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103 RPCV (2015) 110 (593-594) 103-106 Babesiose cerebral em bezerra da raça Senepol – Relato de caso Cerebral babesiosis in a senepol heifer – Case report Thaís A. Moreira 1* , Alessandra A. Medeiros 1 , Lígia F. Gundim 1 , Ana Letícia D. A. Silva 1 1 UFU - Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Brasil, Uberlândia, MG. Av. Mato Grosso, 3225 - Umuarama, MG, 38405-314. Resumo: A babesiose bovina é uma hemoparasitose transmiti- da pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus e que induz anemia hemolítica intravascular. Pode gerar graves prejuí- zos econômicos, uma vez que são frequentes surtos com elevada morbidade e mortalidade. Embora grave e preocupante para a pecuária, relatos recentes são escassos. Geralmente em bezer- ros a infecção é incipiente devido efeito protetor do colostro, desenvolvendo sua imunidade ativa sem exteriorizar manifesta- ções clínicas. Relata-se um caso de babesiose cerebral em uma bezerra Senepol de três semanas de idade. O animal veio a óbito repentinamente, sendo encaminhado para realização de necrop- sia. Os achados incluíram hemoglobinúria, enterite mucohemor- rágica e esplenomegalia. Histologicamente notou-se degene- ração de hepatócitos, hiperplasia de polpa vermelha, edema e infiltrado mononuclear perivascular renal e hemorragia e edema perivascular cerebral, além de congestão passiva acentuada em todos estes órgãos. O imprint do encéfalo revelou no interior de hemácias estruturas ovóides, basofílicas, isoladas ou aos pares, características de Babesia bovis. Destaca-se neste caso a ocor- rência da doença em animais jovens, uma vez que nestes é inco- mum, porém quando ocorre produz manifestação cerebral com alta letalidade. Palavras-chave: Babesia; bovino; cérebro. Summary: Bovine babesiosis is a hemoparasitosis transmitted by ticks Rhipicephalus (Boophilus) microplus and that induces hemolytic anemia. May cause significant economic lossessin- ce are frequent outbreaks with high morbidity and mortality. Although serious and alarming for cattle ranching, recent re- ports are scarce. Usually in calves the infection is incipient due protective effect of colostrum, developing their active immunity without externalize clinical manifestations. We report a case of cerebral babesiosis in a 3-week-old Senepol heifer. The animal was died suddenly. Necropsy was performed, and the findings were as follows: hemoglobinuria, muco-hemorrhagic enteritis, and splenomegaly. Histopathological examination revealed he- patocyte degeneration in the liver, red pulp hyperplasia in the spleen, edema and perivascular mononuclear infiltration in the kidneys, and hemorrhage and perivascular edema in the brain. Furthermore, passive congestion of all organs was observed. Touch imprints of the brain showed oval-shaped basophilic structures in the erythrocytes, isolated or in pairs, which is typi- cal of Babesia bovis. In this case we highlight the occurrence of disease in young animals, since these are unusual, but whenever it occurs shows cerebral manifestation with high lethality. Keywords: Babesia; veal; brain. Introdução Babesias são parasitas intra-eritrocitários de animais domésticos que geram como principais sinais clínicos anemia e hemoglobinúria, desencadeados pela hemóli- se intravascular, podendo levar ainda a choque, icterí- cia, hemoglobinemia e em casos mais graves, a morte (Jones et al., 2000). A babesiose bovina é causada pela Babesia Bovis (pequenas babesias) e Babesia bigemina (grandes ba- besias), que são inoculadas no hospedeiro por um úni- co vetor, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) mi- croplus (Antoniassi et al., 2009). Nos carrapatos a transmissão se dá por via transovariana, de uma gera- ção a geração seguinte (Urquhart et al., 1998). Nas infecções por B. bovis pode ocorrer seqüestro de eritrócitos parasitados nos capilares do cérebro. Com isso, ocorrem eventos químicos e imunológicos que desencadeiam em sintomas nervosos (Rodrigues et al., 2005), sendo eles principalmente hiperexcitabi- lidade e incoordenação (Urquhart et al., 1998). Este fato permite que frequentemente casos de babesiose cerebral sejam confundidos com outras doenças do sis- tema nervoso central de bovinos, inclusive com a raiva (Rodrigues et al., 2005). A infecção em animais jovens é geralmente incipien- te em decorrência dos efeitos do colostro e proporcio- na futura proteção, desenvolvendo sua imunidade ativa sem exteriorizar manifestações clínicas (Jones et al., 2000; Santarosa et al., 2013). Entretanto, a ocorrên- cia de instabilidade enzoótica pode tornar insuficien- te o nível de imunidade dos animais para resistirem à doença, possibilitando ainda a ocorrência de surtos (Almeida et al., 2006; Santarosa et al., 2013). Não obs- tante, há relatos de que raças derivadas de Bos indicus são relativamente mais resistentes à babesiose (Bock et al., 1997; Jones et al., 2000). Tendo em vista a importância desta enfermidade e a escassez de abordagens recentes sobre o tema, este trabalho objetiva realizar um relato de caso de babesio- se cerebral em uma bezerra Senepol de três semanas de idade, encaminhada ao Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). *Correspondência: [email protected]

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Page 1: Babesiose cerebral em bezerra da raça Senepol – Relato de ... · 1UFU - Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Brasil, Uberlândia, MG

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RPCV (2015) 110 (593-594) 103-106

Babesiose cerebral em bezerra da raça Senepol – Relato de caso

Cerebral babesiosis in a senepol heifer – Case report

Thaís A. Moreira1*, Alessandra A. Medeiros1, Lígia F. Gundim1, Ana Letícia D. A. Silva1

1UFU - Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Brasil, Uberlândia, MG. Av. Mato Grosso, 3225 - Umuarama, MG, 38405-314.

Resumo: A babesiose bovina é uma hemoparasitose transmiti-da pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus e que induz anemia hemolítica intravascular. Pode gerar graves prejuí-zos econômicos, uma vez que são frequentes surtos com elevada morbidade e mortalidade. Embora grave e preocupante para a pecuária, relatos recentes são escassos. Geralmente em bezer-ros a infecção é incipiente devido efeito protetor do colostro, desenvolvendo sua imunidade ativa sem exteriorizar manifesta-ções clínicas. Relata-se um caso de babesiose cerebral em uma bezerra Senepol de três semanas de idade. O animal veio a óbito repentinamente, sendo encaminhado para realização de necrop-sia. Os achados incluíram hemoglobinúria, enterite mucohemor-rágica e esplenomegalia. Histologicamente notou-se degene-ração de hepatócitos, hiperplasia de polpa vermelha, edema e infiltrado mononuclear perivascular renal e hemorragia e edema perivascular cerebral, além de congestão passiva acentuada em todos estes órgãos. O imprint do encéfalo revelou no interior de hemácias estruturas ovóides, basofílicas, isoladas ou aos pares, características de Babesia bovis. Destaca-se neste caso a ocor-rência da doença em animais jovens, uma vez que nestes é inco-mum, porém quando ocorre produz manifestação cerebral com alta letalidade.

Palavras-chave: Babesia; bovino; cérebro.

Summary: Bovine babesiosis is a hemoparasitosis transmitted by ticks Rhipicephalus (Boophilus) microplus and that induces hemolytic anemia. May cause significant economic lossessin-ce are frequent outbreaks with high morbidity and mortality. Although serious and alarming for cattle ranching, recent re-ports are scarce. Usually in calves the infection is incipient due protective effect of colostrum, developing their active immunity without externalize clinical manifestations. We report a case of cerebral babesiosis in a 3-week-old Senepol heifer. The animal was died suddenly. Necropsy was performed, and the findings were as follows: hemoglobinuria, muco-hemorrhagic enteritis, and splenomegaly. Histopathological examination revealed he-patocyte degeneration in the liver, red pulp hyperplasia in the spleen, edema and perivascular mononuclear infiltration in the kidneys, and hemorrhage and perivascular edema in the brain. Furthermore, passive congestion of all organs was observed. Touch imprints of the brain showed oval-shaped basophilic structures in the erythrocytes, isolated or in pairs, which is typi-cal of Babesia bovis. In this case we highlight the occurrence of disease in young animals, since these are unusual, but whenever it occurs shows cerebral manifestation with high lethality.

Keywords: Babesia; veal; brain.

Introdução

Babesias são parasitas intra-eritrocitários de animais domésticos que geram como principais sinais clínicos anemia e hemoglobinúria, desencadeados pela hemóli-se intravascular, podendo levar ainda a choque, icterí-cia, hemoglobinemia e em casos mais graves, a morte (Jones et al., 2000).

A babesiose bovina é causada pela Babesia Bovis (pequenas babesias) e Babesia bigemina (grandes ba-besias), que são inoculadas no hospedeiro por um úni-co vetor, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) mi-croplus (Antoniassi et al., 2009). Nos carrapatos a transmissão se dá por via transovariana, de uma gera-ção a geração seguinte (Urquhart et al., 1998).

Nas infecções por B. bovis pode ocorrer seqüestro de eritrócitos parasitados nos capilares do cérebro. Com isso, ocorrem eventos químicos e imunológicos que desencadeiam em sintomas nervosos (Rodrigues et al., 2005), sendo eles principalmente hiperexcitabi-lidade e incoordenação (Urquhart et al., 1998). Este fato permite que frequentemente casos de babesiose cerebral sejam confundidos com outras doenças do sis-tema nervoso central de bovinos, inclusive com a raiva (Rodrigues et al., 2005).

A infecção em animais jovens é geralmente incipien-te em decorrência dos efeitos do colostro e proporcio-na futura proteção, desenvolvendo sua imunidade ativa sem exteriorizar manifestações clínicas (Jones et al., 2000; Santarosa et al., 2013). Entretanto, a ocorrên-cia de instabilidade enzoótica pode tornar insuficien-te o nível de imunidade dos animais para resistirem à doença, possibilitando ainda a ocorrência de surtos (Almeida et al., 2006; Santarosa et al., 2013). Não obs-tante, há relatos de que raças derivadas de Bos indicus são relativamente mais resistentes à babesiose (Bock et al., 1997; Jones et al., 2000).

Tendo em vista a importância desta enfermidade e a escassez de abordagens recentes sobre o tema, este trabalho objetiva realizar um relato de caso de babesio-se cerebral em uma bezerra Senepol de três semanas de idade, encaminhada ao Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).*Correspondência: [email protected]

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Casuística

Uma fêmea bovina de três semanas de idade, da raça Senepol, foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV- UFU) para re-alização de necropsia. Segundo o proprietário, o animal veio a óbito um dia após o ter adquirido, tendo notado como sinal clínico apenas apatia.

Externamente observou-se infestação moderada por carrapatos e mucosas pálidas. À necropsia verificou-se edema pulmonar, hepatomegalia, esplenomegalia com polpa branca evidenciada, enterite muco-hemorrágica, rins de coloração vermelho escuro e urina com cor de vinho tinto (Fig. 1). O encéfalo apresentou córtex inten-samente avermelhado, com coloração róseo-cereja (Fig. 2A). Embora essa alteração fosse bem marcada na subs-tância cinzenta, era também perceptível na substância branca (Fig. 2B).

Por fim, o diagnóstico morfológico constou hiperpla-sia de polpa vermelha, esplenomegalia, hemoglobinúria e enterite muco-hemorrágica. Ao exame histopatológico notou-se congestão passiva acentuada em fígado, baço, rins e cérebro. Ademais, no fígado observou-se degene-ração de hepatócitos, nos rins edema e infiltrado mono-nuclear perivascular e no cérebro notou-se hemorragia e edema perivascular. O imprint do encéfalo foi realizado, o qual revelou a presença de eritrócitos parasitados por organismos basofílicos, solitários ou pareados, compatí-veis com Babesia bovis. (Fig. 3).

Figura 1 – Bezerra, três semanas de idade. Bexiga contendo urina cor de vinho tinto.

Figura 2 - A. Encéfalo apresentando superfície de coloração róseo-cereja. B. Ao corte, evidencia-se a alteração de coloração observada no córtex, contrastando com a substância branca.

Figura 3 – Imprint de encéfalo de fêmea bovina de três semanas de idade. Notar a presença parasitas intra-eritrocitários, caracte-rísticos de Babesia Bovis.

Discussão

A babesiose cerebral é a manifestação clínica da infecção por Babesia bovis em animais jovens, a qual produz sinais neurológicos como incoordena-ção motora, hiperexcitabilidade, opistótono, parali-sia de membros pélvicos, andar em círculos, agres-sividade, dentre outros. Estes sinais são decorrentes do sequestro de eritrócitos parasitados nos capilares da substância cinzenta do encéfalo (Almeida et al., 2006; Rodrigues et al., 2005), resultante da adesão entre a membrana dos eritrócitos e a das células endoteliais, causada por modificações estruturais e antigênicas nos eritrócitos infectados (Allred e Al-Khedery, 2004). Geralmente, este quadro leva a morte rápida (Antoniasse et al., 2009). Neste estudo, não foi possível a observação da sintomatologia clí-nica característica, uma vez que o animal apresentou doença aguda e veio a óbito antes de ser encaminha-do ao HV- UFU.

Ao logo dos anos estudos tem demonstrado que as raças derivadas de Bos indicus são relativamente mais resistentes à babesiose (Bock et al., 1997; Jones et al., 2000). Estes resultados podem ter relação com

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o observado neste relato, uma vez que a fêmea bovi-na era da raça Senepol (Bos taurus). Ainda de acordo com Jonsson (2006), sob uma mesma condição de exposição às formas de vida livre, bovinos de raças zebuínas puras (Bos indicus) albergam apenas 10% a 20% dos carrapatos que parasitam os taurinos puros (Bos taurus).

Quanto à idade, neste trabalho trata-se de um animal jovem, com apenas três semanas de idade. Segundo Jones et al., (2000) os animais jovens são menos susceptíveis à babesiose que os animais ve-lhos em virtude da proteção fornecida pelo colostro. Por outro lado, quando animais jovens são acome-tidos por babesiose, a forma cerebral pode ocorrer mais facilmente (Jonsson, 2006).

Na necropsia, os principais achados compatíveis com a babesiose cerebral foram encontrados, como esplenomegalia, hepatomegalia, bexiga urinária de coloração avermelhada, urina com cor de vinho tinto e encéfalo com o córtex de coloração róseo-cereja. Estas alterações também foram evidenciadas por Danieli et al. (2007) e Antoniassi et al. (2009), os quais ressaltam a coloração róseo-cereja do cór-tex cerebral como fundamental para o diagnóstico post-mortem, sendo que esta alteração ocorre prin-cipalmente na substância cinzenta em decorrência do maior número de vasos em relação à substância branca. Rodrigues et al. (2005) na necropsia de bovi-nos com babesiose cerebral também notaram que em todos os casos os animais apresentavam a substân-cia cinzenta dos córtices telencefálicos e cerebelar e dos núcleos da base com cor róseo-cereja, sendo esta portanto característica macroscópica marcante da babesiose cerebral visualizada na necropsia.

Os principais achados macro e microscópicos deste caso também foram observados por outros au-tores (Rodrigues et al., 2005; Danieli et al., 2007; Santarosa et al., 2013) e conforme Danieli et al. (2007) a coloração escura notada em rins e urina deve-se à hemólise intravascular; e as lesões macros-cópicas como hepatomegalia, esplenomegalia e he-moglobinúria, não são observadas em outras doenças que afetam o sistema nervoso central (SNC).

Santarosa et al. (2013) relataram um caso de ba-besiose cerebral em uma bezerra de sete dias de ida-de, na qual foi constatada apatia, anemia e icterícia intensa. O animal veio à óbito durante a realização do tratamento, revelando à necropsia coloração ró-seo-cereja da substância cinzenta, verificando então à microscopia, a presença de B. bovis nos capilares sanguíneos do encéfalo. Permite-se assim, inferir sobre a alta taxa de letalidade da babesiose cerebral em bezerros, a qual reflete em considerável prejuízo econômico aos produtores.

Para a diferenciação da babesiose cerebral das demais doenças que afetam o SNC de ruminantes, tornam-se imprescindíveis o conhecimento acerca da epidemiologia, sintomatologia e lesões desta doença

(Antoniassi et al., 2009). No Estado de Minas Gerais, Brasil, são escassos os estudos sobre a frequência de babesiose nos rebanhos, com poucas descrições de babesiose cerebral em bezerros. Já quanto às carac-terísticas específicas da doença, segundo Santarosa et al (2013) estas remetem à icterícia de todos os te-cidos, esplenomegalia, hepatomegalia, nefrite e he-morragia renal, como foi observado neste caso.

Conforme Allred e Al-khedery (2004) o sequestro de hemácias parasitadas e não parasitadas nos capila-res de órgãos vitais como o cérebro, causam obstru-ção vascular, anoxia tecidual e lesões graves levando a perda da função dos órgãos, semelhantes aos sinais observados em humanos com malária cerebral, pro-duzidos pelo Plasmodium falciparum. A diferencia-ção entre estes microorganismos é feita pela ausência do pigmento derivado da hemoglobina nas Babesias spp., uma vez que o catabolizam prontamente, en-quanto o Plasmodim spp. retêm o pigmento acasta-nhado (hemozoína).

Com base nos parâmetros abordados, o diagnósti-co precoce de babesiose bovina nas propriedades e a rápida intervenção com controle adequado do ve-tor contribuem para evitar a disseminação da doença. Entretanto, em casos de anemia severa, hemoglobinú-ria e sinais neurológicos o prognóstico é desfavorável.

Conclusões

A babesiose bovina é uma enfermidade de alta morbimortalidade, sendo importante seu conheci-mento devido aos altos prejuízos econômicos que pode causar. Apresenta ampla variedade de sinais clínicos em dependência de fatores como suscepti-bilidade quanto à idade, raça ou condições de expo-sição prévia.

A manifestação cerebral da doença apresenta alta letalidade, porém baixa incidência em animais jo-vens, sendo poucos os relatos na literatura.

Os achados macroscópicos evidenciados na ne-cropsia mostraram-se bastante sugestivos da doen-ça, sendo confirmados com o imprint do encéfalo no qual foi possível notar a presença de estruturas ovói-des, basofílicas, isoladas ou aos pares, compatíveis com Babesia bovis.

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