barreiras nÃo tarifÁrias no comÉrcio internacional de equinos vivos
TRANSCRIPT
1
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - USP
Departamento de Economia, Administração e Sociologia.
BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL DE EQUINOS VIVOS.
Renato Morelli Patrício
Engenheiro Agrônomo
Orientador: Profº Dr. Roberto Arruda de Souza Lima, ESALQ/USP
Piracicaba, novembro de 2010
2
Índice
Resumo/Abstract 3
1. Introdução 4
2. Revisão bibliográfica 5
3. Metodologia 9
4. Resultados 11
5. Conclusão 15
6. Referências 16
3
Resumo.
O presente trabalho esta focado no comércio internacional e no
comportamento das exportações sobre o efeito das mesmas. Para o mercado em
questão, o comércio de eqüinos brasileiros estão em crescimento, porém sem estudos
na área, sendo um dos objetivos do estudo compreender as características desse
comércio. Dispondo do banco de dados da WTO e de valores de exportações da FAO, o
autor utiliza índices estatísticos, o Índice de Freqüência (IF) e Cobertura de Comércio
(IC), para avaliar o efeito das notificações sobre as exportações. Nos resultados
encontrados pode-se observar que os altos percentuais de IF e IC demonstram que os
cavalos brasileiros são competitivos no mercado internacional e que os produtores por
sua vez estão melhorando seus produtos.
Abstract.
The present work is focused on international trade and export performance on
the effect of them. For the market in question, the trade in Brazilian horses are
growing, but there isn’t studies in the area, being one of the objectives of the study to
understand the characteristics of this trade. Featuring the database of the WTO and
export values of FAO, the author uses statistical indices, the Frequency Index (IF) and
Coverage of Commerce (IC), to assess the effect of notifications on exports. In the
results can be observed that the high percentages of IF and IC show that the Brazilian
horses are competitive in international markets and producers in turn are improving
their products.
4
1. Introdução
O uso de animais na agricultura foi uma das primeiras fontes de energia obtidas
pelos produtores para mover implementos agrícolas e fazer carregamentos. Nos dias
de hoje ainda é possível ver em algumas pequenas propriedades o uso de animais na
agricultura. O cavalo é hoje utilizado ainda para trabalho, como militar, e também para
o esporte e lazer.
O Brasil tem apresentado importante evolução na sua participação no comércio
internacional de cavalos vivos. Na década de 80 o comércio internacional teve uma
fase de euforia, devido a políticas tomadas em alguns países, principalmente os
Estados Unidos. Observou-se logo que na década de 90 o Brasil teve incremento na
oferta de eqüinos, com alto valor da produção, mas logo se retraiu, resistindo àqueles
que investiram em qualidade da produção, com baixa no preço. Atualmente o plantel
brasileiro se encontra estável, mas com um valor maior de seus produtos, inclusive
aumento de preço ao produtor.
Se comparado com o rebanho bovino, que no ano de 2007, chegaram próximo 200
milhões de cabeças, segundo o IBGE, o plantel eqüino está na casas de 5,5 milhões de
cabeças, o que chega próximo a 3% de cavalos em relação ao gado.
O mercado de eqüinos se encontra em todos os países, uns mais expressivos, outros
mais retraídos. Dentro do comércio internacional a agência reguladora é a Organização
Mundial do Comércio, OMC, oriunda do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, AGTT ou
mais conhecido pela sigla em inglês GATT (General Agreement on Traffics and Trade),
na rodada do Uruguai em 1995.
Atualmente 153 países (OMC, 2010) são membros da OMC, e como objetivo
dos parceiros para favorecer o comércio internacional as tarifas dos produtos
comercializados estão sendo gradativamente reduzidas. Isso tira um instrumento de
proteção de mercados dos países, favorecendo que economias em desenvolvimento e
com custos menores entrem no mercado com produtos mais competitivos, entenda de
menores custos, no mercado doméstico desfavorecendo as indústrias locais. No
mesmo ano foi criado as Barreiras não Tarifárias, que a princípio visam regulamentar
os produtos importados, porém vem sendo usadas como forma de proteção aos
mercados. Para fornecer mais transparência no mercado internacional a OMC obriga
5
que os países notifiquem junto a organização as regulamentações e normas de seus
mercados para toda a comunidade internacional.
Neste estudo será avaliado como esta o comportamento das barreiras não
tarifárias para os parceiros brasileiros no comércio internacional de cavalos vivos.
2. Revisão Bibliográfica
No estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo (BARROS et al, 2006) coloca-
se que a configuração do agronegócio do cavalo ainda é pouco conhecida no Brasil. No
agronegócio obtêm uma cadeia continua dos agentes, porém no caso do cavalo foi
colocado como complexo devido a seguimentos poderem ter uma atividade que
apresente um papel duplo no negócio, como no exemplo utilizado foi de uma escola
de equitação onde pode ser o consumidor final do produto ou um intermediário para o
frigorífico que comercializa carne de cavalo.
Sobre o comércio internacional de cavalos vivos, em artigo de LIMA, 2010,
foram exportados por volta de 2.4 bilhões de dólares em 2009, com uma taxa de
crescimento média de 8,75% no mesmo período. No mesmo evidencia a oportunidade
que o país tem de crescimento, classificando-se em 28ª posição, contra a Argentina
que está mais a frente na 13ª posição. O principal importador de cavalos, em 2009, foi
os Estados Unidos, porém dentre os 10 maiores importadores de cavalos, metade não
realiza comércio com o Brasil (Irlanda, Japão, Austrália, Itália e China). O artigo analisa
a posição do Brasil comparado com outros países utilizando o indicador de Posição no
Mercado Mundial (Sik), que permite verificar se determinado país está ganhando,
perdendo ou mantendo posição no comércio mundial do produto. Ele observou que os
países do MERCOSUL estão bem atrás dos Estados Unidos, e dentre o bloco o Brasil
mostrou um forte crescimento, referente ao indicador de Posição no Mercado Mundial
passando de negativos 1,29 em 1990 para 0,47 em 2007, mas ficando atrás do Uruguai
e Argentina, que teve o maior desempenho, indicando que o desempenho brasileiro
poderia ter sido mais significativo.
Porém para o comércio internacional existem medidas utilizadas pelos países
para controlar a entrada de produtos estrangeiros, conhecidas como barreiras
comerciais. Considerando os tipos de barreiras comerciais podem-se dividir em dois
6
grupos, as tarifárias e as não tarifárias. Barreiras tarifárias são colocadas por meio de
impostos ou tarifas cobradas sobre o preço dos produtos podendo ser um valor fixado,
ou um percentual (ad valorem), ou ainda uma tarifa mista entre os dois primeiros.
Essas vêm sendo reduzidas devido às negociações multilaterais. O segundo grupo, das
barreiras não tarifárias (BNT’s), pode ser definido como qualquer restrição, despesa,
ou política que não seja uma tarifa, que limite o acesso dos produtos importados
(OMC, 2010).
Os dois tipos são condizentes para restrição do livre comércio de produtos e
serviços. Para a melhor regulamentação do uso das BNT’s, em 1991 foi criado o acordo
sobre barreiras técnicas ao comercio (TBT), que relaciona questões de certificação de
origem, resíduos, avaliações de conformidade, rastreabilidade entre outros. Também
foi criado o acordo sobre medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS), que surge a partir
da rodada do Uruguai, em 1995 da criação da OMC, relativo à segurança dos
alimentos, saúde vegetal e animal.
Ficou estabelecido o reconhecimento dos direitos dos governos de restringir o
comércio quando necessário para proteger a saúde de sua população, evitar doenças e
pragas vegetais e animais, para isso a OMC requer que qualquer regulamentação seja
justificada cientificamente. Incentiva que quaisquer normas se baseiem em normas
internacionais. O objetivo básico fica em manter o direito de soberania de qualquer
governo de proporcionar um nível de proteção sanitária, e assegurar o comercio
internacional.
Segundo SILVA & ALMEIDA (2010), as barreiras tarifárias sofreram reduções,
em termos médios de valores a 40% nos anos 50 para torno de 4% na década de 1990,
isso devido à transparência e facilidade de quantificação. Ao contrario ocorre com as
BNT’s, “pois aumentaram cada vez mais em virtude de suas especificações técnicas e
por serem mais episódicas e mais difíceis de quantificar” (página 80). Tornam-se mais
difíceis de combater e preferidas para a prática do protecionismo, levando a um abuso
e adoção arbritária como forma de proteção de seus mercados, o que ocasiona um
grande interesse em pesquisadores, baseado na idéia que são prejudiciais ao
comercio.
Os autores analisam os efeitos das BNT’s sobre as exportações brasileiras de
alguns produtos. O estudo consiste primeiro no levantamento das notificações
7
impostas pelos parceiros comerciais do Brasil, num período de 1995 e 2008, disponível
no site da OMC. Tais notificações estabelecem os requisitos sanitários e fitossanitários
que os produtos devem obedecer, bem como os padrões técnicos a ser seguido.
Na posse dessas informações o autor utiliza um conjunto de medidas
conhecidas como o índice de freqüência (IF) e o de cobertura de comércio (IC). O IF é
calculado pela razão entre o número de categorias de produtos do sistema
harmonizado (SH) sujeitas aos acordos e o número total de produtos em cada
categoria. Ele mostra a presença ou ausência de uma notificação sem indicar o valor
das exportações cobertas. O índice de cobertura do comercio é a razão do somatório
do valor das exportações de cada produto sujeito a notificação em determinada
categoria de produtos SH, pelo valor total das exportações daquele grupo. O IF indica o
percentual de países que importaram aquele produto com alguma notificação e o
índice de cobertura indica o percentual do total das exportações que sofreram
notificações. Valores elevados de IF e IC pressupõem maior restrição, mas não
fornecem nenhuma indicação sobre o efeito do preço. Diferentes medidas regulatórias
têm diferentes efeitos sobre os setores e parceiros comerciais.
Afirmam que elas mais que triplicaram, em 1995 foram emitidas 412
notificações TBT e 171 SPS, passando para mais de 1700 TNT e 849 SPS. Os principais
emissores foram os EUA (904 e 1834), Brasil (627 e 472), Japão (577 e 216) e México
(388 e 217). Os países em desenvolvimento emitiram notificações visando à
adequação de seus produtos ás normas e padrões internacionais, em função de maior
abertura comercial.
Analisando diversos produtos exportados pelo Brasil, aves, bovinos, suínos,
açúcar, café, fumo, complexo soja, suco de laranja, SILVA e ALMEIDA concluíram que
os índices se mostram altos ao longo de toda a série para produtos bem colocados
internacionalmente. Assim produtores que não conseguem se adequar às exigências é
excluído naturalmente, podendo ter efeito de concentração no setor agroexportador.
Em outro artigo, VIEGAS, JANK & MIRANDA avaliam a importância das BNT’s
sobre o valor das exportações agrícolas brasileira, impostas pelos Estados Unidos e
União Européia, dentro dos principais produtos da pauta de exportação no ano de
2000. Os indicadores utilizados também foram os Índices de Freqüência e os Índices de
Cobertura.
8
Os primeiros resultados apresentados pela autora foi ha grande parte dos
valores exportados aos Estados Unidos sofrem imposição à barreira tarifária, no caso
68%, a União Européia representou 27%. Faz também um levantamento das principais
BNT’s impostas pelos países, para os Estados Unidos à medida que apresenta maior
valor de Índice de Freqüência e Cobertura foi à medida de proteção para a saúde
humana, com 88% e 34% respectivamente. Para a União Européia o maior valor para o
Índice de Freqüência e Cobertura foi o de medidas gerais com 91% e 9%,
respectivamente. Outras medidas de barreiras são antidumping, compensatórias,
proteção de saúde animal, proteção da saúde das plantas, proteção da vida selvagem,
controle do uso de drogas.
Quando separados por capítulos de exportação segundo o Sistema
Harmonizado, a variação é mais marcante, chegando a apresentar índices de 100% em
ambos os indicadores, como o capítulo 09 (café, chá e especiarias) para a União
Européia.
VIEGAS et al concluíram que os produtos brasileiros são altamente protegidos
em ambos os mercados. Destaca que as medida não tarifárias estão reduzindo o valor
das exportações dos produtos brasileiros para a União Européia e as quotas tarifarias
para os Estados Unidos, comprovando os protecionismos desses mercados. Outra
observação feita é que as medidas não tarifárias estão incidindo sobre produtos de
valor pouco relevante em relação às exportações para a União Européia.
Para a teoria do comércio internacional uma regulamentação é imposta para
atender requisitos de saúde e segurança, proteção ambiental, informação ao
consumidor, e também para impedir o equilíbrio de mercado para produtos de baixa
qualidade e ou que representem riscos ao país. No entanto, essa introdução resulta
em ganhos, para ambos os lados.
Ainda no entendimento dos efeitos das BNT’s sobre as exportações e seus
efeitos sobre o livre comércio, BURNQUIST & SOUZA (2010), avalia os impactos das
regulamentações sanitárias sobre o comércio, procurando identificar se as ocorrências
de notificações estimulam ou restringe os fluxos bilaterais de comércio.
Uma análise que a autora faz é sobre o preço internacional do produto, onde
dentre acordos bilaterais a introdução de barreiras regulatórias aumentam o preço
internacional.
9
BURNQUIST & SOUZA para suas conclusões coloca que o trabalho parece
confirmar a proposição teórica de que o efeito das ocorrências de notificações resulta
em impactos para sobre o comércio, podendo atuar de forma a impedir o comércio se,
por exemplo, “implicam em elevados custos de adequação que levam a um
deslocamento na curva de oferta dos países exportadores” (página 124). Em contra
ponto ela coloca que se ocorre expansão do comércio, a ocorrência de notificações
pode facilitar ao invés de impedir, devido à introdução de regulamentações e
informações aos consumidores.
Vale ressaltar que na sua pesquisa os produtos relacionados por ela e mais
impactados são aqueles que apresentam mais baixo grau de processamento. “Dentre
os países da amostra, as dez categorias de produto ou capítulo do SH sujeitas a
notificações apresentaram por mais de 70% dos países da amostra referem-se a bens
com baixo grau de processamento ou commodities” (página 124, BURNQUIST &
SOUZA).
Dentre o comércio internacional existem sempre acordos bilaterais ou mesmo
acordo multilaterais, e a partir deles os países se utilizam medidas para proteger seu
mercado interno, de produtos de baixa qualidade ou mesmo a manutenção de seus
preços. As barreiras não tarifárias são as de maiores dificuldades de mensuração e
impacto, provavelmente por isso são as preferenciais para os importadores.
3. Metodologia
Para o levantamento do inventário das notificações aos acordos TBT e SPS
foram utilizados o banco de dados disponibilizado no site da OMC, onde permite uma
caracterização temporal pelo sistema internacional de classificação de mercadorias
comercializadas, países emissores, objetivos, entre outras. Foram então levantadas
todas as notificações TBT e SPS que se referiram ao mercado de cavalos vivos, no
período de 2000 a 2009. Essas notificações esclarecem quais os requisitos os produtos
devem obedecer, bem como os regulamentos e procedimentos técnicos de avaliações.
Especificamente para o mercado de cavalos vivos foram coletados os dados no
nível SH2 do sistema harmonizado (HS01 Animais Vivos). Dentre as notificações
10
encontradas foram consideradas, conjuntamente TBT e SPS, apenas aquelas que
incidiam sobre as exportações brasileiras do produto em questão.
De posse das notificações é aplicado um conjunto de medidas que consistem
em Índice de Freqüência (IF) e de Cobertura de Comércio (IC). O IF é calculado pela
razão entre o número de categorias de produtos do sistema harmonizado (SH) sujeitas
aos acordos e o número total de produtos em cada categoria. Ele mostra a presença
ou ausência de uma notificação sem indicar o valor das exportações cobertas. Dado a
seguinte expressão:
Onde:
Ljm = 1 se o produto m é exportado pelo Brasil;
Ljm = 0 se o produto m é exportado pelo Brasil;
Njm = 1 se há incidência de notificação sobre o produto m;
Njm = 0 se há incidência de notificação sobre o produto m;
Σ Ljm, para todos os i = 1,..., m, representa o número de mercados que compõe o
grupo i.
O índice de cobertura do comercio é a razão do somatório do valor das
exportações de cada produto sujeito a notificação em determinada categoria de
produtos SH, pelo valor total das exportações daquele grupo, pela expressão:
Em que:
Vjm = é o valor das exportações do país j de cada produto m pertencente ao grupo i;
Njm = 1 se há incidência de notificação sobre o produto m;
Njm = 0 se há incidência de notificação sobre o produto m.
Σ(Ljm) i=1
m
Σ(Ljm * Njm) i=1
m
IFij = * 100
Σ(Vjm) i=1
m
Σ(Vjm * Njm) i=1
m
ICij = * 100
11
As expressões acima foram relatadas segundo SILVA & ALMEIDA (2010).
Segundo ainda Silva e Almeida, ambos os índices permitem a melhor avaliação da
incidência de notificações.
Para a estimativa de valores de exportação foi utilizado o banco de dados da
FAOStat, reportando apenas o item de cavalos vivos, obtendo todos os países quais
importaram o produto brasileiro. Na construção dos índices foram considerados todos
os países obtidos na estatística da FAO, não tendo uma diferenciação especial para
uma determinada ‘cesta’ de parceiros, podendo ter parceiros comerciais brasileiros
que não são contabilizados por não importarem cavalos vivos.
4. Resultados
A figura 1 mostra a evolução das notificações SPS e TBT entre o período de
2000 até 2009. Lembrando que as mesmas são específicas para a categoria em estudo,
eqüinos, portanto não refletem a quantidade total de notificações emitidas pelos
países no período para o capítulo 01 do SH.
Figura 1: Evolução das barreiras não tarifárias que afetam as exportações de eqüinos
vivos brasileiros.
6
2
5
6
5
6
11 11
15
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Ano
Qu
an
tid
ad
e
Fonte: WTO.
12
Dessa amostra observa-se uma incidência constante de notificações sobre o
produto. No caso do triênio 2006-2007-2008, aqui a maior incidência vem para
notificar uma nova regulamentação interna dos países, como alguma alteração de lei
ou mesmo a entrada neste segmento de mercado. Em 2008 houve um incremento
devido à soma de três notificações técnicas (TBT), todas as outras são referentes às
notificações sanitárias (SPS). Para esse período de 10 anos foi registrados, na categoria,
o total de 70 notificações regulares. Quanto aos notificantes, 31 países (Figura 2)
notificaram alguma norma/legislação que possa afetar a entrada do produto brasileiro.
Essas referenciam, em suma, visa a saúde animal, caso o cavalo, ao entrar no território
e impedir que doenças exógenas venham por contaminar o país.
Figura 2: Notificantes de barreiras não tarifárias sobre as exportações brasileiras de
eqüinos vivos.
1 1 1
2
1
3
4
5
3
1
3
1
2
1
6
1
3
2
3
1
2
3
2 2
3 3
1 1 1
4
2
0
1
2
3
4
5
6
7
Alban
ia
Antigua
and
Bar
buda
Arm
enia
Aus
tralia
Can
ada
Chile
China
Colom
bia
Cos
ta R
ica
Ecu
ador
Gua
tem
ala
Hun
gary
Indo
nesia
Japa
n
Korea
, Rep
ublic
of
Kyrgy
z Rep
ublic
Mex
ico
Mor
occo
Nep
al
Net
herla
nds
New
Zelan
d
Nica
ragu
aPer
u
Rom
ania
Switz
erla
nd
Taipei
, Chine
se
Thaila
nd
Ukr
aine
Unite
d Ara
b Em
irate
s
Unite
d Sta
tes
Uru
guay
País
Qu
an
tid
ad
e
Fonte: WTO
Nesta figura é mostrado o comportamento dos países em relação às
notificações. Aqui esses países mostram que possuem regulamentação sobre a
importação de cavalos, porém a maior incidência demonstra uma tendência de maior
tecnificação do mercado, não necessariamente protecionismo, mas uma forma de
selecionar os produtos mais qualificados, portanto a realização de comércio com os
mesmos é um indicio da tecnificação dos produtores e do plantel brasileiro.
13
Para as construções dos índices citados no item anterior, necessita-se do valor
das exportações feitas pelo Brasil para seus parceiros comerciais, esse dado foi
retirado das estimativas da FAO, pelo banco de dados FAOSTAT.
Tabela 1: Valores, em 1000US$, das exportações de cavalos vivos.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Angola 494,00 472,00 111,00
Argentina 85,00 53,00 22,00 22,00 31,00 32,00 76,00 483,00
Austrália 88,00
Áustria 5,00 19,00 6,00 8,00 5,00 5,00 11,00
Bahamas 7,00 40,00
Belgium 6,00 18,00 15,00 9,00 2,00 7,00 30,00 97,00
Bolivia (Plurinational State of) 2,00
British Virgin Islands 30,00
Canadá 21,00 2,00
Chile 1,00 24,00 10,00 65,00 8,00 2,00 16,00 9,00
Côte d'Ivoire 5,00
Democratic People's Republic of Korea 6,00
Denmark 8,00
Dominican Republic 6,00
Ecuador 2,00 5,00 39,00 22,00 40,00 7,00
France 3,00 4,00 3,00 22,00 25,00 313,00 90,00
Germany 13,00 12,00 3,00 6,00 11,00 34,00 19,00
Italy 4,00 2,00 10,00 13,00 14,00 18,00 42,00
Ireland 5,00 30,00 216,00
Jordan 6,00
Mexico 66,00 296,00 3,00 72,00 30,00
Netherlands 10,00 5,00 44,00 8,00 2,00
Nicaragua 26,00
Norway 4,00 5,00
Panama 2,00 45,00 2,00 2,00 2,00
Paraguay 18,00 5,00 21,00 8,00 13,00
Poland 11,00
Portugal 7,00 28,00 24,00 2,00 12,00
Republic of Korea 6,00
Senegal 25,00
Saudi Arabia 2,00 28,00
14
South Africa 70,00 72,00 48,00 30,00 47,00 163,00 453,00
Spain 40,00 4,00 9,00 5,00 161,00 8,00
Sweden 10,00 8,00
United Arab Emirates 13,00 47,00 13,00 27,00 85,00
United Kingdom 5,00 10,00 3,00 33,00 30,00 63,00 1.820,00 51,00
United States of America 1.253,00 699,00 657,00 899,00 804,00 1.037,00 1.568,00 1.679,00
Uruguay 46,00 46,00 76,00 58,00 144,00 147,00 169,00 192,00
Venezuela (Bolivarian Republic of) 8,00 8,00 51,00 89,00 4,00
Fonte: FAOStat
A tabela mostra que alguns parceiros são apenas pontuais, porém o Brasil tem
importadores de cavalos, como o Estados Unidos, que tem freqüência nos produtos,
bem como aparecerem com os maiores valores.
Com posse desses dados é possível então construir os índices de Freqüência e
Cobertura, como formulados acima. Para isso segue a tabela 2:
Tabela 2: Percentual dos Índices de Freqüência e Cobertura de Comércio.
Ano IF IC
2000 40,0000 90,5388
2001 33,3333 79,8486
2002 25,0000 79,0795
2003 33,3333 87,3288
2004 30,4348 63,2673
2005 36,8421 62,4148
2006 30,7692 45,0578
2007 36,6667 59,1188
Fonte: elaboração dos autores.
De primeira análise vê-se que os produtos têm uma Constancia de notificações,
mantendo um percentual relativamente constante, em média de 30 a 40% do IF. Esse
valor indica que em torno de 30 a 40% dos importadores possuem notificações para
eqüinos brasileiros. Lembrando que o Brasil realiza comércio com países que não
notificam a entrada brasileira. O índice de comércio mostra-se elevado no primeiro
15
ano da série, mas tem uma redução. Esse valor indica quanto das exportações sofrem
algum tipo de notificação das barreiras não tarifárias.
Segundo SILVA & ALMEIDA (2010) valores elevados de IF e IC pressupõem
maior restrição, mas não fornecem nenhuma indicação sobre o efeito do preço.
Diferentes medidas regulatórias têm diferentes efeitos sobre os setores e parceiros
comerciais. Para efeito de comparação, em seu artigo, os autores colocam que os
produtos agrícolas brasileiros mais afetados foram aqueles com melhor desempenho
no comércio internacional, como as carnes, a soja e o suco de laranja. Para o mesmo
período descrito acima, os bovinos tiveram IF dentre 46 a 60% e IC 45 a 82%. A soja
teve variação de 0 a 90% de IF e IC entre 0 e 97%, enquanto o suco de laranja de 14 a
85% de IF e 3 a 98% de IC. Seguindo essa linha de pensamento o cavalo brasileiro pode
demonstrar um elevado desempenho internacional, sendo por vez alvo de
notificações.
5. Conclusão
As barreiras não tarifárias, SPS e TBT, vêm sendo utilizada pelos países como
forma de regulamentação do comércio internacional, porém em outros casos uma
tentativa de bloqueio para a entrada de produtos externos. Para ambos os casos
aqueles que desejam que seus produtos sejam aceitos na comunidade internacional
tem que se adequar as exigências feitas pelos mercados. Aqui os produtores são
forçados a se tecnificarem e melhorar a qualidade de seus produtos.
No mercado de cavalos vivos a situação não é diferente. As exportações
brasileiras deste sentido não aparecem nas grandes commodities agrícolas, mas tem
um valor representativo. O mercado não possui um grande conjunto fixo de
importadores, como visto na tabela 1, porém mantém relações com países
importantes, como os EUA e alguns da EU. Neste comércio ocorre a incidência de
notificações de barreiras não tarifárias (BNT’s), que exigem do produto algumas
características, na sua maioria, a melhor condição do animal.
A incidência pode parar as transações desse mercado entre os países, caso o
produtor não alcance o nível esperado por cada país. Alguns países reemitem
notificações, aumentando o grau de exigência ao produto, como o caso dos EUA que
16
emitiram quatro notificações no período analisado, ou como a Colômbia com cinco
notificações. Pela análise dos Índices de Freqüência e Cobertura do Comércio,
demonstra que as exportações brasileiras vêm sofrendo constantemente os efeitos das
notificações. O IC mostra que mesmo sobre essa incidência ocorre comércio
internacional.
Isso é um mérito da melhor qualidade do produto nacional, feita pelos
produtores, porém isso exige um maior custo, sendo absorvido apenas por produtores
maiores e com melhores recursos disponíveis, o que pode acarretar em uma
concentração no setor.
Contudo este é um estudo primário do mercado, futuramente um melhor
detalhamento deste seguimento será necessário, levando em conta efeitos em outras
variáveis, como o preço praticado, entre outros.
6. Referências
BARROS, G.S.C.; LIMA, R.A.S.; SHIROTA, R. Estudo do complexo do agronegócio
do cavalo. Piracicaba: CEPEA/FEALQ, 2006. 246p.
BURNQUIST, H.L., SOUZA, M.J.P., Impactos da regulamentação sanitária sobre
o comércio: positivo, negativo ou ambíguo? In: Notificações as Acordos de Barreiras
Técnicas (TBT) e Sanitárias (SPS) da OMC: transparência comercial ou barreiras não
tarifárias? – Editor: Orlando Monteiro da Silva. – Viçosa, MG, UFV, 2010, p. 95 – 136.
FAO – Organização para Agricultura e Alimentos – FAOSTAT, TradeSTAT.
Disponível em http://faostat.fao.org/, acessado dia 1º e novembro de 2010.
LIMA, R.A.S., FERRUCCI, A.C., Comércio internacional de cavalos vivos:
evolução, competitividade e agenda de pesquisa para o Brasil. In: XLV Congresso
SOBER, 2007, UEL - Londrina/PR.
LIMA, R.A.S., PATRICIO, R.M., O crescimento do Brasil no comércio
internacional de cavalos vivos. In: Revista Eqüina nº 27, 2010.
OMC – Organização Mundial do Comércio. Central de Registro de Notificações
– Dados de notificações. Disponível em www.wto.org, acessado em 31 de agosto de
2010.
17
SILVA, O.M.da, ALMEIDA, F.M.de, A incidência das notificações aos acordos
sobre medidas SPS e TBT da OMC nas exportações agrícolas do Brasil. In: Notificações
as Acordos de Barreiras Técnicas (TBT) e Sanitárias (SPS) da OMC: transparência
comercial ou barreiras não tarifárias? – Editor: Orlando Monteiro da Silva. – Viçosa,
MG, UFV, 2010, p. 77 – 94.
VIEGAS, I.F.P., JANK, M.S., MIRANDA, S.H.G. Barreiras não tarifárias dos
Estados Unidos e União Européia sobre as exportações agrícolas brasileiras. In:
Informações Econômicas, SP, v.37, março 2007.