Avenida Higienópolis: um retrato da burguesia londrinense nas décadas de 30, 40, 50 e 60

Sara Hermógenes Silva (PIBIC/CNPq-UEL), Paulo Cesar Boni (Orientador), e-mail: pcboni@sercomtel.com.br

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Comunicação Social – Habilitação: Jornalismo/Londrina, PR.

Ciências Humanas. 7.05.00.00-2 - História

Palavras-chave: História de Londrina (PR); Avenida Higienópolis; burguesia londrinense

Resumo:

A história da Avenida Higienópolis é um desmembramento (subprojeto) do projeto de pesquisa A História de Londrina (década de 1940) em textos e imagens. A Avenida Higienópolis era uma extensa via urbana que tem seu início no centro da cidade e estende-se rumo ao sul, chegando até o Parque Guanabara. O trecho original começava na Rua Sergipe e prosseguia até a Rua Alagoas, onde se localizavam as primeiras chácaras. Como resultado do “boom” cafeeiro, ela foi se definindo como uma avenida de residências em alvenaria, distinguindo-se de outras ruas residenciais da cidade, onde predominavam as casas de madeira. Gradativamente, nos anos 40 e 50, nesta via urbana, as casas de alvenaria e as mansões surgiram, definindo o principal espaço de moradias de fazendeiros. Nos anos 70, as casas de alvenaria e as grandes mansões começaram a ser transformadas em locais destinados ao comércio sofisticado da cidade. Este projeto busca resgatar, com textos e imagens, parte da história da Avenida Higienópolis, desde sua criação, passando pelas modificações que alteraram seu cenário e sua função para a cidade Londrina até se transformar no importante patrimônio que é hoje.

Introdução

Londrina se emancipou politicamente em 10 de dezembro de 1934, menos de uma década depois da chegada de seus desbravadores e dos primeiros pioneiros. Colonizada pelos ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), a cidade viveu rápido crescimento e enriquecimento, impulsionado principalmente pelo café, que era chamado de “ouro verde”. Na década de 60, tornou-se informalmente a “Capital Mundial do Café”.

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

Materiais e métodos

A metodologia utilizada teve um direcionamento exploratório, um descritivo e um analítico. A parte exploratória envolveu a pesquisa de conhecimentos e documentos disponíveis, bem como o levantamento/resgate de informações e documentos iconográficos em poder de arquitetos, engenheiros e antigos e atuais moradores. A descritiva esteve contida na organização, classificação e sistematização dos dados e imagens levantadas. A analítica centrou seu foco na importância da fotografia como instrumento auxiliar de pesquisa na recuperação histórica e fonte de consulta para dissipação de dúvidas.

Os procedimentos metodológicos adotados foram: Pesquisa bibliográfica; Pesquisa documental; Análise iconográfica, com ênfase voltada para a fotografia; História oral.

Resultados e Discussão

Por meio de resgate, organização, classificação e publicação fragmentada (artigos) ou contextualizada (livro) da história da Avenida Higienópolis e análise e contextualização da fotografia no processo de recuperação histórica, verificou-se que os moradores que residiram na avenida Higienópolis era de maioria burguesa1, e não aristocrática, como por muito tempo se acreditou, por Londrina ser, na época, a capital mundial do café. As casas de alvenaria e mansões construídas entre as décadas de 30 e 60 pertenciam a engenheiros, médicos, comerciantes e a apenas a alguns barões do café.

Imagem/fotografia

Figura 1 – Início das construções na Avenida Higienópolis, que não constavado projeto inicial da cidade e só recebeu asfalto na década de 60

Fotografia: Oswaldo LeiteFonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

1 Definição de burguês de acordo com o Dicionário Aurélio: "Modernamente, indivíduo da classe média ou da que detém os meios de produção".

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

Figura 2 – Avenida Higienópolis em seu início, na década de 30: o trecho inicialcompreendia o espaço entre as ruas Sergipe e Alagoas

Fotografia: Oswaldo LeiteFonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Figura 3 – Primeira casa de alvenaria da Avenida Higienópolis, no cruzamento com a rua Sergipe.

Fotografia: José JulianiFonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Figura 4 – “Na foto do Álbum de Londrina – 1941, a ‘Vista da Av. Higienópolis’é a de uma avenida de terra com largo canteiro central”, descreve Yamaki

Fotografia: Oswaldo LeiteFonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

Figura 5 – Vista aérea da Avenida Higienópolis em 1950Fotografia: Oswaldo Leite

Fonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Conclusões

Ao analisar as transformações sofridas pela Avenida Higienópolis ao longo do tempo, transformações que geralmente sempre expressaram – e expressam – diferentes fases do crescimento econômico e desenvolvimento social de Londrina, é possível inferir que, independente de seu glamour inicial, reduto da burguesia londrinense, e sua atividade comercial nos anos mais recentes, a Avenida Higienópolis sempre se caracterizou como um “cartão de visita”, uma referência iconográfica da cidade.

Referências

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