governamentais. Devido àmetodologia adotada, o diretório não é exaustivo. Refle-te as bases de dados mais freqüentemente referenciadasem páginas da Internet ou cujos produtores são citadosem textos da literatura sobre informação para negócio.A falta de padronização da terminologia na Internetcontribuiu para a dificuldade de se localizarem as bases.Por exemplo, nos sites apareciam termos e expressõescomo “bolsa de negócios” ou “cadastro de empresas”em vez de base de dados de empresas. Observou-se ain-da que, outras vezes, o site da organização produtora nãomencionava a base de dados propriamente, mas os ser-viços dela derivados. Ressalte-se também o dinamismodo setor: as informações nos sites podiam mudar rapida-mente, novas bases de dados apareciam, sites eramreestruturados, saíam do ar, informação sobre as basesde dados desapareciam. Supõe-se, conseqüentemente, queexistam muitas outras bases de dados não divulgadas naépoca da pesquisa ou que não apareçam nos sites comtal designação.

Apesar de todas essas dificuldades, a pesquisa revelouum número relativamente expressivo de bases. Assimcomo as descrições sobre as bases de dados na Interneteram, muitas vezes, insuficientes para o potencial usuário

TABELA 20Bases de dados por cobertura geográficaBases de dados por cobertura geográfica

Fonte: elaborada pela autora.Observação: totalizam mais de 100% porque cada base de dados pode ter mais de umenfoque.

determinar sua utilidade, na maior parte das vezes suadocumentação, que revelaria seu escopo, conteúdo eforma de utilização, é pobre ou inexistente. Embora nãose tenha analisado extensivamente detalhes das interfacesou recursos de busca oferecidos, pode-se afirmar, demaneira genérica, que a maioria não era dirigida paraos profissionais da informação. O mercado é voltadopara o usuário final, com interfaces simplificadas epontos de acesso limitados. Estão, como pode ser visto,disponibilizadas de forma dispersa. Seria interessanteque existisse no Brasil uma empresa distribuidora debases de dados, nos moldes do Dialog, que comprasse asbases de dados, disponibilizasse as mesmas por meio desistema unificado de acesso e busca e as divulgasse maisamplamente, permitindo assim que uma comunidademaior se beneficiasse das informações que estão sendocoletadas e organizadas.

É desejável que o diretório resultante desta pesquisa possaser um embrião para a criação de uma obra de referência,atualizada, com periodicidade regular, e abrangente,incluindo não só um número maior de produtores e suasbases de dados, como também mais informações sobreesses. Exemplos de outros dados interessantes de seremcompilados: caracterização mais aprofundadas dasempresas produtoras, como seu tamanho, tempo de atuaçãono mercado e faturamento; software utilizado na produçãodas bases de dados; serviços e produtos de informaçãogerados a partir das bases de dados.

Artigo recebido em 17-03-2003 e aceito para publicação em 27-03-2003

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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS

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Beatriz Valadares Cendón