bacia hidrografica

92
A Bacia como Unidade de Planejamento A necessidade de promover a recuperação ambiental e a manutenção de recursos naturais escassos como a água, fez com que, a partir da década de 70, o conceito de bacia hidrográfica passasse a ser difundido e consolidado no mundo. Para enfrentar problemas como poluição, escassez e conflitos pelo uso da água, foi preciso reconhecer a bacia hidrográfica como um sistema ecológico, que abrange todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área. Entender como os recursos naturais estão interligados e são dependentes.

Upload: ikkijean94

Post on 27-Sep-2015

7 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

TRABALHO SOBRE BACIAS HIDREOGRAFICAS

TRANSCRIPT

  • A Bacia como Unidade de PlanejamentoA necessidade de promover a recuperao ambiental e a manuteno de recursos naturais escassos como a gua, fez com que, a partir da dcada de 70, o conceito de bacia hidrogrfica passasse a ser difundido e consolidado no mundo. Para enfrentar problemas como poluio, escassez e conflitos pelo uso da gua, foi preciso reconhecer a bacia hidrogrfica como um sistema ecolgico, que abrange todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada rea.

    Entender como os recursos naturais esto interligados e so dependentes.

  • ExemplosQuando o curso de um rio alterado para levar esgotos para longe de uma determinada rea, acaba por poluir outra.

    Da mesma forma, a impermeabilizao do solo em uma regio provoca o escoamento de guas para outra, que passa a sofrer com enchentes.

    Rio Tiet, na cidade de Santana do Parnaba So Paulo

  • Diante de exemplos como essesTornou-se necessrio reconhecer na dinmica das guas, que os limites geogrficos para trabalhar o equilbrio ecolgico tm que ser o da BACIA HIDROGRFICA, ou seja,

    O espao territorial determinado e definido pelo escoamento, drenagem e influncia da gua, do ciclo hidrolgico na superfcie da Terra e no aquelas divises polticas definidas pela sociedade, como Municpios, Estados e Pases, que no comportam a dinmica da natureza.

  • Desde que o homem passou viver em sociedades organizadas e reconheceu a importncia de controlar a disponibilidade de gua potvel, surgiram as primeiras tentativas da humanidade de modificar o ambiente natural.

    O desenvolvimento de atividades como a agricultura e a urbanizao sempre estiveram ligados ao controle da gua.

    Civilizaes do antigo Egito, da China, ndia e Mesopotmia eram chamadas de civilizaes hidrulicas.

    A ascenso e queda desses povos est intimamente ligada aos usos e abusos da gua.

  • O mesmo acontece com a nossa sociedadeTodo desenvolvimento de regies urbanizadas e rurais definido de acordo com a disponibilidade das guas doces, ou seja, sua quantidade e qualidade.

    Portanto, para promover o desenvolvimento sustentvel e o intercmbio entre regies com interesses comuns, ou entre as que brigam pelo direito de utilizar a gua para determinado fim, foi preciso reconhecer e adotar o conceito de bacia hidrogrfica como Unidades de Planejamento.

  • No BrasilEsse conceito (Bacia Hidrogrfica como Unidades de Planejamento), passou a ser desenvolvido em meados dos anos 70.

    No estado de So Paulo, as primeiras experincias surgiram em 1976, na regio metropolitana, com a criao do Comit de Bacia, a partir de acordo firmado entre o estado de So Paulo e o Ministrio das Minas e Energia.

    O Brasil rene 8 grandes bacias hidrogrficas.

  • Bacias Hidrogrficas do Brasil 1 7 6 5 4 2 3 8 3

  • Bacias Hidrogrficas BrasileirasA distribuio da gua no Brasil no uniforme e as regies mais populosas e industrializadas apresentam menor disponibilidade de recursos hdricos.

    Esse um dos fatores que obriga o pas a adotar um sistema nacional de recursos hdricos, com gesto integrada, tendo a BACIA HIDROGRFICA como unidade de gerenciamento.

  • Distribuio dos Recursos Hdricos por Populao em % no Brasil Norte 68%Nordeste 3%Centro Oeste 16%Suldeste 6%Sul 7%

  • Regies HidrogrficasA Diviso Hidrogrfica Nacional.

    A Lei 9.433/97 estabelece que a bacia hidrogrfica a unidade territorial para a implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hdricos.

    Com o objetivo de respeitar as diversidades sociais, econmicas e ambientais do Pas, o Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH, aprovou em 15 de outubro de 2003, a Resoluo No. 32 que instituiu a Diviso Hidrogrfica Nacional.

  • 1- Amaznica2 - Tocantins Araguaia3 - So Francisco4 - Atlntico NE Ocidental5 - Atlntico NE Oriental6 - Parnaba7 - Atlntico Leste8 - Atlntico SE9 - Paran10 - Paraguai11 - Uruguai12 - Atlntico SulA Diviso Hidrogrfica NacionalCom o objetivo de respeitar as diversidades sociais, econmicas e ambientais do PasO Conselho Nacional de Recursos Hdricos e a ANA propuseram a definio de 12 principais regies hidrogrficas brasileiras.121011126859437

  • 123457689101211

  • Importncia da gua para a vida e distribuio no planeta

    A gua um mineral, elemento qumico simples (H2O) fundamental para o planeta.

    Est por toda parte, forma oceanos, geleiras, lagos e rios.

    Cobre da superfcie da Terra: um bilho 340 milhes de quilmetros cbicos.

    Abaixo da superfcie, infiltrada no solo, h mais quatro milhes de quilmetros cbicos que contornam rochas, cavernas, formam lenis e aqferos.

    Em torno do planeta, na atmosfera terrestre, existe mais de cinco mil quilmetros cbicos de gua, em forma de vapor.

  • Sem gua, a vida como conhecemos seria impossvel.

    Toda evoluo dos seres vivos est associada e depende desse precioso lquido.

  • A gua, inesgotvel ?A humanidade tem seu desenvolvimento associado aos usos da gua e durante milnios o homem considerou-a um recurso infinito.

    Apenas h algumas dcadas a humanidade despertou para a dura realidade de que, diante de maus usos, os recursos naturais esto se tornando escassos e que preciso acabar com a falsa idia de que os recursos hdricos, ou seja, a gua, no inesgotvel.

    Atualmente, mais de 1 bilho de pessoas no mundo sofrem com a falta dgua.

  • DISTRIBUIO DA GUA NA TERRA97,5%, est nos oceanos e salgada;

    2,5 % doce, maior parte est concentrada nas regies polares.

    Resta humanidade 0,7% da gua doce da Terra, armazenada no subsolo, o que dificulta sua utilizao.

    Somente 0,007% est disponvel em rios e lagos superficiais.

  • De onde vem a gua?Para entender de onde vem a gua, preciso relembrar os estados em que ela se encontra: gua em estado gasoso - na atmosfera, proveniente da evaporao de todas as superfcies midas - mares, rios e lagos; gua em estado lquido - nos oceanos (gua salgada), rios e lagos (gua doce) e no subsolo, constituindo os chamados lenis freticos. gua em estado slido - nas regies frias do planeta, nos plos.

  • Caminho da guasToda a gua do planeta se mantm em constante movimento, passando de um estado a outro e, assim, sustentando a vida na Terra.

    o que chamamos de ciclo hidrolgico.

    At 25% da gua que cai como chuva pode ser interceptada pelas copas das rvores.

    O restante escoa pela superfcie do solo ou nele se infiltra.

    Cerca de 1% da gua que cai retida para a formao de matria orgnica que constitui os seres vivos.

    O restante atinge os mares, caindo diretamente neles ou a eles chegando atravs de cursos dgua.

    As interferncias humanas quebram esse ciclo natural da gua.

    Nas reas urbanas, h a impermeabilizao do solo, falta de cobertura vegetal e poluio.

  • O ciclo da gua

  • O ciclo da gua

  • Por que h conflitos e disputa pela gua?No sculo XX, a populao mundial cresceu 3 vezes e o consumo 6 vezes.

    Alm disso, a distribuio de gua no planeta no equilibrada.

  • A gua doce no mundo

    A ONU - considera que o volume de gua suficiente para a vida em comunidade e exerccio das atividades humanas, sociais e econmicas, de 2.500 m3 de gua/habitante/ano.

    Em regies onde a disponibilidade de gua/habitante/ano est abaixo de 1.500 m3, a situao considerada crtica.

  • Continentes X Brasil

  • Na frica44 milhes de pessoas que vivem em reas urbanas no tm acesso gua.

    Das que vivem em zonas rurais, 53% (256 milhes) no contam com servios de abastecimento de gua.

    No total, 62% dos africanos no tm gua.

    No que se refere a saneamento, 46 milhes no contam com este servio nas zonas urbanas e 267 milhes na rea rural.

    Ao todo, so 313 milhes sem infra-estrutura de saneamento.

  • Na sia98 milhes de pessoas esto sem acesso gua, nas zonas urbanas, e 595 milhes, ou cerca de 25% da populao rural.

    Ao todo, so 693 milhes, ou 19% dos asiticos sem servio de abastecimento.

    Em saneamento, so mais de 1,9 bilho de pessoas no atendidas (52%), sendo 1,6 bilho na rea rural e 297 milhes nas zonas urbanas.

  • Na Amrica Latina78 milhes de pessoas no tm acesso gua, o que corresponde a 15% da populao.

    Em saneamento, a carncia de servio atinge 22% da populao e 51% dos moradores rurais.

    Ao todo 117 milhes de latino-americanos e caribenhos no tm acesso a servios de saneamento.

  • Na OceaniaNo saneamento so 2 milhes sem acesso. A totalidade dos habitantes das zonas urbanas tm acesso gua e somente 3 milhes, que vivem em reas rurais, no contam com abastecimento.

  • Na EuropaApenas 0,5% dos habitantes das zonas urbanas no tm acesso gua.

    Na zona rural, h 23 milhes sem abastecimento, o que corresponde a 13% da populao que mora no campo.

    Na rea do saneamento, 8% dos europeus (55 milhes) ainda no contam com esse servio. Fontes: Palestra de Gerson Kelman - presidente da ANA - Agncia Nacional de gua - disponibilizada Rede das guas, revista Aguaonline, Manual do Rio Tiet, Instituto Vidagua.

  • Usos da gua

    A utilizao da gua pelo homem depende da sua disponibilidade, da realidade socioeconmica e cultural, das formas de captao, tratamento e distribuio.

    Os principais usos da gua so:

  • Abastecimento pblicoO uso mais nobre da gua - subdividido em:

    Uso domstico (como fonte de vida, bebida, no preparo de alimentos, higiene pessoal, limpeza na habitao, irrigao de jardins e pequenas hortas particulares, criao de animais domsticos, entre outros) e

    Uso pblico (moradias, escolas, hospitais e demais estabelecimentos pblicos, irrigao de parques e jardins, limpeza de ruas e logradouros, paisagismo, combate a incndios, navegao, etc).

  • Uso IndustrialComo matria-prima, na produo de alimentos e produtos farmacuticos, gelo e etc, em atividades industriais onde a gua utilizada para refrigerao, como na metalurgia, para lavagem nas reas de produo de papel, tecido, em abatedouros e matadouros, etc e em atividades em que utilizada para fabricao de vapor, como na caldeiraria, entre outros.

  • Uso ComercialEm escritrios, oficinas, nos centros comerciais e lojas, em bares, restaurantes, sorveterias, etc.

  • Uso Agrcola e pecurioNa irrigao para produo de alimentos, para tratamento de animais, lavagem de instalaes, mquinas e utenslios

  • Uso RecreativoEm atividades de lazer, turismo e socioeconmicas, nas piscinas, lagos, parques, rios, etc.

  • Uso na Gerao de energia eltricaNa produo de energia atravs da derivao das guas de seu curso natural.

  • Uso no SaneamentoNa diluio e tratamento de efluentes.

  • Ameaas gua ... Escassez - O desenvolvimento desordenado das cidades, aliado ocupao de reas de mananciais e ao crescimento populacional, provoca o esgotamento das reservas naturais de gua e obriga as populaes a buscar fontes de captao cada vez mais distantes.

    A escassez resultado do consumo cada vez maior, do mau uso dos recursos naturais, do desmatamento, da poluio, do desperdcio, da falta de polticas pblicas que estimulem o uso sustentvel, a participao da sociedade e a educao ambiental.

  • ... Desperdcio - Resultado da m utilizao da gua e da falta de educao sanitria.

    O desconhecimento, a falta de orientao e informao aos cidados so os principais fatores que levam ao desperdcio, que ocorre, na maioria das vezes, nos usos domsticos.

    Existem tambm as perdas decorrentes da deficincia tcnica e administrativa dos servios de abastecimento de gua, provocadas, por exemplo, por vazamentos e rompimentos de redes.

    Essas perdas tambm se devam falta de investimentos em programas de reutilizao da gua para fins industriais e comerciais, pois a gua tratada, depois de utilizada, devolvida aos rios sem tratamento, em forma de efluentes, esgotos e, portanto, poluda.

    ... Ameaas gua

  • Onde gastamos nossa gua? Estima-se que o desperdcio de gua no Brasil chegue a 70%.

  • Em casaEm mdia, 78% do consumo de gua gasto no banheiro. No banho: 95 a 180 litros. Na escovao dos dentes: 25 litros.

    Na descarga: 20 litros.

    Na torneira: pingando, 46 litros/dia. Na lavagem de louas: 105 litros.

  • Desperdcio de guaNa lavagem de carros: Com a mangueira aberta o tempo todo consome-se, em mdia, 600 litros; com balde, 60 litros.

    A SABESP calcula que o Estado de SP perde diariamente 40% da gua tratada, o que representa cerca de 1,3 bilho de litros/dia.

    Daria para abastecer 2 cidades do porte de Curitiba. * Fontes - Manual do Rio Tiet - Fundao SOS Mata Atlntica, Ncleo-Pr-Tiet e 5 Elementos - Instituto de Educao e Pesquisa Ambiental.

  • Falta de GestoM utilizao

    Uma das atividades que mais desperdia gua a irrigao por canais ou por asperso, em decorrncia de mtodos ultrapassados e ineficientes. O no reuso da gua para atividades industriais tambm outro exemplo que mais se relaciona ao desperdcio e falta de polticas pblicas eficientes de controle e gesto.

  • Desmatamento - Em reas de mata ciliar - que protege as margens dos rios, lagos e nascentes - provoca srios problemas de assoreamento dos corpos dgua, carregamento de materiais e resduos que comprometem a qualidade das guas. Nas reas de nascentes e cabeceiras, o desmatamento acarreta o progressivo desaparecimento do manancial. Sem cobertura vegetal e proteo das razes das rvores, as margens dos corpos dgua desbarrancam ocasionando o transbordamento, enchentes e o desvio do curso natural das guas.

  • Poluio - Durante sculos o homem utilizou os rios como receptores dos esgotos das cidades e dos efluentes das industrias que renem grande volume de produtos txicos e metais pesados.

    Essa prtica resultou na morte de enormes e importantes rios - no estado de So Paulo o maior exemplo rio Tiet que corta o estado de leste a oeste, com 1.100 quilmetros de extenso.

    Alm da poluio direta, por lanamento de esgotos, falta de sistemas de tratamento de efluentes e saneamento, h a chamada poluio difusa, que ocorre com o arrasto de lixo, resduos e diversos tipos de materiais slidos que so levados aos rios com a enxurrada.

    Ao "lavar a atmosfera", a chuva tambm traz poeira e gases aos corpos d'gua.

  • Nas zonas rurais, os maiores viles da gua so os agrotxicos utilizados nas lavouras, seguidos do lixo que jogado nas guas e margens de rios e lagos, alm das atividades pecurias como a suinocultura, esterqueiras e currais, construdos prximos aos corpos dgua.

  • H ainda os acidentes com transporte de cargas de resduos perigosos e txicos, rompimento de adutoras de petrleo, leo, de redes de esgoto e ligaes clandestinas.

    Em algumas regies, as fossas negras e os lixes podem contaminar os lenis de gua subterrnea.

  • A crise mundial da gua e a desigualdade socialA escassez de gua no mundo agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentveis dos recursos naturais.

    De acordo com os nmeros apresentados pela ONU - Organizao das Naes Unidas - fica claro que controlar o uso da gua significa deter poder.

  • As diferenas registradas entre os pases desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos hdricos est diretamente ligada s desigualdades sociais.

    Em regies onde a situao de falta dgua j atinge ndices crticos de disponibilidade, como nos pases do Continente Africano, a mdia de consumo de gua por pessoa de 19 m3/dia, ou de 10 a 15 litros/pessoa.

    J em Nova York, h um consumo exagerado de gua doce tratada e potvel, onde um cidado chega a gastar 2 mil litros/dia.

  • Segundo a Unicef (Fundo das Naes Unidas para a Infncia), menos da metade da populao mundial tem acesso gua potvel.

    A irrigao corresponde a 73% do consumo de gua, 21% vai para a indstria e apenas 6% destina-se ao consumo domstico.

    Um bilho e 200 milhes de pessoas (35% da populao mundial) no tm acesso a gua tratada.

    Um bilho e 800 milhes de pessoas (43% da populao mundial) no contam com servios adequados de saneamento bsico.

    Diante desses dados, temos a triste constatao de que dez milhes de pessoas morrem anualmente em decorrncia de doenas intestinais transmitidas pela gua.

  • Doenas de veiculao hdricaTransmitidas diretamente atravs da gua, geralmente em regies desprovidas de servios de saneamento: clera, febre tifide, desinteria bacilar, amebase ou desinteria amebiana, hepatite infecciosa, poliomielite.

    Transmitidas indiretamente atravs da gua: esquistossomose, fluorose, malria, febre amarela, bcio, dengue e etc

  • A Agenda 21Elaborada durante a Conferncia Mundial das Naes Unidas sobre Meio Ambiente, a Eco-92, dedicou um captulo especial questo da gua, onde preconiza o uso sustentvel dos recursos hdricos, orientando todas as naes para a extrema necessidade de recuperar e garantir a qualidade das guas.

    Porm, passados 15 anos, o mundo volta a discutir o mesmo tema, pois ainda assistimos constante degradao dos rios, dos mananciais superficiais e subterrneos e a padres no sustentveis de consumo de gua.

  • Para reverter esse quadro, a Agenda 21 preconiza que fundamental a participao efetiva de toda sociedade na gesto dos recursos hdricos.

    Do II Frum Mundial da gua, realizado em maro de 2000, em Haia, na Holanda, surge o documento denominado "Viso 21- gua para o Povo", com intuito de fazer com que at o ano de 2025 todos os povos tenham acesso s condies bsicas de saneamento de abastecimento de gua.

  • No Brasil dos contrastes, segunda maior potncia em reserva de gua doce do mundo, onde convivemos com situaes de seca semelhantes s dos pases que praticamente no tm gua, a questo dos recursos hdricos e do saneamento toca profundamente nas relaes de poder e de participao da sociedade nos processos de deciso.

    Segundo a diretora do Instituto Ipanema, a mais importante concluso desses documentos ratificados pelo Conselho Consultivo para gua Potvel e Saneamento, durante o V Frum realizado em novembro de 2000, em Foz do Iguau, de que o acesso gua para atender s necessidades bsicas direito de todos".

  • A questo fundamental para garantir esse direito no tecnolgica, nem a falta de recursos financeiros, mas essencialmente a falta de comunicao para que todos possam ter acesso informao adequada e de modo apropriado.

    As concluses da Cpula do Milnio enfatizam, alm da questo vital da gua, a erradicao da misria em todo o mundo, principalmente a partir do acesso s condies mnimas de higiene, saneamento e gua potvel.

  • Para isso, os prximos passos so:

    aprovar a cobrana pelo uso da gua com recursos aplicados na bacia onde foram arrecadados, universalizar a temtica das guas, eliminar entraves burocrticos e preconceitos com relao participao da sociedade civil e fortalecer o engajamento de toda sociedade nos organismos de bacias . O que necessrio para avanar no processo gesto dos recursos hdricos?

  • Os instrumentos de Gesto do Sistema de Recursos Hdricos

    Para que a gesto dos recursos hdricos no pas ocorra de forma descentralizada, integrada e participativa, de acordo com a Poltica Nacional instituda a partir de Lei 9.433/97, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos constitudo de um conjunto de mecanismos jurdico-administrativos, composto por leis e instituies, de um Conselho Nacional de Recursos Hdricos; de Conselhos Estaduais e do Distrito Federal e dos Comits de Bacias Hidrogrficas, conta com instrumentos de gesto.

  • O mesmo ocorre com os Sistemas Estaduais.

    A funo principal desses instrumentos ou ferramentas de gesto possibilitar a implementao da Poltica Nacional e das Polticas Estaduais de Recursos Hdricos.

    A Lei 9.433/97 estabelece os seguintes instrumentos de gesto:

    INSTRUMENTOS DE GESTO

  • Planos de Recursos Hdricos e Plano de Bacias;

    Outorga do direito de uso dos recursos hdricos

    Enquadramento dos corpos d'gua;

    Cobrana pelo uso da gua; e

    Sistema de Informaes.

  • Os Planos de Recursos Hdricos

    O Plano Nacional de Recursos Hdricos e os Planos Estaduais so instrumentos estratgicos que estabelecem diretrizes gerais sobre os recursos hdricos no pas e nos estados e por esse motivo tm que ser elaborados de forma participativa, para que possam refletir os anseios, necessidades e metas das populaes das regies e bacias hidrogrficas.

  • Plano Nacional de Recursos Hdricos - PNRH

    O primeiro Plano Nacional de Recursos Hdricos est em fase de elaborao atravs de um processo tcnico, social e poltico de discusso e negociaes que envolvem as diferentes instituies, os segmentos e atores sociais brasileiros.

    Sua elaborao est a cargo da Secretaria Nacional de Recursos Hdricos do Ministrio do Meio Ambiente, com participao do CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hdricos, com apoio da ANA - Agncia Nacional de guas.

  • Objetivos:Orientar as decises de Governo e das instituies que compem o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos;

    Propor a implementao de programas nacionais e regionais;

    Promover a harmonizao e adequao de polticas pblicas para buscar o equilbrio entre a oferta e a demanda de gua, de forma a assegurar as disponibilidades hdricas em quantidade e qualidade para o uso racional e sustentvel.

  • Os Planos Estaduais de Recursos Hdricos

    So instrumentos dos Sistemas implementados nos diversos estados do pas, a partir de leis estaduais especficas que instituram os sistemas de gerenciamento de recursos hdricos e os comits de bacias hidrogrficas.

    Esses Planos so fundamentados nos planos de bacias hidrogrficas elaborados atravs dos comits de bacias e apresentam diretrizes para as aes, programas e polticas pblicas dos Estados no campo dos recursos hdricos.

  • Outorga dos direitos de uso da gua

    A outorga instrumento atravs do qual o Poder Pblico autoriza o usurio a utilizar as guas de seu domnio, por tempo determinado e com condies preestabelecidas.

  • Objetivo:Assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos das guas superficiais e subterrneas e o efetivo exerccio do direito de acesso gua.

  • Por que preciso autorizao para usar gua?A gua um recurso natural escasso e um bem de domnio pblico, de valor econmico, essencial a vida.

    Para que todos tenham acesso e usem de forma sustentvel, cabe ao Poder Pblico a sua regulao.

  • Quem concede a outorga?No caso das guas de domnio da Unio, a ANA - Agncia Nacional de guas quem concede e para as guas de domnio dos Estados e do Distrito Federal compete aos rgos gestores dos Sistemas Estaduais a emisso da outorga, com base nas diretrizes estabelecidas em legislaes especficas de cada Estado, muitas vezes com participao dos conselhos estaduais e dos comits de bacias.

  • guas de Domnio da Unio, dos Estados ou Distrito FederalA Constituio de 1988 estabeleceu que as guas so de domnio da Unio ou dos Estados e do Distrito Federal.

  • guas da Unio

    So aquelas que se encontram em terras do seu domnio, que banham mais de um Estado, sirvam de limite com outros pases ou unidades da Federao, se estendam a territrio estrangeiro, ou dele provenham.

    Por exemplo:-Rio Paran (Brasil, Paraguai e Argentina);- Rio So Francisco (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe);- Rio Paraba do Sul (So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro); - Lagoa Mirim (Brasil e Uruguai), entre outros.

  • guas de domnio dos Estados ou Distrito FederalAs guas de domnio dos Estados e do Distrito Federal so todas as de rios e de bacias que se encontram dentro dos limites dos Estados, incluindo as guas de origem subterrnea. Por exemplo: - Rio Tiet (So Paulo); - Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul); - Rio das Velhas (Minas Gerais); - Rio Jaguaribe (Cear); - Rio Paraguau (Bahia), etc.

  • Quem precisa de outorga para usar gua e como obt-la?Todos os usurios, ou seja, aqueles que fazem captao para qualquer finalidade de uso nas guas de rios, lagos ou guas subterrneas, deve ser solicitada uma Outorga ao Poder Pblico. Os usos para captao de gua para: o abastecimento domstico, para fins industriais ou irrigao; para o lanamento de efluentes industriais ou urbanos, a construo de obras hidrulicas, como barragens ecanalizaes de rio, ou, ainda, servios de desassoreamento e de limpeza de margens, precedem de outorga.

  • Os Comits de Bacias Hidrogrficas Os comits de bacias Hidrogrficas so colegiados institudos por Lei, no mbito do Sistema Nacional de Recursos Hdricos e dos Sistemas Estaduais.

    Considerados a base da gesto participativa e integrada da gua, tm papel deliberativo e so compostos por representantes do Poder Pblico, da sociedade civil e de usurios de gua e podem ser oficialmente instalados em guas de domnio da Unio e dos Estados.

    Existem comits federais e comits de bacias de rios estaduais, definidos por sistemas e leis especficas.

  • Os Comits de Bacias Paulistas

    Os comits de bacias hidrogrficas foram criados pela lei que instituiu a poltica estadual de recursos hdricos (7.663/91) para gerenciar a gua de forma descentralizada, integrada e com a participao da sociedade.

  • Os comits so colegiados compostos por representantes de municpios (prefeitos), de rgos estaduais e de entidades representativas da sociedade civil (ONGS, universidades, associaes) em igual nmero.

    A composio tripartite visa garantir a todos os integrantes do colegiado os mesmos direitos e o poder de deliberar na tomada de decises que iro influenciar na melhoria da qualidade de vida da regio e no desenvolvimento sustentado da bacia.

    Por isso, os comits de bacia so considerados "o parlamento das guas".

  • Antes de sua criao, o gerenciamento da gua era feito de forma isolada por municpios e Estado.

    As informaes estavam dispersas em rgos tcnicos ligados ao assunto e os dados no eram compatveis.

    Era muito difcil obter acesso a informaes concretas. Isso dificultava o planejamento sobre captao, abastecimento, distribuio, despejo e tratamento da gua que consumimos e acarretava a realizao de mega obras, concebidas de forma isolada, muitas vezes com desperdcio de dinheiro pblico.

    A falta de polticas pblicas integradas e eficientes para manejo dos recursos naturais provocou a degradao de muitos rios.

  • O papel da sociedade civil na poltica de recursos hdricos O Capitulo 23 da Agenda 21 - documento assinado por 170 pases durante a Eco 92, considerado o maior esforo conjunto de governos de todo mundo para identificar aes que aliem o desenvolvimento proteo ambiental - destaca o papel do cidado na defesa do meio ambiente.

  • O fortalecimento da participao de todos os grupos sociais na gesto ambiental um dos preceitos bsicos do Captulo 23 da Agenda 21.

    Esse tratado internacional evidencia que a participao dos cidados pr-requisito fundamental para alcanar o desenvolvimento sustentvel e prev mecanismos para isso.

  • A agenda 21 destaca que a sociedade, os governos e os organismos internacionais devem criar meios para que as ONGS (organizaes no-governamentais) sejam parceiras no desenvolvimento sustentvel.

    O cidado comum deve participar das discusses pblicas para tomadas de decises que iro repercutir no seu dia-a-dia.

  • A partir dessas conquistas sociais, referendadas em leis, as instituies da sociedade civil mudam de papel e passam a dividir responsabilidades com as entidades pblicas e governamentais.

    A comunidade, organizada em entidades representativas e de defesa de interesses coletivos e difusos, passou a exercitar, de verdade, a sua cidadania na rea ambiental e no gerenciamento dos recursos hdricos

  • A chamada "sabedoria do colibri" que est nos ditos populares, consolidou-se como exemplo.

    Hoje, como cidados, estamos fazendo a nossa parte, que, apesar de parecer pequena e modesta, como a gota dgua: mesmo mole e pequena, bate tanto at que fura a pedra dura.

  • A sabedoria do colibri"A Floresta pegou fogo e os animais fugiram assustados. O macaco, ao notar o beija-flor levando gua no bico para apagar o incndio, comentou: - Voc no percebe que no vai adiantar? O beija-flor respondeu: - Estou fazendo a minha parte".

  • E voc?

  • Aps DiagnosticarPlanejar Criar LeisAgora a hora da

    GESTO DOS RECURSOS HDRICOS

  • GestoMas o maior desafio de todos no processo de gesto dos recursos hdricos sempre esteve na prpria gua: como administrar um recurso que no estabelece fronteiras, que circula por todo o Planeta e do qual varias pessoas se beneficiam, com diferentes usos, ao mesmo tempo?

  • GestoA falta de viso do todo resultou num enfoque de gesto voltado recuperao, conservao, proteo ou ao controle de rios ou cursos d`gua, de forma isolada.

    Um olhar muito limitado, pois a gua no existe sozinha no ambiente, ela faz parte de um conjunto, como elemento que liga tudo e no qual todos se conectam para a vida.

    Graas ao avano do conhecimento e sensibilizao das pessoas, o enfoque para a gesto da gua foi sendo ampliado, passando a abranger as reas de captao e incorporando a proteo dos recursos como o solo, a flora, a fauna, os minerais e o relevo, elementos estes que influem na produo e na descarga de gua.

  • O planejamento da gesto da gua deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razo de sua distribuio desigual sobre a Terra. Artigo 10 da Declarao Universal dos Direitos da gua

  • O papel do Estado O papel do Estado: com a Constituio de 1988 e a nova Lei das guas (n 9.433/97), cabe ao Estado definir diretrizes e apoiar tcnica, administrativa e financeiramente a gesto dos recursos hdricos, por meio da Secretaria Nacional de Recursos Hdricos e da ANA Agncia Nacional de guas.

  • O papel da Sociedade Civil

    O papel da Sociedade Civil: com a participao das organizaes civis no Conselho Nacional de Recursos Hdricos , nos Comits de Bacia Hidrogrfica e nos Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos, as decises deixam de ser tomadas apenas pelo Poder Pblico.

    As ONGs organizaes no governamentais, escolas, universidades e outros grupos organizados tm um papel importante na capacitao de recursos humanos e orientao da populao com programas de educao ambiental.

  • O papel do Usurio

    O papel do Usurio: alem de cobrar o acesso gua e s condies mnimas de saneamento bsico, precisamos colaborar na conservao dos recursos naturais, ser solidrios e atuar efetivamente para reverter a situao daqueles que enfrentam a dura realidade de no ter gua e de viver no meio do esgoto.

    Como cada um pode participar do processo de conservao e de gesto da gua no seu pedao?

  • Pense nisso!