bacia do rio paquequer segmento geológico … · lado direito (pista 1) e taludes de aterro ou...
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BACIA DO RIO PAQUEQUER
Segmento Geológico-Geotécnico Biquinha (OAE ribeirão Santa Rita 64+925 ao km 71+075
OAE rio Paquequer)
O segmento geológico-geotécnico Biquinha é composto por 7 maciços com certas particularidades
geológico-geotécnicas que governam os mecanismos de ruptura predominantes de cada um. Trata-
se de um segmento com seção meia-encosta com morros de gradientes médios a elevados para o
lado direito (pista 1) e taludes de aterro ou natural em contato com a planície aluvionar ou margem
do rio Paquequer para o lado esquerdo (pista 2). Os maciços são sub-segmentados entre os
quilômetros: (1) km 64+925 ao km 65+800; (2) km 65+800 ao km 66+600; (3) km 66+600 ao km
67+090; (4) km 67+090 ao km 68+000; (5) km 68+000 ao km 69+195; (6) km 69+195 ao km
70+500; e (7) km 70+500 ao km 71+075. Na Figura 133 apresenta-se o segmento Biquinha e seus
sub-segmentos.
Figura 133 – Aspectos morfológicos do segmento geológico-geotécnico Biquinha.
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Os maciços 1 e 2 (km 64+925 ao km 66+600) apresentam línguas de páleo-tálus-colúvio no sopé de
escarpa rochosa. Essas línguas são estreitas e situam-se entre maciços em solo residual,
eventualmente capeados por colúvio pouco espesso. As Figuras 134 e 137 mostram os aspectos dos
relevos dos maciço 1 e 2. Na Figura 135 apresentam-se as cicatrizes de ruptura mobilizadas na
encosta, na porção residual e a montante do afloramento rochoso no topo. Dependendo do volume
de material deslizado a montante do topo rochoso e do seu impacto sobre o depósito de tálus-
colúvio pode haver ruptura com liquefação do depósito situado no sopé da escarpa (Figura 136).
Figura 134 – Sub-segmento maciço 1 (km 64+925 ao km 65+800). Presença de depósito de páleo-tálus-
colúvio no sopé do afloramento rochoso situado entre terrenos de pacote espesso de solo residual.
Figura 135 – Depósito de páleo-tálus-colúvio podem ser ativados pelo impacto de massa de solo a montante,
como por exemplo por meio de deslizamento do capeamento de solo acima do afloramente rochoso. Nos
pacotes espessos de solo a ruptura assume maior porte e, normlamente, ocorre na interface dos materiais de
diferentes propriedades mecânicas e hidráulicas.
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Figura 136 – Vistas lateral e frontal do depósito de páleo-tálus-colúvio. Deslizamentos na porção superior,
dependendo da força de impacto, podem colapsar o depósito no sopé do afloramento rochoso.
Figura 137 – Sub-segmento maciço 2 (km 65+800 ao km 66+600). Morro residual convexo com presença de
língua de tálus-colúvio no sopé do afloramento rochoso.
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A configuração geométrica do morro, superfície convexa e elevada altura, e o perfil geológico do
manto de alteração favorecem ocorrência de escorregamentos. Escalonamentos do talude podem ser
eficazes para estabilização de trechos colapsados, desde que a escavação remova o capeamento de
solo residual maduro e a superfície escavada seja protegida com revestimento apropriado. Na Figura
138 observa-se cicatriz de ruptura e reconformação de antiga ruptura.
Figura 138 – Cicatriz de ruptura e antiga ruptura de grandes proporções reconformada (talude escalanado
com implantação de sistema de drenagem superificial - km 66+175, pista 1).
Em linhas gerais, os maciços 3 e 4 (km 66+600 ao km 68+000, Figuras 139 e 142) mantêm o
mesmo padrão de comportamento. As curvaturas externas do rio Paquequer causam rupturas nos
taludes de jusante (Figuras 140 e 143). Os morros convexos são caracterizados por um pacote
espesso de solo residual, que quando rompem mobilizam rupturas rotacionais não muito profundas,
mas de grande porte (Figura 141), em função da elevada altura.
Figura 139 – Vista aérea do sub-segmento maciço 3 (km 66+600 ao km 67+090).
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Figura 140 – Ruptura em talude de jusante resultante de ersão fluvial atuante na curvatura externa do rio
Paquequer (km 66+930).
Figura 141 – Cicatriz de escorregamento pouco profundo de grandes proporções em encosta com focos
erosivos (km 66+650).
No sub-segmento 4 a encosta se afasta mais da rodovia (Figura 142) e escorregamentos para o lado
de montante (pista 1) não chegam a atingir a rodovia. Ocorrências são observadas nos contatos da
curvatura externa do rio Paquequer com o pé dos taludes de jusante em aterro ou terreno natural
(Figura 143).
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Figura 142 – Vista aérea do sub-segmento maciço 4 situado entre os quilômetros km 67+090 e km 68+000.
Figura 143 – Ruptura remontante em talude de jusante decorrente da ação da água na curvatura externa do
rio Paquequer. O solopamento da base do talude leva o talude ao colapso, inclusive estrutura de contenção
(muro de gabião), atingindo a pista de rolamento (km 67+435, pista 1). Tal situação poderia ter sido evitada
através da execução de enrocamento.
Nos maciços 5 e 6 (km 68+000 ao km 70+500) o vale do rio Paquequer é muito fechado encaixado
em forma de “V” com vertentes residuais proeminentes com amplitude topográfica de 200m, de
gradiente a elevado (Figura 144 e 149). Predominam os maciços rochosos recobertos por capa de
solo com espessura variável. As matrizes do manto de alteração variam entre solos finos argilosos
(nos topos) a solos com granulometria grosseira (solo residual jovem) e saprólitos. Entre os
quilômetros km 68+000 ao km 69+195 o vale é mais profundo em relação à plataforma da rodovia,
o que configura um talude de jusante muito alto e íngreme composto por rocha capeada por solo
com espessuras variáveis (Figura 145). A mesma característica pode ser observada nos taludes de
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montante. Entretanto, devido ao alívio de tensões promovido pela escavação da rocha, tem-se um
material fraturado com mergulho na direção da rodovia (Figura 146). O contato entre materiais de
diferentes propriedades quando saturado favorece a mobilização de ruptura (Figura 147). Diversas
cicatrizes de ruptura são observadas nos taludes de montante e jusante, predominando aquelas
resultantes de escorregamentos translacionais que ocorrem na interface solo-rocha (Figura 148).
Figura 144 – Relevo do sub-segmento maciço 5 (km 68+000 ao km 69+1950 caracterizado por vale fechado
encaixado em forma de “V” com encosta rochosa recoberta por camadas de solo com espessuras variáveis.
Figura 145 – Seção meia encosta escavada em rocha com desnível acentuado entre a plataforma rodoviária e
nível d’água do rio Paquequer. Verificam-se diversas cicatrizes de ruptura no taludes de montante e jusante.
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Figura 146 – Maciço em rocha fraturada com atitude desfavorável a estabilidade do talude e formação de
blocos e lascas de rocha. Notam-se ainda pontos de surgência nas fraturas das rochas.
Figura 147 – Deslizamento de capa de solo residual maduro sobre saprólito (km 68+735, pista 1).
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Figura 148 – Escorregamento múltiplo retrogressivo translacional rotacional e escorregamento translacional
mobilizados pela redução de resistência ao cisalhamento na interface solo-rocha.
Ainda que a rodovia siga paralela ao vale encaixado em “V” do rio Paquequer, no sub-segmento
maciço 6 (km 69+195 ao km 70+500) o nível da plataforma é mais próximo do N.A. do rio
Paquequer, de maneira que os taludes de jusante são em solo e são mais afetados por erosões
fluviais que deflagram rupturas remontantes. Os maciços proeminentes são em rocha sã pouco
fraturada recobertos por capas de solo de espessuras variáveis (Figura 150) . Predominando os
escorregamentos na interface solo-rocha, que mobilizam solo e matacões de rocha de alturas
elevadas (Figura 151).
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Figura 149 – Relevo do sub-segmento maciço 6 (km 69+195 ao km 70+500).
Figura 150 – Formas residuais proeminentes caracterizadas por escarpas rochosas recobertas camadas de
solo de espessuras variáveis.
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Figura 151 – Escorregamentos translacionais na interface solo-rocha mobilizando matacões de rocha e
deixando-os em condição precária de estabilidade.
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O sub-segmento maciço 7 (km 70+500 ao km 71+075 – Figura 152) é um compartimento de transição, em
que há rupturas por erosão fluvial nos taludes de jusante nos contatos com os meandros do rio Paquequer e
escorregamentos múltiplos retrogressivos translacionais rotacionais tendo origem na perda de resistência na
interface solo-rocha (Figura 153).
Figura 152 – Aspectos topográficos do sub-segmento maciço 7 (km 70+500 ao km 71+075).
Figura 153 – Rupturas: por erosão fluvial na curvatura externa do rio Paquequer (talude de jusante) e
translacional resultante da redução de resistência na interface solo-rocha.
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BACIA DO RIO PAQUEQUER
Segmento Geológico-Geotécnico Poço do Peixe (OAE rio Paquequer km 71+075 ao km
73+560)
O segmento geológico-geotécnico Poço do Peixe (Figura 154) é em perímetro urbano (edificações
para os dois lados) e apresenta seção meia encosta, com taludes de corte em morros para o lado da
esquerda (pista 2). Para o lado da direita (pista 1) os taludes de jusante são baixos ou simplesmente
nivelados com a rua lateral existente. O rio Paquequer, a direita da rodovia, passa afastado do corpo
estradal, havendo edificações entre o rio e bordo da rodovia. Não há, portanto, no segmento Poço do
Peixe rupturas nos talude de jusante. Os morros residuais convexo-côncavos interceptados pela
escavação da rodovia apresentam amplitude variando entre 60m e 160m, com gradientes médios.
Figura 154 – Relevo do segmento geológico-geotécnico Poço do Peixe. Perímetro urbano com edificações
para os dois lados. Rio Paquequer passa afastado da rodovia. Encostas compostas por solo residual com
eventuais afloramentos rochosos nas bases dos taludes.
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Verifica-se que na contra encosta o rio do Albuquerque possui trechos de baixa declividade em cota
superior à plataforma rodoviária. Tal pode ser uma importante fonte de infiltração de água no
terreno. No km 71+795 notam-se surgências d’água nas fraturas da rocha que compõem o talude de
corte devida proximidade do rio do Albuquerque em relação à rodovia. O afloramento rochoso de
baixa altura situa-se na base da encosta, sendo composto por rocha alterada muito fraturada com
formação de blocos e lascas de rocha, que ficam em condições precárias de estabilidade. Verificam-
se cicatrizes de ruptura planares e em cunha (Figura 155).
Figura 155 – Afloramento de rocha alterada fraturada na base da encosta com surgência d’água nas fraturas e
com presença de blocos e lascas de rocha em condições precárias de estabilidade. Cicatrizes de ruptura
planares e em cunham denunciam a susceptibilidade de mobilização de escorregamentos (km 71+975).
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BACIA DO RIO FISCHER
Segmento Geológico-Geotécnico Fischer 01 (km 73+560 ao km 76+510)
O segmento geológico-geotécnico Fischer 01 (Figura 156) é caracterizado pela presença de morros
residuais convexo-côncavos com amplitude variando de 100m a 200m, com gradientes médios a
elevados. As rupturas promovidas pelo rio Fischer se diferenciam em dois segmentos situados entre
o km 73+560 e km 75+000. Tem-se seção meia encosta com o rio Fischer margeando os dois lados
da rodovia: até o km 74+450 o rio passa a direita da pista 1 (Figura 157) e depois a esquerda da
pista 2 (Figura 158). No km 75+115 tem-se obra de arte especial (OAE) para transposição da
cascata do rio Fischer sob a rodovia. Os taludes da margem direita do rio Fischer (lado direito da
rodovia, pista 1) situados entre os km 73+560 e km 74+450 (transposição sob a rodovia - OAC)
apresentam altura pouco superior a 10m, sendo mais afetados pela presença de água subterrânea
(Figura 159), do que pela erosão fluvial, visto que nesse trecho o rio se desenvolve em baixa
declividade e por vezes passa afastado do pé do talude. Entre os km 74+450 e 75+115 o rio margeia
o lado esquerdo da rodovia (pista 2), onde os taludes de jusante são mais altos e por vezes muito
próximos à calha fluvial que possui elevada declividade e leito em assoalho rochoso. Assim, os
taludes de aterro ou natural da pista 2 são solicitados pela força da água no rio Fischer, que se soma
à sua configuração geométrica pouco segura (Figura 160). Já para o lado de montante não há muita
distinção. Notam-se cicatrizes de ruptura vegetadas e recentes com processo erosivo em evolução
(Figura 161). Soluções convencionais de estabilização por meio de operações de terraplenagem
interceptam o horizonte de solo residual jovem (material de granulometria mais grosseira e com
baixo intercepto de coesão) que precisam de tratamento especial em sua superfície para evitar
rupturas superficiais contínuas por perda de coesão (Figura 162).
Figura 156 – Topografia do segmento geológico-geotécnico Fischer 01.
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Figura 157 – Seção meia encosta com rio Fischer situado à direita da pista 1. Detalhe do encontro dos rios
Fischer e Paquequer.
Figura 158 – Trecho em que o rio Fischer passa à esquerda da rodovia. O vale é mais profundo com
declividade acentuada. Os taludes de jusante da pista 2 são altos e sua base é afetada pela força da água do
rio Fischer.
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Figura 159 – Mobilização de rupturas (trincas abertas com abatimento no pavimento, envolvendo
acostamento e pistas de rolagem) para o lado de jusante resultante, principalmente, pelas pressões de água
subterrânea oriunda da encosta de montante (km 73+730 e km 73+840).
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Figura 160 – Ruptura remontante ocasionada pelo solopamento da base do talude em trecho que o rio Fischer
apresenta vale profundo (talude alto com base na margem da calha fluvial) e declividade elevada (km
74+720).
Figura 161 – Cicatriz de ruptura parcialmente vegetada com focos erosivos em processo de evolução (km
75+650). O escorregamento retrogressivo teve início no contato da matriz de solo com a superfície da rocha
afloramente na base do talude.
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Figura 162 – Ruptura translacional. A solução de terraplenagem revela o perfil geotécnico. Devida à baixa
coesão do solo residual jovem (alteração) faz-se necessária a proteção da superfície do talude (km 75+650).
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BACIA DO RIO FISCHER
Segmento Geológico-Geotécnico Fischer 02 (km 76+510 ao km 80+150)
O segmento geológico-geotécnico Fischer 02 situa-se em perímetro urbano do município de
Teresópolis, sendo suas encostas e taludes densamente ocupados por edificações e assentamentos
precários (Figuras 163 e 164). O rio Fischer passa canalizado. Trata-se de um segmento totalmente
marcado por intervenções antrópicas prejudiciais a estabilidade dos taludes, em que as geometrias e
condições de drenagem dos taludes são constantemente alteradas. Ainda que ocorra ruptura por
condicionante geológico-geotécnico (Figura 165), de maneira geral, os mecanismos de ruptura são
governados por essas intervenções. Ocorrem lançamentos de esgoto e deposição de lixos e detritos
no talude. Tem-se desagues inadequados ocasionando focos erosivos. Os taludes escavados são
praticamente verticais e sofrem erosões e rupturas. Ocorrem escavações nos taludes para
implantação de caminhos de acesso e de edificações. Verificam-se tubulações de esgoto com sinais
de vazamento. Nota-se vegetação fora do prumo. Para o lado de jusante (pista 2) predominam
escavações na base do talude que mobilizam rupturas rotacionais evidenciadas pelas trincas em
formato de meia lua com afundamento no pavimento. As Figuras 166 e 167 mostram as
intervenções típicas e seus efeitos na condição de estabilidade dos taludes.
Figura 163 – Topografia do segmento geológico-geotécnico Fischer 02.
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Figura 164 – Uso ocupação das encostas e taludes do segmento Fischer 02 situado em perímetro urbano.
Figura 165 – Colapso de talude resultante de condicionantes geológica-geotécnica e climáticas (km 76+350).
Verificam-se rupturas mesmo após o retaludamento resultante da redução da coesão.
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Figura 166 – Intervenções antrópicas típicas: escavações, sobrecarga de edificações, vazamento de esgoto,
desague inadequado e lixo.
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Figura 167 – Intervenções típicas: escavações na base dos taludes de jusante para implantação de edificações
e caminhos de acesso. Verificam-se trincas e afundamentos no pavimento.
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BACIA DO CÓRREGO MEUDON
Segmento Geológico-Geotécnico Meudon (km 80+150 ao km 83+050 / km 84+200)
O segmento geológico-geotécnico Meudon apresenta boa parte de sua área em perímetro urbano,
sendo suas encostas e taludes ocupados por edificações, assentamentos precários e condomínios
residenciais (Figura 168). O segmento Meudon (Figura 169) também envolve parte do segmento
geológico-geotécnico Serra do Cavalo (Figura 170). O córrego Meudon é canalizado e não afeta
diretamente os taludes. O segmento Meudon pouco se diferencia do Fischer 02 em termos de
agentes efetivos de instabilização dos taludes. A variável é o perfil geotécnico. Nota-se presença de
matacões na matriz de solo, alguns expostos pela erosão ou por escavação irregular e, por
consequência em condições precárias de equilíbrio (Figura 171). Em comum têm-se as intervenções
antrópicas que modificam as condições de estabilidade dos taludes, através de constantes alterações
nas geometrias e nas condições de drenagem dos maciços. Ainda que ocorra ruptura por
condicionante geológico-geotécnico (Figura 172), de maneira geral, os mecanismos de ruptura são
governados por essas intervenções. Ocorrem lançamentos de esgoto e deposição de lixos e detritos
no talude. Tem-se desagues inadequados ocasionando focos erosivos. Os taludes escavados são
praticamente verticais e sofrem erosões e rupturas. Ocorrem escavações nos taludes para
implantação de caminhos de acesso e de edificações. Verificam-se tubulações de esgoto com sinais
de vazamento. Para o lado de jusante (pista 2) predominam escavações na base do talude que
mobilizam rupturas rotacionais evidenciadas pelas trincas em formato de meia lua com
afundamento no pavimento. As Figuras 173 a 175 mostram as intervenções típicas e seus efeitos na
condição de estabilidade dos taludes. Ainda que tais intervenções sugiram que ocorram em áreas
com população de classe social menos privilegiada, também se verificam em condomínios de luxo
de Teresópolis (Figura 173).
Figura 168 – Uso ocupação do segmento Meudon.
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Figura 169 – Segmento geológico-geotécnico Meudon muito influenciado pelas intervenções antrópicas do
perímetro urbano de Teresópolis (km 80+150 ao km 83+050).
Figura 170 – Segmento Meudon envolve parte do segmento geológico-geotécnico Serra do Cavalo (km
80+150 ao km 84+200). Destacado em vermelho o parte do segmento Meudon que envolve a Serra do
Cavalo (km 83+150 ao km 84+200).
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Figura 171 – Intervenções antrópicas no sopé da Serra do Cavalo, tais como mudanças de geometria e das
condições de drenagem, expõem blocos de rocha parcialmente envolvidos pelo manto de alteração, que por
vezes se desprendem e atingem a rodovia (km 84+090).
Figura 172 – Instabilização de taludes de corte resultante de condicionantes geológico-geotécnicas e
climáticas. Verificam-se as rupturas rotacionais pouco profundas foram mobilizadas em talude que já havia
sofrido deslizamento (km 80+550).
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Figura 173 – Escavações na base do talude de aterro ou natural realizadas em bairros menos privilegiados
(km 83+845 e km 84+085) e, também, em condomínios de alto padrão de Teresópolis (km 81+080). Nesse
último, inclusive há intervenção na drenagem (bueiro) e aterro no pé do talude que impede a saída de água
subterrânea, elevando o lençol freático (redução da segurança do talude ao deslizamento).
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Figura 174 – Intervenções antrópicas em perímetro urbano do município de Teresópolis e obras de contenção
construídas para estabilização de taludes afetados por tais intervenções.
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Figura 175 Intervenções antrópicas típicas: escavações, sobrecarga de edificações, vazamento de esgoto,
desague inadequado e lixo.
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BACIA DO RIO PAQUEQUER
Segmento Geológico-Geotécnico Serra do Cavalo (km 84+200 ao km 85+950 OAE Represa
Guinle)
A área de influência do segmento geológico-geotécnico Serra do Cavalo (Figura 176) encontra-se
nos morros residuais situados no sopé da Serra do Cavalo na contra encosta da Serra do Mar (Serra
dos Órgãos). Sua morfologia é caracterizada por relevos de degradação em áreas montanhosas de
relevo acidentado, com vertentes predominantemente retilíneas a côncava-convexas, escarpadas e
topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arredondados (Figura 177). Trata-se de um
trecho em seção meia encosta com talude de jusante para o lado esquerdo (pista 2). O talude de
montante é caracterizado por duas seções: (i) capa de solo sobre base rochosa com aumento de
espessura rumo a montante da encosta e (ii) manto de alteração pouco a muito intemperizado com
presença de blocos de rocha parcialmente imersos ou simplesmente apoiados (Figura 178). Ocorrem
quedas de blocos (Figura 179), ruptura de borda em aterros e escorregamentos do tipo translacionais
(Figura 180), principalmente associados à interface de materiais com diferentes propriedades
mecânicas e hidráulicas. Os afloramentos de rocha apresentam fraturas mergulhando na direção da
rodovia (Figura 181). Verificam-se pontos de surgências d’água e muita umidade na base do talude
de corte e na crista do talude de aterro ou natural (lado de jusante, pista 2 – Figura 182). Nos aterros
com taludes estendendo-se no sentido do fundo do vale do Paquequer, próximos às margens do
curso d’água, comumente ocorrem situações de risco geológico-geotécnico relacionado a trincas,
abatimentos, solapamentos, erosões e escorregamentos.
Figura 176 – Aspectos topográficos do segmento geológico-geotécnico Serra do Cavalo (km 84+200 ao
85+950 OAE Represa Guinle – destacado com linha vermelha pontilhada).
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Figura 177 – Visão aérea do segmento Serra do Cavalo. Encosta íngreme com solos rasos na base do talude e
afloramentos rochosos com presença de fraturas e surgência d’água.
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Figura 178 – Presença de blocos de rocha parcialmente imersos na matriz de solo ou simplesmente apoiados
no terreno.
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Figura 179 – Quedas de blocos de rocha.
Figura 180 – Cicatriz de escorregamento translacional de solo raso sobre superfície inclinada do maciço
rochoso (km 84+1035, pista 1).
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Figura 181 – Talude de corte com base em rocha alterada a pouco alterada, fraturada e recoberta por solos
residuais jovem e maduro (km 84+830, pista 1). A atitude das fraturas é desfavorável à estabilidade do
talude, mergulham na direção da rodovia e apresenta muita surgência d’água.
Figura 182 – Seção meia encosta com contribuição de água subterrânea oriunda da encosta de montante
(base da Serra do Cavalo), escorregamentos de borda no talude de margem do rio Paquequer (altura H>10m)
e indícios de movimentação – trincas e abatimentos (km 85+640, pistas 2).
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Mudar a geometria do talude geralmente significa reduzir a altura do talude, ou reduzir seu ângulo,
e, quando for possível implantar esta medida, ela se constituirá, via de regra no meio mais barato de
melhorar a estabilidade do talude. No entanto, nem sempre é a medida mais efetiva, pois a redução
de altura, ou ângulo do talude, não só reduz as forças solicitantes que tendem a induzir a ruptura,
mas também reduz a tensão normal e, portanto a força de atrito resistente, que depende basicamente
da tensão normal atuante na superfície considerada.
No km 85+700 houve uma ruptura translacional bi-linear no talude de corte, inicialmente de
proporções relativamente pequenas. Na Figura 183 apesenta-se o início do processo de
instabilização. Observa-se o plano de ruptura interceptando o solo residual jovem. O projeto
original previa a execução de uma cortina ancorada e drenos profundos. Entretanto, optou-se por
outra solução que previa a reconformação do talude (suavização da inclinação do talude), muro ao
pé da encosta e drenagem superficial (Figura 184). Após período de fortes chuvas que ocorreram
em novembro de 2003 houve o colapso da solução adotada (Figura 185). Antes do acidente
observaram-se trincas e movimentos. O colapso envolveu um trecho com aproximadamente 30 m
de desnível e 60 m de extensão. Conforme apresentado na Figura 8, observou-se próximo à base
rocha aflorante e material escorregado oriundo de trechos situados acima.
Figura 183 – Início do processo de instabilizaçãono km 85+700.
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Figura 184 – Solução adotada para estabilização do talude de corte do km 85+700: reconformação
(suavização da inclinação do talude), muro ao pé da encosta e drenagem superficial (fevereiro de 2003).
Figura 185 – Colapso da solução adotada (suavização do talude, muro de pé e drenagem superficial) para o
km 85+700 após período chuvoso.
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Da experiência no km 85+700 fica o aprendizado. O próprio retaludamento, executado para
aumentar a estabilidade da massa, pode vir a reduzir não só as forças solicitantes, que tenderão a
induzir a ruptura, mas também a pressão normal atuante no plano potencial de ruptura e,
consequentemente, a força de atrito resistente. Nos horizontes de solo residual jovem, constituídos
por solo arenoso, de maior permeabilidade que o horizonte de solo residual maduro, irá se
desenvolver uma intensa rede de percolação de água, confinada pelo horizonte menos permeável de
posição superior. Disso resultará o aparecimento de subpressões devidas à percolação, agindo sobre
a parede constituída pelo horizonte de solo residual jovem (capeamento do manto de alteração),
além de uma parcela de pressões neutras resultantes do processo de ruptura. É possível observar, na
prática, que frequentemente a superfície de ruptura se estabelece ao longo de horizontes arenosos
mais permeáveis e que o horizonte menos permeável é deslocado como um todo, constituindo a
parte superior da massa escorregada. Deve-se entender que escorregamentos translacionais de solo,
em perfis de alteração como os da região, não se limitam ao transporte de materiais terrosos, mas
envolvem, regra geral, blocos rochosos, mais ou menos alterados, contidos em tais perfis de
alteração.