avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

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VANESSA VITAL COSTA Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética com a oferta e a ingestão calórica de dietas hospitalares oferecidas à pacientes portadores do vírus HIV/SIDA de um hospital da rede pública do estado de São Paulo São Paulo 2012 Monografia apresentada na conclusão do Programa de Aprimoramento Profissional da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na área de Nutrição Hospitalar. Orientadora: Mônica Strutzel Striani

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Page 1: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

VANESSA VITAL COSTA

Avaliação e comparação de métodos de estimativa

energética com a oferta e a ingestão calórica de dietas

hospitalares oferecidas à pacientes portadores do vírus

HIV/SIDA de um hospital da rede pública do

estado de São Paulo

São Paulo

2012

Monografia apresentada na conclusão do Programa de Aprimoramento Profissional da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na área de Nutrição Hospitalar.

Orientadora: Mônica Strutzel Striani

Page 2: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

FICHA CATALOGRÁFICA

É permitida a reprodução total ou parcial para fins pessoais, científicos ou acadêmicos, autorizada pelo autor, mediante citação completa da fonte.

Elaborada pelo Serviço de Informação e Documentação Científica - IIER

C837a

Costa, Vanessa Vital. Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética com a

oferta e a ingestão calórica de dietas hospitalares oferecidas à pacientes portadores do vírus HIV/SIDA de um hospital da rede pública do Estado de São Paulo / Vanessa Vital Costa. -- São Paulo; SP : [s.n.], 2012.

65 p. : il ; 30 cm. Orientadora: Mônica Strutzel Striani. Monografia – Programa de Aprimoramento Profissional, Instituto de

Infectologia Emílio Ribas, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Área de Concentração: Nutrição Hospitalar 1. Necessidade energética 2. Ingestão de energia 3. 3. Síndrome da

imunodeficiência adquirida (AIDS) 4. HIV 5. Serviço hospitalar de nutrição 6. Calorimetria. I. Striani, Mônica Strutzel. II. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Programa de Aprimoramento Profissional. III. Título.

NLM: QU145

Page 3: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

AGRADECIMENTOS

Só foi possível chegar ao fim do caminho, porque por essa trajetória muitos

me ajudaram a controlar os meus anseios…

Agradeço primeiramente à Deus por ter dado forças e com isso chegar ao

término de mais uma etapa e a todos aqueles que me acompanharam ao longo

deste percurso. Em especial, aos meus Pais e Irmão, por acreditarem em minha

capacidade e pelo carinho e compreensão.

À nutricionista Andréia Zumbini, diretora do Serviço de Nutrição e Dietética

pela exatidão de suas palavras.

À nutricionista Mônica Strutzel Striani, pela inspiração para projetos futuros e

por estar sempre disponível para compartilhar conhecimentos e experiências de

vida.

À nutricionista Roberta Nemer pela prontidão e dedicação.

Aos avaliadores da banca, que aceitaram tão prontamente participar da minha

carreira acadêmica.

Às demais aprimorandas Fernanda Pereira da Silva e Fabiana Satoko Kikuchi

por explanar o verdadeiro significado da amizade, demonstrando sempre

companheirismo, de modo que, sem elas a trajetória seria dificultada.

À todos os amigos que me ajudaram com palavras de motivação, em especial

Jéssica de Souza Nogueira.

À todos os pacientes, por aceitarem participar deste trabalho, e por

enriquecerem com suas histórias de vida, a minha própria.

Page 4: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.

Cora Coralina

Page 5: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

Costa VV. Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética com a oferta e a ingestão calórica de dietas hospitalares oferecidas à pacientes portadores do vírus HIV/SIDA de um hospital da rede pública do Estado de São Paulo. [monografia]. São Paulo: Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 2012.

RESUMO

Introdução - A resposta do sistema imunológico à infecção pelo HIV leva a

alterações metabólicas que promovem catabolismo, contribuindo para o aumento

das necessidades energéticas e protéicas, juntamente com uma utilização ineficiente

dos nutrientes. Objetivos - Avaliar e comparar a adequação de métodos de

estimativa energética com a oferta e a ingestão calórica de diferentes dietas

oferecidas à pacientes portadores do Vírus da Imunodeficiência Adquirida

(HIV/SIDA) de um hospital da rede pública do Estado de São Paulo. Metodologia -

A amostra foi composta por 32 pacientes, de ambos os gêneros, com idades entre

20 a 59 anos, recebendo alimentação via oral exclusiva. Foram calculados três

cardápios das dietas de rotina hospitalar, onde se verificou a oferta calórica. Foi

traçado o perfil nutricional individual e aplicado um questionário de aceitação

alimentar durante três dias não consecutivos, posteriormente ao cálculo das dietas,

apurou-se neste instrumento a aceitação alimentar e comparou-as aos métodos de

estimativa energética: Calorias de Bolso, Harris Benedict, OMS (2003) e ANSA

(2002). Resultados - Dentre a população cerca de 56% dos pacientes evoluíram

com perda de peso. A média da ingestão alimentar do grupo foi considerada

satisfatória. O resultado da equação de Harris Benedict se aproximou da oferta e da

ingestão calórica e dos métodos utilizados particularmente para HIV, OMS e ANSA,

sendo que as Calorias de Bolso associou-se à ingestão calórica quando esta foi

considerada como inadequada. Discussão - Todos os pacientes manifestaram

alguma infecção oportunista relacionada, apresentando boa aceitação alimentar, de

modo que, subentende-se que estes tiveram aumento do gasto energético basal,

visto que mais de 50% da população estudada perderam peso. Considerações

finais - A estimativa das necessidades calóricas há de ser aumentadas nestes

pacientes, visto elevação do metabolismo.

Palavras chave: HIV, SIDA, oferta e ingestão calórica, estado nutricional, Calorias

de Bolso, Harris Benedict, OMS e ANSA.

Page 6: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

Costa VV. Evaluation and comparison of estimation methods with energy supply and energy intake of diets offered to hospital patients with HIV / SIDA from a public hospital of São Paulo [monografia]. São Paulo: Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 2012.

ABSTRACT

Introduction - The immune system's response to HIV infection leads to metabolic

changes that promote protein catabolism. These changes associated with HIV

infection lead to increased demand for energy and protein, along with an inefficient

use of nutrients. Objectives - To evaluate and compare the adequacy of methods to

estimate energy supply and energy intake of different diets offered to patients with

the acquired immunodeficiency virus (HIV / SIDA) in a public hospital of São Paulo.

Methodology - The sample consisted of 32 patients between 20-59 years of both

sexes, receiving oral feeding exclusively. We calculated three menus of routine

hospital diets, where there was energy intake. To draw the profile individual

nutritional and answered a questionnaire regarding dietary acceptance for three non-

consecutive days, after the calculation of diets, it was found herein to accept food

and compared the methods of estimating energy: Pocket Calorie, Harris Benedict,

WHO and ASEAN. Results - Among the population about 56% of patients

experienced weight loss. The average food intake of the group was considered

satisfactory. The Harris Benedict equation approached the supply and caloric intake

and the methods used particularly for HIV, WHO and ASEAN, and the Pocket Calorie

joined the calorie intake when it considered inappropriate. Discussion - All patients

presented some related opportunistic infection, and had good food acceptance,

which leads one to think that these had increased resting energy expenditure and

possibly increase the total energy expenditure, since more than 50% of the

population lost weight. Final Thoughts - The estimate of caloric needs is to be

increased in these patients because of high metabolism.

Keywords: HIV, SIDA, supply and caloric intake, nutritional status, Pocket Calorie,

Harris Benedict, WHO and ANSA.

Page 7: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

LISTA DE ABREVIATURAS

ANSA Association of Nutrition Services Agencies

ARV Antirretrovirais

ASPEN American Society for Parenteral and Enteral Nutrition

DRI Dietary Reference Intakes

Dp ± Desvio padrão

EN Estado nutricional

ESPEN European Society for Clinical Nutrition and Metabolism

FANTA Food and Nutrition Technical Assistance

FI Fator injúria

FHB Fórmula de Harris Benedict

HIV Human Immunodeficiency Vírus

IO Infecção oportunista

Kg Quilo

Kcal Quilocaloria

GEB Gasto energético basal

GET Gasto energético total

IIER Instituto de Infectologia Emílio Ribas

IMC Índice de Massa Corpórea

NE Nutrição enteral

OMS Organização Mundial da Saúde

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SND Serviço de Nutrição e Dietética

TARV Terapia antirretroviral

TGI Trato gastrointestinal

TMB Taxa de metabolismo basal

Page 8: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Período de internação associado às patologias relacionadas com

a SIDA em pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011 .......................... 29

Tabela 2 – Composição nutricional das dietas geral e branda oferecidas à

pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011 ............................................ 30

Tabela 3 – Composição nutricional dos complementos dietéticos. IIER, São

Paulo, 2011........................................................................................... 32

Tabela 4 – Composição nutricional dos suplementos dietéticos. IIER, São

Paulo, 2011........................................................................................... 32

Tabela 5 – Prescrição dietética associada à complemento e/ou suplemento

alimentar com oferta e ingestão calórica relacionadas à perda de

peso em pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011 ............................. 39

Tabela 6 – Valores encontrados nos diferentes métodos de estimativa

energética. IIER, São Paulo, 2011. ..................................................... 42

Page 9: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Distribuição da população de acordo com o gênero. IIER, São

Paulo, 2011........................................................................................... 25

Figura 2 - Distribuição da população de acordo com a idade em anos. IIER,

São Paulo, 2011 ................................................................................... 25

Figura 3 - Distribuição da população de acordo com a prescrição dietética.

IIER, São Paulo, 2011 .......................................................................... 25

Figura 4 - Distribuição da população de acordo com o estado nutricional.

IIER, São Paulo, 2011 .......................................................................... 26

Figura 5 - Distribuição da população de acordo com a evolução do estado

nutricional. IIER, São Paulo, 2011 ........................................................ 26

Figura 6 - Distribuição da população de acordo com à perda de peso -

paciente em eutrofia. IIER, São Paulo, 2011 ....................................... 27

Figura 7 - Distribuição da população de acordo com à perda de peso –

pacientes em eutrofia com risco. IIER, São Paulo, 2011 ..................... 28

Figura 8 - Distribuição da população de acordo com a oferta calórica da

dieta geral. IIER, São Paulo, 2011 ....................................................... 34

Figura 9 - Distribuição da população de acordo com a oferta calórica da

dieta branda. IIER, São Paulo, 2011 .................................................... 34

Figura 10 - Dieta geral relacionada à perda, ganho e/ou manutenção de peso.

IIER, São Paulo, 2011 .......................................................................... 35

Figura 11 - Dieta branda relacionada à perda, ganho e/ou manutenção de

peso. IIER, São Paulo, 2011 ................................................................ 35

Figura 12 - Distribuição da população de acordo com os métodos de

estimativa energética. IIER, São Paulo, 2011 ...................................... 42

Page 10: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

Figura 13 - Distribuição da população de acordo com as necessidades

calóricas. IIER, São Paulo, 2011 .......................................................... 43

Figura 14 - Distribuição da população de acordo com as calorias/kg de peso

corpóreo/dia. IIER, São Paulo, 2011 .................................................... 43

Figura 15 - Distribuição da população de acordo com a oferta e ingestão

calórica da dieta geral comparada aos métodos de estimativa

energética. IIER, São Paulo, 2011 ....................................................... 45

Figura 16 - Distribuição da população de acordo com a oferta e ingestão

calórica da dieta branda comparada aos métodos de estimativa

energética. IIER, São Paulo, 2011 ....................................................... 45

Page 11: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

2 OBJETIVOS................................................................................................ 18

2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 18

2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 18

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 19

3.1 Delineamento do estudo .......................................................................... 19

3.2 Local do estudo......................................................................................... 19

3.3 População de estudo e critérios de inclusão/exclusão......................... 19

3.3.1 Tempo de seguimento no estudo ............................................................ 19

3.3.2 Fatores que podem influenciar a aceitação da dieta durante o

tratamento.................................................................................................. 20

3.4 Aspectos éticos da pesquisa ................................................................... 20

3.5 Coleta de dados ........................................................................................ 20

3.5.1 Responsáveis ............................................................................................ 20

3.5.2 Instrumentos, variáveis e dinâmica adotados ....................................... 20

3.5.2.1 Procedimentos de aferição de medidas ................................................. 21

3.5.2.2 Realização das Equações de Estimativas propostas para

Necessidades Calóricas ........................................................................... 22

3.5.2.3 Perfil nutricional e dietético da população ............................................. 22

3.6 Análise Estatística ..................................................................................................... 24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 25

4.1 Características gerais da população estudada ............................................. 25

4.2 Características do estado nutricional ............................................................... 26

4.3 Composição da dieta ............................................................................................... 30

4.4 Complementação alimentar .................................................................................. 32

4.5 Estimativa das necessidades calóricas ........................................................... 42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51

Page 12: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

APÊNDICES .............................................................................................................. 55

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................ 55

APÊNDICE B – Questionário de Aceitação Alimentar .......................................... 56

ANEXOS .................................................................................................................... 57

ANEXO A. Modelo Das Dietas Hospitalares Do IIER ............................................ 57

ANEXO B. Dietas hospitalares calculadas ............................................................ 58

ANEXO C. Classificação de IMC ............................................................................. 62

ANEXO D. Equação de Harris Benedict ................................................................. 63

ANEXO E. Necessidades Calóricas Específicas para HIV/SIDA .......................... 65

Page 13: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

12

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma doença causada

pela infecção do vírus HIV (Human Immunodeficiency Vírus). A evolução natural da

doença caracteriza-se por intensa e contínua replicação viral, que resulta

principalmente na destruição de células CD4+. Essa depleção progressiva, em

conjunto com outras alterações do sistema imune, leva à imunodeficiência. Nos

estágios iniciais da infecção, não existem sinais visíveis da doença, entretanto mais

tarde muitos dos sinais da SIDA tornam-se aparentes, incluindo a perda de peso,

febre, diarréia e infecções oportunistas, podendo ser causadas por vírus, bactérias,

protozoários, fungos e algumas neoplastias. (FAO/WHO, 2002).

Pacientes portadores do vírus HIV possuem predisposição a desenvolver

desnutrição grave e caquexia, com suas causas nos quadros avançados não

totalmente esclarecidas, no entanto há conhecimento de que uma série de fatores

corroboram para tal comprometimento nutricional. A desnutrição e suas

complicações podem tornar o indivíduo soropositivo mais suscetível a infecções

oportunistas e reduzir a eficácia dos medicamentos (SILVA et al., 2010).

Existem dois modelos de desnutrição na SIDA: a desnutrição protéico-calórica

que se desenvolve devido à ausência ou redução da utilização de um nutriente, e

pode ser causada quando a ingestão alimentar é inferior as necessidades

energéticas totais ou havendo má absorção de nutrientes, e a Síndrome Wasting,

que segundo o CDC, define-se como a perda involuntária de peso, superior ou igual

a 10% do peso habitual, num período de 6 meses, concomitante com diarréia

crônica, fraqueza ou febre sem causa definida (GARCIA, 2000; CHANG et al., 2007).

Mesmo a ingestão alimentar sendo suficiente, muitas vezes, o organismo não

é capaz de absorver os nutrientes devido a uma falha do sistema gastrointestinal,

normalmente causada por alterações no revestimento intestinal resultante da

infecção levando a perdas de energia e nutrientes (COLECRAFT, 2008).

Indivíduos adultos com infecção pelo HIV, na fase assintomática têm uma

Page 14: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

13

taxa de metabolismo basal (TMB), aproximadamente 10% superior quando

comparado com indivíduos saudáveis da mesma idade, sexo e nível de atividade

fisica. Na fase sintomática o aumento corresponde a 20-30% (OMS, 2003), como

resultado da replicação viral, infecções oportunistas (IO) e uso da terapia

antirretroviral (TARV) (CHANG et al., 2007). Mesmo quando os indivíduos mantêm a

sua ingestão alimentar habitual como era antes do HIV, o aumento do gasto

energético leva muitas vezes a uma perda de peso, isso durante todas as fases da

doença, no entanto, é ainda mais agravada com o surgimento da SIDA (OMS, 2003).

A resposta do sistema imunitário à infecção pelo HIV leva a alterações

metabólicas que promovem catabolismo protéico (associados com wasting) e

alterações no metabolismo dos ácidos graxos. As alterações metabólicas

associadas à infecção pelo HIV levam ao aumento das necessidades energéticas e

protéicas, juntamente com uma utilização ineficiente dos nutrientes (COLECRAFT,

2008).

Quanto aos efeitos clínicos do metabolismo, pode-se observar uma ampla e

complexa resposta à infecção, incluindo febre, hipermetabolismo, leucopenia, uso

inapropriado dos substratos metabólicos, proteólise muscular, síntese hepática de

proteínas de fase aguda, gerando aumento na gliconeogênese e lipogênese, com

diminuição da síntese de albumina (SILVA et al., 2010).

Os sintomas gastrointestinais são comuns no contexto do HIV/SIDA. As

diarréias, em seus diferentes graus de comprometimento, muitas vezes estão

associadas a parasitas entéricos. A má absorção intestinal decorrente das

patologias gastrointestinais deve ter terapia nutricional adequada, minimizando os

agravos à saúde dela decorrentes (CASTLEMAN et al., 2004).

Estudos têm demonstrado que uma alimentação adequada às necessidades

individuais contribui para o aumento dos níveis dos linfócitos T CD4, melhora a

absorção intestinal, diminui os agravos provocados pela diarréia, perda de massa

muscular, alterações dislipidêmicas muitas vezes desencadeadas da TARV, e todos

os outros sintomas que, de uma maneira ou de outra, podem ser minimizados ou

revertidos por meio de uma alimentação balanceada. Orientar uma alimentação

Page 15: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

14

saudável é colaborar para promover melhoria da qualidade de vida das pessoas que

vivem com SIDA (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2006).

Segundo MAHAN; STUMPP (2005) alguns medicamentos da TARV e drogas

para tratamento das doenças oportunistas, também podem provocar efeitos

colaterais que interferem na ingestão, digestão e absorção dos nutrientes, com

possível prejuízo ao estado nutricional do indivíduo. Em contrapartida, alguns

nutrientes ao serem ingeridos com estas drogas, podem comprometer a eficácia da

terapêutica, sendo importante conhecer os horários dos medicamentos, pois alguns

necessitam de serem ingeridos com a alimentação, outros não e, alguns a

alimentação não interfere.

As mudanças metabólicas observadas após a introdução da terapia

antirretroviral incluem: resistência insulínica, hiperlipidemias, mudanças na

redistribuição de gordura (lipoatrofia periférica e adiposidade central), alterações

ósseas como osteopenia, osteonecrose e osteoporose e com menor frequencia, no

momento, acidose lática e alterações renais. A lipodistrofia tem sua importância não

apenas por meio de suas deformidades e potencial estigmático, mas também por ser

parte de uma “síndrome” associada ao aumento do risco cardiovascular

(BONASSER, 2009).

Em contrapartida cabe a importância de uma alimentação saudável que

requer o consumo de uma quantidade adequada de macronutrientes (proteínas,

carboidratos e gorduras) e de micronutrientes (vitaminas e minerais), sendo que, as

necessidades nutricionais vão depender do estágio de progressão da doença

(FANTA, 2004).

Embora a energia não seja em si um nutriente, é fornecida pela administração

de macronutrientes. A oferta inadequada de energia pode superestimar ou

subestimar requisitos para muitos indivíduos, dada a variabilidade tanto no gasto de

energia e na sua mensuração. A oferta de energia adequada, em quilocalorias (ou

kj), deve ser específica para cada paciente. As calorias devem ser administradas em

uma quantidade suficiente para satisfazer ao menos a energia basal, prevendo um

nível de atividade física e para manter o índice de massa corporal saudável. O gasto

energético basal pode variar com o estado da doença (ASPEN, 2002).

Page 16: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

15

Quando o paciente é capaz de se alimentar pela via oral, esta será a via

preferencial. A dieta deve ser controlada quanto à tolerância e composição, tendo

como um dos principais objetivos da conduta nutricional limitar importantes

depleções de massa magra e propor uma oferta adequada de substratos

energéticos. No entanto, a aceitação alimentar pode muitas vezes estar reduzida

devido a efeitos colaterais de medicações ou até mesmo fatores relacionados a

própria patologia, podendo ser necessário o introdução de complementos e/ou

suplementos nutricionais para melhora do aporte calórico (SABOTKA et al., 2008).

O fornecimento de calorias de acordo com a condição clínica é fundamental

para o controle metabólico do paciente. O gasto energético varia de acordo com o

tipo de agressão (trauma, sepse, intervenção cirúrgica), grau de atividade do

paciente (ventilação espontânea ou mecânica, sedação), estágio da doença e

estado nutricional prévio do paciente (ATKINSON & WORTHLEY, 2003).

As necessidades energéticas podem ser estimadas ou medidas diretamente.

Diversos métodos de avaliação do gasto energético no paciente foram descritos,

porém todos apresentam limitações (SILVA & WAITZBERG, 2000). Alguns desses

métodos encontram-se citados a seguir:

� A calorimetria indireta é um método não-invasivo que mede o calor liberado

durante o processo oxidativo através dos valores do consumo de oxigênio

(VO2) e produção de gás carbônico (VCO2). Embora seja considerado

atualmente o “padrão ouro” de avaliação do gasto energético, apresenta

limitações técnicas de aplicação, como custo elevado do equipamento, exi-

gência de pessoal treinado para aferição com disponibilidade de tempo e

necessidade de fração de oxigênio inspirado (FIO2) maior que 0,6, dentre

outros (BASILE et al., 2003).

Os métodos mais comuns para determinação das necessidades energéticas

são as equações preditivas, devido à facilidade de execução e custo zero. Existem

atualmente muitas fórmulas publicadas na literatura para estimativa do gasto

energético, que utilizam as variáveis: peso, altura, idade, sexo e superfície corporal

(SILVA & WAITZBERG, 2000).

Page 17: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

16

� A fórmula amplamente utilizada é a equação de Harris-Benedict,

desenvolvida em 1919, acrescida de fatores atividade e estresse (LEARY et

al, 2005). Para a estimativa por equação, é preferível o uso do peso “atual” em

pacientes eutróficos, em pacientes desnutridos utilizar o peso desejável, e, em

obesos, deve-se utilizar o peso ajustado para obesidade (OLIVEIRA et al.,

2005).

� Além das fórmulas preditivas, o cálculo direto utilizando 25 kcal/kg/dia de

peso usual parece se adequar à maioria dos pacientes graves. European

Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN, 2006) recomenda

durante a fase aguda inicial, uma oferta de 20 a 25 kcal/kg/dia, e na fase de

recuperação, 25 a 30 kcal/kg/dia, e em pacientes obesos, recomenda-se

ofertar de 20 a 30 kcal/kg/dia, com base no peso ajustado para obesidade

(KREYMANN et al., 2006).

Existem também recomendações calóricas próprias para indivíduos

portadores do vírus HIV propostas pela Association of Nutrition Services Agencies

(ANSA), no ano de 2002, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2003, e da

Food and Nutrition Technical Assistance (FANTA) Project, em 2004, onde

características da própria patologia são observadas para uma recomendação

adequada das necessidades energéticas (macronutrientes) e das vitaminas e

mineirais (POLO et al., 2006).

A ANSA tem como base os estados evolutivos da doença especificando as

recomendações energéticas. (POLO et al., 2006).

A OMS recomenda que para adultos portadores do vírus HIV seja necessário

ingerir cerca de 10% a mais de energia em situações assintomáticas de modo a

melhorar a qualidade de vida e 20 a 30% em sintomáticos, durante a fase aguda e

de recuperação (POLO et al., 2006).

As recomendações propostas à adultos pela FANTA Project são análogas as

da OMS. (POLO et al., 2006).

Considerando que os portadores da SIDA apresentam necessidades

nutricionais acrescidas, decorrentes do catabolismo presente no curso da infecção

Page 18: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

17

pelo HIV e infecções oportunistas; a má absorção de nutrientes; e a alteração do

metabolismo, o presente estudo tem como finalidade abordar este aspecto perante a

adequação de métodos de estimativa energética, utilizando as equações preditivas

de Harris-Benedict por ser uma fórmula amplamente conhecida na prática clínica e

as Regras/Calorias de Bolso pela sua praticidade, propostas pela ESPEN (2006) a

pacientes de um hospital da rede pública do Estado de São Paulo, favorecendo um

consumo energético adequado para manutenção e/ou recuperação do estado

nutricional do indivíduo, comparando ao que é proposto pelas recomendações

calóricas próprias para indivíduos portadores do vírus HIV, pela ANSA, 2002 e OMS,

2003.

Page 19: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

18

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

� Avaliar e comparar a adequação de métodos de estimativa energética com a

oferta e a ingestão calórica de diferentes dietas oferecidas à pacientes

portadores do Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV/SIDA) de um hospital

da rede pública do Estado de São Paulo.

2.2 Objetivos Específicos

� Avaliar a evolução do estado nutricional dos pacientes com HIV/SIDA através

de medidas antropométricas;

� Confrontar valor energético oferecido através das dietas de rotina hospitalar

com a aceitação alimentar;

� Verificar adequação das necessidades energéticas indicadas pelos métodos

de Calorias de Bolso e Harris Benedict com a oferta calórica das dietas de

rotina hospitalar;

� Comparar os métodos de estimativa de necessidades energéticas: Calorias

de Bolso X Harris Benedict ao que é proposto pelas recomendações calóricas

próprias para indivíduos portadores do vírus HIV, pela ANSA, 2002 e OMS,

2003.

Page 20: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

19

3 METODOLOGIA

3.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo descritivo observacional transversal.

3.2 Local do estudo

O estudo foi realizado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas IIER, hospital

de referência nacional em atendimento a doenças infecto-contagiosas, localizado na

região oeste de São Paulo.

3.3 População de estudo e critérios de inclusão/exclusão

O presente estudo foi composto por 32 pacientes adultos, com idade entre 20

a 59 anos, de ambos os gêneros, portadores sintomáticos do vírus HIV. Foram

considerados como critérios de exclusão os pacientes que na primeira avaliação

apresentaram Índice de Massa Corpórea (IMC) abaixo de 18,5 kg/m2, devido

metabolismo apresentar-se alterado e por ter déficits visíveis de macro e

micronutrientes; pacientes que possuíam alguma alteração metabólica que

necessitassem de dietas especiais, como: restrição de sódio, proteínas, gorduras,

carboidratos, entre outros; presença de sintomas gastrintestinais por tempo

prolongado; pacientes acamados, impossibilitados de deambular e com presença de

distúrbios neurológicos.

3.3.1 Tempo de seguimento no estudo

A coleta de dados ocorreu no período de agosto a novembro de 2011. O

estudo teve um seguimento mínimo de acompanhamento dos pacientes de 15 dias,

sendo que, quando o tempo de internação fosse inferior a este a amostra seria

descartada.

Page 21: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

20

3.3.2 Fatores que podem influenciar a aceitação da dieta durante o tratamento

Os medicamentos utilizados na TARV para tratamento do HIV/SIDA assim

como, demais medicamentos empregados no tratamento do paciente, podem

apresentar efeitos adversos em curto, médio ou longo prazo, que variam de acordo

com cada medicamento, classe de drogas ou com o organismo do paciente.

Esses efeitos colaterais podem comprometer a aceitação da dieta, quando

presentes foram observadas durante o acompanhamento do paciente, conforme o

questionário de aceitação alimentar, entretanto se essas manifestações

permanecessem por tempo prolongado seria considerado um critério de exclusão,

visto não se encaixar nos objetivos da pesquisa.

3.4 Aspectos éticos da pesquisa

O pesquisador se compromete a não divulgar identidade dos pacientes. Não

foram utilizados métodos prejudiciais aos participantes da pesquisa, não

apresentando riscos ou ônus aos mesmos.

3.5 Coleta de dados

3.5.1 Responsáveis

A coleta de dados foi realizada com a aprovação do Protocolo de Pesquisa

com o número 49/2011 pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e pela Comissão

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), e aprovação do paciente por meio da

autorização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). A

responsável pela coleta dos dados foi a autora deste trabalho, profissional de

Nutrição, devidamente capacitada para realização do mesmo, supervisionada pela

orientadora.

3.5.2 Instrumentos, variáveis e dinâmica adotados

Foram aferidos do paciente: peso [kg] e estatura [cm], sendo posteriormente

calculado o IMC. O peso teve um acompanhamento semanal, e a estatura foi

Page 22: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

21

apurada na admissão do paciente. A circunferência do braço (CB) inicialmente foi

aferida, no entanto alguns dados foram perdidos ao decorrer das avaliações, sendo

desprezada do estudo, visto não reduzir a amostra. A Avaliação Nutricional teve

como prioridade as medidas antropométricas, assim como a aceitação alimentar do

paciente, sendo que os exames laboratoriais de rotina como hemograma e

bioquímica completos não foram utilizados no estudo por não contemplarem o foco

do trabalho, devido o objetivo principal deste ser comparar as equações preditivas

de estimativa energética e assim analisar qual se aproxima do que é ofertado e

ingerido por pacientes sintomáticos portadores do vírus HIV.

3.5.2.1 Procedimentos de aferição das medidas

Antropometria

Para padronizar a coleta de dados, alguns critérios foram estipulados:

� Peso: Soma de todos os componentes corpóreos, reflete o equilíbrio protéico-

energético do individuo. A massa corporal foi aferida em kilogramas (kg)

sendo utilizada a balança automática para adulto da marca Filizola com

capacidade de até 150kg. Tendo como princípios que o paciente estivesse

descalço, sem adereços.

� Estatura: Foi aferida em centímetros, com estadiômetro modelo Personal da

marca Sanny, com capacidade de 110 a 204 cm. Sendo estipulado que o

paciente ficasse em posição ortostática; olhando para a frente orientado pelo

plano de Frankfurt; os braços alinhados ao corpo; pernas esticadas; pés

descalços, juntos e paralelos; cabeça, escápula, nádegas e panturrilhas na

borda de medição.

� Índice de Massa Corporal (IMC): Foi calculado por meio dos valores de peso

e estatura, utilizando-se a seguinte fórmula:

IMC = Peso (kg)

Altura (m2)

Page 23: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

22

3.5.2.2 Realização das Equações de Estimativas propostas para

Necessidades Calóricas

As Necessidades Calóricas foram estimadas inicialmente pelas Calorias de

Bolso, que é o método utilizado no Hospital, considerando-se o peso atual do

paciente na vigência de eutrofia, multiplicado pelas kcal/kg peso corpóreo/dia, onde

se preconiza 35kcal/kg peso corpóreo/dia para pacientes das unidades de

internação; em seguida foi aplicada a equação de Harris Benedict, sendo utilizado

como Fator Atividade: Deambulando = 1,3; Fator Injúria para SIDA de 1,45 e o Fator

Térmico quando este paciente apresentasse quadro febril (Anexo D). Após a

aplicação dessas equações preditivas foram comparadas com Recomendações de

Necessidades Calóricas exclusivas para pacientes portadores do vírus HIV (Anexo

E) sendo utilizado na OMS o acréscimo de 25% da taxa de metabolismo basal

(TMB), e na ANSA o valor de 45kcal/kg peso corpóreo/dia, como média dos valores

propostos para pacientes sintomáticos com infecções oportunistas, sendo

posteriormente avaliado qual método se aproxima do que é oferecido nas refeições

diárias do hospital, observando a aceitação dos pacientes.

3.5.2.3 Perfil nutricional e dietético da população

O Serviço de Nutrição e Dietética (SND) oferece refeições que variam quanto

à consistência e composição nutricional: dieta geral, branda, pastosa, leve e líquida,

além daquelas que sofrem acréscimo ou redução do teor de fibras, proteínas e

menor aporte de lipídios, carboidratos, entre outros. No cardápio proposto consta

seis refeições diárias sendo: desjejum, colação, almoço, merenda, jantar e ceia.

Para a determinação do perfil dietético da população de estudo, foram coletados

dados iniciais dos pacientes (sexo e faixa etária), prescrição dietética e prescrição

de complemento e/ou suplemento alimentar.

Composição da dieta

Os alimentos foram padronizados quanto à forma de apresentação para

entrada no banco de dados (alimentos “in natura”, industrializados e preparações), e

o receituário padrão foi disponibilizado pelo SND para o cálculo nutricional. As

porções (em medidas caseiras e gramatura) utilizadas na composição de cada

Page 24: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

23

refeição foram observadas. A partir disso um padrão de per capita foi estabelecido

como base para os cálculos.

O SND funciona de tal maneira que cada cardápio planejado é usado como

base para as refeições dos próximos três meses, com alterações na combinação

das preparações, porém sempre com os mesmos alimentos. Mesmo entre cardápios

diferentes, somente almoço e jantar são modificados, sendo que as demais

refeições são semelhantes. Algumas alterações de preparações servidas quentes ou

frias ocorrem apenas em decorrência da sazonalidade.

Três dias de cardápio foram analisados aleatoriamente, para cada tipo de

dieta. Apesar de todas as variações serem analisadas, somente as consistências

com maior prevalência na população foi utilizada na discussão dos resultados

(Anexos A e B).

Aceitação da dieta

A aceitação da dieta foi coletada de modo subjetivo, funcionando como uma

estimativa de consumo alimentar, sem pesagem de resto-ingesta. O recipiente onde

a refeição é servida foi dividido, subjetivamente, em quatro partes iguais,

correspondentes a 25% da refeição, cada uma. O paciente foi questionado quanto a

uma estimativa de quanto consumiu em cada refeição, obtendo-se uma média do

valor percentual.

A planilha para tabulação de dados foi organizada de modo a conseguir o

percentual de aceitação generalizada das refeições, não foi avaliado cada alimento

separadamente, devido o objetivo principal do trabalho ser avaliação de

macronutrientes, sendo que a avaliação de micronutrientes não corresponde o foco

do presente trabalho.

Os valores estimados encontrados para aceitação foram avaliados de acordo

com o seguinte parâmetro:

< 25% aceitação - Péssima

25% - 50% aceitação - Ruim

50% - 75% aceitação - Regular

>75% aceitação - Boa

Page 25: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

24

3.6 Análise Estatística

A análise priorizou a concentração de macronutrientes da dieta: carboidratos,

proteínas e lipídeos, entretanto alguns micronutrientes também foram observados,

até porque fazem parte da composição da dieta. Os valores encontrados para cada

nutriente foram avaliados e reduzidos em uma média. Para o cálculo de todas as

dietas foi utilizado o programa Avanutri – Eficácia em Nutrição® (2004), específico

para análise de dietas.

Os dados foram tabulados em planilha de cálculo no Microsoft Excel (2007)

com a utilização de fórmulas específicas segundo padrões de referência

determinados de acordo com cada grupo etário encontrado.

A amostra foi caracterizada por: percentual, médias e desvio-padrão.

Page 26: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características gerais da população estudada

A população estudada foi constituída por 32 pacientes internados no Instituto

de Infectologia Emílio Ribas, dos quais seis indivíduos (19%) eram do gênero

feminino e 26 (81%) masculino.

A faixa etária proposta foi de 20 a 59 anos, tendo média de 36,5 ± 7,9 anos,

onde 19 pacientes (59%) apresentavam idade de 20 a 40 anos, e 13 (41%) de 41 a

59 anos, sendo a maior parte composta por adultos jovens.

Figura 1 - Distribuição da população de acordo com o gênero. IIER, São Paulo, 2011.

Figura 2 - Distribuição da população de acordo com a idade em anos. IIER, São Paulo, 2011.

Figura 3 – Distribuição da população de acordo com a prescrição dietética. IIER, São Paulo, 2011.

Page 27: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

26

Dentre as dietas hospitalares oferecidas aos pacientes participantes do

estudo, observou-se que 29 indivíduos (91%) recebiam dieta geral e uma menor

proporção representada por três pacientes (9%) recebiam dieta branda.

Estes dados levam a sugestão de que a maior parte da população estudada

não apresentava sintomas gastrointestinais severos relacionados, devido à dieta

geral obter prevalência como prescrição dietética.

4.2 Características do estado nutricional

Considerando-se o estado nutricional inicial observa-se predomínio de

eutrofia, sendo 21 pacientes (66%) eutróficos e 11 pacientes (34%) em eutrofia com

risco nutricional.

Figura 4 - Distribuição da população de acordo com o estado nutricional. IIER, São Paulo, 2011.

Figura 5 – Distribuição da população de acordo com a evolução do estado nutricional. IIER, São Paulo, 2011.

Page 28: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

27

A Figura 5. mostra os resultados obtidos com relação a evolução do estado

nutricional, demonstrando a prevalência de perda de peso durante o período de

internação, sendo que 18 pacientes (56,2%) obtiveram perda em relação ao seu

peso inicial, cinco (15,6%) mantiveram seu peso e nove (28,1%) apresentaram

ganho de peso, valores encontrados com tempo médio de internação de 18 dias, ou

seja, nesse período mais de 50% da população estudada se deparou com redução

do peso inicial.

Estes dados demonstram a importância da nutrição como fator contribuinte do

sistema imunológico visto a relação entre ambos, sendo que o estado nutricional

adequado está interligado à melhora da imunidade (PINTO, 2009).

Entre os 21 pacientes que iniciaram com eutrofia, 12 apresentaram perda de

peso, sendo que oito perderam de 1,0 a 2,0kg, um de 2,1 a 3,0kg, dois de 3,1 a

4,0kg e um obteve perda de 4,0kg ou mais, alterando o estado nutricional (EN) para

eutrofia com risco como mostra a figura 6.

Figura 6 - Distribuição da população de acordo com à perda de peso – pacientes em eutrofia. IIER, São Paulo, 2011.

núm

ero

de p

acie

ntes

Page 29: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

28

Já os 11 pacientes que iniciaram com eutrofia com risco (IMC ≤ 20kg/m2), seis

destes evoluíram com perda de peso ponderal, sendo cinco pacientes com perda de

1,0 a 2,0 kg e um com detrimento de 4,0kg ou mais, caracterizando a piora do

estado nutricional com evolução para o quadro de desnutrição, como mostra a figura

5.

No que diz respeito à desnutrição, esta é caracterizada pela alteração da

composição corporal manifestada pela deficiência de macro e/ou micronutrientes. A

perda de peso é uma das manifestações clínicas mais precoces e evidentes da

progressão da doença, podendo ocorrer em todas as fases da infecção por HIV.

Segundo PINTO (2009) esta perda de peso tem etiologia multifatorial.

Na avaliação nutricional da pessoa com HIV/SIDA deve ser levado em

consideração que numerosos fatores estão influenciando a sua composição

corporal, dentre os quais o gênero, a idade, a etnia, fatores genéticos, presença de

demais patologias incluindo doenças infecciosas oportunistas, pratica de atividade

física, alterações hormonais, medicamentos utilizados, fatores culturais e

socioeconômicos. (PAULA et al., 2010).

Dados da literatura evidenciam que o gasto energético de repouso é

significativamente mais elevado em indivíduos soropositivos para o HIV do que em

indivíduos saudáveis o que implicaria também na propensão da perda de peso de

acordo com os hábitos alimentares (PALACOW et al., 2004).

núm

ero

de p

acie

ntes

Figura 7 - Distribuição da população de acordo com à perda de peso – pacientes em eutrofia com risco. IIER, São Paulo, 2011.

Page 30: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

29

Tabela 1 – Período de internação associado às patologias relacionadas com a SIDA em pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011.

Fonte: Prontuário dos pacientes.

Observa-se na tabela 1 que o período de internação foi de aproximadamente

18 dias com Dp ± de 3,5 dias o que demonstra que a perda de peso não ficou

intimamente relacionada com o tempo de internação, já que não houve discrepância

nesse período, destacou-se também prevalência da SIDA relacionada com doenças

pulmonares, em seguida com as demais infecções bacterianas.

Além do quadro de hipermetabolismo, alterações no estado nutricional

associadas à presença de processos infecciosos podem favorecer a desnutrição por

meio das disfunções intestinais capazes de alterar a absorção e biodisponibilidade

de nutrientes, do processo febril que acarreta no aumento do requerimento

energético e possíveis alterações como a glicogênese e a lipogênese, alterando as

vias metabólicas dos carboidratos, lipídeos e proteínas assim como, nos níveis de

micronutrientes e balanço eletrolítico, além de acarretar alterações hormonais que

interferem no metabolismo dos nutrientes (OLIVEIRA et al., 2005).

Logo, os objetivos da conduta nutricional não devem somente visar a

recuperação do estado nutricional do paciente, mas também é importante a

manutenção do seu peso corporal, evitando a depleção muscular durante o período

da internação (OLIVEIRA et al., 2010).

Considerando a perda de peso apresentada por determinados pacientes, com

conseqüente comprometimento do estado nutricional, mostra-se necessária a

Tempo de

internação (dias)

Pacientes Patologias relacionadas

N

Média

18,1

Dp ±

3,5

N= 13 SIDA + doenças pulmonares

N= 8 SIDA + infecções bacterianas

N= 4 SIDA + doenças causadas por fungos

N= 4 SIDA + doenças causadas por protozoários

N= 3 SIDA + Hepatite B ou C

Total = 32 -

Page 31: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

30

intervenção nutricional assertiva com introdução de complemento e/ ou suplemento

alimentar, o que implica no aumento da oferta calórica diária.

4.3 Composição da dieta

Os valores encontrados para macro e micronutrientes das dietas geral e

branda encontram-se descritos na tabela 2.

Tabela 2 – Composição nutricional das dietas geral e branda oferecidas à pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011.

Fonte: Avanutri – Eficácia em Nutrição® (2004).

Conforme discutido anteriormente, as dietas que apresentavam algum tipo de

restrição, como: redução de sódio, proteínas, lipídios, carboidratos, fibras, entre

outros nutrientes, foram descartadas visto representar um dos critérios de exclusão

NUTRIENTES

DIETA Geral Branda

Valor Dp ± Valor Dp ±

Calorias

3057,3

188,3

2910,1

139,8

Proteínas (g) 106,1 12,1 109,6 26,2

Carboidratos (g) 511,4 39,1 413,6 33,6

Lipídeos (g) 78,6 12,2 86,5 12,1

Fibras (g) 26,2 4,9 20,3 5,3

Ferro (mg) 21,9 2,2 18,0 3,6

Cobre (ug) 1,6 0,2 1,0 0,1

Zinco (mg) 37,4 4,8 14,2 9,4

Selênio (mcg) 179,1 14,1 53,8 42,2

Vit. A (ug) 648,4 553,7 248,4 141,4

Vit. C (mg) 73,4 42,4 204,7 154,1

Vit. E (mg) 20,6 5,1 18,5 3,5

Vit. B6 (mg) 1,2 0,4 1,4 0,3

Vit. B12 (ug) 1,8 2,5 3,9 2,7

Page 32: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

31

do estudo, por ser um fator que poderia comprometer a aceitação da dieta e por

conter a hipótese de associação com demais alterações metabólicas.

Observa-se que não houve tanta divergência entre a variação calórica das

dietas de consistência geral e branda, com diferença de 147,2kcal. De modo geral a

proporção de macronutrientes se mostrou similar entre ambas as dietas.

Quanto ao desvio padrão obtido para cada variável, observou-se que alguns

nutrientes apresentam uma variação igual ou superior a 50% do valor oferecido,

como é o caso do selênio e das vitaminas A, C e B12, possivelmente pelas fontes

alimentares desses nutrientes não participarem diariamente de todos os cardápios

com quantidades adequadas, gerando um desvio padrão elevado.

A dieta geral e a branda aproximaram-se em relação à necessidade

energética estimada, podendo ser considerada como satisfatória. Esta análise difere

da publicada por NUÑEZ et al. (2008), que verificaram adequações inadequadas,

nas quais a oferta calórica atingiu somente 75% das necessidades de pacientes

oncológicos internados. No entanto o estudo de DEPERTUIS et al. (2003), mostrou

oferta hospitalar de nutrientes excedente, assim como os resultados apresentados

pelo presente estudo.

Este fato sugere que a falta de progresso na recuperação/manutenção na

condição nutricional do paciente, comprovado pela perda de peso freqüente, não

está interligado à oferta calórica, e nem somente à ingestão alimentar, visto que os

pacientes obtiveram boa aceitação, e sim relacionados também a outros fatores.

Os micronutrientes apesar de suma importância aos pacientes HIV não foram

comparados às Dietary Reference Intakes (DRI) por não contemplarem o foco do

trabalho, sendo priorizado os resultados dos macronutrientes visto obtenção calórica

significativa.

Page 33: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

32

4.4. Complementação alimentar

Tabela 3 – Composição nutricional dos complementos dietéticos. IIER, São Paulo, 2011.

Fonte: Avanutri – Eficácia em Nutrição® (2004) e rotulagem dos produtos.

Tabela 4 – Composição nutricional dos suplementos dietéticos. IIER, São Paulo, 2011.

Fonte: Rotulagem dos produtos.

O SND do IIER adquire a estratégia de complementar e/ou suplementar a

alimentação a fim de melhorar o estado nutricional do paciente, devido à baixa

aceitação da dieta prescrita ou à dificuldade em ganho de peso para pacientes com

boa aceitação alimentar, com esse intuito são utilizados complementos e/ou

suplementos alimentares.

Quanto aos complementos alimentares são compostos por preparações que

não fazem parte do cardápio diário, ou seja, são alimentos considerados como

adicional à dieta proposta, com intuito de aumentar o valor nutricional, entre eles

podemos citar preparações à base de leite como iogurtes, mingaus e vitaminas e as

sopas quando são oferecidas à parte, a média de calorias desses complementos

COMPLEMENTOS

A B C D Média Dp ±

Calorias

141

145

140

230

164,0

44,0

Proteínas (g) 6,0 6,0 3,6 4,2 4,9 1,2

Carboidratos (g) 9,3 25,0 27,0 33,0 23,6 10,1

Lipídeos (g) - 2,0 2,0 3,4 1,8 1,4

SUPLEMENTOS

A B C D E F Média Dp ±

Calorias

180

300

250

233

300

300

260,5

49,0

Proteínas (g) 9,4 13,0 20,0 7,6 12,0 20,0 13,7 5,3

Carboidratos (g) 24,0 40,0 28,0 18,0 37,0 32,0 29,8 8,2

Lipídeos (g) 6,8 9,8 7,0 1,0 12,0 10,6 7,9 3,9

Page 34: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

33

alimentares estão descritos na tabela 3, o que nos mostra um valor de 164kcal a

mais quando introduzidos à dieta, com Dp ± 44,0.

Já os suplementos alimentares há variadas formas industrializadas

apresentadas em aspecto leitoso e embalagens próprias para o consumo com

conteúdo geralmente de 200ml a unidade, ou representados na versão em pó, onde

podem ser diluídos em água ou no leite. Os valores de macronutrientes dos

suplementos utilizados na instituição estão expostos na tabela 4, onde encontramos

uma média calórica de 260,5kcal para cada suplemento ingerido, com Dp ± 49,0.

No presente estudo a aceitação da dieta foi apurada como um todo, sem

diferenciação quanto aos grupos alimentares, no entanto quando o paciente estava

com complemento e/ou suplemento alimentar este era questionado quanto à

aceitação, e quase todos que foram interrogados relataram boa aceitação.

No trabalho de DESPERTUIS et al. (2003), a suplementação dietética é

revelada como importante fonte de calorias e proteínas, especialmente para

pacientes com IMC abaixo de 20kg/m2, cuja oferta de suplementos e lanches

fortificados representou até 32% do seu consumo diário. Além disso, a

complementação foi uma importante fonte de nutrientes para pacientes com

inapetência e desnutrição. No estudo de GARCIA (2006) se comparou os efeitos de

suplementos nutricionais orais no EN de pacientes desnutridos hospitalizados sendo

demonstrado que sem a suplementação nutricional os pacientes perderam peso. O

ganho de peso foi atingido por 64% dos pacientes suplementados, enquanto 73%

dos controles emagreceram. Demonstrando que, durante a internação a associação

entre complemento e/ou suplemento nutricional é uma excelente estratégia

nutricional para auxiliar na manutenção ou ganho de peso dos pacientes.

A suplementação oral é benéfica em períodos de maior necessidade

energética, quando o metabolismo basal está aumentado, como, por exemplo, em

episódios de algumas infecções oportunistas (COPPINI &JESUS, 2011).

No entanto o presente trabalho nos mostra que mesmo com a oferta de

complementos e/ou suplementos alimentares houve casos de perda de peso,

Page 35: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

34

sugerindo que o gasto energético basal (GEB) desses pacientes encontra-se

elevado.

Considerando apenas às quantidades de calorias ofertadas, a dieta geral ou

branda acrescida de complemento e suplemento proporciona mais benefícios ao

paciente, destacando que a aceitação do suplemento pode apresentar-se

insatisfatória visto a presença de sabor residual, dificultando a ingestão de duas

unidades, como também limitações do SND considerando que os suplementos

acarretam na elevação dos custos se comparado aos complementos alimentares.

Cal

oria

s

Figura 8 - Distribuição da população de acordo com a oferta calórica da dieta geral. IIER, São Paulo, 2011.

Cal

oria

s

Figura 9 - Distribuição da população de acordo Oferta calórica da dieta branda. IIER, São Paulo, 2011.

Page 36: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

35

Figura 10 - Dieta geral relacionada à perda, ganho e/ou manutenção de peso. IIER, São Paulo, 2011. Figura 11 - Dieta branda relacionada à perda, ganho e/ou manutenção de peso. IIER, São Paulo, 2011.

Page 37: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

36

Dentre os pacientes que estavam com prescrição de dieta geral com ou sem

complementos e/ou suplementos alimentares 16 manifestaram perda de peso, três

obtiveram manutenção do peso inicial e 10 apresentaram ganho de peso. Observou-

se perda de peso na oferta de dieta geral e complemento com cinco pacientes,

sendo que três perderam de 1,0 a 2,0kg, um de 3,1 a 4,0kg e um obteve perda de

4,0kg ou mais, sendo que a oferta de dieta geral e suplemento alimentar, cinco

manifestaram perda de peso, onde três perderam de 1,0 a 2,0kg, um de 2,1 a 3,0kg

e um de 3,1 a 4,0kg.

Na população estudada, apenas três pacientes tinham prescrição dietética de

dieta branda, sendo que o paciente que estava somente com esta dieta obteve

perda de peso de 1,0 a 2,0kg, o que estava com dieta branda e suplemento

apresentou manutenção do seu peso inicial e aquele com dieta branda e

complemento e suplemento manifestou perda de 4,0kg ou mais, nenhum dos

pacientes apresentaram ganho de peso.

Segundo COPPINI & JESUS, (2011) há estudos demonstrando que 18% dos

pacientes, monitorados durante um ano, perderam >10% do peso corporal durante

visitas seriadas, enquanto que 21% perderam > 5% e 8% apresentaram IMC < 20

kg/m2. A maioria dos pacientes com perda de peso estava recebendo TARV.

MONTEIRO et al (2000) relata que estudos realizados em diferentes

contextos sócio-econômicos sugerem que a ingestão alimentar pode estar

adequada, no entanto pode ter outros fatores que favoreceriam à perda de peso

como má absorção associada à diarréia quando presente, aumento do consumo de

energia ou alterações metabólicas associadas com infecções oportunistas.

Possíveis causas para a má absorção incluem: o impacto direto do HIV sobre

as vilosidades do trato gastrointestinal (TGI), efeito das infecções oportunistas (IO),

sintomas como diarréia e vômitos, neoplasias e outras doenças do sistema

gastrointestinal (COLECRAFT, 2008).

A má absorção intestinal pode levar à perda de nutrientes, sendo comum em

pacientes com HIV / SIDA. Inúmeros estudos têm mostrado que as pessoas com má

absorção grave têm menor índice de massa corporal (CARROCCIO et al., 2001).

Page 38: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

37

Segundo COLECRAFT (2008), a má absorção de lipídios, e

consequentemente, a absorção reduzida de vitaminas lipossolúveis, tais como

vitamina A e E, e de carboidratos pode ocorrer em qualquer fase da infecção do HIV.

No estudo de POLES et al., (2001), 88 pacientes infectados pelo HIV foram

submetidos à avaliação para a diarréia, que incluiu endoscopia. Foi examinado má

absorção de gordura com uma coleta de fezes de 24 h para a gordura fecal. O

estudo demonstrou que mais de 90% dos soropositivos para HIV tinham elevados

níveis de gordura fecal que não foram relacionados com a ingestão de gordura

alimentar. Com estes altos níveis de má absorção de lipídios, um balanço energético

negativo poderá se desenvolver a menos que haja aumento considerável da energia

da dieta.

A deficiência protéica está intimamente associada ao deficit energético,

frequentemente observado nos pacientes acometidos pelo HIV/SIDA. Várias

citocinas pró-inflamatórias são produzidas durante a infecção, o que resulta em falta

de apetite e incapacidade de aumentar e/ou recuperar o peso inicial, mesmo quando

fontes abundantes de nutrientes são fornecidos. O aumento na ingestão alimentar

possivelmente contribui para a estabilização do metabolismo das proteínas e do

equilíbrio entre o anabolismo e o catabolismo, entretanto a ingestão de proteína

adicional pode não ser suficiente para suprir a proteína perdida até que o processo

infeccioso seja melhor gerenciado. Assim, o fornecimento de proteína adicional não

vai garantir aumento da massa magra corporal e recuperação dos níveis de

proteínas plasmáticas quando estes pacientes já estão com grau de desnutrição

avançada (HSU et al., 2005).

De modo que, a depleção proteíca corporal pode ser decorrente de uma

dieta deficiente, da má absorção e de alterações metabólicas. Na ausência de

ingestão energética adequada, as reservas corpóreas são utilizadas como fontes

energéticas. Durante a perda de peso, a proporção de reservas corporais que são

depletadas, seja de proteínas, lipídios e carboidratos será influenciada pelo estado

nutricional subjacente e pela ingestão dietética. Assim, essas reservas juntamente

com a ingestão alimentar e a gravidade da resposta inflamatória irá afetar a taxa de

perda de peso. A proporção de perda em cada compartimento varia entre indivíduos,

possivelmente, um resultado de diferenças genéticas (DEREK et al., 1995).

Page 39: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

38

Pacientes soropositivos para HIV parece obter um efeito metabólico

diferenciado, envolvendo uma perda preferencial de proteína à gordura.

Anormalidades do metabolismo lipídico são vistos especialmente em pacientes

recebendo TARV. (HSU et al., 2005; CARROCCIO et al., 2001).

Page 40: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

39

Tabela 5 – Prescrição dietética associada à complemento e/ou suplemento alimentar com oferta e ingestão calórica relacionadas à perda de peso em pacientes adultos. IIER, São Paulo, 2011.

Fonte: Questionário de aceitação alimentar (Apêndice B).

Dieta N

Oferta

calórica

Ingestão calórica

Média

50-75%

N= 02

Média ± 62,5%

Perda de peso

N

≥75%

N=27

Média ± 80%

Perda de peso

N

Média 1-

2kg

2,1-

3kg

3,1-

4kg

≥ 4

kg

1-

2kg

2,1-

3kg

3,1-

4kg

≥ 4

kg

Geral 05 3057,3 1910,8 N=1 - - - - 2445,8 N=4 02 - - -

Geral + Complemento 08 3221,3 2013,3 N=1 - - 01 - 2577,0 N=7 04 - - -

Geral + Suplemento 08 3317,8 - - - - - 2654,2 N=8 03 01 01 -

Geral + Suplemento + Complemento 04 3481,8 - 01 2785,4 N=4 01 - - -

Geral + 2 Complementos 03 3385,3 - - - - - 2708,2 N=3 01 - - -

Geral + 2 Suplementos 01 3578,3 - - - - - 2862,6 N=1 01 - - -

N= 02 N= 01

Branda 01 2910,1 1818,8 N=1 01 - - - - - - - -

Branda + Suplemento 01 3170,6 - - - - - 2377,9 N=1 - - - -

Branda + Suplemento + Complemento 01 3334,5 2084,1 N=1 - - - 01 - - - - -

Page 41: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

40

A tabela 5 mostra dados da oferta e ingestão calórica relacionada à perda de

peso. Nota-se de modo geral que os pacientes tiveram boa aceitação alimentar com

média de ±80%, valor este considerado excelente visto tratar-se de pacientes

portadores de SIDA com vigência de infecções oportunistas, onde a anorexia é

comumente associada à patologia de acordo com a literatura.

Dentre os pacientes com ingestão de 50 a 75%, quatro obtiveram perda de

peso, sendo que dois recebiam dieta geral e os demais estavam com dieta branda,

com relação aos pacientes que apresentaram aceitação ≥75% observa-se

prevalência de perda de peso na dieta geral acrescida de complemento e de

suplemento alimentar, já em relação à oferta de dieta branda e suplemento o

paciente não adquiriu perda de peso.

A investigação da aceitabilidade da dieta hospitalar é um fator importante

dentro de uma unidade hospitalar, pois sabe-se que muitos pacientes hospitalizados

apresentam inadequado estado nutricional. A alimentação torna-se parte do

tratamento clínico tornando-se uma terapia nutricional e não simplesmente uma

oferta de alimentos distribuídos nas refeições ao longo do dia, tendo como objetivo

prover ao paciente, nutrientes necessários da forma mais adequada à doença, às

condições físicas, ao estado nutricional, aos hábitos alimentares e aos aspectos

psicológicos em que este se encontra (MARIMOTO & PALADINI, 2009).

SOUSA (2007) desenvolveu um trabalho onde tinha como objetivo avaliar a

aceitabilidade da dieta hospitalar em um serviço público, sendo esta analisada após

24 horas de hospitalização. Com relação aos resultados encontrados observou-se

que a dieta apresentou uma ótima aceitação devido suas características

organolépticas relatadas pelos pacientes, além disso, alguns pacientes relataram

não terem disponíveis em suas residências alguns alimentos servidos no hospital,

fator este que vai de encontro aos resultados encontrados no IIER, onde muitas

vezes o paciente acaba demonstrando grande satisfação por tudo que é feito por

ele, por não fazer parte da sua realidade diária. O autor também relacionou as

condições clínicas, chegando a conclusão de que portadores de doenças

cardiovasculares apresentam menor aceitação da dieta devido às restrições

dietéticas tais como de sódio, lipídios e líquidos, características que não foram

apuradas no presente trabalho, considerada assim como um critério de exclusão.

Page 42: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

41

O estudo de KIM et al. (2001) foi controverso ao presente trabalho, sendo

analisado correlatos da ingestão inadequada de alimentos entre adultos infectados

pelo HIV. A adequação da dieta foi avaliada usando registros alimentares de 3 dias.

Ingestão energética insatisfatória ocorreu em 38% desta população. A inadequada

ingestão de proteínas, encontrada em 11% da população do estudo, ocorreu mais

frequentemente entre as mulheres, destacando aquelas sem cuidador na família. No

entanto observa-se diferenças entre este estudo e o trabalho proposto, pois ele não

excluiu os pacientes com intensas alterações gastrointestinais, fator este que

compromete demasiadamente a aceitação alimentar.

No trabalho de DUTRA et al. (2011) foram entrevistados 39 pacientes com

síndrome lipodistrófica acompanhados no ambulatório de nutrição, onde foi utilizado

como ferramenta o recordatório de 24 horas. Na adequação percentual do consumo

dos macronutrientes, verificou-se que cerca de 100% dos homens e 87% das

mulheres apresentaram consumo excessivo de proteínas; baixo consumo de

carboidratos e, lipídeos dentro das recomendações. A média do consumo alimentar

dos macronutrientes dos pacientes foram de 2.148,38 Kcal/dia de calorias ingeridas,

106,27g/dia de proteínas; 266,38g/dia de carboidratos, e 679,03g/dia de lipídeos. Há

de levar em consideração que o estudo do autor foi realizado a partir da ingestão

alimentar na residência do paciente.

Page 43: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

42

4.5 Estimativa das necessidades calóricas

No presente estudo foram comparados métodos de estimativa energética,

sendo as Calorias de Bolso, utilizado atualmente no IIER, em relação à equação de

Harris Benedict correlacionados as recomendações próprias para HIV, OMS e

ANSA.

Tabela 6 – Valores encontrados nos diferentes métodos de estimativa energética. IIER, São Paulo, 2011.

Métodos de estimativa energética

Calorias de Bolso Harris Benedict OMS ANSA

Média Dp ± Média Dp ± Média Dp ± Média Dp ±

2208,2 187,7 3008,2 167,3 2575,7 144,3 2790,7 241,4

Métodos de estimativa

energética

Calorias de Bolso

Harris Benedict

OMS

ANSA

Recomendações próprias para HIV

Recomendações gerais

Figura 12 - Distribuição da população de acordo com os métodos de estimativa energética. IIER, São Paulo, 2011.

Page 44: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

43

Em relação à tabela 6 e a figura 13 ambas demonstram os resultados das

necessidades calóricas de acordo com os métodos de estimativa energética.

Observa-se que a equação de Harris Benedict apresentou média superior em

relação aos demais métodos, aparecendo em sequência a ANSA com diferença

calórica entre ambos de 217,5kcal, em seguida surge a OMS e com menor média

das necessidades aparece as Calorias de Bolso.

Figura13 - Distribuição da população de acordo com as necessidades calóricas. IIER, São Paulo, 2011.

Cal

oria

s

Figura 14 – Distribuição da população de acordo com calorias/kg de peso corpóreo/dia. IIER, São Paulo, 2011.

Cal

oria

s/kg

de

peso

cor

póre

o/di

a

Page 45: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

44

Já a figura 14 representa as calorias/kg de peso corpóreo/dia, destacando-se

que a equação de Harris Benedict e o método proposto pela OMS se enquadram na

recomendação calórica sugerida pela ANSA que em pacientes com CD4+ <200, SIDA

e/ou infecção oportunista deva-se utilizar de 40 a 50 kcal/kg de peso corpóreo/dia.

Estudos comparando meta calórica para nutrição enteral (NE) a partir de

fórmulas de estimativas como Harris-Benedict (FHB) sugerem que o uso da FHB

subestima consistemente a energia necessária em doentes infectados pelo HIV em

aproximadamente 13% (BARRA, 2009). MULLIGAN et al. (1997), mostraram que o

GEB variava entre 88% e 136% do valor calculado pela FHB. Pessoas com cargas

virais mais elevadas possuem um GEB mais elevado.

Segundo BOWERS (1996) deve utilizar-se como fator injúria (FI) um valor de

1.3 para o cálculo de necessidades energéticas segundo a FHB em pacientes

infectados por HIV com intuito de ganhar ou manter o peso desejado. Valores entre

1.13 e 1.75 são sugeridos na literatura fazendo referência ao fato de que mais

estudos são necessários (BARRA, 2009). No entanto neste trabalho foi utilizado

como FI o valor de 1,45, sendo a média dos valores propostos.

Page 46: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

45

Figura 15 - Distribuição da população de acordo com a oferta e ingestão calórica da dieta geral comparada aos métodos de estimativa energética. IIER, São Paulo, 2011.

Calorias de bolso Harris Benedict OMS ANSA

Calorias de bolso Harris Benedict OMS ANSA

Figura 16 - Distribuição da população de acordo com a oferta e ingestão calórica da dieta branda comparada aos métodos de estimativa energética. IIER, São Paulo, 2011.

Page 47: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

46

A figura 15 destaca que a oferta calórica da dieta geral acrescida ou não de

complemento e/ou suplemento alimentar superou todos os métodos de estimativa

energética, sendo semelhante a meta calórica sugerida pela equação de Harris

Benedict. No que diz respeito a ingestão calórica a dieta geral com dois suplementos

foi a que obteve maior proximidade com o método, vindo em seguida a aceitação da

dieta geral com adição de complemento e suplemento alimentar, no entanto a

ANSA ficou paralela as dietas geral e suplemento e complemento e; geral e 2

complementos. A OMS se aproximou mais da dieta geral unicamente e acrescida de

complemento. As Calorias de Bolso foi o melhor método comparado à ingestão

calórica de 50-75%, da oferta total.

Em relação à dieta branda a equação de Harris Benedict foi que mais se

aproximou à oferta calórica, em seguida surge a ANSA. Já no que diz respeito à

ingestão calórica, vale ressaltar que apenas a dieta branda mais suplemento teve

aceitação de ≥75%, tendo as demais 50-75% de aceitação, levando em conta esse

fator as Calorias de Bolso foi o método que ficou mais adjacente a essa diminuição

da aceitação alimentar, e quanto à dieta branda e suplemento a OMS obteve melhor

conformidade.

Esses resultados nos mostram que as Calorias de Bolso é o método que mais

se distancia da oferta e ingestão calórica quando os pacientes apresentam boa

aceitação alimentar, de modo que, 35kcal/kg de peso corporal/dia se mostra

insuficiente, visto ser pacientes com provável GEB aumentado, necessitando de

aumento no aporte calórico.

Anormalidades metabólicas são comuns em pacientes com HIV e variam de

catabolismo protéico para lipodistrofia e dislipidemia associada com o uso de TARV.

O aumento do gasto energético de repouso pode agravar a tendência para perda de

peso e caquexia (CHANG et al., 2007).

O gasto energético total (GET) pode ser dividido em quatro componentes

mensuráveis: GEB, atividade física, efeito térmico dos alimentos, e termogênese

adaptativa. GEB é definida como a quantidade de energia consumida durante as

atividades metabólicas para manter a homeostase em repouso (CHANG et al.,

Page 48: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

47

2007). Há conflito na literatura sobre a extensão das alterações do GEB em pessoas

com HIV.

Apesar de muita investigação, os fatores associados a alteração do GEB

permanecem obscuros sucitando estudos sobre possíveis efeitos relacionados a

carga viral, contagem de células CD4, uso de drogas anti-retrovirais, composição

corporal, hormônios e citocinas pró-inflamatórias. No entanto, nenhuma intervenção

tem provado ser eficaz para normaliza-lo. O maior gasto de energia representa uma

anormalidade metabólica persistente em pacientes infectados pelo HIV. As causas

do GEB aumentado provavelmente incluem fatores virais, infecções secundárias ou

complicações e efeitos de determinados medicamentos anti-retrovirais (CHANG et

al., 2007)

Em uma meta-análise realizada por BATTERHAM (2005) ele relata que no

início da pandemia de HIV, foi proposto que o GEB podia ser elevado em pessoas

com HIV, porque se pensava na má absorção ou diminuição da ingestão de energia

por si só, no entanto nem os dois juntos poderiam explicar a perda de peso que era

característico da infecção não tratada. Seu estudo teve como principal objetivo a

investigação de uma diferença na média global no GEB entre HIV-positivos e

indivíduos controle saudáveis. As análises apresentadas mostraram que GEB geral

é maior em indivíduos HIV-positivos do que nos controles saudáveis por cerca de

630-661 kcal/dia.

Já GRUNFELD (1992) realizou um estudo com 16 indivíduos, eles foram

recrutados aleatoriamente da clínica. Para avaliar as causas de perda de peso

nesses pacientes, foi medido o GEB e a ingestão calórica. Tendo como resultados

que o GEB foi aumentado em HIV (1%), SIDA (25%) e SIDA com IO (29%). A

ingestão calórica foi semelhante no grupo controle HIV e SIDA, mas reduziu 36% em

SIDA com IO, que consumiram 17% menos calorias do que seu GEB. A perda de

peso em curto prazo foi estável para HIV e SIDA, mas diminuiu 5% em SIDA e IO.

Perda de peso correlacionado com a ingestão calórica, mas não com o GEB. Assim,

HIV e SIDA são capazes de compensar parcialmente o GEB, sendo que a perda

rápida de peso com anorexia pode ser um prenúncio de infecção secundária na

SIDA.

Page 49: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

48

Em uma revisão de literatura do KOSMISKI (2011) ele analisou dados sobre

as despesas de energia na infecção pelo HIV com foco em adultos, adolescentes,

mulheres grávidas e lactantes. Os resultados demonstraram que o GEB em adultos

com HIV assintomático sem TARV é 10% maior do que em individuos saudáveis. Em

adultos assintomáticos recebendo terapia anti-retroviral, GEB pode ser igualmente

aumentado. A SIDA e as infecções também estão associados com aumento do

GEB. Em contraste, GET é tipicamente normal em HIV assintomáticos e diminuiu em

SIDA com infecção secundária. Em resumo, foi descoberto que o GEB é aumentado

na infecção pelo HIV e SIDA, mas que a redução da ingestão calórica é

provavelmente a causa mais importante da perda de peso a curto prazo. A

diminuição da ingestão calórica leva a um balanço calórico negativo.

O estudo de MELCHIOR (1991) demonstrou que o GEB foi medido por

referência à composição corporal em 50 pacientes desnutridas com o vírus HIV e

comparado com 14 indivíduos saudáveis. Entre os pacientes com HIV, 40 tinham

SIDA e 10 tinham infecções oportunistas e também apresentavam história prévia de

perda progressiva de peso corporal. Concluindo-se que em pacientes estáveis e

desnutridos com HIV, o desperdício progressivo pode estar parcialmente relacionada

a um aumento do GEB. Sendo que o mecanismo desse estado hipermetabólico

ainda não foi estabelecido.

No estudo de DEREK et al., (1995) foram realizadas 51 avaliações do

metabolismo energético em 27 homens com infecção por HIV em diferentes estágios

da doença, incluindo períodos com perda de peso rápida e lenta. O gasto energético

de repouso foi medido por calorimetria indireta, já o gasto energético total pela

técnica da água duplamente marcada. Os resultados foram comparados com a taxa

de perda ou ganho de peso, chegando à conclusão que o determinante para o

balanço energético não é GEB, e sim o GET.

Os diferentes componentes do GET podem variar entre si. Assim, enquanto o

gasto energético de repouso é muitas vezes aumentado em HIV/SIDA, GET não

necessariamente aumenta porque a atividade física pode ser reduzida, já que

alterações psicosociais, podem influenciar de modo negativo, como por exemplo, o

Page 50: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

49

desânimo para levantar e trabalhar. Na verdade o GET diminuiu entre os homens

com HIV/SIDA durante a perda de peso rápida (HSU et al., 2005).

Infecções secundárias, na maior parte das vezes, produzem anorexia e

aumento do GEB, resultando em perda de peso e diminuição da ingestão dietética.

Esta situação de hipermetabolismo o metabolismo basal pode se elevar em até 20%

a 30% da necessidade energética, sendo que para paciente assintomático com HIV

a recomendação é de 30-35 kcal/kg peso corporal /dia. Já em paciente sintomático

com a doença propriamente dita SIDA e CD4 inferior a 200 células com doença

oportunista relacionada, a necessidade é de 40 kcal/kg/dia (COPPINI &JESUS,

2011).

Observa-se que nos trabalhos descritos anteriormente, todos demonstram

que o GEB é aumentado em pacientes com HIV, SIDA e SIDA com infecção

oportunista por motivos variados, porém o GET ao contrário do GEB é diminuído nos

pacientes com intensa perda de peso.

Page 51: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resposta do sistema imunológico à infecção pelo HIV leva a alterações

metabólicas que promovem o aumento do requerimento energético podendo

desencadear quadros de desnutrição.

No presente estudo observou-se perda de peso durante o tempo de

internação, sendo que nesse período, mais de 50% da população apresentaram

perda ponderal inicial, sendo, portanto, um dado preocupante visto que a imunidade

do paciente está interligada ao seu estado nutricional.

Os pacientes apresentaram boa aceitação alimentar com média de ±80%,

sendo satisfatório, já que são pacientes que vivem com a SIDA e com infecções

oportunistas, de modo que, a anorexia é um dos fatores mais comumente

associados à patologia de acordo com a literatura.

Em relação aos métodos de estimativa energética, a equação de Harris

Benedict apresentou média superior quando comparada com outros métodos, em

seguida a ANSA, OMS e com menor média calórica das necessidades, as Calorias

de Bolso.

As Calorias de Bolso foi o método que mais se distanciou da oferta e ingestão

calórica quando os pacientes apresentaram boa aceitação alimentar, de modo que,

sugere-se que 35kcal/kg de peso corpóreo/dia é insuficiente perante as

necessidades, visto ser pacientes que podem apresentar gasto energético basal

aumentado devido à própria infecção, às infecções oportunistas, má absorção de

nutrientes e metabolismo alterado, sendo necessário o aumento do aporte calórico

nos cálculos para melhor condizer à oferta e ingestão calórica dos pacientes

.

Page 52: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

51

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.

Page 56: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

55

APÊNDICES

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) Senhor (a)

A presente pesquisa tem como objetivo analisar e comparar a adequação de métodos

utilizados para estimar as necessidades calóricas diárias. A energia que os alimentos

possuem é medida em calorias, são elas as responsáveis pela manutenção de nossas

funções básicas (como respirar, dormir e até pensar) e pela execução de todas as outras

atividades rotineiras (dirigir, estudar, correr, etc). No entanto essas recomendações podem

variar de pessoa para pessoa em função do sexo, idade, altura, peso, atividade física e

patologia relacionada. Nesse estudo serão utilizados estes dados para estimar as

necessidades calóricas e os resultados obtidos serão comparados com a oferta e a ingestão

de diferentes dietas hospitalares oferecidas no Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

A pesquisa será realizada através da aplicação de um questionário de aceitação alimentar

em três dias aleatórios que tem a intenção de obter uma média de quanto é consumido

diariamente de calorias. E será avaliada uma vez por semana medidas do braço e do peso.

Enfim, com base nesses dados será observado se houve aumento, manutenção ou

diminuição de peso, com a proposta de uma recuperação mais rápida.

Eu, , RG nº

aceito participar desta pesquisa, dando permissão para que as informações colhidas nas

visitas de rotina hospitalar, junto aos resultados de exames de sangue e/ou outros dados

presentes em meu prontuário sejam utilizados sem a divulgação do meu ou outros dados

pessoais, fui informado de que caso não queira participar, não serei prejudicado em

momento algum e continuarei utilizando os serviços do Hospital para o meu tratamento

normalmente, inclusive o acompanhamento nutricional.

Tenho o consentimento de que os resultados desta pesquisa serão utilizados apenas para

enriquecimento científico, e que estarei contribuindo para a melhoria do tratamento realizado

durante a internação, com a proposta de diminuir o emagrecimento enquanto internado.

Portanto eu concordo em participar voluntariamente desta pesquisa, sendo que posso retirar

meu consentimento e solicitar esclarecimento a qualquer momento com a aprimoranda de

nutrição Vanessa Vital Costa e/ou Mônica Strutzel Striani responsável pela orientação da

pesquisa, através do telefone do Serviço de Nutrição do Instituto de Infectologia Emílio

Ribas (11) 3891-1239.

São Paulo: / / Assinatura do Paciente

Vanessa Vital Costa

Pesquisadora Principal Assinatura Pesquisador Principal

Page 57: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

56

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE ACEITAÇÃO ALIMENTAR

DATA: / / Data da Internação: / /

Diagnóstico:

Idade: Peso: Altura: ***

*Etiqueta do paciente Estado Nutricional: Prescrição Dietética:

Complementos: sim ( ) não ( ) Suplementos: sim ( ) não ( ) Quantas vezes por dia:

Queixa de aceitação por algum sintoma relacionado: sim ( ) não ( ) Qual (is):

QUANTO VOCÊ COMEU? Marcar um (X) na média de porcentagem consumida

DESJEJUM COLAÇÃO

ALMOÇO MERENDA

JANTAR CEIA

Média de Aceitação diária: < 25% ( ) 25% - 50% ( ) 50% - 75% ( ) 75% ou mais ( )

25% ( ) 25% ( )

25% ( ) 25% ( )

25% ( ) 25% ( )

50% ( ) 50% ( )

50% ( ) 50% ( )

50% ( ) 50% ( )

75% ( )

75% ( ) 75% ( )

75% ( )

75% ( ) 75% ( )

100%( ) 100%( )

100%( ) 100%( )

100%( ) 100%( )

Nenhuma aceitação ( ) Nenhuma aceitação ( )

Nenhuma aceitação ( ) Nenhuma aceitação ( )

Nenhuma aceitação ( ) Nenhuma aceitação ( )

Page 58: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

57

ANEXOS

ANEXO A. MODELO DAS DIETAS HOSPITALARES DO IIER

DIETA GERAL

Refeição Composição Desjejum - Bebida láctea

- Pão (variado) com margarina, geléia, requeijão ou frios - Fruta natural

Colação - Iogurte, mingau ou vitamina de frutas Almoço e Jantar - Arroz

- Feijão ou leguminosa - Carne bovina, aves ou peixe - Guarnição - Salada - Sobremesa - Suco de fruta natural

Merenda - Bebida láctea - Bolachas, biscoitos ou torradas - Margarina ou geléia

Ceia - Bebida láctea - Pão (variado), bolo, bolachas ou torradas com margarina, geléia, requeijão ou frios

DIETA BRANDA

Refeição Composição Desjejum - Bebida láctea

- Pão (variado) com margarina, geléia ou requeijão - Fruta cozida

Colação - Iogurte, mingau ou vitamina de frutas Almoço e Jantar - Arroz

- Caldo de feijão - Carne bovina, aves ou peixe “cozida” - Guarnição 1 – a base de legumes cozidos ou purê - Guarnição 2 – folhas cozidas - Sobremesa - Suco de fruta natural

Merenda - Bebida láctea - Bolachas, pão francês ou bisnaga - Margarina ou geléia

Ceia - Bebida láctea - Pão (variado) ou bolo com margarina, geléia ou requeijão

Page 59: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

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ANEXO B. DIETAS HOSPITALARES CALCULADAS

DIETA GERAL 1- Desjejum

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com margarina = Pão Francês - 1 unidade – 50g Margarina – 1 ponta de faca

Mamão – ½ unidade - 140g

2- Desjejum

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Bisnaga com mussarela = Pão de leite – 1 unidade – 60g Mussarela – 1 fatia fina – 16g

Melão – 1 fatia média – 90g

3- Desjejum

Leite com chocolate = Leite integral – 180ml Achocolatado – 1 colher de sopa – 16g

Bisnaga com patê de ricota = Pão de leite – 1 unidade – 60g Patê de ricota – 15g

Mamão – ½ unidade – 140g

1- Colação

Suco de abacaxi com hortelã – Abacaxi, polpa – 30g Hortelã – 3g Açúcar sache – 6g

2- Colação

Vitamina de maracujá – Leite integral – 180ml Maracujá – 1 unidade pequena – 10g Açúcar sache – 6g

3- Colação

Iogurte sabor – 1 copo – 300ml

1-Almoço/Jantar

Arroz – 270g Feijão – 115g Silveirinha – 106g Acelga refogada – 93g Salada de pepino com hortelã – 60g Salada de frutas – 100ml Suco polpa – 200ml

2-Almoço/Jantar

Arroz – 357g Feijão – 127g Bife de panela – 63g Abobrinha com ovos – 144g Salada de Acelga – 40g Maçã – 141g Suco polpa – 200ml

Page 60: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

59

3-Almoço/Jantar

Arroz – 313,5g Feijão – 121g Lagarto assado – 84,5g Berinjela cozida – 118,5g Salada de pepino com salsa – 55g Banana – 40g Suco polpa – 200ml

1- Merenda

Chá erva cidreira – 200ml Açúcar sache – 6g

Bolacha água e sal com geléia sache – Bolacha água e sal – 6 unidades – 30g Geléia sache – 15g

2- Merenda

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Bolacha maisena com margarina – Bolacha maisena – 6 unidades – 30g Margarina – 1 ponta de faca

3- Merenda

Chá de Camomila – 200ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com requeijão – Pão francês – 1 unidade – 50g Requeijão – 1 ponta de faca

1- Ceia Leite com chocolate = Leite integral – 180ml

Achocolatado – 1 colher de sopa – 16g

Bisnaga com requeijão = Pão de leite – 1 unidade – 60 Requeijão – 1 ponta de faca

2- Ceia

Vitamina de frutas – 200ml

Pão de milho com patê de ricota – Pão de milho - 1 unidade – 70g Patê de ricota – 15g

3- Ceia

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com mussarela – Pão francês – 1 unidade – 50g Mussarela – 1 fatia fina – 16g

Page 61: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

60

DIETA BRANDA 1- Desjejum

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com margarina = Pão Francês - 1 unidade – 50g Margarina – 1 ponta de faca

Mamão – ½ unidade - 140g

2- Desjejum

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Bisnaga com mussarela = Pão de leite – 1 unidade – 60g Mussarela – 1 fatia fina – 16g

Melão – 1 fatia média – 90g

3- Desjejum

Leite com chocolate = Leite integral – 180ml Achocolatado – 1 colher de sopa – 16g

Bisnaga com patê de ricota = Pão de leite – 1 unidade – 60g Patê de ricota – 15g

Mamão – ½ unidade – 140g

1- Colação

Suco de abacaxi com hortelã – Abacaxi, polpa – 30g Hortelã – 3g Açúcar sache – 6g

2- Colação

Vitamina de maracujá – Leite integral – 180ml Maracujá – 1 unidade pequena – 10g Açúcar sache – 6g

3- Colação

Iogurte sabor – 1 copo – 300ml

1-Almoço/Jantar

Arroz – 224g Caldo de Feijão – 128g Almôndega – 124g Mandioquinha – 101g Repolho refogado – 75g Mamão – 140g Suco polpa – 200ml

2-Almoço/Jantar

Arroz – 316g Caldo de Feijão – 104g Bife de panela – 71g Abobrinha com ovos – 116g Catalonha refogada – 82g Maçã – 141g Suco polpa – 200ml

3-Almoço/Jantar

Arroz – 266g Caldo de Feijão – 88g Lagarto assado – 111g Berinjela refogada – 59,5g

Page 62: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

61

Repolho ao alho – 96g Banana – 40g Suco polpa – 200ml

1- Merenda

Chá erva cidreira – 200ml Açúcar sache – 6g

Bolacha água e sal com geléia sache – Bolacha água e sal – 6 unidades – 30g Geléia sache – 15g

2- Merenda

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Bolacha maisena com margarina sache – Bolacha maisena – 6 unidades – 30g Margarina sache – 15g

3- Merenda

Chá de Camomila – 200ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com requeijão – Pão francês – 1 unidade – 50g Requeijão – 15g

1- Ceia

Leite com chocolate = Leite integral – 180ml Achocolatado – 1 colher de sopa – 16g

Bisnaga com requeijão = Pão de leite – 1 unidade – 60 Requeijão – 1 ponta de faca

2- Ceia

Vitamina de frutas – 200ml

Pão de milho com patê de ricota – Pão de milho - 1 unidade – 70g Patê de ricota – 15g

3- Ceia

Leite com café = Leite integral – 180ml Café – 20ml Açúcar sache – 6g

Pão francês com mussarela – Pão francês – 1 unidade – 50g Mussarela – 1 fatia fina – 16g

Page 63: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

62

ANEXO C. CLASSIFICAÇÃO DE IMC

Antropometria

Fonte: OMS, 1998.

IMC kg/m2 CLASSIFICAÇÃO

< 16,0 Desnutriçao grau III

16,0 – 16,9 Desnutriçao grau II

17,0 – 18,4 Desnutriçao grau I

18,5 – 24,9 Eutrofia

25,0 – 29,9 Sobrepeso

30,0 – 34,9 Obesidade grau I

35,0 – 39,9 Obesidade grau II

> 40,0 Obesidade grau III

Page 64: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

63

ANEXO D. EQUAÇÃO DE HARRIS BENEDICT

Necessidades Calóricas

TMB = Taxa de Metabolismo Basal

Homem: 66,47 + (13,75 x peso) + (5,00 x altura) – (6,75 x idade) Mulher: 655,09 + (9,56 x peso) + (1,84 x altura) – (4,67 x idade)

Peso = kg / Altura = cm / Idade = anos

Calcula-se a Taxa Metabólica Basal (TMB), multiplicada pelo Fator Atividade

(FA), pelo Fator Injúria (FI) e pelo Fator Térmico (FT).

Fator Atividade: Acamado: 1,2

Acamado + móvel: 1,25

Deambulando: 1,3

Paralisia: 0,8 a 0,9

Fator Injúria:

PATOLOGIA FATOR INJÚRIA

Jejum ou inanição 0,8 a 1,0

Paciente não complicado: 1,0

Diabetes Mellitus 1,1

Pequena cirurgia 1,2

Cirurgia eletiva 1,0 a 1,1

Pequeno trauma de tecido 1,14 a 1,37

Fraturas múltiplas 1,2 a 1,35

PO cirurgia geral 1,0 a 1,5

PO cirurgia cardíaca 1,2 a 1,5

Peritonite 1,2 a 1,5

Septicemia 1,4 a 1,8

Infecção grave 1,3 a 1,35

Gasto Energético Total (GET) = TMB x FA x FI x FT

Page 65: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

64

SIDA 1,45

Pancreatite 1,3 a 1,8

Renais em Hemodiálise 1,2

Insuficiência Renal Aguda 1,3

Insuficiência Cardíaca 1,3 a 1,5

Insuficiência hepática 1,3 a 1,55

Câncer 1,1 a 1,45

Desnutrição grave 1,5

DPOC 1,2 a 1,3

Doença cardiopulmonar 0,8 a 1,0

Doença cardiopulmonar com cirurgia 1,3 a 1,55

Transplante de medula óssea 1,2 a 1,3

Transplante de fígado 1,2 a 1,5

Queimadura (até 20%) 1,0 a 1,5

Queimadura (20 a 40%) 1,5 a 1,85

Queimadura (40 a 100%) 1,85 a 2,05

*Adaptado – UNICAMP, 2003.

Fator Térmico: 38°:1,1

39°:1,2

40°:1,3

41°:1,4

Page 66: Avaliação e comparação de métodos de estimativa energética

65

ANEXO E. NECESSIDADES CALÓRICAS ESPECÍFICAS PARA HIV/SIDA

Recomendações Calóricas específicas segundo a fase de infecção por HIV,

conforme a Association of Nutrition Services Agencies (ANSA).

Categoria Clínica

Definição

Recomendações Energéticas

A HIV assintomático, linfodenopatia

persistente generalizada, HIV

agudo

30 – 35 kcal/kg

B HIV sintomático, complicações

relacionadas com a infecção

35 – 40 kcal/kg

C CD4+ <200, SIDA e/ou infecção

oportunista

40 – 50 kcal/kg

C + Desnutrição

Grave

C e critérios de desnutrição grave Início a 20 kcal/kg, seguido de

aumento gradual segundo tolerância

Fonte: POLO et al, 2006.

Recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de Necessidades

Calóricas para pacientes com HIV/SIDA.

Fonte: OMS, 2003; Food and Nutrition Technical Assistance (FANTA) Project, 2004.

Necessidades Calóricas

� As necessidades energéticas estão provavelmente aumentadas em 10% para manter o

peso corporal de adultos assintomáticos infectados por HIV;

� Durante a fase sintomática do HIV com posterior SIDA, as necessidades energéticas

aumentam aproximadamente de 20 a 30% para manter o peso corporal de um adulto.