avaliaÇÃo e identificaÇÃo de contaminantes quÍmicos …

122
MESTRADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E HIGIENE OCUPACIONAIS Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS NO PROCESSO DE AGLOMERAÇÃO DE CORTIÇA COM BORRACHA Ana Patrícia Ferreira Pêgas da Cruz Orientador: Professora Joana Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) Coorientador: Eng. Nuno Miguel Leonardo Moreira (Amorim Cork Composites) Arguente: Professora Paula Machado de Sousa Carneiro (Universidade do Minho) Presidente do Júri: Professor João Santos Baptista (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) ___________________________________ 2018 _____________________________________________________________________________ Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL VoIP/SIP: [email protected] ISN: 3599*654 Telefone: +351 22 508 14 00 Fax: +351 22 508 14 40 URL: http://www.fe.up.pt Correio Eletrónico: [email protected]

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Page 1: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

MESTRADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E HIGIENE

OCUPACIONAIS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre

Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE

CONTAMINANTES QUÍMICOS NO PROCESSO

DE AGLOMERAÇÃO DE CORTIÇA COM

BORRACHA

Ana Patrícia Ferreira Pêgas da Cruz

Orientador: Professora Joana Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)

Coorientador: Eng. Nuno Miguel Leonardo Moreira (Amorim Cork Composites)

Arguente: Professora Paula Machado de Sousa Carneiro (Universidade do Minho)

Presidente do Júri: Professor João Santos Baptista (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)

___________________________________ 2018

_____________________________________________________________________________

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

VoIP/SIP: [email protected] ISN: 3599*654

Telefone: +351 22 508 14 00 Fax: +351 22 508 14 40

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Page 2: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

II

Page 3: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

"The only way to do great work is to love what you do.”

Steve Jobs

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IV

Page 5: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais e ao meu irmão, por estarem sempre do meu

lado em todos os momentos da minha vida e por sempre me apoiarem em todo o meu percurso.

Sem eles, isto não seria possível. Agradeço ainda a toda a minha restante família por estarem

sempre ao meu lado.

À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em particular aos professores do

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais, em especial ao professor João

Santos Baptista e à minha orientadora, Joana Guedes, por todos os ensinamentos e pela

oportunidade de realização deste estágio. À minha orientadora, um especial agradecimento por

todo o carinho, disponibilidade e apoio prestados durante a realização do estágio e da dissertação.

A toda a equipa da Amorim Cork Composites por permitirem que este estágio fosse

possível, em especial ao meu orientador, Nuno Moreira, por todo o apoio, paciência, auxílio e

disponibilidade para a resolução de todas as questões que surgiram ao longo do estágio.

À Ana Sousa e à Patrícia Oliveira, agradeço por toda a amizade, carinho e apoio prestados

durante todo o meu percurso.

Aos meus amigos e aos colegas da FCUP e da FEUP, agradeço por me acompanharem

durante todo o meu percurso académico e por o tornarem inesquecível.

A todos um sincero e carinhoso,

Muito obrigada.

Page 6: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

VI

Page 7: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

RESUMO

O presente estudo com o tema “Avaliação e identificação de contaminantes químicos no

processo de aglomeração de cortiça com borracha” foi realizado na Amorim Cork Composites,

mais especificamente na secção Cork Rubber Materials (CRM), onde é utilizado um enorme

conjunto de produtos químicos que poderão ser prejudiciais à saúde dos colaboradores. Desta

forma, pretendeu-se então investigar o potencial perigo associado aos componentes químicos dessa

secção.

O principal objetivo deste estudo passou pela avaliação e identificação dos componentes

químicos presentes em todo o processo de aglomeração de cortiça com borracha. Os objetivos

específicos dizem respeito à identificação de possíveis contaminantes químicos libertados durante

o processo, à identificação das fases do processo nas quais há libertação de contaminantes

químicos, à descrição de todo o processo, através de estudos anteriormente realizados, de forma a

que se estime previamente quais os contaminantes que se formam durante o sistema, comparando

posteriormente com os valores da monitorização realizada, para futura análise de resultados e

interpretação dos mesmos, à identificação de zonas e pontos críticas(os), à identificação de

colaboradores mais expostos, à compreensão de quais as consequências/efeitos da possível

formação destes contaminantes na saúde dos colaboradores que se encontram expostos e à

definição de estratégias corretivas/preventivas.

Este estudo divide-se em várias etapas, passando por: inventário (produtos químicos,

borrachas, óleos, e respetivas Fichas Dados de Segurança), identificação de trabalhadores mais

expostos e postos de trabalho mais críticos, avaliação da produção do setor do ano de 2017,

consulta aos trabalhadores, monitorização química, obtenção e interpretação de resultados e

definição de medidas corretivas/preventivas.

Os resultados obtidos revelam que nenhum dos valores monitorizados se encontra superior

aos valores-limite de exposição estabelecidos pela NP 1796:2014 e que, na sua maioria, os agentes

devem ser monitorizados até 64 semanas desde a data da presente monitorização. Em relação às

partículas (totais e respiráveis) de duas referências, e analisado o efeito aditivo das mesmas, estas

devem ser monitorizadas até 32 semanas, sabendo que o valor de encontra entre ¼ e ½.

Verificou-se que os agentes que carecem de maior atenção são 1,3-butadieno, Estireno e

N-nitrosaminas e que as fases do processo a priorizar passam por misturadores abertos e fechados

e estufas. Deve ser dada uma especial atenção aos fatores potencialmente condicionantes,

nomeadamente o consumo de tabaco e os postos de trabalho. Os efeitos toxicológicos identificados

nos agentes monitorizados passam por doenças cancerígenas, efeitos no trato respiratório (inferior

e superior) e neuropatias. Deve ser dada uma importante atenção à implementação de medidas de

prevenção e correção, seguindo sempre uma correta ordem hierárquica.

Palavras-chave: Cortiça, borracha, indústria, risco, doença/perigo, químic*, nitrosamina*,

exposição ocupacional, carcinogénico*.

Page 8: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

VIII

Page 9: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ABSTRACT

The present study with the theme "Evaluation and identification of chemical contaminants

in the process of cork and rubber agglomeration" was carried out at Amorim Cork Composites,

more specifically in the section of Cork and Rubber Materials (CRM), where a huge set of

chemicals is used, which may be harmful to the health of employees. In this way, it was intended

to investigate the potential hazard associated with the chemical components of this section.

The main objective of this work went through the evaluation and identification of chemical

components presents in the whole process of cork and rubber agglomeration. The specific

objectives are: the identification of possible chemical contaminants released during the process,

the identification of the stages of the process in which the are release of chemical contaminants,

the description of the whole process, through studies previously carried out, in order to estimate

what contaminants are formed during the system, comparing it with the values of the monitoring

carried out for future analysis of results and interpretation thereof, the identification of critical

places and points, the identification of more exposed workers, in order to understand the

consequences/effects of the possible formation of these contaminants on the health of employees

who are exposed and the definition of corrective/preventive strategies.

The study is divided into several stages, passing by: inventory (chemicals, rubbers, oils,

and respective safety data sheets), identification of exposed workers and critical workstation,

sector productivity assessment for the year 2017, chemical monitoring, collection and

interpretation of results and definition of corrective/preventive measures.

It has been found that the agents It has been found that the most demanding agents are 1,3-

butadiene, Styrene and N-nitrosamines and that the prioritized process steps pass through open

and closed mixers and greenhouses. Particular attention should be given to potentially conditioning

factors such as tobacco consumption and workstation. The toxicological effects identified in the

monitored agents are due to cancerous diseases, effects on the respiratory tract (lower and upper)

and neuropathies. Important attention should be given to the implementation of prevention and

correction measures, always following a correct hierarchical order.

Keywords: Cork, rubber, industry, risk, disease/disorder/hazard, chemic*, nitrosamine*,

occupational exposure, carcinogen*.

Page 10: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

X

Page 11: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3

1.1 O Grupo Amorim.............................................................................................................. 5

1.2 Amorim Cork Composites ................................................................................................ 6

1.3 Processo produtivo ........................................................................................................... 7

2 ESTADO DA ARTE .............................................................................................................. 15

2.1 Enquadramento Legal e Normativo ................................................................................ 15

2.1.1 Enquadramento Legal em Estabelecimentos Industriais ........................................... 16

2.1.2 Exposição Química Ocupacional .............................................................................. 17

2.2 Higiene Industrial ........................................................................................................... 19

2.2.1 Tipos e Classes de Contaminantes ............................................................................ 19

2.2.2 Substâncias Cancerígenas ......................................................................................... 20

2.2.3 Vias de Contaminação e Consequências para a Saúde ............................................. 21

2.3 Conhecimento científico ................................................................................................. 22

2.3.1 Indústria da borracha ................................................................................................. 22

2.3.2 Revisão sistemática ................................................................................................... 25

3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO........................................................................................ 33

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 35

4.1 Metodologia .................................................................................................................... 35

4.1.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos ..................................................... 35

4.1.2 Avaliação processo produtivo ................................................................................... 35

4.1.3 Avaliação da produção do setor no ano de 2017 ....................................................... 36

4.1.4 Consulta aos trabalhadores ........................................................................................ 36

4.1.5 Monitorização química .............................................................................................. 36

4.1.6 Obtenção e interpretação de resultados ..................................................................... 37

4.1.7 Definição de medidas corretivas/preventivas ............................................................ 37

5 RESULTADOS ...................................................................................................................... 41

5.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos .......................................................... 41

5.2 Avaliação do processo produtivo ................................................................................... 41

5.3 Avaliação da produção do setor do ano de 2017 ............................................................ 42

5.4 Consulta aos trabalhadores ............................................................................................. 42

Page 12: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

XII

5.5 Monitorização química ................................................................................................... 43

5.6 Fatores potencialmente condicionantes .......................................................................... 45

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 47

6.1 Medidas corretivas/preventivas ...................................................................................... 50

6.1.1 Medidas Técnicas ...................................................................................................... 51

6.1.2 Medidas de Formação/Informação............................................................................ 51

6.1.3 Medidas Organizacionais .......................................................................................... 52

6.1.4 Medidas de Vigilância Médica ................................................................................. 52

6.1.5 Medidas de Proteção Coletiva ................................................................................... 53

6.1.6 Medidas de Proteção Individual ................................................................................ 53

7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .................................................................... 55

7.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 55

7.2 PERSPETIVAS FUTURAS ........................................................................................... 56

8 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 57

9 ANEXOS .................................................................................................................................. 1

I. Classes de perigo ................................................................................................................. 1

II. Análise de artigos ................................................................................................................ 5

III. Inventário de produtos (CRM) ....................................................................................... 27

IV. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2) ................................................... 29

V. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0) ...................................................... 30

VI. Produção do ano de 2017 (CRM) ................................................................................... 31

VII. Resultados obtidos nas monitorizações .......................................................................... 36

VIII. Fatores potencialmente condicionantes .................................................................... 39

Page 13: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ÍNDICE DE EQUAÇÕES

1. Cálculo do efeito aditivo ........................................................................................................... 44

2. Cálculo da dose ......................................................................................................................... 48

Page 14: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

XIV

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Logotipo Amorim Cork Composites ................................................................................ 6

Figura 2. Distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos. .......................................... 7

Figura 3. Processo de vulcanização da borracha. .......................................................................... 23

Figura 4. PRISMA 2009 Flow Diagram ....................................................................................... 27

Figura 5. Metodologia aplicada para a realização do estudo. ....................................................... 35

Figura 6. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2) ................................................... 29

Figura 7. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0) ................................................... 30

Page 15: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Evolução da participação das doenças profissionais, em Portugal (2009-2016) ........... 4

Gráfico 2. Número de Doenças Profissionais certificadas por secção de CAE, em 2016 (%) ....... 4

Gráfico 3. Percentagem de fumadores e não fumadores na CRM. ............................................... 46

Gráfico 4. Antiguidade dos colaboradores no setor CRM (em anos). .......................................... 46

Page 16: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …
Page 17: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Evolução de Doenças profissionais certificadas, por fator de risco (2009 - 2016). ........ 5

Tabela 2. Tipo de reação do sistema.. ........................................................................................... 24

Tabela 3. Planeamento inicial. ...................................................................................................... 43

Tabela 4. Referências monitorizadas. ........................................................................................... 43

Tabela 5. Planeamento da monitorização. ..................................................................................... 44

Tabela 6. Número de colaboradores por posto de trabalho. .......................................................... 45

Tabela 7. Classes de perigo e respetivos pictograma, descrição e recomendações de prudência ... 1

Tabela 8. Análise dos artigos recolhidos. ........................................................................................ 5

Tabela 9. Produtos químicos e borrachas utilizados na CRM. ...................................................... 27

Tabela 10. Produção do ano de 2017 (CRM). ............................................................................... 31

Tabela 11. Resultados obtidos nas monitorizações. ...................................................................... 36

Tabela 12. Recolha de dados de fatores potencialmente condicionantes. ..................................... 39

Page 18: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

XVIII

Page 19: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

GLOSSÁRIO

ACC – Amorim Cork Composites

BA – Butiraldeído Anilina

BD – Butadieno

CAE – Classificação das Atividades Económicas

CE – Cenário de Exposição

CR – Cork Rubber

CRM – Cork Rubber Materials

DBTU – Dibutilo Tioureia

DETU – Dietileno Tioureia

DMDTC - Dimetilditiocarbamato

DOP – Di-octil-ftalato

DOTG – Di-o-Tolilguanidina

DPG – Difenil Guanidina

DPTU – Difenilo Tioureia

DPTT – Tetrassulfureto de Dipententametileno Tiurame

ECHA – European Chemicals Agency

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

ETU - Etileno Tioureia

FDS – Ficha de Dados de Segurança

GHS – Globally Harmonized System

GMT – Grain Materials Technology

HMTA - Hexametileno Tetramina

IARC – International Agency for Research on Cancer

IPPD - N-isopropil-n-fenilparapenilenodiamina

IPV – Inibidores de Pré-vulcanização

LHC – Linfocemopoiético

MBS - 2-Morfolino Benzotiazilo Sulfenamida

MBSS – 2-(4-Morfolinil-Ditio-Benzotiazol)

MBT - 2-mercaptobenzothiazole

MBTS - 2-2’-Ditiobis(benzotiazole)

Page 20: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

XX

MN - Micronúcleo

MM - Mieloma Múltiplo

MPTD – Dissulfureto de Dimetildifenil Tiurame

NHL - Linfoma “Não Hodgkin”

OTBG - Orto-Tolil Bi-Guanidina

OTOS – N-Oxidietileno Tiocarbamil-N’-Oxidietileno Sulfenamida

PAH - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

PBN - Fenil-bnaftilamina

PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis

PVI – Inibidores de Pré-vulcanização

REAI – Regime de Exercício da Atividade Industrial

SIR – Sistema da Indústria Responsável

STY – Estireno

SVHC – Substances of Very High Concern

TBSI - N-t-Butil-2-Benzotiazol Sulfenimida

TBzTD – Dissulfureto de Tetrabenzilo Tiurame

TETD – Dissulfureto de Tetra-Etil Tiurame

TTCA - 2-thiothiazolidine-4-carboxylic

TMTD - Tetrametiltiuram dissulfeto

TMTM - Tetrametiltiuram monossulfeto

TMTU – Trimetil Tioureia

UBC - Carcinoma da Bexiga Urotelial

VLE – Valor-limite de exposição

VLE-CD – Valor-limite de exposição – Curta Duração

VLE-CM – Valor-limite de exposição – Concentração Máxima

VLE-MP – Valor-limite de exposição – Média Ponderada

ZBEC – Dibenziletil Ditiocarbamato de Zinco

ZBPD – Dibutilo Ditiofosfato de Zinco

ZDBC – Dibutilo Ditiocarbamato de Zinco

ZDEC – Dietilo Ditiocarbamato de Zinco

ZDMC – Dimetilo Ditiocarbamato de Zinco

Page 21: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ZEPC – Etil Fenil Ditiocarbamato de Zinco

ZIX - Isopropil Xantato de Zinco

ZMBT - 2-Mercaptobenzotiazolato de Zinco

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Page 23: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

PARTE 1

Page 24: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …
Page 25: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

1 INTRODUÇÃO

A Dissertação do presente projeto realizou-se nas instalações da Amorim Cork Composites,

mais especificamente no setor da aglomeração de cortiça com borracha, e teve como tema

“Avaliação e identificação de contaminantes químicos no processo de aglomeração de cortiça

com borracha”, sendo que a principal questão que se pretende resolver é “Quais os contaminantes

químicos que se formam durante o processo de aglomeração de cortiça com borracha?”,

pretendendo-se que se fique a conhecer mais sobre a exposição à qual os colaboradores daquela

área estão expostos, de forma a que se possa melhorar as condições de segurança e saúde de toda

a área laboral.

O regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho (Lei nº

102/2009, de 10 de setembro), de acordo com o previsto no artigo 284º do Código do Trabalho,

atribui ao empregador a obrigação de assegurar ao trabalhador condições de segurança e saúde em

todos os aspetos do seu trabalho.

Em Portugal, a indústria transformadora revela-se como sendo dos setores com mais

sinistralidade e com mais incidência de doenças profissionais. Toda a doença contraída pelo

trabalhador na sequência de uma exposição a um ou mais fatores de risco presentes na atividade

profissional, nas condições de trabalho e/ou nas técnicas usadas durante o trabalho designa-se por

“doença profissional”. O Decreto Regulamentar nº 76/2007, de 17 de julho, publica a “Lista de

Doenças Profissionais”, que integra 5 capítulos distintos: doenças provocadas por agentes

químicos, doenças no aparelho respiratório, doenças cutâneas e outras, doenças provocadas por

agentes físicos, doenças infeciosas e parasitárias1.

Segundo o Relatório de Atividades apresentado à Assembleia da República em relação à

Segurança e Saúde no Trabalho do ano de 2016, o número de doenças profissionais participadas

obrigatoriamente tem vindo a aumentar desde 2012, apesar de ter sofrido uma quebra no ano de

2016, sendo o total de certificações de doenças profissionais de 4.189, tal como se pode verificar

no Gráfico 1.

1 https://www.dgs.pt/saude-ocupacional/doencas-profissionais-e-acidentes-de-trabalho/doencas-profissionais.aspx

(Consultado a 18/01/2018)

Page 26: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

4

Gráfico 1. Evolução da participação das doenças profissionais, em Portugal (2009-2016)

Fonte: Departamento de Prevenção e Riscos Profissionais – DPRP (2017)

Em 2016, as doenças profissionais certificadas por CAE, identificam que nas Indústrias

Transformadoras os números correspondem a mais de 50% do total anual, podendo-se isto

comprovar através dos dados do Gráfico 2.

Gráfico 2. Número de Doenças Profissionais certificadas por secção de CAE, em 2016 (%)

Os riscos profissionais são inerentes ao ambiente ou ao processo operacional das diferentes

atividades. Revelam as condições inseguras do trabalho que afetam a saúde, a segurança e o bem-

estar do trabalhador. Os agentes químicos fazem parte dos fatores de risco que podem levar à

origem de doenças profissionais (Tabela 1) e estão presentes no quotidiano dos consumidores e do

1,11 1,54

50,73

0,19 0,78 3,29

10,22

1,99 4,420,31 0,71 0,35 0,64

3,90 1,66 0,97

9,58

0,31 2,890,00 0,00

4,40

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

Nº de doenças profissionais certificadas por CAE, em 2016 (%)

Page 27: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

mundo empresarial, cabendo às empresas que utilizam estes produtos garantir a segurança da saúde

humana e proteção do ambiente2.

Tabela 1. Evolução de Doenças profissionais certificadas, por fator de risco (2009 - 2016).

Fonte: Departamento de Prevenção de Riscos Profissionais – DPRP (2017)

FATOR DE RISCO 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Doenças provocadas por agentes químicos 8 11 9 7 5 3 0 5

Doenças do aparelho respiratório 339 267 278 237 287 241 128 190

Doenças cutâneas 68 52 57 20 32 100 20 113

Doenças infeciosas e parasitárias 33 26 19 17 35 19 12 17

Doenças provocadas por agentes físicos 3060 2904 3670 2416 3190 2809 3565 3850

Outros agentes causadores de doenças 32 35 13 15 11 20 8 14

Total 3508 3260 4033 2697 3549 3172 3725 4189

Na Tabela 1 percebemos que os agentes químicos são um dos fatores que poderá levar à

ocorrência de doenças profissionais. São várias as doenças que se podem desenvolver por

exposição excessiva e descontrolada a diferentes substâncias químicas utilizadas nos processos

industriais, nomeadamente: ulceração cutânea, dermatite de contacto ou traumática, conjuntivite,

síndroma neurológico, perturbações digestivas agudas, osteosclerose, hemoglobinúria, intoxicação

aguda/subaguda/crónica, anemia, leucemia, perturbações gastrointestinais, hepatite tóxica,

cianose, asma brônquica, tumores, perturbações oculares, auditivas e neurológicas, amnésia, entre

muitas outras que se encontram designadas na Lista de Doenças Profissionais3 (Decreto

Regulamentar nº 76/2007, de 17 de julho).

Desta forma, propõe-se a realização do presente projeto de forma a que se possa conhecer

e reduzir os riscos para a saúde associados a agentes químicos neste local de trabalho.

1.1 O Grupo Amorim

O Grupo Amorim é uma das maiores, mais empreendedoras e dinâmicas multinacionais de

origem portuguesa4. A Corticeira Amorim é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e a

mais internacional das empresas portuguesas. Lidera todo o setor, contribuindo, como nenhuma

2 http://www1.ipq.pt/PT/Normalizacao/FerramentasPME/Documents/Guia_Quimicos_Web.pdf (consultado a

11/01/2018)

3 https://dre.pt/application/conteudo/636180 (consultado a 11/01/2018)

4 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/grupo-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)

Page 28: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

6

outra, para a economia e para a inovação da fileira da cortiça5. Teve origem no negócio da cortiça,

em 1870, percecionando o potencial infinito desta matéria-prima 100% natural. Devido ao seu

enorme crescimento, o Grupo tem apostado na diversificação da sua atuação, através do

investimento em setores e áreas geográficas com elevado potencial de rentabilidade, sendo

destacado em setores como o imobiliário, o financeiro, as telecomunicações e o turismo.

Como produtos finais destacam-se aplicações na indústria vinícola e espirituosos, com as

rolhas dos melhores vinhos, os mais diversos objetos do quotidiano (bancos, candeeiros

individuais, bases para panelas, entre outros), artigos de desporto olímpico, absorventes de óleos

e solventes orgânicos, obras de referência mundial, tendo também contribuições na indústria do

calçado, na construção e infraestruturas, na arquitetura e design, na indústria aeroespacial, nos

transportes e energia e no desporto6.

A Corticeira Amorim, contando com mais de 3500 colaboradores, responsável por 35% da

transformação mundial de cortiça, divide-se em cinco unidades de negócio: Matérias primas

(Amorim Natural Cork), Rolhas (Amorim & Irmãos), Aglomerados Compósitos (Amorim Cork

Composites), Revestimentos (Amorim Revestimentos) e Isolamentos (Amorim Isolamentos).

Atualmente, é uma das empresas portuguesas mais dispersas internacionalmente, operando em

mais de uma centena de países distribuídos pelos cinco continentes.

1.2 Amorim Cork Composites

A Amorim Cork Composites, ACC, é a Unidade de Negócios da Corticeira Amorim

responsável pela produção de aglomerados compósitos e é considerada

a mais tecnológica do universo da Corticeira Amorim7. Referência

internacional na pesquisa, desenvolvimento e produção de novas

soluções de compósitos de cortiça, tem entre os seus principais clientes

algumas das indústrias mais exigentes do mundo em termos de

qualidade8. Atualmente, a ACC conta com uma equipa de cerca de 600

colaboradores dispersos por várias regiões geográficas9. A Amorim

Cork Composites fornece soluções de última geração para o setor dos

transportes, aplicações inovadoras para o setor de construção,

componentes avançados para a indústria aeroespacial e um portfólio

incomparável de produtos de design para casa e escritório, entre muitas outras aplicações.

O presente estudo foi na Amorim Cork Composites, na secção Cork Rubber Materials

(CRM). Esta secção está na Amorim Cork Composites há cerca de 3 anos, encontrando-se

5 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)

6 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/grupo-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)

7 https://www.amorim.com/unidades-de-negocio/aglomerados-compositos/ (consultado a 27/12/2017) 8 http://www.amorim.com/xms/files/Documentacao/About_cork_Composites_low.pdf (consultado a 27/12/2017)

9 http://www.amorimcorkcomposites.com/pt/sobre-nos/carreiras/ (consultado a 27/12/2017)

Figura 1. Logotipo Amorim

Cork Composites

Page 29: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

anteriormente em Corroios (Seixal, Setúbal), sendo por isso muito recente nas novas instalações.

A Figura 1 apresenta o logotipo da empresa.

1.3 Processo produtivo

Na divisão CRM (Cork Rubber Materials) são aglomerados compósitos de cortiça com

borracha, obtendo-se uma massa consistente em forma de bloco (Linha 1 – Cork Rubber 1), em

forma de cilindro (Linha 2 – Cork Rubber 2) ou em forma de folha.

Nesta secção produtiva são então produzidos blocos e cilindros (calandrados e ply-ups). Para

tal, são produzidos outros produtos que se aglomeram por forma a que se obtenha o produto final.

Para a obtenção de blocos e/ou cilindros, são necessários os seguintes produtos: mistura mãe

(pigs), cortiça, produtos químicos e ainda óleos (Di-octil-ftalato e/ou aromático, dependendo da

mistura). Para que se possa obter toda e qualquer massa, é necessária a mistura mãe (pigs), que

contém: borracha, óleos (aromático e/ou DOP) e produtos químicos. A linha das Folhas Curadas

à Espessura, por norma, é apresentada acoplada à linha Cork Rubber 2, sendo que todas as

referências que para lá são encaminhadas são produzidas na linha 2, para posteriormente serem

transformadas.

No que diz respeito aos horários de produção, estes funcionam durante as 24 horas diárias,

sendo divididas em 3 turnos:

• Turno 1: 6h00 – 14h00 (16 operadores);

• Turno 2: 14h00 – 22h00 (13 operadores);

• Turno 3: 22h00 – 6h00 (13 operadores).

A Figura 2 indica a distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos:

Figura 2. Distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos.

O processo produtivo de ambas as linhas dá-se na vertical, do piso mais superior para o mais

inferior. Chegando ao piso 0, o processo continua em cadeia pelos diversos equipamentos.

CR1Blocos

Turnos 1, 2 e 3

CR2Cilindros

Turno 1

Cilindros calandrados

Ply-up

Turnos 2 e 3

Mistura mãe

FCE’sFolhas Curadas à

Espessura

Turnos 1, 2 e 3

Page 30: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

8

Linha 1 – Cork Rubber 1 (CR1)

Piso 5 - Ciclones

No primeiro piso podemos encontrar um conjunto de ciclones no exterior. Estes ciclones são

responsáveis pelo armazenamento temporário de granulado que chega, através de condutas, da

secção GMT (Grain Materials Technology). Cada ciclone armazena granulado de diferente

granulometria e permitem ainda que o material seja filtrado no seu interior. Este local não é

considerado um posto de trabalho, ou seja, não existe aqui nenhum colaborador em permanência

a realizar alguma atividade. Apenas são realizadas manutenções periódicas.

Piso 4 – Mini silos

Neste piso podemos encontrar quatro mini silos, os quais contêm granulado de diferentes

dimensões, tal como os ciclones do piso superior. Estes mini silos fazem o doseamento de

granulado para a balança que se encontra no piso logo abaixo. Tal como o piso dos ciclones, este

local também não é posto de trabalho, sendo apenas frequentado para possíveis manutenções e

verificações de correto funcionamento.

Piso 3 – Balança de granulados e cacifos de produtos químicos

No piso 3 podemos encontrar a balança de granulados, a qual faz a pesagem de granulado

necessário para a massa a realizar, fazendo-a chegar ao piso inferior através de um tapete

transportador. Neste piso é possível encontrar um local de armazenagem temporária de

embalagens de produtos químicos, as quais são utilizadas para a reposição dos cacifos das balanças

dos químicos que são utilizadas no piso 2. Este local, tal como os dois pisos anteriores, também

não é considerado um posto de trabalho, apesar do colaborador se deslocar a este local todos os

dias para efetuar a reposição dos cacifos e uma rápida limpeza da balança sempre que há troca de

granulometrias, de forma a que não haja contaminação por granulados de diferentes tamanhos.

Piso 2 – Abastecimento de produtos no Banbury

Neste local são realizadas diversas tarefas, nomeadamente de alimentação do Banbury

(misturador fechado onde ocorre a mistura de todos os componentes). São então abastecidos os

produtos químicos, o granulado de cortiça (que chega do piso superior), os óleos (DOP e/ou

aromático) e a mistura mãe (que contém a borracha). Neste local encontra-se um colaborador em

permanência que realiza o controlo e o abastecimento de todos os produtos. Com a ajuda de um

computador é possível programar o doseamento de granulado, de produtos químicos e de óleos.

No que diz respeito ao abastecimento dos produtos químicos, é aqui que se localizam as balanças

dos mesmos. O colaborador coloca um saco num recipiente que se encontra na balança. Esta

balança movimenta-se até aos cacifos, ocorrendo então a descarga dos mesmos. Depois disso, volta

à posição inicial e a celha é colocada num tapete transportador para posterior descarga no Banbury.

Em relação ao granulado de cortiça, este é doseado no piso superior e depositado assim que o

Page 31: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

colaborador o permitir. No que respeita aos óleos (DOP e/ou aromático), estes são doseados

automaticamente a partir do computador, não havendo qualquer contacto do colaborador com os

mesmos. Neste piso é ainda abastecida a mistura mãe. Depois de todos os produtos estarem

preparados para serem adicionados à mistura, estes são colocados no tapete transportador que faz

a ligação à porta de abastecimento do Banbury, excluindo o granulado e os óleos que são

abastecidos automaticamente pelas respetivas balanças.

Piso 1 – Banbury

Neste piso é possível encontrar o Banbury. Neste equipamento, os materiais introduzidos no

piso superior são triturados pelos rotores existentes no seu interior, sendo misturados entre eles e

submetidos a elevadas temperaturas. Este local não é designado posto de trabalho, sendo que os

colaboradores (essencialmente o que se encontra no comando do Banbury) apenas se deslocam a

este piso para inspeção visual e para limpeza do Banbury.

Piso 0 – Tratamento da mistura final

Quando, no interior do Banbury, os produtos atingem a temperatura necessária e/ou é

alcançado o tempo limite de mistura, a porta de descarga é aberta e toda a massa cai sobre o

primeiro misturador (Misturador Aberto 1 – MAB01). Neste local, inicia-se o processo de

moldação nas calandras de forma a que se possa obter uma massa consistente e homogénea. Depois

de devidamente misturada e de se obter uma massa com uma consistência suficientemente boa

para que se possa efetuar o seu transporte, a mesma é colocada num tapete transportador que a

levará para o próximo misturador (Misturador Aberto 2 – MAB02). Este misturador é o

responsável por tornar a massa o mais homogénea possível. Após a mistura, a massa, agora em

forma de tira, é colocada num tapete transportador, que a

levará até uma guilhotina, por forma a que a massa seja

cortada. Depois de cortada na guilhotina, esta folha é

colocada numa mesa de empilhamento. Quando atingido o

número de folhas pretendido na mesa de empilhamento, a

mesma é transportada até à prensa de corte. Na prensa de

corte, existe um cortante com as dimensões exatas do molde

que será utilizado. Depois de colocada a chapa no devido

lugar, sob a prensa de corte, procede-se então ao corte de todo

o conjunto de folhas. Depois do bloco devidamente pesado,

a chapa que o contém avança para uma mesa elevatória, que

o levará para o local de molde: prensa de molde e desmolde.

Depois de moldado, o bloco segue para a zona das estufas,

onde ocorrerá a vulcanização, por intermediário de um

manípulo que o colocará num carro transportador. Esse carro

transportador faz chegar os moldes às vagonas, que têm

como função transportar os blocos empilhados para o interior das estufas, num total de 35 blocos

por estufa. O tempo do processo de vulcanização e do arrefecimento do bloco dependem do tipo

Figura 3. Blocos

Page 32: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

10

de massa em questão. Depois de arrefecido, o bloco é transportado pelas vagonas e pelos carros

transportadores até à Prensa de Molde e Desmolde, desta vez para serem desmoldados. Depois de

desmoldados, estão prontos para serem transportados para o local de armazenamento de produtos

finais (Figura 3).

Linha 2 - Cork Rubber 2 (CR2)

A linha 2 é bastante mais complexa do que a linha 1, subdividindo-se no piso 0 (a partir do

Gumix) em Ply-ups, cilindros calandrados ou mistura mãe. Sendo que apenas é possível a produção

independente destes produtos.

Piso 5 – Ciclones

Neste piso, tal como na linha 1, é onde se pode observar a presença de ciclones, variando

apenas em número. Tal como na linha 1, este local também não é considerado posto de trabalho.

Os colaboradores apenas se deslocam a este local para realizar manutenções.

Piso 4 – Mini silos

Neste piso podemos encontrar oito mini silos, os quais contêm granulado de diferentes

dimensões, tal como os ciclones do piso superior. Estes mini silos fazem o doseamento de

granulado para a balança que se encontra no piso logo abaixo. Tal como o piso dos ciclones, este

local também não é posto de trabalho, sendo apenas frequentado para possíveis manutenções e

verificações de correto funcionamento. Ao contrário da linha 1, existem produtos químicos

presentes nestes silos, que são introduzidos automaticamente no Banbury, assim como o

granulado.

Piso 3 – Balança de granulados e cacifos de produtos químicos

Neste piso, o processo é idêntico ao da linha 1, sendo apenas distinto em relação ao número

de cacifos de produtos químicos existentes neste piso. Todos eles estão associados a um carrinho

transportador no piso 2 que realiza a pesagem dos mesmos para posterior introdução no interior

do Banbury.

Piso 2 – Abastecimento de produtos no Banbury

Neste piso são então controlados e introduzidos todos os componentes das misturas:

granulado, produtos químicos vindos dos silos, produtos químicos provenientes dos cacifos, óleos

(DOP e/ou aromático) bem como borrachas, dependendo sempre daquela que é a mistura final.

Ainda neste local, e dada a necessidade de introdução de borrachas (que não são realizadas na

linha 1 tendo em conta que apenas são utilizadas para a mistura mãe), existe uma guilhotina que

permite o corte das mesmas, tendo sempre em conta o peso necessário para a mistura. Tal como

na linha 1, neste piso da linha 2 também são introduzidos produtos químicos através de um carro

com uma balança incorporada que percorre todos os cacifos de químicos. Neste local existe um

Page 33: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

maior número de cacifos, tendo em conta que aqui é produzida a mistura mãe, ao contrário do que

se passa na linha 1. Para além disto, são ainda introduzidos os óleos, o granulado e os produtos

químicos vindos do piso superior. Todos estes produtos são colocados num tapete que se

movimenta em direção à porta de alimentação do Banbury.

Piso 1 – Banbury

Neste piso é possível encontrar-se o Banbury. Este Banbury é idêntico ao da linha 1,

ocorrendo no seu interior o mesmo processo. Este local não é designado posto de trabalho, sendo

que os colaboradores (essencialmente o que se encontra no comando do Banbury) apenas se

deslocam a este piso para inspeção visual e para limpeza do Banbury.

Piso 0 – Tratamento da mistura final

Depois de ser aberta a porta de descarga do Banbury, a mistura cai na câmara de descarga

do Misturador Aberto 5 (Gumix), onde será aberta uma nova porta que fará a descarga para as

calandras do misturador. Aqui o processo é semelhante aos misturadores abertos da linha 1.

• Ply-ups

Depois de passar pelo Gumix, a mistura segue para um tapete transportador que a levará

para um novo misturador. Depois disso, a mistura segue até uma guilhotina, onde será cortada em

folhas e colocada na mesa de empilhamento. Seguidamente é transportada para a prensa de corte,

onde é cortada, desta vez, em forma de círculo (“roda”), à qual é retirada o centro e os restantes

excessos. Após o corte, a massa segue para o local de molde, onde primeiro é empilhada dentro

do cilindro (cada cilindro tem a capacidade para 7 rodas). Antes de ir à estufa, o molde segue para

uma prensa que compacta o produto. Depois de moldado, segue para as estufa, onde ocorrerá a

vulcanização. Para o desmolde, o cilindro é colocado na prensa onde o cilindro foi anteriormente

compactado. Depois disto, segue para a prensa de desmolde. Posteriormente, este é transportado

para a zona de armazenagem.

• Cilindros calandrados

Após a passagem no Gumix, a mistura segue até aos misturadores aberto 7 e 8, cujas

funções são idênticas às dos misturadores anteriormente caracterizados. Depois de passar pelo

último misturador, o produto chega à guilhotina, passando pela mesma e chegando ao enrolador

(núcleo do cilindro), onde será enrolado em forma de rolo até alcançar o diâmetro estabelecido.

Quando esse valor é alcançado, a guilhotina recebe o sinal de que é necessário cortar a folha, sendo

então acionada. Depois de cortada a folha, o rolo segue para uma balança onde é pesado.

Posteriormente, segue para a prensa de molde e desmolde para ser moldado. Depois disso, o molde

segue para as estufas, onde o produto sofrerá a vulcanização. Seguidamente, os moldes regressam

Page 34: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

12

à prensa de molde e desmolde, desta vez para serem desmoldados. O manipulador leva o produto,

já sem o molde, para o sacador de núcleos, de forma a que lhe seja retirado o núcleo que se encontra

no interior do cilindro. Quando já se encontra sem núcleo, o cilindro (Figura 4) é transportado para

a zona de armazenagem.

Figura 4. Cilindros Calandrados.

• Mistura mãe

Depois de passar pelo Gumix, a mistura segue para um tapete transportador, onde será

enrolado manualmente em forma de rolo (pig) e cortado dependendo do comprimento da tira que

está programado. Esse comprimento é estabelecido tendo em conta a massa que se pretende.

Depois de cortado, segue então para uma balança para que o produto esteja dentro dos parâmetros

de massa pretendidos. Posteriormente, a mistura é embalada e colocada numa palete para ser

armazenada e posteriormente utilizada para abastecimento nos Banbury’s (Figura 5).

Figura 5. Mistura mãe.

Page 35: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Folhas Curadas à Espessura

A massa que é trabalhada neste

processo é produzida maioritariamente na

linha 2, ocorrendo o processo até ao Gumix.

Depois disso, é colocada em misturadores

abertos, nos quais a massa tem de ser

trabalhada a frio para que possa atingir a

dureza necessária. Depois de passar pelos

misturadores, a massa é colocada numa

mesa, onde será cortada e posteriormente

pesada. Depois disso, segue para as prensas,

onde se dá a vulcanização. Depois de

retiradas das prensas, poderão já estar totalmente prontas (Figura 6) ou sofrerão uma ligeira

lixagem, de forma a que se retirem os excessos nas laterais e a que as arestas fiquem ligeiramente

arredondadas.

Figura 6. Folhas Curadas à Espessura.

Page 36: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …
Page 37: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

2 ESTADO DA ARTE

2.1 Enquadramento Legal e Normativo

O presente estudo debruçou-se sobre a indústria corticeira, a qual é abrangida pelo Decreto-

Lei nº 209/2008 que estabelece o Regime de Exercício da Atividade Industrial (REAI), com o

objetivo de prevenir os riscos e inconvenientes resultantes da exploração dos estabelecimentos

industriais, visando salvaguardar a saúde pública e dos trabalhadores, a segurança de pessoas e

bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente e um correto

ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade

social das empresas. Este decreto define a Atividade Industrial como sendo “a atividade

económica prevista na Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE — rev. 3),

aprovada pelo Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de novembro, nos termos definidos na secção 1 do

anexo I ao presente decreto-lei, do qual faz parte integrante…”. Através do Anexo I do presente

decreto-lei é possível verificar a Classificação Portuguesa das Classes Económicas (CAE – rev.

3), aprovada pelo Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro, sendo as mesmas apresentadas

por secções, divisões, grupos, classes, subclasses e respetiva designação. No que diz respeito ao

Grupo Amorim e à Amorim Cork Composites, e tendo em conta que dizem respeito à indústria

corticeira, são incluídos na Secção 1 (Atividade Industrial), Secção C (Indústria Transformadora),

Divisão 16 (Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, exceto mobiliário; fabricação de obras

de cestaria e de espartaria), Grupo 162, Classe 1621 e Subclasses 16293, 16294, 16295 (Indústria

de preparação da cortiça, Fabricação de rolhas de cortiça e Fabricação de outros produtos de

cortiça, respetivamente)10.

O Decreto-Lei nº 169/2012 cria o Sistema da Indústria Responsável, que regula o exercício

da atividade industrial, a instalação e exploração de zonas empresariais responsáveis, bem como o

processo de acreditação de entidades no âmbito deste Sistema. Os objetivos do SIR (Sistema da

Indústria Responsável) passam por prevenir os riscos e inconvenientes resultantes da exploração

dos estabelecimentos industriais, visando a salvaguarda da saúde pública e a dos trabalhadores, a

segurança de pessoas e bens, a segurança e saúde nos locais de trabalho, a qualidade do ambiente

e um correto ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de

responsabilidade social das empresas, e por promover a simplificação e desburocratização dos atos

e procedimentos da Administração Pública necessários à aplicação dos regimes jurídicos referidos

no número anterior, tendo em vista contribuir para dinamização e competitividade da indústria

nacional, num quadro de políticas de desenvolvimento económico sustentável. Este sistema

abrange as atividades industriais correspondentes às atividades económicas (CAE) elencadas no

Anexo I do Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro. Mais tarde, o Decreto-Lei nº 169/2012

foi alterado pelo Decreto-Lei nº 73/2015, de 11 de maio. A Portaria nº 279/2015, de 14 de

setembro, identifica os requisitos formais do formulário e os elementos instrutórios a apresentar

pelo interessado nos procedimentos com vistoria prévia, sem vistoria prévia e de mera

comunicação prévia aplicáveis, respetivamente, à instalação e exploração de estabelecimentos

10 https://dre.pt/pdf1s/2008/10/21000/0758107613.pdf (Consultado a 31/05/2018)

Page 38: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

16

industriais dos tipos 1, 2 e 3, e à alteração de estabelecimentos industriais, nos termos previstos no

Sistema da Indústria Responsável (SIR).

2.1.1 Enquadramento Legal em Estabelecimentos Industriais

A Portaria nº 53/71, de 3 de fevereiro, revogada pela Portaria nº 702/80, de 22 de setembro,

que tem por objetivo a prevenção técnica dos riscos profissionais e a higiene nos estabelecimentos

industriais11, faz referência aos diferentes riscos que poderão fazer parte do contexto industrial,

nomeadamente: condições atmosféricas dos locais de trabalho (capítulo II, secção III da Portaria

53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e saúde para os locais de trabalho

estão designadas no Decreto-Lei nº 347/93, de 1 de outubro), ruído (capítulo II, secção IV da

Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria

de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos agentes físicos (ruído) estão designadas no

Decreto-Lei nº 182/2006, de 6 de setembro), vibrações (capítulo II, secção IV da Portaria 53/71,

de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos

trabalhadores aos riscos devidos às vibrações mecânicas estão descritas no Decreto-Lei nº 46/2006,

de 24 de fevereiro), prevenção dos incêndios e proteção contra o fogo12 (capítulo II, secção VI

da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, o Decreto-Lei nº 224/2015, de 9 de outubro procede à primeira

alteração ao Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de novembro, que estabelece o regime jurídico da

segurança contra incêndios em edifícios), substâncias e agentes perigosos ou incómodos

(capítulo VII da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas em matéria de

proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e saúde devido à exposição a agentes

químicos no trabalhão estão descritas no Decreto-Lei nº 24/2012, de 6 de fevereiro; Regulamento

(CE) nº 1907/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro, relativo ao registo,

avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH) e que procede à criação da

Agência Europeia dos Produtos Químicos; Decreto-Lei nº 98/2010, de 11 de agosto, que estabelece

o regime a que obedece a classificação, embalagem e rotulagem das substâncias perigosas para a

saúde humana ou para o ambiente); Decreto-Lei nº 220/2012, de 10 de outubro (Classificação,

rotulagem e embalagem de substâncias e mistura); Regulamento (CE) nº 1272/2008 (CRE), de 16

de dezembro de 2008, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas),

substâncias cancerígenas (capítulo VII, secção I da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cuja

regulamentação da proteção dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes

cancerígenos ou mutagénicos durante o trabalho está descrita no Decreto-Lei nº 301/2000, de 18

de novembro), substâncias explosivas e inflamáveis (capítulo VII, secção II da Portaria 53/71,

de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da

segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de serem expostos a riscos derivados de

atmosferas explosivas estão descritas no Decreto-Lei nº 236/2003, de 30 de setembro),

equipamento de proteção individual (capítulo IX da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas

11 http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/Legislacao/LegislacaoNacional/Paginas/default.aspx (consultado a 11/01/2018) 12 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=1506 (consultado a 12/01/2018)

Page 39: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

prescrições mínimas de segurança e saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamento

de proteção individual estão descritas no Decreto-Lei nº 348/93, de 1 de outubro).

2.1.2 Exposição Química Ocupacional

Os agentes que podem afetar a saúde dos trabalhadores são de quatro tipos: químicos,

físicos, biológicos e ergonómicos. Neste trabalho serão abordados em detalhe os agentes químicos,

sendo estes o grande propósito da realização deste estudo. Agente químico é qualquer elemento

ou composto químico, isolado ou em mistura, que se apresente no estado natural, ou seja,

produzido, utilizado ou libertado, em consequência de uma atividade laboral. Segundo o Decreto-

Lei nº. 24/2012, de 6 de fevereiro, que consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção

dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e saúde devido à exposição a agentes químicos

no trabalho, um agente químico perigoso é “qualquer agente químico classificado como

substância ou mistura perigosa de acordo com os critérios estabelecidos na legislação aplicável

sobre classificação, embalagem e rotulagem de substâncias e misturas perigosas, esteja ou não a

substância ou mistura classificada nessa legislação, salvo tratando -se de substâncias ou misturas

que só preencham os critérios de classificação como perigosas para o ambiente; qualquer agente

químico que, embora não preencha os critérios de classificação como perigoso nos termos da

subalínea anterior, possa implicar riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores devido às

suas propriedades físico -químicas ou toxicológicas e à forma como é utilizado ou se apresenta

no local de trabalho, incluindo qualquer agente químico sujeito a um valor limite de exposição

profissional estabelecido no presente diploma;…”.

Toda a perigosidade que se encontra associada a um determinado agente químico pode ser

consultada na respetiva Ficha de Dados de Segurança. As FDS têm como objetivo informar o

utilizador da substância ou mistura, de forma eficaz e completa, sobre a sua perigosidade para a

saúde humana, a segurança no local de trabalho e o ambiente. O fornecedor de uma substância ou

mistura é obrigado a facultar a FDS quando essa mesma substância ou mistura é perigosa, quando

é persistente, bioacumulável e tóxica, quando suscita elevada preocupação ou quando o

destinatário solicita uma FDS. O Regulamento REACH prevê no seu artigo 35º o acesso dos

trabalhadores às informações, facultadas pelas FDS, relativamente às substâncias ou misturas que

os trabalhadores utilizem ou a que possam estar expostos na sua atividade laboral. Este

regulamento surgiu com o objetivo de melhorar o quadro legislativo comunitário em matéria de

substâncias químicas, substituindo cerca de 40 normativos. Adicionalmente, cria a Agência

Europeia dos Produtos Químicos (ECHA – European Chemicals Agency), entidade central

responsável pela gestão dos aspetos técnicos, científicos e administrativos do regulamento, a nível

comunitário, sediada em Helsínquia, na Finlândia13. Em conformidade com o disposto no artigo

31º, nº 6, a ficha de dados de segurança deve conter 16 secções e respetivas subsecções, que são

apresentadas no Anexo I do Regulamento (UE) Nº 453/2010 da Comissão de 20 de maio de 2010.

13 https://www.apambiente.pt/?ref=pf&f_faq_tema=cc0bf46308b6c045d064397a846f2faa#1139 (consultado a

09/05/2018)

Page 40: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

18

No que diz respeito às classes de perigo dos contaminantes químicos, no Anexo I é

apresentada a Tabela 7 com os pictogramas atuais e respetivas classes de perigo, descrição e

recomendações de prudência, segundo o Regulamento (CE) nº 1272/2008 (CRE), de 16 de

dezembro de 2008, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas14.

Este novo sistema de classificação e rotulagem para substâncias e misturas integra a terminologia,

os princípios e os critérios de avaliação do Sistema Mundial Harmonizado de Classificação e

Rotulagem de Produtos Químicos das Nações Unidas (GHS - Globally Harmonized System) e

assegura a coerência entre as regras de classificação e rotulagem aplicáveis à colocação no

mercado e ao transporte de mercadorias perigosas15.

Em relação à normalização implementada e que diz respeito a este tema, as normas aplicadas

passam por:

• NP 1796:2014, na qual são apresentados os valores-limite e índices biológicos de

exposição profissional a agentes químicos. Esta norma define que o valor-limite de

exposição (VLE) é a concentração de agentes químicos à qual se considera que

praticamente todos os trabalhadores possam estar expostos, dia após dia, sem efeitos

adversos para a saúde. Define ainda que o valor-limite de exposição – média ponderada

(VLE-MP) é a concentração média ponderada para um dia de trabalho de 8 h e uma

semana de 40 h, à qual se considera que praticamente todos os trabalhadores possam estar

expostos, dia após dia, sem efeitos adversos para a saúde. Na mesma norma, é ainda

definido o valor-limite de exposição – curta duração (VLE-CD) que representa a

concentração à qual se considera que praticamente todos os trabalhadores possam estar

expostos por curtos períodos de tempo, desde que o valor de VLE-MP não seja excedido e

sem que ocorram efeitos adversos, … No que diz respeito ao valor-limite de exposição –

concentração máxima (VLE-CM), este representa a concentração que nunca deve ser

excedida durante qualquer período da exposição;

• NP EN 482:2015, relativa à exposição nos locais de trabalho e que retrata os requisitos do

desempenho dos procedimentos de medição dos agentes químicos, nomeadamente

relativos à não ambiguidade, seletividade, tempo de ponderação, intervalo de medição e

incerteza expandida para intervalos de medição mínimos especificados;

• NP EN 689:2008, referente às atmosferas dos locais de trabalho, fornecendo orientações

para a apreciação da exposição a agentes químicos em atmosferas de locais de trabalho,

descrevendo uma estratégia para comparar a exposição dos trabalhadores, por inalação,

com valores-limite relevantes para agentes químicos no local de trabalho e para a estratégia

da medição;

• NP EN 14042, relativa às atmosferas dos locais de trabalho, fornecendo uma orientação

para a seleção de procedimentos, bem como para a instalação, utilização e manutenção de

dispositivos para a determinação de concentrações de agentes químicos ou biológicos nas

atmosferas dos locais de trabalho.

14 https://echa.europa.eu/pt/chemicals-in-our-life/clp-pictograms (consultado a 12/01/2018) 15 https://www.apambiente.pt/?ref=pf&f_faq_tema=8989e470e406af0ee761748efa7e3c2c#1114 (consultado a

09/05/2018)

Page 41: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

No que diz respeito à atribuição de incapacidades por acidentes de trabalho ou por doenças

profissionais, o Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de outubro, publicou duas tabelas de avaliação de

incapacidades: uma destinada a proteger os trabalhadores no domínio particular da sua atividade

como tal (no âmbito do direito laboral), e outra direcionada para a reparação do dano em direito

civil. O Anexo I diz respeito à Avaliação e Atualização da Tabela Nacional de Incapacidades por

Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, no qual são ajustadas as percentagens de

incapacidade aplicáveis em determinadas patologias, como resultado de um trabalho técnico-

científico preciso e sério, levado a cabo em obediência não apenas à dinâmica do panorama

médico-legal nacional, mas também por recurso ao cotejo com o preconizado em várias tabelas

europeias. O Anexo II introduz na legislação nacional uma Tabela Nacional para Avaliação de

Incapacidades Permanentes em Direito Civil, que visa a criação de um instrumento adequado de

avaliação neste domínio específico do direito, consubstanciado na aplicação de uma tabela médica

com valor indicativo, destinada à avaliação e pontuação das incapacidades resultantes de

alterações na integridade psicofísica16.

2.2 Higiene Industrial

A Higiene Industrial define-se como a disciplina que antecipa, reconhece, avalia e controla

os riscos para a saúde no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger a saúde e bem-estar dos

trabalhadores e salvaguardar a sociedade no geral17. É importante conhecermos qual a composição

do ar que respiramos, nomeadamente quando nos encontramos em ambiente ocupacional, expostos

durante várias horas por dia. Diz-se que o ar está poluído ou contaminado quando contém

substâncias estranhas à sua composição normal, ou mesmo quando se apresenta normal no aspeto

qualitativo, mas possui alterações quantitativas, pela presença de uma ou mais substâncias

componentes em concentrações superiores às normais.

2.2.1 Tipos e Classes de Contaminantes

Os agentes químicos podem existir em suspensão na atmosfera, nos estados sólido (poeiras,

fibras e fumos), líquido (aerossóis e neblinas) e gasoso (gases e vapores). Segundo o tipo de lesão

que originam, podemos distinguir: partículas inertes (não produzem alterações fisiológicas

significativas, embora possam ficar retidas nos pulmões, mas só apresentam problemas em

concentrações muito elevadas), partículas fibrogénicas ou pneumoconióticas (partículas

suscetíveis de provocar reações químicas ao nível dos alvéolos pulmonares, dando origem a

doenças graves), partículas sensibilizantes (podem atuar sobre a pele ou sobre o aparelho

respiratório), partículas tóxicas ou sistémicas (podem causar lesões em um ou mais órgãos

viscerais, de uma forma rápida e em concentrações elevadas ou lentamente em concentrações

16 http://www.inr.pt/bibliopac/diplomas/dl_352_2007.htm (consultado a 31/05/2018) 17 https://ioha.net/faq/ (consultado a 12/01/2018)

Page 42: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

20

baixas). Quando aos gases e vapores, estes são subdivididos em: irritantes (têm uma ação química

ou corrosiva, produzindo inflamação dos tecidos com os quais entram em contacto), asfixiantes

simples (são os que, sem interferir nas funções do organismo, podem provocar asfixia, por

reduzirem a concentração de oxigénio no ar), asfixiantes químicos (interferem no processo de

absorção de oxigénio no sangue ou nos tecidos), narcóticos ou neurotóxicos (apresentam uma ação

depressiva sobre o sistema nervoso central, produzindo efeito anestésico, após terem sido

absorvidos pelo sangue) ou tóxicos/sistémicos (os vapores orgânicos são produtos tóxicos

sistémicos e podem causar lesões em vários órgãos).

Dependendo do tamanho das partículas, o seu alcance nas vias respiratórias pode variar,

podendo apresentar diversos efeitos. Estas podem ser: partículas inaláveis (agentes que são

potencialmente perigosos quando se depositam em qualquer região do trato respiratório),

partículas torácicas (agente que são potencialmente perigosos quando se depositam na região dos

canais pulmonares e na zona de trocas gasosas) e partículas respiráveis (agentes potencialmente

perigosos quando se depositam na região das trocas gasosas). Apresentam ainda classes de

perigosidade diferentes, sendo classificados como: explosivos (reagem exotermicamente e com

rápida libertação de gases), inflamáveis (incendeiam-se na presença de uma fonte de ignição),

comburentes (reagem exotermicamente em contacto com substâncias inflamáveis), tóxicos

(potenciam, mesmo em pequena quantidade, afeções agudas ou crónicas), nocivos (potenciam

afeções agudas ou crónicas), corrosivos (exercem, através do contacto, ações destrutivas sobre os

tecidos biológicos), irritantes (provocam reações inflamatórias em contacto com a pele ou

mucosas), sensibilizantes (potenciam reações de hipersensibilização), cancerígenos (provocam, ou

aumentam, a incidência de cancro), mutagénicos (produzem, ou aumentam, defeitos genéticos

hereditários), tóxicos para a reprodução (provocam ou aumentam a frequência de efeitos

prejudiciais não hereditários na progenitura e atentam contra as capacidades reprodutoras),

teratogénicos (provocam defeitos no embrião humano (1º trimestre de desenvolvimento) e

perigosos para o ambiente (produzem dano imediato ou diferido, no meio ambiente).

2.2.2 Substâncias Cancerígenas

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) foi criada em 20 de maio de

1965, em Lyon, França. A IARC é a agência especializada em cancro da Organização Mundial de

Saúde e tem como objetivo promover a colaboração internacional na pesquisa do cancro. Esta

agência é interdisciplinar, reunindo habilidades em epidemiologia, ciências laborais e

bioestatística para identificar as causas do cancro, de forma a que possam ser adotadas medidas

preventivas e que a carga de doenças e sofrimento associado seja reduzida. A Agência tem um

interesse particular em realizar pesquisas em países de baixo e médio rendimento, por meio de

parcerias e colaborações com cientistas nessas regiões18. Segundo a IARC, baseada em evidências

científicas para a carcinogenicidade, as substâncias cancerígenas podem ser classificadas em:

18 https://www.iarc.fr/en/about/iarc-history.php (consultado a 1/05/2018)

Page 43: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

• Grupo 1 – “Carcinogénico para humanos”: Há evidências suficientes para

concluir que pode causar cancro em humanos. Esta categoria é usada quando há

evidências suficientes de carcinogenicidade em humanos;

• Grupo 2A – “Provavelmente carcinogénico para humanos”: Há fortes

evidências de que pode causar cancro em humanos, mas no momento não é

conclusivo. A circunstância de exposição implica exposições que são

provavelmente carcinogénicas para os seres humanos. Esta categoria é usada

quando há evidência limitada de carcinogenicidade em humanos e evidência

suficiente de carcinogenicidade em animais experimentais;

• Grupo 2B – “Possivelmente carcinogénico para humanos”: Há algumas

evidências de que pode causar cancro em humanos, mas no momento está longe de

ser conclusivo. Esta categoria é utilizada para agentes, misturas e circunstâncias de

exposição para as quais existem evidências limitadas de carcinogenicidade em seres

humanos e evidências menos do que suficientes de carcinogenicidade em animais

experimentais. Também pode ser usada quando há evidência inadequada de

carcinogenicidade em humanos, mas há evidência suficiente de carcinogenicidade

em animais experimentais;

• Grupo 3 – “Não inclassificável em termos de carcinogenicidade em humanos”:

Não há evidências no momento de que cause cancro em humanos. Esta categoria é

usada comumente em agentes, misturas e circunstâncias de exposição para as quais

a evidência de carcinogenicidade é inadequada em humanos e inadequada ou

limitada em animais experimentais. Agentes, misturas e circunstâncias de

exposição que não se enquadram em nenhum outro grupo também são colocados

nesta categoria;

• Grupo 4 – “Provavelmente não é carcinogénico para humanos”: Há fortes

evidências de que não causa cancro em humanos. Esta categoria é usada para

agentes ou misturas para os quais existem evidências que sugerem falta de

carcinogenicidade em humanos e em animais experimentais19.

2.2.3 Vias de Contaminação e Consequências para a Saúde

Os riscos que, normalmente, se encontram associados a agentes químicos são o risco de

explosão e de incêndio, de reação química perigosa e descontrolada, de derrame e de inalação,

ingestão e absorção cutânea e ocular. As principais vias de entrada dos agentes químicos no

organismo são: o aparelho respiratório (através da inalação, que é a via mais comum de

contaminação, em contexto ocupacional), o aparelho digestivo (através da ingestão) e a via cutânea

(por contacto com a pele). Como consequências à exposição a agentes químicos, podem surgir:

cefaleias, náuseas, tonturas, perdas de consciência, irritação e corrosão de tecidos (ocular,

19 http://ec.europa.eu/health/scientific_committees/opinions_layman/en/electromagnetic-fields/glossary/ghi/iarc-

classification.htm (consultado a 1/05/2018)

Page 44: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

22

cutânea), cancro, sensibilização cardíaca, asfixia, fibrose e edema pulmonar, reações alérgicas,

lesões no sistema reprodutor, lesões hematológicas, lesões do embrião/feto, afeções do sistema

nervoso central, afeções do sistema imunitário, afeções do sistema endócrino, lesões/irritação do

sistema respiratório superior e inferior, intoxicações agudas ou crónicas20.

Considera-se interessante rever alguns conceitos que atualmente servem para a

classificação de substâncias e preparações de acordo com seus possíveis efeitos sobre a saúde. Em

geral, podemos distinguir: efeitos agudos (ocorrem após um tempo de exposição muito curto, por

exemplo, algumas horas, de forma clara e facilmente reconhecível: asfixia, vómitos e perda de

visão), efeitos crónicos (ocorrem após um longo período de tempo, meses e até muitos anos, que

pode ser repetido por um certo tempo, sendo difícil de reconhecer e relacionar-se com a situação

que os causou). Os efeitos também podem ser classificados como reversíveis e irreversíveis. Se,

após certo tempo, na ausência de exposição, o corpo recupera completamente e atinge o seu estado

normal, os efeitos serão reversíveis. Se, por outro lado, existirem sequelas e não é possível retornar

ao estado normal, serão classificados como irreversíveis.

2.3 Conhecimento científico

2.3.1 Indústria da borracha

Apesar da indústria em questão dizer respeito à indústria corticeira, o processo produtivo

associado a este estudo, em tudo se assemelha ao que acontece na indústria da borracha, desde o

processo mecânico até aos produtos utilizados, tais como as borrachas e os produtos químicos.

A exposição ocupacional na indústria da borracha é muito complexa. É usada uma larga

diversidade de compostos e são formados compostos adicionais em diferentes processos. É

utilizada uma grande variedade de elastómeros naturais e sintéticos bem como aditivos para que

se criem as propriedades necessárias do produto final de borracha. Os produtos químicos utilizados

durante este tipo de processos vão sendo alterados ao longo do tempo e variam muito dependendo

do setor em questão (pneus, produtos gerais de borracha, etc…). Os ingredientes deste tipo de

processo passam por: agentes vulcanizantes (por exemplo, enxofre elementar, dissulfuretos

orgânicos, peróxidos, …), aceleradores de vulcanização (sulfenamidas, tiazoles, guanidinas,

sulfuretos de tiuram, ditiocarbamatos, ditiofosfatos, xantatos, aminas de aldeído, amina isoftalato,

tiazolidina tiona e aceleradores mistos, como por exemplo, isopropilxantato de zinco e etileno

tioureia, …), ativadores de vulcanização (óxido de zinco, óxido de magnésio, óxido de chumbo,

…), retardadores e inibidores da vulcanização (ácido benzoico, ácido salicílico, anidrido ftálico,

N-nitrosodifenilamina (NDPA), N-(ciclohexiltio)ftalimida, …), antidegradantes, antioxidantes

(fenólicos, fosfitos, tioésteres, aminas, …), antiozonantes (parafenilenodiaminas, …), agentes anti

20 http://www.act.gov.pt/(pt-

PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia%20para%20micro,%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20e

mpresas.PDF (consultado a 12/01/2018)

Page 45: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

reversíveis (carboxilatos de zinco, derivados de tiofosforilo, agentes de acoplamento de silano,

acelerador de sulfenimida, …), plastificantes (produtos petrolíferos, tais como ceras de petróleo e

óleos minerais, …), agentes peptídicos, agentes de expansão, agentes de ligação e pigmentos

(Holmberg & Sjöström, 1980).

Todos os compostos que são adicionados à mistura têm a sua função e são adicionados em

quantidades inferiores à quantidade de borracha de forma a melhorar as suas propriedades e torná-

la num produto final que possa ser comercializado. Os produtos químicos da borracha são

adicionados para auxiliar o processo, promover a ligação de todos os componentes e fornecer

longevidade ao produto final. No que diz respeito à vulcanização, esta aumenta a resistência e

proporciona a deformação. O processo mais utilizado é por aquecimento com enxofre elementar

(vulcanização). Os aceleradores são classificados como produtos químicos adicionados a um

composto de borracha para aumentar a velocidade de vulcanização e permitir que a mesma

prossiga a baixa temperatura e com maior eficiência. Um acelerador também diminui a quantidade

de enxofre necessária para a vulcanização e, assim, melhora as propriedades envelhecidas dos

vulcanizados de borracha. Os auxiliares de processo, prestam auxílio no fluxo durante as operações

de mistura e calandragem. Os agentes anti degradantes protegem o produto contra calor, oxigénio,

ozono e flexão repetida.

A vulcanização foi relatada pela primeira vez em 1839 e a anilina foi o primeiro composto

orgânico encontrado e que foi capaz de acelerar a reação do enxofre com a borracha natural. Este

processo diz respeito a um método de reticulação das moléculas individuais de borracha que são

uma rede tridimensional de cadeias interconectadas, através de ligações cruzadas (de enxofre), tal

como apresentado na Figura 7.

Figura 7. Processo de vulcanização da borracha.

Fonte: A. Y. Coran, “Vulcanization,” in Science and Technology of Rubber, 2nd ed., Nova Iorque: Academic Press,

1994.

O agente de ligação cruzada mais usado e mais económico é o enxofre, porém, este pode

ser substituído por peróxidos. A utilização do enxofre neste processo permite que o produto final

fique bastante forte e com uma excelente resistência. No caso de se pretender uma melhor

resistência ao calor, deve ser reduzida a quantidade de agente de vulcanização e aumentar a

quantidade de acelerador, de forma a que as reações ocorram rapidamente, sem que se atinjam

elevadas temperaturas, e a que o produto final não fique danificado. A química da vulcanização

Page 46: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

24

de enxofre acelerada é muito complexa uma vez que várias reações químicas começam ao mesmo

tempo, cada uma com a sua própria velocidade. A estrutura das ligações cruzadas depende da

natureza da borracha utilizada, da proporção de enxofre para acelerador e da temperatura de

vulcanização. Neste tipo de mecanismo podemos ter presente reações radicais como iónicas, ou

até mesmo ambas (Tabela 2).

Tabela 2. Tipo de reação do sistema.

Fonte: A. Y. Coran, “Vulcanization,” in Science and Technology of Rubber, 2nd ed., Nova Iorque: Academic Press,

1994.

TIPO DE MECANISMO SISTEMA DE CURA

Radical

Borracha Natural + CBS + Enxofre

Borracha Natural + TMTD + Enxofre

Borracha Natural + TMTD

Borracha Natural + Enxofre

Iónico Borracha Natural + TMTD + Enxofre + ZnO + Ácido Esteárico

Borracha Natural + TMTD + ZnO

Mistura (Radical + Iónico) Borracha Natural + CBS + Enxofre + ZnO + Ácido Esteárico

Durante a vulcanização ocorrem três tipos de reações: ligação cruzada, dessulfuração e

degradação.

Se o agente de vulcanização for o peróxido, este requer alguns procedimentos especiais,

nomeadamente uma manipulação com precauções e considerações de composição. O antioxidante

padrão para a reticulação de peróxido é o polimerizado 1,2-diidro-2,2,4-trimetilquinoline

(Antioxidante T.M.Q.). Os compostos amino, mercapto e hidroxi são usados para ligar polímeros

halogenados. No que diz respeito aos aceleradores, estes podem ser classificados como primários

(tiazoles e sulfenamidas) e secundários (guanidinas e ditiocarbamatos). O uso de aceleradores

secundários aumenta substancialmente a velocidade de vulcanização. Os aceleradores mais

comumente utilizados podem passar por: Difenil guanidina (Acel. DPG), 2-2’-

Ditiobis(benzotiazole) (MBTS), N-ciclohexil-2-benzotiazole sulfenamida (CBS),

Tetrametiltiuram monosulfeto (TMTM), Tetrametiltiuram dissulfeto (TMTD).

A temperatura de vulcanização tem um efeito significativo na estrutura de ligações. As

melhores propriedades são obtidas quando o processo é feito na menor temperatura possível,

porém, muitas vezes, a temperatura é aumentada para que o processo seja mais rápido, de forma a

aumentar a produção. Para evitar queimaduras num processo mais rápido e/ou com temperaturas

de processamento e armazenamento prolongado, são adicionados Retardadores ou Inibidores de

Pré-vulcanização (PVI).

Page 47: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

2.3.2 Revisão sistemática

Procedimento de Revisão

Na primeira fase da análise, foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando a

metodologia PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis).

A pesquisa bibliográfica foi realizada de setembro a dezembro de 2017, nas bases de dados

Scopus, Web of Science, Current Contents Connect, Science Direct, PubMed e MedLine, no idioma

inglês, abrangendo artigos entre 1998 e 2017 (20 anos).

O ponto de partida de toda a análise consistiu na definição de palavras-chave perante aquela

que é a questão problema, ou seja, perante tudo aquilo que se pretende descobrir e investigar.

Definiram-se então nove palavras-chave e de seguida as mesmas foram divididas em dois grupos

de pesquisa:

• Grupo 1: Indústria (cork, rubber, industry);

• Grupo 2: Aquilo que se pretende descobrir/investigar (risk, disease/disorder/hazard,

chemic*, nitrosamine*, occupational exposure, carcinogen*).

No total, foram realizadas 11 combinações para 11 pesquisas, tendo sido elaboradas frases

nas quais foram incluídas as palavras-chave no título bem como nas palavras-chave e resumo dos

artigos pesquisados (por exemplo: Title (Rubber AND Industry) AND Title-ABS-Key (Disease OR

Disorder OR Hazard AND Risk)). Foram utilizados os operadores booleanos AND e OR de forma

a interligar as palavras-chave selecionadas. Neste estudo foram apenas considerados artigos

publicados e artigos de revisão. Foram excluídos artigos que estavam fora do período temporal

estabelecido (1998 - 2017), com idioma que não fosse o inglês, que não fossem artigos publicados

ou artigos de revisão, que o tipo de fonte não fosse jornais e ainda artigos que, embora fizessem

referência a alguma das palavras-chave ou algum dos temas de interesse, não correspondiam àquilo

que se pretendia, ou seja: indústria do calçado, estudos ambientais, pneus de borracha e estudos

ergonómicos. Os artigos selecionados foram recolhidos através de um software que organiza e

compartilha documentos de pesquisa, denominado EndNote, e organizados em pastas de acordo

com a pesquisa e com a base de dados de origem. Todas as informações foram ainda registadas

num ficheiro Excel.

Análise de Resultados da Revisão Sistemática

Após a realização de todas as pesquisas, obteve-se um total de 943 artigos recolhidos.

Considerando os filtros utilizados para refinar a pesquisa, obteve-se: 452 artigos rejeitados devido

ao período temporal estabelecido, 33 pelo tipo de documento, 8 artigos devido ao tipo de fonte, 37

artigos pelo idioma e 107 artigos fora de tema, num total de 637 rejeitados. Após a aplicação destes

filtros obteve-se um total de 306 artigos selecionados, sendo que 93 correspondiam à base de dados

SCOPUS, 40 à Web of Science, 35 à Current Contents Connect, 8 à Science Direct, 38 à PubMed

e 92 à MedLine. Contudo, entre todos estes artigos, estavam incluídos 253 repetidos, que foram

retirados recorrendo ao gestor de referências EndNote, através da organização dos mesmos por

Page 48: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

26

ordem alfabética, obtendo-se então um total de 53 artigos a serem analisados numa nova tabela

que foi criada em Excel.

Para que se pudesse realizar uma seleção mais aprofundada dos artigos, procedeu-se à

obtenção do texto completo dos mesmos, tendo sido recolhidos 29 artigos pelas bases de dados e

os restantes 24 pedidos à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Apenas 1 artigo foi

obtido pela faculdade, tendo sido então necessário proceder a uma pesquisa mais aprofundada dos

artigos completos. Os mesmos foram encontrados, posteriormente, graças à base de dados PubMed

(4 artigos) e a outros dois sites (13 artigos). Porém, ficaram em falta 6 artigos que não foram

possíveis de encontrar, tendo sido excluídos da pesquisa.

Para uma análise mais detalhada de cada um desses artigos, os mesmos foram organizados

numa nova tabela em formato Excel, que contemplava para cada artigo as seguintes informações:

Nome do artigo, Componentes do resumo (de forma a saber se o resumo se encontrava completo

e com as informações necessárias e mais relevantes do estudo em questão), Objetivo, Objetos de

estudo, Produtos químicos (se existe referência no artigo e quais), Metodologia, Efeitos/doenças,

Conclusão, Selecionado (Sim ou Não) e Observações (onde se colocou as informações relevantes

sobre a inclusão ou exclusão dos artigos), com o propósito de realizar uma seleção mais

aprofundada dos artigos obtidos da seleção anterior. Esta análise pode ser consultada no Anexo II.

Com a leitura de cada artigo selecionado e com o preenchimento desta última tabela, foi

possível fazer uma melhor seleção dos mesmos, tendo em conta o tipo de informação que foi

contemplada na tabela.

Após o registo de todas as informações suprarreferidas, procedeu-se à seleção dos artigos,

obtendo-se um total de 18 selecionados e 35 excluídos. Para a exclusão dos mesmos, procedeu-se

à seleção de um conjunto de critérios de exclusão, nomeadamente: artigos que não possuíam

resumo ou no qual o resumo não se encontrava completo (com as informações: objetivo,

metodologia, resultados e conclusão), artigos que não faziam referência a produtos químicos ou a

doenças/efeitos e artigos referentes ao sistema reprodutor feminino.

Na Figura 8 é apresentada toda a metodologia seguida para a realização de todo o processo

de pesquisa:

Page 49: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

No que diz respeito aos artigos obtidos, o objetivo posterior foi avaliá-los

pormenorizadamente, definindo o tipo de indústria, o local do estudo, a amostra em questão, o

tempo de empregabilidade, a duração do estudo, os contaminantes químicos que cada um retrata,

a metodologia, a dose/concentração, o tempo de exposição, os resultados e discussão, os possíveis

efeitos na saúde e a conclusão. Toda esta avaliação mais aprofundada foi então a base teórica para

a realização deste estudo que fundamentou todos os resultados obtidos. Esta tabela pode ser

consultada no Anexo II (Tabela 8).

Discussão de resultados da Revisão Sistemática

Neste tipo de indústria, os trabalhadores encontram-se expostos a grandes quantidades de

poeiras e vapores do processo de fabricação da borracha e da própria vulcanização da mesma.

Muitos agentes de cura, aceleradores, antioxidantes / antiozonantes e retardadores podem possuir

atividade mutagénica e/ou carcinogénica e podem assim contribuir para o risco total de cancro na

Incl

uíd

os

Artigos em Full-text analisados para elegibilidade

(n = 53)

Artigos excluídos (n = 35)

Razões de exclusão: Artigos sem resumo ou

com resumo incompleto, artigos sem referência a produtos químicos ou a doenças/efeitos, artigos

referentes ao sistema reprodutor feminino. Artigos incluídos na

síntese qualitativa (n = 18)

Tri

agem

E

legib

ilid

ad

e

Artigos antes da remoção de duplicados

(n = 306) Artigos duplicados

(n = 253)

Iden

tifi

caçã

o

Artigos identificados através de outras fontes

(n = 0)

Artigos rastreados

(n = 943)

Artigos excluídos (n = 637)

Critérios de exclusão: data, tipo de documento, tipo de fonte, língua e outro tema (indústria do calçado,

estudos ambientais, pneus de borracha, estudos ergonómicos)

Artigos identificados através de bases de dados

(n = 943)

Figura 8. PRISMA 2009 Flow Diagram

Page 50: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

28

indústria da borracha. Segundo Gemitha & Sudha (2013), a IARC descreveu que os trabalhadores

da indústria da borracha estão expostos a aminas aromáticas, negro de carbono, hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos, nitrosaminas e solventes que são conhecidos por serem genotóxicos.

Outros possíveis contaminantes são também o estireno, os ftalatos e o 1,3-butadieno. Neste caso,

a inalação é a principal via de contaminação, embora os colaboradores possam também estar

sujeitos à exposição dérmica.

Neste tipo de processo, muitos agentes, aceleradores, antioxidantes/antiozonantes e

retardadores, podem possuir atividade mutagénica e/ou carcinogénica e podem, desta forma,

contribuir para o risco de cancro na indústria da borracha. Existe um amplo espectro de cancro

entre os trabalhadores deste tipo de indústria, sendo essas doenças causadas essencialmente pela

ação e interação de muitos produtos químicos carcinogénicos diferentes. Dado este problema, é

importante examinar as propriedades toxicológicas de alguns aditivos de borracha, com referência

especial às propriedades genotóxicas.

Existem evidências epidemiológicas sobre o risco de cancro entre trabalhadores da

indústria da borracha que indicam a presença de um risco generalizado de aumento moderado entre

trabalhadores da borracha para o cancro da faringe, do esófago, do estômago, da próstata, do colo

do útero, da bexiga, da cavidade oral, do lábio, gastrointestinal, da laringe, do fígado, da vesícula

biliar, do pâncreas, do rim, do pulmão e linfo-hematopoiético. Outras doenças que podem surgir

da exposição aos contaminantes químicos da indústria da borracha são neoplasias linfóides

(leucemia linfóide, linfoma “não-Hodgkin” (NHL), linfoma de Hodgkin e Mieloma Múltiplo),

neoplasias mielóides (leucemia mielóide e monocítica, mielofibrose, mielodisplasia, distúrbios

mieloproliferativos e policitemia vera), leucemia linfocítica crónica (LLC), leucemia mielogénica

aguda (LMA), leucemia mielogénica crónica (LMC), bronquite crónica, bronquite aguda e

doenças das vias respiratórias.

Associados à IARC estão muitas das investigações realizadas no âmbito da indústria da

borracha e que já identificaram muitos contaminantes potencialmente cancerígenos. A IARC

classificou as exposições ocupacionais na indústria da borracha como sendo “carcinogénicas para

os humanos” (Grupo 1). Esta conclusão foi baseada em evidências epidemiológicas suficientes

para leucemia, linfoma e cancro da bexiga, pulmão e estômago, enquanto que a evidência foi

considerada limitada para cancro da próstata, esófago e laringe (Bolognesi & Moretto, 2014).

Entre os contaminantes mais relatados na Indústria da borracha como sendo os que

potencialmente apresentarão um maior risco para a saúde, encontram-se o 1,3-butadieno, o

estireno, as N-nitrosaminas e os PAH’s.

1,3-BUTADIENO

O butadieno é utilizado desde 1943 para fabricar borrachas sintéticas e outros polímeros e

copolímeros (Graff et al., 2005). A IARC classificou o butadieno como cancerígeno para os

humanos (Grupo 1), baseada nas evidências suficientes em animais e humanos (Sathiakumar, Brill,

Page 51: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Leader, & Delzell, 2015). Em 2012, a IARC concluiu que existem evidências suficientes que

comprovam que BD causa cancro dos órgãos hematolinfáticos em humanos com base no aumento

do risco de leucemia em estudos epidemiológicos em trabalhadores da indústria da borracha de

estireno-butadieno (SBR) e no aumento do risco de leucemia e linfoma entre trabalhadores da

indústria de monómeros. O Relatório do Programa Nacional de Toxicologia sobre Carcinógenos

(10ª edição), lista também o butadieno como um conhecido carcinógeno em humanos.

Os estudos realizados por Delzell, Macaluso, Sathiakumar e Matthews (2001) e por

Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell (2015), revelam a presença de uma exposição-resposta

positiva entre a exposição cumulativa a butadieno e leucemia, o que suporta a interpretação de que

BD causa cancro em humanos. Os resultados deste último estudo de 2015 não suportam uma

associação entre BD e Linfoma “Não Hodgkin” ou Mieloma Múltiplo.

Segundo os estudos de Cavallo et al. (2014) e Graff et al. (2005), o cancro da bexiga e a

leucemia estão positivamente associados à exposição a 1,3-butadieno na indústria da borracha.

ESTIRENO

A IARC classificou o STY como possivelmente cancerígeno para humanos (Grupo 2B)

com base em evidências limitadas em animais experimentais e em evidências inadequadas em

humanos (Sathiakumar et al., 2015). O estudo realizado por Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell

(2015), revela que a exposição a estireno também apresenta uma relação positiva com leucemia

mas não existe suporte externo para uma associação entre STY e leucemia. Os resultados deste

estudo não suportam uma associação entre STY e mieloma múltiplo, mas revelam que STY está

associado positivamente a Linfoma “Não Hodgkin” (NHL). Graças aos estudos realizados por

Cavallo et al. (2014) e Graff et al. (2005), foi possível concluir que o cancro da bexiga e a leucemia

estão positivamente associados à exposição a estireno na indústria da borracha.

N- NITROSAMINAS

As nitrosaminas são uma classe de compostos químicos com a fórmula R2N-N=O (de

Vocht et al., 2007). Muitas nitrosaminas são suspeitas de serem carcinogénicas para os seres

humanos, embora ainda não tenham sido estabelecidas causas diretas. Os locais predominantes de

indução de tumores em animais incluem a cavidade oral, o esófago, o estômago, a bexiga e o

cérebro. Na indústria da borracha as maiores concentrações medidas foram durante processo de

vulcanização, devido ao uso extensivo de agentes de vulcanização, como por exemplo dissulfeto

de tetrametiltiuram (TMTD), dietilditiocarbamato de zinco (ZDEC) e

morfolinomercaptobenzotiazol (MBS). Pesquisas revelaram a genotoxicidade e carcinogenicidade

de algumas nitrosaminas voláteis descobertas na indústria da borracha: N-nitrosodimetilamina

(NDMA) e N-nitrosomorfolina (NMor), as mais comumente encontradas na indústria da borracha

(Monarca et al., 2001).

Segundo um estudo realizado por Vlaanderen et al. (2013), um dos postos de trabalho onde

se verificou uma incidência significativa de cancro do pulmão diz respeito ao local de “produção

Page 52: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

30

de artigos técnicos de borracha” e que compreende a moagem e construção dos componentes, a

cura e a vulcanização, nos quais os trabalhadores estão expostos aos fumos das borrachas e à

potencial exposição às nitrosaminas (como resultado do processo de vulcanização), podendo-se

assim concluir que as mesmas se formam e libertam durante e após o processo de vulcanização.

Os trabalhadores de vulcanização são o especial grupo de trabalhadores de borracha com uma

extrema complexidade de exposição (Jonsson, Broberg, Axmon, Jonsson, & Littorin, 2007),

devido à reação que ocorre entre as aminas secundárias e os agentes nitrosantes para formar

nitrosaminas.

Num estudo realizado por Jonsson et al. (2009) observaram-se elevados níveis de n-

nitrosaminas no ar na indústria sueca da borracha. As n-nitrosaminas formam-se durante o

processo de vulcanização da borracha. Os aceleradores, necessários para o processo de

vulcanização, são decompostos quando é aplicado calor. Isto dá origem a aminas secundárias livres

que podem reagir com os agentes nitrosantes para formar N-nitrosaminas (L. S. Jonsson et al.,

2009). Os sintomas que se manifestaram após esta exposição às N-nitrosaminas foram: comichão,

ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca grave,

náuseas e dores de cabeça. Nos estudos com aminas, N-nitrosodimetilamina demonstrou ser um

indutor extremamente potente de tumores, tendo sido expostos 36 ratos a uma concentração

específica de N-nitrosodimetilamina e 13 dos ratos desenvolveram cancro nas vias nasais. Segundo

o estudo realizado por Straif et al. (1998), este afirma que estudos recentes da China sugerem uma

associação entre nitrosaminas e cancro de esófago e, com base em experiências com animais e

estudos epidemiológicos em contextos não ocupacionais, as nitrosaminas são suspeitas de causar

cancro da bexiga.

Os resultados de um estudo realizado por De Vocht et al. (2007) revelaram algumas das

medidas que podem ser utilizadas para eliminar a exposição às nitrosaminas, nomeadamente a

introdução de ‘aminas seguras’21, tendo esta medida reduzido de duas a cinco vezes os níveis

médios de concentração de dois tipos de nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina e N-

nitrosomorfilina).

HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (PAH’S)

Os trabalhadores da indústria da borracha estão em risco de exposição a PAH’s devido ao

uso de óleos extensores e nos vapores de borracha devido à combustão incompleta ou pirólise de

material orgânico. Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos é um nome genérico para várias

centenas de compostos diferentes. Um deles é o pireno, que é metabolizado em 1-hidroxipireno

(1-HP), que por sua vez é conjugado em grande parte com glucuronídeo ou sulfato, e excretado na

urina (Jonsson et al., 2008).

Para Cavallo et al. (2014), a exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos é um fator

de risco importante para UBC (carcinoma da bexiga urotelial). Segundo os estudos de Cavallo et

al. (2014), o cancro da bexiga foi associado à exposição a PAH’s na indústria da borracha.

21 Podem substituir os produtos que dão origem a aminas secundárias, nomeadamente os aceleradores de vulcanização.

No produto final apresentam o mesmo efeito, mas não revelam constrangimentos na saúde dos colaboradores.

Page 53: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

FATORES POTENCIALMENTE CONDICIONANTES

Para além da exposição aos contaminantes químicos presentes nas atmosferas laborais da

indústria da borracha, existem outros fatores de risco que podem condicionar e agravar a exposição

aos mesmos, nomeadamente: o posto de trabalho onde se encontram, a idade dos colaboradores, o

sexo, o consumo de tabaco, o consumo de álcool, os hábitos alimentares, o consumo de drogas e

a duração da empregabilidade.

Cavallo et al. (2014) afirmam que o tabaco é o fator de risco mais comum para UBC

(carcinomas da bexiga urotelial). Segundo o estudo realizado por Cavallo et al. (2014), não foram

identificadas diferenças estatisticamente significativas para fatores de confusão, tais como hábitos

tabágicos, exposição à radiação e consumo de drogas entre os trabalhadores da indústria da

borracha e controlos, enquanto diferenças significativas foram encontradas para idade e hábitos

alimentares. Gemitha & Sudha (2013) avaliaram também as consequências para fumadores e não

fumadores, tendo sido observado um aumento significativo das frequências de micronúcleos nos

trabalhadores expostos, sendo estes resultados idênticos a outros que sugerem uma associação

entre o tabagismo e a exposição ocupacional. Fumar é uma fonte conhecida de exposição aos

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (Jonsson et al., 2008). Um aumento de níveis de 1-HP

(hidrocarboneto aromático policíclico) em fumadores, em comparação com os não fumadores,

também foi encontrado.

Também a idade e o sexo poderão ser fatores de relevante influência nos resultados e nas

possíveis consequências e exposições a contaminantes químicos da indústria da borracha. Segundo

o estudo realizado por Gemitha & Sudha (2013), no qual foram analisadas diversas variantes,

nomeadamente a idade dos colaboradores e o sexo dos mesmos, os resultados não foram

significativos, não sendo possível uma relação entre a exposição a contaminantes e as suas

possíveis consequências e a idade bem como o sexo dos colaboradores. Apesar de não haver ainda

uma concreta relação entre a possibilidade de influência da idade e sexo dos colaboradores, este

são dois fatores que têm sido alvos de estudo e que poderão realmente influenciar os resultados e

o aparecimento de doenças profissionais.

Segundo o estudo realizado por Gemitha & Sudha (2013), também o hábito do consumo

de álcool influenciou os resultados, tendo aumentado a frequência de micronúcleos nos

trabalhadores expostos.

No que diz respeito à duração da empregabilidade, e observando os resultados obtidos num

estudo realizado por Vlaanderen et al. (2013), os autores afirmam não terem encontrado nenhuma

relação clara com a duração do tempo de empregabilidade e os cancros em questão. Segundo os

resultados, existe uma maior taxa de mortalidade padronizada por cancro do estômago em

colaboradores com duração de empregabilidade compreendida entre os 30 e os 39 anos. Para o

cancro do pulmão, entre 1 e 9 anos de duração. Em relação ao cancro da bexiga, a duração de

empregabilidade compreende-se entre os 20 e os 29 anos. Para o sistema linfático, duração

compreendida entre os 10 e os 19 anos. No que diz respeito a leucemia, a maior taxa de mortalidade

padronizada encontra-se entre os 20 e os 29 anos de duração de empregabilidade. Para cancro do

Page 54: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

32

esófago, duração superior a 40 anos de trabalho. Em relação ao cancro da laringe, a maior taxa de

mortalidade padronizada diz respeito de 1 a 9 anos de trabalho, tal como para o cancro da próstata.

Como se pode verificar, nestes casos a duração da empregabilidade não apresenta qualquer

relação, tendo em conta que em todas existe pelo menos uma elevada taxa de mortalidade

padronizada, não sendo possível apresentar uma explicação conclusiva. Em comparação, num

estudo realizado por Delzell et al. (2006) foi revelado um excesso de leucemia mielogénica aguda

em colaboradores cuja duração de empregabilidade era inferior a 20 anos.

Em relação aos postos de trabalho onde os colaboradores se encontram e observando, mais

uma vez, os resultados obtidos por Vlaanderen et al. (2013), os autores observaram uma incidência

significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que se encontravam na “preparação de

materiais”. A “preparação de materiais inclui pesagem e mistura, dando origem a quantidades

substanciais de poeira, e a moagem e calandragem, onde os trabalhadores estão principalmente

expostos aos fumos das borrachas. Estes dois postos de trabalho em tudo se assemelham aos postos

de trabalho do Banbury e dos misturadores abertos existentes no local onde o presente estudo se

realiza. Também o estudo realizado por Straif et al. (1998) evidencia que foi verificado um

aumento de mortes nas áreas de trabalho de pesagem e mistura, assemelhando-se então ao posto

de alimentação do misturador fechado.

Page 55: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

O presente estudo tem como principal objetivo avaliar e a identificar contaminantes

químicos no processo de aglomeração de cortiça com borracha, de modo a apreciar a exposição

profissional aos químicos libertados durante o processo de fabrico, inferindo sobre o seu nível de

perigosidade.

Como objetivos específicos, podem-se definir:

• Identificar possíveis contaminantes químicos libertados durante o processo;

• Identificar das fases do processo nas quais haverá libertação de contaminantes químicos;

• Conhecer previamente, através de estudos anteriormente realizados, quais os

contaminantes que se formam durante o sistema, comparando posteriormente com os

valores da monitorização realizada, para futura análise de resultados e interpretação dos

mesmos;

• Identificar de zonas/pontos críticos;

• Identificar de colaboradores mais expostos;

• Determinar quais as possíveis consequências/efeitos para a saúde dos colaboradores que se

encontram expostos aos mesmos;

• Definir e implementação de medidas de prevenção/correção.

Page 56: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …
Page 57: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Metodologia

O trabalho desenvolvido foi dividido em diferentes fases (Figura 9), constituídas por

diferentes tarefas, nomeadamente:

Figura 9. Metodologia aplicada para a realização do estudo.

4.1.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos

O objetivo foi realizar um inventário de todos os produtos utilizados durante o processo

produtivo, para que se conhecesse todas a informações sobre os mesmos e que a empresa tem à

disposição. As informações relativas a todos os produtos foram organizadas numa base de dados

para posterior análise (anexo III). No que diz respeito à identificação de produtos, os mesmos

foram recolhidos bem como as respetivas Fichas de Dados de Segurança (FDS), que devem

acompanhar cada um dos produtos. Para cada agente químico identificado, foram tidos em conta

alguns tópicos a avaliar na respetiva Ficha de Dados de Segurança (essencialmente as secções de

identificação da substância, de identificação dos perigos, da informação dos componentes da

substância, das medidas de primeiros socorros e de manuseamento e armazenagem do produto),

para que se pudesse verificar quais as que se encontravam em conformidade com os regulamentos

(CE) nº 1907/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro (REACH) e (CE)

nº 1272/2008 (CRE), de 16 de dezembro de 2008 (CLP).

4.1.2 Avaliação processo produtivo

Para realizar a apreciação da exposição, foram avaliadas todas as configurações dos

diferentes postos de trabalho bem como o processo produtivo para que se pudesse identificar as

áreas de trabalho, postos mais críticos e operadores mais expostos. Foi considerada a identificação

de tarefas de maior exposição, a identificação de vias de exposição, as rotinas de trabalho/tempos

de exposição, a disposição dos equipamentos no local de trabalho, nomeadamente as fontes de

exposição, locais arejados, presença de sistemas de extração e ventilação e locais de maior

Inventário - Produtos químicos, borrachas, óleos (e respetivas

FDS)

Avaliação do processo produtivo

Avaliação da produção do

setor do ano de 2017

Consulta aos trabalhadores

Monitorização química

Obtenção e interpretação de

resultados

Definição de medidas

corretivas/ preventivas

Page 58: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

36

emanação de contaminantes químicos. No que diz respeito aos operadores, foram identificados os

que se encontravam mais expostos em cada tarefa, foram observadas as práticas de trabalho, foi

observada a utilização de equipamentos de proteção individual e foram observados os hábitos

pessoais de higiene.

4.1.3 Avaliação da produção do setor no ano de 2017

Sabendo que o setor em questão produz centenas de referências diferentes, optou-se por

realizar uma monitorização a massas que os colaboradores pudessem estar mais tempo expostos e

num maior número de vezes, tendo em conta que não seria exequível realizar a mesma para todas

as referências produzidas. Para isso, foi requisitado o registo de produção anual referente ao ano

de 2017, para que se percebesse quais as massas produzidas em maior quantidade, tendo em conta

o número de blocos, cilindros e folhas. Depois disto, foram realçadas as 10 massas mais produzidas

(quantidades de blocos, cilindros ou folhas) em 2017 e avaliadas tendo em conta a percentagem a

que correspondia a respetiva produção em relação ao valor total produzido durante o ano, tendo

sido selecionadas 4 dessas massas para a realização da monitorização.

4.1.4 Consulta aos trabalhadores

Para além da prévia análise da produção do ano de 2017, foi também feita uma abordagem

junto dos colaboradores mais expostos, de forma a que se percebesse quais as referências que lhes

causavam maior incómodo, nomeadamente em relação à quantidade de gases e vapores emanados

ou até mesmo possíveis irritações das vias respiratórias, ou dermatoses, que se poderiam verificar.

Esta abordagem foi realizada de forma informal, não apresentando um questionário específico.

Apenas para que os colaboradores expressassem a sua opinião.

4.1.5 Monitorização química

Depois de selecionadas as referências a monitorizar, foram avaliados os produtos

utilizados, analisando as Fichas de Dados de Segurança de cada um para que se percebesse que

perigosidades é que os mesmos apresentavam e desta forma fazer uma seleção dos agentes a

monitorizar. Foi feito o contacto com a empresa prestadora de serviços, A. Ramalhão –

Consultoria, Gestão e Serviços Lda, tendo a monitorização ocorrido num período de três dias

(14/05/2018 a 16/05/2018), contemplando medições nos três turnos. Dependendo do contaminante

a monitorizar, foram realizadas várias técnicas de análise, nomeadamente: Gravimetria,

Cromatografia gasosa com deteção de ionização de chama, Espectrometria de emissão ótica com

Page 59: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

acoplamento de plasma induzido, Cromatografia gasosa por detetor seletivo de massa e

Cromatografia gasosa com detetor de Fósforo-Azoto.

4.1.6 Obtenção e interpretação de resultados

Depois de realizada a monitorização foi necessário interpretar os dados recolhidos. Neste

momento, os dados obtidos foram avaliados tendo em conta a NP 1796:2014 que estabelece os

valores-limite de exposição (VLE) a utilizar no âmbito da aplicação de estratégias de apreciação

do risco associado à exposição a agentes químicos nos locais de trabalho. Foi ainda necessário

realizar cálculos de efeito aditivo devido a agentes que apresentavam os mesmos efeitos

toxicológicos e aos quais os colaboradores estavam expostos em simultâneo.

4.1.7 Definição de medidas corretivas/preventivas

De forma a melhorar as condições de trabalho e a diminuir a exposição aos agentes

químicos, foram estudadas algumas medidas corretivas/preventivas. Durante todo este processo

de consideração para implementação de medidas corretivas/preventivas, deve-se sempre ter em

consideração todo o processo de controlo, seguindo sempre uma ordem hierárquica:

1º MEDIDAS TÉCNICAS

Promover a armazenagem, manuseamento e separação dos agentes químicos

incompatíveis. Assegurar que os equipamentos de trabalho e os sistemas de proteção aos

trabalhadores satisfazem as disposições legais sobre segurança e saúde relativas à sua conceção,

fabrico e comercialização. Organizar programas de inspeção e manutenção preventiva para todos

os equipamentos de trabalho, cumprimento das regras de segurança na manipulação de agentes

químicos, colocação de sinalização de segurança nos locais de trabalho, disponibilizar meios

apropriados de recolha, armazenagem e eliminação de resíduos, entre outras.

2º MEDIDAS DE INFORMAÇÃO/FORMAÇÃO

O empregador deve informar o colaborador sobre os procedimentos a seguir em caso de

acidente/incidente grave resultante da manipulação de agentes químicos, sobre os agentes

químicos perigosos presentes no local de trabalho, a sua identificação, os riscos para a segurança

e saúde, os valores limite de exposição e sobre as FDS referentes a cada produto químico existente

na área de trabalho. Os colaboradores devem receber formação sobre os procedimentos e as boas

práticas de segurança a adotar para minimizar a exposição, sobre as medidas de emergência que

Page 60: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

38

dizem respeito aos produtos químicos perigosos e sobre a utilização de equipamentos e vestuário

de proteção.

3º MEDIDAS ORGANIZACIONAIS

Devem ser implementadas medidas sobre a organização do trabalho, nomeadamente: a

promoção da avaliação periódica dos riscos profissionais, a avaliação da qualidade do ar interior

e a concentração de agentes químicos no ar ambiente, a organização e gestão das FDS dos agentes

químicos presentes na empresa, a redução do número de trabalhadores expostos, da duração e do

grau de exposição (promover a rotatividade dos trabalhadores, reduzir o tempo de execução de

tarefas, introduzir pausas nas tarefas e introduzir alterações nos processos de trabalho e medidas

técnicas de controlo).

4º MEDIDAS DE VIGILÂNCIA MÉDICA

Devem ser realizadas, com alguma regularidade, medidas de vigilância da saúde dos

trabalhadores em atividades com exposição a agentes químicos. Esta vigilância deve contemplar

o rastreio de efeitos precoces e reversíveis.

5º MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)

São equipamentos de contenção que possibilitam a proteção do trabalhador e as demais

pessoas numa determinada área. Devem estar instalados em locais bem sinalizados e de fácil

acesso. São utilizados, portanto, para minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em

caso de acidente, reduzir as suas consequências. Todos os trabalhadores devem estar treinados

para a utilização de equipamentos de proteção coletiva. A extração localizada é um exemplo de

EPC’s. Quando as medidas de proteção coletiva não forem suficientes para garantir a proteção

contra os riscos de acidente e/ou doenças profissionais, devem-se utilizar os equipamentos de

proteção individual, que protegem individualmente os trabalhadores.

6º MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Este deve ser o último conjunto de medidas a serem implementadas e devem contemplar o

fornecimento de equipamentos de proteção individual, referentes à exposição a agentes químicos,

aos colaboradores que estejam expostos aos mesmos. Os EPI devem ser substituídos sempre que

as suas características protetoras deixarem de ser asseguradas e deve-se assegurar que os mesmos

são guardados em locais apropriados. Devem ainda ser implementadas regras de higienização22.

22 http://www.act.gov.pt/(pt-

PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia%20para%20micro,%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20e

mpresas.PDF (Consultado a 19/05/2018)

Page 61: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …
Page 62: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

40

PARTE 2

Page 63: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

5 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados todos os resultados obtidos tendo em conta toda todo o

procedimento da metodologia apresentada.

5.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos

Foi realizado um inventário de todos os produtos existentes na secção Cork Rubber

Materials, obtendo-se 91 produtos químicos e 20 borrachas, listados na Tabela 9 (Anexo III). Após

a realização desta listagem, foram analisadas todas as Fichas de Dados de Segurança de todos os

produtos (químicos e borrachas) existentes na plataforma de gestão de documentos da Amorim

Cork Composites e nas pastas de armazenamento de FDS. Esta análise permitiu que se entendesse

o estado das FDS que a empresa possuía, se se encontravam atualizadas ou não, e por outro lado,

perceber a perigosidade dos produtos presentes nesta secção, bem como outros tópicos

anteriormente referidos.

No total, foram analisadas 222 Fichas de Dados de Segurança, sabendo que cada produto

possuía mais do que um fornecedor. Algumas FDS analisadas encontravam-se desatualizadas e

outras inexistentes. Tendo em conta a análise destas Fichas de Dados Segurança, 12 FDS

identificaram 7 produtos como sendo inflamáveis (GHS02), 3 FDS identificaram 2 produtos como

sendo comburentes (GHS03), 5 FDS identificaram 5 produtos como sendo corrosivos (GHS05), 1

FDS identificou um produto como sendo de tóxicos (GHS06), 66 FDS identificaram 21 produtos

como sendo nocivos (GHS07), 9 FDS identificaram 4 produtos como sendo perigosos para a saúde

(GHS08), 59 FDS identificaram 15 produtos como sendo Perigosos para o ambiente (GHS09).

Depois esta análise, e após se ter verificado que a grande maioria das Fichas de Dados de

Segurança se encontrava desatualizada ou inexistente, foi solicitada uma listagem dos atuais

fornecedores, bem como respetivos contactos, de todos os produtos da Cork Rubber Materials

para que se pudesse contactar com os mesmos de forma a requisitar as Fichas de Dados de

Segurança dos produtos que atualmente são fornecidos à ACC.

Das FDS atualizadas, foram identificados 5 produtos inflamáveis, 3 produtos corrosivos, 2

produtos tóxicos, 18 produtos nocivos, 8 produtos apresentam perigos para a saúde e 12 produtos

são potencialmente perigosos para o ambiente. Foi então possível perceber que um total de 22

produtos apresentam perigosidade que pode afetar a saúde dos colaboradores (GHS05, GHS06,

GHS07 e GHS08), sendo que alguns apresentam múltiplos pictogramas. Todos estes produtos

foram tomados em atenção para o estudo em causa.

5.2 Avaliação do processo produtivo

Depois da abordagem das fichas, procedeu-se à análise do processo produtivo para que

fossem selecionados locais prioritários para a apreciação da exposição, tendo sempre em

consideração se são pontos de libertação de gases e vapores e se os colaboradores estão expostos

Page 64: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

42

a produtos químicos ou a reações que ocorrem no interior de determinados equipamentos. Na linha

2 foi destacado o posto de trabalho de abastecimento do Banbury, sabendo então que os

colaboradores que aqui operam estão expostos aos produtos químicos quando os preparam para

abastecer na mistura e estão expostos também a todos os gases e vapores que são emanados do

interior do Banbury devido ao movimento de abertura e fecho da porta de alimentação do mesmo

(Figura 10 – Anexo IV). O mesmo acontece no Banbury da linha 1, tendo sido este um posto de

trabalho também priorizado (Figura 10 – Anexo IV). No piso 0 foram também destacados alguns

pontos para avaliação, nomeadamente na zona das estufas tendo em conta que os produtos são

submetidos a elevadas temperaturas e no interior das mesmas ocorre o processo de vulcanização

constituído por uma série de reações químicas (Figura 11 – Anexo V). Na linha 2 foi destacado o

misturador aberto 5 por ser o que se segue à porta de descarga dos materiais que se encontram no

interior do Banbury (Figura 11 - Anexo V). Os colaboradores que se encontram nestes postos estão

expostos aos gases libertados das reações que ocorrem no interior do Banbury devido à existência

porta de descarga dos materiais que são encaminhados para o misturador aberto 5. O mesmo

acontece no caso do misturador aberto 1, tendo sido este um posto de trabalho também selecionado

para avaliação (Figura 11 – Anexo V). A localização destes postos de trabalho pode ser consultada

no Anexo V.

5.3 Avaliação da produção do setor do ano de 2017

No Anexo VI é possível verificar a Tabela 10 que representa a produção do ano de 2017

referente à secção Cork Rubber Materials, na qual são apresentados o nome da referência, o

número de blocos/cilindros/folhas e a percentagem a que a respetiva produção corresponde no total

anual. As 10 massas mais produzidas no ano de 2017 correspondem a 43285

blocos/cilindros/folhas produzidos na sua totalidade, o que equivale a cerca de 61,38% da

produção total das linhas CR1 e CR2 (incluindo FCE’s), o que representa a grande maioria da

produção das mesmas.

5.4 Consulta aos trabalhadores

Após o diálogo com os trabalhadores, explicando aos mesmos o que se pretendia com este

estudo, as massas reportadas pelos mesmos passaram na sua maioria por AF, C e BU. Porém,

foram ainda referidas outras, tais como: AU/DR (versões distintas), massas do grupo

L/O/Q/R/W/Y/BI//BZ/DS//DV/DY e do grupo A/B/C/F/S/AG/AS/AT/BF/DD/DH e ainda as

referências BL, AC, X. Referiram ainda que as massas com sílica lhes causavam algum incómodo.

Page 65: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

5.5 Monitorização química

Tendo em conta a tabela de produção de 2017 e as massas reportadas pelos colaboradores,

fez-se o planeamento inicial, tal como apresentado na Tabela 3:

Tabela 3. Planeamento inicial.

PLANEAMENTO INICIAL

DESIGNAÇÃO QTDD (B/C/F) %

A + B (DIFERENTES VERSÕES) 15775 22,37

C 6127 8,69

F 3210 4,55

AF 366 0,52

TOTAL 25478 36,13

As massas primeiramente selecionadas são as que se encontram na Tabela 3,

correspondendo à produção total de 25478 blocos/cilindros/folhas, o que equivale a cerca de 36%

da produção total do ano de 2017.

No momento do planeamento em conjunto com a área CRM, surgiram algumas

dificuldades no que diz respeito às massas que se pretendiam monitorizar inicialmente (que seriam

aquelas que em 2017 apresentaram uma produção considerável, comprovando assim que

possivelmente seriam as massas às quais os colaboradores se encontravam mais expostos) e que

não eram compatíveis com o planeamento semanal. Em conjunto com a área foram redefinidas as

massas de forma a que fosse concordante com o planeamento e que ao mesmo tempo

apresentassem uma produção em 2017 que fosse considerável. Foram então selecionadas 5

referências, apresentadas na Tabela 4:

Tabela 4. Referências monitorizadas.

REFERÊNCIAS MONITORIZADAS

DESIGNAÇÃO QTDD (B/C/F) %

E 4470 6,34

I 2013 2,85

W 776 1,10

BA 198 0,28

K 1155 1,64

X 748 1,06

TOTAL 9360 13,27

A seleção das massas a monitorizar corresponde a 9360 blocos/cilindros/folhas produzidos

em 2017, o que equivale a cerca de 13% da produção total do ano em questão.

Page 66: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

44

Após a conclusão de toda a planificação em conjunto com a área, foi então realizado o

plano apresentado na Tabela 5:

Tabela 5. Planeamento da monitorização.

REFª CONTAMINANTE TIPO DE

AMOSTRADOR

LOCAL DE

AMOST.

T

(MIN) MISTURA DIA TURNO

E

1,3-butadieno + Alumínio Pessoal Misturador

Aberto 1 50 M. Final 14/05/2018 1

Partículas Respiráveis +

Partículas Totais Pessoal Banbury 1 80 - 90 M. Mãe 14/05/2018 1

N-Nitrosaminas Estático Estufa 4 400 Estufas 15/05/2018 1

I DEHP + 1,3-butadieno Pessoal Misturador

Aberto 1 240 M. Final 15/05/2018 3

W +

BA

Partículas Respiráveis +

Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 16/05/2018 2

K

Alumínio + 1,3-butadieno Pessoal Misturador

Aberto 1 50 M. Final 16/05/2018 2

PAH’s Pessoal Misturador

Aberto 1 15 - 30 M. Final 16/05/2018 2

Partículas Respiráveis +

Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 15/05/2018 2

X

Partículas Respiráveis +

Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 15/05/2018 3

1,3-butadieno + PAH’s Pessoal Misturador

Aberto 5 50 M. Final 16/05/2018 1

N-Nitrosaminas Estático Estufa 4 400 Estufas 16/05/2018 2

A técnica de análise utilizada para partículas totais bem como partículas respiráveis foi a

gravimetria, para 1,3-butadieno e Ftalato de di-2-etil-hexilo (DEHP) foi cromatografia gasosa com

deteção de ionização de chama, para alumínio foi espectrometria de emissão ótica com

acoplamento de plasma induzido para PAH’s foi cromatografia gasosa por detetor seletivo de

massa e para N-nitrosaminas foi cromatografia gasosa com detetor de fósforo-azoto.

Os resultados obtidos nas monitorizações podem ser consultados na Tabela 11, no Anexo

VII. Para a interpretação de resultados, recorreu-se à Norma Portuguesa 1796:2014 que contempla

os valores-limite de exposição profissional a agentes químicos. Perante os resultados obtidos,

podemos observar que nenhum dos valores excede o VLE tabelado. Esta norma define ainda

Valores-limite de exposição para misturas de agentes (Anexo E da NP 1796:2014). Este conceito

aplica-se quando, simultaneamente e sequencialmente, os colaboradores estão expostos a uma

mistura que possui agentes químicos que apresentam o mesmo efeito toxicológico. Nestas

situações, eles não devem ser avaliados individualmente, mas sim como um efeito combinado. Os

efeitos toxicológicos podem ser consultados na coluna “Base do VLE” presente no Quadro dos

VLE da mesma norma. Neste caso, esta situação aplica-se às Partículas Totais e Partículas

Respiráveis das referências E, W + BA, K e X, que apresentam o mesmo efeito na saúde (asma e

efeitos na função pulmonar). O efeito aditivo é calculado através da fórmula da Equação 1:

𝐶(1)

𝑉𝐿𝐸 (1)+

𝐶(2)

𝑉𝐿𝐸 (2)+ ⋯ +

𝐶(𝑛)

𝑉𝐿𝐸 (𝑛)> 1 1. Cálculo do efeito

aditivo

Page 67: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Onde C (n) é a concentração atmosférica encontrada para o agente n e VLE (n) é o valor-

limite de exposição correspondente ao agente n. O VLE é excedido se o valor obtido for superior

a 1.

Segundo o Anexo F da NP EN 689:2008, se a apreciação da exposição profissional mostrar

que a exposição é inferior ao VLE, devem ser realizadas monitorizações periódicas subsequentes,

se necessário, em intervalos apropriados para assegurar que a situação se mantém. Esse intervalo

é de 64 semanas se a concentração do agente monitorizado não exceder ¼ do valor limite, 32

semanas se a concentração estiver entre ¼ e ½ do VLE e 16 semanas se a concentração exceder ½

do valor-limite, mas não exceder o próprio VLE. Tendo por base este anexo, verificou-se que para

a maioria dos agentes, a medição periódica seguinte pode ser realizada até às 64 semanas seguintes

desde a data da monitorização. No caso das partículas respiráveis e totais das referências E e X

(calculadas através do efeito aditivo), a próxima monitorização deverá ser feita até às 32 semanas

seguintes desde a data da monitorização.

5.6 Fatores potencialmente condicionantes

Para além da monitorização, foi realizado um estudo sobre alguns fatores que poderão levar

a que os colaboradores que se encontram expostos aos agentes químicos tenham maior

probabilidade de contração de doenças profissionais. Os dados podem ser consultados no Anexo

VIII.

Os dados recolhidos permitiram perceber que existe um total de 42 trabalhadores do sexo

masculino na área e que a média de idades é de cerca de 29 anos. Tendo em conta os postos de

trabalho, verificamos que os misturadores abertos correspondem ao posto que requer maior

número de colaboradores, correspondendo a um dos equipamentos que existe em maior número,

sendo necessários um total de 13 colaboradores. Logo a seguir aos misturadores abertos, o posto

com maior número de colaboradores expostos corresponde aos Banbury’s, sendo necessários um

total de 9 colaboradores. Estes dados apresentam-se designados na Tabela 6:

Tabela 6. Número de colaboradores por posto de trabalho.

POSTO DE TRABALHO

MISTURADOR ABERTO 13

BANBURY 9

TEAM LEADER 6

PRENSA DE MOLDE 5

PRENSA DE CORTE 4

Page 68: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

46

FCE’s 3

GERAL 2

TOTAL 42

No que diz respeito ao consumo de tabaco, podemos verificar que 26 trabalhadores são

consumidores, correspondendo este valor a cerca de 62% dos colaboradores totais (Gráfico 3):

Gráfico 3. Percentagem de fumadores e não fumadores na CRM.

Para o estudo em questão foi também importante perceber a antiguidade de cada

colaborador no setor em questão (Gráfico 4):

Gráfico 4. Antiguidade dos colaboradores no setor CRM (em anos).

62%

38%

CONSUMO DE TABACOFUMADORES

NÃO FUMADORES

21%

5%

74%

ANTIGUIDADE NO SETOR (ANOS)

1 ANO

2 ANOS

3 ANOS

Page 69: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

6 DISCUSSÃO

Perante os resultados obtidos verificamos que nenhum dos valores excede o valor-limite

de exposição, porém, foram encontrados alguns agentes químicos da indústria da borracha, ainda

que em reduzidas quantidades, que podem acarretar perigos para a saúde e despoletar o

desenvolvimento de doenças profissionais, nomeadamente o 1,3-butadieno e o estireno, tal como

comprovado, por exemplo, nos estudos de Delzell, Macaluso, Sathiakumar, Matthews (2001),

referente ao butadieno, e de Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell (2015), em relação ao estireno.

Segundo o estudo realizado por Sathiakumar et al (2015), cerca de 86,8% dos

colaboradores de uma fábrica de borracha sintética na América do Norte contraiu leucemia quando

expostos a uma dose média de 379,5 ppm/ano de 1,3-butadieno (médias de 66 anos de idade e 34

anos trabalhados), 80,9% contraiu Linfoma “Não-Hodgkin” quando expostos a uma dose média

de 236,5 ppm/ano (médias de 69 anos de idade e 37 anos trabalhados) e 70,8% contraiu Mieloma

Múltiplo quando expostos a 359,6 ppm/ano (médias de 71 anos de idade e 37 anos trabalhados).

No estudo realizado por Graff et al (2005), na indústria de borracha sintética, cerca de 88% da

população contraiu um tipo de leucemia para uma dose mediana de cerca de 185 ppm/ano de 1,3-

butadieno (médias de 61 anos de idade e 17 anos trabalhados), 81% contraiu NHL para uma dose

de cerca de 139 ppm/ano (médias de 64 anos de idade e 21 anos trabalhados), 85% para MM com

cerca de 123 ppm/ano (médias de 66 anos de idade e 19 anos trabalhados) e 46% contraiu a Doença

de Hodgkin quando expostos a 55 ppm/ano (médias de 53 anos de idade e 14 anos trabalhados).

Em relação ao estudo realizado por Delzell, Macaluso, Sathiakumar & Matthews (2001), no

mesmo tipo de indústria dos estudos anteriores, desenvolveram-se vários tipos de leucemia em

cerca de 88% dos colaboradores expostos para um valor mediano de dose de cerca de 209,3

ppm/ano (médias de 61 anos de idade e 17,2 anos trabalhados). Já no estudo realizado por Cheng,

Sathiakumar, Graff, Matthews & Delzell (2007), cerca de 71,4% da população contraiu leucemia

quando expostos a um valor médio de dose de 396,8 ppm/ano (médias de 63,5 anos de idade e

29,5 anos trabalhados). Em relação ao estudo realizado por Nalini Sathiakumar, Brill & Delzell

(2009) para uma dose média de 292,0 ppm/ano de 1,3-butadieno, cerca de 78,8% dos expostos

contraíram cancro do pulmão (médias de 67,2 anos de idade e 17 anos trabalhados).

No caso do estireno, no estudo realizado por Sathiakumar et al (2015), 91,2% dos

colaboradores expostos a estireno contraiu leucemia a uma dose média de 64,3 ppm/ano (médias

de 66 anos de idade e 34 anos trabalhados), 88,8% contraiu Linfoma “Não-Hodgkin” a uma dose

média de 43 ppm/ano (médias de 69 anos de idade e 37 anos trabalhados), e 77,1% contraiu

Mieloma Múltiplo a uma dose de 89,9 ppm/ano (médias de 71 anos de idade e 37 anos

trabalhados). Em relação ao estudo realizado por Graff et al (2005) sobre a indústria de borracha

sintética, verificou-se que para uma dose mediana de 32 ppm/ano, cerca de 91% dos colaboradores

expostos contraíram leucemia (médias de 61 anos de idade e 17 anos trabalhados), 90% contraiu

NHL para uma dose mediana de 30 ppm/ano (médias de 64 anos de idade e 21 anos trabalhados),

85% contraiu MM quando expostos a uma dose mediana de 15 ppm/ano (médias de 66 anos de

idade e 19 anos trabalhados) e 54% contraiu Doença de Hodgkin para uma concentração mediana

de 6 ppm/ano (médias de 53 anos de idade e 14 anos trabalhados). Os resultados obtidos no estudo

de Delzell, Macaluso, Sathiakumar & Matthews (2001), revelam que para uma concentração

Page 70: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

48

mediana de 36,6 ppm/ano de estireno, 92% dos colaboradores contraiu leucemia (médias de 61

anos de idade e 17,2 anos trabalhados). No estudo realizado por Nalini Sathiakumar, Brill &

Delzell (2009) verificou-se que para um valor de dose média de 56,4 ppm/ano de estireno, cerca

de 85,8% dos colaboradores contraiu cancro do pulmão (médias de 67,2 anos de idade e 17 anos

trabalhados).

Tendo em conta os valores anteriormente mencionados, e para que se pudesse realizar uma

comparação com os resultados obtidos, foi calculada a dose para os valores de 1,3-butadieno e

estireno, utilizando a Equação 2:

𝐷𝑜𝑠𝑒 = 𝑡 × 𝐶 2. Cálculo da dose

Os valores de dose obtidos para 1,3-butadieno correspondem a 83,95 ppm/ano para a

referência E, 87,60 ppm/ano para a referência K e 8,40 ppm/ano para a referência X. Foi detetado

estireno numa das monitorizações de PAH’s e o valor de dose obtido corresponde a 40,15 ppm/ano.

Estes valores são relativamente reduzidos em comparação com os valores obtidos nos estudos

anteriormente apresentados e estes valores de dose são estimados para uma produção diária destas

referências para um ano, o que não se verifica, tendo em conta que o planeamento é sempre

distinto, não sendo estas massas produzidas todos os dias. Por outro lado, são produzidas

referências que poderão ser similares. Em relação aos estudos anteriormente apresentados, a

incidência de doenças recai sobre idades mais avançadas (entre os 53 e os 71 anos de idade) e

sobre um número considerável de anos trabalhados (entre 14 e 37 anos trabalhados, o que não se

verifica neste caso tendo em conta que temos uma população jovem (média de 29 anos) e um

máximo de 3 anos trabalhados, sabendo que este setor se encontrou na unidade de Corroios até

2015, ano em que foi deslocado para Mozelos (Santa Maria da Feira).

No que diz respeito aos resultados de N-nitrosaminas, estes podem ser verificados no

Anexo VII. Relativamente a este agente, não estão definidos valores limite de exposição. Em

relação a N-nitrosodimetilamina, os efeitos toxicológicos associados passam por cancro do fígado

e do rim e lesão hepática. Para este agente, foi verificada a existência de valores limite de exposição

em alguns países, sendo que as concentrações obtidas foram inferiores ao valor mais exigente

apresentado pela Alemanha (0,000075 mg/m3)23. Este agente deve ser avaliado segundo um efeito

combinado (efeito aditivo), no entanto, e sabendo que não se encontra nenhum VLE definido, o

mesmo não foi calculado.

As nitrosaminas são formadas pela reação de aminas secundárias com agentes nitrosantes

do tipo NOx:

23 https://www.dguv.de/en/index.jsp (consultado a 13/06/2018)

AMINAS SECUNDÁRIAS + AGENTES NITROSANTES + CALOR = N-NITROSAMINAS

Page 71: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

As aminas secundárias surgem dos ingredientes pertencentes à família dos aceleradores de

vulcanização e dos dadores de enxofre, que contém o grupo amina secundária na sua constituição.

Como aceleradores de vulcanização temos as aminas (BA, HMTA), os tiazóis (MBT, MBTS e

ZMBT), as sulfenamidas (MBS, DIBS e OTOS), as sulfenimidas (TBSI), os tiureias (ETU, DETU,

DBTU, DPTU e TMTU), os xantatos (ZIX), as guanidinas (DPG, DOTG e OTBG), os tiurames

(TMTM, TMTD, TETD, MPTD, DPTT), os ditiocarbamatos (ZDMC, ZDEC, ZDBC, ZSMC,

ZEPC, ZMPC, TDEC, ZBEC) e os ditiofosfatos (ZBPD). A família dos dadores de enxofre é a

fonte de enxofre que vai estabelecer as ligações químicas entre as cadeiras macromoleculares e

atua também como agente de vulcanização, melhorando as propriedades dos vulcanizados. Como

exemplos de dadores de enxofre geradores de nitrosaminas temos o DTMD e o MBSS.

São vários os tipos de nitrosaminas formadas na indústria da borracha, sendo dominantes

as seguintes: N-nitrosodimetilamina (Grupo 2A), N-nitrosodietilamina (Grupo 2A), N-

nitrosodipropilamina (Grupo 2B), N-nitrosodi-isopropilamina, N-nitrosodibutilamina (Grupo 2B),

N-nitrosopiperidina (Grupo 2B), N-nitrosomorfolina (Grupo 2B), N-nitrosopirrolidina (Grupo

2B), N-nitrosometilfenilamina, N-nitrosoetilfenilamina24. Alguns tipos de N-nitrosaminas estão

classificados, segundo a IARC, como pertencentes aos Grupos 2A e 2B, apresentando também

alguns sintomas associados, nomeadamente: comichão, ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor

na garganta e secura, rouquidão, tosse seca grave, náuseas e dores de cabeça (Lena S. Jonsson et

al., 2009). Em relação ao local onde se realizou a monitorização das N-nitrosaminas (estufas), o

mesmo não constitui um posto de trabalho, e desta forma a exposição é muito reduzida, não sendo,

portanto, possível concluir se existe algum tipo de sintoma associado a este local e ao fenómeno

de formação deste agente. No entanto, foram realizados levantamentos de sintomas dos

colaboradores que estão associados às tarefas realizadas na zona das estufas. Num total de 6

colaboradores, verificou-se que 4 não apresentam sintomas (2 fumadores e 2 não fumadores).

Apenas um referiu que já sentiu irritação ocular, sendo esse colaborador fumador. Um dos

colaboradores referiu que tem algumas irritações dérmicas. Perante estes sintomas, verifica-se que

a irritação ocular é um dos sintomas que se assemelha aos que são referidos por Lena S. Jonsson

et al. (2009), devendo ser dada atenção a este relato, apesar de poder não estar associado à

exposição química ocupacional.

No que diz respeito aos fatores potencialmente condicionantes, foram recolhidos alguns

dados, nomeadamente no que diz respeito à distribuição dos colaboradores pelos postos de

trabalho, o sexo, a idade, o consumo de tabaco e a duração de empregabilidade no setor em questão.

Em relação aos postos de trabalho onde os colaboradores se encontram, verificamos que

os que requerem maior afluência de trabalhadores são os postos dos misturadores abertos (porque

existe um número considerável destes misturadores no processo), com um total de 13

colaboradores, e os misturadores fechados (Banbury’s), com um total de 9 colaboradores expostos.

Vlaanderen et al (2013) observou, durante a realização dos seus estudos, que existe uma incidência

significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que se encontravam na “preparação de

materiais”, processo esse que inclui a pesagem e mistura, a moagem e a calandragem. Este

processo descrito pelo autor em tudo se assemelha às tarefas que são realizadas nos misturadores

24 https://ctborracha.com/?page_id=13318 (Consultado a 3/06/2018)

Page 72: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

50

abertos e fechados, estando estes 22 colaboradores em postos de trabalho onde existe uma

quantidade considerável de agentes químicos libertados, sejam eles poeiras ou gases e vapores

libertados após a mistura dos diferentes produtos.

Também o sexo e a idade são dois fatores relevantes. Neste estudo, a média de idades ronda

os 29 anos e os colaboradores, na sua totalidade, são do sexo masculino. Estes fatores têm sido

alvos de estudo, porém ainda não existem estudos concretos que comprovem que estes são fatores

que realmente podem influenciar na contração de doenças profissionais. Apesar disto, idades mais

avançadas estão mais associadas a um maior número de mortes por doenças profissionais.

No que toca ao consumo de tabaco, neste setor, cerca de 62% dos colaboradores são

fumadores. Os resultados obtidos por Gemitha & Sudha (2013) são idênticos a outros que sugerem

uma associação entre o tabagismo e a exposição ocupacional, podendo estes 26 colaboradores estar

mais suscetíveis à contração de doenças profissionais. No que diz respeito aos colaboradores que

são fumadores, não fará sentido, neste caso, realizar um estudo sobre os sintomas que se possam

fazer sentir nos mesmos, tendo em conta que poderão estar associados ao próprio consumo de

tabaco. No que diz respeito aos sintomas por parte dos colaboradores não fumadores, na sua

maioria não são apresentados sintomas, num total de 10 colaboradores. Alguns referiram alguns

sintomas, nomeadamente: enjoos (1), sangramento pelo nariz (1), irritação ocular (2), irritação

dérmica (2), dificuldades em respirar (2) e garganta irritada (1). Apesar de se fazerem sentir estes

efeitos, os mesmos poderão não estar diretamente associados à exposição química ocupacional que

se faz sentir no setor, podendo estar outros fatores associados à origem dos mesmos, o que não

invalida de se ter em conta e em atenção os relatos dados por parte dos colaboradores.

Em relação ao tempo de empregabilidade, a maioria dos colaboradores trabalha há cerca

de 3 anos no setor, sendo que este é o tempo máximo, tendo em conta que o setor em questão se

encontrava na unidade de Corroios até 2015, ano no qual foi movido para a Amorim Cork

Composites. Segundo os estudos realizados no que diz respeito a este tema, cada doença apresenta

um intervalo no qual é mais relevante, não sendo possível comparar com este caso em específico

tendo em conta que o tempo de empregabilidade é muito reduzido. Porém, segundo Vlaanderen et

al. (2013), existe uma maior taxa de mortalidade por cancro do pulmão em colaboradores com

duração de empregabilidade compreendida entre 1 e 9 anos.

6.1 Medidas corretivas/preventivas

Após uma análise dos postos de trabalhado, dos colaboradores que se encontram expostos,

dos produtos utilizados e processo produtivo, percebeu-se que algumas situações podem ser

críticas e podem revelar-se efeitos e consequências na saúde dos trabalhadores. A proposta ao se

implementar um sistema efetivo de controlo da exposição a agentes químicos no ambiente de

trabalho é encontrar a redução máxima da exposição e, consequentemente, do risco. Deve ser

implementado um conjunto de medidas preventivas e de boas práticas para prevenir efeitos

nocivos sobre a segurança e a saúde decorrentes da exposição a agentes químicos, atuando sobre

Page 73: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

as estruturas, ao nível técnico, sobre a organização do trabalho, sobre as medidas de proteção

individual e sobre as medidas de informação/formação. Assim sendo, procedeu-se à sugestão de

algumas medidas de prevenção e correção aplicáveis aos postos de trabalho, mas também ao

processo produtivo bem como aos próprios colaboradores, que são sugeridas neste tópico.

6.1.1 Medidas Técnicas

Em relação às medidas técnicas, sugerem-se alterações no Banbury 1. O objetivo é atuar

na zona de alimentação do mesmo, tendo em conta que é por essa zona que são libertadas as

poeiras. Desta forma, o que se pretende é a colocação de uma cortina de PVC na envolvente da

abertura do Banbury 1, de forma a impossibilitar a fuga de poeiras e vapores para a zona de

permanência dos colaboradores. Na zona superior, colocação de um suporte de forma a colocar as

cortinas no mesmo. A zona inferior das cortinas de PVC não deve ficar mais baixa do que o nível

de abertura da porta quando a mesma se encontrar aberta (se possível, à mesma altura), não

impedindo assim a descarga dos materiais através do tapete transportador. Possibilitar a colocação

da cortina de PVC na zona superior do Banbury, para possíveis intervenções. Se possível, sobrepor

ligeiramente as cortinas entre elas (cerca de 5 cm), de forma a que a fuga de produtos químicos

seja o mais reduzida possível. Esta medida irá reduzir a projeção de gases e vapores e por outro

lado aumentar a eficiência dos mecanismos de extração localizada.

Em relação ao Banbury 2, o objetivo é replicar a situação do Banbury 1, atuando na zona

de alimentação do misturador fechado. Desta forma, o que se pretende é o prolongamento da

cortina de PVC na abertura do Banbury 2 (já existe uma cortina de PVC que cobre cerca de 1/3 da

boca de alimentação do misturador), de forma a impossibilitar a fuga de poeiras e vapores para a

zona de permanência dos colaboradores.

6.1.2 Medidas de Formação/Informação

De forma a que todos os colaboradores estejam devidamente informados sobre os produtos

aos quais se encontram expostos, devem ser desenvolvidas ações de formação aos mesmos, nas

quais devem ser dados a conhecer tópicos relativos à exposição química ocupacional: Explicação

do contexto das Fichas de Dados de Segurança, Pictogramas de perigo, Palavras-sinal,

Advertências de perigo, Recomendações de prudência, Produtos químicos mais críticos do posto

de trabalho, dar a conhecer todos os riscos inerentes aos postos de trabalho e o modo de controlar

esses riscos, dar a conhecer alguns dos efeitos da contaminação por agentes químicos, seja por

inalação, por contacto com a pele ou por ingestão (por exemplo: irritações, queimaduras, doenças

profissionais, entre outros), correto manuseamento de produtos químicos, como atuar em caso de

contaminação por algum agente químico (como utilizar corretamente os kits de contenção de

derrames, lava-olhos, etc…), como utilizar corretamente os equipamentos de proteção individual,

entre outros tópicos de relevante importância.

Page 74: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

52

Sugere-se ainda a colocação de uma caixa para a colocação das FDS. Com esta medida o

que se pretende é que os colaboradores tenham todas as Fichas de Dados de Segurança, referentes

aos produtos aos quais se encontram expostos, disponíveis no posto de trabalho, de forma a que,

sempre que surgir uma dúvida em relação a algum produto, possam resolver a mesma de forma

rápida e autónoma. Estas caixas devem ser colocadas em locais específicos, em pontos de

armazenamento de produtos químicos e de forma a facilitar o acesso às mesmas.

6.1.3 Medidas Organizacionais

Neste ponto o que se pretende é uma verificação da disponibilização dos trabalhadores

pelos postos de trabalho, de forma a que se reduza ao máximo os trabalhadores nas áreas e nos

pontos mais críticos e mais suscetíveis de libertação de contaminantes químicos, de maneira a que

se proteja ao máximo todos os colaboradores. Neste ponto, e caso não seja possível a redução de

trabalhadores nas áreas mais expostas, sugere-se que haja rotatividade dos trabalhadores, de forma

a que os mesmos estejam o menor tempo possível em áreas com possível libertação de

contaminantes.

Sugere-se ainda uma revisão àquela que é a composição das massas produzidas, de forma

que se substitua componentes que são suscetíveis de dar origem a contaminantes ou que se reduza

as quantidades dos mesmos. As N-nitrosaminas devem ser um ponto prioritário tendo em conta

que as consequências e os efeitos das mesmas são de elevada gravidade. As aminas ou derivados

de aminas que não produzem nitrosaminas ou produzem nitrosaminas não cancerígenas, são as

chamadas aminas seguras (“safe amines”) (Alam, Mandal, Roy, & Debnath, 2014). No que diz

respeito a este contaminante, devem ser substituídos os aceleradores. Como exemplo temos:

• Sulfenamidas: MBS pode ser substituída por sulfenamidas do tipo CHBS ou TBBS; CBS

pode ser substituída por NOBS (N-oxidietil benzotiazil sulfenamida);

• Tiurames: podem ser substituídos por ZBEC (Dibenzilo ditiocarbamato de zinco),

ditiofosfatos, por uma combinação de aceleradores básicos e por TBzTD (Dissulfureto de

tetrabenzilo tiurame;

• Ditiocarbamatos: podem ser substituídos por ZBEC (Dibenzilo ditiocarbamato de zinco.

Outra medida igualmente aplicável poderá ser a adição de inibidores ou desativadores de

óxidos nitrosos, que impedem a formação de nitrosaminas. Alguns exemplos são agentes

fenólicos, que possuem um efeito de reduzir a formação de nitrosaminas, e as aminas derivadas da

ureia, que possuem um efeito destrutivo sobre os óxidos nitrosantes.

6.1.4 Medidas de Vigilância Médica

Devem ser realizados, com alguma regularidade, de forma contínua e em função das

exigências do trabalho e dos fatores de risco, iniciativas de vigilância médica para deteção

Page 75: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

atempada de situações de alteração da saúde dos colaboradores. Este é um ponto importante na

deteção precoce de sinais e sintomas de doenças relacionadas com o trabalho, na limitação ou

controlo da progressão de alguma doença e das suas consequências ou complicações, na

diminuição da (re)incidência de alguma doença e na readaptação/reintegração de um trabalhador

com incapacidade25.

6.1.5 Medidas de Proteção Coletiva

Sugere-se um melhoramento das condições de ventilação por diluição, fornecendo assim

ar fresco e limpo vindo do exterior para a área laboral, diluindo assim possíveis contaminantes que

se encontrem dispersos no ar, o que vai reduzir a concentração dos mesmos. Colocação de pontos

de ventilação por diluição próximo dos pontos de libertação de contaminantes (Banbury’s,

abastecimento de cacifos, misturadores abertos e estufas), de forma a que este sistema possa

facilmente diluir os mesmos. Sugere-se ainda um melhoramento das condições de extração

localizada. Estes mecanismos são utilizados para captar contaminantes existentes na atmosfera dos

locais de trabalho, preferencialmente junto aos pontos de geração ou libertação dos mesmos. Nos

pontos nos quais se considera que há maior libertação de contaminantes (Banbury’s, abastecimento

de cacifos, misturadores abertos e estufas) existem sistemas de ventilação localizada, porém não

apresentam uma relevante eficácia, pelo que se sugere um melhoramento da mesma.

De forma a eliminar as poeiras nos locais da sua formação, devem ser tomadas medidas de

limpeza frequente sobre as partículas depositadas nos equipamentos e nos pavimentos, devido ao

facto de poderem entrar em suspensão com muita facilidade, pela sua diminuta dimensão. Deve

ser organizado um correto serviço de limpeza com meios de ação adequados (aspiradores

industriais, limpeza a húmido, etc…), evitando assim a utilização de ar comprimido, tendo em

conta que o mesmo pode acarretar graves perigos para a saúde, nomeadamente devido à inalação

das partículas que ficam em suspensão.

Como forma de atuação rápida no caso da ocorrência de uma possível contaminação na

área de trabalho, sugere-se a colocação de um chuveiro de emergência (se possível, que inclua

lava-olhos) no piso de alimentação dos Banbury’s, tendo em conta que os colaboradores que lá se

encontram são os que mais se encontram expostos aos produtos químicos e à possibilidade de

ocorrência de uma situação que requer a utilização de um sistema deste tipo.

6.1.6 Medidas de Proteção Individual

As medidas de proteção individual referem-se à disponibilização de equipamentos de

proteção individual. Neste caso, todos os colaboradores da Cork Rubber Materials possuem os

25 https://www.dgs.pt/saude-ocupacional/organizacao-de-servicos-de-saude-do-trabalho/requisitos-de-organizacao-e-

funcionamento/atividades/vigilancia-da-saude.aspx (consultado a 3/05/2018)

Page 76: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

54

mesmos, nomeadamente: calçado de segurança, fardamento, chapéu de segurança, luvas, óculos,

proteção auditiva, máscaras de proteção contra poeiras e máscaras de proteção contra agentes

químicos, não sendo neste momento necessária uma alteração referente a este ponto. Neste ponto,

devem ser promovidas ações de sensibilização para o uso dos equipamentos em momentos e locais

apropriados e para a correta utilização dos mesmos.

Page 77: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS

7.1 CONCLUSÕES

No que diz respeito à indústria da borracha, o que se verifica é que realmente existe uma

grande preocupação sobre a exposição química ocupacional, sendo possível verificar em todos os

estudos que já foram realizados e os que atualmente se realizam, sendo este tipo de temática um

foco na empresa tendo em conta a vasta quantidade de produtos químicos que é utilizada na

mesma.

Com este estudo foi possível verificar e identificar que existem agentes contaminantes que

carecem de um maior cuidado e que estão diretamente associados a este tipo de indústria,

nomeadamente 1,3-butadieno, estireno e N-nitrosaminas, tendo sido aquelas mais tidas em atenção

durante todo este processo de apreciação química ocupacional.

Em relação à identificação das fases de processo que devem ser mais prioritárias no que

diz respeito a esta temática e de forma a que sejam realizados testes nestes locais, salientam-se os

misturadores fechados e as estufas, sabendo então que os produtos químicos são abastecidos no

interior destes equipamentos, são submetidos a altas temperaturas e reagem entre si. De salientar

também os misturadores abertos que se seguem imediatamente após a descarga dos materiais do

interior dos misturadores fechados (misturadores abertos 1 e 5). Nestes postos de trabalho os

colaboradores encontram-se totalmente expostos aos produtos que são descarregados do interior

dos Banbury’s e que reagiram quimicamente entre eles quando misturados e submetidos a altas

temperaturas. Como consequência, os colaboradores que se encontram nestas áreas encontram-se

então mais expostos por estas razões.

Os efeitos na saúde que se encontram associados aos agentes químicos identificados

dependem muito do tipo de contaminante em questão. Em relação aos resultados obtidos nesta

monitorização, os efeitos toxicológicos passam muito por doenças cancerígenas, doenças no trato

respiratório (superior ou inferior) e neuropatias.

Em relação aos fatores potencialmente influenciáveis no que diz respeito ao aumento da

probabilidade de contração de doenças profissionais, deve ser dada uma importante atenção à

população fumadora e à população que se encontra em postos de trabalho de maior exposição aos

agentes químicos.

No que diz respeito à implementação de medidas corretivas/preventivas, deve ser dada uma

importante atenção à implementação das mesmas e seguindo sempre uma ordem devidamente

hierarquizada, iniciando sempre a implementação pelas medidas técnicas e terminando nas

medidas de proteção individual.

Na fase de planeamento de toda a monitorização foram sentidos alguns constrangimentos,

principalmente no que diz respeito à seleção das referências a monitorizar, tendo em conta que

aquelas que foram monitorizadas não correspondem àquelas que inicialmente se planeava. Não foi

possível realizar o estudo de outra forma porque não era viável a área produzir as referências

apenas para que a monitorização fosse realizada, estando aqui alguns custos associados.

Page 78: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

56

7.2 PERSPETIVAS FUTURAS

Com o desenvolvimento deste estudo tornou-se claro que existe um elevado risco de cancro

associado a este tipo de processo, nomeadamente no que diz respeito à indústria da borracha. Posto

isto, sugere-se que no futuro sejam feitas monitorizações mais pormenorizadas e que as mesmas

incluam referências que sejam relevantes no ponto de vista de produção, ou seja, que representem

uma percentagem considerável da produção total da área.

No momento do planeamento das monitorizações é importante ter sempre em consideração

a comunicação com os operadores e a escuta das suas opiniões, tentando perceber quais os seus

constrangimentos, dificuldades e limitações na realização de algumas tarefas e em alguns postos

de trabalho no que diz respeito à segurança e saúde dos próprios, tendo em conta que são eles que

se encontram expostos durante as 8 horas de trabalho diárias.

Sugere-se ainda que nas futuras monitorizações seja incluído o Estireno (STY), tendo em

conta que, pelos estudos apresentados anteriormente, pode apresentar também graves riscos para

a saúde. No que diz respeito a este agente bem como ao 1,3-butadieno, sugere-se que as próximas

monitorizações dos mesmos sejam realizadas no misturador aberto 5 aquando da produção da

mistura-mãe, sabendo que neste tipo de produto são utilizadas primeiramente as borrachas e

percebendo que estes dois agentes são parte da composição da maioria das borrachas utilizadas

neste setor.

O ideal, nestes casos, seria desenvolver todas as equações de balanço, através do

conhecimento aprofundado de todo o processo, e realizar uma posterior relação com os resultados

obtidos de monitorizações realizadas, focando naquilo que seria o ideal e que reduziria os custos.

Para este tipo de abordagem sobre a contaminação química ocupacional e tendo em conta

as diversas medidas de prevenção que são referidas anteriormente, a criação de uma base de dados

para o registo de valores obtidos das monitorizações, de sintomas, de medidas sugeridas e

implementadas, de custos associados, entre outros fatores que possam ser relevantes, pode ajudar

na análise deste tipo de abordagem, nomeadamente para que se perceba mais facilmente quais as

medidas mais vantajosas, menos custosas e que apresentam melhores resultados, diminuindo assim

a exposição química ocupacional. Desta forma, toda esta análise seria mais intuitiva.

Page 79: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

8 BIBLIOGRAFIA

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Environmental Monitoring, 9(3), 253-259. doi:10.1039/b615472g;

Decreto-Lei nº 169/2012, de 1 de agosto, cria o Sistema da Indústria Responsável, que regula o

exercício da atividade industrial, a instalação e exploração de zonas empresariais responsáveis,

bem como o processo de acreditação de entidades no âmbito deste Sistema;

Decreto-Lei nº 209/2008, de 29 de outubro, estabelece o regime do exercício da atividade

industrial (REAI) e revoga o Decreto-Lei nº 69/2003, de 10 de abril, e respetivos diplomas

regulamentares;

Decreto-Lei nº 220/2012, de 10 de outubro, assegura a execução na ordem jurídica interna das

obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 1272/2008, do Parlamento Europeu e do

Conselho, de 16 de dezembro, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e

misturas;

Decreto-Lei nº 24/2012, de 6 de fevereiro, consolida as prescrições mínimas em matéria de

proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes

químicos no trabalho e transpõe a Diretiva n.º 2009/161/UE, da Comissão, de 17 de Dezembro de

2009;

Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de outubro, aprova a nova Tabela Nacional de Incapacidades por

Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais;

Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro, aprova a Classificação Portuguesa das Actividades

Económicas, Revisão 3;

Page 80: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

58

Decreto-Lei nº 73/2015, de 11 de maio, Procede à primeira alteração ao Sistema da Indústria

Responsável, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto;

Decreto-Lei nº 98/2010, de 11 de agosto, estabelece o regime a que obedecem a classificação,

embalagem e rotulagem das substâncias perigosas para a saúde humana ou para o ambiente, com

vista à sua colocação no mercado;

Delzell, E., Macaluso, M., Sathiakumar, N., & Matthews, R. (2001). Leukemia and exposure to

1,3-butadiene, styrene and dimethyldithiocarbamate among workers in the synthetic rubber

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2797(01)00223-x;

Delzell, E., Sathiakumar, N., Graff, J., Macaluso, M., Maldonado, G., & Matthews, R. (2006). An

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report (Health Effects Institute)(132), 1-63; discussion 65-6374;

Gemitha, G., & Sudha, S. (2013). Assessment of genotoxicity among rubber industry workers

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Miguel, A.S., 2014 - Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 13ª Edição, 2014;

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Norma Portuguesa (NP) 1796:2014 - “Valores limite de exposição profissional a agentes

químicos.”, Instituto Português da Qualidade (IPQ);

Page 81: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Norma Portuguesa (NP) EN 14042/2015 – “Atmosferas dos locais de trabalho – Guia para a

aplicação e utilização de procedimentos para a apreciação da exposição a agentes químicos e

biológicos”, Instituto Português da Qualidade;

Norma Portuguesa (NP) EN 482/2015 – “Exposição nos locais de trabalho – Requisitos gerais do

desempenho dos procedimentos de medição dos agentes químicos”, Instituto Português da

Qualidade;

Norma Portuguesa (NP) EN 689/2008 – “Atmosferas dos locais de trabalho: Guia para a

apreciação da exposição por inalação a agentes químicos por comparação com valores limite e

estratégia de medição”, Instituto Português da Qualidade;

Portaria nº 302/2013, de 16 de outubro, identifica os requisitos formais do formulário e os

elementos instrutórios que devem acompanhar os procedimentos de autorização prévia, de

comunicação prévia com prazo e de mera comunicação respeitantes à instalação, exploração e

alteração de estabelecimentos industriais;

Portaria nº 53/71, de 3 de fevereiro, aprova o Regulamento Geral de Segurança e Higiene do

Trabalho nos Estabelecimentos Industriais;

Regulamento (CE) nº 1272/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de dezembro,

relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas;

Regulamento (CE) nº 1907/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro de

2006, relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH), que

cria a Agência Europeia dos Produtos Químicos;

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Sathiakumar, N., Brill, I., & Delzell, E. (2009). 1,3-butadiene, styrene and lung cancer among

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lymphohematopoietic cancer among male synthetic rubber industry workers - Preliminary

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Sorahan, T., Hamilton, L., & Jackson, J. R. (2000). A further cohort study of workers employed

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Page 82: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

60

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Vlaanderen, J., Taeger, D., Wellman, J., Keil, U., Schuz, J., & Straif, K. (2013). Extended cancer

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environmental medicine, 55(8), 966-972. doi:10.1097/JOM.0b013e31829540f4.

Page 83: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

9 ANEXOS

I. Classes de perigo

Tabela 7. Classes de perigo e respetivos pictograma, descrição e recomendações de prudência

PICTOGRAMA CLASSE DE PERIGO DESCRIÇÃO RECOMENDAÇÕES DE PRUDÊNCIA

PERIGOS FÍSICOS

Gás sob pressão

Contém gás sob pressão; Risco de explosão sob a ação do calor; contém gás

refrigerado; pode provocar queimaduras ou lesões criogénicas.

Manter ao abrigo da luz solar; usar luvas de proteção contra o frio/escudo facial/proteção ocular; consulte

imediatamente um médico.

Explosivo

Explosivo instável; Perigo de explosão em massa; Perigo grave de projeções; Perigo

de incêndio, sopro ou projeções; Perigo de explosão em massa em caso de incêndio.

Pedir instruções específicas antes da utilização; Não manuseie o produto antes de ter lido e percebido todas

as precauções de segurança; manter afastado do calor/faísca/chama aberta/superfícies quentes; Não

fumar; usar luvas de proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; usar o

equipamento de proteção individual exigido; Risco de explosão em caso de incêndio.

Comburente Pode provocar ou agravar incêndios; comburente; Risco de incêndio ou de

explosão; muito comburente.

Manter afastado do calor/faísca/chama aberta/superfícies quentes; Não fumar; usar luvas de

proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; enxaguar imediatamente com muita água a roupa e a pele contaminadas antes de se

despir.

Page 84: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

2

Inflamável

Gás extremamente inflamável; Gás inflamável; Aerossol extremamente

inflamável; Aerossol inflamável; líquido e vapor facilmente inflamáveis; líquido e

vapor inflamáveis; sólido inflamável.

Não pulverizar sobre chama aberta ou outra fonte de ignição; manter afastado do calor/faísca/chama

aberta/superfícies quentes; Não fumar; manter o recipiente bem fechado; conservar em ambiente fresco;

manter ao abrigo da luz solar.

PERIGOS PARA A SAÚDE

Corrosivo Pode ser corrosivo para os metais; provoca

queimaduras na pele e lesões oculares graves.

Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; lavar cuidadosamente após

manuseamento; usar luvas de proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; armazenar

em local fechado à chave Conservar unicamente no recipiente de origem.

Tóxico (nocivo)

Pode provocar irritação das vias respiratórias; pode provocar sonolência ou

vertigens; pode provocar uma reação alérgica cutânea; provoca irritação ocular grave; provoca irritação cutânea; nocivo por ingestão; nocivo em contacto com a

pele; nocivo por inalação. Prejudica a saúde pública e o ambiente ao

destruir o ozono na alta atmosfera

Evitar respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Utilizar apenas ao ar livre ou em locais bem ventilados; Em caso de inalação: retirar a

vítima para uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que não dificulte a respiração; Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico em caso de indisposição; Usar luvas de proteção/vestuário de

proteção/proteção ocular/proteção facial; Se entrar em contacto com a pele: lavar com sabonete e água

abundantes; Se entrar em contacto com os olhos: enxaguar cuidadosamente com água durante vários

minutos; Se usar lentes de contacto, retire-as, se tal lhe for possível; Continuar a enxaguar; Não comer, beber

ou fumar durante a utilização deste produto.

Page 85: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Toxicidade aguda

Mortal por ingestão; mortal em contacto com a pele; mortal por inalação; tóxico por ingestão; tóxico em contacto com a pele;

tóxico por inalação.

Lavar cuidadosamente após manuseamento; Não comer, beber ou fumar durante a utilização deste

produto; Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico; Enxaguar a boca; Armazenar em recipiente fechado;

Não pode entrar em contacto com os olhos, a pele ou a roupa; Usar luvas de proteção/vestuário de

proteção/proteção ocular/proteção facial; Se entrar em contacto com a pele: lavar suavemente com sabonete e água abundantes; Despir/retirar imediatamente toda a roupa contaminada; Lavar a roupa contaminada antes

de a voltar a usar; Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Utilizar apenas ao ar

livre ou em locais bem ventilados; Usar proteção respiratória; Em caso de inalação: retirar a vítima para

uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que não dificulte a respiração; Armazenar em

local fechado à chave.

Perigo grave para a saúde

Pode ser mortal por ingestão e penetração nas vias respiratórias; afeta os órgãos; pode afetar os órgãos; pode afetar a

fertilidade ou o nascituro; Suspeito de afetar a fertilidade ou o nascituro; pode

provocar cancro Suspeito de provocar cancro; pode

provocar anomalias genéticas; Suspeito de provocar anomalias genéticas; Quando

inalado, pode provocar sintomas de alergia ou de asma ou dificuldades respiratórias.

Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico; Não

provocar o vómito; Armazenar em local fechado à chave; Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/

vapores/ aerossóis; Lavar cuidadosamente após manuseamento; Não comer, beber ou fumar durante a

utilização deste produto; Em caso de indisposição, consulte um médico; Em caso de exposição: Contacte um Centro de Informação Antivenenos ou um médico;

Pedir instruções específicas antes da utilização; Não manuseie o produto antes de ter lido e percebido todas

as precauções de segurança; Usar o equipamento de proteção individual exigido; Em caso de exposição ou

Page 86: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

4

suspeita de exposição: Consulte um médico; Evitar respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Em caso de ventilação inadequada, usar

proteção respiratória; Em caso de inalação: Em caso de dificuldade respiratória, retirar a vítima para uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que

não dificulte a respiração.

PERIGOS PARA O AMBIENTE

Perigo para o ambiente

Muito tóxico para os organismos aquáticos com efeitos duradouros; tóxico para os

organismos aquáticos com efeitos duradouros.

Evitar a libertação para o ambiente; recolher o produto derramado.

Page 87: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

II. Análise de artigos

Tabela 8. Análise dos artigos recolhidos.

AUTORES

ANO DE

PUBLICAÇÃ

O

ARTIGO

OBJETIVO

TIPO DE INDÚST

RIA

LOCAL DO

ESTUDO

AMOSTRA

TEMPO DE EMPREGABILIDAD

E

DURAÇÃO

DO ESTUDO

CONTAMINANT

ES QUÍMIC

OS

METODOLOGIA /

AVALIAÇÃO DA

EXPOSIÇÃO

DOSE /

CONCENTRAÇÃO

TEMPO DE

EXPOSIÇÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO

EFEITOS /

DOENÇAS

CONCLUSÃO

Bolognesi, C.,

& Moretto, A.

2014

Genotoxic

risk in rubber manufacturin

g industr

y: A system

atic review

Discussão e revisão do papel da exposição da pele na indústria da borracha, fornecendo uma visão geral das manifestações cutâneas e sistémicas das exposições ocupacionais em trabalhad

Indústria da borracha

Informação não disponível

Informação não disponível

1980 - 2008

Informação não disponível

Aminas aromáticas, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e N-nitrosaminas

Revisão sistemática: PRISMA statement

Informação não disponível

Informação não disponível

Exposição a misturas genotóxicas, estudos de biomonitorização, mutagenicidade urinária, Adutos de DNA, danos no DNA, danos nos cromossomas, mutações genéticas; a avaliação de dados na análise química não identificou substâncias específicas, classes de compostos ou processos responsáveis pela atividade genotóxica, com a exceção do butadieno, um muito bem conhecido composto cancerígeno; os estudos associados à produção de borracha sintética BD e BD-STY, descrevem um aumento da frequência de linfócitos mutantes HPRT

Leucemia, linfoma, cancros da bexiga, pulmão e estômago

São necessários mais estudos que abordem a genotoxicidade da exposição às misturas nas diferentes fases e processos de produção, de forma a restringir o controlo da exposição e as medidas preventivas.

Page 88: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

6

ores de borracha modernos.

Cavallo, D.,

Casadio, V.,

Bravaccini, S., Iavicoli

, S., Pira, E.,

Romano, C.,

. . . Calistri

, D.

2014

Assessment

of DNA Damage and Telomerase Activit

y in Exfolia

ted Urinary Cells

as Sensitive and Noninvasive

Biomarkers for

Early Diagnosis of

Bladder

Cancer in Ex-

Workers of a

Rubber Tyres

Industry

Novas estimativas quantitativas do risco de cancro para exposição ao 1,3-butadieno

Indústria de pneus de borracha

Informação não disponível

159 ex-trabalhadores da indústria da borracha com idades entre os 31 e os 81 anos; 97 não expostos com idades entre os 30 e os 83 (controlo)

Informação não disponível

Informação não disponível

Fenil-2-naftilamina, aminas aromáticas (IPPD e 6PPD), negro de carbono, 1,3-butadieno, estireno, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs)

Exames aplicados aos 159 trabalhadores: papanicolaou, teste de cometas e protocolo quantitativo de amplificação repetida da telomerase (TRAP); a deteção e monitorização do cancro na bexiga são normalmente feitos através de citologia urinária, citoscopia e histologia (outros métodos são enunciados no texto); MÉTODOS UTILIZADOS: investigar os danos no DNA por ensaio cometa e

Informação não disponível

1962 - 2006 (Fenil-2-naftilamina); 1981 - 1995 (Aminas aromáticas (IPPD, 6-PPD)); Todo o período (Negro de carbono, 1,3-butadieno, estireno, PAHs); Tabela 1

Não foram evidenciadas estatisticamente diferenças significativas para fatores de confusão, tais como hábitos tabágicos, exposição à radiação diagnóstica e hipóteses sobre drogas entre os trabalhaores da indústria da borracha e controles, enquanto diferenças significativas foram encontradas para idade e hábitos alimentares.

Cancro na bexiga (essencialmente)

A pesquisa mostrou que a análise desdes marcadores biomoleculares nas células da urina podem ser potencialmente mais precisos do que a citologia convencional na monitorização de trabalhadores expostos à mistura de potenciais carcinogénicos da bexiga, demonstrando a eficácia de uma nova geração de testes não-invasivos, para serem usados como diagnósticos precoces de cancro na bexiga em amostras que foram expostas a agentes carcinogénicos ocupacionais na fabricação de pneus

Page 89: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

níveis de atividade da telomerase por ensaios TRAP, combinando estes com a análise FISH; os resultados são comparados com a comumente utilizada citologia e citoscopia usada como um padrão ouro; 2.1. Subjects; 2.2. Coleção de urina; 2.3. Ensaio cometa; 2.4. Ensaio TRAP; 2.5. Análise FISH; 2.6. Citologia; 2.7. Análise estatística

Page 90: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

8

Cheng, H.,

Sathiakumar

, N., Graff,

J., Matthews, R., &

Delzell, E.

2007

1,3-Butadi

ene and

leukemia

among synthe

tic rubber industr

y worker

s - Exposu

re-respon

se relationships

Aprofundar a relação exposição-resposta entre vários índices de exposição ao BD e leucemia e estimar a relação exposição-resposta entre BD e todas as neoplasias linfóides ou todas as neoplasias mielóides

Indústria da borracha

América do Norte (2 empresas no Texas, 2 em Louisiana, 1 em Kentucky e 1 no Canadá)

16579 homens (488 excluídos pela regressão de Cox, obtendo-se um total de 16091 trabalhadores)

1944 - 1988; Pelo menos 1 ano

Informação não disponível

1,3-butadieno, estireno e DMDTC

Análise de regressão de Poisson; Regressão de Cox; Não foi ajustada a exposição ao estireno. A pesquisa epidemiológica não forneceu evidências consistentes de que esse agente causa leucemia em humanos

Resultados apresentados nas tabelas

Informação não disponível

A presente análise indica uma relação exposição-resposta entre todas as variáveis de exposição BD e leucemia; este estudo não resolveu questões sobre DMDTC e leucemia (não é claro que DMDTC cause leucemia

Neoplasias linfóides (leucemia linfoide, linfoma “não-Hodgkin”, linfoma de Hodgkin e mieloma múltiplo). Neoplasias mieloides (leucemia mielóide e monocítica, mielofibrose, mielodisplasia, distúrbios mieloproliferativos e policitemia vera)

Os presentes resultados suportam a presença de uma relação causal entre alta exposição cumulativa e alta intensidade de exposição ao BD e leucemia.

Page 91: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

De Vocht,

F., Burstyn, I.,

Straif, K.,

Vermeulen,

R., Jakobs

son, K.,

Nichols, L., . .

. Kromhout, H.

2007

Occupational exposu

re to NDMA

and NMor in the

European

rubber industr

y

Investigar a prevalência de distúrbios da pele e a possível relação entre exposição dérmica e dermatite à mão na indústria da borracha na Holanda

Indústria da borracha

Alemanha, Holanda, Polónia, Reino Unido e Suécia

5 empresas (Alemanha, Suécia, Reino Unido, Holanda, Polónia)

Duas décadas

Informação não disponível

NDMA (C2H6N2O) e NMor (C4H8N2O2)

As medidas de um número de químicos utilizados foram codificados retrospectivamente usando um protocolo padrão num banco de dados comum, juntamente com informações auxiliares sobre tarefas, processos, medidas de controlo de exposição, métodos de amostragem e estratégia de medição.

Dados apresentados nas tabelas 2 e 3

Informação não disponível

Um aumento significativo na exposição média (+ 13% ano-1) foi observado nos departamentos diversos da indústria de produção de pneus; Os níveis mais altos de exposição média no processo de produção foram, tal como esperado, encontrados nos departamentos de cura, onde as aminas secundárias são libertadas e reagem com agentes nitrosantes para formar nitrosaminas; os resultados também mostraram uma exposição média maior nos departamentos "diversos" que incluíam principalmente medições durante as atividades de manutenção e engenharia, que são realizadas em todas as áreas das fábricas

Cancro do esófago, da cavidade oral e da faringe

Este estudo mostrou que a introdução de medidas para eliminar a exposição às nitrosaminas, tais como a introdução de 'aminas seguras' ou o controlo da exposição a fumos de borracha em geral, levou a uma diminuição de duas a cinco vezes nos níveis médios de concentração de NDMA e NMor na indústria alemã de borracha com níveis de concentração comparáveis no Reino Unido, Suécia, Holanda e Polónia. No entanto, a exposição a NDMA e NMor em situações ou processos específicos, particularmente processos de cura por banho de sal, não foi eliminada.

Page 92: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

10

Delzell, E.,

Macaluso, M.,

Sathiakumar, N., & Matthews,

R.

2001

Leukemia and

exposure to 1,3-

butadiene,

styrene and

dimethyldithiocarbamate

among workers in the synthe

tic rubber industr

y

Determinar a mortalidade por cancro não respiratório pela área de trabalho entre trabalhadores masculinos ativos e aposentados da indústria alemã de borracha.

Indústria da borracha

8 empresas (7 nos EUA e 1 no Canadá)

13130 homens

Pelo menos 1 ano; de 1943 a 1991

Informação não disponível

1,3-butadieno, estireno e DMDTC

Foram usados os procedimentos de regressão de Poisson para obter a taxa relativa de probabilidade máxima (RR) e seu intervalo de confiança (IC) de 95% para o grupo de trabalhadores num agente / categoria de exposição em comparação com o grupo de trabalhadores não expostos ou com baixa exposição a esse agente.

Informação não disponível

Informação não disponível

A regressão de Poisson de um único agente analisa o ajuste para idade e anos, uma vez que as estimativas de exposição contratada e não-indicada indicam uma associação positiva consistente entre a BD e os pacientes com leucemia; DMDTC mg-anos / cm foi positivamente associado à leucemia; As associações globais com BD, STY e DMDTC não foram claramente restritas a formas particulares de leucemia.

Leucemia

Este estudo constatou que a leucemia foi positivamente e estatisticamente significativa associada com BD ppm-anos em análises que não controlaram para STY ppm anos ou para DMDTC; O BD é um carcinogéneo animal estabelecido, mas a ausência de um excesso de leucemia entre os trabalhadores da produção de monómeros BD desafia a hipótese de que o BD é um carcinogéneo humano; O DMDTC, embora positivamente associado à leucemia, não exibiu dose-resposta; Embora o DMDTC seja um depressor do sistema imunológico, não há evidências de que esse produto químico seja carcinogénico.

Delzell, E.,

Sathiakumar

, N., Graff,

J.,

2006

An updated study

of mortali

ty among

Investigar riscos de cancro na bexiga em trabalhad

Indústria da borracha sintética

América do Norte

17924 homens

Período de 1944 - 1991

7 anos BD, STY e DMDTC

Análise realizada através da taxa de mortalidade padronizada; Os fatores de

Informação não disponível

Informação não disponível

As doenças do sistema circulatório foram a maior causa de morte; Tipo de cancro por área de trabalho: trabalhadores da loja de manutenção têm a

Leucemia, Linfoma “não-Hodgkin” e Mieloma múltiplo;

Alguns subgrupos de trabalhadores da borracha sintética tiveram um excesso de mortalidade por leucemia; Alguns subgrupos de

Page 93: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

Macaluso, M.,

Maldonado, G., &

Matthews,

R.

North Americ

an synthe

tic rubber industr

y worker

s

ores de uma fabricação de produtos químicos para a indústria da borracha.

emprego incluíam a duração do emprego computado até a data do último emprego conhecido e o tempo desde a contratação calculada com base na data de início do emprego no setor; utilização do Programa de Análise de Mortalidade Ocupacional (OCMAP) para calcular as SMRs e seus intervalos de confiança de 95%; Tabela 5 (tipo de cancro por área de trabalho)

maior taxa de cancro colorretal, trabalhadores do laboratório de manutenção têm a maior taxa de cancro da próstata, a mortalidade por leucemia está associada com o trabalho na polimerização, coagulação, laboratório de manutenção e outros laboratórios, a maior taxa de NHL foi verificada no acabamento e no laboratório de produção; Os trabalhadores da indústria de borracha sintética, no geral ou em certos subgrupos, tiveram mais do que o esperado de mortes por várias formas de cancro, incluindo leucemia, NHL, mieloma múltiplo e cancro colorretal e próstata; Um excesso de leucemia mielogénica aguda ocorreu em empregados de prazo relativamente curto com < 20 anos desde a contratação.

cancro linfo-hematopoiético

indivíduos tiveram mais mortes do que as esperadas por cancro no colorretal e próstata.

Page 94: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

12

Gemitha, G.,

& Sudha,

S.

2013

Assessment

of Genotoxicity Among Rubber Industr

y Worke

rs Occupational

ly Expose

d to Toxic

Agents Using

Micronucleus Assay

Avaliar criticamente, realizando uma revisão sistemática, os estudos de biomonitorização disponíveis, usando biomarcadores de genotoxicidade na indústria de fabricação de borracha.

Indústria da borracha

Sul da Índia

35 trabalhadores expostos da indústria da borracha e 30 controlos

Informação não disponível

Informação não disponível

Aminas aromáticas, negro de carbono, PAHs, nitrosaminas e solventes

Células bocais esfoliadas foram recolhidas da população em estudo e foi examinada a existência de MN; as análises de MN nas células epiteliais mostraram ser um método sensível para a monitorização de danos genéticos na população humana

Informação não disponível

Informação não disponível

O presente estudo sugere que a exposição ocupacional aos químicos tóxicos da indústria da borracha pode causar dano genético; os trabalhadores mostraram uma indução significativa de MN quando comparados com os controlos; a indústria da borracha é extremamente complicada e envolve a exposição a uma larga variedade de agentes por contacto dérmico e por inalação; verificou-se um aumento da frequência de MN em fumadores e alcoólicos; este estudo mostra que existe uma associação entre o tabaco e a exposição ocupacional

Cancro do pulmão, gastrointestinal e da laringe; leucemia

Os resultados deste estudo indicam que os trabalhadores da indústria da borracha podem estar expostos ao risco de cancro.

Graff, J. J.,

Sathiakumar

, N., Macaluso, M.,

Maldonado,

G., Matth

2005

Chemical

Exposures in the

Synthetic

Rubber Industry and

Lymphohema

Determinar os níveis urinários de 1-hidroxipireno (1-HP) em trabalhadores de vulcaniza

Indústria da borracha sintética

América do Norte (5 fábricas nos EUA e 1 em Ontário, Canadá)

16579 trabalhadores da indústria da borracha sintética

1943 - 1998

Informação não disponível

BD, STY e DMDTC

Análises de regressão de Poisson examinaram as taxas de LHC em relação à exposição a butadieno, estireno e DMDTC.

Valores apresentados na secção Resultados

Informação não disponível

A exposição cumulativa ao 1,3-butadieno foi associada positivamente a todas as leucemias, leucemias mielógenas crónicas e, em menor escala, à leucemia linfocítica crónica; Os resultados deste estudo foram consistentes com investigação anterior e indicaram que a

Todos os tipos de LHC, linfoma “não-Hodgkin” (NHL), mieloma múltiplo, doença de Hodgkin, leucemia,

Este estudo encontrou uma associação positiva entre butadieno e leucemia que não foi explicada pela exposição a outros agentes examinados; STY e DMDTC foram associados a NHL; Não houve resultados consistentes e

Page 95: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

ews, R., &

Delzell, E.

topoietic

Cancer Mortali

ty

ção sueca contemporânea e em controlos

leucemia estava positivamente associada à exposição cumulativa ao butadieno, estireno e DMDTC. Todos os índices de exposição ao butadieno foram positivamente associados à leucemia.

leucemia linfocítica crónica (LLC), leucemia mielogénica aguda (LMA), leucemia mielogénica crónica (LMC) e outras formas de leucemia.

persuasivos indicando que a exposição ao butadieno, estireno ou DMDTC cause mieloma múltiplo. A incerteza permanece sobre o(s) agente(s) específico(s) associado(s) ao excesso de leucemia entre trabalhadores da indústria de borracha sintética.

Jonsson, L. S.,

Broberg, K., Axmon, A., Bergendorf,

U., Littorin, M.,

& Jonsson, B. A. G.

2008

Levels of 1-

hydroxypyren

e, symptoms and

immunologic

markers in

vulcanization workers in the southe

rn Swede

n rubber industr

ies

Avaliar o potencial dano citogenético associado à exposição ocupacional a agentes tóxicos entre trabalhadores de borracha usando o teste de Micronúcleo (MN)

Indústria da borracha

Suécia: 8 fábricas

163 trabalhadores expostos; 106 controlos

Informação não disponível

Informação não disponível

PAHs (1-HP), TTCA

Histórias médicas e ocupacionais foram obtidas por entrevistas estruturadas; os níveis de 1-HP foram determinados por cromatografia líquida e detecção de fluorescência; análise estatística: análise de variância (ANOVA)

Informação não disponível

Informação não disponível

Os valores mais elevados de 1-HP foram encontrados entre trabalhadores expostos usando vulcanização por injeção e compressão e níveis mais baixos foram encontrados entre trabalhadores expostos a vulcanização com banho de sal, ar quente, microondas ou leito fluidizado; sintomas: sintomas nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca severa, náuseas e dor de cabeça; fumadores vs não fumadores(pag. 134); sintomas: olhos (comichão e / ou ardor) e garganta (ardor e

Informação não disponível (apenas sintomas)

O pireno tem baixa toxicidade: a toxicidade da HAP surge de outros compostos, por exemplo, benzo(a)pireno, mas os níveis dos metabolitos do benzo(a)pireno são demasiado baixos para serem monitorizados com precisão.

Page 96: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

14

secura), bem como rouquidão e tosse seca severa, hemorragias nasais, náusea e dor de cabeça; o tabaco é uma fonte conhecida de exposição a PAH: um aumento nos níveis de 1-HP em fumadores, em comparação com os não-fumadores, também foi encontrado

Jonsson, L. S.,

Broberg, K., Axmon, A.,

Jonsson, B. A., & Littorin, M.

2007

Symptoms and

immunologic

markers

among vulcanization worker

s in rubber industries in

southern

Sweden

Examinar a presença de compostos mutagénicos / cancerígenos em poluentes aéreos na indústria da borracha usando uma abordagem química / biológica

Indústria da borracha

Suécia (sul); 8 empresas de borracha

166 trabalhadores expostos; 117 controlos

Informação não disponível

Informação não disponível

Dissulfeto de carbono

Análise à urina de forma a saber os níveis de 2-thiothiazolidine-4-4carboxylic acid (TTCA), que reflete a exposição, determinados por espectrometria de massa de cromatografia líquida; LC-MS-MS

Informação não disponível

Informação não disponível

Comparando com os controlos, os colaboradores expostos apresentam um aumento do risco de sintomas oculares, hemorragias nasais, ardor e garganta seca, rouquidão, tosse seca severa, náusea e dor de cabeça (mais evidentes nos colaboradores com níveis de TTCA intermédios); o grupo com elevados nível de TTCA apresentava elevada concentração de leucócitos, neutrófilos e eosinófilos; sintomas sentidos nos últimos 12 meses: olhos (comichão, ardor), nariz (sangramento, entupimento, espirro ou comichão) ou vias

Bronquite crónica e aguda e outros sintomas como: sintomas oculares, hemorragias nasais, ardor e garganta seca, rouquidão, tosse seca severa, náusea e dor de cabeça

Aumento de variados sintomas; este estudo mostrou que a exposição ainda causa efeitos significativos na saúde

Page 97: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

integrada.

aéreas inferiores (tosse seca severa; dispnéia, chiado no peito, aperto no peito); outros sinomas foram associados com a exposição aos fumos (garganta irritada, secura, rouquidão, dor de cabeça, náusea); o método de vulcanização por compressão e injeção foi associado a mais sintomas do que os outros métodos

Jönsson, L. S.,

Lindh, C. H., Bergendorf,

U., Axmon, A., Littorin, M.,

& Jönsson, B. A. G.

2009

N-nitrosamines in the

southern

Swedish

rubber industr

ies – exposu

re, health effects,

and immunologic

markers

Avaliar a associação entre a exposição a vários produtos químicos e a mortalidade por cancro linfocemopoiético (LHC)

Indústria da borracha

Suécia: 8 empresas

96 trabalhadores; desses 96, 66 foram submetidos a um exame médico e análises ao sangue com mais 106 trabalhadores da indústria da

Informação não disponível

Informação não disponível

N-nitrosaminas: N-nitrosodimetilamina

LC/MS/MS - Sigma-Aldrich (mistura continha N-nitrosodimetilamina, N-nitrosomorfilina, N-nitrosopiperidina, N-nitrosodi-n-butilamina, N-nitrosodietilamina, N-nitrosopirrolidina, N-nitrosometiletilamina e N-nitrosodi-n-propilamina); exame médico; análises ao sangue;

Colaboradores da vulcanização:

4,2g/m3; dados disponíveis no capítulo da discussão (pag. 209)

Informação não disponível

Os níveis mais altos foram de N-nitrosodimetilamina; sintomas: comichão, ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca grave, náuseas e dores de cabeça; os níveis das células examinadas (leucócitos, neutrófilos e eosinófilos) aumentou mais entre os trabalhadores expostos a elevados níveis de N-nitrosaminas; Tais produtos químicos nitrosáveis são aminas alifáticas secundárias formadas por aceleradores usados na indústria de borracha;

Cancro do esófago, lábio, cavidade oral e faringe; doenças das vias respiratórias

Foram encontrados elevados níveis de N-nitrosaminas no ar na indústria sueca da borracha; esses níveis precisam de ser consideravelmente reduzidos para diminuir o risco de cancro

Page 98: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

16

borracha e 118 não expostos

análise estatística

dissulfeto de carbono é também formado por esses aceleradores; Ácido 2-tiotiazolidina-4-carboxílico (TTCA); nos estudos com animais, N-nitrosodimetilamina demonstrou ser um indutor extremamente potente de tumores (foram expostos 36

ratos a 120 g/m3 de N-nitrosodimetilamina e 13 dos ratos desenvolveram cancro no nariz)

Monarca, S., Feretti

, D., Zanardini, A., Moretti, M., Villarini, M.,

Spiegelhalder, B., . .

. Lebbol

o, E.

2001

Monitoring

airborne

genotoxicants in the rubber industry using genotoxicity tests and

chemical

analyses

Identificar biomarcadores sensíveis e não-invasivos de efeito carcinogénico inicial no órgão alvo para uso em estudos de biomonitorização de trabalhadores em

Indústria da borracha

Norte da Itália

4 fábricas de borracha

Informação não disponível

Informação não disponível

Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina, N-nitrosomorfilina) e PAHs

Os extratos foram também estudados por cromatografia gasosa / espectrometria de massa (GC / MS) para o conteúdo de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH). Nitrosaminas no ar ambiente foram amostradas em cartuchos e analisadas por GC com um detetor de energia

Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina: 0,10-0,98mg / m3; N nitrosomorfolina: 0,77‐240mg / m3) e HAP (HAP total: 0,34–11,35mg /

Informação não disponível

Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina: 0,10-0,98mg / m3; N nitrosomorfolina: 0,77‐240mg / m3) e PAH (PAH total: 0,34–11,35mg / m3); (consultar tabelas de resultados)

Cancro da bexiga, pulmão e laringe e para leucemia.

Em particular, análises químicas combinadas com uma bateria de testes de genotoxicidade que revelam diferentes endpoints genéticos (danos no DNA, mutação pontual e micronúcleos) detetaram a presença de várias genotoxinas voláteis e não voláteis e forneceram mais informações sobre os riscos potenciais à saúde. Os ambientes de trabalho da indústria da borracha poderiam ser utilizados para estudos

Page 99: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

risco de exposição ocupacional prévia a possíveis carcinógenos.

térmica (TEA); análise de nitrosaminas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e estudo de genotoxinas voláteis e não voláteis com teste de mutagenicidade bacteriana (teste de Ames), teste de dano ao DNA (ensaio Cometa) em leucócitos humanos e teste de clastogenicidade in situ (teste Tradescantia / micronúcleos)

m3) (Resultados)

epidemiológicos prospetivos.

Sathiakumar

, N., Brill, I.,

& Delzell

, E.

2009

1,3-butadiene,

styrene and lung

cancer among synthe

tic rubber industr

y

Avaliar a associação entre exposição cumulativa ao 1,3-butadieno (BD) ou estireno (STY) e cancro do

Indústria de borracha sintética

Informação não disponível

4101 mulheres e 15958 homens

Apresentado nos gráficos; Para os homens: 1944 - 1998; para as mulhe

Informação não disponível

1,3-butadieno e estireno

Análises internas de regressão de cox; butadieno ou estireno não transformados; logaritmo natural (ln) - butadieno ou estireno contínuo transformado

Informação não disponível

Apresentado nos gráficos

Para as mulheres as análises usando butadieno não transformado não mostraram tendência; as mulheres da indústria de borracha sintética sempre expostas a BD e STY apresentam elevada taxa de mortalidade por cancro no pulmão comparado com trabalhadores não

Leucemia, linfoma “não Hodgkin”, cancro do pulmão

O estudo não é persuasivo para uma associação causal de BD e STY com o cancro do pulmão nas mulheres e não dá evidências para essa associação para o caso dos homens; é possível que o consumo de tabaco tenha influenciado alguns resultados em

Page 100: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

18

workers

pulmão entre trabalhadores da indústria de borracha sintética

res: 1943 - 2002

expostos; pode ocorrer a exposição a PAHs na indústria da borracha sintética

relação às mulheres expostas

Sathiakumar

, N., Brill, I., Leader, M., & Delzell

, E.

2015

1,3-Butadiene,

styrene and lymphohematopoiet

ic cancer among male

synthetic

rubber industr

y worker

s - Prelimi

nary exposu

re-respon

se analys

es

Examinar a relação exposição-resposta entre 1,3-butadieno (BD) e estireno (STY) e leucemia, linfoma “não Hodgkin” (NHL) e mieloma múltiplo (MM).

Indústria da borracha

América do Norte (Texas, Louisiana, Kentucky e Canadá)

Leucemia (114 mortes), linfoma “não Hodgkin” (89) e mieloma múltiplo (48); 16579 trabalhadores

Pelo menos 1 ano; 1944 - 2009

Informação não disponível

1,3-butadieno e estireno

Regressão de Cox; Descreveu-se as plantas das operações e os métodos usados para identificar os assuntos, para desenvolver as histórias de trabalho e as estimativas de exposição

Informação não disponível

Colaboradores que tivessem trabalhado antes de 1 de janeiro de 1992 (com pelo menos 1 ano de empregabilidade)

Estireno despoletou uma exposição-resposta positiva associada à leucemia; estireno e butadieno não estão associados a MM; esta análise indica uma relação exposição-resposta entre a exposição cumulativa a butadieno e leucemia; estireno está associado positivamente a NHL; Leucemia: o presente estudo revela uma exposição-resposta positiva entre BD e leucemia para o homem; os trabalhadores de borracha sintética estão muito expostos a BD e pouco expostos a STY; atualizações recentes de estudos não revelaram associação entre a exposição a STY e leucemia; Collins et al. [8] no seu estudo não

Leucemia, Linfoma “não Hodgkin” e mieloma múltiplo

O presente estudo revela a presença de uma exposição-resposta positiva entre a exposição cumulativa a BD e leucemia, o que suporta a interpretação de que BD causa cancro em humanos; a exposição a STY também revelou uma relação positiva com leucemia mas não exists suporte externo para uma associação entre STY e leucemia; os resultados deste estudo não suportam uma associação entre BD e NHL ou entre BD ou STY e MM

Page 101: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

encontrou risco associado à exposição a STY e leucemia; NHL: notou-se uma exposiçao-resposta positiva associada a STY e NHL; Collins et al não encontraram nenhuma associação entre STY e NHL; Mieloma Múltiplo: o estudo não revelou nenhuma relação entre BD e STY com MM na indústria da borracha SBR

Sorahan, T.,

Hamilton, L.,

& Jackson, J. R.

2000

A further cohort study

of worker

s employed at

a factory manufacturin

g chemicals for

the rubber industry, with special reference to

the

Avaliar a mortalidade e morbidade do cancro nos trabalhadores numa fábrica de produção de produtos químicos

Indústria da

borracha

Norte do País de Gales

2160 trabalhadores do sexo masculino (pagos por hora)

Dois grupos: empregados a partir de 1955 e trabalhadores que começaram a trabalhar no período 1955-84; empregados há menos

1955 - 1996

2-mercaptobenzothiazole (MBT) e seus derivados, anilina, phenyl-b-naphthylamine (PBN) e o-toluidine, 2,2,4-trimethyl-1,2-dihydroquinoline (TMQ)

Duas abordagens analíticas: padronização indireta e regressão de Poisson; Avaliação da exposição: Para os derivados de MBT e MBT, foram feitas estimativas de exposição média ponderada no tempo de 8 horas para cada trabalho e título do departamento e por vários períodos. Os

Informação não disponível

Dois grupos: empregados a partir de 1955 e trabalhadores que começaram a trabalhar no período 1955-84

Todo o grupo (Mortes observadas: 1131; mortes expectadas: 1114,5); Cancro (obs: 305, exp: 300,2); maior nº de mortes de trabalhadores que foram para a fábrica antes de 1955; 30 mortes devido a cancro na bexiga maligno; a regressão de Poisson mostrou que o risco de cancro aumenta nos departamentos onde existe PBN e o-toluidine; o mesmo não acontece nos departamentos onde existe MBT e anilina

Número elevado de mortes por cancro na bexiga (obs: 9, exp: 3,25); outros cancros

Alguns membros contraíram cancro da bexiga ocupacional; PBN poderá ser um possível carcinogénico de cancro da bexiga; não há nenhuma evidência de que a exposição ocupacional a estes químicos poderá aumentar o risco de cancro no intestino grosso; deve ser dada atenção ao cancro na bexiga porque foi a principal preocupação deste estudo; segundo as descobertas deste estudo pode-se dizer que PBN é um cancerígeno da bexiga; o-toluidina é um melhor candidato

Page 102: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

20

chemicals 2-mercaptobenzothiaz

ole (MBT), aniline, phenyl

-b-naphthylamine and

o-toluidi

ne

de 6 meses foram excluídos

trabalhos atraíram exposição zero, exposição muito baixa (0-1 mg.m-3), baixa exposição (1-2,5 mg.m-3), exposição média (2,5-6 mg.m-3) ou alta exposição ( 6-20 mg.m-3); As estimativas de exposição foram então ajustadas por um fator de "fração de ano" para levar em conta o facto de que alguns trabalhos não foram associados à exposição ao MBT durante todo o ano de trabalho, por exemplo, campanhas de produtos; As exposições cumulativas individuais ao

a possível cancerígeno do que MBT; Não há resultados conclusivos para MBT

Page 103: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

MBT ou seus derivados (variável dependente do tempo) foram estimadas pela soma dos produtos das durações relevantes de emprego e concentrações de exposição relevantes (mg.m-3.y ); as durações cumulativas do emprego nos departamentos de anilina, PBN e o-toluidina também foram calculadas como variáveis dependentes de três tempos.

Page 104: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

22

Straif, K.,

Weiland, S.

K., Werner, B.,

Chambless,

L., Mundt, K. A., & Keil,

U.

1998

Workplace risk

factors for

cancer in the Germa

n rubber industry: part

2. Mortality from

non-respira

tory cancer

s

Fornecer opções para a produção de produtos de borracha, com uma revisão abrangente das alternativas de composição que reduzem ou eliminam a produção de nitrosaminas. Este documento também abordará as normas atuais, como as nitrosaminas são formadas

Indústria da borracha

Alemanha

11633 homens

Apresentado nos gráficos

1 janeiro 1981 - 31 dezembro 1991

Nitrosaminas, negro de carbono, asbestos, PAHs, aminas aromáticas, …

A definição e o acompanhamento da coorte, a avaliação do estado vital e a causa do óbito foram descritos numa publicação recente relatando a experiência geral de mortalidade dessa coorte e resumidos na parte I deste relatório, onde também estão apresentadas a classificação de exposição, a análise de dados, e as características gerais de coorte.

Informação não disponível

Informação não disponível

Mortalidade por cancro da faringe: Três outros estudos de coorte sobre trabalhadores da borracha forneceram resultados para cancro de lábio, cavidade oral e faringe combinados. Com base nas descobertas de um aumento do risco na área de trabalho IV, as nitrosaminas talvez devam ser mais investigadas; Mortalidade por cancro do esófago: A estimativa do ponto mais alto para o cancro de esôfago na indústria da borracha foi encontrada num estudo escandinavo sobre vinculação entre trabalhadores de vulcanização. Estudos recentes da China sugerem uma associação de nitrosaminas e cancro de esófago; Mortalidade por cancro do estômago: em 1982, um grupo de trabalho do IARC concluiu que havia evidências suficientes para o excesso de mortalidade por cancro de estômago entre trabalhadores

Cancro da faringe, cancro do esófago, leucemia, cancro do estômago, cancro da próstata, cancro da bexiga, cancro do colo, cancro do fígado, cancro da visícula biliar, cancro do pâncreas, cancro do rim, linfomas

Nitrosaminas têm sido discutidas como fatores de risco para cancro em vários locais encontrados em excesso nesta coorte, incluindo cancro de esófago, faringe, estômago e bexiga. Além disso, tentamos incluir avaliações da exposição ao amianto e ao talco, ao negro de fumo, aos solventes e às aminas aromáticas num tempo, código de centro de custo e matriz de exposição específica para a planta.

Page 105: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

e as técnicas utilizadas para produzir produtos usando aceleradores que formam nitrosaminas não regulamentadas

empregados na indústria da borracha e evidência limitada para uma associação causal com composição, mistura e moagem. Todos os estudos que investigaram riscos por área de trabalho encontraram aumento de mortes nas áreas de trabalho de pesagem, mistura e fresamento; Mortalidade por cancro da bexiga: O risco foi encontrado entre os trabalhadores empregados antes de 1950 em várias áreas de trabalho, principalmente compostos e moagem, que estavam ligados à exposição a aminas aromáticas, especialmente â-naftilamina e talvez benzidina. Com base em experiências com animais e estudos epidemiológicos em contextos não ocupacionais, as nitrosaminas são suspeitas de causar cancro da bexiga; Mortalidade por leucemia: em 1982, o grupo de trabalho da

Page 106: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

24

IARC concluiu que havia evidências suficientes para o excesso de mortalidade por leucemia entre os trabalhadores empregados na indústria da borracha.

Vermeulen, R., De Hartog

, J., Swuste, P.,

& Kromhout, H.

2000

Trends in

exposure to

inhalable

particulate and

dermal contamination in the

rubber manufacturin

g industr

y - Effecti

Determinar o impacto do estado da pele e das medidas de proteção da pele na exposição interna ao AA em trabalhadores que fabricam produtos

Indústria da borracha

7 fábricas; Holanda

Informação não disponível

Informação não disponível

1988 - 1997

Matéria solúvel em ciclohexano (MSC)

Estudo da população, medidas de exposição, medidas de avaliação do controlo, estatísticas

Informação não disponível

1988 - 1997

Valores apresentados nas tabelas; A associação entre senioridade e redução dos níveis de exposição não foi, no entanto, confirmada para exposição dérmica ao MSC; Acredita-se geralmente que as exposições a contaminantes transportados pelo ar diminuíram nas últimas décadas.

Risco de cancro

A eliminação da fonte foi considerada o tipo mais eficaz de medida de controlo; Uma terceira medida importante foi a eliminação gradual dos agentes antiaderentes em pó, tanto por folhas antiaderentes como por agentes antiaderentes líquidos.

Page 107: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

veness of

control measu

res implemented over a nine-

year period

de borracha.

Vlaanderen,

J., Taeger

, D., Wellman, J., Keil, U.,

Schuz, J., &

Straif, K.

2013

Extended

Cancer Mortali

ty Follow-Up of a Germa

n Rubber Industr

y Cohort

Estimar o risco de sintomas e o possível desarranjo de níveis de marcadores imunológicos para trabalhadores de borracha suecos contemporâneos

Indústria da borracha

Alemanha

11632 homens e 1863 mulheres

Pelo menos 1 ano; 1 - 9 anos, 10 - 19 anos, 20 - 29, 30 - 39 e mais do que 40 anos

1 de janeiro de 1981 - 31 de dezembro de 2000

Nitrosaminas, negro de carbono e asbestos

Dados apresentados por área de trabalho, ano de contratação e duração do emprego

Informação não disponível

Tabela 5 - Tempo de empregabilidade

Para os homens, observou-se uma elevada taxa de mortalidade devida ao cancro no pulmão e da pleura; para as mulheres, uma elevada taxa de mortalidade associada ao cancro do pulmão; a duração média de trabalho para os homens foi de 28,6 anos e para as mulheres foi de 25,2 anos; não foi observado um elevado risco de cancro na próstata; foi observado uma incidência significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que trabalhavam na "preparação de materiais" e na "produção de artigos técnicos da borracha"; para o cancro no estômago, verificou-se

Cancro da bexiga, leucemia, cancro do pulmão e cancro do estômago

As análises ao risco de cancro devem focar-se nas diferenças entre as áreas de trabalho e às exposições associadas dentro da indústria da borracha.

Page 108: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

26

uma elevada taxa de incidência em trabalhadores que trabalhavam na "preparação de materiais"; a "preparação de materiais" inclui pesagem e mistura, dando origem a quantidades substanciais de poeira, e a moagem e a calandragem, onde os trabalhadores estão principalmente expostos aos fumos da borracha; a produção de artigos técnicos de borracha, inclui montagem e construção de componentes, cura e vulcanização, nos quais os trabalhadores estão expostos aos fumos da borracha e à exposição potencialmente considerável às nitrosaminas (como resultado do processo de vulcanização)

Page 109: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

III. Inventário de produtos (CRM)

Tabela 9. Produtos químicos e borrachas utilizados na CRM.

PRODUTOS QUÍMICOS BORRACHAS

Acel. CBS Enxofre Óxido Ferro Vermelho Borracha Bromobutilica X2

Acel. DPG Estearato Sódio Perkadox BC-40S-PS (pasta silicone) Borracha Elvax 40W

Acel. MBTS Etil Proxitol Peróxido D.I.P.P. Borracha HSBR

Acel. TBSI Fibra de Poliester Pigmento Violeta Borracha Hydrin T5010

Acel. TMTD Fibra Ganga Azul Pó Pneu 0.6/M20 Borracha Hy-Temp AR-71

Acel. TMTM Fibrilado de Borracha M616 Pó Pneu M14 Borracha Keltan

Ácido Esteárico Galp Belona EP2 Polietileno Glicol Borracha Kevlar MB CR 6 F 723

ADC Activada Granulado de Pneu 0,8/2,5mm Poliuretano MDI Borracha Kevlar MB NR 6 F 722

Aglucork A-16 Granulado de Pneu 0,8/4mm (15/85) Poliuretano TDI Borracha Levaprene 700 HV

Alvania EP (LF) 2 / Retinax EP 2 Granulado EPDM 80 1/4 Vermelho Resinas Claras Borracha Natural NR

Antioxidante IPPD Granulado EPDM 82 1/4 Cinzento Rhenofit Trim/S a 70% Borracha NBR 33.50

Antioxidante O.D.P.A. Granulado Pneu 0,8/4mm (70/30) Rhodorsil MB-48 (Azul) Borracha Neoprene W

Antioxidante S.D.P.A. Hidrato Alum. Fino Saret 519 Borracha Polibutadieno BR

Antioxidante T.M.Q. Hidrato Alum. Grosso Silano Borracha SBR 1500

Aquasak SP Amarelo Mediaplast NB4 Sílica Reforçante (PÓ) Borracha Silicone MF 240U

Aramid Fiber Filler Microlen Blue Sílica Reforçante (GRAN) Borracha Silicone MF 680U

Borato Zinco Microlen Green 419 Silicone Emulsão Aquosa Borracha Silicone MF 960 U

Carbonato de Cálcio Microlen Yellow 2070MC Sivic 3470 NBR 2050

Caulino Negro FEF N550 Storflam MLB NBR líquido

Caulino atomizado Negro SRF N762/N772 Storflam ZHS Termoplástico EVA

Cera Antiozonante NITEX 8450 Struktol A60

Cera Polietileno Óleo Aromático Tinta Solvaplast

Cloparim S70 Óleo Nafténico Ultraflex 56

Deoflow A Óleo Nytex 832 IBC Unisperse Black C-S

Deolink TESTP-100 Óleo Parafínico Unisperse Blue B-E

Dietileno Glicol Oppasin Yellow Unisperse Green G-S

Page 110: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

28

Diluente Etoxy Propanol Óxido Crómio Verde Unisperse Red 3RS-S

Dióxido Titânio Rutilo Óxido de Cálcio Kezadol Gr Vernice Acrilica

Dipentax PD Óxido de magnésio Vulcadur A / resina Durez 12687

Disflamoll TOF Óxido de Zinco

DOP Óxido Ferro Castanho 610

Page 111: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

IV. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2)

Figura 10. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2)

Page 112: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

30

V. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0)

Figura 11. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0)

Page 113: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

VI. Produção do ano de 2017 (CRM)

Tabela 10. Produção do ano de 2017 (CRM).

nº REFERÊNCIA QUANTIDADE (B/C/F) %

1 A 9265 13,137

2 B 6510 9,231

3 C 6127 8,688

4 D 4642 6,582

5 E 4470 6,338

6 F 3210 4,552

7 G 3154 4,472

8 H 2524 3,579

9 I 2013 2,854

10 J 1370 1,943

11 K 1155 1,638

12 L 1109 1,572

13 M 1107 1,570

14 N 1019 1,445

15 O 984 1,395

16 P 934 1,324

17 Q 880 1,248

18 R 871 1,235

19 S 845 1,198

20 T 797 1,130

21 U 792 1,123

22 V 785 1,113

23 W 776 1,100

24 X 748 1,061

25 Y 660 0,936

Page 114: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

32

26 Z 638 0,905

27 AA 605 0,858

28 AB 542 0,769

29 AC 454 0,644

30 AD 410 0,581

31 AE 401 0,569

32 AF 366 0,519

33 AG 365 0,518

34 AH 363 0,515

35 AI 363 0,515

36 AJ 347 0,492

37 AK 339 0,481

38 AL 321 0,455

39 AM 321 0,455

40 AN 315 0,447

41 AO 311 0,441

42 AP 310 0,440

43 AQ 309 0,438

44 AR 308 0,437

45 AS 275 0,390

46 AT 272 0,386

47 AU 238 0,337

48 AV 234 0,332

49 AW 224 0,318

50 AX 222 0,315

51 AY 216 0,306

52 AZ 205 0,291

53 BA 198 0,281

54 BB 198 0,281

Page 115: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

55 BC 193 0,274

56 BD 187 0,265

57 BE 178 0,252

58 BF 173 0,245

59 BG 168 0,238

60 BH 159 0,225

61 BI 152 0,216

62 BJ 146 0,207

63 BK 134 0,190

64 BL 130 0,184

65 BM 128 0,181

66 BN 127 0,180

67 BO 122 0,173

68 BP 121 0,172

69 BQ 120 0,170

70 BR 115 0,163

71 BS 98 0,139

72 BT 94 0,133

73 BU 89 0,126

74 BV 84 0,119

75 BW 71 0,101

76 BX 58 0,082

77 BY 58 0,082

78 BZ 57 0,081

79 CA 56 0,079

80 CB 53 0,075

81 CC 51 0,072

82 CD 51 0,072

83 CE 43 0,061

Page 116: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

34

84 CF 42 0,060

85 CG 41 0,058

86 CH 39 0,055

87 CI 38 0,054

88 CJ 37 0,052

89 CK 37 0,052

90 CL 36 0,051

91 CM 36 0,051

92 CN 35 0,050

93 CO 34 0,048

94 CP 31 0,044

95 CQ 29 0,041

96 CR 28 0,040

97 CS 28 0,040

98 CT 27 0,038

99 CU 27 0,038

100 CV 25 0,035

101 CW 25 0,035

102 CX 23 0,033

103 CY 23 0,033

104 CZ 23 0,033

105 DA 21 0,030

106 DB 20 0,028

107 DC 19 0,027

108 DD 19 0,027

109 DE 18 0,026

110 DF 18 0,026

111 DG 16 0,023

112 DH 12 0,017

Page 117: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

113 DI 11 0,016

114 DJ 11 0,016

115 DK 7 0,010

116 DL 6 0,009

117 DM 6 0,009

118 DN 6 0,009

119 DO 5 0,007

120 DP 5 0,007

121 DQ 5 0,007

122 DR 4 0,006

123 DS 4 0,006

124 DT 4 0,006

125 DU 3 0,004

126 DV 3 0,004

127 DW 2 0,003

128 DX 1 0,001

129 DY 1 0,001

TOTAL 70525 100,00

Page 118: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

36

VII. Resultados obtidos nas monitorizações

Tabela 11. Resultados obtidos nas monitorizações.

REFERÊNCIA AGENTE QUÍMICO POSTO DE TRABALHO

TEMPO DE EXPOSIÇÃO

(H)

CONCENTRAÇÃO OBTIDA (MÉDIA

PONDERADA)

NP 1796:2014

(MÉDIA PONDERADA)

RESULTADO BASE DO VLE EFEITO

ADITIVO

MEDIÇÃO PERIÓDICA SEGUINTE

DOSE (PPM/ANO)

E

1,3-BUTADIENO MISTURADOR

ABERTO 1 6,5

2,3*10^-1 ppm

0,23 ppm

2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64

semanas 83,95

ALUMÍNIO MISTURADOR

ABERTO 1 6,5

2,1*10^-2 mg/m3

0,021 mg/m3

1 mg/m3 (R) < 1/4 VLE Pneumoconiose; irritação do TRI; neurotoxicidade

--- Até 64

semanas

--- PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 1 6,5

7,7-10^-1 mg/m3

0,77 mg/m3

Asma; Função pulmonar

0,277 Até 32

semanas PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 1 6,5

2,0*10^-1 mg/m3

0,2 mg/m3

N-NITROSODIMETILAMINA

ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Cancro do

fígado e do rim; lesão hepática

O cálculo não é

possível porque

não existe

VLE definido

--- 0,00584

N-NITROSOMETILETILAMINA

ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

N-NITROSODIETILAMINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

N-NITROSODIPROPILAMINA

ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

N-NITROSODIBUTILAMINA

ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

N-NITROSOPIPERIDINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

Page 119: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

N-NITROSOPIRROLIDINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

N-NITROSOMORFOLINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3

0,000016 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00584

I

FTALADO DE DI-2-ETIL-HEXILO (DEHP)

BANBURY 1 6,5 3,3*10^-2 mg/m3

0,033 mg/m3

5 mg/m3 < 1/4 VLE Irritação do TRI --- Até 64

semanas ---

1,3-BUTADIENO BANBURY 1 6,5 2,5*10^-

1 ppm 0,25 ppm

2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64

semanas

K

ALUMÍNIO MISTURADOR

ABERTO 1 6,5

2,0*10^-2 mg/m3

0,02 mg/m3

1 mg/m3 (R) < 1/4 VLE Pneumoconiose; irritação do TRI; neurotoxicidade

--- Até 64

semanas ---

1,3-BUTADIENO MISTURADOR

ABERTO 1 6,5

2,4*10^-1 ppm

0,24 ppm

2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64

semanas 87,60

PAH's (ESTIRENO) MISTURADOR

ABERTO 1 6,5

1,1*10^-1 ppm

0,11 ppm

20 ppm < 1/4 VLE

Afeção do SNC; irritação do TRS;

neuropatia periférica

--- Até 64

semanas 40,15

PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 1,1*10^-1 mg/m3

0,11 mg/m3

Asma; Função pulmonar

0,064 Até 64

semanas

Até 64 semanas

PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 2,7*10^-1 mg/m3

0,27 mg/m3

W e BA

PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 2,1*10^-1 mg/m3

0,21 mg/m3

3 mg/m3 < 1/4 VLE Asma; Função

pulmonar 0,090

Até 64 semanas

---

PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 2,0*10^-1 mg/m3

0,2 mg/m3

10 mg/m3 < 1/4 VLE Asma; Função

pulmonar Até 64

semanas

PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 1,5

mg/m3 1,5

mg/m3 Asma; Função

pulmonar 0,599

Até 16 semanas

---

PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 9,9*10^-1 mg/m3

0,99 mg/m3

Page 120: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

38

X

1,3-BUTADIENO MISTURADOR

ABERTO 5 6,5

2,3*10^-2 ppm

0,023 ppm

2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64

semanas 8,40

PAH's MISTURADOR

ABERTO 5 6,5 NÃO DETETADO

N-NITROSODIMETILAMINA

ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Cancro do

fígado e do rim; lesão hepática

O cálculo não é

possível porque

não existe

VLE definido

--- 0,00657

N-NITROSOMETILETILAMINA

ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSODIETILAMINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSODIPROPILAMINA

ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSODIBUTILAMINA

ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSOPIPERIDINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSOPIRROLIDINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

N-NITROSOMORFOLINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3

0,000018 mg/m3

--- --- Não

apresentado na NP 1796:2014

--- 0,00657

Page 121: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

VIII. Fatores potencialmente condicionantes

Tabela 12. Recolha de dados de fatores potencialmente condicionantes.

Nº NOME TURNO LINHA POSTO DE

TRABALHO SEXO IDADE

CONSUMO DE

TABACO

DATA

ANTIGUIDADE

ANTIGUIDADE NA

EMPRESA

1 A 1 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 47 Não 23/05/2015 3

2 B 1 L1 TEAM LEADER MASCULINO 38 Não 01/05/2015 3

3 C 1 L2 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 36 Sim 01/05/2015 3

4 D 2 L1 BANBURY MASCULINO 32 Sim 01/05/2015 3

5 E 1 L2 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 34 Sim 03/10/2016 2

6 F 2 L2 BANBURY MASCULINO 35 Sim 23/05/2015 3

7 G 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 34 Sim 23/05/2015 3

8 H 3 L2 BANBURY MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3

9 I 1 L1 BANBURY MASCULINO 41 Sim 23/05/2015 3

10 J 2 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 26 Sim 24/05/2017 1

11 K 2 L2 BANBURY MASCULINO 26 Não 01/05/2015 3

12 L 3 L1 BANBURY MASCULINO 25 Sim 01/05/2015 3

13 M 3 L2 TEAM LEADER MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3

14 N 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 19 Sim 06/11/2017 1

15 O 1 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 33 Sim 01/05/2015 3

16 P 2 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Sim 15/09/2015 3

17 Q 1 L2 TEAM LEADER MASCULINO 28 Sim 01/05/2015 3

18 R 3 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 25 Sim 01/05/2015 3

19 S 3 L2 BANBURY MASCULINO 26 Sim 23/05/2015 3

20 T 1 L1 BANBURY MASCULINO 39 Não 01/05/2015 3

21 U 2 L1 TEAM LEADER MASCULINO 40 Não 01/05/2015 3

22 V 1 L2 PRENSA DE CORTE MASCULINO 22 Sim 04/07/2015 3

23 W 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 28 Não 09/05/2017 1

24 X 1 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3

25 Y 1 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 29 Não 23/05/2015 3

Page 122: AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS …

40

26 Z 3 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 24 Sim 01/01/2017 1

27 AA 3 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 29 Sim 03/10/2016 2

28 AB 2 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 23 Não 23/05/2015 3

29 AC 3 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Sim 29/09/2015 3

30 AD 1 L2 FCE’s MASCULINO 41 Não 01/05/2015 3

31 AE 3 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 28 Sim 01/05/2017 1

32 AF 3 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3

33 AG 2 L2 FCE’s MASCULINO 33 Não 01/05/2015 3

34 AH 2 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 27 Não 25/07/2017 1

35 AI 1 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 22 Não 24/09/2015 3

36 AJ 1 L1 BANBURY MASCULINO 23 Não 01/06/2017 1

37 AK 3 L1 TEAM LEADER MASCULINO 31 Sim 01/05/2015 3

38 AL 2 L2 TEAM LEADER MASCULINO 27 Sim 23/05/2015 3

39 AM 1 L1 GERAL MASCULINO 33 Não 23/05/2015 3

40 AN 3 L1 GERAL MASCULINO 23 Não 01/05/2015 3

41 AO 1 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Não 28/06/2017 1

42 AP 3 L2 FCE’s MASCULINO 27 Sim 01/06/2017 1