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0 ________________________________________________________________ MARIA DAS DORES ROCHA DA CUNHA AVALIAR PARA A APRENDIZAGEM ___________________________________________________________________ LONDRINA 2012

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________________________________________________________________

MARIA DAS DORES ROCHA DA CUNHA

AVALIAR PARA A APRENDIZAGEM

___________________________________________________________________

LONDRINA 2012

1

MARIA DAS DORES ROCHA DA CUNHA

AVALIAR PARA A APRENDIZAGEM

Trabalho Monográfico apresentado ao Curso de Pós-Graduação: Especialização em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Orientador(a): Prof. Marta Regina Furlan de Oliveira

LONDRINA 2012

0

MARIA DAS DORES ROCHA DA CUNHA

AVALIAR PARA A APRENDIZAGEM

Trabalho Monográfico apresentado ao Curso de Pós-Graduação: Especialização em Educação Infantil e anos Iniciais do Centro Universitário Filadélfia – UniFil.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Orientador Marta R. Furlan de Oliveira

Centro Universitário Filadélfia

____________________________________ Prof. Componente da Banca

Londrina, _____de ___________de _____.

0

Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado (William Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão).

0

CUNHA, Maria das Dores Rocha da Cunha. Avaliar para a Aprendizagem 2012, 32.p.Trabalho Monográfico do curso de Pós-graduação: Especialização em Educação Infantil e Anos iniciais – Unifil (Centro Universitário Filafélfia), Londrina, 2012.

.

RESUMO

Este trabalho tratou de discutir sobre a avaliação do processo de ensino e aprendizagem, tecendo um olhar crítico sobre o distanciamento entre a entre a teoria e a prática, além de entender como o aluno percebe a avaliação. Observa-se a mudança na fala do professor, haja vista que no campo teórico temos muitas contribuições de autores diversos sobre a temática em estudo, entretanto, na prática percebe-se que ela tem acontecido muito pouco ou de forma desconfigurada do verdadeiro sentido da avaliação. Ressaltam-se algumas concepções de avaliação, buscando seu sentido no processo de ensino e aprendizagem. Como o professor faz uso das suas observações, se devolvido para o aluno em forma de aprendizado ou trabalha somente o superficial. Se a avaliação resume-se apenas em notas nos testes e principalmente a ação classificatória e autoritária exercida pela maioria, na concepção de avaliação do educador. Será feito pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, procurando entender o que é e como é feita uma avaliação, o que os teóricos falam sobre avaliação e quais os objetivos do professor ao fazer uma avaliação do seu aluno. Na pesquisa bibliográfica também veremos para que serve a avaliação, qual sua função e formas de avaliar. A pesquisa de campo será realizada em forma de questionário e posteriormente em desenhos, procurando uma nova opção para melhor averiguação. Percebendo-se como o aluno compreende a avaliação, se como um instrumento de mensuração, coerção ou como um processo que deve levar em conta suas atitudes e habilidades alcançadas.

Palavras-chaves: Aluno; Avaliação; Ensino e Aprendizagem.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 7

2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UM APROFUNDAMENTO TEÓRICO............ 9

2.1 Para que serve a Avaliação?.................................................................................. 11

2.2 O que Avaliar? Por que Avaliar?............................................................................ 13

3 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: ALGUNS

CONCEITOS................................................................................................................ 16

4 O CAMINHO PERCORRIDO PARA A PRESENTE PESQUISA............................ 19

4.1 Pesquisas de Campo e Análise de Dados............................................................. 20

4.2 Novo Momento de Pesquisa com os Alunos.......................................................... 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 29

REFERÊNCIAS..........................................................................................................., 32

ANEXOS

ANEXO A e B – (DESENHOS e QUESTIONÁRIO) = EM PDF................................. 33

7

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho foi resultado das discussões travadas no curso de pós-

graduação em educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. A

pesquisa trás como tema a avaliação no discurso do aluno, assunto que surgiu

durante as aulas de avaliação do curso de pós-graduação.

Nesta retomada histórica, as lembranças trouxeram os castigos

recebidos quando estudei em uma escola da zona rural, na década de 70,

numa sala multisseriada1. Saber a tabuada decorada, a leitura na ponta da

língua ou a tarefa dada no dia anterior, era obrigação que cabia uma punição

caso não cumpríssemos o solicitado. Recebíamos castigos como ficar

ajoelhada no milho, colocar orelha de burro, reguada na cabeça e até mesmo

apanhar de palmatória, tudo isso com o consentimento dos meus pais.

Em meio aos aprofundamentos teóricos, surgem algumas indagações

quanto ao distanciamento entre a teoria e a prática. Segundo as leituras das

literaturas especializadas, o aluno deve ser avaliado continuamente, porém na

prática o que prevalece é a nota.

De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a

avaliação da culpa. Aponta que as notas são usadas para fundamentar

necessidades de classificação de alunos, na qual são comparados

desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.

A avaliação parece que sempre foi um momento difícil para os alunos,

na qual estes se sentem pressionados a saber o conteúdo, neste momento o

aprendizado é testado através de provas, trabalhos e juntamente com estes

vem as notas e conceitos.

No entanto a avaliação deveria ser uma ação beneficente para o aluno,

oferecendo dados sobre seus avanços e dificuldades, possibilitando assim ao

professor fazer uma reflexão sobre sua prática em sala de aula e tentar

aperfeiçoar seu trabalho. Não tendo como pressuposto a punição, pelo

contrário, deveria ser uma busca para entender que os alunos têm ritmos e

processos de aprendizagens diferentes.

1 Duas ou mais séries em uma só sala

8

Concordamos com Hoffmann (2001) quando afirma que: “A avaliação

escolar, hoje só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor

aprendizagem”.

Na busca de compreensão das práticas avaliativas procuramos partir do

significado que o aluno tem a respeito da avaliação escolar. Entendemos que a

avaliação não está desvinculada do processo ensino e aprendizagem e das

ações de seus agentes, ou seja, professores, coordenadores, orientadores,

diretor, proposta pedagógica, Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional:

LDB 9394/96.

Para embasamento teórico nos apoiamos em alguns autores, sendo

mais referenciados Mendez (2002), Hoffmann (2001), Luckesi (1999), Gadotti

(1985). As leituras contribuíram para a delimitação de alguns indicadores como

o conhecimento do processo de avaliação, como deve ser feito a avaliação,

que avaliação não é instrumento de repressão, propiciando uma maior reflexão

acerca do tema, como também forneceram elementos para a continuidade dos

estudos sobre as práticas avaliativas na direção de um ensino e uma

aprendizagem de qualidade.

Para coleta de dados escolhemos uma escola municipal e restringimo-

nos apenas a uma turma, objetivando um resultado mais qualitativo, pois já

seria um número razoável de alunos questionados. A 4ª série foi selecionada

porque os alunos já passaram pelos anos iniciais tendo algumas experiências

para expressar e expô-las.

As observações dos alunos da 4ª série ocorreram em uma escola

municipal de classe média baixa tendo como fonte o PPP2 da escola. Essas

observações foram previamente planejadas, com a autorização da Diretora, da

Pedagoga e da Professora. As interações entre os sujeitos do processo de

ensino e aprendizagem foram nosso principal foco de observação. Em um

segundo momento de coleta de dados, elaboramos um questionário para

aplicar com os alunos da 4ª série.

1) O que é avaliação?3

2) Quem avalia?

3) Como a professora avalia o seu desempenho escolar?

2 PPP - Projeto Político Pedagógico 3 Questões do Questionário – Anexo A

9

4) Qual a sua proposta para melhorar a forma de avaliação dos professores?

As respostas do questionário foram transcritas na íntegra e analisadas

por questões. Constatamos antes do fechamento da análise que as respostas

foram conduzidas, desta forma elaboramos um novo instrumento com os

mesmos sujeitos. Foi solicitado para os alunos desenharem o que eles

pensavam da avaliação, buscamos resignificar o conceito dado anteriormente

no questionário confrontando e relacionando as informações.

O trabalho se divide em três capítulos:

No primeiro capítulo, abordamos algumas concepções de avaliação.

Buscou-se neste embasamento responder algumas indagações tais como: O

que avaliar? Para que avaliar?

No segundo capítulo, buscamos o sentido da avaliação no processo

ensino e aprendizagem, se há uma reflexão do professor na sua metodologia,

se registra as observações que faz de seus alunos e se há um retorno dessas

observações. Se realmente avalia para promover.

No terceiro capítulo, apresentamos o caminho percorrido no campo

desta pesquisa, desde os primeiros contatos até a análise. Descrevemos a

escola e sua clientela, sua forma de atendimento, como são seus alunos,

nossa proposta investigativa e como foi feito o processo de aplicação.

Nas considerações finais fizemos um aprofundamento sobre as

indagações surgidas durante as aulas de avaliação. Ao final descobrimos que

estamos apenas no começo para descobrir, conhecer e construir uma

avaliação diferente do que esta colocada para nós e nossos alunos.

Procuramos buscar uma maneira de se pensar a avaliação como algo

necessário, um recurso pedagógico, com capacidade de contribuir para o

desempenho da formação e educação do aluno.

2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UM APROFUNDAMENTO TEÓRICO

Este capítulo tem o objetivo de refletir teoricamente acerca da Avaliação

10

do Ensino e Aprendizagem tecendo um olhar crítico de como tem se

constituído na escola e os encaminhamentos necessários para que ultrapasse

a visão de ser um instrumento mecânico e de julgamento.

Nesse sentido, entender a avaliação a luz das teorias educacionais,

torna-se o caminho da prática fundamentada teoricamente. Em se tratando da

teoria é uma construção intelectual que busca explicar ou justificar alguma

coisa, algum fenômeno. O professor utiliza-se das elaborações teóricas, que

servem como referência para suas ações educativas. A educação pensada a

partir da pedagogia da práxis, não pode entender que o educador é um

transmissor de teorias, ao contrário, ao mesmo momento que está trabalhando

com as teorias, está submetendo-as a um processo analítico que, muitas

vezes, identifica suas contradições.

O tema avaliação ainda é uma contradição entre o discurso e a prática, a

melhoria da qualidade do ensino tem constituído um desafio constante tanto

para o professor como para o aluno e, ainda, deve ser resignificado no

processo escolar e na organização do trabalho pedagógico.

A avaliação é uma prática antiga que faz parte da ação humana, pois

toda vez que temos uma ação intencional, é desejado que se tenha o resultado

dessa ação. Acreditamos que a avaliação para o aluno deve servir para dar

conta do que ele já aprendeu e do que precisa aprender, pois quase sempre é

um momento de dificuldade para aluno, onde ele se sente pressionado a saber

o conteúdo e também para o professor que necessita fazer essa avaliação.

Quase sempre é feita através de provas, trabalhos, e juntamente com eles vem

as notas e conceitos, que em muitos casos parecem uma forma de punição, ou

seja, ao contrário de ser um instrumento para dar informação, revelar as

aprendizagens, passa a ser um instrumento disciplinador.

Para Hoffmann (2001, p.73):

Avaliar é essencialmente questionar. É observar e promover experiências educativas que signifiquem provocações intelectuais significativas no sentido do desenvolvimento do aluno. [...] Enquanto na avaliação classificatória elas ocupam o lugar de verificar, comprovar o alcance de um objetivo ao final de um estudo, de um determinado tempo – o professor ensina e depois pergunta – na visão mediadora, elas assumem o caráter permanente de mobilização, de provocação. Professores e alunos questionam-se, buscam informações pertinentes, constroem conceitos, resolvem problemas.

11

Se para Hoffmann (2001), avaliar é essencialmente questionar, observar

e promover experiências cabe ao professor favorecer a troca de idéias com

seus alunos. Nos estágios do curso de Pedagogia e nas nossas experiências

de sala de aula, temos percebido que os alunos vêem a avaliação como uma

ameaça. Existem situações onde o conceito de avaliação é sempre abordado

como forma de disciplinar aluno, o professor a utiliza como castigo, acoplando

a ela outro sentido de controle e não como ajuda. Quando se aplica uma prova

é preciso saber qual o papel que a avaliação vai ter no processo de ensino e

aprendizagem.

2.1 PARA QUE SERVE A AVALIAÇÃO?

Segundo Haydt (1988), o aluno é promovido de acordo com o

aproveitamento nas disciplinas estudadas. É com esse propósito que é

utilizada a avaliação no contexto escolar, já que a prática desenvolvida na

maioria das escolas consiste em classificar, atribuir ao aluno uma nota ou

conceito final.

Para Hoffmann, (2001, p. 77):

O compromisso do avaliador passa a ser o de mobilizá-lo a buscar sempre novos conhecimentos, o de ajustar experiências educativas às necessidades e interesses percebidos ao longo do processo e de provocá-lo a refletir sobre as idéias em construção para que seja cada vez mais autônomo em suas buscas.

Na escola tradicional, a avaliação era basicamente somativa e

classificatória. A avaliação somativa é o desenvolvimento escolar do aluno ao

longo do processo de ensino e aprendizagem e tem como função classificatória

porque dirá em que nível de aprendizagem o aluno está. Hoje predomina a

avaliação diagnóstica e formativa. A forma de encarar e realizar a avaliação

reflete a atitude do professor e suas relações com o aluno, pois segundo

luckesi (2002, p. 166) “...a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de

autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma o papel de

12

auxiliar o educando”, ou seja, o professor tem papel vital no processo de

desenvolvimento e aprendizagem do seu aluno.

As respostas obtidas através da avaliação, não são satisfatórias, porque

os docentes estão à margem da compreensão da real finalidade do processo

avaliativo. O destaque que eles dão costuma resumir-se à questão dos

registros.

A avaliação deveria ser um instrumento de conduta para todo o processo

de trabalho do professor para reavaliar suas atividades, para ver se o aluno

está aprendendo. Ao aluno a tomada de consciência para ver no que ele

precisa investir, quais são seus sucessos e dificuldades e para a escola uma

forma de definir quais investimentos ela precisa ter em relação ao ensino e

aprendizado dentro do processo educativo, o antes (diagnóstico), o durante

(processual) e o depois (contínuo).

Apesar de sua importância, a avaliação ainda incomoda e preocupa os

professores, pois ainda não têm um conceito formado e definido sobre o

assunto, chegando muitas vezes a não fazê-lo, pois afinal para que serve

avaliar? Ou qual é o sentido?

O aluno é o personagem mais importante dentro do contexto escolar, e é

pensando nos seus direitos à educação e a cidadania, que a escola precisa

pensar no seu processo de avaliação, no por que e no para quê, assim tendo

base para as decisões necessárias ao acesso e crescimento do aluno.

Avaliar é refletir a partir de dados, de informações, emitir um julgamento

para a tomada de decisões.

A avaliação diagnóstica tem como função informar sobre o contexto em

que o trabalho pedagógico irá se realizar, bem como os sujeitos que dele

participarão. É necessário saber quais as dificuldades e o porquê dessas

dificuldades, para então entrar com a recuperação necessária. Para Hoffmann

(2001), a avaliação se divide da seguinte forma:

Avaliação inicial – também conhecida como diagnóstica é aquela que

se faz quando começa o ano escolar, onde começa o novo conteúdo, ela serve

para encontrar o ponto de partida para a aquisição de novos conhecimentos.

Existe várias maneiras de a criança demonstrar o que sabe sobre o tema. A

avaliação inicial serve como parâmetro para detectar o que o aluno já sabe em

13

relação ao conteúdo, é preciso que se faça uma sondagem sobre o aluno e os

conteúdos ensinados.

Avaliação contínua ou formativa – ela acontece durante o processo e

sua função é checar os avanços. Ela ajuda o professor entender o que está

acontecendo com seus alunos, com seus aprendizados, ela faz parte do seu

dia-a-dia em sala de aula. É através dela que o professor analisa o que está

fazendo, como está ensinando e se os alunos estão aprendendo sendo

possível assim dar um retorno do processo de aprendizagem. Possibilitando

aos alunos a condição de se auto-analisarem, buscando caminhos que possam

também auxiliá-los no processo.

Avaliação final – acontece no final de cada processo, é a oportunidade

de avaliar sobre todo o conhecimento que o professor se propunha a construir

com seus alunos, ela não se encerra no final do bimestre, sua característica é

encerrar processos de trabalho, conteúdos determinados, não é uma questão

do tempo e sim do trabalho proposto.

Os alunos não são passivos, eles precisam saber que estão sendo

avaliado, ter consciência do ·que é uma avaliação e a mesma faz parte do seu

aprendizado. Porém não deve ser entendida como um instrumento que serve

para acabar com sua autoestima e até com seu futuro na escola.

A avaliação continuada tem o caráter de estar dialogando junto aos

alunos para entender quais são seus avanços e dificuldades para retornar o

percurso quando necessário. O aluno consciente de suas habilidades pode ter

um avanço maior.

2.2 O QUE AVALIAR? POR QUE AVALIAR?

Como já vimos, a avaliação contribui para a ajuda dos objetivos que o

professor pretende alcançar no seu trabalho pedagógico, pois uma avaliação

bem-feita, com certeza ajudará o aluno a aprender mais e melhor.

Primeiramente perguntamos se estudamos para tirar nota e passar de

ano ou para melhorar nosso conhecimento de mundo? Por que algumas

14

disciplinas não nos instigam a aprender mais? Será nossa culpa ou culpa dos

professores?

Para Luckesi (1999, p. 30)

A pedagogia tradicional, centrada no intelecto, na transmissão de conteúdo e na pessoa do professor; a pedagogia renovada ou escolanovista, centrada nos sentimentos, na espontaneidade da produção do conhecimento e no educando com duas diferenças; e, por último, a pedagogia tecnicista, centrada na exacerbação dos meios técnicos de transmissão e apreensão dos conteúdos [...]

Essas pedagogias estão preocupadas com a reprodução e conservação

da sociedade, não levando em conta as transformações sociais, exigindo assim

práticas diferenciadas de avaliação.

Vemos aqui uma pedagogia dominante, concepções de pedagogia que

buscam um mesmo objetivo: garantir o sistema social na sua integridade, sem

pensar no sujeito como ser.

Assim como os pais tiveram uma educação tradicional, que para eles foi

e continua sendo a maneira correta e espera que seus filhos tenham o mesmo

tipo de aprendizado. Cobra-se dos professores a prova, a nota e dos filhos o

estudo para a prova, não podem brincar, pois tem que estudar para a prova.

Caberia a escola nas reuniões de pais, colocá-los a par de como é feito a

avaliação escolar de seus filhos, que hoje a nota não significa se ele aprendeu

ou não, a nota é um ato burocrático exigido pelo sistema educacional.

Segundo Luckesi (1999, p. 19): “Os pais estão voltados para a

promoção”. Os pais das crianças e dos jovens, em geral, estão na expectativa

das notas dos seus filhos”. Que alunos a escola irá formar, se de um lado tem

a cobrança tradicional dos pais e do outro, o professor que ainda não tem

clareza suficiente para dar um basta e avaliar seu aluno de modo claro. Ainda

existe em muitas escolas o professor também tradicional que exige a nota, que

ameaça tira-la se a sala não se comportar, exige silêncio na hora que está

falando, não admitindo ser interrompido por perguntas dos alunos. Cabe ao

mesmo buscar referencias na LDB4 PPP5 e ver qual a maneira mais clara

4 LDB – Lei de Diretrizes e Bases 5 PPP – Projeto Político Pedagógico

15

possível para avaliar seu aluno e para que o mesmo tenha o conhecimento de

que está sendo avaliado. Hoffmann (2001, p.18) diz que:

O papel do avaliador, ativo em termos do processo, transforma-se no de participe do sucesso ou fracasso dos alunos, uma vez que os percursos individuais serão mais ou menos favorecidos a partir de suas decisões pedagógicas que dependerão, igualmente, da amplitude das observações. Pode-se pensar, a partir daí, que não é mais o aluno que deve estar preparado para a escola, mas professores e escolas é que devem preparar-se para ajustar propostas pedagógicas favorecedoras de sua aprendizagem, sejam quais forem seus ritmos, seus interesses e ou singularidades.

Um dos pontos que explicam esta permanência em posturas tradicionais

é porque a forma de avaliar não representa apenas uma conduta profissional,

mas como concebemos a sociedade e o ser humano, como entendemos nosso

papel como profissionais da educação e o papel da escola.

Mas por que não mudar a prática pedagógica? Por que não usar a prova

como meio de saber, o que o seu aluno conseguiu assimilar do conteúdo dado

e não como um meio de coerção na qual a ameaça tem maior poder. Afinal a

forma de avaliar como uma conduta profissional tem que ser transformada num

profissional da educação.

Desse modo, Vasconcelos (1992, p.23) afirma que:

No intimo, o educador sente que não era bem isto que gostaria de fazer, mas, afinal, “o caminho deve ser este, já que é tão comum entre os colegas”. Procura então, uma justificativa para tal atitude e a encontra no “vestibular” e na “sociedade”: a escola precisa dar ênfase à avaliação, para melhor preparar o aluno para a vida, que “é cheia de momentos de tensão”. Quando não, afirma laconicamente: “a avaliação é um mal necessário”.

Ou seja, o professor entende que precisa mudar sua prática avaliativa,

mas porque mudar, se mais tarde o aluno irá ser cobrado da mesma forma que

ele está ensinando, por exemplo: nos testes para concursos, no vestibular, nos

cursos superiores entre outros. Quando for prestar o vestibular, a prova vai ser

tradicional, quando ele for prestar um concurso a prova vai ser tradicional,

então porque mudar se a prática ainda é tradicional? A avaliação é um

mecanismo para investigar as melhorias do ensino e dar caminhos para

garantir a sua qualidade, por isso é preciso romper com esses paradigmas

tradicionais que a caracterizam como impositiva, amedrontadora e seletiva.

16

Na nossa vida estamos sendo avaliados a todo tempo, sempre nos

atribuindo um valor ou um conceito.

3 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: ALGUNS

CONCEITOS

A Avaliação está presente no nosso dia-a-dia, constantemente nos

avaliamos a fim de lidar com os problemas que vão surgindo, buscando

soluções. Na escola não deveria ser diferente, pois para um bom aprendizado

o aluno necessita ser constantemente avaliado, a fim de que com base na

avaliação diagnóstica seja percebido o que sabe e o que precisa saber para

que o trabalho voltado à aprendizagem realmente seja significativo. Diante

disso, o conceito de avaliação trás o significado de medir, devido a grande

aplicação de testes para medir o conhecimento, de notas e medidas no

trabalho escolar, principalmente na avaliação de currículo e depois para as

demais áreas como a avaliação do processo ensino e aprendizagem. Segundo

Souza (org. 2000 p.24)

Daí ser fundamental para a avaliação da aprendizagem, em todos os níveis, o entendimento da atividade humana, da ação prática dos homens, o que pressupõe a análise do motivo e da finalidade dessa ação. As ações humanas não são atos isolados. São atos engendrados no conjunto das relações sociais, impulsionados por motivos específicos e orientados para uma finalidade consciente.

Quando usamos o conceito avaliar, estamos considerando os aspectos

quantitativos e qualitativos da aprendizagem tanto dos conteúdos curriculares,

quanto pessoal e social, não só o que aprende dentro da sala de aula. O

acesso ao conhecimento sistematizado é um direito de toda criança e um dever

da escola proporcionar esse conhecimento. Assim Veiga (1995, p. 11) diz; “A

escola é um lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto

educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base

em seus alunos”, ou seja, a escola ao oferecer esse conhecimento deve estar

17

atenta se realmente o aluno está aprendendo. Sendo um momento importante

para avaliar os objetivos do plano de aula, sua metodologia, seus conteúdos,

além de observar atentamente cada aluno, registrando suas observações para

refletir sobre o processo.

Entendemos que avaliar é uma análise sobre o objeto, não uma análise

terminal, onde se vai chegar a uma conclusão e parar, mas uma busca

constante onde dificuldades possam ser solucionadas.

Segundo Hoffmann (1991, p. 110) “O descontentamento dos professores

com a prática tradicional, classificatória e mantenedora da diferenças sociais é

o primeiro passo na direção de uma investigação séria sobre uma perspectiva

libertadora da avaliação”.

Assim a avaliação tradicional, pelo menos no discurso, vem se

transformando numa avaliação contínua e progressiva, mais próxima do

conhecimento do professor sobre o aluno, suas dificuldades e aprendizagens.

Agora, as transformações precisam ocorrer no âmbito das estratégias

metodológicas.

Na LDB 9394/96, a avaliação tem que ser algo inerente ao processo de

ensino. Mas será que se avalia para aprovar e promover, para favorecer

processos de aprendizagens ou para o desenvolvimento do aluno?

Apesar dos estudos, ainda é grande a discussão sobre avaliação, sobre

o seu verdadeiro sentido. Portanto há diferentes interpretações da literatura

especializada, assim como a legislação, é possível afirmar que nesse

movimento vivemos em conflitos e divergências. Para Hoffmann (2001, p. 11):

O grande dilema é que não há como “ensinar melhores fazeres em avaliação”. Esse caminho precisa ser construído por cada um de nós, pelo confronto de idéias, repensando e discutindo, em conjunto, valores, princípios, metodologias.

Mas o que fazer perante isso, se a nota ainda é a principal medida de

avaliação, promovendo a classificação e a competição, onde tirar a melhor nota

se sobrepõe ao aprender.

Segundo Mendez (2002, p. 127):

Leve em conta que as notas, em qualquer das formas em que se manifestam: (números, letras, quantitativos ou outro tipo de atributos), pouco ajuda os alunos. O seu propósito é dar a entender, a eles e a aos outros, o juízo global de seu rendimento durante certo tempo.

18

Notas não visam à aprendizagem, mas a decoração. Avaliação deve

estar bem longe disso, de uma visão tradicional, e sim avaliar o que o aluno

aprendeu e o que não aprendeu, para que o professor possa procurar meios

para que a aprendizagem se faça presente numa construção de interação

professor-aluno e conhecimento. O professor diante da avaliação deve estar

preocupado em ajudar no processo de construção do conhecimento, não sendo

a nota um elemento de referência para que o aluno se preocupe em aprender.

Segundo Vasconcellos (1994, p. 44): “A prova é apenas uma das formas

de gerar nota, que, por sua vez, é apenas uma das formas de se avaliar”. O

objetivo único do conhecimento sistematizado é formar um cidadão

transformador, porém a nota é o seu termômetro para ser inserido nesta

sociedade, que tipo de cidadão este será? Se o professor avaliar objetivando

que este aprenda mais e melhor. O professor precisa ter na sua prática,

conteúdos mais significativos, de tal forma que diminua a necessidade de

recorrer à nota como instrumento de coerção.

Para Vasconcelos (1994, p. 55): “Não se pode conceber uma avaliação

reflexiva, crítica, emancipatória, num processo de ensino passivo, repetitivo,

alienante”. Estuda-se para passar e tirar nota e não para aprender.

A avaliação deve ser contínua para que se possa cumprir a sua função

de auxílio no processo ensino e aprendizagem. O professor precisa estar

acompanhando a construção de conhecimento do aluno, para que possa saber

o seu estágio de desenvolvimento e intervir quando necessário.

Em uma sala de aula há diferentes alunos com diferentes capacidades

de aprendizagens, uns mais rápidos, outros mais devagar, cada um há seu

tempo. Cabendo ao professor reconhecer essas diferenças e procurar meios

para ajudar aqueles com mais dificuldades à avançar.

Freqüentemente o professor mede o conhecimento de seus alunos por

meios de exames, notas, provas, deixando de perceber que a avaliação tem

que estar permanentemente na sala de aula, sendo o aluno avaliado e o

professor também, pois muitas vezes o professor não consegue transmitir o

conteúdo de forma precisa, acarretando prejuízo na construção deste

conhecimento. Desta forma, a avaliação pode ser útil para orientar tanto o

professor quanto o aluno, fornecendo informações para melhorar os processos

didáticos.

19

4 O CAMINHO PERCORRIDO PARA A PRESENTE PESQUISA

Depois de algum tempo lendo sobre avaliação, percebemos que muitos

autores tratam o assunto sobre vários vieses, no entanto, pouco se tem

investigado, ou seja, discutido a questão da avaliação do processo ensino e

aprendizado no olhar do aluno. Parece-nos que os principais protagonistas

foram deixados de reserva.

Assim procuramos uma escola para aprofundar o estudo e continuamos

a percorrer um caminho de descobertas.

A escola Municipal investigada oferece educação infantil e anos iniciais

do ensino fundamental, têm 125 alunos, sua organização é mista, (ciclada e

seriada), sendo o 1º e o 2º do primeiro ciclo e a 3ª e a 4ª série seriada, em

turnos manhã e tarde. No ensino fundamental tem o ciclo básico de

alfabetização (CBA) de dois anos compreendendo o 1º e 2º do l ciclo e a 3ª e

4ª série do ll ciclo, o aluno só poderá ser retido no 2º ano, 3ª e 4ª séries.

A escola tem como objetivo desenvolver competências e habilidades que

prepararão os alunos para atuar na vida, priorizando a sua compreensão de

mundo e cidadão crítico, democrático e transformador.

As aulas de Educação Física são ministradas na quadra de esportes da

praça pública vizinha a escola, tem também um parque infantil. A escola possui

três salas de aula em dois turnos: manhã e tarde. Cada sala possui um

televisor, vídeo e DVD, que proporciona um aparato pedagógico ao professor.

O contraturno é feito em horário inverso e atende os alunos com

defasagem de ensino e aprendizagem. A biblioteca atende aos alunos e a

comunidade, incentivando a leitura. A merenda é oferecida com cardápio

balanceado, servida no refeitório com mesas e bancos adaptados a idade da

criança.

A clientela dessa escola é formada por alunos de 5 a 12 anos

aproximadamente. A situação socioeconômica das famílias que apresentam

em média 1 a 3 filhos tem renda mínima entre um a três salários mínimos,

alguns têm pai ou mãe que estão presos. De maneira geral os pais participam

da vida escolar de seus filhos, pois a escola tem desenvolvido ações e

atividades com o objetivo de ampliar cada vez mais a participação dos

20

mesmos, e essas ações se dão por meio de palestras, reuniões, festas

comemorativas, etc.

A escola possui alguns alunos com necessidades especiais que buscam

a inclusão. Foram feitas reformas como rampas, banheiros adaptados,

procurando ofertar o melhor ensino para a inserção. Essa pesquisa se deu com

os alunos da 4ª série do ensino fundamental de uma Escola Municipal.

Procuramos fazer a pesquisa com a 4ª série por ser alunos do final das

séries iniciais, para averiguação do seu entendimento entre avaliação e nota.

Esta sala possui 18 alunos, 11 meninos e 7 meninas, a professora os

descreve como “uma turma de boa para ótima em relação à aprendizagem,

uma turma que está melhorando quanto ao comportamento sócio-cognitivo,

disciplinada e colaboradora, mas que tem alguns alunos com defasagem de

aprendizagem”. Nos últimos anos a escola tem constituído um espaço de

reflexão e construção coletiva visando um aluno pensante. E ao pensarmos a

Educação como prática social, pretendemos averiguar se a teoria condiz com a

prática ensinada em sala de aula nos cursos de Pedagogia.

No dia da aplicação do questionário, como o professor permaneceu na

sala durante a avaliação, os alunos ao responderem as perguntas eram

induzidos às respostas, não deixando que respondessem por si mesmos.

Para realizar a tabulação de dados foram analisadas todas as respostas

tendo como base os referenciais teóricos.

4.1 PESQUISA DE CAMPO E ANÁLISE DE DADOS

Para a coleta dos dados foram tomados alguns procedimentos: as

perguntas foram elaboradas e apresentadas antecipadamente à supervisora e

a professora, as quais concordaram com o tipo de questionamento proposto.

Na primeira e segunda pergunta procuramos saber qual a concepção de

avaliação que o aluno tem, se ele sabe por que é avaliado, quem o avalia e

para que serve a avaliação. Na terceira pergunta buscamos saber se o aluno

tem conhecimento dos instrumentos de avaliação, se o professor diz para ele

21

em qual momento ele está sendo avaliado ou se ele sabe que está sendo

avaliado constantemente.

Na quarta pergunta analisamos se ele se sente bem sendo avaliado por

provas, trabalhos, conselho de classe, ou se tem novas propostas de avaliação

que possam melhorar o seu processo de ensino e aprendizagem e até mesmo

para mostrar novos meios de avaliação para o professor. Em seguida fomos

para a aplicação. Pedi para a professora uma hora de sua aula para que eu

pudesse aplicar o questionário, ela me cedeu meia hora e permaneceu na sala

comigo. Expliquei para os alunos que eu estava fazendo o curso de pedagogia

e necessitava fazer um trabalho para a conclusão do mesmo e que precisava

da ajuda deles.

O tema era sobre avaliação, perguntamos o que eles entendiam por

avaliação, se a professora já havia explicado o significado de avaliação, a

maneira como ela os avaliava, que tipo de instrumento era utilizado tais como:

provas, conversas, perguntas, questionamentos, interações, se ela perguntava

se eles haviam entendido o conteúdo dado. E como faziam para dizer a ela que

não tinham entendido o conteúdo.

Foi feita a orientação para o preenchimento do questionário em que

poderia ser um nome fictício, um nome que eles gostassem que não fosse para

por seus nomes verdadeiros. Após essa conversa, distribui o questionário,

alguns alunos não entendiam algumas perguntas e me questionavam sobre as

mesmas. Antes que eu respondesse a professora praticamente respondia as

perguntas para eles dando exemplos, induzindo as respostas. Teve um aluno

que ela não deixou que ele fizesse o questionário, dizendo que ele era muito

devagar e que iria demorar muito tempo para responder, tentei argumentar,

mas ela não cedeu. Sendo eu uma aluna concluinte do 4º ano de Pedagogia,

na qual tem como objetivo a formação do profissional crítico, para intervir junto

a realidade escolar, não fui ouvida na minha argumentação, acredito que a voz

dos alunos também não tenham valor na sala de aula, talvez porque o

professor seja visto como uma autoridade em sala de aula, um disciplinador. E

o medo faz calar os sujeitos.

Após a entrega dos questionários, foi feita a análise e verificamos pelas

respostas que os dados coletados eram pouco para o confronto das teorias,

22

além do que as respostas foram induzidas. Vejamos a seguir as repostas

dadas pelos alunos na sua íntegra:6

• O que é avaliação?

- Pra mim é prova

-Avaliação é uma prova pra mim

- Avaliação é prova

- Prova para ver se a gente aprendeu

- É um tipo de prova que a professora e decide seu paso ou não paso.

- Prova, trabalho, atividade, exercícios e etc...

- Prova, trabalho

- É o mesmo que trabalho escolar e provas

A para mim é provas, trabalhos, tarefas e atividades.

- è uma prova que testa ver se eu sou uma boa.

- Avaliação é uma prova que os professores dam para ver se estamos bem ou

não aí no fim do ano quem reprova ta mal, quem aprova ta bom.

- É uma prova que avalia o nosso conhecimento.

- Atividades, exerccicios, provas, avaliações, problemas de matemática.

Percebemos que a maioria dos alunos respondeu que avaliação é o

mesmo que prova. Tendo uma concepção errônea do termo avaliação, talvez

porque a escola os faz ter esse ponto de vista, não vêem como um processo

contínuo que se inicia com na educação infantil e vai até a faculdade, mas

como mera atribuição de nota advinda de uma prova ou teste. O professor

reduz a avaliação a um instrumento de controle, atribuindo notas e

classificando-os em quantidade e não em qualidade. A prova não deve ser um

instrumento que causa medo, ansiedade, mas para acompanhar o

desenvolvimento do aluno. Assim os resultados revelam sua utilidade,

fornecendo ao professor informações sobre a eficácia do seu ensino, e as

dificuldades do seu aluno.

Outras respostas também foram dadas ao questionamento:

- Escrever demorado

- É a mesma coisa do que para ver o que você aprendeu

- A quilo que nós fazemos todo o bimestre

6 Fala própria dos alunos.

23

- É aquilo que a gente faz em todo o bimestre

Essas respostas apontam para uma avaliação no final do bimestre, a

qual não deveria existir, pois a avaliação é um processo contínuo, onde o

professor vai verificando onde seu aluno está com dificuldade e criando meios

para ajudá-lo .

A avaliação é contínua e cumulativa e nenhuma avaliação deve se

decidida no bimestre, trimestre ou semestre, mas deve resultar de um

acompanhamento diário, negociado, transparente, entre docente e aluno, daí

seu aspecto diagnóstico, ou seja, constatada no processo de avaliação a não

retenção de conhecimentos, toma-se a medida de superar a limitação de

aprendizagem.

2) Quem avalia?

- Nos

- Os alunos (nós mesmos) no momento

- Nós e os professores

-Nós

- Nos mesmos e a professora

- Nós, Porque quando estamos fazendo prova nós estamos respondendo.

- Quando nós fazemos a avaliação estamos vendo o que aprendemos.

Aqui também vemos que aluno não tem uma concepção de avaliação,

não sabe quem o avalia, se ele mesmo ou o professor. Outras respostas

puderam ser analisadas:

- Alunos e professores

- A professora e a diretora

- Os alunos e a professora

- Professora, diretora e etc.

- Os alunos professores pais e mães

- A professora e a diretora

- É os professores

- Agente

- Eu e todos.

- Eu

24

Nas respostas nota-se a intervenção da professora durante a aplicação

do questionário, na qual ela induz as respostas dos alunos, quando eles não

entendem a pergunta e pedem explicação, antes que eu tente argumentar, ela

praticamente responde pra eles, mesmo não sendo a resposta que deveriam

dar.

3) Como a professora avalia o seu desempenho escolar?

- Grampeia coloca as questões

- dando bronca

- Através de prova, trabalhos, recreio na sala e etc

- dando tarefa, atividade, geografia, pergunta

- Com tarefa, atividade

- Conversando, perguntando, respondendo e outras coisas

- Conversando, lendo explicando

- Na conversa, pergunta e pela leitura

- Dando nota sobre a conversa trabalho e provas

- Na tarefa, no recreio

- Ouvindo conversas, mal comportamento, lição de casa, exercícios de sala e

lições valendo nota.

- Em notas, conversas, comportamentos e etc...

- Pelos trabalhos, provas, leituras, perguntando eetc.

- Vendo se eu fui uma boa pessoa no bimestre

- Cem prova, trabalhos, exercícios, conversas etc

- Na sala de aula, no recreio, na biblioteca, no parque

Novamente vemos o não entendimento da avaliação:

4) Qual a sua proposta para melhorar a forma de avaliação dos professores?

- Avaliação oral

- Avaliação oral

- Prova oral para fasilitar

- Fazer eu passa de ano.

- ser manco

Calmo na conversa etc

- Avaliação de estudo

- Dar a resposta da prova

- Continuar como ela esta

25

- Dar 10 em uma resposta de matemática

- Não deixando ninguém fazer bagunça.

- Não passar provas e trabalhos só em uma semana, e na semana que tiver

prova não fazer matemática porque temos que estudar e a matemática dói a

cabeça

- Que eles avaliem o cotidiano do aluno

- Sendo calmo e não ezagerado.

- Dando as respostas

- Os professores são bons já, mas elas tem que passar mais exercícios de

geografia

- Para não passar trabalhos tão longos.

Eles não entendem o que é avaliação, mas sabem como o professor os

avalia nos mais diferentes momentos do trabalho escolar. A avaliação tem

como propósito verificar o nível de aprendizagem dos alunos e determinar a

qualidade do processo de ensino e aprendizagem dos mesmos, dando ao

professor um feed back, para que ele possa replanejar seu trabalho e dar um

retorno aos alunos, levando em conta suas opiniões a respeito dos conteúdos

dados e das aprendizagens, se houve um significado ou não.

4.2 NOVO MOMENTO DE PESQUISA COM OS ALUNOS

As observações foram feitas logo depois do intervalo, ou mesmo

durante. Notamos que a professora conversa com eles, está sempre atenta. A

Pedagoga veio até a porta e pediu as notas e o conteúdo registrados no livro

de chamada.

A professora disse que não tinha tempo de corrigir as provas e entregar

as notas a tempo, pois a escola faz muitas atividades extra-classe, como

festas, por exemplo, e não dá tempo de aplicar todos os conteúdos para dar as

provas. A sala é dividida em seis filas, somente três alunos têm lugares fixos

nas primeiras carteiras, pois são dispersos e não entendem as explicações, um

26

deles é perfeccionista, não pode errar uma letra que já quer apagar a frase

toda e escrevê-la novamente.

Durante a aplicação de uma prova de matemática, uma das alunas

esqueceu o estojo, a professora emprestou lápis e borracha para ela, mas

avisa que da próxima vez vai descontar 0,5 pontos na prova dela e se esquecer

mais de uma vez vai descontar um ponto. Os alunos estão conversando muito,

a professora pede silêncio, senão vai descontar mais pontos na prova de todos.

Um aluno pergunta porque a prova vale 5,5 e não 5, outro diz que a prova foi

feita pela professora, portanto ela decide o valor da prova. Percebemos aqui,

uma pedagogia centrada no professor, ficou evidenciado que a prática da

avaliação não faz parte do ensino democrático e crítico, pois verificamos que é

uma avaliação por coersão, na qual a professora ameaça os alunos com a

tomada de pontos se não ficarem em silêncio, quando esquecem o material ou

mesmo quando decide o valor da nota da prova. Para que a avaliação funcione

tem que haver um entendimento entre professor e alunos, numa discussão

para a progressão.

No dia da avaliação, um aluno fez a prova na sala do contra-turno, com

a auxiliar de sala, a professora disse que ele tem problemas de concentração,

pergunta muito durante a prova e tira a concentração dos outros e quando ele

“descobre” a resposta da pergunta fala em voz alta.

Durante o conselho de classe, três alunos foram para a berlinda,

segundo a professora, eles decidem a vida escolar do aluno como se ele não

existisse, falam dele como se ele fosse um pedaço de barro que estão tentando

moldar e não conseguem fazer a escultura que desejam. É como se o

professor quisesse que o aluno andasse no seu tempo ou eles se vêem diante

de um problema que não conseguem achar a solução e se desesperam.

Segundo Hoffmann (2001, p. 47):

O processo avaliativo não deve estar centrado no entendimento imediato pelo aluno das noções em estudo, ou no entendimento de todos em tempos equivalentes. Essencialmente, porque não há paradas ou retrocessos nos caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estarão sempre evoluindo, mas em diferentes ritmos e por caminhos singulares e únicos. O olhar do professor precisará abranger a diversidade de traçados, provocando-os a prosseguir sempre.

27

Geralmente o professor após fazer uma correção, apresenta ao aluno

sua nota, como resultado da prova. Mas qual o significado dessa nota? Será

que o aluno está preparado para a prova, pois cada um tem seu tempo de

aprendizagem, embora o planejamento do professor seja igual para todos, sem

pensar naquele que vai mais devagar.

Partimos então para uma segunda opção, pedi para que eles

expressassem através de desenhos o que eles entendiam por avaliação, desta

vez a professora não ficou na sala. Disse a eles que quando a gente ama

alguém, desenhamos um coração, quando brigamos com alguém desenhamos

esse coração partido ao meio. E na avaliação, quando a professora diz que

estamos sendo avaliados, como nos sentimos, e é esse sentimento que quero

que passem para o papel. Alguns demoraram para começar, mas assim

mesmo desenharam. Conforme eles iam desenhando e me entregando,

perguntava o significado do desenho e anota ao lado, assim tivemos algumas

respostas como:

- Medo7.

- Fico preocupado em tirar zero.

- Penso em estudar e ficar nervoso.

- Preocupado com a prova.

- Se não tirar nota boa estou frita.

- As vezes vou a piscina, mas fico preocupada com a prova, pois as vezes que

vou a piscina coincide com os dias da prova.

- Toda vez que penso em avaliação pra mim é prova.

- Estudar.

- Eu não gosto de prova porque é chato, posso tirar zero, posso reprovar, fico

triste.

- Parece que vou morrer na hora da prova, me dá medo.

- Quando estou fazendo uma prova, me sinto sendo morto.

- Avaliação muito difícil é chata.

- Quando tem prova, fico ansioso, quero tirar nota boa.

- Quando tem prova eu quero me enforcar, fico preocupado com a nota.

- Não fico preocupado, estudo, fico calmo.

7 Anexos B

28

- Preocupação com a avaliação, com o conteúdo da prova, se irei tirar dez, pois

é o objetivo de fazer a prova.

Como podemos verificar nas respostas dadas através de desenhos,

constatamos novamente o não conhecimento da avaliação como um processo.

A prova continua a ser o instrumento de mensuração e coerção. Nos

comentários ficaram bem evidenciados que a avaliação está resumida ao ato

de aplicar prova e atribuir nota.

Para que a nota tenha significado para o aluno é preciso que o educador

comente os erros e acertos, pois além de estar propiciando mais informações

para seu aluno, estará fazendo com que os resultados dos testes tenham maior

utilidade, também está obtendo informações desse mesmo aluno para sua

avaliação contínua.

Após a coleta e análise dos dados da pesquisa, percebemos que a

maioria dos alunos não tem um conhecimento construído do significado de

avaliação. Percebe-se a ressalva sobre provas e notas, demonstrando uma

visão limitada do significado de avaliação dentro do processo de ensino e

aprendizagem.

29

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Mediante as pesquisas, principalmente as teóricas, evidencia-se que

o processo avaliativo do ensino e aprendizagem, e suas formas de avaliar,

dão possibilidade ao professor de conhecer seu aluno, tendo assim meios

para interferir no seu rendimento escolar quando necessário, visando um

diagnóstico para superar falhas que tem por fim um conteúdo com

significado, pois atualmente estamos vivendo um período de reforma na

educação, criando novos caminhos para a melhora do aprendizado.

A avaliação também vem sofrendo modificações, durante muitos

anos, a avaliação foi instrumento de ameaça, mas com as novas

concepções, essa realidade está mudando, tendo novos objetivos num

processo contínuo que envolve professor e aluno.

Como já vimos antes, a avaliação provoca questões como: o que

avaliar, como avaliar, por que avaliar, para quem e quem avalia quem. Não

deve ser tarefa fácil para um professor avaliar continuamente uma sala

com mais de trinta alunos de uma escola municipal, mas precisa entender

que essa é uma tarefa conjunta, que o docente deve repensar seus

objetivos de modo que seu dia-a-dia em sala de aula se torne prazeroso

para si e para seu aluno. A avaliação possui múltiplas funções que

complementam e se integram, tanto a inicial quanto a final podem se

realizar dentro do processo de ensino e aprendizagem e depois pela

avaliação contínua, que é a base essencial para o professor.

Para o aluno, a avaliação é um instrumento que permite ao educando

reconhecer seus progressos e dificuldades. Cabendo ao professor fazê-lo

perceber seus erros, para que os mesmos se tornem acertos, avaliando

competências em diferentes momentos escolares. Hoffmann (2001, p. 47)

diz que, estruturalmente, a escola atual não oferece tempo ao aluno para

manifestar-se, repensar conceitos, reformularem hipóteses, entre tantos

outros problemas que hoje se manifesta na vida escolar do aluno.

Os nossos resultados apontam que o aluno não tem clareza sobre

qual é a prática avaliativa que se faz presente no cotidiano escolar. Os

alunos conhecem um processo de avaliação, escutam no discurso uma

30

coisa e vivenciam na prática uma outra, e neste emaranhado fica

complicado perceber o significado de uma avaliação emancipatória, seguida

de decisões e ações que ajudem os alunos a aprender mais e melhor,

fornecendo bases para novas decisões ao longo do processo de ensino e

aprendizagem.

Assim, o entendimento do aluno na construção do seu discurso, é o

reflexo da dinâmica nas relações entre esses elementos e seus agentes

que estão presentes na avaliação. Como vimos antes, a professora

conversa muito com seus alunos, mas na hora de responder o questionário,

percebe-se que eles não tem autonomia, não conseguem pensar ou mesmo

entender o que pede o questionário, levando assim o professor a indução,

esquecendo de tornar-lo um ser crítico.

Entende-se que o conteúdo como centro do processo desvinculado

do conhecimento da realidade da comunidade escolar e contexto social da

escola, acaba em transmissão pura de fatos, conceitos e informações que

nada contribuirão para o desenvolvimento da aprendizagem sistemática do

aluno.

Geralmente o professor após fazer uma correção, apresenta ao aluno

sua nota como resultado da prova. Mas qual o significado dessa nota? Para

ela ter significado é preciso que o professor comente os erros e acertos,

porque além de estar dando mais informações sobre o conteúdo, estará

fornecendo dados onde o aluno errou, fazendo assim com que os

resultados dos testes tenham maior utilidade e significado na construção do

conhecimento do sujeito.

O desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem precisa

ser acompanhado de uma avaliação constante, levando o aluno a estudar

por prazer e não para ir bem nas provas.

A avaliação tem um fim em si mesma, mas é um meio a ser utilizado

por alunos e professores para a qualidade do processo de ensino. Já há

muitos professores conscientes, que fazem uso da avaliação como forma

de verificar se o aluno aprendeu ou não. Estas são fundamentais para

alunos e para os professores, facilitando as aprendizagens significativas e o

conseqüente o incremento da motivação de todos os atores institucionais do

processo. É importante que a nota não atrapalhe as informações que o

31

aluno receba, pois apesar da escola se preocupar em defender uma política

de avaliação contínua, formativa, sua prática é regida por valores

tradicionais.

É fundamental avaliar, sistematizar as ações desenvolvidas no

processo da educação. Não devemos ter ação sem reflexão, sem

consciência do que está fazendo, sendo necessário superar e evitar ações

imediatas, buscando analisar o que já foi executado e verificar quais as

possibilidades e desafios a serem alcançados.

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REFERÊNCIAS

MENDEZ, JUAN Alvarez. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2002, p. 127.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2001, p.11, 18, 47, 73, 77, 110.

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VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1994, p. 55, 44.

VEIGA, Ilma Passos. Projeto Político da escola: uma construção Coletiva. (org). Campinas, S.P: Papirus, 1995.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez. 1999, p. 30, 166

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: ed.Ática. 1988.

BRASIL. Senado Federal. LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional – 9394/96. Brasília – DF. 1996.

SOUZA, Clarilza Prado de (org.). Avaliação do Rendimento Escolar .

(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). Campinas, S.P:

Papirus, 1991

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ANEXOS EM PDF