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Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul PACS é liberado parcialmente Páginas 4 e 5 "A população pobre merece e tem direito de receber atendimento adequado e digno, mesmo que para isso o Cremers tenha que tomar medidas drásticas como a que foi adotada no PACS." Hospitais filantrópicos e médicos podem parar no dia 27 de agosto Hospitais filantrópicos e médicos podem parar no dia 27 de agosto Cremers se manifesta contrário a que enfermeiros prescrevam medicamentos e solicitem exames Página 7 Páginas central e 12 Dr. Marco Antônio Becker Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul - Ano V / N o 43 / Julho 2007 Informativo Avenida Princesa Isabel, 921 Porto Alegre/RS 90620-001

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Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul

PACS é liberadoparcialmente

Páginas 4 e 5

"A população pobre merece e tem direito de receber atendimento adequado e digno, mesmo que para isso o Cremers tenha que tomar medidas drásticas como a que foi adotada no PACS."

Hospitais filantrópicose médicos podem pararno dia 27 de agosto

Hospitais filantrópicose médicos podem pararno dia 27 de agosto

Cremers se manifesta contrário a que enfermeiros prescrevam medicamentos e solicitem exames Página 7

Páginas central e 12

Dr. Marco Antônio Becker

Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul - Ano V / No 43 / Julho 2007

Informativo

Avenida Princesa Isabel, 921Porto Alegre/RS

90620-001

Presidente: Marco Antônio BeckerVice-presidente: Cláudio Balduíno Souto Franzen

1º Secretário: Fernando Weber da Silva Matos 2º Secretário: Ismael Maguilnik

Tesoureiro: Isaias Levy Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier

Conselheiros

Antônio Celso Koehler Ayub | Carlos Antônio Mascia GottschallCéo Paranhos de Lima | Cláudio Balduíno Souto Franzen

Ercio Amaro de Oliveira Filho | Fernando Weber da Silva Matos Flávio José Mombrú Job | Isaias Levy | Ismael Maguilnik

Ivan de Mello Chemale | João Pedro Escobar Marques PereiraJoaquim José Xavier | José de Jesus Peixoto Camargo

José Pio Rodrigues Furtado | Luiz Augusto PereiraMarco Antônio Becker | Marineide Gonçalves de Melo

Martinho Alexandre Reis Álvares da Silva Newton Monteiro de Barros | Régis de Freitas Porto Rogério Wolf de Aguiar | Alberi Nascimento Grando

Cláudio André Klein | Cléber Ribeiro Álvares da Silva Douglas Pedroso | Enio Rotta | Euclides Viríssimo Santos Pires

Fernando Antônio Lucchese | Geraldo Druck Sant’Anna Ibrahim El Ammar | Iseu Milman | Izaias Ortiz Pinto

Jefferson Pedro Piva | José Pedro LaudaLuciano Bauer Gröhs | Magno José Spadari

Marco Antônio Oliveira de Azevedo Maria Lúcia da Rocha Oppermann

Mário Antônio Fedrizzi | Moacir Assein ArúsSilvio Pereira Coelho | Tomaz Barbosa Isolan

O Informativo Cremers é uma publicação doConselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul

Av. Princesa Isabel, 921 CEP 90620-001 – Porto Alegre/RSFone (51) 3219.7544 Fax (51) 3217.1968

E-mail: [email protected] – www.cremers.com.br

Conselho Editorial

Marco Antônio Becker, Cláudio Balduíno Souto Franzen,Fernando Weber da Silva Matos, Ismael Maguilnik e Isaias Levy

Redação: W/COMM Comunicação Jornalista Responsável: Ilgo Wink – Mat. 2556

Repórter: Viviane Schwäger – Reg. 10233Revisão: Raul Rubenich

Estagiário: Luis Felipe dos SantosFotos: W/COMM Comunicação

Projeto e Produção Gráfica

Stampa DesignDireção: Eliane Casassola

Editoração: Thiago PinheiroCTI: Ana Paula Almeida

Ilustrações: Leandro Camiña(51) 3023.4866 [email protected]

www.stampadesign.com.br

Tiragem: 30.000 exemplares

A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a ela enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Maté rias as sinadas não expressam necessariamente a opinião da Diretoria do Cremers. O conteúdo do Informativo Cremers po de ser reproduzido, desde que mencionados o autor e a fonte.

Informativo

Dentro do convênio entre Cre-mers e Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, será

realizada a partir do dia 14 de agosto a segunda edição do Curso de Ética Mé-dica e Bioética para médicos residen-tes do HPS. Nesse dia, das 17h30 às 19h, o presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, dará a aula inaugural

abordando o tema Morte – Aspectos Controversos, dando ênfase para a de-finição de morte encefálica e o uso de órgãos de recém-nascidos encefálicos em transplantes.

O curso é coordenado pelo Dr. Mar-co Antônio Oliveira de Azevedo, Con-selheiro e membro da Câmara Técnica do Cremers.

No dia 21 de julho, a UNICRED Vale do Sinos comemorou dez anos de fundação com um

evento no NH Hall de Novo Hambur-go. O presidente do Cremers Marco Antônio Becker foi homenageado no evento, recebendo uma placa de prata por ser um dos fundadores da coo-perativa médica. A Unicred começou com 21 cooperados e um capital inicial de 4 mil reais. Hoje conta com 1000 cooperados e uma receita de 3 mi-lhões de reais. Durante os dez anos de existência, a Unicred economizou mais de 15 milhões de reais para os coope-

rados e se tornou uma alternativa ao sistema bancário.

Confira a lista dos demais médicos homenageados:

Paulo Luiz Rech, Gilson da Silva Kern, Cesar Vianna, Hélio Rist Dias, João Gebran Cury, Walter Kich, Carlos Danton Seixas e Keil, Suzana Ambros Pereira, Júlio César Ibarra, Ricardo Dionísio Beuren, Rubens Castelan, Re-nato Brufatto Machado, Jorge Roberto Azambuja Santos, Paulo Roberto Lu-chesi Soares, André Kruse, Edivaldo Córdova, Roberto Neves Berwanger e Sérgio Dudzig.

Unicred Vale do Sinos homenageia fundadores

Curso de Ética e Bioética para os médicos

residentes do HPS

Cada um

dos médicos

homenageados

recebeu uma

placa de prata

2JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Notas

NotasCremers: ações com resultados concretos

A"Estamos

aceitando o

nivelamento por

baixo com uma

passividade que

dá a impressão

de que está

bem assim.

Precisamos

reagir

imediatamente,

ou será tarde

demais."Dr. Marco Antônio Becker

Presidente do Cremers

Falta capacidade de indignação

inda sob o impacto da tragédia que ceifou 199 preciosas vidas em Congonhas, especialistas bus-cam encontrar as causas do aci-dente. São várias as hipóteses, mas todas elas levam a um só caminho: a sufocante sensação de que estamos nos acostuman-do a conviver com menos que o mínimo. Estamos aceitando o nivelamento por baixo com uma passividade que dá a impressão de que está bem assim.

Aceitamos que os vôos atra-sem horas e horas, que baga-gens sejam extraviadas e até já nos programamos para isso - pior, estamos começando a nos surpreender quando o vôo sai no horário previsto. Não reagimos quando a nova pis-ta de pouso do aeroporto de Congonhas foi liberada às pres-sas, sem as tais ranhuras que podem evitar deslizamento de aeronaves.

Calamos quando a Varig foi definhando sem que o gover-no se esforçasse para salvá-la, apesar da dívida na casa dos R$ 5 bilhões que tem com a em-presa. Perdemos a nossa única empresa aérea com prestígio em todo mundo, pela quali-

dade do serviço, segurança de vôo, treinamento exaustivo de pilotos e rigor na manutenção. A Varig era motivo de orgulho para todos nós. Mas isso era quando ainda buscávamos a excelência.

Hoje convivemos, pratica-mente sem esboçar reação, sem um gesto de protesto ou um tom de voz mais elevado, com a precariedade nos serviços es-senciais. Na saúde, vemos cair, a cada ano, a qualidade. Quem pode, arca com mais uma des-pesa para receber atendimen-to digno e que deveria ser um direito de todos: paga um plano privado.

O governo não destina os recursos necessários ao setor - tem outras prioridades -, nem concorda em repassar na ínte-gra os valores arrecadados com a CPMF, que deveria ser um plus e sua obrigação - legal, moral e ética. Hospitais e médicos tra-balham com valores defasados há anos, enquanto a população vê a cada dia a deterioração de um sistema de saúde que ainda tem tudo para dar certo.

Estamos aceitando o míni-mo, quase uma esmola. Preci-

samos reagir imediatamente, ou será tarde demais.

Quando do episódio da interdição do Posto da Cru-zeiro do Sul, fui interpelado por alguns moradores daquela área. Pessoas humildes. Que-riam que o Cremers levantasse de imediato a interdição ética, apesar de o PACS naquele mo-mento ainda não apresentar as condições mínimas para uma medicina digna, sem expor os pacientes a riscos. “Doutor, nós levamos o senhor pela vila, para ver a nossa pobreza. O Postão tem problemas, mas nós precisamos dele funcionando de qualquer jeito, é o que nos resta”, ponderou uma senhora.

Nunca esqueci o olhar da-quela cidadã, uma pessoa sim-ples, consciente de que pode-ria ter um atendimento melhor, mas que aceita o que lhe é proposto, sem reagir. Mais ou menos assim como toda a so-ciedade brasileira diante da corrupção, da impunidade e de vidas interrompidas em tragé-dias anunciadas.

3JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Editorial

EditorialCremers: ações com resultados concretos

Em reuniões realizadas nos dias 18 e 19 de julho, no Cremers, o secretário

Estadual da Saúde, Osmar Terra, debateu com representantes das entidades médicas e hospitalares a crise dos hospitais filantrópi-cos gaúchos com representantes do Movimento Mais Saúde para os Hospitais.

Um dos temas debatidos foi a questão da contratualização. Pela atual proposta do governo federal, o hospital recebe a to-talidade da verba e repassa um percentual aos médicos, o que contraria o interesse dos profis-sionais prestadores de serviço.

Segundo o secretário da Saúde, o Rio Grande do Sul tem foro pri-vilegiado nessa discussão junto ao Ministério da Saúde, que poderá ser sensível ao pleito do Cremers, Amrigs e da área sindical, que reivindicam um repasse de recur-sos específico aos médicos. “Essa posição privilegiada do Estado se deve ao fato de que 70% do aten-dimento ao SUS aqui é feito pelos hospitais filantrópicos, enquanto em outros estados esse percentual é muito inferior”, justificou o se-cretário gaúcho, que tem se empe-nhado em resolver o problema.

A proposta de Terra prevê a destinação de R$ 8 milhões a fun-do perdido para os hospitais em pior situação e um reajuste inicial

de 17% (para o próximo ano 18%) até o final do ano para a verba dos hospitais – assumindo-se que seja adotada a Contratualização. Neste caso, excepcionalmente no Estado, os médicos receberiam os honorários diretamente do SUS, e não através dos hospitais. A pro-posta foi apresentada à diretoria do Cremers, assim como aos pre-sidentes da Federação das Santas Casas, Francisco Ferrer, e do Sin-dicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, Julio de Matos (representantes do Movimento Mais Saúde para os Hospitais), além de Alfredo Cantalice Neto, diretor da Amrigs, e de dirigentes dos sindicatos médicos, Paulo de Argollo Men-des, Maria Rita de Assis Brasil e Marlonei Silveira dos Santos.

ParalisaçãoA preocupação do Cremers e

demais entidades gira em torno da promessa de paralisação de

todos os hospitais filantrópicos do Estado no dia 27 de agosto. O fechamento total das instituições nesse dia configura uma forma

Contratualização e SUS unem as e hospitais filantrópicos

O presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, diz que a “preocupação do sindicato é que o fechamento de hospitais resulta em redução do mercado de trabalho para os médicos e em prejuízo à população, que ficará com mais dificuldade de atendimento. E isso também preocupa o mé-dico, que tem interesse em prestar uma boa assistência na área da saúde pública”.

O dirigente salienta que o movimento dos hospitais filan-trópicos não pode esquecer que os médicos também sofrem com o arrocho, “inclusive há mais tempo”, enfatiza. Argollo acrescenta que “a solução para o problema deve ser encon-trada em conjunto, por médicos e hospitais”.

Cremers foi sede, nos dias 18 e 19 de julho, de reuniões com o secretário Dr. Osmar Terra (C) e

representantes do movimento Mais Saúde para os Hospitais

Simers: solução para a crise deve ser encontrada em conjunto

Entidades médicas e hospitalares querem que o governo corrija a tabela do Sistema Único de Saúde e também

garanta a separação da verba destinada aos médicos e hospitais dentro da nova política de remuneração pelos

serviços de saúde. Os hospitais filantrópicos e os médicos programam paralisação para o dia 27 de agosto

4JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Mobilização

MobilizaçãoCremers: ações com resultados concretos

entidades médicasgaúchos

de protesto contra a defasagem no reajuste da tabela do SUS, que permanece praticamente conge-lada há 14 anos.

Uma das propostas discutidas define que se após a paralisação de 27 de agosto não ocorrer a sensibilização do Governo Fede-ral, o movimento poderá grada-tivamente aumentar os dias de greve a partir de setembro.

Segundo o secretário Terra, “a proposta da Secretaria Estadual remonta a um projeto já apresen-

tado em 1995, e seria uma forma de garantir o reajuste da tabela do SUS”. A proposta ainda não tem data para ser enviada ao Ministério da Saúde, pois aguarda contrapro-posta do Movimento Mais Saúde para os Hospitais.

No Rio Grande do Sul, 14 hos-pitais foram fechados nos últimos dez anos, sendo que onze deles interromperam as atividades só de 2002 até agora. Houve o corte de dois mil leitos e de 10 mil pos-tos de trabalho nesse período.

Números da crise que atinge hospitais, prejudica médicos e a qualidade no

atendimento à populaçãoOs hospitais filantrópicos efetuam 70,2% das internações do

SUS. Nos outros estados, a média do setor é de 40%. São mais de 525 mil internações por ano.

A Rede Filantrópica do RS é de 239 hospitais, 55 mil trabalha-dores, 25 mil leitos (17 mil direcionados ao SUS). São feitas mais de 520 mil internações por ano.

Desde o começo do Plano Real, os valores pagos pelo SUS su-biram em média 37,3%. No mesmo período, a inflação hospitalar foi de 389% (dado de dezembro de 2006).

Os hospitais recebem somente R$ 55 de cada R$ 100,00 gastos na assistência a um paciente do SUS. O valor que deixa de ser custeado representa déficit de 81,8%. A ampliação em R$ 42 milhões no teto mensal do SUS no Estado iria suprir a diferença.

Resultado concretos da crise: 14 hospitais fechados em 10 anos (11 nos últimos quatro anos) e fechamento de 2 mil leitos e de 10 mil postos de trabalho desde 2002.

Hoje, 20 hospitais enfrentam forte crise financeira.

Os médicos vêm trabalhando há anos no setor público com valores defasados. A situação está ficando cada vez mais insustentável, a ponto de causar interrupção no atendimento à população, como

aconteceu em Recife, onde 108 médicos plantonistas dos principais hospi-tais públicos pediram demissão coletiva no dia 23 de julho.

Os profissionais estavam negociando reajuste nos vencimentos com o governo do Estado. Reivindicavam que o salário-base inicial (R$ 1.400,00) fosse elevado para R$ 2.161,00. O governo estadual ofereceu apenas R$ 100,00 de gratificação aos médicos que trabalham nas emergências dos hospitais públicos. A proposta foi considerada desrespeitosa pela categoria, que cobra melhores condições de trabalho, salários dignos e estruturação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos [PCCV].

Em Alagoas, os médicos hematologistas e neurocirurgiões da rede pú-blica entregaram à Secretaria de Administração do Estado cartas de demis-são, depois de mais de 50 dias em greve. A categoria reivindicava reajuste salarial de 50%, o que elevaria o menor vencimento para R$ 1,5 mil, mas o governo ofereceu apenas 5%, sob a alegação de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os dois movimentos receberam apoio do Conselho Federal de Medicina.

Médicos do Nordeste reagem

REALIDADE PRÁTICA DAS RELAÇÕES COM O SUSDefasagem acumulada SUS a partir

do Plano RealVariação até

dezembro de 2006

Tabela SUS (impacto receita hospitais) 37,30%

IGP-M (FGV) 418,30%

Inflação dos hospitais 386,20%

Gasolina 528,61%

Energia Elétrica 595,53%

Comunicações 613,06%

Água 533,04%

Gás de Cozinha 672,01%

Transporte Urbano 626,87%

UFRGS - Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas - EPE

Secretário da saúde do Estado (D) – ao lado do presidente do Cremers

Dr. Marco Antônio Becker – prometeu defender as reivindicações

das entidades médicas e hospitalares no Ministério da Saúde

5JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Mobilização

MobilizaçãoCremers: ações com resultados concretos

No mês de junho, o Cre-mers saiu em defesa da dignidade nas condições

de trabalho dos médicos peritos do INSS. Uma série de agressões ocorridas na agência da Previ-dência Social em São Leopoldo desencadeou ações do Cremers. O Conselho manifestou publi-camente por jornal, TV e rádio seu repúdio às más condições de trabalho dos profissionais, exigindo providências das au-toridades. A partir de primeiro de junho, o Cremers veiculou um texto no rádio, dizendo em síntese que o INSS tem a obrigação de ga-rantir boas condições de trabalho e total segurança aos médicos no exercício da profissão.

Entretanto, as providências não foram tomadas e o Cremers resolveu adotar atitudes mais enérgicas. No dia 20 de junho, os médicos peritos que atuam na agência de São Leopoldo co-municaram ao Cremers que não mais desejavam trabalhar, diante das más condições de segurança no estabelecimento. Um médico fora agredido com uma bolsa que atingiu um de seus olhos, o que desencadeou crise hiper-tensiva que levou o profissional a ser hospitalizado, no dia 18 de junho. Três dias antes, um outro segurado havia agredido um mé-dico a golpes de bengala. No dia 30 de maio, uma médica recebeu tapas, socos e golpes de bolsa, até ser derrubada da cadeira pela segurada. No dia anterior, em Pa-trocínio (MG), uma médica perita havia sido assassinada por um

segurado – fato que pro-vocou paralisação nacional dos profissionais.

Na reunião, além dos médicos leopoldenses, também estavam presentes profissionais que trabalham em Cachoeirinha e Campo Bom, lugares onde a roti-na de agressões era seme-lhante – em Campo Bom, um médico teve o pescoço cortado por um segura-do, preso em flagrante. Na reunião, o presiden-te do Cremers, Marco Antônio Becker, informou as providên-cias tomadas pelo Conselho para solucionar os problemas, como os ofícios à Superintendência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao Ministério Pú-blico Federal e à Polícia Federal denunciando a agressão a mé-dicos peritos do INSS no Estado e demandando que fossem to-madas providências para que os profissionais pudessem trabalhar em segurança. A interdição do exercício da medicina na agên-cia de São Leopoldo também foi cogitada.

No dia 26 de junho, uma vi-sita da comissão de fiscalização ao local constatou melhorias. Foram instaladas campainhas de alarme nos consultórios, assim como divisórias entre os con-sultórios e as salas de espera. Um funcionário da segurança foi colocado na área de trabalho dos médicos. Um ofício do INSS foi encaminhado para o Cremers ressaltando as providências to-

madas (ver ao lado). De acor-do com o conselheiro Régis de Freitas Porto e o médico fiscal Mário Henrique Osanai, a situ-ação no local está sob controle.

O médico perito Luiz Antônio de Oliveira informou que os atendimentos estão acontecendo normalmente sem registro de novas agressões ou ameaças.

Ações efetivas do Cremers melhoram

situação dos médicos peritos

Reunião no dia 20 de junho entre médicos perítos e a direção do Cremers, que

chegou a cogitar de interditar o exercício da medicina na agência em Novo Hamburgo

Oficio GEXNHB n° 116/2007 Novo Hamburgo, 25 de junho de 2007. Ref.: Of. Diret n° 4081/07 Prezado Senhor, Em atenção ao oficio em referência informamos que a Agência

da Previdência Social em São Leopoldo já dispõe de todos os requisitos solicitados para a segura atuação dos médicos-peritos. Além das rotas de fuga já existentes, a unidade conta também, a partir desta data, de sinalizadores sonoros (que já estavam em fase de contratação antes da ocorrência dos casos de agressão), divisórias para separar a sala de espera e um novo vigilante, re-cém contratado, atuando exclusivamente junto às salas de perí-cia-médica (além do vigilante que já atuava na unidade).

Aproveito a oportunidade para colocar a Gerência Executiva do INSS à disposição pelos telefones (51) 3594-8340, ou 3586-9143 ou pelo e-mail

[email protected].

Atenciosamente, Neusa Maria Tarouco CorrêaGerente Executiva/INSS

6JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Ação com resultado

Ação com resultadoCremers: ações com resultados concretos

Confira o ofício de Diretoria nº 3722/07, de 11 de maio, encaminhado à presidência do CFM:

‘O Conselho Regional de Medicina do RS, por decisão unânime do Plenário adotada em 08.05.07, conforme Ata nº 1.971/07 em anexo, vem a V.Sª. manifestar sua inconformidade no que diz respeito ao acordo entre o CFM e o Ministério da Saúde, sobre a possibilidade de que enfer-meiros venham a solicitar exames e a pres-crever. Estas mudanças, no entendimento do Cremers, acarretarão grandes prejuízos à classe médica, devendo o referido acor-do ser imediatamente revogado.’

DO ENFERMEIRO:Como estava na portaria 648/06:I - realizar assistência integral

(promoção e proteção da saúde, pre-venção de agravos, diagnóstico, tra-tamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc), em todas as fases do desenvolvi-mento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;

Como fica com o acordo:I – realizar assistência inte-

gral aos indivíduos e famílias na Unidade de Saúde da Família e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários

Como estava na portaria 648/06:II - conforme protocolos ou ou-

tras normativas técnicas estabele-cidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as dis-posições legais da profissão, realizar

consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescre-ver medicações;

Como fica com o acordo:II – realizar consulta de enfer-

magem, solicitar exames comple-mentares e prescrever medicações, observadas as disposições legais da profissão e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabe-lecidas pelo Ministério da Saúde, gestores estaduais, municipais ou do Distrito Federal.

DO MÉDICO:Itens que foram adicionados à

portaria 648/06:VIII – acompanhar a execução dos

pro tocolos, devendo modificar a rotina médica, desde que existam indicações clí-nicas e evidências científicas para tanto.

IX – na eventualidade da revisão dos protocolos ou criação de novos protocolos, os Conselhos Federais de Medicina e Enfermagem, e outros conselhos, quando necessário, deverão participar também da sua elaboração.

Mudanças na Portaria 648/06

Cremers contrário a que enfermeiros solicitem

exames e prescrevam medicamentos

Em ofício enviado ao CFM em 11 de maio, o Cremers, seguindo decisão unânime do plenário, manifestou a

sua contrariedade em relação ao acordo que permite que os enfermeiros continuem solici-tando exames e prescrevendo medicamentos no âmbito do Programa de Saúde da Família, e que dá uma nova redação à portaria 648/06, que trata da Atenção Básica.

O documento seria levado pelo presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, à sessão do CFM, dia 5 de junho, quando o acordo com o Ministério da Saúde foi referendado. Contudo, um atraso no vôo em razão da crise aérea invia-bilizou a presença do representante gaúcho.

A base dessa polêmica está na Lei nº 7.498/86, que regula o exercício da enfer-magem. A Lei estabelece em seu artigo 11º, ínciso II, parágrafo 3º, que o enfermeiro como inte grante de equipe de saúde está habilitado a fazer “Prescrição de medica-mentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde”.

Segundo o vice-presidente Cláudio Baldu-íno Franzen, "o artigo da ‘lei da enferma-gem’ habilita o enfermeiro a prescrever em programas de saúde pública, mas não a solicitar exames, pois só quem pode fa-

zer o diagnóstico de doenças é o médico, o que o acordo extrapola”.

Talvez o único ponto positivo é que o artigo 9º (ver quadro abaixo) obriga os protocolos a serem revistos pelo Conselho Federal de Medi-cina e pelo Conselho Federal de Enfermagem, o que antes era prerrogativa somente do gestor público, sem a participação das entidades.

De acordo com Becker, “é inadmissível que as instituições discutam um assunto já consagrado pela cultura brasileira e univer-sal. Se perguntarmos a um pai da família mais pobre, da vila mais humilde, do local mais recôndito deste país, se no caso de ter um filho doente quem ele irá procurar, tere-mos 100% respondendo que é o médico”.

O presidente do Cremers afirma que de-fende as equipes multiprofissionais, em que cada integrante tenha suas atribuições confor-me o seu conhecimento, a sua formação. En-fatiza que o médico estuda no mínimo nove anos, enquanto outros profissionais da área da saúde estudam em média a metade.

A realidade é que não há conflito entre mé-dicos e enfermeiros em qualquer hospital do país, pois os enfermeiros em geral são profis-sionais conscientes, eficientes e éticos, e sabem perfeitamente até onde podem ir. “O conflito só existe onde o poder público quer retirar o

direito dos pobres de ter um atendimento feito por médicos, que são os profissionais que ricos e pobres procuram quando estão doentes”, sa-lienta o presidente do Cremers e representante do RGS no CFM.

O primeiro-secretário, Fernando Weber Ma-tos, entende que “as entidades médicas de-veriam lutar para que seja substituída a pa-lavra prescrever por transcrever na lei da enfermagem, porque aí ficariam definidas de maneira correta as atribuições de cada profissão, sem que uma interfira na outra”.

7JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Ato Médico

Ato MédicoCremers: ações com resultados concretos

Ao participar da primeira graduação de médicos (1.610 de 28 países da América Latina e do Caribe) pela Escola Latino-Ameri-cana de Medicina, em Havana, em agosto de 2005, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou, ao lado de Fidel Castro, que iria fundar uma Elam em seu país, semelhante à que existe em Cuba. Chávez disse que Venezuela e Cuba “se converterão numa grande universidade” e, segundo os seus cálculos e os de Fidel, nos próximos 10 anos os dois países formariam “cerca de 100.000 médicos”, número que poderia duplicar se outros países aderissem ao projeto.

Cuba tem 65 mil médicos para 11 milhões de habitantes, um médico para 170 cubanos.

A terceira turma de jovens oriun-dos do Movimento dos Traba-lhadores Rurais Sem Terra (MST)

formados em medicina na Escola Lati-no-Americana de Medicina (Elam), em Havana, chega ao Brasil neste mês de agosto. Vão juntar-se a outros graduados na Elam e que ainda não tiveram seus diplomados reconhecidos no país.

Jovens estudam por meio de um programa do Ministério de Educação Superior de Cuba, que oferece bolsas para estudantes indicados por parti-dos, instituições públicas, organização sociais e MST.

De acordo com a legislação bra-sileira, qualquer estudante (brasileiro ou não) que obtém um diploma no exterior não pode exercer a profissão

sem antes ser aprovado em exame de revalidação - aplicado por universida-des públicas federais.

O presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, afirma que não é con-tra o ingresso de médicos formados no exterior, desde que eles cumpram o que determina a legislação: “Nós precisamos saber se esse profissional está bem pre-parado e tem condições de exercer a medicina no Brasil".

Becker enfatiza que a legislação vale para todos os médicos diplomados no exterior, não apenas para aqueles que vêm de Cuba. “Não podemos permitir que médicos sem provar a sua qualifica-ção e sem revalidar o diploma venham exercer a medicina no país, colocando em risco a vida dos pacientes”, reforça.

Nova leva de médicos brasileiros

formados na Elam, em Cuba, retorna ao país

Na terceira formatura da Escola Latino-Americana de Me-dicina (ELAM), 2.220 profissionais da saúde foram graduados no dia 24 de julho. A maior parte desses graduados é compos-ta por médicos. Os profissionais são originários de cerca de 30 países vinculados à Escola, que possui 21 faculdades em Cuba e já formou cerca de 5 mil alunos nos últimos dois anos.

As graduações de Ciências Médicas incluem as especiali-dades de Estomatologia, Licenciatura em Tecnologia da Saúde e Enfermagem. A Elam, que tem sede em Havana, foi criada em 1998. Anualmente, recebe cerca de 1.500 estudantes de deze-nas de países. Hoje, conta com 10 mil estudantes estrangeiros, sendo que aproximadamente 600 são brasileiros.

Mais de 2 mil profissionais da saúde graduados pela Elam em julho

“Não podemos permitir que médicos sem provar a sua

qualificação e sem revalidar o diploma venham exercer a

medicina no país, colocando em risco a vida dos pacientes.”

Dr. Marco Antônio Becker

Fidel e Chávez: projeto é formar 100 mil médicos em dez anos

8JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Ensino Médico

Ensino MédicoCremers: ações com resultados concretos

O Cremers ganhou um forte aliado em sua luta contra a TISS. Os órgãos brasileiros de defesa do consumidor

iniciaram uma luta contra o fim do sigilo médico, questão que virou polêmica desde que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) alte-rou os modelos de guia de consultas e exames laboratoriais, obrigando os médicos a preencher, na ficha do convênio, códigos que revelam a doença do paciente.

O governo alega que a decisão visa a mapear as doenças dos brasileiros. Mas, na prática, os grandes beneficiados são os planos de saúde,

que passam a ter acesso ao histórico dos con-veniados e, desse modo, podem bloquear o tratamento de doenças preexistentes e dificultar a renovação de contratos.

O presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, reitera que a medida agride a ética médica, colocando o médico em situação difícil perante o seu paciente e tornando-o su-jeito a ação cível por violação da privacidade. Becker lembra que o CFM editou a Resolução 1.819/07 (confira na edição anterior), que pro-íbe a colocação da Classificação Internacional de Doenças (CID) nas guias da TISS.

A ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) notificou o governo, pedindo que o levantamento seja feito sem prejudicar a privacidade dos clientes. A entidade propõe a suspensão do método até a criação de um sistema criptografado que impeça o vazamento de informações. Lembra que pessoas estranhas à relação médico-paciente, como funcionários de laboratórios, hospitais e serviços de emergência, terão acesso aos dados confidenciais. "Além disso, quem vai pagar a conta com informática e infra-estrutura na intenção da ANS são os médi-cos, o que não podemos aceitar", afirma Becker.

O XI Encontro Nacional das Entidades Médi-cas, realizado em Bra-

sília entre os dias 6 e 8 de ju-nho, reuniu os principais repre-sentantes da classe médica para debater problemas e demandas da saúde, em especial da medi-cina, do país. O Cremers esteve representado pelo presidente Marco Antônio Becker; o vi-ce-presidente Cláudio Franzen; o primeiro-secretário Fernando Matos; o segundo-secretário Is-mael Maguilnik; o coordenador da fiscalização Antônio Celso Ayub; o coordenador de patri-mônio Iseu Milman; o tesourei-ro Isaías Levy e os conselheiros Tomaz Isolan, Euclides Virís-simo Pires, Flávio Job e Izaías Ortiz Pinto.

Na mesa de abertura partici-pou o presidente da Câmara dos

Deputados, Arlindo Chinaglia, que assumiu o compromisso do poder legislativo com a saúde pública. “Assumo o compromisso de votarmos até o final deste ano a regulamentação da Emenda Constitucional 29”, afirmou, refe-rindo-se à emenda que regula o repasse de recursos dos governos federal, estaduais e municipais para a saúde. Chinaglia também criticou a abertura indiscriminada de cursos de medicina, lembran-do o seu projeto de lei (65/03) que proíbe a abertura de novas faculdades por dez anos.

Temas como a formação do médico, a importância do médico na consolidação do SUS, gestão em saúde e relações de trabalho dos médicos foram debatidos ao longo do encontro. Ao final do en-contro, a Comissão Nacional Pró-SUS, Remuneração e Mercado de

Trabalho do Médico, formada pelo CFM, AMB e Fenam, publicou o relatório do XI Encontro Nacional das Entidades Médicas. Este rela-tório traz as decisões, propostas

e recomendações elaboradas nas mesas de debates do evento.

O XI Enem ainda produziu o documento intitulado Carta de Brasília. Veja quadro abaixo.

Participação

ParticipaçãoCremers: ações com resultados concretos

Encontro Nacional das Entidades Médicas

apresenta propostas para a Saúde

TISS é rechaçada pelo Cremers e questionada

por Órgãos de Defesa do Consumidor

Reivindicações principais da Carta de Brasília

• Ampliação da receita orçamentária, a começar pela destina-ção exclusiva da arrecadação da CPMF para o SUS;

• Regulamentação da Emenda 29, imprescindível para comba-ter o desvio de verbas da saúde;

• Resolução dos graves problemas do Programa de Saúde da Família, que dificultam a inserção dos profissionais nas diversas equipes;

• Mais rigor na formação, qualificação dos médicos e revali-dação de diplomas;

• Uma saúde suplementar digna e completa para os usuários do sistema;

• Garantia de acesso fácil, eficiente e universal à saúde da população.

O texto integral está no site do Cremerswww.cremers.com.br

9JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Em reunião realizada dia 3 de julho, o ple-nário do Cremers decidiu pelo levanta-mento parcial da interdição do exercício

ético da medicina no Pronto Atendimento Cru-zeiro do Sul (PACS), que tivera o atendimento médico no local suspenso pelo Conselho no dia 23 de maio. A decisão foi tomada após análise do relatório da Vigilância Sanitária, vistoria da Comissão de Fiscalização do Cremers e de assembléia com os médicos que trabalham no PACS, no Conselho, com a participação do en-tão secretário Municipal da Saúde, Pedro Gus, e de representantes também do Simers.

Diante da pendência de 23 itens, apontados pela Fiscalização do Cremers e que não foram plenamente atendidos, o então secretário Pedro Gus assinou um protocolo de compromissos assumidos, garantindo a solução dos proble-mas relacionados no documento (página 12), em especial no setor destinado a cirurgias.

O presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, ao refletir sobre todo o processo, que causou a suspensão da assistência de emer-gência à população durante 40 dias, mas que acabou determinando significativas melhorias tanto no prédio como nos equipamentos e no fluxo de atendimento, beneficiando pacientes

e médicos, comentou que a interdição foi um ato extremo e inevitável diante do quadro de degradação do PACS.

“A interdição foi feita porque o PACS não apresentava condições mínimas para o exercí-cio ético da medicina, o que colocava em risco a saúde dos pacientes e prejudicava o trabalho médico”, afirmou Becker. “A população pobre merece e tem direito de receber atendimento adequado e digno, mesmo que para isso o Cre-mers tenha que tomar medidas drásticas como a que foi adotada no PACS”, destacou Becker, lembrando que a população que dependia do Postão do Cruzeiro sofreu com a interdição, chegando a invadir o local em protesto, mas que agora tem de volta um estabelecimento

de saúde em condições muito mais adequadas em relação ao estado em que se encontrava quando da interdição.

Dentre os inúmeros problemas constata-dos no PACS pela Comissão de Fiscalização, que é composta pelos conselheiros Antônio Celso Ayub (coordenador), Rogério Wolf de Aguiar e Isaías Levy, e pelo médico fiscal Má-rio Henrique Osanai, destacam-se: superlota-ção, instalações precárias, péssimas condições de higiene, falta de segurança, equipamento sucateado, desmonte hierárquico-funcional, falta de médicos e pessoal de apoio.

Uma reforma foi feita para solucionar os problemas de área física, com melhorias signi-ficativas em benefício de médicos e pacientes.

Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul Cremers levanta parcialmente interdição ética do exercício médico no PACS depois de avaliar melhorias feitas

no local e de protocolo de compromissos firmado com o gestor público municipal

“A interdição foi feita porque o PACS não apresentava condições

mínimas para o exercício ético da medicina, o que colocava em risco

a saúde dos pacientes e prejudicava o trabalho médico.”

Dr. Marco Antônio Becker

Novo secretário da Saúde, Dr. Eliseu Santos (E),

com coordenador de fiscalização Dr. Antônio

Ayub, em visita ao PACS dia 11 de julho

O então secretário Dr. Pedro Gus (E) assinou termo de compromisso com o presidente do Cremers,

Dr. Marco Antônio Becker, para garantir a solução plena dos problemas apontados pela

Comissão de Fiscalização do Cremers. Confira na página 12

10JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Interdição Ética

Interdição Ética Cremers: ações com resultados concretos

volta em melhores condições29/03 Plantonistas do Plantão de Emergência em Saúde Mental

(PESME) do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) protocolam no Cremers um documento denunciando dificul-dades para trabalhar e solicitando providências.

4/04 Simers encaminha documento solicitando providências ao Cremers em relação ao PACS.

11/04 O médico fiscal do Cremers Mário Henrique Osanai visita o Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul e o Plantão de Emer-gência em Saúde Mental do PACS.

17/04 Comissão de Fiscalização, composta pelo coordenador An-tônio Celso Ayub e pelos conselheiros Isaías Levy e Rogério Aguiar, visita o Plantão de Emergência em Saúde Mental.

18/04 Presidente do Cremers Marco Antônio Becker se reúne com o vice-prefeito de Porto Alegre Eliseu Santos e o então secretário municipal da Saúde Pedro Gus, cobrando da pre-feitura solução para o local.

18/05 Cremers convoca assembléia com os médicos do PACS para discutir soluções para a unidade de saúde.

21/05 Na assembléia os médicos decidem por unanimidade pela interdição do PACS. O pedido foi elaborado mediante ata circunstanciada.

22/05 O pedido de interdição é referendado pelo Plenário do Cre-mers. Em entrevista coletiva, a diretoria do Cremers anuncia a interdição do PACS a partir do dia 23, quando é publicado nos jornais o Auto de Interdição Ética 01/07.

23/05 Juiz de plantão da Justiça Federal concede liminar à Prefeitura Municipal suspendendo a interdição. O Cremers recorre.

29/05 A desembargadora Presidente do Tribunal Federal, Dra. Maria Lúcia Leiria, cassou liminar e manteve a interdição do exercício médico no posto.

31/05 Assembléia extraordinária dos médicos do PACS, no Cremers. A assembléia decide que os pacientes internados no posto seriam atendidos até sua alta ou remoção. Os pacientes encaminhados ao PACS, em caso de extrema necessidade, seriam atendidos, estabilizados e encaminhados até outra unidade.

11/06 Depois de reunião da diretoria do Cremers com o prefeito José Fogaça e o secretário Pedro Gus, a Prefeitura Municipal determina o fechamento do PACS para reformas. No mes-mo dia, em assembléia no Cremers, os médicos são comuni-cados do fechamento do Posto.

15/06 Moradores da Vila Cruzeiro invadem o Posto, exigindo a sua reabertura mesmo com as obras em andamento.

03/07 Cremers levanta parcialmente a interdição ética do PACS, após analisar relatório da Vigilância Sanitária e da vistoria de Comis-são de Fiscalização. Prefeitura assina protocolo de compromis-sos, garantindo o cumprimento de itens constantes no levanta-mento do Cremers. O atendimento retorna. O bloco cirúrgico continua interditado, restrito a pequenas cirurgias e curativos.

Entenda o caso

Usuário expõe os problemas do PACS ao presidente Dr. Marco A. Becker

Reunião com o Prefeito José Fogaça acelerou as obras no posto

Presidente do Cremers explica a situação no Pronto Atentimento

11JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Protocolo de compromisso com o Conselho Regio-nal de Medicina do Estado

do Rio Grande do Sul, que faz a Secretaria Municipal de Saúde do Município de Porto Alegre, na pessoa de seu Secretário, Dr. Pedro Gus. Compromete-se a re-ferida Secretaria a cumprir com os itens que seguem abaixo, em relação ao Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul:

1. O Samu obedecerá ao cri-tério de referência e contra-refe-rência de acordo com a doença, a gravidade e a urgência do caso, sempre considerando que o PACS é um pronto atendimento e como tal deve funcionar, respeitadas as condições técnicas e a infra-estru-tura ali ofertadas.

2. Serão observadas as con-dições técnicas e éticas vigentes, limitando-se à capacidade máxima instalada do PACS.

3. O PACS não poderá, em hipótese alguma, ser utilizado como hospital.

4. Os fluxos de entrada de pacientes serão repactuados, com o compromisso da regulação de leitos, inclusive com a solução de parceiros para transferência de pacientes com doenças contami-nantes, em atenção à recomenda-ção da Coordenação Municipal de Urgências da SMS.

5. Novos fluxos assistenciais serão formulados de forma a assegurar privacidade no atendi-mento médico.

6. O estudo de fluxos deverá apresentar soluções que evitarão a superlotação e aglomeração de fa-miliares nas salas de observação.

7. Os fluxos internos serão normatizados pela Direção Técni-

ca com o comprometimento dos profissionais de cada setor.

8. Por recomendação da Co-ordenação Municipal de Urgên-cias da SMS, no PACS, a sala de observação do plantão de emergência em saúde mental terá ordinariamente 10 (dez) leitos, com flexibilidade para até 14 (quatorze) leitos, sendo que os pacientes psiquiátricos ficarão em observação por, no máximo, 72 (setenta e duas) horas, findas as quais deverão obrigatoriamente ser referencia-dos a uma unidade hospitalar ou ambulatorial.

9. As salas de observação terão o número de leitos limitados, em consonância com a Portaria 2048 do Ministério da Saúde, devendo ser estabelecida, pelo serviço de regulação de leitos, a priorização de pacientes em observação.

10. A Secretaria Municipal da Saúde dará andamento ao proje-to de fazendas terapêuticas como forma de promover a transfor-mação do setor de atendimento psiquiátrico metropolitano, em atenção à recomendação da Co-ordenação Municipal de Urgên-cias da SMS.

11. Haverá implementação, em 90 (noventa) dias de 03 (três) Cen-tros de Atenção Psicossocial Álco-ol e Drogas (CAPS-AD), na região metropolitana, para dar melhor distribuição ao atendimento do setor, em atenção à recomenda-ção da Coordenação Municipal de Urgências da SMS.

12. Não haverá serviço de plantão de emergência em saúde mental sem enfermei-ros, conforme recomendação da Coordenação Municipal de

Urgências da SMS.13. O setor cirúrgico deverá

sofrer um novo enfoque, tendo em vista o compromisso de resga-tar a missão essencial do PACS.

14. Haverá um estudo de pro-cedimentos para dar maior segu-rança aos funcionários e usuários do PACS, com a manutenção de, no mínimo, 05 (cinco) postos diários e 04 (quatro) postos no-turnos de segurança própria ou terceirizada, por recomendação da Coordenação Municipal de Ur-gências da SMS.

15. A Coordenação Municipal de Urgências da SMS irá consti-tuir o Serviço de Arquivo Médico (SAME), aos moldes do Hospital de Pronto Socorro, num prazo máximo de 15 (quinze) dias.

16. Será criada uma Comissão Especial para o desenvolvimen-to de um novo modelo único de Boletim de Atendimento, de acordo com as normas legais vi-gentes, conforme recomendação da Coordenação Municipal de Urgências da SMS.

17. A Coordenação Munici-pal de Urgência deverá estudar a melhor forma de implemen-tar a Comissão de Controle de Infecção, em um prazo de 60 (sessenta dias).

18. Será estabelecida rotina de higiene e manutenção de consul-tórios e demais salas.

19. A Direção Técnica do PACS deverá encaminhar ao Cre-mers os nomes da Comissão de Ética Médica no prazo máximo

de 45 (quarenta e cinco) dias a partir desta data.

20. A Secretaria Municipal de Saúde, por recomendação da Co-ordenação Municipal de Urgências da SMS, tomará providências para mudança da sala de repouso dos plantonistas, ou o isolamento so-noro da sala, em um prazo de 180 (cento e oitenta) dias, de forma a permitir o repouso adequado aos que ali permanecem.

21. Haverá estudo técnico para o planejamento atual e futuro de demandas do setor saúde de Porto Alegre, e espe-cificamente do PACS, visando à adequação do número de profis-sionais, leitos e infra-estruturas necessárias a um atendimento integral e digno à população, garantidas as condições éticas para o exercício da Medicina, conforme recomendação da Co-ordenação Municipal de Urgên-cias da SMS.

22. Haverá uma proposta de ação do PACS, liderada por uma equipe de gestão, orientada por diretrizes técnico-assistenciais, on-de possa ser resgatado o espírito de equipe e companheirismo de forma a envolver a todos no pro-pósito de assistência com resoluti-vidade e dignidade para todos.

23. A área física será vis-toriada em sua totalidade pela Vigilância Sanitária e o relatório conclusivo será encaminhado para conhecimento do Cremers no prazo de 45 (quarenta e cin-co) dias a partir desta data.

Protocolo entre Cremers e Prefeitura Municipal

Porto Alegre, 03 de julho de 2007

Dr. Marco Antônio Becker Presidente do Cremers

Dr. Pedro GusSecretário Municipal de Saúde

Documento protocolado e entregue ao Prefeito José Fogaça

12JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Interdição Ética

Interdição Ética Cremers: ações com resultados concretos

Nos dias 13 e 14 de julho, as Delegacias Seccionais da região da Campanha participaram de um encontro em Bagé

promovido pelo Cremers para debater temas institucionais e científicos. No primeiro dia, a diretoria do Conselho abordou assuntos éticos e administrativos sobre o exercício profissio-nal na região. O vice-presidente do Cremers, Cláudio Franzen, afirma que “a iniciativa de aproximar o Conselho do médico do interior é de suma importância, e o encontro foi muito positivo neste sentido”.

Cada um dos diretores explicou o funcio-

namento dos diferentes setores do Cremers, a forma como se integram e sua importância. O segundo dia foi reservado a duas palestras científicas promovidas pelo braço educacional da Amrigs: “Pneumologia para o clínico: enfo-ques atuais” e “Obesidade: soluções atuais”.

Estiveram presentes, representando o Cre-mers, os diretores Cláudio Franzen, Ismael Maguilnik, Régis Porto, Iseu Milman, Rogério Aguiar e Antônio Celso Ayub. Representando a Amrigs, além de seu presidente Newton Barros, estiveram os diretores Antonio Wes-ton e Luiz Carlos Correa da Silva.

Os delegados seccionais do Cremers que participaram do evento: Airton Torres de Lacerda (Bagé), Décio Sampaio Peres (Ale-grete), Marco Antônio Funchal (Pelotas), Job José Gomes (Rio Grande) e Leandro Nin Tholozan (Santana do Livramento).

Delegacias Seccionais da região de Bagé

se reúnem com direção do Conselho

O vice-presidente Dr. Cláudio Franzen coordenou o encontro

Coordenadores do PCMSO devem registrar-se no CremersO Cremers editou no dia 14 de fevereiro a resolução nº

004/07, que dispõe sobre a obrigatoriedade de o médico re-gistrar no Cremers sua condição de coordenador, em qualquer empresa, do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupa-cional (PCMSO). Segundo a resolução, o médico que assume a coordenação do PCMSO deve comunicar formalmente, por escrito, essa condição ao Cremers, em até 30 dias. Nesta co-municação, deve informar o grau de risco, o número de em-pregados e suas funções. Quando se desligar da condição de

coordenador, o médico deve providenciar a baixa do registro de coordenador no Cremers, também no prazo de 30 dias. Tanto as comunicações formais quanto o pedido de baixa do registro são isentos de ônus para os médicos envolvidos.

Os coordenadores de PCMSO que assumiram esta função antes do dia 14 de fevereiro e ainda não registraram esta con-dição devem fazê-lo imediatamente.

A resolução está disponível na íntegra no site do Cremers – www.cremers.com.br.

Os próximos encontros de delegacias serão realizados em:

Cachoeira do Sul - 17 e 18 de agostoCaxias do Sul - 28 e 29 de setembroCruz Alta - 19 e 20 de outubro

Evento contou com a participação de médicos da região da Campanha

Resolução Cremers nº 004/07

Interiorização

InteriorizaçãoCremers: ações com resultados concretos

13JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Cremers recebe o I Fórum

de Discussão sobre Ortotanásia

No dia 20 de julho, o Cre-mers foi sede o I Fórum de Discussão sobre Orto-

tanásia, promovido pela Unimed/RS. O evento, mediado pelo filóso-fo André Klaudat, reuniu médicos e interessados, contando com a presença de palestrantes e debate-dores especializados no tema.

A primeira palestra, sobre as-pectos ético-médicos em relação à ortotanásia, foi proferida pelo conselheiro e ex-presidente do Cremers, Luiz Augusto Pereira. A seguir, o promotor do Ministé-rio Público Estadual Mauro Luís

Silva de Souza falou sobre os aspectos sociais da ortotanásia, suas implicações e efeitos na

comunidade. A terceira e última participação foi do advogado Marco Túlio de Rose, que des-

tacou os aspectos jurídicos que envolvem o tema.

O debate final contou com a presença do presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, além dos palestrantes e do con-selheiro Carlos Gottschall. Be-cker ressaltou que o Código de Ética Médica deve ser revisto no tocante à ortotanásia e à morte digna, citando o caso do Papa João Paulo II. “Hoje encaramos a morte com menos naturalidade que antigamente, queremos afas-tá-la por ver na morte do próxi-mo a nossa própria”, afirmou.

O evento foi promovido pela Unimed/RS e reuniu especialistas no assunto

O Conselho Federal de Medicina editou em novembro do ano passado a Resolução CFM nº 1.805/06, a respeito da terminali-dade da vida: “Na fase terminal de enfer-midades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedi-mentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”.

A resolução estabelece o seguinte:Art. 1º É permitido ao médico limitar ou

suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.

§ 1º O médico tem a obrigação de es-clarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação.

§ 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário.

§ 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda opinião médica.

Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, as-segurada a assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar.

Na exposição de motivos, é destacado que somente a partir da década de 60 os códigos de ética profissional passaram a reconhecer o doente como agente autô-nomo e que “à mesma época, a medicina passou a incorporar, com muita rapidez, um impressionante avanço tecnológico. Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e novas metodologias criadas para aferir e controlar as variáveis vitais ofereceram aos profissionais a possibilidade de adiar o momento da morte".

É observado também: “... passamos a praticar uma medicina que subestima o conforto do enfermo com doença incurá-vel em fase terminal, impondo-lhe longa e sofrida agonia. Adiamos a morte às custas de insensato e prolongado sofrimento para o doente e sua família. A terminalidade da vida é uma condição diagnosticada pelo médico diante de um enfermo com doença grave e incurável; portanto, entende-se que existe uma doença em fase terminal, e não um doente terminal”.

O texto conclui: “Torna-se vital que o médico reconheça a importância da neces-sidade da mudança do enfoque terapêutico diante de um enfermo portador de doença em fase terminal, para o qual a Organiza-ção Mundial da Saúde preconiza que sejam adotados os cuidados paliativos, ou seja, uma abordagem voltada para a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus familiares frente a problemas associados a doenças que põem em risco a vida. "

CFM editou resolução orientando os médicos sobre o tema

Evento

Evento Cremers: ações com resultados concretos

14JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Aprovado pelo plenário da Câmara dos Depu-tados por unanimidade,

dia 31 de maio, o Projeto de Lei 3466/04 cria o Rol de Pro-cedimentos e Serviços Médicos (RPSM) que será editado com base na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) até o final de março de cada ano. O PL se en-contra agora no Senado, onde a tramitação deve ser mais rápida.

A elaboração do rol será tarefa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que contará

com uma câmara técnica paritá-ria composta por representantes das partes envolvidas. Além de garantir aos pacientes a cobertura dos mais modernos e avalizados procedimentos médicos, esta siste-mática tende a preservar o equilí-brio financeiro nos contratos entre médicos e planos de saúde.

A aprovação do projeto é resul-tado de uma forte e constante mo-bilização das entidades médicas ao longo de três anos. O PL 3466/04 foi apresentado pelo deputado Inocêncio Oliveira em maio de 2004. No mês seguinte, provocou

uma manifestação no auditório Nereu Ramos, com cerca de mil médicos trajando jalecos brancos ocupando o local para ressaltar a importância da proposta aos parlamentares. O resultado foi a aprovação pela Comissão de Segu-ridade Social e Família, na forma de substitutivo do relator Rafael Guerra. Foi aprovado, depois, por outras comissões.

No mesmo dia em que o pro-jeto de lei 3466/04 foi aprovado pelos deputados, outra grande vitória da classe médica consoli-dava-se na Agência Nacional de

Saúde Suplementar. O Comitê de Padronização de Informações (Copiss) decidiu, por unanimi-dade, adotar a nomenclatura e a codificação da CBHPM como referência para o setor.

A CBHPM foi lançada em julho de 2003, em Vitória (ES), durante a gestão de Eleuses Pai-va, baseada na metodologia da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP. No mês seguinte, o Conselho Federal de Medicina publicou a resolução 1673, adotando-a como padrão mínimo e ético de remuneração.

Comissão de Honorários Médicos do Estado

retoma atividade para implantar CBHPM

As entidades médicas Cremers, Amrigs e Simers se reuniram, no dia 25 de julho, na Amrigs, para reestruturar a

Comissão de Honorários Médicos no Estado e retomar as negociações entre a classe e as operadoras de planos de saúde. A Comissão, originalmente formada somente por médi-cos, agora terá a participação de funcionários das três instituições.

Sentindo a necessidade da continuação nas negociações as entidades nomearam representantes para dar prosseguimento ao trabalho. A primeira atividade é a redação de uma nota, oficializando a retomada das negociações para implantação da Classi-ficação Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que será encaminhada às empresas do setor.

O primeiro-secretário Fernando Weber Matos e o assessor jurídico Toni Kunzler re-presentam o Cremers na Comissão, que tem

ainda os seguintes in-tegrantes: pela Amri-gs, o diretor de Assun-tos do Interior Jorge Utaliz e a supervisora da Cecomed Maria da Graça Schneider; pe-lo Simers, o assessor da presidência Carlos Suñol e a advogada Clarissa Cezar.

Matos avaliou a reunião como positiva, saudando a mudança de configuração no grupo de trabalho. “Antes contávamos somente com médicos na Comissão, o que restringia a visão dos participantes aos aspectos técnicos da implantação da CBHPM. Agora foram incluídos advogados e administradores, que possuem conhecimento sobre os aspectos jurídicos dos

contratos e o ponto de vista econômico-finan-ceiro da questão”, frisou. Matos acrescenta que “quando se discute honorários com as operadoras, é necessário um amplo conhe-cimento. Esta comissão tem mais chances de avançar nas negociações”.

O primeiro-secretário Dr. Fernando Matos (D) e o assessor jurídico

Toni Kunzler (E) representam o Cremers na Comissão

Câmara dos Deputados aprova Projeto de Leisobre a Classificação de Honorários

Ode

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Zard

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15JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Remuneração

RemuneraçãoCremers: ações com resultados concretos

A partir desta edição, estaremos relatando casos de PEPs que foram instaurados – e concluídos – no Cremers para informar e dar subsídios aos médicos sobre situações que podem levar o profissional a incorrer em infração ética.

Processo-Ético Profissional: casos julgados

Médico descredenciado (‘Dr. A’), sem justificativa, de um determinado convênio solicitou parecer principalmente sobre pre-juízos aos pacientes antigos com tratamento de longo prazo, que ficam prejudicados com a decisão.

Ao ser questionado, o Diretor Téc-nico (‘Dr. B’) alegou que a decisão de descredenciamento foi administrativa e que tais assuntos não são discutidos com a auditoria médica. Acrescentou que em momento algum foi consultado ou comu-nicado do fato.

O parecer do conselheiro sindicante destacou: “...o convênio ‘X’ desobedeceu o contido na Resolução CFM 1.616/2001 e, embora o ‘Dr. B’ alegue ser decisão admi-nistrativa da operadora, o disposto no art.

5º determina ser o Diretor Técnico respon-sável pelo cumprimento desta norma – e o médico citado reconhece ocupar tal função ante a ANS e o Cremers”.

Em sua defesa, o ‘Dr. B’ reforçou que não teve participação no desligamento do colega e que sequer faz parte da diretoria do convênio ‘X’, apenas respondendo co-mo “responsável técnico” pelo ambulatório médico mantido por aquela empresa. Não caberia, a ser ver, o artigo 142 do Còdigo de Ética Médica e os dispositivos da Res. CFM 1.616/2001.

O médico descredenciado, ‘Dr A’, ao depor, disse que trabalhou na empresa durante onze anos; que recebeu uma carta comunicando o descredenciamento sem informar o motivo; que procurou esclare-

cimentos, mas não os recebeu; que sempre teve o ‘Dr. B’ como Diretor Técnico da empresa; que há no processo documen-to em que o ‘Dr. B’ aparece como DT; que durante todos os anos nunca sofreu qualquer tipo de questionamento ao seu trabalho, nem pelos pacientes, nem pelo convênio, nem pelos hospitais aos quais prestava serviço.

Aberto em 2004, o Processo Ético-Pro-fissional (PEP) foi concluído em 2007. O ‘Dr. B’ foi considerado culpado por maio-ria de votos, por infração do art. 142 do CEM, por não ter providenciado o cum-primento das normas dos artigos 1º, 3º, 4º e 5º da Res. CFM 1.616/01, sendo aplicada a pena prevista na letra ‘a’ do art. 22 da Lei 3.268 de 30 de setembro de 1957.

Descredenciamento de convênio

Quiropraxia não é profissão regulamentada

No início de junho, o Cremers, através do primeiro-secretário Fer-

nando Matos, enviou ofício ao Ministério da Educação consul-tando sobre a regulamentação do curso superior e da profissão de quiroprático. Em resposta, o diretor do Departamento de Su-pervisão da Educação Superior, Dirceu do Nascimento, refere que as portarias do MEC nº 902 e 903 de 10 de abril de 2006 reconhecem o diploma do cur-so de quiropraxia apenas para fins de registro, desvinculado do exercício profissional pela Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção Nacional – Lei nº 9.349 de

20 de dezembro de 1996. Nascimento cita que a desvin-

culação se deu, de acordo com o parecer CNE/CES nº 136/2003, porque o diploma atesta a forma-ção do graduado para exercer a profissão, cabendo ao respectivo Conselho Profissional estabelecer as condições para o início desse exercício. O parecer esclarece que “as condições para o início de exercício profissional não residem no diploma, mas no atendimento dos parâmetros do controle de exercício profissional a cargo dos respectivos Conselhos”.

O parecer do consultor jurí-dico do Cremers, Jorge Perrone, corrobora a posição ao afirmar

que a existência de um curso, ainda que com diploma reco-nhecido, não autoriza, por si,

o exercício de uma profissão como tal se esta não é regula-mentada legalmente.

Orientação

OrientaçãoCremers: ações com resultados concretos

16JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Integração

IntegraçãoCremers: ações com resultados concretos

A relação entre médicos peritos, assis-tenciais e do trabalho marcou o pri-meiro painel do dia 30 de junho, que

teve como tema “indicações, limites e ética de atestados, pareceres e laudos”. Na mesa, con-duzida pelo coordenador das Câmaras Téc-nicas do Cremers, conselheiro Rogério Wolf de Aguiar, estavam integrantes das CTs de Medicina do Trabalho (Sérgio Xavier da Costa, Cláudio Schmitt e Antônio Mário Guimarães) e Perícias Médicas (Nélson Antônio Tombini, Gérson Petrillo Nunes, Tatiana Della Giustina e Débora Maria Vargas de Lima).

O presidente da CT de Perícias Médicas, Nélson Antônio Tombini , iniciou sua partici-pação propondo uma maior integração com a CT de Medicina do Trabalho, coordenada pe-lo conselheiro Iseu Milman. Depois, criticou o fato de os cursos de medicina não incluírem nos currículos uma disciplina sobre perícia médica. Observou que o trabalho do perito é complicado basicamente porque envolve a concessão ou negativa de dinheiro.

Tatiana Della Giustina abordou a questão do lau-do pericial, citando os artigos 120 e 121 do Código de Ética Médica e reforçando que o compromisso do perito é essen-cialmente com quem o incumbiu do tra-balho, não com o paciente. Salientou também que a principal diferença entre o pe-rito e o médico assistencial é que o segundo “tem estreito vínculo com o paciente”.

Pesquisa realizada em 1998 por um grupo de médicos da Faculdade de Medicina da Ufrgs sobre o conflito entre médico perito e segurado foi o foco central da participação de Gérson Petrillo. “Ficou nítido que está embutida na questão da violência a expec-tativa do segurado diante do médico perito”,

observou. Para ele, é fundamental uma forte campanha de esclarecimento aos segurados sobre a perícia médica.

O vice-presidente do Cremers, Cláudio Franzen, pediu a palavra para informar que a atuação do Conselho na agência do INSS em São Leopoldo havia produzido resulta-dos positivos em poucos dias. “Os colegas que trabalham no local já contam com me-lhores condições e mais segurança”, disse.

Painel debate conflitos entre médicos Peritos,

médicos Assistenciais e do Trabalho

O evento foi encerrado com um debate envolvendo prestadores de ser-viço, operadoras e indústria farmacêutica dentro do painel sobre Protocolos em

Oncologia. Participa-ram do painel o vice-presidente do Conse-lho, Cláudio Franzen, o coordenador das CTs, Rogério Wolf de Aguiar, e os representantes das CTs de Cancerologia (Hernani Robin Júnior), Auditoria em Saúde (Eduardo Dias Lopes) e Marco Antônio Aze-

vedo (Ética Médica e Bioética). Em sua explanação, Robin Júnior falou

sobre a relação entre prestadores de serviços, operadoras e indústria farma-

cêutica, destacando que há hoje um equi-líbrio negativo, autofágico, entre essas três forças da área da saúde.

Marco Antônio Azevedo falou sobre os conflitos de interesses na área de saúde, abordando as relações capitalistas exis-tentes no setor.

Eduardo Dias Lopes, da Câmara Téc-nica de Auditoria em Saúde, relatou que a saúde deve ser abordada como negó-cio, mas sempre com o foco no resul-tado positivo, beneficiando a sociedade. “O sistema de saúde, descontrolado como está e manipulado pela indústria farmacêutica, não tem boas perspecti-vas”, completou.

Ética na relação entre prestadores, operadoras e indústria

Debate reuniu integrantes das CTs Medicina do Trabalho e Perícias Médicas

Painel encerrou o encontro entre Delegacias e CTs

17JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

O primeiro encontro pro-movido entre as Dele-gacias Seccionais e as

Câmaras Técnicas do Cremers na atual gestão aconteceu nos dias 29 e 30 de junho, reunindo represen-tantes desses órgãos do Conselho em torno de seu funcionamento e a importância de sua integração. O vice-presidente Cláudio Franzen abriu a sessão, afirmando que “o momento que estamos pas-sando na medicina é grave, e nossa preocupação é desenvol-ver ações que produzam frutos para os médicos. É a hora de tomar posições”, frisou.

Franzen ainda levantou a questão dos honorários médicos, que não são reajustados há 14 anos, as medidas do SUS que vêm substituindo médicos por outros profissionais e a contratualização. “É importante que toda a classe médica se una para poder reagir, por isso a importância do en-trosamento entre os médicos da Capital e do Interior”, afirmou.

União de médicos da Capital e Interior

A seguir, o primeiro-secretá-rio Fernando Weber Matos falou sobre os objetivos do evento e destacou os motivos que le-varam à criação das CTs: “Foi devido à necessidade de trazer médicos que proporcionassem apoio técnico aos conselheiros diante de decisões em processos e sindicâncias”. Sobre as delega-cias, ressaltou serem órgãos que costumavam trabalhar isolados em suas regiões, e reforçou a im-

portância da aproximação com o Conselho: “Trazendo as dele-gacias para dentro do Conselho conseguimos maior participação e melhores condições de traba-lho nas regiões do Estado”.

Maior agilidade nas sindicâncias

O tesoureiro Isaias Levy es-clareceu o funcionamento das finanças do Conselho: “Somos submetidos a auditorias do CFM, devendo obedecer à previsão orçamentária e suas orientações”. O corregedor Régis Porto falou brevemente sobre as novidades do órgão, citando a retomada do cargo de subcorregedor. “Agora, o corregedor trabalha predomi-nantemente com os processos, e o subcorregedor com as sindi-câncias”, esclareceu.

O subcorregedor Joaquim José Xavier complementou a partici-pação com alguns números da Corregedoria: “Estamos trabalhan-do forte para concluir as sindi-câncias relativas a 2005 e 2006”. Acrescentou que “a nova forma de trabalho das câmaras de julga-mento torna mais ágil e eficiente a solução dessas pendências”.

O coordenador da Ouvido-ria, Antônio Celso Ayub, prestou contas da atividade do setor e apresentou os ouvidores da atual gestão, Céo Paranhos de Lima e Ércio Amaro Filho. De acordo com Ayub, o setor tem se mostrado “de préstimos incal-culáveis, avaliado pelo número de atendimentos prestados ao longo dos meses de trabalho deste novo grupo. Estamos à disposição de todos os médicos

do Estado a qualquer hora do dia e da noite”, enfatizou.

Regionalizar a fiscalizaçãoO conselheiro também falou

sobre as atividades da Comissão de Fiscalização, da qual é coor-denador, mencionando com des-taque o caso da interdição ética do PACS. Em seguida apresen-tou os demais membros da Co-missão – o tesoureiro Isaias Levy e o corregedor Régis Porto – e o médico fiscal Mário Henrique Osanai. “Devido a esse acúmulo de atividades dos conselheiros existe a idéia de implantar, em curto prazo, comissões regio-nais de fiscalização, porque se acumulam pedidos de vistorias nos pontos mais remotos do Estado”, acrescentou.

O Diretor de Patrimônio Iseu

Conselho aproxima Delegacias Seccionais

e suas Câmaras Técnicas

Evento realizado no final de junho reuniu dirigentes, delegados, conselheiros e integrantes das Câmaras Técnicas

18JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Integração

IntegraçãoCremers: ações com resultados concretos

Seção Delegado Fone Endereço

Alegrete Dr. Décio Passos Sampaio Péres (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402

Bagé Dr. Airton Torres de Lacerda (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204

Cachoeira do Sul Dr. Mário Both (51) 3723.3233 R. Pinheiro Machado, 1020/104 | [email protected]

Camaquã Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão (51) 3671.3191 R. Júlio de Castilhos, 235

Carazinho Dr. Airton Luís Fiebig (54) 3330.1038 R. Bernardo Paz, 162

Caxias do Sul Dr. Alexandre Ernesto Gobbato (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | [email protected]

Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 R. Venâncio Aires, 614 salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected]

Erechim Dr. Juliano Sartori (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | [email protected]

Ijuí Dra. Miréia Simões Pires Wahys (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | [email protected]

Lajeado Dr. Roberto da Cunha Wagner (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | [email protected]

Novo Hamburgo Dr. Jorge Luiz Siebel (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/sl. 55/56

Osório Dr. Ângelo Mazon Netto (51) 3663.2755 R. Barão do Rio Branco, 261/08-9

Palmeira das Missões Dr. Áttila Sarlo Maia Júnior (55) 3742.1503 R. César Westphalen, 195

Passo Fundo Dr. Alberto Villarroel Torrico (54) 3311.8799 R. Bento Gonçalves, 190/207 | [email protected]

Pelotas Dr. Marco Antônio Silveira Funchal (53) 3227.1363 R. General Osório, 754/602 | [email protected]

Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | [email protected]

Santa Cruz do Sul Dr. Mauro José Thies (51) 3713.1532 R. Ramiro Barcelos, 1365

Santa Maria Dr. João Alberto Larangeira (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | [email protected]

Santa Rosa Dr. Omar Celso Ceccagno dos Reis (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected]

Santana do Livramento Dr. Leandro Nin Tholozan (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501

Santo Ângelo Dr. Ubiratã Gomes de Almeida (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | [email protected]

São Borja Dr. João Umberto Del Fabro (55) 3431.3433 Av. Presidente Vargas, 1440

São Gabriel Dr. Clóvis Renato Friedrich (55) 3232.2713 R. Jonathas Abbot, 636

São Jerônimo Dra. Lori Nídia Schmitt (51) 3651.1361 R. Salgado Filho, 435

São Leopoldo Dr. Renato Brufatto Machado (51) 3592.1646 R. Feitoria, 178

Três Passos Dr. Dary Pretto Filho (55) 3522.2324 R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000

Uruguaiana Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel (55) 3412.5068 R. Dr. Domingos de Almeida, 3.801

Milman detalhou as características da nova função, destacando a im-portância da coordenação adequa-da do patrimônio do Conselho. “Muitas vezes a diretoria envolvia-se profundamente com questões éticas e de outras esferas, e sentia a necessidade de alguém que cuidasse da estrutura básica mais de perto. Os prédios e bens das delegacias são abrangidos por essa diretoria”, esclareceu.

O segundo-secretário Ismael Maguilnik salientou sobre su-as atribuições no cargo: “Nos-sa grande preocupação é com o médico legalmente habilitado para o exercício profissional. Há uma avalanche de tentativas de

médicos não legalmente habi-litados, formados no exterior e sem revalidação, de exercer a medicina. Temos feito o possí-vel para barrar essas tentativas”, afirmou. Maguilnik lembrou, ain-da, a importância da educação médica continuada, reforçando a retomada dos programas ético-científicos do Conselho.

Delegacias Seccionais e descentralização

Representando a Amrigs, Al-fredo Cantalice Neto, membro da Câmara Técnica de Pediatria, cumprimentou a iniciativa do Cremers em promover a integra-ção de seus órgãos.

A seguir foram detalhados o histórico, as atividades e núme-ros das delegacias. A apresenta-ção contou com a participação dos funcionários envolvidos em seu funcionamento, abrangendo as áreas operacional, técnica e de fiscalização. O coordenador das Delegacias Seccionais, vi-ce-presidente Cláudio Franzen, salientou que “a principal função das delegacias é descentralizar o trabalho do Conselho, tornando o serviço mais ágil e acessível aos médicos do interior”.

O coordenador das Câmaras Técnicas, Rogério Aguiar, ressal-tou a importância da discussão, dinamização e valorização das

atividades das Câmaras no apoio técnico a assuntos do Conselho. “Este braço técnico-científico auxilia nas questões de educa-ção continuada, julgamentos e sindicâncias, entre outros, ana-lisando e emitindo pareceres”, esclareceu. Aguiar perpassou o histórico, a formação e o fun-cionamento das Câmaras, des-tacando seu papel agregador entre as entidades e os médicos em geral.

Em seguida, houve a partici-pação efetiva dos delegados e membros das Câmaras Técnicas com questionamentos e propos-tas para o melhor funcionamento e integração dessas áreas.

19JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Integração

IntegraçãoCremers: ações com resultados concretos

A retomada da programação ético-científica do Cremers foi marcada pelo debate

sobre a divergência de interesses de bancos públicos e privados de sangue de cordão umbilical, reali-zado no dia 26 de julho. O coor-denador do evento, Antônio Ayub, esclareceu na abertura que “o fato motivador deste encontro foi um editorial publicado na imprensa sobre três médicos que foram de-nunciados aplicando o golpe das células-tronco em pó. Isto é a ponta de um iceberg que inclui ilusões vendidas por bancos priva-dos que prometem esperanças de cura”. Ayub ressaltou ainda o papel dos Conselhos de Medicina, como norteadores da atividade médica, no combate a esse tipo de golpe: “Vivemos uma época em que o conflito de interesses é a grande chaga da medicina”, completou.

O primeiro palestrante, o mé-dico Jorge Neumann, iniciou sua participação falando sobre doação

e bancos de medula óssea, repas-sando seu histórico e funciona-mento. “Os bancos de medula são virtuais, contando apenas com as informações do doador, enquanto os de cordão umbilical são físicos, armazenando o material congela-do”, esclareceu, demonstrando as distintas características e utiliza-ções das células-tronco colhidas da medula e do sangue de cordão. A seguir, Neumann apontou as diferenças entre bancos públicos e privados de sangue de cordão, afirmando que “a única indicação para a criação de banco privado é o histórico familiar de um ir-mão com alto risco de leucemia ou linfomas”.O médico finalizou sua participação alertando para o perigo da propaganda feita pelos bancos privados, criando a idéia de que as células-tronco curam qualquer doença. “É perigoso fazer esse tipo de afirmação, pois assim se vendem falsas esperanças”, res-saltou Neumann.

A seguir, o hematologista João Pedro Marques Pereira retomou pontos sobre o transplante de me-dula, citando que no Brasil são fei-tos 5.100 transplantes ao ano. Mar-ques Pereira também mencionou os programas brasileiros de doação de medula e sangue de cordão, como REDOME, REREME e Bra-silCord, além de explicar como são feitos a doação e o armazena-mento do material. Ao falar sobre o conflito entre bancos públicos e privados de sangue de cordão, Marques Pereira ponderou que os primeiros “utilizam-se de um mo-mento de fragilidade, o parto, para fazer com que os pais se sintam obrigados a ‘garantir’ a saúde do filho no futuro, mesmo que a cura de várias doenças através das cé-lulas-tronco ainda seja hipotética”. O médico apontou que na França e na Espanha é proibido constituir bancos privados de sangue de cordão, refletindo uma tendência mundial. Marques Pereira encerrou dizendo que “a doação não garan-

te a preservação do material nem prioridade do paciente em caso de necessidade de transplante”.

No espaço aberto para deba-tes, um dos participantes relatou que sua equipe tem sido cons-tantemente procurada por um determinado banco privado de sangue de cordão, pressionando e até oferecendo dinheiro por cada paciente encaminhado para coleta. Marques Pereira demons-trou-se “impactado pela notícia”. Já Jorge Neumann afirmou que a situação é auto-explicativa: “Se os bancos privados fossem tão bons, não haveria necessidade desse tipo de atitude".

Evento debate a polêmica questão dos bancos de sangue de cordão umbilical

Programação ético-científica do Cremers recomeça com debate sobre transplante de células-tronco e as questões éticas que envolvem bancos públicos e privados de sangue de cordão umbilical e placenta

Encontro ético-científico

Drs. João Pedro Marques Pereira, Antônio Ayub e Jorge Neumann

O assunto foi acompanhado com muita atenção pelo público

20JORNAL DO CREMERS ● JULHO 2007

Ética e Ciência

Ética e CiênciaCremers: ações com resultados concretos