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1 Professor Doutor Emanoel Francisco Pinto Barreto Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal, Brasil O processo de legitimação do jornalista no Brasil Resumo Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de cristalização profissional do jornalista no Brasil a partir de perspectiva que forma duo interexcludente: as tentativas estatais e patronais de governar a categoria e as ações legitimadoras da mesma, advindas do locus profissional. Temos, desta forma, a governança do jornalista como tentativa de estabelecimento de consenso disciplinado juridicamente para atendimento a alegadas razões sociais ou de Estado. Na via inversa, encontramos a busca de organização dos jornalistas, seja na consecução de reconhecimento enquanto categoria profissional, seja em atitude de resiliência a imposições e constrangimentos como prisões e censura. A observação da prática do jornalismo no Brasil revela quadro profundamente adstrito à questão da democracia como dado histórico, uma vez que, em seu processo de constituição, a experiência brasileira tem-se relativizado ao sabor e intercorrência de períodos de autoritarismo, sobrevindo outros mais próximos ao estado democrático. Como o exercício do jornalismo implica as mais variegadas manifestações de informação ou opinião, persistindo nestas um permanente sentido ou conteúdo ideológico – explícito ou jacente –, seu corpus tem experimentado convivência com o já enunciado interesse, que intenta estabelecer essa consensualidade restritiva adequando o coletivo profissional à ordem vigente – mesmo em períodos não-autoritários, com tentativa de desregulamentação. Palavras-chave Jornalistas, Jornalismo, Consenso, Governo, Ideologia

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O governo dos jornalistas

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Professor Doutor Emanoel Francisco Pinto Barreto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal, Brasil

O processo de legitimação do jornalista no Brasil

Resumo Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de cristalização profissional do jornalista no Brasil a partir de perspectiva que forma duo interexcludente: as tentativas estatais e patronais de governar a categoria e as ações legitimadoras da mesma, advindas do locus profissional. Temos, desta forma, a governança do jornalista como tentativa de estabelecimento de consenso disciplinado juridicamente para atendimento a alegadas razões sociais ou de Estado. Na via inversa, encontramos a busca de organização dos jornalistas, seja na consecução de reconhecimento enquanto categoria profissional, seja em atitude de resiliência a imposições e constrangimentos como prisões e censura. A observação da prática do jornalismo no Brasil revela quadro profundamente adstrito à questão da democracia como dado histórico, uma vez que, em seu processo de constituição, a experiência brasileira tem-se relativizado ao sabor e intercorrência de períodos de autoritarismo, sobrevindo outros mais próximos ao estado democrático. Como o exercício do jornalismo implica as mais variegadas manifestações de informação ou opinião, persistindo nestas um permanente sentido ou conteúdo ideológico – explícito ou jacente –, seu corpus tem experimentado convivência com o já enunciado interesse, que intenta estabelecer essa consensualidade restritiva adequando o coletivo profissional à ordem vigente – mesmo em períodos não-autoritários, com tentativa de desregulamentação. Palavras-chave Jornalistas, Jornalismo, Consenso, Governo, Ideologia

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Résumé Ce travail a pour objectif d’analyser le processus de cristallisation professionnelle du journaliste au Brésil, à partir de perspective qui forme un duo qui exclus: les tentatives d’état et patronales de gouverner la catégorie, et les actions qui les légitiment, venant du locus professionnel. Nous avons, de cette forme, la gouvernance du journaliste comme tentative d’établir un consensus discipliné de forme juridique pour répondre aux raisons sociales alléguées ou d’État.Sur le chemin inverse, nous trouvons la recherche d’organisation des journalistes, soit dans l’obtention de la reconnaissance en tant que catégorie professionnelle, soit dans l’attitude de résistance aux impositions et contraintes telles que la prison et la censure. L'observation de la pratique du journalisme au Brésilrévèle un cadre profondément attaché à la question de la démocratie comme un fait historique, une fois que, dans son processus de constitution, l'expérience brésilienne a été relativisé à la saveur et l’alternance de périodes d'autoritarisme, et d’autres plus proches de l'État démocratique. Comme la pratique du journalisme implique les manifestations d’information et d’opinion des plus variées, persistant dans un sens permanent ou contenu idéologique - explicite ou immobile - votre corpusa expérimenté le vécu avec le déjà énoncé intérêt qui prétend établir cette consensualité restrictive pour le collectif professionnelà ordre en vigueur - même pendant les périodes non-autoritaires, avec tentative de déréglementation. Mots-clés Journalistes, Journalisme, Consensus, Gouvernement, Idéologie

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Abstract This work aims to analyze the process of the journalist’s professional stuck in Brazil, by the perspective that develop two ways of excluding: the state-owned and employers companies try to control the category a lot, and its legitimating actions, coming from the professional environment. In this way we have the journalist’s control as a try to establish a disciplined consensus with law support to serve the social reasons’ allegations or State’s. In oppose we have the journalists’ search of organization, in the attainment that acknowledge them as a professional category, whether in resilience behavior about the impositions and embarrassments like arrests and censure. The journalism observation’s practice in Brazil reveals that deeply issue attached to the democracy issue as a historic data as much as its constitution process, the Brazilian’s experience’s been related to the will and intercurrent of the authoritarianism’s periods, over others closer democratic state. As the journalism practice implies on the most manifestation’s varieties of information or opinion, keeping on these permanent way or ideological content - explicit or recumbent -, its body has experimented living with the already showed interest that aims to establish that restrict consent prospering the professional group to the current order – even in non-authoritative with deregulation trying. Keywords: Journalists, Journalism, Consensus, Government, Ideology

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Introdução

A busca por legitimação social constitui marco para que uma categoria

laboral ganhe status de profissão. Isto implica aceitação de um saber esotérico adrede a

tal atividade e consequente confiabilidade social quanto à expertise, ministração e

privatividade desse saber teórico e sua prática. Tal situação, quando aplicada aos

jornalistas, nos remete à compreensão de que diferentemente de profissionais como

médicos e advogados, que tratam de casos idiossincrásicos – cada cliente é um só, com

sintomas e questões jurídicas específicas e intransferíveis, atendido em ambiente

privado e sigiloso, o jornalista atua “em aberto”. Assim, dirige-se a um público, ou seja:

volta-se potencialmente a um todo social, fração ou segmento desse todo. Disso decorre

a possibilidade de formação de opinião pública muitas vezes expressa em protestos,

marchas, pronunciamentos em redes sociais e outras manifestações de sociedade civil.

Desta forma, sua atuação assume conotações e consequências sociais bastante próprias,

de conteúdo marcadamente ideológico, que podem contrariar no todo ou em parte uma

determinada ordem. Surgem daí tentativas de lhe impor muitas vezes censura,

disciplinamento do exercício profissional, normas de conduta ou até mesmo coerção

física.

A questão do governar-se o publicista, o controle sobre a palavra impressa

levada a público é fato antigo e neste já atentava o erudito Tobias Peucer. Em 1690

apresentou em Leipzig, Alemanha, a primeira tese sobre os relatos de fatos novos e

correntes sob o título de De relationibus novellis (DIAS, 2004). Consentâneo com o

espírito da época enunciava a defesa da censura:

“[...] que não se insira nos periódicos nada que prejudique os bons costumes ou a verdadeira religião, tais como coisas obscenas, crimes cometidos de modo perverso, expressões ímpias dos homens que sejam graves para os ouvidos piedosos” (PEUCER, 2004: p. 23).

De outra parte vejamos o julgamento social do jornalista. Aqui como “pária

que a sociedade julga sempre em função de seus elementos mais indignos sob o ponto

de vista da moralidade” (WEBER, 1968: p. 8), a despeito de o exercício da atividade

exigir “tanta inteligência quanto qualquer outro trabalho intelectual” (WEBER, 1968:

p, 8). Temos aí três aspectos que historicamente têm orbitado a profissão: a censura, a

depreciação e a busca pelo reconhecimento social, essenciais à compreensão do ator

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jornalista enquanto corpus em processo de imersão meta-histórica: ao noticiar o fato

nele influi e torna a notícia fato também, estabelecendo com isso a comunicação como

momento circular. Desse complexo surge nosso objeto: expor, nas limitações deste

artigo, as manifestações de governança sobre os jornalistas e sua resiliência ao longo do

tempo histórico na construção de sua identidade.

1 Jornalistas versus Estado: “Dissolvam-se!”

A imprensa surgiu no Brasil em 1808 sob D. João VI, que fez instalar a

Gazeta do Rio de Janeiro, mantendo, porém, restrições a que circulassem outras

publicações como o Correio Brasiliense ou Armazém Literário dirigido por Hipólito

José da Costa. Este, devido à sua condição de editor sofreu perseguição que o levou a

exilar-se em Londres, onde editava o jornal que em seguida era enviado ao Brasil

(BAHIA, 1990). Ao que se percebe, o Estado tomava atitude precautória ao assumir o

lugar da voz pública, ou seja: jurisdicionava-se o pronunciamento do discurso tornando-

o paradoxalmente privativo do ente público-estatal. A autoridade controlava a liberdade

de expressão via imprensa como parte do processo de controlar a sociedade em si.

Mantinha-se uma espécie de política do silêncio como padrão de socialidade desejável

prescrevendo-se que o social deveria ser presuntivamente apolítico ou pelo menos

amorfo. Todavia, o processo histórico permitiu mudanças: o ascenso da burguesia, o

nascente capitalismo permitiram que se reduzissem o poderio e o controle do Estado.

“Poderosas forças econômicas empenharam-se [...] por debilitar esse controle – eram as forças do capitalismo em ascensão: o princípio da liberdade de imprensa, antecipado na Inglaterra, vai ser encontrado, então, tanto na Revolução Francesa quanto no pensamento de Jefferson, que correspondia aos anseios da Revolução Americana, sintonizando com a pressão burguesa para transferir a imprensa à iniciativa privada, o que significava, evidentemente, a sua entrega ao capitalismo em ascensão (SODRÉ, 1999: p. 2).

Em decorrência tardia desse marco temos historicamente, no plano nacional,

o registro de que a Associação Brasileira de Imprensa-ABI surgiu a 7 de abril de 1908

com finalidades assistencialistas. Realizou em 1918 o I Congresso Brasileiro de

Jornalistas cujo ponto alto foi a propositura de criação de curso prático de jornalismo

(SÁ, 1999). A primeira tentativa de sindicalização ocorreu em 1924. A entidade,

denominada Sindicato dos Trabalhadores de Imprensa, reuniria no Rio de Janeiro a

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instância germinal do sentimento de pertença e identidade. Segundo depoimento de

Henrique Dias da Cruz, um dos fundadores, tudo era feito às claras e com objetivos

eminentemente legalistas: criar entidade de classe para representar interesses

juridicamente tutelados. Todavia, uma tarde, durante reunião rotineira na União dos

Empregados do Comércio, que cedia suas instalações para tais, policiais desembarcam

de uma viatura e um delegado proclama: “Dissolvam-se! Não podem reunir-se!” (SÁ,

1999: p. 57).

Percebe-se que o intuito da ordem tem sincronicidade ideológica com o

gesto: a preservação de uma determinada hegemonia visando impedir no nascedouro a

organização de sujeitos com presumido embora improvável potencial contra-

hegemônico, dadas as características unicamente germinais da entidade. A necessidade

de disciplinamento do que fosse “ser jornalista” revelava um Estado interventor, uma

vez que, sendo o jornalista aquele profissional que poderia fazer a mediação entre a

sociedade e aquilo que acontece no mundo histórico, tornava-se exigência estatal

moldar essa atividade com a finalidade última de também moldar o social. Ou melhor:

já se moldava o social contido no ato mesmo de reunião dos jornalistas. Afinal é criado,

mas só em 1937, o primeiro sindicato setorial, em São Paulo (SÁ, 1999).

Ao longo do processo veremos no Brasil o Estado disciplinando a

categoria. O decreto 910, de 30 de novembro de 1938, na ditadura Getúlio Vargas,

definia: jornalista seria todo “trabalhador intelectual cuja função se estende desde a

busca de informações até a redação de notícias...” (BRASIL, 2012b). Exigia-se,

porém, para o exercício profissional, uma espécie de ficha ideológica: folha corrida na

polícia e prova de não responder a processo ou não ter sofrido condenação por ato

contra a segurança nacional (SÁ, 1999). A regulamentação, ao que parece, visava muito

mais identificar possíveis suspeitos – e prevenir seus movimentos – do que garantir

direitos; estabelecer, a partir daqueles atores sociais, um certo repertório noticioso

favorável ao governo, não categorizar sujeitos num coletivo de pertença profissional.

Visava-se o conteúdo simbólico pelo enquadramento de seus formuladores. O governo

Vargas notabilizou-se, na fase conhecida como Estado Novo (1937 a 1945), pela

repressão à liberdade de imprensa. Tal atividade ficou a cargo do Departamento de

Imprensa e Propaganda-DIP, que funcionava também como um ministério da

propaganda, assemelhado ao nazi-fascismo. Cumpria papel estratégico na administração

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da visibilidade/legitimação do getulismo, até ser extinto a 25 de maio de 1945 (FGV1,

2012). A extinção do órgão deu-se, entretanto, em meio às formas habituais que cercam

os processos ideológicos, via ocultação e autonegação. Foi assim que, com o fim da

primeira era Vargas, tornou-se necessário dar ao DIP desfazimento natural pelo mero

esquecimento dos nomes de intelectuais e funcionários que dele participaram. Sua

história, pelas próprias condições da época, não foi revisitada logo após o Estado Novo.

Ao invés, foi opacificada e

“tendeu a ser apagada como trauma ou equívoco da nossa vida intelectual. [...] Extraviaram-se os arquivos do órgão, desapareceram 10.000 volumes de sua biblioteca, e seus funcionários e colaboradores foram relocados. O D.I.P. se configura, virtualmente, como um monstro alienígena que desceu no país, escravizou sua voz, gestos e imagens e partiu um dia, levando tudo o que utilizou (PAULO, 1987: p. 100)

O Getúlio dos anos 50 iria desempenhar, em seu segundo período de

governo, feição democrática. Esta teve início a 31 de janeiro de 1951 e término dia 24

de agosto de 1954, quando suicidou-se. Ao longo daquela fase chegou a ter um jornal

inteiramente a seu dispor, o Última Hora. O órgão fora financiado com apoio

governamental, sob a direção do jornalista Samuel Wainer (WAINER, 1987). O

profissional assumiu a condição de proprietário e intelectual orgânico. Não era a

censura ou qualquer forma de restrição jurídico-administrativa: era o aparelhamento da

imprensa por concessão da própria imprensa dentro de um jornal vitorioso.

“Os ingredientes da receita do sucesso se foram juntando aos poucos, e quase todos resultaram do instinto jornalístico que a equipe de Última Hora indiscutivelmente possuía. A criação da seção ‘O dia do presidente’, por exemplo, foi considerada genial mesmo por meus adversários. Essa seção mudou para sempre os critérios que orientavam a cobertura do que ocorria na sede do governo. Desde os tempos do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, que remetia aos jornais as notícias que interessavam ao governo e proibia a divulgação de tudo o que considerasse inconveniente. [...] A seção invariavelmente trazia informações precisas, historietas humanas, acontecimentos engraçados, eventualmente furos (WAINER, 1987: p. 144).

A mudança de critérios noticiosos revela até onde pode penetrar a

administração do jornalista pelo Estado. Ao visto, chegava-se a moldar ou pelo menos 1 Fundação Getúlio Vargas

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influir na cultura profissional, com a definição do que seria acontecimento noticiável.

Ao tornar humanizada a figura presidencial esta ganhava status de valor/notícia e

repercussões político-ideológicas, segundo criteriosa programação. Observa-se que, no

tempo histórico até aqui registrado, a legitimação do jornalista e do jornalismo mais se

atinham a uma situação adequada ao Governo que a uma ação de sujeito coletivo.

Ficava o jornalista na condição de pequeno intelectual orgânico, soluto na massa

redacional salvo a exceção de Samuel Wainer, inexistindo mobilização maior em torno

do fortalecimento categorial.

2 A ditadura de 64

O desfecho do golpe de 1964 veio encontrar o jornalismo brasileiro em fase

mais profissionalizada e organizada. Seja pela presença de sindicatos seja pela

existência de cursos universitários. Nesse período a governança sobre os jornalistas se

fez de forma diversa do getulismo, ciclo em que o ditador assumira a condição de “pai

dos pobres”. Desvestidos do carisma getuliano os generais de 64 se dirigiam à imprensa

via crescente censura e inflexível domínio, chegando à violência. Em sociedade bem

mais complexa que aquela do período pregresso, mais intensos foram os meios de

coerção e silenciamento. O período ditatorial pode ser assim representado:

“Durante o governo Castello Branco2 a coerção do regime teve a marca da ambiguidade do marechal. Através dos instrumentos da ditadura, jornalistas foram cassados e perseguidos em inquéritos intimidadores. Ainda assim, a soma de todas as pressões que exerceu sobre jornais e emissoras é insuficiente para eliminar o fato de que preservou uma liberdade de imprensa seletiva, graças à qual o Correio da Manhã3 conduziu a campanha contra a tortura. O mesmo se pode dizer do marechal Costa e Silva, em cujo governo Carlos Marighella publicara o texto “Algumas questões sobre a guerrilha” na solene edição dominical do Jornal do Brasil. A ambiguidade terminou na noite de 12 de dezembro de 1968 quando o general Jayme Portella de Mello determinou à Polícia Federal que se preparasse para calar as emissoras de rádio e televisão e enviar censores aos jornais do Rio e de São Paulo. Era o prelúdio da missa negra que decretaria o AI-54 (GASPARI, 2002: p. 211).

2 Primeiro ditador empossado. 3 Jornal do Rio de Janeiro 4 Instrumento jurídico que deu forma institucional à aplicação do arbítrio estatal

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Durante os períodos ditatoriais “[...] a Imprensa brasileira introjetou a

censura em seu cotidiano e fez nascer a autocensura em seus profissionais” (SÁ, 1999:

p.64). Frente a isso percebemos como o Poder atuou: pela recidiva histórica de um

processo de censura manifesto em duas ditaduras. Estas a naturalizaram, passando a

censura a ser comportamento normalizado, socializado, racionalizado e vivido nas

redações. Isso se adéqua aos pressupostos foucaultianos em sua análise sobre a

microfísica do poder: o poder como relação social, eficaz e cotidiana, exercitado após

ser introjetado e “[...] tendo existência própria e forma específica ao nível mais

elementar” (MACHADO, 2005: p. XII). A consequência prática dessa interação

naturalizada é a legitimação de um determinado estado de coisas como circunstância

social desejável, sugerindo que não houvera imposição dado que a imposição se

ocultara pelo próprio fato de ser vivida como regra. Desta forma o poder, em sua

manifestação prática, estabelecia o padrão identitário ideal à época ditatorial, fosse ela

qual fosse. Para mudar tal quadro seria necessário aos jornalistas capacitar-se para lutar

“dentro” da própria categoria, uma vez que as relações de poder haviam migrado do

centro estatal e se difundido no cerne ideológico dos sujeitos. Ou seja:

“[...] esse caráter relacional do poder implica que as próprias lutas contra seu exercício não possam ser feitas de fora, de outro lugar, do exterior, pois nada está isento de poder. Qualquer luta é sempre resistência, dentro da própria rede de poder [...].” (MACHADO, 2005: p. XIV). De outra forma: “[...] somos obrigados pelo poder a produzir a verdade, somos obrigados ou condenados a confessar a verdade ou a encontrá-la. O poder não para de nos interrogar, de indagar a busca da verdade, profissionaliza-a, e a recompensa” (FOUCAULT, 2005: p. 180).

O processo de luta acima mencionado pode ser encontrado em dois

episódios ocorridos na Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais-Fenaj, fundada

a 20 de setembro de 1946 (SÁ, 1999). A entidade, em duas oportunidades, foi dirigida

por juntas governativas. A primeira em 1961, quando houve empate em eleição. A

segunda deu-se dia 30 de junho de 1964, quando a Fenaj era dirigida por Newton

Stadler de Souza. A junta foi instituída por decisão do Conselho de Representantes,

depondo-se a presidência. Com a aplicação do golpe militar surgiu a oportunidade de

queda da diretoria. Isto se deu com o apoio de Alberto Schtirbu, jornalista argentino que

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recebia financiamento da Central Intelligence Agency-CIA e tinha influência na Fenaj

por ser representante da Federação Interamericana de Organizações dos Profissionais de

Imprensa, financiada pela CIA (SÁ, 1999). O documento que justificava a intervenção

enunciava que a Fenaj estava envolvida em atividades “político-ideológicas”, “não se

interessava pelas questões da categoria”, mantinha “ligações com o Comando Geral dos

Trabalhadores-CGT”, e tinha “inspiração comunista”. Finalizava da seguinte maneira:

“O ilustre Chefe da Nação, Marechal Castello Branco, tem acentuado a necessidade de profundas reformas nos quadros da vida nacional. Essas reformas devem atingir também o sindicalismo brasileiro, para que ele se liberte do peleguismo e de espúrias vinculações (SÁ, 1999: p. 212).

O declaratório parece confirmar a compreensão foucaultiana relativa às

relações no microcosmo relacional. Aqui podemos encontrar, agregado ao discurso dos

profissionais o discurso do ditador ao estimular “profundas reformas”. Percebemos o

discurso ditatorial acatado e reproduzido como fala categorial postiça, em nítido

processo de descaracterização corporativa. Com isso o texto sugere serem daqueles e

não do general o pronunciamento que estabelece o seguinte parâmetro: a

“responsabilidade” de os jornalistas se vigiarem mutuamente a fim de evitar as

“ligações espúrias”. Ou seja: os sujeitos produziam e metabolizavam a verdade que

interessava ao momento, como se eles e não um comando externo, tivessem descoberto

a importância de um avanço no sindicalismo para ser liberto do peleguismo.

Quanto ao uso da violência o caso mais marcante e iconizado deu-se com o

jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura a 25 de outubro de 1975, mas apresentado

como suicida pelo aparelho policial-militar (MARKUN, 2005.) Os registros históricos

dessa governança pelo terror mostram como integrantes da categoria eram atingidos

diretamente: a repercussão interna corpore de prisões e interrogatórios fixava um perfil

de subsunção, existindo porém, em nível elementar, um difuso processo de não-

assentimento e de indignação. Esta afinal veio a público junto com repúdio nacional à

morte do jornalista, quando a categoria promoveu um culto inter-religioso – Vladimir

era judeu – que reuniu católicos, protestantes e judeus na catedral de São Paulo, com

extraordinária repercussão.

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3 A imprensa alternativa

Esse tipo de jornalismo surgiu em reação à censura que estabeleceu aos

jornalistas um estreito território de ação. Temos aqui manifestação de resiliência,

quando segmento da categoria se reúne em jornais distanciados da chamada grande

imprensa para fazer críticas irreverentes e mordazes ao governo ou promovendo

análises aprofundadas do quadro instalado.

“[...] entre 1964 e 1980 nasceram e morreram cerca de 150 periódicos que tinham como traço comum a oposição intransigente ao regime militar. Ficaram conhecidos como imprensa alternativa ou imprensa nanica. A palavra nanica, inspirada no formato tablóide adotado pela maioria dos jornais alternativos, foi disseminada principalmente pelos publicitários, num curto período de tempo em que eles se deixaram cativar por esses jornais. [...] Já o radical de alternativa contém quatro dos significados essenciais dessa imprensa: o de algo que não está ligado a padrões dominantes; o de uma opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; o de única saída para uma situação difícil e, finalmente, o do desejo das gerações dos anos 1960 e 1970, de protagonizar as transformações sociais que pregavam (KUCINSKI, 2003: p. 13).

A tais circunstâncias poderíamos acrescentar que esta imprensa representou

uma forma de dissenso. Tanto no que diz respeito ao repúdio à falta de liberdade de

expressão, quando ao que refere à tentativa do Estado para a desarticulação do jornalista

enquanto coletividade e sujeito encarregado de fazer mediações e relatos históricos. De

certa forma realizou até mesmo o papel, subjacente e não-pretendido, de englobar a

defesa vicinal da chamada grande imprensa – que havia apoiado o golpe, mas fora por

este atingida com a instauração da mesma censura que chegara aos tabloides.

“Quaisquer notícias ou referências à própria censura também eram rigorosamente

censuradas” (SMITH, 2000: p. 102).

Os jornais alternativos assumiam padrão veemente em favor da restauração

da democracia, cobravam respeito aos direitos humanos e criticavam o modelo

econômico. “Inclusive nos anos de seu aparente sucesso, durante o chamado ‘milagre

econômico’, de 1968 a 1973. Destoavam, assim, do discurso triunfalista do governo

ecoado pela grande imprensa. Opunham-se por princípio ao discurso oficial

(KUCINSKI, 2003: p. 14). Podemos perceber na ação da imprensa alternativa a abertura

de um espaço social voltado ao questionamento do statu quo, manifestando-se numa

forma de sociedade civil, espaço de dissídio, não-alinhamento. Basicamente havia dois

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tipos de jornais alternativos: aqueles de conteúdo eminentemente político, dogmáticos,

pedagógicos e foram expressos em títulos como Opinião, Movimento e Coojornal, que

tinham como base a valorização do popular e do nacional; e os que tinham suas origens

no movimento contracultural norte-americano, voltando-se à crítica de costumes e do

moralismo da classe média. O Pasquim, neste segmento, foi o mais representativo.

Adotou o underground norte-americano como modelo e inovou em linguagem, repropôs

hábitos e valores e empolgou a juventude (KUCINSKI, 2003). A primeira edição saiu

dia 26 de junho de 1969. “Jaguar5 queria uma tiragem de dez mil exemplares. Os

outros6 mais otimistas, decidiram por vinte mil. Esgotou-se” (BRAGA, 1991: p. 25).O

jornal fala de temas como futebol, cinema, música. O cartunista “Henfil agride, com os

Fradinhos, a moral de classe média. O termo bicha torna-se de uso corrente. Sendo

caracterizado legalmente como jornal não recomendável para menores, a partir do

número 60 a capa passa a indicar ‘Recomendável para maiores de 16 anos’”(BRAGA,

1991, p: 25). Na microfísica de suas relações a redação metamorfoseia a concepção

foucaultiana: o processo de poder, de controle, de redução dos sujeitos à norma

coercitiva, se transforma no que era chamado de “fase dionisíaca” do jornal, quando O

Pasquim, que não se pretende uma empresa, mas um grupo de amigos, uma “patota”,

transforma suas páginas em espaço no qual todos se discutem bem-humoradamente,

trocam mensagens pelas páginas edição após edição e com isso, de alguma forma,

defrontam a ordem (BRAGA, 1991).

Os problemas com o Estado tiveram seu marco a partir de 26 de janeiro de

1970, com o Decreto-lei 1077, que institui a censura prévia. A edição 34, dia 12 de

fevereiro, dá ao jornal oportunidade de reafirmar suas posições anárquicas com o artigo

“O sexo do Pasquim”, repudiando o Decreto-lei. O número 39 do jornal sai com o

seguinte indicativo: “Este número foi submetido à censura e liberado” (BRAGA, 1991:

p: 35). Afinal, a 1º de novembro daquele ano quase toda a equipe é presa, com posterior

liberação. Enquanto durou a censura prévia o jornal sofreu seus efeitos (BRAGA,

1991).

Como órgão referencial do jornalismo alternativo de conteúdo político-

analítico tomemos Movimento, surgido a 7 de julho de 1975 e formado por jornalistas

saídos de outro semanário, o Opinião. Fora em protesto ao afastamento de Raimundo

5 Cartunista, um dos editores 6 Membros da equipe

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Pereira da direção do jornal, por decisão do proprietário Fernando Gasparian. Da mesma

forma que O Pasquim, o jornal sofreu censura: ou seja, o leque da repressão volta-se

desde a típica irreverência caricatural até a abordagem crítico-interpretativa. Quando de

seu encerramento, a 23 de novembro de 1981, o semanário fez uma edição especial

relembrando sua participação na resiliência à ditadura. Movimento esteve sob censura

durante 153 semanas, o que se deu desde o seu lançamento até o fim da censura. Esta

permanecia apenas sobre aquele jornal além de Tribuna da Imprensa e O São Paulo.

Nesse período foram cortados em Movimento 3.093 artigos na íntegra, 3.162 ilustrações

e uma média de 45 milhões de palavras (AQUINO, 1999).

Aspecto digno de nota é que, como forma de fixar perfil profissional esse

jornalismo experienciava a aversão ao lucro, objetivando a preservação identitária do

jornalista enquanto trabalhador e somente enquanto tal: o jornal não era entendido como

empreendimento lucrativo, mas como espaço social dissentâneo.

“Quando O Pasquim começou a vender mais de cem mil exemplares por semana, gerando grande lucro, e surgiu a oportunidade de comprar a preço de ocasião as gráficas do Grupo Feitler, no Rio de Janeiro, Jaguar recuou, assustado com a perspectiva de se tornar patrão7 (KUCINSKI, 2003: p. 15).

Como enfatiza Kucinski (2003), o jornalismo alternativo representou uma

tomada de posição de jornalistas e outros intelectuais ante o ascenso da ditadura,

cristalizando em segmentos da categoria um modelo ético-político. A incapacidade de

profissionalização enquanto empresa fragilizou-os, levando-os ao fim.

4 Desregulamentação e crise de identidade

“A profissão de jornalista no Brasil foi regulamentada pelo Decreto nº

83.284 de 13 de março de 1979, mas o STF8 suspendeu a eficácia da exigência do

diploma contida no decreto, por considerá-la inconstitucional” (JORNALISTA, 2012).

Em 1969 o regime ditatorial também havia disciplinado o exercício profissional

7 Negrito nosso. 8 Supremo Tribunal Federal

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editando o decreto-lei 972 que exigia diploma de curso superior, folha corrida na polícia

e registro nas Delegacias do Ministério do Trabalho.

O recurso que permitiu o fim do diploma fora proposto pelo Sindicato das

Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo-Sertesp e Ministério Público

Federal (PEREIRA, 2012). A decisão nesse sentido foi tomada a 17 de junho de 2009.

Com a desregulamentação instaurou-se confronto entre a categoria e as empresas,

acusadas de buscar a criação de um exército de reserva com salário aviltado. Além

disso, manifestações de profissionais e entidades jornalísticas como a Federação

Nacional dos Jornalistas-Fenaj, Associação Brasileira de Imprensa-ABI, além da Ordem

dos Advogados do Brasil-OAB, entendiam que tal quadro implicava em clara

desmobilização, com notório enfraquecimento dos sindicatos.

“O Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quarta-feira, 17 de junho, pela não obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista. Assim, qualquer pessoa, independente de sua formação, poderá exercer o Jornalismo, mesmo que tenha apenas curso primário. Pior ainda, as empresas jornalísticas poderão contratar e colocar nos cargos de repórter ou editor os seus afilhados pessoais, compadres e apadrinhados políticos, independente do preparo da pessoa para a responsabilidade destas funções” (MOTTA, 2012).

Sérgio Murillo de Andrade, Presidente da Fenaj, dizia: “A qualidade da

formação do jornalista, tendo esta como pilar principal a graduação em curso

específico de nível superior, tem sido uma das grandes preocupações e aspirações dos

jornalistas brasileiros” (ANDRADE, 2007). No STF, o relator da matéria, ministro

Gilmar Mendes, defendera seu ponto de vista contra o diploma dizendo que a despeito

de ser importante a preparação técnica do jornalista, esta deveria ser equiparada aos

cursos de culinária, moda ou costura, nos quais o diploma não é requisito básico para o

exercício da profissão (UOL, 2012). A exigibilidade de diplomação voltou a vigorar,

mas em caráter ainda precário, a 30 de novembro de 2011, com a aprovação em

primeira votação, pelo Senado, da Proposta de Emenda à Constituição nº 33 de 2009,

apelidada de PEC dos Jornalistas (BRASIL, 2012a). O processo exige que o assunto

seja novamente votado no Senado no início de agosto9 e a posteriori na Câmara dos

9 Era esta a previsão, à data em que redigíamos este artigo.

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Deputados. O debate em torno do assunto fez convergir a um mesmo veio questões

relativas à qualificação técnica, formação ética e cultural, defesa da privatividade de

exercício profissional, bem como fortalecimento da categoria.

Outro aspecto a ser levado em conta na legitimação do jornalista diz

respeito ao cerne categorial, à autoidentidade: encontra-se aí cisão identitária entre um

suposto missionarismo – que supõe dedicação e doação, portanto intensa e afetiva

subjetividade no exercício profissional – e os ditames do jornal-empresa. Temos a

notícia como bandeira versus notícia-produto, ficando esta vinculada ao ato mercantil

que a cerca e pressupõe sua industrialização. Ou seja: o dilema diz respeito ao senso

comum dos jornalistas e refere o confronto íntimo que surge da obrigação laboral de

preparar um produto ideológico e a intenção de gerar um produto ético. Isto se dá uma

vez que a cultura reducionista das redações entende que seu trabalho se volta ao social,

é refratário à ideologia e assim o jornalista sente que está “do lado certo”. Desta forma a

presença da ideologia na atividade é tida como inexistente, pois sinceramente

obnubilada pela ética e pela objetividade presuntivamente experienciadas na

cotidianidade de representar o mundo. Consequentemente, a ideologia somente

aportaria aos textos porque a empresa o exige e somente por isso; jamais enquanto

intenção íntima do jornalista, mas como produto selado com o imprimatur ideológico-

mercantil do jornal. Diante disso e sendo os jornais empresas que trabalham segundo os

critérios do lucro, aprofunda-se o dilema:

“[...] o que pode servir de diretriz ao trabalho de jornalistas quando as grandes bandeiras já não existem? Que ideais poderão dar uma lógica, um contexto, um sentido às suas ações – à sua investigação do bom e do justo – se o mundo, como um todo, perdeu suas orientações e ficou entregue a si mesmo como uma embarcação sem bússola?” (MARCONDES FILHO, 2002: p. 55).

Assim a questão do autorreferente assume importância, uma vez que agora

trata-se da identidade questionada “de dentro”, especialmente quando os preceitos

mercadológicos propugnam pelo máximo esforço no sentido do produto vendável e

fidelização de mercados, chocando-se com o ideário missionário coletivo. O

entendimento do jornalismo como serviço ao público, em última instância a defesa do

interesse social, conflita-se com o interesse mercadológico da empresa. Chega a tornar

indefensável a defesa da profissão como anteparo de valores constantemente atingidos

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por atos de corrupção e violência – contra a mulher, os desfavorecidos, os discriminados

de todos os tipos. A depender da linha editorial, o assunto poderá ser simplesmente

ignorado ou justificada a sua prática num brilhante editorial. Nesse instante o

profissional se questiona a respeito da contraposição entre verdade e versão e se percebe

num mundo onde o jornal em vez de narrar os fatos com um sentido ético, torna-se parte

do seu simulacro – e aquele se questiona a respeito do sentido do seu fazer.

Considerações finais

A partir do enfoque tomado neste artigo temos que o exercício da profissão

de jornalista tem sofrido historicamente pressões de forma a moldar a categoria “de

fora”, buscando torná-la não idêntica em si, mas idêntica ao que dela se espera como

força ideológica coadjuvante. O objetivo adventício é constituí-la em identidade

instituída, não identidade identificada consigo – institucionalizada enquanto tal e

fundada em ethos próprio. Isso pôde ser percebido desde as referências que fizemos à

fase primal, passando por imposições de governos ditatoriais até chegarmos à última

etapa, manifesta na tentativa de desregulamentação e processo de mercadorização da

notícia. Assim, temos que a legitimação do jornalista no Brasil ainda se processa uma

vez que forças político-ideológicas intervêm na tentativa de moldá-la a interesses

externos. Isto, todavia, encontra resiliências uma vez que tudo é processo e resulta

dinâmico, inacabado e se mantém permanente em sua perfectibilidade. Revelou-se que a

despeito da censura e das pressões do Estado, seguindo-se a tentativa de

desregulamentação há um sentido de corpo e a defesa do que seja ser jornalista

contribuindo para a continuada consolidação corporativa e autorreconhecimento.

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