balada da união, maio/junho\'11

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PROPRIEDADE: Convívios Fraternos • DireCtor e reDaCtor: P. valente De Matos • FotoCoMPosição e iMPressão: Coraze - s. t. riba-Ul - o. azeMéis • tel. 256 661460 PUbliCação biMestral - DeP. legal Nº 6711/93 - ano XXXiii - nº 308 - Maio/JUnho 2011 • assinatUra anUal: 10 o • tirageM: 10.000 eXs. • Preço: 1 o www.conviviosfraternos.com DA VIDA DA GRAÇA, AO MUNDO SODOMIZADO Sempre que acolhemos a vida na sua plenitude nas alegrias, tristezas, fracassos, sucessos, vitórias, derrotas, etc, aceita- mos a graça da vida. (Continua na pág. 2 BU DA SANTIDADE Sempre me custou entender a história dos santos. Lembro-me que quando era pequenita, uma das coisas que mais confu- são me causava, eram as palavras do pároco da minha terra sempre que apelava para que as pessoas trilhassem o cami- nho da Santidade!... (Continua na pág. 2 BU) TUDO É POSSIVEL NA NOSSA VIDA,QUANDO QUEREMOS Alcancei já algumas metas no meu tratamento: fiz o 9º ano, tirei a carta de condução, comprei um carro e continuo a trabalhar sempre no desejo de ir mais longe. Tudo é possível na nossa vida, quando nós queremos!.. (Continua na pág. 4 JA) A “FORÇA” DA PALAVRA Há palavras que não são mais que ruído. Mas há outras que se ouvem baixinho ou no silêncio e que nem todos conseguem ouvir e compreender. Aqui encontramos a Palavra de Deus, uma palavra comunicada na intimidade. A vontade de a escu- tar depende do receptor, que sepredispõe a ouvi-la ou não. (Continua na pág. 3 BU) REUNIÃO DO CONSELHO NACIONAL DOS CONVÍVIOS-FRATERNOS No dia 25 deste mês reuniu-se em Fátima, na Casa De Nossa Senhora do Carmo , o Conselho Nacional do Movimento. Esti- veram presentes membros de 15 dioceses que apresentaram os convivas eleitos para fazerem parte do conselho , neste mandato de 3 anos, e que agora será homologado pela Conferencia Na- cional Portuguesa. Foram também propostas algumas altera- ções ao programa do XXXVIII Convívio Animação Nacional em virtude de não ser possível utilizar o Anfiteatro do Centro Paulo VI. Também o Conselho, por unanimidade, visto que o Núcleo Paroquial é a base do movimento, sentiu a necessidade e ur- gência de criar nas paróquias das dioceses onde não existem Núcleos, para assim se alcançar os objectivos do movimento. (Continua na pág. 2,3,4 JA e 3 BU) COMUNICADO DO CONSELHO PERMANENTE DA CEP A PROPÓSITO DO MOMENTO PRESENTE DA SOCIEDADE PORTUGUESA Este momento de crise pode levar-nos a todos a lançar os dinamismos para a construção de uma sociedade mais fra- terna e solidária. A Igreja quer, não apenas pela sua palavra, mas pelo seu compromisso na acção, ser a afirmação da es- perança. (Continua na pág. 4 BU) O MEU AVIVAR DE COMPROMISSO Os tempos livres sejam empregados, para descanso do espírito e saúde da alma e do corpo, ora com actividades e estudos livremente escolhidos, ora com viagens a outras regiões (turismo), com as quais se educa o espírito e os homens se enrique- cem com o conhecimento mútuo, ora também com exercícios e manifestações desportivas, que contribuem para manter o equilíbrio psíquico, mesmo na comunidade, e para estabelecer relações fraternas entre os homens de todas as condições e nações, ou de raças diversas. (GS 61) BOAS FÉRIAS Por isso as férias não são um privilegio ou um favor, mas um bem adquirido e uma necessidade que beneficia não só quem executa um trabalho, como quem dele economica- mente beneficia. BALADA DA UNIÃO Embora com dificuldades económicas derivadas essen- cialmente pela expedição do nosso jornal, vamos con- tinuar a garantir que bimestralmente ele chegue a casa de todos os convivas que o desejem receber. Apesar da generosidade dos convivas, mesmo assim tem sido difícil equilibrar as contas com a sua publi- cação e expedição deixando sempre todos os anos um défice. Para facilitar aos leitores que desejarem usar este meio para satisfazer o pagamento da sua assinatura, segue neste número um impresso de vale de correio. MUDAR DE VIDA INSPIRADOS EM JESUS CRISTO A presença da Igreja no mundo deve ser um repositório de Fé, Esperança e Amor para cada ser humano, em particular e para a humanidade em geral. (Continua na pág. 7 BU) UM DIÁCONO NASCIDO DOS CONVIVAS A ordenação foi um motivo de grande alegria para os con- vivas, pois um dos ordenados era jovem conviva de nome Francisco Valente Fumo, que participara do primeiro Con- vívio Fraterno realizado em Moçambique – Maputo em Janeiro de 2002. O conviva Francisco ordenou-se diácono, colocando-se, deste modo, ao serviço dos pobres da Igreja e também ao serviço da pregação. Contudo, ele desde a re- alização do seu convívio em 2002 e ao longo da sua forma- ção, soube colocar-se ao serviço tanto dos irmãos, bem como do anúncio da palavra de Deus, sobretudo através do seu exemplo e nos Convívios-Fraternos. (Continua na pág. 2 JA)

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Page 1: Balada da União, Maio/Junho\'11

ProPriedade: Convívios Fraternos • DireCtor e reDaCtor: P. valente De Matos • FotoCoMPosição e iMPressão: Coraze - s. t. riba-Ul - o. azeMéis • tel. 256 661460 PUbliCação biMestral - DeP. legal Nº 6711/93 - ano XXXiii - nº 308 - Maio/JUnho 2011 • assinatUra anUal: 10 o • tirageM: 10.000 eXs. • Preço: 1 o

www.conviviosfraternos.com

DA VIDA DA GRAÇA, AO MUNDO SODOMIZADO

Sempre que acolhemos a vida na sua plenitude nas alegrias, tristezas, fracassos, sucessos, vitórias, derrotas, etc, aceita-mos a graça da vida.

(Continua na pág. 2 BU

DA SANTIDADESempre me custou entender a história dos santos. Lembro-me que quando era pequenita, uma das coisas que mais confu-são me causava, eram as palavras do pároco da minha terra sempre que apelava para que as pessoas trilhassem o cami-nho da Santidade!...

(Continua na pág. 2 BU)

TUDO É POSSIVEL NA NOSSA VIDA,QUANDO QUEREMOS

Alcancei já algumas metas no meu tratamento: fiz o 9º ano, tirei a carta de condução, comprei um carro e continuo a trabalhar sempre no desejo de ir mais longe.Tudo é possível na nossa vida, quando nós queremos!..

(Continua na pág. 4 JA)

A “FORÇA” DA PALAVRAHá palavras que não são mais que ruído. Mas há outras que se ouvem baixinho ou no silêncio e que nem todos conseguem ouvir e compreender. Aqui encontramos a Palavra de Deus, uma palavra comunicada na intimidade. A vontade de a escu-tar depende do receptor, que sepredispõe a ouvi-la ou não.

(Continua na pág. 3 BU)

REUNIÃO DO CONSELHO NACIONAL

DOS CONVÍVIOS-FRATERNOSNo dia 25 deste mês reuniu-se em Fátima, na Casa De Nossa Senhora do Carmo , o Conselho Nacional do Movimento. Esti-veram presentes membros de 15 dioceses que apresentaram os convivas eleitos para fazerem parte do conselho , neste mandato de 3 anos, e que agora será homologado pela Conferencia Na-cional Portuguesa. Foram também propostas algumas altera-ções ao programa do XXXVIII Convívio Animação Nacional em virtude de não ser possível utilizar o Anfiteatro do Centro Paulo VI. Também o Conselho, por unanimidade, visto que o Núcleo Paroquial é a base do movimento, sentiu a necessidade e ur-gência de criar nas paróquias das dioceses onde não existem Núcleos, para assim se alcançar os objectivos do movimento.

(Continua na pág. 2,3,4 JA e 3 BU)

COMUNICADO DO CONSELHO PERMANENTE DA CEP

A PROPÓSITO DO MOMENTO PRESENTE DA SOCIEDADE

PORTUGUESAEste momento de crise pode levar-nos a todos a lançar os dinamismos para a construção de uma sociedade mais fra-terna e solidária. A Igreja quer, não apenas pela sua palavra, mas pelo seu compromisso na acção, ser a afirmação da es-perança.

(Continua na pág. 4 BU)

O MEU AVIVAR DE COMPROMISSOOs tempos livres sejam empregados, para descanso do espírito e saúde da alma e do corpo, ora com actividades e estudos livremente escolhidos, ora com viagens a outras regiões (turismo), com as quais se educa o espírito e os homens se enrique-cem com o conhecimento mútuo, ora também com exercícios e manifestações desportivas, que contribuem para manter o equilíbrio psíquico, mesmo na comunidade, e para estabelecer relações fraternas entre os homens de todas as condições e nações, ou de raças diversas. (GS 61)

BOAS FÉRIASPor isso as férias não são um privilegio ou um favor, mas

um bem adquirido e uma necessidade que beneficia não só quem executa um trabalho, como quem dele economica-mente beneficia.

BALADA DA UNIÃO

Embora com dificuldades económicas derivadas essen-cialmente pela expedição do nosso jornal, vamos con-tinuar a garantir que bimestralmente ele chegue a casa de todos os convivas que o desejem receber.Apesar da generosidade dos convivas, mesmo assim tem sido difícil equilibrar as contas com a sua publi-cação e expedição deixando sempre todos os anos um défice.Para facilitar aos leitores que desejarem usar este meio para satisfazer o pagamento da sua assinatura, segue neste número um impresso de vale de correio.

MUDAR DE VIDAINSPIRADOS EM JESUS CRISTOA presença da Igreja no mundo deve ser um repositório de

Fé, Esperança e Amor para cada ser humano, em particular e para a humanidade em geral.

(Continua na pág. 7 BU)

UM DIÁCONO NASCIDO DOS CONVIVAS

A ordenação foi um motivo de grande alegria para os con-vivas, pois um dos ordenados era jovem conviva de nome Francisco Valente Fumo, que participara do primeiro Con-vívio Fraterno realizado em Moçambique – Maputo em Janeiro de 2002. O conviva Francisco ordenou-se diácono, colocando-se, deste modo, ao serviço dos pobres da Igreja e também ao serviço da pregação. Contudo, ele desde a re-alização do seu convívio em 2002 e ao longo da sua forma-ção, soube colocar-se ao serviço tanto dos irmãos, bem como do anúncio da palavra de Deus, sobretudo através do seu exemplo e nos Convívios-Fraternos.

(Continua na pág. 2 JA)

Page 2: Balada da União, Maio/Junho\'11

De acordo com o determinado na reunião do Secretariado Nacional dos Convívios-Fraternos em 22 de Janeiro de 2011 e para dar cumprimento ao número 6 do Artigo 11º do Capítulo III dos Estatutos do movi-mento, realizou-se no dia 25 deste mês de Junho a 2ª Reunião ordinária, na Casa de Nossa senhora do Carmo, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

Nela estiveram presentes os elemen-tos do conselho Nacional das dioceses de Aveiro, Beja, Bragança, Coimbra, Leiria, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Setúbal, Santarém, Vila Real e Viseu. Justificaram a sua ausência e enviaram o nome dos mem-bros para o Conselho as dioceses de Lame-go, Lisboa e Viana do Castelo. Ausentes as dioceses do Algarve, Évora e Forças Arma-das e de Segurança.

Também foram apresentados para per-tencer ao Secretariado Permanente do Mo-vimento, de acordo com o nº1 do Artigo 13º dos Estatutos, além do Presidente do Conselho Nacional e Assistente Nacional do Movimento, do tesoureiro e do Secre-tário, 1 membro das dioceses de Bragança, Viseu, Braga e Coimbra.

Assim, de acordo com o número 1 do Artigo 11º dos Estatutos, os elementos que constituem o Conselho Nacional e escolhi-dos nos Plenários dos Secretariados dio-cesanos serão agora enviados à Comissão Episcopal Portuguesa, para respectiva ho-mologação.

Depois de indigitados os membros do Conselho Nacional, os membros do Con-selho mais uma vez reflectiram sobre a re-alização do XXXVIII Convívio- Animação Nacional, a realizar nos dias 10 e 11 de Se-tembro, em Fátima, e a necessidade de al-terar a realização de alguns actos litúrgicos pelas limitações impostas por não ser pos-sível utilizar o Anfiteatro do Centro Paulo VI onde se costumavam realizar os actos litúrgicos organizados pelo Movimento.

Assim, a Celebração da Penitência que geralmente se realizava no Anfiteatro do Centro Paulo VI, far-se-á, orientada pela Diocese de Leiria, no Convívio Santo Agos-tinho e a Festa da Ressurreição, orientada pela Diocese de Viseu, na Capela da Morte de Jesus.

O Sarau que também tinha lugar no An-fiteatro Paulo VI, depois da Procissão das Velas, será substituída por uma vigília de Oração a realizar-se na Igreja da Santís-sima Trindade, orientada pela diocese de

Bragança com a participação de todas as dioceses que desejarem estar presentes.

Todos os outros actos se mantém de acordo com o que ficou decidido na Reu-nião do Conselho Nacional de 22 de Janei-ro 2011 e publicado na 2ª página do Balada da União nº306, referente aos meses Janei-ro/Fevereiro 2011.

Presidirá à Peregrinação D. Ilídio, Bispo de Viseu.

O XXXIX Convívio Animação será nos dias 8 e 9 de Setembro de 2012

Seguidamente, o Presidente do Con-selho lembrou a todas as dioceses que, o movimento, de acordo com o número 2 do artigo 9º dos Estatutos, tem a sua célula base no núcleo paroquial, constituído por jovens ou casais, no mínimo com 6 ele-mentos, e que é, através do núcleo que se prossegue a realização dos objectivos do Movimento.

Para concluir afirmou que sendo os nú-cleos paroquiais a célula base do Movi-mento, sem esta o movimento não existe, não tem alicerce para exercer os seus ob-jectivos por que lhe falta a base de apoio para viver, actuar e crescer como Igreja nas paróquias, que são os locais normais de evangelização e vivência eclesial.

Alertou assim para o perigo e a tenta-ção das dioceses continuarem a realizar Convívios-Fraternos desenraizados das normas prescritas nos Artigos 19º e 20º dos Estatutos, isto é, sem a continuidade nas paróquias de um trabalho de evange-lização e de vivência dos jovens em Igreja, no seu 4º dia. E isto, naturalmente, acon-tecerá, se nas paróquias das dioceses não existirem activos os núcleos para acolher, acompanhar e ajudar a crescer na Fé e no seu amor, os convivas no seu Post-Conví-vio.

Para facilitar a dinamização dos núcleos, foram distribuídos propostas da criação de várias equipas para melhor empenhamen-to na vida apostólica e na evangelização, já a funcionar em algumas dioceses com bons resultados.

Finalmente um casal conviva perten-cente ao Conselho, lembrou aos membros do Conselho, o bem extraordinário que os Convívios-Fraternos para casais produ-zem nos seus participantes, exortando os responsáveis das dioceses, onde ainda não estão implantados, a que façam esta expe-riência muito proveitosa e muito gratifi-cante pastoralmente para os casais.

Maio/junho 20112

Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comu-nicações Sociais, desejo partilhar algumas refle-xões, motivadas por um fenómeno característi-co do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda trans-formação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comu-nicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cul-tural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades iné-ditas de estabelecer relações e de construir co-munhão.

Aparecem em perspectiva metas até há pou-co tempo impensáveis, que nos deixam mara-vilhados com as possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é particularmente evidente quando nos confrontamos com as extraordinárias po-tencialidades da rede internet e a complexidade das suas aplicações.

No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumi-dor da informação aparece relativizada, preten-dendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma par-tilha.

Sobretudo os jovens estão a viver esta mudan-ça da comunicação, com todas as ansiedades, as contradições e a criatividade própria de quan-tos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público areópago digital dos chamados social network, leva a estabelecer no-vas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte, ine-vitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtu-ais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se se estiver aten-to para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público.

As novas tecnologias permitem que as pesso-as se encontrem para além dos confins do espa-ço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais ami-zades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma toma-da de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quan-tos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a

nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para reflectir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e du-radouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano directo com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.

Também na era digital, cada um vê-se con-frontado com a necessidade de ser pessoa au-têntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comu-nica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro.

O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos este-jam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popu-laridade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atracção de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objecto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas directas na transmissão da fé!

Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos vários social network. Os crentes, teste-munhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comu-nicar com integridade e honestidade.

Convido sobretudo os jovens a fazerem bom uso da sua presença no areópago digital. Re-novo-lhes o convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da Juventude em Ma-drid, cuja preparação muito deve às vantagens das novas tecnologias.

Da Mensagem do Papa Bento XVI para o 45ºDia Mundial das Comunicações Sociais

BENEDICTUS PP. XVI

VERDADE, ANúNCIO E AUTENTICIDADE DE VIDA,

NA ERA DIGITAL

ACTA DA REUNIÃO DO SECRETARIADO NACIONAL DOS CONVÍVIOS-FRATERNOS

Page 3: Balada da União, Maio/Junho\'11

Suplemento Do BAlADA DA unIÃo nº 81 • mAIo/Junho/11 • proprIeDADe DA comunIDADe terApêutIcA • n.I.p.c. 503298689

Jovens em AlertaJovens em Alertawww.conviviosfraternos.com

Nasci de uma família humilde e rural que vivia com dificuldades económicas, mas que sempre se esforçou para que aos 4 filhos nada faltasse do necessário.

Embora frequentasse a escola na idade própria, nunca aproveitei para completar a instrução primária. As companhias com quem convivia não eram as melhores e as mais indi-cadas para que tivesse uma adoles-cência sem desvios e um pouco sem normas e sem objectivos.

Aos 16 anos senti que devia nor-malizar a minha vida e começar a ajudar os meus pais. Foi, por isso, que resolvi come-çar a trabalhar na área da constru-ção civil. Como não tinha expe-riência, tive que me aplicar e estar atento ao que fa-zia, porque era um trabalho de risco, e queria realmen-te aprender uma profissão onde me pudesse realizar e ajudar os meus pais. Felizmente adaptei -me bem ao serviço. O pa-trão gostou do meu trabalho. E, por isso, passado meio ano, colocou-me a armador de ferro de segunda, onde também desempenhei razoa-velmente esse trabalho. Passado um ano o patrão, dado o bom desempe-nho no meu trabalho, aumentou-me o ordenado e passou-me a armador de primeira. Assim consegui alcan-çar o meu objetivo.

Mas, infelizmente, nessa altura, influenciado por alguns compa-nheiros de trabalho e também já na posse de dinheiro, acabei por me envolver em drogas pesadas O mal foi ter experimentado!...Nunca mais fui o mesmo Igor!... Durante meses consegui conciliar o consumo diário com o trabalho e manter um cer-to equilíbrio, mas, com o andar do tempo, tudo começou a piorar.

Aos 20 anos, surgiu-me uma pro-posta de trabalho para os Açores

tendo-me sido garantidas algumas vantagens interessantes. Analisei os prós e os contras e cheguei à conclu-são que o salário que me estavam a oferecer era razoável e eram-me garantidas vindas à metrópole de 3 em 3 meses. Falei com dois amigos meus e fomos os 3 para os Açores. Quando lá chegamos vimos que as condições em que nos colocaram, tanto a nível profissional como de alojamento, eram totalmente dife-rentes.

Regressei e a desilusão e a revol-ta foram grandes. Então ainda mais mergulhei nas drogas para esque-

cer a minha frustração , Todavia , quanto mais consumia, mais neces-sidade tinha de usar . Emprego não tinha, dinheiro acabara e as ressacas começaram a apoderar-se de mim.

Costuma dizer-se que “a esperan-ça é a última coisa a morrer “ Todas as minhas tentativas era arranjar dinheiro onde quer que fosse para consumir. O meu pai acabou por me abandonar. A minha devassidão aumentava cada vez mais. Comecei a pensar que o melhor seria tratar-me para sair da miséria em que ca-íra e que dia a dia aumentava. Foi então que um amigo me sugeriu a hipótese de ir tratar-me para uma comunidade terapêutica. Depois de algumas dúvidas, acabei por dizer que estava interessado. Como ele já lá se havia tratado da mesma doen-ça, falou com os responsáveis, que

me aceitaram. Ele próprio me veio buscar a casa para me internar.

Estive internado nos Convívios – Fraternos onde ainda me encontro. Nos primeiros 6 meses, os mais di-fíceis e complicados, tive muita difi-culdade em me adaptar ao ambien-te de internamento e, sobretudo, vencer a ansiedade profunda que , por vezes , sentia para consumir . Consegui ultrapassar todas essas dificuldades e, assim, ao fim de 6 meses, passei para a II Fase de trata-mento tendo sido colocado a traba-lhar numa firma muito conceituada, a Nestlé, onde, depois de terminar o

tratamento, conti-nuo. Estou a viver num Apartamen-to da mesma ins-tituição … A mi-nha vida mudou completamente, a nível familiar, social e profissio-nal. Eu e meu pai não tínhamos um bom relaciona-mento e não era possível estabele-cer uma conversa entre pai/filho.

Minha mãe já não tinha forças para lidar com esta minha situa-

ção. Estava mais destruída do que eu. No fim do meu tratamento a minha mãe, meus 3 irmãos e eu fi-zemos uma reunião com o meu pai para ultrapassarmos os nossos pro-blemas e passarmos a viver como uma família. A partir daí as coisas mudaram, já começamos a dialogar, a entendermo-nos e hoje já tenho um bom relacionamento com o meu pai que já me aceita e confia em mim.

Alcancei já algumas metas no meu tratamento: fiz o nono ano, tirei a carta de condução, comprei um carro e continuo a trabalhar na mesma firma sempre no desejo de ir mais longe.

Tudo é possível na nossa vida, quando nós queremos!...

IGOR ALVES

TUDO É POSSÍVEL NA NOSSA VIDA, QUANDO QUEREMOS!...

“No passado dia 18 de Abril um grupo de alunos da LDN II- Formação Profissional, de Oliveira de Azeméis, efectuou uma visita à Comunidade Terapêutica de Avanca. Esta actividade veio no seguimento da aborda-gem ao tema sobre consumo de álcool, tabaco e drogas.

Achou-se benéfico visitar as instalações da Comunidade Terapêutica de Avanca e contactar com toxicodependentes a fim de eles partilharem as suas experiências de vida, com particular destaque para o momento em que tiveram o primeiro contacto com as substâncias e as consequên-cias que trouxe para as suas vidas. A reunião foi bastante enriquecedora uma vez que sensibilizou os formandos para a rapidez com que se fica agarrado ao consumo das drogas e a estreita ligação com o mundo do crime.

Aprendeu-se que é muito fácil alguém entrar no mundo das drogas sem se aperceber das graves e nefastas consequências, mas muito difícil, ou quase impossível delas se sair.

Os formandos e formadores agradecem a disponibilidade com que nos receberam.”

VISITA DE ESTUDO DA LDN – FORMAÇÃO

PROFISSIONAL

CONVÍVIOS RUMO AO FUTURO

CONVÍVIOS PARA JOVENSNos dias 28,29 e 30 de Julho de 20111556 – Em Maputo, Lourenço Marques para jovens de Moçambique.

Nos dias 4,5 e 6 de Agosto de 20111557 – Em Eirol, Aveiro, para jovens da diocese do Porto.

CONVÍVIOS PARA CASAIS Nos dias 11,12 e 13 de Agosto de 2011 38 – Em Eirol, Aveiro, para Casais da Diocese do Porto.

Page 4: Balada da União, Maio/Junho\'11

Jovens em AlertaJovens em Alerta Maio/junho 20112

Algarve

Moçambique

Numa manhã frigidíssima do dia 28 de Maio do ano em curso, cerca de cem jovens convivas viajaram para Manhica (Paróquia de São Miguel de Arcanjo) a fim de realizar o Convívio Animação do ano. Embora frio, o calor humano era intenso, os jovens can-tavam alegremente e tocavam instrumento musical, no concreto o batuque.

Foi um dia que constituiu uma paragem na vida de muitos, particularmente quando um jovem, durante o debate em torno da vi-vência eucarística, disse que nós os Homens, convivas em particular, precisamos de um alimento divino. Ele acrescentou, ainda, que tal nutrição podia encontrar-se no seio dos convivas, mas em particular na celebração eucarística.

Foi então que um outro jovem nos fez lem-brar que a eucaristia é AMOR e que quem dela participa se compromete a viver o amor e do amor. Assim, os convivas reacendiam o seu compromisso de espalhar ou semear o amor no sentido de doação, pois como diz São Agosti-nho: “Ama e depois faz tudo o que quiseres”.

As palavras de S. Agostinho fizeram eco em mim e em todos outros convivas pois, quem de fato ama, todas as suas acções as-sentam no amor. Para que a amor reine hoje e sempre no coração dos convivas, é necessá-rio que tenhamos sempre o alimento espiri-tual; a comunhão.

Maputo, 30 de Maio de 2011Conviva Isaías

Só JeSuS na eucariStia pode conduzir-noS ao amor.

Novos servidores da Igreja e da sociedade em geral (presbíteros e diáconos) foram or-denados no dia 4 de Junho do presente ano na Sé Catedral em Maputo. A ordenação foi presidida pelo arcebispo da Arquidiocese de Maputo.

A ordenação foi um motivo de grande ale-gria para os convivas, pois um dos ordena-dos era o jovem conviva de nome Francisco Valente Fumo, que participara do primeiro Convívio Fraterno realizado em Moçambi-que-Maputo em Janeiro de 2002.

O conviva Francisco ordenou-se diáco-no, colocando-se, deste modo, ao serviço dos pobres da Igreja e também ao serviço da pregação. Contudo, ele desde a realiza-ção do seu convívio em 2002 e ao longo da sua formação, soube colocar-se ao serviço tanto dos irmãos, bem como do anúncio da palavra de Deus, sobretudo através do seu exemplo e nos Convívios-Fraternos.

É realmente uma grande satisfação para os convivas moçambicanos, pois acreditamos que, com a ordenação diaconal do conviva Francisco, o movimento poderá dar passos ou caminhar com firmeza. Caminhar com firme-za porque passamos a contar, desde já, com um director espiritual nascido e educado no seio do movimento. Um director espiritual que se tornou diácono e que se tornará (acre-ditamos) sacerdote no seio do movimento.

Ao conviva Francisco, digo Diácono Fran-cisco, nós convivas esperamos que exerça a

sua missão diaconal com muito amor e con-fiante em Deus. Esperamos ansiosamente que dentro de algum tempo assistamos a sua ordenação prebiteral, que é o segundo degrau da ordem diaconal.

Maputo, 8 de Junho de 2011

Conviva Isaías

um diácono naScido doS convivaS

Nos dias 5, 6 e 7 de Março realizou-se o Convívio-Fraterno nº1155 na Casa de Retiros de S. Lourenço do Palmeiral - Algarve. Eram dias que convidavam às festas carnavalescas mas 23 jovens oriundos de várias paróquias da nossa diocese, decidiram utilizar estes dias para fazer uma paragem nas suas vidas apro-

veitando para olhar para o seu interior, para a sua vida, para a sua relação com Deus , e no fi-nal deste Convívio- Fraterno também fizeram uma grande festa. De início, cada um apresen-

tava as suas reticências algumas reservas que se misturavam com a curiosidade, mas a cada momento foram deixando-se conduzir e como o barro nas mãos do oleiro, deixaram que Deus “pegasse” em cada um e os moldasse. No final destes 3 dias partiram com a certeza de querer ir pelo mundo mostrar a sua heran-

ça, fazendo com que a sua luz pequenina faça a diferença por onde passarem.

P`la Equipa dos Convívios-Fraternos do Algarve

em plenaS feStaS carnavaleScaS à procura de deuS

SantarémfeSta dioceSana

No fim-de-semana de 28 e 29 de Maio, a diocese de Santarém dinamizou a Festa Dio-cesana, onde puderam participar, nas várias actividades, os diversos grupos e paróquias da diocese.

A noite de Sábado, foi preenchida por concertos, por uma Vigília de Oração, e, ainda que, a Eucaristia presidida pelo Se-nhor Bispo D. Manuel Pelino, na Igreja do Milagre, com animação do Movimento dos Convívios Fraternos da diocese. Além do ritmo, o grupo, conferiu alguma cor ao es-paço possibilitando uma Eucaristia alegre e cheia de vida.

“-Vejo-te sentado nesse banco de Igreja. Sente o Meu sopro ao teu ouvido”. No mo-mento de pós-comunhão, o Senhor apre-sentou-se-nos assim. A chamar cada um de nós como chamou Samuel. E nós, tivemos a coragem de responder como Samuel, “fala, Senhor, que teu servo escuta”?

“Visita-Me, procura-Me no silêncio do teu quarto, no silêncio do teu coração”!... Senti-

me mergulhar neste silêncio e agradecer o colorido da minha vida, agradecer esta mão que segura, esta voz que me chama a servir, agradecer a confiança e o amor. Senti nes-ta Eucaristia o que tenho sentido durante o meu caminhar. Senti que é cada vez mais fácil confiar no Senhor, não ter medo, dei-xar-me guiar pela Sua mão sem a largar e que, mesmo nas vezes em que a largo, em que hesito como hesitou Tomé, Ele ampara as minhas quedas e que mesmo nos dias de escuridão, Ele é “Lux Mundi”, como can-támos. São momentos como estes, de ver-dadeira comunhão e amor com esta grande família dos Convívios Fraternos a celebrar Cristo Ressuscitado e vivo nas nossas amiza-des, que tornam o caminhar mais firme e a fé mais acesa. É neste servir que sinto a alegria do “Sim” e é com um grande sorriso que lhe correspondo, com cada vez mais certeza des-ta imensidão do amor que vem do Alto.

Liliana Nabais, Diocese de Santarém

Convívio Fraterno 1155 da Diocese do Algarve

Page 5: Balada da União, Maio/Junho\'11

Jovens em AlertaJovens em Alerta 3Maio/junho 2011

Porto“…Estando fechadas as portas da casa onde os

discípulos se achavam juntos, com medo dos judeus, veio Jesus pôr-Se ao meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»” (jo20,19)

Foi neste ambiente pascal que se iniciou o 37º convívio de casais. Na bagagem também trariam alguns “medos”:… os filhos e demais familiares que deixaram em casa…, o empre-go ou, pior, o desemprego que enfrentavam…, as dificuldades económicas…, os diálogos que entre os dois evitavam, para não se chatearem ainda mais…; outras tantas coisas que reque-riam que se fizesse a “Passagem”. Mas O Se-nhor surpreendeu-lhes ao Se fazer presente… Foi num cântico?... Ou num testemunho?... Ou numa oração?… Fez-Se-lhes presente no inti-mo do coração, certamente, para que depois fosse dom de entrega de um ao outro.

Depois foi tempo dos 18 casais e uma senho-ra, que pela primeira vez viveram o convívio nesta dimensão receberem a Paz que Jesus lhes trouxe. Mas a promessa de que enviaria O Espírito Santo, também se cumpriu. Pois na festa de encerramento que decorreu no salão paroquial Mosteirô, todos os ouvimos falar na

nossa própria língua. Atónitos ou maravilha-dos…, todos percebemos que tudo em Eirol foi obra do Espírito Santo.

Agora é o tempo da missão, o “4º Dia”… Tempo da Igreja… ser mais e melhor,… sobre-

tudo na nossa casa.E depois em reencontrar de novo para a

partilha… E essa já ficou com data marcada, 24 de Julho.

A equipa coordenadora.

PENTECOSTES EM EIROL

O Manuel Ferreira Reis faleceu no dia 15 de Maio de 2011, com 81 anos de ida-de, e pertencia ao núcleo de Convivas de Madaíl, Zona Pastoral Sul da Diocese do Porto. Participou no 15º. Convívio Frater-no para casais nos dias 1 a 3 de Dezem-bro de 2000. É com tristeza e pesar que vimos partir mais um conviva, mas com a esperança de que agora se encontra no grande e eterno Convívio do Pai.

Em homenagem de saudade:

Grande conviva e amigoDeus Chamou-te e te levouPartiste p’ra vida eternaA tua hora chegou.

Eras conviva fraternoE como gostavas de serÉs sempre nosso convivaMesmo depois de morrer.

Tu não morreste, partisteCumpriste a tua missãoContinuarás sempre vivoDentro do nosso coração.

Foste sempre um grande amigoCumpridor do teu deverOs Convivas de MadaílJamais te vão esquecer.

Fica em nós a saudadeDe tudo que se viveuPaz eterna à tua almaJunto de Deus, lá no céu.

O nosso adeus, até breveE esta certeza nós temosUm dia junto de DeusTodos nos encontraremos.

(Autora: Dioguina Pinho)

A Família conviva, de uma forma muito especial o Núcleo de Convivas de Madaíl e todos os que participaram no mesmo Convívio, endereça as sen-tidas condolências à família enlutada e aos seus amigos mais próximos. À Ali-ce em especial continuamos a contar com a sua presença amiga junto desta grande Família.

Núcleo de Convivas de Madaí

ATÉ BREVE AMIGO

37º Convívio Fraterno de Casais da Diocese do Porto

“Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tenta-ções do demónio no deserto e ensinou-nos a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma, a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Daí surgiu a Quaresma.”

De facto, a Quaresma apresenta-se-nos como um tempo de expiação, de aperfeiçoamento pessoal, uma caminhada de renovação que temos a graça de poder reviver em cada novo ano litúrgico. Muitas são as práticas que a nos-sa Mãe Igreja nos indica para melhor viver-mos este tempo de preparação para a Páscoa. Destaco a Confissão, a penitência, as pequenas mortificações simbolizadas no jejum semanal das sextas-feiras e a meditação nos mistérios da Paixão de Cristo – a Via-Sacra.

Com esse intuito, voltámos a viver em Fornos, no passado sábado dia 2 de Abril, mais uma Via-Sacra organizada pelo Grupo de Jovens Convi-

vas Pró– Futuro, com a colaboração dos vários núcleos convivas da diocese Porto – Sul.

Á medida que o grupo ia avançando, pude sentir no meu espírito, toda a alegria que vem da renúncia, “… no menor esforço de renúncia reside uma imensa força de libertação.” Era sá-bado à noite. Muitos eram os apelos do Mundo – discotecas, cinema, teatro, jantares, festas…, mas ali estávamos, reunidos em família cristã, para prestar mais uma merecida homenagem Àquele que não se cansa de nos ensinar a amar. E como é linda a nossa família reunida! Numa solenidade respeitosa, na alegria serena da paz interior, ousamos reconstituir os passos de Je-sus, estação após estação.

Foi grande o esforço de todos os envolvidos, mas o cansaço, o peso da responsabilidade e os pequenos sacrifícios de cada um, foram suplantados pela alegria do Amor partilhado. Pois embora a Quaresma seja tempo de oração

e penitência, deve ser, especialmente, tempo de alegria, já que a cada dia que passa estamos mais perto do dia da glória do Senhor!

Terminámos a nossa jornada com a procla-mação da Ressurreição de Jesus, na celebração da Eucaristia. Qual banquete Pascal!, essa gran-de graça que Jesus nos legou, como lembrança e actualização do seu Sacrifício único e sinal do que Ele nos prometeu antes de voltar para o Pai, “Ficarei convosco até ao fim dos tempos.”

De realçar ainda, o inesquecível momento de partilha, totalmente espontâneo – e talvez tão mais reconfortante por isso – que se improvisou nas imediações da Igreja de Fornos. Com a leve-za da convivência em família, foram-se trocan-do impressões sobre a noite vivida, petiscando aqui e ali, revendo velhos amigos, descobrindo nos desconhecidos a alegria de mais um irmão.

Filipa Pinto, CF 1090.

OUSAMOS RECONSTRUIR “A CAMINHADA DOLOROSA DE CRISTO”

Porque não há melhor forma de iniciar as férias do que celebrarmos Convívio uns com os outros, cerca de 150 jovens e casais convivas estiveram reunidos no dia 3 de Julho no parque do Buçaquinho em Cortegaça no Encerramen-to de Actividades 2011.

Entre jogos, actividades, teatros e muita animação, fomos percorrendo todo o mundo, numa aldeia global onde cada “país”. Foi um sorriso amigo, companheiro, alegre… Neste ambiente descontraído e animado foi surgindo o desafio para estas férias que agora começam e que deu mote ao encontro: “Vai p’lo mundo… Sê conviva do amor”. Pois só semeando amor por onde passamos é possível fazer sorrir tan-tos e tantos corações que sofrem.

Antes da partida, envolvidos pela simpli-cidade da natureza e com o coração repleto de paz, celebramos a Eucaristia, a verdadeira “festa do envio”. Jesus acedeu ao nosso pedido – “gostava de Te poder ter aqui…” – e fez-Se presente no pão repartido, no olhar de quem estava ao nosso lado, na mão que se uniu à nos-sa… Vamos agora levá-Lo cumprindo aquilo

que dissemos: “Dar-Te a mão e irmos por aí… Falar de Ti a toda a gente”. É a nossa missão e a nossa grande herança conviva. Pois a verdadei-ra “mão de Jesus” é a mão que estendemos aos outros. Assim, “nesta terra brotará nova Espe-rança”… brotará Amor.

Equipa de Animação Pastoral

CONVÍVIO-ANIMAÇÃO DIOCESANO

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Jovens em AlertaJovens em Alerta4 Maio/junho 2011

“enraizadoS e edificadoS em criSto, firmeS na fÉ”

Paris

Foi no dia 14 de Maio que os fi-nalistas da cidade de Bragança se uniram para festejar aquela que é a sua Eucaristia e nós como con-vivas que somos reunimos forças para tornar esta celebração ainda mais especial. Sendo assim, orga-nizamos vários ensaios durante a semana para que tudo fosse per-feito, contamos com a presença de algumas alunas finalistas que rapidamente se disponibilizaram para fazer parte do coro e apren-der connosco todas as músicas que tanto caracterizam o nosso grupo de jovens. Com toda a energia iluminamos do início ao fim toda a celebração. A Eucaristia teve lugar na Catedral que nesse dia ainda estava mais radiosa do que habitualmente, repleta de familia-res orgulhosos e de uma multidão que contemplava com curiosidade todo aquele espectáculo de fé que envolvia cada um dos nossos co-rações.

“Enraizados e Edificados em Cristo, firmes na fé” foi o tema que acompanhou toda a celebração já que também foi o tema proposto pelo nosso querido Papa para as Jornadas Mundiais da Juventude que se irão realizar em Madrid, nas quais vão participar um núme-ro considerável de convivas desta diocese. O tema foi também reflec-tido durante a recitação do terço e procissão das velas dos finalistas, realizado na noite anterior, preci-samente no dia 13 de Maio, acom-

panhando assim as celebrações que decorriam no Santuário de Nossa Senhora de Fátima na Cova da Iria.

Participar, com os finalistas, e acompanhá-los nesta caminhada de fé, foi para nós convivas uma experiência emocionante e grati-ficante, pois ao nosso jeito meio “desajeitado” testemunhamos a presença de Maria, mãe da hu-manidade, na vida de cada um de nós. E nesta noite iluminada e ao som de cânticos e das palavras emocionadas dos estudantes, agra-decemos à Mãe todas as graças concedidas, louvamo-la e a Ela nos consagramos com amor e pedimos a sua protecção e orientação para a nossa vida.

Poder contribuir para uma ca-minhada mais completa foi um orgulho para todos nós, já que pudemos mais uma vez celebrar Jesus Cristo, tendo Maria como exemplo, na companhia de todos aqueles finalistas que terminaram um percurso marcante da sua vida. Levar a todo o mundo sentimentos de amor, paz e união e continuar a elevar o nome de Deus nosso Pai, é a missão de cada um de nós.

Espero que caminhando sempre de mão dada com o nosso Amigui-nho, estes jovens possam percorrer um caminho recheado de sucessos e alegrias.

Ana Saldanha

CF 1148

BragançaunidoS para agradecer

roSaS a maria

De portas abertas para o mês de Maria, assumimos uma atitude de adoração perante a nossa Mãe do Céu que nos acolhe no seu leito. Assim, em alguns dias do mês de Maio, os jovens dos con-vívios fraternos da cidade de Bragança ofereceram um ramo de rosas à Mulher do “Sim” em diversas Paróquias da cidade onde estamos integrados. Stos. Mártires, S. Bento e S. Tiago. Esta foi o caminho numa entrega de humildade à nossa Mãe. É com Ela que aprendemos a valorizar o silêncio e a humildade numa troca de olhares meigos, onde nos oferece o seu filho, Jesus.

Aproximamo-nos das Jornadas Mundiais da Juventude a rea-lizar em Madrid e, como tal, é importante dar o testemunho de uma vida onde o sentido é Jesus Cristo. Maria não só intervém eficazmente pela nossa salvação, mas procura torná-la mais fácil; cobre de flores, sob os pés, o áspero caminho da virtude.

Nádia Mofreita, CF 1119.

Nos dias 18, 19 e 20 de Fevereiro, o movimento dos Convívios Frater-nos de Paris realizou um retiro de formação e oração com o objectivo de formar uma equipa coordenado-ra unida e coesa, tendo em vista o acompanhamento dos novos convi-vas, em especial aqueles a quem fo-rem confiados, até pelo menos ao fim do seu compromisso; também para “enriquecer” os jovens que apoiam, de uma forma diferente no exterior e que são uma mais-valia para o con-vívio.

No retiro participaram 27 jovens, os quais irão formar três equipas durante o convívio: a equipa coorde-nadora, que trabalhará directamente

com os novos convivas; a equipa de apoio à equipa coordenadora e a equipa de apoio exterior que tenta-rá mobilizar todos os convivas que já fizeram o Convívio Fraterno. Esta equipa também terá um papel im-portante, porque muitas vezes ape-nas valorizamos os novos convivas e esquecemo-nos das centenas de Convivas que já viveram esta expe-riência.

Informa-se que, nos dias 28, 29 e 30 de Outubro, vai realizar-se um Convívio Fraterno em Paris, na Casa de Retiros da Missão Católica Polaca. Espera-se que esta experiência de ser Conviva, uma missão que nos é con-fiada, dê bons frutos, tornando-nos

apóstolos dos jovens. O ser Conviva, em primeiro lugar, é ser cristão.

Pedimos aos convivas das várias regiões de Portugal, se tiverem um familiar ou um amigo emigrante a viver na região de Paris, que possa viver a experiência dos Convívios Fraternos, deverá contactar o se-guinte mail: [email protected]

Vários Convivas de Paris estão já preparados para viver as JMJ 2011, em MADRID, onde se encontrarão com a sua Santidade o Papa BENTO XVI. A nossa partida será de Viana Do Castelo.

Patrick Marques

retiro de formacÃo e oracÃo doS convivaS fraternoS de pariS

A vida do ser humano e em es-pecial dos jovens, precisa de raízes fundas e de alicerces fortes. Só as-sim, haverá a estabilidade e a paz para acontecer um crescimento fir-mado no essencial.

Tal como tem vindo a acontecer há 9 anos, Domingo de Ramos, foi para um grupo de cerca de 150 Convivas da Diocese de Bragança-

Miranda, dia de reflexão profunda, na mensagem que o Papa Bento XVI propôs para este ano de Jornada Mundial: “Enraizados e edificados em Cristo Firmes na Fé”. E que re-flexão maravilhosa se poderá fazer de palavras aparentemente tão sim-ples, mas tão cheias de sentido! Este dia de Ramos, de aclamação a Jesus de Nazaré, de palmas e ramos, de festa e de alegria, tem a particula-ridade de ser também dia Mundial dos jovens. Esses jovens que preci-sam de enraizar profundamente as suas vidas em Jesus Cristo. Esses jovens que sentem em si uma ânsia de uma “vida maior”.

O local escolhido foi a bonita ci-dade de Mirandela e foi grande a alegria de nos sentirmos Igreja, que celebramos com esta comunidade um dia de tão profundo significado. O dia iniciou com uma caminhada de oração, na qual várias paragens, serviram para meditar no essencial que fica escondido pela correria dos dias. Falou-se (e escutou-se)

Jesus, a Fonte inesgotável, falou-se de raízes e de alicerces, pensou-se na Pedra Angular rejeitada pelos construtores, ouviu-se a historio de uns óculos que demasiadas vezes colocamos e que distorcem o mun-do que vemos, escutaram-se, com comoção, palavras de João Paulo II, o Beato que amou os jovens e que permanece como caminho de san-tidade a seguir. Depois, a Grande Festa da Eucaristia na Paróquia de N. Senhora da Encarnação. Festa que dá sentido à nossa caminhada e que nos compromete para uma vida ao jeito de Jesus.

Em ano de Jornada Mundial da

Juventude, não poderíamos deixar de focar este encontro de união en-tre jovens do mundo inteiro, que dá vida e força à Igreja. Estiveram pois, presentes na nossa oração, os jovens dos cinco continentes e a jornada Mundial da Juventude em Madrid.

À tarde, o desporto, a união, a partilha de emoções, de juventude,

de energia. E no final do dia, o envio e o compromisso de enraizar e edi-ficar a vida em Jesus. Bento XVI, faz um apelo muito claro: “Na era da globalização, sede testemunhas da esperança cristã em todo o mundo: são muitos os que desejam receber esta esperança!” É esta esperança que queremos ser e construir. Por isso, e porque não nascemos para o vazio, pedimos ao Espírito Santo que ilumine os nossos passos e que nos dê a força e a audácia necessá-rias para sermos sempre firmes na fé.

Fabíola Mourinho

Page 7: Balada da União, Maio/Junho\'11

3Maio/junho 2011

Vivemos num mundo em convulsão em que a cada instante surgem incertezas e faltas de fé. A tão apregoada crise invade os nossos espíritos, esvazia as nossas carteiras, acorrenta os corações, provoca os medos e as conspira-ções. Vivemos num mundo perverso, onde nos entretemos entre a fúria da política, a luxúria do futebol e a agonia dos valores essenciais da sociedade. Entretemo-nos com o supérfluo, anestesiamos com a televisão e relativizamos tudo, esquecendo a igreja, renegando o baptis-mo em Jesus Cristo. Falamos do deus futebol e raramente nos referimos ao Deus das Nossas Vidas.

A presença da Igreja no Mundo deve ser um repositório de Fé, Esperança e Amor para cada ser humano em particular e para a hu-manidade em geral.

Que coerência existe nos comportamentos dos cristãos que estão nas associações e nos lugares de responsabilidade?

Que empenhamento têm os cristãos, quando se trata de assumir necessárias responsabilida-des sociais, políticas, associativas ou religiosas?

Que sentido dão os cristãos à sua vida, no seu local de trabalho, aos seus comportamen-tos, aos seus tempos livres?

Que testemunho se encontra naqueles que vão à Eucaristia todos os Domingos e que di-ferenças entre estes e todos os outros, na lin-guagem, no estilo e nas opções de vida?

Que respostas dão os baptizados às pergun-tas se são ou não praticantes, se acreditam ou não em Jesus, porque baptizam os seus filhos, porque casam pela Igreja?

Que opiniões têm os cristãos sobre temas como o aborto, a fidelidade, a injustiça e a fome no mundo, a violência, a sexualidade, o acesso privilegiado ou “por cunha” a lugares procura-dos, o respeito pela dignidade humana, a soli-dariedade e a justiça social, a corrida aos arma-mentos, a guerra, a crise que nos afecta?

Não será verdade que a experiência nos mostra a distância imensa entre a vida do quo-tidiano e a Fé dos cristãos que, Domingo após Domingo, vão à Eucaristia?

Não é verdade que, tantas vezes, mais que participantes, conscientes e activos, os cristãos são, sobretudo, assistentes e espectadores, indi-ferentes e alheados da realidade que se celebra na Eucaristia?

Como será que assumimos ao longo do “quarto dia” o compromisso assumido no nos-so convívio fraterno?

Temos de mudar de vida! Temos de ser coerentes com Jesus Cristo. Temos de derrotar o “eu solitário e egocên-

trico” para promover o “nós solidário teocên-trico, centrado em Jesus Cristo”. Assim vence-remos a crise!

António Silva

MUDAR DE VIDA… INSPIRADOS EM JESUS CRISTO

Sempre me custou entender a história dos Santos. Lembro-me que quando era pequenita, uma das coisas que mais confusão me causava eram as palavras do Padre da minha Paróquia sempre que apelava para que as pessoas tri-lhassem o caminho da Santidade. Com olhos curiosos e confusos, eu olhava os Santos dos al-tares e pensava para comigo mesma que eu não queria aquilo para mim. Viver uma vida difícil e cinzenta e depois ser imortalizada numa figu-ra de barro ou de madeira, colocada num cimo de um altar, estática e sem vida? Onde iria eu encontrar o entusiasmo para tal loucura? Sabia que essas pessoas tinham, de facto, vidas exem-plares de coragem e de entrega mas durante muito tempo vivi na certeza de que a santida-de, era só para gente deslocada do mundo e com um código genético já preparado para tão nobre missão.

Até ao dia em que percebi com algum es-panto, que a santidade é para todos. Até para mim.

A santidade é muito mais que uma compe-tição cujo prémio é um lugar no altar de uma qualquer Igreja. A santidade é o grande desafio da vida humana. É o querer ser sempre mais e melhor na luta diária que se trava contra as asperezas do caminho. Passa pela entrega aos outros, pela renúncia ao egoísmo e pela ine-vitável fé, até no extremo da dificuldade e da tristeza. Ser-se Santo, exige uma escolha defini-tiva mas sempre nova e renovadora: a escolha pelo amor. E este amor não é, ao contrário do que possa parecer a olhares desatentos, um ideal vago e poético...o amor é absolutamente

concreto, comprometendo-nos à ação a cada instante.

O mundo precisa de santos! Não de santi-nhos...Os santos agem, constroem e edificam. São gente de coragem que vão para o mundo de olhar levantado e anunciam com alegria o Cristo que lhes inspira os passos. Os santinhos falam muito e dedicam-se a encontrar argueiros nos olhos dos outros enquanto, paradoxalmen-te sofrem de uma cegueira doentia que os im-pede de verem a trave do próprio olho. Vivem num mundo só deles e falam de Cristo como se de um pesado fardo se tratasse... Talvez por existirem ainda muitos santinhos, seja difícil explicar a um adolescente de hoje, que a maior aventura de sempre é esta do amor. Oxalá as palavras do Papa João Paulo II, um dos maiores santos do nosso tempo, que pediu aos jovens para não terem medo de serem santos, fizessem eco e se tornassem fecundas...oxalá que sim...E oxalá a coragem da Madre Teresa de Calcutá, que apesar de não ter sido ainda considerada santa, o foi com toda a certeza, oxalá essa cora-gem, nos entusiasme, se não a fazer o mesmo, pelo menos a tentar olhar o outro (qualquer ou-tro) com o mesmo amor e ternura com que ela ousou olhar.

A santidade nasce desta ousadia de olhar mais longe e de confiar na grandeza de um Deus que nos quer santos por ser esse o cami-nho. Não o fácil, não o largo, mas o único que dá sentido a cada passo.

Fabíola Mourinho CF 833

Bragança

DA SANTIDADE

Sempre que acolhemos a vida na sua pleni-tude – alegrias, tristezas, fracassos, sucessos, vi-tórias, derrotas, etc -, aceitamos a graça da vida. Não é resignação como tantas vezes ouvimos murmurar: Foi Deus que assim quis ou o seu destino já estava traçado, entre outras tantas frases feitas, oriunda de uma certa religiosida-de popular, que ao longo dos tempos (séculos) marcou a personalidade do povo de Deus.

Desde o começo, a vida é uma estrada de li-berdade aberta por Deus, onde cada um de nós transita e faz a sua viagem. O convite de Deus feito a Abraão: “Vai para o país que Eu te farei ver” (Gn 12,1), não se trata de uma viagem ou de uma deslocação, trata-se sobretudo, de uma viagem dentro de si mesmo, dentro da sua própria habitação. “Vai”, não significa só atra-vessar a terra, mas mais do que isso, Deus quer que Abraão se atravesse a si mesmo, criando dentro do seu coração, um caminho de liberda-de. “Vai”, também não é o de ir para outra terra para possuir, mas para a “ver” com o amor e com o olhar de Deus. Olhar como Deus e ver como Deus.

Porém, encontramos hoje como no passado, a tentação do homem possuir e de usar. Segun-do Gn 19, as pessoas daquele tempo não respei-tavam as pessoas e tratavam-nas como objectos para possuir, usar e deitar fora. Actualmente, existem muitas pessoas que são tratadas como coisas. A doçura do mundo, a doçura do Éden ou do Paraíso foi vencida pelo mundo sodomi-zado (Sodoma). É um mundo em que as pesso-as são objectos e contam só como objectos: Que posso comprar , que posso possuir, que posso usar. Naturalmente, é o mundo da solidão, por-que diante de objectos não há comunicação, não há acolhimento, não há recepção, não há pala-vra dita nem palavra ouvida. Por isso a vida da graça, torna-se vida desgraçada e a des(graça) do outro não me dá vida. Apenas há sentido de posse, de violência, de solidão. Hoje como no começo faz sentido as palavras de Deus: “Não é

mesmo nada bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Parece que Deus quer dizer que a solidão do homem é a solidão de Deus. Assim sendo, este não é bom que o homem esteja só, poderá ser visto como agraciamento de Deus. Então, a partir daqui, ficamos a saber que somos vistos e como somos vistos por Deus.

Na verdade alguém nos olha e não apenas nos vê. Olha-nos de maneira diferente, enter-necedora, carinhosa; com olhar puro e gratuito. Um olhar que nos embala e nos faz nascer do novo agraciados pela graça da vida. O olhar agraciado, que por amor, Deus deleita em nós: é o encontrar Graça aos olhos de Deus.

Por isso mesmo, já não posso viver fechado em mim, mas aberto de mim mesmo, para que o tu se possa conjugar num nós. Não posso viver fechado em mim mesmo, porque o fe-chamento leva-me a possuir e a possuir-me, a esconder-me e a agredir, tornando-me num co-ração duro e violento que não conhece a graça ou o dom da graça.

O homem que encontra o olhar de Deus e experimenta a sua doçura, jamais pode deixar de acolher e de ser acolhido; de acariciar e de ser acariciado; de dar e de repartir; de amar e de ser amado. A descoberta deste amor só é possível quando nos “deixamos” amar primei-ro por Deus (1J.4,19). Assim sendo, e uma vez que o nosso amor é sempre uma resposta, logo, não somos nós que fazemos o amor, mas é o amor que se faz em nós. No mesmo sentido, compreendemos que amor não é nosso: não é meu nem teu, é-nos dado e se nos é dado, de graça o recebemos, de Graça o devemos dar. Por conseguinte, para amar o AMOR (Deus e homem) não devemos fazer exigências, porque a verdade do AMOR não tem outra exigência senão a da entrega e a do dom. Como no prin-cípio, para os cristãos, Deus continua a fazer o convite que dirigiu a Abraão: “Vai...”

Carlos Costa Gomes

DA VIDA DA GRAÇA, AO MUNDO “SODOMIZADO”

É com estes votos amigos que, quando inter-rompemos ao fim dum ano o trabalho normal em que nos realizamos as forças, se despedem de nós aqueles que connosco normalmente compartilham a mesma missão.

É uma necessidade física e psicológica esta interrupção dos trabalhos normais a que nos dedicamos durante o ano para destruirmos o “stress” e recuperarmos as forças físicas e mo-rais.

Por isso as férias não são um privilégio ou um favor, mas um bem adquirido e uma ne-cessidade que beneficia não só quem executa um trabalho como quem dele economicamente beneficia.

Devem ser um tempo propício ao descanso físico mas também um tempo privilegiado para crescermos cultural, religiosa e moralmente, para sermos nós próprios, para fazermos aqui-lo que sempre gostamos de fazer, para sermos pessoas

Todavia muitos jovens, têm ideia errada do que deve ser este tempo de férias.

Para muitos as férias não passam dum tempo para gozar e vida sem freios, sem leis, sem cos-

tumes, para recuperar o que julgam ter perdido em prazer, em vícios, para se libertarem de seus deveres familiares, religiosos e morais!...

E então, fazem férias em todas as dimensões da sua vida: profissional, moral, religiosa e cul-tural, etc.

Transformam o mês mais rico do seu ano, em tempo de ociosidade física quando não de des-truição física e moral.

Nada mais errado!...Isso não quer dizer que não façamos nas

férias aquilo de que gostamos − desporto, via-gens, etc. − e que durante o ano não temos pos-sibilidade de concretizar por falta de tempo.

Mas é necessário que elas sejam um tempo útil para vivermos uma vida sadia e agradável.

Referimo-nos apenas aquele tempo de férias desperdiçado, perdido por tantos jovens que, em vez de nelas crescerem como homens física, cultural e moralmente, tantas vezes nelas des-troem tudo aquilo que nestes sectores construí-ram durante um ano.

A ti, jovem amigo, jovem conviva, desejo-te “Boas Férias”.

João Manuel

BOAS FÉRIAS

Page 8: Balada da União, Maio/Junho\'11

Já todos ouvimos muitas vezes dizer, ou até já dissemos, “dou-te a minha palavra”, “a palavra é de ouro”, “palavra de honra”, etc. Mas também conhecemos ou já sofre-mos a falta de palavra de alguém, ou até já faltamos à palavra.

As palavras podem ser proferi-das para elogiar, para incentivar, para cativar, com amor, com ami-zade, com alegria, com afabilidade, com verdade, com autenticidade e com paz. Contudo há palavras ocas e pronunciadas com ódio, ira, ironia, que afastam corações, que destroem, que matam. A força da palavra toca cada pessoa e pode

deixar uma marca indelével.Há palavras que não são mais

do que ruído. Mas há outras que se ouvem baixinho ou no silêncio e que nem todos conseguem ouvir e compreender. Aqui encontramos a Palavra de Deus, uma Palavra comunicada na intimidade. A vontade de a escutar depende do receptor, que se predispõe a ouvir ou não.

Quantas vezes, no final da Mis-sa, ou no final das leituras não nos lembramos do que foi lido? Se isso acontecer como é que essa Palavra pode ter força, eficácia, rendimen-to na nossa vida? Como nos pode

ajudar a viver melhor nessa sema-na se nem sequer ficou um único pensamento?

Sempre nos ensinaram a ter um cuidado muito grande com a hóstia, na comunhão, não a deixar cair, nem que seja uma pequena partícula. Pergunto: porque é que também não devemos ter o cuida-do de não perder uma única Pala-vra das leituras?

A Palavra das escrituras deve ser performativa. Isto quer dizer que a Palavra tem que produzir efeito, dar rendimento, ser eficaz na vida e ter um efeito salutar nos nossos corações. De outra forma não pas-

sa de um mero relato, notícia ou “historieta”.

Devido às dificuldades de inter-pretação dos textos bíblicos deixo, este mês, a proposta de visitar o sitio www.dehonianos.org. Tal como no sitio da ecclesia, pode-se encontrar a liturgia semanal e do-minical, tal como de outras soleni-dades importantes. Para além das leituras há uma contextualização, interpretação teológica e comentá-rio das mesmas o que pode ajudar à sua compreensão, assim como pro-postas práticas de vivência.

Carlos Matos (492)

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Maio/junho 2011

A “FORÇA” DA PALAVRA

Para que os sacerdotes, unidos ao Coração de Jesus, sejam sempre verda-deiras testemunhas do amor providen-te e misericordioso de Deus.

«O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus» , dizia com frequência o Santo Cura d’Ars. Esta comove-dora expressão mostra-nos como devemos reconhecer, com devoção e admiração, o dom imenso que representam os sacerdotes, não só para a Igreja, mas também para a humanidade.

Todos os sacerdotes devem consi-derar dirigidas a si as palavras que o mesmo Santo colocava na boca de Jesus: «Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre disposto a recebê-los, que a mi-nha misericórdia é infinita».

Esta tarefa que Deus confiou aos sacerdotes aplica-se a todos os fiéis, mas sobretudo àqueles que se sen-tem acabrunhados e desanimados por causa dos seus pecados. Os sa-cerdotes devem mostrar-lhes que Deus perdoa sempre e todos os pecados, por maiores que sejam, porque a mi-sericórdia de Deus é infinita. Por sua vez, os sacerdotes devem manifestar esta misericórdia na maneira como acolhem os pecadores e em tudo o que se refere ao encontro com esses irmãos, numa situação em que eles necessitam, de modo particular, de um acolhimento caridoso.

O Evangelho refere-nos as pala-vras de Cristo: «Eu conheço as mi-nhas ovelhas e elas conhecem-Me» (Jo 10, 4). Esta frase de S. João deve dar-nos uma grande alegria, porque ela nos mostra que Deus nos conhece e Se preocupa com cada um. Mostra também, e de um modo particular aos sacerdotes, que devem partilhar as preocupações de Deus pelos ho-mens. Como sacerdotes devem, em comunhão com o amor de Deus, cuidar dos homens, levando estes a experimentar profundamente esta atenção de Deus; deveriam poder dizer, com Jesus: «Eu conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-me». E «conhecer», na Sagrada Es-critura, significa estar interiormente

perto do outro, amá-lo. Os sacerdo-tes devem esforçar-se por «conhe-cer» os homens da parte de Deus e com vistas a Deus; devem procurar caminhar com eles na senda da amizade com Deus.

A «linguagem» do Coração de Je-sus fala, sobretudo, de Deus como Pastor dos homens e assim nos ma-nifesta o sacerdócio de Jesus que está arraigado no íntimo do seu Coração. Deste modo, podemos afirmar que o ministério sacerdotal está sempre fundado no Coração de Jesus e é vivido a partir dele. O sa-cerdote deve repetir, com humilda-de, as palavras e os gestos de Cristo aos fiéis cristãos de todo o mundo, identificando-se com os seus pensa-mentos, desejos e sentimentos.

O sacerdócio ministerial está ao serviço do sacerdócio baptismal. Por isso se pede, na intenção deste mês, que os sacerdotes: «… sejam sem-pre verdadeiras testemunhas do amor providente e misericordioso de Deus». Os ministros ordenados celebram os sacramentos para alimentar a vida da Igreja. Eles são os pastores do povo, particularmente dos mais pobres. Acompanham as pessoas, as famílias, as comunidades em relação às quais estão chamados a ser reflexo do Coração de Cristo. Na Igreja do Ocidente, são os que seguem o caminho do celibato con-sagrado, imitando mais de perto a Cristo que viveu célibe, para serem sinais do seu amor por todos.

Entre as pessoas dedicadas ao serviço do Evangelho, encontram-se de modo particular os sacerdotes, chamados a proclamar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Re-conciliação, entregues ao serviço dos mais pequenos, dos doentes, dos que sofrem, dos pobres e de quantos passam por momentos difíceis, nas regiões da terra onde existem muitos que ainda não co-nhecem ou pelo menos não tiveram um verdadeiro encontro com Ele.

António Coelho, s.j. (Da Intenção Geral do Sto Padre para Junho

SACERDOTES, TESTEMUNHAS DO AMOR DE DEUS

COMUNICADO DO CONSELHO PERMANENTE DA CONFERêNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA A PROPÓSITO DO MOMENTO PRESENTE DA

SOCIEDADE PORTUGUESA

Os cristãos e todos os portugueses sabem que nós, Bispos e sacerdotes, evitamos tomar posição sobre as questões da política direta, preser-vando o nosso ministério espiritu-al, da polémica que naturalmente acompanha o debate partidário. Foi por isso que não respondemos às diversas solicitações que nos foram feitas para que falássemos no perío-do que antecedeu as últimas eleições legislativas.

E se o fazemos hoje, depois do Povo Português ter indicado, pelo seu voto, o rumo que deseja para Portugal, não é para comentarmos politicamente os resultados, mas porque achamos que a Palavra da Igreja pode ajudar a discernir o ca-minho da salvaguarda do “bem-comum” de toda a sociedade, no momento difícil que Portugal atra-vessa.

Verificámos que alguns líderes po-líticos, no calor da disputa eleitoral, referiram a Doutrina Social da Igreja para secundar as suas propostas po-líticas. Tinham o direito de o fazer, pois a vastíssima doutrina da Igreja sobre a sociedade pode, realmente, inspirar programas de governação. É nessa perspetiva que ousamos, neste momento particularmente de-licado do nosso País, sublinhar os seguintes aspetos:

1. A prioridade do “bem-comum” de toda a sociedade sobre interesses individuais e grupais é um dos pila-res da doutrina da Igreja sobre a so-ciedade e que pode, neste momento, inspirar as opções governativas. Va-mos pôr o bem da sociedade em pri-meiro lugar. Isso exige generosidade de todos na colaboração e aceitação dos caminhos necessários, na parti-lha de energias e bens, na modera-

ção das opções ideológicas e estra-tégicas. Partidos, sobretudo os seus representantes que o Povo elegeu, as associações laborais, empresariais e outras, são chamados à generosida-de de defenderem os seus direitos e interesses, dando prioridade total ao bem de toda a sociedade.

2. Além de generosidade, este momento exige, de todos os portu-gueses, grande realismo. A situação diminui a margem, legítima em de-mocracia, para utopias. É este senti-do de realismo que nos indica que devemos procurar soluções para Portugal no quadro social, político-económico em que está inserido: União Europeia, zona da moeda única, conjunto de países que se es-truturam na base do respeito pela pessoa humana e pela sua liberda-de, concretamente da liberdade de iniciativa económica.

Isto não pode resignar-se ao ine-vitável. Portugal tem de dar o seu contributo à evolução positiva, con-cretamente da União Europeia e da zona Euro, e só o fará se resolver positivamente, reconquistando a credibilidade, o momento que pas-sa. Deve fazê-lo procurando que o esforço de equilíbrio financeiro não prejudique a economia, e que não se relativize a importância da saúde, da cultura e da educação.

3. A Doutrina Social da Igreja ba-seia a prioridade do “bem-comum” na vocação comunitária da socie-dade. Esta não é um agregado de “indivíduos”, mas tende a ser co-munidade, onde cada um se sente corresponsável pelo bem de todos, onde cada homem e mulher é nosso irmão.

Esta dimensão comunitária é prioritária na visão da Igreja. O

amor fraterno, com a capacidade de dom, é o valor primordial na cons-trução da sociedade. Sempre, mas de modo especial neste momento que atravessamos, os pobres, os de-sempregados, os doentes, as pessoas de idade, devem estar na primeira linha do amor dos cristãos. Este é um dever prioritário da Igreja, que ela quer realizar pelos seus meios próprios, mas em colaboração com todos os que procuram o “bem-co-mum”. Esta atitude exige generosi-dade e capacidade de dom, de que o voluntariado é uma expressão no-bre. Os próximos tempos vão exigir partilha de bens. Mas não é a mes-ma coisa partilhar generosamente, e ser obrigado a distribuir. Temos de criar um dinamismo coletivo de generosidade e de partilha voluntá-ria, fundamentada no amor à pessoa humana.

4. Há ainda na nossa sociedade muitas expressões de egoísmo, que vão desde a corrupção ao enrique-cimento ilícito, a uma visão ego-cêntrica do lucro, etc. Uma ética da generosidade, da honestidade e da verdade tem de fazer parte da cul-tura a valorizar. O próprio sistema de justiça tem de ser um serviço que combata os atropelos à generosida-de, à honestidade e à verdade. Sem um bom sistema de justiça, nenhu-ma sociedade será verdadeiramente justa.

Este momento de crise pode levar-nos a todos a lançar os dinamismos para a construção de uma sociedade mais fraterna e solidária. A Igreja quer, não apenas pela sua palavra, mas pelo seu compromisso na ação, ser a afirmação da esperança.

Fátima, 14 de junho de 2011