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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM MARLENE ANDRADE MARTINS AVALIAÇÃO DE FERIDAS CRÔNICAS EM PACIENTES ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE GOIÂNIA Goiânia 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

MARLENE ANDRADE MARTINS

AVALIAÇÃO DE FERIDAS CRÔNICAS EM PACIENTES ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE GOIÂNIA

Goiânia 2008

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_________________________________________________________________________________________

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo à Universidade Federal de Goiás – UFG a disponibilizar

gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos

direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para

fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta

data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor(a): Marlene Andrade Martins

RG: 29339 CPF: E-mail: [email protected]

Afiliação: Eurípedes Martins Reis e Etelvina Mauricio de Andrade

Título: Avaliação de feridas crônicas em pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde de Goiânia.

Palavras-chave: Úlcera da perna. Pacientes ambulatoriais. Testes de sensibilidade a antimicrobianos por

Disco-Difusão.

Título em outra língua: Assessment of chronic wounds in outpatients treated at basic health units in Goiania.

Palavras-chave em outra língua: Lower limb Ulcer. Outer Patients. Disk Diffusion Antimicrobial

Susceptibility Testing.

Área de concentração: Cuidado em Enfermagem

Número de páginas: 143 Data defesa: 30 de abril de 2008.

Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás

Orientador(a): Anaclara Ferreira Veiga Tipple (Faculdade de Enfermagem – FEN/UFG

CPF: E-mail: [email protected]

Co-orientador(a): Cleomenes Reis

CPF: E-mail: -

Agência de fomento: Sigla:

País: UF: CNPJ:

3. Informações de acesso ao documento:

Liberação para publicação?1 [ ] total [ ] parcial

Em caso de publicação parcial, assinale as permissões:

[ ] Capítulos. Especifique: _____________________________________________________

[ ] Outras restrições: _________________________________________________________

Havendo concordância com a publicação eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em

formato digital PDF desbloqueado da tese ou dissertação, o qual será bloqueado antes de ser inserido na

Biblioteca Digital.

O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contento

eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua publicação serão bloqueados através dos

procedimentos de segurança (criptografia e para não permitir cópia e extração de conteúdo) usando o padrão

do Acrobat Writer.

__________________________________ Data: _____ / _____ / _____

Assinatura do(a) autor(a)

1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metade dos ficarão sempre disponibilizados.

Termo de Ciência e de Autorização para Publicação de Teses e Dissertações Eletrônicas

(TEDE) na Biblioteca Digital da UFG

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MARLENE ANDRADE MARTINS

AVALIAÇÃO DE FERIDAS CRÔNICAS EM PACIENTES ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE GOIÂNIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Enfermagem - Mestrado da Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de

Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: Cuidado em Enfermagem

Linha de Pesquisa: Processo de Cuidar em Enfermagem e

Saúde

Orientador: Profa. Dra. Anaclara Ferreira Veiga Tipple

Co-orientador: Prof. Dr. Cleomenes Reis

Goiânia 2008

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa,

desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GTB/BC/UFG)

Martins, Marlene Andrade. M386a Avaliação de feridas crônicas em pacientes

atendidos em unidades básicas de saúde de Goiânia [manuscrito] / Marlene Andrade Martins. – 2008.

143 f.: il., figs., tabs.

Orientadora: Profa. Dra. Anaclara Ferreira Veiga Tipple; Co-Orientador: Prof. Dr. Cleomenes Reis.

Dissertação (Mestrado) – Universidade

Federal de Goiás, Faculdade de Enfermagem, 2008.

Bibliografia: f. 123-134. Inclui lista de ilustrações, tabelas e abreviaturas. Anexos.

1. Feridas – Complicações – Úlcera de perna

2. Ferimentos – Enfermagem - Cuidados 3. Feridas

crônicas 4. Ferimentos e lesões – Tratamento 5.

Curativos I. Tipple, Anaclara Ferreira Veiga. II.

Reis, Cleomenes. III. Universidade Federal de

Goiás. Faculdade de Enfermagem. IV. Título.

CDU: 616-002.44(817.3)

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MARLENE ANDRADE MARTINS

AVALIAÇÃO DE FERIDAS CRÔNICAS EM PACIENTES ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE GOIÂNIA

Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Mestrado da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de Mestre, aprovada em 30 de abril de 2008, pela Banca Examinadora constituída dos seguintes professores:

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Anaclara Ferreira Veiga Tipple

Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás

Assinatura__________________________

Profª. Dra. Mônica Antar Gamba

Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo

Assinatura__________________________

Prof. Dr. André Kipnis

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás

Assinatura__________________________

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DEDICATÓRIA

A Deus, por ter confortado, amparado, iluminado e encaminhado os meus passos, nesta

trajetória. Sua permanência, sempre ao meu lado, deu-me forças para continuar lutando diante dos

obstáculos impostos em minha vida. Abriu portas e cobriu-me com Seu manto sagrado de forma que ficasse

sempre protegida com Seu poder.

Aos meus pais, Etelvina e Eurípedes, com muito amor e carinho, pela dedicação de suas

orações e estímulos, ao longo desses anos. Sua fé representa algo indescritível e iluminador no meu caminho.

Sempre escuto suas palavras, indicando a leitura do Salmo 91: “Porque Ele te cobrirá com as Suas penas, e

debaixo das Suas asas estarás seguro: a Sua verdade é escudo e broquel.”.

À minha família, pelo apoio constante e paciência nas minhas ausências, em momentos

adversos, festivos e de luta.

Ao Matias, companheiro sempre presente nos diferentes momentos de lutas e vitórias,

apoiando-me e ajudando-me, no decorrer dos estudos. Suas palavras sempre foram de incentivo, admiração e

conforto, tornando nossa convivência mais fácil, alegre e prazerosa.

Aos pacientes, com feridas crônicas, atendidos nos ambulatórios da rede municipal de

Goiânia, de coração, obrigada. Seus olhos sempre revelaram esperança na busca pela cura e sempre apoiaram

esta iniciativa. Por isso, também, fazem parte desta trajetória de luta, por uma assistência humanizada e

digna. À Terezinha Inês de Sousa, “in memorian” jamais vou esquecê-la. Sinto falta do seu convívio e muita

saudade.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Anaclara Ferreira Veiga Tipple pelo acolhimento, paciência e dedicação. Acreditou na minha capacidade, mesmo não me conhecendo. Soube conduzir perfeitamente os momentos transcorridos na pesquisa. Você é especial. Ao Professor Cleomenes Reis que, me ajudou, pacientemente, mostrando-me o universo microbiológico e a grandeza dos dados. À Professora e Mestre Silvana Barbosa Santiago que, com sabedoria, me ensinou a dar os primeiros passos no laboratório de microbiologia.Obrigada pela dedicação que contribuiu, de forma significativa, para a conclusão da pesquisa e pela amizade, no decorrer do trabalho. Aos pacientes com feridas crônicas, instrumento vital deste estudo, não teria conseguido sem vocês. À Professora Doutora Maria Márcia Bachion, que, ainda, na graduação, contribuiu com o saber científico, pautado pela ética e brilhantismo. Aos professores integrantes da Banca de Defesa, em especial, André Kipnis e Mônica Antar Gamba, pelas valiosas contribuições que possibilitaram o refinamento do trabalho. A Equipe do Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Enfermagem da FEN/UFG. A todos pela oportunidade, acolhimento e uma convivência harmoniosa. Estarei sempre à disposição. À Professora Doutora Lílian Pereira Varanda, que com o seu jeito simples de ser, sempre tão meiga, incentivadora, foi suporte para meu aprendizado. À Professora Doutora Adenícia Custódia Silva e Souza, pelas contribuições e participação, na banca de qualificação. Como sempre, acolhedora, verdadeira, objetiva e alegre ao verbalizar o conhecimento, admiro muito você. À Professora e Mestre Zilah Cândida Pereira das Neves, pela confiança e laços de sincera amizade, desde a graduação. Às amizades, de maior convívio, no decorrer do Mestrado: Jackeline, Sandra Sasamoto, André e Geovana. Aprendi muito com vocês. À equipe de Microbiologia do IPTSP-UFG pelas valiosas contribuições, no decorrer do trabalho. À Secretaria Municipal de Saúde e Gestores do CAIS que gentilmente cederam o espaço, durante a realização da pesquisa. A todos os funcionários do CAIS Chácara do Governador pelo incentivo e apoio, durante o curso.

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“TUDO TEM O SEU TEMPO DETERMINADO, E HÁ TEMPO PARA TODO O PROPÓSITO DEBAIXO DO CÉU... ASSIM QUE TENHO VISTO QUE HÁ COUSA MELHOR DO QUE ALEGRAR-SE O HOMEM NAS SUAS OBRAS, PORQUE ESSA É A PORÇÃO; PORQUE QUEM O

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FARÁ VOLTAR PARA VER O QUE SERÁ DEPOIS DELE?.”

ECLESIASTES 3:1 e 22.

RESUMO

MARTINS, M. A. Avaliação de feridas crônicas em pacientes atendidos em Unidades

Básicas de Saúde de Goiânia. 2008. 143. Dissertação de Mestrado – Faculdade de

Enfermagem, Universidade Federal de Goiás. 2008.

A avaliação de pacientes com feridas crônicas representa um desafio para os

profissionais, e dúvidas, ainda persistem em torno da caracterização do status de

infecção, nessas lesões. As Unidades Básicas de Saúde constituem-se locais de

referência para a população portadora de feridas crônicas, onde deveriam ter

atendimento integral e resolutividade. Objetivos deste estudo: caracterizar os

pacientes com feridas crônicas, atendidos como demanda espontânea, na sala de

curativos; caracterizar as feridas crônicas dos pacientes atendidos em relação à

presença de sinais clássicos e critérios adicionais de infecção; isolar e identificar

bactérias aeróbias e fungos das amostras de feridas crônicas, com indícios clínicos

de infecção; verificar a susceptibilidade das cepas isoladas, frente aos

antimicrobianos freqüentemente utilizados na prática e novos antibióticos, e analisar

a relação de fatores locais, com o status de infecção. Trata-se de estudo transversal,

realizado em Salas de Curativos Ambulatoriais de Unidades Básicas de Saúde

(UBS), com atendimento de urgência do Município de Goiânia. Os dados foram

coletados no período de junho a julho de 2007 e obtidos por meio de entrevista com

roteiro estruturado, contendo questões de caracterização dos pacientes e de um

check-list, para a avaliação das feridas crônicas, por meio dos sinais e sintomas

clínicos indicativos de infecção, e análise de amostras de feridas utilizando o swab,

mediante técnica de Levine. Após aprovação pelo Comitê de Ética e Consentimento,

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foram avaliados 46 pacientes, e analisadas amostras de 60 feridas. Os programas

computacionais utilizados para organizar e analisar estatisticamente os dados foram:

o Excel e o SPSS (versão 15.0), respectivamente. A média de idade foi de 55 anos,

37 (80,4%) eram do sexo masculino, 20 (43.5%) pertenciam à classe social E, 23

(50%) eram aposentados e possuíam itens de saneamento básico, 28 (61%)

apresentaram úlceras venosas, localizadas nos membros inferiores, 31 (67,4%)

realizavam o curativo nas UBS ou em domicílios. Das 60 lesões, 45 (75%) estavam

infectadas e 15 (25%) não infectadas. Mediante análise bivariada, verificaram-se

associação com o status de infecção as seguintes características: profundidade da

extensão do dano tissular, quantidade de tecido necrótico e exsudato. Dentre os

sinais e sintomas, os clássicos ocorreram numa freqüência superior a 65%, tanto no

grupo de infectadas quanto não infectadas, e nos adicionais verificou-se variação na

ocorrência, em ambos os grupos de feridas. Houve predominância do

Staphylococcus aureus em 65% dos casos e a maioria sensível aos antibióticos

testados. Entre as bactérias Gram-negativas, as mais freqüentes foram:

Pseudomonas aeruginosa (23,3%), resistentes à amoxicilina+ácido clavulânico,

cefalexina e cefotaxima; Proteus mirabilis (16,6%) e Proteus vulgaris (15,0%)

sensíveis a gentamicina, aztreonam, ciprofloxacino e amicacina. Estes resultados

indicam a necessidade de se estruturar uma rede integrada, para o atendimento dos

pacientes com feridas crônicas. Também evidenciam critérios adicionais que podem

ser empregados na elaboração do protocolo de atendimento, buscando a melhoria

da qualidade da assistência prestada nas unidades básicas de saúde.

Palavras-chaves: Úlcera da perna. Pacientes ambulatoriais/enfermagem. Infecção dos ferimentos. Testes de sensibilidade a antimicrobianos por Disco-Difusão.

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ABSTRACT

ASSESSING OF CHRONIC WOUNDS IN OUTPATIENTS TREATED AT BASIC HEALTH UNIT IN GOIANIA

Assessing patients with chronic wounds poses a challenge to professionals and

doubts still persist concerning characterization of the wound infection status. We

believe that the Basic Health Units are in places of reference for the public to submit

chronic wounds and should have full attendance and resolution were objectives of

this study: characterizing patients with chronic wounds attended as spontaneous

demand in the bandage room; characterizing patients chronic wounds regarding the

presence of classical signs and additional infection criteria; isolating and identifying

aerobic bacteria and fungi in the samples of chronic wounds clinically signaling to

infection; verifying strains susceptibility when isolated before antimicrobial agents

often used in praxis as well as new antibiotics and analyzing the relationship of local

factors with infection status. This is a cross-sectional study, carried out in ambulatory

bandage rooms in basic health units with emergency service in the municipality of

Goiânia. Data was collected from June to July, in 2007. Data was obtained through

the use of structured interviews containing questions about characterization of

patients and a check list for the assessment of chronic wounds through the signs and

clinical symptoms indicating infection and analysis of wound samples by using swabs

in accordance with Levine’s technique. After consent and approval of the ethics

committee, 46 patients were evaluated and 60 wound samples were assessed. Data

bank was organized in Excel table and statistics analysis in SPSS- 15.0. The

average age was 55 years, 37 (80.4%) male, 20 (43.5%) belonging to E social class,

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23 (50%) retired people having basic sanitation items. 28 (61%) presented venous

ulcerated lower limbs, 31 (67.4%) performed the bandage both in the BHU and at

home. 45 (75%) out of 60 wounds were infected and 15 (25%) noninfected. Through

bivariate analysis we verified an association of the infection status with the following

characteristics: width depth of tissular damage, necrotic tissue and exudate amount.

Among signs and symptoms, classical ones occurred in a frequency higher than 65%

both in the infected and noninfected group. Regarding the additional ones, we

verified variance in occurrence in both wound groups. Staphylococcus aureus was

predominat in 65% of cases and was sensitive to most antibiotics tested. Among

Gram-negative bacteria the most frequent were: Pseudomonas aeruginosa (23%),

resistant to amoxylin+clavulanic acid, cefalexin and cefotaxim; Proteus mirabilis

(16.6%) and Proteus vulgaris (15.0%), all sensitive to gentamicin, aztreonam,

ciprofloxacin, and amicacin. These results indicate the need to structure an

integrated net to treat patients with chronic wounds and evidence additional criteria to

be employed in the elaboration of service protocols pursuing improvement of quality

of assistance given in basic health units.

Key words: Lower limb Ulcer. Outpatients/nursing. Wounds infection. Disk Diffusion Antimicrobial Susceptibility Testing.

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RESUMEN

EVALUACIÓN DE HERIDAS CRÓNICAS DE PACIENTES ATENDIDOS EN UNIDADES BÁSICAS DE SALUD DE GOIÂNIA.

La evaluación de pacientes con heridas crónicas representa un reto para los

profesionales y aún persisten dudas alrededor de la caracterización del status de

infección en esas lesiones. As Unidades Básicas de Salud son constituídas en

locales de referencia para la población que conlleve heridas crónicas, en el cual

deberían tener atendimiento integral y de resolución. Los objetivos de este estudio

fueron: caracterizar a los pacientes con heridas crónicas, atendidos como demanda

expontánea en la sala de curaciones; caracterizarlas heridas crónicas de los

pacientes atendidos en relación a la presencia de señales típicas y criterios

adicionales de infección; aislar e identificar bactérias aerobias y hongos de las

muestras de heridas crónicas con indícios clínicos de infección; verificar la

susceptibilidad e las cepas aisladas frente a los antimicrobianos frecuentemente

usados en la práctica y nuevos antibióticos y analizar la relación de factores locales

con el status de infección. Se trata de estudio transversal, realizado en Salas de

Curación Ambulatorial de Unidades Básicas de Salud (UBS), con atendimiento

urgente en el municipio de Goiânia. Los datos fueron recolectados en el periodo de

junio a julio de 2007 y obtenidos por medio de entrevista con un rotero estructurado

conteniendo preguntas que caracterizasen a los pacientes y de un check – list para

la evaluación de las heridas crónicas por medio de las señales y síntomas clínicos

que indiquen infección y análisis de muestras de heridas utilizando el swab mediante

la técnica de Levine. Después de la aprobación por el comité de Ética y

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Consentimiento, fueron evaluados 46 pacientes y analizadas muestras de 60

heridas. Los programas computacionales utilizaos para organizar y analizar

estadísticamente los datos fueron el Excel y el SPSS (versión 15.0)

respectivamente. La media de edad fue de 55 años, 37 (80,4%) eran del sexo

masculino, 20 (43,5%) pertenecían a la clase social E 23 (50%) eran jubilados y

poseían algo de saneamiento básico, 28 (61%) presentaron úlceras venosas,

localizadas en los miembros inferiores, 31 (67,4%) realizaban la curación en las UBS

en sus casas. De las 60 lesiones, 45 (75%) estaban infectadas y 15 (25%) no

infectadas. Mediante un análisis bivariada se verificó asociación con el status de

infección las siguientes características: profundidad de extensión del daño tisular,

cantidad de tejido necrótico y exsudado. Dentro de las señales y síntomas, los casos

típicos ocurrieron con una frecuencia superiora 65% tanto en el grupo de infectadas

como no infectadas, y en los adicionales se verificó variación en la ocurrencia de

ambos grupos de heridas. Hubo predominio de Staphylococcus aureus en un 65%

de los casos y la mayoría fueron sensibles a los antibióticos probados. Dentro las

bacterias Gram-negativas, las frecuentes fueron: Pseudomonas aeruginosa (23,3%),

resistentes a amoxicilina+ácido clavulânico, cefalexina y cefotaxima; Proteus

mirabilis (16,6%) y Proteus vulgaris (15,0%) todos sensibles a la gentamicina,

aztreonam, ciprofloxacino y amicacina. Estos resultados indican la necesidad de

estructurar una red integrada, para el atendimiento de los pacientes con heridas

crónicas. También fueron evidentes criterios adicionales que pueden ser empleados

en la elaboración del protocolo de atendimiento buscando la mejoría de la calidad de

asistencia dada en las unidades básicas de salud.

Palabras clave: Úlcera de pierna. Pacientes ambulatoriales/enfermería. Infección de las heridas. Tests de sensibilidad a antimicrobianos por Disco-Difusión.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Dados sócio-demográficos de pacientes com feridas crônicas (n=46) atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.........................................................................................................

78

Tabela 2 Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, com o status de infecção, Goiânia (GO) junho-julho, 2007......................................................................................

80

Tabela 3 Análise de fatores sócio-demográficos em relação ao status de infecção de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho 2007................

81

Tabela 4 Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com a localização das feridas, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.................................................

83

Tabela 5 Caracterização dos pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo, com experiências no tratamento para a lesão, Goiânia (GO), junho-julho, 2007......................

84

Tabela 6 Distribuição das feridas crônicas (n=60) de pacientes, atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com o status de infecção, em relação aos sinais e sintomas clínicos e resultados microbiológicos, Goiânia (GO), junho-julho, 2007...................................

85

Tabela 7 Caracterização das feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007...............

86

Tabela 8 Distribuição dos sinais e sintomas clínicos de infecção em feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007..................................................

91

Tabela 9 Distribuição de bactérias aeróbias e anaeróbias facultativos Gram-positivos e Gram-negativos de amostras de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007......................................................................................

92

Tabela 10 Bactérias isoladas de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007................................................................................................

93

Tabela 11 Distribuição de bactérias identificadas em 3 lesões crônicas de dois pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007..........................................................................................................

94

Tabela 12 Perfil de suscetibilidade de Staphylococcus aureus, isolados a partir de feridas crônicas (n=60), de pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho- julho, 2007..........................................

94

Tabela 13 Perfil de susceptibilidade em percentagem de bactérias Gram-negativas isoladas, a partir de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.........................................................................................................

95

Tabela 14 Suscetibilidade antimicrobiana de nove espécies de bactérias Gram-negativas isoladas de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde , Goiânia (GO), junho- julho, 2007.......

96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fatores favoráveis e desfavoráveis no processo de cicatrização e/ou

infecção de ferida.................................................................................... 45

Figura 2 O contínuo bioburden de uma ferida.......................................................

46

Figura 3 Exotoxinas produzidas por patógenos mais comuns.................................

48

Figura 4 Mapa de distribuição dos Distritos Sanitários de Goiânia com Unidades Básicas de Saúde integrantes do estudo...................................

62

Figura 5 Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46) atendidos em Unidades Básicas de Saúde, conforme o Distrito Sanitário, Goiânia (GO) junho-julho, 2007............................................................................

77

Figura 6 Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, conforme a ocupação atual, Goiânia (GO) junho-julho, 2007............................................................................

79

Figura 7 Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde de acordo com as condições de saneamento básico, Goiânia (GO) junho-julho, 2007.............................

80

Figura 8 Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com o número de lesões, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.............................................................

82

Figura 9 Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com sua etiologia, Goiânia (GO), junho-julho, 2007...............................................................................................

82

Figura 10 Úlcera venosa infectada ...................................................................................

87

Figura 11 Úlcera venosa infectada..........................................................................

88

Figura 12 Úlcera venosa infectada..........................................................................

88

Figura 13 Úlcera diabética infectada ......................................................................

89

Figura 14 Úlcera diabética.......................................................................................

89

Figura 15 Ferida traumática............................................................................................... 90

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABA Associação Brasileira de Anunciantes ABIPEME Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado AGE Ácidos Graxos Essenciais BHI Brain Heart Infusion (infusão de cérebro e coração) CDC Centers for Diseases Control and Prevention ECN Estafilococos coagulase negative EPI Equipamento de Proteção Individual EWMA European Wound Management Association MRSA Methicillin resistant Staphylococcus aureus NCCS National Committee for Clinical Laboratory Standards TAF Ágar tríplice açúcar ferro UBS Unidade Básica de Saúde

UBS Unidades Básicas de Saúde

UFC Unidades formadoras de colônias

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SUMÁRIO LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLA 1 INTRODUÇÃO 162 OBJETIVOS 213 REVISÃO DA LITERATURA 22

3.1 Contextualizando a vigilância epidemiológica nas salas de curativos das Unidades Básicas de Saúde

22

3.2 Aspectos gerais de caracterização das feridas 25 3.2.1 Classificação das feridas 25 3.2.2 Sinais e sintomas clínicos característicos de infecção em feridas crônicas

34

3.2.3 Componente microbiano de ferida crônica 39 3.2.4 Técnicas de coleta de material de feridas para análise microbiológica

57

4 METODOLOGIA 614.1 Tipo de estudo e local 614.2 Características do cenário do estudo 614.3 População e amostra 63

4.3.1 Critérios de inclusão 644.3.2 Critérios de exclusão 64

4.4 Procedimentos para coleta de dados 644.5 Entrevista 654.6 Caracterização das feridas crônicas 68

4.6.1 Definição das variáveis do estudo e procedimentos de avaliação

69

4.7 Espécimes clínicos e testes microbiológicos 714.7.1 Isolamento e identificação das bactérias 71

4.8 Aspectos éticos legais 744.9 Análise dos dados 75

5 RESULTADOS 765.1 Caracterização dos pacientes com feridas crônicas 765.2 Caracterização das feridas crônicas 85

5.2.1 Sinais clássicos e adicionais identificados 865.3 Microbiologia das feridas crônicas 91

6 DISCUSSÃO 976.1 Caracterização dos pacientes com feridas crônicas 976.2 Caracterização das feridas crônicas 1046.3 Microbiologia das feridas crônicas 108

7 CONCLUSÕES 1158 CONSIDERAÇÕES FINAIS 119REFERÊNCIAS 123

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ANEXOS 135

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1 INTRODUÇÃO

A assistência ambulatorial engloba um conjunto de procedimentos de

baixa complexidade, e atende a uma diversidade de usuários. Estes serviços

expandiram-se nos últimos anos, devido principalmente a uma contínua tendência

de evitar a internação hospitalar (COUTINHO, 2004).

As ações e serviços ambulatoriais fazem parte da atenção primária em

saúde, e compreendem uma rede descentralizada e hierarquizada espalhada por

todo o país.

No Brasil, as ações de políticas de saúde pública compreendem o

Sistema Único de Saúde (SUS), cujos pressupostos englobam: promoção,

prevenção e recuperação da saúde. Este movimento iniciou-se na Constituição de

1988, pensando em um sistema de saúde inclusivo. Na atenção primária,

encontramos o serviço de atenção básica compreendido por um conjunto de ações

de saúde, no âmbito individual e coletivo que abrange: a promoção e a proteção da

saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a

manutenção da saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da

acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da

integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação

social (BRASIL, 2006).

Nos últimos anos, estes serviços foram ampliados buscando atender

uma demanda cada vez maior, refletindo uma tendência do modelo assistencial em

detrimento do modelo biomédico e, por isso, estes cuidados ambulatoriais com foco

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na prevenção da saúde, tendem a expandir-se ainda mais, no país. Os Municípios,

em geral, são responsáveis pelo gerenciamento da atenção primária cujas ações

são pactuadas de acordo com cada Estado. Em Goiânia, a organização da atenção

básica abrange nove Distritos Sanitários dentre os quais encontram-se as Unidades

Básicas de Saúde (UBS), incluindo o Programa de Saúde da Família e as de

atendimento 24 horas, representadas pelos Cais – Centro de Atenção Integral à

Saúde, que servem de referência, em cada Distrito Sanitário, e apresentam, em

geral, maior fluxo de usuários. Em todas as unidades há salas de curativos, locais

onde os pacientes, com feridas, são atendidos. Estes ambulatórios visam agilizar o

acesso da população aos serviços de saúde, tanto emergencial quanto as

especialidades e exames de média complexidade, durante vinte e quatro horas, por

dia.

Enquanto profissional de uma UBS, no decorrer dos atendimentos na

sala de curativo a pacientes, em demanda espontânea, com feridas agudas ou

crônicas, observa-se a inexistência de atendimento integral para estes usuários. Os

curativos eram realizados pela equipe de enfermagem, pois não havia continuidade

do tratamento, envolvendo uma equipe multiprofissional.

Neste contexto, o termo “demanda espontânea” refere-se à entrada do

usuário na UBS, na sala de curativo, sem agendamento prévio ou orientação sobre o

retorno com vistas à continuidade do tratamento. Geralmente, pacientes submetidos

a cirurgias, pelo Sistema Único de Saúde e, alguns, pela rede privada, retornam às

unidades ambulatoriais para a realização dos curativos ou retirada de pontos.

Esta prática de atendimento, em demanda espontânea, não está

mapeada. Desconhecem-se as características dos usuários com relação ao sexo,

idade, etiologia das feridas, status de infecção, microbiologia, tipo de ferida entre

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outros aspectos importantes, na elaboração de políticas de saúde humanizadas, e

que atendam às suas necessidades. Na prática, ocorre uma “troca de curativo” sem

uma avaliação da evolução da ferida, do tratamento e do próprio paciente. A falta de

cuidado da equipe multiprofissional aos pacientes portadores de lesões em serviço

ambulatorial, aumenta o período de tratamento e, muitas vezes, sem sinais de

melhora, no decorrer de meses.

A baixa resolutividade ocasiona um tratamento longo, e representa

aumento nos gastos com material de consumo como: gaze, soro fisiológico,

ataduras, coberturas, antibióticos e exames. Os custos tornam-se elevados, por isso,

pacientes com lesões crônicas representam um grave problema de saúde pública

(CHAUHAN et al., 2003; HOWELL; JONES, 2006; MENKE et al., 2007).

Uma ferida, de maneira geral, piora a qualidade de vida. Para muitos

significa: dor, perda da mobilidade funcional, restrição das atividades e do lazer,

redução da produtividade no trabalho e algumas vezes aposentadoria por invalidez.

As úlceras de perna, com maior prevalência, são responsáveis pelo aumento da dor,

contribui para o isolamento social, mobilidade prejudicada, dificuldade para dormir e

impactos na vida social (FRANÇA; TAVARES, 2003; FRANKS, et al., 2006;

BRIGGS, et al., 2007).

Identificar os dados sobre o atendimento nas salas de curativos

ambulatoriais, sobre o paciente e o cuidado com a ferida, englobando informações

sobre os patógenos, envolvidos freqüentemente nessas infecções, constitui uma

fonte importante para uma análise reflexiva das condições de trabalho, assim como

representa uma necessidade exigida pela Portaria n° 2616, do Ministério da Saúde

desde 1998 (BRASIL, 1998). Até o momento, não existem dados das UBS, do

Município de Goiânia, que demonstrem o perfil dos pacientes com lesões, assim

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como os dados sobre a caracterização das feridas, dos casos atendidos em relação

ao quadro infeccioso ou sequer informações microbiológicas das feridas infectadas.

No Brasil, são escassos os estudos epidemiológicos que abordam as feridas

crônicas, no contexto ambulatorial.

Em Goiânia, em geral, os pacientes realizam os curativos na atenção

primária, porém continuam dependentes da assistência hospitalar, principalmente

especialidades como Angiologia, dado ao maior número de casos de úlceras

venosas. A falta de uma rede integrada de atendimento, equipe multiprofissional

capacitada para o cuidado ao paciente, com lesão de etiologia crônica, são os

principais fatores que contribuem para ações sem efetividade.

A ocorrência de patógenos, nas feridas crônicas, varia

geograficamente, e o perfil de suscetibilidade antimicrobiana requer monitoramento

para fornecer informações que possam subsidiar outras opções terapêuticas e

condutas frente a sinais e sintomas clínicos característicos de lesões de etiologia

crônica. Um estudo sobre a prescrição de antibióticos, para o tratamento de feridas

crônicas, na atenção primária, realizado no Reino Unido, segundo Howell; Jones et

al. (2006); revelou forte associação entre a ocorrência de feridas crônicas, indicação

variada e duração da terapia antimicrobiana. O aumento da resistência bacteriana

na população idosa, grupo cuja prevalência de lesões é maior, acarreta dificuldades

no controle das infecções comunitárias, e os autores recomendam a necessidade do

uso de antimicrobianos, de forma mais racional.

Certamente, o desenvolvimento desta pesquisa contribuirá para o

estabelecimento de uma melhor assistência de enfermagem. Paralelamente, a

investigação dos microrganismos isolados das feridas e a susceptibilidade a

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antimicrobianos, complementam informações clínicas, pois evidenciam o perfil de

resistência ou sensibilidade das bactérias que podem nortear o tratamento.

A expectativa, deste estudo, é fomentar reflexões e proporcionar

subsídios para a elaboração de uma proposta de atendimento a pacientes com

feridas atendidos, por demanda espontânea, considerando os aspectos dos

pacientes, das lesões existentes, do perfil dos microrganismos, assim como a

suscetibilidade frente aos antimicrobianos.

Espera-se também que os resultados, deste estudo, possam contribuir

para avaliação de lesões, cujos resultados sejam utilizados nos serviços de

educação continuada, visando qualificar profissionais para o atendimento de

pacientes portadores de feridas.

Assim, almejamos aprimorar o ensino e a pesquisa, à medida que

estas unidades se constituam campos de estágios para profissionais da área da

saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar as ocorrências de infecções, em feridas crônicas, de pacientes

atendidos em Unidades Básicas de Saúde.

2.2 Específicos:

Caracterizar os pacientes, com feridas crônicas, atendidos por demanda

espontânea;

Caracterizar sinais e sintomas clínicos das feridas crônicas dos pacientes

atendidos em relação à presença de sinais clássicos e critérios adicionais de

infecção;

Isolar e identificar bactérias aeróbicas e anaeróbios facultativos das amostras

de feridas crônicas com indícios clínicos de infecção;

Verificar a suscetibilidade das cepas isoladas frente aos antimicrobianos

freqüentemente utilizados na prática, e antibióticos recomendados na prática

clínica;

Analisar a relação de fatores gerais das feridas com o status de infecção.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Contextualizando a vigilância epidemiológica nas salas de curativos das

Unidades Básicas de Saúde

O Sistema Único de Saúde – SUS tem uma rede de mais de 63 mil

unidades ambulatoriais, e ao longo de sua história houve avanços e desafios a

superar. As Unidades Básicas de Saúde estão incluídas na atenção básica de saúde

e compreendem uma estratégia para alcançar o aumento da cobertura das ações de

saúde, na população. Estas unidades correspondem à porta de entrada do usuário

no sistema. Este modelo de atenção descentralizado articula a promoção, prevenção

saúde com o tratamento e reabilitação, e referência a serviços de saúde de maior

complexidade (BRASIL, 2006).

A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde

desenvolvidas no âmbito individual e coletivo. É desenvolvida por meio do exercício

de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas. Orienta-se pelos

princípios: da universalidade, da acessibilidade, da integralidade, da humanização,

da equidade e da participação social. Considera o sujeito em sua singularidade, na

complexidade, na integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a promoção de

sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou

sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver, de modo

saudável (BRASIL, 2006).

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Neste contexto regularizado pela Política Nacional de Atenção Básica,

encontramos as Unidades Básicas de Saúde pautadas em estratégias prioritárias de

organização pactuadas entre as esferas do governo, ou seja, Municípios, Estados e

o Distrito Federal.

O controle de infecção, na perspectiva ambulatorial, é uma atividade

profissional inerente ao enfermeiro. Na sala de curativo, a atuação desse profissional

é importante para a tomada de condutas corretas frente ao paciente com ferida. Há

uma demanda de pacientes com lesões crônicas infectadas, e entre um atendimento

e outro, condutas devem ser aplicadas no sentido de se evitar a contaminação

cruzada, além de ser, um local, com possibilidade de contato com material biológico

devido ao aumento do exsudato, técnica de curativo e contaminação da lesão.

Vilar et al. (2001), relataram um estudo de 5 anos de seguimento de

pacientes com infecção de sítio cirúrgico, em ambulatórios, envolvendo 1350

cirurgias. Dentre os envolvidos na pesquisa, 38 pacientes tiveram infecção

equivalente a 2,8 por 100 cirurgias. Dentre os fatores de risco associados foram

apontados o uso de antibióticos no pós-operatório, e o tempo cirúrgico maior que 35

minutos. Nas UBS, as taxas de infecção são relativamente baixas, porque envolvem

procedimentos de menor complexidade. Mesmo assim, o desenvolvimento de um

método de vigilância para o controle de infecções, neste cenário, deve-se estender

para todos os setores, inclusive às salas de curativos, locais onde os pacientes, com

feridas, são atendidos.

O controle de infecções tem sido mais enfocado na área hospitalar,

contudo, no ambulatório, local onde são realizadas pequenas cirurgias e

atendimento de pacientes com feridas crônicas, condutas deverão ser aplicadas com

modificações pertinentes.

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Delgado et al. (2001) encontraram uma redução do índice de infecção

de 18,4 para 14, por 1000 pacientes, depois da implementação do método de

vigilância em serviço cirúrgico. Em geral, adaptaram-se às regras utilizadas nos

serviços hospitalares, pois são mais estudadas, podendo estender-se às unidades

básicas de saúde.

Jarvis (2001) relata que o profissional de controle de infecção

necessitará expandir os esforços, na vigilância das infecções e eventos adversos,

assim como na prevenção, acompanhando o avanço dos serviços de cuidados

ambulatoriais.

Tipple et al. (2003) discutiram o ensino do controle de infecção no

ambiente hospitalar, e consideram que a formação profissional necessita responder

a essa necessidade social que começa a se configurar como exigência legal. Esta é

uma tendência também requerida nas UBS.

Todos os procedimentos relacionados ao tratamento de feridas

requerem protocolos, considerando o controle das infecções, o risco biológico e as

precauções padrão, assim como a definição de condutas que norteiam o manejo das

feridas de pacientes atendidos.

A vigilância epidemiológica e os indicadores epidemiológicos das

infecções hospitalares tornaram-se uma obrigatoriedade dos serviços de saúde.

Conforme a Portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde,

Vigilância Epidemiológica “é a observação ativa, sistemática e contínua de sua

ocorrência e distribuição, entre pacientes hospitalizados ou não, e dos eventos e

condições que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna

das ações de prevenção e controle” (BRASIL, 1998).

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Esta Portaria estabelece diretrizes e normas, para a prevenção e o

controle das infecções hospitalares, e institui a obrigatoriedade da organização dos

serviços de vigilância. Essas atividades são importantes, no contexto do

atendimento, a pacientes com lesões crônicas, considerando a existência de uma

microbiota, em geral mista, nessas feridas e tendência à cronicidade, o que estende

o período de tratamento e realização dos curativos.

Neste sentido, essa legislação já enfatiza a necessidade das unidades

de serviço ambulatorial organizarem a “Comissão de Infecção”, atendendo a uma

necessidade de expansão desse serviço, algo que já vem ocorrendo nos países

desenvolvidos. No Brasil, o número de atendimentos em unidades ambulatoriais

tende a aumentar, pois há um movimento no sentido de evitar a hospitalização.

Paralelamente, ocorreu o aumento da expectativa de vida do brasileiro,

conseqüentemente eleva a população idosa, grupo em que ocorre a maior

prevalência de feridas crônicas. A demanda por atendimento em salas de curativos é

uma realidade, e observamos pouco interesse dos profissionais em relação ao

controle de infecção e cuidado com a clientela.

3.2 Aspectos gerais de caracterização das feridas

3.2.1 Classificação das feridas

O avanço no estudo, sobre feridas e seu tratamento, proporcionou o

desenvolvimento de inúmeros sistemas de classificação que podem ser empregados

para avaliar as lesões, como por exemplo: a etiologia, mecanismo de lesão, graus

de contaminação e de perda do tecido de acordo com Pereira (2006). Na avaliação

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de pacientes com feridas, um item que deve ser descrito é a classificação etiológica

das lesões, como agudas ou crônicas. O processo cicatricial é diferenciado em cada

tipo, e essas alterações requerem compreensão do profissional com o objetivo de

intervir nos componente que interferem com a biologia da evolução da cicatrização

(AYELLO; CUDDIGAN, 2004). A evolução da ferida infectada requer condutas

especializadas e acompanhamento sistematizado.

Tanto a ferida aguda quanto a crônica requerem uma avaliação

minuciosa. Para Borges et al. (2001), a tarefa de avaliar um portador de ferida é

complexa e exige do profissional conhecimento e perspicácia. Orosco; Martins

(2006) revelam que a avaliação da ferida representa uma atividade complexa, e

exige do profissional atenção aos fatores locais e sistêmicos que podem favorecer

ou retardar a cura das lesões.

Ferida aguda

A capacidade auto-regenerativa é um fenômeno universal nos

organismos vivos. Danos tissulares de qualquer natureza desencadeiam o fenômeno

da reparação tecidual que pode ser compreendida nas feridas agudas cujas etapas

cicatriciais são, em geral, seqüenciais (BALBINO, et al. 2005). Nesta perspectiva, o

processo da reparação tecidual é dividido em fases: inflamação – devido à ruptura

de vasos sanguíneos e o extravasamento de seus constituintes, os eventos iniciais

para o processo de reparo estão voltados para o tamponamento, sinalizados pela

vasoconstrição, liberação de mediadores oriundos da degranulação de mastócitos,

deposição de plaquetas, proteínas plasmáticas, anticorpos, eritrócitos, leucócitos,

fibronectina e fatores de crescimento, todos empenhando conjuntamente para a

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reconstrução do tecido que dura cerca de 4-5 dias. Esta fase pode ser prejudicada e

estadiada decorrente de múltiplos fatores. A fase de reconstrução se caracteriza

pelo desenvolvimento de tecido de granulação, com deposição de matriz

extracelular, composto de fibrina, fibronectina, colágeno, ácido hialurônico e

glicosaminoglicanos. Podemos encontrar, nesta matriz, macrófagos, fibroblastos e

os vasos sanguíneos recém-formados. Em feridas com cicatrização, por primeira

intenção, com período de 24 dias, observa-se, uma variação, dependendo do tipo e

do tamanho da ferida. A fase seguinte é a epitelização, na qual há uma migração de

células epiteliais, os macrófagos liberam o fator de crescimento da epiderme que

estimula a proliferação, e a migração das células epiteliais. Isso só ocorre em

ambiente úmido. Nas feridas agudas, isso acontece no segundo dia, porém nas

abertas, o estágio é bastante variável. Na fase de maturação, a ferida fica menos

vascularizada e as fibras de colágeno se reorganizam às margens da ferida. A

resistência à tração aumenta gradualmente (DEALEY, 2001; BALBINO et al., 2005).

Constituem processos complexos e regulados por múltiplos fatores de crescimento e

citocinas. Muitos fatores emperram estas etapas, e podem transformar lesões de

etiologia aguda em crônicas (LI, et al., 2007).

A ferida aguda geralmente é traumática como: cortes, abrasões,

lacerações, queimaduras e outras. As feridas cirúrgicas constituem-se em feridas

agudas intencionais, e, em geral, cicatrizam-se por primeira intenção e respondem

rapidamente ao tratamento. Ocasionalmente, podem ocorrer alterações nas etapas

cicatriciais tornando-se crônicas, principalmente, em decorrência do processo

infeccioso (BORGES et al., 2001; DEALEY, 2001). Apresentam baixa quantidade de

citocinas inflamatórias e proteases, possuem células em processo de mitose, níveis

aumentados de fatores de crescimento e rápida resposta celular (AYELLO et al.,

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2004). Costumam ser tratadas inicialmente no serviço de emergência, quando são

feridas traumáticas (ADRIANI et al., 2004; JORGE; DANTAS et al., 2005; IRION

2005).

Dentre os tipos de feridas agudas, a cirúrgica tem sido objeto de

estudos, em diferentes países. É o grupo onde encontramos critérios para o

diagnóstico de infecção.

Os estudos de vigilância de infecção em ferida aguda iniciaram-se em

1960, nos Estados Unidos, a partir da classificação de quatro tipos de feridas: limpa,

limpa-contaminada, contaminada e infectada (CRUSE; FOORD 1980). Mais tarde, o

Center for Disease Control and Prevention – CDC definiu infecção nosocomial qual

foi modificada em 1992, denominando infecção de ferida cirúrgica. A categoria de

limpa-contaminada foi modificada para potencialmente contaminada (HORAN et al.,

1992). Em seguida, o CDC apresentou o Guideline para prevenção de Infecção de

Sítio Cirúrgico (ISC), denominação atual apresentada em 1999 (MANGRAM, et al.,

1999). Para o diagnóstico de ISC, pelo menos um dos critérios deve estar presente

a saber: presença de secreção purulenta no local da incisão, organismo identificado

no material, presença de abscesso, febre, dor, calor, edema ou eritema.

Ferida crônica

Para Ferreira et al. (2006), o termo “ferida crônica”, embora

freqüentemente utilizado, significa que mais tempo será necessário para ocorrer a

cicatrização, mas não representa a problemática em torno da etiologia da mesma.

Por ser de longa duração, apresenta células em baixa atividade mitótica, diminuição

dos fatores de crescimento e baixa resposta celular. Em geral, estas lesões não

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cicatrizam espontaneamente em três meses, e apresentam padrões de

complexidade característicos (HARDING et al., 2002). Os pacientes podem ter

múltiplos problemas que afetam o processo cicatricial (DEALEY, 2001).

As feridas crônicas têm esse nome porque sua etiologia transforma a

cicatrização em um processo muito longo, principalmente a fase inflamatória. A

infecção prejudica as atividades dos fibroblastos na produção de colágeno, e

ocasiona um desequilíbrio do processo (DEALEY, 2001; BORGES et al., 2001).

Dentre os mecanismos encontrados por Li et al. (2007), que contribuem para a não

cicatrização dessas lesões descrevem-se: o desequilíbrio da quantidade e resposta

dos fatores de crescimento, o balanço inadequado na formação da matriz

extracelular, excesso de fibrose, apresentação de células fenotípicas alteradas,

queratinócitos na borda da ferida com incapacidade para migrar devido à ausência

dos sinais de ativação promovidos pela resposta celular e os fibroblastos que não

respondem ao papel mediado pelos fatores de crescimento. Fatores como: diabetes,

infecção, má-nutrição e oxigenação pobre influenciam a dinâmica fisiológica na

ferida.

Dentre as feridas crônicas temos as úlceras por pressão, as úlceras de

perna, assim chamadas, por ocorrerem freqüentemente nos membros inferiores. São

denominadas de feridas de extremidades inferiores, sejam elas: venosa, arterial,

mista (coexistir com problema venoso e arterial), diabética (DEALEY, 2001;

BRIGGS; CLOSS, 2003; GLENN, 2005), e feridas com cicatrização por segunda e

terceira intenção que devido aos fatores que retardam a cicatrização, também

podem ser incluídas nesta classificação. Atualmente, incluem-se em um grupo

denominado de “feridas complexas”, termo mais apropriado para designar as feridas

crônicas, por apresentarem múltiplos fatores desencadeantes, e que desafiam

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equipes médicas e de enfermagem. São difíceis de serem resolvidas, usando

tratamentos convencionais e simples curativos, e atualmente representam grande

impacto sócio-econômico (FERREIRA et al., 2006).

Dentre os fatores dificultadores na cicatrização de feridas crônicas, a

infecção representa um desafio para os profissionais de saúde, no decorrer do

tratamento. Nestas lesões, os sinais e sintomas clínicos característicos do quadro

infeccioso têm sido objeto de estudo desde 1994 (CUTTING; HANDING, 1994).

Úlcera venosa

A evidência mais comum como causa de úlcera venosa de etiologia

venosa é a insuficiência das veias com incidência de 37% a 81%. No entanto, esse

percentual depende dos métodos usados para diagnóstico. A decisão de incluir a

lesão nos pés pode afetar as estimativas, em cada estudo. Pacientes podem ser

portadores de úlceras nos membros inferiores com uma única etiologia ou com

múltiplas causas, e em 3,5% dos pacientes a causa não é identificada. Os estudos

indicam uma prevalência de 0,11% a 0,18% de feridas abertas em 1% a 2% da

população, incluindo os casos de recorrência cujos índices são altos, ou seja, de

59% a 76% (CALLAM et al., 1987; NELZEN et al., 1996; BAKER; STACEY, 1994;

BRIGGS; CLOSS, 2003).

Em um estudo realizado em Juiz de Fora - MG por Frade et al. (2005),

encontrou-se uma prevalência de 90,3% de úlceras de etiologia venosa e incidência

de 65,3%, no sexo feminino. As úlceras venosas são as mais comuns na população

adulta, gerando consideráveis impactos na qualidade de vida dos pacientes.

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A insuficiência venosa crônica consiste no mau funcionamento do

sistema venoso causado por uma incompetência valvular associada ou não á

obstrução do fluxo venoso. Pode afetar o sistema venoso superficial, profundo ou

ambos. Instala-se um quadro de hipertensão venosa, no qual o fluxo sanguíneo

retrógrado acumula-se, manifestando o edema, usualmente na região maleolar,

podendo atingir a perna e o pé. Podem apresentar hiperpigmentação ou dermatite

ocre uma vez que o extravasamento de hemácias, e posterior liberação de

hemoglobina na derme, transforma-se em hemossiderina que dá coloração castanha

à pele; lipodermatosclerose devido à substituição progressiva da pele e do tecido

subcutâneo pela fibrose caracterizada por graus variáveis de induração; presença de

veias varicosas (veia subcutânea, dilatada, tortuosas, com diâmetro igual ou maior

que 3 mm) e eczema (CASTRO; SILVA et al., 2005; ABBADE; LASTÓRIA, 2006;

CARMO et al., 2007).

A úlcera venosa decorre principalmente do extravasamento de fluidos,

e conseqüente liberação de fibrina para os espaços intersticiais que lesam os

tecidos adjacentes, e são prejudicadas ainda mais pela deficiência no suprimento de

oxigênio e nutrientes. Apresenta-se de forma irregular, inicia-se de forma

espontânea ou traumática, geralmente aparecem na face medial da perna, próximo

ao maléolo medial (FRANÇA; TAVARES, 2003; CASTRO; SILVA et al., 2005;

ABBADE; LASTÓRIA, 2006; CARMO et al., 2007).

A descoberta em 1842, por Christian Doppler, da emissão de sons

relacionados com o tipo e velocidade dos objetos, representou avanços importantes

na utilização de equipamentos que pudessem ser usados como recursos auxiliares

no diagnóstico de lesões de etiologia venosa ou arterial. Dentre os exames

complementares ao diagnóstico clínico, recomendados pela Sociedade Brasileira de

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Angiologia e Cirurgia Vascular, temos: Doppler de ondas contínuas, capaz de

detectar o fluxo e refluxo em junção safeno-femoral ou safeno-poplítea, a ultra-

sonografia (Eco-Doppler) determina a localização e a morfologia das alterações,

principalmente do refluxo, envolvendo as veias femorais, poplítea, veias profundas

da panturrilha e perfurantes. A pletismografia venosa é utilizada na avaliação do

grau de acometimento da função venosa (obstrução/refluxo), estimando o grau de

comprometimento do sistema venoso superficial e profundo. A flebografia é indicada

quando método não invasivo for insuficiente para esclarecimento do diagnóstico. A

arteriografia tem sua indicação em casos suspeitos de fístulas arterio-venosas

(FRANÇA; TAVARES, 2003; CASTRO; SILVA, 2005; EAGLE, 2006).

Há uma maior prevalência de feridas crônicas relacionadas a úlceras

de perna, em idosos. Neste grupo, a insuficiência venosa manifesta-se com

freqüência, e eleva o número de casos registrados principalmente naqueles acima

de 65 anos. Considerando maior expectativa de vida para a população o aumento de

úlceras também poderá ocorrer. Apesar da relevância da doença, não temos um

conhecimento de sua distribuição no país (FRADE et al., 2005).

Úlcera diabética

O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial.

Estima-se que até 2025, aproximadamente, 350 milhões de pessoas sejam atingidas

pela doença. No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas são portadoras, podendo

atingir 10 milhões até 2010, com expressivos impactos médicos, econômicos e

sociais. Cerca de 20% dos diabéticos desenvolvem úlceras de membros inferiores,

tornam-se 85% dos casos de amputações (BRASIL, 2006). Para Gamba et al.

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(2004), o reconhecimento dos determinantes e dos fatores intervenientes, para o

acometimento de amputações de membros inferiores em diabéticos, levará a

redução de custos e melhoria da qualidade da assistência prestada, na rede de

serviços de saúde pública.

A úlcera diabética é resultante de neuropatia e doença vascular

periférica, acometendo principalmente os pés. Nessas lesões, encontramos a

diminuição da sensibilidade protetora, deformidades, alteração dos pontos de

pressão plantar, ocasionado por uma síndrome clínica que afeta o sistema nervoso

periférico sensitivo, motor e autônomo. Associados a este quadro clínico podem

ocorrer a diminuição do fluxo arterial (BRASIL, 2006).

Estas úlceras podem ser classificadas em três tipos: pé diabético

neuropático, o qual engloba dois tipos de lesões, ou seja, a úlcera plantar ou mal

perfurante plantar, resultante da alteração dos pontos de pressão, associada à

diminuição da sensibilidade protetora, e a úlcera de pressão não plantar, que ocorre

no dorso, nos dedos ou nas bordas do pé em decorrência de calçados inadequados,

apertados ou com dobra ou prega interna. O segundo tipo: pé diabético vascular ou

úlcera vascular isquêmica, em geral, secundária a pequenos traumas ou

escoriações e pé diabético misto ou úlcera mista, também chamada de

neuroisquêmica com complicação arterial (PARISI, 2005).

Pessoas com alto risco de ulceração são facilmente identificados na

prática clínica, mediante exame cuidadoso dos membros inferiores, em especial, os

pés. Em caso de feridas infectadas torna-se necessário o exame microbiológico e a

indicação de antimicrobiano, todavia, estes cuidados, por si só, não cicatrizam as

úlceras. O sucesso do tratamento depende tanto da adesão do paciente ao controle

glicêmico e demais fatores de risco quanto ao cuidado com os membros inferiores

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associados a condutas com evidências científicas prestadas por uma equipe

multiprofissional (RATHUR, et al., 2007).

De acordo com Lipsky et al (2004), para a determinação da gravidade

da infecção o Consenso Internacional de Pé Diabético apresentou uma chave de

classificação através de um acrônimo: PEDIS (perfusão, extensão/tamanho,

profundidade de perda de tecido na lesão, infecção e sensibilidade). A partir destes

critérios determina-se o grau de extensão do dado tissular. Dentre estas categorias

temos: grau 1 – sem infecção, 2- envolvimento da pele e tecido subcutâneo, 3-

celulite difusa e infecção grave, 4- presença de infecção sistêmica. O

reconhecimento, o mais precoce possível, na avaliação da infecção, em pacientes

com úlcera diabética, pode contribuir significativamente na redução de

complicações, no decorrer do tratamento.

3.2.2 Sinais e sintomas clínicos característicos de infecção em ferida crônica

Avaliar feridas crônicas e considerar o status de infecção envolvem

múltiplas variáveis. Os sinais e sintomas mais conhecidos e utilizados, na prática,

são os clássicos: eritema, edema, dor, exsudato purulento e calor, caracterizados

nas feridas agudas, cujas etapas cicatriciais são bem definidas. No entanto, em

feridas crônicas, outros sinais e sintomas podem ser verificados, buscando o

diagnóstico do quadro infeccioso (CUTTING; HANDING, 1994).

A avaliação de feridas crônicas representa um desafio para os

profissionais principalmente pela dificuldade em estabelecer o quadro infeccioso. A

prática baseada em evidência é o caminho para caracterizar as múltiplas variáveis

envolvidas no diagnóstico de infecção, em feridas crônicas, porque utiliza

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metodologia apropriada na tomada de decisões frente ao paciente. O desafio é

saber distinguir, dentre tantas variáveis em feridas crônicas, qual é a melhor medida

para o status de infecção.

Identificar infecção, em feridas crônicas, não é uma tarefa fácil

principalmente porque os sinais clínicos são ambíguos, variáveis e o exame

microbiológico, mediante swab, sempre revela a presença de possíveis patógenos.

A decisão de realizar o tratamento é dependente da manifestação clínica associada

aos resultados laboratoriais. Como não existe um padrão ouro, os estudos,

envolvendo avaliação clínica, em que se consideram a sensibilidade e especificidade

são difíceis de executar (LORENTZEN; GOTTRUP, 2006).

A dificuldade existente, na determinação do quadro infeccioso, é saber

identificar os sinais e sintomas clínicos de infecção, e quando a carga microbiana

prejudica as etapas cicatriciais (GARDNER, et al., 2004; HERNANDEZ, 2006). São

diversos os fatores que prejudicam o tratamento de um paciente com ferida crônica.

Considerando os aspectos clínicos, temos: os fatores locais e sistêmicos que

contribuem para o progresso da infecção.

Foram sugeridos outros critérios a serem considerados, na avaliação

dos sinais e sintomas clínicos, a saber: alteração nas etapas de cicatrização,

descoloração, granulação friável e sangrando facilmente, dor, pontes para os tecidos

moles, odor anormal e rompimento da ferida. Este enfoque poderia ser utilizado para

uma variedade de feridas, com cicatrização por segunda intenção, aberta ou

granulando, mas não em úlceras de perna ou queimaduras pela inexistência de

aplicações até, então, ao período da publicação (CUTTING; HANDING, 1994).

Em 1998, em estudo observacional, estes sinais e sintomas foram

testados por meio de um grupo de enfermeiras experts no assunto. A pesquisa

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comprovou a eficácia dos critérios utilizados onde 39 das 40 decisões, sobre o

status de infecção, foram comprovadas pela cultura por meio de swab (CUTTING,

1998).

Uma lacuna do trabalho desenvolvido por Cutting; Handing (1994), na

opinião de Cutting; White (2005) foi que os critérios sugeridos não especificavam os

tipos de feridas, como por exemplo: ferida aguda ou crônica uma tendência atual das

pesquisas, isto porque cada tipo de ferida pode apresentar especificidades

diferenciadas, assim estes sinais e sintomas requerem novos enfoques. Foi um

avanço, nesta linha de pesquisa, porque se considerava somente os sinais

clássicos, na avaliação do status de infecção.

Gardner et al. (2001) testaram a validade dos sinais clássicos de

infecção – dor, eritema, edema, calor e exsudato purulento e os sinais específicos

para cicatrização em feridas por segunda intenção – exsudato seroso, cicatrização

sem avanço, descoloração ou granulação friável, tunelização, odor fétido e

rompimento da ferida, através de um checklist denominado: Clinical Signs and

Symptoms Checklist (CSSC). Dentre as 36 feridas analisadas, os sinais com melhor

predição de infecção foram: aumento da dor, presença de granulação friável, odor

fétido e tunelização.

Para um melhor entendimento do quadro infeccioso, a classificação por

diferentes tipos de feridas, é essencial. Atualmente, os critérios para identificação de

infecção são descritos para os seguintes tipos de feridas: úlcera de pé diabético,

úlcera por pressão, feridas aguda e cirúrgica, úlceras venosas e arterial (CUTTING;

WHITE, 2005).

A EWMA (2005) European Wound Management Association, definiu

em 2005, os critérios para a identificação de feridas crônicas. De acordo com o

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processo Delphi, um consenso de 54 experts de várias profissões, definiram os

critérios para identificação de infecção em seis tipos de feridas: ferida aguda, úlcera

arterial, queimadura, úlcera de pé diabético, úlcera por pressão e úlcera venosa.

Estabeleceram-se chaves de classificação ou valore de concordância para cada

sinal ou sintoma: alto, com escore entre 8 e 9, médio, entre 6 e 7 e baixo entre 4 e 5.

O escore entre 8 e 9, considerados altos, foram considerados preditores de infecção.

Os demais, descritos nos painéis, complementam as informações e contribuem para

a definição do diagnóstico de infecção, em feridas crônicas.

De acordo com este estudo, os sinais: celulite, odor fétido, dor,

cicatrização sem evolução, aumento do exsudato e rompimento da ferida foram

comuns em todos os tipos de feridas, exceção do grupo de feridas agudas.

Foi realizada a avaliação de 12 sinais e sintomas clínicos em 64 feridas

infectadas, de úlcera de pé diabético, por duas enfermeiras. Para verificação da

confiabilidade destes sinais, na caracterização do quadro infeccioso, Gardner et al.,

(2007) constataram uma maior segurança na utilização dos referidos critérios, neste

tipo de lesão. A concordância variou de 76% a 100%, e de acordo com o teste

estatístico Kappa, os valores de 0,34 a 1.00, são considerados como uma boa

concordância. O checklist continha os sinais clássicos: dor, eritema, calor, edema e

exsudato purulento, e os sinais adicionais: exsudato serosanguinolento, cicatrização

sem evolução, descoloração do tecido de granulação, tecido de granulação friável,

odor fétido, túnel para os tecidos moles e rompimento da ferida.

A intensificação do quadro infeccioso pode-se estender às etapas

cicatriciais. Os sinais e sintomas sistêmicos como: febre, hipotensão, osteomielite e

septicemia são oriundos das feridas crônicas (DOW, 2003; HERNANDEZ, 2006).

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Existem vários instrumentos de avaliação para os diferentes tipos de

feridas, alguns mais conhecidos do que outros, e aplicados a determinados serviços.

Dentre os instrumentos encontrados, na literatura internacional, temos: Sussman

Wound Healing Tool (SWHT), Sessing Scale, The Pressure Sore Status Tool

(PSST), Shea Scale, Wound Healing Scale e o Pressure Ulcer Scale for Healing

(PUSH). O PUSH, desenvolvido pela National Pressure Ulcer Advisory Panel

(NPUAP), já foi realizado sua adaptação transcultural para a Língua Portuguesa por

Santos et al. (2005). Mediante a utilização deste método em 34 úlceras de pressão,

os autores atestaram suas propriedades de medida. No entanto, é preciso sua

aplicação em outros tipos de feridas, além disso, este método não considera outros

sinais e sintomas clínicos de infecção que podem ser identificados em lesões

crônicas, sejam eles clássicos e adicionais, além de alguns sinais específicos em

cada etiologia.

Na prática, a avaliação da ferida depende do conhecimento e da

experiência do profissional que presta a assistência ao cliente. Atualizações são

primordiais para que uma assistência de qualidade seja corretamente aplicada. Do

ambulatório, o paciente retorna para sua moradia. As orientações devem ser dadas,

de maneira segura, como forma de apoio ao seu tratamento. Vários fatores como: a

descontinuidade do tratamento, a realização do curativo em domicílio, falta de apoio

familiar e orientações quanto aos cuidados essenciais interferem na evolução do

processo de cicatrização, quando o paciente retorna para a casa. Um instrumento

simplificado, apresentado por Baranoski; Ayello (2005) reforçam a importância do

preenchimento por meio de observações e intervenções, e servem como um guia

contendo todo o plano de cuidado.

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3.2.3 Componente microbiano de ferida crônica

De acordo com Gomes (2001), a evolução da microbiologia permite

identificar a microbiota que habita no corpo humano, assim como àquela

denominada transitória. Continuamente, os microrganismos modificam-se

quantitativamente e qualitativamente, e, por isso, não deve haver regra que

estabeleça quais deles são inócuos, patogênicos ou não.

A pele representa barreira física, química e biológica que nos protege

contra microrganismos. Uma ferida é o resultado da ruptura física desse órgão, que

é o maior obstáculo para os microrganismos alcançar os tecidos internos

(GIACOMETTI et al., 2000).

A microbiota da pele corresponde a 106 bactérias por centímetro

quadrado. Juntos, estes microrganismos formam a primeira linha de defesa, pois,

têm a função de controlar a população de microrganismos oportunistas. São

importantes para a manutenção do equilíbrio entre a microbiota naturalmente

residente ou transitória da pele e os patógenos oportunistas (PELCZAR et al., 1993;

TRABULSI et al., 1996; McKANE; KANDEL, 1996; OVINGTON, 2003).

Feridas crônicas comumente são contaminadas por bactérias

provenientes da pele. Dentre as espécies freqüentemente encontradas, temos:

Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Proteus

mirabilis, Citrobacter sp., Streptococcus hemolíticos do grupo A, B, C e G,

Escherichia coli, Klebsiella sp., diferentes espécies de anaeróbios e raramente,

fungos, como Cândida sp (BOWLER et al., 2001; BOWLER, 2003).

A seguir serão descritas as características de alguns microrganismos

encontrados em feridas.

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Staphylococcus sp.

São cocos Gram-positivos, imóveis, anaeróbios facultativos, dispõem-

se em cachos irregulares, como cachos de uva, são isolados aos pares, tétrades ou

em cadeias curtas em material clínico (GOMES, 2001). O gênero Staphylococcus

pertence à família Micrococcaceae, e é composto de 33 espécies, 17 das quais

podem ser isoladas de amostras biológicas humanas. São encontrados na pele, e

em mucosas do homem e animais. Algumas espécies patogênicas coagulase e a

detecção desta enzima é realizada em laboratório, para a identificação desses

microrganismos. Entre os Staphylococcus a espécie coagulase positivo é o S.

aureus e uma espécie coagulase-negativo é o S. epidermidis, são freqüentemente

encontrados em feridas crônicas e outras infecções (KONEMAN, et al., 2001).

Staphylococcus aureus é, sem dúvida, o patógeno humano mais

importante. Em feridas crônicas, pode ser encontrado tanto em feridas infectadas ou

não (GARDNER et al., 2004). Para Koneman et al. (2001), os fatores que podem

predispor um indivíduo a infecções graves incluem: alterações quimiotáticas dos

leucócitos, alterações na opsonização por anticorpos, alterações intracelulares das

bactérias, após fagocitose, lesões cutâneas, presença de corpos estranhos, doenças

crônicas de base e administração profilática ou terapêutica de agentes

antimicrobianos. Em portadores de feridas crônicas o risco de infecções sistêmicas

existe, principalmente a osteomielite. As toxinas estafilocócicas são responsáveis

pela necrose epidérmica tóxica. Dentre as propriedades capazes de gerar essa

agressividade ao tecido lesado, temos a formação da cápsula – um

exopolissacarídeo que pode impedir a fagocitose do microrganismo pelos leucócitos

polimorfonucleares; exotoxinas (A-G), constituintes da parede celular (glicopeptídeos

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– polímeros de N-acetilglicosamina e de ácido N-acetilmurâmico e ácidos teicóicos,

que atuam na aderência específica das bactérias Gram-positivas às superfícies

mucosas, e contribuem para a virulência); as enzimas catalase e, em especial, as

fibrinolisinas podem degradar coágulos de fibrina, e permitir a disseminação da

infecção nos tecidos adjacentes, hialuronidase, potentes lipases e fosfolipase C;

hemolisinas e toxinas como: exfoliatinas, enterotoxinas A a E e a toxina da síndrome

do choque tóxico (TSST).

Quanto aos mecanismos de resistência de S. aureus aos

antimicrobianos, podem ser codificados cromossomicamente ou mediados por

plasmídios. Esta espécie possui três mecanismos de resistência à meticilina:

hiperprodução de beta-lactamases, presença de uma proteína ligadora de penicilina

(PBP) alterada denominada PBP 2a, e modificações na capacidade de ligação das

PBPs. Esta espécie possui cinco PBPs. A PBP 2a é uma proteína alterada,

codificada por um gene cromossômico denominado mecA responsável pela

resistência intrínseca dos estafilococos meticilina resistente a todos os antibióticos

beta-lactâmicos. A resistência desta espécie à oxacilina (meticilina) varia conforme a

região ou o hospital analisado. A resistência de S. aureus à vancomicina (VRSA),

cujo mecanismo possui associação a uma ativação da síntese da parede celular,

tem sido preocupante no ambiente hospitalar (SOUZA, 2005). Na atenção primária,

dados mostram uma forte associação entre a ocorrência de feridas crônicas e

indicações de antimicrobianos, havendo variação no tipo e na duração do

tratamento. Alternativas visando o uso de forma racional devem ser repensadas, de

modo a evitar que microrganismos tornem-se ainda mais resistentes (HOWELL;

JONES., et al. 2006).

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Pseudomonas aeruginosa

Os bastonetes Gram-negativos não-fermentadores são um grupo de

microrganismos aeróbios, não-esporulados, que não utilizam carboidratos como

fonte de energia ou degradam através de outras vias metabólicas que não a

fermentação. O gênero Pseudomonas pertence a grande família

Pseudomonadaceae, com vários grupos. Nas feridas crônicas, destaca-se o grupo

Fluorescente, do qual pertencem Pseudomonas aeruginosa, sendo freqüentemente

isolada de outras amostras clínicas. A exsudação de pus azulado, com odor de

uvas, produzido pela piocianina, é característica desta espécie. Possui vários fatores

de virulência considerados responsávies pelo aumento de colonização e infecção

dos tecidos do hospedeiro tais como: alginato (permite a bactéria aderir às

superfícies epiteliais, pulmonares e formar biofilmes); pili (favorecem também a

aderência), neuraminidase; lipopolissacarídeo (LPS – é considerado o principal

determinante sorológico, para a identificação de bactérias Gram-negativas);

exotoxina A (destruição tecidual, inibição da síntese protéica; interrompe a atividade

celular e a resposta macrofágica); enterotoxina, exoenzima S (inibe a síntese

protéica); fosfolipase C (destrói a membrana citoplasmática); elastase (degrada as

imunoglobulinas e os componentes do complemento, elimina a atividade dos

neutrófilos); leucocidina (inibe a função dos neutrófilos e linfócitos) e piocianinas

(produz danos oxidativos nos tecidos oxigenados) (KONEMAN et al., 2001).

Em feridas crônicas, em função dos vários fatores de virulência que P.

aeruginosa apresenta, a destruição tecidual representa um risco para os seus

portadores. Uma característica marcante, desta espécie, é a multirresistência,

principalmente em ambiente hospitalar. Nouér (2005), analisando aspectos clínicos e

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fatores de risco relacionados com colonização ou infecção, por Pseudomonas

aeruginosa multirresistente em ambiente hospitalar, encontrou que o uso prévio de

quinolonas e de cefepima (uma cefalosporina de quarta geração) foram os únicos

fatores associados à multirresistência aos antimicrobianos. Na atenção primária,

estudos são necessários, buscando investigar os fatores que favorecem os

mecanismos de multirresistência. O uso de quinolona de segunda geração como a

ciprofloxacina têm sido indicada para o tratamento de lesões de etiologia crônica, de

acordo com Hernandez (2006). Na atenção primária, Howell;Jones et al. (2006)

relataram que a prescrição deste antimicrobiano foi estatisticamente significante (p

< 0.001), com alta indicação para pacientes com essas feridas, muitas vezes, sem

necessidade. Prescreve-se muito antibiótico, na atenção primária, a pacientes com

lesões crônicas. Isto constitui um problema de saúde pública, pois contribui para o

aumento da resistência bacteriana. Neste sentido, a atuação da comissão de

controle de infecção, nos ambulatórios, contribuirá para elaboração e efetivação dos

protocolos de atendimento.

Proteus

Os bacilos Gram-negativos pertencentes às Enterobacteriaceae são as

bactérias isoladas com maior freqüência de amostras biológicas, incluindo as feridas

crônicas. A caracterização definitiva dos membros desta família requer uma bateria

de provas bioquímicas que incluem a fermentação da glicose e outros carboidratos,

citocromo-oxidase negativa e redução de nitrato a nitrito. O gênero Proteus inclui

quatro espécies e as mais freqüentes, em feridas crônicas, são: Proteus vulgaris e

Proteus mirabilis. Crescem disseminando-se principalmente nas infecções urinárias

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e nas feridas. São também encontrados em solos, água e materiais contaminados

com fezes. Mostram motilidade característica, em forma de ondas, ao longo de toda

a superfície da placa com ágar não-inibidor (KONEMAN, et al., 2001).

Em úlceras venosas, Hill et al., (2003) identificaram por meio da técnica

de coleta utilizando o swab, espécies de Proteus, indicando que podem ser

colonizadores destas superfícies. Neste estudo, não foram detectados em tecidos

mais profundos. No entanto, relatam ser possível que determinadas espécies

adentrem nos tecidos mais profundos se ocorrerem mudanças em seus fenótipos

tornando-se difícil sua detecção pelos métodos convencionais.

Outras espécies de Enterobacteriaceae podem ser freqüentemente

encontradas em feridas crônicas como: Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterobacter

sp., Citrobacter sp., entre outras. Muitas bactérias, desta família, têm apresentado

resistência a múltiplos antibióticos principalmente produzido em um único plasmídeo

R que codifica tais resistências. Além disso, também, ocorrem produção de beta-

lactamases que proporcionam resistência a antibióticos beta-lactâmicos. A detecção

destas cepas resistentes é importante para o manejo dos pacientes dos quais são

isoladas, e para o controle das infecções (KONEMAN et al., 2001).

Diversidade microbiana

Considerando a diversidade microbiana existente naturalmente na pele,

é de se esperar que toda ferida esteja colonizada. No entanto, o desenvolvimento da

infecção depende de múltiplos fatores, tornando-se um problema para muitos

pacientes. A presença de um processo infeccioso, numa lesão, dificulta o processo

de cicatrização, podendo levar a um quadro de necrose e/ou aumento do tamanho

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da ferida. As técnicas microbiológicas de identificação dos patógenos

complementam informações advindas dos sinais e sintomas do paciente. Logo, a

enfermeira necessita de conhecimentos para a caracterização de uma ferida

infectada (KINGSLEY, 2001).

A ocorrência do quadro infeccioso está relacionada com o agente da

infeccão, as condições do ambiente e a susceptibilidade do hospedeiro, (McKANE;

KANDEL, 1996; KINGSLEY, 2003) (Figura 1).

Figura 1 - Fatores favoráveis e desfavoráveis no processo de cicatrização e/ou infecção de ferida. Fonte: KINGSLEY (2003).

Nesta perspectiva, deve-se ter a clareza que colonização refere-se aos

microrganismos pertencentes à microbiota da pele ou proveniente do meio. Diante

de uma ruptura desse tecido, podem multiplicar-se. Em geral, as feridas são

colonizadas por bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, mas nem por isso

impedem o processo de cicatrização. Não é a presença da bactéria o fator

MICRÓBIOS * Quantidade * Diferentes espécies

POTENCIADORES Tecido necrótico Hematoma

IMUNOCOMPETÊNCIA

Boa saúde ou controle da doença

Favorável à infecção e deteriorização

BALANÇO FAVORÁVEL À INDOLÊNCIA (Colonização crítica)

Favorável à cicatrização

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condicionante da infecção, mas a sua interação desta com o hospedeiro e os demais

patógenos que se encontram no local. Portanto, a infecção bacteriana numa ferida

depende do número de microrganismos, sua virulência e resistência do hospedeiro

(DOW; SIBBALD 1999; BOWLER et al., 2001; OVINGTON, 2003; BOWLER, 2003;

SIBBALD et al., 2003).

Considerando a carga microbiana ou número de microrganismos

integrando a microbiota da pele, existem quatro formas de se caracterizar o

biorburden de uma lesão, a saber: contaminação, colonização, colonização crítica e

infecção (BOWLER, et al., 2001; KINGSLEY, 2001; BOWLER, 2003; OVINGTON,

2003; EDWARDS; HARDING, 2004) (Figura 2).

Figura 2 - O contínuo bioburden de uma ferida. Fonte: BOWLER (2003).

A contaminação é simplesmente a existência de bactérias na

superfície da ferida; estas não se proliferam, não provocam uma resposta imune e

Contaminação (controle do hospedeiro)

Colonização (Estabelecimento da população, controle do hospedeiro, balanço microbiano)

Colonização crítica (Estabelecimento da populacão microbiana, ferida sem progresso, desequilíbrio microbiano, nenhum sinal de infecção)

Infecção (controle microbiano)

Resistência do hospedeiro

Agentes anti-séptico tópico

Microrganismo (carga x virulência)

Antibiótico sistêmico e agente anti-séptico tópico

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nem impedem o decorrer do processo cicatricial (EDWARDS; HARDING, 2004).

Na colonização, diferentemente do que ocorre com a contaminação,

ocorre a proliferação dos microrganismos na superfície da ferida. Apesar disso, os

especialistas relatam que não há impactos indesejados, no avanço da cicatrização

(KINGSLEY, 2001; OVINGTON, 2003; EDWARDS; HARDING, 2004).

À medida que esta proliferação avança, os autores descrevem a

ocorrência da colonização crítica, ou seja, um limiar entre colonização e infecção.

Assim, a colonização crítica refere-se à presença de bactérias na superfície da

ferida, porém sem invasão dos tecidos mais profundos, no entanto, as toxinas

secretadas por elas, juntamente, com as citocinas e proteases impedem o progresso

da cicatrização. Caracteriza-se como um estado anormal que impede o decorrer dos

eventos celulares (WHITE; CUTTING, 2006).

O termo colonização crítica tem sido discutido, nos últimos cinco anos,

embora criticado por alguns pesquisadores. Atualmente, sugere-se que este

conceito possa ser esclarecido, tendo por base a Microbiologia, e assim,

desconsiderando o ponto de vista com base na perspectiva clínica. Esta fase

representa o aumento da carga microbiana, adiando o processo cicatricial sem

estimular a resposta imune do hospedeiro. Neste sentido, deve-se ter a clareza que

mecanismos podem ser empregados pelos microrganismos, gerando a não

cicatrização da lesão e o aumento da mesma, sem converter em sinais de infecção

(WHITE; CUTTING, 2006).

Com a proliferação bacteriana, abrem-se caminho para a invasão de

tecidos viáveis, que estimulam uma resposta imune. Ocorre um aumento da

produção de exsudato e diminuição do processo cicatricial. Este quadro se

caracteriza como infeccioso. O impedimento do processo cicatricial da lesão ocorre

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porque há uma competição entre células do hospedeiro e as bactérias por oxigênio e

nutrientes. Além disso, ocorrem aumento da produção de citocinas e proteases pelo

organismo frente às toxinas bacterianas, (OVINGTON, 2003).

Na colonização crítica, apesar de não ocorrer invasão de tecidos mais

profundos, a granulação modifica-se em relação à cor, tornando-se vermelho

brilhante e sangrando facilmente. Somando-se a isso, observam-se o rompimento da

ferida, odor súbito e aumento do exsudato. A bactéria pode também reduzir o

progresso da cicatrização com uma carga relativamente mais baixa mediante a

secreção de exotoxinas ou endotoxinas. Estas substâncias podem causar necrose

local e romper o balanço dos mediadores, ou seja, as citocinas e proteases,

necessárias ao progresso da cicatrização (OVINGTON, 2003) (Figura 3).

A convergência da fase de colonização crítica para a infecção ainda

não está totalmente esclarecida.

Exotoxinas produzidas pelos patógenos mais comuns

Bactéria Staphylococcus aureus

Exotoxina Enterotoxina A-G, TSST – 1, Exfoliatina

Pseudomonas aeruginosa Exotoxina A, Exotoxina S Escherichia coli Enterotoxina LT1, LT2 Streptococcus spp Exotoxina Pirogênica A e B

Figura 3 - Exotoxinas produzidas por patógenos mais comuns. Fonte: OVINGTON (2003).

Para White; Cutting (2006) deve-se considerar uma ferida colonizada

de forma crítica, quando há ausência de sinais e sintomas de infecção, observado

quando as etapas cicatriciais não avançam. Entretanto, devem ser revistos outros

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aspectos, no decorrer do tratamento da ferida, como por exemplo: a utilização de

mecanismos de redução do bioburden, por meio de coberturas adequadas, o que

contribui para uma melhor qualidade de vida do paciente.

A diferenciação entre ferida infectada e não infectada passa por

diferentes abordagens, e não há um consenso que guie as ações relacionadas ao

manejo de infecção em feridas ou o diagnóstico das mesmas (KINGSLEY, 2001;

CUTTING; WHITE, 2005).

Paralelamente, a estes sinais, avalia-se a necessidade do exame

microbiológico que complementa as informações, e evita o uso indiscriminado de

antimicrobianos, o que contribui para o aumento da resistência bacteriana (BOWLER

et al., 2001). Na verdade, o papel dos microrganismos na etiologia e persistência em

feridas crônicas permanece sem esclarecimentos (HERNANDEZ, 2006).

A existência de múltiplos fatores ou variáveis que envolvem o quadro

infeccioso dificulta a elaboração de um guia para os profissionais, e sem

uniformidade surgem diferentes formas de caracterizá-las e estudá-las (CUTTING;

HANDING 1994; GARDNER et al., 2001).

Em feridas crônicas, somente a presença de uma bactéria em

determinada quantidade não prejudica a cicatrização, pelo contrário, exerce um

papel necessário na determinação e estímulo da resposta imune, o que favorece o

processo cicatricial (HERNANDEZ, 2006).

O diagnóstico de infecção em ferida é essencialmente clínico, por meio

da utilização dos sinais e sintomas característicos, e as informações microbiológicas

servem de forma complementar, isto porque esta infecção implica em multiplicação

de microrganismos, na ferida (CUTTING; HANDING, 1994; BOWLER et al., 2001;

DEALEY, 2001; BOWLER, 2003; SIBBALD et al., 2003; DOW, 2003; GARDNER et

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al., 2007). Para Frank et al. (2005), mais pesquisas precisam ser desenvolvidas,

buscando elucidar o diagnóstico, o manejo e o tratamento de úlceras infectadas.

De maneira geral, encontramos nos estudos de feridas com enfoque

microbiológico, um limiar de 105UFC/g (unidades formadoras de colônias/grama de

tecido), para inferir se uma lesão está infectada numa determinada amostra,

mediante biópsia (BOWLER et al., 2001; BOWLER, 2003).

Estes mesmos autores descrevem diferentes estudos relacionados à

significância clínica da carga microbiana, no retardo do processo de cicatrização.

Segundo eles os estudos quantitativos, descritos na literatura, apresentam dados

estatísticos diferenciados em função do método utilizado na amostragem da ferida.

Encontrou-se uma variação entre a amostra superficial, por meio do swab, e a

biópsia do tecido. Dentre os estudos apontados observamos que a carga microbiana

determinada, utilizando-se o swab para a coleta, o limiar foi de <106 CFU/g. Em outro

descrito pelos autores a carga considerada nível crítico foi de > 104 CFU/g e neste

caso utilizou-se a biópsia do tecido para a obtenção do material clínico (BOWLER, et

al., 2001; BOWLER, 2003; WHITE; CUTTING, 2006).

Atualmente o limiar de 105 colônias de bactérias tem sido discutido,

visto que há microrganismos que em quantidade menor podem gerar um quadro

infeccioso agressivo no tecido invadido, como por exemplo: Streptococcus -

hemolítico do grupo A, Mycobacterium tuberculosis, Treponema pallidum,

Corynebacterium diphtheriae, fungos e outras espécies bacterianas. Não há um

consenso entre os estudiosos, e a bacteriologia quantitativa é mais utilizada, nas

pesquisas. Há, no entanto uma concordância, entre os autores, no que se refere ao

aumento da carga microbiana como um dos fatores que emperram a cicatrização em

feridas crônicas (DOW, 2003; BOWLER, 2003).

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Biofilme

Biofilme é uma comunidade complexa compreendendo uma

diversidade de bactérias envolvidas por uma matriz de polissacarídeo extracelular

(EPS). Encontrando condições favoráveis no ambiente da ferida, o microrganismo se

multiplicará, resultando também na formação do biofilme, uma forma de proteção

contra fatores que poderiam impedir seu desenvolvimento.

James et al. (2008), revelou que em um estudo de 50 feridas crônicas

analisadas pela microscopia, em 30 (60%) continham biofilme, enquanto que em 16

feridas agudas analisadas, apenas uma (6%) apresentou biofilme. Por meio de

análise molecular dos espécimes, dessas feridas, revelou-se uma diversidade

microbiana superior aos achados laboratoriais, mediante análise convencional. Estes

achados são importantes, pois se os custos fossem menores, mediante aplicação

deste método, poderiam ser utilizados na prática, e promoverem diagnósticos

precisos, demonstrando a real diversidade microbiana, em feridas crônicas.

Mertz (2003) relata que bactérias que vivem em biofilme têm se

mostrado mais resistentes aos agentes antimicrobianos. Logo, o conhecimento dos

profissionais que cuidam de feridas infectadas pode ajudar eficazmente em casos

onde a terapia não responde. Segundo a autora, o uso de enzimas como a

colagenase, tem obtido resultados satisfatórios, somente para a remoção do biofilme

na superfície, no leito ou em tecidos moles, mas estudos ainda devem ser

empregados na investigação da remoção da bactéria, nesse ambiente protegido.

A remoção de biofilme constitui uma atividade essencial, e o enfermeiro

pode contribuir com esta ação. Neste sentido, uma forma de ajudar na remoção

dessa complexa estrutura é a avaliação da ferida, constatando indícios de tecido

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necrótico, no leito da ferida. Uma outra forma de avaliação apresentada pela

International Advisory Board on Wound Bed Preparation a qual propõe o TIME – um

acrônimo que significa: T (tissue) para tecido não viável, cuja patofisiologia consiste

de biofilme (EPS, células mortas e uma diversidade bacteriana) que impedem a

cicatrização. Então, o debridamento é importante e contribui para remoção dessa

estrutura. A letra I (infection, inflamation), representa a infecção e inflamação. A letra

M (moisture), o controle do exsudato da lesão, e a letra E (edges) representa a

borda da ferida, cuja migração celular está sem avanço, e requer tratamento

adequado. Para cada item descrito são apresentadas as recomendações ou

condutas as serem empregadas (SCHULTZ et al., 2003). A remoção do biofilme

visível (tecido necrótico) é o primeiro passo a ser empregado, no decorrer do

tratamento de uma ferida infectada. Ayello; Cuddigan (2004) descreve que o cuidado

com o leito e a borda de uma ferida é essencial no decorrer do tratamento de feridas

crônicas.

Epidemiologia dos microrganismos

A identificação do patógeno isolado no local da ferida representa uma

etapa importante, pois determinará uma conduta assertiva no momento da escolha

do antibiótico. A diversidade microbiológica em lesões, em geral, é observada em

estudos, utilizando o swab ou mediante a biópsia, e em ambos os métodos os

resultados apontam uma microbiota englobando Gram-negativos, Gram-positivos e

anaeróbios (BOWLER et al., 2001).

Em um estudo de corte transversal realizado, por Shittu et al. (2003),

na Nigéria, em 102 pacientes, (70 homens e 32 mulheres), identificaram 162

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patógenos, sendo os mais freqüentes: Staphylococcus aureus (25%), Escherichia

coli (12%), Pseudomonas aeruginosa (9%) e Staphylococcus epidermidis (9%).

Ressaltamos que a coleta do material para exame microbiológico por meio do swab,

foi aplicada sem a limpeza prévia com soro fisiológico, e os autores coletaram

amostras de uma grande variedade de lesões, englobando feridas agudas e

crônicas, o que atualmente não se recomenda.

Uma análise molecular, por meio de PCR de amostras de tecido de

úlcera venosa crônica revelou grande diversidade da população existente nessas

lesões e incapacidade de reconhecimento bacteriano, pelos métodos convencionais.

A cultura foi realizada, por meio do swab e da biópsia do tecido, seguida da análise

molecular. A cultura, utilizando-se material de biópsia, revelou predominância de

Acinetobacter sp. e Staphylococcus epidermidis, mas não de Proteus sp. No

entanto, utilizando-se o swab foram identificados Acinetobacter e Proteus spp., mas

não Staphylococcus epidermidis, porque esta bactéria coloniza os tecidos mais

profundos. Todavia, por meio da biópsia foi possível sua identificação. Foi possível

também a identificação de Proteus sp., mediante a coleta por meio do swab, mas

não por biópsia, pois este microrganismo é um colonizador que se aloja, permanece,

na superfície da lesão. A análise molecular demonstrou que a carga bacteriana é

significativamente maior que a carga identificada pelo método de cultura, e revelou

também uma diversidade da população microbiana na lesão. Num futuro próximo,

poderemos aplicar o método para captar informações sobre o papel destes

microrganismos em feridas crônicas (HILL et al., 2003).

A associação de Staphylococcus aureus com indicadores clínicos e

microbiológicos de infecção, em feridas crônicas, foi investigada em 66 pacientes

com sinais clínicos de infecção; carga microbiana e diversidade de espécies na

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ferida. Do total de feridas, 19 (29%) continham Staphylococcus aureus. Observou-

se, então, um aumento de carga microbiana acima do limiar de 105UFC/g, resultado

significativo, demonstrado estatisticamente pelo teste exato de Fisher com

p=<0.001. Com relação aos sinais clínicos de infecção e diversidade microbiana,

não houve diferenças entre os grupos com ou sem Staphylococcus aureus. Pelo tipo

de estudo, os autores referiram limitações, principalmente, por ser corte transversal,

e pela impossibilidade de estabelecer uma associação entre a presença de

Staphylococcus aureus e os sinais clínicos de infecção (GARDNER et al., 2004).

Em úlceras leishmanióticas de 84 pacientes, Staphylococcus aureus foi

a mais prevalente, com freqüência de 83,3% (70) isoladas. Trata-se de uma das

principais bactérias Gram-positivas, gerando um impacto no aumento da carga

bacteriana, na lesão. Foram testados 10 tipos de antibióticos e a sensibilidade variou

entre 75,7% a 100%. Staphylococcus aureus apresentou uma sensibilidade alta,

acima de 90% a amoxicilina/ácido clavulânico, cefalotina, gentamicina,

ciprofloxacina, clindamicina, sulfametoxazol/trimetoprima, oxacilina e vancomicina

(VERA et al., 2006).

Entre as bactérias Gram-negativas, foram identificadas as seguintes

espécies: Enterobacter sp., Proteus sp,. Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp.

Escherichia coli, Serratia. marcecens, Citrobacter freundii. Os microrganismos, deste

grupo, apresentaram sensibilidade acima de 70% à ciprofloxacina, aminoglicosídios

e imipenem. Enterobacter sp. e Pseudomonas aeruginosa simultaneamente

associadas com Staphylococcus aureus, apresentaram baixa sensibilidade ao

sulfametoxazol/trimetoprima, cefalotina e cefoxitina (VERA et al., 2006).

Em estudo prospectivo realizado com 66 pacientes com úlceras

venosas crônicas clinicamente não infectadas, Pseudomonas aeruginosa e

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Staphylococcus sp., foram os microrganismos predominantes. Staphylococcus

coagulase negativa foi mais incidente que Staphylococcus aureus, sendo encontrada

em 62,1% dos pacientes, utilizando-se, como método de coleta, a biópsia. A análise

microbiológica, tendo como método de coleta a biópsia, não mostrou diferença

estatística significativa, quando comparada com a análise mediante a coleta com

swab. Neste sentido, a biópsia não se revelou necessária em portadores de lesões

crônicas não infectadas e os autores desencorajam o emprego deste método de

coleta. Ressaltam, todavia, que em caso de invasão tecidual e aparecimento de

sinais e sintomas clínicos de infecção a utilização do método é recomendada

(DAVIES et al., 2007).

A análise da população microbiana, em feridas agudas, tem mostrado

resultados semelhantes com relação às espécies encontradas em feridas crônicas.

Muitos microrganismos encontrados em feridas cirúrgicas são também identificados

em lesões de pacientes tratados nos ambulatórios. A população microbiana, nestas

lesões, é diversa e múltiplas espécies são identificadas.

Neste sentido, Giacometti (2000), em uma pesquisa sobre

Epidemiologia e Microbiologia de infecção cirúrgica, identificou as seguintes

espécies: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli,

Staphylococcus epidermidis e Enterococus faecalis.

Saini et al. (2004), num estudo microbiológico sobre infecção cirúrgica,

relataram que os principais microrganismos encontrados foram: Escherichia coli,

Staphylococcus aureus, Klebsiella spp, Pseudomonas aeruginosa, Bacteroides

fragilis e Peptostreptococcus spp. Em relação à sensibilidade aos antimicrobianos,

Staphylococcus aureus foi sensível à clindamicina (79,1%) e cefuroxima, (70,8%).

Os Gram-negativos, Klebsiella spp, E. coli e Proteus spp, os antibióticos mais

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efetivos foram: cefotaxime, amicacina e ciprofloxacina. Entre às resistentes

multidrogas resistentes figuram: Pseudomonas. aeruginosa, Klebsiella spp, Proteus

spp, Escherichia. coli e Staphylococcus aureus. Apesar da diversidade microbiana,

os microrganismos responsáveis por quadros clínicos infecciosos, tanto em lesões

agudas quanto crônicas, pertencem, em geral, aos mesmos grupos, sejam Gram-

negativos e Gram-positivos.

Em um estudo multicêntrico, na Tailândia, os patógenos mais

freqüentes, em infecção de sítio cirúrgico, foram: Escherichia. coli, Staphylococcus

aureus, e Pseudomonas aeruginosa, e dentre os antibióticos, utilizados na

terapêutica, foram: ampicilina/amoxicilina, cefazolina e gentamicina (KASATPIBAL et

al., 2005).

Para Howell; Jones et al. (2005), em sua revisão a partir de 56 artigos

referentes à microbiologia, uso de antibióticos e sua resistência destes em feridas

crônicas, observaram-se que há clareza sobre o papel dos antibióticos, no

tratamento das feridas infectadas. Entretanto, não há uma pesquisa científica que

estabeleça definitivamente um guia de escolha de antibiótico, dose e duração.

Sabe-se que, para melhor tratamento de uma ferida, vários fatores são importantes

como: o cuidado com a mesma, a identificação do microrganismo e da

susceptibilidade do patógeno frente aos antimicrobianos, além de outros inerentes

ao próprio paciente, como nos processos alérgicos, por exemplo.

Em unidades de serviço ambulatoriais prescrevem-se vários

antibióticos e, na maioria das vezes, sem a realização de exames microbiológicos. A

magnitude deste problema é de difícil controle, pois em relação às feridas crônicas,

nem sempre ocorrem avaliação clínica prévia e confirmação laboratorial. Para

Hernandez (2006), antibióticos orais podem ser utilizados, na prática, para

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tratamento de infecções leve a moderada, reservando o uso parenteral para

infecções em tecido profundo e nos casos de sepse, osteomielite, abscesso e outros

sinais de invasão tecidual. No caso de lesões crônicas, com manifestação de sinais

clínicos sistêmicos, recomenda-se o uso parenteral e maior duração.

Em estudo, realizado Reino Unido, sobre a prescrição de antibióticos

para o tratamento de feridas crônicas na atenção primária, cenário onde geralmente

não há especialistas, foi comprovada forte associação entre a ocorrência de feridas

crônicas e uma larga variação no tipo e duração da terapia antimicrobiana

(HOWELL; JONES, 2006).

A utilização de coberturas ou anti-sépticos, com a finalidade de

redução da carga microbiana, deve ser empregada com evidência clínica, avaliando-

se o risco e benefício. Utyama (2003) analisando a atividade antimicrobiana e

citotóxica, “in vitro”, do vinagre e ácido acético, verificaram eficácia em cepas de P.

aeruginosa, Escherichia coli, mas não houve ação antimicrobiana sobre S. aureus. A

autora revela que estes produtos utilizados para tratamento de feridas, em

concentração elevada, algumas vezes, podem causar danos aos tecidos,

dificultando o processo de cicatrização.

3.2.4 Técnicas de coleta de material de feridas para análise microbiológica

A qualidade de uma amostra é essencial no fluxograma de atendimento

a pacientes com feridas infectadas. Diferentes técnicas são descritas, na literatura.

Para a identificação desta carga microbiana, a biópsia do tecido viável é considerada

o padrão ouro no diagnóstico microbiológico quantitativo, porém na prática, devido

ao aumento dos custos, torna-se inviável e o limiar de 105UFC/g nem sempre

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caracteriza infecção. Além disso, é traumática, e requer profissionais devidamente

qualificados e mais tempo para realização. Em algumas pesquisas, a utilização do

swab mostrou resultados similares ao da biópsia. Apesar disso, este procedimento

tem seu mérito, principalmente, em pesquisas clínicas, na avaliação de feridas

complexas e na investigação de anaeróbios. Em geral a, maioria das amostras é

realizada por meio do swab (BOWLER et al. 2001; BOWLER, 2003; DOW, 2003).

A técnica com o swab apesar, apresenta restrições diretamente

relacionadas à técnica errônea de coleta pelo profissional, o que contribui para

resultados falso-negativos (FERREIRA, 2004).

Para garantir um espécime viável da coleta ao laboratório, Ferreira;

Andrade (2006) revisando a literatura, de 1970 a 2006, encontraram somente 23

artigos sobre a coleta com swab, sendo a maioria internacional, demonstrando a

escassez de publicações nacionais. Os autores apresentaram quinze procedimentos

a serem seguidos, com a finalidade de proporcionar confiabilidade ao método.

Segundo os autores, antes de coletar a amostra da ferida com o swab,

deve-se evitar áreas com tecido necrótico, esfacelos e pus. Coletar o espécime em

tecido viável que melhor represente o local onde o microrganismo causador de uma

infecção possa ser identificado (FERREIRA; ANDRADE, 2006).

Existem duas técnicas de coletas, com swab, mais descritas nas

pesquisas: a Z ou Zig-Zag e a de Levine. A técnica em Zig-Zag consiste em passar o

swab por toda a superfície da ferida, acompanhando o formato da letra Z, e ao

mesmo tempo rodando o instrumento na área da ferida. A técnica de Levine et al.,

(1976) consiste em rodar o swab em seu próprio eixo sobre 1cm² em tecido de

granulação, com suficiente pressão, durante 5 segundos, a fim de emergir o fluído

de dentro do tecido.

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Gardner et al. (2006), testaram a validade de três técnicas de swab,

para a identificação de infecção em feridas crônicas, e as comparou com os

resultados da biópsia. Os espécimes foram obtidos por meio do exsudato (posterior

à retirada do curativo da ferida, por meio de um swab retirava-se amostra do

exsudato presente na superfície), pela técnica Z e pela de Levine. A utilização da

técnica de Levine foi a que mais eficácia apresentou com sensibilidade de 90% e

especificidade de 57% e, com razoável confiabilidade da medida do bioburden da

lesão, comparada com o padrão ouro, ou seja, a biópsia.

Para Dow (2003), os aspectos qualitativos da microbiologia da ferida,

são mais importantes que os quantitativos, porque numa ferida crônica, existe uma

população polimicrobiana. Neste sentido, pode haver uma interação dinâmica entre

as espécies, como por exemplo: o sinergismo ou mutualismo. Se a cicatrização

avança, os aspectos quantitativos são irrelevantes. Na prática clínica, o swab pode

ser prontamente utilizado para coleta, após limpeza e eventual debridamento do leito

da ferida, e providenciar informação suficiente para direcionar a terapia

antimicrobiana.

A identificação de infecção na ferida não ocorre unicamente pela

presença de um tipo específico de microrganismo, nem pela carga bacteriana

existente por causa da resposta imune do hospedeiro, pois é ela que determinará o

quadro infeccioso. A resposta imune pode ser eficaz, mesmo em uma lesão com

uma carga a mais de microrganismo. A cultura em feridas crônicas, com ausência de

sinais e sintomas, e que está cicatrizando é desnecessária, porque toda lesão é

colonizada (SIBBALD, 2003).

Entretanto, diante destes sinais, a amostra torna-se primordial e os

testes microbiológicos podem apresentar multirresitência como, por exemplo: MRSA

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(Staphylococcus aureus meticilino resistente) ou VRE (Enterococcus resistente à

vancomicina). Em todos os casos a terapia antimicrobiana deve ser requerida como

adjuvante ao tratamento (SIBBALD et al., 2003; HERNANDEZ, 2006).

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4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo e local

Trata-se de estudo transversal, realizado em Salas de Curativos

Ambulatoriais das (UBS), com atendimento de urgência do Município de Goiânia. Os

dados foram coletados no período de junho a julho de 2007.

4.2 Características do cenário do estudo

Em cada Distrito, encontram-se as Unidades Básicas de Saúde: Postos

de Saúde, Centros de saúde e os Centro de Atendimento Integral de Saúde (CAIS),

estes com atendimento 24 horas ou período integral, servindo de referência para as

demais unidades. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a

população de Goiânia, no ano de 2006, compunha-se de 1.225.408 habitantes.

A Secretaria Municipal de Saúde divide a população metropolitana em

nove Distritos Sanitários, assim representados na figura 4. Nesta figura, encontram-

se as unidades inseridas no estudo.

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Figura 4 - Mapa de distribuição dos Distritos Sanitários de Goiânia com Unidades Básicas de Saúde integrantes do estudo, 2007.

Distribuição das Unidades Básicas de Saúde por Distrito Sanitário

* Unidades fechadas para reforma **Não houve paciente

DISTRITO SUL/SUDESTE

DISTRITO SUDOESTE

DISTRITO NORTE

DISTRITO NOROESTE

DISTRITO MENDANHA

DISTRITO LESTE

DISTRITO OESTE

DISTRITO CENTRAL

CAIS CHÁCARA DO GOVERNADOR, CAIS JD AMÉRICA*

CAIS NOVO HORIZONTE

CAIS GUANABARA

CAIS JARDIM CURITIBA, CAIS FINSOCIAL**

CAIS CÂNDIDA DE MORAIS, CIAMS URIAS MAGALHÃES

CAIS NOVO MUNDO, AMENDOEIRAS

CAIS BAIRRO GOIÁ

CAIS VILA NOVA

DISTRITO MEIA PONTE CAIS DE CAMPINAS*

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Nos CAIS ocorrem maiores fluxos de atendimentos. Nestas unidades,

os pacientes, com feridas, são atendidos espontaneamente nas salas de curativos.

Atende-se, igualmente, pacientes com feridas agudas, principalmente as

traumáticas, de sítio cirúrgico, infectadas ou não e lesões de etiologia crônica. Há

número expressivo de pacientes para retirada de pontos, encaminhados por

diferentes serviços.

O “cuidado” com o paciente é registrado no do mapa diário de

atendimento, requisito do setor de estatística. Para a realização do procedimento,

são necessários os dados somente sobre: sexo, idade, tipo de procedimento, grupo

e o código do bairro. Não há anotações em um prontuário, nem sobre a evolução da

assistência quanto ao tratamento das feridas. Não existe um protocolo para

atendimento dos pacientes com lesões agudas ou crônicas, nem coleta de amostras

para a investigação de patógenos nas feridas infectadas. Ocorre, diariamente, a

“troca do curativo”, e como cobertura para as lesões está padronizada o uso de

Ácidos Graxos Essenciais (AGE).

4. 3 População e amostra

A população foi constituída de pacientes com feridas crônicas,

atendidos como demanda espontânea nas salas de curativos das UBS distribuídas

nos nove Distritos Sanitários, na região metropolitana de Goiânia, que consentiram

livremente em participar.

A amostra é referente aos pacientes atendidos nos meses de junho e

julho de 2007, que consentiram e atenderam aos critérios de inclusão.

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4.3.1 Critérios de inclusão

Pessoas com feridas crônicas em atendimento nas salas de curativos

ambulatoriais, com idade acima de 18 anos e sem uso de antibiótico no mês que

antecedeu à procura pelo atendimento. Nos pacientes que apresentaram mais de

uma lesão com sinais e sintomas de infecção, todas as feridas foram avaliadas e

todos os materiais coletados foram encaminhados para exames laboratoriais.

4.3.2 Critérios de exclusão

Pacientes com feridas agudas ou de sítio cirúrgicos, menores de 18

anos, em uso de antibioticoterapia sistêmica e aqueles que se dirigiam ao serviço

para a retirada de pontos.

4.4 Procedimentos para coleta de dados

De janeiro a novembro de 2006, os pacientes atendidos

espontaneamente nas salas de curativos foram avaliados conforme demanda do

serviço. Houve grande fluxo de pacientes com feridas crônicas. Os instrumentos de

coleta de dados que foram avaliados por três profissionais com conhecimento na

área, e reformulados conforme os pareceres.

Realizou-se coleta de dados em outro Município, em uma Unidade

Básica de Saúde com as mesmas características do estudo, no mês de maio de

2007, para refinamento do instrumento. Naquela ocasião, aplicaram os instrumentos

aos pacientes com feridas crônicas atendidos na sala de curativo ambulatorial,

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quando o pesquisador realizou os procedimentos de curativos, coleta de material

mediante swab e encaminhamento da amostra ao laboratório para exame. Esta

etapa teve por finalidade avaliar, adequar os instrumentos e os respectivos meios

laboratoriais (transporte e cultura), e estabelecer o fluxograma de procedimentos,

desde o atendimento até o encaminhamento do material coletado ao laboratório.

Diante dos resultados obtidos, adequações foram implementadas no

instrumento, mediante a divisão dos itens de caracterização da lesão, e no

laboratório de microbiologia, na escolha do meio de transporte, ou seja, o caldo BHI

(Merck). Constatou-se a necessidade de ampliar o número de unidades a serem

incluídas no estudo.

4.5 Entrevista

Foi realizada entrevista com roteiro estruturado, contendo questões de

caracterização dos pacientes com feridas crônicas (Anexo 1), incluindo a

classificação econômica, sendo esta avaliada pelo critério da Associação Brasileira

de Institutos de Pesquisa de Mercado - Abipeme, reconhecida no contexto brasileiro,

que divide a população nas classes sociais A, B, C, D, e E descrito por Almeida;

Wickerhauser (1991). As variáveis para a caracterização dos pacientes foram

agrupadas no item dados sócio-econômicos: sexo, idade, estado civil, situação

conjugal, classe social, experiência de realização de curativo no domicílio, ocupação

atual. Foram levantados dados sobre patologia de base e experiências com o

tratamento: medicamentos, cobertura, cuidados em casa, classificação da ferida.

Verificaram-se informações sobre mobilidade e alergia.

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No momento da avaliação, exames complementares pré-existentes dos

pacientes foram consultados para identificação da etiologia das úlceras de perna por

meio de dupplex scan, arteriografia de MMII, ultrassonografia e outros.

Foi necessário o agendamento de pacientes, nas unidades de maior

fluxo, a fim de garantir todas as etapas da entrevista e avaliação da lesão, coleta de

material e posterior encaminhamento ao laboratório.

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FLUXOGRAMA DOS PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS UTILIZADOS NA PESQUISA EM SALAS DE CURATIVO AMBULATORIAL DE

UBS NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA

* Demanda espontânea

REALIZAÇÃO DO CURATIVO

DEMANDA ESPONTÂNEA EM 10 SALAS DE CURATIVO* JUN-JUL

2007

AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM

FERIDAS CRÔNICAS

CURATIVO + COLETA DE

MATERIAL - SWAB

FERIDAS AGUDAS OU SÍTIO

CIRÚRGICO EXCLUSÃO

ENTREVISTA + AGENDAMENTO

PARA NOVO CURATIVO

REALIZAÇÃO DO CURATIVO

RETORNO AO ATENDIMENTO NA

UNIDADE

AVALIAÇÃO DOS

PACIENTES

RETORNO AO ATENDIMENTO

NA UNIDADE

ENTREGA DO RESULTADO

AO PACIENTE

ENCAMINHAMENTO DO MATERIAL AO

LABORATÓRIO

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4.6 Caracterização das feridas crônicas

Para a realização dos curativos considerou-se os princípios de controle

de infecção. Os equipamentos de proteção utilizados foram: gorro, máscara, capote

(avental), luvas de procedimentos e cirúrgicas, óculos de proteção e sapato fechado.

Os resíduos gerados foram segregados de acordo com a sua classificação em

infectante, comum e perfurocortantes. Entre cada atendimento, realizava-se:

higienização das mãos, troca de lençóis, limpeza com água e sabão seguido de

desinfecção com álcool a 70% das superfícies como maca e bancada. Utilizou-se

pacotes de curativos estéreis disponibilizados pelo serviço.

Os sinais e sintomas indicativos de infecção das feridas foram

caracterizados, tendo por base o check-list descrito inicialmente por Cutting;

Handing (1994), validado por Gardner et al., (2001); Gardner et al., (2007), a saber:

sinais clássicos: – dor, eritema, edema, calor e exsudato purulento, e sinais e

sintomas adicionais: cicatrização sem evolução, descoloração do leito da ferida,

granulação friável, odor fétido, túnel para os tecidos moles, rompimento da ferida,

exsudato sanguinolento e exsudato seroso aumentado apresentados no Anexo 2.

Depois de preenchido o check-list, as feridas foram categorizadas como infectadas

ou não infectadas (Anexo 3), baseado no julgamento clínico da pesquisadora.

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4.6.1 Definição das variáveis do estudo e procedimentos de avaliação

Tempo de lesão

Foi registrado em semanas, de acordo com as informações

verbalizadas pelo paciente no decorrer da coleta dos dados.

Número de lesões

Registraram-se uma, duas e três lesões por paciente, de acordo com a

apresentação dos sinais e sintomas clínicos de infecção.

Localização da ferida

Pernas: ferida localizada lateral ou medial, lateral e medial; Pé: dorsal

ou plantar; Maléolo: lateral e medial, lateral ou medial.

Quantidade de exsudato

A quantidade de exsudato foi verificada cobrindo com gazes seca

aplicada sobre a ferida, e após uma hora avaliada o quantitativo. Estabeleceram-se

as categorias: pouco, moderado e muito, com base nos critérios de Falanga (2000) e

Keast et al. (2004).

Quantidade de tecido necrótico

A quantidade de tecido necrótico foi avaliada segundo a escala PSST

(Pressure Sore Status Tool), e classificada de acordo com a escala: 1 – nenhum

visível; 2 - < 25% de cobertura no leito da ferida; 3 - 25 a 50%; 4 - > 50 e < 75% e 5

– 75 a 100% de cobertura do leito (BATES; JENSEN, 1997). Na categorização, para

efeito de elaboração do banco de dados, consideramos como: nenhum visível,

menor que 50% da área da ferida e maior que 50%. O tecido necrótico foi definido

como, aquele de aspecto amarelo, marrom, verde, cinza e preto, no leito da ferida.

Etiologia da ferida

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Para definição da etiologia levou-se em consideração as anotações

existentes nos prontuários, exames consultados, histórias clinicas e exames clínicos

dos sinais e sintomas característicos, categorizando-se em: úlcera venosa, úlcera

diabética, ferida traumática crônica, úlceras por pressão e arterial.

Planimetria das lesões

Para o cálculo da área, foram registrados os dados relacionados a planimetria

da ferida, utilizando filme transparente de acetato estéril sobre a lesão, contornando-

se a margem da ferida. A profundidade da lesão foi avaliada por meio de um swab

de algodão estéril inserido na parte mais profunda da ferida, e a medida em

centímetros de sua extensão. O registro fotográfico foi realizado com máquina digital

Sony (W-100, 8.1 megapixels de resolução), em todas as lesões avaliadas. As

fotografias foram tratadas mediante utilização do software Photoshop CS2,

manipulando-se apenas o ambiente externo da imagem da lesão e apresentadas no

formato JPEG.

Para a realização desta coleta após o consentimento do paciente, foi

necessário novo agendamento em função da logística de encaminhamento da

amostra até ao laboratório, multiplicidade de pacientes a serem avaliados num

mesmo dia e, atividade de apenas um pesquisador em campo.

Limpeza da ferida e coleta de material para análise microbiológica

Todos os pacientes incluídos no estudo apresentaram sinais clínicos de

infecção (Anexo 3). Realizaram-se as coletas para exames microbiológicos, por meio

de swab estéril, girando-o durante 5 segundos em seu próprio eixo em um único

ponto do leito da ferida, conforme técnica de Levine et al. (1976), e recentemente

testada por Gardner et al. (2006), após limpeza prévia das lesões com soro

fisiológico (SF) 0,9%, em jato perfurado com agulha 40x12, em tecido de granulação

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vermelho brilhante viável. Em feridas com tecidos necróticos foram realizadas a

limpeza com SF 0.9% em jato e fricção com gaze estéril, e posterior coleta de

acordo com o mesmo método, em área de tecido viável. Para a higienização de

áreas subjacentes com sujidade, utilizou-se água e sabão com triclosano 0,5%.

O material clínico coletado foi inoculado em tubos com caldo BHI

(Merck) imediatamente transportado para o laboratório de microbiologia e incubado

em estufa a 35-37°C.

4.7 Espécimes clínicos e testes microbiológicos

Os exames microbiológicos foram realizados no Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública – IPTSP da Universidade Federal de Goiás - UFG.

4.7.1 Isolamento e identificação das bactérias

No laboratório, o caldo que apresentou turvações após 24 a 48 horas,

foi semeado em ágar MacConkey (Bio-Rad Laboratories/USA), ágar sangue de

carneiro 5% e ágar manitol (Bio-Rad Laboratories/USA). O crescimento bacteriano

foi confirmado após 24 a 48 horas de incubação a 37°C.

As colônias desenvolvidas foram observadas microscopicamente após

coloração de Gram e identificadas de acordo com suas características morfológicas

e tintoriais. As bactérias isoladas foram armazenadas em ágar nutriente (Difco – BD

Diagnostic Systems/USA), conservados a 4°C ou a temperatura ambiente, para

posterior identificação.

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Utilizaram-se bactérias controles para a identificação microbiana

(Staphylococcus aureus ATCC 29213, Escherichia coli ATCC 25922 e

Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027).

Cocos Gram-positivos

Para a identificação de bactérias Gram-positivas, as colônias

desenvolvidas em ágar sangue de carneiro a 5% e ágar manitol salgado (Bio-Rad

Laboatories/USA) foram observadas por meio de coloração de Gram, de acordo com

suas características morfológicas. As cepas foram diferenciadas por meio das

provas: catalase, coagulase em tubo, Dnase e lecitinase.

Gêneros freqüentemente encontrados, tais como: Streptococcus ß-

hemolítico e anaeróbios não foram considerados na cultura do presente estudo, em

virtude das dificuldades técnicas e método de coleta utilizado.

Bastonetes Gram-negativos fermentadores e não fermentadores

A identificação presuntiva de bastonetes Gram-negativos foi realizada

por meio da semeadura em ágar Tríplice Açúcar Ferro (TAF) (Bio-Rad

Laboratories/USA) com incubação a 37ºC, por 24 horas. Para a identificação de

Bastonetes Gram-negativos não fermentadores foi aplicado o teste da oxidase.

Para a identificação de bastonetes Gram-negativos fermentadores realizaram-

se provas bioquímicas. Para a caracterização complementar das cepas foram

utilizados testes bioquímicos, conforme Koneman et al. (2001): fermentação de

carboidratos (sacarose, lactose, manitol e glicose); produção de indol, motilidade em

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meio sólido, prova de utilização de citrato, produção de urease, produção de

fenilalanina-desaminase, (prova de vermelho de metila e produção de sulfeto de

hidrogênio).

Antibiograma

As amostras identificadas foram testadas frente a diferentes

antimicrobianos, por meio do antibiograma, pelo método de difusão em discos, pela

técnica de Kirby-Bauer, em ágar Mueller-Hinton. Os antimicrobianos testados (Oxoid,

Basingstoke, Inglaterra) para os isolados Gram negativos foram: gentamicina (10

μg), amicacina (30 μg), amoxicilina/ácido clavulânico (20 μg), cefotaxima (30 μg),

ciprofloxacina (5 μg), cefalexina (30 μg) e aztreonam (30 μg). Para os Gram

positivos foram testados: oxacilina (1 μg), pefloxacina (5 μg), vancomicina (30 μg),

tetraciclina (30 μg), lincomicina (30 μg), e cefalexina (30 μg). A leitura dos halos de

inibição do crescimento bacteriano segundo a Clinical and Laboratory Standards

Institute (CLSI).

Nenhum destes antibióticos é padronizado ou disponibilizado em

ambulatórios de Unidades Básicas de Saúde. De acordo com estudo piloto verificou-

se que os mais utilizados, na prática, são: penicilinas, cefalexina, ciprofloxacina e

amoxicilina+ácido clavulânico, e por isso foram incluídos na testagem. Os demais

foram utilizados nos testes de acordo com as sugestões do Consenso Internacional

de Diagnóstico e Tratamento de Pé Diabético Infectado (LIPSKY, et al., 2004).

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4.8 Aspectos éticos legais

Após consentimento do Secretário Municipal de Saúde e da Diretora da

Rede Básica (Anexo 4) o projeto: “Caracterização de pacientes com feridas e

identificação de bactérias e leveduras em lesões infectadas em uma Unidade Básica

de Saúde de Goiânia”, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e

Animal do Hospital Geral de Goiânia, e está registrado sob Protocolo n 220/06

(Anexo 5). Foi realizado um adendo ao Comitê, diante da necessidade de ampliar a

amostra, incluindo outras salas de curativos na região metropolitana de Goiânia,

conforme resultado do piloto.

Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo de

suas participações, sendo voluntárias e com garantia de anonimato, conforme

Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo 6). A todos os pacientes

solicitou-se a permissão para o registro fotográfico das feridas, e todos concordaram

atendendo a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

Foi respeitada a vontade do sujeito no caso de desistência durante a

realização do trabalho. Os pacientes foram esclarecidos sobre o procedimento de

coleta de dados. Para todos os pacientes que aceitaram participar, foi entregue uma

cópia do resultado de exame microbiológico com antibiograma e informações

clínicas sobre a avaliação da ferida, com ciência da Diretoria Técnica, de maneira

que a mesma pudesse garantir uma consulta médica, para o paciente inserido no

estudo.

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4.9 Análise dos dados

Foi realizada estatística descritiva dos dados individuais dos pacientes

participantes da pesquisa, através de medidas de freqüência para as variáveis

qualitativas, e medidas de posição e de variabilidade para as variáveis quantitativas.

A análise bivariada (Teste do Qui-Quadrado, Exato de Fisher e Teste de

Mann-Whitney) foi utilizada para comparar a contaminação das feridas de acordo

com fatores sócio-demográficos dos pacientes, e variáveis clínicas relacionadas à

ferida. A análise de regressão logística foi realizada para avaliar o efeito das

variáveis independentes (características morfométricas, sinais e sintomas das

feridas) em relação a variáveis de desfecho (contaminação da lesão). O nível de

significância adotado foi de 5% ( =0,05).

Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o pacote

computacional SPSS for Windows (versão 15.0).

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5 RESULTADOS

5.1 Caracterização dos pacientes com feridas crônicas

Em Goiânia, no período da coleta de dados, existiam 13 unidades de

saúde, com atendimento 24 horas, distribuídas em 9 Distritos Sanitários, e duas

UBS encontravam-se fechadas, para reforma. Em uma unidade não havia pacientes

com lesões crônicas. Todos os pacientes das 10 UBS, integrantes do estudo, foram

convidados a participarem e consentiram.

Dos 54 pacientes com feridas crônicas, que compareceram às salas de

curativos, oito foram excluídos. Quatro deles estavam com o processo de

cicatrização, em fase de epitelização, sem sinais e sintomas de infecção e os outros

quatro pacientes não apresentavam lesões abertas, apenas indícios de

complicações vasculares, nos membros inferiores: descamação, hiperemia e edema.

Apesar de serem excluídos, do estudo, todos foram avaliados e orientações

individualizadas foram prestadas. A amostra foi constituída por 46 pacientes

portadores de feridas crônicas.

Observou-se que, é comum o deslocamento dos pacientes de postos

de saúde para os CAIS, por falta de recursos materiais. Assim sendo, os

funcionários das salas de curativos conhecem a maioria dos usuários atendidos,

porém não há registros descritivos dos curativos realizados, apenas informações de

nome, data de nascimento, o setor onde mora e se o procedimento é curativo ou

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retirada de ponto. Mesmo, quando há mais de uma lesão o registro do procedimento

é de um curativo.

A figura 5 apresenta a distribuição dos pacientes atendidos em Distritos

Sanitários, nas diferentes UBS de Goiânia. Durante o estudo, foram atendidos 14

(30,4%) casos nos Distritos Sul/Sudeste e nove (19,6%), no Oeste. No Distrito

Sudeste houve a menor ocorrência, com apenas um paciente (2,2%). Em relação

ao Distrito do Mendanha, fizeram parte, do estudo, duas UBS da mesma forma que

o Distrito Leste. Mesmo assim, estes dois Distritos Sanitários houve baixa demanda

de casos de pacientes com feridas crônicas, quatro (8,7%) e três (6,5%) usuários,

respectivamente.

1(2,2%)

7(15,2%)

5(10,9%) 4

(8,7%)

14(30,4%)

3(6,5%)

9(19,6%)

3(6,5%)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%SudoesteNorteNoroesteMendanhaSul/sudesteLesteOesteCentral

Figura 5 - Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46) atendidos em Unidades Básicas de Saúde, conforme o Distrito Sanitário, Goiânia (GO) junho-julho, 2007. Considerando a população de Goiânia distribuída por distrito sanitário,

o sul/sudeste possui maior número de pessoas, com cerca de 232.986 habitantes.

Baseados em dados do IBGE, 2006, houve uma maior freqüência de pacientes, com

feridas crônicas, nesses locais.

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A tabela 1 apresenta as características sóciodemográficas dos 46

pacientes, com feridas crônicas, atendidos em salas de curativos ambulatoriais das

UBS, no período estudado.

Tabela 1 - Dados sócio-demográficos de pacientes com feridas crônicas (n=46) atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Características n %

Sexo Masculino 37 80,4Feminino

9 19,6

Idade 18 — 40 7 15,240 — 60 19 41,3 60

20 43,5

Procedência Goiás 20 43,5Outros Estados

26 56,5

Classe social* A - -B - -C 10 21,7D 16 34,8E

20 43.5

Estado conjugal Com companheiro 30 65,2Sem companheiro 16 34,8 Dependentes Sim 36 78,2Não 10 21,8

* Classificação de acordo com os critérios ABA/ABIPEME

Do total, 37 (80,4%) eram do sexo masculino e nove (19,6%) do sexo

feminino. Com relação à idade, sete (15,2%) possuíam entre 18 e 39 anos, 19

(41,3%) entre 40 e 59 anos e 20 (43,5%) acima de 60 anos. A média de idade

encontrada foi de 55 ( 15,01).

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Quanto à procedência, 20 (43,5%) nasceram em Goiás e 26 (56,5%)

em outros Estados.

A maioria, 20 (43,5%) pertencente à classe econômica E, 16 (34,8%) D

e 10 (21,7%) C. Não foram encontrados usuários pertencentes às classes A e B.

Com relação à situação conjugal, 30 (65,2%) conviviam com o companheiro,

enquanto 16 (34,8%) encontravam-se sozinhos. Dentre os pacientes integrantes, do

estudo, 36 (78,2%) possuem dependentes e 10 (21,8%) não.

A figura 6 apresenta a distribuição de pacientes com feridas crônicas,

conforme a ocupação atual. Do total de participantes, 23 (50%) são aposentados,

sete (15,2%) recebem auxílio-doença, após o surgimento da lesão, seis (13,1%) são

autônomos, envolvidos com vendas, cinco (10,9) são pedreiros em atividade; dois

(4,3%) eletricista e pintor; três (6,5%) estavam desempregados, no período da

coleta.

23(50%)6 (13,1%)

5(10,9%)

3(6,5%)2 (4,3%)

7(15,2%)AposentadoAutônomoPedreiroAuxílio doençaEletricista/pintorDesempregado

Figura 6 - Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, conforme a ocupação atual, Goiânia (GO) junho-julho, 2007.

Com relação aos itens, de saneamento básico, apresentados na figura

7, dos 46 pacientes, 44 (95,6%) possuem coleta de lixo e água tratada, 45 (97,8%)

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possuem eletricidade. No entanto, apenas, 32 (69,5%) das residências, possuem

rede de esgoto.

44 (95,6%)

32 (69,5%)

45 (97,8%)

44 (95,6%)

0 20 40 60 80 100

Água tratada

Esgoto

Eletricidade

Coleta de lixo

Figura 7 - Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde de acordo com as condições de saneamento básico, Goiânia (GO) junho-julho, 2007.

De acordo com os indicadores clínicos e resultados microbiológicos,

foram constatados 34 (74%) pacientes com feridas infectadas e 12 (28,2%) com

lesões não-infectadas (Tabela 2). Havia, também, pacientes com uma, duas ou três

lesões. Avaliamos 46 pacientes, totalizando 60 lesões. Foram encontrados pacientes

com duas ou três feridas e somente uma infectada. Entretanto, foram considerados

pacientes com feridas infectadas.

Tabela 2 - Distribuição de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, com o status de infecção, Goiânia (GO) junho-julho, 2007. Pacientes com feridas crônicas n %

Pacientes com feridas infectadas 34 74,0

Pacientes com feridas não-infectadas 12 26,0

Total 46 100,0

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A tabela 3 apresenta a análise bivariada de fatores sócio-demográficos

dos pacientes com feridas crônicas com o status de infecção em relação ao sexo,

idade, classe social e estado conjugal. O status de infecção não teve relação

estatística significante com as variáveis sócio-demográficos.

Tabela 3 - Análise de fatores sócio-demográficos em relação ao status de infecção de pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho 2007.

Fatores

Infectada (n=34) Não-infectada (n=12) p*

n % n %

Sexo

Masculino 28 82,4 9 75,0

Feminino 6 17,6 3 25,0 0,583

Idade

18 — 40 6 17,6 1 8,3

40 — 60 13 38,2 6 50,0

60 15 44,1 5 41,7 0,774

Classe social

C 7 20,6 3 25,0

D 12 35,3 4 33,3

E 15 44,1 5 41,7 0,793

Estado Conjugal

Com companheiro 22 64,7 8 66,7

Sem companheiro 12 35,3 4 33,3 0,902

*Análise de Regressão Logística

A figura 8 apresenta a distribuição dos pacientes atendidos em UBS,

conforme o número de lesões. Dois pacientes tinham três lesões, dez possuíam

duas, correspondendo ao total de 20 feridas, e 34 apresentavam uma ferida,

perfazendo um total de 60 feridas avaliadas.

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34

10

20

5

10

15

20

25

30

35

Paci

ente

s

1 2 3

Número de feridas

Figura 8 – Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com o número de lesões, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

A etiologia das feridas crônicas é apresentada na figura 9. Do total, 28

(61%) eram úlceras venosas, 12 (26%) úlceras diabéticas e seis (13%) feridas

traumáticas, com cicatrização por segunda intenção.

6 (13%)

12 (26%)

28 (61%)

Úlcera venosa Úlcera diabética Ferida traumática

Figura 9 - Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com sua etiologia, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

A tabela 4 apresenta a distribuição de pacientes com feridas crônicas,

de acordo com a localização da lesão. Todos os pacientes avaliados possuíam

lesões localizadas nas pernas e alguns nos pés. Do total, 26 (56,6%) apresentavam

lesões localizadas no terço anterior ou posterior da perna direita ou esquerda, lateral

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ou medial, dez (21,7%) feridas na região dorsal ou plantar do pé, quatro (8,7%) no

maléolo lateral e medial simultaneamente e três (6,5%) na região do maléolo lateral

ou medial.

Tabela 4 – Distribuição de pacientes com lesões crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com a localização das feridas, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Localização n %

Perna (lateral ou medial) 26 56,6

Pé (região dorsal ou plantar) 10 21,7

Maléolo (lateral e medial) 4 8,7

Maléolo (lateral ou medial) 3 6,5

Perna (lateral e medial) 3 6,5

Total 46 100,0

As experiências dos pacientes inseridos, no estudo, com relação ao

tratamento para a lesão são demonstradas, na tabela 5. Quanto aos locais de

realização dos curativos, a maioria 31 (67,4%) realizava os curativos na sala de

curativo de UBS ou domicílio, 15 (32,6%) ou somente na unidade de saúde.

Quanto à cobertura utilizada para o tratamento da lesão, a maioria 41

(89,1%) utiliza o AGE. Isso reflete o que as UBS disponibilizam para o tratamento.

No entanto, todos os pacientes relataram a troca dos curativos a cada 24 horas,

independente da quantidade de exsudato liberado pela lesão. No momento da coleta

de dados, todas as unidades disponibilizavam esta cobertura para os pacientes. As

demais apresentadas, na tabela 5, eram usadas pelos pacientes, quando adquiridas

com recursos próprios.

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Tabela 5 – Caracterização dos pacientes com feridas crônicas (n=46), atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo, com experiências no tratamento para a lesão, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Experiências n %Local onde realiza os curativos Cais/domicílio 31 67,4 Cais 15 32,6Recebeu orientações sobre o curativo Não 41 89,1 Sim 5 10,9Cobertura utilizada AGE 33 71,8 Colagenase 7 15,2 Fibrase 2 4,3 Neomicina 2 4,3 Hidrogel 1 2,2 Sulfadiazina de prata 1 2,2Exame microbiológico prévio Não 40 87,0 Sim 6 13,0Alergia Não 39 84,8 Sim 7 15,2Mobilidade Deambula sem apoio 9 19,6 Deambula com apoio 11 23,9 Claudicação 26 56,5Profissionais que acompanham Angiologista 14 30,4 Clínico geral 12 26,1 Nenhum 12 26,1 Enfermeiro 6 13,1 Cirurgião/Dermatologista) 2 4,3

Observa-se, na tabela 5, que a maioria dos pacientes não realizou

coleta para exame microbiológico, desde o surgimento da lesão. Quanto a alergia ao

tratamento para a lesão, 39 (84,8%) referiram não desenvolver quaisquer

manifestações alérgicas a coberturas. Com relação à mobilidade dos pacientes, a

maioria apresentou graus de dificuldades. Com relação aos profissionais que

acompanham o tratamento dos pacientes, 14 (30,4%) relataram ter seguimento com

angiologista. No entanto, o retorno para acompanhamento apresentou intervalo

entre 3 e 4 meses. Enquanto isso, os pacientes continuaram realizando os curativos

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nas UBS. Doze (26,1%) pacientes afirmaram não ter acompanhamento de

especialidades.

5.2 Caracterização das feridas crônicas

Observa-se, na tabela 6, a distribuição das feridas crônicas de

pacientes, com base no status de infecção, por meio dos sinais e sintomas clínicos,

e resultados da análise microbiológica. Das 60 lesões avaliadas, 45 (75%) estavam

infectadas e 15 (25%) não-infectadas.

Tabela 6 - Distribuição das feridas crônicas (n=60) de pacientes, atendidos em Unidades Básicas de Saúde, de acordo com o status de infecção, em relação aos sinais e sintomas clínicos e resultados microbiológicos, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Feridas Infecção %Infectadas 45 75Não-infectadas 15 25Total 60 100

A tabela 7 mostra a análise bivariada relativa aos seguintes aspectos:

tamanho, profundidade, tempo de existência, quantidades de tecido necrótico e de

exsudato e status de infecção. Quanto ao tamanho e tempo de existência da lesão,

não encontramos significância estatística, entre lesões infectadas e não-infectadas.

Os fatores profundidade da extensão do dano tissular (p=0,006), quantidade de

tecido necrótico (p=0,006) e quantidade de exsudato (p=0,002) foram associados

estatisticamente ao status de infecção nas feridas avaliadas de pacientes atendidos,

nas UBS.

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Tabela 7 - Caracterização das feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

Fatores Infectada (n=45) Não-infectada (n=15) p1

Tamanho em cm2

Média( DP) 68,29 ( 109,86) 12.05 ( 12.15) NS

Mediana 25,00 6.00

Profundidade em cm

Média ( DP) 0.89 ( 0.69) 0.56 ( 0.11)

Mediana 0.80 0.50 0,006

Tempo de existência em semanas

Média( DP) 358,18( 450,73) 118,93( 141,68)

Mediana 192,00 48,00 NS

Quantidade de tecido necrótico

Ausente 2 (4,4%) 10 (66,7%)

>50% 27 (60%) -

<50% 16 (35,6%) 5 (33,3%) 0,006

Quantidade de exsudato

Pouco 11 (24,4%) 11 (73,3%)

Moderado 17 (37,8%) 4 (26,7%)

Muito 17 (37,8%) - 0,002

Análise bivariada (Mann-Whitney) e Regressão logística (p<0,05).

5.2.1 Sinais clássicos e adicionais identificados.

Alguns dos sinais clássicos e adicionais de infecção, entre outros,

identificados nas lesões, foram apresentados através de imagens. Observaram-se

também outros sinais clínicos característicos em lesões, de acordo com a etiologia.

Ei-los: lipodermatosclerose e hiperpigmentação, característicos de úlceras venosas

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de estase. Entre os sinais clássicos, citamos: eritema, edema e exsudato purulento e

adicionais: granulação friável, granulação descolorada, túnel para os tecidos moles.

Figura 10 – Úlcera venosa infectada em MID, apresentando eritema, tecido necrótico, granulação friável, borda macerada, exsudato purulento, odor fétido, desnivelamento do tecido de granulação, descoloração do tecido de granulação. Exame microbiológico apresentou Pseudomonas aeruginosa.

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Figura 11 – Úlcera venosa infectada em MIE, apresentando esfacelos, granulação friável, granulação friável, descoloração do tecido de granulação, desnivelamento do leito, bordas maceradas, exsudato purulento, odor fétido. Exame microbiológico apresentou Proteus vulgaris.

Figura 12 – Úlcera venosa infectada em MID, com hiperpigmentação, lipodermatosclerose, granulação friável e pontos descolorados, exsudato purulento, edema, odor fétido, túnel para os tecidos moles. Exame microbiológico apresentou Staphylococcus aureus.

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Figura 13 - Úlcera diabética infectada em MIE, com pele ressecada, esfacelos, granulação descolorada, túnel para os tecidos moles, exsudato purulento. Exame microbiológico apresentou Staphylococcus aureus e Proteus vulgaris.

Figura 14 – Úlcera diabética no maléolo esquerdo, com pele adjacente ressecada, túnel para os tecidos moles. Exame microbiológico apresentou Staphylococcus coagulase negativo e Klebsiella sp.

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Figura 15 – Ferida traumática com pele ao redor ressecada, granulação friável, profundidade até à fáscia, odor fétido. Exame microbiológico com Staphylococcus aureus e Proteus mirabilis.

Os sinais e sintomas clássicos e os adicionais, sugestivos de infecção,

em feridas crônicas podem ser observados, na tabela 8. A análise bivariada (Qui-

quadrado/Exato de Fisher) e regressão logística não revelaram diferença estatística

significante (p<0,05).

Entre os clássicos, observou-se que os sinais ou sintomas: aumento da

dor, eritema, edema e calor tiveram uma freqüência acima de 80%, nas feridas

infectadas e não-infectadas. No entanto, o sinal exsudato purulento ocorreu em 30

(66,7%) feridas infectadas, e não foi observado nas lesões não-infectadas. Quanto

aos sinais adicionais, apenas o sinal descoloração do leito da ferida, foi avaliado

numa proporção maior que 90%, em ambos os tipos de feridas. Os sinais

granulação friável, odor fétido e túnel, para os tecidos moles, tiveram baixa

freqüência no grupo de feridas não-infectadas, e uma ocorrência maior nos

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pacientes com lesões infectadas. Rompimento da ferida foi um sinal não identificado

entre os pacientes com lesões não-infectadas, mas evidente em 17 (37,8%) das

feridas infectadas.

Tabela 8 - Distribuição dos sinais e sintomas clínicos de infecção em feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

Sinal ou sintoma*

Infectada (n=45) Não-Infectada (n=15)

n % n %

Clássicos

Aumento a dor 43 95,6 12 80,0

Eritema 45 100,0 15 100,0

Edema 42 93,3 13 86,7

Calor 43 95,6 15 100,0

Exsudato purulento 30 66,7 0 0,0

Sinais adicionais

Cicatrização sem evolução 45 100,0 8 53,3

Descoloração do leito 44 97,8 14 93,3

Granulação friável 17 37,8 1 6,7

Odor fétido 26 57,8 1 6,7 Túnel para os tecidos moles 16 35,6 1 6,7 Rompimento da ferida 17 37,8 0 0,0 Exsudato seroso aumentado 37 82,2 7 46,7 Exsudato sanguinolento 16 35,6 2 13,3

*Análise bivariada (Qui-quadrado/ Exato de Fisher) e Regressão logística não revelou diferença estatística significante (p<0,05).

5.3 Microbiologia das feridas crônicas

Em todas as amostras houve crescimento de microrganismos. A

freqüência de aeróbios e anaeróbios facultativos Gram-positivos e Gram-negativos

encontrados em amostras de feridas crônicas (n=60) de pacientes por grupo de

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feridas infectadas e não-infectadas é apresentada, na tabela 9. Das 45 lesões

crônicas infectadas, os microrganismos Gram-positivos foram encontrados em 28

(62.2%) das amostras, e nas feridas não-infectadas em 12 (80.0%). Com relação

aos Gram-negativos, em 38 (84.4%) das lesões infectadas e 11 (73.3%) das feridas

não-infectadas.

Tabela 9 - Distribuição de bactérias aeróbias e anaeróbias facultativos Gram-positivos e Gram-negativos de amostras de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

Bactérias

Infectadas(n=45) Não Infectadas(n=15) n

%

n %Aeróbios ou anaeróbios facultativos Gram-positivos (40)

28 62,2 12 80,0

Aeróbios ou anaeróbios facultativos Gram-negativos (49)

38 84,4 11 73,3

A tabela 10 apresenta a freqüência de bactérias identificadas em 60

feridas crônicas de pacientes atendidos nas UBS, de Goiânia. Dentre as bactérias

Gram-positivas, as mais freqüentes foram Staphylococcus aureus 39 (65%). Entre as

Gram-negativas, Pseudomonas aeruginosa 14 (23,3%), Proteus mirabilis 10 (16,6%)

e Proteus vulgaris 9 (15%) foram as mais isoladas.

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Tabela 10 - Bactérias isoladas de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Microrganismos n %Gram-positivos Staphylococcus aureus 39 65,0Estafilococos Coagulase Negativos 1 1,6Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa 14 23,3Proteus mirabilis 10 16,6Proteus vulgaris 9 15Providencia rettgeri 3 5Providencia sp. 2 3,3Enterobacter agglomerans 2 3,3Escherichia coli 2 3,3Enterobacter cloacae 1 1,6Citrobacter diversus 1 1,6Klebsiella sp 1 1,6Enterobacter aerogenes 1 1,6Morganella morganii 1 1,6Enterobacter sp 1 1,6Citrobacter sp 1 1,6

A associação mais freqüente em todas as amostras ocorreu entre

Staphylococcus aureus e espécies de Proteus mirabilis e Proteus vulgaris,

verificadas em 11 amostras. A segunda entre as espécies de Staphylococcus aureus

e Pseudomonas aeruginosa, constatada em 6 amostras.

Em lesões crônicas há uma microbiota diversificada e transitória. Foi

identificada em dois pacientes, com três lesões crônicas e sinais e sintomas

característicos de infecção, conforme verificada na tabela 11.

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Tabela 11 - Distribuição de bactérias identificadas em 3 lesões crônicas de dois pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007. Paciente Ferida 01 Ferida 02 Ferida 03 A S. aureus S.aureus+Proteus mirabilis S. aureus+Proteus vulgaris

B Citrobacter diversus Pseudomonas aeruginosa Proteus mirabilis

O perfil de suscetibilidade, em percentagem, dos Staphylococcus

aureus isolados de feridas crônicas é demonstrado na tabela 12. Esse

microrganismo apresentou sensibilidade antimicrobiana, acima de 70% (71,8 a

97,5%), à tetraciclina, oxacilina, lincomicina, cefalexina, pefloxacina e vancomicina.

Os microrganismos tiveram perfis de resistência semelhantes (20,5%) para a

oxacilina, lincomicina e cefalexina. Na mesma tabela, é possível a visualização de

cepas intermediárias de Staphylococcus aureus à tetraciclina 2,8% e à vancomicina

2,5%.

Tabela 12 – Perfil de suscetibilidade de Staphylococcus aureus, isolados a partir de feridas crônicas (n=60), de pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho- julho, 2007.

Antibióticos testados Staphylococcus aureus (n=39)

R* I* S*

Oxacilina 20,5 - 79,5

Pefloxacina 15,3 - 84,7

Tetraciclina 15,4 2,8 71,8

Lincomicina 20,5 - 79,5

Cefalexina 20,5 - 79,5

Vancomicina - 2,5 97,5

*R – resistente, I – intermediário, S – sensível.

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O perfil de suscetibilidade das principais cepas de bactérias Gram-

negativas, encontradas nas feridas crônicas, é apresentado na tabela 13. Todas as

cepas de Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Providencia

rettgeri e Providencia sp foram totalmente sensíveis à gentamicina. Providencia

rettgeri e Providencia sp também foram 100% sensíveis à cefotaxima, aztreonam,

ciprofloxacina e amicacina. Em relação à cefalexina, todas as bactérias se

mostraram sensíveis. O perfil de resistência das bactérias Gram-negativas está

apresentado nesta tabela. Constatou-se alta resistência de cepas de Pseudomonas

aeruginosa à cefalexina.

Tabela 13 – Perfil de susceptibilidade em percentagem de bactérias Gram-negativas isoladas, a partir de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho-julho, 2007.

Microrganismos

Antibióticos

*GEN

%

CTX

%

ATM

%

CIP

%

AMI

%

AMC

%

CFE

%

R

S

I

R

S

I

R

S

I

R

S

I

R

S

I

R

S

I

R

S

I

Pseudomonas aeruginosa

-

100

-

28

36

36

-

72

28

21

65

14

-

86

14

86

14

-

93

7

-

Proteus mirabilis

-

100

-

-

90

10

10

80

10

-

90

10

-

100

-

10

90

-

-

90

1

0

Proteus vulgaris

-

100

-

11

89

-

-

67

33

-

100

-

-

100

-

33

67

-

11

78

1

1

Providencia rettgeri

-

100

-

-

100

-

-

100

-

-

100

-

-

100

-

-

67

33

-

67

3

3

Providencia sp

-

100

-

-

100

-

-

100

-

-

100

-

-

100

-

50

50

50

50

-

* GEN -gentamicina; CTX -cefotaxima; ATM - aztreonam; CIP – ciprofloxacina; AMI-amicacina; AMC – amoxilina+ac.clavulânico; CFE - cefalexina

O perfil de suscetibilidade de nove espécies de bactérias Gram-

negativas, isoladas de amostras de feridas infectadas, é apresentado, na tabela 14.

Em relação à cefalexina apenas Klebsiella sp apresentou sensibilidade, enquanto

que as demais se mostraram resistentes.

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Tabela 14 - Suscetibilidade antimicrobiana de nove espécies de bactérias Gram-negativas isoladas de feridas crônicas (n=60) de pacientes atendidos, em Unidades Básicas de Saúde, Goiânia (GO), junho - julho, 2007.

Antibióticos

Microrganismos

GEN

*

CTX ATM CIP AMI AMC CFE

Klebsiella sp **R R R I R S S

Enterobacter aerogenes S I S S R R R

Enterobacter agglomerans

S S S S S S R

Morganella morganii

S S S S S R R

Escherichia coli

S I S S S R R

Enterobacter sp

S I R S R S R

Citrobacter sp S R S S S R R

Enterobacter cloacae

R S S S I I R

Citrobacter diversus S S S S S R R

* GEN - gentamicina; CTX - cefotaxima; ATM - aztreonam; CIP – ciprofloxacina; AMI-amicacina; AMC – amoxilina+ac.clavulânico; CFE – cefalexina. ** R – resistente S – sensível, I – intermediário.

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6 DISCUSSÃO

6.1 Caracterização dos pacientes com feridas crônicas

A Organização Mundial de Saúde estima que as condições de doenças

crônicas, incluindo as não-transmissíveis, sejam responsáveis por 60% de todo o

ônus, no mundo. De acordo com este relatório, o crescimento é vertiginoso. Estima-

se que até 2020, 80% das doenças nos países em desenvolvimento, advirão de

problemas crônicos. Até hoje, em todo o mundo, os sistemas de saúde não possuem

um plano de gerenciamento das condições crônicas, e simplesmente “tratam” os

sintomas, quando aparecem (OMS, 2003). Portanto, avaliar a ocorrência de lesões,

de etiologia crônica, é de grande relevância, pois servirá de subsídio para melhorar

política de saúde na atenção primária. No Brasil, há poucos estudos sobre a

avaliação de pacientes portadores de lesões crônicas, na atenção básica. Contexto

que exige atendimento humanizado, e digno permitindo, com isso, maior

resolutividade. Em Goiânia, o manejo de lesões, de etiologia crônica, não é

priorizado, na atenção primária. Continua fortemente dependente da referência

hospitalar, principalmente, quando se exige cuidados de especialistas. Os cuidados

resumem-se apenas a execução dos curativos sem quaisquer evidências científicas.

A figura 4 mostra, apenas, números de casos por distrito. Outros

estudos são necessários buscando a prevalência, tanto na área metropolitana

quanto na região Centro-Oeste. Apesar disso, a caracterização destes pacientes é

97

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um passo importante, para o conhecimento desta parcela da população, com lesões

crônicas.

Estudos que demonstrem a prevalência global de lesões crônicas são

difíceis de serem executados, principalmente, devido aos diferentes métodos

empregados, na avaliação da clientela, altos e escassez de centros de tratamento

integrado conforme relatam Rodrigues; Mégie (2006); Pina, (2007); Janben; Becker

(2007). Dado as dificuldades inerentes à metodologia de investigação de ocorrências

de enfermidades crônicas, aliada à falta de uma rede integrada de pesquisa, estudos

isolados, são encontrados em determinadas regiões, e centros de pesquisas,

localizados nas metrópoles.

A prevalência de lesões de etiologia crônica tem-se predomínio no

sexo feminino. Rodrigues; Mégie (2006) em Quebec, no Canadá, revelam maior

ocorrência em mulheres (54,4%) e média de idade de 68,9 anos. Em Portugal, Pina

(2007), estudando os pacientes e os tipos de feridas, tratadas em serviços

comunitários, pesquisou 1424 casos de feridas em 1115 pacientes, com

predominância em mulheres (57,7%), e média de idade de 69,9 anos. Franks et al.,

(2006) numa amostra de 112 pessoas, encontraram média de idade de 76 anos e

prevalentes em 63,2% das mulheres. No Brasil, Frade et al., (2005) estudando casos

em Juiz de Fora – MG, encontraram 34,7% de pacientes masculinos e 65,3%

femininos, sendo a média de idade de 64 anos.

Neste estudo, a maioria (80,4%) era do sexo masculino e nove (19,6%)

do sexo feminino, e idade acima de 60 anos (43,5%). Os resultados, também,

demonstram maior ocorrência em pessoas acima de 60 anos e média de idade de

55 anos. A inclusão de pessoas acima de 18 anos e registros de casos de pessoas

com feridas cicatrizadas podem aumentar a prevalência. Gardner et al., (2006)

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investigararam a validade da técnica usada para identificar infecções de feridas

crônicas. Dos 102 pacientes incluídos, no estudo, 68 (82%) eram homens e apenas

15 (18%) mulheres, e a média de idade de 57 anos.

Com o avanço da idade a prevalência de feridas crônicas também

aumenta. Diante desta realidade, urge que políticas de saúde sejam implementadas

na prevenção e melhoria do tratamento daqueles que buscam a atenção primária.

Estudos epidemiológicos relacionados às úlceras de perna apresentam

um índice em torno de 0,11% a 0,18%, e a porcentagem de pessoas que sofrem de

recorrência de ulcerações em torno de 1 a 2%, da população. Há inúmeras causas,

sendo a mais comum a insuficiência venosa, com estimativa de 37% a 81%

dependendo do diagnóstico (BRIGGS; CLOSS, 2003). Entretanto, a prevalência

encontrada, no Brasil, por Maffei et al., (1986), de casos de insuficiência venosa

crônica, com feridas abertas ou úlceras cicatrizadas, foi de 3,6%.

Os estudos sustentam o aumento da idade à ulceração crônica de

perna (CALLAM et al., 1992; BAKER et al., 1994; BRIGGS; CLOSS, 2003;

RODRIGUES; MÉGIE (2006); FRANKS et al., 2006; PINA, 2007). Há, no entanto,

diferenças na prevalência dessas feridas, devido aos critérios metodológicos.

Com relação à procedência, observou-se que 26 (56,5%) dos pacientes

migraram de outros estados para Goiás, talvez em busca de tratamento e melhores

condições de vida.

Com relação à classificação socioeconômica, os sujeitos, deste estudo,

são pessoas de baixa renda familiar, por isso recorrem ao serviço público de saúde.

De acordo com a OMS (2003), indivíduos que vivem na pobreza estão vulneráveis

às condições crônicas, há aumento de ocorrências, não têm acesso aos serviços de

saúde ou medidas preventivas, agravando sua condição. De acordo com este

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relatório, cerca de 1,2 bilhões de pessoas vivem em extrema pobreza, com menos

de US$ 1 por dia. Essa situação, no Brasil, um país em desenvolvimento, representa

um complicador para pacientes com lesões de etiologia crônica, pois os tratamentos

são de custos elevados e dificultam pessoas de baixa renda de adquirir produtos e

serviços. Além disso, essas condições os impedem de trabalhar, agravando, ainda

mais, a situação econômica da família (ABBADE et al, 2005).

O Sistema Único de Saúde – SUS, na atenção básica em Goiânia,

deveria dispor de uma estrutura adequada, envolvendo todos os recursos materiais

e humanos necessários, ao atendimento humanizado e acolhedor, aos portadores

de feridas crônicas.

Neste estudo, 30 (65,2%) convivem com os companheiros que

parceiros no decorrer do tratamento, algumas vezes, exercerem as funções de

cuidadores. São muitos os fatores, envolvendo um paciente com feridas crônicas,

que afetam a família, ei-los: o estresse, mobilidade prejudicada, isolamento social,

frustração, dependência para a realização de atividades, aumento nos custos do

tratamento que alteram o orçamento familiar, atividade sexual prejudicada,

alterações na rotina da família, dor, drenagem e imagem corporal (PITTMAN, 2003).

Entretanto, o apoio familiar é de vital importância ao longo do tratamento. Por outro

lado, a convivência com uma pessoa portadora de lesão crônica, representa para a

família, o que a autora chama de “teoria do estresse na família”. Constantes

alterações acontecem na rotina do núcleo familiar, em torno do tratamento, sendo o

estresse desencadeador de conflitos. Outros estudos são necessários, buscando

avaliar o núcleo familiar, para melhor esclarecer o seu envolvimento, no decorrer do

tratamento.

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Verificou-se também que metade dos pacientes é aposentada e 15,2%

recebem auxílio - doença. Excluindo os desempregados, os demais continuam

exercendo outras atividades, principalmente, como autônomos. Em relação aos

aposentados, muitos convivem com dependentes no núcleo familiar, apesar de

pertencerem a um grupo de baixa renda. Um estudo, no Brasil, realizado por Frade

et al. (2005) mostrou grande ocorrência de lesões crônicas em pessoas de baixa

renda, e média salarial de R$ 95,00.

De acordo com Abbade et al., (2005), dos pacientes com idade média

de 57 anos, 35% estavam aposentados, 16,1% afastados do trabalho devido a

úlceras, 2,5% recebendo auxílio-doença e 4,2% desempregados. Estas alterações

nas atividades de vida diária impedem os portadores de feridas de continuarem

ativos, o que causa dificuldades, afetando, muitas vezes, a qualidade de vida, além

de acarretar ônus aos sistemas de saúde e previdenciário, interferindo na qualidade

de vida.

Quanto à localização das feridas crônicas relatadas, todas se

localizavam na perna ou no pé, da mesma forma que os achados de Dale et al.,

(1983) na Escócia; Nelzen et al., (1991) na Suécia; Baker et al., (1991) na Austrália.

Apesar destes estudos de prevalência constituírem uma amostra representativa da

população, localizada em países desenvolvidos, o que não é nosso objetivo; os

resultados apontam uma situação similar em relação aos achados de pacientes com

úlceras de etiologia venosa, (61%), na região metropolitana de Goiânia, nas UBS, no

contexto da atenção primária. Não encontraram pacientes com úlcera por pressão,

provavelmente pelas dificuldades destes pacientes referentes ao transporte até às

UBS e assim, continuam realizando os curativos no domicílio. Estes fatos impedem

estimativa real de feridas crônicas. Para tal, tornam-se necessários estudos que

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busquem informações nos centros de tratamento, nos serviços de Home Care e nos

Programas de Saúde da Família, desenvolvidos na capital.

Como observado em relação à etiologia das feridas apresentadas, 12

(26%) apresentavam úlceras diabéticas e a maioria localizada nos pés. A ocorrência

dessas lesões e sua localização são representativas de pessoas com diabetes.

(LIPSKY, et al., 2004; SUMPIO, 2000). Pesquisas indicam que, em 85% dos casos,

a ulceração precede à amputação em extremidades inferiores (ADA, 1999) sendo

então fator de risco (PECORARO, 1990), principalmente, quando estas feridas

encontram-se infectadas e com tecidos necróticos (LIPSKY, et al., 2004). No Brasil,

a ocorrência de amputações, em extremidades inferiores, é freqüente, por isso, tem

sido objeto de estudo (GAMBA et al., 2004). É importante estar atento às estatísticas

realizadas. No Brasil, na década de 90, a população de diabéticos era de

aproximadamente 10 milhões de pessoas (MALERBI; FRANCO, 1992). Considerada

um problema de saúde pública, a política do Ministério recomenda atividades de

prevenção, principalmente em pacientes diabéticos, e com lesões crônicas. O

impacto dessas lesões crônicas compromete, a qualidade de vida dos diabéticos,

aumenta os custos do tratamento, o que contribuirá para o serviço de saúde, risco

de amputações (FERREIRA, 2006) deve ser revisto pelos gestores em UBS.

Neste estudo, 37 pacientes (80,4%) apresentaram graus de

dificuldades de locomoção. A qualidade de vida é afetada pela mobilidade

prejudicada, pela ulceração que para muitos significa dor, perda da mobilidade

funcional, restrição das atividades e do lazer, redução da produtividade, no trabalho,

e algumas vezes aposentadoria por invalidez (FRANÇA; TAVARES, 2003).

A realização do curativo tanto, nas UBS quanto no domicílio, dificulta o

controle de infecções relacionadas à técnica do curativo. Apesar de não ser objeto

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do estudo, é importante ser enfocado, já que a maioria não recebeu orientações

para sua realização e não possuem condições financeiras para adquirirem materiais

para a realização dos curativos, como: gaze, ataduras, luvas, soro fisiológico e

coberturas. Além disso, 72% utilizavam o AGE, e a periodicidade de troca foi de 24

horas, conforme informado pelos doentes. Considerando que, 60,9% dos pacientes

com lesões apresentava exsudato, de moderado a muito, conforme análise das

feridas, esta periodicidade de troca não é indicada pela maioria dos estudos

relacionados. (JORGE; DANTAS, 2005; PEREIRA, 2006). A recomendação quanto à

troca é de no máximo 24 horas ou quando ocorrer saturação, no curativo. Neste

sentido, apesar da disponibilização do AGE nas UBS, sua utilização está sendo de

forma errônea, já que as feridas avaliadas apresentavam uma quantidade de

exsudato aumentada, necessitando de trocas com intervalos menores.

Outro aspecto revelado pela maioria dos pacientes, foi a descrição da

não-realização prévia do exame microbiológico, no decorrer do tratamento.

Identificamos que do total de 60 feridas, 46 (76,7%) estavam infectadas. A

importância do diagnóstico de infecção o mais precocemente possível em feridas

crônicas (BOWLER et al., 2001; GARDNER et al., 2007) e dificuldade de estabelecer

o diagnóstico, neste tipo de lesão, (BOWLER, 2003; CUTTING; WHITE, 2005) estão

claramente descritos. Dados sugerem que, seguir as recomendações para a

realização de exame microbiológico, podem direcionar a melhor escolha

antimicrobiana, em lesões infectadas. Apesar de 30,5% dos entrevistados relatarem

acompanhamento com especialistas, geralmente, em ambiente hospitalar, o

intervalo entre uma consulta e outra é muito longo, cerca de três a quatro meses,

refletindo a fragilidade do sistema de saúde com relação ao que se preconiza

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atualmente, isto é, o atendimento em rede integrada (JANBEN; BECKER, 2007),

buscando também a redução dos custos para o tratamento.

Observamos que, em um mesmo paciente com duas ou três feridas, a

análise microbiológica de cada ferida identificou cepas diferentes. Neste sentido,

ressalta-se a importância da realização de exame microbiológico, de todas as lesões

existentes, em um mesmo paciente, com sinais e sintomas de indícios clínicos de

infecção.

Esta conduta, exige reflexões, por parte dos profissionais, em relação à

terapia antimicrobiana devido à existência de Gram-positivos e Gram-negativos, em

amostras diferentes. Neste estudo, o perfil de sensibilidade e resistência, a partir de

lesões diferentes em um mesmo paciente, apresentou diferenças entre as cepas

identificadas. A indicação pelos profissionais de saúde de antimicrobianos deverá

ser instituída tendo como critério a diversidade microbiana encontrada, nessas

lesões. A tendência atual é encontrar antimicrobiano de pequeno espectro, eficaz e

evitar aparecimento de resistência com o de largo espectro que atenda aos

resultados microbiológicos encontrados.

6.2 Caracterização das feridas crônicas

Das 60 feridas analisadas, 45 (75%) estavam infectadas e 15 (25%)

não-infectadas. Um trabalho realizado, nos Estados Unidos, analisou 36 feridas,

pelos critérios clínicos de infecção, clássicos e adicionais e apenas 11 (30,5%)

estavam infectadas, e 25 (69,4%) não-infectadas (Gardner et al., 2001). São

realidades diferentes que impedem comparações. Dentre os estudos encontrados

sobre feridas crônicas, realizados no Brasil, consideram-se apenas os achados

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microbiológicos, sem especificar se as lesões estavam infectadas ou não, quais os

critérios utilizados para a indicação do exame microbiológico (Vera et al., 2006;

Fernandes et al., 2007). A caracterização do quadro infeccioso é essencialmente

clínica, e o material para análise microbiológica complementa as informações, e

direcionam a terapia antimicrobiana.

A variabilidade encontrada, com relação ao tempo de existência das

lesões, revela a falta de ações sistematizadas e integradas, para o atendimento aos

pacientes que apresentam feridas com duração de até 30 anos. Sendo assim, os

custos com o tratamento são significativos mesmo considerando somente os itens

relacionados ao curativo como: gaze, ataduras, soro fisiológico e profissional

técnico, para uma lesão com 1680 semanas, sem acrescentar a cobertura utilizada.

A política nacional de saúde pública e os direitos do cidadão são garantidos na

legislação do SUS (Sistema Único de Saúde), no entanto, nem sempre são

cumpridos, no contexto da atenção primária. A duração média, encontrada nesta

pesquisa, foi de 316,4 semanas, o equivalente a 6,5 anos ou 79,1 meses de

existência de uma ferida crônica. Apesar da amostra não ser representativa da

população, e não se tratar de um estudo de prevalência, a média de duração foi

superior aos estudos encontrados na literatura internacional, em países, como: o

Canadá com média de 26,8 meses (RODRIGUES; MEGIE, 2006), em Portugal,

média de 19,4 meses para as úlceras de perna (PINA, 2007), Austrália, média de 26

semanas, isto é, 6,5 meses (BAKER et al., 1991). Em estudo realizado, no Brasil, no

Estado de Minas Gerais, a média foi de 94 meses, o equivalente a 7,8 anos de

cronicidade das úlceras (FRADE et al., 2005), semelhante ao encontrado.

Houve grande variedade no tamanho das lesões, e quanto maior a

área da ferida pior o prognóstico associado ao tempo de existência, cuja cronicidade

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da lesão dificulta a cicatrização (MENKE et al., 2007). Desta forma, a co-existência

dessas duas variáveis, são fatores dificultadores, e refletem falhas no manejo de

lesões infectadas aliados aos múltiplos fatores, que possivelmente estão

associados, impedindo a evolução do processo cicatricial. São feridas complexas

(FERREIRA, et al., 2006), e requerem a etapa de mensuração, na rotina do serviço,

com uma das técnicas descritas na literatura (KEAST et al., 2004), com intervalo de

duas a quatro semanas (DEALEY, 2001), pois é pouco provável que numa medida

mais freqüente, haja modificações no tamanho. A documentação dessas e de outras

variáveis são importantes, tanto em pesquisas que envolvem as taxas de

cicatrização (SANTOS et al., 2007), quanto nas rotinas, pois subsidiam mudanças a

serem implementadas no decorrer do tratamento, e servem de medidas para avaliar

o serviço (HESS, 2005).

A utilização dos sinais e sintomas clássicos e adicionais para identificar

infecção em feridas crônicas levou-nos a avaliar a ocorrência dos mesmos em

pacientes, da atenção primária. Dentre os sinais clássicos: dor, eritema, edema e

calor obtiveram uma freqüência alta, tanto nas lesões infectadas quanto nas não-

infectadas, e assim, não devem servir, unicamente, como indicadores de infecção.

Essa tendência é descrita, na literatura, desde 1994 (CUTTING; HANDING, 1994).

Briggs et al (2007), no estudo de coorte, realizado no Reino Unido, a intensidade da

dor de pacientes com úlceras de perna, relacionada com o tipo, tamanho,

localização ou duração da lesão, não houve significância estatística.

Neste estudo, no entanto, exsudato purulento, apesar da incidência em

50% da feridas, ocorreu principalmente nas feridas infectadas. Não há como

comparar nossos resultados com outros estudados, ao diagnóstico de infecção,

devido aos diferentes métodos de pesquisa, tamanho da amostra, tipo de ferida,

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idade dos sujeitos e habilidades de cada pesquisador. Essas dificuldades revelam a

complexidade do diagnóstico de infecção, em feridas crônicas e a falta de consenso

para a definição precisa ao estabelecê-lo. Quanto aos sinais adicionais,

encontramos resultados significativos, os quais revelaram que todos eles podem ser

utilizados na identificação de infecção em ferida crônica, apesar de muitos destes

sinais e sintomas dependerem da habilidade do profissional.

Calor, descoloração do tecido de granulação e odor fétido requerem

julgamentos mais subjetivos do avaliador, porque dependem do tato, da visão e do

olfato (GARDNER et al., 2007).

O mais importante para a prática dos profissionais, é detectar, o mais

precocemente possível, o diagnóstico de infecção em feridas crônicas utilizando os

sinais e sintomas, tanto os clássicos quanto os adicionais sugeridos e testados

juntamente com as observações microbiológicas (CUTTING, 1998; GARDNER et al.,

2001; CUTTING; WHITE, 2005; GARDNER et al., 2007), e considerar que a

manifestação de infecção em ferida depende não somente da existência de

microrganismos ou de um ou mais sinais, mas também, da resistência do

hospedeiro. Para Serena et al., (2006), avaliando a ocorrência de infecção em

feridas crônicas em 352 pessoas submetidas à biopsia, a partir de úlceras venosas

consideradas clinicamente não-infectadas, encontraram 26% de feridas infectadas.

Ayello et al. (2004), relatam que a utilização do TIME para o tratamento

de feridas crônicas, que apresentam sinais e sintomas de infecção, que inviabilizam

a evolução da cicatrização pode ser uma ferramenta útil, para os enfermeiros. As

condutas para o T (tissue) de tecido não-saudável, a recomendação é o

debridamento. A partir da avaliação clínica e observação de infecção associada com

inflamação (I - infection, inflammation)-, a conduta deve ser o emprego de

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antibioticoterapia ou fatores de crescimento, entre outros. Com relação ao aumento

do exsudato (M – moisture), torna-se necessário o emprego de coberturas que

façam o controle da secreção, e por último, ocorrendo cicatrização sem evolução,

evidenciada por bordas sem epitelização (E – edges), recomenda-se reavaliar o

paciente e empregar terapias avançadas.

6.3 Microbiologia das feridas crônicas

Dentre as bactérias isoladas, as mais freqüentes foram:

Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Estes achados são

semelhantes a outros trabalhos desenvolvidos, no Brasil, e em outros países,

(BOWLER; DAVIES, 1999; BOWLER et al., 2001; GOMES, 2001; BOWLER, 2003;

BJARNSHOLT, et al., 2008; QUEGE, 2008), considerando que feridas crônicas

contêm, em geral, uma diversidade microbiana presente, tanto em feridas infectadas

quanto não-infectadas (EDWARDS; HARDING, 2004; HOWELL; JONES et al.,

2005). Estas características também foram encontradas no grupo investigado, pois

numa mesma ferida, espécies diferentes foram encontradas. Neste sentido, os

enfermeiros precisam avaliar a técnica de curativo, porque, às vezes, utiliza-se uma

pinça em todas as lesões. A existência de microrganismos diferentes nas lesões de

um mesmo paciente desaconselha esta conduta, a troca do material associado à

técnica asséptica, com prévia higiene das mãos, evitará contaminação.

A existência de múltiplas espécies colonizando feridas crônicas exige

medidas de biossegurança. As práticas e as técnicas que controlam ou previnem a

transmissão de infecção ajudam a proteger os pacientes e os profissionais de saúde.

POTTER; PERRY (2005). As exposições ao sangue ou outros fluidos corpóreos

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representam risco de transmissão ocupacional dos vírus das hepatites B e C e HIV

sendo um dos meios de transmissão a exposição em pele lesionada (BRASIL,

2004). Por outro lado, a pele lesionada constitui-se uma porta de entrada

potencializando o risco para o paciente. Desta forma é preciso implementar as

precauções padrão na realização de curativos que incluem: a higienização das

mãos, o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), o cuidado no manuseio

de perfurocortantes, o processamento das superfícies e o reprocessamento dos

artigos (SIEGUEL, 2007). Também é importante a vacinação dos profissionais para

doenças imunopreveníveis.

De acordo com APECIH (2007), durante o atendimento em sala de

curativo, cuidados de higiene: limpeza e desinfecção de macas, bancadas, outros

mobiliários, o piso, a desinfecção do frasco de soro com álcool a 70%, emprego de

técnica asséptica para a realização de curativo, uso de luvas cirúrgicas, são também

necessários e, podem prevenir a transmissão de infecção.

As lesões dos pacientes atendidos, na sua maioria, apresentaram

aumento na drenagem de exsudato onde a limpeza adequada da lesão com soro

fisiológico a 0,9% é importante no tratamento, o que requer do profissional a estrita

observação das medidas de controle de infecção.

No estudo, outros gêneros, freqüentemente, encontrados como

Streptococcus ß-hemolitico não desenvolveram em caldo BHI ou em ágar sangue de

carneiro a 5% e os anaeróbios estritos não foram considerados na cultura pelas

dificuldades técnicas e método de coleta utilizado. A alta carga de Staphylococcus

aureus ocorrida nas 60 lesões avaliadas, reflete os achados de outros

pesquisadores (GARDNER et al., 2004), e somente sua presença, em feridas

crônicas, não pode ser associada ao aparecimento dos sinais clínicos de infecção.

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Há lesões de etiologia crônica que não apresentam sinais clínicos de infecção,

apesar de conterem alto número de microrganismos, colonizando sua superfície

(GARDNER, et al., 2001).

No decorrer do tratamento, avaliando o paciente e as características da

lesão, se o processo cicatricial evolui, não há necessidade de indicar análise

microbiológica. Feridas crônicas, que não cicatrizam, representam um dilema

terapêutico, e a infecção é somente um deles, no conjunto multifatorial (CHAUHAN,

et al., 2003).

A alta freqüência de Gram-negativos nas amostras de feridas crônicas

revela a existência de múltiplas espécies, numa mesma lesão, colonizando-as e,

freqüentemente, formando biofilme (BOWLER et al., 2003; DAVIS, et al., 2008;

JAMES et al., 2008). Os gêneros mais comumente encontrados, Pseudomonas e

Proteus também são demonstrados em outros estudos (VERA et al., 2006). Gram-

negativos são considerados ubíquos e pertencentes à microbiota da pele, podendo

estar também associados à infecção (OVINGTON, 2003; DAVIES et al., 2007).

Apesar de serem colonizadores de superfície e integrar o biofilme em lesões

crônicas, também foram encontrados em tecidos tissulares mais profundos (HILL et

al., 2003). A presença de Pseudomonas aeruginosa têm sido associadas à rápida

deterioração dos tecidos, em úlceras venosas infectadas (DANIELSON et al., 1996).

Ressaltamos a dificuldade atual em diferenciar um microrganismo

toxigênico num determinado local, principalmente, a pele, e um simples colonizador,

e outro com características toxigênicas, mas habitante acidental, e eliminado

rapidamente pelas defesas do hospedeiro ou germes pré-existentes. Esta situação

revela as incertezas, em torno do diagnóstico de infecção em ferida crônica, dada à

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diversidade microbiana e dos múltiplos fatores que podem interferir na cicatrização,

dessas lesões.

O diagnostico clínico de infecção torna-se problemático, porque a

presença de microrganismos não indica infecção. Isto, certamente pode levar ao uso

desnecessário de antibióticos (HOWELL; JONES, 2005). Com relação à

suscetibilidade antimicrobiana de microrganismos identificados, em feridas crônicas,

encontramos poucos estudos, nacionais e internacionais, com metodologia própria

para atenção primária, que pudessem servir de comparações.

No entanto, os antibióticos são muito utilizados, na prática, para o

tratamento de lesões de etiologia crônica (HOWELL; JONES, 2005).

Com relação ao perfil de sensibilidade e resistência aos antibióticos,

encontramos diferenças, entre populações de indivíduos com feridas crônicas

(HOWELL; JONES, 2005). Neste sentido, esta pesquisa torna-se um valoroso

instrumento de informações sobre o perfil de suscetibilidade antimicrobiana em

pacientes atendidos na atenção primária, da região metropolitana de Goiânia.

Ressaltamos a dificuldade em comparar os estudos devido à aplicação de diferentes

métodos de coleta e análise microbiológica, assim como aqueles relacionados às

diferenças entre grupos populacionais, etiologia das feridas e status de infecção

(DAVIES et al., 2001). A disponibilização de antibióticos atualmente recomendados,

para o tratamento de feridas crônicas, está limitada nas UBS, e de acordo com

relatos dos pacientes, a maioria dos antibióticos utilizados foram adquiridos com

recursos próprios ou mediante processo administrativo, via Ministério Publico.

O perfil de resistência de Staphylococcus aureus observado para a

oxacilina, mostrou-se abaixo das cepas encontradas, em ambiente hospitalar, em

torno de 30 a 60% (TAVARES, 2007). Resultados semelhantes foram encontrados,

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112

(VERA et al., 2006), com sensibilidade acima de 90% à oxacilina, ciprofloxacino,

tetraciclina, clindamicina e vancomicina. Embora a oxacilina possa ser resistente à

inativação pelas penicilinases, pode, entretanto, sofrer inativação por outras beta-

lactamases produzidas por enterobactérias e Pseudomonas sp., de acordo com

Tavares (2007). Desta forma, mesmo com sensibilidade acima de 70%, conforme foi

verificada , há que considerar a natureza polimicrobiana, em lesões de etiologia

crônica, e a possibilidade da associação de espécies de S. aureus, Pseudomonas

aeruginosa e outros, colonizando simultaneamente numa mesma ferida. Por isso, as

recomendações do exame microbiológico, e quando possível, a utilização conjunta

com outro grupo de antibióticos que tenha espectro de ação tanto para Gram-

positivos e Gram-negativos. S. aureus resistentes à oxacilina são chamados de

(ORSA) ou estafilococos oxacilinarresistentes. A resistência comparada à meticilina

são chamas de (MRSA) ou estafilococos meticilinarresistentes.

A cefalexina, uma cefalosporina de primeira geração, ainda utilizada

para tratamento de úlceras de perna, mostrou eficácia como antimicrobiano em mais

de 70%, das amostras positivas para Staphylococcus aureus.

A tetraciclina, um antibiótico mais antigo, muito utilizado em várias

infecções, o que conduziu ao desenvolvimento de resistência pelos microrganismos,

mostrou eficácia como antimicrobiano acima de 70%, das amostras positivas para

Staphylococcus aureus, e servirá novamente de opção para o tratamento,

principalmente, pela facilidade de sua administração por via oral e os baixos custos.

(TAVARES, 2007).

Conseqüentemente, mesmo em infecções comunitárias devemos, em

longo prazo, suspeitar de cepas mais resistentes. Provavelmente, a realização de

curativos nos pacientes, tanto em UBS quanto em ambiente hospitalar, devido ao

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retorno a consultas, buscando especialidades, pode carrear germes mais resistentes

para os ambulatórios ou pelos profissionais de saúde que atuam em ambos os

serviços, considerando que os microrganismos estão disseminados no meio

ambiente.

Uma outra opção seria, a gentamicina, com 100% de eficácia para

todas as bactérias Gram-negativas, identificadas no estudo. Todavia, deve ser

empregada com cautela devido aos seus efeitos de toxicidade.

A alta resistência, desse microrganismo, à cefalexina, uma

cefalosporina de primeira geração, à cefotaxima, outra, cefalosporina, porém de

terceira geração (TAVARES, 2007), verificadas, no estudo, apenas comprovam suas

ineficácias frente às cepas dessa bactéria e de outras Gram-negativas, produtoras

de beta-lactamases. Resistência semelhante a estes germes foi constatada na

amoxicilina+clavulanato, associação visando bactérias produtoras de

betalactamases de espectro ampliado. No entanto, devido à baixa ação para

Pseudomonas sp., seu uso é recomendado para infecções por estafilococos

(TAVARES, 2007). Observamos sensibilidade de 65% frente à ciprofloxacina,

antibiótico prescrito rotineiramente nos ambulatórios, e foram identificadas cepas de

nível intermediário e resistente, perfazendo 35%.

Para Tavares (2007), antibióticos de “largo” ou “amplo” espectro nem

sempre se mostram eficazes sobre grande número de germes, sofrendo os efeitos

limitadores da resistência bacteriana. O uso prévio de antimicrobianos já foi

associado aos mecanismos de multirresistência de Pseudomonas aeruginosa

(NOUÉR, 2005) podendo se estender fora do ambiente hospitalar.

Os antibióticos são freqüentemente indicados no tratamento de feridas

crônicas, na atenção primária, de acordo com levantamento de Howell;Jones (2006),

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essa realidade é comum, no Brasil. A conclusão de uma revisão sistemática sobre

os agentes antimicrobianos, utilizados em feridas crônicas, (O`MEARA et al., 2001)

apresentou insuficiente evidência na cicatrização de feridas. Segundo os autores, é

possível que tratamentos físicos, como bandagens compressivas, sejam mais

importantes para a cicatrização. Para Howell;Jones (2005), consultando a literatura,

sobre pesquisas referentes aos antibióticos sistêmicos, em pacientes com feridas

crônicas, não encontrou estudos conclusivos que assegurem o uso da forma como

vem acontecendo, na prática. Sendo assim, dado ao aspecto multifatorial de feridas

com etiologia crônica, é preciso ter a clareza de que, para a evolução do tratamento

e cura das lesões, vários fatores precisam ser controlados, e não apenas a infecção.

São feridas complexas, e assim também o tratamento. Estas evidências clínicas

devem ser incorporadas, pelos profissionais, atuantes na atenção primária,

buscando contribuir para a resolutividade mais eficaz e imediata no decorrer do

tratamento em UBS. Para Donohue et al., (2004), o enfoque multidisciplinar na

prevenção e tratamento de lesões consideradas difíceis de cicatrizar, são

importantes e necessários na atenção primária.

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7 CONCLUSÕES

Este estudo, com 46 pacientes portadores de feridas crônicas

atendidos em dez unidades básicas de saúde, no Município de Goiânia, permitiu

concluir que: a maioria era do sexo masculino, 37 (80,4%) e apenas nove (19,6%)

do sexo feminino e média de idade de 55 anos. São usuários, em sua maioria

pertencente à classe econômica E, 20 (43,5%) conviviam com os companheiros, 30

(65,2%) eram aposentados e 23 (50%) possuíam condições de saneamento básico.

Evidenciamos que os portadores de feridas crônicas, atendidos em

unidades básicas de saúde, em Goiânia, são pessoas de baixa renda familiar que

dependem do serviço público de saúde. Encontramos pacientes com lesões há mais

de 20 anos, cujas famílias não possuem condições socioeconômicas de buscarem

outros tratamentos. A falta de gerenciamento e de uma assistência integral, para os

portadores de lesões, pelo sistema de saúde, reflete o estadiamento dos casos

encontrados.

Mediante análise bivariada de fatores sóciodemográficos, em relação

ao status de infecção, não houve diferenças estatisticamente significantes. Dos 46

pacientes avaliados, dois deles tinham três lesões, dez tinham duas,

correspondendo ao total de 20 feridas, e 34 apresentavam uma lesão, perfazendo

um total de 60 lesões. A maioria dos pacientes avaliados em nenhum momento do

tratamento havia realizado exames microbiológicos, evidenciando a fragilidade do

sistema de atendimento aos usuários.

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Dentre as feridas computadas, 28 (61%) eram úlceras venosas, 12

(26%) úlceras diabéticas e 6 (13%) feridas traumáticas, todas localizadas nos

membros inferiores. A descrição dos casos ocorreu apenas nas unidades com

atendimento 24 horas, e mesmo assim, a ocorrência de pacientes, com úlceras

venosas, foi maior. Desta forma, políticas públicas de saúde necessitam ser

implementadas para atender estes usuários. Outras pesquisas, com maior

abrangência, são necessárias buscando a prevalência dos casos de úlceras

venosas, na capital.

Quanto às experiências dos pacientes, com relação ao tratamento, a

maioria 31 (67,4%) realizavam os curativos nas UBS e domicílios, tendo como

cobertura primária o AGE, cuja troca ocorria a cada 24 horas, independente da

quantidade de exsudato, liberada pela lesão. Os usuários, em sua maioria, referiram

não apresentar reações alérgicas, 39 (84,8%), a coberturas utilizadas. A atuação

dos enfermeiros em Unidades Básicas de Saúde deve ser reavaliada, pois 89,1 dos

pacientes atendidos não receberam orientações para a realização do curativo, no

domicílio.

Das 60 lesões avaliadas, 45 (75%) estavam infectadas e 15 (25%) não

infectadas. Dentre os fatores e caracterização das lesões, mediante análise

bivariada, foi encontrada uma associação entre status de infecção e a profundidade

da extensão do dano tissular e foram encontradas quantidades de tecido necrótico e

de exsudato, significância estatística.

Os sinais clássicos: aumento da dor, eritema, edema e calor tiveram

uma freqüência acima de 80%, em ambos os grupos de feridas infectadas e não-

infectadas, no entanto, o sinal exsudato purulento ocorreu em 30 (66,7%) feridas

infectadas e não sendo observado nas lesões não-infectadas. Dentre os sinais

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adicionais característicos em lesões de etiologia crônica, apenas o sinal

descoloração do leito da ferida, foi avaliado numa proporção maior que 90%, em

ambos os grupos. Os sinais granulação friável, odor fétido e túnel para os tecidos

moles tiveram uma freqüência menor.

Ressaltamos que, por meio de fichas de avaliação de pacientes com

feridas, os dados clínicos de sinais e sintomas clássicos e adicionais devem ser

incluídos, na prática, e servirem de parâmetros para os diagnósticos de infecções, e

dependendo da habilidade do enfermeiro, propiciar maior clareza.

Constataram-se falta de integralidade entre as ações voltadas para o

atendimento aos portadores de lesões; o retorno entre uma consulta e outra, com

especialista, demorava cerca de três a quatro meses e o atendimento em sala de

curativo, pelo técnico de enfermagem, ocorria sem a supervisão do enfermeiro.

Staphylococcus aureus predominaram em 65% dos casos, e foram

sensíveis a maioria dos antibióticos testados. Entre as bactérias Gram-negativas, as

mais freqüentes foram: Pseudomonas aeruginosa (23,3%), resistentes à

amoxicilina+ácido clavulânico, cefalexina e cefotaxima; Proteus mirabilis (16,6%) e

Proteus vulgaris (15,0%) todos sensíveis à gentamicina, aztreonam, ciprofloxacino e

amicacina. A indicação de antimicrobianos deve ser associada a outras terapias a

fim de favorecerem o processo de cicatrização.

A atenção básica, na área de atendimento à pessoa com feridas

crônicas, necessita de profunda reflexão, por parte dos gestores e dos profissionais

de saúde, tanto os médicos, como enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem, os agentes comunitários de saúde e a própria população.

O mapeamento, realizado através desta pesquisa, comprovou que

pacientes com feridas crônicas constituem um grave problema de saúde pública.

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Muito contribui para essa realidade as dificuldades inerentes às condições

socioeconômicas dos portadores e a falta de estrutura e resolutividade existentes

nas unidades básicas de saúde.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A caracterização dos pacientes com lesões de etiologia crônica

mostrou a fragilidade do sistema, as lacunas existentes no trabalho, na equipe

multiprofissional e no serviço público. É mister a implantação de mudanças urgentes

visando criar uma rede de assistência integrada, para o atendimento à população,

em causa.

A utilização dos sinais e sintomas clássicos e adicionais para identificar

infecção em feridas crônicas revelou-se importante ao apontar um caminho em

busca do diagnóstico eficaz, no decorrer do tratamento. Ao mesmo tempo,

evidenciou-se a importância da Microbiologia, pois tanto em lesões infectadas

quanto não-infectadas, encontra-se uma microbiota mista e transitória. Todos os

fatores componentes das doenças dos pacientes devem ser investigados, desde a

manifestação do quadro infeccioso, ao estadiamento da cicatrização de feridas

crônicas devido à patologia de base e das condutas a serem asseguradas.

O conhecimento relacionado à suscetibilidade antimicrobiana deve ser

levado a todos os profissionais, que atuam no serviço público. É necessário reavaliar

a indicação de terapia antimicrobiana, em pacientes ambulatoriais com lesões

crônicas. Deve-se reservar a indicação para os casos cujas condutas terapêuticas

englobam a multiplicidade de fatores em torno do diagnóstico, dessas lesões.

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O controle da infecção, mediante a ação de um antibiótico, por si só

não garante o avanço da cicatrização, uma vez que a infecção é apenas um dos

fatores, no processo multifatorial.

Houve dificuldades no decorrer da realização do trabalho e falta de

uma rede de pesquisa integrada que seria essencial. Também, não tivemos ajuda

financeira. Ressaltamos o apoio técnico do Laboratório de Microbiologia do Instituto

de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP-

UFG), e igualmente o incentivo dos gestores da UBS, Cais Chácara do Governador.

O diagnóstico de infecção realizado, somente pela pesquisadora, limita os achados,

apesar da utilização de instrumentos testados em outros centros de pesquisa

internacional, para o diagnóstico de infecção em ferida crônica.

Apesar das dificuldades, a realização desta pesquisa permitiu reflexões

sobre o papel do enfermeiro, inserido em uma equipe multiprofissional, e da falta de

integralidade, no atendimento aos pacientes portadores de feridas crônicas, na

atenção básica.

A realização deste estudo já promoveu mudanças no atendimento na

sala de curativos na Unidade Básica de Saúde - UBS, Cais Chácara do Governador.

O anexo, para avaliação de pacientes portadores de lesões, foi adaptado para o

atendimento diário dos usuários. Cursos de atualização e capacitação são

ministrados regularmente para técnicos que trabalham na sala de curativo. A rotina

da sala de curativos foi implementada com mudanças na limpeza, técnica em

curativo e disponibilização de recursos materiais como por exemplo: os

Equipamentos de Proteção Individual. Houve maior interação entre os profissionais

de saúde que atendem na UBS: farmacêuticos, médicos, assistente social, gestores,

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enfermeiros e técnicos de enfermagem e demais categorias, todos em prol do

atendimento humanizado à clientela.

As expectativas são grandes, no sentido de se alcançar melhorias,

tanto em conhecimento quanto na área de avaliação e tratamento de feridas.

Recentemente, foi consolidada a Rede Goiana de Pesquisa em Avaliação e

Tratamento de Feridas da qual faço parte, tendo como parceiros: a Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, a Secretaria Municipal de Saúde de

Goiânia e a Associação de Combate ao Câncer, em Goiás, tendo como objetivos

produzir conhecimento e tecnologia que possam fornecer subsídios para a

formulação de políticas públicas e prática baseada em evidência, e

conseqüentemente, promover um atendimento humanizado e de qualidade aos

usuários.

Compreendemos a importância do enfermeiro, no atendimento na sala

de curativos, na atenção básica. Entretanto, é preciso existir maior envolvimento

destes profissionais com os demais, buscando melhorias e parcerias que contribuam

para uma mudança significativa, nas unidades.

Apesar do número de pacientes, incluídos neste estudo, os esforços

em busca dos casos, nas várias regiões de Goiânia, e a avaliação criteriosa das 60

feridas incluídas, para análise microbiológica, foram muito importantes. Encontramos

registros, na literatura, referente a sua ocorrência na região central do Brasil, em

ambiente hospitalar, mas não em UBS. Ressaltamos a necessidade de estudos de

prevalência e estruturação dos serviços, na capital.

Por outro lado, os profissionais que atuam, na atenção primária,

necessitam aplicar as evidências na caracterização do quadro clínico infeccioso e

para isto, atualizações são pertinentes tendo em vista a grandeza e as dificuldades

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do tratamento de lesões crônicas, como processo multifatorial. Um esforço coletivo

com equipe multiprofissional, e atendimento, por meio de protocolo, são importantes

como forma de organizar e acolher os portadores de feridas, em UBS.

Para o atendimento integral dos pacientes com feridas crônicas

atendidos em UBS, nas salas de curativos, considera-se primordial o atendimento

por meio de protocolo, anotações em prontuário com acompanhamento dos casos,

rede de apoio integrada com equipe multiprofissional, avaliação e tratamento

conforme a etiologia das lesões, facilidade no agendamento de consultas dos

usuários, fluxo de laboratório de microbiologia, disponibilidade de coberturas e

terapias, para os casos indicados, exames complementares como o dupplex scan.

O papel do enfermeiro assistencial em UBS é essencial, no decorrer do

tratamento de pacientes portadores de feridas crônicas. Esperamos que os

resultados, deste estudo, promovam mudanças na prática destas instituições

incluindo o trabalho educativo, envolvimento multiprofissional, com assistência

integral e resolutiva.

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135

ANEXO I ROTEIRO PARA CARACTERIZAÇÃO DE FERIDAS CRÔNICAS DE PACIENTES ATENDIDOS

COMO DEMANDA ESPONTÂNEA EM UNIDADE DE SAÚDE DE GOIÂNIA

UNIDADE________________________________DATA DA COLETA:__________________

1 Identificação/dados sócio-econômico-demográficos: Nome: ______________________________________________________________________ DN:___/__/__ Idade:___________anos Sexo: 1( ) M 2 ( )F Endereço:__________________________________________________Fone:_____________ N° filhos____________ N° dependentes: ______ Ocupação atual: ______________________________________________________________ Procedência: _________________________________________________________________ Escolaridade do chefe da casa: ( ) nenhuma/ primário incompleto ( ) primário completo/ ginasial incompleto ( ) ginasial completo/ colegial incompleto ( ) colegial completo/superior incompleto ( ) superior completo ( ) pós-graduação Situação conjugal: ( ) com companheiro ( ) sem companheiro Situação ocupacional: ( ) ativo ____________ ( ) desempregado ( ) afastado ( ) aposentado Marque o número de itens que possui em casa (de nenhum = 0 até 6ou+): carros ( ) TV em cores ( ) banheiros ( ) empregadas domésticas ( ) rádios ( ) máquina de lavar ( ) videocassete/DVD ( ) Forno microondas ( ) Geladeira ( ) Saneamento básico: ( ) água tratada ( ) esgoto ( ) eletricidade ( ) coleta de lixo 2 Antecedentes pessoais Antecedentes pessoais/doença de base: __________________________________________ ____________________________________________________________________________ 3 Experiências com o tratamento para a lesão Local onde costuma realizar os curativos: ( ) cais ( ) posto de saúde ( ) hospital ( ) outro Realiza os curativos no domicílio? ( ) sim ( ) não Se sim, quem realiza? ________________ Recebeu treinamento para realizar os curativos? ( ) sim ( ) não Exame microbiológico anterior da lesão? ( ) sim ( ) não Se sim, resultado ____________________________________________________________________ Profissionais acompanham os curativos no domicílio? SE sim, qual? _____________________ Coberturas utilizada no momento: ________________________________________________ Medicamentos utilizados para o tratamento da lesão: _________________________________ Alergia a tratamentos utilizados para a lesão: ( ) sim qual(is)___________________________ ( ) não Medicamentos atualmente utilizados/motivo:_________________________________________ _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________ 4 Fatores gerais de risco de infecção Mobilidade: ( ) deambula s/ apoio ( ) deambula c/ apoio ______________ ( ) claudicação/alteração da marcha Nível: ( )limitada ( ) imóvel ( ) temporária ( )rigidez ( ) outro ______________________ No trabalho: ( ) permanece em pé ( ) sentado durante dia ( ) alterna MMII periodicamente Exame físico: PA: ______mmHg Pernas: características da pele ___________________________________________________

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ANEXO 2 CHECK-LIST PARA CARACTERIZACÃO DOS SINAIS E SINTOMAS CARACTERÍSTICOS EM

FERIDAS CRÔNICAS

5. Caracterização da ferida Tempo de lesão: ( ) dias________ ( ) semanas _______ ( ) anos_______ História e evolução da lesão:___________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Localização anatômica:

MID ( ) MIE ( ) Outro ( )_______________

N° de lesões: ( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) mais de três Medidas: Largura:__________________cm Comprimento____________cm ÁREA______________cm2 (margem da ferida com acetato) Fotografia lesão: ( ) sim ( ) não Nível de profundidade- valor:______________________________________________ Extensão do dano: ( ) epiderme/derme/tecido subcutâneo ( ) fascia ( ) tecido muscular ( ) tendão ( ) osso Exsudato: ( ) sim ( ) não Qualidade: ( ) seroso ( ) serosanguinolento ( ) purulento ( ) seropurulento ( ) sanguinolento ( )serosanguinolento Quantidade: ( )ausente ( ) pouco ( ) moderado ( ) muito Cor: ( ) amarela ( ) branca ( ) esverdeada ( ) acastanhada ( ) vermelha outra ____________________________ Odor: ( ) ausente ( ) fétido Condição da pele adjacente: Temperatura: ( ) +quente ( ) +fria ( ) isotérmica Cor: ( ) normal ( ) pálida/descolorada ( ) cinza ( ) marrom/ocre ( ) hiperemiada grau: ( ) +/4+ ( ) ++/4+ ( ) +++/4+ ( )++++/4+ Aspecto da pele: ( ) normal ( ) seca ( ) descamativa ( ) fina/frágil ( ) lisa ( ) áspera Edema: ( ) sim grau: ( )+/4+ ( ) ++/4+ ( ) +++/4+ ( )++++/4+ ( )não Perfusão tissular periférica: (pressão dos digitais, espera de 5 segundos) grau: _______________ Condição da borda: ( ) epitelização evidente ( ) hiperemiada ( ) roxa ( ) macerada ( ) esfacelos ( ) amarela ( ) verde ( ) necrose ( ) descorada ( ) rompimento da ferida ( )epitelização sem avanço/cicatrização reduzida ( ) túnel para os tecidos moles(migração celular) Condição do leito: ( )granulação/vermelha brilhante ( ) granulação friável ( ) granulação descolorada ( )esfacelos ( ) necrose ( ) cor predominante_______________

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Classificação da ferida: Quanto à cronologia: ( ) aguda ( ) crônica Quanto à etiologia: ( ) traumática ____________ ( ) cirúrgica ( ) queimadura ( ) úlcera de perna (tipo) _______________________________________ ( ) úlcera por pressão Características das úlceras: Quanto à contaminação: ( ) infectada ( ) não-infectada Características da úlcera:

Venosa

Observações e exames apresentados para o diagnóstico etiológico: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( )Dupplex scan ( )Ultrassonografia ( )Arteriografia ( )Diagnóstico clínico comprovado ( )outros___________________________________________________________________

VENOSA ( ) hiperpigmentação ( ) lipodermatosclerose ( ) edema ( ) varizes ( ) celulite ( )outro________

ARTERIAL ( ) claudicação ( ) ausência de pelos ( ) cianose ( ) hipotermia ( ) outro________

NEUROTRÓFICA ( )sensibilidade reduzida ( ) anidrose ( ) fissuras ( ) rachaduras ( ) deformidades outro________

DIABÉTICA ( ) pulso pedial ( ) pele ressecada ( ) celulite ( ) edema ( )outro________

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ANEXO 3

ROTEIRO PARA COLETA DE MATERIAL MICROBIOLÓGICO - IPTSP/UFG DATA:____________________NÚMERO DA COLETA:_______________________________

FERIDAS QUE REQUEREM EXAME MICROBIOLÓGICO

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Check-list dos sinais clínicos de ferida infectada

Sinais clássicos: ( )dor aumentada ( ) eritema ( ) edema ( ) calor ( )exsudato purulento Sinais adicionais para infecção em ferida com cicatrização por 2ª intenção: ( ) cicatrização sem evolução ( ) descoloração do leito ( ) rompimento da lesão ( ) granulação friável e/ou ( ) exsudato sanguinolento ( )odor fétido ( )túnel para os tecidos moles ( ) exsudato seroso aumentado Classificação: ( ) infectada sem tecido necrótico ( ) não-infectada ( ) infectada e com tecido necrótico Coleta de material para exame microbiológico: ( ) sim ( ) não Técnica de Levine com swab (1976) com referência atualmente testada (Gardner, 2006). Data: ___/____/__ Assinatura observador _________________________________________________________ Encaminhamentos: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Assinatura: __________________________________________________________________ COREN: ____________________________________________________________________ Resultados microbiógicos e suscetibilidade antimicrobiana ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO 4

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ANEXO 5

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ANEXO 6 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em

uma pesquisa.

Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de

aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas

vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa

você não será penalizado de forma alguma, e continuará sendo atendido da mesma

forma, nesta instituição.

Em caso de dúvida você poderá entrar em contato com a

pesquisadora: Marlene Andrade Martins, nos telefones: (62) 32753301 ou (62)

99669965, ou no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Goiânia

(CEPHA - HGG), no telefone: (62) 32216116.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título: Caracterização de pacientes com feridas e identificação de bactérias e

leveduras em lesões infectadas em uma unidade básica de saúde de Goiânia. O estudo está sendo desenvolvido em parceria com a Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás e com o Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública, e cada pesquisador colabora de acordo com sua área de

estudo.

Objetivos e procedimentos da pesquisa

Esta pesquisa tem como objetivos caracterizar os pacientes com

feridas crônicas atendidos como demanda espontânea; caracterizar as feridas

crônicas dos pacientes atendidos em relação à presença de sinais clássicos e

critérios adicionais de infecção; isolar e identificar bactérias aeróbias e fungos das

amostras de feridas crônicas com indícios clínicos de infecção; verificar a

susceptibilidade das cepas isoladas frente aos antimicrobianos freqüentemente

utilizados na prática e novos antibióticos, analisar a relação de fatores gerais com o

status de infecção. Para a caracterização dos sujeitos procedemos a avaliação geral

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do paciente e da ferida. Em seguida, realizaremos o curativo, e depois a coleta do

material clínico da lesão a ser encaminhado ao Laboratório de Microbiologia do

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás,

para a análise. Esclareceremos que, antes da obtenção do espécime clínico, a ferida

será fotografada, e em seguida realizada a coleta através de Swab estéril, após

limpeza prévia com soro fisiológico 0,9%, em jato com agulha 40x12. Será realizada

análise microbiológica e suscetibilidade antimicrobiana da amostra e o resultado

será entregue, posteriormente.

Informamos que esta pesquisa poderá ou não trazer benefícios ao

participante através do resultado de análise microbiológica a ser entregue. No

entanto, obteremos um diagnóstico dos portadores de lesões de etiologia crônica

que poderá subsidiar mudanças para melhoria no atendimento, em ambulatórios de

unidades básicas de saúde. Os resultados poderão ser apresentados em

congressos e publicados em revistas científicas, sem revelar a identidade do

participante.

Somente após a obtenção da permissão, iniciaremos o

desenvolvimento da pesquisa no campo, junto aos profissionais e ou pacientes que

aceitarem participar.

Local e data:_________________________________________________________ Assinatura do Pesquisador:_____________________________________________

Marlene Andrade Martins Enfermeira – COREn-GO: 70354

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Eu,______________________________________________________________,

RG/CPF/n.o_____________________,abaixo assinado, concordo em participar do

estudo:Avaliação de pacientes com feridas crônicas de Unidades Básicas de Saúde,

sob a responsabilidade da pesquisadora Enfermeira Marlene Andrade Martins. Fui

devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela

envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios, decorrentes de minha

participação. Garantiram-me que posso retirar meu consentimento a qualquer

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143

momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu

acompanhamento.

Goiânia, _____de_______________de ________.

Assinatura do participante: ____________________________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e

aceite do sujeito, em participar.

Testemunha (não ligada à equipe de pesquisadores):

Ass:________________________________________________________________