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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA LUIZ RICARDO PEREIRA BENTO Avaliação estratégica, econômica e de serviços de um restaurante à la carte São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA

LUIZ RICARDO PEREIRA BENTO

Avaliação estratégica, econômica e de serviços de um restaurante

à la carte

São Paulo

2014

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA

LUIZ RICARDO PEREIRA BENTO

Avaliação estratégica, econômica e de serviços de um restaurante

à la carte

Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do diploma de Engenheiro de Produção

Orientadora: Prof. Dr. Roberta de Castro Souza Pião

São Paulo

2014

Dedico este trabalho à minha família.

AGRADECIMENTO

Aos meus pais e irmã, pelo incentivo dado tanto na Graduação, quanto no Trabalho de

Formatura.

À Prof.ª Dr.ª Roberta de Castro Souza Pião, pela orientação ao longo do Trabalho de

Formatura.

Aos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da

USP, que possibilitaram que eu tivesse um ensino completo e de primeira qualidade.

Aos meus amigos da faculdade, pelos excelentes momentos vivenciados durante a

vida acadêmica.

Todos podem ver as táticas de minhas

conquistas, mas ninguém consegue discernir a

estratégia que gerou as vitórias.

(Sun Tzu)

RESUMO

O presente Trabalho de Formatura tem como objetivo estudar os problemas

enfrentados por uma empresa do ramo alimentício; ramo que tem apresentado um crescimento

nos últimos anos através do aumento do gasto dos brasileiros com refeições fora de casa. Com

o intuito de analisar os problemas do estabelecimento, esse trabalho procura unir duas visões

distintas: tanto a análise externa da empresa, do ambiente em que se encontra, quanto a

análise interna, de seus serviços oferecidos. Assim, a literatura revista pertence a três temas

complementares: posicionamento estratégico; economia da estratégia; e análise de serviços.

Esses temas traduzem-se em modelos específicos, como as Cinco Forças de Porter, a Matriz

BCG e os Cinco Gaps da análise do serviço, que foram seguidos através da aplicação de

questionários elaborados tanto para os donos, quanto para seus consumidores. O trabalho

apresenta, depois de realizada a análise do ambiente e análise interna, um conjunto de

alternativas de melhoria a serem seguidas pelo restaurante.

Palavras-chave: Posicionamento estratégico. Economia da estratégia. Análise de

serviços

ABSTRACT

This work aims to study the problems faced by a food company, sector which has

presented growth in the last years through the increase in spending by Brazilians eating

outside their homes. Aiming to analyze the establishing´s problems, this work seeks to join

two different views: both the external analysis of the company, the environment where it is

established, and the internal analysis, their services. Therefore, the reviewed literature is

associated to three complementary themes: strategic positioning; economics of strategy; and

services analysis. These themes are reflected in specific models: Porter´s Five Force, BCG

Matrix and the Five Gaps to service analysis, followed by questionnaires designed both for

the owners and their consumers. This work presents, once done the environment and internal

analysis, a set of alternatives for improvement to be followed by the restaurant.

Keywords: Strategic positioning. Economics of strategy. Services analysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cardápio: Pratos do dia e pratos diversos ................................................................ 12

Figura 2 - Cardápio: Pratos diversos e Lanches ....................................................................... 13

Figura 3 - Cardápio - Pratos japoneses ..................................................................................... 13

Figura 4 - PIB brasileiro em bilhões de Reais .......................................................................... 15

Figura 5 - PIB per capta em Reais ........................................................................................... 15

Figura 6 - Dinâmica social brasileira - Aumento da classe C .................................................. 16

Figura 7 - Quatro abordagens básicas de formulação de estratégia.......................................... 19

Figura 8 - A matriz de crescimento-participação de Bruce Handerson do BCG...................... 24

Figura 9 - Curva de experiência proposta por T. P. Wright ..................................................... 26

Figura 10 - Cinco forças de Porter............................................................................................ 28

Figura 11 - Estratégias genéricas de Porter .............................................................................. 30

Figura 12 - Cadeia de valor genérica de Porter ........................................................................ 33

Figura 13 - Relação entre estratégia com os conceitos de Porter ............................................. 34

Figura 14 - Fatores que explicam a lucratividade..................................................................... 40

Figura 15 - Criação de valor: excedente do consumidor e produtor ........................................ 42

Figura 16 - Cadeia de valor genérica de Porter ........................................................................ 43

Figura 17 - Matriz de segmentação setorial.............................................................................. 45

Figura 18 - Foco em especialização nos clientes ...................................................................... 46

Figura 19 - Foco em especialização nos produtos .................................................................... 46

Figura 20 - Foco com especialização geográfica...................................................................... 46

Figura 21 - Composição do PIB brasileiro entre 2003 e 2013 ................................................. 51

Figura 22 - Conceito de serviço - duas perspectivas ................................................................ 52

Figura 23 - Processos tipo Capacitação e Commodity ............................................................. 55

Figura 24 - Diagonal volume versus variedade em serviços .................................................... 57

Figura 25 - Qualidade percebida pelo cliente ........................................................................... 58

Figura 26 - Fatores que influenciam nas expectativas do consumidor ..................................... 59

Figura 27 - Os cinco gaps da qualidade em serviços................................................................ 60

Figura 28 - Questionário para empresa - 5 Forças de Porter .................................................... 63

Figura 29 - Questionário para empresa - Matriz BCG (análise do portfólio)........................... 64

Figura 30 - Questionário para empresa - 5 Gaps ...................................................................... 65

Figura 31 - Questionário para consumidor - 5 Gaps ................................................................ 67

Figura 32 - Correspondência entre questões para restaurante e para consumidor .................... 68

Figura 33 - Notas por critério segundo o próprio restaurante................................................... 82

Figura 34 - Notas por critério segundo os consumidores ......................................................... 83

Figura 35 - Comparação de notas por critério: restaurante versus consumidores .................... 87

SÚMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................................... 11

1.1 A empresa .................................................................................................................... 11

1.2 O problema .................................................................................................................. 14

1.3 Limitações .................................................................................................................... 14

1.4 Relevância do problema ............................................................................................. 15

2. Revisão Bibliográfica – Estratégia ................................................................................ 17

2.1 Estratégia: origem e definições .................................................................................. 17

2.1.1 Os cinco Ps da estratégia ......................................................................................... 18

2.2 As dez escolas de pensamento sobre formulação de estratégia ............................... 18

2.3 Foco no posicionamento estratégico .......................................................................... 19

2.4 A escola de posicionamento ........................................................................................ 20

2.4.1 Premissas da escola de posicionamento ................................................................. 20

2.4.2 A primeira onda: origens nas máximas militares ................................................. 21

2.4.3 A segunda onda: a busca por imperativos de consultoria ................................... 22

2.4.3.1 A matriz de crescimento-participação ................................................................... 23

2.4.3.2 Curva de experiência ............................................................................................... 25

2.4.4 A terceira onda: o desenvolvimento das proposições empíricas ......................... 27

2.4.4.1 Modelo de Porter de análise competitiva .............................................................. 27

2.4.4.2 Conjunto de estratégias genéricas de Porter......................................................... 29

2.4.4.3 Cadeia de valor de Porter ....................................................................................... 32

2.4.5 Análise ambiental .................................................................................................... 34

2.4.6 Crítica à escola de posicionamento ........................................................................ 35

2.4.7 Lição da escola de posicionamento e avaliação complementar ........................... 36

3. Revisão Bibliográfica – A economia da estratégia ....................................................... 37

3.1 Concorrentes e concorrência ...................................................................................... 37

3.1.1 Identificação de concorrentes e caracterização de mercado................................ 37

3.1.2 Estrutura de mercado e concorrência ................................................................... 38

3.2 Posicionamento estratégico para vantagem competitiva ......................................... 39

3.2.1 Definição de vantagem competitiva ....................................................................... 39

3.2.2 Importância para a lucratividade: mercado ou empresa? .................................. 40

3.2.3 Vantagem competitiva e criação de valor.............................................................. 41

3.2.3.1 Criação de valor ....................................................................................................... 41

3.2.3.2 Criação de valor e vantagem competitiva .............................................................. 42

3.2.3.3 Criação de valor e a cadeia de valor....................................................................... 43

3.2.4 Posicionamento estratégico sob a óptica econômica ............................................. 44

3.2.5 Estratégia de ampla cobertura versus estratégias de foco .................................... 44

3.2.6 A importância da elasticidade-preço da demanda ................................................ 47

4. Revisão Bibliográfica – Serviços .................................................................................... 51

4.1 O setor de serviços ....................................................................................................... 51

4.2 Conceito de serviços..................................................................................................... 52

4.3 Características de serviços .......................................................................................... 53

4.3.1 As características mais frequentes.......................................................................... 53

4.4 Tipologia de serviços ................................................................................................... 54

4.5 Qualidade em serviços ................................................................................................. 57

4.5.1 Definição de qualidade............................................................................................. 57

4.5.2 Expectativa e percepção .......................................................................................... 57

4.5.3 Modelo dos 5 gaps .................................................................................................... 59

4.5.4 Determinantes da qualidade ................................................................................... 61

5. Metodologia ..................................................................................................................... 63

6. Resultados ........................................................................................................................ 69

6.1 Contato inicial com a empresa ................................................................................... 69

6.2 Análise segundo as 5 Forças de Porter ...................................................................... 70

6.2.1 Intensidade da rivalidade ........................................................................................ 70

6.2.2 Ameaças de novos participantes ............................................................................. 71

6.2.3 Ameaça de produtos substitutos ............................................................................. 72

6.2.4 Poder de barganha dos fornecedores ..................................................................... 73

6.2.5 Poder de barganha dos clientes............................................................................... 74

6.3 Análise da estratégia genérica de Porter ................................................................... 77

6.4 Análise segundo a Matriz de portfólio ....................................................................... 77

6.5 Análise da qualidade do serviço – Modelo dos 5 Gaps ............................................. 80

6.5.1 Visão da empresa ..................................................................................................... 80

6.5.2 Visão do consumidor: expectativa versus percepção ............................................ 82

6.5.3 Visão restaurante versus consumidor..................................................................... 87

7. Discussão .......................................................................................................................... 89

7.1 Solução e sua implantação .......................................................................................... 89

7.1.1 Manutenção da estratégia de diferenciação .......................................................... 89

7.1.2 Aumento de portfólio e market share ..................................................................... 91

7.2 Acompanhamento ....................................................................................................... 92

8. Conclusões ....................................................................................................................... 95

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................. 97

APÊNDICE A – Questionário respondido pela empresa - 5 Forças de Porter ................ 99

APÊNDICE B – Questionário respondido pela empresa – Matriz BCG (análise do

portfólio)................................................................................................................................ 100

APÊNDICE C – Questionário respondido pela empresa – 5 Gaps .................................. 101

APÊNDICE D – Questionário respondido pelos consumidores– 5 Gaps ........................ 102

11

1. Introdução

1.1 A empresa

A empresa a ser estudada nesse trabalho será um restaurante localizado na região

central da cidade de São Paulo, no bairro de Campos Elíseos. É um restaurante tradicional da

região que existe há mais de 15 anos no mesmo estabelecimento e oferece serviços à la carte.

O restaurante encontra-se em uma região com diversos outros concorrentes para

atender toda demanda proveniente da presença de prédios comerciais e empresas na região.

Seu carro-chefe é o almoço (que corresponde a aproximadamente 90% da receita), embora

também sirva café da manhã, lanche da tarde (ao longo do dia) e jantar.

O restaurante, no final de 2013 e início de 2014, passou por uma reforma e construção

do segundo andar do estabelecimento, o que possibilitou aumentar sua capacidade em 40%.

Atendendo a pedidos dos donos do restaurante, sua identificação será preservada.

Contudo, de caráter informativo e com a intenção de caracterizar o restaurante, a seguir,

podem ser observados alguns dados relativos ao estabelecimento:

Funcionários de mesa (garçons): 8 garçons

Funcionários de caixa: os dois donos se revezam no caixa

Funcionários de cozinha: 4 cozinheiros e 1 sushiman

Funcionários de limpeza: todos os funcionários são responsáveis pela limpeza

do ambiente

Capacidade do restaurante (lugares disponíveis): 200 lugares

Dias de funcionamento: de segunda a sexta-feira

Horário de funcionamento: das 6h00 às 19h00, com três turnos: das 6h00 às

15h00, das 7h00 às 16h00 e das 10h00 às 19h00. Assim, no horário que

envolve o almoço (desde sua preparação até limpeza), das 10h00 às 15h00, o

estabelecimento está com todos seus funcionários em atividade.

Segundo os donos do restaurante, há foco na qualidade do serviço prestado aos

consumidores, com constante preocupação com a qualidade e velocidade do serviço. Ainda

segundo eles, essa preocupação com a qualidade da refeição é um grande diferencial do

restaurante frente aos concorrentes.

12

Na mesma linha de serviço diferenciado, o restaurante é um dos únicos da região que

oferecem pratos à la carte. A maior parte dos estabelecimentos oferece serviço de buffet, o

chamado restaurante por quilo. Na região, após a pesquisa empírica, constatou-se a existência

de aproximadamente trinta concorrentes diretos, sendo que menos de 20% deles oferecem

serviços à la carte.

Recentemente, o restaurante passou a oferecer pratos da culinária japonesa, chamados

de combinados. Entretanto, seu valor é um pouco mais caro que os demais pratos oferecidos

pela casa. Enquanto que o ticket médio das refeições com os pratos tradicionais varia de

R$12,00 a R$24,00, o dos combinados japoneses varia de R$17,90 a R$44,90.

As figuras a seguir, ilustram uma parte do cardápio do restaurante, onde é possível

observar os Pratos do dia; Pratos diversos, Lanches e os Pratos japoneses.

Figura 1 - Cardápio: Pratos do dia e pratos diversos

Fonte: Restaurante

13

Figura 2 - Cardápio: Pratos diversos e Lanches

Fonte: Restaurante

Na figura 3, a seguir, observa-se a parte do cardápio referente aos Combinados japoneses.

Figura 3 - Cardápio - Pratos japoneses

Fonte: Restaurante

14

1.2 O problema

Visto a grande quantidade de concorrentes, o restaurante gostaria de realizar uma

análise estratégica de seus serviços. Dessa forma, através de uma revisão bibliográfica e de

entrevistas aprofundadas, este Trabalho de Formatura tem a intenção de estudar o tema e

apresentar um conjunto de alternativas de melhoria.

Os pontos levantados, em conjunto com o restaurante, como problemas e que serão

desenvolvidos ao longo do trabalho são:

A região possui uma grande empesa de seguros: a Porto Seguro, que inaugurou

recentemente uma nova ala e, portanto, aumentou sua quantidade de

funcionários. O restaurante quer, dessa forma, estar mais bem preparado para

responder a esse aumento da demanda na região;

O perfil de público do restaurante é predominantemente masculino, pois, por

oferecer pratos à la carte e servidos com grande quantidade de comida, muitos

homens se interessam pela refeição. O restaurante quer, portanto, mudar seu

perfil de clientes ao atingir o público feminino, mas manter seus clientes do

sexo masculino;

Foi diagnosticado um mau dimensionamento da quantidade de garçons quando

o restaurante está cheio durante o almoço (visto que a qualidade do serviço

prestado é prioridade). Portanto, o trabalho também pretende estudar tal

questão e propor uma alternativa que vise melhorá-lo se necessário.

1.3 Limitações

Este Trabalho de Formatura procura unir duas visões: tanto a análise externa da

empresa, de seu ambiente, quanto a análise interna, dos serviços oferecidos. Dessa forma, sob

uma perspectiva única e exclusiva de cada um desses pontos, cada um deles seria capaz de

proporcionar um novo trabalho e, portanto, há espaço para uma maior análise dentro deles.

Entretanto, este Trabalho de Formatura procura apresentar uma proposta de união das

duas perspectivas de modo a analisá-las e apresentar um conjunto de soluções que vise

melhorar os problemas levantados no tópico anterior referente aos dois temas.

15

1.4 Relevância do problema

O cenário macroeconômico brasileiro, embora em 2014 venha demonstrando certa

desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), apresenta resultados econômicos expressivos,

como o crescimento do PIB nos últimos dez anos, bem como o aumento da renda per capta,

fatores que influenciam nos gastos fora de casa.

A figura 4 representa a evolução do PIB no Brasil,

Figura 4 - PIB brasileiro em bilhões de Reais

Fonte: IBGE

A figura 5 representa o crescimento da renda per capta da população brasileira.

Figura 5 - PIB per capta em Reais

Fonte: IBGE

O Brasil ainda passou por uma alteração da distribuição social, o que fez emergir uma

nova classe consumidora no país através do crescimento da classe C, que em 2005

representava apenas 34% da população, mas que em 2011 passou a representar 54%, segundo

dados de uma pesquisa realizada pela Cetelem BGN em parceria com Ipsos public Affairs. A

figura 6 representa essa alteração na sociedade brasileira.

16

Figura 6 - Dinâmica social brasileira - Aumento da classe C

Fonte: Cetelem BGN e Ipsos

Dessa forma, a partir dos dados, percebe-se que o brasileiro aumentou seu poder

aquisitivo com a diminuição das classes D e E. Segundo estimativas do IBGE, a parcela de

brasileiros pertencentes à classe C deve alcançar 56% da população no final de 2014.

Indo além, para se enfatizar a importância do tema escolhido, dados de uma pesquisa

encomendada pela Assert (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio

para o Trabalhador) revela que o brasileiro aumentou seu gasto com refeições fora de casa:

em 2003, as alimentações fora de casa comprometiam 25,7% da renda familiar, enquanto que

em 2013, essa parcela aumentou para 33,1%.

17

2. Revisão Bibliográfica – Estratégia

Este capítulo tem como objetivo tratar do conceito de estratégia, destacando as

diversas escolas que tratam do assunto com especial atenção à Escola de Posicionamento

Estratégico.

2.1 Estratégia: origem e definições

Estratégia é uma palavra de origem grega, strategia, que significa o plano ou método

usados para se alcançar um objetivo. Um de seus primeiros célebres registros ocorreu na

China antiga, há aproximadamente 2600 anos, quando Sun Tzu, autor de “A Arte da Guerra”

afirmou que “Todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que

ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas” (Tzu, 2006),

já demonstrando a relevância estratégia.

Entretanto, talvez pela variedade de significados e contextos em que pode ser aplicada,

a palavra estratégia vem sendo utilizada livremente e com preocupação reduzida em relação a

seu teor e definição. Segundo Fahey (1999), “Poucas palavras são objeto de tantos abusos no

léxico das empresas, são tão mal definidas na literatura gerencial e estão tão expostas a

diferentes significados quanto a palavra estratégia”. Dessa forma, vê-se a necessidade de

definir e explicar o conceito por trás de tão importante tema.

A estratégia empresarial, que este texto procura rever, vem recebendo diversas formas

de entendimento e definições. Essas definições muitas vezes se completam, mas, de modo

geral, referem-se aos planos da alta gerência com o objetivo de atingir resultados que estejam

alinhados com as missões e objetivos da organização e que busquem um melhor desempenho

da empresa.

Para Thompson (2000), ela é definida no conjunto de mudanças competitivas e

abordagens comerciais executadas pelos gerentes de modo a alcançar o melhor desempenho

da empresa. É o modo pelo qual a gerencia consegue “reforçar a posição da empresa no

mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho”.

Porter (2004) define estratégia corporativa como sendo o “plano geral para uma

empresa diversificada que trata de duas questões diferentes: em que negócios a empresa deve

competir e como a sede corporativa deve gerenciar o conjunto de unidades de negócios”.

18

2.1.1 Os cinco Ps da estratégia

Diferentemente das definições tradicionais, Mintzberg (2010) propõe que estratégia

requer cinco definições, conhecidas como os cinco Ps da estratégia.

Estratégia como um Plano (plan): caminho ou guia, isto é, a diretriz através da qual se

pretende alcançar os objetivos organizacionais no futuro. Apresenta uma visão anterior

ao ocorrido. É a estratégia pretendida;

Estratégia como um padrão (pattern): é a consistência das ações (pretendidas ou não)

de uma organização no decorrer do tempo. Ao contrário da definição anterior,

apresenta uma visão posterior sobre o realizado. É a estratégia realizada;

Estratégia como uma posição (position): é a localização de determinados produtos em

determinados mercados, ou seja, é o posicionamento da organização em relação ao

ambiente externo (clientes, concorrentes, fornecedores, governo, etc.);

Estratégia como uma perspectiva (perspective): é a maneira fundamental que uma

organização opera, isto é, normas e comportamentos difundidos que determinam a

maneira pela qual uma marca é conhecida; e

Estratégia como um pretexto (ploy): é um truque (“manobra”) com intuito de enganar

a concorrência, que são induzidos a uma falsa percepção.

2.2 As dez escolas de pensamento sobre formulação de estratégia

Mintzberg (2010) propõe dez diferentes escolas de pensamento sobre formulação de

estratégia. Sendo que cada uma trata estratégia sob uma perspectiva particular. Essas escolas

podem ser agrupadas de acordo com a sua natureza:

Prescritiva: segundo Mintzberg (2010), “essas escolas são mais preocupadas em como

as estratégias devem ser formuladas do que em como elas necessariamente se

formam”. Nela, há a escola do Design; do Planejamento; e do Posicionamento;

Formuladora: escolas que consideram aspectos específicos do progresso de formação

de estratégias e vêm se preocupando menos com a prescrição do comportamento

estratégico ideal do que com a descrição do modo pelo qual as estratégias são

formuladas. Nelas, há a escola Empreendedora; Cognitiva; de Aprendizado; do Poder;

Cultural; e Ambiental; e

19

Integradora: possui apenas a escola de Configuração e procura combinar as demais

escolas.

2.3 Foco no posicionamento estratégico

Visto a abrangente quantidade e variedade de possíveis enfoques, é importante

priorizar e centralizar a análise de modo a possibilitar seu aprofundamento e

desenvolvimento. Seguindo essa mesma linha de pensamento, Willian Starbuck (1965)

afirmou que discutir todos os aspectos da organização que são relevantes para adaptação seria

o mesmo que discutir tudo o que foi escrito a respeito de organizações, portanto, tal fato seria

inviável.

Visto os cinco Ps da estratégia, este trabalho tem a intenção de se aprofundar na

análise da posição da organização em relação ao ambiente externo e estudar como os planos

melhor podem se adequar à sua formulação. Como observado na figura 1, a análise proposta

remete ao estudo do planejamento estratégico.

Figura 7 - Quatro abordagens básicas de formulação de estratégia

Fonte: adaptado de Porter (2004)

Dessa forma, a partir do quadro da figura 7, esse capítulo de estratégia visa fazer uma

análise baseada na escola de posicionamento que, por sua vez, utiliza os princípios da

estratégia como um plano, isto é, o reconhecimento da existência de diretrizes que

determinam como a organização pode alcançar seus objetivos.

Outro motivo que leva à escolha da escola de posicionamento reside na sua

importância ao ser capaz de codificar os elementos pertinentes a uma empresa e a uma

indústria e, assim, proporcionar os meios de implantação de uma estratégia de sucesso. Para

que isso fosse viável, foi necessário que a escola em questão transformasse a formulação do

conhecimento de tácito em codificado.

20

2.4 A escola de posicionamento

A escola de posicionamento surgiu no início dos anos 80 e rapidamente se difundiu.

Sua rápida expansão deve-se à sua capacidade de acrescentar conteúdo de duas formas

segundo Mintzberg (2010), pois “enfatizou a importância das próprias estratégias, e não

apenas do processo pelo qual elas foram formuladas; e acrescentou substância: (...) ao

focalizar o conteúdo das estratégias, abriu o lado descritivo da área a investigações

substanciais”.

A obra que marcou essa nova fase foi “Estratégia Competitiva” de Michael Porter, que

embora não tenha sido o primeiro livro a tratar especificamente de estratégia, destacou-se

também por propor uma técnica capaz de fazer a análise competitiva e de indústrias.

2.4.1 Premissas da escola de posicionamento

Diferentemente das escolas anteriores, a escola de posicionamento coloca limites na

quantidade de estratégia que uma organização deve considerar desejável. Para ela, apenas as

que podem se defender contra a concorrência atual e futura devem existir, evitando, dessa

forma, o desperdício de esforços e foco (MINTZBERG, 2010).

Outra ruptura em relação às escolas anteriores é que a escola de posicionamento foi

capaz de criar e aperfeiçoar um conjunto de ferramentas analíticas com o objetivo de moldar a

melhor estratégia às condições da empresa e do mercado. Dessa forma, deixou de lado a ideia

de que as estratégias devem ser únicas e sob medida para cada organização, dessa forma fica

mais clara a ideia de codificação do conhecimento.

Para tal, ela começou a se concentrar nos cálculos feitos por analistas, que não

necessariamente pertencem à organização e são capazes, através de um manual de estratégia,

de propor um conjunto de posições estratégicas que ela pode proporcionar.

Mintzberg (2010) propõe cinco premissas da escola de posicionamento, que aqui estão

resumidas em quatro:

Estratégias são posições genéricas e identificáveis no mercado: através da análise do

mercado, é possível identificar caminhos específicos a percorrer de modo a atingir e

seguir com as posições genéricas propostas;

21

O mercado (todo o ambiente em que a organização se insere) é econômico e

competitivo: a organização está sujeita às leis do mercado e às variações que nele

ocorrer;

A formulação da estratégia é baseada na seleção de posições genéricas a partir de

cálculos: para cada organização é possível identificar uma posição estratégia

proveniente do enfoque em diferenciação ou em redução de custos, que serão

abordados mais a frente neste trabalho;

Estratégias estão prontas para serem articuladas e implementadas: a organização deve

estar pronta para seguir as estratégias propostas pelos seus responsáveis.

2.4.2 A primeira onda: origens nas máximas militares

A escola de posicionamento é a mais antiga das escolas de formulação de estratégia,

pois há mais de 2 mil anos já existiam registros escritos sobre ela. Entretanto, há uma

proeminente diferença entre como era feita a escolha de posicionamento até Napoleão e

depois dele (Mintzberg, 2010). O exército do estrategista francês era capaz de destruir forças

numericamente superiores (Mintzberg, 2010).

Os autores mais importantes dessa onda foram Sun Tzu e Clausewitz, que fizeram algo

semelhante do que é feito hoje ao delinearem tipos de estratégias e os adaptarem às condições

que pareciam mais convenientes. Entretanto, por não utilizarem dados estatísticos, dá-se o

nome de “máximas” às suas conclusões.

A contemporaneidade de algumas dessas máximas ditam a importância desses autores.

A seguir, observa-se uma passagem da obra de Sun Tzo sobre os elementos importantes nas

regras militares (ou na arte da guerra): “As regras militares são cinco: medição, valoração,

cálculo, comparação e vitória. O terreno dá lugar às medições, estas dão lugar às valorações,

as valorações aos cálculos, estes às comparações, e as comparações dão lugar às vitórias”.

Ainda segundo Sun Tzu, quem não faz cálculos tem menos probabilidade de vitória que

aquele que não os fez.

Segundo Clausewitz (2010), em sua obra-prima “Da guerra”, estratégias militares

foram utilizadas como fonte de ideias e de método por pessoas que se destacam em áreas

diversas, como funcionário do exército e de empresas. Entre eles, o coronel norte-americano

22

Harry Summers; o fundador da Federal Express (Fred Smith); e o CEO (Jack Welch) da

General Eletric de 1981 a 2001 (Clausewitz, 2010).

Um dos pontos mais elogiados e eternizados de seu livro foi a ideia de “atrito”

(“friction”), que representa aquilo que pode frustrar as intenções pelo acaso ou pela

ignorância. Este foi o tópico comentado por Fred Smith a uma reportagem feita por Abrahm

Lustgarten (2004) da revista Fortune, quando afirmou que, com a idade e a experiência, um

empresário aumenta seu entendimento e apreciação pelo que o especialista em guerra Carl

von Clausewitz chamou de “atrito” (MINTZBERG, 2010).

Um dos artigos de Michael Mink (2004) para Investor's Business Daily elogiou a

sintetização de Clausewitz por dizer que a única coisa certa é a incerteza e por ter adicionado

uma citação de Jack Welch afirmando que não se pode reduzir a estratégia a uma fórmula

(MINTZBERG, 2010).

Como visto acima, as estratégias de guerra são passíveis de analogia com as

estratégias nos negócios. Alguns autores trilharam suas pesquisas por esse caminho. James

Brian Quinn (1980) foi um dos mais célebres autores que traçaram um paralelo e

desenvolveram o conceito da experiência militar nos negócios. Ainda segundo Minrzberg

(2010), Quinn reforça a ideia da escola de posicionamento ao afirmar que a estratégia eficaz é

desenvolvida com um resultado simples: poucos conceitos e golpes-chaves, que

proporcionam coesão, equilíbrio, foco e um senso de posicionamento contra um oponente.

2.4.3 A segunda onda: a busca por imperativos de consultoria

Pode-se dizer que a escola de posicionamento foi feita para os consultores, pois

mesmo sem conhecimento prévio de um negócio, são capazes de analisar dados, bem como a

aplicabilidade de um conjunto de estratégias genéricas e chegar a uma conclusão para a

empresa cliente.

Foi nos anos 70 e 80 que as butiques de consultoria estratégica mais cresceram através

da implementação do processo descrito. Para auxiliar em suas análises, elas criavam métodos

ou técnicas capazes de elevar a participação de mercado dos clientes, uma vez que esse se

tornou o maior objetivo estratégico da época. Por exemplo, o Boston Consulting Group

(BCG) concentrou-se em duas técnicas principais: a matriz de crescimento-participação e a

curva de experiência, descritas a seguir.

23

2.4.3.1 A matriz de crescimento-participação

Segundo Bruce Handerson, fundador da BCG, a matriz de crescimento-participação

aliada a uma posição projetada para cinco anos à frente seriam suficientes para prever a

lucratividade, a capacidade de endividamento, o potencial de crescimento e a força

competitiva da empresa (MINTZBERG, 2010).

Para aplicação da matriz, é necessário que a empresa possua um portfólio de produtos

com diferentes taxas de crescimento e também com diferente participação de mercado. A

matriz pode ser observada na figura 8, na página seguinte. Segundo Bruce Henderson, há

quatro regras que determinam o fluxo de caixa de um produto:

I. A margem e o caixa gerado são funções da participação de mercado, sendo que a

margem e a participação de mercado são diretamente proporcionais. Fato

explicado pela curva de experiência (que ainda será tratada neste capítulo de

Estratégia);

II. Recursos financeiros para os ativos adicionais são necessários para o crescimento

de um produto;

III. Uma alta participação de mercado pode ser conquistada ou comprada. Caso seja

comprada, requer investimento adicional; e

IV. Não há produto ou mercado que cresça indefinidamente. É importante que o

retorno do crescimento ocorra quando o crescimento ficar mais lento, ou não

ocorrerá. Ainda se afirma que esse retorno não seja investido no mesmo produto.

24

Figura 8 - A matriz de crescimento-participação de Bruce Handerson do BCG

Fonte: adaptado de Mintzberg (2010)

Como já mencionado, é essencial que a organização possua um portfólio de produtos

para que haja um equilíbrio entre os fluxos de caixa, uma vez que produtos de alto

crescimento precisam de injeções de dinheiro para crescer e que produtos de baixo

crescimento devem gerar fluxo de caixa, que podem ser reinvestidos em outros produtos.

Relações como essa podem ser mais bem compreendidas com a caracterização de cada um

dos quadrantes da matriz de crescimento-participação.

Vaca-leiteira:

Produz grande volume de caixa a ponto de ser superior ao investimento necessário para

manter sua participação. Esse excesso não precisa (e nem deve) ser reinvestido no mesmo

produto (e nem em outras vacas-leiteiras). Preferencialmente deve ser reinvestido em

crianças-problema;

Cão:

Pode apresentar um lucro contábil, que precisa ser reinvestido para manter a participação,

não sobrando nada em caixa;

25

Criança-problema:

Geralmente exige muito mais dinheiro do que é capaz de gerar, que se não for fornecido, o

produto provavelmente não sobreviverá; e

Estrela:

Geralmente apresenta lucro (que pode ou não pagar tudo o que precisa). Se o produto

se mantiver como líder, passará a gerar muito caixa quando o crescimento desacelerar e as

necessidades de reinvestimento diminuírem. Assim, passará a ser uma vaca-leiteira e

proporcionará alto volume, alta margem, alta estabilidade, segurança e excesso de caixa para

ser reinvestido.

Os produtos acabam se tornando ou vacas-leiteiras ou cães, uma vez que o

crescimento invariavelmente desacelera (levando-os aos quadrantes inferiores da matriz).

Dessa forma, dependendo da participação de mercado antes dessa diminuição no crescimento,

o produto se tornará vaca-leiteira ou cão. Por isso, o valor de um produto está intrinsicamente

ligado à obtenção de uma participação dominante em seu mercado. De um modo geral, as

vacas-leiteiras são as mais desejáveis e os cães os menos (MINTZBERG, 2010).

2.4.3.2 Curva de experiência

A curva de experiência tem origem em pesquisas de T. P. Wright (1936) sobre a

influência do custo do trabalho para se produzir aviões e a experiência (ganho advindo de

grande quantidade produzida), que datam de 1936 e sugerem que ao se aumentar a produção,

seu custo não aumenta na mesma proporção. Há um ganho, que pode ser mensurado em uma

redução em média de 10 a 30% do custo de produção quando ela é dobrada, o que possibilita

uma vantagem em termos de custos para produções de grandes volumes (em escala) , como se

observa na figura 9.

26

Figura 9 - Curva de experiência proposta por T. P. Wright

Fonte: adaptado de Wright (1936)

Com a introdução da ideia de produção em escala, muitas empresas quiseram

introduzi-la em sua gerência. Para isso, elas eram obrigadas conduzir a essa experiência

diretamente através de diminuições de preço dos produtos para assim conquistar uma maior

participação de mercado mais cedo e poder, dessa forma, usufruir da curva de experiência

antes de suas concorrentes (ou sozinha).

Segundo Carvalho (2003), as curvas de aprendizado/experiência permitem determinar

mudanças no trade-off volume custo. Dessa forma, a empresa acaba por ser influenciada a

produzir mais se quiser se diferenciar, como será visto mais a diante por liderança em custo,

uma vez que o custo unitário de produção diminui. Caso contrário, ao produzir pouco devido

a alguma diferenciação no produto, seu custo será mais elevado.

A curva de experiência guarda relação direta com a economia de escala, que, segundo

Besanko (2012), ocorre quando em um processo de produção de um bem ou serviço, o custo

médio sofre queda em uma determinada faixa de produção conforme ela aumenta dentro dessa

faixa. Para que o custo médio possa diminuir à medida que a produção aumenta, é necessário

que o custo marginal seja menor que o custo médio geral.

27

2.4.4 A terceira onda: o desenvolvimento das proposições empíricas

Foi nos anos 80, que o que se chama de terceira onda de posicionamento teve início.

Segundo Mintzberg (2010), essa onda baseou-se na busca empírica sistemática por relações

entre condições externas e estratégias internas. Ainda propôs que o estudo sistemático e

codificado poderia levar à revelação das estratégias ideais a se seguir para determinadas

condições (MINTZBERG, 2010).

Michael Porter foi o grande gerador dessa terceira onda através da publicação de dois

livros. O primeiro deles se chama “Estratégia Competitiva” e foi publicado em 1980; o

segundo, “Vantagens Competitivas”, em 1985. Porter apresentou diversos conceitos, sendo os

mais importantes: modelo de análise competitiva; conjunto de estratégias genéricas; e cadeia

de valor. A seguir esses três conceitos serão desenvolvidos.

2.4.4.1 Modelo de Porter de análise competitiva

Esse modelo identifica cinco forças competitivas básicas no ambiente de uma

organização que são capazes de influenciar a concorrência. Segundo Porter (2004), é

importante estudar a indústria e a concorrência, pois “a estrutura industrial tem uma forte

influencia na determinação das regras competitivas do jogo, assim como das estratégias

potencialmente disponíveis para a empresa”. Cada uma dessas forças terá suas próprias

características e peculiaridades, que justificam a escolha de uma determinada estratégia.

As 5 Forças de Porter podem ser observadas no esquema da figura 10, o qual

representa Intensidade da rivalidade entre empresas concorrentes no centro sendo diretamente

influenciada pelas outras quatro forças (Ameaça de novos participantes; Poder de barganha

dos fornecedores da empresa; Poder de barganha dos clientes da empresa; e ameaça de

produtos substitutos).

28

[Figura 10 - Cinco forças de Porter

Fonte: Porter (2004)

Ameaça de novos participantes:

A ameaça de entrada em uma indústria depende das barreiras de entrada existentes e

de como os concorrentes já existentes respondem a essa entrada. Barreiras altas proporcionam

um ambiente onde a concorrência é amigável; barreiras baixas geram um mercado altamente

competitivo. Segundo Porter (2004), há seis fontes (modos) principais de barreiras de entrada:

economias de escala; necessidades de capital; custos de mudança; acesso aos canais de

distribuição; desvantagens de custos independentes de escala; e desvantagens de custo

independentes da escala.

Poder de barganha dos fornecedores da empresa:

Fornecedores tem papel importante, pois podem exercer poder de negociação ao

ameaçar elevar o preço ou reduzir a qualidade dos bens ou serviços fornecidos por ele. Essa

batalha tende a ser vencida pelo elo mais fraco da negociação, isto é, aquele que tem menos a

perder com o término da relação de fornecimento.

29

Poder de barganha dos clientes da empresa:

De forma semelhante que na força anterior, o poder de barganha dos clientes é a

relação de dependência que as organizações têm com os consumidores, pois estes podem

barganhar por um menor preço, maior qualidade e, além disso, podem colocar os concorrentes

uns contra os outros. A capacidade de barganha dos clientes depende do quanto eles

compram, pois quanto mais compram, maior é seu poder de negociação.

Ameaça de produtos substitutos:

As empresas de uma indústria também competem com indústrias que fabricam

produtos substitutos, pois esses produtos têm a capacidade de reduzir seus retornos potenciais.

A concorrência depende, dessa forma, do nível de substituição dos produtos de uma indústria

por outra.

Intensidade da rivalidade entra empresas concorrentes:

Representa a conversão de todos os fatores anteriores e, para Porter (2004), é onde a

guerra aberta se encontra com a diplomacia pacífica. De modo geral, as empresas competem

para conquistar posições, mas ao invés disso, há a possibilidade de formação de alianças

quando concordam em coexistir.

Como dito anteriormente, as forças acima possuem peculiaridades que explicam o

emprego de determinada estratégia. Por exemplo, quando uma empresa possui um fornecedor

com alto poder de barganha, ela pode, para tentar escapar dessa situação, procurar seguir a

estratégia de integração vertical para trás, isto é, ser fornecedora dela mesmo.

2.4.4.2 Conjunto de estratégias genéricas de Porter

Para uma empresa ser bem sucedida ao enfrentar as cinco forças competitivas

anteriormente descritas é fundamental que ela escolha uma abordagem estratégica para

superar as demais empresas na indústria. Para isso, Porter (2004) propôs três abordagens

estratégicas genéricas: liderança em custo; diferenciação; e enfoque, como é apresentado pela

figura 11 a seguir.

30

Figura 11 - Estratégias genéricas de Porter

Fonte: adaptado de Porter (2004)

Liderança em custo:

É realizada através do ganho da experiência, isto é, a empresa deve aumentar sua

produção e se beneficiar da economia de escala. Dessa forma, deve investir em instalações de

produção e monitorar seus custos operacionais. As empresas beneficiam-se também, como já

visto, da curva de experiência.

Para que a liderança por custo seja alcançada, as empresas devem buscar trabalhar

com os custos bem abaixo da média da indústria, mas os preços não devem ser apenas

ligeiramente menor do que o preço praticado pela concorrência (CARVALHO, 2003).

Diferenciação:

É obtida pelo desenvolvimento de produtos ou serviços únicos. Gera um sentimento e

comportamento de lealdade à marca. Uma empresa pode se diferenciar quanto à qualidade,

desempenho ou características únicas de seus produtos ou serviços. Geralmente, as atividades

para criar essa diferenciação são dispendiosas, o que leva as empresas a um trade off:

diferenciação x custo. Segundo Porter (2004), a diferenciação pode tornar impossível a

obtenção de uma alta parcela do mercado, o que sugere mais um trade off: diferenciação x

parcela do mercado, que é a diferença básica entre as duas primeiras estratégias genéricas.

31

As empresas que competem por diferenciação buscam satisfazer as necessidades que

os clientes estão dispostos a pagar um prêmio de preço (premiun price) (CARVALHO, 2003).

Entretanto, essas empresas devem ser cuidadosas para que seu preço não seja muito superior

de modo que não seja uma alternativa viável a se obter um mercado.

Enfoque:

Procura entender e focar em um pequeno grupo comprador, isto é, em pequenos

seguimentos de mercado, que pode ser de uma linha de produtos ou um mercado geográfico.

Diferentemente das estratégias de baixo custo e de diferenciação, a de enfoque visa atender

muito bem a um alvo determinado. A estratégia pode ser de foco na diferenciação ou de foco

na liderança de custo. Essa estratégia permite que a empresa concentre-se no desenvolvimento

de seu conhecimento e suas competências, pois, segundo Porter (2004), ela acredita ser

“capaz de atender seu alvo estratégico estreito mais efetiva ou eficientemente do que os

concorrentes que estão competindo de forma mais ampla”.

Outros autores vêm dizendo que existe uma ótima vantagem para as empresas que

conseguem unir os dois tipos básicos de vantagem competitiva: baixo custo e diferenciação

(MURRAY, 1988). Como exemplo, citam a empresa Benetton, que é capaz de produzir alta

moda a um custo baixo e em escala. (Gilbert, 1988) vão além, ao explicar como a Toyota

entrou em um mercado como produtora de baixo custo e depois conseguiu diferenciar seus

produtos para conquistar maior participação de mercado.

Entretanto, o melhor exemplo é o caso ZARA, rede espanhola de lojas de roupas e

acessórios feminino e masculino pertencente ao Grupo Inditex. A ZARA consegue se destacar

tanto por conta da diferenciação de seus produtos, quanto por conta de sua liderança em

custos (Piscopo, 2006).

A diferenciação de seus produtos está intimamente ligada ao modelo Just in time

instalado em uma joint-venture com a própria Toyota, que vêm sendo empregado pela

empresa e permite que ela possua grande rapidez na introdução de novos modelos de roupas.

Contribuindo para isso, a maior parte das fábricas da ZARA encontra-se próxima à Europa

(seu maior mercado) e seu estoque é centralizado na Espanha, pois conforme sua escolha

estratégica, compensa ter um tempo menos de resposta, mesmo que se precise de mais

32

dinheiro. Como consequência da estrutura desenhada, ela é capaz de entregar a concepção de

uma nova peça nas lojas em volume comercial em apenas três semanas.

A liderança em custo da ZARA, da mesma forma que a diferenciação, tem mais de um

fator responsável. O primeiro deles seria a estratégia de não ditar a moda, mas apenas segui -

la. Para tal, ele envia funcionários a desfiles, à concorrência, à universidade, à restaurantes e

bares para captar a tendência da moda e ter novas ideias. Como segundo ponto da liderança

em custo, tem-se o fato de que nenhuma marca Inditex faz propaganda ou comunicação

externa, o que diminui ainda mais os custos.

2.4.4.3 Cadeia de valor de Porter

Porter, em seu livro publicado em 1985, “Vantagens Competitivas”, introduziu o

conceito de cadeia de valor, que sugere que uma empresa pode ser desmembrada em dois

tipos de atividades: as primárias e as de apoio.

As atividades primárias são aquelas envolvidas diretamente no fluxo de produtos até o

cliente e incluem logística de entrega, operações, logística de saída, marketing e vendas de

serviços. Enquanto as atividades de apoio tem a finalidade de apoiar as atividades primarias e

incluem suprimento, desenvolvimento tecnológico, gerenciamento de recursos humanos e

provisão da infraestrutura da empresa.

A cadeia de valor pode ser observada na figura 12 e além dos dois grupos de

atividades, ela possui a palavra “margem” à direita, que representa a margem de lucro que as

empresas alcançam de acordo com a gestão da cadeia de valor.

As linhas pontilhadas demonstram que todas as atividades de apoio (com exceção da

infraestrutura) podem ser associadas a cada uma das atividades primárias bem como dar

suporte a toda a cadeia. Infraestrutura, entretanto, aplica-se somente a toda a cadeia (não se

aplica às atividades primárias).

(PORTER, 2004), a cadeia de valor “é uma maneira sistemática de examinar todas as

atividades desempenhadas pela empresa e como elas integrarem” entre elas mesmas.

33

Figura 12 - Cadeia de valor genérica de Porter

Fonte: adaptado de Porter (2004)

Segundo Mintzberg (2010), em sua síntese da revisão literária do que surgiu na

terceira onda, ele procurou apresentar uma estrutura de quatro modalidades de pesquisas da

escola de posicionamento para considerar a natureza e o desenvolvimento da área. Essas

modalidades são ditadas pelo cruzamento de condições ambientais dinâmicas ou estáticas

versus fatores únicos ou em agrupamentos

Pesquisa estática única:

É a mais usual das pesquisas. Responsável por ligar determinadas estratégias a

determinadas condições, isto é, determina estratégias genéricas particulares e procura

encontrar condições do setor que as favorecem.

Pesquisa de agrupamentos estáticos:

O estrategista não apenas seleciona posições estratégicas individuais, mas também faz

sua combinação com estratégias integradas, isto é, ele tema função de delinear agrupamentos

de estratégias e suas ligações.

Porter introduziu o conceito de barreiras à mobilidade, que seria a versão reduzida das

barreiras de entrada, pois delimitam espaços competitivos dentro de um mercado, nos quais os

grupos de empresas podem sustentar estratégias distintas. É como se fossem sub-mercados.

34

Alguns desses tipos de grupos estratégicos são: participantes de nicho; pioneiros; produtores

locais; empresas dominantes; etc.

Pesquisa dinâmica única:

Modelo de pesquisa pouco comum devido à sua dificuldade. Foca em determinar

respostas estratégicas particulares a mudanças externas.

Pesquisa dinâmica de agrupamentos:

Á a mais abrangente e difícil forma de pesquisa. Considera a dinâmica de grupos

estratégicos, a evolução de setores e a ascensão e queda da concorrência. Responsável por

localizar sequências de agrupamentos de estratégias ou condições ao longo do tempo.

2.4.5 Análise ambiental

Segundo Carvalho (2003), é possível entender o mapeamento do ambiente através dos

principais aspectos do modelo de análise estrutural da indústria. Além de entender os

conceitos levantados de modelo de análise competitiva; conjunto de estratégias genéricas; e

cadeia de valor, é interessante ter uma análise estrutural dentro da indústria, onde a partir das

características das empresas é possível se obter um conjunto de estratégias bem definidas.

A relação entre a obtenção da estratégia da empresa com os conceitos explicados

anteriormente pode ser observada na figura 13 obtida de (CARVALHO, 2003).

Figura 13 - Relação entre estratégia com os conceitos de Porter

Fonte: CARVALHO (2003)

35

2.4.6 Crítica à escola de posicionamento

Segundo Mintzberg (2010), há algumas desvantagens na escola de posicionamento.

Um dos pontos principais é o fato da análise ser feita de cima para baixo, e o fato de olhar

para o futuro extrapolando as tendências do presente. De forma mais especifica, Mintzberg

critica a escola de posicionamento quanto a quatro quesitos:

Foco:

Ele considera o foco como estreito, isto é, “orientado para o econômico, em especial o

quantificável, em oposição ao social e politico, ou mesmo ao econômico não quantificável”.

Contexto:

Avalia também o contexto como sendo estreito, pois há uma inclinação no sentido de

grandes empresas tradicionais. Outro ponto relativo ao contexto para Mintzberg é o fato da

escola dizer “ao profissional para estudar com atenção e movimentar-se de forma genérica”.

Entretanto, para Porter, apenas a estratégia de um modo amplo é a mesma, pois o modo pelo

qual as empresas atingem a estratégia genérica é diferente.

Processo:

A escola de posicionamento sugere que calcular é o método pelo qual as empresas

devem determinar sua estratégia, entretanto ela não dá atenção ao que Clausewitz chamou de

“atrito”, já estudado nessa revisão, isto é, que incidentes inesperados (impossíveis de calcular)

podem ocorrer. Contudo, é mais vantajoso ter um método de alcançar a estratégia, mesmo que

não consiga calcular os “atritos” ao invés de aumentar a quantidade de variáveis no sistema ao

não possuir um método definido.

Estratégia em si:

Como visto, a escola de posicionamento tem um enfoque em estratégias genéricas, em

indústrias já estabelecidas, em grupos já formados e em dados factuais. Dessa forma, não

considera possíveis grandes mudanças no mercado e pode desencorajar a criação de novas

categorias, pois trabalha a partir de categorias já estabelecidas.

36

2.4.7 Lição da escola de posicionamento e avaliação complementar

De um modo geral, parte do problema da escola de posicionamento e dos estudos de

Porter é decorrente de sua inclinação para os fatores e condições externas (especialmente no

sentido da indústria e de sua concorrência), em detrimento das capacidades internas, que

deveriam ser igualmente importante.

Dessa forma, esse Trabalho de Formatura visa, além de estudar os fatores externos,

como feito nesse capítulo, realizar uma maior análise dos fatores internos das empresas e

aumentar a importância da eficácia operacional, que para Porter possuía um fator secundário.

Essa análise pode ser observada no capítulo de serviços.

O capítulo seguinte, de economia, tem a intenção de entender a relação entre o mundo

exterior e as atividades internas das organizações e trabalhar, dessa forma, como uma ligação

entre as duas partes.

37

3. Revisão Bibliográfica – A economia da estratégia

Este capítulo buscará dar um enfoque econômico ao trabalho de conclusão de curso

complementando o anterior em pontos fundamentais para a proposta de uma metodologia

apropriada e a elaboração de uma proposta condizente com o mercado.

3.1 Concorrentes e concorrência

3.1.1 Identificação de concorrentes e caracterização de mercado

Concorrentes são empresas que possuem decisões estratégicas dependentes, isto é, as

decisões de uma afetam as decisões das outras (BESANKO, 2012). Essa influencia pode

ocorrer inclusive de maneira indireta: quanto uma empresa influencia nas decisões de preços

de outra empresa que não é sua concorrente por meio de uma terceira empresa, concorrente

concomitantemente das duas.

Algumas abordagens podem ser tomadas para a identificação de concorrentes. Dentre

elas, tem-se a abordagem empírica, muito utilizada por eliminar a subjetividade da abordagem

intuitiva. Essa abordagem é baseada na medição da elasticidade-preço cruzada da demanda

dos produtos X e Y, conceito que será antecipado, uma vez que a análise da elasticidade-preço

da demanda será trabalhada de maneira mais completa mais adiante deste capítulo, entretanto

visando a penas um produto, e não a interação entre dois produtos para avaliar concorrentes.

A elasticidade-preço mede a variação percentual da demanda do produto Y em função

de uma variação percentual de 1% no preço do produto X.

Onde, é a quantidade vendida de Y e é o preço do produto X.

Dessa forma, para entender o grau de resposta do produto Y em função da variação de

preço do produto X, avalia-se o valor bruto da razão e também seu sinal. Quando for

positivo, os consumidores aumentam suas compras do bem Y conforme o preço de X

aumenta. Portanto, os bens são, nesse caso, substitutos (BESANKO, 2012).

Outra abordagem para se entender melhor a identificação de concorrentes é entender

como o preço de diferentes empresas mudam ao longo do tempo, pois preços de concorrentes

38

próximos tendem a ser altamente relacionados (BESANKO, 2012). Uma forma seria entender

os padrões de compras dos consumidores individuais através da análise de um grupo de

controle, para assim prever, entender e poder antecipar a que produtos eles recorreriam se o

vendedor atual aumentasse os preços.

3.1.2 Estrutura de mercado e concorrência

Entender como se apresenta a estrutura de mercado da empresa é importante para

ajudar em seu posicionamento estratégico no mercado em que ela está inserida, podendo ser

um mercado com poucos ou muitos concorrentes (chamados de fornecedores), com produtos

parecidos ou bem diferentes e com baixa ou alta concorrência de preços (BESANKO, 2012).

Abaixo, segue algumas características das quatro classes de estrutura de mercado, que

servirão de base para posterior classificação da empresa estudada.

Concorrência perfeita: é o mercado no qual existem muitos fornecedores de um

bem homogêneo e muitos consumidores capazes de procurar o melhor preço sem

custos. Nesse caso, existe um preço de mercado, que independe de qualquer

fornecedor individualmente, mas que depende da interação entre eles. Se a

empresa precificar apenas um pouco acima, pode ter sua venda diminuída

drasticamente (devido à natureza homogênea dos produtos); caso ela precifique um

pouco abaixo, estará sacrificando sua receita.

Monopólio: o poder do monopólio pode ser descrito como sendo a “capacidade de

agir irrestritamente” (Fisher, 1991) sendo aumentado o preço ou reduzindo a

qualidade ofertada. A empresa será monopolista se enfrentar pouca ou nenhuma

concorrência no mercado. A empresa deve ter uma participação no mercado maior

que 60 ou 70% e as pequenas empresas não ameaçam essa participação dominante

(BESANKO, 2012).

Concorrência monopolística: termo introduzido por Edward Chamberlin em 1933

ao descrever mercados com duas características marcantes na determinação de

preços:

o Grande quantidade de empresas: de modo que cada uma possa supor que

suas ações não afetam majoritariamente outras pessoas e concorrentes ao

aumentar seus preços, pois é pouco provável que as demais empresas

mudariam seus preços devido à grande concorrência, mesmo que uma

pequena queda nas vendas fosse detectada

39

o Cada empresa com um produto diferenciado: de modo que existam

consumidores que possuam a mesma quantia para ser gasta, mas que

preferem produtos diferentes, demonstrando, dessa forma, que outros

fatores influenciam na decisão entre os produtos (não apenas o preço).

Esse último quesito é o que diferencia a concorrência monopolista da

concorrência perfeita, na qual não há diferenciação de produtos (BESANKO,

2012). Essa característica permite que uma empresa de um mercado de

concorrência monopolista possa buscar a liderança de mercado por

diferenciação de seus produtos ou serviços e assim possa cobrar um preço mais

elevado.

Oligopólio: apresenta uma quantidade reduzida de empresas, o que estimula uma

maior interação entre as empresas e todo o mercado quanto à precificação e

volume produzido, pois é mais fácil haver uma influencia.

3.2 Posicionamento estratégico para vantagem competitiva

3.2.1 Definição de vantagem competitiva

Como já visto no capítulo dedicado à estratégia, o ambiente é um importante fator na

lucratividade de uma empresa, isto é, o setor e suas condições exercem papel fundamental na

determinação da saúde financeira das empresas. Por exemplo, as empresas farmacêuticas tem

uma lucratividade maior do que empresas de outros setores devido à grande margem de seus

produtos.

Entretanto, a lucratividade varia também dentro de um mesmo setor. Dessa

constatação, vem a definição de vantagem competitiva, como sendo a situação em que uma

empresa (ou unidade de negócio dentro de uma empresa) que possui uma taxa de lucro

econômico superior á taxa média de empresas que competem no mesmo mercado

(BESANKO, 2012).

Dessa forma, a lucratividade econômica de uma empresa depende tanto do mercado

em que ela se insere, (que pode ser analisado pelas cinco forças de Porter estudadas no outro

capítulo), quanto de sua posição competitiva nesse mercado (ter ou não vantagem

competitiva).

40

3.2.2 Importância para a lucratividade: mercado ou empresa?

O grau de vantagem competitiva de uma empresa é a relação de sua capacidade,

comparativamente às suas rivais, em criar e oferecer mais valor econômico. Uma empresa que

oferece maior valor econômico é capaz de obter maiores lucros (BESANKO, 2012).

Entretanto, uma pergunta fica: o que é mais importante? O mercado (entre diferentes

setores) ou a empresa (dentro de um mesmo setor)? Com o objetivo de responder a perguntas

como essa, Anita McGahan e Michael Porter realizaram uma pesquisa para identificar os

fatores que influenciavam a lucratividade de uma unidade de negócio. (Porter, 1997). A

descoberta foi que aproximadamente metade da variação do lucro entre as empresas pode ser

explicada através dessas duas condições, mas que o efeito da posição competitiva é, em

termos relativos, aproximadamente 80% mais importante do que o setor em que a empresa se

encontra. Em termos percentuais, o setor é responsável por 18% da variação dos lucros entre

diferentes empresas, enquanto que a posição competitiva é responsável por 32% (Porter,

1997). Os 50% restantes são majoritariamente não classificados, isto é, a variação de

lucratividade entre unidades de negócio não pode ser explicada à identidade do negocio, nem

a seu setor, nem a sua empresa mãe e nem ao ano analisado. Observar figura 14 a seguir.

Embora o setor represente menos que a posição competitiva da empresa, é importante

focar os estudos nas duas frentes, pois ao analisar as duas, passa a ser possível influenciar,

segundo a pesquisa mencionada, até metade das causas geradoras da lucratividade.

Figura 14 - Fatores que explicam a lucratividade

Fonte: adaptado de Porter (1997)

Vendas

Unidade de Negócio

Setor

Empresa mãe

Ano

Variação inexplicada

41

3.2.3 Vantagem competitiva e criação de valor

3.2.3.1 Criação de valor

Segundo Drucker (1973), a finalidade de um negócio é criar um cliente e para isso, as

empresas criam e entregam valor econômico. “Os negócios que são bem sucedidos em criar

mais valor do que os concorrentes alcançam uma posição de vantagem em relação aos

concorrentes de mercado” (Drucker, 1973).

Para determinação do valor econômico alguns conceitos são necessários:

Máxima disposição a pagar: valor monetário que o consumidor está disposto a

dar em troca do benefício que o produto ou serviço pode lhe oferecer. Esse

valor geralmente é denotado pela letra B.

Excedente do consumidor: é o quanto o consumidor se beneficia através de

uma compra, isto é, a diferença entre o que ele estava disposto a pagar

(máxima disposição a pagar) e o que realmente custou.

O valor econômico é criado quando o preço P do produto é superior ao seu custo de

fabricação C; e o benefício B criado para o consumidor é superior a ambos. Dessa forma, o

valor criado pode ser dividido em duas componentes: consumidores e produtores. O

excedente relativo aos consumidores é calculado por B – P, que representa o quanto os

consumidores estão se beneficiando da compra. O excedente relativo aos produtores é

calculado por P – C e representa o quanto o produtor lucra com a venda.

Na figura 15, é possível observar as duas componentes da criação de valor: a área A

representa o excedente do consumidor, enquanto a área B representa o excedente (lucro) do

produtor.

42

Figura 15 - Criação de valor: excedente do consumidor e produtor

Fonte: adaptado de BESANKO (2002)

Dessa forma, tem-se o valor criado:

Assim, o valor criado passa a ser a diferença entre o benefício que o produto causa no

consumidor e o seu custo de fabricação.

3.2.3.2 Criação de valor e vantagem competitiva

Segundo (BESANKO, 2012), uma empresa ter uma B – C positivo não é garantia de

que ela terá lucro econômico positivo. Em um mercado no qual a barreira a novos entrantes é

limitada ou inexistente e as empresas criam valores econômicos parecidos, a concorrência

entre as empresas diminuirá a lucratividade. Daí a necessidade de buscar a diferenciação que

algumas empresas têm, pois caso contrário, todas do mercado acabariam oferecendo produtos

por margens menores (não necessariamente preços menores) e os consumidores passariam a

obter praticamente todo o valor econômico que o produto cria.

Por esse motivo, em um setor como tal, é fundamental que a empresa tente criar mais

valor econômico que as suas competidoras, isto é, um nível de B – C que suas rivais não

consigam obter. A chave para esse truque simples, porém eficiente está no benefício B, pois

43

através dele a empresa é capaz de oferecer aos seus clientes um maior excedente do

consumidor mesmo que a um preço P superior ao de suas concorrentes.

Percebe-se neste ponto uma relação muito forte como capítulo anterior, segundo o

qual uma das opções de estratégia genérica para Porter é a diferenciação, isto é, empresas que

buscam clientes capazes e dispostos a pagar mais caro por um produto. Não precisa ser uma

marca ou rede premium, basta oferecer um diferencial em relação aos concorrentes e cobrar

mais caro por ele que a possibilita de se diferenciar pelos seus produtos em um mercado onde

o valor econômico é tradicionalmente semelhante e assim ter maior possibilidade de ter lucro

positivo nas vendas (mesmo com um preço superior).

Entretanto, nada impede que empresas diferentes estabeleçam B – C maiores e

diferentes para distintos segmentos de clientes, isto é, ocorreria um foco no atendimento a um

perfil especifico de cliente, a segmentação (BESANKO, 2012).

3.2.3.3 Criação de valor e a cadeia de valor

Toda a cadeia de valor genérica de Porter é responsável, em maior ou menor grau,

pelo valor criado, pois à medida que os produtos se movem ao longo dela, seu custo e seu

benefício passam por alterações alterando consequentemente o valor B – C do produto, como

se observa na figura 16 a seguir.

Figura 16 - Cadeia de valor genérica de Porter

Fonte: Porter (2004)

44

Dessa forma, é importante que se tenha atenção aos elos da cadeia de valor, pois

mudando o as características de qualquer elo que a compõe, o valor criado é alterado,

beneficiando ou prejudicando o produto e a empresa. Entretanto, na prática, é difícil isolar os

desdobramentos na cadeia de valor referentes ao valor B – C. Mas devida atenção deve ser

colocado nesse tema como forma de tentativa de entendimento da origem de alterações do

valor oferecido a clientes.

3.2.4 Posicionamento estratégico sob a óptica econômica

Além de entender como se cria valor econômico (buscar vantagens de custos e de

benefícios), as empresas também procuram entender onde é possível criá-lo, isto é, se uma

empresa deve procurar criar valor em um grande leque de segmentos ou se tentará concentrar

em um pequeno conjunto de segmentos, como adiantado no item anterior.

3.2.5 Estratégia de ampla cobertura versus estratégias de foco

Partindo do princípio que a maior parte dos setores, senão todos, podem ser divididos

em segmentos (parcelas do mercado), levanta-se um ponto interessante para a estratégia e

saúde econômica de uma empresa: se deve concentrar suas vendas em uma parcela do

mercado ou se deve tentar abrangê-lo como um todo, o que requer maior volume e implica em

uma maior dificuldade inicial, entretanto, dentre as vantagens pode estar a economia de

escopo entre os diferentes produtos, como será abordado mais a frente. Na figura 17, observa-

se a Matriz de segmentação setorial idealizado por Michael Porter (PORTER, 2004).

As duas dimensões representam os dois fatores de segmentação: a variedade de

produtos e os diferentes perfis de clientes. Observa-se que foi dito diferentes perfis de clientes

e não classes de clientes, pois a classe social seria apenas uma das diferenciações que

caracterizam os mais variados perfis de clientes. Cada uma das intersecções da figura 17 (uma

delas foi destacada a titulo de exemplo), representa um segmento potencial (BESANKO,

2012).

45

Figura 17 - Matriz de segmentação setorial

Fonte: adaptado de Bezanko (2012)

As empresas podem escolher por dois tipos de estratégias quando se trata da

determinação de seus clientes: pode ser ter uma estratégia de ampla cobertura ou uma

estratégia de foco.

Estratégia de ampla cobertura: procura atender a todas divisões de clientes ao

oferecer uma ampla linha de produtos relacionados. Dessa forma, a empresa

não estaria priorizando nenhuma segmentação, pois teria produtos para os

diversos segmentos de clientes (BESANKO, 2012). É importante ressaltar que

a estratégia de ampla cobertura deve ser mais empregada para empresas e não

para produtos, uma vez que as empresas adquirem essa capacidade através de

diversos produtos diferentes destinados a perfis diferentes de clientes. Essa

estratégia pode ter beneficio das economia de escopo, que podem ter origem

nas instalações da empresa, componentes de produção, canais de distribuição

ou marketing compartilhados (BESANKO, 2012).

Estratégia de foco: faz com que a empresa tenha um leque limitado de produtos

ou atenda a um grupo limitado de clientes; ou ambas. Geralmente são três as

estratégias de foco mais comuns

i. Foco com especialização nos clientes: oferece uma variedade de

produtos a uma classe limitada de clientes ao atender a suas

necessidades específicas de um grupo de clientes, como observado na

figura 18;

Grupos de clientes

Var

ied

ade

de

pro

du

tos

46

Figura 18 - Foco em especialização nos clientes

Fonte: adaptado de Bezanko (2012)

ii. Foco com especialização nos produtos: oferece uma classe limitada de

produtos a diferentes grupos de clientes e, assim, satisfaz uma parte das

necessidades desse cliente atendido pelo foco em uma variedade de

produto, como observado na figura 19;

Figura 19 - Foco em especialização nos produtos

Fonte: adaptado de Bezanko (2012)

iii. Foco com especialização geográfica: dentro de uma área geográfica, a

empresa oferece uma variedade de produtos e/ou vende a uma

variedade de grupos de clientes, como observado na figura 20.

Figura 20 - Foco com especialização geográfica

Fonte: adaptado de Bezanko (2012)

Grupos de clientes

Variedade d

e p

roduto

s

Grupos de clientes

Variedade d

e p

roduto

s

Grupos de clientes Grupos de clientes Grupos de clientes

Geografia 1 Geografia 2 Geografia 3

Variedade d

e p

roduto

s

Variedade d

e p

roduto

s

Variedade d

e p

roduto

s

47

3.2.6 A importância da elasticidade-preço da demanda

Anteriormente ao estudo de como a variação do excedente do consumidor influência

na demanda do produto, é importante que se evidencie os motivos pelos quais essa tendência

existe e em que caso é possível analisá-la.

Em um mundo em que os consumidores tivessem preferências idênticas, a

concorrência seria extremamente violenta (BESANKO, 2012), pois todos iriam optar pelo

mesmo fornecedor, levando o mercado a uma competição desenfreada com espaço apenas

para o líder de custo e o líder em benefício. Entretanto, esse cenário não corresponde à

maioria dos mercados, visto que a diferenciação horizontal é responsável pela coexistência de

diversas empresas concorrentes. Diferenciação horizontal é resultado dos benefícios que as

empresas oferecem. O mesmo benefício gera sentimentos e opiniões diferentes nos clientes,

podendo ser tanto positivos, quanto negativos, isto é, reações diferentes.

Assim, mostra-se mais uma vez que o excedente do consumidor (B - P) possui um

papel de relevância no equilíbrio do mercado, pois relaciona o benefício B com o preço P do

produto.

A existência de uma elevada elasticidade-preço da demanda reflete um mercado que

responde de forma semelhante a variações de excedente do consumidor e onde há pouca

diferenciação horizontal, assim, a demanda sofre grande influência. Por outro lado, quando

existe uma baixa elasticidade-preço é sinal que o mercado responde de maneira muito

diferente a variações do excedente do consumidor e que há grande diferenciação horizontal,

desse modo, a demanda sofre baixa influência (BESANKO, 2012).

(BESANKO, 2012) propõe a tabela 1 como forma de análise da vantagem competitiva

através da determinação de preços.

48

Tabela 1 - Exploração da vantagem competitiva através da determinação de preços

Tipos de vantagem

Vantagem de custo (C mais baixo que

o dos concorrentes)

Vantagem de benefício (B mais alto

que o dos concorrentes)

Elasticidade-preço da

demanda alta

(diferenciação horizontal

fraca)

Modestos cortes nos preços

ganham muita participação de

mercado

Explorar vantagem através de

uma participação de mercado

maior que a dos outros

Estratégia de participação:

determinar um preço mais

baixo que o dos concorrentes

para ganhar participação de

mercado

Modestos aumentos nos preços

perdem muita participação de

mercado

Explorar vantagem através de

uma participação de mercado

maior que a dos concorrentes

Estratégia de participação:

manter paridade de preço com os

concorrentes (deixar que a

vantagem de benefício leve a

aumentos na participação)

Elasticidade-preço da

demanda baixa

(diferenciação horizontal

forte)

Grandes cortes nos preços

ganham pouca participação

de mercado

Explorar vantagem através de

margens de lucro mais altas

Estratégia de margem: manter

paridade de preço com os

concorrentes (deixar que os

custos baixos levem a

margens mais altas)

Grandes aumentos nos preços

perdem pouca participação de

mercado

Explorar vantagem através de

margens de lucros mais altas

Estratégia de margem: cobrar um

preço mais alto em relação aos

concorrentes

Fonte: Bezanko (2012)

Como já adiantado no capítulo anterior de Estratégia (na parte da curva de

experiência), a economia de escala é importante para uma empresa tanto para melhor entender

a da produção de seus bens e serviços, quanto para melhor poder realizar a compra de seus

fornecedores, isto é, nas duas extremidades da cadeia (compra de insumos e venda de

produtos).

Segundo Besanko (2012), a economia de escala ocorre quando o custo médio do

processo de produção de um bem ou serviço sofre queda em uma determinada faixa de

produção conforme essa produção aumenta dentro da faixa. Dessa forma, para que o custo

49

médio possa diminuir à medida que a produção aumenta, é necessário que o custo marginal

seja menor que o custo médio geral.

A grande vantagem proveniente da economia de escala é a de prover a empresa com

baixos custos de produção através da máxima utilização dos fatores produtivos (BESANKO,

2012). Dessa forma, entende-se que é vantajoso para as empresas quando elas têm a

possibilidade de operar em regime de economia de escala.

50

51

4. Revisão Bibliográfica – Serviços

4.1 O setor de serviços

O setor de serviços vem ganhando cada vez mais importância nas últimas décadas,

tanto a nível nacional, quanto mundial. Percebe-se isso através do crescimento que o setor

apresenta na participação no número total de empregos e em sua participação no PIB. Nos

últimos dez anos, o setor se mantém como maior responsável pelo PIB brasileiro, como se

observa na figura 21.

Figura 21 - Composição do PIB brasileiro entre 2003 e 2013

Fonte: IBGE

A sociedade atual, chamada de “sociedade pós-industrial” por Fitzsimmons, preocupa-

se com a qualidade de vida, que ganha acesso por meio da educação, lazer e prazeres.

Segundo seus estudos, o chamado recurso-chave deixa de ser a matéria física (proveniente da

manufatura) e passa a ser cada vez mais a informação, exprimindo a força do setor de serviços

e sua importância (FITZSIMMONS, 2005).

52

4.2 Conceito de serviços

O conceito de serviço pode ser visto sob mais de uma perspectiva. Segundo (Johnston,

2002), serviço pode ser analisado sob duas formas diferentes: de modo organizacional ou pelo

cliente. A perspectiva organizacional é o modo pelo qual a organização gostaria que seus

serviços fossem percebidos pelos clientes, funcionários, acionistas e financiadores. Para esse

trabalho, dar-se-á foco na perspectiva do cliente, com menos importância à perspectiva dos

funcionários, acionistas e financiadores. A perspectiva do cliente é o modo através de qual ele

percebe os serviços oferecidos (Johnston, 2002). Tal conceito é representado na figura 22.

Mais adiante neste trabalho, será apresentada uma análise sobre a diferença dessas

duas perspectivas em um modelo capaz de dividir e estruturar essa relação de perspectivas

conhecido como Modelos dos 5 gaps.

Figura 22 - Conceito de serviço - duas perspectivas

Fonte: adaptado de Clark (2001)

Segundo Fitzsimmons (2005), serviços é “... uma experiência perecível, intangível,

desenvolvida por um consumidor que desempenha o papel de coprodutor” (p.30).

Perecibilidade e intangibilidade são características dos serviços que serão discutidos mais a

seguir

Para (KOTLER, 1994), serviço é "qualquer ato ou desempenho que uma parte pode

oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulta na propriedade de nada.

Sua produção pode ou não estar vinculada ao produto físico". (p.541)

53

4.3 Características de serviços

Os serviços e a manufatura possuem algumas características particulares que os

diferenciam bem. Abaixo, tabela 2 compara de maneira a ditar as principais características e

resumir as diferenças mais marcantes que envolvem a gestão de serviços e a fabril.

Tabela 2 - Diferenciação entre serviços e Manufatura

SERVIÇOS MANUFATURA

Intangibilidade Tangibilidade

Serviço não pode ser estocado Produto pode ser estocado

Serviço não pode ser revendido Produto pode ser revendido

Não há transferência de posse Há transferência de posse

Produção simultânea - inseparabilidade Produção antecipada - separabilidade

O serviço não pode ser transportado O produto pode ser transportado

Produção, venda e consumo

frequentemente no mesmo local

Produção, venda e consumo podem ser

feitos em locais diferentes

Contato direto com o cliente Contato indireto com o cliente

O cliente participa ativamente do processo Não há participação do cliente no

processo, ou é baixa

Subjetividade - Necessário muito

julgamento pessoal

Objetividade - Necessário pouco

julgamento pessoal

Tempo de resposta curto Tempo de resposta longo

Padronização complexa Padronização simples

Fonte: adaptado de Johnston e Clark (2002)

4.3.1 As características mais frequentes

Apesar de a tabela apresentada acima conter diversas características dos serviços,

algumas delas se destacam na literatura. São elas: Simultaneidade, Heterogeneidade,

Intangibilidade e Perecibilidade (Silva).

Simultaneidade: o consumo e a produção são simultâneos quando o processo

de produção for realizado sobre ou com o usuário. No extremo, pode-se dizer

54

que o produto ou o serviço só estaria realizado quando o usuário o consome

(Silva).

Heterogeneidade: é um fator importante no processo de produção de um

serviço deve ser capaz de lidar com pessoas. Não deve haver confusão ente

heterogeneidade do processo da variedade de produtos e serviços (Silva).

Intangibilidade: é o produto resultante de um serviço é intangível. Segundo

(John Bowen, 2002), há diferenças na avaliação da efetividade e da eficiência

das operações, na elaboração da estratégia de produção e na definição dos

processos de produção entre a produção de resultados tangíveis e intangíveis,

de modo que há necessidade de modelos e/ou métodos diferentes de avaliação

e compreensão. A diferença da intangibilidade é trabalhada principalmente no

impacto que a subjetividade tem sobre a avaliação, uma vez que o

cliente/avaliador não tem medidas objetivas para constatar a qualidade da

produção. Segundo (Silva), é possível diferenciar dois tipos de intangibilidade:

a física (quando os atributos do produto não são acessíveis pelos sentidos); e a

mental, que diz respeito à capacidade do cliente de representar mentalmente

o resultado e o processo esperados.

Perecibilidade: é a condição de um produto não estocável e que não pode ser

revendido, isto é, a decorrência das condições de simultaneidade.

Consequentemente, é mais difícil melhorar a eficiência do processo de

produção para esses itens que não podem ser estocados, pois o processo de

produção está sujeito à variação da demanda (Silva).

4.4 Tipologia de serviços

Quanto ao tipo de classificação de serviços, há mais de uma sugestão, entretanto elas

conversam entre si.

Primeiramente, vê-se uma classificação mais simplista, a de (Johnston, 2002), em que

como pontos relevantes entre os eixos de variedade e de voluma, existem apenas dois. São

eles “capacitação” e “commodity”, como observado na figura 23. Essa classificação

possibilita uma primeira visão geral dos diferentes tipos de serviços prestados e, embora

simplista, é importante para melhor compreender a segunda classificação apresentada neste

trabalho.

55

Figura 23 - Processos tipo Capacitação e Commodity

Fonte: adaptado de Clark (2001)

As operações tipo commodity são identificadas pelos serviços de alto volume e baixa

variedade, como os restaurantes fast-food, por exemplo. Esses serviços tendem, de um modo

geral, a “competir em sua habilidade de fornecer qualidade consistente a preço competitivo”

(Johnston, 2002).

Entretanto, as operações de capacitação são especializadas em oferecer soluções a seus

clientes e, portanto, podem cobrar um preço mais elevado pela especialização e

individualidade de seus serviços.

A segunda classificação a ser utilizada é a proposta por (Silvestro, 1999) e aprofunda

um pouco mais a sugerida anteriormente, mas não chega a ser exagerada em sua quantidade

de classificações, como alguns outros autores propõem.

Segundo ela, os serviços podem ser classificados em: Serviços Profissionais; Lojas de

Serviços; e Serviços de Massa.

Serviços profissionais: devido à sua especialização, tendem a ter maior

envolvimento de funcionários ao invés de máquinas, procurando tornar seu

serviço reconhecido pelo “processo” ao invés do “produto” (Silvestro, 1999).

O cliente tem maior participação nesse tipo de serviço, pois é ele quem

especifica as características pertencentes ao serviço e ao produto final. Um

56

atributo demasiado importante para empresas que prestam Serviços

Profissionais é a qualidade dos funcionários, pois eles que lidam muitas vezes

diretamente com os clientes e também são responsáveis por parte do processo.

Serviços de massa: é bem diferente da espécie de serviço explicitada acima.

Trabalha em sua maioria com máquinas e equipamentos e têm, em contra

partida, um enfoque maior no “produto”. Os funcionários da chamada linha de

frente possuem pouca ou nenhuma atividade que requer julgamento e são em

geral menos capacitados que os dos serviços profissionais. Pelo fato da

variabilidade do processo ser pouca, as especificações são geralmente pré-

determinadas e não possuem variabilidade significativa, entretanto são

vendidos em quantidade maiores que os serviços profissionais (Silvestro,

1999).

Lojas de serviço: são os serviços oferecidos que estão em um meio termo entre

os serviços profissionais e os serviços de massa. Possuem relativa

variedade/especialização, mas ainda assim são capazes de vender bastante

(entretanto menos que os serviços de massa). Os serviços oferecidos são um

combinado de atividades realizadas nos escritórios e na retaguarda, tanto por

pessoas, quanto por equipamentos; e sem tanta ênfase no “produto” nem no

“processo” (Silvestro, 1999).

A figura 24 representa tal classificação de modo a proporcionar um melhor

entendimento sobre os tipos de serviço.

57

Figura 24 - Diagonal volume versus variedade em serviços

Fonte: adaptado de Johnston e Clark (2002)

4.5 Qualidade em serviços

4.5.1 Definição de qualidade

A qualidade começou a ser utilizada no setor de serviços a partir da década de 70, na

qual diversos estudiosos passaram a entender, desenvolver a aplicar seus conceitos. Da

mesma forma, essa analise de qualidade passou a ser mais uma ferramenta empregada no

posicionamento estratégico das empresas.

Segundo (Johnston, 2002), a qualidade em serviços pode ser utilizada com intuito de

identificar como o cliente é tratado; bem como significar o resultado e a experiência que o

cliente recebe.

4.5.2 Expectativa e percepção

A importância em se entender bem as expectativas do cliente e utilizá-la para de forma

a assegurar a qualidade nos serviços está intimamente ligada com a capacidade de se exceder

as expectativas do cliente (Zeithaml, 1990). Indo além, a avaliação do consumidor sobre a

realidade, isto é, sua percepção sobre o serviço oferecido também exerce papel relevante.

58

Dessa forma, o modelo proposto por (Zeithaml, 1990), que é uma das literaturas de

marketing de serviços mais importantes, contribui de forma completa, pois apresenta o

pressuposto de que a qualidade do serviço representa o quanto a percepção é maior do que a

expectativa do consumidor.

Assim, a relação entre a expectativa a a percepção depende exclusivamente da

experiência que o consumidor/usuário tem com o serviço fornecido e consumido e, como se

observa na figura 25, há três cenários possíveis: a percepção do clientes podem exceder,

atender ou não atender as expectativas.

Figura 25 - Qualidade percebida pelo cliente

Fonte: adaptado de Gianesi (1994)

De modo a entender melhor o processo de formação das expectativas do cliente, os

autores ainda propõem quatro fatores que influenciam nesse processo:

Comunicação boca-a-boca: influencia fortemente serviços difíceis de serem

avaliados previamente. É uma maneira eficiente de se conseguir novos clientes

ao prestar um bom atendimento/serviço para que os clientes indiquem a

empresa seus conhecidos;

Necessidades pessoais: embora cada cliente tenha suas necessidades e desejos

específicos, todos almejam ser atendidos de modo completo;

59

Experiência passada: se o consumidor teve muitas experiências positivas no

passado, as expectativas futuras tendem a ser inflacionadas; essas experiências

podem ser tanto na própria empresa, quanto na concorrência;

Comunicações externas com o cliente: é um fator ligado diretamente ao

marketing e é capaz de manipular as expectativas do cliente, por isso, deve

haver cuidado especial para que não se faça promessas em excesso sem

capacidade para realizá-las.

Os quatro fatores relacionados com a expectativa do serviço estão representados na

figura 26 a seguir.

Figura 26 - Fatores que influenciam nas expectativas do consumidor

Fonte: adaptado de Zeithaml et al., (1990)

4.5.3 Modelo dos 5 gaps

O conjunto da interação entre os fatores que influenciam nas expectativas dos

consumidores e o processo da concepção do serviço prestado geram os chamados gaps, isto é,

possíveis falhas que podem atrapalhar o processo de interpretação do serviço esperado e sua

percepção por parte do cliente (Zeithaml, 1990). Segundo o modelo, o quinto gap é função

dos quatro anteriores, pois aponta as falhas entre o elo inicial e final da cadeia: serviço

esperado e serviço percebido.

Abaixo, a figura 27 representa como os cinco gaps se relacionam com os fatores que

influenciam nas expectativas dos consumidores e o processo de concepção do serviço.

60

Figura 27 - Os cinco gaps da qualidade em serviços

Fonte: Zeithaml et al., (1990)

A seguir, há uma explicação dos cinco gaps, bem como uma abordagem de correção

caso nele seja detectado um problema.

Gap 1: é a diferença entre o serviço esperado pelo consumidor e o

entendimento desse por parte da gerencia da empresa. Para corrigi-lo, pode ser

aberto novos canais de comunicação com os consumidores, realizada pesquisas

de mercado ou mesmo a redução de níveis hierárquicos;

61

Gap 2: é a diferença entre a percepção do serviço por parte da gerencia e sua

tradução em especificações da qualidade do serviço. Para corrigi-lo, poderia

ser realizado um QFD (Quality Function Deployment) com o objetivo de

melhor transformar a voz do cliente em especificações;

Gap 3: é a diferença entre as especificações da qualidade do serviço e sua

entrega propriamente dita. Para corrigi-la, deve-se melhorar a entrega do

serviço através de um melhor recrutamento, treinamentos, projetos

motivacionais, ambiente de trabalho, entre outros;

Gap 4: é a diferença entra a entrega do serviço e o que a empresas comunica

externamente sobre ele. Para corrigi-lo, é necessário que haja uma melhora na

comunicação entre os diversos setores da empresa, principalmente com

marketing, e como essa mensagem é passada para os consumidores;

Gap 5: é a diferença entre a expectativa do cliente e sua percepção do serviço.

Para corrigi-lo, deve-se atentar aos quatro gaps anteriores.

4.5.4 Determinantes da qualidade

Devido à característica de intangibilidade do serviço, além de entender os gaps acima,

pode-se dividir a qualidade em serviços em determinantes (critérios de avaliação do serviço)

para facilitar seu entendimento e diagnóstico. Diversos autores vêm definindo um conjunto

genérico de determinantes que pode ser aplicado a qualquer tipo de serviço. Dessa forma, a

partir dessa lista genérica, é possível chegar a um conjunto específico de determinantes da

qualidade para cada tipo de serviço, isto é, a um relacionamento entre os determinantes

(JOHNSTON, 1995).

Abaixo, baseando-se em diversos autores como GHOBADIAN (1994), GIANESI

(1994), JOHNSTON (1995), é apresentada uma lista com um conjunto de determinantes para a

avaliação da qualidade em serviços (DOMINGUES, 1998).

Confiabilidade: capacidade de prestar o serviço conforme combinado de forma

confiável, precisa e consistente;

Rapidez: velocidade e capacidade de prontidão para prestar o serviço

rapidamente;

Tangíveis: aparência de qualquer evidência física, como das instalações físicas,

dos funcionários, dos equipamentos, dos materiais de comunicação, etc.;

62

Empatia/ Atmosfera: refere-se a toda a experiência do cliente quando

recebendo o serviço, incluindo o cuidado e atenção dos funcionários para com

o cliente e atenção personalizada;

Flexibilidade: adaptação do serviço dependendo das necessidades e cada

cliente

Acesso: facilidade de contatar e encontrar fisicamente ao local, acesso

sinalizado, estacionamento, etc.;

Disponibilidade: disponibilidade de funcionários, produtos, bens facilitadores e

instalações;

Entender/Conhecer o cliente: atendimento individualizado/ personalizado aos

clientes regulares e esforços para atender às necessidades específicas dos

clientes;

Consistência: capacidade de entregar constantemente serviços equivalentes,

isto é, e conformidade com a(s) experiência(s) anterior(es) e pouca

variabilidade;

Competência: conhecimento e habilidade de realizar o serviço de modo a

atender às necessidades dos consumidores e cumprir com os requisitos

estabelecidos pelo estabelecimento

Custo: avalia o gasto de cada consumidor com cada serviço

63

5. Metodologia

O método escolhido para este trabalho foi o estudo de caso. O objetivo aqui é o de

realizar uma análise estratégica da empresa em questão, um restaurante. Para tal, foram

elaborados dois questionários. Um deles para a empresa e outro para seus consumidores.

O primeiro questionário contempla tópicos gerais da empresa e do mercado com a

intenção de se fazer uma avaliação completa. Esse questionário dedicado exclusivamente à

empresa é dividido em três partes, responsáveis por analisar as 5 Forças de Porter; a Matriz

BCG (matriz de portfólio); e os 5 Gaps da análise do serviço.

A primeira parte é baseada nas 5 Forças de Porter, abrangendo fornecedores; clientes;

produtos substitutos; potenciais entrantes; e a intensidade da rivalidade. Assim, é possível

obter uma visão global do mercado. A figura 28 ilustra essa parte do questionário relativa as 5

Forças de Porter.

Figura 28 - Questionário para empresa - 5 Forças de Porter

Fonte: Autor

Força de Poter Pergunta

Quais são seus concorrentes? (outros restaurantes/ lanchonetes/ temakerias)

Comparando o seu aos demais restaurantes, como você enxerga a qualidade da:

- Refeição

- Serviço prestado

- Ambiente

- Preço

Como você vê o crescimento de vendas do seu restaurante? E dos demais?

Como você vê a diferença de custo entre as empresas?

Como você vê a diferenciação dos seus produtos? E dos demais?

É alto o custo de entrada no mercado?

Há novos restaurantes/ lanchonetes/ etc na região? Qual e quando?

Se houver indícios de que haverá algum novo restaurante na região, quais serão

suas primeiras atitudes? Ou quais foram se isso já ocorreu?

Em qual atividade/produto há uma forte economia de escala? Isto é, quanto mais

comprar/vender, o custo unitário diminui bastante. Quanto?

A decisão de compra por parte dos clientes é influenciada pela fidelização deles a

um determinado restaurante?

Para os novos estabelecimentos, como se daria a facilidade para possuir bons

canais de distribuição, matérias-primas e conhecimento?

Existem estabelecimentos que oferecem algum produto alimentício diferente do de

vocês? Quais?

Como você vê a concorrência com esses estabelecimentos?

Seria possível oferecer o mesmo produto? O que mudaria?

Quais as características de preço e valor para o cliente dos produtos substitutos?

Ao se elevar o preço no seu restaurante, como é a resposta nas suas vendas? Sabe

qual produto substituto ou qual concorrente ganha seus clientes?

Como você enxerga os seguintes produtos substitutos: comida levada de casa

(marmita)/ clube/ futebol/ televisão/ etc.?

Como é realizada a compra de insumos e serviços? Apenas de um fornecedor por

categoria?

Compare o seu poder de negociação de preços dos fornecedores? Você sabe se

eles vendem para outros estabelecimentos da região?

Os restaurantes da região compram volumes relativamente pequenos em relação a

outros clientes do fornecedor? O volume do seu restaurante é pequeno comparado

ao volume de vendas dos principais fornecedores?

Os restaurantes da região compram em conjunto de algum fornecedor?

Os clientes influenciam no valor de compra? Em quais situações?

O poder de influência desses clientes no preço é forte?

Qual faixa de valor os clientes geralmente gastam por tipo de serviço requisitado?

Neste caso, citar o tipo de serviço (ex: refeição pela manhã; almoço; lanche à tarde;

jantar; petiscos/comida rápida no final do expediente)

Intensidade da rivalidade

Ameaça de novos participantes

Ameaça de produtos substitutos

Poder de barganha dos fornecedores

Poder de barganha dos clientes

64

Ao avançar na entrevista com os donos do restaurante, a segunda parte do mesmo

questionário abordava, por sua vez, questões sobre o portfólio de produtos da empresa (Matriz

BCG). Os produtos da empresa foram agrupados seguindo a seguinte classificação:

Refeição pela manhã

Almoço

Lanche à tarde

Jantar (apenas até às 19h00, devido ao horário de funcionamento)

O agrupamento foi feito desta forma em função das características do serviço que

podem ser diferentes dependendo da refeição em questão. A figura 29 representa a parte do

questionário que trata do portfólio de produtos.

Figura 29 - Questionário para empresa - Matriz BCG (análise do portfólio)

Fonte: Autor

A terceira parte do questionário destinado à empresa também justifica a razão que leva

à medida adotada de classificar os produtos da forma descrita.

Essa última parte do questionário contempla a avaliação dos serviços prestados aos

consumidores. Dessa forma, pela espécie de análise que se pretende implementar (avaliação

das lacunas entre o que os consumidores desejam e o que realmente percebem), fica evidente

a necessidade de se entender cada tipo de serviço (café da manhã; almoço; lanche à tarde; e

jantar) e não os pratos separadamente.

Como embasamento teórico para a análise do serviço prestado e na tentativa de

detectar todas os possíveis espaços/lacunas entre o que o cliente deseja e como o ele enxerga

o serviço, o método adotado foi o dos 5 Gaps, pois, como visto na revisão bibliográfica, ele

Quadrante matriz Pergunta

Vaca Leiteira

Possui algum produto (serviço) que gere caixa e que tenha uma grande participação

no mercado sem precisar ter reinvestimentos nele mesmo para continuar vendendo?

A ideia é entender o serviço mais forte (ex: almoço, jantar).

Cão

Possui algum produto que tenha um lucro, mas, por não vender muito, esse lucro

precisa ser reinvestido no próprio produto (com publicidade ou deixando-o mais

atraente e aumentando seu custo)?

Criança-Problema

Possui algum produto com muito potencial, mas, por ainda não vender muito (não ter

grande parcela do mercado), ainda precisa de dinheiro investido ou muito esforço

para que as pessoas o aceitem? Neste caso, se aumentar sua participação no

mercado, pode vir a ser uma promessa

Estrela

Possui algum produto com muito potencial (e que já venda bem), mas que ainda

precisa de dinheiro investido ou muito esforço para que as pessoas o aceitem?

Nesse caso, é uma promessa, mas que ainda pode virar Cão

65

trata de cada uma das possíveis falhas de entendimento no processo de serviço, de modo a

fornecer um mapa de onde é possível realizar melhoras para que o consumidor possa senti -las

em suas experiências como usuário.

Dessa forma, é necessário entender o que o cliente deseja (expectativa) e como ele

percebe o serviço prestado pelo restaurante de forma a poder ter a visão completa do gaps e

chegar a uma conclusão. Para isso, foi utilizada uma classificação adicional em relação aos

determinantes da qualidade, que são critérios de avaliação do serviço, de modo a facilitar seu

entendimento e diagnóstico, a fim de prover este trabalho com maiores informações e uma

melhor análise. A figura 30 ilustra a terceira e última parte do questionário respondido pela

empresa.

Figura 30 - Questionário para empresa - 5 Gaps

Fonte: Autor

Determinante Gap Pergunta -2 -1 0 1 2

Entender/ Conhecer Há preocupação geral pelos interesses do cliente

Os gerentes conversam com os clientes mais antigos em busca de opiniões e

conhecimento

Cliente que pede alguma alteração em relação ao prato do cardápio, tem resposta

positiva a seu desejo prontamente

Entender/ ConhecerEm relação aos dias/ horários em que os clientes gostariam de ser atendidos, os

dias/ horários de funcionamento atendem às suas expectativas

Há gerentes disponíveis para atender a necessidades dos clientes

Já teve reclamação em relação à velocidade de atendimento

Quando há alguma reclamação, o estabelecimento tenta incorporar novas

atitudes/produtos/etc de modo a satisfazer os clientes

Há incentivo para os funcionários levantarem opiniões de clientes

Se o cliente pedir limão ao invés de vinagre, o garçom consegue atendê-lo

Os funcionários são instruídos a atender a necessidades específicas dos clientes,

como por exemplo: pedir cadeirão para crianças, pedir o almoço rapidamente, ou

explicar os pratos principais da casa para novos clientes

Os funcionários da cozinha são capazes de mudar a receita de algum prato de

acordo com o pedido do cliente com facilidade

Há funcionários de prontidão para cuidar da limpeza do ambiente

Garçons são bem treinados para o atendimento ao público

Os funcionários do balcão desempenham bem sua função

Os funcionários do caixa desempenham bem sua função

ConfiabilidadeOs funcionários entregam aquilo que devem entregar (qualidade e requisitos do

trabalho)

Empatia/ Atmosfera Os atendentes são atenciosos/ corteses/ simpáticos com os clientes

Os atendentes têm disponibilidade de tempo para um atendimento adequado

(quantidade bem dimensionada)

Já houve reclamação de falta de funcionários em horários específicos

Competência A linguagem utilizada pelos atendentes é adequada

Competência Os pedidos solicitados são entregues com um tempo adequado

Confiabilidade Os pedidos solicitados são entregues com uma qualidade adequada

Empatia/ Atmosfera As instalações físicas são visualmente agradáveis

Confiabilidade As comidas entregues aos clientes estão de acordo com sua descrição no cardápio

ConfiabilidadeA publicidade nos escritórios da região é condizente com o estabelecimento e com o

que ele oferece

DisponibilidadeO estabelecimento possui alimentos/produtos disponíveis para servir os

pratos/bebidas presentes no cardápio

Possui bom custo-benefício

O cliente recomendaria o restaurante

O cliente sai satisfeito

Avaliação

GAP 4

Perguntas gerais

Rapidez GAP 1 / GAP 2

Entender/ Conhecer

Entender/ Conhecer

Flexibilidade

Competência

GAP 3

Disponibilidade

66

Também foi preparado um questionário destinado aos clientes do restaurante.

Questionário esse, que é muito semelhante ao questionário dos 5 Gaps que o estabelecimento

preencheu. A vantagem de tal questionário com tamanha semelhança é poder entender e

contrapor a visão restaurante versus consumidor através das respostas (notas) atribuídas por

cada uma das partes. Entendendo, dessa forma, onde estão as maiores lacunas (gaps) quanto à

prestação dos serviços na visão do restaurante comparativamente à visão dos consumidores.

A diferença entre os questionários (versão para restaurante e versão para consumidor)

é que naquele destinado ao restaurante foi possível detalhar melhor algumas questões, isto é,

uma questão destinada ao consumidor pode ter sido aberta em mais de uma questão para o

restaurante com o objetivo de entender um pouco mais da visão do restaurante a respeito de

seu próprio serviço, como se verá mais adiante.

Entretanto, não é possível ter muitas perguntas em um questionário para os

consumidores do restaurante, pois não é pertinente que eles recebam um questionário longo.

Inclusive, essa foi uma das solicitações do dono do estabelecimento: que não aborrecêssemos

os clientes com questionários exaustivos.

Além da diferença citada, há outro ponto de fundamental diferença entre os

questionários e de grande valia para o diagnóstico: os consumidores deverão dar duas notas

para cada um dos critérios analisados – a primeira para ser possível entender seu grau de

expectativa ao ir ao restaurante; e a segunda para que ele avalie sua percepção quanto ao

serviço prestado.

Dessa forma, é possível contrapor a visão expectativa versus percepção e determinar

os gaps do sistema – o que os consumidores enxergam como pontos de melhoria, isto é,

quando a percepção não iguala nem supera a expectativa.

A figura 31 representa o questionário enviado aos consumidores para a avaliação dos

gaps na prestação serviço. Nessa etapa de entrevistas, foram entrevistados trinta consumidores

no decorrer dos dois dias de pesquisa empírica, dez no primeiro e vinte no segundo. O

processo de entrevista será mais bem detalhado no capítulo seguinte de Resultados.

67

Figura 31 - Questionário para consumidor - 5 Gaps

Fonte: Autor

A partir dos dois questionários destinados à avaliação dos serviços prestados, a figura

32 traz uma correspondência entre as questões feitas para os consumidores (menor

quantidade) com as feitas para o restaurante (maior quantidade).

Determinante Gap Pergunta -2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2

Entender/ Conhecer Há preocupação geral pelos interesses do cliente

Entender/ Conhecer Há compreensão das necessidades dos clientes

Entender/ ConhecerEm relação aos dias/ horários em que os clientes gostariam de ser atendidos, os

dias/ horários de funcionamento atendem às suas expectativas

RapidezHá prontidão/ disponibilização do tempo do(s) gerente(s) para os clientes enquanto

estes estão consumindo no estabelecimento

Entender/ ConhecerOs clientes têm abertura para dar opiniões/ sugestões/ reclamações (são ouvidos -

sugestões implementadas)

Flexibilidade Os funcionários são capazes de atender a pedidos exporádicos dos clientes

A preparação dos funcionários da cozinha é adequada para a o serviço que devem

prestar

A preparação dos funcionários da limpeza é adequada para a o serviço que devem

prestar

A preparação dos funcionários que atendem às mesas é adequada para a o serviço

que devem prestar

A preparação dos funcionários do balcão é adequada para a o serviço que devem

prestar

A preparação dos funcionários do caixa é adequada para a o serviço que devem

prestar

ConfiabilidadeOs funcionários entregam aquilo que devem entregar (qualidade e requisitos do

trabalho)

Empatia/ Atmosfera Os atendentes são atenciosos/ corteses/ simpáticos com os clientes

DisponibilidadeOs atendentes têm disponibilidade de tempo para um atendimento adequado

(quantidade bem dimensionada)

Competência A linguagem utilizada pelos atendentes é adequada

Competência Os pedidos solicitados são entregues com um tempo adequado

Confiabilidade Os pedidos solicitados são entregues com uma qualidade adequada

Empatia/ Atmosfera As instalações físicas são visualmente agradáveis

Confiabilidade As comidas entregues aos clientes estão de acordo com sua descrição no cardápio

ConfiabilidadeA publicidade nos escritórios da região é condizente com o estabelecimento e com o

que ele oferece

DisponibilidadeO estabelecimento possui disponíveis para servir os pratos/ bebidas presentes no

cardápio

Possui bom custo-benefício

O cliente recomendaria o restaurante

O cliente sai satisfeito

Expectativa Percepção

GAP 4

Perguntas gerais

GAP 1 / GAP 2

Competência

GAP 3

68

Figura 32 - Correspondência entre questões para restaurante e para consumidor

Fonte: Autor

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6. Resultados

6.1 Contato inicial com a empresa

Através das primeiras interações com os donos do estabelecimento, foi possível

entender as iniciativas já realizadas com o intuito de melhorar a qualidade do serviço prestado

aos consumidores. O estabelecimento passou recentemente por uma reforma (no final de 2013

e início de 2014), com a construção do segundo andar do restaurante, pintura e a instalação de

televisões de tela plana. Essas alterações na aparência física e na capacidade do restaurante

tiveram a intenção de melhorar a qualidade do serviço como um todo, ao fornecer um

ambiente mais moderno e atrativo, além de torná-lo maior e, portanto, mais confortável para

os consumidores.

Seu posicionamento estratégico, como já adiantado na introdução, é de diferenciação

através do serviço prestado, sempre procurando atender os consumidores da melhor forma e

também o mais rapidamente possível, sempre com a melhor qualidade das refeições servidas.

Dessa forma, sabendo que cada atendimento será diferente dos demais (segundo a

característica de heterogeneidade dos serviços) e que quanto mais tangível for o serviço, mais

o cliente o perceberá, os funcionários são instruídos a serem atenciosos e a sempre

perguntarem se os clientes estão satisfeitos ou se desejam algo mais.

Além da qualidade do serviço, o restaurante é um dos únicos da região que oferecem

serviços à la carte. Segundo o dono do estabelecimento, essa é uma grande diferença entre o

seu restaurante e os demais concorrentes, uma vez que seu maior empenho é em melhor

atender os clientes. Ainda segundo ele, esse empenho na qualidade do serviço já foi

reconhecido diversas vezes, especialmente pelo fato de não estar entre os mais baratos da

região. O fato de ser um restaurante à la carte o diferencia em seu mercado, pois, como visto

na Introdução, apenas 20% dos restaurantes da região oferecem tal serviço.

Como já adiantado na introdução, outro diferencial recente, que veio logo após a

reforma, é que o estabelecimento passou a oferecer em 2014 pratos de combinados japoneses,

tornando-se, dessa forma, o primeiro estabelecimento da região a oferecer tais pratos.

Vale a pena destacar que a intenção deste trabalho foi, desde o início, realizar uma

avaliação da elasticidade-preço da demanda, isto é, entender como é a resposta do cliente em

termos de venda de produtos quando se altera seu preço. Entretanto, segundo os donos do

70

restaurante, as recentes alterações nos preços, provocaram uma oscilação maior nas vendas na

primeira semana, mas depois voltaram ao normal, pois os demais restaurantes aumentaram

seus preços em proporção semelhante. Dessa forma, devido à falta de aplicabilidade, não será

realizada a análise da elasticidade-preço da demanda.

6.2 Análise segundo as 5 Forças de Porter

Com a intenção de entender melhor o ambiente externo, a teoria das 5 Forças de Porter

foi empregada e serviu de base teórica para a análise através do questionário apresentado no

capítulo anterior e respondido pela empresa (ver apêndide para respostas do restaurante). A

partir de algumas interações com os donos para preenchê-lo de forma completa, foi possível

entender melhor os elementos externos que cercam o restaurante, analisados um a um nos

tópicos a seguir:

6.2.1 Intensidade da rivalidade

Entendendo melhor a intensidade da rivalidade entre os concorrentes, há

aproximadamente trinta concorrentes diretos na região, fato adiantado pelos donos do

restaurante e confirmado através da pesquisa empírica. As ruas são repletas de restaurantes

para atender os trabalhadores da região. Embora o serviço oferecido seja à la carte, enquanto

que a maior parte dos outros seja por quilo, é possível comparar o preço de cada um dos

estabelecimentos através do ticket médio gasto pelos clientes nos estabelecimentos, pois a

maior parte de seus clientes também são clientes dos demais restaurantes.

Nessa comparação, se o cliente comprar nos restaurantes por quilo a mesma

quantidade que ele recebeu no estabelecimento estudado, gastará mais, pois, por exemplo, o

prato Parmegiana é servido com aproximadamente 750g de comida e custa R$17,00; no

restaurante por quilo custaria entre R$21,00 e R$26,00 dependendo da escolha feita.

Contudo, como constatado na pesquisa empírica, aproximadamente 60% das pessoas

deixam alguma parte da comida nas travessas ou no prato e não a comem. Dessa forma,

percebe-se que uma comparação direta do preço por quantidade de comida recebida não é

válida, pois o restaurante estudado oferece, de fato, grande quantidade de comida (mais do

que os consumidores se serviriam em restaurantes por quilo). Para tal comparação, utiliza-se o

ticket médio, que é quanto as pessoas comumente gastam para comer. De acordo com o preço

71

do quilo na região, que varia majoritariamente de R$29,00 a R$35,00, e baseado em uma

refeição média de 400g, o ticket médio na região fica na faixa de R$12,00 a R$14,00.

Dessa forma, como ilustrado na introdução com o preço de alguns pratos, o ticket

médio no restaurante estudado é um pouco mais de R$15,00, portanto, superior em

aproximadamente 15%. Fator esse, que o estabelecimento justifica ao prestar um serviço mais

completo, que inclui tanto a qualidade do serviço prestado (desde a recepção do cliente, o

atendimento na mesa e qualidade da comida), quanto à velocidade desse serviço para que o

cliente não precise esperar muito tempo para receber seu prato solicitado.

Além disso, há a garantia de que o prato será, como descrito pelo dono, “bem

servido”, isto é, dificilmente algum consumidor terá a sensação de fome ao terminar de

comer, pois a quantidade servida é grande. Inclusive, com já dito, há sobra de mais da metade

dos pratos.

Na região, o restaurante que mais incomoda como concorrente é um que também serve

pratos à la carte, mas que não possui a mesma qualidade de atendimento nem de

entendimento do ramo alimentício (pois seus administradores são novos no ramo). Entretanto

a estratégia de precificação desse outro estabelecimento é a de colocar o preço de todos os

pratos do cardápio R$0,10 mais barato que o restaurante estudado. Com isso, pretendem

roubar clientes que não sentem o diferencial da qualidade ou que optam por um restaurante

mais barato, simplesmente pela questão do preço.

6.2.2 Ameaças de novos participantes

A ameaça da entrada de novos concorrentes é algo frequente e que o restaurante vive

constantemente devido à baixa barreira de entrada no mercado, que é o capital inicial de

investimento e o conhecimento prévio do mercado para poder atuar nele de forma eficiente.

Há, inclusive, um estabelecimento em construção em uma das ruas transversais, que será mais

um restaurante por quilo.

Quando indagado a respeito desses novos estabelecimentos que podem (e surgem) a

qualquer momento, o dono mais antigo do restaurante demonstrou preocupação. Entretanto,

segundo ele, nada se pode fazer a respeito, apenas investir na qualidade do serviço, pois quem

garante a sobrevivência de seu restaurante é ele mesmo, ao oferecer um serviço de qualidade e

sempre ter o cliente como foco do trabalho, não se preocupar apenas com o prato que será

72

servido, mas em tornar a experiência do cliente em seu restaurante em um momento

agradável.

Então, os donos nada podem fazer para impedir o surgimento de novos

estabelecimentos na região, mas podem tentar garantir que os clientes sejam bem tratados e

recebam o prato conforme solicitado.

6.2.3 Ameaça de produtos substitutos

Na região, os produtos substitutos são poucos, pois a maior parte dos restaurantes

oferece comida e não lanches ou petiscos. Entretanto, é possível enxergar os restaurantes por

quilo como produtos substitutos, uma vez que o cliente pode optar por ele, segundo os donos,

em duas situações: a primeira é que se gasta menos no restaurante por quilo (quando a pessoa

come pouco); a segunda é que o consumidor pode estar a procura de uma variedade maior de

comida (procurando se servir na mesma refeição de vários alimentos diferentes). Nesse

sentido, é importante que haja um controle dos preços para que o custo para o consumidor não

seja muito elevado comparativamente aos restaurantes por quilo.

Entretanto, há, um pouco mais distante (10 minutos de caminhada), um

estabelecimento especializado em lanches e sucos naturais e que não serve refeição em

nenhum momento do dia, ao qual algumas pessoas vão, mas devido à distância e ao tempo

perdido, a maior parte desiste de ir e fica na região, segundo conversas informais com alguns

consumidores nos dias de pesquisa empírica.

Quando indagado sobre a possibilidade de oferecer uma quantidade maior de lanches

para tentar criar um mercado novo na região, o dono do restaurante alegou que “é difícil

abraçar o mundo e tentar criar um mercado do zero”. Sua opinião é baseada na experiência

que vem passando com o oferecimento de combinados japoneses na hora do almoço, pois,

embora as vendas não estejam ruins, não tiveram o crescimento que ele almejava devido ao

ticket mais elevado que o cliente precisa ter para poder comprá-lo. O mesmo foi dito referente

aos sucos: em seu restaurante oferece apenas quatro tipos de sucos naturais (os mais vendidos:

laranja, limão, abacaxi e manga), os demais sucos são feito da polpa.

Entretanto, um estabelecimento substituto está em fase final de construção e será

muito próximo ao restaurante. Esse novo local será um restaurante exclusivamente japonês. O

que representa um futuro incerto ao serviço de culinária japonesa que o restaurante já oferece

73

há mais de oito meses, pois os clientes que se interessam pela culinária asiática podem

preferir ir ao restaurante estudado e pedir um combinado oriental por custar menos e não

estarem interessados em comer tanto (como geralmente se come em um rodízio) e voltar para

o trabalho em seguida. Por isso, esse substituto que será inaugurado, pode, inclusive,

representar uma melhora futura nas vendas. Tudo dependerá do preço pelo qual ele irá

oferecer seus combinados (se for o caso).

Quanto a outras formas de produtos ou serviços substitutos, os donos comentaram que

há clientes que não comem todos os dias no restaurante, pois não têm dinheiro para tal e, por

isso, levam comida de casa (marmita) para o trabalho e só comem nos restaurantes uma ou

duas vezes por semana; há outros que tomam o café da manhã no restaurante, mas que levam

o almoço de casa todos os dias. Assim, mesmo sabendo que a comida levada de casa é um

produto substituto, não há nada que possa ser feito com a intenção de diminuir a perda ou

oscilação de venda.

6.2.4 Poder de barganha dos fornecedores

O restaurante possui de grandes a pequenos fornecedores. Alguns de seus

fornecedores vendem para São Paulo e região ou mesmo para todo o Brasil, isto é, possuem

um enorme volume de venda, o que aumenta o seu poder de barganha, quando comparada ao

que o restaurante compra dele. Por exemplo, o restaurante compra carne diretamente da JBS e

Marfrig, que entregam para todo o Brasil, impossibilitando qualquer influencia no preço por

parte do restaurante, uma vez que os preços da JBS e Marfrig são tabelados. A título de

exemplificação, a JBS fornece para 129 estabelecimentos clientes nos bairros do Bom Retiro,

Santa Cecília, Campos Elíseos e Higienópolis, a JBS possui, o que demonstra todo seu poder

na determinação do preço.

Diferentemente desses grandes fornecedores, há alguns com pequena escala, por

exemplo, uma adega, que segundo os donos, fazem suas entregas na região utilizando uma

bicicleta como meio de transporte.

Um ponto levantado no questionário e que poderia ser uma alternativa interessante é a

realização de compra coletiva junto aos fornecedores na tentativa de diminuir o poder de

negociação dos fornecedores e aumentar o dos restaurantes, principalmente em compras com

74

fornecedores de tamanho intermediário. Entretanto, foi constatado que essa compra coletiva

de insumos não ocorre na região.

Exemplificando a logística de compra e um pouco mais dos fornecedores de tamanho

intermediário: nem sempre os fornecedores maiores, como os frigoríficos citados acima

fornecem os produtos com os melhores preços. Às vezes, fornecedores menores conseguem

fazer um preço melhor ao vender o mesmo produto e com a mesma qualidade. Isso é possível,

pois a carne vendida pelos fornecedores menores pode possuir uma data de validade curta, por

exemplo, um mês. Dessa forma, quando é o momento de abastecer o estoque, o restaurante

cota o preço tanto dos grandes frigoríficos, quanto dos menores para avaliar preço e validade

e, assim, poder realizar suas compras.

Quanto aos fornecedores pequenos, há os que entregam leite, pão e gelo. Esses três,

inclusive, são os únicos fornecedores que realizam entregas diárias no restaurante e em

horários estabelecidos: o leite e o pão são entregues bem cedo e o gelo na parte final da

manhã. No total, diariamente, o restaurante recebe uma média de sete entregas de

fornecedores, incluindo as três já citadas.

Foi levantada a hipótese, durante a entrevista, se o preço do leite ficaria mais barato,

por exemplo, ao espaçar um pouco sua entrega. Entretanto, segundo o dono, devido à pequena

quantidade demandada diariamente, não seria economicamente vantajoso, pois o preço seria o

mesmo. Em contra partida, a vantagem de se receber diariamente é que o leite encomendado

possui embalagem de saco, com validade menor (de apenas três ou quatro dias) em

comparação ao com embalagem de caixa, o que torna a entrega diária algo importante para

manutenção de um pequeno estoque e evitar a perda de mercadoria por vencimento da

validade do produto.

6.2.5 Poder de barganha dos clientes

Há dois fatores importantes a serem analisados quanto ao poder de negociação dos

clientes: o primeiro deles é sua influência em descontos esporádicos e o segundo é sua

influência em aumentos de preços (que também tem relação com os outros concorrentes da

região). Um terceiro ponto relativo aos clientes é a fidelização, que também será abordada a

seguir:

75

Poder de influência em descontos esporádicos

De forma semelhante ao analisado no tópico anterior, onde o restaurante tem pouco

poder de barganha por conta de representar pouco na receita dos seus fornecedores, os clientes

do restaurante, por sua vez, também exercem pouca influência em um possível desconto,

mesmo que haja reserva de uma mesa para muitas pessoas.

Um dos prédios comerciais da região pertence à seguradora Porto Seguro, que vem

aumentando seu efetivo, pois como dito na introdução, há uma nova ala do prédio com mais

empregados. Como eles possuem muitos funcionários, há um convênio com a seguradora, no

qual ela fornece uma lista com alguns funcionários autorizados a tomar café da manhã e

almoçar sem pagar, apenas assinam uma listagem e a Porto Seguro paga a cada quinze dias o

valor gasto. De forma a incentivar esse convênio, o restaurante fornece uma bebida gratuita

durante o almoço para esses funcionários, que são aqueles em início de carreira na empresa e

que passam por um período de treinamento. Entretanto, apenas nesse período, eles têm o

direito de comer gratuitamente no restaurante. Como a quantidade de funcionários em

treinamento por parte da Seguradora varia, a venda através desse convênio é altamente

oscilatória, podem variar de vinte e cinco para apenas um de um dia para o outro.

Influência no aumento de preços

Os clientes exercem grande e direta influência no aumento dos preços. A política do

restaurante é de segurar ao máximo o aumento do preço, pois reconhece que o ticket médio

necessário para seu cliente é superior em relação aos demais restaurantes da região. Como

visto no tópico de Intensidade da rivalidade o valor é cerca de 15% maior.

Quando há um aumento no preço, alguns clientes comentam sobre ele e mudam de

restaurante no dia de aumento e nos dias seguintes, mas segundo o dono do restaurante, com o

passar dos dias o movimento e as vendas voltam ao normal. Foi comentado, inclusive, que

essa oscilação de movimento pode ocorrer sem nenhum motivo aparente: às vezes o

restaurante está funcionando perto de sua capacidade máxima e às vezes está mais vazio.

Segundo palavras de um dos donos “é bem difícil de entender o motivo específico das

oscilações”.

No início de 2014 foi feita uma mudança de preços, houve um reajuste de

aproximadamente 20% nos preços dos pratos, o que levou a um movimento altamente

76

oscilatório e mais baixo nos primeiros dias, mas que voltou ao normal, pois os outros

estabelecimentos da região também subiram seus preços no início do ano. Esse aumento foi

questionado por alguns clientes, mas foi um movimento inevitável, pois o restaurante estava

há três anos sem nenhum aumento. Após essa subida de preço, foi nítido o movimento de

alguns concorrentes, que também aumentaram seus preços em proporção semelhante, o que

justificou a volta às vendas normais.

Fidelização de clientes

O restaurante já tem algumas iniciativas nesse caminho. Alguns clientes possuem o

que é popularmente conhecido como “contas”, isto é, anotam seus consumos durante o mês e

pagam apenas no final. Para o restaurante permitir que o cliente possa pagar dessa forma, ele

deve trabalhar na região há algum tempo e comer frequentemente no restaurante para que os

donos possam conhecê-lo de modo a permitir tal arranjo.

O convênio citado com a Porto Seguro também é uma forma eficiente de fidelização,

pois garante que o cliente faça continuamente suas refeições no restaurante (embora seja por

um período reduzido). Nesse caso, a fidelização ocorre com a seguradora, não com o

consumidor.

Na tentativa de fidelizar clientes, o perfil de consumidor atingido com maior êxito são

homens, pois, por comerem de modo geral mais do que as mulheres, preferem ir a um

restaurante à la carte com a garantia de comerem refeições fartas e serem bem servidos ao

invés ir a um restaurante por quilo e gastarem mais pela quantidade comida, mesmo que

podendo escolher dentre uma maior variedade. Dessa forma, evidencia-se um dos problemas

citados no capítulo introdutório deste trabalho (a pouca quantidade de mulheres que vão ao

restaurante para almoçar) e que terá uma alternativa de solução no capítulo seguinte de

discussão.

A partir do entendimento de que a maior parcela dos clientes sejam homens e de que o

restaurante (e os demais concorrentes) tenha um foco na região da Santa Cecília, entende-se

que o restaurante analisado possua, segundo classificação de Besanko (2012), um foco com

especialização geográfica (Santa Cecília), além de um foco em especialização nos clientes

(homens). Dessa forma, com já explicitado na introdução, um dos objetivos deste trabalho é

77

apresentar uma solução a essa dupla especialização, para assim, o restaurante poder aumentar

seu market share através de um aumento das vendas para o público feminino.

Ainda referente à fidelização, sem considerar os casos citados (convênio e “conta”), há

alguns clientes fidelizados, os quais almoçam todos os dias no restaurante estudado. Há,

também, muitos clientes (a maior parte deles) que vão ao restaurante de duas a três vezes por

semana, indo aos demais concorrentes da região nos demais dias.

6.3 Análise da estratégia genérica de Porter

Após uma análise completa do ambiente externo com o auxílio das 5 Forças de Porter,

é possível entender a dinâmica do mercado ao redor do restaurante. Após esse estudo,

entende-se que o restaurante segue a estratégia genérica de Porter de Diferenciação devido a

alguns fatores, como:

Prioridade é atender seu cliente de forma cordial e entregar rapidamente o

prato solicitado

O serviço oferecido é à la carte

Possuir ticket médio mais alto que os restaurantes por quilo da região

Preocupação com o ambiente ao tornar o restaurante mais moderno e atraente

Dessa forma, percebe-se que embora o restaurante seja aproximadamente 15% mais

caro que os da região, conforme cálculo realizado nos tópicos anteriores, ele consegue manter

seus clientes devido à qualidade oferecida, tanto em termos de serviço, quanto em qualidade

do prato.

Essa classificação é importante para compreender o posicionamento do restaurante e,

assim, auxiliar esse trabalho na reavaliação de sua estratégia e proposição de um conjunto de

alternativas como solução aos problemas levantados inicialmente e identificados no decorrer

do desenvolvimento do trabalho.

6.4 Análise segundo a Matriz de portfólio

Com a finalidade de entender o comportamento dos serviços e como eles influenciam

no restaurante, primeiramente é feita uma descrição de cada uma dos serviços oferecidos (café

78

da manhã; almoço; lanche à tarde; e jantar) e após será feita uma análise deles quanto a Matriz

BCG de portfólio.

Dos serviços prestados pela empresa, o serviço de almoço é o que demanda maior

quantidade de trabalho por parte dos funcionários e donos e, por sua vez, representa a maior

parte do faturamento do restaurante: aproximadamente 90% de toda a receita é proveniente

dos almoços servidos para seus clientes. Por isso que, como descrito na introdução, nos

horários relativos ao almoço (tanto sua preparação, quanto sua limpeza), o restaurante está

com todos os seus funcionários trabalhando, isto é, os dois turnos principais coincidem das

10h00 às 15h00.

Segundo conversas com os donos, o serviço de café da manhã é apenas para aproveitar

os funcionários que chegam às 6h00 para o primeiro turno e podem preparar o café para os

clientes que desejam comer ou tomar algo antes do expediente na região. Em termos de

faturamento, o café da manhã contribui com apenas 2% (embora em quantidade de clientes

seja mais do que isso, pois o ticket médio do café da manhã é quatro vezes menor em relação

ao do almoço).

Os lanches servidos ao longo do dia têm seu pico de vendas no período da tarde (das

14h00 às 17h30), quando aproximadamente 80% dos das vendas de lanches ocorrem. Os

lanches, como um todo, representam 4% do faturamento do restaurante. Até no primeiro

semestre de 2014, havia uma empresa na região que realizava o transporte de pessoas de

outras cidades do interior até o SESC da região e, como a comida no caminho de volta para a

cidade de origem era cara, pois a parada era, por exemplo, no restaurante Graal da estrada,

muitos deles compravam um lanche no restaurante antes de entrar no ônibus para voltar.

Segundo os donos, apenas com o lucro dessas vendas foi possível realizar toda a reforma no

final de 2013 e início de 2014, onde se inaugurou o segundo andar e todo o restaurante teve

suas instalações modernizadas.

O jantar, que vende os mesmos pratos do almoço e segundo os donos poderia ser

chamado de “almojanta” devido ao horário reduzido de funcionamento do estabelecimento no

período noturno (fechamento às 19h00), representa 4% do faturamento. Outra característica

do jantar é que alguns funcionários da região almoçam tarde, pois entram ao meio dia. A

classificação de jantar deve-se ao fato de poucas refeições (pratos) serem servidas no período

das 15h00 às 17h00, quando há um prevalecimento dos lanches. A maior parte das refeições

79

servidas após o almoço inicia-se após as 17h00 e vai até o fechamento do estabelecimento às

19h00.

Dessa forma, com um entendimento mais aprofundado dos quatro tipos de serviços

oferecidos, é possível entendê-los como um portfólio de produtos e, assim, classificá-los de

acordo com a Matriz BCG. A classificação será apresentada em ordem decrescente quanto sua

participação no faturamento do restaurante:

Almoço

O almoço pode ser entendido como Vaca-leiteira, pois produz grande volume de

receita a ponto de ser superior aos gastos necessários para mante a própria participação do

serviço (manutenção dos utensílios para cozinhar, utensílios de comer e maior parte

pagamento dos gastos fixos). Além disso, devido à sua recente reforma de infraestrutura e

construção do segundo andar, sua capacidade aumentou e, consequentemente, sua

participação no mercado da região. Assim, para um maior crescimento financeiro do

restaurante, seu maior serviço em termos de faturamento é também o que trás mais lucro

proporcionalmente.

Há a hipótese de se entender o almoço como estrela, pois a quantidade de funcionários

da região aumentou recentemente devido à construção de uma nova ala de uma das empresas.

Entretanto, entende-se que essa é uma alteração pontual no tamanho do mercado e não

representa uma tendência de constante crescimento. Por isso, este trabalho avalia que o

mercado não está em crescimento acelerado, mas apenas passa por uma expansão pontual e,

portanto, o melhor entendimento é de que o almoço, de fato, representa a Vaca-leiteira.

Lanche à tarde

O lanche à tarde também pode ser avaliado como Vaca-leiteira, pois como os

restaurantes por quilo da região não oferecem serviços de lanche, o restaurante analisado não

possui tantos concorrentes como no almoço e, assim possui uma parcela ainda maior do

mercado (que está crescendo estavelmente e é menor que o do almoço). Constatou-se que

apenas cinco de seus concorrentes oferecem lanches ao longo do dia e são estabelecimentos

mais simples.

80

Jantar

Devido ao seu restrito horário de funcionamento no período noturno (fechamento às

19h00), sua participação no mercado de prestação de serviço de jantar da região não é muito

grande. Quem possui grande quantidade de clientes na parte da noite não são os restaurantes,

mas os bares, que são mais simples e não oferecem serviços da mesma qualidade, pois os

clientes não são os mesmos que frequentam os estabelecimentos na hora do almoço. Dessa

forma, devido ao baixo potencial de crescimento observado, entende-se que o jantar seja um

Cão.

Café da manhã

Principalmente devido ao seu convênio já mencionado com a Porto Seguro, no qual

alguns funcionários selecionados pela seguradora podem tomar café da manhã e almoçar no

restaurante e a própria seguradora paga quinzenalmente esses gastos, o restaurante tem grande

parcela do mercado quanto ao serviço de café da manhã, muito embora ele não seja um

mercado grande.

Entretanto, é um mercado em crescimento, pois como observado pelos donos do

restaurante, a venda de café da manhã vem aumentando em 2014. Por isso, ele é entendido

como uma Estrela e, portanto, quando em algum momento esse crescimento diminuir, pode

virar ou Vaca-leiteira ou Cão.

6.5 Análise da qualidade do serviço – Modelo dos 5 Gaps

O Modelo dos 5 Gaps auxilia na avaliação do serviço prestado pelo restaurante. Nesse

processo de avaliação, dois questionários muito semelhantes foram preparados, um para o

restaurante e outro para os consumidores (como pôde se observar no capítulo anterior).

Nos tópicos a seguir, será realizada uma análise sob os dois pontos de vista a respeito

do serviço que o restaurante vem prestando: a visão da empresa e a visão do consumidor.

6.5.1 Visão da empresa

Ao longo das interações com os donos do estabelecimento, foi apresentado o

questionário com o objetivo de avaliar como o restaurante vê o serviço oferecido a seus

81

clientes e, assim, mais adiante neste mesmo capítulo, poder cruzar essa informação com a

expectativa e percepção do cliente em relação ao mesmo serviço.

Através dessas entrevistas, percebeu-se que embora os donos prezem ao máximo pela

qualidade do serviço oferecido e pela melhor sensação de seus clientes, devido à

imprevisibilidade, isto é, à grande oscilação da quantidade diária de clientes, há dias em que o

restaurante está muito cheio durante muito tempo, o que acaba por influenciar negativamente

na qualidade do serviço. Como exemplo dessa influência na qualidade do atendimento: os

donos incentivam os funcionários a sempre perguntarem se o cliente está satisfeito e se deseja

algo mais, porém na correria de alguns dias, os funcionários não cumprem o pedido ou às

vezes demoram em atender algum cliente que esteja querendo pedir algo, caracterizando uma

demora no serviço.

Portanto, o preenchimento do questionário foi importante, inclusive, para uma maior

compreensão das mais diversas variabilidades que podem ocorrer no restaurante no que diz

respeito à prestação de serviços e que serão expressas a seguir.

Por essa razão, constatou-se que o gap 3 foi o que os donos atribuíram as menores

notas em relação a como vêm o serviço desempenhado pelo próprio restaurante, uma vez que

esse gap avalia a transformação das especificações de serviço no que é desempenhado, de

fato, pelos funcionários do restaurante.

Na figura 33, é possível observar as notas médias atribuídas pelos donos e agrupadas

tanto por determinantes, quanto por Gaps. Como explicado no capítulo anterior, essas notas

pertencem a uma escala discreta de valores de -2 (extremidade negativa) a +2 (extremidade

positiva). Para a resposta completa do questionário, ver apêndices.

82

Figura 33 - Notas por critério segundo o próprio restaurante

Fonte: Autor

Dessa forma, é possível traçar uma relação entre os Determinantes da qualidade e os

Gaps, pois como já dito, o gap 3 foi o que obteve menor nota na avaliação do restaurante

sobre ele mesmo, enquanto que o Determinante com menor nota foi o de Competência, pois

ela mede o quanto os funcionários conseguem entregar do serviço solicitado. Como observado

a partir das entrevistas, esse determinante teve a nota mais baixa pelo mesmo motivo que o

gap 3, isto é, os donos reconhecem que nem sempre os funcionários entregam aquilo que lhes

é solicitado (muitas vezes devido à grande oscilação diária de consumidores).

Quanto aos aspectos considerados positivos pelos donos, encontra-se a Flexibilidade

do serviço (é sempre possível trocar algum ingrediente do prato ou da bebida quando o

consumidor assim o solicita) e Empatia/ Atmosfera (principalmente devido aos dois donos,

que se revezam no caixa e no atendimento geral dos consumidores – caminham pelas mesas e

procuram saber se os clientes estão sendo bem servidos e satisfeitos).

6.5.2 Visão do consumidor: expectativa versus percepção

As entrevistas com os consumidores do restaurante representaram a parte mais intensa

da pesquisa empírica, pois foi necessário abordá-los de maneira simpática para que eles

estivessem dispostos a responder o questionário.

Como os donos estavam com receio de incomodar os clientes com entrevista, os

primeiros clientes foram selecionados pelos próprios donos do estabelecimento. Ele escolheu

alguns mais antigos para haver tanto menor rejeição em relação à pesquisa, quanto menor

aborrecimento por parte dos entrevistados.

Critério Nota média restaurante

Entender/ Conhecer 1.5

Rapidez 1.5

Flexibilidade 2.0

Competência 1.3

Confiabilidade 1.5

Empatia/ Atmosfera 2.0

Disponibilidade 1.0

GAP 1 / GAP 2 1.6

GAP 3 1.3

GAP 4 1.7

Perguntas gerais 2.0

Determinantes

Gaps

83

Entretanto, como as entrevistas foram bem aceitas pelos clientes, os donos autorizaram

que fosse feita uma escolha aleatoriamente dos demais entrevistados. Dessa forma, as três

entrevistas realizadas com clientes escolhidos por eles foram descartadas dos números finais

da pesquisa.

Foram, portanto, realizadas 30 entrevistas nos dois dias de trabalho de campo (sem

considerar as três com entrevistados pré-selecionados): no primeiro, apenas 10 entrevistas

realizadas; e 20 no segundo. Pelo fato de 90% da receita ser proveniente do almoço, todas as

entrevistas foram realizadas com clientes que estavam almoçando no local. Cada uma delas

durou de 5 a 7 minutos e a dinâmica para cada um dos 24 tópicos era: primeiramente o

consumidor atribuía nota à sua expectativa em relação ao serviço (anterior à sua prestação) e,

na sequencia, a nota relativa à sua percepção (posterior à sua realização).

A maior vantagem de as entrevistas terem sido realizadas pessoalmente e não via

internet é que os consumidores, além de fornecer as notas para a questão, às vezes faziam

alguns comentários sobre os tópicos abordados, o que enriqueceu a pesquisa empírica e

aumentou a compreensão da qualidade do serviço.

Na figura 34, é possível observar as notas médias atribuídas pelos consumidores

entrevistados do restaurante e, da mesma forma que para as notas dos donos, agrupadas tanto

por Determinantes, quanto por Gaps. A mesmas escala discreta de valores de -2 (extremidade

negativa) a +2 (extremidade positiva) foi utilizada. Entretanto, a figura apresenta duas notas: a

expectativa e a percepção dos consumidores. Para acesso às respostas completas do

questionário respondido pelos consumidores, ver apêndice.

Figura 34 - Notas por critério segundo os consumidores

Fonte: Autor

Critério Nota média expectativa Nota média percepção

Entender/ Conhecer 1.3 1.3

Rapidez 1.1 1.3

Flexibilidade 1.1 1.4

Competência 1.4 1.5

Confiabilidade 1.5 1.7

Empatia/ Atmosfera 1.8 1.8

Disponibilidade 1.4 1.3

GAP 1 / GAP 2 1.2 1.3

GAP 3 1.4 1.5

GAP 4 1.8 1.8

Perguntas gerais 1.6 1.8

Determinantes

Gaps

84

Como observado na figura acima, de um modo geral, os serviços prestados pelo

restaurante satisfazem o cliente no sentido de que superam suas expectativas prévias.

Entretanto, percebe-se que, para alguns dos critérios analisados, tanto a expectativa, quanto a

percepção não são altas, dessa forma, surge espaço para melhorias, que se implantadas

adequadamente, serão bem recebidas pelos clientes. Essa parte será discutida no capítulo

seguinte de Discussão.

Uma vez de posse dos dados acima (bem como dos dados totais por questão – ver

apêndice), foi realizada uma nova rodada de entrevistas com os donos de modo a entender

onde estariam, de fato, as origens de algumas notas e avaliações dos clientes para que

auxiliasse no processo de formação de alternativas.

Primeiramente, serão avaliadas as expectativas versus percepções do consumidor tanto

em relação aos Determinantes da qualidade, quanto aos Gaps. Posteriormente (em um novo

tópico), será realizada uma análise entre as visões do restaurante versus consumidor.

Gaps 1 e 2

Dentre os Gaps, observa-se que os Gaps 1 e 2 apresentam a mais baixa expectativa

dos clientes e também a mais baixa percepção por parte dos clientes. Da nova rodada de

entrevista com os donos, percebeu-se que nos dias em que o restaurante está mais cheio, há

alguns clientes que não conseguem chamar os garçons rapidamente e que não recebem a

devida atenção.

Aprofundando-se nos gaps selecionados e analisando suas questões individualmente,

percebeu-se que a questão referente aos dias e horários de funcionamento teve uma percepção

ligeiramente menor que a expectativa. De acordo com os donos, isso ocorre por duas razões: a

primeira é que o restaurante era um dos poucos da região que funcionava aos sábados e

recentemente parou de abrir, pois poucos almoços eram servidos e não cobria o custo com os

funcionários e, principalmente, o trabalho por parte dos donos; a segunda razão é que também

reduziram seu horário de funcionamento diário. Ano passado funcionava até às 21h00,

enquanto que esse ano fecha às 19h00, essa redução teve a mesma justificativa.

Continuando a análise mais profunda das questões individualmente, houve uma

segunda questão com avaliação negativa: se os clientes têm abertura para dar opiniões,

sugestões e reclamações e se são ouvidos, isto é, sugestões implantadas. Na tentativa de

85

entender melhor o processo de sugestões e por ser uma questão importante, foi perguntado aos

clientes que não avaliaram o restaurante positivamente o que eles pensavam a respeito: alguns

falaram que sugeriram o horário anterior (estendido) e os demais comentaram que sugeriram

voltar ao preço antigo, mas os donos não acataram.

Gap 3

Entretanto, é no Gap 3 que o restaurante tem grande oportunidades de melhoria, uma

vez que os donos estabeleceram os novos horários de funcionamento, pois antes a carga de

trabalho estava muito elevada. Na mesma linha do primeiro ponto destacado para os Gaps 1 e

2, o serviço oferecido e percebido pode melhorar de maneira geral, principalmente no que

tange à qualidade do serviço quando o restaurante está muito cheio.

Destacou-se positivamente na avaliação do questionário a confiabilidade do

restaurante, isto é, se seus funcionários entregam aquilo que o restaurante se compromete a

entregar (quanto à qualidade e aos requisitos do trabalho). Percebe-se, dessa forma, que os

clientes reconhecem, de maneira geral, o empenho dos donos e funcionários em se preocupar

com a qualidade e o modo como o serviço é prestado. A percepção, nesse caso, foi

aproximadamente 30% superior que a expectativa (ver apêndice), o que auxilia na justificativa

de o restaurante ter muitos clientes mesmo sendo um pouco mais caro que seus concorrentes.

As respostas à questão que trata da preparação dos funcionários de limpeza foram

interessantes, pois foi, para o gap 3, a única questão em que a percepção foi menor do que a

expectativa (mesmo que em apenas 2%), muito embora tenha recebido uma das melhores

notas quanto à percepção. Sua percepção média foi 1,8 em uma escala de -2 a +2. O

entendimento para esse ponto está na atribuição das atividades: não há um funcionário que

seja apenas responsável pela limpeza e vestido com tal uniforme (por isso há menor

percepção quanto a um funcionário específico para a limpeza); no restaurante, todos são

responsáveis pela limpeza e, conforme avaliado na pesquisa empírica, a limpeza do

restaurante é muito bem realizada.

Embora a percepção tenha superado a expectativa nos demais critérios, as questões

não tiveram avaliações altas, portanto, são passíveis de melhora. Dessa forma, os itens a

seguir fornecem os pontos relativos ao gap 3 que podem melhorar (mesmo já tendo sido

avaliados positivamente):

86

Preparação dos funcionários que atendem as mesas

Disponibilidade de tempo para atendimento adequado

Qualidade do que é entregue e a forma pela qual é entregue

O último dos itens acima é, inclusive, o ponto mais bem avaliado do questionário,

entretanto, por ter relação direta com um dos maiores objetivos do restaurante (qualidade no

atendimento e no serviço), deve ser entendido constantemente como passível de melhoria.

Através da questão da avaliação dos funcionários do caixa (onde os próprios donos se

revezam), percebe-se que eles realmente sabem tratar bem seus clientes e zelam pela

qualidade geral, pois, como já adiantado, alguns entrevistados faziam comentários ao longo da

entrevista e a grande parte deles foi referente a essa questão; geralmente proferiam

interjeições e comentavam positivamente sobre os donos, salientando o papel desempenhado

por ambos no tratamento ao cliente.

Gap 4

Uma das questões relativas ao gap 4 teve sua percepção 14% inferior em relação à

expectativa. A questão trata de o restaurante possuir, no momento da realização dos pedidos,

os pratos e bebidas do cardápio. Alguns clientes comentaram que o Prato do dia às vezes

acaba. Quando a questão foi levada aos donos do restaurante, foi possível entender a dinâmica

do Prato do dia: que são feitos para, de fato, acabar e quase sempre acaba. Tal sistemática

ocorre, pois os eles são preparados com antecedência e, portanto, não acabar significaria

desperdício e diminuição do lucro.

Segundo os donos, devido ao aumento do número de funcionários da região,

constatou-se que os Pratos do dia estavam acabando um pouco mais cedo. Dessa forma,

recentemente, sua quantidade diária preparada já sofreu um leve aumento para atender a essa

alteração na demanda. Essa atitude de aumentar a quantidade foi tomada, pois se constatou

que alguns clientes desejam apenas o Prato do dia e, se não há, procuram outro restaurante.

Determinantes

Os Determinantes da qualidade mais bem avaliados pelos consumidores nas notas

relativas às suas percepções do serviço foram Empatia/Atmosfera e Confiabilidade, com 1,8 e

1, 7 respectivamente. Contudo, foi a Flexibilidade que teve a maior diferença positiva entre a

87

percepção e a expectativa, sendo a percepção do serviço 30% maior do que a expectativa do

mesmo.

Como já explicado no item do gap 3, a Disponibilidade foi o único dos Determinantes

da qualidade com avaliação negativa (percepção menor do que expectativa) devido ao fato

dos Pratos do dia acabarem. Entretanto, não pode haver prejuízo ao atendimento nem à

satisfação do cliente. Portanto, é um ponto a se observar e, como outros temas, será tratado no

capítulo a seguir de discussão.

6.5.3 Visão restaurante versus consumidor

A comparação da visão do restaurante sobre seu próprio serviço com a opinião do

consumidor em relação a ele é importante para o entendimento, identificação e avaliação de

pontos de melhoria. Na figura 35, observa-se uma compilação das notas do próprio

restaurante, bem como as expectativas e as percepções dos clientes em relação aos mesmo

critérios.

Figura 35 - Comparação de notas por critério: restaurante versus consumidores

Fonte: Autor

Dessa forma, cruzando as informações relativas tanto aos Gaps, quanto aos

Determinantes da qualidade, percebe-se que, especialmente, o que tange os Gaps 1 e 2 e os

Determinantes de Entender/Conhecer o cliente; Rapidez; e Flexibilidade são os pontos nos

quais o restaurante deve se atentar, pois possui uma visão distorcida do serviço que oferece

88

aos seus clientes, uma vez que as percepções tiveram uma nota inferior às notas que os

próprios donos se atribuíram.

Mesmo a flexibilidade tendo uma auto avaliação superior em relação às avaliações dos

consumidores, as alternativas de solução não contemplarão esse tema, pois, como já visto, foi

o determinante com maior diferença positiva entre a expectativa e a percepção por parte dos

clientes.

89

7. Discussão

Com base na análise de resultados realizada no capítulo anterior, foi possível estudar e

avaliar a empesa quanto aos seguintes critérios:

Ambiente externo: através das 5 Forças de Porter, foi possível entender o quão

importante é o serviço à la carte oferecido pelo restaurante, pois é um dos seus

diferenciais em relação à maior parte de seus concorrentes, aliado à

mentalidade da qualidade do serviço

Portfólio de serviços: permitiu uma análise dos serviços oferecidos e de suas

inter-relações, por exemplo, como já citado, da relação do café da manhã com

o almoço de alguns funcionários através do convênio com a seguradora Porto

Seguro.

Análise do serviço oferecido: através do questionário aplicado tanto aos donos,

quanto aos consumidores do restaurante utilizando o Modelo dos 5 gaps, foi

possível comparar e compreender as diferentes visões: donos versus

consumidores; e expectativa versus percepção dos clientes.

No tópico a seguir, são apresentadas as medidas que serão sugeridas ao restaurante de

modo a prepará-lo para melhor atender os possíveis novos clientes da região; tentar aumentar

seu mercado (hoje tão restrito aos homens); e, ao mesmo tempo, aprimorar a qualidade do

serviço.

7.1 Solução e sua implantação

O plano de implantação para o restaurante foi estudado e pode ser estruturado de

modo que possua duas frentes distintas de trabalho: a manutenção da estratégia de

diferenciação; e o aumento de portfólio e market share, que serão exploradas nos dois tópicos

a seguir.

7.1.1 Manutenção da estratégia de diferenciação

A sustentação de investimentos em esforços no que diferencia o restaurante em

relação aos seus concorrentes é importante para a manutenção de sua base de cl ientes. Dessa

forma, este trabalho propõe algumas medidas com esse propósito:

90

Liberdade para aumentar preços:

O restaurante possui características da estratégia genérica de Porter de diferenciação,

por isso, tem a capacidade de aumentar seus preços, entretanto, deve-se levar em conta

que muitos dos funcionários da região não têm um elevado ticket médio diário para o

almoço (recebem de vale alimentação de R$17,00 a R$20,00). Esses limites devem

ser, portanto, respeitados. O restaurante pode ter um preço maior, mas não pode

exceder esses valores. Porém enquanto o restaurante se propuser a oferecer um serviço

à la carte de qualidade, pode cobrar pelo diferencial oferecido, pois, como percebido

através das entrevistas, essa qualidade é percebida pelos consumidores.

Como processo de reavaliação dos preços, todo início de ano pode ser realizada uma

avaliação para determinar se os preços devem ou não sofrer um reajuste. Os critérios

para tal alteração seriam: variação do custo para o próprio restaurante; alteração dos

preços dos concorrentes (tanto os restaurantes à la carte, quanto os por quilo); e

melhora do serviço prestado (para tanto, seria necessária uma nova etapa de entrevista

com o mesmo questionário a cada ano).

Contratação de funcionário especificamente para o caixa

No intuito de melhorar ainda mais a qualidade do serviço prestado, atendendo cada

vez melhor seus consumidores, pode ser estudada a contratação de um funcionário

para trabalhar especificamente no caixa do restaurante (principalmente nas horas com

maior movimento). Dessa forma, será permitido aos dois donos (que, como já visto,

revezam-se no caixa) ter maior liberdade para poder andar pelas mesas para se

certificarem de que seus clientes estejam sendo bem servidos e se desejam algo, o que

asseguraria uma maior qualidade no atendimento e, principalmente, uma maior

percepção, por parte dos clientes, da preocupação do restaurante em melhor atender.

Além disso, com base nos resultados do capítulo anterior, através desse maior contato

com os consumidores seria possível melhorar um dos Determinantes da qualidade

superestimados por parte do restaurante: Conhecer/Entender o cliente.

A implantação da alternativa proposta de ter um funcionário apenas para o caixa pode

ser imediata devido à possibilidade de iminente melhora na qualidade do atendimento.

91

Maior preparação dos garçons

Medida simples, porém eficaz se realizada com sucesso e requer esforço diário por

parte dos donos ao dar motivação a seus garçons para que atendam melhor os

consumidores, isto é, dar maior atenção quando já estão nas mesas, certificar-se se

necessitam de algo e maior preocupação com suas necessidades particulares.

Se a alternativa de um novo funcionário para o caixa for implantada, a função dessa

alternativa passa a ser complementar à anterior. Entretanto, se não for adicionado um

funcionário exclusivo para o caixa, o caráter da maior preparação dos garçons aumenta

de importância e passaria a se tornar essencial para a melhora da qualidade do serviço.

7.1.2 Aumento de portfólio e market share

Se houver um aumento de portfólio em direção a diferentes produtos, é esperado que

isso proporcione um aumento de market share, uma vez que se está aumentando a

possibilidade de atrair clientes novos. Da mesma forma, ao proporcionar maior quantidade um

produto, cuja demanda está reprimida (no caso do Prato do dia), é esperado que suas vendas

aumentem.

Os itens a seguir representam as medidas elaboradas com o propósito de aumentar o

portfólio de produtos e o market share do restaurante:

Criação de um novo produto: “Salada + Grill”

A criação de um serviço diferenciado e inovador na região pode mudar o perfil dos

consumidores do restaurante, tornando-o mais universal e menos concentrado no

público masculino, pois um serviço de salada com a possibilidade de Gri ll é uma

refeição leve e que atrai mulheres, que comem menos quantidade que os homens.

O serviço consistiria em um balcão com diversas opções de salada (folhas, grãos,

legumes, vegetais e etc.). O cliente poderia escolher um determinado número de

ingredientes e, assim, montar sua salada personalizada por um preço fixo. Essa salada

poderia ser acompanhada por um Grill (carne vermelha, frango ou peixe) mediante o

pagamento de um valor adicional.

92

Em conversa com os donos do restaurante, foi estabelecido ser possível oferecer tal

serviço a um preço viável para, dessa forma, atrair o público feminino ao restaurante.

Por ser um produto que vende mais durante o verão, é recomendável que essa

alternativa seja implantada o quanto antes para que se usufrua mais da influência

sazonal da nova refeição, uma vez que o verão se aproxima.

Aumentar quantidade oferecida de Pratos do dia

Alternativa que requer cuidado, pois, como já explicado, é importante que o Prato do

dia seja completamente vendido. Entretanto, como foi detectado que alguns clientes

deixam de realizar suas refeições no restaurante quando o Prato do dia já acabou e que

sua falta foi um ponto negativo obtido por meio das entrevistas, é importante que o

restaurante seja capaz de servir maiores quantidades dele.

Tal medida deve ser revista caso a proposta da “Salada + Grill” seja implantada, pois

não se sabe ao certo a reação que os consumidores terão frente à nova possibilidade de

almoço na região, isto é, umas das possibilidades é que haja uma migração dos

consumidores do Prato do dia para a “Salada + Grill”.

Extensão do convênio com a Porto Seguro

Através de um convênio maior, seria possível usufruir da grande vantagem do

convênio, isto é, a garantia de mais refeições realizadas no restaurante. Atualmente,

apenas uma pequena parcela dos funcionários da seguradora (os em treinamento) tem

o direito de tomar o café da manhã e o almoçar no restaurante.

Com o intuito de aumentar a receita diária e diminuir o efeito oscilatório de um

convênio apenas com funcionários em treinamento, poderia ser estudada uma proposta

para a seguradora que estabelecesse que alguma de suas áreas tivesse um convênio

diário com o restaurante.

7.2 Acompanhamento

Todas as alternativas citadas, se implantadas, devem ser analisadas periodicamente de

modo a avaliar o resultado oferecido ao restaurante e sua contribuição para a melhora dos

93

pontos levantados. Entretanto, a seguir, as ações de acompanhamento e avaliação da melhora

desses pontos são destacadas:

Para avaliar alterações nos preços: acompanhamento do valor do Ticket médio

gasto pelos seus clientes, baseado no valor do vale refeição que eles recebem

das empresas em que trabalham;

Aplicação do questionário (elaborado neste trabalho) com uma periodicidade

determinada para avaliar tanto a melhora no atendimento por parte dos

garçons, quanto o atendimento geral (caso um funcionário seja contratado para

ficar exclusivamente no caixa nas horas de pico de serviço);

Caso a “Salada + Grill” seja implantada, suas vendas devem ser atentamente

acompanhadas e interações com os clientes serão fundamentais para a rápida

melhora do novo produto e serviço oferecidos. No caso de implantação, é

importante avaliar a dinâmica das vendas do restaurante: tanto se as vendas

diárias cresceram (com novos clientes) e se cresceram por causa de uma maior

presença do público feminino, quanto se houve apenas uma transferência da

venda já normalmente realizada para o novo produto;

Contínua avaliação da quantidade preparada de Pratos do dia.

Dessa forma, a partir das alternativas propostas e do plano de acompanhamento,

entende-se que o restaurante estará preparado para seguir sua estratégia e avaliar possíveis

mudanças na qualidade do serviço prestado, bem como traçar novos caminhos a serem

seguidos.

94

95

8. Conclusões

A realização deste Trabalho de Formatura possibilitou que seu autor pudesse fazer, do

início ao fim, toda a análise de posicionamento estratégico e de avaliação de serviços de uma

empresa: desde o entendimento do mercado; pesquisa de campo; entrevistas com

consumidores; chegando à proposição de alternativas de ação para a empresa em questão.

Como referência teórica, foram utilizados, majoritariamente, alguns autores. Para

estratégia: Henry Mintzberg e Michael Porter; para economia: David Besanko; e para

avaliação de serviços: Parasuraman, Valarie Zeithaml e Len Berry. A partir desses autores e

de seus métodos foi possível aplicar a metodologia proposta no capítulo Materiais e métodos

e, assim, desenvolvê-la em Resultados. Contudo, não foi possível aplicar o conceito de

elasticidade-preço da demanda (proposto por Besanko), pois, após o aumento dos preços, as

vendas oscilaram mais que o comum, mas voltaram ao normal em apenas uma semana, uma

vez que os demais concorrentes também seguiram seu aumento.

A etapa de entrevistas, seja com os donos ou com os consumidores, foi a parte mais

enriquecedora do projeto, pois através desse contato direto e individual foi possível trabalhar

habilidades de relacionamento pessoal que não foram amplamente utilizadas em outros

trabalhos em grupo ao longo do curso de graduação. Como mencionado no capítulo de

Resultados, as entrevistas com os consumidores revezaram-se com algumas rodadas de

perguntas com os donos com o objetivo de entender melhor alguns dos pontos levantados a

partir das respostas ou mesmo de comentários dos entrevistados.

Com base em todo o conhecimento teórico e prático adquirido ao longo deste Trabalho

de Formatura (revisão bibliográfica e interação com os donos do restaurante e clientes), foi

possível estabelecer um conjunto de alternativas a serem seguidas na tentativa de tratar e

solucionar os problemas de atender melhor à nova demanda de possíveis clientes; necessidade

de constante aprimoramento no atendimento; e mudar o perfil de clientes para aumentar o

market share.

A produção de alternativas foi um processo de constante interação com os donos do

restaurante de modo que este trabalho produzisse apenas alternativas viáveis. Essas

alternativas foram, então, agrupadas em duas grandes frentes de ações de acordo com suas

96

características para que a relação entre elas fosse mais bem compreendida e facilitasse sua

implantação.

Das alternativas propostas, algumas serão, provavelmente, implantadas no restaurante,

pois os donos acreditam que serão capazes, de fato, de resolverem alguns problemas. São elas:

a contratação de um funcionário para trabalhar exclusivamente no caixa durante o período de

maior movimento, liberando, assim, os donos para circularem pelas mesas e se certificarem

que seus consumidores estejam sendo bem atendidos; e também a implantação do novo

produto para o serviço de almoço: a “Salada + Grill”, que os donos acreditam que atrairá o

público feminino ao restaurante, aumentando, assim, sua fatia de mercado na região.

Dessa forma, como sugestões para trabalhos futuros, pode-se dizer que, se o trabalho

necessitar de entrevistas com os consumidores da empresa analisada, é importante que essas

entrevistas sejam intercaladas com interações com os donos ou gerentes da empresa para,

dessa forma, aumentar o entendimento das opiniões dos clientes e, assim, poder direcionar as

demais entrevistas para esclarecer alguns pontos relevantes.

Sugere-se também que o tema seja repetido, pois, como dito na introdução, este

trabalho busca aliar uma visão tanto do ambiente externo à empresa, quanto a visão interna, e,

a partir dessa visão completa, propor um conjunto de alternativas para resolver os problemas.

97

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99

APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário respondido pela empresa - 5 Forças de Porter

Força de Poter Pergunta

Quais são seus concorrentes? (outros restaurantes/ lanchonetes/ temakerias)

Comparando o seu aos demais restaurantes, como você enxerga a qualidade da:

- Refeição

- Serviço prestado

- Ambiente

- Preço

Como você vê o crescimento de vendas do seu restaurante? E dos demais?

Como você vê a diferença de custo entre as empresas?

Como você vê a diferenciação dos seus produtos? E dos demais?

É alto o custo de entrada no mercado?

Há novos restaurantes/ lanchonetes/ etc na região? Qual e quando?

Se houver indícios de que haverá algum novo restaurante na região, quais serão

suas primeiras atitudes? Ou quais foram se isso já ocorreu?

Em qual atividade/produto há uma forte economia de escala? Isto é, quanto mais

comprar/vender, o custo unitário diminui bastante. Quanto?

A decisão de compra por parte dos clientes é influenciada pela fidelização deles a

um determinado restaurante?

Para os novos estabelecimentos, como se daria a facilidade para possuir bons

canais de distribuição, matérias-primas e conhecimento?

Existem estabelecimentos que oferecem algum produto alimentício diferente do de

vocês? Quais?

Como você vê a concorrência com esses estabelecimentos?

Seria possível oferecer o mesmo produto? O que mudaria?

Quais as características de preço e valor para o cliente dos produtos substitutos?

Ao se elevar o preço no seu restaurante, como é a resposta nas suas vendas? Sabe

qual produto substituto ou qual concorrente ganha seus clientes?

Como você enxerga os seguintes produtos substitutos: comida levada de casa

(marmita)/ clube/ futebol/ televisão/ etc.?

Como é realizada a compra de insumos e serviços? Apenas de um fornecedor por

categoria?

Compare o seu poder de negociação de preços dos fornecedores? Você sabe se

eles vendem para outros estabelecimentos da região?

Os restaurantes da região compram volumes relativamente pequenos em relação a

outros clientes do fornecedor? O volume do seu restaurante é pequeno comparado

ao volume de vendas dos principais fornecedores?

Os restaurantes da região compram em conjunto de algum fornecedor?

Os clientes influenciam no valor de compra? Em quais situações?

O poder de influência desses clientes no preço é forte?

Qual faixa de valor os clientes geralmente gastam por tipo de serviço requisitado?

Neste caso, citar o tipo de serviço (ex: refeição pela manhã; almoço; lanche à tarde;

jantar; petiscos/comida rápida no final do expediente)

Resposta

Geralmente, os clientes mais fidelizados são pertencentes ao sexo masculino, ou pessoas que gostam do

restaurante e vêm algumas vezes por semana, mas que sempre frequentam

Geralmente compram dos mesmos fornecedores, não necessariamente ao mesmo tempo, mas a lista para

cotação deve ser a mesma.

Sim. Hum pouco longe (aproximadamente 10 min de caminhada) tem um estabelecimento que oferece

apenas lanches e sucos naturais das mais diversas variedades

Ele é longe, portanto, baixa

Sim

Sim. Há sempre um novo restaurante na região. Atualmente, há dois restaurantes em construção: um por

quilo numa rua transversal e um restaurante japonên muito próximo.

Não tem o que faxzer, apenas continuar onvestindo em qualidade do serviço

Isso geralmente não ocorre, pois a maioria dos clientes são muito grandes, e em relação aos pequenos

fornecedores, a quantidade comprada também é pequena (ex: leite, gelo e pão)

Há 28 concorrentes diretos na região, dentre eles a maior parte oferece serviço de almoço por quilo

O restaurante preza pela qualidade acima de tudo. Há preocupação constante com a qualidade e o tempo do

atendimento.

O ambiente passou por uma reforma há aproximadamente 1 ano e conta agora com o segundo andar.

O preço das refeições é um pouco mais caro se a pessoa come pouco e um pouco mais barato se a pessoa

come muito

As vendas tiveram um salto recentemente devido à minha ampliação e à construção da ala nova da Porto

Seguro

O custo é muito semelhante, pois os restaurantes compram de fornecedores grandes e, portanto, o custo é

parecidoAs refeições são à la carte,o que diferencia o restaurante da maioria dos concorrentes da região. Apenas 5

deles oferecem tal serviço; e o restaurante analisado tem uma grande preocupação com a qualidade,

especialmente do tempo, pois quando o consumidor vai no restaurante por quilo, pode começar a comer

rapidamente. Portanto, para não perder clientes por conta de uma possível demora no ateendimento, a

velocidade é fundamental.

Não há alteração do valor de venda por conta de influência do cliente

Sim; eles influênciam na hora de aumentar o preço. O restaurante tenta segurar ao máximo a subida de

preços, mas acaba sendo inevitável e os concorrentes também o aumentam.

Para café, gastam por volta de R$4,00, para almoço: de R$17 a R$22,00; lanche: R$10,00; e jantar o mesmo

que o almoço: de R$17 a R$22,00

Não consigo abraçar o mundo

Compra-se de apenas um fornecedor geralmente, mas a cotação é realizada com diversos fornecedores

diferentes; quando o insumo é comprado em menor quantidade, geralmente é comprado do mesmo

fornecedor.

Pouca negociação. São vendedores muito grandes. Alguns com clientes em todo o país, como a JBS e a

Marfrig.

O volume comprado é muito pequene quando comparado ao tamnahao de alguns fornecedores, com outros,

nem tanto, mas também a quantidade comprada não é tão elevada, como com fornecedores de pão ou leite.

Infelizmente não há compra em conjunto

Quando o preço é aumentado, as vendas oscilam mais durante um a semana, mas depois voltam ao normal,

pos os demais restaurantes acompanham a subida dos preços.

São realmente substitutos, mas não há o que fazer, uma vez que ´´e por falta de dinheiro. Poss apenas

oferecer um bom serviço para escolherem meu restaurante quando quiserem almoçar em akgum, pois há

clientes que levam comida de casa algumas vezes por semana e nas demais comem no restaurante.

Essa lanchonete é a única a oferecer tal serviço na região, mas é longe. Então, é difícil responder a essa

pergunta. Mas ela cobra um preço mais elevado pelos sucos naturais que o restaurante, por exemplo.

Intensidade da

rivalidade

Ameaça de

novos

participantes

Ameaça de

produtos

substitutos

Poder de

barganha dos

fornecedores

Poder de

barganha dos

clientes

100

APÊNDICE B – Questionário respondido pela empresa – Matriz BCG (análise do

portfólio)

Quadrante matriz Pergunta

Vaca Leiteira

Possui algum produto (serviço) que gere caixa e que tenha uma grande participação

no mercado sem precisar ter reinvestimentos nele mesmo para continuar vendendo?

A ideia é entender o serviço mais forte (ex: almoço, jantar).

Cão

Possui algum produto que tenha um lucro, mas, por não vender muito, esse lucro

precisa ser reinvestido no próprio produto (com publicidade ou deixando-o mais

atraente e aumentando seu custo)?

Criança-Problema

Possui algum produto com muito potencial, mas, por ainda não vender muito (não ter

grande parcela do mercado), ainda precisa de dinheiro investido ou muito esforço

para que as pessoas o aceitem? Neste caso, se aumentar sua participação no

mercado, pode vir a ser uma promessa

Estrela

Possui algum produto com muito potencial (e que já venda bem), mas que ainda

precisa de dinheiro investido ou muito esforço para que as pessoas o aceitem?

Nesse caso, é uma promessa, mas que ainda pode virar Cão

O almoço e o Lanche à tarde

O jantar

Não

Café da manhã

Resposta

101

APÊNDICE C – Questionário respondido pela empresa – 5 Gaps

Determinante Gap Pergunta -2 -1 0 1 2

Entender/ Conhecer Há preocupação geral pelos interesses do cliente x

Os gerentes conversam com os clientes mais antigos em busca de opiniões e

conhecimentox

Cliente que pede alguma alteração em relação ao prato do cardápio, tem resposta

positiva a seu desejo prontamentex

Entender/ ConhecerEm relação aos dias/ horários em que os clientes gostariam de ser atendidos, os

dias/ horários de funcionamento atendem às suas expectativasx

Há gerentes disponíveis para atender a necessidades dos clientes x

Já teve reclamação em relação à velocidade de atendimento x

Quando há alguma reclamação, o estabelecimento tenta incorporar novas

atitudes/produtos/etc de modo a satisfazer os clientesx

Há incentivo para os funcionários levantarem opiniões de clientes x

Se o cliente pedir limão ao invés de vinagre, o garçom consegue atendê-lo x

Os funcionários são instruídos a atender a necessidades específicas dos clientes,

como por exemplo: pedir cadeirão para crianças, pedir o almoço rapidamente, ou

explicar os pratos principais da casa para novos clientes

x

Os funcionários da cozinha são capazes de mudar a receita de algum prato de

acordo com o pedido do cliente com facilidadex

Há funcionários de prontidão para cuidar da limpeza do ambientex

Garçons são bem treinados para o atendimento ao públicox

Os funcionários do balcão desempenham bem sua funçãox

Os funcionários do caixa desempenham bem sua funçãox

ConfiabilidadeOs funcionários entregam aquilo que devem entregar (qualidade e requisitos do

trabalho)x

Empatia/ Atmosfera Os atendentes são atenciosos/ corteses/ simpáticos com os clientes x

Os atendentes têm disponibilidade de tempo para um atendimento adequado

(quantidade bem dimensionada)x

Já houve reclamação de falta de funcionários em horários específicos x

Competência A linguagem utilizada pelos atendentes é adequada x

Competência Os pedidos solicitados são entregues com um tempo adequado x

Confiabilidade Os pedidos solicitados são entregues com uma qualidade adequada x

Empatia/ Atmosfera As instalações físicas são visualmente agradáveis x

Confiabilidade As comidas entregues aos clientes estão de acordo com sua descrição no cardápio x

ConfiabilidadeA publicidade nos escritórios da região é condizente com o estabelecimento e com o

que ele oferecex

DisponibilidadeO estabelecimento possui alimentos/produtos disponíveis para servir os

pratos/bebidas presentes no cardápiox

Possui bom custo-benefício x

O cliente recomendaria o restaurante x

O cliente sai satisfeito x

GAP 4

Perguntas gerais

Rapidez GAP 1 / GAP 2

Entender/ Conhecer

Entender/ Conhecer

Flexibilidade

Competência

GAP 3

Disponibilidade

Avaliação

102

APÊNDICE D – Questionário respondido pelos consumidores– 5 Gaps

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