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ANÁLISE DE RISCOS NA ATIVIDADE
DE PODA DE ÁRVORES NA ÁREA
URBANA PRÓXIMO À REDES
ENERGIZADAS
Kaline Araujo de Oliveira (UTFPR)
BIANCA BREKAILO SILVEIRA NUNES (UTFPR)
Ariel Orlei Michaloski (UTFPR)
Antonio Augusto de Paula Xavier (UTFPR)
Este trabalho teve como objetivo identificar e analisar os riscos que o
operador de moto-poda está exposto direta e indiretamente, na
operação de poda de árvores próxima a redes energizadas na cidade
de Andradina, Estado de São Paulo. Após a observação, foram
identificados os riscos físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes
aos quais ele estava exposto no decorrer de sua atividade. Foi avaliado
o POP (Procedimento Operacional Padrão), o uso de EPIs
(Equipamento de Proteção Individual) e EPCs (Equipamentos de
Proteção Coletiva). A partir disso, foi realizado um mapa de riscos e
uma a análise. Os principais riscos que os operadores de moto-poda
estão expostos são: Riscos físicos - ruído e vibração; Riscos químicos -
aerossóis sólidos e poeiras; Riscos ergonômicos - postura inadequada,
esforço físico e desconforto acústico e os Riscos de acidente - queda do
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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trabalhador e de galhos, fios e corrente elétrica, corte. Foi observado
que o ambiente de trabalho é razoavelmente favorável em relação à
segurança do operador e que os trabalhadores receberam treinamento
a respeito do uso de EPIs e EPCs. Os operadores receberam
treinamentos, porém, o ambiente estava sem sinalização e faltavam
alguns EPIs necessários para o trabalho, como o rádio de
comunicação e o higrômetro. Ao ser questionado sobre as causas
possíveis dos acidentes no trabalho, o motivo principal foi à falta de
atenção (sono e fadiga), às vezes a falta do uso de EPIs e a pressão
para cumprimento da meta. Por fim, foram recomendadas algumas
medidas preventivas de segurança para o operador.
Palavras-chave: Riscos de acidentes, operador de moto-poda, redes
energizadas
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1. Introdução
A arborização urbana contribui notavelmente para a qualidade de vida e o bem-estar da
população, pois, há melhoria do microclima, um abrandamento da poluição sonora, redução
do impacto das chuvas e purificação do ar pela fixação de poeiras (FIEDLER et al, 2006).
Para o serviço de poda são utilizados diversos tipos de ferramentais auxiliadores ao ser
humano na execução do trabalho, como por exemplo, as máquinas mais utilizadas estão as
moto-podas e as motosserras.
Segundo Fiedler et al. (2006), as motosserras apresentam deficiências de projeto que podem
levar a problemas de segurança e conforto para o operador, por isso, hoje muitos operadores
usam a moto-poda que diminui um pouco das vibrações que causam esse desconforto e assim
diminuem os riscos de acidentes.
A atividade de poda exige muita atenção para que se possam evitar os acidentes, pois
necessita, às vezes, de que o operador trabalhe sobre caminhões e cestas, escadas ou mesmo
sobre as próprias árvores, manuseando as máquinas e equipamentos. Diversos fatores podem
agravar os riscos de acidentes nestes casos, como ambiente de trabalho inadequado, elevada
exigência de esforço físico, longas jornadas de trabalho, ineficiência no projeto de concepção
das máquinas, operador não esteja utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs)
apropriados, falta de sinalização do local de trabalho (EPCs) (FIEDLER et al, 2006).
Fiedler et al. (2006), cita que, a avaliação dos riscos de acidentes é de suma importância para
as atividades de poda, pois seus resultados poderão ser empregados na prática com o intuito
de melhorar e garantir a segurança e o bem-estar do trabalhador, aumentando assim, a
eficiência do trabalho.
Dentre os riscos avaliados estão os riscos físicos, ergonômicos, químicos e de acidentes
inclusive relacionados a trabalho em altura e choques elétricos. Neste contexto, torna-se
imprescindível que a sinalização do local também esteja adequada as normas de segurança do
trabalho exigidas para a realização dessa atividade.
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Este trabalho teve como objetivo geral identificar e analisar os riscos que o operador de moto-
poda está exposto direta e indiretamente, na operação de poda de árvores próxima a redes
energizadas no estado de São Paulo.
2. Referencial teórico
2.1 Atividade de poda de árvores em setores urbanos
Existem diversos tipos de poda possíveis e a escolha mais adequada será aquela que permita o
desenvolvimento saudável da planta considerando entre outros, o seu estágio de
amadurecimento, capacidade de recuperação, estádio fenológico e equilíbrio estrutural. A
eliminação de ramos deverá seguir uma técnica de corte que considere o tamanho do galho e a
posição adequada, de modo que não cause lesões em outras partes da árvore e ocorra a
cicatrização completa da casca (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 2015).
2.1.1 Tipos de poda
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (2015), existem sete tipos de poda de árvore e são
essas:
- Poda de formação: a poda de formação é essencial, pois condiciona todo o
desenvolvimento da árvore e sua adaptação às condições em que vai ser plantada
definitivamente. É realizada no viveiro. No viveiro as mudas são produzidas dentro de
padrões técnicos, sendo conduzidas no sistema denominado “haste única”, que
consiste na desbrota permanente num caule único e ereto, até atingir a altura mínima
de 2,0 metros;
Poda de condução: quando a muda já está plantada no local definitivo, a intervenção
deve ser feita com precocidade, aplicando-se a poda de condução. Visa-se, com esse
método, conduzir a planta em seu eixo de crescimento, retirando os ramos indesejáveis
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e ramificações baixas, direcionando o desenvolvimento da copa para os espaços
disponíveis, sempre levando em consideração o modelo arquitetônico da espécie. É
um método útil para compatibilização das árvores com os fios da rede aérea e demais
equipamentos urbanos, prevenindo futuros conflitos;
Poda de limpeza: é realizada para eliminação de ramos secos, senis e mortos, que
perderam sua função na copa da árvore e representam riscos devido a possibilidade de
queda e por serem foco de problemas fitossanitários. Também devem ser eliminados
ramos ladrões e brotos de raiz, ramos epicórmicos, doentes, praguejados ou infestados
por ervas parasitas, além da retirada de tocos e remanescentes de podas mal
executadas. Estes galhos podem em algumas circunstâncias ter dimensões
consideráveis, tornando o trabalho mais difícil do que na poda de formação;
Poda de correção: visa eliminar problemas estruturais, removendo partes da árvore em
desarmonia ou que comprometam a estabilidade do indivíduo, como ramos cruzados,
codominantes e aqueles com bifurcação em V, que mantém a casca inclusa e formam
pontos de ruptura. Também é realizada com o objetivo de equilibrar a copa;
Poda de adequação: é empregada para solucionar ou amenizar conflitos entre
equipamentos urbanos e a arborização, como por exemplo, rede de fiação aérea,
sinalização de trânsito e iluminação pública. É utilizada para remover ramos que
crescem em direção a áreas edificadas, causando danos ao patrimônio público ou
particular. Entretanto, antes de realizar essa poda, é importante verificar a
possibilidade de realocação dos equipamentos urbanos que interferem com a
arborização (troca de rede elétrica convencional por rede compacta, isolada ou
subterrânea, deslocamento de placas e luminárias, redução da altura dos postes de
iluminação, cerca elétrica, etc.);
Poda de levantamento: consiste na remoção dos ramos mais baixos da copa.
Geralmente é utilizada para remover partes da árvore que impeçam a livre circulação
de pessoas e veículos. É importante restringir a remoção de ramos ao mínimo
necessário, evitando a retirada de galhos de diâmetro maior do que um terço do ramo
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no qual se origina, bem como o levantamento excessivo que prejudica a estabilidade
da árvore e pode provocar o declínio de indivíduos adultos;
Poda de emergência: é realizada para remover partes da árvore como ramos que se
quebram durante a ocorrência de chuva, tempestades ou ventos fortes, que apresentam
risco iminente de queda podendo comprometer a integridade física das pessoas, do
patrimônio publico ou particular. Apesar do caráter emergencial, sempre que possível
deve ser considerado o modelo arquitetônico da árvore, visando um restabelecimento
do desenvolvimento da copa e minimizando riscos posteriores.
2.1.2 Ferramentas de poda e equipamentos de segurança
Ainda segundo a Secretaria do Meio Ambiente (2015), nas atividades de poda em logradouros
públicos é imprescindível que ferramentas e equipamentos de segurança utilizados garantam,
simultaneamente, a segurança do podador e a integridade dos indivíduos arbóreos. Além
disso, deve-se garantir a segurança de transeuntes e outros bens, como veículos e imóveis, por
meio de sinalizadores de trânsito.
Os equipamentos de proteção individual - EPIs incluem capacetes, óculos de proteção e
protetores auriculares. Nos capacetes, deve-se dar preferência àqueles com abas menores ou
ausentes, facilitando a visualização da copa da árvore, combinado com óculos de proteção
escuros, devido à incidência direta da luz do sol, uma vez que o podador volta sua visão
constantemente para cima. Os protetores auriculares podem ser de inserção ou circum-
auricular, este último de maior eficiência no isolamento do som, principalmente para
operadores de motosserras, que podem contar com protetores auriculares acoplados ao
capacete e também com protetor facial acoplado ao mesmo (SECRETARIA DO MEIO
AMBIENTE, 2015).
As vestimentas têm a finalidade de manter a integridade do tronco e membros do trabalhador,
protegendo-os contra riscos de origem mecânica e contra a incidência de raios solares. São
itens obrigatórios: calças e blusas com adesivos refletores, luvas de couro e sapatos de solado
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reforçado. Além destes, utiliza-se protetor solar para proteção das áreas do corpo expostas à
luz. Para os operadores de motosserra, é obrigatório o uso de calças de náilon anti-corte e
calçados com biqueira de aço (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Quando a poda é realizada em vias públicas, a equipe de poda deve contar com os
equipamentos de proteção coletiva- EPCs, entre eles, fitas de cores chamativas para
isolamento da área, cones e placas de sinalização para proteger os trabalhadores, e garantir a
segurança de pedestres e veículos. As equipes devem contar com cordas para escoramento da
queda de partes significativas do vegetal e apitos para comunicação entre os trabalhadores,
devido ao barulho das máquinas e à utilização dos protetores auriculares. Em situações
emergenciais, quando os trabalhos são realizados à noite, é necessário que as equipes utilizem
faroletes para a iluminação e faixas refletivas para sinalização do local (SECRETARIA DO
MEIO AMBIENTE, 2015).
2.2 Normas regulamentadoras
No caso de poda em altura, que apresenta risco de queda ao trabalhador, em níveis acima de
dois metros do piso, a execução desta atividade deve seguir a NR18 – Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, e a NR 35 – Trabalho em Altura.
A utilização de cestos elevatórios, andaimes e escadas são opções mais seguras para a
atividade de poda, porém, podem encontrar dificuldades devido à estrutura das copas e
inclinação de terreno e, nestes casos, utiliza-se técnicas de escalada. A técnica de escalada
(progressão em corda) consiste na instalação de uma corda a partir do solo e utilização de um
dispositivo de subida definido em função da configuração da árvore, mas também em função
da altura. E, uma vez em posição, o podador deve estar equilibrado, confortável e seguro para
realização da poda. Neste caso, trabalhadores treinados para escaladas são essenciais, e devem
contar com os equipamentos obrigatórios como cordas especiais de escalada (cordas
dinâmicas de poliamida ou poliéster) para levantamento, talabartes e cintas de ancoragem para
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posicionamento e talabartes com absorvedores de energia para segurança (linha da vida), além
de mosquetões, capacete de escalada e cinto de segurança (tipo paraquedista).
É importante salientar que trabalhos de poda em árvores altas muitas vezes envolvem fiação
elétrica. Nestes casos, deve-se seguir a NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade,
lembrando que a execução e custos (inclusos nas tarifas de energia) do serviço são
responsabilidades da concessionária.
2.3 Riscos na atividade de poda
Segundo Meyer (2005), a palavra risco em latim, riscum, conota algo inesperado, mas no
sentido desfavorável ao indivíduo. Ainda segundo o autor, o grau do risco é função do efeito
adverso que pode resultar de uma ação particular, ou seja, risco não é sinônimo de perigo,
pois, descer de uma escada, por exemplo, representa um risco real de acidentes, porém é um
exagero considerar este ato perigoso.
Ainda segundo o autor, a análise de risco tem o objetivo de minimizar a possibilidade e a
probabilidade de ocorrência de incidentes e acidentes, melhorando a segurança e reduzindo os
gastos com seguros.
Conforme De Cicco e Fantazzini (2003):
Riscos físicos: são as diversas formas de energia que os trabalhadores podem estar
expostos em seu ambiente de trabalho, por exemplo, ruídos, vibrações, temperaturas
extremas e entre outras (NR 15);
Riscos químicos: são produtos ou compostos nas formas de poeiras, fumos, névoas,
gases que podem penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória;
Riscos biológicos: são bactérias, fungos, bacilos, vírus, parasitas entre outros que
podem penetrar no organismo por via respiratória ou pela pele;
Riscos ergonômicos: são resultantes de relações de trabalho, organização do trabalho,
mobiliário e relações ligadas ao conforto no ambiente de trabalho;
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Riscos de acidente ou mecânicos: envolvem proteção de máquinas, arranjo físico,
ordem e limpeza.
2.4 Mapa de risco
Segundo Sherique (2004), o Mapa de Riscos é uma representação gráfica de todos os pontos
de riscos encontrados em cada setor da empresa. É uma metodologia fácil e rápida e apresenta
benefícios na utilização como a identificação prévia, conscientização quanto ao uso de
equipamentos de proteção coletiva e individual, redução de gastos com acidentes, melhoria do
clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade.
2.4.1 Elaboração do mapa de risco
De acordo com Sherique (2004), para a elaboração do mapa do risco deve-se conhecer o
processo de trabalho no local analisado por meio de instrumentos e materiais de trabalho,
atividades exercidas e o ambiente. Após isso, categoriza-se em risco leve, médio e grave e
para a representação gráfica usam-se círculos de diferentes cores e tamanhos, como na Figura
1.
Risco leve: fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um incômodo
sem ser uma fonte de risco para a saúde ou integridade física;
Risco médio: fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um
incômodo podendo ser de baixo risco para a saúde ou integridade física;
Risco Grave (alto e/ou crítico): fatores do ambiente ou elementos materiais que
constituem um risco para a saúde e integridade física do trabalhador, com uma
probabilidade de acidente ou doença, elevada.
Figura 1 - Demonstração dos diferentes tamanhos de círculos e seus respectivos riscos
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Fonte: Sherique (2004)
Convencionou-se por meio da NR 15 atribuir uma cor para cada tipo de risco e isso será
mostrado na Figura 2 a seguir.
Figura 2 – Cores dos Riscos
Autores: Adaptado da NR 15
3. Estudo de caso
Com base no Ministério do Trabalho (2017), a profissão de podador de árvore possui:
Descrição da real da atividade: podador de árvores próximas a redes energizadas;
Descrição do local de trabalho e máquinas, equipamentos do posto de trabalho (etapa
do processo): ambiente externo, próximo a residências que contem árvores. O trabalho
(a poda) é feito com a moto-poda e com a presença de dois caminhões (um para a
movimentação da cesta e o outro para a trituração dos galhos cortados) e com três
profissionais (o podador, o motorista e o limpador de rua);
Descrição da atividade: atuam nos serviços de conservação e manutenção de rodovias,
estradas, avenidas e ruas, como empregados com carteira assinada. Organizam-se em
equipe, com supervisão permanente, em ambiente a céu aberto, no período diurno. No
desenvolvimento de suas atividades podem permanecer em posições desconfortáveis
durante longos períodos e expostos à ação de ruído intenso.
A coleta de dados foi efetuada em uma área residencial da cidade de Andradina, estado de São
Paulo. Na área havia três trabalhadores: o operador da moto-poda, o motorista e o limpador de
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galhos, porém foi observada apenas a condição de trabalho do operador de moto-poda e com
isso foram identificados os riscos físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes aos quais ele
estava exposto no decorrer de sua atividade. Foi avaliado o POP (Procedimento Operacional
Padrão), o uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e EPCs (Equipamentos de
Proteção Coletiva).
A Figura 3 ilustra o operador de moto-poda realizando sua atividade com o auxílio de um
cesto elevatório e a Figura 4 o caminhão com cesto elevatório e sinalização.
Figura 3 – Trabalhador executando atividade de poda
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Fonte: Autores (2017)
Figura 4 – Caminhão com o cesto elevatório e sinalização
Fonte: Autores (2017)
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No Quadro 1 foi realizado a identificação e separação dos riscos que o operador de moto-
poda está exposto, na operação de poda de árvores próxima a redes energizadas. Quadro 1- Mapa de risco para atividade desempenhada
PERIGO/FATOR DE RISCO Classificação
Pequeno Médio Grande Risco
Local e condições físicas do poste
Acidente
Animais
Acidente
Eletricidade
Acidente
Altura
Acidente
Apoio em fios
Acidente
Sinalização e isolamento da área
Acidente
Exigência de esforço físico – força e
ritmo de trabalho com serviços
repetitivos
Ergonômico
Posturas extremas/ forçadas
Ergonômico
Desconforto Acústico
Ergonômico
Desconforto Térmico Ergonômico
Uso excessivo da voz Ergonômico
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Ruído
Físico
Calor Físico
Vibrações de mãos e braços
Físico
Radiação não ionizante Físico
Aerossóis sólidos e poeira
Químico
Fonte: Adaptado De Cicco; Fantazzini (2003) e Sherique (2004)
No Quadro 2 foi realizada a análise dos riscos que o operador de moto-poda está exposto,
direta e indiretamente, na operação de poda de árvores próxima a redes energizadas.
Quadro 2 – Análise de riscos
AGENTE FATOR DE
RISCO DANO
FONTE
GERADOR
A
EPC
e/ou
POP
EPI
AVALIAÇÃO DO
RISCO
RISCO AÇÕES
De
acidente
Local e
condições
físicas do poste
O não
reconhecimen
to do local
pode
acarretar
acidentes
com toda a
equipe
Ambiente
ou nesse
caso o
‘layout’
POP
Vestimenta
especial,
capacete,
óculos,
protetor
auricular,
luva, botina,
cinto de
segurança.
Médio
Tomar
conhecimento
do tipo de
tarefa, local,
roteiro,
acesso,
código do
alimentador,
a corrente, as
condições
climáticas.
(Ação já
realizada)
De
acidente Animais
Alergias e o
incomodo da
roupa própria
por ser muito
abafada pode
provocar
Insetos e
répteis. POP
Vestimenta
especial Médio
Certificar-se
da
inexistência
de
insetos/anima
is agressivos
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taquicardíaca. e se caso
existam
providenciar
remoção. Ter
acesso fácil a
remédios.
(Ação já
realizada)
De
acidente Eletricidade
Probabilidade
de choques,
curtos,
acidentes
com fratura,
queimaduras
e os mais
graves são
eletrocussão,
traumatismo
e morte.
Fios
condutores
Análise
da
distribui
ção de
energia
Luvas
isoladas de
borracha e
botas
Crítico
Certificar-se
que o local
tem boas
condições de
trabalho.
(Ação já
realizada)
De
acidente Altura
Quedas,
fraturas,
cortes,
mutilação,
contusão e
morte.
Altura Cesta Uso de cinto Alto
Ajuste de
uma altura
boa, ter a
cesta em boas
condições e
cinto próprio
ser usado de
forma correta.
De
acidente Apoio em fios
Fraturas e
choques que
podem levar a
morte
Cesta
colocada
em lugar
indevido
Cesta Cinto Alto
Ajustar o
caminhão que
conduz a
cesta de
forma
propícia para
a realização
do trabalho
De
acidente
Sinalização e
isolamento da
área
Queda de
galho e
choques
A poda em
si Cones - Baixo
Fazer
passarela com
cones e fitas
de sinalização
para
pedestres.
(Ação já
realizada)
Ergonômi
co
Exigência de
esforço físico –
força e ritmo de
trabalho com
serviços
Queda ou
danos na
musculatura
do
trabalhador,
fadiga e
Esforço
inadequado - - Médio
Ter um apoio
de subida:
escada. Ter
descanso
entre as
árvores que
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repetitivos diminuição
de eficiência
do trabalho.
vão ser
podadas.
Ergonômi
co
Posturas
extremas/
forçadas
A cesta pode
inclinar
bruscamente
acarretando a
caída e danos
na
musculatura
Cesta com
inclinação
inferior ou
superior a
35º
Cesto Cinto de
segurança Médio
Posicionamen
to de altura
certa
Ergonômi
co
Desconforto
acústico
Problemas
com
audiometria
Moto-poda
(De 85 a
115dB)
- Protetor
auricular Alto
Exames
periódicos de
audiometria.
(Ação já
realizada)
Ergonômi
co
Desconforto
Térmico
Fadiga,
cansaço,
fraqueza,
pressão baixa,
ansiedade.
Ambiente
(Cálculos
IBUTG)
-
Protetor solar,
roupa
especial,
capacete e
óculos.
Alto
Abasteciment
o de água
para os
trabalhadores,
que só
conseguem
saciar sua
sede pedindo
água em
residências
próximas.
Ergonômi
co
Uso excessivo
da voz
Problemas
com a voz e
falha na
comunicação
e possíveis
erros
Não ter
rádios de
comunicaçã
o
- - Baixo
Prover rádios
para
comunicação
Físico Ruído
Problemas
com
audiometria
85dB/8h
diária -
Protetor
auricular Alto
Exames
periódicos de
audiometria.
(Ação já
realizada)
Físico
Calor
Fadiga,
cansaço,
fraqueza,
pressão baixa,
ansiedade e
erros de
percepção e
36°
(sensação
de 39°) –
dia da
análise.
Trabalho
intenso com
-
Protetor solar,
roupa
especial,
capacete e
óculos.
Médio
Abasteciment
o de água
para os
trabalhadores,
que só
conseguem
saciar sua
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raciocínio. pausa só
para o
almoço
sede pedindo
água em
residências
próximas.
Físico
Vibração de
mãos e braços
Problemas
circulatórios,
artrose do
cotovelo,
cansaço,
irritação nos
membros,
dores na
coluna e
doença dos
movimentos.
Insalubrida
de: média - - Médio
Fazer
pequenas
paradas.
(Ação já
realizada)
Físico Radiação não
ionizante
Queimaduras
na pele, nos
olhos e outros
órgãos. Mais
grave:
problemas
neurológicos
(ondas
eletromagnéti
cas)
Sol -
Vestimenta
especial,
bonés
(capacetes),
óculos,
protetor solar.
Baixo
Ensinar os
trabalhadores
que o uso do
protetor solar
é essencial.
Químico Aerossóis
sólidos e poeira
Alergias,
doenças
pulmonares,
irritação no
nariz, dores
de cabeça e
asma.
Poeiras de
madeira e
poeiras em
geral
- - Médio
Prover
proteção ao
nariz,
utilização de
máscara
facial.
Fonte: Autores (2017)
Há EPIs necessários para o trabalho, porém falta o rádio de comunicação e o higrômetro
(instrumento que serve para medir a umidade presente nos gases, mais especificamente na
atmosfera). É utilizado principalmente em estudos do clima, mas também em locais fechados
onde à presença de umidade excessiva ou abaixo do normal poderia causar danos.
O único EPC não disponibilizado aos operadores é a placa sinalizadora. Realizou-se também
uma entrevista com o operador de moto-poda a fim de coletar informações básicas sobre seus
conhecimentos em saúde e segurança do trabalho que pode ser verificada no Anexo A.
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Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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4. Considerações finais
Os principais riscos que o operador de moto-poda está exposto são: riscos físicos - ruído e
vibração; riscos químicos - poeiras; riscos ergonômicos - postura inadequada e esforço físico;
e os riscos de acidente – eletricidade, quedas, apoio em fios e ataques de animais. Foi
observado que o ambiente de trabalho é razoavelmente favorável em relação à segurança do
operador e que os trabalhadores receberam treinamento a respeito do uso de EPIs e EPCs.
Quando questionado sobre as causas possíveis dos acidentes no trabalho, o motivo principal
foi à falta de atenção (sono e fadiga), às vezes a falta do uso de EPIs e a pressão para
cumprimento da meta.
Foram recomendadas algumas medidas preventivas de segurança para o operador,
como descritos na tabela, para que ele tenha mais segurança durante sua atividade, reduzindo
ainda mais a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais. Notou-se que o conceito
prevencionista e técnicas específicas de gerenciamento dos riscos apresentados na atividade
de poda de árvores podem ser explorados em trabalhos futuros para elucidar os perigos e
riscos relacionados a uma atividade que exige treinamento e atenção na execução das
manobras realizadas.
As observações realizadas, ainda servirão como base para elaboração do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais- PPRA, o qual visa à preservação da saúde e da integridade
dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequentemente o
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Dessa
forma, conforme especifica a Norma Regulamentadora 09, o PPRA deve estar articulado com
o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional- PCMSO. Evidenciando, uma íntegra
correlação e complementação entre os programas no campo da segurança e medicina do
trabalho, sendo que o PPRA servirá de embasamento na elaboração do PCMSO.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
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maio 2017.
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<http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-15-1.htm>. Acesso em: 01 maio 2017.
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INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr18.htm
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http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr35.htm>. Acesso em: 01 maio 2017.
BRASIL. Secretaria do Meio Ambiente. Manual Técnico de Poda de Árvores. São Paulo: Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, 2015. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/MPODA.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2017.
DE CICCO, Francesco; FANTAZZINI, Mário Luiz. Tecnologias consagradas de gestão de riscos [Livro]. – São
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FIEDLER, Nilton César et al. Avaliação dos riscos de acidentes em atividades de poda de árvore na arborização
urbana do Distrito Federal. Viçosa-MG, v.30, n.2, p.223-233, 2006.
MEYER, Mariana da Cruz. Análise de Risco qualitativa em projetos industrial de unidade de cogeração de
vapor. 2005. 106 p. Dissertação (Mestrado) – Curso de Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade do Vale
do Itajaí, Itajaí, 2005.
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RODRIGUES, Paolo Monte Cruz. Levantamento dos riscos dos operadores de motosserra na exploração de uma
floresta nativa. Mato Grosso: Cuiabá, 2004.
SHERIQUE, Jaques. Aprenda como fazer: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, Programa de
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - PCMT, Mapas de Riscos Ambientais -
MRA. 2. ed. São Paulo: Ltr, 2004.
Anexo A - Entrevista rápida com o trabalhador para obter as seguintes informações
1) Registrado na carteira de trabalho/autônomo?
2) Conhece real da sua função? Qual é?
3) Conhece alguma coisa sobre saúde e segurança do trabalho?
4) Já realizou/realiza exames médicos ocupacionais?
5) Teve treinamento para o desempenho da sua atividade e na área de prevenção de
acidentes?
6) Já sofreu algum incidente ou acidente do trabalho?
7) Quais produtos utilizam para desempenhar sua função (entradas/processo/saída)?
8) Há atuação do sindicato e acordo coletivo?