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140 Rev. Bras. Med. Trab., Belo Horizonte • Vol. 2 • N o 2 • p. 140-152 • abr-jun • 2004 Riscos Biológicos em Aviários * Médico Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT, Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Rua Fernando Machado, 533 D, apto. 302, Chapecó, SC. Tel.: (049) 3224603. E-mail: [email protected]. ** Médico do Trabalho. Francisco Cortes Fernandes* Antônio Furlaneto** ARTIGO INTRODUÇÃO O ambiente de trabalho em aviários tem sido mo- tivo de discussões no que se refere à ocorrência de riscos biológicos, sendo pouco estudado pelos profis- sionais que atuam no setor. O presente artigo preten- de contribuir com o tema, objetivando um entendi- mento da situação, tendo em vista que as notificações de doenças relacionadas a estes riscos, no Brasil, são praticamente inexistentes. Os registros de acidentes do trabalho relativos à existência de zoonoses ocupa- cionais registradas no Brasil foram pesquisados no anu- ário estatístico da Previdência Social do ano de 2002 1 , onde foi constatado que em relação a doenças como aspergilose, blastomicose, brucelose, candidíase, den- gue, dermatofitoses, leptospirose e clamidiose não havia registros em CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) do referido ano. Há nove registros de an- traz, um de erisipelóide, um de hepatite e um de in- fluenza por vírus não identificado, relacionados ao tra- balho. A informação, ao ser confrontada com referen- cial registrado de doenças ocupacionais por agentes biológicos do Ministério do Trabalho Espanhol 2 , nos anos de 1997 e 1998, indica um registro de respecti- vamente 482 e 471 doenças nos referidos anos. Isto pode indicar uma subnotificação das mesmas no Bra- sil. Infere-se a necessidade de maiores estudos a res- peito do tema, abrindo uma discussão ética a respeito do mesmo. Os agentes biológicos relacionados à saúde huma- na para Couto 3 são os microorganismos, os alergenos de origem biológica e os produtos derivados do me- tabolismo microbiano (endotoxinas e micotoxinas). O risco biológico para a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança (SOBES) 4 é assim definido: RESUMO Objetivo: Os autores buscaram identificar os principais agentes biológicos a que podem estar expostos os trabalhadores em aviários, caracterizando as informações essenciais que poderão nortear a conduta do médico do trabalho desta área, no exercício de sua rotina diária. Metodologia: A partir da lista de doenças profissionais relacionadas aos riscos biológicos publicada pela Previdência Social, foram avaliadas quais as patologias que poderiam ser de risco específico aos trabalhadores de aviários. Posteriormente, analisou-se os possíveis componentes da cama de aviário que poderiam carrear agentes biológicos de risco para a saúde do trabalhador, portanto de risco específico e, finalmente, as doenças mais comuns em aves que podem ser classificadas como zoonoses. As doenças foram ainda classificadas de acordo com a Legislação da Comunidade Econômica Européia (CEE) em relação ao índice de risco de infecção, com a finalidade de facilitar a promoção da saúde por parte do médico do trabalho. Resultados: De posse destes dados, foi observado que pode ocorrer exposição destes trabalhadores a agentes biológicos enquadrados como grau de risco 1, 2 e 3 de acordo com a classificação da legislação européia. Conclusão: Este estudo aponta para a necessidade de ações importantes do ponto de vista da prática da medicina do trabalho e da segurança do trabalho, nos aviários. Palavras-chave: Medicina do Trabalho; Agentes Biológicos; Aviários.

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140 • Rev. Bras. Med. Trab., Belo Horizonte • Vol. 2 • No 2 • p. 140-152 • abr-jun • 2004

FRANCISCO CORTES FERNANDES & ANTÔNIO FURLANETO

Riscos Biológicos em Aviários

* Médico Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT, Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federalde Santa Catarina. Rua Fernando Machado, 533 D, apto. 302, Chapecó, SC. Tel.: (049) 3224603. E-mail: [email protected].

** Médico do Trabalho.

Francisco Cortes Fernandes*

Antônio Furlaneto**

ARTIGO

INTRODUÇÃO

O ambiente de trabalho em aviários tem sido mo-tivo de discussões no que se refere à ocorrência deriscos biológicos, sendo pouco estudado pelos profis-sionais que atuam no setor. O presente artigo preten-de contribuir com o tema, objetivando um entendi-mento da situação, tendo em vista que as notificaçõesde doenças relacionadas a estes riscos, no Brasil, sãopraticamente inexistentes. Os registros de acidentesdo trabalho relativos à existência de zoonoses ocupa-cionais registradas no Brasil foram pesquisados no anu-ário estatístico da Previdência Social do ano de 20021,onde foi constatado que em relação a doenças comoaspergilose, blastomicose, brucelose, candidíase, den-gue, dermatofitoses, leptospirose e clamidiose nãohavia registros em CAT (Comunicação de Acidente doTrabalho) do referido ano. Há nove registros de an-

traz, um de erisipelóide, um de hepatite e um de in-fluenza por vírus não identificado, relacionados ao tra-balho. A informação, ao ser confrontada com referen-cial registrado de doenças ocupacionais por agentesbiológicos do Ministério do Trabalho Espanhol2, nosanos de 1997 e 1998, indica um registro de respecti-vamente 482 e 471 doenças nos referidos anos. Istopode indicar uma subnotificação das mesmas no Bra-sil. Infere-se a necessidade de maiores estudos a res-peito do tema, abrindo uma discussão ética a respeitodo mesmo.

Os agentes biológicos relacionados à saúde huma-na para Couto3 são os microorganismos, os alergenosde origem biológica e os produtos derivados do me-tabolismo microbiano (endotoxinas e micotoxinas).

O risco biológico para a Sociedade Brasileira deEngenharia de Segurança (SOBES)4 é assim definido:

RESUMO

Objetivo: Os autores buscaram identificar os principais agentes biológicos a que podem estar expostos ostrabalhadores em aviários, caracterizando as informações essenciais que poderão nortear a conduta domédico do trabalho desta área, no exercício de sua rotina diária. Metodologia: A partir da lista de doençasprofissionais relacionadas aos riscos biológicos publicada pela Previdência Social, foram avaliadas quais aspatologias que poderiam ser de risco específico aos trabalhadores de aviários. Posteriormente, analisou-seos possíveis componentes da cama de aviário que poderiam carrear agentes biológicos de risco para asaúde do trabalhador, portanto de risco específico e, finalmente, as doenças mais comuns em aves quepodem ser classificadas como zoonoses. As doenças foram ainda classificadas de acordo com a Legislaçãoda Comunidade Econômica Européia (CEE) em relação ao índice de risco de infecção, com a finalidade defacilitar a promoção da saúde por parte do médico do trabalho. Resultados: De posse destes dados, foiobservado que pode ocorrer exposição destes trabalhadores a agentes biológicos enquadrados como graude risco 1, 2 e 3 de acordo com a classificação da legislação européia. Conclusão: Este estudo aponta paraa necessidade de ações importantes do ponto de vista da prática da medicina do trabalho e da segurançado trabalho, nos aviários.

Palavras-chave: Medicina do Trabalho; Agentes Biológicos; Aviários.

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RISCOS BIOLÓGICOS EM AVIÁRIOS

“Riscos biológicos podem ser capitulados como doen-ças do trabalho, desde que estabelecido nexo causal,que incluem infecções agudas e crônicas, parasitosese reações alérgicas ou intoxicações provocadas porplantas e animais. Muitas destas doenças são zoono-ses, isto é, têm origem no contato com animais. Umgrande número de plantas e animais produz substân-cias que são irritantes, tóxicas ou alérgicas. As poeirasadvindas dos locais onde ficam plantas e animais car-reiam vários tipos de materiais alergênicos, incluindoácaros, pêlos, fezes ressecadas em pó, pólen, serra-gem, esporos de fungos e outros sensibilizantes.”

A American Conference of Governmental IndustrialHygienists (ACGIH)5 observa que contaminantes de ori-gem biológica veiculados pelo ar incluem bioaerossóise compostos orgânicos voláteis liberados por estes or-ganismos. Os bioaerossóis incluem microorganismose fragmentos, toxinas e resíduos particulados de seresvivos.

A Occupational Safety and Health Administration(OSHA)6 define como agentes biológicos: materiaisnaturais ou orgânicos, tais como terra, argila; mate-riais de origem vegetal (feno, palha, algodão etc.); subs-tâncias de origem animal (lã, pêlo etc.); alimentos; po-eiras orgânicas (farinha, partículas de descamação epoeiras de papel); resíduos, águas residuais; sanguee outros fluidos corporais que poderão estar expostosa agentes biológicos. Estes alérgenos respiratórios sãoagentes biológicos e químicos que podem induzirdoenças respiratórias alérgicas nos seres humanos.Dentre os agentes sensibilizadores de origem animalrelacionados ao trabalho em pauta, podem estar pre-sentes proteínas urinárias e epitélios de animais, bolo-res, ácaros e alguns tipos de pó de madeira.

A saúde do homem pode ser alterada pelo contatocom os animais, podendo compartilhar doenças in-fecciosas com os mesmos. Para Miller7, a forma detransmissão de doenças entre homem e animais podederivar de quatro tipos de inter-relações:

• zoonoses: enfermidades transmissíveis de vertebra-dos ao homem e a outros animais;

• zooantroponoses: enfermidades transmitidas dos ver-tebrados ao homem;

• antropozoonoses: doença transmitida do homem aoutros animais;

• enfermidades transmitidas ao homem pelo meio am-biente (sendo os animais a fonte de contaminaçãoambiental).

A avaliação dos riscos biológicos de acordo com osagentes permite identificar quais os passíveis de seremrisco específico ao trabalho em aviários, portanto deinteresse para o médico do trabalho. Motta8 ressalta

as variáveis constituintes do processo saúde-doença,enfatizando que esta relação pode ser vista de umaperspectiva individual, onde o posto de trabalho e suascondições constituem a situação de risco específicoou de uma perspectiva de grupo, onde o processo detrabalho adquire a dimensão de risco específico e umadimensão social. O processo de trabalho significa aexposição do trabalhador às condições específicas deseu posto de trabalho.

O trabalhador de aviário tem uma rotina de tarefasvariadas, não permanecendo no ambiente do aviáriodurante toda a jornada de trabalho. Em função disso,serão descritas brevemente as atividades por eles rea-lizadas, para que se tenha uma noção de tempo deexposição aos agentes biológicos referidos.

Existem basicamente dois tipos de aviários, comatividades distintas. O aviário de reprodução e o defrangos de corte.

No aviário de reprodução, são identificadas as se-guintes atividades bem como o tempo de realizaçãoaproximado das mesmas:

• limpeza de comedouros: trata-se de uma tarefa rea-lizada uma vez ao dia, com duração aproximada de30 minutos, onde é feita a higienização dos come-douros das aves;

• limpeza de aviário: atividade realizada a cada 14meses, com duração de um dia aproximadamente,onde é retirada a cama do aviário e higienizada;

• revolvimento da cama do aviário: atividade realiza-da uma vez por semana, onde é feita uma redispo-sição dos elementos da cama do aviário, com dura-ção aproximada de quatro horas;

• fumigação: dispor de substâncias químicas no aviá-rio, para manejo de pragas e outras utilidades, tare-fa semanal com duração de duas horas;

• retirada de aves mortas e doentes: tarefa diária, comaproximadamente dez minutos de duração;

• carregamento de aves: realizado a cada 14 meses,com um dia de duração;

• coleta de ovos: tarefa diária, realizada oito vezes porjornada de trabalho, com duração aproximada de30 minutos por coleta;

• colocar ração nas caçambas: realizada diariamente,pela manhã, para disponibilizar posteriormente aração nos comedouros;

• outras atividades nas áreas externas do aviário, taiscomo capinagem, seleção de ovos e limpeza.

Nos aviários de corte, as atividades são semelhan-tes, entretanto realiza-se carregamento de aves a cada45 dias além de atividade de vacinação dos animais acada lote. Os aviários têm uma estrutura ao redor de

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1.200m2 , abrigando cerca de 23 aves por m2. Tal pro-porção explica o tempo de permanência em algumasatividades.

METODOLOGIA

Na identificação dos riscos específicos a agentesbiológicos a que estão submetidos os trabalhadoresem aviários, foram eleitas como fontes de pesquisa alegislação brasileira a respeito de riscos biológicos,a cama de aviário como fonte de riscos e as doençasque afetam as aves. Assim, foi obtido:

1. lista de doenças de origem biológica adotada pelaPrevidência Social e pelo Ministério da Saúde;9

2. os componentes da cama de aviário, que pudes-sem veicular agentes biológicos;10

3. lista de doenças infecciosas mais comuns em avesbaseada na literatura veterinária.11

Obtida a lista de agentes biológicos que poderiamser de risco específico em aviários, foram estudadas asdoenças passíveis de serem transmitidas ao homem,através de exposição ao ambiente de trabalho.

Com a lista revisada, foram enquadrados os agen-tes biológicos conforme documento da ComunidadeEuropéia12, que regulamenta a proteção contra os ris-cos relacionados à exposição a agentes biológicos du-rante o trabalho. Esta classificação é a seguinte:

• agente biológico grupo 1: agente pouco provável decausar doença no homem;

• agente biológico grupo 2: pode causar uma doençano homem e pode ser um perigo para o trabalha-dor; é pouco provável que se propague para a cole-tividade. Existe profilaxia e tratamento eficaz;

• agente biológico grupo 3: pode causar uma doen-ça grave no homem, constituindo um sério perigopara os trabalhadores; existe risco de se propagarpara a comunidade, havendo profilaxia e tratamen-to eficaz;

• agente biológico grupo 4: pode causar doença gra-ve no homem, constituindo um sério perigo para ostrabalhadores; há muita probabilidade de se propa-gar para a comunidade. Não existe profilaxia ou trata-mento eficaz.

Devido ao fato de serem extensas as informaçõesreunidas, optou-se por descrever, em relação a cadaagente biológico, somente informações pertinentes aodesempenho das atividades do médico do trabalho,referenciando as mesmas.

As doenças relacionadas com inalação de poeirasorgânicas e contato com micotoxinas não serão ava-liadas no presente estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, serão discutidos os riscos específicos dostrabalhadores de aviários em relação à lista de doen-ças de origem biológica oficial, as doenças que pos-sam estar veiculadas pela cama de aviário e a lista dedoenças infecciosas das aves.

1. Lista de Doenças de Origem Biológicada Previdência Social

No Brasil, as doenças profissionais reconhecidas porlei estão estabelecidas numa lista de doenças do tipomisto, de acordo com a Portaria no 1.339 do Ministé-rio da Saúde, de 18 de novembro de 1999, e com oAnexo II do Decreto no 3.048 do Instituto Nacional deSeguro Social (INSS).9 Sendo uma lista de dupla-en-trada, pode-se optar pela pesquisa a partir do agenteetiológico (lista A) ou a partir das doenças (lista B).

Assim, foi obtida a partir da lista A, as seguintesdoenças: dermatose pápulo-pustulosa e suas compli-cações infecciosas e pneumonite por sensibilidade àpoeira orgânica.

Na lista B, foram obtidos os seguintes agentes: tu-berculose, carbúnculo, brucelose, leptospirose, tétano,psitacose, dengue, febre amarela, hepatites virais, do-ença pelo vírus HIV, dermatofitoses, candidíase, para-coccidioidomicose, malária e leishmaniose cutânea.

Todos estes agentes e doenças foram classificados,em relação ao adoecimento dos trabalhadores e suarelação com o trabalho, de acordo com a propostapor Schilling13, nos seguintes grupos:• Grupo I: Doenças em que o trabalho é causa neces-

sária, tipificadas pelas doenças profissionais e pelasintoxicações agudas;

• Grupo II: Doenças em que o trabalho pode ser umfator de risco contributivo, mas não necessário, exem-plificado por todas as doenças comuns, mais freqüen-tes em determinados grupos ocupacionais, com nexocausal de natureza eminentemente epidemiológica;

• Grupo III: Doenças em que o trabalho é um provoca-dor de um distúrbio latente, ou agravador de doençajá estabelecida, ou seja, concausa, tipificada pelasdoenças alérgicas de pele e respiratórias e distúrbiosmentais, em determinados grupos ocupacionais.

Análise dos agentes que fazem parte da lista B e dosagentes de dermatoses pápulo-pustulosas e sua relaçãocom o trabalho em aviários, escopo do trabalho:

1.1. Tuberculose

Os agentes etiológicos são o Mycobacterium tuber-culosis e o Mycobacterium africanum (tuberculose

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RISCOS BIOLÓGICOS EM AVIÁRIOS

humana da África Tropical), que atacam primariamenteos seres humanos, e o Mycobacterium bovis que aco-mete primariamente o gado, sendo este o principalagente zoonótico. A distribuição geográfica do M. tu-berculosis e M. bovis é mundial, e o M. africanum ocor-re na África, Alemanha e Inglaterra.

O reservatório do M. tuberculosis é o homem, e atuberculose é classificada como Schilling II em traba-lhadores de hospitais que se expõem em contato dire-to com doentes bacteriologicamente positivos bemcomo em trabalhadores de laboratório de biologia emcontato direto com produtos contaminados. O M. bo-vis tem como reservatório o gado e ocorre em paísesonde há o costume do tomar leite sem ferver ou nãopasteurizado, estando em franca diminuição. Ocorreem idosos debilitados, e a via entérica é a de transmis-são mais freqüente e a aerógena pouco freqüente. OM. tuberculosis não é risco específico de aviários, sen-do classificado como agente biológico do grupo 3.

As doenças causadas por outras micobactérias (mi-cobacterioses ou doença micobacteriana não tuber-culosa ou Mycobacterium avium complex) têm comoagente etiológico o M. Avis, patógeno importante paraas aves. No homem, causa uma síndrome clínica as-sociada à presença de imunodeficiência grave, sen-do o maior fator de risco para a disseminação dadoença o nível de disfunção imune. Para Chin14, essainfecção é um problema importante em pessoas in-fectadas pelo HIV e Horsburgh15 refere tratar-se doscasos mais comuns de micobacterioses não tubercu-losas em imunodeprimidos, que as adquirem do meioambiente. A incidência de M. avis nas indústrias é rara,pois ocorre em locais onde as aves ficam alojadas pormuitos anos, o que não acontece na criação em escalaindustrial. A micobacteriose não é uma zoonose e simuma doença comum a homens e animais, que adqui-rem a infecção de fontes ambientais.

Assim, deve ser considerado como risco específicosomente para trabalhadores de aviários com imuno-deficiência, indicando-se, nestes casos, a troca de fun-ção dos mesmos. A M. avis classifica-se como agentebiológico do grupo 2.

1.2. Carbúnculo

O agente etiológico da doença profissional clássicaé o Bacillus anthracis. No Brasil13, a palavra carbúncu-lo é usado por muitos autores para designar a furun-culose multifocal devido a Staphylococcus aureus e,por outros, para a infecção por B. anthracis. Tem sidorelacionado à guerra biológica, é extremamente raro,e ocorre em casos isolados em forma de epidemiasem áreas de terras muito contaminadas. Os reservató-rios são animais herbívoros (bois, ovelhas, cavalos e

porcos). Por sua especificidade, é classificado comoSchilling I em tratadores de animais, pecuaristas, tra-balhadores em matadouros, curtumes, moagens deossos, tosas de ovinos e manipuladores de lã (especial-mente de cabras). Não consta como doença de avesna bibliografia veterinária consultada, portanto não érisco específico de trabalhadores de aviários. Classifi-ca-se como agente biológico do grupo 3.

1.3. Brucelose

Os agentes etiológicos são a Brucella melitensis, B.abortus, B. suis e B. canis. Por sua raridade e especifi-cidade, é classificada como Schilling I. Os reservatóri-os são rebanhos de gado, suínos, cabras e ovelhas, alémde bisões, alces, renas e veados. A B.canis está relacio-nada à exposição do trabalhador em canis e cães delaboratórios. Não consta como doença de aves na lite-ratura veterinária, portanto não é risco específico detrabalhadores de aviários. Classifica-se como agentebiológico do grupo 3.

1.4. Leptospirose

O agente etiológico é a Leptospira interrogans, clas-sificada como Schilling II, quando relacionada a traba-lhadores que exercem atividades em contato diretocom águas sujas ou em locais suscetíveis de serem su-jos por dejetos de animais portadores de germes. Oreservatório principal é o rato, podendo ser encontra-da em suínos, gado, cães, guaxinins, roedores sil-vestres, veados, esquilos, raposas, furões, doninhas,leões-marinhos e sapos. A transmissão ao homem podeocorrer por contato direto com sangue, tecido, urinade animais infectados ou, por via indireta, através docontato com água ou solo contaminado com a urinade animais portadores. Não consta que as aves sejamreservatório de leptospiras, entretanto devemos lem-brar que os aviários são locais com grande trânsito deroedores, podendo contaminar o solo e a água comurina que contenha leptospiras, e, assim, ser de riscoespecífico de aviários. Classifica-se como agente bio-lógico do grupo 2. Relacionado com os roedores, aDivisão de Vigilância de Roedores e Aves de Santa Ca-tarina16 relata a incidência de 50 casos de hantaviroseno estado entre 1.999 e 2004, recomendando medi-das de prevenção e controle dos mesmos, podendoser a hantavirose também de risco específico de aviá-rios, sendo classificado como risco biológico 2.

1.5. Tétano

Doença produzida pelo Clostridium tetani, dis-seminado pelas fezes de eqüinos e outros animais,

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podendo infectar o homem quando os esporos pe-netram em lesões, geralmente do tipo perfurante. Aexposição dá-se em trabalhadores que sofreram aci-dentes de trabalho típico, sendo classificado comoGrupo I de Schilling. Alguns autores atribuem aosanimais o papel de reservatório, mas é mais prová-vel que o agente se origine no solo e a sua presençano intestino seja transitória. O agente foi encontra-do no intestino de eqüinos, bovinos, ovinos, cães,ratos e aves, além do homem. Não é uma zoonosee sim uma doença comum ao homem e animais.Pode ser risco específico de aviários e classsifica-secomo agente de risco biológico 2. A OMS17 observaque, em 1998, morreram 1,6 milhão de pessoas nomundo devido ao sarampo, à difteria e ao tétano,doenças evitáveis pela vacinação, ressaltando, as-sim, o papel do médico do trabalho como promo-tor da saúde do trabalhador.

1.6. Psitacose, Ornitose, Doença dos Tratadores deAves

É uma zoonose causada por exposição ocupacio-nal à Chlamydia psittaci geralmente em trabalhos re-alizados em criadouros de aves ou pássaros, ativida-des de veterinária, zoológicos e laboratórios biológi-cos. Por sua raridade, é classificada como pertencen-te ao Grupo I de Schilling. As clamídias causadorasde doença humana são classificadas em três espé-cies: C. psittaci, C. trachomatis e C. pneumoniae, sen-do a espécie psittaci a responsável pela transmissãoaviar. Os reservatórios principais são as caturritas, osperus, os gansos, os papagaios e os periquitos; menosfreqüentemente os pombos, os canários e os frangos.O homem contrai a doença das aves por via aeróge-na, podendo ser, portanto, de risco específico em avi-ários com aves contaminadas. Moschioni18 enfatiza aexposição a aves como um dado importante na ana-mnese, relativamente ao diagnóstico diferencial daspneumonias comunitárias, que não respondem à an-tibioticoterapia convencional, onde o tratamento pre-coce é fator importante no prognóstico. A classifica-ção de agente biológico é grupo 3.

1.7. Dengue

Doença endêmica ou epidêmica causada por umdos Flavovírus do dengue (família Flaviridae, antiga-mente denominada Togaviridae). Tem sido relaciona-da ao trabalho em pessoas que exercem atividades emzonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública e emlaboratórios de pesquisa. Classificação de Schilling II.Não é risco específico de aviários.

1.8. Febre amarela

Doença febril causada pelo Flavovirus da febreamarela transmitido por mosquito dos gêneros Hae-magogus e Aedes. Pode ocorrer em pessoas que traba-lham ou mantêm contato com as florestas ou, ainda,em atividades de saúde pública e em laboratórios depesquisa. Classificação de Schilling I. Não é risco es-pecífico de aviários.

1.9. Hepatite viral

A doença tem como fonte de infecção principal ohomem e, muito raramente, os macacos, além da con-taminação pela água e por alimentos contaminados.Classificação de Schilling II. Não é risco específico deaviários.

1.10. Doença pelo vírus da imunodeficiênciahumana

Pode ocorrer em situações decorrentes de aciden-tes pérfuro-cortantes com agulhas e outros materiaiscontaminados em trabalhadores de saúde. Classifica-ção de Schilling I. Não é risco específico de aviários.

1.11. Dermatofitoses

Doenças causadas por espécies de fungos dos gê-neros Epidermophyton, Microsporum e Trichopyton. Doponto de vista epidemiológico, distinguem-se três gru-pos, segundo o reservatório: antropofílicos, zoofílicose geofílicos. De interesse para o trabalho, as espécieszoofílicas mais importantes são: Microsporum canis,Trichophyton mentagrophytes e Trichophyton verruco-sum. De interesse restrito às aves, há o M. gallinae,que produz a tinha fávica das galinhas, raramente trans-missível ao homem, sendo a dermatofitose de riscoespecífico encontrada nas aves, classificado como agen-te do grupo biológico 2. Radentz19 relata que M. canise T. mentagrophytes são as mais comumente transmi-tidas por contato com os animais.

1.12. Candidíase

Doença causada por fungos do gênero Candida.A Candida albicans é hóspede normal do homem. Acandidíase aviária é esporádica em aves jovens, sen-do uma infecção do aparelho digestivo superior, ge-ralmente assintomática. A maior parte das infecçõestem origem endógena. No homem, geralmente a can-didíase está associada a outras enfermidades (tuber-culose, sífilis, diabetes, Aids); ao tratamento prolon-gado com citotóxicos, corticosteróides e antibióticos,

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RISCOS BIOLÓGICOS EM AVIÁRIOS

além de exposição prolongada à umidade, como fa-tores predisponentes. Pode ser de risco específico detrabalhadores de aviários, e é classificada como agentede risco 2.

1.13. Paracoccidiodomicose

Micose causada pelo fungo Paracoccidioides brasi-liensis. Tem sido descrita em trabalhadores agrícolas eflorestais em zonas endêmicas (zonas tropical e sub-tropical da América do Sul, no Brasil mais precisamentena zona Centro-oeste e Sudeste). É uma doença co-mum a homens e animais, não se conhecendo casosde transmissão entre homem e animal. O reservatóriopresumível é a terra ou poeira com fungos. Não é ris-co específico em trabalhadores de aviários, e tem clas-sificação de agente biológico do grupo 3.

1.14. Malária

Doença causada pelo Plasmodium sp. A relaçãocom o trabalho tem sido descrita em trabalhadoresde mineração, construção e petróleo que exercematividades em zonas endêmicas, bem como pelatransmissão acidental em material contaminado empessoal da saúde. Não é risco específico de traba-lhadores de aviários, e é de classificação de riscobiológico do grupo 3.

1.15. Leishmaniose cutânea ou Leishmaniosecutâneo-mucosa

Zoonose relacionada ao trabalho em trabalhado-res agrícolas ou florestais em zonas endêmicas e emlaboratórios de pesquisa e análises clínicas. Não é ris-co específico de trabalhadores de aviários, e tem clas-sificação de agente biológico do grupo 3.

Doenças que podem estar vinculadas à camade aviário

Para que se tenha uma visão mais nítida desta variá-vel, será realizada uma breve abordagem a respeito dacama de aviário. Cama de aviário é a cobertura de apro-ximadamente 5 cm do piso do galpão, que utiliza ma-teriais como raspas ou serragem de pinho, eucalipto,madeira de lei, casca de arroz, bagaço de cana, sa-bugo de milho ou palha, podendo ser renovada acada ciclo de produção ou reutilizada a cada quatroa seis lotes de frango (cada lote dura aproximada-mente 40 a 50 dias). A finalidade da mesma é absor-ver umidade, diluir matéria fecal, isolar as aves dopiso e atuar como colchão protetor. Aloja-se entre 22a 30 aves/m2 de aviário.

A biota da cama é uma combinação de materialcom fezes e água (urina). A umidade da cama, inde-pendente do tipo de material, é o principal fator de-terminante para o aumento da proliferação microbia-na e aumento de temperatura com fermentação e li-beração de gases como nitritos, nitratos, amônia e sulfa-to de hidrogênio. O equilíbrio dinâmico dos microor-ganismos aéreos depende da intensidade e taxa deeliminação dos mesmos, determinado pela idade e pelasaúde dos animais, pelo tipo de disposição do esterco,pela viabilidade e infectividade dos microorganismos,pela diluição, pela ventilação e pelo efeito da sedi-mentação. Na cama de aviário, pode ser encontradoo equivalente à flora bacteriana intestinal das aves,acrescido de patógenos eventuais.

A cama deve ter uma taxa de umidade que nãogere poeira em excesso, nem fique muito úmida, comexcesso de proliferação de microorganismos. Umacama com 21,9% de umidade não apresenta Salmo-nella, Escherichia coli, Listeria, Campylobacter ou Sta-phylococcus toxigênicos.

A serragem úmida ou a presença de resíduos degrãos (milho, amendoim e arroz) é de elevado riscopara a presença de esporos e conídeos de fungos pa-togênicos e micotoxinas, e são praticamente impos-síveis de ser eliminados. Ácaros, piolhos, carrapatose outros insetos podem ser veiculados por materiaisda cama.

Microbiologia da cama aviária: pela análise detec-taram-se 31 gêneros distintos de bactéria na cama, com82% predominando bactérias gram-positivas, princi-palmente Lactobacillus sp e Salinococcus sp e algunsClostridium sp, Staphylococcus sp e Bordetella sp.

2. Os agentes a seguir foram encontrados na análi-se da cama do aviário:

2.1. Mucormicoses

A etiologia deve-se aos gêneros Mucor, Rhizopus,Absidia, Rhizomucor e Cunnighamella. No homem,existem formas clínicas rinocerebral, pulmonar, gas-trointestinal, disseminada e cutânea, ocorrendo empacientes debilitados. A fonte de infecção mais co-mum é por inalação, existindo ainda infecção por ino-culação e ingestão. A infecção não se transmite de in-divíduo a indivíduo, sendo adquirida pelo contato como meio ambiente. Pode ser risco específico de aviá-rios. Não se encontram na classificação de risco deagentes biológicos da CEE.

2.2. Estafilococose

O agente etiológico é a toxina produzida pelo Sta-phyococcus aureus coagulase positivo. Nas aves, o S.

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aureus pode causar de piodermites a septicemias comdiferentes localizações iniciais (salpingite e artrite). Ohomem é o reservatório na maioria dos casos, ocasio-nalmente pode ser encontrado em úberes de vacasinfectadas, bem como nos cães. A infecção cutâneatem como modo de transmissão principal o contatopelas mãos, sendo rara a disseminação pelo ar, somentedemonstrada em lactentes de berçário. A intoxicaçãoalimentar é através da ingestão de alimentos conten-do enterotoxina estafilocócica, principalmente alimen-tos sem cozimento, refrigerados inadequadamente,presunto e salame inadequadamente curados e quei-jos inadequadamente processados. Do ponto de vistaepidemiológico, a infecção alimentar se manifesta emsurtos acometendo várias pessoas usuárias do mesmoalimento. Pode ser risco específico de trabalhadoresde aviários, sendo classificada como agente biológicodo grupo 2.

2.3. Estreptococose

A zoonose causada pelo Streptococcus suis, soroti-po 2, tem interesse especial, devido à comprovadatransmissão do porco ao homem, embora pouco fre-qüente. Os principais causadores de doenças no ho-mem são os Streptococcus do grupo A (beta-hemolíti-cos), sendo o principal reservatório o homem, que podecontaminar outras pessoas através da manipulação oudo contato direto. Os animais não atuam como hós-pedes de manutenção do S. pyogenes, mas, às vezes,podem ser infectados pelo homem e retransmitir peloleite contaminado, no caso dos bovinos. Pode ser ris-co específico da cama de aviários, pertencente ao gru-po de risco biológico 2.

2.4. Yersiniose

É importante diferenciar a yersiniose abaixo citada,da peste bubônica, causada pela Yersinia pestis, endê-mica no Nordeste do Brasil e região andina, cujo reser-vatório são roedores selvagens (especialmente esquilos),coelhos, lebres e carnívoros selvagens. Existem dois ti-pos de zoonoses causadas pela Yersinia. A yersinioseenterocolítica (Yersinia enterocolitica) e a yersiniose pseu-dotuberculosa (Yersinia pseudotuberculosis).

A yersiniose enterocolítica tem como fonte de trans-missão os porcos, sendo a faringe de suínos a fontemais importante de infecções, causando uma gastro-enterite e linfadenite mesentérica no homem. Outrasespécies de aves e mamíferos, particularmente roedo-res, são fontes de disseminação. A transmissão fecal-oral ocorre por ingestão de alimentos contaminadosou contato com pessoas ou animais infectados.

A yersiniose pseudotuberculosa (ou extra-intesti-nal) causa uma adenite mesentérica no homem, e osmamíferos silvestres, roedores e aves silvestres consti-tuem o reservatório, ocorrendo a contaminação do tipofecal-oral. Pode ser de risco específico de aviários, porser um patógeno eventual veiculado pelo material dacama de aviário. Classifica-se como agente biológicodo grupo 2.

2.5. Campylobacteriose

O Campylobacter jejuni é a causa mais comum degastroenterite no homem. O reservatório são as aves eos mamíferos. Entre 30% a 100% das galinhas, perus eaves aquáticas podem apresentar infecção assintomá-tica do trato intestinal. A transmissão ocorre por viaorofecal, pela ingestão de alimentos contaminados oupelo contato com animais infectados. É risco específi-co de aviários, pertencente ao grupo biológico 2.

2.6. Criptosporidiose

O parasita Cryptosporidium parvum é o único queafeta o homem, sendo responsável por uma infecçãoparasitária de importância médica e veterinária. Se-gundo o Center for Disease Control and Prevention(CDC)20, o C. parvum causa uma doença diarréica decurta duração, podendo ser adquirida pelo homempela ingestão acidental de algum alimento ou águacontaminada. O reservatório são os seres humanos,gado, eqüinos, suínos e roedores. Foi reconhecidocomo patógeno importante em pacientes imunode-primidos, já que, em indivíduos imunologicamentesãos, a doença pode ser assintomática ou causar umaleve diarréia. Atualmente, vem sendo reconhecidocomo um dos patógenos entéricos mais comuns, cau-sando diarréia e outras patologias biliares. As fontesde infecção são outras pessoas ou bovinos infectados.Acha21 relata que as aves são raramente afetadas pelasespécies que infectam os mamíferos. Pode ser, no en-tanto, risco específico de aviários, pertencente ao gru-po de risco biológico 2.

2.7. Vírus da influenza aviária

É causada pelo ortomixovírus que no frango podelevar desde uma laringotraqueíte a uma hemorragiasubcutânea; não acomete comumente humanos. Emjaneiro de 2004, foi isolado o subtipo H5N1 no Nortedo Vietnã, responsável pela atual epidemia sazonal. Ainfluenza humana é causada por três tipos: A, B e C eas vacinas humanas, de acordo com o Ministério daSaúde22, não oferecem proteção contra o FLU A/H5N1.A infecção dá-se a partir da inalação ou ingestão do

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RISCOS BIOLÓGICOS EM AVIÁRIOS

vírus presente nas fezes e secreções das aves infecta-das. A doença é exótica no Brasil, não tendo sido iden-tificada ainda no país. Não é risco específico, portan-to, em trabalhadores de aviários no país.

2.8. Bouba aviária (poxvírus)

O principal vírus do grupo dos poxvírus foi o agen-te da varíola, em extinção. O Orf humano (ectimacontagioso) é causado por um poxvírus transmitido porcabras e ovelhas, sem relação com o aviário. Deve-seainda distinguir da bouba humana causada pelo Tre-ponema pertenue, treponematose crônica não vené-rea que ocorre principalmente em crianças.

2.9. Listeriose

Doença causada pelo gênero Listeria, que possuisete espécies, destas, somente duas têm interesse hu-mano e animal: a L. monocytogenes e L. ivanovii. Adistribuição da bactéria é mundial, ocorrendo no solo,na vegetação e no intestino dos animais e do homem.No homem, tem baixa incidência, mas alta letalidade,ocorrendo mais em pessoas idosas e recém-nascidos,provocando uma meningoencefalite nos adultos. Nosanimais, provoca uma septicemia com lesão cardíaca.Acha21 relata que, com o uso de antibiótico nas ra-ções, houve importante redução dos casos de listerio-se aviária, havendo casos indiscutíveis de transmissãodireta de animais ao homem e também via fecal-oral.É classificada como agente biológico do grupo 2.

2.10. Escherichia coli, Chlostridium perfringens,Pasteurella multocida, Erisiphelotrix rhusiopatie,Salmonella sp, coronavírus, herpesvírus,paramixovírus, Aspergillus sp e Candida sp

Também foram encontrados na cama de aviário eestão analisadas no texto.

3. Doenças mais freqüentes nas aves, baseada nalistagem da Mississipi State University:

O Departamento de Ciência Aviária da MississipiState University, lista, por agente causador, as doençasmais freqüentes das aves. As mesmas foram estudadaspara avaliar o potencial de poder ocasionar uma zoo-nose nos trabalhadores de aviários.

3.1. Botulismo

Doença causada pela ingestão de uma toxina pro-duzida pelo Clostridium botulinum. Todas as aves do-

mésticas e pássaros são suscetíveis aos efeitos da toxi-na. Os humanos podem adoecer pelo consumo deágua e comida contaminadas. O C. botulinum é co-mum na natureza e extensamente dispersado no solo,sendo este a fonte de infecção. A ingestão do mesmonão é perigosa, mas torna-se quando as condições sãofavoráveis ao seu crescimento com a subseqüente for-mação de toxina (ambientes úmidos, com alta tempe-ratura e com decomposição de material orgânico). OC. botulinum necessita de ambientes sem oxigenaçãopara proliferar. O botulismo classifica-se em três tipos:o alimentar (transmitido pela ingestão de alimentoscontaminados); o de ferimentos (ocorre pela contami-nação de uma ferida) e o intestinal (ou do lactente,transmitido pela ingestão de esporos na comida oupoeiras). Nos EUA ocorrem ao redor de 110 casos debotulismo ao ano, sendo 75% o do lactente e 24% oalimentar, tendo o hemisfério norte a maior freqüên-cia da doença. Cecchini23 relata um caso de infecçãovia conjuntival, por aerossol, em acidente laboratorial,com evolução letal em poucas horas. O botulismo dasaves ocorre em todo o mundo, principalmente nas sil-vestres, podendo incidir em galinhas domésticas, sen-do o sorotipo aviário de tipo C. Para Acha24, o botulis-mo alimentar no homem deve-se aos sorotipos A, B eE, não sendo confirmados por sorotipo C. Bartlett25

refere que o botulismo das feridas também ocorre pelastoxinas A e B, não sendo demonstrada ainda a relaçãoepidemiológica entre botulismo animal e humano.Assim, botulismo por sorotipo C não é risco específicoem aviários, entretanto poderia ser os do sorotipo A, Be E. Pertencem ao grupo 2.

3.2. Colibaciloses

O agente etiológico é a Escherichia coli da famíliaEnterobactericiae, que é um componente normal daflora bacteriana do intestino grosso dos animais ho-meotérmicos, inclusive humanos. As cepas patógenasse agrupam em cinco categorias: (a) enterohemorrági-ca, (b) enterotoxígena (diarréia dos viajantes), (c) ente-roinvasora, (d) enteropatógena e (e) enteroagregativa.Avaliando-se zoonoses, a enterohemorrágica é a maisimportante e a mais severa. A forma enterohemorrági-ca ocorre pela contaminação da carne bovina e para oCDC26 o sorotipo 0157:H7 é o que mais comumentecausa infecção no homem, sendo o reservatório destaespécie o gado e o próprio homem. As formas entero-toxígena e enteroinvasora têm como fonte de infec-ção o homem. A forma enteropatogênica tem comofonte as fórmulas lácteas e encontra-se virtualmenteconfinada a lactentes. O outro sorotipo tem comoreservatório o homem. As aves podem ter epidemias

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de colibaciloses, produzindo enfermidades sépticas,salpingite e pericardite nas mesmas. Os animais comdiarréia constituem a principal fonte de infecção hu-mana, via fecal-oral. Existem várias cepas de E. coli nointestino das aves, sendo microorganismos comuns nomeio ambiente das mesmas. Pode ser risco específicode trabalhadores de aviários, e tem classificação derisco biológico do grupo 2.

3.3. Enterite necrótica

É uma enterite aviária causada pelo Clostridiumperfringens. Estes bacilos são altamente distribuídos nanatureza, no solo e no trato intestinal da maioria dosanimais, incluindo o homem. Pode ocasionar uma in-toxicação alimentar leve, de curta duração, decorren-te da toxina elaborada pelos organismos. Existem cin-co tipos toxigênicos de Clostridium, nomeados de A aE, sendo a variedade humana a do tipo A e a das aves,do tipo C. O modo de contaminação é pela ingestãode alimentos contaminados ou mantidos sob condi-ções inadequadas. Pode ocorrer ainda a infecção clos-tridiana de feridas, provocando a gangrena gasosa,sendo uma infecção comum ao homem e animais enão uma zoonose. O Clostridium septicum é o princi-pal agente infeccioso nos animais, causando o chama-do edema maligno, que ocorre mais em bovinos, sen-do raro em aves. Nos homens, a infecção de feridasocorre pelo C. perfringens, tipo A. Pode ser risco espe-cífico de aves ou pode ser um patógeno eventual dacama de aviário, grupo 2.

3.4. Enterite ulcerativa

É uma infecção de aves e de perus causada peloClostridium colinum. Não existe referência como pa-tógeno humano.

3.5. Erisipela animal e erisipelóide humana

Doença ocasionada pela Erysipelotrix rhusiopathi-ae, uma bactéria encontrada em vários tipos de aves,incluindo frangos e patos, mas particularmente impor-tante nos perus. Nos animais, destaca-se a erisipelaporcina, sendo baixa a incidência no Brasil. No ho-mem, ocasiona o erisipelóide, lesão localizada predo-minantemente nas mãos e nos dedos que deve serdiferenciado da erisipela causada pelo Streptococcushemolítico. O homem pode contrair a doença de avesinfectadas. Nas aves, causa uma síndrome septicêmi-ca. No homem, a infecção dá-se pelo contato diretocom a carne contaminada e produtos animais. Classi-

fica-se como agente biológico grupo 2, de risco espe-cífico de trabalhadores de aviários.

3.6. Cólera aviária (pasteurelose)

É uma doença diarréica de aves causada pela Pas-teurella multicida. Esta se apresenta comumente emespécies domésticas e silvestres de mamíferos e aves,podendo causar uma infecção associada à mordidade animais, e este microorganismo é encontrado notrato respiratório e na orofaringe de cães, gatos e ou-tros animais saudáveis. A infecção humana é usual-mente secundária à mordida de animal (80% dos ca-sos), originando uma celulite. A doença respiratóriaocorre em idosos deprimidos. A cólera aviária é umadoença em diminuição devido à melhoria de manejodas aves em aviários. Ocorre raramente no homem.Doença de risco específico de aviários, classificada nogrupo de risco biológico 2.

3.7. Tifo aviário e pullorum

O tifo é uma doença diarréica de aves causada pelaSalmonella galinarum, já o pullorum é uma doençarespiratória causada pela Salmonella pullorum. Estessorotipos são adaptados para as aves, e são pouco pa-togênicos para os homens. Atualmente, existe umanova nomenclatura para a Salmonella, baseada noparentesco do DNA, existindo somente duas espéci-es reconhecidas – Salmonella bongori e Salmonellaenterica. Numerosos sorotipos de Salmonella são pa-togênicos para os homens e animais. Os patógenoshumanos seriam a S. enterica, sorovar typhi, sorovarparatyphi A e sorovar paratyphi C, sendo o homem oúnico reservatório natural da typhi e paratyphi. A S.paratyphi pode ser encontrada, embora mais raramen-te, em outros animais, como as aves. Geralmente, aspessoas se infectam através de alimentos contamina-dos. Entretanto, os animais também podem ter salmo-nelose e eventualmente contaminar as pessoas, se asmesmas não observarem os procedimentos higiênicos.Os reservatórios animais são frangos, suínos, gado, ro-edores, iguanas e tartarugas. Fiorentin27 analisa a di-minuição da S. galinarum e S. pullorum pelo manejoadequado das aves que teria levado, por exclusão com-petitiva, a S. enterica a ocupar seu lugar. Pode ser riscoespecífico em trabalhadores de aviários, classificadacom o risco biológico do grupo 2.

3.8. Coriza infecciosa

É uma doença respiratória específica de aves cau-sada pelo Haemophilus gallinarum. Não referenciadacomo patógeno humano.

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RISCOS BIOLÓGICOS EM AVIÁRIOS

3.9. Micoplasma

Doença respiratória aviária causada pelo Mycoplas-ma gallisepticum, Mycoplasma meleagridis e Mycoplas-ma synoviae. Koneman28 relata um caso de infecçãopor espécie de micoplasma de origem animal (M. argi-nini) em um paciente idoso, portador de linfoma, emuso de prednisona. No homem, 10% das pneumoniassão causadas pelo Mycoplasma pneumoniae.

3.10. Onfalite

Doença inflamatória do umbigo de aves causada porStaphyilococcus sp ou Streptococcus sp, já estudados.

3.11. Varicela aviária

Doença viral aviária que acomete a pele das aves,causada pelo Avipox sp, vírus da família Poxviridae,sem interesse humano. A patologia humana é causadapelo varicela-zoster.

3.12. Bronquite infecciosa

Doença respiratória de aves causada por um vírusda família Coronavírus. Os tipos de interesse humanosão o HCV sorotipo OC43 (resfriado) e o vírus entéri-co humano, HECV (diarréia). Para a Agência de SaúdePública do Canadá29, o modo de transmissão da viro-se é através da inalação de aerossóis, não havendozoonose conhecida.

3.13. Doença infecciosa da bursa (Gumboro)

Doença respiratória viral causada pelo avibirnaví-rus, sem interesse humano.

3.14. Leucose linfóide

Doença virótica tumoral de aves, causada por umvírus da família Retroviridae. Na década de 1970 foramencontrados dois vírus causadores de linfoma linfocíti-co em humanos, os quais foram denominados HTLV-1e HTLV-2. Este grupo ficou famoso com a identificaçãode um terceiro vírus causador da Aids em 1983. Aindanão foi evidenciada a infecção entre espécies.

3.15. Doença de Marek (herpesvírus)

Doença que causa uma bronquite infecciosa e umaleucose visceral que afeta somente aves. Não é riscoespecífico de aviários.

3.16. Doença de Newcastle

Doença viral causadora de distúrbios respiratóriosde severidade variável em frangos e perus, cujo agen-

te etiológico é o paramixovírus de aves. No homem, éuma enfermidade pouco freqüente, podendo causarconjuntivite, com raras reações sistêmicas. Pode serrisco específico de aviários, classificação de risco bio-lógico do grupo 2.

3.17. Aspergilose

Doença causada pelo Aspergillus fumigatus e, oca-sionalmente, pelo A. flavus, A. nidulans, A. niger e A.terreus. É transmitida por inalação dos conídeos, esta-belecendo-se em pacientes debilitados (diabetes, cân-cer, Aids), podendo causar uma infecção respiratória,ou uma aspergilose pulmonar alérgica em pacientesatópicos. A infecção não se transmite de um indivíduoa outro, sendo o solo a fonte de infecção. Encontram-se presentes em várias partes do meio ambiente, nosolo, em plantas em decomposição, poeiras, materiaisde construção, plantas ornamentais, água e comida.Pode ocorrer aspergilose em frangos, com acometi-mento pulmonar e lesões de pele. Pode ser risco espe-cífico de trabalhadores de aviários e classifica-se comorisco biológico do grupo 2.

3.18. Black Head (Histomoníase)

É uma enterohepatite infecciosa de aves causadapela Histomona meleagridis. Sem interesse humano.

3.19. Coccidiose

Trata-se de uma das mais importantes doenças deaves, causada por um protozoário da espécie Eimeriaque provoca uma enterite nas aves. Sem interessehumano.

3.20. Hexamitíase (Enterite infecciosa catarral)

Doença causada pela Hexamita meleagridis, queprovoca uma diarréia que ataca principalmente peruse patos. Sem interesse humano.

3.21. Ascaridíase

Nas aves, é causado pela Ascaridia galli, sem inte-resse humano.

3.22. Capilária

É uma verminose causada pela Capillaria annulata,sem interesse humano.

3.23. Verminose cecal

É uma verminose provocada pelo Heterakis gali-nae, sem interesse humano.

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3.24. Ácaros

O agente é a Trombiculla splendens; pode atacar ohomem, mas não se reproduz nele.

3.25. Gapeworm

É uma doença respiratória da traquéia das aves, cau-sada pela Syngamus trachea, sem interesse humano.

3.26. Piolho aviário

É causada pela Cuclogaster heterographa, Mena-canthus stramineus e Menopon gallinae, sem interessehumano.

3.27. Outros ácaros

Provocados pelos Knemidocoptes mutans e Kne-midocoptes levis, sem interesse humano.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A probabilidade de transmissão de zoonoses é in-fluenciada por diversos fatores, tais como: tempo emque o animal está infectado, tempo de incubação, es-tabilidade do agente ao se expor ao ambiente, densi-dade da população de colônias, manejo dos animais,virulência e via de transmissão.30

A biossegurança dos plantéis é um assunto levadoa sério pelas grandes empresas, no controle de enfer-midades. Ferreira31 ressalta a importância do isolamen-to das instalações; cuidados de manejo sanitário, comonoções de higiene; desinfecção dos ovos para elimi-nação de microorganismos na casca; fumegação; tra-tamento de insetos e roedores; cuidados com a água;manejo da cama do aviário; vacinação de acordo com

o desafio sanitário da região e monitoramento soroló-gico, na competitividade das empresas. Entretanto,existem pequenos produtores que certamente nãoseguem estes preceitos, estando mais sujeitos a taisdoenças.

Concluindo, os agentes que podem ser de riscoespecífico para trabalhadores em aviários são:• Constantes da Lista de Doenças Profissionais da Pre-

vidência Social: leptospirose, tétano psitacose cau-sada pela C. psitacci, dermatofitose causada pelo T.gallinarum e a candidíase.

• Encontrados nos componentes da cama de aviário:mucormicose, S. aureus, estreptococose, yersiniosepseudotuberculosa, listeriose, campilobacteriose ecryptosporidiose.

• Zoonoses das aves que podem afetar o homem:colibacilose, Clostridium perfringens, Pasteurellamultocida, Erisipelotrix rhusopatiae, Salmonella sp,Doença de Newcastle e aspergilose.

Todos estes agentes são classificados como riscobiológico do grupo 2, exceto a C. psitacci, classificadacomo agente biológico do grupo 3. Esta classificaçãodos agentes biológicos permite uma melhor visão re-ferente à prevenção das doenças pelos riscos citados.

Avaliados e identificados os riscos potenciais, tor-na-se fácil o papel do médico do trabalho que, junta-mente com o veterinário e zootecnologista, pode im-plementar medidas higiênicas para controle dos mes-mos, sempre privilegiando a fonte de contaminação,agregando ao Programa de Controle Médico de Saú-de Ocupacional (PCMSO) um programa de vigilânciaà saúde, com procedimentos operacionais normatiza-dos, treinamento dos empregados, inspeção e cum-primento das normas de segurança, além de controlesambientais e cuidados em relação a equipamentos deproteção.

SUMMARY

Biological Risks in AviariesObjective: The authors aim to identify the biological hazards for aviary workers, in order to better preparethe medical personnel who deal in such field. The main objective is to identify the most prevalent biologicalagents, allowing preventive measures to be implemented and establishing links that could explain the etiol-ogy of infectious diseases. By doing so, improve the worker’s safety profile. Methods: From the official SocialSecurity list of diseases related to biological agents, the authors analyzed each one that could cause illness inaviary workers with specific risks. They also searched for possible components of the aviary liter that couldlead the zoonosis. Furthermore, the most common aviary diseases were studied. Results: The diseases wereclassified according to their infective risk, following the European Economic Community guidelines. Conclu-sions: From the collected information, important measures are outlined to improve daily practice for thehealth care professionals and the workers in this field.”

Keywords: Occupational Health; Biological Agents; Aviary.

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