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Pesquisa do Ibope indica que a Classe C mudou. Atualmente ela representa 64% do poder de consumo nacional. /4 e 5 A nova classe média brasileira /7 /11 /14 Guilherme Barcelos Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 14 — São Leopoldo/RS — Novembro de 2010 O skate que faz você surfar no asfalto Empresa de Porto Alegre cria skate que simula os movimentos do surf. O que acontece quando uma espécie é extinta Na última década, cerca de 30 espécies brasileiras deixaram de existir. Seguindo o exemplo da deputada reeleita Manuela D’Ávila, 314 jovens com até 24 anos foram candidatos na última eleição. Ministério da Saúde estima que, caso brasileiros não mudem sua rotina, o Brasil atingirá taxas norte-americanas de obesidade. Falta de tempo e de dinheiro dos alunos faz com que, a cada ano, cresça o número de universidades com graduação a distância. Mais jovens na tribuna Mudança de hábito Aula sem sair de casa /9 /13 Daniel Nunes Ana Paula Figueiredo Divulgação/Rafael Remus

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Pesquisa do Ibope indica que a Classe C mudou. Atualmenteela representa 64% do poder de consumo nacional. /4 e 5

A nova classemédia brasileira

/7

/11

/14

Guilherm

e Barcelos

Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 14 — São Leopoldo/RS — Novembro de 2010

O skate quefaz você surfarno asfaltoEmpresa de Porto Alegre cria skate que simula os movimentos do surf.

O que acontece quando uma espécie é extintaNa última década, cerca de 30 espécies brasileiras deixaram de existir.

Seguindo o exemplo da deputada reeleita Manuela D’Ávila, 314 jovens com até 24 anos foram candidatos na última eleição.

Ministério da Saúde estima que, caso brasileiros não mudem sua rotina, o Brasil atingirá taxas norte-americanas de obesidade.

Falta de tempo e de dinheiro dos alunos faz com que, a cada ano, cresça o número de universidades com graduação a distância.

Mais jovens na tribuna

Mudança de hábito

Aula sem sair de casa

/9 /13

Daniel N

unes

Ana Paula Figueiredo

Divulgação/Rafael Remus

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010

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Universidade do Vale do Rio dos Sinos Sao Leopoldo Linha Direta(51) 3591 1122

Email:[email protected]

Reitor:Marcelo Aquino Vice-reitor:José Ivo FolmannPró-reitor Acadêmico:Pedro Gilberto GomesDiretor de Graduação:Gustavo Borba Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs

TEXTOS: Produção dos alunos das disciplinas de Redação Jornalística

I, II e III, sob orientação dos professores Anelise Zanoni, Beatriz

Marocco, Edelberto Behs e Thaís Furtado. IMAGENS: Produção

dos alunos da disciplina de Fotojornalismo Carina Mersoni, Cristiane

Abreu, Daniel Nunes, Guilherme Barcelos, Luana Elias, Maicon Ribeiro

de Assunção, Priscila Pilletti, Ramiro Furquim e Taíssa Bach, sob

orientação do professor Flávio Dutra. PLANEJAMENTO GRÁFICO:

elaborado pelos alunos da disciplina de Planejamento Gráfico II

de 2009/2 Amanda Fetzner, Andressa Almeida Barros, Ândrio

Maier Barbosa, Clarissa Souza Figueiró, Eder Fernando Zucolotto,

Eder Romeu Kurz, Eduardo Saueressig, Gabriela Zanchet Jorge,

Juliana Hagemann da Silva, Márcia de Fátima Lima, Rafael Soares

Martins, Ricardo Machado e Vanessa Peixoto Reis, e pelo aluno de

Planejamento Gráfico II de 2010/1 Vinícius Corrêa (logotipo), sob

orientação do professor Carlos Jahn. EDITORAÇÃO: realizada pelos

estagiários da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom)

Gabriela Schuch e Marcelo Grisa, sob supervisão do jornalista Marcelo

Garcia. PUBLICIDADE: Anúncios vencedores da categoria “Redação

Publicitária I” das edições 2010/1 e 2010/2 do Propaganderia.

Anúncio “Converse”: Criação: aluno Douglas Zimmer. Orientação:

professor Ângelo Cruz. Anúncio “it’s mais”: Criação: aluno Bruno

da Silva Kieffer. Orientação: professor Sérgio Trein. Arte-finalização:

realizada pelo estagiário da Agexcom Renan Steyer, sob supervisão do

professor Ângelo Cruz e do publicitário Robert Thieme.

Cândida M. PortolanRedação Jornalística III

Opinar pode ser meramente ilus-trativo para um comunicador que busca, através de um veículo midiá-tico, simplesmente transmitir alguma sensação ou opinião pessoal. Pensar que a opinião pela opinião se basta, pode ser um agravante para essa si-tuação. Neste caso, a missão de for-mar opinião e formar formadores de opinião pode ficar comprometida.

Muito se discute sobre o papel do comunicador na sociedade. Nas grades dos cursos de Comunicação Social estão embutidas inúmeras disciplinas que tratam dos princípios éticos que embasam o “ser” comuni-cador. Ao mesmo tempo, nota-se na mídia incontáveis opiniões questio-náveis, aparentemente despreocupa-das com o papel formador do comu-nicador social.

Tristão de Ataíde, pensador e crí-tico literário, disse que “o autêntico jornalista informa para formar”. À parte as utopias éticas que cercam a profissão, o anseio de ser formador permanece e a tentativa de alcançar este objetivo é sempre válida.

Se, portanto, o pensamento não passar por uma avaliação quanto a sua relevân-cia social e pela escolha consciente da melhor forma de comunicá-lo, antes de ser exposto na mídia, possivelmente não será mais do que um desabafo. A aplica-ção do que se aprende como acadêmico em comunicação é uma boa base para a realização dessa tarefa.

Aos aspirantes a comunicadores, fica a certeza de que a formação con-tínua, a ética, a autocrítica e o bom senso são bons guias para opinar e, sobretudo, formar formadores de opinião. É bom para quem faz e útil para quem consome.

O papel do comunicador

Carina MersoniRedação Jornalística III

Praticar a teoria ensinada na univer-sidade é fundamental, especialmente se tratando de comunicação. Porque comunicar não envolve o professor ou os colegas, mas um número infindável de pessoas pertencentes a diferentes grupos. O desafio de ser repórter, por-tanto, vai muito além da sala de aula, perpassa as avaliações – necessárias – e chega aos laboratórios acadêmicos.

O Babélia é fruto deste essencial “experimentar”. Para muitos univer-sitários, não atuantes na área, esta é a primeira vez que seus nomes se trans-formam em créditos. Construir uma edição de jornal possibilita desde o trabalho de redação, com a criação da pauta, definição de fontes e debate entre colegas, até a atividade de rua, com as entrevistas. De volta à sala

de aula, são levadas as experiências e, muitas vezes, as frustrações de um assunto que não rendeu da forma imaginada.

Preparando para o mercado de traba-lho, os laboratórios acadêmicos com-põem a alternativa mais acertada para as primeiras práticas comunicacionais, já que contam com o acompanhamento de docentes no processo. É este ensaio que desperta a enorme responsabilidade do jornalista ao publicar informações para milhares de leitores, interferindo em suas rotinas e opiniões.

Que todo esse conhecimento ad-quirido e construído na universidade não seja apenas absorvido e baliza-do pelas grandes empresas, às quais muitos acadêmicos desejam se inte-grar. Mas que seja transformador da comunicação em muitos cantos da sociedade onde a informação ainda é uma lacuna.

Comunicação na prática

Babélia associa práticaao ensino de jornalismo

A prática é fundamental no tempo que antecede o exer-cício da profissão. Um dos

instrumentos pedagógicos que dá conta desta função no curso de Jor-nalismo é o Babélia.

Em agosto, mais uma edição co-meçou a ser planejada. Durante a primeira reunião dos professores, ficou estabelecido o número de páginas da edição 2010/2, que foi colocado em relação direta com o número de repórteres, fotógrafos, articulistas e cronistas envolvidos na produção, resultando no planeja-mento minucioso do espaço que ca-bia a cada um: o número de carac-teres com espaço a ser preenchido pelas matérias, os toques definidos de cada título. As pautas foram pen-sadas: notas, notícias, reportagens, artigos e editoriais, para dar uma nova cara ao jornal espelhada em

um total de 24 páginas. Com o desenrolar do processo de

apuração, das entrevistas e da pesqui-sa documental, os primeiros resulta-dos apareceram. A eles foram se jun-tando as discussões em sala de aula, as pequenas correções e, finalmente, a edição dos materiais. A equipe toda, cerca de 140 alunos e seis professo-res, se empenhou muito até que os resultados fossem centralizados na Agexcom para diagramação.

Depois das atividades de edição das páginas, na sexta-feira, 19 de novembro, a Thais e o Behs coman-daram o fechamento do nosso jor-nal. Missão cumprida, trabalho im-presso. Neste momento, finalmente, entrou em jogo, o último elemento que faltava para que, mais uma vez se encerre um ciclo de produção jornalística. Você, leitor a quem de-sejamos uma boa leitura!

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 economia

Produtores sofrem com oscilação de preço do boiEm Gravataí e Glorinha pecuaristas reclamam da oscilação do preço do boi gordo, que varia conforme o consumo de carne no mercado interno e externo. A instabilidade atrapalha o comércio de carne, que registra, em 2010, movimento menor do verificado no mesmo período do ano passado na região. (Eduardo Meireles / Redação Jornalística I)

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WuilliaM S. born MElloRedação em RP II

São Vendelino ganhará 12 no-vos aviários, aumentando assim a coleta de impostos do município, depois do acordo firmado entre avicultores locais com a Sadia, empresa líder em produção de ali-mentos frigoríficos.

O acordo contou com o apoio

do secretário municipal de Agri-cultura do município, Harry Lo-tário Seibert. A prefeitura de São Vendelino comprometeu-se a in-vestir em água e luz para os no-vos aviários.

A avicultura é uma das prin-cipais atividades econômicas e fonte de arrecadação de São Ven-delino, mesmo antes de sua eman-cipação política, em 1988.

Fundada em 1944, a Sadia é, hoje, a primeira empresa no ranking comercial brasileiro de aves, carnes industrializadas, su-ínos e bovinos, e a segunda no mercado de soja.

Depois de passar por grave crise financeira, a Sadia anunciou, em 2009, fusão com a Perdigão, nas-cendo daí uma nova gigante no se-tor de alimentos, a Brasil Foods.

Juliana FrEiTaSRedação Jornalística I

Novos investimentos, como a caneca mágica, da empresa FPrint Estampas, de Sapucaia do Sul, é uma das apostas para o aumento de vendas na cidade neste Natal.

“A caneca revela a imagem impressa assim que recebe líquido quente”, conta um dos sócios, Clebio Oliveira de Freitas. Ele explica que nesta época de final de ano as vendas aumentam con-sideravelmente e é preciso apresentar novidades e bons preços para chamar a atenção do público. “Os pedidos são feitos em maior quantidade, pois a procura é 50% maior, principalmente de camisetas personalizadas e canecas.”, diz o micro-empresário que, em dezembro de 2009, fatu-rou cerca de R$ 3.000,00.

A empresa recebe enco-mendas de todo o Brasil. Elas

podem ser feitas pelo site ou por telefone.

Com o comércio de Sapu-caia do Sul desenvolvendo-se cada vez mais rápido, inves-timentos são necessários. Se-gundo o presidente do Clube de Dirigentes Lojistas (CDL) de Sapucaia do Sul, Rogé-rio Teixeira Rodrigues, isso já começa a acontecer. “O comércio vem aumentando seus pontos de vendas, capa-citando seus colaboradores e atualizando seus espaços para fidelizar mais clientes.” afir-ma. A expectativa do comér-cio é que haja um aumento de 15% em relação às vendas do ano passado.

Para Clebio, o fator preço é o mais importante. “Creio que se o produto tem um preço bom, a negociação também será boa”, diz o empresário, que coloca grande expectati-va neste Natal.

FErnanDa Da S. MaCiElRedação em RP II

Moradores próximos das 76 escolas municipais de Gravataí beneficiadas com o projeto da empresa Rio Grande Energia (RGE) de racionalização de consumo vão receber kits de lâmpadas econômicas. Até agora, 63 escolas tiveram a rede elétrica avaliada e acondicionada aos novos parâmetros de uso.

Nas cerimônias de entre-ga das reformas elétricas, a comunidade escolar dos educandários que receberam as melhorias contou com ati-vidades e palestras voltadas à reeducação ambiental. A escola ganhou, ainda, lixeiras e material didático sobre uso racional da energia elétrica.

O Conselho Escolar desses educandários, representado por professores, alunos, pais e funcionários, complemen-ta o projeto com atividades

interativas com a comunida-de envolvente, nas quais os moradores têm a consciência despertada quanto à necessi-dade de evitar o desperdício de energia elétrica no lar.

A representante municipal da Coordenação Institucio-nal de Programas e Projetos de Gravataí, Sandra Becker, explicou que o critério de escolha das escolas que re-ceberam o apoio da RGE deu-se pelo parâmetro do consumo de energia.

Todas as escolas benefi-ciadas funcionam em prédio próprio, nos quais a Secre-taria Municipal de Adminis-tração constatou consumo de energia acima da média. Com a reforma na rede elétrica, a prefeitura quer diminuir a conta junto aos benfeitores.

O programa ajuda a co-munidade fora dos muros das escolas a controlar a con-ta de luz.

iury GoMESRedação Jornalística I

A última edição da Expointer, maior evento envolvendo o agronegócio da América

Latina, não trouxe oportunidades de emprego apenas para grandes em-presários que veem na feira uma das maiores chances de lucro no ano.

Em 2010, cerca de 400 empregos temporários foram gerados pela fei-ra, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Dezesseis catado-res da Associação de Recicladores

e Catadores de Esteio (ARCA) e da Associação Mãos Amigas Recicla-doras (AMAR) enfrentaram, de 28 de agosto a 5 de setembro, 12 horas de trabalho por dia, divididos em dois turnos, recolhendo uma parte das 50 toneladas de lixo produzidas por dia no evento e que tinham a possibilidade de ser recicladas.

“O material foi comercializado e o dinheiro dividido igualmente en-tre os associados que trabalharam no evento”, explicou a coordenadora da ARCA, Eliane Borges.

Ao todo, a Expointer faturou cerca

de R$ 1,1 bilhão em 2010, segundo dados da organização do evento. O volume de negócios foi gerado pela venda de animais, máquinas, imple-mentos agrícolas e produtos da agri-cultura familiar. Artesãos venderam-perto de R$ 1 milhão.

Com isso, uma das maiores feiras do ramo da agricultura no mundo apresenta-se como fonte de renda não só para aqueles que podem comprar as melhores máquinas ou cabeças de gado, mas também aos catadores de material reciclado, artesãos e ambulantes.

Convênio amplia produção de aves

Comércio aposta em novidades para o Natal

Projeto beneficiaescolas de Gravataí

Uma feira para todos os públicos

Expointer: Catadores

trabalharam 12 horas por dia coletando lixo

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 economiareportagem

especial

Quem faz parte da classe média do Brasil? Com o objetivo de conhecermelhor esse público, Ibope divulga pesquisa que traça o perfil desse grupo

A nova realidade daClasse C no Brasil

BRUNA HENSSLERÉDERSON SILVAMAÍSA RODRIGUESRedação Jornalística II

Eles são a maioria no país – quase 100 milhões de pessoas – e se tornaram os protagonistas da eco-

nomia, conforme o estudo A nova Classe C Urbana do Brasil: Somos Iguais, Somos Diferentes, divulga-do pelo Ibope Mídia Brasil. Segun-do dados da pesquisa divulgada em outubro de 2010, os integrantes da nova classe média brasileira rece-bem salários entre R$ 600 e 2.099 por mês, são predominantemente jovens (maior percentual de pessoas até 34 anos) e concentram-se prin-cipalmente nas regiões metropolita-nas do país.

Esses brasileiros têm grande po-tencial para consumir, pois repre-sentam 64% do poder de consumo nacional. Porém são mais caute-losos na hora de comprar, já que 61% dos entrevistados garante não gostar de contrair dívidas. Contu-do, muitos setores da indústria de bens e serviços vêm se benefician-do com esse público, que não abre mão de suas conquistas. Um bom exemplo é a sonhada casa própria, que 19% dos entrevistados mani-festaram ter interesse em adquirir em breve. Para o setor automobi-lístico, a pesquisa também revela dados promissores: 9,5 milhões de brasileiros pretendem comprar um automóvel – novo ou usado – nos próximos doze meses, fazendo com que o transporte público deixe de ser o principal meio de locomoção dessa classe. O setor de idiomas também tem grandes chances de crescimento, pois apenas 23% dos brasileiros da classe média falam mais de uma língua.

Segundo o coordenador do cur-so de Economia da Unisinos, Sér-gio Leusin Junior, a perspectiva de melhoria de vida dos trabalhadores é imprescindível para alavancar o

consumo. “Diante do bom cenário da economia, eles se sentem mais confiáveis para contrair dívidas”, explica. Dados da pesquisa do Ibope revelam que as expectativas futuras dos brasileiros da classe C estão em alta: em 2005, 74% esta-vam otimistas com o próximo ano; em 2009 esse percentual passou a ser de 84%.

Sérgio destaca também que an-tigamente as pessoas trabalhavam apenas pensando em seu sustento e de sua família. Hoje, os brasileiros têm novas necessidades. Televisão de alta definição, eletrodomésticos, celular, computador e casa própria estão na lista desses novos desejos conquistados pela classe C através dos financiamentos com prazos mais elásticos. A técnica em enfer-

magem Elenir Rodrigues, 22 anos, observa as mudanças na conjuntu-ra econômica do país nos últimos anos: “Nesse período, pude com-prar minha casa, eletrodomésticos, DVD, televisão. Na época dos meus pais, por exemplo, seria impossível adquirir tanta coisa. Foi uma felici-dade imensa ter minha casa própria, que foi financiada pela Caixa Eco-nômica Federal. É a realização de um sonho e uma satisfação pessoal. No futuro, quero me estabelecer fi-nanceiramente e poder comprar um carro”, diz.

A pesquisa do Ibope demonstra que, comparadas às classes A e B, menos pessoas da Classe C estão estudando atualmente. Mas, na prática, embora ainda de maneira tímida, os adolescentes acreditam

no seu desenvolvimento pessoal e buscam vagas no Ensino Superior. Um exemplo é a acadêmica de Jor-nalismo Mara Priscila de Carvalho, 19 anos, que confia no seu poten-cial e hoje é estudante na Unisinos: “Estou contente porque, através do Programa Universidade para Todos (ProUni), consegui ingressar na fa-culdade e fazer o curso que eu te-nho interesse.”

Ela também está no percentual de brasileiros que não gosta de ter dívidas, por isso controla seus gas-tos em busca de um objetivo espe-cífico: “Diminuí minhas compras no cartão e agora pago muito mais à vista. Com isso, estou poupando dinheiro para que, em pouco tem-po, consiga realizar meu sonho: ad-quirir uma moto”, conta ela. Mara

Guilherm

e Barcelos

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O crescimento no EstadoSegundo Roger Ritter, Presi-

dente da Câmara da Indústria, Co-mércio, Serviços e Agropecuária do Vale do Paranhana e tecnólogo em processos gerenciais, o fenô-meno do crescimento da classe C no Rio Grande do Sul está ligado a três fatores essenciais:

O primeiro é a geração de em-pregos formais em níveis recordes. Somente neste ano foram criados 141.137 novos empregos formais no Estado e a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre está abaixo dos 5%, segun-do a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. Esse patamar está abaixo, hoje, de quase todos os pa-íses da Comunidade Europeia.

O segundo motivo é o real au-mento do salário mínimo. Em 1994, o salário mínimo era de US$ 100. Hoje o mesmo está co-tado em US$ 300 mensais, o que representa um aumento real, em dólares, de 300%. Ou seja, se uma família de quatro pessoas tem dois trabalhadores ocupados com renda de apenas um salário mínimo cada, considerando ainda

o 13º salário, férias e abonos do PIS, ela já atinge a classe C.

Por fim, os programas de bene-fícios sociais como transferência de renda mínima (Bolsa Família e Cartão Alimentação), Assistência Social e Segurança Alimentar e Nutricional repassaram mensal-mente até setembro de 2010 R$ 1.088.680.099,43 às 455.935 fa-mílias cadastradas em programas sociais, que geraram em média, mensalmente R$ 265,31.

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-cílios 2009 (PNAD) do IBGE, a remuneração média de um gaú-cho era de R$ 1.162,05 em 2009, ou seja, já acima do piso para a classe C. “Todos esses fatores contribuíram sobremaneira para o aumento da capacidade de com-pra dessa classe, alterando pa-drões de consumo e investimento das empresas. Os programas de renda mínima também levaram ao consumo milhares de famílias, que fazem o fluxo da renda girar com maior velocidade”, salienta Roger Ritter.

Dienifer CeCConelloRedação Jornalística III

Computadores, celulares mo-dernos, internet, automóveis e a tão sonhada casa própria. Esses e muitos outros produtos estão cada vez mais ao alcance da crescente classe C. Muito se fala da melhoria da renda, das ofer-tas de crédito e até de planos do Governo, que realmente favore-cem esse público, como o bolsa-família, por exemplo. Tendo em vista esse favorável cenário fi-nanceiro a moda é comprar, seja à vista, seja a prazo ou superpar-celado. A nova classe média está no foco do comércio.

Esse novo perfil está aceleran-do as campanhas de marketing que, cada vez mais criativas e elaboradas, chamam a atenção do “povão”. De acordo com dados do Ibope essas estratégias têm dado resultado, já que 64% do consumo nacional está na mão da classe C. Com essa mudança tam-bém alterou a rotina das camadas mais inferiores que não compram um computador, porém adquirem a sua comida em um mercado onde o dono é da classe C, exem-plificou o presidente da Nielsen, Arturo G. García Castro.

Com o mercado, cresce tam-bém a exigência desse consumi-dor que antes comprava apenas pelo preço e agora está unindo esse fator com a qualidade do produto. O que realmente im-pressiona é que, além de com-prar, esses consumidores estão sabendo planejar seus gastos de acordo com os seus salários, por-que uma coisa que ninguém quer é ficar endividado, independente-mente da classe.

Então que cresça a classe C e que seja bem-vinda, porque mais pessoas com condições de com-prar indica que as coisas muda-ram para melhor. E isso é incon-testável e extremamente positivo para a economia do país.

A moda écomprar

Opiniãodestaca ainda as novas aquisições de sua família: “Um dos últimos bens que conseguimos adquirir foi um computador com tela de LCD, pagamos à vista”.

As mulheres, aliás, ocupam papel importante na economia: elas exer-cem maiores responsabilidades so-bre a família. Sendo assim, possuem maior autonomia financeira e, como consequência, tendem a consumir mais. O setor de cosméticos tem muito a lucrar com elas: segundo a pesquisa, 64% consideram mui-to importante manter-se jovem. As mulheres de 20 a 34 anos são as que mais movimentam os setores de be-leza e cuidados pessoais.

O espaço ocupado pela classe C in-fluencia em decisões importantes do país, como a escolha dos governan-tes. A visibilidade conquistada por essa parcela significativa da popu-lação é fruto do avanço econômico vivido no país nos últimos anos. De acordo com dados apresentados pela pesquisa Ibope, essa situação tende a melhorar cada vez mais – tanto com pessoas das classes mais baixas migrando para Classe C, como para classes sociais mais altas.

Por que a classe C aumentou seu poder de consumo?l Controle da inflação – esse fenôme-no iniciou em 1994, com o surgimento do Plano Real;l Crescimento real da renda – salário cresceu mais do que a inflação. Segundo Sérgio, transformando o salário mínimo de dez anos atrás em valores praticados

hoje em dia, o salário atual vale muito mais do que o praticado há uma década;l Crescimento do emprego formal no país – segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, quase sete mi-lhões de trabalhadores foram admitidos de 2004 a 2010 no país;

l Ampliação do crédito e dos pra-zos – a redução das taxas de juros foi um dos fatores que mais contribuíram para essa expansão. Diante disso, os trabalhadores têm mais oportunidades de adquirir bens e encaixar as parcelas no orçamento.

Conquista: eletrônicos, celular, computador e casa própria estão na lista dos desejos dos novos consumidores

O Coordenador do Curso de Economia da Unisinos, Sérgio Leusin Junior, atribui a expansão do consumo da Classe C a quatro fatores distintos:

Pedro Barbosa

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Indignação:placas feitas pelos moradores cobram melhorias a políticos

Primeiro turno registra 77 propagandas irregulares

Para a Procuradoria Regional Eleitoral do RS, os principais processos de propaganda irregular são de

colocação de outdoors e pintura em muros superior aos quatro metros quadrados. As punições aplicadas são remoção imediata da propaganda, multa e cassação de tempo em horário partidário na TV e no rádio do candidato. (BRUNO CARDOSO / Redação Jornalística I)

LUCIANO PACHECORedação Jornalística I

A cada quatro anos, os valores investidos nas campanhas se tornam mais altos. Em 2010, os gastos com a corrida presidencial foram três vezes maiores que em 2006. Fazendo dessa à eleição mais cara de nossa história.

Este ano, os custos re-ferentes aos candidatos que disputaram o segundo turno chegam a R$ 347 milhões. A mais votada no primeiro tur-no, Dilma Rousseff (PT), com R$ 157 mi-lhões, e José Serra (PSDB), que ficou em segundo lugar, foi o dono da maior verba, R$ 190 milhões. Acrescentem-se os gastos das demais legendas, e o total chega a R$ 463,5 milhões. Na eleição passada, a quan-tia empregada por todos os presidenciáveis foi R$ 137 milhões.

Para o cientista político e professor

da Unisinos Bruno Lima Rocha, o que pode ter contribuído para esse aumento, é o maior rigor por parte dos órgãos com-petentes com aqueles que estourarem o orçamento inicial. Não seria uma eleva-

ção dos valores, mas sim, prestações de contas mais fiéis, e que declarações de eleições passadas ficavam longe da realidade. Segun-do o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a punição para quem descumprir a

lei será uma multa de cinco a dez vezes do valor excedido.

Para Carlos Alfredo Gadea, doutor em sociologia política e também professor na Unisinos, é a midiatização das campa-nhas que as tornam cada vez mais caras. A profissionalização do processo eleitoral aumentou os custos. Gadea ainda afirma que deveria haver limites, e a criação de um teto seria essencial.

JAIRTON CAMISOLÃORedação Jornalística I

A cada eleição municipal que passa, parte dos eleitores perde o gosto de votar nos candidatos de Viamão. Votando em ninguém, brancos, nulos e abstenções crescem a cada pleito eleitoral.

Conforme o Tribunal Regional Elei-toral (TRE-RS), em 2000, a cidade tinha 126.283 eleitores, 3,73% anularam o voto, 5,80% votaram em branco e 9,56% nem compareceram às urnas. Em 2004, a cidade contava com 142.915 eleitores, 6,16% votaram em branco, nulos 4,96% e a abstenção ficou em 10,84%. Em 2008, a situação piorou: dos 153.660, 9,13% votaram em branco, 7,17% anu-laram e a abstenção foi de 13,84%.

Na opinião da moradora Cristina Pe-reira, 47 anos, esse fenômeno acontece porque os candidatos não conseguem convencer os eleitores.

Em 2008, brancos, nulos e abstenções somados chegaram a 42.133 votos. Se eles estivessem concorrendo à prefeitu-ra teriam ficado em segundo lugar com uma diferença de 9.491 votos em relação ao atual prefeito Alex Boscaini (PT).

Conforme o cientista político Adelmo Moraes de Almeida, o Brasil não acredi-ta nas pessoas que concorrem a cargos eletivos. Segundo ele, o descrédito surge com os escândalos.

“O impostômetro registrou R$ 800 bilhões arrecadados do bolso do povo. A isso soma-se os votos brancos, nulos e abstenções”, disse Moraes de Almeida.

LUAN PAZZINIRedação Jornalística I

Canoas entrou para a história no último 3 de outubro, sendo a primeira no Estado a ter a eleição biométrica. Cerca de 216 mil pessoas votaram.

O método biométrico foi implantado para gerar maior segurança e inibir frau-des. Para alcançar a meta de recadastrar os 240 mil eleitores, Canoas passou por um processo que se iniciou em novem-bro de 2009, com término em março de 2010, e horários de funcionamento am-pliado e estendidos aos finais de semana. Neste processo, existiu a preocupação em realocar pessoas portadoras de neces-sidades físicas em locais de fácil acesso.

Uma pesquisa realizada pelo Tribunal

Regional Eleitoral do RS, após o término do recadastramento, concluiu que o nú-mero de jovens entre 16 e 18 anos que tem como opção o voto facultativo foi decrescente. A estudante Dankiele Ti-bolla, 18 anos, que cursa Contabilidade, conta que desde cedo, os jovens devem cumprir o papel de cidadão. “Se com menos idade já pensamos ser adultos, temos que mostrar neste momento que podemos fazer a diferença”, diz.

Para o vereador de Canoas Dario da Silveira, do PDT, a cidade foi escolhida por estar próxima da Capital e pelo nú-mero de habitantes. “Foi importante, pois foi através de uma iniciativa conjunta das autoridades locais que conseguimos ser pioneira neste processo”.

ANDRÉ CORRÊARedação Jornalística I

Seguindo a estratégia americana, os candidatos à presidência do Brasil tam-bém aderiram às redes sociais em 2010. A febre do Twitter, Youtube e Facebook funcionaram como ferramentas de mar-keting, para se aproximar do eleitorado.

Em 2008, Barack Obama inovou e se popularizou através de seus perfis nas redes. Um dos destaques foi o ví-deo que mencionava o bordão “Yes we can” – (Sim, nós podemos), um dos mais visitados na época. Com o sucesso, sur-giram diversos especialistas ministrando workshops sobre o assunto, no estilo Da-vid Axelrod, estrategista chefe do presi-dente norte-americano.

Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Sil-vio Berlusconi foram alguns chefes de estado e de governo e que também usu-fruíram da internet a seu favor.

No Brasil, entre os presidenciáveis, Marina Silva destacou-se pelos twe-ets que exibiu 79 milhões de vezes no microblog. Em seguida, está José Serra, com 40 milhões de impres-sões. Dilma Rousseff aparece com 19 milhões de exibições.

O sociólogo Vagner Vargas afirma que as redes sociais tiveram importância nessas eleições, nas suas devidas propor-ções, apesar de ser uma ferramenta nova. A respeito de Marina Silva, o sociólogo acredita que a internet não foi fator deter-minante, para o sucesso.

LEANDRO LUZRedação Jornalística I

Um grupo de morado-res da Rua Nossa Se-nhora da Conceição,

em Canoas, se uniu para pro-testar contra a promessa não executada pelo atual prefeito Jairo Jorge, do PT, de asfaltar a localidade. Com frases de in-dignação e críticas, espalharam placas pelos postes da via.

Apontado como líder dos manifestantes, o comerciário Olavo Lopes Duarte confessa seu desânimo com a política: “Votamos em peso para ele-ger o prefeito e ele prometeu que, em um mês, teríamos as-falto, e até hoje nada”.

O comerciário também contesta a legitimidade do orçamento participativo (OP): “Reunimos toda a comunida-de e vizinhos próximos para votarmos em peso na nossa causa. Mas perdemos para uma pequena rua que nem no mapa aparece!” protesta ele. A rua a qual Olavo se refere, a Martin Luther King ven-ceu a votação popular. “É tudo carta marcada! Quem faz a apuração dos votos? Porque não podemos parti-

cipar da contagem?”, ques-tiona Olavo.

O subprefeito da região noroeste de Canoas, Júlio Ri-beiro, explica que a auditoria da votação é executada por uma empresa contratada. De acordo com ele, a rua vence-dora do pleito é maior do que as que se uniram: “Apesar dela não aparecer no mapa, ela une três vilas”.

Júlio Ribeiro garante que a

rua só será asfaltada se ven-cer a votação do OP: “Esta-mos cumprindo as promessas de pavimentação, e a maneira mais democrática é através de votação popular”. Em relação às placas, o subprefeito mini-miza o caso: “Isto é obra de um morador, de uma pessoa só, não de uma mobilização popular. Desde o wprimei-ro mês do nosso mandato já existem as placas”.

O preço da presidência

Aumenta rejeição a políticos

Transtornos no voto biométrico

Candidatos nas redes sociais

População cobra promessas

Fotos Leandro Luz

Os custos com as campanhas dos candidatos que disputaram o segundo

turno em 2010 podem chegar a R$ 347 milhões

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 política

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010

Bruno GrossDayane Garcia Da silva Dieverson colomBoRedação Jornalística II

Se a juventude tem sido, historicamen-te, excluída da participação no poder e se ainda há preconceito contra o jovem

para cuidar do futuro do país, as eleições de 2010 representaram um começo de virada nesse quadro. Para se ter uma ideia, 14 jo-vens com idade entre 18 e 20 anos apresen-taram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suas candidaturas para os cargos de deputado federal e estadual nas eleições de outubro. Fo-ram rejeitadas. Aos 18, só se pode concorrer a vereador. No entanto, o número demonstra o crescente interesse da população mais jo-vem em exercer os seus direitos políticos. Já na faixa etária entre os 21 e 24 anos, os nú-meros são realmente animadores. Em 2006, eram 161 candidatos, em 2010 foram 314, um aumento de quase 100% na quantidade de representantes da juventude para os cargos de deputado federal e estadual em todo o país.

Gabriel Souza, de Tramandaí, é um exemplo desses jovens. Militante do PMDB desde os 15 anos, não teve ne-nhuma influência política dentro de casa. Filho de um contador e de uma dona de casa, afirma que sua paixão pela política iniciou com a entrada para o grêmio estu-dantil da escola. Em 2010, aos 26 anos, fez uma votação expressiva na primeira tentativa ao cargo de deputado estadual.

Mais de 26 mil eleitores acreditaram no jovem político, que é presidente nacional da Juventude do partido.

“Os jovens são a parcela de população que tem maior capacidade de indignação. Logo, a política pode representar a obtenção de uma ferramenta capaz de mudar o que está errado, e isso sim é um grande atrativo”, diz o candi-dato. Souza não foi eleito, mas sua caminha-da na política não para, e ele afirma: “Penso que é necessário para o Brasil a renovação partidária, e a juventude organizada é prota-gonista nesse processo. Cada um deve fazer a sua parte, quero fazer a minha”.

Se tivesse entrado para a Assembleia Legis-lativa, seu principal foco seria o combate ao crack, o que é matéria de caráter emergencial no país. Sobre candidaturas feitas em cima de popularidade, sua visão é objetiva: “Repare que o primeiro mandato pode ser conquistado pelo sobrenome, mas o segundo deve ser pela competência. Há muitos que se reelegem, provando que mereceram, outros porém...”.

A deputada federal reeleita Manuela D’Ávila também iniciou cedo a sua vida po-lítica, ingressando aos 18 anos na União da Juventude Socialista. Para ela, inserir-se na política não se resume a estar filiado a algum partido, antes mesmo disso o jovem pode, e deve, engajar-se politicamente. “Fazer parte do movimento estudantil, do movimento cul-tural, do hip hop e, atualmente, até a partici-pação dos jovens nos debates sobre a demo-cratização da internet já é uma forma de se

engajar politicamente.”Manuela considera necessária essa inser-

ção dos jovens: “Podemos dizer que é posi-tivo, pois demonstra uma renovação. O que devemos levar em conta é que todos nós vi-vemos as consequências da política, seja ela boa ou má. Por exemplo, o Prouni é fruto da boa política, a falta de segurança que vitimiza muitos jovens de todas as classes é resultado de má política”.

A juventude sempre teve a necessidade de expressar seus ideais, embora muitos jovens, como a deputada diz, não percebam ou prefi-ram criticar ou rotular. Esses anseios juvenis são a bandeira defendida por Manuela: “Mi-nha militância sempre teve uma identificação com milhares de jovens que não se confor-mavam com a ideia de que os problemas não podem ser resolvidos”.

Essa inserção, no entanto, é discutível. O publicitário e doutor em Comunicação So-ciopolítica Sérgio Trein diz que a participação de jovens ainda é muito reduzida. Para ele, o bom desempenho de alguns jovens dá a im-pressão de que a participação deles é maior.

O especialista em Marketing Político opina sobre aspectos relevantes no mundo da políti-ca com essa inserção de jovens. Trein afirma que os jovens podem conquistar o voto de pessoas mais velhas. Segundo o publicitário, esses eleitores podem pensar em renovações quando votam em candidatos iniciantes. Ou também votam neles pela própria vontade que os jovens têm de querer mudar o mundo.

Divulgação/Rafael Remus

O Brasil tem muitosfiliados partidáriosSegundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), existem quase 100 milhões de eleitores, e cerca de 13,8 milhões deles estão filiados a algum partido político. Bruno Lima Rocha, cientista político e jornalista, diz que o país estaria em polvorosa se os números refletissem a participação do povo. (Émerson ribeiro / Redação Jornalística I)

Opinião

uBirajara Da costaRedação Jornalística III

Tenho constatado que a presen-ça ou não de jovens na política brasileira está ligada a elementos como: preconceito, descrença, inexperiência bem como a falta de uma ideologia com propostas aos jovens.

Para as mulheres, a Lei da Pa-ridade, 12034/09, aprovada na Minirreforma Eleitoral, e com vigor nas eleições deste ano, re-serva que os partidos no Brasil precisam preencher 30% de suas vagas com mulheres. Vemos que dentro desta pretensa cota ao sexo feminino, ficam subentendidos os espaços aos jovens sem um regra-mento concreto.

Aqui no Estado, dois cases que deram certo na carreira política destacam-se no cenário onde atu-am. O primeiro, da reeleita depu-tada federal, Manuela D’ávila, 29 anos, com mais de 480 mil votos em 2010, filiada ao Partido Co-munista Brasileiro (PC do B).

O outro vem do interior do estado, Sentinela do Sul. Mar-cus Vinicius Vieira de Almei-da, 26 anos, é filiado ao Partido Progressista (PP) e já foi o mais jovem prefeito eleito do RS e do Brasil. Passou pelos movimen-tos estudantis como Manuela, fato bem característico de todos os exemplos que podemos anali-sar. Manuela D’ávila já foi vere-adora e concorreu à Prefeitura de Porto Alegre.

Marcus Vinícius de Almeida foi vereador em seu município, e, bem recentemente, presidiu a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), de 2009 a 2010. Os dois cases até hoje seguem uma coerência: tem assessores jovens e trabalham políticas públicas para os jovens.

Qual a semelhança de ambos. Venceram ou enfrentaram pre-conceito e desconfiança. A recei-ta: lutar pelos seus espaços sem perder o respeito e o carisma.

Jovens na política

Carisma: recém eleita,

Manuela D’Ávila

desperta o carinho dos

pequenos

Jovens incrementam participação nas eleições 2010. Número decandidatos com até 24 anos cresce consideravelmente na última eleição

Juventude em busca de espaço

7 política

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Aumenta a procura por esporte olímpicoDesde que o Taekwondo passou a ser esporte

olímpico, em 2000, aumentou a procura de pais querendo incluir seus filhos em escolinhas. Além de

ser uma arte marcial não violenta, o Taekwondo ensina a controlar o corpo e a mente, ajudando a formar

cidadãos. O esporte é praticado há mais de 20 anos em Canoas. (Dijair Brilhantes / Redação Jornalística I)

Divulgação

Letícia RossaRedação Jornalística I

O Centro Esportivo Gramadense e o Es-porte Clube Serrano confirmam cada vez mais a tradição de rivalidade entre os muni-cípios de Canela e Grama-do. Após duas partidas de futebol realizadas nos dias 10 e 17 de outubro entre as equipes pelo Campeonato Estadual de Amadores, o time de Gramado conquis-tou a vaga para a semifinal da competição. Os jogos confirmaram que a competitividade entre os clubes continua dentro e fora de campo.

Apesar de não demonstrar abertamente que existe rivalidade entre os times, mem-bros da equipe técnica do grupo de Gra-mado deixam claro que torcer por um quer dizer que não pode haver simpatia com o outro. “Vira casaca não existe aqui”, disse o técnico da equipe juvenil do Gramaden-

se, Sandro Bazzan.A competitividade que atinge Gramado é

a mesma que mexe com os ânimos de ca-nelenses. É o que conta o técnico da equipe principal do Serrano, Zoinho. “Não adian-

ta fingir. Gramado e Cane-la são cidades rivais desde que foram criadas”, disse.

A torcida não fica de fora das provocações. O ad-vogado canelense Nelson Pereira exibe com orgulho aquilo que chama de sua

“maior prova de fidelidade ao Serrano”: o nome do time tatuado no braço. “Fiz para mostrar que somos melhores”, destaca.

Em Gramado a situação não é diferente. Ex-treinador da equipe juvenil do clube, Ro-berto Foss começou a participar das ativida-des do time de um modo inusitado. “Tudo aconteceu graças ao pai de um amigo que me levou para assistir a um jogo do Grama-dense. Foi amor à primeira vista”, conta.

JULiaNa LitiViNRedação Jornalística I

Inicia neste mês, em Cachoeirinha, a construção da arena do Esporte Clube Cruzeiro, numa área de três hectares, lo-calizada na Avenida Frederico Ritter, nos fundos do Centro de Tradições Gaúchas Rancho da Saudade. “A nova arena será um projeto modesto e moderno”, definiu o presidente do clube, Dirceu de Castro.

A previsão é que a arena esteja con-cluída em um ano. Já as obras do Centro de Treinamento do Cruzeiro (CT) estão mais adiantadas. Elas começaram em outubro, no Bairro Jardim Betânia, numa área de sete hectares.

A escolha pelo município ocorreu, se-gundo a assessoria de imprensa do time,

por causa da potencialidade econômica da cidade, que não tinha, até então, um clube de futebol profissional. A prefeitura assinou com o clube o contrato de trans-ferência do estádio, localizado na capital gaucha, para a região.

De acordo com o secretário de Des-porto e Lazer de Cachoeirinha, Irani Tei-xeira, a vinda do Cruzeiro não significa apenas a presença de uma equipe profis-sional, mas também representa desenvol-vimento econômico à região.

O estádio terá capacidade para 16 mil torcedores. Para a imprensa haverá sala de conferências e entrevistas. Outra medida é a adequação às exigências da FIFA. “A cidade nunca teve time de for-ça. Com o Cruzeiro passamos à elite do futebol gaúcho”, vibrou Marcelo Jacobs.

JULiete RosY De soUZaRedação Jornalística I

Com três anos de experiência no fu-tebol profissional, o Cerâmica Atlético Clube não se mostra apenas como um time campeão, mas também um realiza-dor de sonhos.

Colecionando vários títulos e vitórias, entre eles o vice-campeonato da Copa Lupi Martins, em 2008, o clube mostra que quer fazer mais pela comunidade. Ele mantém uma escolinha de futebol e cinco núcleos esportivos que proporcio-nam atividades para meninos e meninas dos seis aos 15 anos. Os núcleos são: Portinho, Caveirense, Sesi Gravataí, Sesi Cachoeirinha e Vila Elisa.

Na escolhinha e nos núcleos a me-

ninada aprende táticas e técnicas sobre o futebol de campo e o futsal. Em mé-dia, 100 crianças participam em cada núcleo. As atividades ocorrem duas ve-zes na semana, nas terças-feiras e nas quintas-feiras. Existe a ideia de criar atividades nos outros dias da semana, para que as crianças não fiquem nas ruas, mas se envolvam em atividades esportivas que serão importantes na construção de um futuro melhor para elas. “Tornando-se ou não atletas, no mínimo essas crianças serão cidadãs de boa índole”, frisou Daiani de Lima, assistente social.

Com uma excelente infraestrutura, o estádio Antônio Vieira Ramos tem capa-cidade para 6 mil pessoas e vários depar-tamentos para atender os jogadores.

tatiaNa oLiVeiRa Da siLVaRedação Jornalística I

João Vitor Lopes, 11 anos, capitão da equipe do Internacional sub-11, foi goleador em todas as competições que participou pela escolhinha Sparta Real, em Santo Antônio da Patrulha. O meni-no está há dois anos no Colorado e já tem títulos acumulados: campeão 2010 do Encontro Pan-Americano de Fute-bol Infantil (EFIPAN), vice campeão da Taça Internacional Saudades e campeão gaúcho sub-10.

Esse é um dos atletas, entre tantos, que surgiram em Santo Antônio da Patrulha nos últimos anos. Só em 2010, a Sparta Real teve 31 meninos avaliados e apro-vados por grandes clubes: 25 estão no

Cerâmica, quatro no Internacional, um no Grêmio e um no Juventude.

Na cidade existem cinco escolinhas: Sparta Real, GCO Society, Gol de Pla-ca, Pelézinho e a Escolinha do Laerte. Juntas, elas treinam 450 crianças e ado-lescentes dos quatro aos 16 anos. Alguns alunos são de baixa renda e não pagam a mensalidade, fixada em R$ 20,00.

O município revelou craques como Murilo Engelmann, goleiro campeão da Libertadores pelo Grêmio; Rodrigo Caetano, diretor executivo do Vasco da Gama; Cassiano Rocha, que jogou no Grêmio, no Botafogo e em 11 países; e Claiton Peixoto, que joga no Grêmio. To-dos eles iniciaram nas extintas escolinhas de futebol América e Jaú, de Santo Antô-nio da Patrulha.

ReNata saNtosRedação Jornalística I

As obras do novo estádio do Grêmio já começa-ram, mas uma polêmi-

ca pode complicar o projeto da empresa OAS Empreendimen-tos, responsável pela constru-ção. Segundo a presidente da Associação de Moradores do Bairro Humaitá, Palmira Mar-ques da Fontoura, a comuni-dade quer evitar a transferência dos 600 alunos que estudam na Escola Estadual Osvaldo Vergara. A comunidade teme ainda a transferência da Escola Técnica Santo Inácio e do CTG Vaqueanos da Tradição para darem lugar à arena

O local escolhido para o projeto da nova sede da es-cola Vergaro é uma área elei-ta pela comunidade para a construção de um centro po-liesportivo, que atenderia as crianças no turno inverso às aulas para a prática de espor-tes e brincadeiras.

A assessoria de imprensa do clube afirmou que a OAS pretende realizar o projeto escola de produtividade, que qualificaria os moradores da região para trabalharem na

construção do estádio, no to-tal duas mil contratações, en-tre armadores e serventes.

Palmira disse que até o mo-mento nenhum morador foi procurado. Para ela, o pro-blema não é a construção da Arena, e sim a retirada das escolas e do CTG, estruturas conquistadas com muito tra-

balho pela comunidade.A OAS Empreendimentos

informou que está em nego-ciação com os moradores, e não quer se pronunciar sobre a polêmica.

Contando com uma área de 34 mil hectares, a conclusão das obras da Arena está pre-vista para 2013.

Futebol move rivalidade na Serra

Clube Cruzeiro inicia obras

Cerâmica integra pessoas

Cidade cria futuros craques

Arena polemiza o Humaitá

Impasse: bairro poderá perder duas escolas para receber estádio

Mauro Saraiva Júnior

A média de público nos jogos realizados entre os times do Gramadense e

Serrano desde 1933 é de 1.200 torcedores

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 esporte

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E-books passam a competir, no mercado, com os livros impressos P. 6

Oscar Siqueira, o guardião que zela pelo Theatro São Pedro há 35 anos P. 7

Movimento luta pelaredução dos impostos para baratear games P. 8

Curta o curtaestefânia souza Camargodani botelhoRedação Jornalística II

A (r)evolução começou. É impossível alguém não saber, hoje, a importân-cia dos meios digitais na sociedade

contemporânea. No cinema, não é diferen-te. A internet e as novas tecnologias estão mudando a produção audiovisual.

O mercado se torna cada vez mais demo-crático, assim com a recepção é mais abran-gente. Atualmente, com os novos meios, pro-duzir curtas é mais fácil e barato. Já existem filmes feitos com câmera de celular e posta-dos em sites como Youtube e Vimeo.

Porém, as novas mídias não possibilitam apenas mais acesso. Essas tecnologias também influenciam no tempo de produção do filme. É o que explica Zeca Brito, formado em Realiza-ção Audiovisual pela Unisinos e um das cabe-ças pensantes do Coletivo Inconsciente, grupo de cineastas gaúchos que produz filmes pelo Estado. “O tempo de realização de um curta-metragem depende do modelo de produção do filme”. Ele conta que já produziu um curta em apenas um dia, “Arthur”, que está disponível no Youtube. Outro exemplo é “Bullying”, de Warlla Christie, gravado com câmera de celu-lar no Estado do Tocantins.

Para quem pensa que as facilidades das no-vas formas de fazer cinema se limitam ao tem-po de produção e acessibilidade, está enganado. Hoje é possível fazer um curta com uma equipe bastante reduzida. “Nada impede que um filme seja produzido por um grupo pequeno, tudo depende da ideia que se tem em mente”, afir-ma Guilherme Castro, cineasta e professor do curso de Seminário Livre de Cinema, da Uni-sinos. Certamente, um dos melhores exemplos de produção independente no cinema gaúcho é Limbo, de Fernando Mantelli.

O curta conta a história de um homem so-litário que certo dia recebe uma estranha visita e foi produzido por apenas uma pessoa. Isso mesmo, você não leu errado. Mantelli escre-veu o roteiro, interpretou dois personagens, filmou e editou. Ou seja, produziu o filme ab-solutamente sozinho. A solitária empreitada e a dupla interpretação lhe renderam o prêmio de melhor ator na Mostra Gaúcha do Festival de Gramado, este ano.

Mas, se você ainda pensa que o trabalho acaba quando o filme está pronto, está enga-nado. Uma das fases mais importantes é a pós produção. De nada adianta um belo filme se

ele não chega às pessoas. “É preciso ter uma equipe de produção preocupada com a divul-gação, ligada nos festivais do mundo inteiro, que faça o filme ser visto”, afirma Zeca Brito, que teve o curta Aos Pés exibido em festivais de Nova York e do Nordeste do Brasil. O cine-asta conta que as experiências são importantes para a formação do profissional pela troca de vivências com outras pessoas da área.

Em um mundo digitalizado, novas janelas surgem para o fomento do audiovisual. No entanto, mídias mais tradicionais apóiam a produção em cinema. Na RBSTV, o progra-ma Curtas Gaúchos exibe toda semana filmes de pouca duração. Assim como o programa TV Cine, da TVE, que, além de exibir curtas-metragens, ainda conta o que há de novo no cinema gaúcho.

Na internet, por exemplo, o site patroci-nado pela Petrobrás, www.portacurta.com.br, tem, desde 2006, um projeto chamado Curta na Escola. Com o intuito de promover e in-centivar o uso didático de curtas-metragens na educação, há parceria direta com professo-res que relatam continuamente no portal suas experiências com os alunos.

Luana Elias

Leandro Maciel

CULTURA

Equipes reduzidas são comuns nos filmes de menor duração e não comprometem qualidade

O experimentalismo do curta-metragem e as novas mídias criam, cada vez mais, novas janelas para o cinema contemporâneo

Um pouco de história

No Brasil, o pioneiro foi Humberto Mauro, que produziu mais de 300 cur-tas, em plena era de Getúlio Vargas, em 1937. Mesmo com tanta oferta, os curtas funcionavam como prova para futuros longas-metragens de ficção.

Com o tempo, surgiu a primeira lei que obrigava a exibição de filmes de curta duração nos cinemas. Porém, a falta de incentivo era realidade para os cineastas, o que dificultou o desenvol-vimento do gênero.

A cena cinematográfica melhorou na década de 1960, com o Cinema Novo, movimento que elaborarou no-vas formas de pensar o cinema. Os jo-vens vanguardistas queriam produções baratas e acessíveis. O lema dos adep-tos desta geração era “uma câmera na mão, e uma ideia na cabeça”.

Ação!lívia freo sagginRedação Jornalística III

Eles recebem Oscars, são mos-trados em festivais, alguns pagam para vê-los e outros não gostam tanto. Os amantes do cinema adoram os curta-metragem. A popularidade desses filmes cres-ce a todo vapor. Filmagens casei-ras, como a da namorada do seu vizinho gritando na portaria do prédio atrás do chip dela, podem até fazer sucesso no YouTube, mas, se você está interessado em algo mais substancial, há muitas coisas a aprender.

Talvez seja necessário fazer um curso sobre cinema para compre-ender as competências necessá-rias, como por exemplo, escrever um roteiro, dirigir, operar equipa-mentos antes e depois das filma-gens. Porém, há alguns passos iniciais que podem ser entendidos com facilidade.

A pré-produção basicamente se preocupa em organizar e planejar o filme antes de filmar. Os curtas possuem, geralmente, 2 a 30 mi-nutos, e para se ter uma história concisa em tão pouco tempo, é preciso ter uma história bem tra-mada e simples.

Luz, câmera, ação! É na fase da produção que a história pla-nejada na pré-produção ganha vida. Manter o cronograma das atividades, o orçamento previsto e saber lidar com imprevistos, como uma chuva inesperada numa filmagem ao ar livre, é fundamental para que o trabalho saia como o esperado.

Na pós-produção são feitos os últimos ajustes do curta. O dire-tor faz a edição e a montagem da produção cinematográfica bruta. A trilha sonora é adicionada, bem como os efeitos sonoros, espe-ciais. É nessa etapa que o filme ganha seu aspecto final.

Fazer um curta-metragem é um desafio. O orçamento é apertado e o corpo técnico enxuto. Porém, sempre haverá espaço para pro-duções sobre histórias atraentes.

Opinião

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n Unisinos n Novembro/2010 n 2 Babélia

Renata teixeiRa GomesRedação Jornalística I

O encontro literário Sarau Elétrico, que ocorre no bar Oci-dente às terças-feiras é a cara de Porto Alegre, e fixou seu nome no calendário cultural da Capi-tal. Este ano, comemora 11 anos de atividades. Nomes consagra-dos como Luís Fernando Veris-simo, Lya Luft, Fabrício Carpi-nejar e Nei Lisboa fazem parte do sucesso do evento.

Comandado por um quarteto nada anônimo no cenário gaúcho, como a radialista e apresentadora Katia Suman, a publicitária e es-critora Cláudia Tajes e os profes-sores e escritores Luiz Augusto

Fischer e Cláudio Moreno, reúne um público fiel e disposto a ouvir leituras sobre os mais variados temas e autores. O objetivo é tor-nar a leitura acessível por meio da combinação de uma boa conversa, entrevistas inte-ressantes, humor e informação.

Toda semana, um novo tema é escolhido pelos quatro comandantes, geralmente pelas oportunidades, como uma data comemorativa ou por um fato literário relevante.“Quando ficamos sem ideia, a gente ape-la para temas que dão certo, como sexo ou humor”, comenta

Cláudia Tajes.Embora seja um encontro

leve, exige dedicação. “É preci-so selecionar trechos que vamos ler com antecedência, e também

pesquisar os au-tores para falar deles”, esclarece Cláudia.

O ambiente agradável, os temas e a mú-sica fazem do

Sarau Elétrico, uma boa opção para aprofundar-se de literatura e cultura. Para Cláudia, é uma oportunidade de aprender mais e se divertir. “Se ainda por cima desse dinheiro, aí seria o mun-do perfeito”.

thaís ZimmeR maRtinsRedação Jornalística I

Teatros, músicas, danças e livros raramente são destina-dos à terceira idade. Atual-mente, a fase ainda é excluí-da, em parte, pela sociedade. A Semana Nacional do Idoso, que chegou à 19ª edição, está mudando a realidade.

O evento ocorreu nos pri-meiros dias de outubro, assim como há 19 anos e, geral-mente, todas as cidades do país programam atividades. Mas sete dias por ano é muito pouco para a terceira idade se entreter. Por isso, a existência de projetos sociais torna-se fundamental.

A musicoterapia também se infiltra no meio dos ido-sos, não só no Estado, como em todo o Brasil, e os ajuda a evitar doenças mentais por meio de canções ou da tera-pia. Maria Carolina Brites é aluna de graduação deste cur-

so, na EST (Escola Superior de Teologia) e tem contato com três projetos da faculda-de destinados aos idosos.

“A musicoterapia é impor-tante para todas as pessoas, porque promove cultura e saúde. Para a terceira idade, o resultado é significativo. Não é preciso saber tocar instru-mentos para participar. Usa-mos a música como lingua-gem”, relata Maria Carolina. Ela conta que com o recurso é possível minimizar ou evi-tar doenças mentais como depressão e alzheimer.

Ione Maidana Freitas foi vítima de alzheimer e fale-ceu em setembro. A família relembra o enclausuramento da senhora que não se relacio-nava com ninguém, além de parentes, e tampouco lia ou participava de atividades. Era tão difícil convencê-la a sair de casa que a família desistiu, mas hoje se arrepende.

Jaqueline loRetoRedação Jornalística I

Em 24 horas ininterruptas de espetáculos culturais, 60 atrações marcaram os 20 anos da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), em Por-to Alegre. Nos dias 24 e 25 de setembro, a secretaria da Cultura do Estado preparou um ciclo de comemorações, levando entretenimento para os frequentadores do local.

Com entrada franca, o pú-blico acompanhou saraus, in-tervenções literárias, shows, teatro, oficinas, workshops, exposições de arte e uma fes-ta balonê. Também ocorreu uma homenagem teatral aos 104 anos do poeta.

Com a variedade de espe-táculos, a aposentada Jane Maria disse que a festa foi um grande presente para ela e para a família. Ela afirma que o legado da cultura de Quin-tana já faz parte da vida dela.

O 20º aniversário movi-mentou não somente o espa-ço da casa, mas o comércio do bairro. Segundo Décio Antônio, funcionário de um bar junto à casa, a circulação aumentou entre 5% a 10%, devido às festividades.

O “parabéns oficial” da CCMQ foi inusitado. Com queima de fogos, a festa teve um flash mob, organizado pela Internet, que reuniu mais de 150 pessoas que, por mais de cinco minutos, dançaram diferentes ritmos da música comemorativa.

A Casa de Cultura Mario Quintana é um local aconche-gante, que abre portas para quem deseja inspirar poesias urbanas. Como no teatro, que existem várias passagens de enredo, a casa celebrou o seu 20º ato com uma belíssima passagem entre o poeta, a po-esia, a cultura e o espectador.

nathalie abRahão CóRdovaRedação Jornalística I

Esqueça a foto de casamento for-mal. A moda é jogar o vestido no lixo, como sugere a tradução

do novo conceito de ensaio fotográfico para matrimônios, o Trash the Dress, tendência que surgiu em Las Vegas, em de 2001, quando o fotógrafo John Mi-chael quis dinamizar o álbum de casa-mento reutilizando o vestido de noiva.

O ensaio é feito antes ou depois do casamento, para contrastar a elegância dos trajes com o cenário eleito. O estilo é a alternativa para os pares modernos que não desejam

se render às tradições, em estúdios e locais fechados.

Para a fotógrafa Andréa Graiz, que há 15 anos trabalha com fotojornalis-mo e casamentos, todo local é válido, praias são as mais procuradas. “Há os trashs mais comportados e outros mais à vontade. O importante é sair do convencional.”

A estudante Thanise Gomes Tibur-sky, 24 anos, quando procurou reali-zar o ensaio, buscava algo diferente. “Não conhecia o estilo, mas foi uma experiência inesquecível”, conta ela, que fez o ensaio em Gramado e Canela com o noivo, Gabriel.

Apesar de a expressão significar “acabar com o vestido”, a ideia não é destruí-lo, mas utilizá-lo em locais diferentes e menos convencionais. Fotógrafo há 20 anos, Leandro Mi-guel de Souza diz que é difícil fa-zer as noivas relaxarem. “Cuidar do vestido continua para elas um dever e, às vezes, deixam de fazer algo para não sujá-lo ou danificá-lo” conta Leandro.

As sessões Trash the Dress podem levar de horas a um dia de ensaio, va-riando de acordo com o local. O preço fica em torno de R$1 mil, dependendo da impressão e quantidade de fotos.

Sarau Elétrico comemora sucesso

A vida não paradepois dos 60 anos

Casa de Cultura festeja 20º aniversário

Trash the Dress, mania fotográfica

Comandado por um quarteto, o encontro é

uma combinação de boa conversa, entrevistas

e literatura

Inovação: foto de

Thanise e Gabriel

durante o ensaio

fotográfico em Canela

LM P

rodu

ções

Desconto garante diversão Assistir a uma sessão de cinema pode ser mais caro do que se imagina. Em média, os ingressos custam em torno de R$18. Enquanto os valores não sofrem uma mudança, que seja cômoda para os usuários e para as redes de cinema, a maneira é aproveitar os descontos, como dias de promoção e carteirinha de estudantes. (Jorge leite / Redação Jornalística I)

Angra faz show na Capital Para lançar o novo álbum, a banda de metal Angra faz show em Porto Alegre dia 5 de dezembro, no bar Opinião. O conjunto é formado por Eduardo Falaschi, Ricardo Confessori, Felipe Andreoli, Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt. Além das músicas clássicas, será divulgado o single “Arising Thunder”. (Rodrigo ullmann langanz / Redação Jornalística I)

MPB ganha Festival de Música A música “Quem Dera”, interpretada por Gelson Oliveira e escrita por Jerônimo Jardim, foi a grande vencedora do 13º Festival de Música de Porto Alegre. O evento ocorreu em outubro no Teatro Renascença e recebeu 256 inscrições. Chamou atenção na platéia o violonista Yamandú Costa, que foi apreciar o evento. (andré Pereira / Redação Jornalística I)

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n Unisinos n Novembro/2010 n 3Babélia

Grupo lança disco com composições que

remetem ao cenário urbano de Porto Alegre

Rock original e com bom

humor

O longo caminho ao topoSilvia DalmaSRedação Jornalística III

Entre milhares e milhares de artis-tas que tentam chegar ao topo, são poucos aqueles que resistem a toda caminhada e ganham o devido reco-nhecimento. Formar uma banda é o sonho de muitos e conquista de pou-cos. Troca de integrantes, brigas in-ternas, falta de incentivo e dinheiro são alguns dos problemas que todo conjunto provavelmente terá que en-frentar. O lançamento do CD da ban-da Sociedade do Bico de Luz é uma grande realização, pois além de ser produzido de forma independente, tem um estilo de música cada vez mais desprezado.

A verdade é que cena roqueira em Porto Alegre está, aos poucos, de-

caindo e perdendo público. Hoje em dia, restam poucos locais na capital que ainda conseguem se manter com o estilo. O eletro rock foi a última car-tada para os proprietários dos bares atraírem mais pessoas, mas a maioria preferiu mudar a identidade do bar, migrando para estilos mais atrativos. Isso é mais uma dificuldade enfrenta-da pelas bandas, que não encontram mais lugar para mostrar seus trabalhos e não se sentem incentivadas. Outro ponto a ressaltar é que na indústria da música as bandas de “modinha” é que tomam conta, com melodias simples. Já na SBL, as canções nos remetem a um rock’n roll clássico, misturando com doses de humor.

A iniciativa da banda é louvável e merece o devido reconhecimento, não só pelo esforço de divulgar seu trabalho e conquistar seu lugar, mas também pelas composições de ótima qualidade, que nos fazem lembrar aquele bom e velho rock’n roll cada vez mais esquecido.

Opinião

Div

ulga

ção

Alguns até dizem que os integran-tes trabalhavam com eletrônica e que essa seria a inspiração. “Vem de uma piada interna da galera aqui. Macharada que tinha namorada dava banda escondida da mulher, e a gente ficava folgando que o cara ia ligar um bico de luz. Mas não faze-mos mais jus à esse nome. Tá todo mundo quieto”, explica o vocalista Igor Almeida.

A SBL é a prova de que não é preciso seguir tendências para fa-zer boa música, e de que a indús-

tria musical deve se reciclar para abranger estilos diferentes, mesmo dentro do rock, ao invés de bom-bardear o público com o mesmo tipo de música incessantemente.

Embora o Doe rock ao emocen-tro só vá ser lançado em dezembro, quem quiser ouvir as músicas pode baixar o CD gratuitamente e na ínte-gra pelo link www.tinyurl.com/doe-rockaoemocentro. A banda também possui contatos no Orkut e Twitter (@banda_SBL), além da página ofi-cial em www.myspace.com/bandasbl.

Guilherme enDlerlucaS SteinmetzroDriGo ÁvaloS Redação Jornalística II

O modismo tomou conta da indústria musical brasileira. Novas bandas “enlatadas”

são lançadas quase que diariamente pela mídia. O processo é sempre o mesmo: as letras melosas e melodias simples que parecem todas iguais. Além disso, os cortes de cabelo e as roupas coloridas são, de fato, lugar-comum entre as novas bandas do rock nacional.

Mas também há bandas fora do mainstream, que fogem dos pa-drões estéticos musicais impostos pela indústria. Em 7 de maio de 2007, um grupo de amigos de Gua-íba reuniu-se no estúdio Tambor, em Porto Alegre, para o primeiro ensaio da banda Sociedade Bico de Luz. Após algumas mudanças na formação, o grupo iniciou a com-posição de canções próprias.

A banda faz um rock’n roll clássi-co, com letras que falam sobre temas conhecidos do povo gaúcho, sempre com uma boa dose de humor. Essa veia da comédia pode ser notada no título do primeiro álbum da banda. O Doe rock ao emocentro será lançado de forma independente em dezembro deste ano. O CD conta com o auxílio de Raul Albornoz (que lançou ban-das como Tequila Baby, Acústicos e Valvulados e Bidê ou Balde) e Vini Tonello, da gravadora Aciti.

Mesmo com o tempo relativamen-te curto de existência, a SBL con-quistou uma quantidade grande de fãs na região metropolitana de Porto Alegre. Muitos deles atuaram como figurantes no primeiro videoclipe da banda, da música Nosso amor é rock. Entre eles, Bruna Souza de

Aguiar, de 22 anos. Ela conta que conheceu a SBL através de uma amiga que a convidou para ir num show em 2008. Logo de cara sim-patizou com as letras despojadas e a presença de palco do grupo, que não deixa ninguém parado. “Espero vê-los com projeção nacional. Poxa! Tem tanta banda mais ou menos ro-lando por aí. A SBL faz um trabalho de muita qualidade e tem tudo para dar certo. Gostaria que eles achas-sem um lugar ao sol também.”

Além dessa, várias outras canções tornaram-se marcantes por falarem sobre a realidade da grande maioria de quem escuta. Excursões pra Ex-pointer é nostálgica e relembra as viagens feitas com a escola na oitava série. Centro de Porto Alegre pinta um quadro muito bem detalhado na imaginação das pessoas que passam com freqüência pela Rua dos Andra-das ou Voluntários da Pátria. Eu te-nho uma banda que quer ser Strokes faz uma sátira e polemiza o cenário das bandas Indies da região. E Su-plementos alimentares critica fre-quentadores assíduos de academias que supervalorizam a aparência.

O grupo afirma que lançar um CD de maneira independente pos-sui vantagens, como a oportunida-de de conhecer muitas pessoas e criar laços mais profundos com os fãs, mas ressalta também existir um lado ruim. “Tu acabas tendo que fazer um trabalho de ‘empresa’, tendo que vender o show, cuidar da parte de produção e divulgação. Às vezes tu acabas ficando mais tempo fazendo esses trabalhos de ‘escritó-rio’ do que tocando”, diz o baixista Cláudio Busatto.

Sociedade Bico de Luz sempre foi um nome que deixou muitos fãs curiosos a respeito de sua origem.

A banda foi criada em 2007 e já se apresentou em várias cidades do Rio Grande do Sul e até fora do Estado

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Texto e fotos de Cristiane abreuFotojornalismo

No beco de número 116 re-side a moradora mais ve-lha da Vila Brás, em São

Leopoldo. Idalina Soares da Rosa, de inacreditáveis 105 anos, é a ma-triarca da família, ao redor da qual todos se reúnem e, apesar das pre-cárias condições de vida, desfrutam da companhia um do outro. Por ne-gligência médica, ela perdeu a visão do olho direito e conta principal-mente com ajuda da filha, Maria de Fátima Camargo, e da neta, Raquel Madalena, para enfrentar as debili-tações naturalmente causadas pela idade avançada.

A humilde casa de madeira na qual vive Dona Idalina foi erguida sobre um terreno irregular. Quando chove,

a água sobe e custa a descer. Para uti-lizar o banheiro, uma latrina que fica no pátio, ela calça cuidadosamente um par de botas de borracha para não mo-lhar os pés. Os vizinhos da antiga mo-radora enfrentam o mesmo problema, alguns chegam a ficar ilhados e recla-mam que estão esquecidos.

Analfabeta, Dona Idalina exibe a esperteza daqueles que estudaram na escola da vida. Quando perguntada sobre como anda a vida, ela apenas responde: “Curta, minha filha, a vida anda curta”. As meias rosa com es-tampa florida poderiam tranquila-mente pertencer a uma criança. Mas não, em vez disso estão confortavel-mente calçando pés que viram 105 anos de chão. Parafraseando o poeta Fabrício Carpinejar, pode-se dizer que Dona Idalina envelheceu, mas tem muita infância pela frente.

Dona Idalina, 105 anos

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Primeiro esculpido na pedra, depois escrito no couro, mais tarde no papel e hoje digitalizado na sua tela

A (r)evolução da literatura

Tecnologia às portasVANESSA LOPESRedação Jornalística III

O século XI possui as tecnologias mais diversas e o mundo busca cada vez mais produtos tecnológicos que, além de venderem muito bem, pren-dem e fazem a cabeça do público dos pequenos até os mais velhos. Tudo está se tornando virtual, o “papel” já era, e as telinhas estão chegando para fi-car. Há quem goste de folhear o velho e bom jornal impresso, há quem goste de ir ao bar e jogar uma sinuca, car-tas. Há também, aqueles que gostam de ler noticias online e navegar entre os diversos joguinhos. Vai de cada um, mas, uma coisa é certa, não tem quem não se encante com os novos aparelhos eletrônicos como Iphone, Ipad ou Kin-dle que ganham cada vez mais espaço no novo mundo virtual.

Um dos produtos mais recentes, em

formato tablet, é o Ipad. O preço esti-mado nos Estados Unidos é de apro-ximadamente US$ 499 em uma versão mais simples de 16 GB. Esse produto foi anunciado no começo do ano na ci-dade de São Francisco. O Iped é nada mais nada menos que um computador com tela sensível ao toque, destinado à leitura de publicações eletrônicas, às navegações na internet e exibição de vídeos. O Iped é uma loja gigante onde a internet faz o caminho oposto ao que estamos habituados: o conteú-do é disponibilizado de forma grátis, aberta e livre. Uma de suas principais características é a possibilidade de es-crever diretamente em sua tela com uma caneta especial. Não é de prender a atenção de qualquer um?

O público virtual é grandioso. Mui-tos ficaram anos aguardando o lança-mento desse tipo de aparelho e ao faze-rem a compra, não se importaram com o altíssimo valor. Dos 287 milhões de computadores vendidos em 2008, 0,5% eram tablets.

Opinião

Ramiro Furquim

tura nos mais diversos espaços. Eu acho que o livro em papel tem muito espaço ainda, mas não sei até quando irá”, destaca Valério.

O professor Sérgio considera que os dois livros, impressos e digitais, são invenções igualmente geniais: “De um lado temos uma plataforma milenar, capaz de nos transportar para lugares melhores. Do outro, algo muito inovador, sem que pos-samos ver até onde vai. São duas construções culturais maravilhosas e coletivas acima de tudo”.

Para Alessandro Vargas, professor de música e fã dos e-books, os livros digitais são a evolução natural da lite-ratura: “Trata-se de uma tecnologia cô-moda que possibilita o acesso rápido a livros e matérias, inclusive aos raros e importados.” Contudo o rapaz ponde-ra: “O ponto ruim do e-book é o fato de misturarmos a leitura com outras atividades costumeiras que o compu-tador nos possibilita. Talvez essa seja a grande desvantagem em relação ao livro físico, é mais difícil reter o con-teúdo levando isso em conta.”

Apesar disso, os livros virtuais vêm colaborando cada vez mais na vida de Vargas. “Essa tecnologia vem me ajudando principalmente na área de material didático. Como professor de música, eu tenho os e-books como principal fonte de pesquisa”, explica. “E a literatura em geral é uma das ar-tes que mais acesso. O e-book só vem complementar isso.”

Os e-books estão a cada dia melho-res, menores, com possibilidade de adaptação para diversas plataformas e com uma forte tendência a uma re-dução considerável no custo. Se você ainda não leu um livro através de uma tela, acredite: em breve lerá.

BiBiANA KrANzDANiELA ViLLArLucAS rEiSRedação Jornalística II

Praticidade, de simples acesso e informação completa sobre diversos assuntos. São essas

algumas das várias qualidades que os e-books trazem. Esses livros, baixados da internet para serem li-dos através da tela dos microcom-putadores pessoais, estão tomando um espaço próprio na área da lite-ratura, facilitando a vida de vários leitores e internautas.

A questão não é discutir sobre o fim do livro impresso e sim apresen-tar uma segunda opção de uso para ele, nesse caso aliado à tecnologia. Já faz tempo que é possível ler livros no computador através dos conhecidos PDFs, no entanto, esse formato não possui possibilidade de marcação de página, notas e, por vezes, até mes-mo seleção. Hoje, através de progra-mas como o Adobe Digital Editions, é possível suprir essas necessidades. O novo formato de e-book é cha-mado ePub (Publicação eletrônica) e pode ser lido em qualquer tipo de tela. Com ele, você pode aumentar ou reduzir o tamanho da fonte ou lar-gura do texto, marcar páginas e fazer anotações. A grande vantagem é que o arquivo com extensão ePub pode ser transferido do seu computador, sem conversões complicadas, dire-to para o seu dispositivo móvel com suporte a leitura.

Eduardo Melo, fundador da Edi-tora Plus ONG, que só publica e-books e é sócio da Simplíssimo, uma empresa de produção de e-books, ressalta o motivo pelo qual os livros digitais não fazem sucesso no Bra-sil: “As livrarias não querem vender e-books, querem vender livros”. Ele afirma que o valor justo para um e-book seria no mínimo 50% menos do que o da versão impressa, enquanto as livrarias querem vender com uma diferença de 30%. “Para o leitor, não compensa. Tem que compensar, do contrário ele baixa de graça.”

Já na opinião dos professores do Curso de Comunicação da Unisinos Sérgio Endler e Valério Brittos, res-ponsáveis pela primeira publicação de um livro digital do curso, lançado em 2010, o livro eletrônico reduz bastan-te o custo e dá a possibilidade de pu-blicação em diferentes setores. Além de tudo, devido aos preços baixos, ele circula na internet de uma maneira muito ampla.

O livro Comunicação, consumo e identidade no Brasil foi constituído por seis capítulos, com três textos da turma de Iniciação ao Conhecimento Científico de cada professor. Para am-bos, os livros impressos, mesmo com a chegada de novas tecnologias, têm um espaço cativo na vida dos leito-res. “O livro impresso ainda tem uma função importante, porque temos toda uma história de relação com o papel, uma possibilidade de transporte e lei-

O novo formato de e-book pode ser lido em qualquer tipo de tela

n Unisinos n Novembro/2010 n 6 Babélia

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Há 35 anos na zeladoria do Theatro São Pedro, Oscar Siqueira é o guardião do prédio que compõe o coração de Porto Alegre

LETÍCIA SILVEIRANATÁLIA MUSSIRedação Jornalística II

No centro da cidade de Porto Alegre encontramos firme e resistente ao tempo, graças a

duas grandes reformas, o Theatro São Pedro. Mas quais histórias o prédio sesquicentenário guarda entre suas paredes e espetáculos? As histórias de 150 anos atrás podem ser contadas apenas por documentos e livros de história, porém, os últimos 35 anos podem ser narrados por uma pessoa, o zelador Oscar Siqueira.

Chega-se à portaria do teatro e, em passos lentos, surge um homem, no auge dos seus oitenta e poucos anos, se apresentando com voz falhada. Um teatro tão antigo como o São Pedro não poderia deixar de ter um persona-gem marcante.

Natural de Quaraí, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, ele veio para a Capital a convite de um amigo fazendeiro para construir um estacio-namento que nunca existiu. Como ele mesmo afirma, ele “deu azar”, porque o amigo faleceu na semana se-guinte a sua chegada. Depois de trabalhar dois anos e sete meses na antiga CRT, foi con-vidado a participar da reforma, no comando de Eva Sopher, em 1975. Atualmente, apontaeor-gulhosamente todos os canti-nhos que ajudou a levantar.

O simpático e sorridente senhor mostra onde largou o martelo e o serrote, no ano de 1984, para assumir a função de

zelador: “Foi ali em cima, terminan-do o telhado, agora meu trabalho é só aqui embaixo”, afirma orgulhoso por ter participado de um momento tão especial para o Rio Grande do Sul, a reconstrução de uma parte da nossa história. Como não dar valor a um prédio histórico, no centro de uma capital movimentada como Porto Ale-gre, que nunca foi assaltado, ou até mesmo pichado?

Após tantas mudanças na vida e na história do São Pedro, Oscar não nota muita diferença no fluxo da ju-ventude que freqüenta os espetáculos, e ninguém melhor que ele para saber disso, já que não perde nenhuma apre-sentação desde que assumiu o cargo. É o primeiro a chegar e último a sair, sendo o detentor de todas as chaves e conhecedor de cada palmo, do lobby da entrada até as paredes dos porões. Começa sua rotina pontualmente às 6h, sempre com hora incerta para cer-rar as portas da frente.

Com todas as oito filhas casadas, 15 netos e dois bisnetos, com um sor-riso no rosto, ele conta que não tem nada melhor do que morar no traba-

lho e amar o que faz. Não existe quem não o conheça dentro do São Pedro: atores, funcionários, freqüentadores assíduos e as almas de outro mundo, que ele afirma vagarem nos corredo-res. Até mesmo fantasmas famosos, como o do amigo e ator Paulo Au-tran, falecido em 2007. Ele recorda também do fantasma de uma mulher que fica no banheiro do sexto andar do teatro. Questionado sobre o que poderia estar fazendo lá, ele ri e diz nunca se lembrar de perguntar: “Até mesmo a Dona Eva já disse para eu perguntar e ver o que ela quer, mas eu nunca lembro”.

Considerado um marco, Oscar já está acostumado a conceder entre-vistas e ser procurado para servir de guia turístico a jornalistas ou curiosos. Com muita satisfação, mostra em um dos corredores no subsolo do teatro o teto côncavo que ajudou a construir na década de 80, e relembra histórias maravilhosas, como o primeiro espe-táculo que assistiu e marcou sua vida: Piaff, com Bibi Ferreira na reinaugu-ração, em 1984.

Um pouco mais solto, o zelador se mostra um apreciador da músi-ca gaúcha e diz adorar as apre-sentações de Renato Borghetti. Histórias pra contar não faltam na vida desse senhor. Se despe-de com um sorriso no rosto. Mas não convida para tomar chimar-rão, afinal, não bebe desde que sua mulher disse que já estava virando um vício, pois acordar às 4h30min só para esquentar a água não é normal.

A alma do São Pedro

Apaixonado pelo trabalho, o zelador é reconhecido por funcionários e visitantes e gosta de recordar histórias do passado do teatro

História de um gigante da culturaGUILhERME DExhEIMERRedação Jornalística III

Ser uma pessoa culta significa ter conheci-mento em vários assuntos decorrentes da vida, um deles é o teatro. Espetáculos cênicos, con-certos musicais, entre outros, são atrações que podemos encontrar em uma casa deste tipo.

O Theatro São Pedro, no centro da capital gaúcha, é uma escola para o aumento da ba-gagem cultural da sociedade. A história deste local recheado de coisas interessantes, vem de longo tempo. Tudo começou com o movimento de edificação do Theatro São Pedro, quando o presidente da província, Manoel Antonio Galvão emitiu, em 1833, uma carta de titulo de doação do terreno para construção do teatro.

O presidente autorizou, em 1847, após a Re-volução Farroupilha, um empréstimo dos cofres provinciais. Este dinheiro financiou a execução do projeto de Felipe Normann. Muitas polêmi-cas rodearam este projeto, principalmente por-que mesmo com o empréstimo do banco da pro-víncia, faltou verba para terminar as obras que se iniciaram em 1850. A polêmica só terminaria oito anos depois.

Em 27 de junho de 1958 era inaugurado o grandioso teatro que já recebeu em suas galerias e camarotes artistas como Villa Lobos.

Mas nem todos os visitantes, deste ilustre co-légio cultural, foram bem recebidos. Os cupins começaram a tomar conta da estrutura e no ano de 1973, o teatro foi fechado pois quase desabou na apresentação de um concerto. Foi fechado por falta de segurança e problemas na estrutura do prédio.

Felizmente hoje, o São Pedro está mais vivo do que nunca apresentando belíssimos espetáculos.

Opinião

Ramiro Furquim

Eva Sopher devolve a vida ao São Pedro

Após a esperada inauguração, em 1858, o Theatro São Pedro não sofreu reformas até 1973, ao ser tomado por cupins e interdita-do. Eva Sopher entrou no comando do tea-tro em 1975, onde liderou a reconstrução e reestruturação total do prédio até 1984, na sua reinauguração.

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Movimento Jogo Justo visa diminuir impostospara expandir mercado nacional de games

Por jogos mais baratos

Pão velhoDyeison MartinsRedação Jornalística III

Realmente não sabemos os motivos que fazem os impostos serem como são no Brasil. Que são altos e desproporcio-nais, isso é de conhecimento geral. En-quanto algumas coisas são por demais caras, outras que deveriam ser mais ba-ratas, não o são.

Falo isso porque os preços com que os consoles e jogos de videogame chegam no Brasil são absurdos. Alias, não os pre-ços com que eles chegam no Brasil. Eles vêm em dólar, nem é a conversão que ele-va seus preços. São esses impostos que fazem com que um jogo de 50 dólares chegue a quase 250 reais. Sim, isso ai, o preço fica cinco vezes maio. E o dólar, equivale a cinco reais?

Criou-se no Brasil a perspectiva de

que jogos de videogame são “coisas de riquinho”. Infelizmente é uma verdade, pois como um cara que ganha R$600,00 por mês vai comprar um Xbox de R$ 1500,00? Só muito parcelado, ou com a ajuda de alguém, ou vá saber.

O problema é que lá fora não é assim. Os games podem não estar ao alcance de todos, mas são bem fáceis de conseguir. Os consoles novos de última geração podem ser um pouco caros, só que logo entram no orçamento das classes menos favorecidas (que não estão na linha da miséria, mas são da classe média-baixa norte-americana).

Se os pobres dos Estados Unidos po-dem ter um videogame novo e bom, por-que só os “ricos” do Brasil podem ter algum acesso aos games? Sim, pois nem é um acesso de acompanhar os lançamen-tos, é geralmente comprar jogos piratas e consoles ilegais.

Tudo isso por causa dos impostos, que colocam os preços lá em cima.

Opinião

Além da grande variedade de

títulos, o preço alto também dificulta na

hora da compra

tencial para realizar o que se propõe, levantará a discussão sobre a área. “O Jogo Justo despertará a atenção do público para o mercado de jogos no Brasil, que é um ótimo local para debater todas essas questões a res-peito das tributações”, diz.

Além dos impostos, a falsificação é um dos grandes vilões que desafia o mercado nacional de games. Como esse não é simplesmente um proble-ma socioeconômico, a questão preci-sa ser estudada com cuidado. “A pira-taria brasileira, antes de tudo, é uma questão cultural. Na Apple Store, por exemplo, existem aplicativos que são vendidos por U$ 0,99 e, mesmo assim, são pirateados. Atualmente, grande parte dos jogos digitais é pro-duzida no exterior e importada com preços inflacionados. O que deve existir no país é um fortalecimento do mercado interno e o fim do pre-conceito de que se for produzido por aqui é ruim”, destaca Bittencourt.

Apesar de não ser um fato recen-te, a cópia dos jogos evoluiu, bem como os consoles e as mídias por eles utilizadas. Com o advento do CD, as falsificações se tornaram mais fáceis e de “melhor qualida-de”. Para compensar as perdas, o varejo aumenta os preços dos pro-dutos originais, deixando o consu-midor em “maus lençóis”. Márcio Brizola, dono da loja TC Informáti-ca, em São Leopoldo, não acredita que os tributos baixos diminuiriam a pirataria. “Comprar produtos fal-sificados está na cultura dos bra-sileiros. Mesmo com menos im-postos, os jogos piratas serão mais baratos e o consumidor não deixará de comprá-los”, diz.

Através de um relatório baseado em informações comerciais colhi-das com desenvolvedores e lojis-

tas, o Jogo Justo quer a diminui-ção dos preços de jogos, consoles e periféricos. A mobilização, que teve início no segundo semestre de 2010, enfrentará seu primei-ro desafio em novembro, quando apresentará à Receita Federal, em Brasília, todos os benefícios que a redução tributária trará.

No mesmo mês, está previsto, também, o dia sem imposto. Nessa data, ainda a ser definida, lojas e distribuidoras comercializarão tí-tulos selecionados a preços simbó-licos, sem impostos, subsidiando o valor de desconto. Quem pretende participar desse dia é Tiago Ribei-ro, 24 anos. Apaixonado por jogos, o jovem, que cursa Jogos Digitais na Unisinos, apoia o movimento. “Ainda não sei quais títulos irei adquirir, mas se cada um comprar pelo menos um game pensando nos benefícios que essa iniciativa irá trazer, o Dia do Jogo Justo será um sucesso”, prevê.

Todo esse esforço é para que o consumidor final tenha maior con-tato com essa forma de cultura que é, cada vez mais, disseminada mun-do afora. “O Brasil é o país da vez. Todo mundo está querendo investir aqui. Se o Jogo Justo der certo, pode-remos ter um futuro brilhante nessa área”, completa Maurício Gehling, professor do curso de Comunicação Digital da Unisinos.

O projeto não recebe apoio ape-nas de gamers e desenvolvedores. Grandes empresas e redes varejis-tas já declararam estar ao lado da redução de impostos, como Wal-mart; Electronic Arts - a produtora do Fifa Soccer-, Activision, res-ponsável pela série Guitar Hero e a Blizzard Entertainment, produtora do Starcraft 2.

Douglas BonessoFernanDa KernsaMantha gonçalvesRedação Jornalística II

Quando uma mercadoria en-tra no país para ser comer-cializada, sofre taxação de diversos impostos. Se o

produto em questão for um video-game, um jogo ou um periférico, a tarifa cobrada pode chegar a cerca de 70% do valor total do artigo. Logo, um jogo que custa R$ 250,00 poderia custar menos de R$ 100,00. Mesmo sendo um software, no Brasil os games são tratados como mercadoria, portanto, pagam ICMS equivalente. Para mudar a realidade

cara dos aficionados ou simpatizan-tes dos jogos digitais, o adminis-trador e amante dos games Moacyr Alves Júnior idealizou o movimento Jogo Justo.

Reduzir os impostos dos jogos importados, torná-los mais acessí-veis e contribuir com a diminuição da pirataria no país são os objetivos do projeto. A iniciativa pretende incentivar o mercado nacional de forma semelhante ao que aconteceu no México, onde o governo reduziu impostos dos games, levando gran-des empresas do setor a investir no país. Para João Bittencourt, coorde-nador do curso de Jogos Digitais da Unisinos, o projeto, além de ter po-

Carina Mersoni

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 esporte

Lajeadenses reforçam torcida no OlímpicoEm todos os dias de jogos do Grêmio, sai de Lajeado - a 110 km de Porto Alegre - um fiel grupo de 15 torcedores rumo à Capital. Nas partidas mais importantes, como o Gre-Nal, chega a mais de cem o número de lajeadenses que partem para o Olímpico, munidos de bumbos, bandeiras e cornetas. (Guilherme Trentini / Redação em RP II)

Chega ao mercado um novo modelo de skate criado para os surfistas

Surf no asfaltoGabriel reismarcus Von Grollrafael KehlRedação Jornalística II

“Eu hoje acordei, querendo ver o mar, mas eu moro bem no meio de uma

selva de pedras.” A frase de uma das músicas do compositor e surfista Ar-mandinho parece não ser mais um problema para os amantes do surf.

Criada em 1999 pelos irmãos Wai-ner e Wagner Kesterke, a empresa Surfeeling, localizada na cidade de Porto Alegre, e que tinha inicialmen-te o seu foco voltado para a fabrica-ção de roupas, lançou recentemente sua divisão de skates feitos especial-mente para um público em específi-co: os surfistas.

Determinados, os irmãos pensa-ram em todos os detalhes na mon-tagem de seu novo produto, tanto no visual do design retrô clássico dos shapes com acabamentos e lo-gos, até a parte técnica, como eixos, rodas, rolamentos e trucks inovado-res, que são importados dos Estados Unidos. Tudo isso foi planejado durante três anos, com intuito de le-var a sensação do surf para as ruas. “Hoje, com a correria que as pessoas enfrentam diariamente nos centros urbanos, nem sempre é possível ir à praia todos os finais de semana, ou então, encontrar um mar que esteja em boas condições para a prática do surf. Assim, desenvolvemos um pro-duto baseado nas origens do skate que pudessem transmitir a sensação do movimento do surf em qualquer lugar”, declara Wainer.

Com o crescimento do interesse pelos surfistas no surf style no asfal-to, Wainer vê com bons olhos essa nova alternativa: “O skate surgiu através do surf e com o tempo se tor-nou um esporte independente, mas, há alguns anos, retomou a ligação com o surf de uma forma moderna, com base nas manobras executadas nas rampas”, afirma. Wainer ainda ressalta o crescimento dessa nova modalidade. “A tendência é que isso se torne mais frequente para os que não gostam de manobras, pois abran-ge diversas faixas etárias.”

Disponível no mercado desde o começo do ano, os skates da Surfe-

eling estão conquistando seus usu-ários. André Mantese, jornalista da revista Solto, é um desses. “Mudou minha concepção de skate. Surf no asfalto!” O radialista e apresenta-dor da Pop Rock Paulo Inchauspe não conseguiu esconder sua satis-fação com o produto: “Andar num Surfeeling me devolveu algumas sensações inexplicáveis”.

Contudo, a transposição do surf para as ruas gera muitas polêmicas entre os praticantes do surf e do skate. O skatista de rua e vocalista do grupo de Rap Dus Corre, Rafael Vargas, mais conhecido como Seko, de 23 anos, acostumado a desafiar obstáculos impostos pela arquitetura das cidades, não mostrou entusias-mo ao provar o Surfeeling. “Não me adaptei a esse modelo. Prefiro o skate tradicional, com o qual pratico diversas manobras com alto grau de dificuldade nas ruas e nos ambientes adaptados para a prática. O Surfee-ling serve mais para se locomover e não para praticar saltos”, afirma.

Para Wagner, basta usar a ima-ginação. “Se analisarmos, uma simples árvore pode se tornar um tubo, o cordão da calçada pode ser a crista da onda, e uma entrada de garagem pode ser uma parede para uma boa rasgada.”

O surfista William Menezes, de 24 anos, de Canoas, que já aderiu ao Surfeeling, afirma que a sensa-ção de andar nesses modelos de skate é surpreendentemente seme-lhante ao de estar surfando. “De-pois que andei com um Surfeeling, não quis mais andar com um ska-te tradicional. Evidentemente que prefiro surfar, mas um skate nesses moldes traz a vantagem de poder praticar o surfe na cidade grande. Nada como poder se divertir com as manobras todos os dias depois do trabalho”, destaca.

Andar de skate virou algo comum entre os adolescentes de todo mun-do. Os modelos são os mais varia-dos, mas o importante é sentir prazer, adrenalina e emoção, mas primeira-mente é preciso ter equipamentos apropriados, como joelheiras e capa-cetes, além de tomar muito cuidado quando for praticar esse esporte nas ruas tomadas de veículos.

eduardo PedrosoRedação Jornalística III

Surf e skate parecem irmãos, mas não têm nada em comum. Falo por ex-periência própria, já que foram quase 10 anos surfando, até que as pranchas foram substituídas pelo skateboard. O curioso é que a troca ocorreu por culpa da pista – que nem existe mais - de uma loja chamada Planeta Surf, que ainda vende roupas, acessórios e equipamen-tos não só para surfistas, mas também para skatistas.

Acredito que esta união é promo-vida, sobretudo, pelo faturamento gi-gante do varejo de moda, que ainda não quer diferenciar os praticantes de cada esporte para não perder clientes que simpatizam com o estilo de am-bos. No entanto, o resultado é o en-fraquecimento dos esportes perante o público leigo, já que parece que um não existe sem o outro.

Para quem ainda acredita que surf e skate são similares, sustento que são tão irmãos quanto rugby e futebol, dois esportes em que o abismo é mais visí-vel. No Brasil, o rugby pode ser consi-derado irmão do esporte mais popular do país, já que está ligado a Charles Miller, inglês que trouxe também o fu-tebol. Como acontece com estes espor-tes ingleses, a origem, ainda que segui-damente contestada por especialistas, é o único elo que aproxima os boarders do mar e o do asfalto.

Hoje, a única característica que com-partilham é a falta de reconhecimento. O Comitê Olímpico Internacional não reconhece a Federação Internacional de Skate e considera complexa a inclu-são do surf no evento. Ainda assim, o windsurf, nascido em 1960 e derivado do surf, é esporte olímpico. Deve ser porque não existe windsurfwear e os maiores interessados na modalidade são os próprios atletas.

Lixa não é parafinaOpinião

Sensação: Wainer Kesterke, criador do skate surfeeling, “surfa” nas ruas de Porto Alegre

Daniel Nunes

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Associação oferece tratamento contra câncer

A cura do câncer infantil está relacionada ao diagnóstico precoce e ao tratamento. Para quem mora em Novo

Hamburgo ou São Leopoldo, a Associação Assistência ao Menor em Oncologia (AMO) atende a jovens e

crianças, oferecendo diagnósticos gratuitos, consultas, medicamentos e outros benefícios. O telefone de contato

é (51) 3582-4800 (Luana Cunha / Redação Jornalística I)

Divulgação

RAÍSA BARBOSARedação Jornalística I

A rotina de uma bailarina que pretende se-guir carreira profissional se resume em aulas e ensaios. Depois de 28 anos dedicados à dança, Sílvia Suzana Wolff, 35 anos, sofreu um ataque vascular cerebral (AVC), um dia antes de viajar para Zurique, Suíça, e iniciar sua pesquisa de mestrado. Hoje, de volta ao Brasil, a bailarina pretende introduzir uma nova técnica para reabi-litação de pacientes com AVC.

“Quando percebi que estava diante de uma doença e que meu corpo estava com o lado es-querdo imóvel, pensei no que iria fazer com todos os anos dedicados a dança”, afirma. Em 2007, seis meses depois de ter o AVC, Sílvia viajou para Suíça e iniciou sua pesquisa prática.

Para a fisioterapeuta Claú-dia Zambiasi, os pacientes que sofrem acidentes, que

tenham como seqüela a perda de movimentos do corpo, a pior parte da reabilitação é a evo-lução. “Não existe tempo determinado, porque aquele corpo precisa ser adaptado, reinventado. Para isso, o paciente precisa estar preparado para enfrentar lutas diárias”, diz.

O estudo da bailarina, chamado de Rehab Dance, mostrou que, durante um mês, 95,5% dos pacientes que praticaram aulas de dança, no Zentrum fur Ambularte Reabilitation de Zurique (Centro Ambulatório de Reabilitação), demons-traram melhoras físicas e psicológicas. “A dança consegue uma coisa diferente, porque a reabili-

tação é chata e cansativa. Nas aulas a gente pode ou-vir músicas, liberar energia e isso basta para seguir em frente”, declara Sílvia.

LUIZ FERNANDO VIEIRARedação Jornalística I

Ela talvez ainda seja uma doença re-conhecida por atingir pessoas mais ve-lhas, especialmente acima dos 60 anos. O AVC (acidente vascular cerebral) afeta, cada vez mais, jovens abaixo de 30 anos. Diante disso, a medicina tenta buscar formas para descobrir os motivos de a doença atacar a população em geral, desmistificando a idéia de que atinja de forma restrita os idosos.

No Brasil, a cada ano cerca de 20 mil jovens sofrem acidentes vascular cere-bral. Em grande parte das vezes, a doen-ça entre jovens decorre de um segundo mal também relacionado ao processo na-tural de envelhecimento, a aterosclerose

(deterioração e estreitamento das paredes da artéria, causados pelo acúmulo de pla-cas de gordura e de cálcio).

Em Porto Alegre, o neurologis-ta Marco Antonio Stefani se mostra pragmático e faz um alerta fundamen-tal. Para o médico, pacientes idosos ou com lesões hemorrágicas exibem maior taxa de letalidade nos primeiros 30 dias. Depois, em cinco anos, existe pouca diferença nas taxas de mortali-dade (em torno de 40 a 50%).

Na visão do especialista, sobreviventes de qualquer idade e tipo de AVC, preci-sam ser sempre reavaliados. Programas intensivos para recuperação devem ser constantes e sem prazos finais. Tais pro-cedimentos são considerados extrema-mente importantes e eficazes.

JÚLIA KLEINRedação Jornalística I

O câncer de pulmão está na lista dos tumores que mais matam, e a cada ano tem aumento de 2% na incidência mun-dial. O tabagismo é o principal fator de risco, responsável por 90% dos casos.

As lesões provocadas pelo cigarro no organismo são cumulativas e costumam aparecer por volta dos 55 anos. Segundo o médico Eduardo Garcia, pneumolo-gista da Santa Casa de Misericórdia da Capital, uma radiografia de tórax pode confirmar a suspeita. “As chances de cura existem, mas dependem do tipo de câncer e de sua localização”, afirma.

Entre os principais sintomas do car-cinoma estão tosse persistente, encurta-

mento da respiração, escarro com san-gue, dor forte ao respirar, pneumonias de repetição e cansaço. “Os indícios poderão se tornar óbvios apenas quando a doença estiver avançada”, ressalta o médico.

Os tumores malignos do pulmão po-dem ser tratados com cirurgia (quando a doença é descoberta em estágio inicial), quimioterapia ou radioterapia, usadas para garantir a sobrevida dos pacientes.

De acordo com Garcia, o câncer é silencioso, pois o pulmão é destituído de sensores nervosos, o que dificulta o aparecimento de sinais. “O tempo de desenvolvimento do tumor é impreciso, podendo levar de seis meses a um ano para aparecer”, explica. A melhor manei-ra de evitar a doença é manter-se longe do cigarro.

CLARICE ALMEIDARedação Jornalística I

Durante a primavera, muitas pessoas querem um bronzeado e acabam esque-cendo a proteção. O contato direto com os raios ultravioletas pode causar danos irreversíveis à epiderme.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o câncer mais freqüente é o epitelial, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores no mundo. A popu-lação deve estar atenta, principalmente quem tem pele e olhos claros.

As estatísticas mostram que a incidên-cia da doença na infância é muito rara, mas, quando ocorre, pode ser letal. É exa-tamente nesse período que deve começar a prevenção. Segundo dados do Registro

Nacional de Patologias Tumoral e Diag-nósticos de Câncer de Pele do Ministério da Saúde, a enfermidade é comum em ambos os sexos e cerca de 95% dos casos identificados e tratados precocemente re-velaram índices de cura.

Para o dermatologista Fernando de Stefanine, o uso de filtro solar é indispen-sável para a prevenção e deve ser aplica-do em todo o corpo. Bonés, chapéus e óculos escuros também fazem parte do receituário. No entanto, observe a prote-ção ultravioleta oferecida pelo óculos.

Segundo especialistas, além do câncer, a radiação pode causar envelhecimento precoce, disfunções lacrimal, inflamação permanente da superfície ocular e catara-ta. Os cuidados com a pele devem ocor-rer durante todo o ano.

FERNANDA BORBARedação Jornalística I

Atualmente, existe um grande culto à ma-greza, que gera uma

busca incessante pela perda de peso, e que, associado a outros fatores, pode ocasionar transtornos alimentares. Um deles é a anorexia que caracte-riza-se pelo medo de engordar e a recusa alimentar. Outro é a bulimia, que distingui-se por episódios de comer compulsi-vamente, seguido de compor-tamento compensatório, com vômitos induzido e uso inde-vido de laxantes.

Segundo o nutricionista do Grupo de Estudos e Assistên-cia em Transtornos Alimenta-res, com sede em Porto Ale-gre, Rafael Soares, raramente é necessária a internação. “Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que geram alterações graves no comportamento alimentar, sendo fundamental a aborda-gem da terapia nutricional”, diz o nutricionista.

O Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), des-de 2007, tem um programa para auxiliar pacientes com

transtornos alimentares. Emi da Silva, do serviço de enfer-magem em Saúde Pública do HCPA, diz que o objetivo do grupo é de traçar um perfil dos pacientes para ter uma melhor estratégia de tratamento.

Segundo a enfermeira, o grupo que é composto por psiquiatras, terapeutas fami-liares, nutricionistas e enfer-meiras que atendem por mês

uma média de 20 pacientes com idades que variam de 18 a 72 anos.

“As anoréxicas normal-mente não procuram auxílio. Veem normalmente por des-nutrição grave diretamente para internação. As bulími-cas tendem a sofrerem mais com o comportamento e procuram ajuda mais tarde”, afirma a enfermeira.

Arte e ciência unidas pela saúde

Um inimigo cada vez mais jovem

Dê um adeus ao tabagismo

Câncer, um vilão da pele

A busca pelo corpo perfeito

Pela boa forma: dietas sem prescrição podem levar à anorexia

Maicon Ribeiro de Assunção

Reabilitação: Sílvia Wolff deseja introduzir técnica para reabilitar pessoas com AVC

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 saúde

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010

Opinião

Priscila Pilletti

Prevenção gratuita para o uso indevido de drogasFalar sobre drogas é importante para ajudar usuários e quem deseja prevenção. O Vivavoz, um serviço do Governo Federal, gratuito e anônimo, oferece auxílio para prevenção do uso indevido de drogas e informa locais de tratamento no Brasil. O atendimento é feito pelo telefone 0800 5100015, de segunda á sexta-feira, das 8h ás 24h. (Kamila Karolczak / Redação Jornalística I)

Bruno LoisEduardo sauErEssigRedação Jornalística II

Praticar exercícios e manter uma alimentação saudável soa im-possível frente à correria diária

de trabalho e estudos, comum à rotina do atual jovem adulto, mas, ao que tudo indica, é a solução para mudar um quadro preocupante. Se o atual ritmo acelerado de pessoas com sobrepeso se mantiver, a estimativa do Ministério da Saúde é de que em dez anos o Brasil atingirá taxas norte-americanas de obe-sidade, as maiores do mundo.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o excesso de peso é registra-do em maior parte nos homens (51%). No entanto, na faixa etária dos 20 anos, são as mulheres que apresentam mais excesso de peso.

O cálculo que define o índice de mas-sa corporal, o IMC, é feito dividindo o peso pela altura ao quadrado. Os índices aceitáveis são de 18,5 a 25. De 25 a 30 há sobrepeso e, a partir de 30, é consi-derado obesidade. A endocrinologista da Santa Casa de Porto Alegre Graciele Tombini atenta para um fator importan-te que o cálculo do IMC não aponta: “A mulher pode ter um IMC de 25 - que ainda é considerado normal - e ter uma cintura acima de 80 centímetros, o que caracteriza acúmulo de gordura visce-ral, também perigoso”.

A especialista preocupa-se com o crescimento acelerado de casos não só de obesidade (com IMC maior que 30), mas também de sobrepeso e faz um aler-ta: “Do ponto de vista de riscos, ambos estão mais expostos a doenças como o diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, artrose de joelho, entre outras”.

Os tratamentos para obesidade são variados e não há fórmula mágica. Para emagrecer e manter um peso ideal é preciso dedicação e disciplina. A pri-meira opção deve ser uma mudança no estilo de vida. Aposentar o sedentaris-mo e apostar em uma dieta balanceada é um começo. Há também o tratamento com associação de medicamentos e, por último, as técnicas cirúrgicas indicadas para obesos mórbidos, ou seja, IMC acima de 40 ou para aqueles com IMC

acima de 35, mas que tenham doenças associadas à obesidade.

Em recente viagem a Houston, a mé-dica Graciele comprovou algo que já observa no seu consultório: dá para ema-grecer e obter ótimos resultados apenas com reeducação alimentar e exercícios físicos. No The Methodist Hospital, uni-dade referência americana no tratamen-to à obesidade, acompanhou obesos que perderam até 70kg só com dieta.

Para fugir da realidade, Bernard Jo-hann não se olhava no espelho. Aos 12 anos, o sobrepeso começou a in-comodar. O momento mais crítico foi quando iniciou a faculdade. A falta de horários definidos para refeições acele-rou o ganho de peso. “Retornava tarde da faculdade e ficava até duas horas da manhã vendo TV e lanchando. No ou-tro dia, acordava tarde e ia direto pro almoço”, conta.

O jovem portoalegrense de 26 anos chegou ao seu recorde de peso aos 24, com 147kg, quando o corpo deu sinais de que a saúde não ia bem. Após pas-sar mal e procurar atendimento médico, Bernard descobriu quadro hipertensivo. Estava na hora de encarar um tratamen-to para a obesidade.

Com o auxílio da médica Graciele Tombini e de um profissional de edu-cação física, Bernard perdeu 60kg. No auge da dieta, chegou a pesar 87kg. Com trabalho de musculação que man-tém até hoje, seu peso atual é de 91kg, com ganho de massa magra.

Segundo a nutricionista Patricia da Veiga, a pessoa deve ter cuidado mesmo após emagrecer: “Se não tiver mudança de hábito alimentar, a doença pode voltar e causar grandes danos à saúde”. Por isso, Bernard segue aten-to à alimentação, com cardápio focado em proteínas. Evita gordura, carboidra-tos, doces e fast foods.

As vestimentas antigas foram do-adas. O guarda roupas ganhou peças menores. Seu manequim passou do 62 para o 42. “Poder entrar em qualquer lugar e não ter de calcular se a cadeira me aguenta, entrar em uma loja de rou-pas sem ter que pedir tamanho extra-grande é ótimo”, comemora aliviado o jovem empresário que já fez parte de uma estatística preocupante e hoje é exemplo de superação.

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LorEna rissERedação Jornalística III

Cada vez mais a obesidade vem atingindo adultos e adolescentes. Mas, mais do que nunca os representantes da infância. As crianças estão cada vez mais preocupadas com a balança e com os tamanhos GG das roupas. Se-gundo a pesquisa do IBGE realizada em 2008 cerca de 10% da população dos pequenos brasileiros está acima do peso e 7,3% sofrem de obesidade.

Na escola, a lanchonete é o vilão diário. Salgadinhos, guloseimas, fri-turas e nada natural. Em algumas ci-dades e estados esse “lachinho” mal supervisionado preocupou bastante e gerou a implementação de medidas mais enérgicas contra a obesidade.

Na cidade da Aracaju, no Sergipe, (Lei nº 3.814) por exemplo, leis já fo-ram implantadas para que em ambien-tes escolares seja proibida a venda e a

distribuição gratuita de alimentos alta-mente calóricos e salgados para que a inserção de frutas e legumes no cardá-pio seja feita diariamente o aumento de peso controlado.

De acordo com o autor da lei e diretor da câmara de vereadores do município, Emmanuel Nascimen-to, a importância da medida está em oferecer melhoria na qualidade de vida dos jovens. “Com hábitos alimentares mais saudáveis, pode-mos prevenir doenças e diminuir os gastos do poder público com trata-mentos e internações”.

Mas o problema não está só fora, mas dentro de casa. Quando um dos pais é obeso, o risco de a criança ser obesa é de 50%. Se o pai e a mãe são obesos, esse risco sobe para 90. Com isso não se pode negar o efeito do exemplo e compartilhamento de atitudes da família. Ou seja, o bom exemplo neste caso se traz de casa.

Quando a balança é inimiga

A ciência decreta: obesidade é doença grave e deve ser controlada

Pesquisa do IBGE aponta que metadeda população brasileira está obesa

Por uma vidamais leve e feliz

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Área sustentável naRegião Metropolitana

A Fazenda Guajuviras, em Canoas, será revitalizada e abrigará um presídio e um distrito industrial,

mostrando, assim, que é possível aliar desenvolvimento e sustentabilidade. O local será transformado em uma

área de proteção ambiental, tornando-se o segundo maior parque ecológico da Região Metropolitana.

(Gisele Agliardi/ Redação Jornalística I)

Divulgação

ÉDSON LUÍS SCHAEFFERRedação Jornalística I

Numa ação desenvolvida pela ONG Par-ceiros Voluntários, foi recolhida, durante o mês de outubro, uma tonelada de lixo e plantadas 500 mudas de árvores à beira do arroio Boa Vista, em Teutônia.

A iniciativa faz parte de uma série de ações que in-tegram o projeto Revive Boa Vista, para a revitali-zação do manancial, víti-ma da poluição.

A coordenadora da enti-dade no município, Kelem Eibel, diz que o Revive Boa Vista fortalece-rá o envolvimento de voluntários e empre-sas, conscientizando a comunidade para a importância da preservação do arroio, além de recolher o lixo e encontrar soluções para que dejetos humanos e animais não parem no manancial. “Ainda faremos um trabalho com as escolas, de conscientização e de pre-

servação por meio de painéis, mostrando os tipos de lixo que foram coletados. Quere-mos que a população se conscientize”, ex-plica Kelem.

O secretário da Agricultura e Meio Am-biente, Luiz Rückert, ressalta que estão es-tudando alternativas para evitar que dejetos

humanos e animais acabem nas águas do arroio. “É pre-ciso um estudo aprofundado sobre o que fazer, para aí dar-mos início à recuperação do manancial”, afirma Rückert. Dentre as alternativas, está a possibilidade de construção

de uma estação de tratamento de esgotos.Na década de 90, o pastor Sílvio Mein-

cke já organizava a Caminhada de Amor ao Boa Vista, para alertar que o arroio es-tava morrendo. Meincke, hoje morando na Alemanha, aplaude o projeto desenvolvido em Teutônia, pois acredita na conscientiza-ção das pessoas.

JÉSSICA PEDROSORedação Jornalística I

Todos os anos, mais de 4 mil turistas vão a Morro Reuter para conhecer a cul-tura germânica do lugar e suas belezas naturais. Lá, o meio ambiente é tão im-portante que ganhou espaço próprio no roteiro turístico oficial da cidade, chama-do “Caminho da Ecologia”. Quatro são os principais pontos turísticos da cidade: Mirante Belvedere, Morro da Embratel, Balneário do Rio Loch e o centro de ma-nutenção da vida de animais silvestres Arca de Noé.

O chefe do Departamento de Turismo, Rodrigo Goettems, explicou que estes es-paços ecológicos são fundamentais para atrair os turistas: “O Caminho da Ecolo-gia recebe pessoas que procuram fugir do caos da cidade, da loucura do dia-a-dia. Como são pontos de fácil acesso e livre visitação, acabam recebendo maior

atenção. Geralmente os turistas passam o dia inteiro nestes lugares, comprando no comércio local, alavancando a economia do município”, disse.

Todos os locais, com exceção do cria-douro Arca de Noé, são mantidos pelo governo municipal. A secretária do Meio Ambiente, Dorothea Thobe, informou que há um biólogo disponível para fazer avaliações periódicas destes locais. “De três em três meses ele faz coletas das águas do rio, estuda a vegetação destes lugares e verifica se há existência de de-jetos deixados pelos turistas”, afirmou.

As crianças da cidade recebem edu-cação ambiental nas escolas, sendo esti-muladas a preservar a paisagem natural desde cedo. “Não apenas fazem para morar em uma cidade bonita e que todos apreciam, mas porque entendem que o meio ambiente precisa de nossa aten-ção”, frisou Dorothea

CAMILA CAPELÃO VARGASRedação Jornalística I

A funcionária da empresa alemã de Sistemas Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados (SAP), Lucia-na Zanoto, introduziu em sua casa medi-das para evitar o desperdício de água e a diminuição do lixo.

“São soluções simples”, conta Lucia-na, que as aprendeu na SAP. A empresa instalou-se no ano passado no câmpus da Unisinos, em São Leopoldo, introduzin-do uma política ambiental que incentiva o uso racional de recursos naturais e a proteção do meio ambiente.

Pesou na decisão da SAP de se instalar no câmpus da Unisinos a abundância de mão de obra especializada disponível, e

o fato de esta região ser beneficiada pela zona de fuso horário das Américas.

O prédio sede da SAP em São Leopol-do é totalmente sustentável, com sistema de iluminação automatizada, estaciona-mento para bicicletas e reciclagem de água. Funcionários usam copos de cerâ-mica e os copos plásticos foram pratica-mente descartados.

Para a aluna de Jornalismo e estagiária, Jéssica Pedroso, as idéias sustentáveis da SAP não são marketing: “Se fosse ape-nas marketing, não viveríamos com tanta intensidade dentro da empresa essas me-didas”, argumenta.

Uma vez no câmpus, o funcionário locomove-se a pé, pois na área existem restaurantes, agências bancárias, Correio, lojas e outras facilidades.

YNGRID LESSARedação Jornalística I

A construção da Estação de Tratamen-to de Esgoto (ETE) de Osório deverá es-tar concluída em março do próximo ano. Faltam, ainda, o término da canalização e as redes coletoras.

O esgoto, antes enviado sem tratamen-to para a Lagoa do Marcelino, agora será levado à ETE, onde passará por vários processos, permitindo que a água saia dali com quase 100% de pureza.

De acordo com osorienses, a ETE é um grande avanço para o município e o meio ambiente. Moradores que vivem perto da lagoa destacam que a estação ganha uma

importância além da ambiental. “Duran-te anos lutamos para que não colocassem mais esgoto na Lagoa do Marcelino. De-pois que a unidade começar a funcionar, poderemos sonhar com a despoluição da nossa lagoa”, afirmou a osoriense Olga da Silva.

A ETE só foi possível através de um financiamento de 18 milhões de reais, junto à Caixa Econômica Federal. O mu-nicípio entrou com a contrapartida de 3,6 milhões de reais que, depois, será reem-bolsado, quando a Companhia Riogran-dense de Saneamento (Corsan) começar a pagar o financiamento.

VENISE BORGESRedação Jornalística I

A peça teatral “Pro-cura-se um dono de estimação” traz um

diferencial em sua proposta: abordar a questão de animais abandonados e maltratados pelos seus donos. Esse é o tema escolhido pelo grupo Krakety, que quer enfatizar a convivência harmoniosa entre homens e animais.

É impossível saber exa-tamente o número de ani-mais que são abandonados nas ruas das cidades dia-riamente. O que se sabe é que esse número aumenta gradativamente a cada dia, segundo a Sociedade Mun-dial de Proteção Animal (WSPA, a sigla em inglês). Os motivos dos abandonos são os mais variados: de-ficiência física, doenças, insatisfação no comporta-mento e, às vezes, até mo-tivos de viagens.

Existem diversas ONG’s que trabalham com a cas-tração voluntária, que tem como finalidade reduzir o nascimento e proliferação dos bichos. Em alguns lu-

gares realizam a castração e devolvem os animais às ruas, já que não contam com ajuda governamental, somente com parceiros voluntários.

Rosane Gomes, a res-ponsável pelo grupo e autora da peça teatral, é apaixonada por animais. Esse foi um dos motivos que a levou a produzir a peça, juntando uma histó-ria e uma causa, transmi-tindo uma mensagem de

amor e cuidados.Entre os personagens

que encantam crianças e adultos tem a palhaça que faz malabares com os cães. “Um dos momentos que mais emocionam a platéia é quando entra a imagem de São Francisco de Assis, o protetor dos animais”, conta Rosane, entusiasmada com seu projeto que, além de ino-vador, faz um importante trabalho social.

Teutônia recupera o Boa Vista

Morro Reuter aposta na ecologia

Exemplo da SAP chega ao lar

Osório tratará esgoto em 2011

Amor aos animais em cena

Cia Krakety: conscientização pela arte é a proposta do grupo

Venise Borges

O principal manancial de água que corta a cidade

tem sua nascente em Carlos Barbosa e desemboca

no Rio Taquari

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 meio ambiente

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 cartola

Veja aves da Mata Atlântica no iPhoneO aplicativo Aves do Brasil – Mata Atlântica foi lançado em parceria entre o projeto Planeta Sustentável, da Editora Abril, e a WWF Brasil. O objetivo é facilitar a identificação das aves. O programa custa US$ 6,99 na Apple Store. Podem ser inseridos dados como cores predominantes e porte dos animais. (Marcelo Grisa / Agexcom)

O número de animais e plantas extintos nos últimos tempos revela uma realidade preocupante. Todos os dias, no mundo, várias espécies deixam de existir

A biodiversidade e a preservação da vida

LILIANA EGEWARTHRedação Jornalística III

Um dos assuntos mais comuns dentro da temática de meio ambien-te é a extinção de plantas e animais. No Brasil, infelizmente, esse número cresce de tempos em tempos. Esse fa-tor torna-se relevante, se levarmos em conta que o ser humano depende da harmonia de várias espécies para sua própria sobrevivência.

Tem-se falado muito em espécies bastante ameaçadas, como por exem-plo, entre os animais, o mico-leão-dourado, as baleias, o urso-panda e a arara-azul, e, entre as plantas, o pau-brasil, o mogno, o cedro, a aroeira e o jacarandá.

Segundo pesquisas, nos últimos três séculos houve casos de mudanças am-bientais e animais ameaçados de extin-ção, como nunca.

Não podemos esquecer que se não

dermos a devida atenção às centenas de espécies de plantas e animais que estão ameaçadas e continuarmos a agravar ainda mais essa situação, nós podemos acabar sendo a próxima espécie a en-trar nessa lista. Por isso, devemos nos conscientizar e começar a cuidar do mundo ao nosso redor. Acredito que, para melhorarmos, temos que começar a cuidar da maneira como utilizamos nossa água, como separamos o nosso lixo doméstico. As pequenas atitudes, quando tomadas em conjunto, podem trazer grandes resultados, e assim po-deremos habitar um planeta melhor.

O homem se denomina a espécie do-minante do planeta. Muitas vezes nos orgulhamos em falar isso, por poder-mos estar presentes em vários lugares, mas não levamos em conta todas as es-pécies vivas que existem no mundo. Se quisermos salvar os animais e plantas, cabe a cada um de nós uma revisão de postura e atitudes.

Perigos ambientaisOpinião

Babélia n Unisinos n Novembro/2010 meio ambiente

LucAs BRITo dE BARRos LuísA scHENAToRedação Jornalística II

Sempre existiram no planeta ciclos naturais ou acidentais de extinção. Depois, a vida

ressurge evoluída e readaptada. Po-rém, desde o início da época moder-na, com o aumento da população e da poluição provocada pelo homem, presencia-se um fenômeno novo. Os processos de extinção acontecem, agora, muito mais rapidamente.

Segundo dados do Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente - docu-mento organizado pela ONU que pro-põe métodos de preservação ambiental - existem cerca de 10 milhões de espécies no planeta. Hoje, somente 1,4 milhões são conhecidas, e 25% estão ameaça-das de extinção. Todo dia, no mundo, desaparecem quase trezentas espécies devido à destruição de seus habitats, a caça e pesca predatória, a poluição e o tráfico de animais. De acordo com Ins-tituto Nacional de Pesquisas da Amazô-nia (Inpa), na última década, cerca de 30 espécies brasileiras deixaram de existir livres seu habitat natural

Na tentativa de controlar essas extin-ções, existe, no Brasil e em todo mundo, institutos governamentais e privados que buscam preservar a biodiversidade. O Instituto brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Iba-ma) é a autoridade que tem a atribuição de fiscalizar e denunciar crimes am-bientais, mapear e proteger as espécies em vias de extinção e emitir licenças para a comercialização internacional e nacional de qualquer espécie da flora e fauna protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites).

A Cites é um dos acordos ambientais mais importantes para preservação das espécies. O Brasil aderiu à Convenção em 1975, regulamentando a exportação e importação de animais e plantas. Se-gundo dados do Ibama, o conjunto de espécies brasileiras vem sendo destruí-do gradativamente, o que afeta, inclusi-ve, a economia do País.

Mesmo com todas essas iniciativas, a ação humana continua extinguindo os seres vivos de forma alarmante. Sendo assim, o que acontece quando eles deixam de existir? Qual é o refle-

Risco: o tigre de bengala é uma espécie praticamente extinta no meio selvagem

Pedro Barbosa xo disso em nossas vidas e na Terra como um todo?

Quando espécies desaparecem, te-mos uma redução na biodiversidade. O Manual Global de Ecologia, texto referência no assunto, relaciona com a biodiversidade os recursos funda-mentais (alimentação, respiração) que os homens precisam. Por exemplo, o oxigênio. Ele é criado e mantido na atmosfera por conta da fotossíntese, realizada por vegetais, principalmente pelas algas oceânicas microscópicas, que muitas vezes pensamos não ser-vir para nada. Já o solo necessita dos microorganismos que decompõem a matéria orgânica para enriquecê-lo com nutrientes. Além disso, existem áreas para as quais a biodiversidade é fundamental, como a medicina.

A bióloga Vanessa de Oliveira atua como pesquisadora do Museu de Ciên-cias Naturais do Jardim Botânico do Rio Grande do Sul e afirma : “Temos que ver o planeta como um grande ser vivo. Quando uma espécie é extinta, o siste-ma inteiro fica comprometido, como se um órgão deixasse de funcionar. Todo o resto fica doente. Se, por exemplo, um inseto é extinto, desaparecem espécies de plantas que necessitavam dele para o transporte de pólen ou de sementes. Com isso temos uma diminuição na ab-sorção de gás carbônico, deixando tudo mais poluído”.

Já Renato Petry, de 69 anos, que tra-balha como biólogo do Zoológico de Sapucaia do Sul desde 1968, destaca as implicações morais desse aspecto. Se-gundo Petry, para preservar e conservar as outras espécies, é necessário pensar eticamente. “Quem nos deu o direito de destruir, expulsar ou acabar com o habi-tat das espécies de animais? Não existe mais lugar para eles”, afirma o biólogo, que também chama a atenção para a necessidade de criar parques e reservas naturais capazes de suportar populações viáveis das espécies ameaçadas.

Cada ser vivo é uma peça fundamen-tal para a manutenção do ecossistema onde está inserido. Destruir formas de vida tão massivamente, como vem ocorrendo nos últimos séculos, dese-quilibra o ciclo natural e coloca em ris-co a vida na Terra como nós conhece-mos hoje, inclusive a nossa, pois o ser humano não tem condições de viver independente da natureza.

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Agora ainda mais fácil, via Internet

Opinião

Taíssa Bach

Do preconceito à certeza: para Maria Inês é mais prático estudar pelo método à distância

Athos BeurenRedação Jornalística III

A modalidade de ensino à distância é hoje uma ferramenta à disposição do aluno e do professor. Criamos salas de aula virtuais, eliminamos distâncias de acesso à informação e personalizamos aplicativos de estu-do. Todos estes mecanismos virtuais, no entanto, não dispensam a tutela de um mentor. Dependendo apenas de nós mesmos para aprendermos uma matéria, nossa tendência à procrastinação, ausência de metas e prazos e especialmente nosso co-modismo iriam nos sabotar. O pro-fessor demanda qualidade, datas de entrega, objetivos claros e específi-cos. O ensino à distância é apenas um atalho a estes organizadores do processo de aprendizagem.

Hoje, uma infinidade de centros virtuais de ensino gratuitos minis-

tram aulas através de vídeos na inter-net. Estes, no entanto, são altamente requisitados por uma maioria de alu-nos de ensino médio, determinados a aprender matérias para serem apro-vados em suas escolas. Aprendem utilizando uma ferramenta virtual, mas impulsionados pelas demandas de um professor real.

Compreender determinado assun-to é apenas uma parte de um todo que chamamos educação. Esta, no sentido integral, envolve aspectos humanos que vão além da matéria ensinada. Comportamento, atitude, proatividade, coerência, forma de raciocínio e lucidez de idéias muitas vezes só podem ser forjados por um professor dedicado a aprimorá-los. A garantia de formamos profissionais competentes, mas também com cará-ter e bom senso depende indispensa-velmente do envolvimento humano, mesmo que a distância.

oprofessormoranamatrix.com

Formar-se mais rápido, pagar menos e aprender como no ensino presencial, essessão os benefícios de quem faz cursos à distância. Pedagogia é destaque na procura

FernAndA BeckerritA rodrigues tAmires FonsecARedação Jornalística II

Para quem sonha em se gradu-ar, basta querer. Falta de tem-po e dinheiro não são mais

desculpas para não estudar. A cada ano vem crescendo o número de uni-versidades com graduações a distân-cia. Além de não precisar frequentar as aulas, o tempo para conclusão dos cursos é menor. Muitos deles já são dados nesse formato, mas o mais procurado e um dos primeiros a ser disponibilizado é o de Licenciatura em Pedagogia.

Márcia Martins, professora do curso de Pedagogia em Taqua-ri, da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), explica como funciona essa nova forma de aprender. De acordo com a peda-goga, as aulas funcionam através de um ambiente virtual de apren-dizagem, ou seja, disponível na internet. “Os alunos acessam o conteúdo das vídeoaulas e do material gráfico, que está perma-nentemente à disposição, e com-partilham a sala de chat, o fórum e os sistemas de envio de mensa-gens eletrônicas”, explica ela.

Aproveitando os benefícios que esse tipo de curso oferece, a pro-fessora de Ensino Fundamental há 20 anos Maria Inês Porto Bach, 51 anos, optou há quatro meses pelo ensino a distância. É estudante do curso de Pedagogia, do Centro Universitário Leonardo da Vinci de Indaial (Uniasselvi), em Santa Catarina, o qual oferece um mé-todo de ensino à distância, o cha-mado Nead. A Universidade, com ajuda do município, locou uma escola particular, na cidade de Capão da Canoa, Litoral Norte do estado do Rio Grande do Sul, para poder realizar as aulas presenciais do curso.

Maria Inês diz ter iniciado a graduação para se qualificar mais no magistério e escolheu o ensino à distância, pois é bem mais em conta, em termos financeiros. Po-rém, antes de iniciar a faculdade, ela pesquisou bem esse tipo de en-sino, e seu preconceito inicial deu

lugar à certeza de que a Uniasselvi seria uma boa escolha para o seu aprendizado.

Segundo Maria Inês, a facul-dade está sendo muito produtiva, ela faz uma reciclagem dos mé-todos ultrapassados do ensino, ajudando muito no exercício das suas atividades, em sala, com seus alunos. As aulas a distân-cia são mais exigentes do que as presenciais, fazendo com que o aluno tenha um comprometimen-to maior com os estudos. São dis-tribuídas apostilas de estudo no primeiro dia de curso. Durante a semana o aluno tem que estudá-las e assistir a vídeo-aulas sobre o conteúdo. Aos sábados pela manhã, ocorrem as aulas presen-ciais, onde o professor explica os conteúdos estudados. Logo de-pois são feitas avaliações.

Outro caso é o da diretora Maria Luiza Silveira, que trabalha em uma escola estadual de Montene-gro. Professora há 26 anos e no cargo de direção há cinco, Luiza graduou-se em Pedagogia, Habi-litação Magistério com licencia-tura plena, em 1991, na Unisinos. Após 20 anos na escola, a diretora resolveu que era momento de es-pecializar-se. Começou a buscar opções de cursos de pós-gradua-ção, quando lhe chamou a atenção um novo método, o ensino à dis-tância: “Depois de um bom tempo procurando um curso que se adap-tasse ao meu horário livre, perce-bi que o método não-presencial é o que melhor se encaixava, tanto que não tive mais dúvidas em re-lação a isso”, conta ela.

Mostrando quão satisfeita ficou com o curso, Luiza cita apenas vantagens na escolha que fez: os benefícios de ter mais tempo livre e de esse tipo de ensino não pesar tanto no bolso. Desvantagens? Ela acredita que não existem: “Não vejo muitas, porque na faculdade era praticamente o mesmo traba-lho: o professor dava o conteúdo, nós pesquisávamos, apresentáva-mos trabalhos e fazíamos provas”. E ainda completa: “Eu indiquei este tipo de ensino para outras pessoas e sim faria novamente”.

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 educação

Mais vagas nasescolas para 2011

O Ministério da Educação anunciou ampliação da oferta de turno integral em escolas públicas da

Educação Básica em 2011. Os números passarão dos atuais 10 mil para 15 mil escolas e de 2,2 milhões para

3 milhões de alunos. O investimento previsto pelo MEC também sofrerá um aumento: de R$ 387 milhões

para R$ 600 milhões. (gabriela schuch / Agexcom)

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Babélia n Unisinos n Novembro/2010 opinião

crônicas docâmpus

Ângelo DauDtRedação Jornalística III

Sete horas da noite é um bom ho-rário para se chegar à Unisinos. De-pois de passar pelo trânsito fluido da BR, o motorista entra facilmente pelos “bretes” da universidade em menos de 10 minutos. A contar da passagem pelos portões, basta que o centro de destino seja escolhido.To-dos eles têm estacionamento pago. E muito bem pago por sinal.

Agora com o tíquete em mãos e desfilando pela impecável avenida que atravessa o câmpus, o motorista pode optar pelo local mais próximo do seu centro. Uma circulada perto do prédio permite uma avaliação das vagas a serem escolhidas. Caso não exista uma próxima do prédio, é necessário buscar uma um pouco mais distante. Sempre há alguma, até porque usualmente podemos encontrar automóveis estacionados

ocupando mais de uma vaga. Sim, é moda no estacionamento os “que-ridões” estacionarem cruzando duas vagas oblíquas na horizontal.

Caso o motorista não encontre uma próxima do seu centro pode buscar em algum outro. Depois dos 25 minutos, ainda há tempo de so-bra para buscar uma vaguinha. Di-reita aqui, esquerda ali, sempre tem alguém saindo (vaga esperança). Basta observar atentamente. Atrás das árvores sempre tem lugar livre. Na qual o carro do lado ficou tão mal estacionado que impossibilita o acesso a “dita cuja”.

São 19h30min e a aula vai co-meçar. Se ainda não estacionou, tem duas opções: cruzar o carro aonde impossibilite acesso dos de-mais, ou é claro, colocar o carro em cima da grama! Na grama ou não, se deixar de pagar o tíquete vai arrumar confusão.

RobeRto FeRRaRiRedação Jornalística III

O ócio desapareceu automaticamente quando seu perfume impregnou minhas narinas naquela tarde. Estava jogado no banco, ao marasmo, esperando o tempo passar. O centro administrativo do câm-pus estava pouco movimentado, ainda mais numa sexta-feira. O vento, a luz do sol e a minha alma estavam mornos.

Você passou e descobri qual era o an-tídoto para minha estagnação. O doce balançar de seus braços me encantou e não conseguia mais admirar outra coisa senão estes que, esguios, seguiam gracio-samente o fluxo do ar e mesmo assim se mostravam fiéis ao restante do corpo.

Para alguns conhecidos, você é apenas uma numa multidão. “Ora, na Unisinos é o que mais tem, não ligue para isso, Roberto”, me diriam. Sua beleza, po-

rém, havia impedido que qualquer con-selho do tipo tivesse efeito, se proferido. A realidade é hipnótica e não posso ver nada além da sua silhueta e beleza. Foi um choque à minha estagnação perante o mundo. Perdi a noção e entrei numa ironia. Não queria mais que os minutos passassem. Pare o tempo!

Quente. A temperatura subiu de uma hora pra outra e não tinha como controlar meus instintos. Ansiedade. Precisava fa-zer alguma coisa, antes que a imagem se dissolvesse sem poder eternizá-la. “Ca-ramba, onde está a minha câmera?”

Num movimento rápido, peguei a má-quina e foquei na sua direção. Sem flash e apenas alguns cliques. Agora tenho certeza que nunca vou te esquecer. Que ângulo, que luz, que perspectiva! És mi-nha! Certamente irei me lembrar de você no próximo setembro, dia 21.

Filipe anDeRsonRedação Jornalística III

Como eu gostaria que minha crô-nica fosse uma crônica dentro de uma crônica, algo como um filme dentro de um filme. Seria uma crô-nica dirigida por François Truffaut e com roteiro de Charlie Kaufman, algo que enlouqueceria o leitor em seu primeiro parágrafo.

É fácil ter metalinguagem num texto de crônica. Por isso, venho aqui desabafar e questionar a respei-to do meu ofício de cronista. Como vou escrever esse texto? Por onde começar? Socorro!

Vou começar dessa maneira: Ex-terna – Câmpus da Unisinos – Dia

Talvez seja melhor descrever de outra forma, menos cinematográfica.

Sábado, 9 horas da manhã. Cami-nhando pelo pátio vazio do Centro 3 da Unisinos, me deparo com um grupo de alunos com câmeras nas

mãos. Uma filmagem. Bom, nada surpreendente, pois o Centro 3 é o da Comunicação. Porém, nesse dia não estavam gravando uma reportagem ou filmando para um comercial publicitário qualquer. Presenciava ali uma gravação de um mini curta para o curso de “In-trodução a Prática Audiovisual” - curso de extensão que acontece aos sábados pela manhã.

A duração do mini curta é idên-tica ao primeiro padrão estabele-cido pelos irmãos Lumière, em 1895, 45 a 50 segundos de filme - o mesmo tempo que você vai levar para ler essa crônica, e o mesmo tempo que durou a minha aflição para escrevê-la. Afinal, o meu desabafo deve ter ficado des-percebido quando fugi do assunto inicial. Difícil mesmo é ser cine-asta, pois se o filme enrolar muito o expectador não vai ficar no ci-nema até o fim.

VitoR De aRRuDa peReiRaRedação Jornalística III

Enquanto isso na Unisinos...Universitários por todos os lados e

eu ali, me somando com eles. Feliz com o horário de verão. Pronto para encarar aula de Rádio Jornalismo. Tudo estava aparentemente normal: alunos desanimados num canto, por ser apenas segunda-feira.

Peguei o elevador, junto com dois colegas. Foi só o Diego apertar o botão, para ir ao quarto andar, que faltou luz bem na hora. Pronto. Se foi a normalidade. Putz, logo numa segunda – feira. E o pior de tudo, com dois homens. No meu ponto de vista, isso foi muito azar. Mas se fosse com uma bela moça, tudo mu-daria. Seria um momento de sorte. Como diz um bom malandro: “Uma

chance para se aproximar”. A cena seria totalmente diferente... Imagina ela nessa hora:

- Aah, meus Deus...- Calma, moça! Deve ter faltado luz. - Como você sabe?- É que na última sexta- feira na

Unisinos faltou luz duas vezes. - Então vai ver que foi isso...- Mas mudando de assunto. Como

você se chama?Não foi isso o que aconteceu.

Foram minutos lamentáveis, nada de cena de filme. Além disso, ti-nha dois homens para dividir o oxigênio comigo. A sorte que a falta de energia durou poucos mi-nutos. Mesmo assim, acabou com a normalidade do dia. E o pior de tudo, não tem graça nenhuma em comentar esse fato. Mas por que será que estou comentando?

Estacione se puder, mas pague

Amor para uma tarde inteira

45 a 50 segundos de crônicaTive a ocasião, não a companhia

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CULTURA

O novocinema

Novas tecnologias estão tornando o

mercado audiovisual cada vez mais democrático. Atualmente,

produzir curtas é mais fácil e barato.

105 anos de vidaIdalina Soares da Rosa é a moradora mais velha da Vila Brás, em São Leopoldo, e conta com a ajuda da família para enfrentar as dificuldades causadas pela idade avançada.

Música combom humorBanda Sociedade Bico de Luz, de Guaíba, lança seu primeiro CD: Doe rock ao emocentro.

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Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos

São Leopoldo/RSNovembro de 2010

Luana Elias

Cristiane Abreu