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Cláudio José Alves Costa AVALIANDO AS DIMENSÕES DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E INVESTIGANDO POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O TURNOVER Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Inovação e competitividade. Orientador: Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD. Pedro Leopoldo Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo 2006

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Cláudio José Alves Costa

AVALIANDO AS DIMENSÕES DOCOMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E

INVESTIGANDO POSSÍVEIS RELAÇÕES COM OTURNOVER

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Administração das Faculdades Integradas

de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Inovação e competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes,

PhD.

Pedro Leopoldo

Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo

2006

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Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo

Mestrado Profissional em Administração

Cláudio José Alves Costa

AVALIANDO AS DIMENSÕES DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL EINVESTIGANDO POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O TURNOVER

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades

Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em

Administração.

Aprovada em ____ / ____ / ____, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes

professores:

CONCEITO:

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Profa. Dra. Vera Lúcia Cançado Lima.Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Profa. Dra. Zélia Miranda Kilimnik.Fundação Mineira de Educação e Cultura

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD.Orientador

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Às três pessoas que compõem os vértices de um triângulo que me

fornece a sustentação necessária para sempre seguir em frente - meu

pai, Jair, pelo exemplo de caráter e honestidade, além da sabedoria,

proteção e compreensão nos momentos mais difíceis; minha mãe,

Valeriana, pelas palavras e atitudes de incentivo, além do carinho e

simplicidade; e minha esposa, Daniela, pelo amor, dedicação,

cumplicidade e, sobretudo, pelo companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

A todos os familiares, pelas palavras de incentivo e pela compreensão de minha ausência no

precioso convívio entre eles, mesmo em momentos especiais. Ao Caio – meu querido e

estimado sobrinho – pelo simples fato de sua existência que tanta alegria me proporciona.

À Profa. Dra. Vera Lúcia Cançado Lima, pela constante preocupação com nossa evolução,

não apenas no plano do conhecimento acadêmico, mas também como seres humanos. À

Profa. Dra. Maria Celeste Reis Lobo de Vasconcelos, pela valiosa troca de experiências em

relação aos novos temas ligados à gestão de pessoas, sempre atenta e cuidadosa com nossos

questionamentos e dúvidas. À Profa. Dra. Zélia Miranda Kilimnik, pelas importantes e

pontuais observações feitas ao longo de todo o trabalho. Em especial, ao Professor e amigo

Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, pelas pertinentes orientações e contribuições, além do

carinho e dedicação, tornando possível a conclusão desta pesquisa.

Aos demais professores do Mestrado, pela importante contribuição do conhecimento de cada

um na elucidação do tema de pesquisa e na condução de suas disciplinas que tanto

contribuíram para meu crescimento profissional e pessoal.

A todos os colegas de Mestrado pelas valiosas trocas de informações, pelo enriquecedor

convívio, pela abertura de novas frentes de aprendizado, e, em especial, pelo apoio e

paciência nos momentos de angústia, incertezas e ansiedades.

Finalmente, e não menos importante, às duas empresas foco da pesquisa, pela abertura de seus

pontos de venda, sem os quais esta pesquisa não seria possível.

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Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas

ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo[...]

Galileu Galilei

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RESUMO

Em um ambiente bastante competitivo, possuir uma força de trabalho que estejapermanentemente comprometida com os objetivos da empresa, aliada a uma modernidadeorganizacional, é essencial para a sobrevivência das organizações atuais - porque as inovaçõestecnológicas se frustram ou perdem a sua força caso a organização não disponha de umpatrimônio humano efetivamente comprometido com o trabalho. Dentro deste contexto, aspesquisas sobre comprometimento organizacional - estado no qual o indivíduo se identificacom a organização e seus objetivos; e deseja manter-se como membro, de modo a facilitar aconsecução de objetivos - têm se revelado pertinentes, sendo objeto de estudo para um grandenúmero de administradores e pesquisadores. Porém, ainda que a retenção de pessoas sejatambém um fator importante para a competitividade das empresas, há uma carência depesquisas sobre a possível relação entre funcionários comprometidos e suas intenções de sairda organização, com subseqüente turnover - suspensão da condição de membro de umaorganização por parte do indivíduo que recebia compensação monetária desta. Portanto, como objetivo de contribuir com o incremento do conhecimento sobre o construtocomprometimento organizacional e ainda buscar as possíveis relações com o turnover, estapesquisa – um estudo de casos múltiplos com corte transversal - foi desenvolvida em duasempresas do setor varejista do comércio da cidade de Belo Horizonte. Valendo-se de ummodelo teórico – Modelo das Três Dimensões de Meyer e Allen (1997) - testado e validadono Brasil, foram pesquisados os graus e tipos de comprometimento dos vendedores e gerentescom a organização; parte quantitativa da pesquisa. Foi utilizado um instrumento específico –através de entrevistas e grupo de foco baseados no “Modelo Expandido do Processo deTurnover” de Mobley (1992) - para analisar uma relação ainda pouco estudada no Brasil:comprometimento e turnover; parte qualitativa da pesquisa. Os resultados encontrados, emambas as redes de lojas, indicaram um grau moderado de comprometimento – afetivo,normativo, instrumental - além de evidências empíricas que sugerem uma ligação entre oconstruto comprometimento e o turnover, verificando-se que há entre alguns funcionários, defato, intenções de sair. Entretanto, estas intenções estão ligadas a diferentes fatores, tais como:modelo de gestão; estilo de liderança; práticas de RH e, o que mais nos chamou a atenção –intenções de sair ligadas ao fato de que muitos indivíduos não consideram “vendas” comouma profissão.

Palavras-chave: Comprometimento organizacional; Comportamento organizacional,Modernidade organizacional; Turnover.

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ABSTRACT

Nowadays, the modernity question has been taken to accentuate the prominence that theorganizations have in order to be under preparation to face the competition according thestandards of the new world business configuration, adopting structures, strategies, politics andmanagement practices that promote a cultural content development that encourage acompetent behavior. However, what point out in this modernity context is the requirement toown a permanently commitment individuals in accordance to the organizational objectives,because the technological innovations may not be so powerful if there is not a commitmenthuman patrimony. In this context, the organizational commitment research has been relevantas it has been also an important focus of studies coming from administrators and researchers.Even so, despite the importance of the talents retention to the organizational competitiveness,there is a deficiency of research about the possible relation between commitment employeesand their job turnover intentions and a consequent job turnover process. Therefore, in order togive a contribution to a knowledge increment about the organizational commitment constructand examine the potential relation within the turnover construct, this research was developedin a couple of companies at Belo Horizonte city. Using a tested and authenticated model, thecommitment degrees of shop assistant and managers was researched. Thru a specificinstrument, a theoretical base was sought to support an analysis about the possible relationbetween commitment and turnover. The results found in this study indicated an intermediatecommitment degree on both companies, beyond empirical evidences that suggests aconnection between commitment and turnover constructs. Finally, the academic and practicalimplications are presented, as well as the limitations and recommendations to future researchon this field.

Keywords: Organizational Commitment, Organizational Behavior, Organizational Modernity,Turnover.

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LISTA DE FIGURAS

1 Abordagens conceituais na investigação do comprometimento

organizacional ............................................................................................... 26 2 Antecedentes e conseqüentes do comprometimento organizacional –

modelo proposto por Steers ......................................................................... 43 3 Antecedentes, correlatos e conseqüentes do comprometimento

organizacional ............................................................................................... 45 4 A perspectiva gerencial do Turnover ............................................................ 72 5 Modelo expandido do processo de turnover.................................................. 78

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LISTA DE GRÁFICOS

1 Distribuição do PIB de Minas Gerais por setores ........................................... 85 2 Composição do PIB BH por setores ............................................................... 85 3 Distribuição dos respondentes quanto ao tempo de trabalho na empresa........ 97 4 Distribuição dos respondentes quanto ao cargo ou função............................... 98 5 Distribuição dos respondentes quanto ao tempo de trabalho no cargo

atual................................................................................................................... 98 6 Distribuição dos respondentes quanto à remuneração mensal ........................ 99 7 Distribuição dos respondentes quanto ao gênero ............................................ 139 8 Distribuição dos respondentes com respeito à família .................................... 139 9 Distribuição dos respondentes em relação à quantidade de filhos ................. 140 10 Distribuição dos respondentes com respeito à idade ...................................... 140 11 Distribuição dos respondentes quanto ao estado civil .................................... 141 12 Distribuição dos respondentes quanto à escolaridade ..................................... 141 13 Distribuição dos respondentes quanto ao turno predominante de trabalho .... 142 14 Distribuição dos respondentes quanto à jornada aos domingos ..................... 142

LISTA DE QUADROS

1 Itens da escala de comprometimento organizacional de Mowday, Porter e

Steers ............................................................................................................... 31 2 Modelo de três componentes, de Meyer e Allen ........................................... 40 3 Escalas de Meyer e Allen ................................................................................ 414 Síntese das pesquisas internacionais mais recentes sobre comprometimento 59

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5 Síntese das pesquisas internacionais sobre determinantes diretos de

Turnover .......................................................................................................... 676 Síntese interpretativa das pesquisas sobre as causas e correlatos de

Turnover........................................................................................................... 717 Exemplos de possíveis conseqüências negativas do Turnover........................ 748 Exemplos de possíveis conseqüências positivas do Turnover........................ 76

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LISTA DE TABELAS

1 Evolução dos estudos dos antecedentes e conseqüentes do

comprometimento organizacional no Brasil , 1996-2005................................ 53 2 Jornada média dos assalariados por sexo – regiões metropolitanas, 1998-

2006 ................................................................................................................ 83 3 Assalariados que trabalharam mais que a jornada legal, jan.-jun. 2006 ......... 83 4 Rendimento médio real dos assalariados, por sexo – regiões metropolitanas,

1998-2006 ................................................................................................. 84 5 Distribuição da população pesquisada............................................................ 90 6 Alfa de Cronbach para cada dimensão ........................................................... 100 7 Valores dos níveis das dimensões para Rede 1 e Rede 2 ................................ 101 8 Efeito do tipo de Rede nas dimensões do comprometimento ........................ 101 9 Nível médio de comprometimento nos três quesitos avaliados para os

gerentes e para os vendedores ......................................................................... 102 10 Efeito do cargo ocupado na organização em relação às dimensões do

comprometimento ........................................................................................... 102 11 Efeito do cargo ocupado na Rede 1 em relação às dimensões do

comprometimento ........................................................................................... 103 12 Efeito do cargo ocupado na Rede 2 em relação às dimensões do

comprometimento ........................................................................................... 104 13 Efeito do gênero do funcionário nas dimensões do comprometimento .......... 105 14 Efeito da remuneração mensal nas dimensões do comprometimento ............ 105 15 Efeito do tempo de trabalho nas dimensões do comprometimento ................ 105 16 Evolução dos estudos dos focos do comprometimento organizacional –

1996 – 2005 .................................................................................................... 135 17 Evolução dos estudos das bases do comprometimento organizacional –

1996 – 2005 .................................................................................................... 135 18 Estatísticas descritivas para as três dimensões avaliadas pelos funcionários

da Rede 1 ........................................................................................................ 136 19 Estatísticas descritivas para as três dimensões avaliadas pelos funcionários

da Rede 2 ........................................................................................................ 136 20 Distribuição dos funcionários da Rede 1 quanto aos níveis Baixo,

Moderado e Alto para as três dimensões ........................................................ 136 21 Distribuição dos funcionários da Rede 2 quanto aos níveis Baixo,

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Moderado e Alto para as três dimensões ........................................................ 136 22 Distribuição das respostas para 18 questões dos vendedores da Rede 1......... 137 23 Distribuição das respostas para 18 questões dos vendedores da Rede 2 ........ 137 24 Distribuição das respostas para 18 questões dos gerentes da Rede 2 ............. 138

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: comprometimento organizacional ................. 222.1 Situando o comprometimento organizacional no contexto dos estudos

organizacionais ............................................................................................................. 222.2 Principais vertentes conceituais do comprometimento organizacional ........................ 252.3 Enfoques unidimensionais do comprometimento organizacional ................................. 292.3.1 Enfoque afetivo ............................................................................................................. 302.3.2 Enfoque instrumental .................................................................................................... 312.3.3 Enfoque normativo ........................................................................................................ 332.3.4 Enfoque sociológico ..................................................................................................... 342.3.5 Enfoque comportamental .............................................................................................. 352.4 Enfoques multidimensionais do comprometimento organizacional ............................. 362.4.1 Múltiplos focos do comprometimento no trabalho ....................................................... 372.4.2 Componentes ou bases do comprometimento organizacional: modelo de três

dimensões, de Meyer e Allen ........................................................................................ 382.5 Antecedentes e conseqüentes do comprometimento organizacional ............................ 422.5.1 Steers (1977) ................................................................................................................. 422.5.2 Mathieu e Zajac (1990) ................................................................................................. 432.5.3 Meyer e Allen (1997) ………………………………………………………………… 472.6 O estado da arte de pesquisas sobre comprometimento no Brasil ................................ 482.7 Recomendações para futuros estudos ........................................................................... 532.8 Pesquisas internacionais sobre comprometimento ........................................................ 552.8.1 Pesquisas sob a base afetiva ......................................................................................... 552.8.2 Pesquisas sob a base instrumental ................................................................................ 562.8.3 Pesquisas sob a base normativa .................................................................................... 572.9 Pesquisas internacionais mais recentes sobre comprometimento ................................. 582.10 O modelo das três dimensões do comprometimento de Meyer e Allen: marco

teórico............................................................................................................................. 60

3 TURNOVER: referencial teórico .............................................................................. 633.1 As pesquisas sobre os determinantes das intenções de turnover .................................. 653.2 Os estudos transnacionais sobre turnover e suas contribuições .................................... 683.3 O turnover sob a perspectiva gerencial ......................................................................... 713.4 Conseqüências de turnover............................................................................................ 723.4.1 Conseqüências organizacionais negativas em potencial ............................................... 733.4.2 Conseqüências organizacionais positivas em potencial ............................................... 743.5 Modelo conceitual de turnover...................................................................................... 773.6 Controle de turnover...................................................................................................... 793.7 Índice de turnover......................................................................................................... 80

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 824.1 O setor do comércio varejista e as empresas pesquisadas ............................................ 82

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4.1.1 O setor do comércio varejista ....................................................................................... 824.1.2 As empresas pesquisadas ............................................................................................. 864.2 Objetivo da pesquisa ..................................................................................................... 864.3 Caracterização da pesquisa ........................................................................................... 874.4 População ..................................................................................................................... 894.5 Instrumentos de coleta de dados ................................................................................... 904.5.1 Grupo de foco ............................................................................................................... 904.6 Distribuição e devolução dos questionários .................................................................. 924.7 Tratamento dos dados ................................................................................................... 92

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...................................................... 955.1 Análise descritiva da população estudada: variáveis pessoais ...................................... 955.2 Análise descritiva da população estudada: variáveis funcionais ................................... 975.3 Avaliação dos componentes do comprometimento ...................................................... 995.3.1 Consistência da escala de comprometimento ............................................................... 1005.3.2 Análise das redes de lojas por meio de testes estatísticos ............................................ 1015.4 Possíveis relações entre o construto comprometimento organizacional e turnover...... 107

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 112

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 116

APÊNDICES ............................................................................................................... 127

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1 INTRODUÇÃO

Dentro de um contexto em que as barreiras ao comércio internacional são eliminadas, as

empresas têm sido colocadas diante de uma competição crescente, tanto em contexto nacional

quanto internacional. Sendo assim, para que essas empresas possam sobreviver, são

necessárias estratégias mais modernas e indivíduos mais comprometidos com a organização.

Segundo Zajdsznajder (1993), em termos históricos, a noção de modernidade pode ser

introduzida a partir de determinadas caracterizações – o mito da tecnologia, o domínio da

razão científica, a idéia de progresso, a exaltação da democracia – que a diferencia de

períodos ou fases anteriores da humanidade, como o mundo primitivo, o mundo antigo e o

mundo medieval, em que essas caracterizações de modernidade não se manifestavam de forma

tão aguda como agora.

De acordo com Touraine (1994), a noção de modernidade, por suas características centrais,

resulta de duas grandes correntes de pensamento: de um lado, o racionalismo greco-romano,

retomado pelos humanistas da Renascença; de outro, a concepção cristã de alma, secularizada

através da noção de sujeito.

Durante muito tempo, a modernidade foi definida apenas pela eficácia da racionalidade

instrumental, ignorando o sujeito humano como liberdade e como criação. Este autor ainda

acrescenta que dessa dedução decorrem os fundamentos de sua crise, cuja superação – e

estabelecimento de uma nova modernidade – pressupõe o resgate de sua outra metade: o

sujeito. Portanto, o autor afirma que, sob essa perspectiva, a modernidade pode ser

compreendida como o redirecionar o homem para o centro da sociedade, contemplando suas

várias dimensões: tecnológica (combinando racionalização e subjetivação); social (na medida

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em que a subjetivação só é possível por meio do movimento social); política (visto que a

democracia é o regime que permite a expressão política do indivíduo); e cultural (uma vez que

os valores de liberdade e eficácia se encontram em sua origem) (TOURAINE, 1994).

Eboli (1996, p. 56), em uma tentativa de descrever as principais características da

modernidade no âmbito da sociedade, baseada nas idéias de A. Touraine , mas também

agregando idéias de pensadores nacionais, entre eles Buarque (1994), Faoro (1992), Motta

(1992) e Zajdsznajder (1993), destaca vários atributos de uma sociedade moderna,

considerando suas dimensões culturais, política, social, administrativa, econômica e

tecnológica.

A questão da modernidade tem sido colocada para destacar a relevância de as organizações se

prepararem para enfrentar a competição nos padrões da nova configuração do mundo dos

negócios, por meio da adoção de estruturas, estratégias, políticas e práticas de gestão que

favoreçam a formação de conteúdos culturais que estimulem um comportamento competente

(GONÇALVES, 1997). Todavia, para esse autor, as armas convencionais e toda a experiência

reunida em gestão não se têm mostrado suficientes às demandas impostas pelo atual ambiente

vivenciado pelas organizações. É preciso, segundo ele, romper com o passado, deixar de lado

experiências tradicionais e criar novidades e soluções criativas capazes de dotar as

organizações das competências necessárias às demandas desse novo ambiente.

As organizações tradicionais foram projetadas com base em pressupostos antigos,como a constância e a regularidade do ambiente externo – que lhe permitia isolar-sedentro de suas fronteiras – a versatilidade da empresa – que lhe possibilitavaproduzir tudo o que pudesse a custos inferiores aos de um fornecedor externo – aeficiência decorrente da especialização e a conseqüente estruturação em unidadesespecializadas estanques, além da prescrição detalhada dos procedimentos e metaspessoais, de modo a superar a limitação de conhecimentos e a competência dosempregados (GONÇALVES, 1997, p. 11).

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Sant´anna (2002) afirma que, diante disso, um novo conjunto de princípios de organização,

calcado na alocação dinâmica dos recursos, na comunicação ponta-a-ponta, na organização do

trabalho em times e projetos, na avaliação de desempenho por resultados e na definição de

fronteiras organizacionais orgânicas passa a ser indicado, sobretudo através do

comprometimento organizacional dos indivíduos.

Em relação aos efeitos da modernização nos locais de trabalho sobre os trabalhadores, a

bibliografia nacional tem sugerido uma ausência de consenso, podendo-se identificar desde

críticos radicais a autores mais otimistas quanto às possibilidades da modernidade para a

satisfação e bem-estar dos trabalhadores (SANT´ANNA, 2002).

Sublinhando tendências que parecem estar se difundindo rapidamente entre as empresas mais

inovadoras, entre as quais se destacam as políticas de treinamento e de estabilização da mão-

de-obra, o enxugamento das estruturas de cargos e salários e a redução dos níveis hierárquicos

das empresas, autores mais otimistas têm frisado que tais políticas vêm implicando melhorias

significativas nos locais de trabalho, incluindo o abrandamento do caráter conflitivo que

caracterizou, desde seus primórdios, as relações de trabalho no País (LEITE, 1993).

Nessa direção, Leite (1993) chama a atenção para o novo perfil de trabalhador – participante,

consciente, responsável e comprometido – que estaria se delineando no quadro das inovações.

Embora considere que ainda resta muito a pesquisar para se saber ao certo se tudo isso vai

resultar em um novo paradigma, a autora conclui que a exigência de um novo perfil de

profissional implicará vários tipos de contrapartidas ou benefícios para os trabalhadores, em

termos de melhorias concretas nas condições de trabalho.

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O comprometimento organizacional pode ser definido como um estado no qual o indivíduo se

identifica com a organização e seus objetivos, e deseja manter-se como membro, de modo a

facilitar a consecução de objetivos. Essas atitudes refletem como um indivíduo se sente em

relação a alguma coisa. (BASTOS, 1994).

Para Bastos (1998), o que sobressai nesse contexto de modernidade é a necessidade de possuir

uma força de trabalho que esteja permanentemente comprometida com os objetivos da

empresa. Este comprometimento pode também minimizar as intenções de sair dos

empregados, impactando positivamente em índices mais baixos de turnover dentro das

organizações. Ainda, segundo Bastos (1993, p. 53), “as inovações tecnológicas se frustam ou

perdem a sua força caso a organização não disponha de um patrimônio humano efetivamente

comprometido com o trabalho”.

Em ambas as redes de lojas pesquisadas, importantes inovações em tecnologia da informação

estão são implantadas. Porém, as proprietárias das lojas têm uma percepção de que o

comprometimento organizacional dos funcionários seja baixo, havendo reais intenções de sair

da organização.

Contudo, é exatamente neste contexto que o estudo do comprometimento mantém-se atual e

necessário. (BASTOS, 1998). Contudo, o seguinte problema de pesquisa é apresentado:

“Quais as dimensões do comprometimento dos vendedores e gerentes com a organização

e as possíveis relações com o comportamento de turnover?”.

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O objetivo desta pesquisa é descrever o grau e o tipo de comprometimento dos vendedores e

gerentes que trabalham em Shopping Center´s em duas redes de lojas concorrentes do

comércio varejista de malas e acessórios da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana,

bem como investigar as possíveis relações entre comprometimento e os comportamentos de

turnover.

É objetivo secundário a comparação entre os comprometimentos dos gerentes e vendedores de

ambas as redes de lojas. A opção por realizar a pesquisa em lojas de Shopping Center´s e em

especial no setor de malas e acessórios se justifica pelo fato de que os vendedores e gerentes

que trabalham em lojas localizadas nos Shopping Center´s demonstram estar muito

insatisfeitos em relação aos horários de trabalho nos finais de semana e feriados. O fato de se

propor um estudo de casos, em que duas organizações concorrentes fossem estudadas e

comparadas, se justifica pelo fato de que os indivíduos de uma destas organizações parecem

ser mais comprometidos que aqueles da outra organização, em função de um índice maior de

turnover.

Por fim, destacam-se alguns pontos que justificam o desenvolvimento da pesquisa em

questão. Uma das principais justificativas para a realização desta pesquisa é o fato de que o

setor não tem sido alvo de pesquisas científicas que pudessem empiricamente avaliar a

presença dos fenômenos comprometimento e turnover. Também, que o tema proposto –

comprometimento organizacional – é muito atual e oportuno. Mais ainda, a proposta de

pesquisa foi viável, considerando que o próprio pesquisador possuiu acesso irrestrito a todos

os pontos de venda das duas redes de lojas. Não menos importante, a proposta inovadora de

buscar uma relação entre dois temas comportamentais – comprometimento e turnover –

poderá representar uma importante contribuição tanto para o conhecimento científico em

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administração como para as práticas administrativas, em tempos que a retenção de pessoas se

apresenta fundamental para a competitividade das empresas.

O presente trabalho está estruturado em seis capítulos – Introdução; Fundamentação Teórica:

comprometimento organizacional; Turnover: referencial teórico; Metodologia; Análise e

Interpretação dos Dados; Conclusões e Recomendações.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: comprometimento organizacional

2.1 Situando o comprometimento organizacional no contexto dos estudos

organizacionais

O Comprometimento Organizacional é um construto inserido no campo de estudos

denominado Comportamento Organizacional, que segundo Robbins (1999), investiga o

impacto que os indivíduos, grupos e estrutura organizacional exercem no comportamento

dentro das organizações, com o propósito de aplicar este conhecimento em prol do

aprimoramento da eficácia de uma organização. Como construto, o comprometimento difere

do conceito de satisfação com o trabalho, por ser mais completo, refletindo uma resposta

afetiva à organização como um todo. Conforme Meyer e Allen (1997, p. 226),

comprometimento enfatiza o vínculo com a organização, incluindo seus objetivos e valores,

enquanto a satisfação enfatiza o ambiente específico em que o empregado realiza sua tarefa.

A área de estudos Comportamento Organizacional foi criada na década de 60 e implantada no

programa de Doutorado da Universidade de Harvard, a partir de 1962, pelo professor

Roethlisberger (1939), pesquisador do Hawthorne Project e um dos fundadores do Human

Relations Movement. Por se tratar de um campo de estudo multidisciplinar, incorpora

contribuições de diversas disciplinas, como filosofia, antropologia, psicologia, sociologia e

economia. Professores e pesquisadores especialistas desta área do conhecimento dividem

comportamento organizacional em dois níveis: o macrocomportamento organizacional e o

microcomportamento organizacional. Este, ao tratar do aspecto comportamental de abstração

e com o foco no indivíduo, assume um caráter mais psicológico. Aquele, centra-se no plano

organizacional de abstração, tendo um caráter mais sociológico.

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Segundo Wood (1999), o macrocomportamento organizacional tem suas raízes históricas nos

pensadores independentes da Europa Continental, como Weber e Marx, passando pela escola

sociotécnica majoritariamente britânica, associada ao Instituto Tavistock, até as tradições

sociológicas e econômicas norte-americanas de Merton, Goudner, March e Simon,

respectivamente. A preocupação com a organização, no âmbito do Comportamento

Organizacional, caracteriza as pesquisas em que o foco são as questões de organização formal

e estrutural, desdobradas em tópicos como burocracia, sistemas sociotécnicos, organizações

complexas, tecnologia, tomada de decisões dentro das empresas, estratégias e políticas

empresariais.

De acordo com Robbins (1999), as raízes do microcomportamento organizacional remontam a

uma variedade de psicólogos que vão desde Maslow e Rogers a Bandura e Skinner.

Preocupações com a conduta, no âmbito do comportamento organizacional, caracterizam as

pesquisas com interesses em organização informal e em questões individuais e de pequenos

grupos, desdobrados em tópicos como motivação, comunicação, aprendizagem, percepção,

atribuições, personalidade, atitudes e valores, tomadas de decisões individuais e em grupos,

liderança, dinâmica de grupo, comprometimento, negociação, concepção de empregos, poder,

políticas e conflitos.

Bastos (1994) corrobora com esta categorização sobre o comportamento organizacional ao

afirmar que o conceito de comprometimento insere-se na longa tradição dos estudos que

buscam identificar e compreender fatores pessoais que determinam o comportamento

humano no trabalho, integrando uma subárea denominada de atitudes frente ao trabalho. O

comprometimento organizacional pode ser definido como um estado no qual o indivíduo se

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identifica com a organização e seus objetivos, e deseja manter-se como membro, de modo a

facilitar a consecução de objetivos. Essas atitudes refletem como um indivíduo se sente em

relação a alguma coisa. Apesar de uma pessoa poder manifestar um grande número de

atitudes, o estudo do comportamento do indivíduo nas organizações volta sua atenção para um

número muito restrito delas. Interessam para o comportamento organizacional as avaliações

positivas ou negativas que o trabalhador tem em relação aos diversos aspectos do seu

ambiente de trabalho, sendo que a maior parte das pesquisas tem focalizado três tipos de

atitudes: satisfação com o trabalho; envolvimento com o trabalho e comprometimento

organizacional.

De acordo com Bastos (1993, p. 54),

os estudos sobre comprometimento têm superado os da satisfação, por ser umamedida mais estável ou menos sujeita à flutuação, podendo ser, teoricamente, ummelhor preditor de vários produtos humanos no contexto do trabalho a exemplo darotatividade, absenteísmo, e qualidade do desempenho.

Alinhado às considerações de Bastos (1993) sobre o construto Comprometimento

Organizacional, Moraes (1997) afirma que a valorização do Comprometimento

Organizacional, se comparado aos estudos clássicos da motivação humana no trabalho, deve-

se, entre outros fatores, à maior estabilidade que esse tema imprimiu aos estudos do

comportamento e das atitudes do trabalhador.

Além disso, a crescente competitividade que as organizações vêm experimentando nos

últimos anos impõe a necessidade de efetiva participação, envolvimento e empenho,

traduzidos em elevado padrão de comprometimento da força de trabalho em relação à

implementação de políticas, estratégias, objetivos e metas, visando à estabilidade e

sobrevivência das mesmas.

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2.2 Principais vertentes conceituais do comprometimento organizacional

Entre as diversas abordagens conceituais, os trabalhos da equipe de Porter (1982)

predominam na maioria dos estudos realizados. Numa revisão dos diversos trabalhos

realizados à época sobre o tema, Mowday; Steers; Porter (1982) listam dez diferentes

enfoques oriundos das pesquisas sobre comprometimento organizacional, deixando claro não

existir um consenso com relação à definição do construto, levando à identificação de várias

abordagens conceituais.

No Brasil, o estudo do comprometimento organizacional ganhou corpo a partir da década de

90, com um trabalho realizado por Bastos (1993) e publicado na Revista de Administração de

Empresas (RAE). Nesse artigo, o autor apresenta uma síntese das principais abordagens

conceituais e das respectivas fontes teóricas que contribuem para a investigação do

comportamento organizacional (FIG. 1), realizando, portanto, uma ampla revisão da

literatura, em que mostra que o estudo do comprometimento é muito diversificado, devido

aos múltiplos objetos que podem funcionar como alvos do vínculo do trabalhador, a exemplo

da organização, sindicato, valores, trabalho e profissão/carreira, todos se constituindo em

linha de investigação própria, embora partilhando problemas comuns (BASTOS, 1993).

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Disciplinas

(Fontes teóricas) Sociologia Teorias Organizacionais Psicologia Organizacional

Weber Becker(1960)

Barnard(1938)

Etizioni(1961)

Lewin(1947)

Kanter (1968)

March &Simon (1958)

Festinger

Ritzer & Trice (1969)

Ajzen& SalancikBuchanan Fishbein (1977) (1974) (1975)

Edwards (1979) Buroway (1983)

AllutoHrebeniak&Alonso (1973)

Meyer &Allen Mowday,(1984) Steers &

Porter (1982)

Weiner & Vardi (1990)

Halaby (1986)Enfoque(rótulo)

Sociológico(autoridadeno contextodo trabalho)

InstrumentalSide BetsCalculativo

“Afetivo” “Normativo” “Comportamental”

Marcosimportantes

“Interesse emcontinuar noemprego atualpor perceber alegitimidade darelação deautoridade esubordinação”• O papel de

subordina-çãoenvolvecódigosnormativossobremodoscorretos dedominação

“Tendência de seengajar em linhasconsistentes deatividades devidoaos custosassociados a agirde formadiferente”.“Mecanismopsicossocial queenvolve ‘side-bets’ :trocas,investimentosque limitam oraio de açãoposterior”.

“A força relativa daidentificação eenvolvimento com umaorganização particular”.• Forte crença e

aceitação dosobjetivos e valores

• Desejo deesforçar-se pelaorganização

• Forte desejo depermanecer comomembro

“Totalidade depressõesnormativasinternalizadas peloindivíduo para quese comportecongruentementecom os objetivos einteresses daorganização”.

“Um estado de ser em queas ações determinamcrenças que sustentam aatividade e seu próprioenvolvimento”.

Operacionaliza-çãoConstruto

Medidas dojulgamento doindivíduo acercada probabilidadede deixar aorganização poroutro emprego esob quecondições.

ESCALAS DE ATITUDES – normalmente formato likert (itens positivos e negativos sobre o conteúdo teórico mensurado).

Uso comum de análises fatoriais para validação do construto.

Escala mais usada: OCQ(Organizational CommitmentQuestionnaire) – Mowday, Steers e Porter

Tempo na organização

Desempenho

Comportamentosextrapapéis

FIGURA 1 - Abordagens conceituais na investigação do comprometimentoorganizacional

Fonte: Adaptado de BASTOS, 1993, p. 55.

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Essas diferentes abordagens são denominadas pelo autor como as “bases do

comprometimento”, que são resumidas a seguir:

a) enfoque afetivo ou atitudinal – é predominante na maioria dos estudos sobre o tema

(MOWDAY; STEERS; PORTER, 1982);

b) enfoque instrumental – vê a questão do comprometimento como função das

recompensas e custos percebidos pelo indivíduo em sua experiência no trabalho

(ALLUTO; HREBINIAK; ALONSO, 1973; BECKER, 1960; RITZER; TRICE,

1969);

c) enfoque normativo – origina-se da interseção da Teoria Organizacional de Etzioni

(1975) com os pressupostos da Psicologia Social, baseados nos trabalhos de

(AJZEN; FISHBEIN, 1983; WEINER, 1982);

d) enfoque sociológico – entende o comprometimento organizacional a partir das

relações de autoridade que governam o controle do empregador e a sua subordinação

dos empregados (McGEE; FORD, 1987; MEYER; ALLEN, 1991; WEINER,

1982;);

e) enfoque comportamental – é influenciado pela Psicologia Social e prioriza o

entendimento do comprometimento organizacional a partir de atos e

comportamentos individuais (BECKER, 1960; BURAWOY; 1983; EDWARDS,

1979; HALABY, 1986).

Em sua revisão da literatura sobre comprometimento, Mowday; Porter; Steers (1982) notaram

que existe pouco consenso sobre o significado do termo comprometimento. Mais do que isso,

observaram que pesquisadores de várias disciplinas atribuíram seus próprios significados ao

construto, aumentando, dessa forma, a dificuldade envolvida no entendimento do conceito. A

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seguir, são apresentadas várias definições de comprometimento que têm aparecido ao longo

dos anos:

a) orientação afetiva

− a ligação do lastro emocional e afetivo de um indivíduo com o grupo (KANTER, 1968);

− uma atitude ou uma orientação direcionada à organização, a qual conecta ou liga a

identidade da pessoa a ela (SHELDON, 1971);

− o processo pelo qual os objetivos da organização e os indivíduos se tornam

crescentemente integrados ou congruentes (HALL; SCHNEIDER; NYGREN, 1970);

− uma ligação partidária, afetiva do indivíduo com os valores e objetivos da organização,

com o seu papel em relação a esses valores e objetivos e com a organização por ela

mesma, indo além do puro valor que a organização tem como instrumento

(BUCHANAN, 1974);

− a força relativa da identificação de um indivíduo e de seu envolvimento com uma

determinada organização (MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982);

b) orientação baseada em custos

− lucro associado a uma contínua participação e um custo ligado à saída da organização

(KANTER, 1968);

− o comprometimento acontece quando uma pessoa, fazendo uma espécie de aposta,

conecta interesses paralelos a uma consistente linha de atividade (BECKER, 1960);

− um fenômeno estrutural que ocorre como resultado de transações entre o indivíduo e a

organização e alterações em apostas paralelas ou investimentos futuros (HREBINIAK;

ALUTTO, 1972);

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c) orientação baseada na obrigação e responsabilidade social

− os comportamentos de comprometimento socialmente aceitáveis são aqueles que

excedem as expectativas formais e/ou normativas relevantes para o objetivo do

comprometimento (WEINER; GECHMAN, 1977);

− a totalização das pressões normativas internalizadas para agir de uma forma que atinja

os objetivos e interesses organizacionais (WEINER, 1982);

− o empregado comprometido considera moralmente correto permanecer na companhia,

independentemente de quanto relevo (merecimento) ou satisfação a firma lhe dá ao

longo dos anos (MARSH; MANNARI, 1977).

Apesar de essas afirmações serem derivadas da literatura acadêmica, as experiências têm

demonstrado que o significado varia, para mais ou para menos, no uso diário do termo (e de

termos relacionados a ele, tais como fidelidade, lealdade e conexão) (BASTOS, 1993). Dada a

flexibilidade com que o termo comprometimento vem sendo tratado, não causa surpresa o fato

de que as opiniões divirjam a respeito de ele ser bom ou ruim, ser estável ou estar em

declínio, e assim por diante.

2.3 Enfoques unidimensionais do comprometimento organizacional

Na FIG. 1, apresentada na página 26, estão sintetizadas as cinco principais abordagens do

comprometimento organizacional que podem diferenciar a maioria das pesquisas na área -

enfoque afetivo; enfoque instrumental; enfoque normativo; enfoque sociológico; e enfoque

comportamental.

Desses cinco enfoques apontados, três – afetivo, instrumental e normativo – têm

predominado nas pesquisas desde a década de 90 e serão abordados nesta pesquisa.

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2.3.1 Enfoque afetivo

Entre as diversas abordagens conceituais sobre comprometimento organizacional, os trabalhos

de Mowday; Steers; Porter (1982) predominam na maioria dos estudos realizados. Apesar de

reconhecerem a existência de uma corrente comportamental, os autores enfatizam a natureza

afetiva do processo de identificação do indivíduo com os objetivos e valores da

organização. Conceituam o comprometimento organizacional como uma força relacionada

com a identificação e o envolvimento do indivíduo com uma organização em particular,

caracterizando-se pelas seguintes dimensões: “(i) uma forte crença e aceitação pelo indivíduo

dos valores e objetivos da organização; (ii) um desejo de exercer considerável esforço em

favor da organização; e (iii) um forte desejo de se manter como membro da organização.”

(MOWDAY; STEERS; PORTER , 1979, p. 226).

A partir de trabalhos desenvolvidos por esses pesquisadores, o enfoque afetivo passou a ser a

linha de pesquisa mais utilizada nas investigações acadêmicas (MATHIEU; ZAJAC, 1990).

Os autores enfocam a natureza afetiva da relação de identificação do indivíduo com os

objetivos e valores da organização. Nessa linha, o comprometimento dos indivíduos vai muito

além de uma postura de lealdade passiva para com a organização, envolvendo também um

relacionamento mais ativo, em que o indivíduo esteja mais disposto a dar algo de si a fim de

contribuir para o bem-estar da mesma. É um sentimento de lealdade, um desejo de pertencer

à empresa e de se esforçar por ela, sendo tais dimensões mensuradas através de uma escala

de atitudes. A hipótese é de que o indivíduo assume uma postura ativa e que, ao desejar dar

algo de si para a organização, a dimensão afetiva é, então, alimentada e sedimentada por meio

de sentimentos do empregado. Portanto, este comprometimento afetivo refere-se a uma

ligação de natureza emocional do indivíduo com a organização.

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Os trabalhos desenvolvidos pela equipe permitiram a validação de um instrumento para se

medir o comprometimento organizacional: o Organizational Commitment Questionaire

(OCQ) (MOWDAY; STEERS; PORTER, 1979). A escala original utilizada pelos

pesquisadores contém quinze itens, mas existe também uma versão reduzida de nove itens,

explorando o conteúdo das três dimensões do comprometimento organizacional. Essa escala

do OCQ, no formato Likert, pode ser utilizada com sete ou cinco pontos, variando num

contínuo ancorado em “1 = discordo totalmente” e “7 = concordo totalmente”. Segundo

Bastos (1998), este modelo é centrado na identificação de antecedentes do comprometimento,

com a linha básica de pesquisa definida pelo uso de dados quantitativos coletados por meio de

“surveys” e do emprego de análises estatísticas. Os nove itens componentes da escala

reduzida de Mowday; Steers; Porter (1979) são descritos no QUADRO 1.

QUADRO 1

Itens da escala de comprometimento organizacional de Mowday, Porter e Steers

ITEM AFIRMATIVA1 “Conversando com amigos, eu sempre me refiro a minha organização como

uma grande instituição para a qual é ótimo trabalhar”2 “Eu julgo que os meus valores são muito similares aos valores defendidos

pela organização onde trabalho”3 “Eu me sinto orgulhoso dizendo às pessoas que sou parte da organização

onde trabalho”4 “A organização em que trabalho realmente inspira o melhor em mim para

meu progresso no desempenho no trabalho”5 “Eu me sinto contente por ter escolhido esta organização para trabalhar ,

comparando com outras organizações que considerei à época da contratação”6 “Eu realmente me interesso pelo destino da organização onde trabalho”7 “Para mim, esta organização é a melhor de todas as organizações para se

trabalhar”8 “Decidir trabalhar para esta organização foi um erro de minha parte”9 “Eu sinto pouca lealdade para com a organização onde trabalho”

Fonte: Adaptado de MOWDAY; PORTER; STEERS (1982).

2.3.2 Enfoque instrumental

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Este enfoque, também denominado de “continuação”, ou “calculativo”, fundamenta-se no

clássico trabalho de Becker (1960, p. 33), em que o autor descreve o comprometimento

instrumental como uma tendência do indivíduo de engajar-se em linhas consistentes de

atividade. Desta forma, o comprometimento instrumental é visto como um mecanismo

psicossocial, cujos elementos side-bets – conseqüências de ações prévias (recompensas e

custos), impõem limites ou restringem ações futuras, características de certos tipos de pessoas.

Assim uma linha consistente de atividade pode ser entendida como, por exemplo, a

permanência do indivíduo na organização e as side-bets (trocas laterais) seriam os diversos

investimentos feitos pelo indivíduo (desenvolvimento de habilidades, contribuições para

fundos de pensão) que tornam difícil o abandono da organização. De acordo com Becker

(1960), o comprometimento instrumental busca superar a insuficiência das explicações

correntes para a coerência do comportamento do indivíduo que tende a engajar-se em linhas

consistentes de atividades, permanecendo nelas por um determinado período de tempo.

Na tentativa de interpretação das idéias de Becker (1960), Hrebiniak e Alutto (1972) definem

o comprometimento instrumental como um fenômeno estruturado que ocorre como resultado

das transações indivíduo-organização e das alterações nos benefícios adquiridos e nos

investimentos realizados pelo indivíduo em seu trabalho (side-bets) ao longo do tempo. Sob

essa visão, o conceito de linhas consistentes de atividades implica uma escolha por parte do

indivíduo de um curso de ação dentre diversas alternativas daquela que melhor atenda a seus

próprios interesses. Ritzer e Trice (1969) e Hrebiniak e Alutto (1972) chegaram a propor

escalas para medir o comportamento instrumental, avaliando a probabilidade de o empregado

deixar a organização mediante incentivos externos, tais como maior status, melhor

compreensão e maior liberdade no trabalho. De acordo com Alutto; Hrebiniak; Alonso

(1973), as escalas desses autores se baseavam em cinco variáveis: salário, função, status,

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responsabilidades e oportunidade de crescimento. Os itens dessas escalas continham

perguntas aos respondentes, tais como: se eles definitivamente mudariam de emprego e

organização; se estavam indecisos; ou se definitivamente não mudariam se recebessem um

pequeno aumento ou um grande aumento etc. Estas escalas, contudo, não conseguiram medir

o comprometimento instrumental. Por fim, cabe ressaltar que a perspectiva instrumental

apareceu como uma das modalidades de envolvimento propostas por Etzioni (1975) em seu

trabalho, quando menciona o comprometimento calculativo.

2.3.3 Enfoque normativo

O enfoque normativo do comprometimento organizacional tem suas raízes na interseção entre

a teoria organizacional de Etzioni (1975) e a Psicologia Social, na qual estão inseridos os

trabalhos de Ajzen e Fishbein (1980) sobre a estrutura das atitudes e de seu poder preditivo

em relação ao comportamento. Os estudos de Weiner e Vardi (1990) discutem esse novo

enfoque do comprometimento organizacional, estabelecendo um quadro de referência,

denominado “normativo-instrumental”, em que trabalham os conceitos de sistema cultural e

sistema motivacional na determinação do comportamento humano nas organizações. Weiner

(1982, p. 421) define o comprometimento organizacional como “um conjunto de pressões

normativas internalizadas pelo indivíduo para que seu comportamento seja compatível com

os objetivos e interesses da organização”. Segundo este conceito, as pressões normativas

predispõem o indivíduo para se comportar de acordo com os padrões internalizados.

Segundo Weiner e Vardi (1990, p. 300), quanto mais forte o comprometimento, maior a

predisposição do indivíduo em guiar as suas ações por padrões internalizados, mais do que

considerações racionais sobre as conseqüências dessas ações. Portanto, indivíduos

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comprometidos apresentam certos comportamentos não porque eles calculam que em os

apresentando obterão benefícios pessoais, mas porque eles acreditam que é certo fazê-lo.

Há que se destacarem dois outros importantes elementos no modelo teórico desses autores:

a) as pressões internalizadas manifestam-se em padrões de comportamento que possuem

como características o sacrifício pessoal, a persistência e a preocupação pessoal; e

b) os valores e normas partilhados que geram comprometimento, associados a crenças

instrumentais relativas às conseqüências prováveis de um determinado desempenho,

explicam as intenções comportamentais, que, por sua vez, são antecedentes dos

comportamentos propriamente ditos, sobre os quais o sistema de recompensas da

organização atua.

Weiner e Vardi (1990, p. 3) desenvolveram escalas para medir o comprometimento

normativo de uma maneira muito simples, com base em três indicadores: lealdade à

organização; sacrifícios em prol da organização; e não criticar a organização.

Em síntese, essa vertente teórica procura articular dois níveis de análise: o nível

organizacional, por meio do conceito de cultura, definida como um conjunto de valores

partilhados que produzem pressões normativas sobre seus membros; e o nível individual, por

meio da motivação e do comportamento.

2.3.4 Enfoque sociológico

No enfoque sociológico do comprometimento organizacional, Halaby (1986) analisa o

attachment (apego) à organização com base nas idéias de Weber (1947), especialmente a sua

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teoria da autoridade, e ainda nas idéias de teóricos marxistas como Edwards (1979) e

Burawoy (1983). De acordo com Halaby (1986), o vínculo do trabalhador é conceitualizado

em termos das relações de autoridade que governam o controle do empregador e a

subordinação dos empregados. Desta forma, os empregados levam para as organizações, além

de uma orientação básica para os seus papéis de subordinados, um conjunto de códigos

normativos que especificam maneiras de denominação. Assim, dentro desse quadro de

referência, o apego do empregado não está na dependência do amor e nem tampouco do

dinheiro, mas sim na percepção da legitimidade do regime de governo do empregador

(MORAES, 1997, p. 52).

2.3.5 Enfoque comportamental

O enfoque comportamental, conforme salientam Kiesler e Sakamura (1996) apud Bastos

(1994), influenciado pela Psicologia Social, considera o comprometimento como um vínculo

do indivíduo com atos ou comportamentos que se consolidam à medida que suas próprias

ações, originadas de atitudes psicológicas, tornam-se consistentes, formando um sistema em

que cada comportamento gera novas atitudes, que levam a comportamentos futuros.

Segundo Moraes (1997), o comprometimento pode ser comparado a um círculo vicioso, em

que o comportamento leva o trabalhador a ter determinadas atitudes, que por sua vez,

refletem-se e manifestam-se em comportamentos futuros, ocasionando a criação de um lento,

porém resistente, vínculo com a organização.

Para Salancik (1991) apud Bastos (1993), as pessoas se comprometem por meio das

implicações de suas próprias ações. Ele pondera que existe uma pressão psicológica para que

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o indivíduo se comporte de forma coerente com o seu comportamento prévio, sendo três os

aspectos dessas ações prévias importantes para determinar os níveis de comprometimento do

empregado:

a) volição – o sentimento de que a ação foi praticada por livre escolha faz com que o

trabalhador se sinta responsável pelo ato;

b) reversibilidade – a noção de que o comportamento não pode ser revertido ou que

isso envolve altos custos, faz com que um maior comprometimento seja atribuído a

determinado curso de ação;

c) visibilidade – a percepção de como as outras pessoas ou grupos sociais

significativos para o trabalhador tomam conhecimento de suas atitudes aumenta a

coerência em seus atos.

Segundo Bastos (1993), na perspectiva acima, Salancik (1991) considera fundamental

observar os comportamentos referentes a variáveis diversas, tais como assiduidade, tempo no

emprego e desempenho, que passam a ser indicadores desse construto.

2.4 Enfoques multidimensionais do comprometimento organizacional

A partir da década de 90, tornou-se um consenso geral o fato de que o comprometimento

organizacional é um construto multidimensional, com a pesquisa na área sendo dividida em

duas vertentes. De acordo com Meyer e Allen (1997, p. 91), para entender o

comprometimento no trabalho é necessário fazer a distinção entre estas duas vertentes, que

são: a natureza e o foco do comprometimento. Isto é, deve-se reconhecer que o

comprometimento pode tomar múltiplas formas, cada uma das quais podendo ser focada em

múltiplas entidades, incluindo o grupo de trabalho, o supervisor, a alta administração, a

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profissão, o sindicato etc. Os autores ainda alertam para o fato de que o uso da expressão

múltiplos comprometimentos refere-se, coletivamente, aos vários focos aos quais uma pessoa

possa se tornar comprometida, não se referindo aos diferentes componentes do

comprometimento.

2.4.1 Múltiplos focos do comprometimento no trabalho

Os trabalhos de Morrow (1983) e Reichers (1985) foram os precursores das pesquisas sobre

os múltiplos focos do comprometimento no trabalho. Enquanto Morrow alertava para a

confusão conceitual entre cinco formas de comprometimento no trabalho (ética protestante

no trabalho; carreira; envolvimento com o trabalho – trabalho como parte central da vida;

comprometimento organizacional; e comprometimento com o sindicato) e apresentava

sugestões para a evolução de pesquisas sobre o tema, Reichers sugeria uma direção de

pesquisa na qual o comprometimento era conceituado, especificamente, como um construto

com múltiplos focos, com uma abordagem que via a entidade organização do

comprometimento organizacional como uma estrutura monolítica e indiferenciada que

induzia a uma identificação e aperfeiçoamento por parte do indivíduo. Em seu trabalho,

Reichers (1985, p. 469) afirma que o comprometimento é um processo de identificação com

os objetivos dos múltiplos constituintes (focos ou entidades) da organização, que podem

incluir, entre outros: alta administração, clientes e sindicatos.

Portanto, essa abordagem representa uma evolução do construto comprometimento: de um

conceito geral relacionado com os objetivos e valores da organização para uma formulação

mais definida, que especifica quais objetivos e valores servem como foco para os múltiplos

comprometimentos (REICHERS, 1985).

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Todavia, com a finalidade de evitar confusão referente à terminologia, Meyer e Allen (1997)

propõem que foco e entidade sejam usados indistintamente para referir-se a qualquer parte

constituinte relacionada com o trabalho com o qual uma pessoa possa tornar-se

psicologicamente comprometida. Dessas várias entidades, algumas podem ser consideradas

dentro e outras fora da organização. A expressão parte constituinte refere-se as entidades

(focos) dentro da organização (por exemplo: alta administração, grupo de trabalho,

colaboradores e supervisores são partes constituintes dentro da organização) e o termo

domínio refere-se às entidades (focos) relacionadas às grandes estruturas do universo do

trabalho (entre outras, a organização, o sindicato e a carreira/profissão).

2.4.2 Componentes ou bases do comprometimento organizacional: modelo de três

dimensões, de Meyer e Allen

A partir da análise das diversas definições encontradas para o construto comprometimento,

Meyer e Allen (1991, p. 67) notaram que elas refletiam três grandes temas, a saber:

Affective commitment (comprometimento afetivo) – referindo-se a um envolvimentoemocional do empregado em que ocorre uma identificação com a organização.“Empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organizaçãoporque assim o querem” ;

Continuance commitment (comprometimento instrumental) – referindo-se a umcomprometimento percebido como custos associados por deixar a organização.“Empregados cujo vínculo principal com a organização é baseado nocomprometimento instrumental, permanecem na organização porque precisam” ;

Normative commitment (comprometimento normativo) – refletindo um sentimentode obrigação de permanecer na organização. “Empregados com um alto nível decomprometimento normativo sentem que devem permanecer na organização”.

Meyer e Allen (1991) acreditam ser mais apropriado designar essas três dimensões do

comprometimento como componentes, e não como tipos, porque ambos não as consideram

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mutuamente excludentes, sendo mais razoável acreditar que os empregados podem

experimentar todas as três formas em diferentes graus. Por exemplo:

Um empregado pode sentir um forte vínculo com uma organização e também umsenso de obrigação de permanecer na mesma. Um segundo empregado pode gostar deestar trabalhando par a organização, porém reconhecer, também, que sair será muitodifícil por um problema de ponto de vista econômico. Finalmente, um terceiroempregado poderá experimentar um considerável grau de desejo, necessidade eobrigação de permanecer na organização (MEYER; ALLEN, 1997, p. 13).

O QUADRO 2, sintetiza as idéias do modelo de três componentes de Meyer e Allen (1997).

É interessante ressaltar as questões norteadoras para a compreensão de cada uma das três

dimensões:

a) questão norteadora para a dimensão afetiva: “Você deseja se manter membro de sua

organização?”.

b) questão norteadora para a dimensão instrumental: “Você precisa se manter membro de

sua organização?”.

c) questão norteadora para a dimensão normativa: “Você se sente obrigado a permanecer

membro de sua organização?”.

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QUADRO 2

Modelo de três componentes, de Meyer e Allen (1997)

COMPONENTES CARACTERIZAÇÃO RAZÕES DAPERMANÊNCIA

ESTADOPSICOLÓGICO

Afetivo Grau em que o indivíduo sesente emocionalmente ligado,identificado e envolvido com a

organização.

O indivíduo sente que querpermanecer.

Desejo.

Instrumental Grau em que o indivíduo semantém ligado à organizaçãodevido ao reconhecimento doscustos associados com a sua

saída da empresa. Estereconhecimento pode advir da

ausência de alternativas deemprego ou do sentimento de

que os sacrifícios pessoaisgerados pela saída serão

elevados.

O indivíduo sente que temnecessidade de permanecer.

Necessidade.

Normativo Grau em que o indivíduopossui um sentido de obrigaçãoou dever moral de permanecer

na organização.

O indivíduo sente que devepermanecer.

Obrigação.

Fonte: Adaptado de REGO; SOUTO, 2002, p. 6.

Conforme apresentado no QUADRO 3, as escalas desenvolvidas por Meyer e Allen (1997)

são de dois tipos: uma com 24 itens e outra, reduzida, com dezoito itens (MEYER; ALLEN;

SMITH, 1993).

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QUADRO 3

Escalas de Meyer e Allen

ITEM COMPROMETIMENTO AFETIVO1 “Eu seria muito feliz se dedicasse o resto de minha carreira a esta organização”.2 “Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus”.3 “Eu não sinto um forte senso de integração com esta organização”.4 “Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organização”.5 “Eu não me sinto como uma pessoa de casa nesta organização”.6 “Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim”.

COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL1 “Na situação atual, ficar nesta organização é, na realidade, uma necessidade mais que um desejo”.2 “Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil para eu deixar esta organização agora”.3 “Se eu decidisse deixar esta organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada”.4 “Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização”.5 “Se eu já não tivesse dado tanto de mim a esta organização, eu poderia pensar em trabalhar em

outro lugar”.6 “Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de

alternativas imediatas”.

COMPROMETIMENTO NORMATIVO1 “Eu não sinto nenhuma obrigação de permanecer nesta organização”.2 “Mesmo se fosse vantagem para mim, sinto que não seria certo deixar esta organização agora”.3 “Eu me sentiria culpado se deixasse esta organização agora”.4 “Esta organização merece minha lealdade”.5 “Eu não deixaria esta organização agora porque tenho uma obrigação moral com as pessoas

daqui”.6 “Eu devo muito a esta organização”.

Fonte: Adaptado de MEYER; ALLEN, 1997, p. 118-119.

Em síntese, os pesquisadores têm um entendimento mais claro da relação do empregado com

a organização quando consideram a força de todas as três formas de comprometimento

atuando juntas do que quando tentam classificá-las, como sendo cada uma de um tipo

particular.

2.5 Antecedentes e conseqüentes do comprometimento organizacional

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Entender como e quando o comprometimento se desenvolve (antecedentes) e como ele ajuda

a moldar atitudes e comportamentos (conseqüentes), segundo Meyer e Allen (1997), permite

às organizações um melhor posicionamento para anteciparem-se aos impactos a que estão

sendo submetidas nos tempos atuais. Pesquisar os antecedentes das diferentes formas de

comprometimento, para Mowday (1998), é importante, porque permite a construção de

modelos conceituais mais compreensivos e sofisticados dos processos por meio dos quais o

comprometimento se desenvolve. Ainda, segundo o autor, as primeiras pesquisas sobre

comprometimento organizacional eram focalizadas na identificação de seus antecedentes e

conseqüentes (BUCHANAN, 1974; STEERS, 1977), sendo o trabalho de Steers, talvez, o

protótipo em sua linha de investigação, por ter influenciado muitas outras investigações

subseqüentes.

2.5.1 Steers (1977)

Em seu trabalho, Steers (1977) sugere um modelo que incorpora tanto os antecedentes quanto

os conseqüentes do comprometimento organizacional. O primeiro componente do modelo, ou

seja, os antecedentes ou determinantes do comprometimento organizacional, é agrupado em

três grandes categorias: características pessoais; características do trabalho; e experiências

no trabalho. O segundo componente do modelo apóia-se na hipótese de que o

comprometimento, como conseqüência, conduz a vários comportamentos específicos: desejo

e intenção de permanecer na organização; fixação do empregado e baixo Turnover;

freqüência; e desempenho no trabalho. Esse modelo é esquematizado na FIG. 2. Embora não

tenha incluído a variável “satisfação com o trabalho”, o autor considera que ela, talvez, tenha

maior influência que as variáveis “características do trabalho”.

AntecedentesCaracterísticas pessoais(necessidade de

realização, idade, grau deinstrução)

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FIGURA 2 - Antecedentes e conseqüentes do comprometimento organizacional: modeloproposto por Steers

Fonte: Adaptado de STEERS, 1977, p. 47.

Trabalhos subseqüentes de vários autores, entre outros (ALLEN; MEYER, 1990);

(MATHIEU; ZAJAC, 1990); (MEYER; ALLEN, 1984); (MORROW, 1983); (MOWDAY;

STEERS; PORTER, 1982); (RANDALL, 1990), continuam a explorar os antecedentes e

conseqüentes de comprometimento organizacional, produzindo uma longa lista de variáveis

correlacionadas com o comprometimento. Entre eles, por vir ao encontro de propósitos deste

trabalho, citam-se as pesquisas de Mathieu e Zajac (1990) e Meyer e Allen (1997).

2.5.2 Mathieu e Zajac (1990)

De acordo com Bastos (1993, p.60), a meta-análise é um procedimento que envolve a

agregação de coeficientes de correlação encontrados por diversos estudos, permitindo

sumarizar resultados acumulados, testando a consistência desses achados. Bastos (1993)

também afirma que os correlatos estão relacionados àquelas variáveis que não podem, a

Características dotrabalho (oportunidadepara integração social,

trabalho desafiante,feedback)

Experiências de trabalho(atitudes de grupo,

confiança naorganização,

investimento pessoal)

ComprometimentoOrganizacional

Desejo de permanecer.Intenção de permanecer.Freqüência ao trabalho.“Turnover”.Desempenho.

Conseqüentes

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priori, ser tomadas como antecedentes (determinantes), nem como conseqüentes, sendo, na

realidade, construtos atitudinais ou motivacionais, também utilizados nas pesquisas

organizacionais.

Dos trabalhos citados, o de Mathieu e Zajac (1990) é uma extensa meta-análise , apresentando

uma ampla visão da pesquisa internacional. A FIG. 3 apresenta o esquema utilizado pelos

autores, que organizam o conjunto de variáveis em antecedentes, correlatos e conseqüentes,

sendo o resultado deste estudo analisado tanto na vertente “afetiva” como na vertente

“instrumental”. A convenção usada considera os graus de correlações abaixo:

a) pequena correlação � de 0,00 a 0,20

b) média correlação � de 0,21 a 0,40

c) alta correlação � acima de 0,40

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ANTECEDENTES CORRELATOSCaracterísticas pessoais Motivação Geral .56Idade .20 Motivação Interna .67Sexo -.14 Envolvimento .44Educação -.09 Stress -.33Estado civil .11 ComprometimentoTempo no cargo .09 Ocupação .44Tempo na organização .17 Sindicato .21Percepção da competência

organizacional

.63 Satisfação no trabalho

Habilidade .14 Geral .53Salário .18 Intrínseca .35Ética do trabalho .29 Extrínseca .37Nível ocupacional .18 COMPROMETIMENTO Supervisão .41

Características do trabalho ORGANIZACIONAL Colegas (grupo) .35Variedade de habilidades 21 Promoções .39Autonomia .08 Pagamentos .32Desafios .35 Trabalho em si .60“Escopo” .50

Relações Grupo – LíderCoesão do grupo .15Interdependência tarefas .22Líder – estruturação .29 CONSEQÜENTESLíder – consideração .34 DesempenhoLíder – comunicação .45 AvaliaçãoLiderança participativa .39 Por outros .14Características organizacionais Produção .05

Tamanho .00 Percepção de alternativas de trabalho -.09Centralização -.06 Intenções de procurar

Características do papel Novo emprego -6.0Ambigüidade -.22 Comparecimento .10Conflito -.27 Atrasos -.12Sobrecarga -.21 Turnover -.25

FIGURA 3 - Antecedentes, correlatos e conseqüentes do comprometimento

organizacional

Fonte: Adaptado de BASTOS (1994); MATHIEU; ZAJAC (1990).

Antecedentes – há um grande número de variáveis incluídas como antecedentes, ou

determinantes, do comprometimento organizacional. De acordo com Mathieu e Zajac (1990),

a maior parte dos pesquisadores incluiu as variáveis pessoais nos estudos do

comprometimento mais como estatísticas descritivas do que como variáveis exploratórias.

Por isso existem poucos trabalhos teóricos tentando explicar como as variáveis pessoais

podem influir no comprometimento. As características do trabalho também podem influenciar

no comprometimento organizacional. A maioria dos autores tem utilizado o modelo de

Hackman e Oldham (1975) para sugerir que os trabalhos percebidos como mais complexos ou

enriquecidos produzem maior comprometimento.

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Correlatos – os maiores escores da meta-análise referem-se às correlações entre

comprometimento organizacional e os correlatos. Bastos (1993) levanta a hipótese de que as

altas correlações observadas entre comprometimento, satisfação e motivação podem ser

devido a três fatores:

a) o fato de serem estas variáveis mensuradas pelo mesmo instrumento, podendo causar

distorção dos resultados;

b) as escalas utilizadas para avaliar diferentes reações afetivas revelam que elas, muitas

vezes, contêm itens semelhantes;

c) e essas variáveis podem ser concebidas como aspectos específicos de uma resposta afetiva

mais generalizada em relação ao contexto do trabalho, o que pode comprometer o

resultado das avaliações.

Conseqüentes – a pesquisa dos conseqüentes do comprometimento organizacional apóia-se

na relação entre alto comprometimento e baixo turnover, baixo absenteísmo e melhoria no

desempenho individual. Essas duas principais classes de comportamento analisadas, como

conseqüência do comprometimento organizacional, não apresentam altos escores. Segundo

Bastos (1993), a associação do comprometimento com o turnover desempenha papel chave na

teoria da administração de recursos humanos. Embora moderadas, as duas variáveis aparecem

com correlações negativas, sendo as mais expressivas aquelas que ocorrem com várias

intenções comportamentais, tais como: intenções de procurar novo trabalho; e intenção de

deixar o emprego. Segundo Bastos (1993), novos modelos explicativos de turnover têm

surgido, nos quais a relação de turnover com comprometimento é medida pela variável

intenção de sair , que é um melhor preditor de turnover.

2.5.3 Meyer e Allen (1997)

45

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Os trabalhos de Meyer e Allen (1997) são os que mais avançaram na linha de pesquisa que

busca identificar as variáveis relacionadas com cada forma particular de comprometimento,

devendo ser examinados em profundidade por todos os interessados em seguir esta área de

investigação.

Antecedentes – os autores dedicam um capítulo inteiro (MEYER; ALLEN; 1997, p. 41-65) à

análise das pesquisas dos antecedentes dos três componentes do comprometimento

organizacional, que podem ser resumidas da seguinte forma:

a) antecedentes do comprometimento afetivo – o grande número de variáveis analisadas é

categorizado como: características organizacionais, características pessoais; e experiências

do trabalho. De uma maneira geral, o comprometimento afetivo estaria ligado àqueles

ambientes de trabalho nos quais o empregado sente que pode encontrar apoio e proteção,

sente que é tratado com justiça e é levado a acreditar que o seu trabalho é uma importante

contribuição para a empresa;

b) antecedentes do comprometimento instrumental – o comprometimento instrumental

recebeu menos atenção dos pesquisadores que o comprometimento afetivo, talvez, em

parte, pelo atraso no desenvolvimento de adequados instrumentos de medida. Entretanto,

as pesquisas existentes sugerem que um forte comprometimento instrumental se

desenvolve com base nos investimentos que o empregado faz na organização e

alternativas (ou na falta delas) que podem influenciar nos custos incorridos para o

empregado em deixar a organização;

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c) antecedentes do comprometimento normativo – dos três componentes do

comprometimento organizacional, de acordo com Meyer e Allen (1997, p. 65), o

afastamento entre a teoria e a evidência empírica apresenta-se maior no estudo do

comprometimento normativo. A maior parte das pesquisas têm sido teóricas.

Conseqüentes – Meyer e Allen (1991) alertam que os três componentes têm diferenças

bastante significativas quanto às conseqüências para outros comportamentos relacionados ao

cargo e disposição para desempenhar atividades além das relacionadas ao cargo. Os autores

baseiam seus argumentos nas diferenças da natureza psicológica de cada componente do

comprometimento.

2.6 O estado da arte de pesquisas sobre comprometimento no Brasil

Pesquisadores clássicos, como Mowday; Steers; Porter (1979) e Mathieu e Zajac (1990),

recomendam mais estudos sobre os principais antecedentes e conseqüentes do

comprometimento organizacional. No Brasil, a maioria dos estudos vem priorizando os

antecedentes do comprometimento organizacional – com destaque para as pesquisas

conduzidas, em Minas Gerais, pelo Grupo de Estudos Avançados sobre Comportamento

Organizacional (GEACO) no programa de Mestrado Profissional em Administração das

Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo - e utilizando os cinco conjuntos de variáveis

descritos na meta-análise de Mathieu e Zajac (1990), que incluem: características pessoais;

características do trabalho; relações com o grupo/líder; características organizacionais; e

variáveis funcionais. Seguem abaixo algumas pesquisas sobre os antecedentes do

comprometimento organizacional:

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a) Comprometimento versus práticas de recursos humanos

−Bastos e Brandão (1993) estabeleceram um conjunto de determinantes do comprometimento

organizacional em empresas públicas e privadas, traçando como resultado um conjunto de

estratégias, alinhadas com práticas de recursos humanos, para envolver os empregados;

−Bandeira; Marques; Veiga (1999) relacionaram práticas de recursos humanos aos padrões de

comprometimento organizacional, concluindo que melhores práticas de RH implicam em

maior comprometimento;

b) Comprometimento versus ética

−Pena (1995) relaciona ética e comprometimento organizacional. A pesquisa mostrou que a

ética de inspiração organizacional e a de inspiração humanista estão correlacionadas

positivamente com o comprometimento organizacional, enquanto a ética de inspiração no

lazer possui correlação negativa com o comprometimento;

c) Antecedentes versus múltiplos focos do comprometimento

−Bastos e Borges-Andrade (1995, 1999) estudaram o relacionamento entre antecedentes e os

múltiplos focos do comprometimento – neste caso; organização, carreira e sindicato.

Encontraram fortes correlações entre características organizacionais e o comprometimento

com a organização;

d) Conteúdo, contexto do trabalho, ambiente social e política salarial versus

comprometimento

− Moraes et al. (1995) encontraram resultados que mostram que as dimensões conteúdo,

contexto do trabalho, ambiente social e política salarial influenciam o comprometimento

organizacional;

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−Moraes; Marques; Correia (1998) apontaram alguns preditores para o comprometimento

comportamental e o afetivo – características do trabalho e características organizacionais;

e) Padrões de comprometimento organizacional

−Medeiros e Enders (1997, 1998) identificaram padrões de comprometimento organizacional

combinando os componentes do comprometimento organizacional afetivo, instrumental e

normativo, cujos padrões são caracterizados por um diverso leque de características

pessoais e indicadores de desempenho no trabalho;

−Bastos; Correia; Lira (1998) identificaram padrões de comprometimento em relação à

organização e à profissão, relacionando-os a variáveis pessoais e do contexto do trabalho;

f) Comprometimento versus estilos de liderança

− Sá e Lemoine (1998) mostraram que o estilo de liderança influencia o comprometimento das

pessoas nas empresas, na medida em que o modelo de organização do trabalho tipo

managerial propicia maior comprometimento dos empregados.

Seguem relacionados abaixo artigos recentes publicados no país com diferentes abordagens

sobre o comprometimento:

a) Comprometimento organizacional – um estudo luso-brasileiro sobre a importância

da justiça

Rego (2002), combinando dados de duas culturas, mostra como as percepções de justiça

(distributiva, procedimental/processual, interpessoal, informacional) explicam o

comprometimento organizacional; ou seja; quanto maior a percepção de justiça

organizacional maior é o comprometimento dos indivíduos. Ajuda também a compreender

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as razões pelas quais as pessoas se comprometem psicologicamente com suas

organizações, podendo contribuir assim para o desempenho organizacional;

b) Mentoria e comprometimento organizacional: o caso das secretárias executivas da

Universidade Federal de Pernambuco

Através deste trabalho, Dias (2002) teve como objetivo identificar a relação entre

mentoria e o nível de comprometimento organizacional entre secretárias executivas.

Concluiu-se que há diferença de comprometimento organizacional entre os mentorados e

os não-mentorados e que aqueles que se disseram satisfeitos com as mentorias formais e

informais apresentaram maior comprometimento;

c) Comprometimento organizacional e ausência psicológica – afinal, quantas

dimensões?

Rego (2002) sugere que as três dimensões – afetiva, normativa e instrumental –

habitualmente consideradas nas pesquisas podem não caracterizar fielmente os vários

tipos de laços psicológicos entre indivíduos e organizações. Conclui o estudo afirmando

que, após dois estudos empíricos, há razões para presumir a existência de seis dimensões:

afetiva, de futuro comum, normativa, de sacrifícios avultados, de escassez de alternativas

e de ausência psicológica;

d) Múltiplos comprometimentos no trabalho: os vínculos dos trabalhadores de

organizações agrícolas

Bastos e Costa (2005), após pesquisar 32 organizações com uma amostra de 919

trabalhadores, encontraram elevados níveis de comprometimento entre os dois focos

(trabalho e organização) e entre as duas bases (afetiva e instrumental) estudadas.

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Mowday; Steers; Porter (1982) defendem a necessidade de se realizarem estudos que

incluam certas variáveis comportamentais como antecedentes do comprometimento

organizacional, enquanto Meyer e Allen (1997) vêem pouca necessidade de se conduzirem

novos estudos que examinem correlações bivariadas, mas recomendam que os projetos de

pesquisa sejam adequados para mostrar uma relação de causa e efeito.

Nos últimos anos, poucos estudos foram desenvolvidos relacionando o comprometimento

organizacional e suas conseqüências:

a) Comprometimento versus criatividade e comunicação

− Chang (2001) incluiu em seu estudo a variável criatividade como antecedente e

comunicação como conseqüente ao comprometimento organizacional, concluindo que

pessoas mais comprometidas contribuem para maior eficácia dos processos de comunicação

organizacional;

b) Comprometimento versus desempenho

−Medeiros e Enders (1997, 1998) classificaram os padrões de comprometimento

organizacional com melhor desempenho nas organizações, quando avaliados por seus

supervisores, em relação a um índice formado por indicadores de desempenho, apontando

também variáveis pessoais que caracterizam os padrões de comprometimento estabelecidos;

c) Comprometimento versus intenções de turnover

− Siqueira (2001) apresentou relações entre comprometimento organizacional e as variáveis

comportamentais ligadas à cidadania organizacional e a intenção de turnover.

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A TAB. 1 mostra a evolução dos estudos no Brasil sobre os antecedentes e conseqüentes do

comprometimento organizacional.

TABELA 1Evolução dos estudos dos antecedentes e conseqüentes do comprometimento

organizacional no Brasil, 1996 – 2005

Antecedentes eConseqüentes

96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 Total

Variáveis pessoais - 2 3 - 1 - 2 1 - 3 12Variáveis funcionais - 1 1 - 1 - 1 1 - 1 6Características dotrabalho

- 2 2 2 - - - - 1 1 8

Característicasorganizacionais

- 2 4 3 1 - 4 2 1 2 19

Relações com ogrupo/líder

- - 2 1 - - - - - - 3

Desempenho doindivíduo

- 1 1 - - - - - 1 - 3

Intenções de sair - - - - - 1 - - - - 1Fonte: Adaptado de MEDEIROS et al. (2002, p. 8).

2.7 Recomendações para futuros estudos

Bastos (1993); Mathieu e Zajac (1990); Mowday; Porter; Steers (1982), em suas revisões da

literatura sobre o comprometimento organizacional, sugeriram a necessidade de se adotar uma

abordagem longitudinal, já que a maioria dos estudos até então realizados é de corte

transversal.

Sanches (1997) atende à sugestão quando avalia o comprometimento quanto à implantação

de um programa de qualidade. Mowday; Porter; Steers (1982) mostram ainda a necessidade

de se verificar o comprometimento ao longo dos vários estágios da carreira do empregado. Os

autores argumentam que poucos estudos têm perseguido tal objetivo. No Brasil, não tem

sido diferente, porque essa lacuna está aberta.

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Bastos (1993); Meyer e Allen (1997); Mowday; Porter; Steers (1982) defendem a idéia de

que os esforços de pesquisa sejam direcionados ao exame de diferentes focos do

comprometimento – carreira, desempenho, trabalho. No Brasil, alguns trabalhos foram

desenvolvidos, privilegiando diferentes focos do comprometimento: Bastos; Borges-Andrade

(1995, 1999); Bastos; Brandão e Pinho (1996); Bastos; Correia; Lira (1998); Bastos e Pereira

(1997); e Medeiros et al. (2005).

Ao longo dos últimos dez anos, os estudos do comprometimento organizacional com o foco

único na organização têm predominado; seguido pelo foco na organização, carreira e

sindicato. Pouco se tem explorado o foco no desempenho. A TAB. 16 (APÊNDICE D)

apresenta de forma analítica a evolução do estudo dos focos do comprometimento.

Segundo Meyer e Allen (1997), apesar dos avanços já alcançados, é necessário mais trabalho

no estudo dos componentes do comprometimento organizacional.

Ao longo dos últimos dez anos, os estudos do comprometimento organizacional, tendo como

base os múltiplos comprometimentos – afetivo, normativo e instrumental – têm predominado.

Poucas pesquisas têm sido realizadas sob as bases comportamental ou afiliativa. A TAB. 17

(APÊNDICE D) apresenta de forma analítica a evolução do estudo das bases do

comprometimento.

Mowday (1998, p. 396) aponta quatro estratégias que deverão direcionar as pesquisas futuras

sobre o comprometimento organizacional:

a) avançar na compreensão do processo por meio do qual determinados trabalhos e práticasorganizacionais produzem comprometimento;

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b) verificar se o comprometimento pode ser uma variável que liga os sistemas de RH aodesempenho empresarial. “Essa pesquisa talvez seja o novo desenvolvimento maisexcitante nesse campo de estudo em muitos anos”;

c) estabelecer claramente se o comprometimento é uma variável importante entre os sistemasde RH e os resultados organizacionais;

d) verificar se o comprometimento organizacional é mais interessante em determinadosajustes organizacionais do que outros, com relação à obtenção de resultados financeirospositivos.

2.8 Pesquisas internacionais sobre comprometimento

Neste tópico, estão resumidas algumas importantes pesquisas no exterior sob as bases afetiva,

instrumental e normativa do comprometimento.

2.8.1 Pesquisas sob a base afetiva

Centenas de estudos têm examinado as correlações entre o comprometimento afetivo e as

variáveis hipoteticamente antecedentes – por exemplo, Mathieu e Zajak (1990); Mowday;

Steers; Porter. (1982) – e em trabalhos empíricos conduzidos a partir daqueles estudos. De

modo geral, esta gama de variáveis pode ser agrupada da seguinte forma: características

organizacionais; características pessoais; e experiências no trabalho.

a) Características organizacionais:

−Descentralização relacionada a um alto grau de comprometimento afetivo (BATEMAN;

STRASSER, 1984; MORRIS; STEERS, 1980);

−Políticas organizacionais com foco na justiça (KONOVISKY; CROPANZANO, 1991);

−Políticas organizacionais com foco no salário (SCHAUBROECK; MAY; BROWN, 1994);

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−Políticas organizacionais com foco no processo de tomada de decisões estratégicas (KIM;

MAUBORGNE, 1993);

b) Características pessoais:

−Variáveis demográficas (tais como sexo, idade, emprego, entre outras) (AVEN; PARKER;

McEVOY, 1993; MATHIEU; ZAJAC, 1990);

−Variáveis ligadas à índole (por exemplo, personalidade, valores, entre outras)

(BUCHANAN, 1974; MATHIEU; ZAJAC, 1990);

c) Experiências no trabalho:

− (COLARELLI; DEAN; KONSTANS, 1987; DUHAN; GRUBE; CASTANEDA, 1994;

HACKMAN; OLDHAM, 1980; STEERS, 1977)

2.8.2 Pesquisas sob a base instrumental

O comprometimento instrumental tem demonstrado uma relação com as percepções dos

empregados sobre a transferência de habilidades (ALLEN; MEYER, 1990; LEE, 1992;

WITHEY, 1988) e da educação deles (LEE, 1992) para outras organizações. Nesses estudos,

empregados que achavam que seus investimentos em educação e em treinamentos eram

menos transferíveis, expressaram comprometimento instrumental mais forte com a

organização em que trabalhavam.

Whitener e Walz (1993) desenvolveram uma medida de apostas extras, que incluiam outros

tipos de investimentos que os empregados podem perder deixando a organização – por

exemplo, dinheiro de aposentadoria, status e segurança no trabalho. Como esperado, essa

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medida foi positivamente correlacionada com o comprometimento instrumental com a

organização.

As percepções dos empregados sobre as oportunidades de trabalho que estão disponíveis para

eles têm sido correlacionadas com o comprometimento instrumental em vários estudos

(ALLEN; MEYER, 1990; LEE, 1992; MEYER et al., 1991).

Todavia, várias evidências (WHITENER; WALZ, 1993) são consistentes com a visão de que

o comprometimento instrumental se desenvolve com base na consciência do empregado. Para

que os investimentos ou as alternativas influenciem o comprometimento instrumental, o

indivíduo precisa estar ciente das implicações.

2.8.3 Pesquisas sob a base normativa

O comprometimento normativo se refere aos sentimentos do empregado em relação à sua

permanência na organização. Assim, empregados com forte comprometimento normativo

irão permanecer na organização por causa da crença de que isso é a atitude certa e ética a

tomar (MEYER; ALLEN, 1991; SCHOLL, 1981; WEINER, 1982). Essa discussão sobre

comprometimento normativo começa com uma definição mais antiga (MEYER; ALLEN,

1991; WEINER, 1982) e uma mais recente (ROUSSEAU, 1995) das teorias da relevância

sobre o desenvolvimento do assunto.

Weiner (1982) argumenta que o comprometimento normativo com a organização se

desenvolve com base em uma série de pressões que os indivíduos sofrem durante a primeira

socialização (família e cultura) e durante a socialização com os novos empregados.

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As pesquisas internacionais também têm sugerido que o comprometimento normativo se

desenvolve com base em um tipo particular de investimento que a organização faz para os

empregados – especificamente, investimentos que são difíceis de ser retribuídos pelos

empregados (MEYER; ALLEN, 1991; SCHOLL, 1981).

O comprometimento normativo também se desenvolve com base no contrato psicológico

entre o empregado e a organização (ARGYRIS, 1960; ROUSSEAU, 1989, 1995; SCHEIN,

1980). Contratos psicológicos estão baseados nas crenças das partes envolvidas em uma

relação de troca referente às obrigações recíprocas. Estes contratos podem tomar formas

diferentes. As mais conhecidas são as transacionais e as relacionais (MACNEIL, 1985;

ROUSSEAU, 1989). Os contratos transacionais tendem a ser, de alguma forma, mais

objetivos e baseados em princípios de troca econômica, enquanto os relacionais são mais

abstratos e baseados em princípios de troca social. Das duas formas, os contratos relacionais

parecem mais relevantes para o comprometimento normativo; em contraste, os transacionais

podem estar envolvidos no desenvolvimento do comprometimento instrumental

(ROUSSEAU; WADE-BENZONI, 1995).

2.9 Pesquisas internacionais mais recentes sobre comprometimento

Esta seção, conforme demonstra o QUADRO 4, complementa a anterior, apresentando

algumas tendências das pesquisas internacionais mais recentes sobre o comprometimento

organizacional, com ênfase nas características das investigações e nos procedimentos

metodológicos utilizados pelos pesquisadores:

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QUADRO 4

Síntese das pesquisas internacionais mais recentes sobre comprometimento

(continua)

Título da pesquisa Ano Autores Caracterização Objetivo ResultadosA longitudinal

examination of theinfluence of

mentoring onorganizational

commitment andturnover.

2005 C. Payne e AnnH. Huffman,

Texas University,USA.

Descritiva,quantitativalongitudinal(dois anos).

Analisar ainfluência damentoria no

comprometimentoorganizacional e no

turnover.

A variável mentoriaapresentou correlação positiva

com comprometimentoafetivo e instrumental e

correlação negativa com oturnover.

The effects ofmentoring on

perceived careersuccess,

commitment andturnover intentions.

2004 Dr. Therese A.Joiner, Dr.

Thimoty Bartrame TereseGarreffa,

Universidade deTrobe, Australia.

Descritiva,quantitativa,qualitativa de

cortetransversal.

Examinar asrelações entre

mentoria, sucessode carreira,

comprometimentoorganizacional e o

efeito das intençõesturnover.

Os achados iluminam ascomplexas relações entre

mentoria formal,comprometimento

organizacional, sucesso decarreira e intenções de sair.

Sugerem, ainda, que umprograma formal de mentoriabem sucedido deve aumentaras percepções do sucesso da

carreira, intensificar ocomprometimento

organizacional e reduzir aintenção de deixar a

organização.Comparing cases:

studies ofcommitmentsystems in

Australia and theUnited Cases.

2004 Marian Baird´Onlineissn,

Universidade deSidney, Austrália.

Descritiva,quantitativa,qualitativa elongitudinal.

Estudar as relaçõesindustriais esistemas de

comprometimentonos sites browfield e

greenfield naAustrália e nosEstados Unidos.

O site greenfield australiano,embora tivesse sido modelado

sobre o site americano,mostrou-se diferente e mais

avançado em termos dematuridade da equipe e daorganização do trabalho.

QUADRO 4

Síntese das pesquisas internacionais mais recentes sobre comprometimento

(conclusão)

Título da pesquisa Ano Autores Caracterização Objetivo ResultadosOrganizational

citizenshipbehaviors in

2004 N. T. Feather eKatrin A.

Descritiva,quantitativa de

Investigar oscomportamentos

Os resultados mostraramque os professores

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relation to jobstatus, jobinsecurity,

organizationalcommitment andidentification, jobsatisfaction and

work values

Rauter, daFlinders

University,Austrália.

cortetransversal.

de cidadaniaorganizacional emrelação ao status

do empregopermanente ou

temporário,comparandoempregados

permanentes comempregados de

contratotemporário.

contratados acusaram maisinsegurança no trabalho emais comportamentos decidadania organizacional

em relação aos professorespermanentes.

The associationbetween training

and organizationalcommitment among

white-collarworkers inMalaysia.

2003 Kamarul ZamanAhmad e Raida

Abur Bakar,Faculdade deNegócios e

Contabilidade daUniversidade de

Malaya.

Descritiva,quantitativa de

cortetransversal.

Investigar aassociação entre

cinco variáveis detreinamento

(disponibilidade detreinamento, suporte

para treinamento,motivação para

aprender, ambientede treinamento e

benefíciospercebidos pelo

treinamento) e osvários aspectos docomprometimento

organizacional(comprometimento

afetivo,comprometimento

normativo,comprometimento

instrumental ecomprometimento

organizacionaltotal).

Disponibilidade detreinamento, suporte para

treinamento, motivação paraaprender, ambiente de

treinamento e benefíciospercebidos do treinamento

foram todossignificativamente

correlacionados com ocomprometimento afetivo,com o comprometimentonormativo. O ambiente detreinamento e os benefíciospercebidos foram também

significativamentecorrelacionados com o

comprometimentoinstrumental.

Fonte: Adaptado de VIEIRA DIAS (2005).

2.10 O modelo de três dimensões do comprometimento de Meyer e Allen : marco teórico

O foco de estudo desta pesquisa é a identificação dos níveis de comprometimento com a

organização, buscando-se identificar quais são os enfoques – afetivo, normativo e

instrumental – predominantes nos dois cargos pesquisados: gerentes e vendedores. Conforme

já descrito, o modelo teórico aqui adotado foi utilizado e validado em outras pesquisas

realizadas no Brasil.

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Portanto, visando identificar os enfoques afetivo, normativo e instrumental, foi utilizado o

modelo de Meyer e Allen (1997), adaptado e validado por Medeiros e Enders (1997) e

Bandeira; Marques; Veiga (1999).

As escalas desenvolvidas por Meyer e Allen são de dois tipos: uma com 24 itens e outra,

reduzida, com dezoito itens (MEYER; ALLEN; SMITH, 1993). Ambas trazem questões

fechadas sobre comprometimento organizacional e são aplicadas no formato likert. Um terço

dos indicadores do instrumento é do comprometimento afetivo e dois terços são do

comprometimento instrumental e do comprometimento normativo.

Seguem abaixo algumas justificativas para a escolha do modelo com uma escala reduzida de

dezoito itens:

a) o modelo vem ao encontro do principal objetivo desta pesquisa – analisar e comparar o

grau de comprometimento dos vendedores e gerentes;

b) o modelo de três dimensões é o mais apropriado para uma melhor compreensão do

fenômeno comprometimento (MEYER; ALLEN; SMITH, 1993) – aceito como um

construto multidimensional desde a década de 90;

c) o modelo com a escala de dezoito itens é mais utilizado do que com a escala de 24 itens,

inclusive pelos próprios autores.

Em resumo, de acordo com toda a fundamentação teórica adotada para dar suporte a este

trabalho, conclui-se sobre a atualidade e necessidade em pesquisar o comprometimento dos

indivíduos através de uma abordagem tridimensional – afetiva, normativa, instrumental – com

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o objetivo de se obter uma melhor compreensão do comportamento do indivíduo dentro da

organização.

No capítulo seguinte, será desenvolvido o referencial teórico que irá sustentar toda a teoria

sobre o turnover.

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3 TURNOVER: referencial teórico

A inabilidade de uma organização em atrair e reter mão-de-obra competente é uma razão para

a ineficiência organizacional. No Brasil, as taxas de turnover – rotatividade de pessoal – são

muito altas, representando cerca de 50% do pessoal ocupado. Além disso, quase 70% desta

taxa relaciona-se ao turnover involuntário, e, ao que parece, a gerência das empresas está

acostumada a se movimentar dentro desse contexto como se esta fosse uma característica

“natural” do ambiente de mercado de trabalho. É preciso dizer que, no Brasil, poucas

empresas preocupam-se em avaliar a questão, e, por outro lado, o tema praticamente não tem

sido objeto de pesquisas acadêmicas (MOBLEY, 1992).

Devido à ausência de um modelo teórico validado no Brasil, o turnover vem sendo estudado

através de suas correlações com os construtos comprometimento e satisfação. Sendo assim,

optou-se nesta pesquisa por abordar as relações entre o turnover e o construto

comprometimento. De fato, demandou muita pesquisa em bancos de dados nacionais e

internacionais por bibliografias sobre o turnover, não sendo encontrado nenhum livro

nacional que abordasse o tema, tendo sido encontrado um único exemplar – traduzido para a

língua portuguesa – de um livro estrangeiro em uma biblioteca em universidade privada.

Além deste livro, alguns artigos estrangeiros foram utilizados neste referencial teórico.

Nenhum questionário também foi encontrado para que houvesse sustentação quantitativa

neste estudo sobre o turnover.

Uma definição geral proposta para o termo Turnover é: “a suspensão da condição de membro

de uma organização por parte do indivíduo que recebia compensação monetária desta”

(MOBLEY, 1992). O elemento-chave dessa conceituação é a suspensão da condição de

membro ou desligamento de uma organização, não havendo, portanto, a preocupação com

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aspectos como o ingresso, a transferência ou mesmo a movimentação interna de um membro

dentro da organização. O foco está nos empregados, aqueles que recebem compensações

monetárias da organização por sua condição de membros. Robbins (1999) corrobora desta

definição ao afirmar que o turnover deve ser entendido como o número de funcionários

desligados da empresa em determinado período comparadamente ao quadro médio de

efetivos, ou a ausência definitiva do funcionário do seu local de trabalho, considerando ainda

este como um dos maiores problemas gerenciais das empresas.

Consequentemente, à luz dessa definição, é possível distinguir os dois tipos possíveis de

suspensão da condição de membros da organização: os desligamentos voluntários (por

iniciativa do empregado) e os involuntários (por iniciativa da organização, além de casos de

falecimento e aposentadoria).

Os estudiosos argumentam que o turnover voluntário é um importante tópico de estudo,

porque implica pelo menos três importantes conseqüências para as organizações – potenciais

custos, perda de recursos humanos e paralisação de atividades em execução. Para eles, as

intenções de turnover podem preceder um turnover efetivo. Afirmam ainda que o

comportamento do empregado em pesquisar um novo trabalho tem relação direta com a sua

intenção de turnover. Porém, apesar desta forte relação, nem sempre devemos considerá-la. Já

os economistas, apesar de aceitarem este ponto de vista, se preocupam mais com os aspectos

financeiros envolvidos neste fenômeno, recusando-se ainda a aceitar possíveis benefícios do

processo de turnover. Essa forte relação entre intenções de sair e o turnover efetivo existem e

são amplamente exploradas na literatura (MOBLEY, 1977; MOBLEY et al., 1979; PRICE;

MUELLER, 1986; STEERS; MOWDAY, 1981). Portanto, as intenções são, de fato, variáveis

consistentes que implicam diretamente no processo de turnover.

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3.1 As pesquisas sobre os determinantes das intenções de turnover

As pesquisas internacionais sobre os determinantes das intenções de turnover têm sido

bastante amplas no que diz respeito aos diversos fatores – gênero, idade, estado civil, nível de

escolaridade, horas trabalhadas, membro sindical, salário, fatores organizacionais -, que

implicam em intenções de turnover. Estes determinantes diretos das intenções de turnover são

estudados, entre outras áreas do conhecimento, pela psicologia (MOBLEY, 1992).

Dependendo do nível de educação do empregado, as mulheres são menos propensas a trocar

de emprego (ROYALTY, 1998), e em alguns países as mulheres têm maiores níveis de

satisfação no trabalho, o que normalmente reduz o processo de troca de emprego (SOUSA-

POZA, 2000) – o fator gênero.

A idade tem se mostrado ser inversamente proporcional à probabilidade de se mudar de

emprego (CAMPBELL, 1997) – o fator idade. O principal argumento que sustenta esta

relação é que o tempo disponível para o empregado amortizar os custos associados com as

trocas de emprego diminui com a idade, trazendo pouca atratividade para essa troca

(SHAPIRO; SANDELL, 1985).

O fato de estar casado tem relação direta com a probabilidade de uma possível troca de

emprego, sendo que um funcionário casado normalmente teria maiores custos familiares no

processo de mudança, ocorrendo o oposto em um processo de mudança individual

(HOLMLUND, 1984) – o fator estado civil.

Acredita-se também que um maior nível de educação é diretamente proporcional à

probabilidade da troca de emprego, sendo essa relação sempre associada a melhores

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alternativas no mercado de trabalho – o fator nível de escolaridade. Entretanto, alguns

estudos não confirmam que essa relação tenha tanto significado (CAMPBELL, 1997).

O montante de horas trabalhadas dentro da organização pode influenciar a probabilidade de

turnover na medida em que empregados, de forma até mesmo involuntária, que adicionam

horas-extras à jornada normal de trabalho, estão mais sujeitos ao desejo de sair – o fator

horas trabalhadas (CAMPBELL, 1997).

Outra evidência bastante considerável é a relação entre turnover e empregados sindicalistas,

em que há um aumento considerável de custos para o empregador quando da demissão desses

tipos de funcionários (BENDER; SLOANE, 1999) – o fator membro sindical.

O determinante que mais tem recebido a atenção da literatura é a faixa salarial. É sempre

esperado que quanto maior a faixa salarial do empregado, menor a probabilidade de se

encontrar uma outra empresa oferecendo faixas salariais maiores que a atual (GALIZZI;

LANG, 1998) – o fator salário.

Outras variáveis ligadas ao trabalho e ao empregador tais como benefícios extras, escalas

flexíveis de trabalho, expectativas de promoções, treinamentos internos e porte da empresa,

têm se demonstrado relacionadas ao processo de turnover (IDSON, 1996) – os fatores

organizacionais.

Em vários modelos propostos sobre turnover (HOM et al., 1992; MOBLEY, 1977), as

atitudes e, em particular, a satisfação no trabalho e o comprometimento organizacional

são considerados pelos estudiosos como os principais determinantes de turnover. Cohen

(2000) analisou que o turnover e o absenteísmo são significantemente influenciados pelo

comprometimento do empregado com sua própria carreira. Jones (1986) analisou também os

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efeitos que a satisfação no trabalho, a percepção de valores e o “humor positivo” têm sobre as

intenções de turnover.

No QUADRO 5 estão sintetizadas as pesquisas sobre os determinantes de turnover.

QUADRO 5

Síntese das pesquisas internacionais sobre determinantes diretos de turnover

Ano Fator Autor Principal Achado2000 Gênero SOUSA-

POZAEm alguns países, as mulheres têm maiores níveis de satisfaçãono trabalho, o que normalmente reduz o processo de troca de

emprego.1999 Membro Sindical BENDER;

SLOANEOutra evidência bastante considerável é a relação entre

turnover e empregados sindicalistas, em que há um aumentoconsiderável de custos para o empregador quando da demissão

desses tipos de funcionários.1998 Gênero ROYALTY Dependendo do nível de educação do empregado – quanto

maior o nível, maiores as intenções de turnover -, as mulheressão menos propensas a trocar de emprego.

1998 Salário GALIZZI;LANG

O determinante que mais tem recebido a atenção da literatura éa faixa salarial. É sempre esperado que quanto maior a faixa

salarial do empregado, menor a probabilidade de se encontraruma outra empresa oferecendo faixas salariais maiores que a

atual.1997 Idade CAMPBELL A idade tem se mostrado ser inversamente proporcional à

probabilidade de se mudar de emprego. O principal argumentoque sustenta esta relação é que o tempo disponível para o

empregado amortizar os custos associados com as trocas deemprego diminui com a idade, trazendo pouca atratividade para

essa troca (SHAPIRO; SANDELL, 1985).1997 Escolaridade CAMPBELL Acredita-se também que um maior nível de educação é

diretamente proporcional à probabilidade da troca de emprego,sendo essa relação sempre associada a melhores alternativas nomercado de trabalho. Entretanto, alguns estudos não confirmam

que essa relação tenha tanto significado.1997 Horas

TrabalhadasCAMPBELL O montante de horas trabalhadas dentro da organização pode

influenciar a probabilidade de turnover na medida em queempregados, de forma até mesmo involuntária, que adicionamhoras-extras à jornada normal de trabalho, estão mais sujeitos

ao desejo de sair.1996 Organizacionais IDSON Outras variáveis ligadas ao trabalho e ao empregador tais como

benefícios extras, escalas flexíveis de trabalho, expectativas depromoções, treinamentos internos e porte da empresa, têm se

demonstrado relacionadas ao processo de turnover.1984 Estado Civil HOLMLUND O fato de estar casado tem relação direta com a probabilidade

de uma possível troca de emprego, sendo que um funcionáriocasado normalmente teria maiores custos familiares no

processo de mudança, ocorrendo o oposto em um processo demudança individual.

Fonte: Adaptado de MOBLEY (1992).

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3.2 Os estudos transnacionais sobre turnover e suas contribuições

Analisar intenções de turnover é importante também devido ao fato de que há poucos painéis

de estudos transnacionais comparativos sobre o fenômeno. Há quatro conhecidos painéis de

estudos dessa natureza, dos seguintes autores: Burgess (1994, 1999); Schettkat(1997); Sousa-

Poza e Henneberger (2004). Estes autores utilizaram dados de várias fontes de seis países –

França, Japão, Holanda, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos e concluíram que não há

diferenças estruturais no turnover entre os países pesquisados e que o fenômeno é

diretamente proporcional ao aumento da oferta de empregos e inversamente proporcional às

taxas de desemprego, ou seja, a incidência do turnover efetivo aumenta quando há maior

oferta de emprego no mercado de trabalho.

Schettkat (1997) utilizou dados, também de várias fontes, referentes aos períodos de 1982-

1983 e 1987-1988 em doze países da União Européia. O principal objetivo deste autor foi

levantar os efeitos das regulamentações do mercado de trabalho no turnover. Concluiu seus

trabalhos, afirmando que há claras relações entre as regulamentações e a estabilidade no

emprego, bem como uma forte relação entre a estrutura industrial do país e sua situação

macro-econômica com o processo de turnover.

Burgess (1994, 1999) utilizou dados de nove países – Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha,

Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Japão e Suécia. O autor tentou isolar os fatores de turnover de

cada país, dando ênfase na legislação e no treinamento da força de trabalho. Os resultados

demonstraram haver uma relação entre a legislação do trabalho e a velocidade da recolocação

no trabalho.

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Entretanto, todos esses estudos tinham uma limitação de dados, porque um número limitado

de países foi considerado e, conseqüentemente um número de dados também limitado foi

utilizado com fonte das pesquisas; além de poucas variáveis terem sido exploradas. Portanto,

o estudo realizado pelos autores Sousa-Poza e Henneberger (2004) pode ser considerado o

mais completo sobre o assunto no que diz respeito às pesquisas de natureza trans-nacionais.

Baseado em apenas uma única pesquisa, o objetivo desse estudo foi analisar as intenções de

turnover. A pergunta-chave da pesquisa foi: “Qual a probabilidade de você procurar emprego

em outra empresa nos próximos doze meses?”. Os autores determinaram três grandes

categorias de determinantes de turnover contendo as seguintes variáveis:

a) características demográficas: sexo, idade, estado civil, entre outras;.

b) características do trabalho: horas trabalhadas, empregado do setor público, posição

hierárquica, flexibilidade de horários;

c) características subjetivas: satisfação no trabalho, segurança no trabalho, oportunidades de

crescimento profissional, oportunidades no mercado de trabalho e orgulho da organização.

Os autores analisaram dados coletados pelo “International Social Survey Program” (ISSP)

desde 1985. Os tópicos pesquisados em vinte e quatro países por essa instituição mudam a

cada ano, mas repetem o mesmo tema a cada cinco anos (painéis). O tópico de 1997 –

“Orientações de Trabalho” – utilizado nesse estudo, cobria assuntos sobre atitudes gerais

relacionadas ao trabalho, como a organização do trabalho, os conteúdos do trabalho,

interesses coletivos, e empregos secundários. Duas importantes contribuições foram dadas

pelos autores para a literatura existente sobre o tema:

a) além de abranger um maior número de países, uma gama maior de variáveis foi utilizada

no estudo. Além daquelas ligadas às características relacionadas ao trabalho, utilizaram

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também variáveis ligadas à percepção do trabalho – segurança no emprego e satisfação

com o trabalho – raramente utilizadas em estudos de mobilidade de pessoal;

b) a natureza única desse estudo transnacional detalhado, sem precedentes tanto sob a

perspectiva psicológica quanto econômica do turnover.

Entretanto, a base de dados do ISSP não nos permite identificar as razões para as intenções de

turnover. O QUADRO 6 apresenta uma síntese interpretativa das pesquisas com variáveis

relacionadas ao turnover. Estas são classificadas segundo seu apoio a uma forte generalização

de ligação entre a variável e o turnover. As categorias “consistente”, “moderado” e

“inconclusivo” baseiam-se na avaliação feita pelo autor tendo como base a quantidade, a

qualidade e a interpretabilidade das pesquisas publicadas. Todas as variáveis listadas na tabela

têm uma relação potencial com o turnover.

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QUADRO 6

Síntese interpretativa das pesquisas sobre as causas e correlatos de turnover

Consistente Moderado InconclusivoMercado de trabalho Nível de emprego InflaçãoVariáveisorganizacionais

Níveis salariais Estilo de supervisão Tipo de indústria

Porte da unidade detrabalho

Porte organizacional

Rotinização,repetitividade de tarefasAutonomia eresponsabilidadeCentralizaçãoIntegraçãoComunicação

Variáveis individuais Idade Fonte de referência PersonalidadeTempo de serviço Responsabilidade

familiarSexo

Satisfação com oconteúdo do cargo

Interesses Instrução

Aptidão e capacidade ProfissionalismoSatisfação –remuneração

Desempenho

Satisfação –promoção Expectaçõesprofissionais

Satisfação – colegas detrabalho

Colegas de trabalho

Satisfação – supervisor AbsenteísmoSatisfação – condiçõesde trabalhoExpectativa de encontraruma alternativa

Variáveis integrativasSatisfação geral EstresseIntenções decomportamento de sairComprometimentoorganizacional

Fonte: MOBLEY, 1992, p. 137.

3.3 O Turnover sob a perspectiva gerencial

Muito se tem escrito sobre o tema Turnover, sob uma variedade de perspectivas – econômica,

psicológica, sociológica, gerencial, contábil, de pessoal e de relações industriais. Entretanto,

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este trabalho enfatiza a perspectiva gerencial do fenômeno. Como resultado dessa perspectiva

gerencial, o administrador deve ser capaz de diagnosticar a natureza e os prováveis

determinantes do Turnover em sua organização; estimar as prováveis conseqüências;

desenhar e implementar políticas, práticas e programas para um tratamento efetivo do

fenômeno; avaliar a efetividade das mudanças e antecipar futuras mudanças exigidas para o

gerenciamento efetivo do Turnover em um ambiente tão dinâmico. A FIG. 4 sintetiza essa

perspectiva.

FIGURA 4 - A perspectiva gerencial do TurnoverFonte: MOBLEY, 1992, p. 32

3.4 Conseqüências de Turnover

A maioria das pesquisas sobre o tema foi direcionada em suas causas e correlatos,

principalmente com relação aos custos de turnover para as organizações. Pouca atenção tem

ANTECIPARPrevisão e planejamento

ESTIMARCustos e conseqüências:

positivos e negativos

DIAGNOSTICARDeterminantes do Turnover

DESENHAR E IMPLEMENTARPolíticas, práticas, programas e processos

AVALIAREfetividade do gerenciamento do Turnover

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sido dispensada às suas conseqüências individuais e organizacionais (DALTON; TODOR,

1979; STAW, 1980; OLDHAM, 1978). Portanto, não há como fazer muitas generalizações a

respeito deste enfoque. Todavia, inúmeras conseqüências positivas e negativas podem ser

identificadas.

3.4.1 Conseqüências organizacionais negativas em potencial

O custo financeiro – recrutamento, seleção, admissão, instrução, desligamento - tem sido a

conseqüência organizacional negativa mais freqüentemente estudada. Entretanto, há uma

carência de pesquisas que captam a qualidade do empregado que se desliga, ou do substituto,

na estimativa do custo de turnover. O que os estudos deixam claro é que esse fenômeno

implica altos custos para as organizações. Porém, encarar os custos sem considerar os

benefícios, pode levar a uma visão distorcida da real utilidade do processo de turnover

(DALTON; TODOR, 1979).

Dois custos indiretos estão relacionados aos custos de desligamento – diminuição do nível de

eficiência do empregado que se desliga, antes de sua saída, e o custo de ter um cargo vago

durante a procura de um substituto. Há, também, um efeito negativo sobre a coesão e

interação de grupos que experimentam o turnover (PRICE; MUELLER, 1986). Outra

conseqüência organizacional negativa a ser observada é a queda no moral dos empregados

que ficam. Pode haver um estímulo ao turnover adicional em função dos cargos que passam a

estar disponíveis (STAW, 1980). Outra possível conseqüência negativa é a implementação de

estratégias e políticas “indiferenciadas” de controle de turnover, tais como aumentos

generalizados de salários, treinamentos intensivos e até mesmo a criação de metas de

turnover. Por último, mas não menos importante, esse fenômeno pode ter um sério efeito

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organizacional negativo ao levar organizações a adiarem ou cancelarem projetos

potencialmente criativos. Tendo em vista as projetadas reduções de postos no mercado de

trabalho, o processo de turnover é uma variável extremamente importante no planejamento

estratégico de longo prazo dentro das organizações. O QUADRO 7, relaciona exemplos de

possíveis conseqüências negativas do turnover, tanto para a organização quanto para o

indivíduo e a sociedade.

QUADRO 7

Exemplos de possíveis conseqüências negativas do turnover

ORGANIZAÇÃO INDIVÍDUO QUE SAI INDIVÍDUO QUE FICA SOCIEDADE

• Custos(recrutamento,admissão,ajustamento,treinamento)

• Perda da condiçãode empregadoantigo egratificaçõescorrelatas

• Abalo no padrãosocial ecomunicacional

• Aumento noscustos de produção

• Custos desubstituição

• Perda de benefíciosextra-oficiais

• Evasão decolegas detrabalho

• Inabilidaderegional paramanter ou atrairindústrias

• Custos do processode demissão

• Abalo nos sistemasde suporte social efamiliar

• Menor satisfação •

• Abalo nasestruturas social ecomunicacional

• Estresserelacionado àtransição

• Aumento dacarga de trabalho

• Evasão deempregados de altodesempenho

• Interferência nocurso da carreirado cônjuge

• Menor coesão •

• Menor satisfaçãoentre os que ficam

• Regressão no cursoda carreira

• Menorcomprometimen-to

• Estímulo para usode estratégiasindiferenciadas decontrole deturnover

Fonte: MOBLEY, 1992, p. 51.

73

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3.4.2 Conseqüências organizacionais positivas em potencial

O turnover é mais freqüentemente encarado em termos de conseqüências organizacionais

negativas. Entretanto, vários autores já vêm explorando conceitualmente suas possíveis

conseqüências organizacionais positivas (DALTON; TODOR, 1979; MOBLEY, 1980, 1982;

STAW, 1980). Essas conseqüências positivas são menos óbvias e quantificáveis e demoram

mais para se evidenciarem. Mais uma vez, há que se destacar a escassez de pesquisas

empíricas, não sendo possível fazer generalizações sobre o tema. A substituição por

empregados de melhor desempenho é a mais óbvia das conseqüências organizacionais

positivas. O desempenho dos que se desligam é, em geral, ignorado na literatura sobre

turnover (MOBLEY, 1982). Estudos de Staw (1980) identificam, através de uma interessante

análise de desempenho e tempo de serviço, três relações funcionais hipotéticas, traduzidas por

um gráfico das “Curvas Hipotéticas de Desempenho”.

Como conseqüência positiva importante, podemos também citar a criação de oportunidades

de substituições, podendo ser agregados novos conhecimentos, idéias, abordagens, tecnologia

e estilos à organização. Do ponto de vista do indivíduo, o surgimento de uma maior

mobilidade interna é, em potencial, uma conseqüência positiva do turnover. O desligamento

de indivíduos que não conseguem deixar seu emprego e criam outras formas de afastamento

como o absenteísmo, a apatia, a sabotagem ou queda na qualidade do trabalho, pode ser

benéfico para a organização (PORTER; STEERS, 1973; OLDHAM, 1978; STEERS;

MOWDAY, 1981). O turnover funciona também como uma derradeira solução para vários

conflitos internos, sendo em última instância positivo, tanto sob a perspectiva organizacional

quanto individual. O QUADRO 8 relaciona exemplos de possíveis conseqüências positivas do

turnover, tanto para a organização quanto para o indivíduo e a sociedade.

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QUADRO 8

Exemplos de possíveis conseqüências positivas do turnover

ORGANIZAÇÃO INDIVÍDUO QUE SAI INDIVÍDUO QUE FICA SOCIEDADE• Afastamento de

empregados debaixodesempenho

• Aumento desalários

• Maioresoportunidades demobilidadeexterna

• Mobilidadepara novasindústrias

• Infusão de novastecnologias enovosconhecimentos

• Progressoprofissional

• Estimulação efertilização emcada cadeia pelapresença denovos colegas detrabalho

• Menoresineqüidadesrelativas àrenda

• Estímulos paramudanças

• Melhorcompatibilizaçãopessoa-organização

• Maior satisfação • Menorescustos dedesemprego ebem-estarsocial em ummercado detrabalho emdeclínio

• Maioresoportunidades demobilidadeinterna

• Renovação deestímulos nonovo ambiente

• Maior coesão • Menorescustosrelacionadosao estresse notrabalho

• Maiorflexibilidadeestrutural

• Satisfação emrelação a valoresnão ligados aotrabalho

• Maiorcomprometimen-to

• Diminuição deoutroscomportamentosde “afastamento”

• Maior percepçãoda própriaeficiência

• Oportunidadesde redução decustos,estabilização

• Redução deconflitosenraizados

Fonte: MOBLEY, 1992, p. 52.

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Em síntese, foram citadas apenas algumas das possíveis conseqüências positivas e negativas

do turnover. Todavia, uma dada conseqüência depende de inúmeras outras variáveis.

Portanto, pensar nesse fenômeno em termos de uma única conseqüência é uma posição muito

simplista. Contudo, para progredirmos em direção a uma compreensão efetiva das

conseqüências do turnover, e ainda mais, à integração dessa compreensão a um

gerenciamento mais efetivo do fenômeno, exige-se um desenvolvimento mais profundo de

pelo menos duas áreas. Primeiro, são necessárias pesquisas adicionais, conceituais e

empíricas, para especificar conseqüências individuais, organizacionais e ambientais. Segundo,

é preciso haver um maior desenvolvimento da tecnologia de contabilização e mensuração de

RH para que as várias conseqüências positivas e negativas possam ser integradas em algum

tipo de indexador de utilidade líquida pelas organizações.

3.5 Modelo conceitual de Turnover

Sob ambas as perspectivas gerencial e de pesquisa, é necessário ter modelos conceituais

adequados do processo de Turnover para:

a) interpretar as descobertas feitas pelas pesquisas;

b) sugerir novas rotas para o trabalho de pesquisa;

c) chamar atenção para seus múltiplos determinantes;

d) e orientar os administradores no diagnóstico e tratamento do fenômeno.

Revisões da literatura indicam para o problema da falta de bases conceituais do Turnover

como um processo psicológico. Vários autores esboçaram modelos de Turnover (MARCH;

SIMON, 1958; PRICE; MUELLER, 1986; MOBLEY, 1977). Contudo, o modelo

“expandido” de Mobley et al. (1979) é o mais detalhado, porque incorpora elementos dos

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modelos anteriores e tenta captar a complexidade geral do Turnover, tratando assim das

variáveis organizacionais, ambientais e individuais associadas ao fenômeno.

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INDIVIDUAIS

OCUPACIONAIS PESSOAIS

Nível Hierárquico IdadeNível de habilidade Tempo de serviçoStatus InstruçãoProfissionalismo Interesses Personalidade Sócio-econômicas Responsabilidade familiar e aptidão

MERCADO DE

TRABALHO E

ECONOMIA

DesempregoÍndice de vagasNíveis publicitáriosNíveis de recrutamentoFala: comunicação

ORGANIZACIONAIS

Metas-valoresPolíticasPráticasRecompensasConteúdo do cargoSupervisãoGrupo de trabalhoCondiçõesClimaPorte

Percepções ligadas

ao cargo

Percepções domercado dotrabalho

VALORES INDIVIDUAIS

Satisfação

AtraçãoUtilidade

Expectada:Cargo Atual

AtraçãoUtilidade

Expectada:Alternativas

INTENÇÕES DE

PROCURAR.

Intenções de sair.

EXPECTAÇÕESREPRESENTANTES

AO CARGOPRESENTE

1. Em relação aosresultados nofuturo cargo

2. Em relação amanter-se noemprego

EXPECTAÇÕESREFERENTES AOS

CARGOSDISPONÍVEIS1. Em relação

aos resultadosno futurocargo

2. Em relação ater sucessocom aalternativa

COMPORTAMENTO DETURNOVER

Gratificação imediatavs. protelada

Centralidade de valoresnão ligados ao trabalho.Crenças referentes a:conseqüências dodesligamento não ligadasao trabalho. Obstáculoscontratuais.

Formas alternativas decomportamento de

afastamento

Comportamentoimpulsivo;

especificidade e tempoentre medidas

FIGURA 5 - Modelo expandido do processo de turnoverFonte : MOBLEY, 1992, p. 54

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Este modelo apresenta três importantes variáveis como aquelas que influenciam diretamente

as percepções individuais ligadas ao cargo e ao mercado de trabalho, bem como os valores

individuais - organizacionais; individuais; e de mercado de trabalho e economia. As

percepções criam expectativas nos indivíduos tanto quanto ao cargo atual como aos cargos

disponíveis no mercado de trabalho. Os valores individuais influenciam diretamente os níveis

de satisfação no trabalho e esta satisfação, em conjunto com as atrações exercidas pelos

cargos atuais e alternativos, implicam nas intenções de sair da organização ou de procurar

outro emprego. Por fim, estas intenções de sair se manifestam também sob a influencia de

quatro aspectos básicos – a centralidade nos valores não ligados ao trabalho, as crenças

referentes às conseqüências do desligamento, os obstáculos contratuais e a gratificação

imediata em contraste com a protelada. Contudo, fica muito clara neste modelo a diferença

entre as intenções de sair - ou procurar um novo emprego - e o comportamento de turnover,

tendo em vista que um indivíduo, por exemplo, pode estar apenas com intenções de sair e não

ter efetivamente um comportamento de turnover – diferenciação importante para pesquisas

sobre o tema.

3.6 Controle de Turnover

Inicialmente, o termo “controle” não significa apenas tentativas de minimizar o fenômeno.

Como vimos anteriormente, o Turnover pode ter conseqüências tanto positivas quanto

negativas. Portanto, controle quer dizer: gerenciar efetivamente o Turnover; otimizá-lo

quando tiver conseqüências positivas; e procurar minimizá-lo quando suas conseqüências

forem negativas. Em função de sua natureza complexa e multifacetada, não há prescrições

prontas e fáceis para seu gerenciamento. Contudo, as respostas gerenciais ao Turnover devem

ser baseadas no diagnóstico e avaliação de suas causas e conseqüências no contexto da

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organização. Sendo assim, algumas áreas precisam de um gerenciamento mais efetivo. Entre

outras, destacam-se o recrutamento, seleção e socialização inicial; o conteúdo dos cargos; as

práticas de remuneração; a supervisão; o gerenciamento de carreira; os esquemas alternativos

de trabalho; e outras oportunidades de um gerenciamento eficaz do Turnover (MOBLEY,

1992).

3.7 Índice de Turnover

O gerenciamento efetivo do turnover é de fundamental importância na medida em que fornece

embasamentos eficazes para a elaboração de importantes reformulações das políticas e

práticas de recursos humanos nas empresas. Um das práticas usuais da Administração de

Recursos Humanos é o cálculo da taxa de turnover ou de rotatividade de pessoal. O indicador

de turnover pode ser obtido, dentre outras, através da fórmula abaixo:

TT = D Em x 100

Onde:

TT: Taxa de Turnover

D: Demissões no período considerado

Em: Número médio do quadro de pessoal (em um determinado período)

Alguns autores consideram outras variáveis. Marras (200), por exemplo, sugere um método

levando em consideração os funcionários demitidos, demissionários ou ambos, conforme

fórmula abaixo:

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TT = Nd / [( Elp + Efp) / 2] x 100

Onde:

TT: Taxa de Turnover

Nd: Número de desligados (somente demitidos, somente demissionários ou ambos)

Elp: Número de efetivos no início do período

Efp: Número de efetivos no fim do período

Em resumo, de acordo com todo o referencial teórico adotado para dar suporte ao turnover,

conclui-se sobre a importância em se aprofundar os estudos sobre o tema, tendo em vista suas

diversas causas e correlatos, suas conseqüências organizacionais tanto positivas quanto

negativas e a escassez de pesquisas sobre o tema no Brasil; inclusive de um instrumento capaz

de validar o modelo teórico apresentado.

No capítulo seguinte, será apresentada a metodologia utilizada nesta pesquisa.

81

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4 METODOLOGIA

Este capítulo trata da metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa. Divide-se

em sete itens: o setor do comércio varejista e as empresas pesquisadas; objetivo da pesquisa;

caracterização da pesquisa; população alvo; instrumentos de coleta de dados; distribuição e

devolução dos questionários; tratamento de dados.

4.1 O setor do comércio varejista e as empresas pesquisadas

4.1.1 O setor do comércio varejista

Antes de focar as empresas pesquisadas, segue um pequeno resumo sobre alguns números do

setor do comércio varejista da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana.

As TAB. 2 e 3 apresentam números referentes às horas semanais médias de jornada de

trabalho dos assalariados, independente da atividade exercida, classificados por gênero

(masculino e feminino) desde o ano de 1998 até 2006. Conforme será apresentado no capítulo

5 da pesquisa - análise e interpretação dos dados - os indivíduos pertencentes ao setor

pesquisado possuem uma elevada carga de trabalho se comparados com os trabalhadores em

geral – 77% declararam trabalhar inclusive aos Domingos.

Interessante ressaltar o decréscimo do total de horas trabalhadas no ano de 2006. Esta jornada

média dos assalariados da região metropolitana de Belo Horizonte está um pouco abaixo da

jornada média dos empregados do setor do comércio varejista.

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TABELA 2Jornada média dos assalariados, por sexo

Regiões Metropolitanas – 1998-2006 (em horas semanais)

Período Belo Horizonte

Total Homens Mulheres

1998 41 43 37

1999 41 43 38

2000 41 44 38

2001 41 43 38

2002 41 43 38

2003 41 42 38

2004 40 42 37

2005 41 42 38

jan/06 42 43 40

fev/06 41 43 39

mar/06 38 40 35

abr/06 39 41 37

mai/06 39 41 37

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DIEESE (www.dieese.org.br).

TABELA 3Assalariados que trabalharam mais que a jornada legal

jan. - jun. 2006

Região metropolitanaIndústria de

transformação Comércio Serviços Média Geral

Belo Horizonte 43,7 51,5 31,6 42,3

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DIEESE (www.dieese.org.br).

83

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A TAB. 4 apresenta números relacionados ao rendimento médio dos assalariados da cidade

de Belo Horizonte, classificados por gênero (masculino e feminino) desde o ano de 1998 até

2006. De acordo com a análise descritiva dos dados apresentada posteriormente, os indivíduos

pertencentes ao setor pesquisado possuem um baixo nível salarial se comparados com os

trabalhadores em geral – 46% declararam possuir um rendimento mensal entre R$ 351,00 e

R$ 700,00.

TABELA 4Rendimento médio real dos assalariados, por sexo

Regiões Metropolitanas – 1998-2006 (em Reais de jan. 2006)

Período

Belo Horizonte

Total Homens Mulheres

1998 978 1054 859

1999 945 1018 842

2000 920 991 821

2001 924 1003 814

2002 926 992 836

2003 838 910 743

2004 861 940 762

2005 840 909 749

dez/05 874 935 797

jan/06 898 968 808

fev/06 891 950 814

mar/06 910 969 830

abr/06 897 952 822

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DIEESE (www.dieese.org.br).

O GRÁF. 1 demonstra como o setor do comércio varejista (separado do setor de serviços)

contribui para a formação do PIB do estado de Minas Gerais.

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Gráfico 1 - Distribuição do PIB de Minas Gerais por setores

0% 7%

21%

1%

12%

2%5%

25%

4%

2%

1%

1%

6%

3%

6%

1%

0%

0%

SETORES

Agropecuario

Industrial

Extrativa mineral

Indústria de transformação

Serv. industriais de utilidadepúblicaConstrução civil

Serviços

Comércio

Alojamento e alimentação

  Transporte

Comunicações

Instituições financeiras

Aluguéis

Administração pública

Educação e saúde

Outros seviços coletivos e pessoais

GRÁFICO 1 – Distribuição do PIB de Minas Gerais por setores Fonte: www.fateccomercio.edu.br

O GRÁF. 2 demonstra como o setor do comércio varejista (dentro do setor de serviços)

contribui para a formação do PIB da cidade de Belo Horizonte.

Gráfcio 2 - Composição do PIB BH por setores

Industrial

Industrial

Industrial

Industrial

Servicos

Servicos

Servicos

Servicos

0,00 2.000.000,00 4.000.000,00 6.000.000,00 8.000.000,00 10.000.000,00 12.000.000,00 14.000.000,00

1

2

3

4

Servicos

Industrial

GRÁFICO 2 – Composição do PIB BH por setores Fonte: www.fateccomercio.edu.br

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4.1.2 As empresas pesquisadas

As empresas objetos da pesquisa, aqui denominadas de Rede 1 e Rede 2, nomes fictícios, são

duas empresas líderes e concorrentes dentro do segmento de lojas especializadas na

comercialização de acessórios de couro e malas de viagem. A Rede 1 possui três pontos de

venda dentro de três shopping center´s da cidade de Belo Horizonte. A Rede 2 é uma

franquia, integrante de outras tantas franquias presentes em todo o país, com seis pontos de

venda localizados nos melhores shopping´s da cidade de Belo Horizonte e região

metropolitana. Não existe em ambas as redes um departamento específico de Recursos

Humanos.

Ambas possuem uma estrutura organizacional centralizada em suas proprietárias. As tomadas

de decisão - compras, contas a pagar e a receber, recrutamento e seleção de funcionários,

marketing, entre outras – necessariamente são controladas na presença das proprietárias. Na

Rede 1, é desenvolvido um trabalho de supervisão por uma funcionária ligada diretamente à

proprietária, tendo inclusive esta funcionária certa autonomia para resolver quaisquer

problemas relacionados ao bom andamento dos pontos de venda bem como na compra de

novos estoques. Diferentemente, na Rede 2, todo o trabalho é desenvolvido diretamente pela

proprietária que, ao longo da semana, sempre visita seus pontos de venda, muitas vezes

fazendo até mesmo o papel de vendedora e gerente, além de prestar uma consultoria aos

clientes de sua rede.

4.2 Objetivo da pesquisa

86

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O objetivo principal deste trabalho consiste em apurar o grau de comprometimento

organizacional dos gerentes e vendedores de duas redes de lojas, localizadas em Shopping

Center´s da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana, considerando os componentes

afetivo, normativo e instrumental do comprometimento com a organização, bem como

verificar as possíveis relações do comprometimento com o comportamento de turnover.

4.3 Caracterização da pesquisa

Antes de caracterizar toda a pesquisa em questão, faz-se necessária a apresentação de alguns

conceitos sobre tipos de classificações de pesquisas.

Segundo Collis e Hussey (2005, p. 23), os muitos tipos de pesquisa podem ser classificados

de acordo com:

a) o objetivo da pesquisa – os motivos pelos quais o pesquisador a está realizando;

b) o processo da pesquisa – a maneira pela qual o pesquisador coletará e analisará seus

dados;

c) a lógica da pesquisa – se o pesquisador está se movendo do geral para o específico ou

vice-versa;

d) o resultado da pesquisa – se o pesquisador está tentando resolver um determinado

problema ou fazer uma contribuição geral para o conhecimento.

De acordo com o objetivo da pesquisa, pode-se descrevê-la como exploratória, descritiva,

analítica ou preditiva. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva porque

descreve o comportamento dos indivíduos em relação ao fenômeno comprometimento

organizacional . Há que se ressaltar também a proximidade que este estudo possui com

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pesquisas do tipo exploratória, tendo em vista que busca idéias ou hipóteses sobre uma

relação pouco pesquisada entre dois fenômenos – comprometimento e turnover.

De acordo com o processo de pesquisa, podemos diferenciá-la em quantitativa ou qualitativa.

Alguns preferem o método quantitativo, objetivo por natureza e focado na mensuração dos

fenômenos. Outros preferem o método qualitativo, que é mais subjetivo e envolve examinar e

refletir as percepções para obter um entendimento de atividades sociais e humanas (COLLIS;

HUSSEY, 2005, p. 26). Portanto, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa e

qualitativa porque é objetiva na mensuração do fenômeno comprometimento organizacional

através da aplicação de um questionário à população foco da pesquisa e ao mesmo tempo é

também subjetiva ao examinar e refletir as percepções sobre as possíveis relações entre

comprometimento e turnover, através de entrevistas e grupo de foco, para obter um melhor

entendimento sobre estes dois temas comportamentais.

Esta pesquisa - como toda pesquisa em ciências sociais - também se caracteriza como

aplicada – aquela projetada para aplicar suas descobertas a um problema específico existente

(COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 27).

De acordo com a lógica da pesquisa, podemos classificá-la de pesquisa dedutiva quando é um

estudo no qual uma estrutura conceitual e teórica é desenvolvida e depois testada pela

observação empírica; portanto, os casos particulares são deduzidos a partir de inferências

gerais – método que vai do geral para o particular. Podemos classificá-la de pesquisa indutiva

quando é um estudo no qual a teoria se forma a partir da observação da realidade empírica;

portanto, inferências gerais são induzidas a partir de casos particulares – o contrário do

método dedutivo (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 28). Portanto, este estudo caracteriza-se como

88

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uma pesquisa dedutiva porque é um estudo no qual uma estrutura conceitual e teórica sobre o

construto comprometimento e o turnover é desenvolvida para depois ser testada pela

observação empírica.

Esta pesquisa utiliza-se de duas metodologias positivistas – survey e estudo de corte

transversal – e uma metodologia fenomenológica – estudo de casos múltiplos. O survey se

caracteriza por retirar uma amostra de sujeitos de uma população e estudá-la para se fazerem

inferências sobre esta população. Os estudos de corte transversal são uma metodologia

positivista projetada para obter informações sobre variáveis em diferentes contextos, mas

simultaneamente – muito utilizados quando há limites de tempo ou de recursos, características

da pesquisa em questão. Um estudo de caso é um exame extensivo de um único exemplo de

um fenômeno de interesse, exemplo de uma metodologia fenomenológica, em que a

importância do contexto é essencial (COLLIS; HUSSEY, 2005).

4.4 População

Nesta pesquisa, o objeto de estudo são todos os vendedores e gerentes de duas redes de lojas

que trabalham dentro de Shopping Center´s na cidade de Belo Horizonte e região

metropolitana. A população é constituída de 58 pessoas, entre vendedores e gerentes. Dos 58

questionários entregues nas lojas – doze na rede 1 e 46 na rede 2 -, obteve-se o retorno de 53

questionários totalmente válidos, correspondendo a um índice de retorno de 91,38%,

conforme TAB. 5.

89

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TABELA 5

Distribuição da população pesquisadaCargo Efetivo Questionários

enviados

Respondentes

Gerente 08 08 06Vendedor 50 50 47

Fonte: Elaboração própria.

4.5 Instrumentos de coleta de dados

Os dados foram coletados diretamente pelo pesquisador a partir da aplicação de questionários

e entrevistas. Estes dados “referem-se a fatos ou coisas conhecidas, usadas como uma base

para inferência ou consideração” (COLLIS; HUSSEY, 2005). De acordo com Vergara (2005),

a pesquisa de campo permite a investigação através de entrevistas, aplicação de questionários

e testes que são excelentes fontes de coleta de dados. O objetivo principal desta pesquisa

centra-se neste tipo de investigação, em que foram avaliadas opiniões, sugestões e realidades

dos funcionários pesquisados. Inicialmente, foram aplicados os questionários para todos os

vendedores e gerentes de ambas as redes. Posteriormente, foram realizadas entrevistas

individuais com seis gerentes das redes envolvidas na pesquisa. E, por fim, foi conduzido um

grupo de foco envolvendo oito funcionários de ambas as redes de lojas.

4.5.1 Grupo de foco

O trabalho grupal vem sendo estudado pelas Ciências Sociais, em especial pela Psicologia

Social e Psiquiatria nos chamados “grupos terapêuticos” (PICHON-RIVIÈRI, 1998). É

recomendado para a pesquisa de campo já que, em pouco tempo e baixo custo, permite uma

diversificação e um aprofundamento dos conteúdos relacionados ao tema de interesse

(CHIESA, CIAMPONE, 1999). De acordo com estes autores, o principal objetivo do grupo

90

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de foco consiste na interação entre os participantes e o pesquisador e a coleta de dados; a

partir da discussão com foco, em tópicos específicos e diretivos. O grupo focal, em seu caráter

subjetivo de investigação, é utilizado como estratégia metodológica qualitativa, já que a

pesquisa qualitativa caracteriza-se por buscar respostas acerca do que as pessoas pensam e

quais são os seus sentimentos DEBUS (1997).

A definição dos membros que farão parte do grupo focal é considerada tarefa relevante, uma

vez que implica em capacidade de contribuição com os objetivos da pesquisa. A amostra é

intencional e os critérios podem variar DEBUS (1997). Neste trabalho, os membros

escolhidos – oito ao todo – compõem uma amostra de todas as lojas pesquisadas; tendo como

critério o tempo de permanência na empresa e o cargo ocupado – 4 indivíduos de cada rede de

loja, sendo dois gerentes e dois vendedores.

Em relação ao número de sessões, varia de acordo com a complexidade temática e o interesse

da pesquisa, podendo ser alterado após análise conjunta (do moderador e observador) dos

dados coletados. Neste trabalho, optou-se por duas sessões, até mesmo pela dificuldade em

agrupar os indivíduos em função da própria carga horária de trabalho do setor de comércio.

Em conformidade com Debus (1997), deve-se ter um cuidado especial quanto à escolha do

local e ambientação para os encontros. Preferencialmente o local deve ser neutro, isto é, fora

do ambiente de trabalho e/ou convívio dos participantes e de fácil acesso. Quanto ao tempo de

duração, o mesmo autor sugere de uma a duas horas. Neste trabalho, mais uma vez pela

limitação de tempo, optou-se por conduzir o processo antes da abertura das lojas, dentro do

próprio shopping, utilizando-se das praças de alimentação, tendo a duração de 1 h. e 30 min.

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Dall´agnol e Trench (1999) esclarecem a importância do papel do moderador – facilitador do

debate e geralmente o próprio pesquisador - como “significativo e relevante para o

funcionamento dos grupos e implica preparo e instrumentalização em todas as fases do

processo”. Juntamente com o moderador, o observador é também de suma importância para o

sucesso da técnica de grupo focal. Neste trabalho, o moderador foi o próprio pesquisador;

auxiliado por uma psicóloga atuando com observadora – tomando nota das principais

expressões verbais e não verbais.

4.6 Distribuição e devolução dos questionários

O contato oficial com as empresas deu-se diretamente com as proprietárias de cada rede de

lojas, utilizando-se da carta de apresentação (APÊNDICE A). A carta de encaminhamento e o

questionário (APÊNDICE B) foram entregues pelo próprio autor desta pesquisa diretamente

aos vendedores e gerentes em cada ponto de venda. Após uma semana da entrega dos

questionários, os mesmos foram recolhidos pelo próprio pesquisador. As entrevistas foram

feitas pelo próprio pesquisador uma semana após a aplicação dos questionários, utilizando-se

um modelo semi-estruturado para a condução das mesmas (APÊNDICE C).

4.7 Tratamento dos dados

Para análise dos resultados utilizou-se a Escala de Meyer e Allen que define três dimensões

do comprometimento: Afetivo, Instrumental e Normativo. As questões 2.1 a 2.18 do

questionário medem as dimensões do Comprometimento, sendo que as questões 2.1 a 2.6

medem a dimensão “Comprometimento Afetivo”, as questões 2.7 a 2.12 o

“Comprometimento Instrumental” e 2.13 a 2.18 o “Comprometimento Normativo”.

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Devido ao fato das questões 2.3, 2.4, 2.5 e 2.13 estarem na ordem invertida em relação às

demais questões, inverteu-se a ordem das respostas dessas quatro para que cada grupo de

questões pudesse ser agregado corretamente para constituir as três dimensões. Cada dimensão

é representada por meio das médias de suas respectivas questões.

O programa estatístico utilizado para o tratamento dos dados quantitativos foi o SPSS 12.0 for

Windows – Statistical Package for the Social Sciences. O programa Microsoft Excel 2002 foi

também utilizado para a construção dos gráficos.

O tratamento de dados nesta pesquisa foi feito tanto sob a forma quantitativa, como suporte

para a verificação dos dados, quanto sob a forma qualitativa através de uma análise de

conteúdo e de um grupo de foco, para uma melhor compreensão do fenômeno; em especial

para auxiliar na investigação da possível ligação entre comprometimento e turnover.

Collis e Hussey (2005) classificam esta forma de tratamento dos dados de triangulação.

Segundo os autores, “utilizar-se de diferentes métodos e técnicas de pesquisa no mesmo

estudo, permite transpor o preconceito e a esterilidade potencial de uma abordagem de

método único” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 81).

Em resumo, de acordo com a metodologia apresentada, conclui-se sobre a importância deste

estudo para as empresas pesquisadas e sobre a complexidade do mesmo, ao abordar dois

temas comportamentais, através de um estudo de casos múltiplos em que foram utilizados

instrumentos quantitativos e qualitativos para análise dos fenômenos.

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No capítulo seguinte, será apresentada toda a análise e interpretação dos dados desta pesquisa.

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5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Para atender ao objetivo deste trabalho - aferir o grau de comprometimento organizacional

dos gerentes e vendedores de duas redes de lojas, localizadas em Shopping Center´s da cidade

de Belo Horizonte e região metropolitana, considerando os componentes afetivo, normativo e

instrumental do comprometimento com a organização, bem como identificar as possíveis

relações entre comprometimento e comportamentos de turnover – este capítulo é dividido em

quatro partes. Nas primeiras três partes, para compreender melhor o fenômeno

comprometimento organizacional, são analisados de forma quantitativa os dados obtidos da

pesquisa através dos questionários, a partir das seguintes variáveis levantadas: características

funcionais e os componentes afetivo, instrumental e normativo do comprometimento

organizacional. Na quarta parte, para compreender melhor como se relacionam o construto

comprometimento organizacional e o turnover, são analisados de forma qualitativa os dados

obtidos da pesquisa através das entrevistas – utilizando-se do método de análise de conteúdo –

e os dados obtidos no grupo de foco.

5.1 Análise descritiva da população estudada: variáveis pessoais

A seção do questionário que trata dos dados pessoais é constituída de onze questões fechadas,

que são comentadas a seguir:

a) conforme demonstrado no GRÁF. 7 (APÊNDICE F), em relação ao gênero, 70% dos

respondentes são do sexo feminino e 30% do masculino – no ramo de negócio em que

ambas as redes atuam, é um dado perfeitamente compreensível e esperado, tendo em vista

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que pessoas do sexo feminino possuem maior aptidão para a comercialização de artigos

de viagem e acessórios em geral;

b) em relação à família, 34% declararam ter filhos e 66% não possuem filhos – proporção

também esperada devido ao fato de que a maior parte da população é jovem, ajudando a

explicar um dos motivos das reais intenções de sair de muitos deles, porque o fato de não

ter filhos impacta positivamente nas intenções de sair. Dos que declararam ter filhos, a

metade possui apenas um, 33% dos respondentes possuem dois e 17% deles possuem três

filhos. Os GRÁF. 8-9 (APÊNDICE F), apresentam esta distribuição dos respondentes;

c) quanto à idade, a maior proporção foi observada para faixa de até 25 anos com 32%,

seguida pela faixa de 26 a trinta anos com 26%. A menor proporção, de 2%, foi

verificada para os respondentes acima de 45 anos – índices que, apesar de não serem

muito esperados porque é um setor do comércio cujos produtos finais não são de muita

identificação pelos jovens, ajudam a explicar as reais intenções de turnover devido ao fato

de que jovens são normalmente mais propensos a trocar de emprego. O GRAF. 10

(APÊNDICE F), apresenta esta distribuição dos respondentes;

d) no que se refere ao estado civil, mais da metade declarou-se solteira, com 58%. Do total,

30% são casados e 4% desquitados ou separados. A mesma proporção foi observada para

os divorciados e 4% não responderam – dados que não são indicativos de

comportamentos que nos ajudem a elucidar questões como as intenções de sair e o

comprometimento dos indivíduos. O GRÁF. 11 (APÊNDICE F), apresenta esta

distribuição dos respondentes;

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e) para o grau de escolaridade, houve predominância de respondentes com segundo grau

completo, 64% e uma minoria de 4% com primeiro grau incompleto – índices também

esperados devido ao ramo de negócio, em que o segundo grau é o mínimo exigido dos

vendedores e gerentes. O GRÁF. 12 (APÊNDICE F), apresenta esta distribuição dos

respondentes.

5.2 Análise descritiva da população estudada: variáveis funcionais

a) quanto ao tempo de trabalho na empresa 55% afirmaram ser de menos de um ano,

43% de um a cinco anos e 2% de seis a dez anos – percentual alto de pessoas com

menos de um ano de empresa é um indicador de alto índice de turnover;

GRÁFICO 3 - Distribuição dos respondentes quanto ao tempo detrabalho na empresa

Fonte: Dados da pesquisa

b) com relação ao cargo ocupado, a grande maioria, 89%, declarou-se vendedor e outros

9%, gerente – índices também esperados porque há, no máximo, um único gerente por

loja e em algumas lojas há, inclusive, ausência de gerentes;

Tem po de trabalho na em presa

Menos de 1 ano55%

de 1 a 5 anos43%

de 6 a 10 anos2%

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GRÁFICO 4 - Distribuição dos respondentes quanto ao cargo oufunção

Fonte: Dados da pesquisa.

c) quanto ao tempo de trabalho no cargo atual, mais da metade respondeu ser menor

do que um ano e o restante de um a cinco anos – dado compatível com o tempo de

trabalho na empresa;

GRÁFICO 5 - Distribuição dos respondentes quanto ao tempo detrabalho no cargo atual

Fonte: Dados da pesquisa

Cargo ou função que ocupa

Vendedor89%

Gerente9%

Não responderam

2%

Há quanto tem po trabalha no cargo atual

Menos de 1 ano57%

de 1 a 5 anos43%

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d) o turno predominante de trabalho de segunda à sábado para 47% dos funcionários

foi o período manhã/tarde - de 9 às 16h - e para 53% foi o tarde/ noite - de 16 às 22

horas. Em relação a jornada aos domingos,77% afirmaram trabalhar aos domingos e

apenas 23% responderam negativamente – informações pertinentes, devido ao rodízio

que é feito dentro das lojas. Os GRAF. 13-14, no APÊNDICE F, apresentam esta

distribuição dos respondentes;

e) finalmente, quanto à média de remuneração mensal, quase a metade dos

respondentes, 46%, declarou ser entre R$ 351,00 e R$ 700,00 – uma importante

variável que implica positivamente em intenções de sair, tendo em vista que o nível

salarial é muito baixo. Uma minoria de 9% acima de R$ 1.050,00.

GRÁFICO 6 - Distribuição dos respondentes quanto à remuneraçãomensal

Fonte: Dados da pesquisa.

5.3 Avaliação dos componentes do comprometimento

Média de rem uneração m ensal

de R$ 351,00 a R$ 700,00

46%

de R$ 701,00 a R$ 1.050,00

26%

Até R$ 350,0019%

Acima de R$ 1.050,00

9%

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Por meio dos questionários aplicados aos funcionários das duas redes de lojas procurou-se

avaliar o nível de comprometimento dos vendedores e gerentes em relação à organização a

que pertencem.

5.3.1 Consistência da escala de comprometimento

O questionário foi validado em sua forma através de um trabalho em conjunto com os

próprios colegas de curso. Quanto ao conteúdo, a sua validação se deu através de um painel

composto por professores especialistas na área.

Para consistência da escala utilizada no questionário utilizou-se o Coeficiente Alfa de

Cronbach que mede a confiabilidade de consistência interna do conjunto em uma escala

multi-itens. Esse coeficiente é um valor que varia de 0 a 1. A confiabilidade satisfatória da

consistência interna da escala é verificada para valores de Alfa de Cronbach acima de 0,55.

A TAB. 6 apresenta os valores de alfa para cada dimensão.

TABELA 6

Alfa de Cronbach para cada dimensão

Fatores Alfa de CronbachComprometimento Afetivo 0,713Comprometimento Instrumental 0,669Comprometimento Normativo 0,598

Fonte: Dados da pesquisa.

Para todas as dimensões verificou-se boa consistência interna com valores de Alfa de

Cronbach superiores a 0,55.

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5.3.2 Análise das Redes de lojas por meio de testes estatísticos.

A TAB. 7 apresenta o nível médio do comprometimento com a organização avaliada nas três

dimensões.

TABELA 7Valores dos níveis das dimensões para Rede 1 e Rede 2

ComprometimentoAfetivo

ComprometimentoInstrumental

ComprometimentoNormativo

Rede 1 3,536 2,655 3,571Rede 2 3,416 2,620 3,218

Fonte: Dados da pesquisa

Com o intuito de verificar se a diferença existente entre as duas redes de lojas concorrentes no

que se refere ao comprometimento com a organização foi significativa, foram realizados

testes de hipóteses t-student (Independents Samples T test) utilizando um nível de

significância de 5%.

Para cada teste de significância realizado publicaram-se os valores observados para os níveis

de comprometimento de cada segmento comparado e o p-valor do teste. Sendo P-valor o risco

de se rejeitar H0, hipótese de não existência de diferença significativa entre os parâmetros

testados (médias populacionais). Como se utilizou um nível de significância de 5%, p-valores

superiores ao nível estabelecido evidenciam que não existe diferença significativa entre os

parâmetros testados.

TABELA 8

Efeito do tipo de Rede nas dimensões do comprometimento

Rede 1 Rede 2 P-valor*

Comprometimento Afetivo 3,536 3,416 0,490Comprometimento Instrumental 2,655 2,620 0,864Comprometimento Normativo 3,571 3,218 0,050

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: * P-valor para: Independents Samples T test

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Os p-valores dos testes-t maiores do que 0,05, que podem ser verificados na TAB. 8,

evidenciaram que não existe diferença significativa entre as duas redes no que se refere ao

nível de Comprometimento Afetivo e Instrumental. Já em relação ao Comprometimento

Normativo (p-valor = 0,05) concluiu-se pela existência de diferença significativa, sendo que a

rede 1 apresentou maior média para esse quesito.

Realizou-se também o teste-t para comparar o nível de comprometimento entre os gerentes e

os vendedores sem distinção das lojas ou redes a que pertencem. A TAB. 9 apresenta o nível

médio de comprometimento nos três quesitos avaliados para os gerentes e para os vendedores.

TABELA 9Nível médio de comprometimento nos três quesitos avaliados para os gerentes e para os

vendedores Comprometimento

AfetivoComprometimento

InstrumentalComprometimento

NormativoGerentes 4,100 2,100 3,400

Vendedores 3,370 2,684 3,280Fonte: Dados da pesquisa

A TAB. 10 apresenta os p-valores do teste t entre gerentes e vendedores.

TABELA 10Efeito do cargo ocupado na organização em relação às dimensões do comprometimento

Gerentes Vendedores P-valor*

Comprometimento Afetivo 4,100 3,370 0,004ComprometimentoInstrumental

2,100 2,684 0,056

Comprometimento Normativo 3,400 3,280 0,658Fonte: Dados da pesquisa

Nota:* P-valor para: Independents Samples T test

Quanto ao Comprometimento Afetivo, verificou-se diferença significativa entre gerentes e

vendedores (p-valor menor do que 0,05), sendo que os gerentes mostraram-se mais

comprometidos afetivamente com a organização. Referente ao Comprometimento

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Instrumental, como o p-valor foi muito próximo do nível de significância estabelecido,

considera-se que existe diferença significativa também nesse quesito, sendo que os

vendedores mostraram maior comprometimento, apresentando médias superiores. Já em

relação ao Comprometimento Normativo, a diferença existente entre estes não foi significante

(p-valor maior do que 0,05) indicando que vendedores e gerentes são igualmente

comprometidos com a organização no que diz respeito ao Comprometimento Normativo.

Avaliou-se também se dentro de cada rede existe diferença significativa entre os gerentes e os

vendedores em relação às três dimensões do comprometimento.

A TAB. 11 apresenta o nível médio do comprometimento observado em cada dimensão para

os vendedores e gerentes da Rede 1 e os p-valores do teste t.

Como dentro da Rede 1 apenas um gerente respondeu ao questionário, os valores dos três

níveis dos comprometimentos avaliados para os vendedores foram comparados aos valores

atribuídos pelo gerente por meio do teste t (One Sample T-test).

TABELA 11Efeito do cargo ocupado na Rede 1 em relação às dimensões do comprometimento

Gerente Vendedores P-valor**

Comprometimento Afetivo 4,500 3,462 0,000Comprometimento Instrumental 2,830 2,640 0,281Comprometimento Normativo 4,170 3,526 0,001

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: **P-valor para: One Sample T-test

O nível de comprometimento em que vendedores e o gerente da Rede 1 apresentaram

comportamento similar foi o Instrumental (p-valor = 0,281). No entanto, em relação aos

níveis Afetivo e Normativo existem evidências de que o gerente é significativamente mais

comprometido do que os vendedores da mesma rede.

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A TAB. 12 apresenta o nível médio do comprometimento observado em cada dimensão para

os vendedores e gerentes da Rede 2 e os p-valores do teste t (Independents Samples T test).

TABELA 12

Efeito do cargo ocupado na Rede 2 em relação às dimensões do comprometimento Gerentes Vendedores P-valor*

Comprometimento Afetivo 4,000 3,335 0,021Comprometimento Instrumental 1,917 2,071 0,028Comprometimento Normativo 3,208 3,186 0,940

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: * P-valor para: Independents Samples T test

Os resultados foram similares à comparação entre os gerentes e vendedores quando se

desconsiderou a qual rede pertenciam. Apenas no que se refere ao Comprometimento

Normativo não houve diferença significativa. Já em relação ao Comprometimento Afetivo

verificou-se que os gerentes da rede 2 são significativamente mais comprometidos do que os

vendedores da mesma rede (p-valor < 0,05). No entanto, os vendedores evidenciaram maior

Comprometimento Instrumental com a organização (p-valor < 0,05).

Alguns cruzamentos foram realizados com intuito de verificar se alguma classe, em específico

dos funcionários de ambas as redes, apresentou diferença significativa em relação aos níveis

de comprometimentos avaliados. As classes avaliadas foram: gênero, remuneração mensal e

tempo de trabalho na empresa.

Em relação ao gênero verificou-se que não existe diferença entre homens e mulheres no que

se refere aos níveis de comprometimento (p-valores > 0,05) como pode ser observado na

TAB.13.

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TABELA 13Efeito do gênero do funcionário nas dimensões do comprometimento

Masculino Feminino P-valor*

Comprometimento Afetivo 3,646 3,362 0,084Comprometimento Instrumental 2,833 2,541 0,132Comprometimento Normativo 3,375 3,284 0,604

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: * P-valor para: Independents Samples T test

Para a média de remuneração mensal, observou-se que apenas no que diz respeito ao

Comprometimento Afetivo, os funcionários com média de remuneração mensal acima de dois

salários mínimos apresentaram-se significativamente mais comprometidos com a organização

do que os que recebem menos do que dois salários mínimos. (TAB. 14).

TABELA 14Efeito da remuneração mensal nas dimensões do comprometimento

Abaixo de 2salários

Acima de2 salários

P-valor*

Comprometimento Afetivo 3,340 3,640 0,055Comprometimento Instrumental 2,076 2,491 0,250Comprometimento Normativo 3,343 3,254 0,589

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: * P-valor para: Independents Samples T test

Quanto ao tempo de trabalho na empresa, não se verificou diferença significativa em nenhum

dos três níveis de comprometimento (P-valores > 0,05).

TABELA 15Efeito do tempo de trabalho nas dimensões do comprometimento

Menosde 1 ano

Mais de 1ano

P-valor*

Comprometimento Afetivo 3,416 3,449 0,828Comprometimento Instrumental 2,586 2,696 0,553Comprometimento Normativo 3,351 3,239 0,498

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: * P-valor para: Independents Samples T test

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No APÊNDICE E estão relacionadas as TAB. 18-24 com as respostas dadas pelos vendedores

e gerentes às dezoito questões sobre as três dimensões do comprometimento pesquisadas.

Quando foram comparadas, no geral, as duas redes, verificou-se que os funcionários da Rede

1 possuem maior comprometimento normativo – dimensão do comprometimento que reflete

um sentimento de obrigação de permanecer na empresa, em que as pessoas sentem que devem

permanecer na organização - do que os funcionários da Rede 2.

Entre vendedores e gerentes, no geral, verificou-se que os gerentes são mais comprometidos

afetivamente – dimensão caracterizada por uma relação forte entre um indivíduo identificado

e envolvido com uma organização em particular. E os vendedores são mais comprometidos

instrumentalmente – dimensão em que os indivíduos permanecem na empresa devido à

percepção que possuem dos custos e benefícios associados a sua saída.

Dentro da Rede 1 verificou-se que o gerente pesquisado apresenta maior comprometimento

afetivo do que os vendedores da mesma rede.

Dentro da Rede 2 verificou-se que os gerentes apresentam maior comprometimento afetivo do

que os vendedores da mesma rede e os vendedores apresentam maior comprometimento

instrumental do que os gerentes da mesma rede.

Em relação ao gênero, homens e mulheres são igualmente comprometidos com as

organizações às quais pertencem.

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Quanto a média salarial, os funcionários (vendedores e gerentes) que recebem acima de dois

salários mínimos apresentaram-se mais comprometidos afetivamente do que os que recebem

menos de dois salários mínimos.

Em relação ao tempo de trabalho na empresa, os funcionários que trabalham há menos de um

ano e há mais de um ano são igualmente comprometidos nas três dimensões.

Em uma análise geral, pode-se afirmar que os vendedores e gerentes de ambas as redes têm

um nível de comprometimento geral moderado com a organização em que trabalham.

5.4 Possíveis relações entre os construtos comprometimento organizacional e turnover

Conforme descrito no início deste capítulo, buscou-se verificar de forma empírica as possíveis

relações entre o construto comprometimento organizacional e o turnover, através de uma

análise qualitativa das colocações feitas pelos participantes durante as entrevistas e o grupo de

foco – estruturados de acordo com o modelo de Mobley (1992) para o processo de turnover -,

relacionando estas colocações aos resultados quantitativos obtidos pela análise dos dados dos

questionários.

Algumas colocações dos envolvidos nas entrevistas vêm ao encontro do que afirma Bastos

(1993) sobre a relação entre comprometimento e turnover: a relação da turnover com

comprometimento é medida pela variável intenção de sair – um melhor preditor de turnover.

Outras colocações vêm ao encontro de alguns dos fatores que podem ser determinantes das

intenções de turnover, conforme apontado por Mobley (1992) e explicitado nesta pesquisa no

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item 2.11 - fator gênero, fator idade, fator estado civil, fator nível de escolaridade, fator horas

trabalhadas, fator membro sindical, fator salário, fatores organizacionais.

Mobley (1992) lembra ainda que em vários modelos propostos sobre turnover, a satisfação no

trabalho e o comprometimento organizacional são considerados pelos estudiosos como os

principais determinantes de turnover. Mobley (1977), Price e Mueller (1986), Steers e

Mowday (1981) afirmam também que existe uma forte relação entre intenções de sair e o

turnover efetivo. Assim, através também de algumas colocações durante as entrevistas,

observou-se que, mesmo tendo sido o determinante comprometimento organizacional

avaliado em nível moderado entre todos os vendedores e gerentes das duas redes, há reais

intenções de sair que podem implicar em um possível processo de turnover dentro de ambas

as redes.

A seguir, algumas importantes colocações dos entrevistados que sustentam a idéia de uma

forte evidência empírica das ligações teóricas entre o construto comprometimento e o

turnover.

Caso 1 – funcionário com 36 anos, dois anos de empresa, com segundo grau completo e

buscando crescimento profissional

“Não há na empresa nenhum plano de cargos e salários[...]”. “Há pouca oportunidade de crescimento aqui[...]”.

“A dona da loja centraliza tudo nela[...]”. “A gente é que tem de correr atrás de algum tipo de treinamento[...]”.

“Não faltam vagas no mercado de trabalho[...]”. “Uma recolocação seria tranqüila[...]”.

“Eu não deixaria a empresa por causa de um salário maior, mas por causa da falta deautonomia ou de um trabalho em equipe[...]”

Caso 2 – funcionário com 48 anos, cinco anos de empresa, com segundo grau completo e

buscando troca de conhecimento sobre o setor

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“O foco é em resultados, mas há também alguma preocupação com o bem estargeral dos funcionários[...]”.

“Não há plano de cargos e salários[...]”“Todo o processo de contratação é conduzido pela dona da loja[...]”

“Treinamento é coisa eventual[...]”“O desempenho é avaliado tanto em relação ao volume de vendas quanto ao nosso

comportamento, trabalho em equipe, bom atendimento, ética e respeito com ocliente[...]”

“A autonomia na realização de uma venda vai até um limite estabelecido pelaempresa[...]”

“Temos que ter muita responsabilidade durante uma venda, somos o elo entre a lojae os clientes[...]”

“O clima organizacional é bom[...]”“Percebo que muitos vendedores trocam constantemente de loja para receber seguro

desemprego[...]”

Utilizando-se do grupo de foco, alguns depoimentos foram coletados, contribuindo para a

elucidação dos temas estudados.

Corroborando com afirmações presentes na escala de Meyer e Allen em relação à dimensão

afetiva do comprometimento organizacional: “Gosto da loja em que trabalho, me sinto bem

aqui e busco resolver os problemas como se fossem meus [...]” “Não pretendo fazer carreira

aqui nesta loja[...]”

Corroborando com afirmações presentes na escala de Meyer e Allen em relação à dimensão

normativa do comprometimento organizacional: “Tenho um compromisso muito grande com

a dona da loja pela oportunidade que me deram [...]” “Pretendo sair. Mas, sairia somente após

o natal para não deixar a loja na mão [...]”

Corroborando com afirmações presentes na escala de Meyer e Allen em relação à dimensão

instrumental do comprometimento organizacional: “Continuo aqui porque tenho que pagar a

minha faculdade[...]” “Não nasci para vendas[...]fico aqui porque preciso[...]”

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As afirmações abaixo estão de acordo com as “percepções do mercado de trabalho”, citadas

por Mobley em seu “modelo expandido de turnover” como predizeres para as intenções de

sair e possível processo de turnover: “Há uma boa oferta de emprego neste setor, o que falta é

pessoal qualificado[...]”

As afirmações abaixo vão ao encontro das “percepções ligadas ao cargo”, citadas por Mobley

em seu “modelo expandido de turnover” como predizeres para as intenções de sair e possível

processo de turnover: “Gosto do que faço, mas pretendo trocar de ramo por falta de melhores

oportunidades aqui dentro[...]”

Portanto, sobre as possíveis relações entre comprometimento e turnover, há potenciais

evidências de que as dimensões do comprometimento dos indivíduos estejam relacionadas às

suas intenções de sair da empresa e/ou de procurar outra organização para trabalhar. Estas

evidências se manifestaram durante as entrevistas e os grupo de foco, em que foi possível

estabelecer ligações entre as respostas dadas com os dados quantitativos obtidos nos

questionários.

Verificou-se que há entre alguns funcionários, de fato, intenções de sair. Entretanto, estas

intenções estão ligadas a diferentes fatores, tais como: modelo de gestão, estilo de liderança,

práticas de RH e, o que mais nos chamou a atenção – intenções de sair ligadas ao fato de que

muitos deles não consideram “vendas” como uma profissão. Todavia, não foram encontradas

pesquisas na sociologia do trabalho nem tampouco na antropologia do trabalho que fossem

capazes de sustentar algumas conclusões sobre essa importante consideração feita por alguns

vendedores. Entretanto, pode-se deduzir, a partir do grupo de foco – a questão da

temporariedade do trabalho de um vendedor - sustentada pelo fato de que 32% dos

respondentes são jovens de até 25 anos e que 64% dos respondentes possuem o segundo grau

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completo, implicando turnover após concluírem o curso de graduação ou até encontrarem

emprego na área do conhecimento específico.

No capítulo seguinte serão apresentadas uma síntese dos principais achados e conclusões

deste estudo, suas principais limitações, bem como recomendações tanto para as empresas

pesquisadas como para futuras pesquisas sobre o tema.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho, seguindo a tendência das pesquisas mais recentes, adotou a abordagem dos

múltiplos comprometimentos para verificar o grau de comprometimento dos vendedores e

gerentes de duas redes de lojas de um setor específico do comércio varejista. Buscou-se

também a possível relação entre o comprometimento destas pessoas com suas intenções de

sair da organização e/ou de procurar outra empresa, o que pode implicar um subseqüente

processo de turnover.

Ressalta-se a importância dos depoimentos recolhidos durante as entrevistas e o grupo de

foco, quando alguns vendedores e gerentes puderam externar suas diferentes percepções tanto

sobre a organização quanto o mercado de trabalho em que estão inseridos, e ainda seus

entendimentos sobre a questão do comprometimento e do processo de turnover, possibilitando

assim um melhor conhecimento da realidade vivenciada por estes profissionais.

Em relação ao objetivo principal da pesquisa - descrever o grau e o tipo de comprometimento

dos vendedores e gerentes que trabalham em Shopping Center´s em duas redes de lojas

concorrentes do comércio varejista de malas e acessórios da cidade de Belo Horizonte e

região metropolitana e investigar as possíveis relações entre comprometimento e os

comportamentos de turnover – afirma-se que este foi cumprido em sua totalidade.

Portanto, pelas características desta pesquisa – um estudo de casos com corte transversal –

não há a pretensão de generalizar as conclusões até aqui apresentadas, mas procurar um

embasamento para o tema proposto, procurando verificar, empiricamente, a teoria adotada

face a realidade encontrada em ambas as empresas que foram focos deste estudo.

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Contudo, feitas estas ressalvas, pode-se afirmar a consistência dos resultados encontrados e a

efetividade da linha teórica adotada para o encaminhamento da pesquisa. Sendo assim, este

trabalho é mais uma contribuição acadêmica para as pesquisas comportamentais, em especial,

por ter buscado uma melhor compreensão sobre a relação entre dois importantes temas -

comprometimento e turnover. Como contribuição prática para ambas as empresas envolvidas

nesta pesquisa, os dados obtidos servirão para elucidar importantes questões relacionadas ao

comportamento de seus funcionários, possibilitando assim um melhor planejamento de suas

políticas de Recursos Humanos, em especial com relação à retenção de pessoas, visando à

competitividade dentro do setor e mantendo-se no “caminho certo”.

Em se tratando de temas tão importantes e complexos, há limitações de ordem cognitiva que

afetam pesquisador e pesquisados, bem como limitações dos próprios modelos teóricos e dos

instrumentos de coleta de dados. O próprio estudo de casos com corte transversal já se

constitui um fator limitador da compreensão, interpretação e explicação desses fenômenos,

tendo como conseqüência a dificuldade na generalização dos resultados do estudo.

O número de questionários válidos – 58 ao todo – também é um importante limitador desta

pesquisa. O próprio questionário de comprometimento, como importante instrumento de

coleta de dados, ao facilitar a padronização das respostas e o envolvimento de um maior

número de participantes, limita o contato do pesquisador com a população pesquisada.

O modelo teórico do processo de turnover mostrou-se insuficiente por falta de um

instrumento de coleta de dados capaz de sustentar qualquer conclusão quantitativa sobre o

fenômeno, em especial, sobre sua relação com o construto comprometimento.

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Por fim, considerando que o estudo foi feito com a população de duas redes de lojas de um

segmento específico do comércio varejista, acredita-se que uma amostra mais estratificada

dos vendedores e gerentes de todo o setor poderia implicar em conclusões com mais potencial

de generalização.

Visando dar continuidade e aprofundar as conclusões apresentadas, algumas recomendações

são colocadas para trabalhos futuros, tanto acadêmicos quanto organizacionais.

Para a academia, são propostos os seguintes pontos:

a) criar um instrumento capaz de validar o “Modelo Expandido do Processo de Turnover” de

Mobley et al. (1979) para que se possa avançar no conhecimento sobre o tema;

b) desenvolver pesquisas que utilizem o “Modelo Expandido do Processo de Turnover” de

Mobley et al. (1979) para contribuir com o incremento do conhecimento sobre as relações

entre dois importantes temas comportamentais, mesmo porque o turnover é um importante

conseqüente do comprometimento pouco estudado no Brasil;

c) implementar novas metodologias - estudos de cunho exploratório e estudos de corte

longitudinal – possibilitando conclusões mais precisas sobre os fenômenos;

d) rever a tradução dada para a dimensão “Continuance commitment”- comprometimento

instrumental - porque nos parece ser “comprometimento calculativo” - referindo-se a um

comprometimento percebido como custos associados por deixar a organização - o termo mais

adequado para a melhor compreensão desta dimensão;

e) desenvolver pesquisas que possibilitem verificar o comprometimento ao longo de vários

estágios da carreira do empregado – uma lacuna aberta no Brasil;

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f) desenvolver pesquisas que abordem as conseqüências positivas do processo de turnover –

menos óbvias e quantificáveis, com escassez de pesquisas empíricas.

Para ambas as empresas, sugere-se repetir esta pesquisa com certa freqüência a fim de

detectar e, caso necessário, corrigir as variáveis que podem impactar diretamente em altos

índices de turnover. Dadas suas múltiplas causas e conseqüências, nenhuma política, prática

ou procedimento único é suficiente para o controle do turnover. O gerenciamento efetivo

deste fenômeno exige um exame de todo o processo de administração de recursos humanos,

incluindo o recrutamento; socialização inicial; desenho de cargos; compensação; supervisão;

planejamento de carreira; bem como condições do próprio trabalho.

Em síntese, conclui-se que tanto o construto comprometimento quanto o turnover são, de

fato, muito complexos, estando o turnover ainda em construção. Há que se aprofundarem as

pesquisas sobre ambos os temas para que a complexidade do ser humano e seu

comportamento no ambiente corporativo continuem sendo desvendados rumo ao incremento

do conhecimento das melhores práticas administrativas que permitam às organizações um

eficaz gerenciamento destes fenômenos. Por fim, conforme corroborado por Moraes (1995),

vale ressaltar que o comprometimento humano leva ao desenvolvimento de atitudes que por

sua vez determinam o comportamento futuro, resultando em um lento e consistente

crescimento do vínculo comportamental e psicológico do indivíduo com a organização.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Carta de Apresentação

Faculdades Integradas de Pedro LeopoldoMestrado Profissional em AdministraçãoMestrando: Cláudio José Alves CostaOrientador: Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Belo Horizonte, 15 de Julho de 2006

lIma. SenhoraProprietária da empresa:

Solicito a V.Sa. a permissão para efetuar uma pesquisa junto a sua conceituadaempresa, como parte da minha dissertação do Curso de Mestrado Profissional emAdministração.O estudo é direcionado para fins de pesquisa acadêmica e tem como título AVALIANDO ASDIMENSÕES DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E INVESTIGANDOPOSSÍVEIS RELAÇÕES COM O TURNOVER.

O estudo consiste no preenchimento de um questionário, que inicialmente seráaplicado a todos os funcionários – vendedores e gerentes. As perguntas têm como objetivocoletar dados sobre o comprometimento dos funcionários, visando a melhor compreensão dosmotivos pelos quais os funcionários se comprometem com a organização. Ao mesmo tempo,serão realizadas entrevistas com o objetivo de verificar a possível relação entrecomprometimento organizacional e turnover.

Saliento que este estudo não pretende interferir de forma alguma no desenvolvimentodos trabalhos desta empresa, e assumo o compromisso de ser o mais discreto possível nautilização dos dados obtidos, e que também seguirei os seguintes preceitos éticos:1. Os entrevistados irão aderir voluntariamente ao estudo, cientes de sua natureza e

circunstâncias que envolvem o processo.2. Os entrevistados não serão expostos a riscos maiores que os ganhos advindos do estudo.3. A identidade dos entrevistados e da empresa será protegida4. Os entrevistados serão tratados respeitosamente (não serão incluídos os registros de dados

que eles não estejam de acordo).5. Os resultados serão baseados nos dados fornecidos, sem distorções.

Em caso de dúvidas, ou outras informações, coloco-me à disposição através dasseguintes formas de contato: 31 2103-7880 ou 9109-9764

Atenciosamente,

Cláudio José Alves Costa_________________________________

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APÊNDICE B – Questionário aplicado aos funcionários

Fundação Pedro LeopoldoMestrado Profissional em Administração

Questionário de Pesquisa

TEMA: AVALIANDO AS DIMENSÕES DO COMPROMETIMENTOORGANIZACIONAL E INVESTIGANDO POSSÍVEIS RELAÇÕES COM O

TURNOVER

Projeto de dissertação apresentado ao Curso deMestrado Profissional em Administração dasFaculdades Integradas de Pedro Leopoldo, comorequisito parcial para a obtenção do grau de Mestre emAdministração.

Área de Concentração: Inovação e Competitividade .

Cláudio José Alves Costa Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD. Mestrando Orientador

JULHO / 2006

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Fundação Pedro LeopoldoMestrado Profissional em Administração

Prezado(a) Senhor(a),

Este questionário consiste em um instrumento de coleta de dados para subsidiar a elaboraçãode uma pesquisa acadêmica, dentro do curso de Mestrado Profissional em Administração,realizado na Fundação Pedro Leopoldo.

Esta pesquisa tem como objetivo verificar qual é o vínculo estabelecido por funcionários, queocupam os cargos de vendedores e gerentes, com a sua organização.

Assim, solicitamos a sua colaboração no sentido de responder este questionário, elaboradopara colher informações quantitativas. Cabe ressaltar que suas informações não serãodivulgadas para quaisquer outras pessoas, uma vez que os dados levantados serão analisadosem termos globais e agregados em conjunto de respostas.

Esperamos que você se sinta inteiramente à vontade para dar suas opiniões. E, para que asrespostas individuais sejam mantidas em sigilo absoluto, favor não escrever seu nome emqualquer lugar do questionário.

As questões deverão ser respondidas de acordo com as instruções. Não existem respostascertas ou erradas. O importante é que suas respostas tenham o máximo de sinceridade paraque se possa retratar, de forma mais fiel possível, a realidade.

Seu apoio e críticas serão imprescindíveis para a concretização da pesquisa. Desta forma,contamos com sua colaboração na devolução deste questionário até o dia 31/07/06,entregando-o diretamente ao pesquisador.

Em caso de qualquer dúvida, gentileza entrar em contato com Cláudio Costa através dostelefones 2103-7880 e 9109-9764.

Desde já agradecemos sua colaboração.

Cláudio José Alves Costa Prof. Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD. Mestrando Orientador

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Parte 1 – Dados funcionais

1.1 Sexo 1.2 Tem filhos?( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Não ( ) Sim Quantos? ____

1.3 Idade 1.4 Estado Civil( ) até 25 anos ( ) Solteiro( ) 26 a 30 anos ( ) Casado(a)( ) 31 a 35 anos ( ) Desquitado(a)/Separado(a)( ) 36 a 40 anos ( ) Divorciado(a)( ) 41 a 45 anos ( ) Viúvo(a)( ) acima de 45 anos ( ) Outro _________________

1.5 Indique seu grau de escolaridade maiselevado

1.6 Há quanto tempo você trabalha nestaempresa?

( ) 1º grau incompleto ( ) Menos de 1 ano( ) 1º grau completo ( ) de 1 a 5 anos( ) 2º grau incompleto ( ) de 6 a 10 anos( ) 2º grau completo ( ) de 11 a 15 anos( ) superior incompleto ( ) de 16 a 20 anos( ) superior completo ( ) Mais de 20 anos( ) pós-graduação

1.7 Qual cargo/função você ocupa? 1.8 Há quanto tempo você trabalha no seucargo/função atual?

( ) Vendedor ( ) Menos de 1 ano( ) Gerente ( ) de 1 a 5 anos

( ) de 6 a 10 anos( ) de 11 a 15 anos

1.9 Qual o seu turno predominante detrabalho de Segunda a Sábado?

( ) de 16 a 20 anos

( ) manhã/tarde – 9 às 16 hs ( ) Mais de 20 anos( ) tarde/noite – 16 às 22 hs

1.11 Qual a sua média de remuneração?1.10 Você trabalha aos Domingos?( ) sim ( ) Até R$ 350,00( ) não ( ) 351,00 a R$ 700,00

( ) 701,00 a 1.050,00( ) Acima de R$ 1.050,00

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Parte 2 – Comprometimento

Assinale o número no espaço em frente a cada afirmação de acordo com a seguinte escala:

1 2 3 4 5Discordo

totalmenteDiscordo Nem concordo,

nem discordoConcordo Concordo

totalmente

2.1 “Eu seria muito feliz se dedicasse o resto de minhacarreira a esta organização”.

1 2 3 4 5

2.2 “Eu realmente sinto os problemas da organização como sefossem meus”.

1 2 3 4 5

2.3 “Eu não sinto um forte senso de integração com estaorganização”.

1 2 3 4 5

2.4 “Eu não me sinto emocionalmente vinculado a estaorganização”.

1 2 3 4 5

2.5 “Eu não me sinto como uma pessoa de casa nestaorganização”.

1 2 3 4 5

2.6 “Esta organização tem um imenso significado pessoal paramim”.

1 2 3 4 5

2.7 “Na situação atual, ficar nesta organização é, na realidade,uma necessidade mais que um desejo”.

1 2 3 4 5

2.8 “Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil para eu deixaresta organização agora”.

1 2 3 4 5

2.9 “Se eu decidisse deixar esta organização agora, minhavida ficaria bastante desestruturada”.

1 2 3 4 5

2.10 “Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse estaorganização”.

1 2 3 4 5

2.11 “Se eu já não tivesse dado tanto de mim a estaorganização, eu poderia pensar em trabalhar em outro lugar”.

1 2 3 4 5

2.12 “Uma das poucas conseqüências negativas de deixar estaorganização seria a escassez de alternativas imediatas”.

1 2 3 4 5

2.13 “Eu não sinto nenhuma obrigação de permanecer nestaorganização”.

1 2 3 4 5

2.14 “Mesmo se fosse vantagem para mim, sinto que não seriacerto deixar esta organização agora”.

1 2 3 4 5

2.15 “Eu me sentiria culpado se deixasse esta organizaçãoagora”.

1 2 3 4 5

2.16 “Esta organização merece minha lealdade”. 1 2 3 4 52.17 “Eu não deixaria esta organização agora porque tenhouma obrigação moral com as pessoas daqui”.

1 2 3 4 5

2.18 “Eu devo muito a esta organização”. 1 2 3 4 5

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APÊNDICE C – Roteiro de entrevista semi-estruturada

1. Percepções ligadas ao cargoa) Metasb) Valores organizacionais

• Objetivos e missão da organização• Valores e código de ética

c) Políticas • Planejamento estratégico• Desenvolvimento tecnológico• Modelo de gestão• Plano de cargos, salário e carreira• Recrutamento e seleção: interno x externo• Treinamento e processo de desenvolvimento do empregado• Avaliação de desempenho• Demissão, redução e retenção de pessoal• Relacionamento com o sindicato

d) Recompensas• Plano de cargos, salário e carreira• Benefícios• Sistema de pagamentos

e) Conteúdo do cargof) Supervisão

• Normas e procedimentosg) Grupo de trabalhoh) Condições de trabalhoi) Clima organizacionalj) Porte da empresa

2. Percepções do mercado de trabalhoa) Desempregob) Índice de vagasc) Níveis de vagas

3. Valores ocupacionaisa) Nível hierárquicob) Nível de habilidadesc) Statusd) Profissionalismo

4. Valores pessoaisa) Idadeb) Tempo de serviçoc) Instruçãod) Interesses

5. Produtos e serviços6. Perfil de clientes

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7. Principais concorrentes8. Com o quê estariam ligadas as possíveis intenções de sair da empresa e/ou de procurar

outro trabalho?

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APÊNDICE D – Evolução dos estudos dos focos e das bases do comprometimentoorganizacional

TABELA 16Evolução dos estudos dos focos do comprometimento organizacional –

1996 – 2005

FOCO 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total

Organização - 3 3 6 2 2 4 2 1 2 25Organização, carreira esindicato

- 1 1 1 1 - - - - 2 6

Organização e carreira - - 1 - - - 3 2 - 2 8Organização, grupo,trabalho, traço pessoal

1 - - - - - - - - - 1

Desempenho - - - - - - - - 1 1 2Criatividade - - - - - - - - 1 - 1Fonte: Adaptado de MEDEIROS et al. (2002, p. 9). Atualizado pelo autor da dissertação.

TABELA 17Evolução dos estudos das bases do comprometimento organizacional –

1996 – 2005

BASES 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total

Afetivo - 2 2 1 3 - 3 2 - 1 14Afetivo, normativo einstrumental

- 1 1 3 - 2 4 2 3 6 22

Afetivo, normativo ecomportamental

1 - - - - - - - - - 1

Afetivo ecomportamental

- 1 1 1 - - - - - - 3

Afetivo e oportunidade - - 1 1 - - - - - - 2Afetivo, normativo,instrumental e afiliativo

- - 1 - - - - - - - 1

Fonte: Adaptado de Medeiros et al. (2002, p. 10). Atualizado pelo autor da dissertação.

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APÊNDICE E – Tabelas de distribuição dos respondentes

TABELA 18Estatísticas descritivas para as três dimensões avaliadas pelos funcionários da Rede 1

N Mínimo Máximo Média Desvio PadrãoComprometimento Afetivo 13 2,67 4,17 3,46 0,51Comprometimento Instrumental 13 1,67 3,50 2,64 0,60Comprometimento Normativo 13 2,83 4,67 3,53 0,55

Fonte: Dados da pesquisa.

TABELA 19Estatísticas descritivas para as três dimensões avaliadas pelos funcionários da Rede 2

N Mínimo Máximo Média Desvio PadrãoComprometimento Afetivo 39 2,40 4,50 3,42 0,55Comprometimento Instrumental 39 1,33 5,00 2,62 0,68Comprometimento Normativo 39 2,17 4,50 3,22 0,57

Fonte: Dados da pesquisa.

TABELA 20Distribuição dos funcionários da Rede 1 quanto aos níveis baixo,

moderado e alto para as três dimensões Baixo Moderado Alto

Comprometimento Afetivo 0,00% 53,85% 46,15%Comprometimento Instrumental 46,15% 53,85% 0,00%Comprometimento Normativo 0,00% 53,85% 46,15%

Fonte: Dados da pesquisa.

TABELA 21Distribuição dos funcionários da Rede 2 quanto aos níveis baixo,

moderado e alto para as três dimensões Baixo Moderado Alto

Comprometimento Afetivo 5,13% 51,28% 43,59%Comprometimento Instrumental 56,41% 38,46% 5,13%Comprometimento Normativo 10,26% 66,67% 23,08%

Fonte: Dados da pesquisa.

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TABELA 22Distribuição das respostas para 18 questões dos vendedores da rede 1

Discordo

totalmenteDiscordo

Nem concordo,

nem discordoConcordo

Concordo

totalmente

2.1 8,33% 50,00% 41,67% 0,00% 0,00%2.2 0,00% 25,00% 33,33% 25,00% 16,67%2.3 8,33% 41,67% 25,00% 25,00% 0,00%2.4 25,00% 33,33% 16,67% 25,00% 0,00%2.5 25,00% 50,00% 16,67% 0,00% 8,33%2.6 0,00% 16,67% 33,33% 50,00% 0,00%2.7 0,00% 33,33% 16,67% 33,33% 16,67%2.8 0,00% 8,33% 8,33% 83,33% 0,00%2.9 16,67% 33,33% 16,67% 16,67% 16,67%2.10 50,00% 33,33% 16,67% 0,00% 0,00%2.11 25,00% 41,67% 25,00% 8,33% 0,00%2.12 25,00% 66,67% 0,00% 8,33% 0,00%2.13 16,67% 58,33% 8,33% 8,33% 8,33%2.14 16,67% 16,67% 25,00% 25,00% 16,67%2.15 8,33% 33,33% 33,33% 25,00% 0,00%2.16 0,00% 0,00% 0,00% 58,33% 41,67%2.17 8,33% 8,33% 41,67% 33,33% 8,33%2.18 0,00% 0,00% 41,67% 41,67% 16,67%

Fonte: Dados da pesquisa.

TABELA 23Distribuição das respostas para 18 questões dos vendedores da Rede 2

Discordo

totalmenteDiscordo

Nem concordo,

nem discordoConcordo

Concordo

totalmente

2.1 25,71% 31,43% 37,14% 2,86% 2,86%2.2 2,86% 25,71% 40,00% 28,57% 2,86%2.3 0,00% 0,00% 34,29% 57,14% 8,57%2.4 0,00% 0,00% 22,86% 65,71% 11,42%2.5 0,00% 0,00% 14,71% 67,65% 17,65%2.6 2,86% 28,57% 25,71% 31,43% 11,43%2.7 5,71% 17,14% 25,71% 34,29% 17,14%2.8 5,71% 45,71% 14,29% 25,71% 8,57%2.9 2,86% 45,71% 22,86% 17,14% 11,43%2.10 22,86% 60,00% 14,29% 0,00% 2,86%2.11 14,29% 57,14% 14,29% 11,43% 2,86%2.12 5,71% 40,00% 31,43% 20,00% 2,86%2.13 0,00% 0,00% 25,71% 54,29% 20,00%2.14 14,29% 34,29% 25,71% 22,86% 2,86%2.15 14,29% 45,71% 17,14% 11,43% 11,43%2.16 0,00% 0,00% 35,29% 41,18% 23,53%2.17 11,43% 40,00% 20,00% 20,00% 8,57%2.18 0,00% 20,00% 22,86% 42,86% 14,29%

Fonte: Dados da pesquisa.

TABELA 24Distribuição das respostas para 18 questões dos gerentes da Rede 2

Discordo

totalmenteDiscordo

Nem concordo,

nem discordoConcordo

Concordo

totalmente

2.1 0,00% 25,00% 50,00% 0,00% 25,00%

137

Page 139: AVALIANDO AS DIMENSÕES DO …livros01.livrosgratis.com.br/cp027955.pdfDissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades ... Maria Celeste

2.2 0,00% 0,00% 0,00% 75,00% 25,00%2.3 0,00% 0,00% 0,00% 75,00% 25,00%2.4 0,00% 0,00% 25,00% 25,00% 50,00%

2.5 0,00% 0,00% 0,00% 50,00% 50,00%

2.6 25,00% 0,00% 50,00% 0,00% 25,00%2.7 25,00% 25,00% 25,00% 25,00% 0,00%2.8 0,00% 75,00% 0,00% 25,00% 0,00%2.9 25,00% 50,00% 0,00% 25,00% 0,00%2.10 50,00% 50,00% 0,00% 0,00% 0,00%2.11 75,00% 25,00% 0,00% 0,00% 0,00%2.12 50,00% 50,00% 0,00% 0,00% 0,00%2.13 0,00% 0,00% 0,00% 50,00% 50,00%

2.14 25,00% 50,00% 25,00% 0,00% 0,00%2.15 50,00% 0,00% 25,00% 0,00% 25,00%2.16 0,00% 0,00% 0,00% 50,00% 50,00%

2.17 25,00% 75,00% 0,00% 0,00% 0,00%2.18 25,00% 75,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Fonte: Dados da pesquisa.

138

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APÊNDICE F – Distribuição de respondentes em relação a variáveis funcionais

GRÁFICO 7 - Distribuição dos respondentes quanto ao gênero Fonte: Dados da pesquisa.

GRÁFICO 8 - Distribuição dos respondentes com respeito à família Fonte: Dados da pesquisa.

Tem filhos?

Não66%

Sim34%

Gênero

Masculino30%

Feminino70%

139

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GRÁFICO 9 - Distribuição dos respondentes em relação à quantidade de filhos Fonte: Dados da pesquisa.

GRÁFICO 10 - Distribuição dos respondentes com respeito à idade

Fonte: Dados da pesquisa.

Quantidade de filhos

150%

233%

317%

Idade

até 25 anos32%

26 a 30 anos26%

Não responderam

6%

31 a 35 anos17%

36 a 40 anos11%

41 a 45 anos6%

acima de 45 anos2%

140

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GRÁFICO 11 - Distribuição dos respondentes quanto ao estado civil Fonte: Dados da pesquisa.

GRÁFICO 12 - Distribuição dos respondentes quanto à escolaridadeFonte: Dados da pesquisa.

Estado civil

Desquitado(a)/Separado(a)

4%

Não responderam

4%

Divorciado(a)4%

Solteiro58%

Casado30%

Grau de escolaridade m ais e levado

2º grau completo64%

2º grau incompleto

17%

1º grau completo

6%

1º grau incompleto

4%superior

incompleto9%

141

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GRÁFICO 13 - Distribuição dos respondentes quanto ao turno predominante de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa.

Turno predom inante de trabalho de segunda a

sábado

manhã/tarde - 9 às 16 hs

47%tarde/noite - 16 às 22 hs

53%

Trabalho aos Dom ingos

sim77%

não23%

142

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GRÁFICO 14 - Distribuição dos respondentes quanto à jornada aos domingos

Fonte: Dados da pesquisa.

143

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