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FORTALECIMENTO DAS REDES DE
RELACIONAMENTO DOS
PRODUTORES RURAIS: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO NO INTERIOR DO
ESTADO DO AMAZONAS
RAFAELLA LIRA FERNANDES (UFAM)
Fabiane Aparecida Santos Clemente (UFAM)
Suellenn dos Santos Hinnah (UFAM)
A Feira é um potencial local para fortalecimento da relação entre os
produtores rurais, bem como articulação de ações que possam
fomentar esse relacionamento. No século XXI, é notória a importância
de cada vez mais os empreendedores se preocuparem com sua rede de
relacionamentos. A partir desse contexto, esse projeto visou entender
os efeitos da imersão em rede dos empreendedores inseridos na Feira
do Produtor Rural em um município do interior do Estado do
Amazonas. A pesquisa foi do tipo exploratória, de cunho quali-quanti
com dados primários e secundários obtidos por meio de pesquisa
documental e de campo. Os feirantes entrevistados afirmaram que as
vendas na Feira garantem a renda familiar e que são conhecidos por
todos no local. Verificou-se que não há incentivo de outras instituições
para o fortalecimento da rede e não há preocupação dos
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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empreendedores em se fortalecerem enquanto uma rede de
relacionamentos.
Palavras-chave: Redes, Empreendedorismo, Feiras Livres
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1. Introdução
Alguns produtores rurais do município estudado estão inseridos em uma Feira para escoar sua
produção. A Feira do Produtor Rural do município é gerenciada por uma Administração Geral
não formalizada como Associação que traz em outras características a união de vários
feirantes em prol de um objetivo comum: comercializar sua produção.
Este estudo, portanto, se passa na perspectiva dos feirantes rurais inseridos na Feira do
Produtor Rural, permitindo uma pesquisa aprofundada sobre a imersão em rede dos
empreendedores como objeto de estudo. Entende-se, também que, a Feira é um local onde há
um fortalecimento da relação entre os produtores rurais, bem como articulação de ações que
possam fomentar esse relacionamento. “Quanto menor o município, mais importante a feira
para o seu desenvolvimento local, pois garante a comercialização da produção familiar, da
pequena agroindústria e de produtos artesanais (COUTINHO et al, 2006, p.2).”
O objetivo central deste projeto visa caracterizar os efeitos da imersão em rede dos
empreendedores inseridos na Feira do Produtor Rural de um município do interior do Estado
do Amazonas. Os objetivos específicos contemplam:
a) Caracterizar o perfil empreendedor inserido na Feira do Produtor Rural;
b) Identificar os efeitos da imersão em rede destes empreendedores;
A partir disso, entende-se que o estudo do empreendedorismo, em especial nessa pesquisa,
dos empreendedores que são os produtores rurais, perpassa também pelos relacionamentos
pessoais dos mesmos, bem como o inter-relacionamento no contexto da Feira em que estão
inseridos.
Quando fala-se de desenvolvimento do produtor rural, a perspectiva também se pauta nos
esforços do empreendedor para crescer seu pequeno negócio, mantê-lo estruturado e sólido e
a necessidade de sua atuação em redes exige uma dedicação que merece ser estudada.
Esse item é um fator importante, dado que, estudar o relacionamento dos indivíduos e sua
mobilização na rede de relações pessoais, perpassa também em entender como esses
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empreendedores lidam com a obtenção de recursos tais como a informação, capital, contatos
de negócios entre outros.
Para Granovetter (1992) quanto mais contatos mútuos estejam conectados uns com os outros,
mais informações eficientes se tenham sobre o que os pares estão fazendo.
Consequentemente, haverá maior habilidade para moldar comportamentos, formando-se
grupos coesos. Esses não apenas espalham informação, mas também geram estruturas
normativas e culturais que têm efeito sobre o comportamento.
Nesse processo, portanto, é importante destacar a necessidade de um olhar para diagnosticar
os elementos que compõem as redes existentes dentro da Feira do Produtor Rural do
município que trarão informações não somente na esfera do desenvolvimento das mesmas,
mas de uma expansão para agregar valor à perspectiva de Arranjo Produtivo Local no
município.
2. Referencial Teórico
2.1. Empreendedorismo
Segundo Neto e Sales (2004), o empreendedorismo apresenta seus primeiros feixes de
existência ainda na Idade Média. Conforme os autores, nesta mesma época, havia a relação
entre arcar riscos e empreender, onde era estabelecido um acordo contratual ligado ao
governo para execução de serviços ou fornecimento de produtos.
Para Dornelas (2001), o movimento do empreendedorismo no Brasil tomou forma na década
de 1990 quando entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
- SEBRAE e Sociedade Brasileira para Exportação de Software - SOFTEX foram criadas, a
partir disto, o empreendedorismo tornou-se uma necessidade de subsistência e uma alternativa
de renda para as famílias, sendo uma das opções de capacidade para um novo negócio sem
medo de falhar. (ALVES JUNIOR, 2008).
Para Chiavenato (2007), os empreendedores são uma ponte de energia positiva para o
crescimento econômico constante no mundo dos negócios, além destes indivíduos expandirem
um pequeno serviço, ocupando-o num papel de destaque, tendo como principais
características de empreendedor, a iniciativa e perseverança.
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De acordo com Brito e Wever (2008), o termo empreendedor surgiu nos séculos XVII e
XVIII, sendo um compromisso com o sucesso e com as atividades envolvidas nele. Para
Dolabela (2006) o empreendedor é um indivíduo plenamente sociável, comunicativo, que vive
em constante mudança com a natureza e o seu desenvolvimento social está relacionado a
transformação e inovação.
O empreendedor está em constante mudança, acompanhando a evolução da humanidade nos
tempos atuais, além de seguir uma capacidade distinta de motivação, tendo atitude para seu
próprio desenvolvimento pessoal no mundo dos negócios, utilizando o empreendedorismo
como base motivacional para alcançar suas metas e objetivos (CHIAVENATO, 2007).
Os empreendedores, de acordo com Drucker (2003), procuram criar valores e satisfações,
novos e diferentes, convertendo um “material” em um “recurso”, ou combinando recurso
existente em uma nova e mais produtiva configuração buscando novos resultados
organizacionais.
Neste sentido, tem crescido as diferentes maneiras de empreender, como é o caso do
empreendedorismo dentro das Feiras Livres. Elas são caracterizadas como um tipo de
mercado varejista ao ar livre, e são atreladas à geração de emprego e renda
(MASCARENHAS; DOLZANI, 2008).
De acordo com Mascarenhas e Dolzani (2008, p.75), a feira livre no Brasil “constitui uma
modalidade de mercado varejista ao ar livre, de periodicidade semanal, organizada como
serviço de utilidade pública pela municipalidade e voltada para a distribuição local de gêneros
alimentícios e produtos básicos”.
As feiras livres são denominadas assim por estarem isentas de pagamento de impostos e taxas.
O resultado é o rebaixamento dos preços dos produtos, inferiores aos praticados no comércio
formal vizinho, podendo assim dar uma real contribuição social para a comunidade
(MASCARENHAS; DOLZANI, 2008). São fomentadas por feirantes e fregueses, onde entre
eles se ergue uma rede de sociabilidades vivenciadas pelos atores sociais. Esta relação de
proximidade e confiança entre ambos, pode ser compreendida pelo significado da palavra
freguesia (BRAUDEL, 1996).
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De acordo com Sato (2012), para o desenvolvimento do trabalho na feira, o papel da rede é de
extrema importância, pois é através dela que as informações são espraiadas e a cultura é
gerada, seja por meio do vocabulário especifico ou pela forma de fazer o trabalho, mostrando
assim o potencial que esta forma organizacional desempenha.
2.2. Imersão em Redes
O termo rede vem do latim retis, que significa teia, e pode ser definido como o
entrelaçamento de fios que constituem uma espécie de tecido de malha aberto
(RODRIGUES,1997).
Mizruchi (2006) enfatiza que a rede está inserida a um conjunto de relações que se acoplam. E
esta percepção é aplicada na teoria das organizações constituindo um modelo de atividades
econômicas, através da cooperação interorganizacional.
Aqueles que participam de um mesmo vínculo social cooperam entre si o mesmo tipo de
informação e conhecimento sobre os atributos de emprego e contatos, daí a importância das
redes no mercado de trabalho. Esta forma de socialização tem fortalecido o perfil
empreendedor, e expandido as relações de trabalho nas mais diversas áreas de atuação
(SORDI et al., 2009).
Assim as redes sociais exultam na conduta de indivíduos e grupos, determinando as relações
sociais onde os agentes estão encadeados. Esta influência por intermédio da rede de relações
viabiliza ao empreendedor a aquisição de recursos e legitimidade no mercado (ROSSONI;
TEIXEIRA, 2006). Este autor acredita que é importante o desenvolvimento de redes de
contato e que as mesmas são importantes no mercado.
A imersão em redes é um assunto de grande relevância para a área do empreendedorismo,
pois os futuros empreendedores passam a manusear como ferramenta, a rede, em fases do
processo de formação do empreendedor desde a etapa inicial, onde são inseridos no processo
e logo depois, para a implantação quando começa o crescimento exponencial na sua empresa
(GREVE; SALAFF, 2003).
Acredita-se que a imersão em redes seria a união de indivíduos em uma estrutura da rede
tendo em vista a conexão como um todo, afetando-se economicamente e trazendo-se possíveis
consequências. Quanto mais conectado o grupo estiver, mais eles terão relações e informações
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uns dos outros, facilitando a interatividade entre os participantes. A partir disso, será mais
eficaz em trabalhar com os participantes para modelar suas habilidades (GRANOVETTER,
1992).
Percebe-se que a imersão de empreendedores em redes, consiste em uma atividade onde não
apenas socializam-se, mas passam a significar mais do que simplesmente desenvolver redes
sociais (KLEINDORFER, 2012). Esta relação de imersão pode ser encontrada na convivência
numa feira livre.
3. Metodologia
Essa pesquisa foi do tipo exploratória, aplicada, de cunho quali-quanti com dados primários e
secundários obtidos por meio de pesquisa documental e de campo. A pesquisa documental
baseou-se na pesquisa de documentos orientativos dos produtores rurais e da Feira, tais como:
regimento, formas de ingresso, ações realizadas, legislações, regimentos, etc. A pesquisa de
campo se deu com coleta de dados aos empreendedores (formulário, entrevista) e dirigentes
da Feira (entrevista).
A unidade de análise da pesquisa foi a Feira do Produtor Rural localizada no interior do
Estado do Amazonas, em um dos municípios mais importantes para o Estado, escolhida por
ser referência em comercialização de hortaliças e frutos, bem como ter um potencial para
criação de Associação, onde foram entrevistados 21 feirantes. A data escolhida para a
realização das entrevistas foi o mês de abril de 2017.
A pesquisa foi realizada com uso de formulários, criados com uma pontuação de 1 a 5, sendo
1 para não concordo, 2 para concordo pouco, 3 para concordo, 4 para concordo muito e 5 para
concordo extremamente, também colocou-se a opção NS (não sei responder), as respostas
foram divididas em 5 categorias: aprendizado no papel empreendedor; aprendizado para a
gestão de empresas; político; e cultural.
As entrevistas foram semiestruturadas, feitas aos feirantes e dirigentes e todas foram gravadas
e transcritas para fins de análise e compilação dos dados, afim de verificar os procedimentos
de instalação e fixação dos feirantes na feira, bem como os procedimentos formais e informais
instituídos pela Administração da Feira.
4. Resultados e Discussões
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4.1. Caracterização do perfil empreendedor inserido na Feira do Produtor Rural
Foi realizado um levantamento acerca do perfil dos feirantes da feira do Produtor Rural. Dos
sujeitos pesquisados, observou-se que 48% dos feirantes são do gênero masculino e 52%
representam a presença feminina dentro da Feira. Isso demonstra a evolução do papel da
mulher na sociedade, caracterizadas por sempre estarem envolvidas em laços fortes e
protegidas por uma densa rede de relações familiares, diferentemente dos homens, que sempre
desenvolveram redes mais abertas e laços fracos, tal fato, repercute quanto ao
empreendedorismo feminino (WASSERMAN; FAUST, 1999).
Sobre a faixa etária dos entrevistados, observou-se que 10% dos entrevistados pertencem à
classe de 26 a 30 anos, sendo que 14% representam a idade de 36 a 40 anos, e 5% a classe de
31 a 35 anos, a maior porcentagem (62%) está na classe dos que possuem mais de 46 anos.
Quanto ao tempo como feirantes, a maioria dos entrevistados possui mais de 25 anos atuando
nesta profissão. E apenas 43% possui menos que 25 anos.
Dentre os produtos comercializados na Feira, 95% dos entrevistados vendem entre frutas,
hortaliças, verduras, farinha, e 5% comercializa apenas farinha e goma.
Os 21 entrevistados foram questionados se gostavam da profissão como feirante. Apenas uma
respondeu que não, pois a mesma iniciou a profissão devido uma necessidade financeira,
tendo como referência o padrasto que já atuava como feirante.
Visto que todos os entrevistados iniciaram sua profissão a partir de uma referência familiar,
eles foram questionados se gostariam de continuar na Feira como feirantes. Do total, 67%
respondeu que sim, porém, esta mesma porcentagem afirmou que não gostaria que seus filhos
dessem continuidade na profissão.
Do total dos entrevistados, 90% respondeu que ser feirante mantem a renda familiar e 76%
afirmaram possuir dificuldade nas vendas, um dos motivos é a falta de organização em
relação à distribuição das bancas na Feira.
Quando a gente chega mana, isso aqui tá tudo ocupado de outros feirantes e a gente
não tem lugar fixo pra vender, isso dificulta a venda (ENTREVISTADO 6, 2017).
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A maioria dos feirantes (76%) não acha a Feira do Produtor bem estruturada devido às
condições físicas em que ela se encontra, porém 86% afirmam acha-la bem localizada no
município. Todos os feirantes (100%) afirmaram ser conhecidos e bem socializados na Feira.
Quando questionados se faziam parte de alguma associação, 86% disseram que não
participam. Esta mesma porcentagem, afirmou ter sonhos de criar o próprio negócio de
vendas (86%), ou seja, gostariam de possuir seu negócio formalizado, fora da Feira do
Produtor Rural.
4.2. Identificar os efeitos da imersão em rede destes empreendedores;
O mecanismo cognitivo está associado à obtenção de informações na rede e no auxílio do
processamento da informação. Ele foi dividido em duas categorias: a) Aprendizado no papel
empreendedor (referências ou mentores; vivência associativista; estímulo à criatividade e
aprendizado ético) e; b) Aprendizado para a gestão das empresas (ampliação do conhecimento
do mercado; planejamento e conhecimento do ramo; parcerias de negócios).
Quando questionados sobre a primeira categoria, buscou-se identificar se iniciaram o processo
de empreender a partir de alguma referência familiar ou de amigos, 81% dos entrevistados
afirmou Concordar ou Concordar Muito, visto que a maioria cresceu cultivando a agricultura
de subsistência através de alguma referência familiar e provavelmente devido a isto deram
continuidade a profissão. Do total de entrevistados, 86% também afirmou que um dos fatores
que levara-os a empreender foi a necessidade financeira.
É uma necessidade de doença que eu tava com muita febre e não tinha o dinheiro pra
comprar remédio. Aí graças a Deus e o cheiro verde que eu tinha muito no meu
canteiro, aí eu amarrei eu sei como foi benzinho foi trinta marços que eu amarrei, de
cheiro verde, e venderam todinho, aí desde lá (ENTREVISTADA 13, 2017).
Tendo em vista isso, para 90% dos entrevistados a Feira dos Produtores Rurais teve um papel
fundamental para iniciarem seu empreendimento, assim como o mesmo percentual alega que
é a Feira que mantêm-no em funcionamento. No entanto, todos os entrevistados (100%)
acreditam que se existisse uma Associação de Produtores Rurais essa teria um papel
fundamental para iniciar outros empreendimentos.
[...] eu acho uma coisa importante que através da associação eu tenho certeza que as
coisas que se houvesse uma associação aqui pra nós seria muito benefício aqui para
a gente (ENTREVISTADO 6, 2017).
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Eu acho que se tivesse uma associação aqui, seria até bom, porque haveria um
desenvolvimento, né? Algumas coisas que a gente tem dificuldade, talvez ficasse
mais fácil (ENTREVISTADO 8, 2017).
Dos entrevistados, 57% afirmou que a administração da Feira dos Produtores Rurais dá o
apoio necessário para manter o empreendimento em funcionamento, mas, a minoria (38%)
acredita que a Feira funciona igualmente ao papel de uma Associação. Para 76% dos
entrevistados o papel da Feira está claro, no entanto a maioria acredita que isto não está nítido
para os demais feirantes.
Percebe-se que a maioria (81%) dos feirantes acredita possuir voz ativa como membro da
Feira do Produtor Rural e participa das decisões coletivas tomadas. Assim como afirmam que
a vivência no Feira permitiu o aprendizado em relação a gestão e negócios.
Dos discursos, percebeu-se que as reuniões ocorridas na Feira não são frequentes e nem
planejadas, além de dificilmente trazerem novas informações sobre os empreendimentos dos
feirantes. Do total de entrevistados, 71% dos feirantes não concorda, concorda pouco e não
concorda nem discorda quanto a isso, assim como 86% acredita não haver novidades quanto
às informações fornecidas nas reuniões.
No que se refere ao aprendizado para a gestão das empresas, que trata-se da busca em
compreender a ampliação do conhecimento de mercado, assim como o planejamento e
parcerias nos negócios, os feirantes foram questionados sobre quanto o empreendimento deles
se desenvolveu durante os anos na Feira. Dos entrevistados, 33% acredita não ter
desenvolvido seu negócio como gostaria, no entanto para 86% dos feirantes, a Feira teve um
papel importante para o desenvolvimento do negócio.
É porque cada ano que passa a gente já vai evoluindo tendo uma evolução, a
tendência é crescer, agora só tem uma coisa nesse período a respeito da cheia, a
gente já sabe como é que é, alagou mata tudo, aí tem começar tudo de novo
(ENTREVISTADO 6, 2017).
Quando questionados sobre o planejamento do seu negócio, 76% acreditam que planejam de
forma clara seu negócio, assim como, 81% dos entrevistados, afirmam acompanhar as
mudanças no mercado e entender o desejo dos clientes.
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No que se refere à parceria de negócios, ainda em relação ao aprendizado de gestão de
empresas, os entrevistados em sua maioria acreditam que a Feira não atende as expectativas
quanto a isso, ou seja, 62% não concorda, concorda pouco e não concorda e nem discorda.
Figura 1– A Feira dos Produtores Rurais é parceira atende minhas expectativas
Fonte: Dados da pesquisa (2017)
O mecanismo político supõe uma análise das formas de poder sob uma ótica externa. Com
isso, quando questionados sobre o papel político enquanto feirantes, 62% concorda e
concorda muito que possuam um papel político participativo no município e Estado, 19% não
concorda e nem discorda e mais da metade (52%) acredita que este item também está claro
para os demais feirantes.
As reuniões não são frequentes dentro da Feira do Produtor Rural, quando questionados se
participavam das reuniões, 57% afirmaram que sim. O mesmo percentual diz possuir voz
ativa nas decisões tomadas nas reuniões. No que se refere ao entrosamento entre os membros
da Feira do Produtor Rural, 76% acredita que existe ajuda mútua entre os feirantes e 14% não
concorda e nem discorda.
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Figura 2– Os feirantes se ajudam
Fonte: Dados da pesquisa (2017)
Os feirantes em sua maioria (81%) acreditam que a Feira do Produtor Rural não ajuda na
divulgação dos empreendimentos dos entrevistados e 95% afirmaram não participar de
nenhuma outra rede.
Para quase todos os feirantes (95%) não existe parcerias com outras instituições, e que se
houvesse poderia ajudar no desenvolvimento do negócio.
Figura 3– Existe outras parcerias, com outras instituições que ajudam o desenvolvimento do meu negócio.
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Fonte: Dados da pesquisa (2017)
Quanto ao mecanismo cultural, que trata-se da busca por significados e formas de
entendimento compartilhadas entre os integrantes da rede. Esta categoria foi separada em dois
itens: a) formação de valores e; b) sentimentos como esperança, coragem e persistência.
Quando questionados em relação ao processo de integração de um novo membro na Feira,
71% disse que há uma preocupação por parte dos deles em acolher o novo membro, 10%
acredita que não há este interesse e 19% não concorda.
É porque quando entra outro, já é conhecido, amigo, aí a gente organiza, dá uma
fruta aqui, acolhe bem, e ele acolhe a gente bem também (ENTREVISTADA 11,
2017).
Sim, sempre é, quando chega uma pessoa sempre a gente acolhe, procura a melhor
maneira possível de ajudar aquela pessoa também ali, né, porque todas as pessoas
que chegam no momento pra trabalhar é porque ela tá precisando
(ENTREVISTADA 11, 2017).
Quanto ao estímulo para continuarem na Feira, 24% afirmam que a administração da Feira
estimula-os a continuarem, enquanto a maioria (76%) não concorda com isso.
Não, só se o pessoal disser assim, rapaz tu não vai vender mais aqui e eu não venho
mais vender, mas se eu puder vender lá no cantinho da rua eu vou tá vendendo, por
que eu quero ganhar meu dinheiro (ENTREVISTADA 10, 2017).
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Os feirantes acreditam que a legalização de uma associação de Produtores Rurais teria
impacto positivo (95%) e que a mesma estimularia o empreendedorismo e crescimento do
negócio.
5. Considerações Finais
O objetivo contemplado nesta pesquisa permeou a caracterização dos efeitos da imersão em
rede dos empreendedores inseridos na Feira do Produtor Rural em um município do interior
do Estado do Amazonas. Além da identificação do perfil empreendedor dos feirantes
inseridos na Feira do Produtor Rural.
Quanto ao primeiro objetivo específico, que buscou caracterizar o perfil dos feirantes,
percebeu-se que todos os feirantes iniciaram seus empreendimentos ou deram continuidade a
partir de alguma referência familiar e que a maior parte é caracterizada pelo gênero feminino
onde a maioria possui baixa escolaridade, ou seja, tem apenas o ensino fundamental
incompleto. O tempo médio de vivência como feirante atinge 16 anos e do total de
entrevistados, a maioria alegou gostar da profissão.
Os feirantes entrevistados residem, tanto na zona urbana quanto na zona rural, mas a maioria
(86%) comercializa produtos de outros produtores e são apenas feirantes. Eles afirmaram que
as vendas na Feira garantem a renda familiar, no entanto não gostariam que seus filhos
dessem continuidade na profissão.
Quanto ao segundo objetivo, que procurou identificar o efeito da imersão em rede dos
empreendedores da Feira do Produtor Rural, verificou-se que todos os feirantes caracterizam-
se como pessoas bem conhecidas dentro da Feira, mas não ocorre contato mútuo entre eles,
além de não possuírem vínculos com outras instituições.
É necessário um olhar cuidadoso para o fortalecimento da rede, tanto dos aspectos de
relacionamento interno, quanto a abrangência no network externo. Como sugestão para
pesquisa futura, torna-se válido, trabalhar estratégias para a consolidação e fortalecimento da
rede, bem como analisar os impactos dessas ações.
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