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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS VICTOR AUGUSTO KOLHS CATTANI AVALIAÇÃO DE BANCOS DE GRADAÇÃO VISCOSA NA INJEÇÃO DE POLÍMEROS PARA A RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

VICTOR AUGUSTO KOLHS CATTANI

AVALIAÇÃO DE BANCOS DE GRADAÇÃO

VISCOSA NA INJEÇÃO DE POLÍMEROS PARA

A RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO

CAMPINAS

2018

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VICTOR AUGUSTO KOLHS CATTANI

AVALIAÇÃO DE BANCOS DE GRADAÇÃO

VISCOSA NA INJEÇÃO DE POLÍMEROS PARA

A RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de

Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de Mestre

em Ciências e Engenharia de Petróleo, na área de

Reservatórios e Gestão.

Orientador: Profa. Dra. Rosângela Barros Zanoni Lopes Moreno

Este exemplar corresponde à versão final da

Dissertação defendida pelo aluno Victor

Augusto Kolhs Cattani e orientada pelo Profa.

Dra. Rosângela Barros Zanoni Lopes Moreno.

________________________________

Assinatura do Orientador

CAMPINAS

2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

AVALIAÇÃO DE BANCOS DE GRADAÇÃO

VISCOSA NA INJEÇÃO DE POLÍMEROS PARA

A RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO

Autor: Victor Augusto Kolhs Cattani

Orientador: Profa. Dra. Rosângela Barros Zanoni Lopres Moreno

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Profa. Dra. Rosângela Barros Zanoni Lopes Moreno

DE / FEM/ UNICAMP

Prof. Dr. Denis José Schiozer

DE / FEM / UNICAMP

Dra. Maria Aparecida de Melo

PETROBRAS

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica do aluno.

Campinas, 24 de Janeiro de 2018.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às minhas avós, Adelinda e Alides, por todos os ensinamentos e

atos de afeto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre me iluminar e me abençoar nos momentos mais difíceis.

À professora Rosângela Barros Zanoni Lopes Moreno por todas oportunidades dadas,

orientação, paciência e amizade cedida, e por ter sempre acreditado no desenvolvimento deste

trabalho.

Aos doutores Leandro de Freitas Lopes e Marcelo Zampieri pela ajuda e dicas

concedidas ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

Ao doutorando e grande amigo, Vitor Hugo de Sousa Ferreira, pela paciência, ajuda e

pelos ensinamentos concedidos, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento desta

pesquisa.

Aos profissionais e colaboradores do Laboratório do Departamento de Engenharia de

Petróleo, Leandro A. Fernandes, Wellington e Euclides José Bonet.

A todos os funcionários do Departamento de Engenharia de Petróleo da UNICAMP por

toda ajuda prestada ao longo deste período.

Aos meus grandes amigos pelas palavras de incentivo e por sempre desejarem o meu

bem-estar.

À minha mãe pelo seu apoio incondicional e pelo seu inesgotável esforço para

proporcionar as diversas oportunidades que tive na vida.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Statoil

pelo apoio financeiro.

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RESUMO

A alta demanda de energia associada à depleção de reservatórios leve são fatores que

cada vez mais têm contribuído para o desenvolvimento e aprimoramento de métodos que visem

a produção de óleo pesado. Neste contexto, a injeção de polímeros tem apresentado bons

resultados quando comparado a métodos tradicionais, tal como a injeção de água. Uma das

principais técnicas de injeção de polímeros é o processo conhecido como gradação viscosa. Esta

metodologia caracteriza-se pela injeção de bancos de solução polimérica com viscosidade

gradativamente menores. Assim, além de reduzir a quantidade de polímero injetado, evita-se

que haja uma transição abrupta de viscosidade entre um banco polimérico altamente

concentrado e a água de perseguição. Apesar da injeção de bancos de gradação viscosa com

soluções poliméricas ser um processo amplamente utilizado (ou planejado) no campo, a

utilização desta técnica ainda é ponto de discussão entre os autores. Diante disso, o presente

trabalho tem como objetivo avaliar o processo de gradação viscosa na injeção de polímeros para

a recuperação de óleo pesado em escala experimental. Para tal, as configurações propostas para

o processo de gradação viscosa foram comparadas com a injeção contínua de polímeros e a

injeção convencional de água. Além disso, este trabalho propõe uma modificação do modelo

de Claridge (1978) para a determinação do tamanho dos bancos poliméricos que compõe o

processo de gradação viscosa. O estudo experimental envolveu três conjuntos de testes de

deslocamento a 40°C, utilizando arenitos altamente permeáveis provindos da formação

Botucatu. Para o desenvolvimento dos testes, foram utilizados os seguintes fluidos: mistura óleo

querosene – 240.6 cP; salmoura – 0.68 cP; soluções poliméricas de Floopam 5115SH – 23,5,

12.6 e 6.9 cP em 7.81 s-1. O protocolo de testes incluiu as seguintes etapas: 1° Embebição; 1°

Drenagem; 2° Embebição – representado a recuperação pela injeção de água; 2° Drenagem;

Injeção de Polímeros – representado o método de recuperação avançada. A distinção entre os

testes dá-se na etapa de injeção de polímeros, onde no teste 1 uma solução polimérica foi

injetada continuamente e nos testes 2 e 3 avaliaram-se duas configurações diferentes do

processo de gradação viscosa. A partir dos resultados obtidos pode-se constatar que para todos

os casos analisados, a injeção de polímeros foi mais eficiente que a injeção convencional de

água, uma vez que se observou a antecipação da produção de óleo, uma redução da razão água-

óleo acumulada e incrementos de recuperação de óleo de até 18%. O processo de gradação

viscosa mostrou-se mais vantajoso do que a injeção contínua pois notou-se uma melhora na

razão entre o incremento de recuperação óleo e a massa de polímero injetada. Além disso, a

água injetada pós bancos poliméricos apresentou um desempenho semelhante à solução

polimérica utilizada ao longo do teste de injeção contínua a partir do primeiro volume poroso

injetado. Desta forma, o processo de gradação viscosa pode agregar resultados significativos

do ponto de vista econômico à injeção de polímeros.

Palavras Chave: Injeção de Polímeros, Bancos de Gradação Viscosa, Óleo Pesado,

Recuperação Avançada de óleo

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ABSTRACT

The high demand for energy and the depletion of conventional oil reservoirs are factors

that have been continuously collaborating to the development and improvement of recovery

methods to produce heavy oil. In this context, polymer flooding has been presenting significant

results when compared to traditional methods, such as water flooding. One of the main polymer

injection techniques is the process known as graded viscosity banks. This process is

characterized by the injection of successive small banks of decreasing viscosity. Thus, besides

to reduce injected polymer mass, graded viscosity banks process avoid an abrupt transition

between a high concentrated polymer bank and drive water. Although graded polymer banks is

widely applied (or planned) in field applications, the use of this technique is still a point of

discussion among the authors. In light of this, this project aiming to analyze, in an experimental

scale, the performance of graded polymer banks injection in heavy oil recovery. For this, the

configurations proposed for graded viscosity banks were compared to the polymer continuous

injection and water flooding. Also, this work proposes a modification for the model developed

by Claridge (1978) to determine the size of graded viscosity polymer banks. The experimental

study involved three sets of displacement tests at 40°C, using a high permeable (5000 mD)

outcrop cylindrical samples, from Botacatu Formation. During the runs, the following fluids

were used: oil-kerosene mixture – 240.6 cP; brine – 0.68 cP; Floopam 5115 SH (polymer)

solutions of 24.3, 12.6 and 6.9 cP at 7.81 s-1. The test protocol was performed as follows: 1°

Water Injection; 1° Oil Injection; 2° Water Injection – representing the oil recovery by

waterflooding; 2° Oil Injection; Polymer Injection – representing the enhanced oil recovery

method. From the obtained results, we can highlight that polymer injection was more efficient

than waterflooding, since oil production anticipation, a reduction of the cumulative water-oil

ratio and oil recovery increment up to 18% were observed for all the analyzed cases. Graded

polymer bank process proved to be more advantageous than polymer continuous injection

because an improvement in the oil recovery increment and the injected polymer mass ratio was

noted. Also, the drive water presented a performance similar to the polymer solution used

during the continuous injection test after the first injected pore volume. In this way, graded

viscosity banks can provide significant results from the economic point of view to the polymer

injection.

Key Words: Polymer Flooding, Graded Viscosity Banks, Heavy Oil, Enhanced Oil Recovery.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Diagrama esquemático do aumento da eficiência de varrido areal ocasionada pela

injeção de polímeros (Adaptado de SORBIE, 1991). ............................................................... 24 Figura 2.2: Diagrama esquemático do aumento da eficiência de varrido vertical causada pela

injeção de polímero (Adaptado de SORBIE, 1991). ................................................................ 25 Figura 2.3: Fluxo Fracionário da injeção de água e polímeros (Adaptado de LAKE, 1989) .. 26 Figura 2.4: Diagrama esquemático dos mecanismo de retenção polimérica no meio poroso

(Adaptado de Sorbie, 1991). ..................................................................................................... 27 Figura 2.5: (A) Estrutura química da cadeia de poliacrilamida e (B) poliacrilamida

parcialmente hidrolisada (HPAM) (Adaptado de SORBIE, 1991). ......................................... 33 Figura 2.6: Esquema ilustrando o efeito da salinidade em um polietrólito de cadeia flexível, tal

como a HPAM (Adaptado de SORBIE, 1991) ......................................................................... 34 Figura 2.7: Viscosidade Relativa da PAM e HPAM em uma salmoura de cloreto de sódio.

Concentração de polímero 600 mg/l, temperatura 25°C e taxa de cisalhamento de 7.3 s-1

(Adaptado de MARTIN & SHERWOOD, 1973). .................................................................... 35

Figura 2.8: Estrutura química dos grupos químicos (A) ATBS (B) n-VP (Adaptado de

ZAITOUN et al., 2012). ........................................................................................................... 36 Figura 2.9: Curvas de fluxo de fluidos Newtonianos e fluidos não-Newtonianos independentes

do tempo (FOX, 2014). ............................................................................................................ 38 Figura 2.10: Exemplo de curva de fluxo de um fluido pseudoplástico. .................................. 38

Figura 2.11: Processo de gradação viscosa com soluções poliméricas em um sistema de

unidirecional (Adaptado de GREEN & WILLHITE, 1998)..................................................... 41

Figura 2.12: Exemplo do movimento de bancos polimérico em um modelo Hele-Shaw (A)

Injeção de um Banco Polimérico seguido da Injeção de Água (B) Injeção de Bancos de

Gradação Polimérica (MUNGAN, 1971). ................................................................................ 42

Figura 2.13:Exemplo do processo de gradação viscosa, com 5 bancos, no ponto de modelagem

(Claridge, 1978). ....................................................................................................................... 45

Figura 2.14: Avaliação do fator Kk como função de V (Adaptado de LIGTHELM, 1988). ... 49 Figura 3.1: Etapas do experimento .......................................................................................... 50

Figura 3.2: Amostras retiradas do bloco de rocha e selecionadas para os testes de deslocamento

.................................................................................................................................................. 51 Figura 3.3: Porosímetro a gás .................................................................................................. 52 Figura 3.4: Permeabilímetro a gás ........................................................................................... 54

Figura 3.5: Reômetro HAAKE MARS III .............................................................................. 56 Figura 3.6: Diagrama ilustrativo da sequência dos testes deslocamento ................................ 57 Figura 3.7: Etapas e procedimentos dos Testes de deslocamento ........................................... 59 Figura 3.8: Procedimento de vácuo e saturação da amostra durante a primeira embebição ... 60 Figura 3.9: Disposição dos bancos de solução polimérica e da solução salina, em um

deslocamento unidimensional, durante o processo de gradação viscosa. (A) Teste 2 (C1>C2);

(B) Teste 3 (C1>C2>C3) .......................................................................................................... 63 Figura 3.10: Diagrama Esquemático do aparato experimental utilizado nos testes de

deslocamento ............................................................................................................................ 66 Figura 3.11: Esquema ilustrativo dos possíveis locais de posicionamento dos transdutores de

pressão ao longo da amostra. .................................................................................................... 67 Figura 4.1: Curvas de Fluxo Solução Salina (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X Viscosidade

(B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento. ........................................................... 70

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Figura 4.2: Curvas de Fluxo Óleo Gear MO 3200 (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade; (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento. ..................................... 71

Figura 4.3: Curvas de Querosene (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X Viscosidade; (B) Taxa

de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento ........................................................................... 71 Figura 4.4: Curvas de fluxo mistura óleo-querosene (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento. ...................................... 72 Figura 4.5: Curvas de Fluxo HPAM - Floopam 5115 SH (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade Aparente; (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento....................... 73 Figura 4.6: Variação da Viscosidade em função da Concentração de Polímeros para diferentes

taxas de cisalhamento (40°C). .................................................................................................. 75

Figura 4.7: Permeabilidade absoluta à água. (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3. ................. 78 Figura 4.8: Históricos volumétricos - primeira drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

.................................................................................................................................................. 80 Figura 4.9: Históricos de pressão - primeira drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3. 81

Figura 4.10: Esquema ilustrativo dos trechos analisados para o cálculo das permeabilidades

efetivas. ..................................................................................................................................... 83 Figura 4.11: Histórico volumétrico - segunda embebição (A.1) Teste 1 - 20 PVinj (A.2) Teste

1 - 1.3 PVinj (B.1) Teste 2 - 20 PVinj (B.2) Teste 2 - 1.3 PVinj (C.1) Teste 3 – 20 PVinj (C.2)

Teste 3 – 1.3 PVinj. .................................................................................................................... 85 Figura 4.12: Históricos de pressão - segunda embebição (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

.................................................................................................................................................. 86

Figura 4.13: Curvas de permeabilidade relativa (A) Teste 1(B) Teste 2 (C) Teste 3.............. 88

Figura 4.14: Históricos volumétricos - segunda drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

.................................................................................................................................................. 90 Figura 4.15: Históricos de pressão - segunda drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

.................................................................................................................................................. 91 Figura 4.16: Históricos Volumétrico - injeção de polímeros (A.1) Teste 1 - 15 PVinj (A.2) Teste

1 - 1.4 PVinj (B.1) Teste 2 - 15 PVinj (B.2) Teste 2 - 1.4 PVinj (C.1) Teste 3 – 15 PVinj (C.2)

Teste 3 – 1.4 PVinj. .................................................................................................................... 94 Figura 4.17: Históricos de pressão - injeção de polímeros (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

.................................................................................................................................................. 96

Figura 4.18: Histórico de pressão - terceira embebição (Teste 1) ........................................... 98 Figura 4.19: Fator de recuperação - injeção de água e polímero (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C)

Teste 3. ................................................................................................................................... 100 Figura 4.20: Fator de Recuperação ao longo de 2 PVinj - injeção de água e polímero (A) Teste

1 (B) Teste 2 (C) Teste 3. ....................................................................................................... 101 Figura 4.21: Fator de recuperação - injeção de água (segunda embebição). ......................... 103 Figura 4.22: RAO acumulada e WCUT para 2,5 PVinj - injeção de água e polímero. (A) Teste 1

(B) Teste 2 (C) Teste 3. .......................................................................................................... 104 Figura 4.23:Wcut em função do fator de recuperação - injeção de água e polímero (A) Teste 1

(B) Teste 2 (C) Teste 3. .......................................................................................................... 105 Figura 4.24: Fator de recuperação dos diferentes métodos de injeção de polímeros. ........... 106 Figura 4.25: Histórico de Pressão indicando o momento chave "Água pós bancos"; Variação

do FR entre o início da injeção de água e o momento chave " Água pós bancos"- Teste 2. ... 108

Figura 4.26: Histórico de Pressão indicando o momento chave "Água pós bancos"; Variação

do FR entre o início da injeção de água e o momento chave " Água pós bancos"- Teste 3. .. 108 Figura 4.27: Incremento de recuperação (ΔFR) dos testes 1, 2 e 3. ....................................... 110 Figura 4.28: Razão ΔFR/MPinj dos testes 1,2 e 3. ................................................................... 112 Figura A.1: Esquema demonstrando as principais etapas para a correção das viscosidades das

soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento. ...................................... 128

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Figura A.2: Curva de fluxo do óleo padrão IPT 83 – OP100 (20°C). ................................... 129 Figura A.3: Curvas de fluxo das misturas óleo querosene originais e corrigidas (40°C). (A)

Teste 1;(B) Teste 2; (C) Teste 3. ............................................................................................ 129 Figura A.4: Curvas de fluxo dos óleos padrões OP10-IPT78 e OP100-IPT83 utilizadas para

corrigir as viscosidades das soluções poliméricas usadas nos testes de deslocamento. (A)

Solução Polimérica 850 ppm (B) Solução Polimérica 1250 ppm (C) Solução Polimérica 1850

ppm ......................................................................................................................................... 131

Figura A.5: Curvas do Polímero Original e Corrigida (A) Solução Polimérica 1850 ppm (B)

Solução Polimérica 1250 ppm (C) Solução Polimérica 850 ppm .......................................... 131 Figura B.1: Exemplo de correção dos volumes mortos (A) Primeira Drenagem; (B) Segunda

Embebição .............................................................................................................................. 134 Figura A.1: Critério Dos Santos et al. (1997) para a definição da vazão de deslocamento dos

testes ....................................................................................................................................... 137 Figura A.2: Área de Validade e Seleção da Vazão dos testes de escoamento através dos critérios

de Dos Santos et al. (1997) ..................................................................................................... 138 Figura B.1: Fluxograma com dados e formulações utilizadas para obtenção das curvas de

permeabilidade relativa através do método JBN .................................................................... 141

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Critérios de seleção para a injeção de polímeros (SORBIE, 1991; TABER et al.,

1996; AL BAHAR et al, 2004; MELO et al., 2005; SHENG et al., 2015; SABOORIAN-

JOOYBARI et al., 2016) .......................................................................................................... 32 Tabela 2.2: Modelagens do fator Kk ........................................................................................ 48 Tabela 3.1: Características das soluções poliméricas e óleo utilizados nos testes de

deslocamento ............................................................................................................................ 58

Tabela 3.2: Principais Equipamentos utilizados durante os procedimentos experimentais .... 68 Tabela 4.1: Principais características das amostras utilizadas nos testes de deslocamento..... 69

Tabela 4.2: Viscosidade Média - Soluções Salinas (40°C) ..................................................... 70 Tabela 4.3: Viscosidade Média - Misturas óleo-querosene (40°C) ......................................... 72 Tabela 4.4: Parâmetros Reológicos (K e n) das soluções poliméricas .................................... 74 Tabela 4.5: Parâmetros referentes às linhas das regiões diluídas e semi-diluída .................... 75 Tabela 4.6: Soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento ..................... 76

Tabela 4.7: Volumes dos bancos poliméricos utilizados no processo de gradação viscosa .... 77

Tabela 4.8: Valores do fator Kk ............................................................................................... 77 Tabela 4.9: Valores de Permeabilidade Absoluta à água medidas em cada um dos testes ..... 79 Tabela 4.10: Principais dados medidos e calculados na primeira drenagem. .......................... 82

Tabela 4.11: Permeabilidades efetivas ao óleo por trechos – primeira drenagem. ................. 83

Tabela 4.12: Permeabilidades efetivas à água por trechos - segunda embebição. .................. 87 Tabela 4.13: Principais dados calculados e medidos na segunda embebição.......................... 87 Tabela 4.14: Principais dados calculados e medidos na segunda drenagem. .......................... 91

Tabela 4.15: Permeabilidades efetivas à água por trechos - segunda drenagem. .................... 92 Tabela 4.16: Volumes dos bancos poliméricos e da solução salina injetada para as

configurações avaliadas do processo de gradação viscosa ....................................................... 95 Tabela 4.17: Principais dados calculados e medidos na injeção de polímeros. ....................... 97 Tabela 4.18: Permeabilidade efetiva à água e ao polímero por trechos – injeção contínua de

polímeros e de bancos de gradação polimérica. ....................................................................... 97 Tabela 4.19: Permeabilidade efetiva à água por trechos - terceira embebição. ....................... 99

Tabela 4.20: Fator de resistência residual por trecho e médio. ............................................... 99 Tabela 4.21: Fator de recuperação final e incremento de recuperação final ......................... 102

Tabela 4.22: Mobilidades Terminais ..................................................................................... 102 Tabela 4.23: Fator de Recuperação nos momentos chave. .................................................... 107

Tabela 4.24: Fator de recuperação e variação do fator de recuperação ................................. 109 Tabela 4.25: Permeabilidades efetivas aos fluidos, razão entre as permeabilidades efetivas e

mobilidade terminal ................................................................................................................ 111 Tabela 4.26: Resumo dos principais dados obtidos ao longo dos experimentos. .................. 113 Tabela A.1: Viscosidade médias das misturas óleo querosene originais e corrigidas. .......... 130

Tabela A.2: Valores das viscosidades originais e corrigidas das solução poliméricas usadas no

testes de deslocamento............................................................................................................ 132 Tabela A.1: Valores das principais propriedades utilizadas para a determinação da vazão de

deslocamento pelo critério de Dos Santos et al. (1997). ....................................................... 137 Tabela A.2: Vazão dos Testes de Deslocamento ................................................................... 139

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Letras Latinas:

A – Área da seção transversal da amostra;

C –Altura da coluna de mercúrio;

D – Diâmetro da Amostra;

E – Razão Viscosa Efetiva;

fo2 – Fluxo fracionário do óleo na face de saída da amostra;

FR - Fator de Recuperação;

fw – fluxo fracionário da água;

fw2 – Fluxo fracionário da água na face de saída da amostra;

g – Aceleração da gravidade;

H – Fator de Heterogeneidade;

IR – Índice de injetividade relativa;

K – Índice de consistência;

kD – Permeabilidade efetiva à fase deslocada;

kd – Permeabilidade efetiva à fase deslocante;

Ki – Permeabilidade do trecho;

KK – Fator K;

koef – Permeabilidade efetiva ao óleo;

kpef – Permeabilidade efetiva à solução polimérica;

kro – Permeabilidade relativa ao óleo;

krw – Permeabilidade relativa à água;

Kw – Permeabilidade absoluta à água;

K̅ – Permeabilidade equivalente;

kwef – Permeabilidade efetiva à água;

L – Comprimento da Amostra;

Li – Comprimento do trecho;

M – Razão de Mobilidade;

MPinj – Massa de polímero injetada;

Mt – Razão de Mobilidade Terminal;

n – Índice de comportamento;

NC – Número Capilar;

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NP – Volume de óleo produzido acumulado;

P – Pressão;

PV – Volume Poroso da Amostra;

PVinj - Volume Poroso Injetado;

Qg – Vazão de Escoamento;

R – Raio da Amostra;

RAO – Razão água-óleo;

RF – Fator de Resistência;

RK – Fator de Redução da Permeabilidade;

RRF – Fator de Resistência Residual;

Sor – Saturação de Óleo Residual;

Sw̅̅ ̅ – Saturação média de água na amostra;

Sw2 – Saturação de água na face de saída da amostra;

Swi – Saturação de Água Conata;

t – Tempo de deslocamento;

tbt – Tempo de irrupção;

U – Velocidade de deslocamento no meio poroso;

V – Razão Viscosa;

VB – Volume do Banco Polimérico;

VME - Volume Morto de Entrada;

VMS – Volume Morto de Saída;

VO – Volume de óleo;

Voamostra – Volume de óleo na amostra;

VT – Volume total produzido;

Vwamostra – Volume de água na amostra;

Wcut – Corte de Água;

WP – Volume acumulado de água produzida;

Letras gregas:

µ - Viscosidade Dinâmica;

µapp – Viscosidade aparente;

µB1 – Viscosidade banco polimérico I;

µB2 – Viscosidade banco polimérico II;

µB3 – Viscosidade banco polimérico III;

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µD – Viscosidade da fase deslocada;

µd – Viscosidade da fase deslocante;

µo – Viscosidade do óleo;

µw – Viscosidade da água;

γ – Taxa de Cisalhamento;

ΔFR – Incremento de Recuperação;

ΔP – Diferencial de Pressão;

ΔTme – Tempo necessário para produzir o volume de entrada;

ΔTms – Tempo necessário para produzir o volume de saída;

εc – Razão capilar-viscosa;

εg – Razão gravitacional-viscosa;

εs – Representatividade amostral;

λD – Mobilidade da fase deslocada;

λd – Mobilidade da fase deslocante;

ρo – Densidade do óleo;

ρw – Densidade da água;

σ – Tensão interfacial;

τ – Tensão de Cisalhamento;

ϕ – Porosidade;

Subscritos:

1D – Primeira Drenagem;

2D – Segunda Drenagem;

2E – Segunda Embebição;

B1 – Banco 1;

B2 – Banco 2;

B3 – Banco 3;

BT – Irrupção;

O - Óleo

P – Polímero;

Pol – Injeção Contínua de Polímeros;

W – Água

Wat – Processo de gradação Viscosa com soluções poliméricas e injeção convencional de água;

Wcut-80 – Até 80% de corte de água;

Wcut-95 – Até 95% de corte de água;

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16

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19

1.1. Motivação ................................................................................................. 21

1.2. Objetivos ................................................................................................... 21

1.3. Estrutura do Manuscrito ........................................................................... 21

2. INJEÇÃO DE POLÍMEROS – CONCEITOS E LITERATURA ............................. 23

2.1 Critérios de Seleção ................................................................................... 29

2.2 Polímeros utilizados em EOR e seu Comportamento Reológico .............. 32

2.3 Degradação ................................................................................................ 39

2.4 Processo de Gradação Viscosa utilizando Bancos Poliméricos ................ 40

2.4.1 Descrição do método ............................................................................................... 40

2.4.2 Definição do Tamanho dos Bancos Poliméricos ..................................................... 44

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 50

3.1 Protocolo de Testes .................................................................................... 50

3.1.1 Seleção e caracterização das amostras de rocha ...................................................... 50

3.1.2 Seleção e Caracterização de Fluidos ....................................................................... 54

3.1.3 Testes de Deslocamento .......................................................................................... 56

3.2 Definição do Tamanho dos Bancos de Solução Polimérica ...................... 65

3.3 Bancada Experimental .............................................................................. 65

3.4 Equipamentos ............................................................................................. 68

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 69

4.1 Petrofísica Básica das Amostras de Rocha ............................................... 69

4.2 Caracterização Reológica dos Fluidos de Injeção .................................... 69

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4.2.1 Solução Salina ......................................................................................................... 69

4.2.2 Óleo, Querosene e Mistura Óleo-Querosene ........................................................... 70

4.2.3 Soluções Poliméricas ............................................................................................... 72

4.3 Tamanho dos Bancos Poliméricos ............................................................. 76

4.4 Testes de Deslocamento ............................................................................ 77

4.4.1 Primeira Embebição ................................................................................................ 77

4.4.2 Primeira Drenagem .................................................................................................. 79

4.4.3 Segunda Embebição ................................................................................................ 83

4.4.4 Segunda Drenagem .................................................................................................. 88

4.4.5 Injeção Contínua de Polímeros e de Bancos de Gradação Polimérica .................... 92

4.4.6 Avaliação do Fator de Resistência Residual............................................................ 97

4.5 Comparação entre a Injeção de Polímeros e Injeção Convencional de

Água ............................................................................................................... 100

4.5.1 Fator de Recuperação ............................................................................................ 100

4.5.2 Razão Água Óleo Acumulada (RAO) e Corte de Água (Wcut) ............................ 103

4.6 Comparação entre os Métodos de Injeção de Polímeros ......................... 105

4.6.1 Fator de Recuperação ............................................................................................ 105

4.6.2 Incremento de Recuperação................................................................................... 109

4.6.3 Razão Incremento de Recuperação e Massa de Polímero Injetada – ΔFR/MPINJ .. 111

4.7 Tabela Resumo ........................................................................................ 112

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................... 116

5.1 Conclusões ............................................................................................... 116

5.2 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 118

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 120

Apêndice A – Correção das Medidas de viscosidade ........................................................ 127

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A.1 Mistura Óleo Querosene ......................................................................... 128

A.2 Soluções Poliméricas .............................................................................. 130

Apêndice B – Correções em Razão dos Volumes Mortos ................................................. 133

ANEXO A – Seleção da Vazão dos Testes de Deslocamento ............................................ 135

ANEXO B – Determinação das Curvas de Permeabilidade relativa ............................... 140

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1. INTRODUÇÃO

O petróleo continua sendo a principal fonte de energia mundial, representando 32.9% da

matriz energética global (WORLD ENERGY COUNCIL, 2016). A crescente demanda por

energia, recentemente motivada pelo desenvolvimento dos países emergentes, exige cada vez

mais o desenvolvimento de técnicas e tecnologias que visem suplementar a recuperação de

petróleo de uma maneira economicamente viável.

A recuperação de petróleo é dividida em três categorias: primária, secundária e a

recuperação avançada de óleo (EOR) (GREEN & WILLHITE, 1998). A recuperação primária

refere-se ao óleo recuperado do reservatório unicamente às custas de sua energia natural (ROSA

et al., 2006; GREEN & WILLHITE, 1998). A recuperação secundária, por sua vez, está

associada ao aumento da energia natural do reservatório através da injeção de água ou gás, a

fim de deslocar mais óleo aos poços produtores. A recuperação avançada é usualmente utilizada

após os métodos secundários e é caracterizada pela injeção de produtos químicos, gases

miscíveis e pelo uso de energia térmica, dentre outros. Os métodos de recuperação avançada

normalmente são utilizados com intuito de melhorar aspectos nos quais a recuperação

secundária mostrou-se ineficiente para recuperação de óleo (GREEN & WILLHITE, 1998).

Durante o desenvolvimento de um reservatório, a injeção de água é costumeiramente

utilizada após a recuperação primária. A extensa utilização deste método de recuperação

secundária é devida às diversas vantagens apresentadas por ele, como o baixo custo, a alta

disponibilidade de água e por, tradicionalmente, exibir índices de produtividade consideráveis

(CRAIG, 1971). Por outro lado, há casos em que a injeção de água não se mostra um método

de recuperação eficiente. Quando utilizada em reservatórios de óleo pesado (>100 cP), a água

injetada usualmente apresenta uma mobilidade muita alta em relação à mobilidade do óleo,

resultando em uma irrupção prematura da água injetada e uma baixa eficiência de varrido

(SABOORIAN-JOOYBARI et al., 2016).

Neste contexto, faz-se necessária a utilização de métodos de recuperação avançada que

corrijam esta limitação. A fim de reduzir a mobilidade da água e, portanto, tornar a razão de

mobilidades mais favorável (menor), um método que tem sido amplamente usado é a injeção

de polímeros (SORBIE, 1991; GREEN & WILLHITE, 1998). A adição do polímero à água

injetada proporciona um aumento da viscosidade da fase aquosa, a qual reflete em uma redução

da razão de mobilidades e essa, por sua vez, ocasiona uma melhora na eficiência de varrido

total. Além disso, dependendo do polímero injetado, a passagem da solução polimérica no meio

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20

poroso pode provocar uma diminuição da permeabilidade efetiva à água, que também colabora

para redução da razão de mobilidade (SORBIE, 1991: GREEN & WILLHITE, 1998).

Diante dos benefícios obtidos pela injeção de polímeros, este método de recuperação

avançada tem sido extensivamente aplicado em reservatórios de óleo pesado e indicado

resultados favoráveis. Além dos benefícios obtidos, a preferência pela injeção de polímero em

reservatórios de óleo pesado também está associada com as dificuldades técnicas, econômicas

e ambientais para aplicação de outros métodos de recuperação avançada, tais como métodos

térmicos (SABOORIAN-JOOYBARI et al., 2016).

Apesar de ser um método de recuperação que têm apresentado resultados favoráveis em

termos de fator de recuperação e decremento da produção de água em reservatórios de óleo

pesado, a injeção de polímeros pode ser inviável. Diante disso e com intuito de realizar um

projeto de injeção polímeros apropriado, é necessária uma análise das diversas particularidades

do reservatório, das propriedades das soluções poliméricas bem como do tamanho e da maneira

como serão injetados os bancos poliméricos (WANG et al., 2008).

Uma das principais maneiras de se injetar polímeros no campo é através da injeção de

bancos poliméricos com concentrações gradativamente menores, em um processo conhecido

como gradação viscosa. Assim, além de reduzir a quantidade de polímero injetado enquanto se

mantém os benefícios da injeção de polímeros, evita-se que haja digitações viscosas intensas

entre fluidos viscosos e poucos viscosos, i.e. um banco polimérico altamente concentrado e a

água injetada após este banco (STONERBERGUER & CLARIDGE, 1988).

Embora seja uma técnica de injeção de polímeros bastante difundida no campo, o processo

de gradação viscosa envolvendo soluções poliméricas ainda é ponto de discussão entre os

autores. Enquanto que GREEN & WILLHITE (1998) afirmam que o processo de gradação

viscosa é a melhor maneira de se conduzir a injeção de polímeros, SERIGHT (2016) argumenta

que mais estudos são necessários para comprovar a real vantagem deste processo e de que forma

que o mesmo deve ser modelado.

Ainda que a injeção de bancos de gradação polimérica seja uma metodologia de injeção

aplicada principalmente no campo, o estudo laboratorial desta técnica é fundamental, até

mesmo como contribuição para análises de simulação numérica de reservatórios. A análise dos

procedimentos experimentais configura-se como os primeiros passos para uma seleção

adequada dos parâmetros da solução de polímero injetada e para o planejamento e otimização

de um projeto envolvendo a injeção de polímeros (PRATAP et al., 1997). Desta forma,

procedimentos experimentais tais como testes de deslocamento e caracterização reológica dos

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21

fluidos são essenciais para avaliar o potencial deste método de recuperação na produção de óleo

(RIOS, 2014).

1.1. Motivação

As reservas de óleo pesado mundiais são estimadas em 10 trilhões de barris, sendo esse

volume equivalente ao triplo das reservas de óleo leve (SABOORIAN JOYBARI et al., 2016

apud LIE et al., 2014). De forma a atender a atual demanda de energia mundial, é fundamental

a exploração dos reservatórios de óleo pesado, uma vez que eles representam uma grande fonte

de energia. Neste sentido, é necessário o contínuo estudo e aprimoramento de métodos de

recuperação que visem a produção deste tipo de reservatório de uma maneira tecnicamente e

economicamente viável.

1.2. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a injeção dos bancos de gradação viscosa

na injeção de polímeros para a recuperação de óleo pesado em escala experimental. Para tal,

será feita uma análise comparativa entre o processo de gradação viscosa, utilizando duas

configurações diferentes, e a injeção contínua de polímeros. Além disso, também serão

comparadas a injeção de polímeros, nas diferentes perspectivas avaliadas, e a injeção

convencional de água.

Como objetivos parciais, destacam-se as seguintes etapas:

Realizar a seleção de fluidos – soluções poliméricas, solução salina e óleo – através

da caracterização reológica (viscosidade), de acordo com os critérios de seleção

para injeção de polímero, a fim de utilizá-los em testes de deslocamento;

Realizar uma análise comparativa entre a injeção de polímeros, nas diferentes

perspectivas avaliadas, com a injeção convencional de água;

Analisar a injeção dos bancos de gradação polimérica na recuperação de óleo,

comparando-a com a injeção contínua de polímeros;

1.3. Estrutura do Manuscrito

O presente trabalho é organizado nas seguintes etapas:

O capítulo 2 apresenta os conceitos fundamentais para a compreensão deste trabalho.

Neste capítulo, são apresentados parâmetros chave associados à injeção de polímeros e ao

processo de gradação viscosa envolvendo soluções poliméricas.

No capítulo 3 são apresentados os materiais e métodos necessários para o

desenvolvimento de todos os experimentos. São abordados detalhes referentes à caracterização

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22

das amostras de rocha reservatório e de fluidos, bem como referentes à execução dos testes de

deslocamento.

No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos para as etapas mencionadas no

capítulo 3. Além disso, apresenta-se a comparação entre os resultados obtidos para a injeção de

água e a injeção de polímeros, assim como para os diferentes métodos de injeção de polímeros

(injeção contínua e o processo de gradação viscosa com soluções poliméricas).

No capítulo 5, apresentam-se as principais conclusões e sugestões para trabalhos

futuros.

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2. INJEÇÃO DE POLÍMEROS – CONCEITOS E LITERATURA

A eficiência de métodos de recuperação imiscíveis usualmente é pautada pelo módulo

da razão de mobilidade, M, definida, conforme demonstra a equação 2.1, como a relação entre

a mobilidade do fluido deslocante e o deslocado

𝑀 =𝜆𝐷

𝜆𝑑=

𝜇𝐷 ∗ 𝑘𝑑

𝜇𝑑 ∗ 𝑘𝐷 Equação 2.1

λD – mobilidade da fase deslocada; λd – mobilidade da fase deslocante; µD – viscosidade

da fase deslocada; µd – viscosidade da fase deslocante; kd – permeabilidade efetiva à fase

deslocante; kD – permeabilidade efetiva à fase deslocada.

Métodos convencionais, tal como a injeção de água, mostram-se ineficientes em casos

de razão de mobilidade desfavoráveis (M>>>1), ocasionando uma produção precoce do fluido

injetado e baixos fatores de recuperação. A razão de mobilidade desfavorável é decorrente da

grande diferença entre as viscosidades do fluido deslocado (óleo) e do deslocante (água). A

desconformidade entre as viscosidades do óleo e da água permite que água injetada crie

caminhos preferenciais até o poço produtor, atingindo-o rapidamente. Como consequência

disto, a água injetada não atinge a maioria do reservatório, permanecendo, assim, grande parte

do óleo no meio poroso.

Diante dos problemas decorrentes de uma injeção de água com razão de mobilidade

desfavorável, a injeção de polímeros é utilizada a fim de reduzir a mobilidade da água no meio

poroso. Assim sendo, há duas situações em que a injeção de polímero é considerada (SORBIE,

1991; GREEN & WILLHITE, 1998): (1) Altas razões viscosas entre os fluidos deslocado e

deslocante; (2) Reservatórios Heterogêneos.

No primeiro caso, como elucidado anteriormente, as razões de mobilidade desfavoráveis

são consequência da alta razão viscosa entre as viscosidades do óleo e da água. Em função

disto, a água tende a ultrapassar o banco de óleo, em um fenômeno denominado de digitação

viscosa, criando caminhos preferenciais até o poço produtor. Devido a este fenômeno, no que

a tange a sistema lineares, tem-se uma frente de deslocamento com saturações reduzidas,

caracterizando uma eficiência de deslocamento baixa (SORBIE, 1991; ROSA et al., 2006;

GREEN & WILLHITE, 1998). Tratando-se de escoamentos bidimensionais, a digitação viscosa

resulta também em uma baixa eficiência de varrido areal baixa durante a injeção de água

(SORBIE, 1991). A Figura 2.1-A ilustra esquematicamente o fenômeno de digitação viscosa

em um padrão five-spot.

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24

A adição do polímero à água promove um aumento na viscosidade da solução aquosa e,

em alguns casos, a redução da permeabilidade efetiva à água (SORBIE, 1991; GREEN &

WILLHITE, 1998). Diante disto, as razões de mobilidade do escoamento tornam-se mais

favoráveis (M≤1) e geram uma melhora na eficiência de varrido areal e de deslocamento. A

Figura 2.1-B apresenta um escoamento, em um padrão five spot, com uma razão de mobilidade

favorável, obtido através da injeção de soluções poliméricas.

Figura 2.1: Diagrama esquemático do aumento da eficiência de varrido areal ocasionada pela

injeção de polímeros (Adaptado de SORBIE, 1991).

No segundo caso, a injeção de polímero é indicada, mesmo que o escoamento não

apresente uma razão de mobilidade muito desfavorável, a fim de melhorar a eficiência de

varrido vertical (SORBIE, 1991). A baixa eficiência de varrido vertical atrelada à injeção de

água está associada as diferenças entre as permeabilidades das camadas estratigráficas que

compõem o reservatório. Conforme apresenta Figura 2.2-A, a água escoa com mais facilidade

na camada mais permeável, resultando assim em uma irrupção mais precoce do fluido injetado.

Diante disso, a injeção de polímeros atua de modo a reduzir a permeabilidade efetiva à água,

permitindo que a solução atinja o reservatório mais uniformemente (Figura 2.2– B).

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25

Figura 2.2: Diagrama esquemático do aumento da eficiência de varrido vertical causada pela

injeção de polímero (Adaptado de SORBIE, 1991).

Uma maneira de observar a melhora na eficiência de deslocamento gerada pela injeção

de polímeros é através do conceito de fluxo fracionário. De acordo com Rosa et al. (2006), o

fluxo fracionário pode ser definido como sendo a relação entre a taxa de fluxo de uma

determinada fase e a taxa de fluxo total. O fluxo fracionário da água escoando junto com o óleo

em um sistema horizontal e com os efeitos capilares negligenciáveis é dado por:

𝑓𝑤 =1

1 +𝑘𝑟𝑜

𝜇𝑜∗

𝜇𝑤

𝑘𝑟𝑤

Equação 2.2

Em uma análise da equação 2.2, nota-se que qualquer aumento da razão (kro/µo* µw/krw)

provoca uma redução do fluxo fracionário da água e, portanto, um aumento na taxa de produção

de óleo. Os polímeros causam esta redução através do aumento viscosidade da água ou, no caso

de alguns polímeros, de uma redução permeabilidade relativa à água. De acordo Needham &

Doe (1987), os efeitos do fluxo fracionário serão mais significativos para a injeção de polímeros

se o método for implementado ao início da vida do reservatório (pois a saturação de óleo móvel

ainda é alta) ou em reservatórios contendo óleos viscosos, já que, nestes casos, o fluxo

fracionário da água é mais expressivo, levando a uma irrupção precoce da água. A Figura 2.3

apresenta o fluxo fracionário para injeção de água e polímeros.

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Figura 2.3: Fluxo Fracionário da injeção de água e polímeros (Adaptado de LAKE, 1989)

Outros mecanismos importantes a serem considerados referem-se à retenção de

polímeros. As soluções poliméricas caracterizam-se por apresentar interações significativas

com a rocha. Estas interações fazem com que o polímero fique retido no meio poroso e conduza

à formação de um banco de injeção totalmente ou parcialmente livre de polímero. Como

consequência deste processo, há uma redução da viscosidade da solução polimérica injetada, a

qual torna a injeção de polímeros menos eficiente. A retenção do polímero, por outro lado, pode

causar uma diminuição da permeabilidade do meio poroso, que, eventualmente, pode contribuir

para os mecanismos de recuperação de óleo (SORBIE, 1991).

Segundo Sorbie (1991), a retenção polimérica no meio poroso ocorre através dos

seguintes mecanismos: adsorção, aprisionamento mecânico e retenção hidrodinâmica. A

ilustração de cada um destes mecanismos atuando no meio poroso pode ser vista na Figura 2.4.

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27

Figura 2.4: Diagrama esquemático dos mecanismo de retenção polimérica no meio poroso

(Adaptado de Sorbie, 1991).

A adsorção refere-se à interação entre as moléculas do polímero e uma superfície sólida.

No caso do meio poroso, esta interação leva à adesão das moléculas poliméricas à superfície

dos grãos da rocha. Durante a injeção de polímeros, a adsorção do polímero à rocha caracteriza-

se por ser do tipo física, isto é, a relação entre a molécula polimérica e a superfície dos grãos

da rocha é devida a forças eletrostáticas (LITMMAN, 1988; SORBIE, 1991). Além disso, a

retenção por adsorção é irreversível e a quantidade de polímero adsorvido é proporcional à área

acessível às moléculas poliméricas (ZHANG, 2013).

O aprisionamento mecânico está relacionado ao alojamento das moléculas poliméricas

em canais de fluxo reduzido (SORBIE, 1991; SHENG, 2011). Conforme demonstra a Figura

2.4, em algumas regiões do meio poroso, as gargantas de poro são suficientemente estreitas

para que não permitam o fluxo da solução polimérica injetada e, assim, retenham as moléculas

de polímero. A retenção por aprisionamento mecânico está intimamente ligada à distribuição

do tamanho de poros (SHENG, 2011). Portanto, a retenção por aprisionamento mecânico é mais

expressiva em meios porosos pouco permeáveis.

Dentre os mecanismos de retenção polimérica, o menos compreendido entre os autores

é a retenção hidrodinâmica (SORBIE, 1991). A retenção hidrodinâmica é um mecanismo de

retenção dependente da vazão utilizada e, diferentemente da adsorção, é completamente

reversível (SORBIE, 1991). Como é demonstrado na Figura 2.4, a retenção hidrodinâmica

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28

caracteriza-se por reter pequenas frações de polímero em zonas de fluxo estagnado (SORBIE,

1991). Segundo Sheng (2011), a retenção hidrodinâmica é provavelmente o mecanismo que

menos contribui para o efeito total de retenção.

Uma maneira de avaliar o impacto dos mecanismos de retenção na injeção de polímeros

é através de parâmetros como fator de redução da permeabilidade (Rk), fator de resistência (RF)

e o fator de resistência residual (RRF).

O Rk, como o próprio nome sugere, é um indicativo da redução da permeabilidade

decorrente da injeção de polímeros. Algebricamente, o Rk é dado pela razão entre as

permeabilidades efetivas à água e à solução polimérica, conforme demonstra a equação 2.3.

𝑅𝑘 =𝑘𝑤𝑒𝑓

𝑘𝑝𝑒𝑓 Equação 2.3

kwef – permeabilidade efetiva à água; kpef – permeabilidade efetiva à solução polimérica;

O efeito da redução da mobilidade promovido pelo polímero em decorrência do

aumento da viscosidade da água assim como da redução da permeabilidade efetiva à água é

denominado fator de resistência (RF) (LAKE, 1989; ROSA et al., 2006; JENNIGS, 1971).

Matematicamente, o fator de resistência é expresso como sendo o quociente entre a mobilidade

da água e a mobilidade do polímero (Equação 2.4).

𝑅𝐹 =𝜆𝑤

𝜆𝑝=

𝑘𝑤𝑒𝑓

𝜇𝑤

𝑘𝑝𝑒𝑓

𝜇𝑝

=𝑘𝑤𝑒𝑓 ∗ 𝜇𝑝

𝑘𝑝𝑒𝑓 ∗ 𝜇𝑤 Equação 2.4

λw – mobilidade da água; λp – mobilidade do polímero; µw – viscosidade da água; µp –

viscosidade do polímero;

Mesmo depois de a solução polimérica ser deslocada do meio poroso pela injeção de

água, muitas moléculas do polímero permanecem adsorvidas à rocha reservatório, persistindo

a chamada resistência residual ao fluxo de água, que é medida através do fator de resistência

residual (RRF) (ROSA et al., 2006). Assim, o RRF é uma medida de tendência do polímero a

adsorver na superfície rochosa e, portanto, bloquear parcialmente o meio poroso (LITTMAN,

1988; LAKE, 1989). Algebricamente, o fator de resistência residual é definido como a relação

entre a mobilidade da água antes e depois da injeção de polímeros, tal como é expresso na

equação 2.5.

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𝑅𝑅𝐹 =𝜆𝑤1

𝜆𝑤2=

𝑘𝑤𝑒𝑓1 ∗ 𝜇𝑤1

𝑘𝑤𝑒𝑓2 ∗ 𝜇𝑤2 Equação 2.5

λw1 – mobilidade da água antes da injeção de polímeros; λw2 – mobilidade da água após

a injeção de polímeros; kwef1 – permeabilidade efetiva à água antes da injeção de polímeros;

kwef2 – permeabilidade efetiva à água pós injeção de polímeros; µw1 – viscosidade da água; µw2

– viscosidade da água pós injeção de polímeros.

Segundo Rosa et al. (2006), o fator de resistência residual é mais importante que o fator

de resistência, já que o banco de polímero é normalmente deslocado com água de perseguição

(drive water). De acordo com Jennings (1971), o RRF ajuda a controlar a digitação entre a água

e o banco polimérico causada pela diferença entre as mobilidades bem como pelas

heterogeneidades presentes no reservatório. Além disso, Silva et al. (2010) afirmam que o fator

de resistência residual é mais frequentemente usado do que o fator de resistência em função das

limitações operacionais para medir a permeabilidade ao polímero.

2.1 Critérios de Seleção

Embora a injeção de polímeros apresente vantagens no que tange à recuperação de óleo

e o decremento da produção de água, este método nem sempre é adequado para o

desenvolvimento de um campo. Antes de um projeto deste tipo ser planejado em detalhes, é

necessária uma análise de determinados parâmetros do reservatório com intuito de verificar a

possibilidade de utilização desta técnica, o tipo de polímero a ser utilizado e, em casos que haja

a aprovação desta técnica, o desempenho técnico e econômico do projeto (LITTMAN, 1988).

Com isso, os critérios de seleção constituem uma série de parâmetros que indicarão

quais reservatórios possuem características adequadas para aplicação de uma determinada

técnica de recuperação avançada de óleo (EOR). Estes parâmetros são estimativas de valores

limites de algumas propriedades do reservatório, tais como: permeabilidade, temperatura,

viscosidade e densidade do óleo, litologia, profundidade, saturação de óleo, salinidade e dureza

da água de formação.

Os valores associados a cada um destes parâmetros baseiam-se em projetos bem-

sucedidos assim como no conhecimento dos fenômenos físicos relacionados a cada uma das

técnicas de recuperação avançada de óleo (AL-BAHAR et al., 2004). Taber et al. (1996), por

exemplo, desenvolveram critérios de seleção baseados nos valores médios das propriedades dos

reservatórios e dos óleos relacionados aos projetos de EOR considerados bem-sucedidos em

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30

diversas regiões do mundo, além dos seus próprios conhecimentos sobre as condições

necessárias para que determinado método de recuperação avançada seja bem-sucedido.

À medida que mais projetos de EOR são desenvolvidos, os critérios de seleção sofrem

adaptações de modo a contemplar às características dos novos projetos. Adasani & Bai (2011)

atualizaram os critérios de seleção desenvolvido por Taber et al. (1996) a partir da inclusão de

dados provindos da análise de 652 projetos. Eles analisaram dados referente às propriedades do

óleo, do reservatório e à produção dos projetos avaliados. Além disso, os critérios de seleção

podem ser revistos a fim de atender a aplicação de métodos de EOR em reservatórios

específicos, como feito por Al-Bahar et al. (2004) ao avaliarem a implementação de métodos

de EOR em reservatórios do Kuwait.

Diversos trabalhos na literatura dedicam-se, especificamente, ao estudo dos critérios de

seleção para a injeção de polímeros. Dentre eles, destacam-se os trabalhos de Sorbie (1991),

Melo et al. (2005) e Sheng et al. (2015). Apesar de os critérios apresentados por estes autores

divergirem em alguns aspectos, de um modo geral, há uma conformidade entre os diversos

parâmetros apresentados.

Um dos parâmetros que é unânime entre os autores é a litologia da rocha reservatório.

De acordo com Sheng et al. (2015), a injeção de polímeros é preferível em arenitos porque os

reservatórios carbonáticos apresentam um alto grau de adsorção a polímeros aniônicos

(poliacrilamida parcialmente hidrolisada, por exemplo) e possuem matrizes com

permeabilidades baixas, as quais não permitem o escoamento do polímero em função do

tamanho de sua molécula. A presença excessiva de heterogeneidades, tais como fraturas e

falhas, em formações de rocha carbonática é prejudicial para a injeção de polímeros uma vez

que a solução polimérica tenderá a fluir pelas camadas permeáveis, resultando em uma irrupção

precoce do fluido injetado (MELO et al., 2005). Segundo Sorbie (1991), para que as

heterogeneidades não prejudiquem significativamente um projeto de injeção de polímeros, o

reservatório deve possuir uma razão entre a permeabilidade mais alta encontrada e a

permeabilidade média da formação no intervalo entre 4 e 30 (4< kmáx/kmédio < 30).

Além da litologia do reservatório, outro fator que é consenso entre os autores é a

temperatura. Os valores referentes a esta variável devem estar abaixo de 95°C a fim de que o

polímero não sofra degradações químicas severas (SORBIE, 1991). Em relação à salinidade e

dureza da água de formação, há contrariedade entre os autores sobre quais limitações devem

ser impostas a estas variáveis. Enquanto Al-Bahar et al. (2004) afirmam que água de formação

deve possuir uma salinidade e dureza inferior a 100000 e 1000 ppm, respectivamente, Sorbie

(1991) alega que estas variáveis não são fatores críticos, porém, são limitantes ao tipo de

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31

polímero que deve ser usado. Além disso, Sheng et al. (2015) sustentam a ideia de que o efeito

da salinidade e dureza da água de formação só será significativo se o banco polimérico se

misturar a mesma.

De acordo com Melo et al. (2005), outro parâmetro que deve ser levado em conta no

momento da seleção de reservatórios candidatos à injeção de polímeros é a saturação de óleo.

Segundo estes autores, a saturação de óleo do reservatório deve estar acima de um valor mínimo

para que a injeção de polímeros seja um processo economicamente viável.

No que tange a viscosidade do óleo, a maioria dos autores (SORBIE, 1991; TABER et

al.,1996; AL-BAHAR et al., 2004; MELO et al., 2005; SHENG et al., 2015) estabelecem que

o valor desta variável deva ser inferior a 150 cP. Contudo, em um trabalho realizado

recentemente, Saboorian-Jooybari et al. (2016) estabeleceram novos critérios de seleção para a

injeção de polímeros baseado em projetos envolvendo a injeção de soluções poliméricas em

reservatórios de óleo pesado. Os autores sugerem que a viscosidade do óleo pode ser até de

5400 cP. Entretanto, Saborian-Jooybari et al. (2016) alegam que uma melhor maneira de se

estabelecer reservatórios de óleo pesado candidatos à injeção de polímeros é através do conceito

denominado mobilidade do óleo, definido como sendo a razão entre a permeabilidade absoluta

da rocha e a viscosidade do óleo (K/µo).

Os autores afirmam que este critério é mais significativo do que avaliar a permeabilidade

absoluta da rocha e a viscosidade do óleo individualmente, pois, mesmo que o reservatório

contenha um óleo altamente viscoso (maior que o estabelecido nos critérios de seleção), o valor

da permeabilidade da rocha pode ser suficientemente grande para assegurar uma produção

econômica dentro do período de tempo estabelecido para um dado projeto. Assim, a análise de

k e µo individualmente pode conduzir, erroneamente em alguns casos, à exclusão de

reservatórios candidatos para a injeção de polímeros. Segundo Saboorian-Jooybari et al. (2016),

a mobilidade do óleo deve ser o primeiro critério de seleção avaliado quando forem analisados

os reservatórios de óleo pesado candidatos para a injeção de polímeros. Além disso, os mesmos

autores estabelecem que a razão viscosa entre o óleo e a solução polimérica deve estar abaixo

de 279.

A Tabela 2.1 traz um resumo dos critérios de seleção para a injeção de polímeros

definidos pelos autores citados.

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32

Tabela 2.1: Critérios de seleção para a injeção de polímeros (SORBIE, 1991; TABER et al.,

1996; AL BAHAR et al, 2004; MELO et al., 2005; SHENG et al., 2015; SABOORIAN-

JOOYBARI et al., 2016)

1) Sorbie, 1991; 2) Taber et al., 1996; 3) Al Bahar et al., 2004; 4) Melo et al., 2005; 5) Sheng

et al., 2015; 6) Saboorian- Jooybari et al., 2016

2.2 Polímeros utilizados em EOR e seu Comportamento Reológico

Segundo Rosa (2006), um polímero é uma molécula muito grande, formada por milhares

de blocos que se repetem, chamado monômeros. À medida que os monômeros se juntam para

formar os polímeros, uma longa cadeia de moléculas é formada com massas moleculares da

ordem de milhões.

Diversos tipos polímeros têm sido considerados em processos de recuperação avançada

de óleo, tais como: Goma xantana, poliacrilamida parcialmente hidrolisada (HPAM),

copolímeros de ácido acrílico e acrilamida, copolímeros de acrilamida e 2-acrilamida 2-metil

propano sulfonato (AM/AMPS), hidroxietilcelulose (HEC), carboxi-metil-hidroxi-etil-celulose

(CMHEC), poliacrilamida, ácido polliacrílico, glucana, dextrana, óxido de polietileno (PEO) e

álcool polivinilíco (LAKE, 1989).

Referência

Parâmetro

1 2 3 4 5 6

Profundidade (m) <2745 <2745 <1400 - - <1600

Permeabilidade (mD) >20 >10 >50 >100 >50 >1000

Saturação de Óleo (%) - >50 >60 >20 >10 >50

Viscosidade do Óleo (cP) 5-30 <150 <150 <100 <150 <5400

Densidade do Óleo

(°API)

- >15 - - - >11

Temperatura (°C) <80

(Max 95)

< 93.3 <70 <80 <93.3 <65

Salinidade (ppm) - - <100000 <5000

0

<50000 <4600

0

Dureza (ppm) - - <1000 - <100 -

Litologia Arenito Arenito Arenito Arenit

o

Arenito Arenit

o

Mobilidade do Óleo

(md/cP)

- - - - - >0.31

Razão viscosa Óleo-

Polímero

- 9.4 - - - <279

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33

Apesar do grande de número de polímeros e de seus respectivos potenciais para a

recuperação avançada de óleo, os polímeros mais utilizados em EOR podem ser sumarizados

em duas categorias: os polímeros sintéticos, destacando-se a poliacrilamida parcialmente

hidrolisada (HPAM), e os biopolímeros, representados principalmente pela goma xantana

(SORBIE, 1991; GREEN & WILLHITE, 1998; LAKE 1989; SHENG 2011). A razão histórica

para a utilização destes polímeros na recuperação avançada de óleo provém do fato de que

ambos já possuíam extensivas aplicações em outras indústrias. Enquanto a poliacrilamida é

usada na indústria do papel e como floculante em processos industriais, a goma de xantana atua

como agente espessante na indústria alimentícia (SORBIE, 1991).

As poliacrilamidas (PAM) são polímeros solúveis em água cuja a unidade monomérica

é a molécula de acrilamida (LAKE, 1989). Em função do alto grau de adsorção à superfície

rochosa, a poliacrilamida é usada em sua forma parcialmente hidrolisada na recuperação

avançada de óleo (SHENG, 2011; SORBIE, 1991). O processo de hidrólise parcial consiste na

reação da PAM com bases de hidróxido de sódio, hidróxido de potássio ou carbonato de sódio

(SHENG, 2011). Como resultado deste processo, tem-se a conversão do grupo amida (CONH2)

de alguns monômeros em grupos carboxilícos (COO-) (SHENG, 2011; LAKE 1989). A Figura

2.5 ilustra a molécula de PAM e HPAM.

Figura 2.5: (A) Estrutura química da cadeia de poliacrilamida e (B) poliacrilamida

parcialmente hidrolisada (HPAM) (Adaptado de SORBIE, 1991).

De acordo com SHENG (2011), o grau de hidrólise das HPAMs comerciais varia entre

15 e 30%. O grau de hidrólise, fração molar de amida transformada em grupos carboxílicos,

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34

tem sido selecionado para otimizar algumas propriedades do polímero, tais como: solubilidade

aquosa, viscosidade e retenção polimérica (LAKE, 1989). Caso o grau de hidrólise seja baixo,

o polímero não será solúvel em água, se muito alto, suas propriedades serão sensíveis à

salinidade e à dureza do solvente aquoso (LAKE, 1989 apud SHUPE, 1981).

Além de depender do grau de hidrólise, o poder viscosificante do polímero baseia-se no

seu peso molecular médio (LAKE, 1989). A maioria dos polímeros utilizados na recuperação

avançada de óleo possuem um peso molecular médio de até 20 milhões de Daltons (SHENG,

2011).

A inclusão dos grupos carboxílicos (COO-) negativamente carregados na molécula de

acrilamida transforma a referida molécula em um polietrólito, que, como tal, irá interagir

fortemente com os íons em solução (SORBIE, 1991). A presença de íons em solução tem um

aspecto negativo no que concerne ao aumento de viscosidade de um determinado solvente

aquoso quando há adição de HPAM. O fato de os grupos carboxílicos repelirem-se e, como

consequência disso, distenderem a molécula de HPAM, promovendo um aumento da

viscosidade, é minimizado quando há íons monovalentes e divalentes no solvente. A existência

de cátions na solução, provindos da adição de sais tais como NaCl e KCl, neutraliza os grupos

carboxílicos carregados negativamente, resultando em um encolhimento molecular e uma

consequente redução da viscosidade (SHENG, 2011; LITTMAN, 1988; SORBIE, 1991). A

Figura 2.6 apresenta um comparativo do aspecto molecular do polímero em um ambiente de

baixa e alta salinidade.

Figura 2.6: Esquema ilustrando o efeito da salinidade em um polietrólito de cadeia flexível,

tal como a HPAM (Adaptado de SORBIE, 1991)

A redução da viscosidade das soluções poliméricas de HPAM em função da salinidade

é apresentada no gráfico da Figura 2.7, desenvolvido por MARTIN & SHERWOOD (1973).

Além de comprovar que o contínuo aumento da salinidade provoca reduções mais

pronunciáveis nas viscosidades das soluções poliméricas de HPAM, os autores demonstraram,

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por este mesmo gráfico, que soluções de PAM não são muito sensíveis à salinidade do solvente,

uma vez que este polímero possui graus de hidrólises baixos (2-4%) (SHENG, 2011).

O nível de dureza do solvente aquoso, isto é, a concentração de cátions divalentes (Ca2+

e Mg2+), tem um efeito mais significativo no que diz respeito à redução da viscosidade se

comparado às espécies monovalentes (Na+ e Ca+), quando adicionados em percentagem de

massa equivalente (SORBIE, 1991; GREEN & WILLHITE, 1998; SHENG, 2011). Esta

redução é mais acentuada pois os íons divalentes neutralizam as cargas dos grupos carboxílicos

de modo mais eficiente, fazendo com que o encolhimento das moléculas de polímero seja mais

pronunciado (GREEN & WILLHITE, 1998). Em casos que a HPAM possui um grau de

hidrólise acima de 40%, a presença de íons divalentes pode ocasionar a floculação do polímero

(SHENG, 2011).

Figura 2.7: Viscosidade Relativa da PAM e HPAM em uma salmoura de cloreto de sódio.

Concentração de polímero 600 mg/l, temperatura 25°C e taxa de cisalhamento de 7.3 s-1

(Adaptado de MARTIN & SHERWOOD, 1973).

A alta sensibilidade da HPAM à salinidade e à dureza, assim como a outros fatores

(temperatura, por exemplo), fazem com que, em alguns casos, estas moléculas sejam

copolimerizadas com outras substâncias químicas. Segundo Zaitoun et al. (2012), para

aplicações em processos de recuperação avançada de óleo, as principais substâncias químicas

utilizadas são: nVP (n-vinylpirrolidona) e a ATBS (Acrilamida ter-butil sulfonado). A estrutura

química de cada uma destas substâncias é ilustrada na Figura 2.8.

A inclusão destes agrupamentos na estrutura química da HPAM fornece-lhe maior

resistência à salinidade e à temperatura (ZAITOUN, et al. 2012). O maior grau de estabilidade

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36

das poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas, com os grupos químicos previamente citados, à

salinidadade e à temperatura em relação a outros polímeros sintéticos é demonstrado nos

trabalhos de GAILARD et al. (2015) e KAMAL et al. (2013).

Figura 2.8: Estrutura química dos grupos químicos (A) ATBS (B) n-VP (Adaptado de

ZAITOUN et al., 2012).

Dado que o principal objetivo do polímero é aumentar a viscosidade da água, o estudo

do comportamento reológico das soluções poliméricas é fundamental para viabilizar este

processo (MELO, 2008). Portanto, a compreensão das propriedades reológicas das soluções

poliméricas é necessária em qualquer projeto que avalie a injeção de polímeros como método

de recuperação avançada.

Por meio da reologia é possível analisar a relação entre a tensão aplicada e a deformação

de um determinado sistema. Nos fluidos, esta relação foi incialmente expressa pelo modelo de

Newton, o qual prediz que quando submetidos à ação de uma tensão de cisalhamento, os fluidos

escoam de uma forma tal que o gradiente de velocidade é estritamente proporcional à tensão

aplicada (MAEGAVA, 1986). Assim, a viscosidade representa, a uma dada pressão e

temperatura, uma constante de proporcionalidade entre tensão aplicada e o gradiente de

velocidade (representado pela taxa de cisalhamento), como demonstrado na equação 2.6.

𝜏 = 𝜇 ∗ �̇� Equação 2.6

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37

τ = tensão de cisalhamento (Pa); γ = taxa de cisalhamento (s-1); µ = constante de

proporcionalidade - viscosidade dinâmica (Pa.s);

Os fluidos que se comportam conforme o modelo de Newton são denominados fluidos

Newtonianos. Fluidos mais comuns, tais como água, ar e óleo, são Newtonianos em condições

normais (FOX, 2014). A deformação de um fluido Newtoniano cresce contínua e linearmente,

com a tensão de cisalhamento aplicada. Ademais, a resistência ao escoamento, isto é, a

viscosidade, é independente da taxa de cisalhamento (TEIXEIRA, 2005).

Os fluidos para os quais a tensão de cisalhamento não é diretamente proporcional à taxa

de deformação são não Newtonianos (FOX, 2014). Assim, os fluidos não Newtonianos, em sua

grande maioria, não podem ser caracterizados por um único valor de viscosidade pois, em geral,

a viscosidade varia com a taxa de cisalhamento (MAEGAVA, 1986). Entretanto, na curva

reológica é possível definir uma viscosidade aparente para cada um dos pontos (taxa de

cisalhamento) que a constituem (MAEGAVA, 1986). Matematicamente, a viscosidade aparente

é expressa pela equação 2.7.

𝜇𝑎𝑝𝑝 =𝜏

�̇� Equação 2.7

Os fluidos não Newtonianos são classificados como independentes do tempo,

dependentes do tempo e viscoelásticos (FOX, 2014). Os fluidos independentes de tempo são

fluidos cuja viscosidade depende somente do valor instantâneo da tensão de cisalhamento

(TEIXEIRA, 2005). Estas são características de materiais denominados de Binhgam, dilatantes

e pseudoplásticos. Os fluidos que apresentam o comportamento de Bingham necessitam de uma

tensão de cisalhamento mínima para começarem a escoar e, após isso, apresentam uma relação

linear entre a tensão e a taxa de cisalhamento. Diferentemente dos fluidos de Bingham, os

fluidos com comportamento dilatante ou pseudoplástico não necessitam de uma tensão mínima

para escoarem e suas relações entre a tensão e a taxa de cisalhamento não se dá de uma maneira

linear (TEIXEIRA, 2005). A Figura 2.9 apresenta as curvas de fluxo dos fluidos de

comportamento Newtoniano, pseudoplástico, dilatante e de Bingham.

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38

Figura 2.9: Curvas de fluxo de fluidos Newtonianos e fluidos não-Newtonianos

independentes do tempo (FOX, 2014).

Tanto as soluções poliméricas de HPAM quanto de goma xantana caracterizam-se por

apresentarem um comportamento pseudoplástico (SORBIE, 1991; GREEN & WILLHITE,

1998). Isto é, são fluidos cuja viscosidade aparente diminui à medida que a taxa de

cisalhamento aumenta, conforme ilustra a Figura 2.10.

Figura 2.10: Exemplo de curva de fluxo de um fluido pseudoplástico.

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39

O principal modelo empírico usado para descrever o comportamento de fluidos

pseudoplásticos e, portanto, de soluções poliméricas é o modelo de potência de Ostwald-de-

Waele, exibido na equação 2.8 (GREEN & WILLHITE, 1998; SORBIE, 1991). Neste modelo,

o parâmetro n é chamado de índice de comportamento e, constitiu-se em uma propriedade física

do fluido que caracteriza seu grau de comportamento não Newtoniano. Para os fluidos

pseudoplásticos, quanto menor o valor de n, maior é a pseudoplasticidade do fluido, até que no

caso extremo de pseudoplasticidade infinita, n torna-se nulo. O parâmetro K, conhecido como

índice de consistência, é representativo do grau de viscosidade do fluido, isto é, quanto maior

o valor K mais espesso ou viscoso é o fluido (MAEGAVA, 1986).

𝜇(𝛾)̇ = 𝐾 ∗ �̇�𝑛−1 Equação 2.8

2.3 Degradação

A eficiência da injeção de polímeros passa necessariamente pela estabilidade da

solução polimérica em períodos relativamente longos. Assim sendo, é importante que o

polímero não se degrade rapidamente. A degradação refere-se a qualquer processo que promova

a quebra da estrutura molecular do polímero, interferindo assim em suas propriedades

(SORBIE, 1991). A degradação polimérica pode ser dividida em três tipos: química, mecânica

e biológica.

A degradação química está relacionada à quebra das moléculas de polímero, seja a curto

prazo em função do ataque de contaminantes, ou a longo prazo devido a processos de hidrólise

(SORBIE, 1991).

A degradação por contaminantes está associada ao ataque da molécula polimérica por

substâncias presentes no solvente aquoso, tais como ferro e oxigênio. A presença do oxigênio

conduz à uma degradação por oxidação das moléculas de HPAM. Contudo, em baixas

temperaturas, o efeito do oxigênio dissolvido na viscosidade da solução de HPAM não é

significativo. À medida que há um aumento da temperatura, mesmo com a presença de

pequenas frações de oxigênio, a viscosidade das soluções de HPAM decaem rapidamente com

o tempo (SHENG, 2011).

A degradação por oxidação é catalisada na presença de radicais, tal como o íon ferroso

(Fe2+). A oxidação do íon ferroso em íon férrico (Fe3+) produz um radical livre de oxigênio

(O2-), que por sua vez reage com a poliacrilamida parcialmente hidrolisada, gerando peróxidos

e quebrando as cadeias poliméricas. Após isso, o radical livre de oxigênio, produzido da reação

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entre O2- e a HPAM, reage com o íon férrico, gerando mais íon ferroso. Este, por sua vez, será

novamente oxidado dando reinício ao ciclo. A presença do íon férrico por si só (sem oxigênio),

quando em concentrações suficientemente altas, leva à formação de um gel insolúvel, que

também resulta em uma redução da viscosidade (SHENG, 2011).

A degradação por hidrólise é causada por uma instabilidade intrínseca às moléculas de

polímero, isto é, ela pode acontecer até mesmo na ausência de oxigênio ou outras espécies

contaminantes. Embora a hidrólise tenha efeito benéfico a curto prazo, uma vez que é notado

um aumento da viscosidade das soluções poliméricas, a longo prazo, o grau de hidrólise da

solução polimérica sofre um aumento tal que a partir de um determinado período nota-se uma

redução da viscosidade. Segundo Zeynali (2004), graus de hidrólise superiores a 40% provocam

a redução da viscosidade da solução polimérica. Além disso, a hidrólise pode ocasionar, quando

na presença de íons divalentes em solução, a formação de géis e precipitados (SHENG, 2011).

A degradação mecânica ocorre quando a solução polimérica é exposta a tensões de

cisalhamento altas o suficiente para que haja o rompimento da molécula do polímero. Segundo

Littman (1988), estas condições são encontradas durante a mistura de soluções poliméricas, o

transporte em bombas ou chokes, a injeção em operações de canhoneio ou em regiões no

reservatório próximas ao poço, onde a solução polimérica flui a grandes velocidades. Além

disso, Sheng (2011) afirma que os efeitos da degradação mecânica podem ser mais

pronunciados em rochas com permeabilidades mais baixas.

De um modo de geral, as poliacrilamidas são mais propensas à degradação mecânica do

que os biopolímeros (SORBIE, 1991). Zaitoun et al. (2012) demonstraram que a adição de

compostos químicos como ATBS e nVP, demonstrados na seção 2.2, à molécula de HPAM

proporcionam maior resistência mecânica ao polímero, sendo o grupo ATBS mais resistente do

que o nVP.

De acordo Sheng (2011), a degradação biológica refere-se à quebra das moléculas do

polímero por meio da ação bacteriana durante o armazenamento da solução polimérica ou no

reservatório propriamente dito. Ambos os tipos de polímeros, sintéticos e biopolímeros, estão

sujeitos à degradação biológica, sendo este tipo de degradação mais prejudicial aos

biopolímeros (SORBIE, 1991).

2.4 Processo de Gradação Viscosa utilizando Bancos Poliméricos

2.4.1 Descrição do método

O processo de gradação viscosa envolvendo bancos poliméricos é uma técnica de

injeção de polímeros que consiste na injeção de bancos de solução polimérica com

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41

concentrações gradativamente menores (CLARIDGE & STONERBERGER, 1988; SORBIE,

1991; GREEN & WILLHITE, 1998). Esta técnica, além de reduzir a quantidade de polímero

injetado, tem como objetivo evitar uma transição abrupta, no que concerne às viscosidades dos

fluidos, entre um banco polimérico altamente concentrado e a água de injeção subsequente,

evitando assim digitações viscosas mais intensas (CLARIDGE & STONERBERGER, 1988;

GREEN & WILLHITE, 1998). A Figura 2.11 apresenta um exemplo do processo de gradação

viscosa envolvendo bancos poliméricos em um sistema unidirecional

Figura 2.11: Processo de gradação viscosa com soluções poliméricas em um sistema de

unidirecional (Adaptado de GREEN & WILLHITE, 1998).

Um dos trabalhos pioneiros na injeção de bancos de gradação polimérica foi o

desenvolvido por Mungan et al. (1971). Neste trabalho, os autores avaliaram, em escala

experimental, o processo de gradação viscosa envolvendo soluções poliméricas na recuperação

de óleo, e compararam o desempenho desta técnica com a injeção de água e da injeção de um

banco polimérico seguido da injeção contínua de água. Como resultado, foram observados

fatores de recuperação mais expressivos e em períodos de tempo mais curtos durante o processo

de gradação viscosa, devido à maior estabilidade do escoamento entre os bancos poliméricos.

A Figura 2.12 ilustra os aspectos dos escoamentos durante a injeção de um banco polimérico

acompanhada da injeção de água e a injeção dos bancos de gradação polimérica,

respectivamente. Através da Figura 2.12 -A, é possível observar a instabilidade do escoamento,

tendo em vista a quantidade digitações viscosas formadas entre o banco polimérico e a água de

injeção. Distintivamente, na Figura 2.12-B , em função da injeção de bancos com concentrações

continuamente menores, não se observa a presença de instabilidades.

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Figura 2.12: Exemplo do movimento de bancos polimérico em um modelo Hele-Shaw (A)

Injeção de um Banco Polimérico seguido da Injeção de Água (B) Injeção de Bancos de

Gradação Polimérica (MUNGAN, 1971).

No que diz respeito à injeção de bancos de gradação polimérica, Mungan et al. (1971)

indicam que o primeiro banco deve possuir uma concentração acima daquela que foi

previamente planejada. Assim, o excedente de polímero injetado satisfará a adsorção da solução

polimérica à rocha e manterá um nível de concentração considerável na solução polimérica.

Uzoigwe et al. (1974) apontaram que as concentrações dos bancos poliméricos utilizado

por Mungan et al. (1971) para representar o processo de gradação viscosa são maiores do que

a necessária para que um projeto deste tipo seja economicamente viável no campo. Desta forma,

Uzoigwe et al. (1974) realizaram uma análise econômica da injeção dos bancos de gradação

polimérica através de simulações numéricas de reservatório. Analogamente ao trabalho de

Mungan et al. (1971), a avaliação do processo de gradação viscosa foi comparada à injeção de

um banco polimérico seguido da injeção de água e à injeção de água propriamente dita.

Contudo, Uzoigwe et al. (1974) analisaram três configurações diferentes do processo de

gradação viscosa envolvendo soluções poliméricas.

Por razões já explicitadas anteriormente, as diversas configurações do processo de

gradação viscosa apresentaram fatores de recuperação mais significativos em relação à injeção

de polímero acompanhada da injeção de água. Além disso, as variáveis econômicas analisadas

por Uzoigwe et al. (1974) também se mostraram mais favoráveis aos processos de gradação

viscosa. Destaca-se que em um dos casos analisados por Uzoigwe et al. (1974), um agente

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químico foi utilizado, misturado ao primeiro banco polimérico, para que este se adsorvesse à

rocha ao invés do polímero. Como resultado disso, os parâmetros econômicos avaliados e os

incrementos de recuperação obtidos foram mais consideráveis se comparados às outras

configurações do processo de gradação viscosa envolvendo soluções poliméricas.

Lutchaminsh et al. (1988) efetuaram uma análise quantitativa, por meio de simulações

numéricas, sobre o desempenho da injeção de bancos poliméricos em um padrão five-spot.

Semelhantemente a Uzoigwe et al. (1974), Lutchaminsh et al. (1988) concluíram que a injeção

de bancos de gradação polimérica, para as condições avaliadas e para uma dada quantidade de

polímero injetada, é o melhor modo para se injetar bancos poliméricos, uma vez que associado

a esta metodologia de injeção tem-se os maiores fatores de recuperação acompanhado das

menores razões água-óleo.

Claridge & Stoneberger (1988) avaliaram diversas configurações do processo de

gradação viscosa, com soluções poliméricas de goma xantana, em placas Hele-Shaw. Esses

autores constataram que as maiores razões entre os incrementos de recuperação e massa de

polímero injetada (ΔFR/MPI) estão atreladas à injeção de pequenos bancos poliméricos com

gradativa redução de suas respectivas concentrações.

Mais recentemente, Vishnudas & Chaudhuri (2017) concluíram que o processo de

gradação viscosa é uma boa opção para conduzir a injeção de polímeros, uma vez que eles

demonstraram que a injeção de um banco polimérico seguido da injeção de água pode ser

prejudicial à produção de óleo considerando tanto um banco polimérico pouco concentrado,

quanto um banco polimérico altamente concentrado. No primeiro caso, os autores afirmam que

devido à adsorção do polímero à superfície rochosa tem-se uma frente deslocamento mais

desfavorável entre o banco polimérico e o óleo, apesar de haver um escoamento mais estável

entre a água e a solução polimérica. No segundo caso, tem-se a mesma problemática, entretanto,

a instabilidade do escoamento está associada à água e o banco polimérico à frente dela.

Apesar das possíveis vantagens que o processo de gradação viscosa com soluções

poliméricas apresenta para recuperação de óleo, esta técnica de injeção de polímeros não é

unânime entre os autores. Cyr et al. (1988) argumentam que o processo de gradação viscosa

não tem um benefício prático na injeção de polímeros. Os mesmos autores afirmam que uma

vez reduzidas as concentrações poliméricas ou cessada a injeção de polímeros, o projeto deveria

ser imediatamente finalizado. Seright (2016) afirma que mais trabalhos são necessários para

provar a utilidade do processo e identificar qual é a modelagem mais apropriada para o mesmo.

No que tange às aplicações de campo, Seright (2016) indica alguns campos que tem

utilizado ou planejado a injeção de polímeros utilizando o processo de gradação viscosa, tais

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como: Shuang He (China), WainWright (Canada), Mungala (India), Dalia (Angola), Matzen

(Austria).

Prasad et al. (2014) desenvolveram um projeto piloto do Campo de Mungala utilizando

o processo de gradação viscosa com soluções poliméricas. Esta metodologia de injeção foi

utilizada pois, após a injeção do banco polimérico mais viscoso, buscava-se evitar um aumento

brusco no corte de água nos poços produtores e um consequente fechamento dos mesmos em

função das restrições associadas ao corte de água. Caso houvesse a injeção de água

imediatamente após o banco polimérico mais viscoso, o corte de água nos poços produtores

aumentaria de forma mais acentuada devido à instabilidade do deslocamento entre água e a

solução polimérica à frente dela.

Tielong et al. (1996) avaliaram, através de um projeto piloto, uma configuração do

processo de gradação viscosa no campo de ShuangHe. O esquema consistia na utilização de

três bancos poliméricos (1000,700 e 500 ppm). O primeiro banco foi utilizado a fim reduzir a

permeabilidade efetiva à água devido às diversas heterogeneidades presentes no reservatório.

O segundo e o terceiro bancos tinham como objetivo aumentar a viscosidade do fluido injetado

e prevenir digitações viscosas mais intensas durante a injeção de água, respectivamente. As

previsões realizadas por Tielong et al. (1996) indicam que ao final do projeto haveria um

incremento de recuperação (ΔFR) de até 9.8% utilizando o processo de gradação viscosa com

soluções poliméricas.

2.4.2 Definição do Tamanho dos Bancos Poliméricos

O tamanho dos bancos poliméricos é um fator crucial para que um projeto de injeção

polímeros seja bem-sucedido (Wang et al., 2008). Claridge (1978) desenvolveu um modelo

analítico com intuito de estabelecer o tamanho dos bancos poliméricos durante um processo de

gradação viscosa de modo a manter as digitações viscosas sob controle. A elaboração deste

modelo é uma resposta às formulações obtidas por Chuoke (1959) e Perrine (1961), as quais

definiam o tamanho dos bancos com intuito de minimizar as digitações viscosas. Embora as

digitações viscosas sejam praticamente eliminadas a partir das formulações de Chuoke (1959)

e Perrine (1961), o comprimento resultante dos bancos é exageradamente grande, sendo

inviável em situações de campo (CLARIDGE, 1978).

O desenvolvimento do modelo de Claridge (1978) dá-se em um ponto específico do

processo, denominado ponto de modelagem. Claridge (1978) partiu da simplificação de que

este ponto é atingido quando todos os fluidos móveis iniciais foram deslocados do reservatório,

do ponto de injeção até a frente de polímero. De acordo com o autor, caso o óleo móvel tenha

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sido deslocado por uma frente instável (M>1), as digitações entre o primeiro banco e o óleo já

atingiram o final do sistema. Assim, a razão de mobilidade (M0) entre o primeiro banco e o óleo

deve ser levada em conta no momento do cálculo do volume do primeiro banco.

Além disso, outra simplificação adotada por Claridge (1978) é de que, no ponto de

modelagem, as zonas de digitação ocorrem à jusante e à montante de cada banco intermediário

e não se contatam. A Figura 2.13 ilustra o aspecto do ponto de modelagem em um sistema linear

composto de 5 bancos.

A partir destas simplificações, o fator Kk, elaborado por Koval (1963), pode ser aplicado

para cada zona de digitação durante o processo de gradação viscosa. Koval (1963) propôs uma

maneira de representar deslocamentos miscíveis instáveis através das equações de fluxo

fracionário, desenvolvidas por Buckley-Leverett (1942). Com este intuito, o autor desenvolveu

uma relação empírica a fim de corrigir a razão viscosa na equação de fluxo fracionário. Esta

relação empírica, conhecida como fator Kk, é expressa na equação 2.9.

𝐾𝑘 = 𝐻 ∗ 𝐸 (Equação 2.9)

Figura 2.13:Exemplo do processo de gradação viscosa, com 5 bancos, no ponto de

modelagem (Claridge, 1978).

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onde H representa os efeitos das heterogeneidades do meio poroso e E a razão de viscosidade

efetiva, que leva em conta a viscosidade do fluido contido na zona de digitação, resultante da

mistura entre o fluido deslocado e o deslocante, e viscosidade do fluido deslocado. Desta forma,

por meio desta relação empírica são considerados fatores cruciais à estabilidade de um

deslocamento miscível, isto é, a razão viscosa entre os fluidos e o grau de heterogeneidade do

meio poroso.

Para determinar a razão de viscosidade efetiva (E), Koval (1963) utilizou uma equação

de mistura, na qual é possível relacionar as viscosidades dos fluidos deslocante e deslocado (V)

e a viscosidade do fluido resultante da mistura entre eles. As frações volumétricas dos fluidos

deslocado e deslocante na zona de mistura foram determinadas como sendo 78 e 22%,

respectivamente. A base para a suposição destes valores foi um ajuste bem-sucedido do modelo

desenvolvido por Koval com dados experimentais provindos de deslocamento miscíveis

instáveis. A equação 2.10 apresenta a formulação referente à razão de viscosidade efetiva (E)

obtida por Koval.

𝐸 = (0.78 + 0.22 ∗ (𝑉)14)

14 (Equação 2.10)

onde V é a razão viscosa entre o fluido deslocado e o deslocante. Em um processo de gradação

viscosa, isso resulta em diferentes fatores Kk para cada zona de digitação.

O resultado do equacionamento desenvolvido por Koval (1963) demonstra que, na irrupção,

a fração de volume poroso injetado (PVinj) é 1/Kk1. Caso o deslocamento apresente uma razão

de mobilidade desfavorável, 1/Kk1 corresponderá ao PVinj necessário para deslocar a digitação

viscosa mais longínqua. Assim sendo, no ponto de modelagem, constata-se que esta fração de

volume poroso equivale a X1/L. Além disso, o equacionamento de Koval (1963) também prediz

que o PVinj necessário para deslocar completamente a zona de digitação viscosa é equivalente

a Kk1. No ponto de modelagem, Kk1 pode ser definido como sendo X1/X2 A partir das relações

descritas, tem-se as equações 2.11 e 2.12.

1

𝐾𝑘1=

𝑋1

𝐿 (Equação 2.11)

𝐾𝑘1 =𝑋1

𝑋2 (Equação 2.12)

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onde L, X1 e X2 correspondem ao ponto final do sistema, ponto médio da digitação viscosa

entre o banco 1 e 2, e ao ponto médio do banco 2, respectivamente. Kk1 é o fator de Koval

(1963) para a zona de digitação entre os bancos 1 e 2.

As relações aplicadas para a zona de digitação entre o primeiro e o segundo banco

também podem ser utilizadas para a zona de digitação entre o segundo e o terceiro banco,

conforme apresenta as equações 2.13 e 2.14.

1

𝐾𝑘2=

𝑋3

𝑋2 (Equação 2.13)

𝐾𝑘2 =𝑋4

𝑋3 (Equação 2.14)

onde X3, X4 e KK2 representam o ponto médio da digitação viscosa entre o banco 2 e 3, o ponto

médio do banco 3 e o fator de Koval para a zona de digitação entre os bancos 2 e 3,

respectivamente. Por meio da Figura 2.13, constata-se que o volume do banco 2 (VB2) pode

ser aproximado pela equação 2.15:

𝑉𝐵2 =𝑋1 − 𝑋3

𝐿 (Equação 2.15)

Assim, manipulando as equações 2.11, 2.12, 2.13 e 2.15, tem-se o equacionamento da

fração de volume poroso referente ao volume do banco 2 em função somente dos fatores do Kk

(Equação 2.16). Esta modelagem pode ser aplicada aos outros bancos do processo de gradação

viscosa, resultando assim em um equacionamento geral, expresso pela equação 2.17.

𝑃𝑉𝑖𝑛𝑗−2 = [(1

𝐾𝑘1− (

1

𝐾𝑘12 ∗ 𝐾𝑘2

)] (Equação 2.16)

𝑃𝑉𝑖𝑛𝑗−𝑚 =(𝐾𝑘𝑚 ∗ (𝐾𝑘𝑚 ∗ 𝐾𝑘𝑚−1 − 1)

(𝐾𝑘1 ∗ 𝐾𝑘2 ∗ 𝐾𝑘3 ∗ 𝐾𝑘4 … 𝐾𝑘𝑚)2 (Equação 2.17)

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Ressalta-se que Claridge (1978) considerou o parâmetro H como sendo igual a 1, ou

seja, o meio poroso no ponto de modelagem é homogêneo. Desta forma, o fator Kk é somente

função da razão de viscosidade efetiva E.

Devido às particularidades de cada sistema, o fato Kk pode apresentar uma abordagem

diferente àquela dada por Koval (1963), principalmente no que se refere à razão de viscosidade

efetiva (E). O equacionamento utilizado para E desenvolvido por Koval (1963) pode resultar

em valores incorretos quando aplicada à injeção de bancos de gradação polimérica. A relação

viscosidade/composição entre as soluções poliméricas difere da utilizada por Koval, na qual o

autor baseou-se em deslocamentos miscíveis sob condições de mistura decorrente da difusão

molecular. De acordo com Ligthelm (1988), a mistura das soluções polimérica in situ é regida

por dispersão convectiva ao invés da difusão molecular.

Diante disso, Ligthelm (1988) levantou experimentalmente valores do fator Kk a partir

da injeção de bancos poliméricos e solução salina, e os comparou com as diferentes modelagens

para o mesmo fator. Além da modelagem dada por Koval (1963), os resultados experimentais

do fator Kk também foram comparados às modelagens de Todd & Longstaff (1972) e Claridge

& Lightelm (1988). A Tabela 2.2 apresenta as formulações do fator Kk obtidas por cada um

destes autores.

Tabela 2.2: Modelagens do fator Kk

Autores Abordagem do Fator Kk -

Formulação

Koval (1963) 𝐾𝑘 = (0.78 + 0.22 ∗ 𝑉

14)

14

Todd & Longstaff (1972) 𝐾𝑘 = 𝑉

23

Claridge & Ligthelm (1988) 𝐾𝑘 = (0.5 + 0.5 ∗ 𝑉14)

14

Como resultado desta comparação, Ligthelm chegou a uma nova formulação para Kk

(Equação 2.18). Esta formulação foi a que melhor se adaptou aos dados experimentais

levantados, conforme apresenta a Figura 2.14.

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𝐾𝑘 = √𝑉 (Equação 2.18)

Figura 2.14: Avaliação do fator Kk como função de V (Adaptado de LIGTHELM, 1988).

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50

3. METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados os materiais, equipamentos e métodos utilizados para a

realização dos testes de deslocamento.

3.1 Protocolo de Testes

Inicialmente, apresenta-se a sequência de tarefas associadas à preparação e à

caracterização das amostras, bem como à realização dos testes de deslocamento.

A Figura 3.1 mostra um diagrama esquemático, em ordem cronológica, dos

procedimentos experimentais adotados para a realização dos experimentos.

Figura 3.1: Etapas do experimento

3.1.1 Seleção e caracterização das amostras de rocha

As amostras de rochas utilizadas para os testes de deslocamento foram arenitos

provenientes de afloramentos da formação Botucatu, localizado na cidade de Ribeirão Claro

(Paraná). Optou-se pela utilização de arenitos pois a maioria dos reservatórios de óleo pesado,

sob a injeção de polímeros, são constituídos de rochas sedimentares areníticas, conforme

apresentado na seção 2.1. As amostras de arenito selecionadas possuíam formato cilíndrico com

diâmetro e comprimento médio de 3.72 e 26.8cm, respectivamente.

Seleção das Amostras

• Definição do tipo de rocha reservatório

• Levantamento da porosidade das amostras selecionadas

• Levantamento da permeabilidade das amostras selecionadas

Seleção dos Fluidos

• Definição da viscosidade do óleo

• Definição da salinidade e composição da solução salina

• Definição do polímero

• Caracterização reológica da solução salina, das soluções poliméricas e do óleo

Testes de Deslocamento

• 1° Embebição

• 1° Drenagem

• 2° Embebição

• 2° Drenagem

• Injeção de Polímeros

• 3° Embebição

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Os arenitos da formação Botucatu possuem grãos bem selecionados e

predominantemente arredondados, bem como apresentam porosidade intergranular com a

eventual presença de uma película argilosa em torno dos grãos do arcabouço (GOMES, 1997).

Além disso, GOMES (1997) concluiu que, após o cálculo do índice de heterogeneidades de

suas amostras, os arenitos da formação Botucatu possuem um alto grau de homogeneidade.

Apesar disso, o autor destaca que em decorrência da complexa forma que estes reservatórios

são depositados e as complexas transformações diagenéticas por que passam, não existe

reservatório totalmente homogêneo.

Os arenitos selecionados para este projeto foram retirados do mesmo bloco a fim de

minimizar os desvios entre os testes realizados. A Figura 3.2 apresenta as amostras retiradas do

bloco e as selecionadas para os testes deslocamento após a caracterização petrofísica (marcadas

em vermelho).

Figura 3.2: Amostras retiradas do bloco de rocha e selecionadas para os testes de

deslocamento

A escolha destas amostras baseou-se nos critérios de seleção para injeção de polímeros em

reservatórios de óleo pesado desenvolvido por Saboorian-Jooybari et al. (2016), conforme

apresentado na seção 2.1. Com base nas faixas de valores recomendadas para a aplicação de

polímeros, as amostras de rocha foram selecionadas em função de sua natureza sedimentar

(arenito ou carbonato) e de suas propriedades petrofísicas básicas (porosidade e

permeabilidade). A porosidade foi determinada em um porosímetro a gás e a permeabilidade

absoluta ao gás nitrogênio foi medida em um permeabilímetro. Além disso, características

básicas das amostras, tais como suas dimensões e massas, também foram levantadas.

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As amostras foram cortadas a partir de um bloco de rocha e prosseguiu-se com os seguintes

procedimentos: (1) Secagem das amostras em uma estufa a 100°C por 24 horas; (2)

Levantamento das principais dimensões da amostra (comprimento e diâmetro) e de suas

respectivas massas; (3) Medição dos volumes mortos do porta-testemunho (coreholder); (4)

Posicionamento da amostra em um porta-testemunho a uma pressão de confinamento de 1000

psi; (5) Medição do volume de vazios em um porosímetro a gás para o cálculo da porosidade;

(6) Levantamento dos parâmetros necessários para determinação da permeabilidade;

O volume poroso da amostra foi medido em um porosímetro a gás cujo o funcionamento

baseia-se na lei de Boyle-Mariotte. Em termos práticos, o porosímetro opera do seguinte modo:

(1) Preenchimento de uma das câmaras do porosímetro com um volume de gás necessário para

que se atinja uma pressão equivalente a 100 psi; (2) Expansão do gás contido na câmara em

direção amostra; (3) Leitura do volume de vazios total por meio de um medidor analógico

contido no porosímetro. Destaca-se que o valor fornecido pelo equipamento indica o espaço

vazio total, incluindo tubulações e difusores do porta-testemunho, não o volume poroso da

amostra. Diante disso, a fim de se obter o volume de vazios somente da amostra, deve-se

descontar os volumes mortos preenchidos pelo gás. A Figura 3.3 apresenta as principais

características do porosímetro utilizado.

Figura 3.3: Porosímetro a gás

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Ao que tange as medições de permeabilidade, estas foram feitas em um permeabilímetro

a gás (Figura 3.4). Para determinar a permeabilidade absoluta da amostra, o equipamento

referido fornece três parâmetros: a) C (altura da coluna de mercúrio); b) hw (altura da coluna da

água) e c) Qg (vazão de escoamento). Esses parâmetros são necessários para calcular a

permeabilidade da amostra através da Equação 3.1. Tal equacionamento é uma adaptação da lei

de Darcy fornecida pelo fabricante do permeabilímetro a gás. O valor obtido pela Equação 3.1

deve ser corrigido, a fim de suprimir o efeito de escorregamento do gás, conhecido como efeito

Klinkenberg. A correlação referente a esta correção, apresentada na Equação 3.2, também foi

proposta pelo fabricante do equipamento.

𝐾𝑔 =𝐶 ∗ 𝑄𝑔 ∗ ℎ𝑤 ∗ 𝐿

200 ∗ 𝐴

Equação 3.1

onde L e A são, respectivamente, comprimento e área da seção transversal da amostra.

𝐾 = 0.68 ∗ (𝐾𝑔)1.06

Equação 3.2

Após o levantamento da porosidade e permeabilidade das amostras retiradas do bloco,

selecionou-se aquelas com maior similaridade petrofísica entre si e que estivessem dentro dos

critérios de seleção para a injeção de polímeros. As amostras selecionadas foram submetidas a

um processo de limpeza através da injeção de tolueno e metanol em um porta-testemunho a

pressão constante (1000 psi), conforme indicado pela API RP 40 (API, 1998). A injeção destas

substâncias tem como finalidade dissolver todas as impurezas orgânicas e inorgânicas presentes

no meio poroso. De modo a assegurar que as amostras fossem totalmente limpas, foram

injetados cerca de 500 ml de cada uma das substâncias citadas.

Após o processo de limpeza, foram levantadas, novamente, as dimensões básicas,

massas, porosidades e permeabilidades das amostras. As porosidades e permeabilidades de cada

uma das amostras foram determinadas mais de uma vez, porém, em condições de pressão de

confinamento diferentes. As propriedades petrofísicas referidas foram medidas no porta-

testemunho utilizado para a limpeza, submetido a uma pressão de confinamento de 1000 psi, e

no próprio porta-testemunho dos testes de deslocamento, o qual se encontrava a uma pressão

de confinamento equivalente a 3000 psi. As medições feitas na última condição citada foram

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realizadas em função da possível alteração que o volume da rocha poderia sofrer devido à

compressibilidade do meio poroso.

3.1.2 Seleção e Caracterização de Fluidos

A primeira etapa na seleção dos fluidos consistiu na definição da viscosidade do óleo. A

fim representar um óleo pesado, foi escolhido um óleo com viscosidade de aproximadamente

240 cP na temperatura do teste (40°C). Este valor de viscosidade foi estipulado pois é

representativo do campo de Mooney (Canadá) e está dentro do intervalo da mobilidade do óleo

(K/µo) definido por Saboorian-Jooybari et al. (2016) como critério de seleção inicial para

injeção de polímeros em reservatórios de óleo pesado.

O óleo utilizado para o desenvolvimento dos testes denomina-se Lubrax Gear MO 3200.

Este é um óleo lubrificante de composição de asfáltica cuja a viscosidade é de 15000 cP a 23°C.

Diante da alta viscosidade apresentada pelo óleo, a fim alcançar a viscosidade de interesse (240

cP) na temperatura do teste, este óleo foi diluído com querosene.

A salinidade da solução salina utilizada nos experimentos também se baseou na salinidade

da água injetada no Campo de Mooney (Canadá). Assim sendo, definiu-se que a solução salina

seria composta por 20.300 ppm de Iodeto de Sódio (NaI). Apesar das salinidades da água de

injeção e formação diferirem para o campo referido, neste trabalho foi utilizada a mesma

solução salina (20. 300 ppm de NaI) para representá-las. Além disso, esta mesma solução salina

foi utilizada no preparo das soluções poliméricas.

Figura 3.4: Permeabilímetro a gás

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A etapa posterior à definição da viscosidade do óleo, salinidade e composição da solução

salina consistiu na seleção do polímero a ser utilizado nos testes de deslocamento. Em função

da disponibilidade, optou-se pela utilização de uma Floopam 5115 SH em forma de pó,

fornecida SNF Floerger. Trata-se de um terpolímero, composto de poliacrilamida,

poliacrilamida hidrolisada e grupos ATBS (2-acrilamida ter-butil sulfonado). De acordo com o

fornecedor, este polímero apresenta pouca sensibilidade à salinidade e à temperatura, possui

um peso molecular médio de aproximadamente 15 milhões g/mol e uma anionicidade de 15%,

sendo recomendado para reservatórios com temperaturas de até 95°C.

As soluções poliméricas foram preparadas com base na API-RP-63 (1990), na qual se

indica a preparação prévia de uma solução estoque de alta concentração (5000 ppm), seguida

de diluições conforme a concentração desejada. O preparo dessa solução iniciou-se com a

pesagem do polímero em pó, correspondente à concentração de 5000 ppm, em uma balança

analítica de alta precisão. Após isso, o polímero em pó pesado foi dissolvido uniformemente

em um béquer contendo solução salina sob agitação magnética vigorosa, até que houvesse a

adição de todo o material. Com o polímero em pó totalmente adicionado na solução salina, o

agitador magnético foi ajustado para operar em baixa rotação de modo a evitar a degradação

mecânica do polímero. Ao final de 3 horas de agitação sob temperatura ambiente, a solução

estoque foi inspecionada e não apresentou conteúdo dissolvido (fish eyes). Assim sendo, a

solução polimérica foi deixada em repouso durante 24 horas para uma homogeneização

completa.

Dezenove soluções poliméricas foram preparadas, misturando-se quantidades diferentes

de solução estoque com solução salina. As diferentes quantidades de solução estoque e solução

salina foram também determinadas em uma balança analítica e, posteriormente, foram agitadas

em um agitador magnético por aproximadamente 10 minutos. Após isso, as soluções

poliméricas diluídas foram mantidas em repouso, em local escuro e seco, até suas respectivas

caracterizações reológicas.

Ressalta-se que as soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento

foram desareadas. Este procedimento foi realizado pois, além de evitar a separação das fases

durante os testes de deslocamento, previne que as soluções poliméricas sofram degradação

química nas garrafas de inox ao longo dos testes (vide seção 2.3).

A caracterização reológica dos fluidos foi feita no reômetro HAAKE MARS III (Figura

3.5) com taxas de cisalhamento variando entre 0.1 a 1000 s-1 na temperatura determinada para

os testes de deslocamento (40°C). Para determinar as viscosidades e avaliar o comportamento

dos fluidos de injeção, foram levantadas curvas de fluxo (Viscosidade/Viscosidade Aparente X

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Taxa de Cisalhamento; Tensão de Cisalhamento X Taxa de Cisalhamento) utilizando dois

sensores de medida com geometria diferentes.

A geometria Z41 foi utilizada para o levantamento das curvas de fluxo da solução salina,

mistura óleo – querosene, querosene e soluções poliméricas. Segundo o fabricante, devido ao

formato cilíndrico do sensor, a influência de superfície frontal deste sensor é pequena,

atribuindo a este um alto grau de sensibilidade para fluidos de baixa e média viscosidade. Além

disso, o sensor apresenta um diâmetro interno de 20.710 mm e uma capacidade volumétrica

equivalente a 14 cm³. As medições por meio deste sensor podem ser realizadas para fluidos de

natureza Newtoniana e não-Newtoniana.

As medições do óleo GEAR MO 3200 foram realizadas com a geometria cone-placa

com inclinação de 1° (C60/1). De acordo com o fabricante, esta geometria possui uma

capacidade volumétrica bastante reduzida (1ml) quando comparado a outras geometrias (Z41,

por exemplo), sendo indicada para fluidos altamente viscosos.

Destaca-se que as medidas de viscosidade feitas pelo reômetro para os diferentes fluidos

de injeção foram corrigidas a partir do levantamento do erro sistemático do equipamento. Os

procedimentos referentes à determinação do erro sistemático do reômetro e à correção das

medidas de viscosidade são demonstrados no apêndice A.

3.1.3 Testes de Deslocamento

O protocolo de testes foi aplicado em três amostras e a etapa de injeção de polímero foi

realizada conforme o diagrama esquemático da Figura 3.6.

Figura 3.5: Reômetro HAAKE MARS III

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Figura 3.6: Diagrama ilustrativo da sequência dos testes deslocamento

Seguindo esta ordem, pode-se determinar, com base no teste de injeção contínua (teste 1),

quais concentrações e, portanto, quais viscosidades deveriam possuir os bancos de solução

polimérica durante o processo de gradação viscosa. Desta forma, convencionou-se que o

primeiro banco de solução polimérica durante o teste 2 teria uma viscosidade igual à solução

polimérica utilizada durante o teste 1 (injeção contínua). A viscosidade do segundo banco, em

função do processo de gradação viscosa, é restrita a valores no intervalo delimitado pela

viscosidade do banco polimérico I e da água de injeção na temperatura do teste (40°C). Assim,

como critério, adotou-se que a viscosidade do banco polimérico II deveria ser a média deste

intervalo. Seguindo a mesma metodologia utilizada para o teste 2, no teste 3, as concentrações

das soluções poliméricas para o banco I e II foram as mesmas utilizadas no teste 2, enquanto

que viscosidade do terceiro banco foi determinada como sendo a média do intervalo delimitado

pela viscosidade do banco polimérico 2 e a água de injeção a 40°C.

Assim como o óleo, a viscosidade escolhida para a solução polimérica no teste de injeção

contínua baseou-se nos critérios de seleção de Saboorian Jooybari et al. (2016). Conforme já

mencionado na seção 2.1, a razão viscosa entre o óleo e a solução polimérica, indicada pelos

autores, deve estar entre 1 e 279, sendo que a maioria campos analisados apresentam uma razão

viscosa entre 1 e 10. Assim sendo e dada a viscosidade estipulada para o óleo, definiu-se que a

viscosidade da solução polimérica selecionada para o teste 1 seria de 24 cP em 7.848 s-1 a 40°C.

Este valor de taxa de cisalhamento foi adotado, pois, de acordo com Melo (2008), é comparável

ao cisalhamento no reservatório.

Teste 1 -Injeção

Contínua de Polímeros

• Injeção contínua desolução polimérica

Teste 2 - Injeção de Bancos de

Gradação Polimérica -

Configuração I

• Injeção de dois bancos desolução polimérica seguido dainjeção de água

Teste 3 - Injeção de Bancos de

Gradação Polimérica -

Configuração II

• Injeção de trêsbancos de soluçãopoliméricaseguido da injeçãode água

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A definição da viscosidade referente à solução polimérica utilizada no teste de injeção

contínua juntamente com a viscosidade da água de injeção (solução salina) são as premissas

necessárias para a definir as viscosidades/concentrações dos bancos poliméricos nos testes 2 e

3, conforme exposto anteriormente. A Tabela 3.1 apresenta as viscosidades a serem adotadas

para soluções poliméricas em cada um dos testes bem como a viscosidade definida para o óleo.

Tabela 3.1: Características das soluções poliméricas e óleo utilizados nos testes de

deslocamento

µB-II – viscosidade banco polimérico II; µB-III – viscosidade banco polimérico III; µw –

viscosidade da solução salina/água; 𝜇 ̅- viscosidade média do intervalo.

De acordo com a norma API-RP-63 (1990), os testes de deslocamento foram divididos

em seis etapas: 1° Drenagem, 2° Embebição, 2° Drenagem, Injeção de Polímeros e 3°

Embebição. A distinção entre os três testes de deslocamento dá-se justamente na etapa da

injeção de polímeros, onde no teste 1, a solução polimérica é injetada continuamente e nos

testes 2 e 3 é avaliado o processo de gradação viscosa utilizando soluções poliméricas sob

diferentes configurações.

A Figura 3.7 apresenta a ordem cronológica seguida durante os testes de deslocamento.

Nesta figura, observa-se as etapas envolvidas nos testes bem como as variáveis a serem medidas

e obtidas em cada uma das etapas.

Salienta-se que os testes de deslocamento foram conduzidos a uma vazão de

deslocamento constante, sendo esta igual a 0.4 cm³/min. A determinação da vazão do

escoamento foi realizada através dos critérios de DOS SANTOS et al. (1997). O anexo A

apresenta os critérios desenvolvidos por DOS SANTOS et al. (1997) bem como a maneira como

foi selecionada a vazão utilizada nos testes de deslocamento.

Testes Bancos Concentração

de Polímero

Viscosidade Polímero –

7.848 s-1

Viscosidade

Óleo Temperatura

Teste 1 - C1 24 cP 240 cP 40°C

Teste 2 Banco I C1 24 cP

240 cP

40°C Banco II C2 𝜇𝐵−𝐼 = 𝜇 ̅(𝜇𝑤, 24) 𝑐𝑃

Teste 3

Banco I C1 24 cP

240 cP

40°C Banco II C2 𝜇𝐵−𝐼𝐼

Banco III C3 𝜇𝐵−𝐼𝐼 = �̅� (𝜇𝑤, 𝜇𝐵2) 𝑐𝑃

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Além da vazão constante, vale destacar algumas outras características dos experimentos:

1) Deslocamento unidimensional; 2) Pressão de Fluxo equivalente à Pressão Atmosférica; 3)

Fluídos Incompressíveis; 4) Compressibilidade da amostra desprezível.

Figura 3.7: Etapas e procedimentos dos Testes de deslocamento

3.1.3.1 Primeira Embebição (Saturação da Amostra e Escoamento Monofásico)

O início desta etapa ocorre com a amostra confinada, a uma pressão de 3000 psi, no

porta-testemunho, sendo submetida a um vácuo de 0.05 mBar. Após isso, conforme ilustra a

Figura 3.8, solução salina, contida em uma garrafa de acrílico, é admitida na amostra até saturá-

la totalmente. Por fim, injeta-se solução salina na amostra sob diferentes vazões para

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determinação da permeabilidade absoluta da rocha por meio da lei de Darcy. Os principais

procedimentos experimentais adotados ao longo da primeira embebição são:

(1) Preenchimento da garrafa de acrílico com solução salina; (2) Com a amostra já

posicionada no porta-testemunho, submissão do sistema a um vácuo de 0.05 mBar durante 3

horas; (3) Abertura da válvula de solução salina até a completa saturação da amostra; (4)

Fechamento da válvula de alimentação após a amostra estar 100% saturada; (5) Desligamento

da bomba de vácuo; (6) O sistema é deixado em repouso durante 12 horas para completa

distribuição da solução salina no meio poroso; (7) Injeção de solução salina sob pressão

constante e em diferentes níveis, com contínuo monitoramento da vazão, através do registro do

volume (em provetas) e do tempo (em um cronômetro), para determinar a permeabilidade

absoluta da amostra utilizando a lei de Darcy.

Destaca-se que antes da injeção de solução salina sob diferentes vazões, foram

levantadas curvas de calibração para cada um dos transdutores de pressão utilizados, a fim de

que o sistema de aquisição de dados interpretasse corretamente os dados de pressão obtidos.

Esta calibração é usada para todas as etapas dos testes de deslocamento.

3.1.3.2 Primeira Drenagem

Neste processo, óleo é injetado continuamente na amostra com intuito de deslocar a

solução salina em direção ao sistema de produção. A continuidade deste processo é mantida até

Figura 3.8: Procedimento de vácuo e saturação da amostra durante a primeira

embebição

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que a produção de água seja nula, isto é, até que a saturação de água na amostra atinja a sua

condição de irredutibilidade (Swi-1D). Na saturação de água irredutível ou conata, é determinada

a permeabilidade efetiva ao óleo (kOef-1D). A condição apresentada pela amostra ao final desta

etapa é semelhante à condição inicial de um reservatório.

Os principais procedimentos experimentais adotados nesta etapa foram: (1) Seleção e

posicionamento das provetas na bancada experimental; (2) Ajuste da vazão estabelecida para

os testes na bomba de injeção; (3) Inicialização do sistema de aquisição de dados para o

monitoramento automático da pressão; (4) Abertura da válvula para a injeção de óleo; (5)

Registro manual do volume produzido total, do volume de contato e pressão dos transdutores;

(6) Fechamento da válvula de alimentação de óleo quando a produção de água for nula

(Saturação de água Irredutível – Swi); (7) Determinação da permeabilidade efetiva ao óleo na

saturação de água irredutível (kOef-1D).

3.1.3.3 Segunda Embebição

Esta etapa caracteriza-se pela injeção de solução salina na amostra a fim de representar

a recuperação convencional através da injeção de água. Desta forma, solução salina é injetada

continuamente na amostra até que a produção de óleo seja nula, atingindo-se a saturação de

óleo residual na amostra (Sor-2E). Ao longo desta etapa é possível obter uma série de variáveis,

tais como: permeabilidade efetiva à água (KWef-2E) na saturação de óleo residual, fator de

recuperação de óleo, volume de óleo acumulado produzido, razão água óleo acumulada e as

curvas de permeabilidade relativa ao óleo e à água. A determinação das curvas de

permeabilidade relativa foi feita através do método de Johnson, Bossler e Neumaun (JBN), que

é explícito no anexo B. O desenvolvimento desta etapa foi feito realizando os seguintes

procedimentos experimentais:

(1) Seleção e posicionamento das provetas a serem utilizadas na bancada experimental; (2)

Abertura da válvula do sistema de injeção solução salina simultaneamente ao fechamento da

válvula de injeção de óleo na vazão especificada; (3) Aquisição automática dos dados de

pressão ao longo do testemunho; (4) Registro manual dos dados de pressão, volume total, e o

volume de contato água-óleo; (5) Fechamento da válvula de solução salina quando atingida a

saturação de óleo residual (Sor-2E); (6) Determinação da permeabilidade efetiva à água na

saturação de óleo residual (kWef-2E).

3.1.3.4 Segunda Drenagem

Semelhantemente à primeira drenagem, nesta etapa, óleo é novamente injetado

continuamente na amostra até que a produção de água seja nula e, portanto, que a saturação de

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água na amostra seja irredutível (Swi-2D). O principal objetivo desta etapa é reestabelecer as

características da amostra ao final da primeira drenagem. Assim, tem-se novamente uma

situação que representa a condição inicial de um reservatório. Ressalta-se que as condições

deixadas pela segunda drenagem não são necessariamente iguais as da primeira drenagem,

implicando, em alguns casos, em saturações de água irredutível distintas (Swi-1D ≠ Swi – 2D).

Similarmente à primeira drenagem, foram seguidos os seguintes passos para o desenvolvimento

desta etapa:

(1) Seleção e posicionamento das provetas a serem utilizadas na bancada experimental;

(2) Abertura da válvula de alimentação do óleo simultaneamente ao fechamento da válvula de

injeção de solução salina na vazão especificada; (3) Aquisição automática dos dados de pressão

ao longo do testemunho; (4) Registro manual dos dados de pressão, volume total e o volume de

contato água-óleo; (5) Fechamento da válvula de óleo quando atingida a saturação de água

conata (Swi-2D); (6) Determinação da permeabilidade efetiva ao óleo na saturação de água conata

(kWef – 2E).

3.1.3.5 Injeção Contínua de Polímeros e de Bancos de Gradação Polimérica

Nesta etapa, solução polimérica é injetada na amostra a fim de avaliar a eficiência deste

método de recuperação no início da vida produtiva do reservatório. No teste 1, a solução

polimérica é injetada continuamente na amostra até que se produza todo o seu óleo móvel,

conduzindo-a à saturação de óleo residual (Sor – Pol). No teste 2, conforme ilustra a Figura 3.9-

A, um banco de solução polimérica com volume definido é injetado na amostra seguido por

outro banco de solução polimérica de concentração menor. Após isso, solução salina é injetada

continuamente na amostra até que se atinja a saturação de óleo residual. No teste 3, tem-se um

processo similar ao teste 2, diferindo-se na configuração do processo de gradação viscosa, onde

há a injeção de mais um banco de solução polimérica, tendo este uma concentração menor em

relação ao segundo banco do teste 2, conforme apresenta a Figura 3.9- B. De modo a comparar

os testes 2 e 3 e portanto, as diferentes configurações do processo de gradação viscosa com

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bancos poliméricos, determinou-se que a massa de polímero injetada em ambos os testes seria

a mesma.

Similarmente à segunda embebição, nesta etapa é possível calcular uma série de

variáveis, tais como: fator de recuperação de óleo, razão água óleo acumulada, volume de óleo

acumulado produzido, permeabilidade efetiva à água na saturação de óleo residual (kwef –

pol/wat), entre outros. Vale salientar que as saturações de óleo residual ao final da segunda

embebição e da injeção de polímeros (tanto na injeção contínua quanto com o processo de

gradação viscosa) podem não ser necessariamente iguais (Sor–2E ≠ Sor-Pol). Os principais

procedimentos experimentais adotados ao longo desta etapa foram os seguintes:

(1) Seleção e posicionamento das provetas na bancada experimental; (2) Abertura da

linha de solução polimérica de concentração C1 simultaneamente ao fechamento da válvula da

linha de óleo; A sequência de procedimentos experimentais adotados deste ponto em diante

difere de um teste para o outro, sendo executada as seguintes sequências para cada um dos

testes:

Teste 1: (3) Aquisição automática dos dados de pressão ao longo do testemunho; (4)

Registro manual dos dados de pressão, volume total e o volume de contato entre os fluidos; (5)

Fechamento da válvula de solução polimérica de concentração C1 quando atingida a saturação

de óleo residual (Sor-Pol); (6) Determinação da permeabilidade efetiva à água na saturação de

óleo residual (KWef-pol).

Teste 2: (3) Injeção do volume definido para o banco I na amostra; (4) Abertura da linha

de solução polimérica de concentração C2 simultaneamente ao fechamento da linha da solução

Figura 3.9: Disposição dos bancos de solução polimérica e da solução salina, em um

deslocamento unidimensional, durante o processo de gradação viscosa. (A) Teste 2 (C1>C2); (B)

Teste 3 (C1>C2>C3)

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polimérica de concentração C1; (5) Injeção do volume definido para o banco II na amostra; (6)

Abertura da linha de solução salina simultaneamente ao fechamento da linha de solução

polimérica de concentração C2; (7) Aquisição automática dos dados de pressão; (8) Registro

manual dos dados de pressão, volume total e o volume de contato entre os fluidos; (9)

Fechamento da válvula de solução salina quando atingida a saturação de óleo residual; (10)

Determinação da permeabilidade efetiva à água na saturação de óleo residual e fator de

resistência residual; (11) Desligamento da bomba e interrupção da injeção de solução salina;

(12) Retirada da última proveta utilizada durante esta etapa; (13) Fechamento do arquivo de

aquisição automática;

Teste 3: (3) Injeção do volume definido para o banco I na amostra; (4) Abertura da linha

de solução polimérica de concentração C2 juntamente com o fechamento da linha referente à

solução polimérica de concentração C1; (5) Injeção do volume definido para o banco II na

amostra; (6) Abertura da linha de solução polimérica de concentração C3 simultaneamente ao

fechamento da linha de solução polimérica de concentração C2; (7) Injeção do volume definido

para o banco III na amostra; (8) Abertura da linha de solução salina juntamente com o

fechamento da linha da solução polimérica de concentração C3. A partir deste ponto, a

sequência de procedimentos experimentais adotados é igual ao teste 2 no ponto (7).

3.1.3.6 Terceira Embebição

A última etapa do teste de deslocamento caracteriza-se pela injeção de água na amostra

com objetivo de verificar a redução da permeabilidade efetiva à água em função da passagem

do polímero no meio poroso. Esta verificação é possível comparando os dados de pressão

referentes à injeção de água antes e depois do escoamento do polímero no meio poroso, ou seja,

durante a segunda e terceira embebição, respectivamente. Desta forma, pode-se estimar o fator

pelo qual a permeabilidade efetiva à água foi reduzida, denominado fator de resistência residual.

Nos testes 2 e 3, o fator de resistência residual foi determinado a partir dos dados de pressão da

segunda embebição e dos obtidos ao final da injeção de solução salina durante o processo de

gradação viscosa. Sendo assim, os procedimentos experimentais apresentados a seguir só foram

adotados para o teste 1:

(1) Seleção e posicionamento das provetas na bancada experimental; (2) Abertura da

válvula do sistema de injeção de água; (3) Aquisição automática dos dados de pressão; (4)

Estabilização da pressão durante o escoamento da água na amostra; (5) Desligamento da bomba

e interrupção da injeção de água; (6) Determinação do fator de resistência residual; (7) Retirada

das provetas utilizadas durante esta etapa; (8) Fechamento do arquivo de aquisição automática;

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3.2 Definição do Tamanho dos Bancos de Solução Polimérica

A definição do tamanho dos bancos durante o processo de gradação viscosa baseou-se

no modelo de Claridge (1978), exposto na seção 2.8.2. Dado que este modelo exige a utilização

do fator K para determinar o tamanho dos bancos (vide equação 2.17), neste trabalho, utilizou-

se a abordagem de Ligthelm (1989) para o mesmo fator. A formulação do fator K desenvolvida

por Ligthelm (1989) foi empregada, uma vez que ela foi obtida a partir de experimentos que

possuíam grande similaridade física com o que é abordado neste projeto, conforme mostrado

na seção 2.8.2.

O volume referente ao primeiro banco polimérico do processo de gradação viscosa, de

acordo com a equação 2.17, leva em conta o fator Kk0, isto é, a razão viscosa efetiva (E) entre

o primeiro banco polimérico e o óleo. Em função da imiscibilidade destes fluidos, o fator Kk0 é

igual a razão viscosa (V) entre eles. Assim, dado os valores definidos para a viscosidade do

óleo (240 cP) e do banco polimérico de concentração C1 (24 cP), o volume calculado para o

banco I seria alto, sendo inviável para aplicações de campo. Diante desta limitação, neste

projeto, o volume determinado para o banco I baseou-se nos resultados obtidos no teste de

injeção contínua de polímeros. Como critério foi utilizado o ponto em que se observou o maior

valor da razão entre o incremento de recuperação – a diferença entre os fatores de recuperação

obtidos pela injeção de polímeros e a injeção de água e a massa de polímero injetada (ΔFR/

MPinj). Este critério foi utilizado, pois, através dele é possível observar o ponto da injeção onde

houve um incremento de recuperação significativo aliado ao menor consumo de polímero

3.3 Bancada Experimental

A Figura 3.10 apresenta um diagrama esquemático da bancada experimental usada

durante os testes de deslocamento. Conforme ilustra a Figura 3.10, uma bomba de deslocamento

positivo bombeava água destilada em direção às garrafas de aço a fim de deslocar os fluidos

nelas contidos para a amostra. Neste caso, destaca-se a presença de uma garrafa contendo óleo

pistão que tem por finalidade deslocar os fluidos que não são miscíveis a ele para a amostra.

Caso a água destilada da bomba entrasse em contato com a solução polimérica ou a solução

salina, estas teriam suas composições alteradas em função do alto grau de miscibilidade entre

estes fluidos.

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Figura 3.10: Diagrama Esquemático do aparato experimental utilizado nos testes de

deslocamento

Após saírem das garrafas de aço inox, os fluidos foram aquecidos em um trocador de calor

de aproximadamente 25 cm e suas respectivas linhas, entre o trocador de calor e a amostra,

eram isoladas termicamente. O aquecimento do porta-testemunho foi feito através de uma

manta térmica cuja o monitoramento da temperatura era realizado por um termopar. Além disso,

esta manta dispõe de um outro termopar, o qual foi utilizado para o monitoramento da

temperatura interna do porta-testemunho.

A fim de levantar a pressão em diferentes pontos de amostra, foram utilizados 6

transdutores de pressão configurados de modo a obter a diferença de pressão entre um

determinado ponto da amostra e a saída. Ao total, como ilustra a Figura 3.11, é possível obter

a pressão em 6 diferentes localizações da amostra, além da pressão na face de entrada da mesma.

Particularmente neste projeto, foram monitoradas as pressões na entrada e nos pontos 2 e 4 (P2

e P4). Devido à notável diferença entre as viscosidades dos fluidos, o diferencial de pressão no

meio poroso poderia atingir valores bem distintos, desta forma, o monitoramento em cada um

dos pontos referidos foi feito por pares de transdutores com fundos de escala diferentes (9 e 300

psi).

VME VMS Proveta

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Ao saírem da amostra, os fluidos tinham seus volumes registrados em provetas

graduadas. O registro volumétrico das provetas foi corrigido pelos volumes mortos de entrada

e saída da amostra, identificados como VME e VMS, respectivamente, na Figura 3.10. O

detalhamento de como os históricos volumétricos foram corrigidos é demonstrado no apêndice

B.

Uma parcela da bancada experimental foi automatizada para a realização dos testes de

deslocamento. Durante os testes, os valores de diferencial de pressão eram coletados a cada 10

segundos com auxílio do software LabView, desenvolvido pela National Instruments. Além da

aquisição automatizada, os dados de pressão também foram anotados manualmente. Ademais,

os dados de volume total e de interface entre os fluidos produzidos foram coletados de maneira

manual.

Baseado em algumas observações ao longo do primeiro teste, decidiu-se que a bancada

experimental deveria sofrer algumas alterações a fim de melhor observar variáveis de interesse

do experimento (principalmente o volume de óleo nas provetas). Em um primeiro momento,

constatou-se que deveria haver uma redução do volume morto de saída (VMS). Em função do

óleo ser viscoso, foi notado que, ao sair da amostra, pequenas quantidades do óleo ficavam

aderidas à parede da tubulação, representativa do VMS. A redução do VMS representou uma

correção deste efeito uma vez que a quantidade de óleo aderido à parede da tubulação também

seria reduzida consideravelmente.

Conforme será mostrado posteriormente, a tubulação representativa do VMS no primeiro

teste possuía um volume muito maior em relação ao volume morto de entrada (VME). Este alto

volume associado ao VMS deve-se ao fato que o experimento foi realizado em um tomógrafo e,

devido ao movimento da cama durante as tomadas tomográficas, a tubulação deveria ter um

comprimento suficientemente grande para ficar próximo às provetas, uma vez que estas

localizavam-se fora da cama do tomógrafo sob uma balança semi analítica. Diante desta

Figura 3.11: Esquema ilustrativo dos possíveis locais de posicionamento dos transdutores

de pressão ao longo da amostra.

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configuração, constatou-se que a retirada da balança semi analítica da bancada experimental

implicaria em uma redução do VMS, pois seria possível posicionar as provetas sob a cama do

tomógrafo. O novo posicionamento possibilitaria que as provetas se movimentassem junto com

a cama e, desta forma, que a tubulação do VMS sempre se mantivesse próxima a elas, com um

comprimento consideravelmente menor. Assim sendo, adotou-se esta nova configuração para

os testes 2 e 3. Apesar de terem sido aquisitados dados de massa dos fluidos produzidos ao

longo do teste 1, estes não foram inclusos no trabalho.

Embora tenha sido realizada uma série de tomadas tomográficas, foi constatado ao final

do teste 3 que a salinidade da salmoura utilizada era insuficiente para que houvesse o contraste

necessário à distinção das diferentes fases no meio poroso e, portanto, à obtenção de perfis de

saturação coerentes.

Além disso, nos testes 2 e 3, foram adicionadas mais garrafas de aço inox à bancada

experimental já que mais de uma solução polimérica seria injetada na amostra.

3.4 Equipamentos

A Tabela 3.2 lista os equipamentos utilizados durante a realização dos experimentos,

detalhando os seus modelos e fabricantes.

Tabela 3.2: Principais Equipamentos utilizados durante os procedimentos experimentais

Equipamentos Modelo Fabricante

Balança Analítica AV264P OHAUS

Balança Semi Analítica ARD110 OHAUS

Agitador Magnético 753A Fisatom

Banho Termostático DC3 HAAKE FISONS

Bomba de Vácuo SK49PN4167 GE Motors

Bomba desloc. Positivo 260D Teledyne Isco

Estufa 315 SE FANEM

Manta de Aquecimento FISATOM 102

Permeabilímetro a gás 3020-104 Core Laboratories

Porosímetro a gás 3020-062 Core Laboratories

Porta-testemunho Série FCH Core Laboratories

Reômetro HAAKE MARS IIII Thermo Scientific

Transdutores de Pressão 3051L ROOSEMOUNT

Vacuômetro Vacustat Edwards

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são demonstrados e discutidos os dados referentes à caracterização

petrofísica das amostras, caracterização reológica dos fluidos e aos testes de deslocamento.

4.1 Petrofísica Básica das Amostras de Rocha

Nesta seção são apresentadas as principais características das amostras selecionadas para

os testes de deslocamento. Os resultados obtidos conforme os procedimentos descritos na seção

3.1.1, são apresentados na Tabela 4.1. Os valores de porosidade e permeabilidade apresentados

referem-se aos levantados na pressão de confinamento dos testes (3000 psi). As amostras de

arenito selecionadas para os testes 1,2 e 3 denominam-se 13C11, 13C7 e 13C10,

respectivamente.

Tabela 4.1: Principais características das amostras utilizadas nos testes de deslocamento

Propriedades Unidades 13C11 13C7 13C10

Comprimento cm 26.7 26.8 27.0

Diâmetro cm 3.73 3.72 3.72

Massa g 530.40 530.70 527.33

Área da Seção Transversal cm² 10.9 10.9 10.9

Volume Total cm³ 291.8 291.3 293.5

Volume Poroso cm³ 86.9 87.0 87.4

Porosidade - 0.30 0.30 0.30

Permeabilidade ao gás mD 7322 7389 7444

Permeabilidade ao gás

corrigida - Klinkenberg

mD 5611 5665 5710

4.2 Caracterização Reológica dos Fluidos de Injeção

Nesta seção são apresentadas as curvas de fluxo levantadas para cada um dos fluidos

utilizados nos testes de deslocamento.

4.2.1 Solução Salina

A Figura 4.1 apresenta as curvas de fluxo obtidas para a solução salina na temperatura do

teste. Neste caso, em específico, foram somente analisadas as taxas de cisalhamento entre 7.848

e 88.59 s-1. Os valores de viscosidade acima e abaixo deste intervalo mostraram-se ruidosos e,

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portanto, não indicavam com exatidão a viscosidade da solução salina. Apesar do intervalo de

taxa de cisalhamento ser reduzido, este é suficiente para demonstrar a natureza newtoniana da

solução salina (Figura 4.1-A).

Na Tabela 4.2 são apresentados os valores de viscosidade média das soluções salinas para

cada um dos testes.

Tabela 4.2: Viscosidade Média - Soluções Salinas (40°C)

Testes Viscosidade Média (cP) – 40°C

Teste 1 0.68

Teste 2 0.67

Teste 3 0.67

4.2.2 Óleo, Querosene e Mistura Óleo-Querosene

O óleo Lubrax Gear MO 3200, conforme já exposto no capítulo 3, foi utilizado para a

realização dos testes de deslocamento. Conforme apresenta a Figura 4.2-A, este óleo apresenta

uma viscosidade média de aproximadamente 3580 cP a 40°C. Dado que este valor de

viscosidade é maior em relação àquele desejado para os testes de deslocamento a 40°C, o óleo

foi diluído em querosene com objetivo de alcançar uma viscosidade de aproximadamente 240

cP. As curvas de fluxo do querosene são apresentadas na Figura 4.3. Em função das mesmas

restrições apresentadas para o levantamento da viscosidade da solução salina, foram utilizados

somente valores de viscosidade do querosene restritos às taxas de cisalhamento entre 4.833 e

233.6 s-1. As curvas de fluxo do óleo e do querosene na Figura 4.2 e Figura 4.3,

respectivamente, demonstram que ambos caracterizam-se por serem fluidos Newtonianos.

Figura 4.1: Curvas de Fluxo Solução Salina (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento.

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Figura 4.2: Curvas de Fluxo Óleo Gear MO 3200 (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade; (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento.

Figura 4.3: Curvas de Querosene (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X Viscosidade; (B) Taxa

de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento

Foram preparadas misturas com diferentes proporções de óleo e querosene e, como

resultado, a mistura que mais se aproximou da viscosidade desejada (240 cP) foi aquela com

uma composição de 83.5% de óleo e 16.5% querosene. Com esta composição, de acordo com

o reograma da Figura 4.4, a viscosidade média da mistura para o três testes era de

aproximadamente 254 cP. Embora este valor não seja tão próximo de 240 cP, a composição

associada a ele foi adotada pois este mesmo valor se aproxima de 240 cP quando são aplicadas

as correções de viscosidade, conforme é demonstrado no anexo A. A Tabela 4.3 apresenta as

viscosidades médias das misturas de óleo-querosene utilizadas em cada um dos testes de

deslocamento após a aplicação das correções.

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Tabela 4.3: Viscosidade Média - Misturas óleo-querosene (40°C)

Testes Viscosidade Média (cP) – 40°C

Teste 1 241.8

Teste 2 240.6

Teste 3 240.5

4.2.3 Soluções Poliméricas

As curvas de fluxo resultante da caracterização reológica das soluções poliméricas são

demonstradas na Figura 4.5. Por meio desta figura é possível constatar o comportamento

pseudoplástico das soluções poliméricas, isto é, uma contínua redução da viscosidade aparente

à medida que a taxa de cisalhamento aumenta.

Figura 4.4: Curvas de fluxo mistura óleo-querosene (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento.

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A modelagem das curvas de fluxo referente a cada uma das concentrações analisadas

foi realizada a partir do modelo de Ostwald-de-Waele (Equação 2.8). Os valores dos parâmetros

K e n em função da concentração são apresentados na Tabela 4.4. Por meio destes valores,

notam-se duas tendências: 1) O índice de comportamento (n) tende a um à medida que a

concentração de polímero diminui, ou seja, há uma redução do caráter pseudoplástico do fluido;

2) O índice de consistência (K) é menor para concentrações mais baixas de polímero, indicando

viscosidades aparentes mais diminutas em taxas de cisalhamentos idênticas. Assim sendo,

constata-se que a relação entre a concentração de polímero e a viscosidade aparente da solução

bem como o seu grau de pseudoplasticidade dá-se de uma maneira diretamente proporcional.

Figura 4.5: Curvas de Fluxo HPAM - Floopam 5115 SH (40°C). (A) Taxa de Cisalhamento X

Viscosidade Aparente; (B) Taxa de Cisalhamento X Tensão de Cisalhamento.

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Tabela 4.4: Parâmetros Reológicos (K e n) das soluções poliméricas

Concentração Polimérica

(ppm)

Índice de Consistência (K) Índice de Comportamento

(n)

5000 486.6 0.498

4000 260.9 0.552

3000 124.2 0.628

2500 73.81 0.664

2000 57.25 0.68

1850 45.04 0.693

1500 28.84 0.731

1250 20.27 0.765

1000 14.09 0.793

900 11.04 0.805

850 10.65 0.809

700 7.94 0.831

500 3.93 0.857

300 2.35 0.898

200 1.84 0.937

150 1.44 0.961

100 1.093 0.982

75 0.968 0.991

50 0.788 1.02

30 0.710 1.033

A relação entre a viscosidade aparente das soluções poliméricas e suas respectivas

concentrações pode ser vista no gráfico da Figura 4.6. A partir destes dados, é possível

estabelecer duas regiões diferentes, uma diluída e outra semidiluída, as quais distinguem-se por

uma mudança brusca na inclinação da linha reta pontilhada a partir de um dado ponto

denominado de concentração crítica (C*) (AL HASMI et al., 2013; SAADATABADI et al.,

2010).

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Enquanto que na região diluída, as moléculas do polímero estão separadas e agem

independentemente, na região semi-diluída, as moléculas poliméricas emaranham-se, impondo

fricção umas às outras (AL HASHMI et al., 2013). Devido a estes mecanismos distintos de

interação entre as moléculas do polímero em cada uma das regiões, a variação da viscosidade

em função da concentração difere de uma região para a outra (SAADATABADI et al., 2010).

Baseado nos trabalhos de Lopes et al. (2014) e Silveira et al. (2014), as concentrações

críticas foram determinadas como sendo a intersecção entre a linhas retas contínuas e a

pontilhadas apresentadas na Figura 4.6. A Tabela 4.5 apresenta os parâmetros associados a cada

uma destas retas e os valores de C* obtidos para cada uma das taxas de cisalhamento avaliadas.

Tabela 4.5: Parâmetros referentes às linhas das regiões diluídas e semi-diluída

Taxa de

Cisalhamento

(s-1)

Linha

Pontilhada

Linha Contínua Concentração

Crítica – C*

(ppm)

Viscosidade

(cP)

A B A B

7.848 0.168 0.419 0.00006 1.732 423.6 2.12

33.6 0.250 0.323 0.0003 1.459 373.4 1.69

88.59 0.297 0.278 0.0007 1.298 375.5 1.54

143.8 0.332 0.254 0.0011 1.217 375.9 1.50

*As linhas foram ajustadas a partir de uma função potencial − 𝜇 = 𝐴 ∗ 𝛾𝐵

Conforme pode ser visto na Tabela 4.5, os valores de concentração crítica encontrados,

para as diferentes taxas de cisalhamento avaliadas, são similares, resultando em uma

Figura 4.6: Variação da Viscosidade em função da Concentração de Polímeros

para diferentes taxas de cisalhamento (40°C).

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concentração crítica em torno de 400 ppm. Este valor, por sua vez, é semelhante a concentrações

críticas obtidas por outros pesquisadores. Silveira et al. (2014) encontraram uma concentração

crítica de 337.7 ppm utilizando o mesmo polímero deste trabalho, porém, com uma solução

salina mais concentrada e a uma temperatura de 23°C. Zhang & Seright (2014) utilizando a

HPAM 3230S e uma solução salina com salinidade similar a deste trabalho (20.000 ppm de

NaCl) obtiveram uma concentração crítica de 300 ppm.

4.2.3.1 Seleção das Soluções Poliméricas para os Testes de Deslocamento

Baseado nas curvas de fluxo da Figura 4.5 e no gráfico da viscosidade em função da

concentração (Figura 4.6) foi selecionada a concentração da solução polimérica para o teste 1.

Dado que para este teste a viscosidade alvo deveria ser de 24 cP em 7.484 s-1, constatou-se que

a concentração que mais se aproximou deste valor foi a de 1850 ppm. No caso do teste 2, a

viscosidade do banco II foi determinada como sendo a média do intervalo delimitado pela

viscosidade do banco I e da solução salina, isto é, 13.1 cP em 7.848 s-1. A concentração cuja a

viscosidade mais se aproximou deste valor é a de 1250 ppm em 7.848 s-1. No teste 3, utilizando

o mesmo método para o banco III, verificou-se que a concentração que possuía o valor mais

próximo a 6.7 cP em 7.848 s-1 foi aquela com 850 ppm de polímero. A Tabela 4.6 apresenta as

soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento assim como as viscosidade

aparentes associadas a cada uma destas soluções. Salienta-se que os valores de viscosidade

aparentes apresentados na Tabela 4.6 são aqueles obtidos após o processo de correção destas

medidas (ANEXO A).

Tabela 4.6: Soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento

4.3 Tamanho dos Bancos Poliméricos

O tamanho dos bancos poliméricos utilizados durante o processo de gradação viscosa

foi definido a partir do modelo de Claridge (1978), apresentado na seção 2.4.2. Conforme

Testes Bancos Concentração

(ppm)

Viscosidade Aparente

(cP)

Teste 1 - 1850 23.7

Teste 2

Banco I 1850 23.7

Banco II 1250 𝜇𝐵2 = 12.5

Teste 3

Banco I 1850 23.7

Banco II 1250 𝜇𝐵2 = 12.5

Banco III 850 𝜇𝐵3 = 6.90

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exposto na metodologia, o tamanho do banco polimérico I foi alterado uma vez que o valor

levantado a partir da modelagem citada seria inviável para aplicações de campo. O tamanho do

primeiro banco polimérico utilizado neste trabalho baseou-se nos resultados obtidos durante o

teste de injeção contínua, onde, como demonstrado na metodologia, utilizou-se o PVinj em que

se observou o maior ΔFR/ MPinj. A Tabela 4.7 apresenta o volume do banco I calculado pelo

modelo de Claridge (1978) e o utilizado neste trabalho, bem como o volume dos outros bancos

poliméricos que compõem o processo de gradação viscosa. Salienta-se que o valor apresentado

na Tabela 4.7 para o banco III é maior do que o calculado pelo modelo de Claridge (1978) –

(Equação 2.17), visto que se buscava injetar a mesma quantidade mássica de polímero nos testes

2 e 3.

Tabela 4.7: Volumes dos bancos poliméricos utilizados no processo de gradação viscosa

Testes

Volume Banco 1 (VB1) Volume Banco

II (VB2)

Volume

Banco III

(VB3) Claridge (1978) Este Trabalho

Teste 2 9.51 0.31 0.61 -

Teste 3 9.42 0.31 0.33 0.39

A Tabela 4.8 apresenta os valores do fator KK, necessários para o cálculo do volume dos

bancos poliméricos.

Tabela 4.8: Valores do fator Kk

Testes Kk0 Kk1 Kk2 Kk3

Teste 2 10.2 1.36 4.27 -

Teste 3 10.1 1.36 1.35 3.16

4.4 Testes de Deslocamento

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos em cada uma das etapas dos testes

de deslocamento. São demonstradas os valores das variáveis medidas e calculadas em cada

etapa realizada, conforme demonstrado no protocolo de testes da Figura 3.7.

4.4.1 Primeira Embebição

Conforme já demonstrado no capítulo 3, a primeira embebição é iniciada quando se

admite a solução salina na amostra, com auxílio de uma bomba de vácuo, com intuito de saturá-

la totalmente. Após o sistema atingir o equilíbrio, a solução salina é injetada na amostra sob

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diferentes níveis de vazão para a obtenção da permeabilidade absoluta do meio poroso através

da lei de Darcy. Rearranjado a equação da Darcy para um sistema linear, horizontal e com

efeitos capilares negligenciáveis tem-se a equação 4.1:

𝑞𝑤 ∗ 𝜇𝑤 ∗ 𝐿 = 𝑘𝑤 ∗ (𝐴 ∗ ∆𝑃)

Equação 4.1

Os valores de vazão (qw) foram obtidos anotando os intervalos de tempo e os volumes

correspondentes a produção do fluido injetado. Os diferenciais de pressão (ΔP) utilizados foram

os mesmos indicados pelos transdutores de pressão destinado às medidas de pressão entre a

entrada e saída da amostra. Salienta-se que os valores de pressão eram somente anotados

quando o sistema se encontrava em regime permanente. A partir da Equação 4.1, constata-se

que o valor da permeabilidade absoluta da amostra em Darcy pode ser encontrado como sendo

o coeficiente angular da reta (𝑞𝑤𝜇𝑤𝐿 𝑋 𝐴∆𝑃). Os gráficos da Figura 4.7 ilustram as retas que

melhor se ajustaram aos pontos experimentais levantados para cada um dos testes de

deslocamento.

A Tabela 4.9 apresenta os valores de permeabilidade absoluta obtidas durante a primeira

embebição. Nota-se que para os testes 1 e 2, as permeabilidades medidas pelo nitrogênio

(Tabela 4.1) são bastante similares com aquelas obtidas pela injeção de água. O teste 3,

entretanto, apresenta uma diferença significativa entre as duas medições, o valor mais reduzido

Figura 4.7: Permeabilidade absoluta à água. (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

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da permeabilidade absoluta quando medido pela água pode estar associado ao arraste de finos,

os quais podem eventualmente bloquear alguns poros do meio poroso induzindo a maiores

diferenciais de pressão. Esse fenômeno também foi observado no trabalho de BENTO (2015).

Tabela 4.9: Valores de Permeabilidade Absoluta à água medidas em cada um dos testes

Teste 1 Teste 2 Teste 3

Permeabilidade Absoluta (mD) 5586 5429 2601

4.4.2 Primeira Drenagem

Esta etapa do teste, a qual ocorre após a primeira embebição, caracteriza-se pela injeção

de óleo na amostra até que a produção de água seja nula. Desta forma, ao final deste processo,

a saturação da fase aquosa no meio poroso encontrava-se na sua condição de água conata ou

irrdutível (Swi-1D).

A Figura 4.8 apresenta os históricos de volume de óleo, água e total produzidos ao longo

desta etapa já deduzidos de seus respectivos volumes mortos de entrada e saída.

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De acordo com os históricos volumétricos dos testes na Figura 4.8, grande parte da água

móvel é produzida no momento da irrupção do óleo, indicado pela linha vermelha, que acontece

após ser injetado um volume de óleo equivalente a 70% do volume poroso. Após isso, o volume

produzido de água é pequeno. Estas características do escoamento podem ser atribuídas à alta

viscosidade do óleo (240 cP) em relação à solução salina (0.68 cP), que proporcionam razões

de mobilidade favoráveis caracterizando o deslocamento do tipo pistão.

Apesar da irrupção do óleo ter acontecido em aproximadamente 200 minutos de injeção,

esta foi estendida por cerca de 24 horas, totalizando, assim, um volume de óleo injetado

equivalente a 7 volumes porosos (VP). Embora grande parte da produção de água tenha

ocorrido no momento da irrupção do óleo, a injeção de 7 volumes porosos de óleo foi realizada

a fim de assegurar que a saturação de água irredutível fosse atingida.

Figura 4.8: Históricos volumétricos - primeira drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C)

Teste 3.

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A alta viscosidade do óleo também é responsável por um aumento considerável nos

valores de pressão ao longo da amostra, conforme é apresentado nos históricos de pressão da

Figura 4.9. Nesta mesma figura, nota-se à medida que a frente de saturação de óleo atinge a

entrada da amostra bem como os pontos P2 e P4 (ver seção 3.3), tem-se um aumento brusco dos

valores de pressão. Esse aumento perdura até a irrupção do óleo injetado (linha vermelha),

quando, durante a produção bifásica, a taxa de aumento diminui até que o sistema entra em

regime permanente, quando há somente produção de óleo.

Além disso, na Figura 4.9 é possível constatar que, apesar das condições de escoamento

semelhantes dos testes, os diferencias de pressão obtidos ao final desta etapa diferem. No caso

do teste 2, por exemplo, os diferencias de pressão são menores quando comparados àqueles dos

testes 1 e 3. Este comportamento é possivelmente decorrente de uma maior permeabilidade

efetiva ao óleo ao longo da amostra utilizada no teste 2, conforme apresenta a Tabela 4.10.

Baseado nos diferencias de pressão entre a entrada e a saída da amostra obtidos ao final

desta etapa, calculou-se a permeabilidade efetiva ao óleo na condição de água irredutível (koef-

1D). Com este fim, além dos dados de pressão, também foi usada a vazão de óleo, estimada

como sendo a razão entre o volume e o tempo total da primeira drenagem em cada um dos

testes, as viscosidades corrigidas das misturas óleo querosene (tabela 4.3) e as características

geométricas (área e comprimento) das amostras utilizadas. Na Tabela 4.10, são apresentadas as

Figura 4.9: Históricos de pressão - primeira drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

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permeabilidades efetivas ao óleo calculadas assim como outras variáveis importantes medidas

ao longo da primeira drenagem.

Tabela 4.10: Principais dados medidos e calculados na primeira drenagem.

Variável Nomenclatura Unidade Teste 1 Teste 2 Teste 3

Tempo de Deslocamento t min 1478.0 1596.3 1599.2

Tempo de Irrupção tbt min 176.0 186.5 166.0

Volume Morto Entrada VME cm³ 2.81 2.81 2.81

Volume Morto Saída VMS cm³ 15.6 6.00 5.60

Volume Total Produzido Vt cm³ 580.0 614.2 629.7

Volume de Água na Amostra Vwamostra cm³ 24.5 25.8 24.2

Volume de Óleo na Amostra Voamostra cm³ 62.6 61.2 63.2

Saturação de Água Conata Swi % 28.0 29.7 27.7

Saturação de Óleo So % 72.0 70.3 72.3

Permeabilidade efetiva ao Óleo koef-1D mD 3628.5 4125.1 3436.3

Os valores de permeabilidade efetiva ao óleo na saturação de água conata também

podem ser representados pelo cálculo da permeabilidade equivalente de um sistema em série.

Através das pressões obtidas ao longo das amostras pode-se calcular as permeabilidades

efetivas ao óleo nos seguintes trechos: TRECHO A – Região entre a entrada da amostra e P2;

TRECHO B – Região entre P2 e P4; TRECHO C – Região entre P4 e a saída da amostra. A

Figura 4.10 ilustra os trechos citados e seus respectivos comprimentos ao longo da amostra.

Dada a disposição destes trechos, é possível tratá-los como sendo meios porosos em série e,

deste modo, obter a permeabilidade equivalente entre eles pela equação 4.2.

�̅� =∑ 𝐿𝑖

𝑛𝑖=1

∑𝐿𝑖

𝐾𝑖

𝑛𝑖=1

Equação 4.2

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83

Figura 4.10: Esquema ilustrativo dos trechos analisados para o cálculo das permeabilidades

efetivas.

A Tabela 4.11 apresentam os diferenciais de pressão e as permeabilidades efetivas ao

óleo em cada um dos trechos analisados bem como as permeabilidades equivalentes para cada

um dos testes.

Tabela 4.11: Permeabilidades efetivas ao óleo por trechos – primeira drenagem.

TESTE 1 TESTE 2 TESTE 3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

6.91

3.35

5.54

K (mD)

1570.4

4860.1

5398.8

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

13.5

8.08

4.69

K (mD)

1938

4676.5

6277.5

Trechos

A

B

C

ΔP(psi)

7.16

5.43

4.17

K (mD)

1514.2

2993.4

7308.2

�̅� 3628.5 �̅� 4125.1 �̅� 3436.3

4.4.3 Segunda Embebição

Como consequência da primeira drenagem, as amostras utilizadas nos testes de

deslocamento encontravam-se preenchidas com óleo e água conata. Estas características

representam as condições iniciais encontradas em um reservatório. Assim sendo, esta etapa dos

testes de deslocamento visa a injeção de solução salina nas amostras de modo a representar a

recuperação convencional pela injeção de água. De forma a analisar o desempenho deste

método de recuperação nas condições representadas pelos experimentos injetou-se solução

salina até que a produção de óleo fosse nula.

A Figura 4.11 apresenta os históricos volumétricos durante esta etapa do projeto para

cada um dos testes. De acordo com a mesma figura, constatou-se que a irrupção da solução

salina ocorreu precocemente em todos os casos analisados, acontecendo antes de se injetar 20%

do volume poroso. Diferentemente da primeira drenagem, no momento da irrupção do fluido

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84

injetado somente uma pequena parcela do fluido presente na amostra é recuperada. A Figura

4.11 – A.2, B.2 e C.2 ilustram com mais clareza o quão cedo aconteceu a irrupção da solução

salina e o volume de óleo produzido nesta etapa da injeção nos testes 1, 2 e 3, respectivamente.

A irrupção prematura da solução salina é devida à razão viscosa desfavorável entre a solução

salina e o óleo. Esta característica do escoamento possibilita que a solução salina, muito menos

viscosa que o óleo, transpasse o banco de óleo e, portanto, atinja a saída da amostra

rapidamente.

Além da irrupção precoce, o escoamento ao longo desta etapa é caracterizado por longos

períodos de produção bifásica. A faixa preta nos históricos volumétricos da Figura 4.11 indica

o final da produção bifásica em cada um dos testes, os quais ocorrem, como se pode observar,

em tempos tardios. Os altos períodos de produção bifásica retratam o baixo desempenho da

água para recuperar todo o óleo móvel.

Após a irrupção da fase deslocante e, portanto, no início da produção bifásica, decidiu-

se que a injeção de solução salina perduraria por mais 72 horas, resultando assim em um volume

injetado equivalente a 20 VP. Embora Rios (2014) e Bento (2015) afirmem que a saturação de

óleo residual é atingida após a injeção de 7 volumes porosos, neste trabalho optou-se pela

injeção de 20 volumes porosos de solução salina pois trata-se de um escoamento mais instável

(razão viscosa mais desfavorável) quando comparado àqueles desenvolvidos pelos autores

citados.

Ressalta-se que a amostragem dos volumes de óleo e água nas provetas utilizadas nos

testes era somente realizada ao término de cada teste de deslocamento. A avaliação do volume

de interface ao longo dos testes de deslocamento era impossibilitada pelo aspecto amorfo da

interface entre o óleo e a água. Assim sendo, esperava-se um período de tempo após os testes

de deslocamento para que houvesse a estabilização dos volumes das fases oleicas e aquosas nas

provetas, possibilitando assim, uma melhor leitura do volume dos fluidos produzidos. Este

procedimento, contudo, permitiu, após a irrupção da fase injetada, apenas uma medida de

volume das fases por proveta.

Diante disso e com intuito de melhor comparar os métodos de recuperação avaliados

neste projeto, realizou-se interpolações lineares dos volumes de óleo e água produzidos, a partir

dos pontos amostrados, em pontos da injeção considerados importantes e que, devido às

condições mencionadas, não puderam ser levantados pela leitura direta nas provetas (Exemplo:

PVinj referente à irrupção de polímero que não é levantado pela leitura das provetas durante a

injeção de água).

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85

Os históricos de pressão da Figura 4.12 demonstram que a entrada da solução salina no

meio poroso provoca uma redução dos valores de pressão ao longo da amostra, indicando assim

um comportamento oposto àqueles dos históricos de pressão da primeira drenagem. A

diminuição dos valores de pressão ocorre em função da viscosidade da solução salina, mais

baixa quando comparada à do óleo. À medida que a solução salina invade o meio poroso há

uma redução da resistência ao escoamento dos fluidos, resultando em diferenciais de pressão

cada vez mais reduzidos ao longo da amostra.

Figura 4.11: Histórico volumétrico - segunda embebição (A.1) Teste 1 - 20 PVinj (A.2) Teste

1 - 1.3 PVinj (B.1) Teste 2 - 20 PVinj (B.2) Teste 2 - 1.3 PVinj (C.1) Teste 3 – 20 PVinj (C.2)

Teste 3 – 1.3 PVinj.

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86

Conforme demonstram os históricos de pressão da Figura 4.12, as pressões estabilizam-

se em valores baixos (1 a 3 psi). Diferentemente da primeira drenagem, constata-se ainda que

a estabilização dos valores de pressão ocorre muito tempo depois da irrupção do fluido injetado.

Este comportamento é devido à instabilidade do escoamento: enquanto que na primeira

drenagem, a saturação de água conata é praticamente atingida no momento da irrupção da fase

injetada, na embebição, a saturação de óleo na amostra, no momento referido, está muito longe

de ser a residual.

Além disso, foi notado que os valores de pressão inicias reportados nos históricos de

pressão da Figura 4.12 são maiores do que os valores finais dos históricos de pressão da Figura

4.9, referentes à primeira drenagem. Este efeito ao início da segunda embebição é devido a uma

sobre pressão causada pela passagem do óleo viscoso durante a primeira drenagem. Assim, no

momento da mudança de fluidos a serem injetados, isto é, da injeção de óleo para a injeção da

solução salina, a sobre pressão é sentida nos transdutores, a qual também implica em uma vazão

acima daquela estabelecida para os testes durante os minutos iniciais da segunda embebição.

Igualmente à primeira drenagem, a partir dos dados de pressão, vazão do teste (estimada

como sendo a razão entre o volume total produzido e o tempo de total de deslocamento),

viscosidade da solução salina, comprimentos e áreas aberta ao escoamento das amostras foram

Figura 4.12: Históricos de pressão - segunda embebição (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C)

Teste 3.

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87

calculadas as permeabilidades efetivas à água na saturação de óleo residual (kwef-2E) para cada

um dos testes de deslocamento. Além disso, também foram calculados os valores de kwef

correspondentes aos trechos A, B e C (Figura 4.10) bem como a equivalência entre elas

(Equação 4.2). Na Tabela 4.12 estão apresentados os valores da permeabilidade efetiva à água

na saturação de óleo residual em cada um dos trechos citados.

Tabela 4.12: Permeabilidades efetivas à água por trechos - segunda embebição.

TESTE 1 TESTE 2 TESTE 3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

0.72

0.26

0.97

K (mD)

44.2

180.4

89.9

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

1.09

0.54

0.62

K (mD)

29.0

88.5

142.6

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

0.68

0.27

0.86

K (mD)

45.8

171.2

101.8

�̅� 85.3 �̅� 74.4 �̅� 91.3

A Tabela 4.13 apresenta os principais dados obtidos ao longo da segunda embebição.

Tabela 4.13: Principais dados calculados e medidos na segunda embebição.

Variável Nomenclatura Unidade Teste 1 Teste 2 Teste 3

Tempo de Deslocamento t min 4317.7 4259.9 4255.1

Tempo de Irrupção tbt min 28.7 16.8 16.9

Volume Morto Entrada VME cm³ 2.41 2.41 2.41

Volume Morto Saída VMS cm³ 15.6 6.00 5.60

Volume Total Produzido Vt cm³ 1738.0 1727.6 1727.0

Volume Oleo Produzido VO cm³ 41.0 41.6 40.0

Volume de Água na Amostra Vwamostra cm³ 64.3 68.4 64.2

Volume de Óleo na Amostra Voamostra cm³ 22.6 18.6 23.2

Saturação de Óleo Residual Sor % 24.8 21.4 26.5

Saturação de Água Sw % 74.0 78.6 73.5

Permeabilidade efetiva à água kwef-2E mD 85.3 74.4 91.3

Através do método JBN pode-se determinar as curvas de permeabilidade relativa para

esta etapa dos testes de deslocamento. A Figura 4.13 apresenta as curvas de permeabilidade

relativa levantada em cada um dos testes.

Conforme pode ser visto na Figura 4.13, o formato das curvas de permeabilidade relativa

indica que as amostras utilizadas nos testes de deslocamento caracterizam-se por serem

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fortemente molháveis à água. Esta característica foi notada pois, conforme indicado por Craig

(1971), a saturação de água em que a curva referente à permeabilidade relativa ao óleo (Kro)

intersecciona a curva da permeabilidade relativa à água (Krw) é maior do que 50%. Ademais,

Craig (1971) também indica que meios porosos molháveis à água caracterizam-se por

apresentar permeabilidades relativas à água menor do que 0.3 em seus pontos terminais, sendo

esta também uma característica das amostras utilizadas nos testes. Os valores calculados de

Krw são próximos de zero (<0.02) ao longo de toda a faixa de saturação de água nos três testes.

Figura 4.13: Curvas de permeabilidade relativa (A) Teste 1(B) Teste 2 (C) Teste 3.

4.4.4 Segunda Drenagem

Esta etapa dos testes de deslocamento foi realizada visando reestabelecer às

características deixadas pela primeira drenagem, as quais representam as condições iniciais de

um reservatório. Portanto, injetou-se novamente óleo na amostra até que a produção de água

declinasse a zero. Ao término desta etapa, esperava-se alcançar uma saturação de água conata

igual ou similar à atingida pela primeira drenagem. A mesma condição é esperada uma vez que

as etapas anteriores à segunda drenagem, isto é, a primeira drenagem e a segunda embebição,

foram conduzidas de modo que se atingissem a saturação de água irredutível e de óleo residual,

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respectivamente. Assim, ao final da segunda drenagem buscava-se produzir toda a água móvel

presente na amostra, provinda da segunda embebição, mantendo-se apenas a água irredutível

da primeira drenagem (BENTO, 2015). Por mais que a segunda drenagem se estenda por longos

períodos de tempo até atingir a saturação de água conata, essa pode se distinguir daquela

alcançada pela primeira drenagem devido a um processo de histerese.

A Figura 4.14 apresenta os históricos volumétricos da segunda drenagem já corrigidos

pelos volumes mortos de entrada e saída. Assim como na primeira drenagem, o deslocamento

ao longo da segunda drenagem caracteriza-se por uma razão de mobilidade favorável, tendo

grande parte da água móvel produzida no momento da irrupção do fluido injetado.

Comparando-a com a primeira drenagem, constatou-se que a irrupção do óleo na segunda

drenagem aconteceu em menos tempo de injeção. Conforme indica a linha vermelha na Figura

4.14 os tempos de irrupção nos testes 1,2 e 3 ocorreram 97,8; 100,6 e 95,4 minutos,

respectivamente. Os menores tempos de irrupção observados na segunda drenagem deve-se ao

fato do meio poroso já estar parcialmente preenchido com óleo residual e água conata durante

esta etapa dos testes de deslocamento.

Após a irrupção, a injeção de óleo foi mantida por aproximadamente 24 horas,

totalizando um volume de óleo injetado equivalente a 7 VP. Injetou-se este volume de óleo a

fim de assegurar que a saturação de água conata fosse atingida e para manter uma similaridade,

em termos de volume injetado, com a primeira drenagem.

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90

Figura 4.14: Históricos volumétricos - segunda drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

Os históricos de pressão referente a esta etapa dos testes de deslocamento são

apresentados na Figura 4.15. Similarmente à primeira drenagem, a injeção de óleo durante a

segunda drenagem provoca um aumento brusco nos valores de pressão. Contudo, conforme

pode ser visto nos históricos de pressão da Figura 4.15, as pressões estabilizam-se em valores

maiores aos observados nos históricos de pressão da primeira drenagem. A dissonância entre

estes valores é causada pela presença do óleo e da água em suas saturações residual e irredutível,

respectivamente, na amostra durante a segunda drenagem. A presença destes fluidos no meio

poroso dificulta o deslocamento do óleo, induzindo assim a maiores diferencias pressão ao

longo da amostra.

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91

Figura 4.15: Históricos de pressão - segunda drenagem (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

Assim como apresentado nas etapas anteriores, a Tabela 4.14 traz as principais variáveis

calculadas e medidas ao longo da segunda drenagem. Os valores de permeabilidade efetiva ao

óleo na saturação de água conata apresentados na Tabela 4.14 foram calculados utilizando as

seguintes variáveis: vazão (razão entre o volume total produzido e o tempo de deslocamento),

viscosidade da mistura óleo querosene, diferencial de pressão ao longo da amostra,

comprimento e área das amostras.

Tabela 4.14: Principais dados calculados e medidos na segunda drenagem.

Variável Nomenclatura Unidade Teste 1 Teste 2 Teste 3

Tempo de Deslocamento t min 1517.3 1526.6 1531.1

Tempo de Irrupção tbt min 97.8 100.6 95.4

Volume Morto Entrada VME cm³ 2.41 2.41 2.41

Volume Morto Saída VMS cm³ 15.6 6.00 5.60

Volume Total Produzido Vt cm³ 600.0 599.1 608.0

Volume de Água na Amostra Vwamostra cm³ 29.8 32.8 26.2

Volume de Óleo na Amostra Voamostra cm³ 57.0 54.2 61.1

Saturação de Água Conata Swi % 34.3 37.7 30.0

Saturação de Óleo So % 74.0 78.6 73.5

Permeabilidade efetiva ao óleo koef-2D mD 2823.3 3138.3 2584.3

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92

Os valores referentes às permeabilidades efetivas ao óleo na saturação de água

irredutível nos trechos A, B e C são apresentados na Tabela 4.15. Além disso, nesta mesma

tabela são apresentados os valores resultantes do cálculo da equivalência das permeabilidades

efetivas ao óleo para um sistema em série (Equação 4.3).

Tabela 4.15: Permeabilidades efetivas à água por trechos - segunda drenagem.

TESTE 1 TESTE 2 TESTE 3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

9.32

4.28

67.7

K (mD)

1167.9

3814.9

4431.3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

7.85

4.93

5.39

K (mD)

1377.0

3287.7

5566.4

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

11.4

6.02

4.69

K (mD)

953.2

2708.9

6394.6

�̅� 2808.6 �̅� 3138.3 �̅� 2584.3

4.4.5 Injeção Contínua de Polímeros e de Bancos de Gradação Polimérica

Com as amostras na saturação de água conata e preenchidas com óleo, injetou-se solução

polimérica a fim de avaliar o desempenho deste método de recuperação. Conforme já

explicitado anteriormente, a injeção de polímeros foi avaliada sob duas perspectivas: a injeção

contínua de solução polimérica (teste 1) e o processo de gradação viscosa em duas

configurações diferentes (testes 2 e 3). Em todos os testes, as metodologias de injeção de

polímeros foram mantidas até que a produção de óleo fosse nula. Desta forma, foi possível

avaliar o potencial de cada uma das metodologias na recuperação de óleo pesado para as

condições representadas pelos experimentos

A Figura 4.16 apresenta os históricos volumétricos da injeção de polímeros, já

corrigidos pelos volumes mortos de entrada e saída, para os testes realizados. Nesta figura é

possível observar que a irrupção da solução polimérica, nos três testes, ocorreu após ser injetado

um volume equivalente a 27% do volume poroso (Figura 4.16 – A.2, B.2 e C.2). Quando

comparada à injeção de água, a irrupção da solução polimérica nos testes ocorreu mais

tardiamente, indicando uma frente de deslocamento mais estável. O maior grau de estabilidade

associado aos escoamentos envolvendo soluções poliméricas e o óleo está atrelado ao fato de a

razão viscosa entre estes fluidos ser mais favorável. A irrupção mais tardia da solução

polimérica também indica uma antecipação da produção de óleo e um menor volume produzido

do fluido injetado.

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93

A fim de atingir a saturação de óleo residual, no teste de injeção contínua de polímeros

decidiu-se injetar um volume de solução polimérica correspondente a 15 volumes porosos.

Embora a saturação de óleo residual tenha sido atingida após a injeção de um volume de solução

polimérica de aproximadamente 10 volumes porosos (linha preta da Figura 4.16– A.1),

manteve-se os mesmos 15 VPinj nos testes 2 e 3 com intuito de preservar uma similaridade entre

todos testes. Além disso, nos processos de gradação viscosa, após a injeção do primeiro banco

polimérico (1850 ppm), a frente de deslocamento entre os bancos subsequentes é mais instável

quando comparada à injeção contínua de polímero, a qual sugere períodos de tempo mais

extensos para se atingir a saturação de óleo residual. Esta situação é indicada pelas linhas pretas

na Figura 4.16 – B.1 e C.1, onde o término da produção bifásica acontece após 2894,2 e 2909,2

minutos de injeção nos testes 2 e 3, respectivamente. Ademais, nota-se que os períodos de

produção bifásica durante a injeção de polímeros, apesar de diferirem entre si, são menos

extensos se analisados em relação à injeção de água.

Destaca-se ainda que a dificuldade envolvendo a leitura do volume de interface entre as

fases oleica e aquosa nas provetas também foi observada durante esta etapa. Diante disso, assim

como na segunda embebição, foram realizadas interpolações lineares para alguns pontos da

injeção a partir dos pontos amostrados.

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Figura 4.16: Históricos Volumétrico - injeção de polímeros (A.1) Teste 1 - 15 PVinj (A.2)

Teste 1 - 1.4 PVinj (B.1) Teste 2 - 15 PVinj (B.2) Teste 2 - 1.4 PVinj (C.1) Teste 3 – 15 PVinj

(C.2) Teste 3 – 1.4 PVinj.

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95

Dado o volume total injetado para os processos de gradação viscosa e os definidos para

os bancos poliméricos na seção 4.3, tem-se que o volume de solução salina injetada para os

testes 2 e 3 corresponderam 14.1 e 13.9 volumes porosos, respectivamente. A Tabela 4.16

apresenta os volumes injetados, em termos de fração de volume poroso, para cada um dos

bancos poliméricos e para a solução salina durante os testes 2 e 3.

Tabela 4.16: Volumes dos bancos poliméricos e da solução salina injetada para as

configurações avaliadas do processo de gradação viscosa

Testes Volume

Banco I

Volume Banco

II

Volume

Banco III

Volume de

Solução

Salina

Teste 2 0.31 0.61 - 14.1

Teste 3 0.31 0.33 0.39 13.9

Conforme demonstra os históricos de pressão da Figura 4.17, a injeção de solução

polimérica no meio poroso, nas diferentes metodologias de injeção avaliadas, resulta em uma

redução dos diferencias de pressão ao longo das amostras. No caso do teste 1, devido à injeção

contínua da solução polimérica de 1850 ppm, observou-se que as pressões se estabilizam em

valores maiores quando comparados aos diferencias de pressão dos testes 2 e 3. Nestes testes,

constatou-se que conforme as soluções poliméricas de diferentes concentrações deslocam os

fluidos residentes nas amostras os diferencias de pressão decaem sob diferentes taxas.

Os históricos de pressão dos testes 2 e 3 (Figura 4.17 – B e C) demonstram que no final

da injeção de solução salina, os diferenciais de pressão estabilizam-se em patamares

semelhantes. Além disso, estes mesmos históricos indicam que, durante o regime permanente,

os valores de pressão foram maiores do que aqueles referentes à segunda embebição (injeção

convencional de água). A diferença entre estes valores está associada à retenção do polímero

no meio poroso, que dificulta a passagem da solução salina na amostra após a injeção dos

bancos de polímero. A análise mais detalhada da retenção do polímero do meio poroso é

apresentada na seção 4.4.6.

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96

Assim como na segunda embebição, a permeabildiade efetiva à água na saturação de

óleo residual (kwef –Pol/Wat) também foi calculada para esta etapa dos testes de deslocamento

Para tal, foram utilizados os seguintes parâmetros: vazão, viscosidade do fluido deslocante,

diferencial de pressão ao longo da amostra e as dimensões geométricas básicas das amostras.

Dado que nos testes 2 e 3 foi injetado mais de um fluido, para o cálculo da permeabildade

efetiva à água na saturação óleo de residual, utilizou-se a viscosidade da solução salina. Foi

usado este valor de viscosidade, pois, no momento em que o sistema se encontrava na saturação

de óleo residual nos testes 2 e 3, o fluido injetado era solução salina. A Tabela 4.17 apresenta

os valores da permeabilidade efetiva à água na saturação de óleo residual calculados bem como

os outros dados medidos ao longo desta etapa.

Figura 4.17: Históricos de pressão - injeção de polímeros (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

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97

Tabela 4.17: Principais dados calculados e medidos na injeção de polímeros.

Variável Nomenclatura Unidade Teste 1 Teste 2 Teste 3

Tempo de Deslocamento t min 3201.7 3199.2 3074.2

Tempo de Irrupção tbt min 52.7 48.2 47.2

Volume Morto Entrada VME cm³ 3.36 3.36 3.36

Volume Morto Saída VMS cm³ 15.6 6.00 5.60

Volume Total Produzido Vt cm³ 1294.6 1285.6 1253.5

Volume de Óleo Produzido VO cm³ 41.6 39.6 40.5

Volume de Água na Amostra Vwamostra cm³ 71.4 71.5 66.8

Volume de Óleo na Amostra Voamostra cm³ 15.4 15.5 20.5

Saturação de Óleo Residual Sor % 17.8 17.9 23.5

Saturação de Água Sw % 82.2 82.1 76.5

Permeabilidade efetiva à

água/polímero

kwef-Pol/Wat mD 305.6 29.6 33.4

Salienta-se que os subscritos “Pol” e “Wat” foram utilizados para diferenciar as

permeabilidades efetivas à água obtidas ao final do teste de injeção contínua e dos processos de

gradação viscosa, respectivamente. A Tabela 4.18 apresenta as permeabilidades efetivas à

àgua/polímero para os trechos A, B e C assim como a equivalência em série entre elas.

Tabela 4.18: Permeabilidade efetiva à água e ao polímero por trechos – injeção contínua de

polímeros e de bancos de gradação polimérica.

TESTE 1 TESTE 2 TESTE 3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

8.32

4.40

6.04

K (mD)

131.1

372.3

497.6

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

3.43

0.87

1.30

K (mD)

9.15

54.0

67.3

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

2.90

0.66

1.40

K (mD)

10.8

70.9

62.2

�̅� 305.6 �̅� 29.6 �̅� 33.4

4.4.6 Avaliação do Fator de Resistência Residual

Com intuito de avaliar a redução da permeabilidade efetiva à água após a passagem das

soluções poliméricas no meio poroso, calculou-se o fator de resistência residual (RRF) para

cada um dos testes. A Equação 4.3 refere-se ao cálculo do fator de resistência residual levando

em conta a permeabilidade efetiva à água calculada ao término da terceira embebição, sendo

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98

este, portanto, o equacionamento utilizado para o RRF do teste 1. Já a Equação 4.4, está

relacionada ao cálculo do RRF para os testes 2 e 3, onde utilizou-se a permeabilidade efetiva à

agua ao final do processo de gradação viscosa.

𝑅𝑅𝐹 =𝜆2𝐸

𝜆3𝐸=

𝑘𝑤𝑒𝑓−2𝐸 ∗ 𝜇𝑤

𝑘𝑤𝑒𝑓−3𝐸 ∗ 𝜇𝑤=

𝑘𝑤𝑒𝑓−2𝐸

𝑘𝑤𝑒𝑓−3𝐸 Equação 4.3

𝑅𝑅𝐹 =𝜆2𝐸

𝜆𝑊𝑎𝑡=

𝑘𝑤𝑒𝑓−2𝐸 ∗ 𝜇𝑤

𝑘𝑤𝑒𝑓−𝑤𝑎𝑡 ∗ 𝜇𝑤=

𝑘𝑤𝑒𝑓−2𝐸

𝑘𝑤𝑒𝑓−𝑤𝑎𝑡 Equação 4.4

Conforme demonstra o histórico de pressão da Figura 4.18, os valores de pressão

observados durante a terceira embebição, em todos os pontos amostrados, são maiores do que

aqueles observados ao longo da segunda embebição do teste 1. A diferença entre estes valores

indicou que houve uma maior dificuldade para que a solução salina escoasse ao longo da

amostra durante a terceira embebição. Esta dificuldade é decorrente da retenção do polímero na

rocha, seja devido à adsorção ou ao aprisionamento mecânico. Ademais, como já demonstrado

anteriormente, os maiores valores de pressão em relação à segunda embebição também foram

observados nos históricos de pressão dos processos de gradação viscosa (Figura 4.17–B e C)

quando houve a injeção de solução salina.

Figura 4.18: Histórico de pressão - terceira embebição (Teste 1)

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99

A Tabela 4.19 apresenta as permeabilidades efetivas à água nos trechos A, B e C obtidas

ao fim da terceira embebição, bem como a equivalência em série entre elas, calculada a partir

da equação 4.2.

Tabela 4.19: Permeabilidade efetiva à água por trechos - terceira embebição.

TESTE 1 – Terceira Embebição

Trechos

A

B

C

ΔP (psi)

6,85

1,76

2,33

K (mD)

4.62

26.9

37.4

�̅� = 𝒌𝒘𝒆𝒇−𝟑𝑬 15.2

Uma vez calculadas as permeabilidades efetivas à água antes e após a passagem das

soluções poliméricas no meio poroso, pode-se obter os fatores de resistência residual em cada

um dos testes. A Tabela 4.20 apresenta o fator de resistência residual por trecho e médio para

os testes 1, 2 e 3.

Tabela 4.20: Fator de resistência residual por trecho e médio.

Teste 1 Teste 2 Teste 3

Trechos RRF Trechos RRF Trechos RRF

A 9.60 A 3.17 A 4.23

B 6.70 B 1.64 B 2.41

C 2.40 C 2.12 C 1.63

RRF-Médio 5.61 RRF-Médio 2.51 RRF-Médio 2.73

Através dos valores de RRF da Tabela 4.20 nota-se que os maiores níveis de retenção

polimérica aconteceram ao longo da porção inicial das amostras (TRECHO A). Dentre os

fatores de resistência residual associados a este trecho, o mais significativo refere-se ao teste 1.

O maior valor de RRF para este trecho no teste 1, bem como para os demais, deve-se ao fato de

que se injetou um volume consideravelmente maior de solução polimérica durante este teste.

Além disso, é possível constatar que os fatores de resistência residual médios dos testes 2 e 3

são semelhantes. A similaridade entre eles também está atrelada à quantidade polímero injetada,

uma vez que quantidades mássicas equivalente de polímero foram injetadas em ambos os testes.

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100

4.5 Comparação entre a Injeção de Polímeros e Injeção Convencional de Água

Esta seção do trabalho objetiva comparar a injeção de polímeros com a injeção

convencional de água. Os métodos foram comparados através de parâmetros fundamentais na

análise de métodos de recuperação, tais como: fator de recuperação, razão água-óleo acumulada

e corte de água.

4.5.1 Fator de Recuperação

A primeira análise comparativa entre os métodos de recuperação avaliados, isto é, a

injeção de convencional de água e a injeção de polímeros é feita por meio do fator de

recuperação (FR).

A Figura 4.19 apresenta os fatores de recuperação obtidos, em cada um dos testes, em

função do PVinj. Conforme é indicado nesta mesma figura, tanto a injeção contínua de polímeros

quanto a injeção de bancos de gradação viscosa, nas duas configurações avaliadas,

apresentaram fatores de recuperação superiores à injeção de água, para o mesmo volume poroso

injetado, em grande parte do processo.

Figura 4.19: Fator de recuperação - injeção de água e polímero (A) Teste 1 (B) Teste 2 (C)

Teste 3.

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101

Conforme ilustra a Figura 4.20, os fatores de recuperação são bastante similares para

todos os métodos de recuperação avaliados até o instante de irrupção da solução salina. Deste

ponto em diante, como pode ser observado na Figura 4.19 e na Figura 4.20, a injeção de

polímeros, em todos os testes, apresenta fatores de recuperação superiores em relação à injeção

de água.

Figura 4.20: Fator de Recuperação ao longo de 2 PVinj - injeção de água e polímero (A) Teste

1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

No teste 1, o qual representa a injeção contínua de polímeros, é possível notar que as

diferenças entre os fatores de recuperação associados à injeção de água e à injeção polímeros

são mais significativas ao longo dos dois primeiros volumes porosos injetados (Figura 4.20 -

A). Após isso, os FR tendem a ser mais próximos, como pode ser visto na Figura 4.19-A. Isto

evidencia a capacidade da injeção de polímeros em, principalmente, antecipar a produção de

óleo.

Nos testes 2 e 3, como esperado, os maiores incrementos no FR foram observados ao

longo do primeiro volume poroso injetado, uma vez que as soluções poliméricas que

representam os bancos de gradação polimérica foram injetadas no decorrer deste período

(Figura 4.20 – B e C). Quando se inicia a injeção de solução salina, após a injeção dos bancos,

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102

tem-se uma redução entre os incrementos do FR obtidos pela injeção convencional de água e o

processo de gradação viscosa, nas duas configurações avaliadas. Embora, a partir de um dado

instante, o fluido injetado seja somente solução salina, os fatores de recuperação atrelados ao

processo de gradação viscosa continuam sendo mais elevados em relação à injeção

convencional de água devido à retenção do polímero no meio poroso. A retenção, como já

explicitado anteriormente, reduz a permeabilidade efetiva à agua resultando assim em razões

de mobilidade mais favoráveis.

A Tabela 4.21 apresenta os fatores de recuperação finais obtidos pelos métodos de

recuperação avaliados em cada um dos testes assim como os incrementos de recuperação (ΔFR).

Tabela 4.21: Fator de recuperação final e incremento de recuperação final

Testes FR Final – Injeção

de Polímero (%)

FR Final – Injeção

de Água (%)

ΔFR (%)

1 72.9 65.5 7.45

2 71.9 68.0 3.96

3 68.0 62.9 5.11

Os maiores incrementos nos fatores recuperação relacionado à injeção de polímeros,

nos três testes, são devidos à redução da razão de mobilidade, promovida pela adição do

polímero à solução salina e à retenção do polímero no meio poroso. A Tabela 4.22 apresenta os

valores de razões de mobilidade terminais (MT) referente à injeção de água e à injeção de

polímeros para cada um dos testes realizados. Salienta-se que nos testes 2 e 3, as razões de

mobilidade terminais do processo de gradação viscosa foram calculadas com base nos valores

de viscosidades e permeabilidades efetivas (kwef-wat) das soluções salinas injetadas após os

bancos poliméricos. Apesar de não se considerar a viscosidade das soluções poliméricas

injetadas no cálculo da MT quando aplicada à injeção dos bancos de gradação polimérica, os

valores mais diminutos desta variável, se comparado aos obtidos na segunda embebição, estão

relacionados à redução da permeabilidade efetiva à água.

Tabela 4.22: Mobilidades Terminais

Testes MT – Injeção de Água MT – Injeção de Polímero

1 8.25 1.10

2 6.36 3.32

3 9.50 4.62

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103

Embora a segunda embebição, etapa que representa a injeção de água, tenha sido

realizada em condições semelhantes nos três testes, os valores de MT obtidos em cada um dos

testes são diferentes. Esta diferença evidencia que as amostras selecionadas, por mais que

apresentem permeabilidades absolutas e porosidades similares, possuem heterogeneidades que

implicam no desempenho da injeção de água para a recuperação de óleo. O valor mais baixo

do MT do teste 2 é devido à maior permeabilidade efetiva ao óleo (koef-1D) da amostra 13C11.

Assim sendo, conforme apresenta a Figura 4.21, o teste 2 apresentou fatores de recuperação

mais expressivos em relação aos testes 1 e 3 durante a segunda embebição dos testes de

deslocamento.

Figura 4.21: Fator de recuperação - injeção de água (segunda embebição).

4.5.2 Razão Água Óleo Acumulada (RAO) e Corte de Água (Wcut)

Outra análise comparativa entre os métodos de recuperação foi feita através da razão

água-óleo acumulada e do corte de água. Por meio destes parâmetros avaliou-se o volume

produzido de água, variável também importante na comparação entre os métodos de

recuperação avaliados.

Os gráficos da Figura 4.22 apresentam a razão água óleo acumulada em função do

volume poroso injetado para a injeção de água e polímero nos três testes. Nesta figura, as RAOs

obtidas em cada um dos testes são apresentadas ao longo de 2,5 VP injetados, sendo este o

intervalo onde foram observadas as diferenças mais significativas para este parâmetro.

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104

Da Figura 4.22 nota-se através das linhas contínuas azuis e verdes, as quais

correspondem aos instantes de irrupção da solução salina e da solução polimérica,

respectivamente, o atraso do início da produção do fluido injetado durante a injeção de

polímeros, nos diferentes casos analisados, quando comparada à injeção de água. Além disso,

observa-se em todos os casos que a curva de RAO acumulada associada à injeção de água está

sempre acima daquela que representa a injeção de polímeros. Este aspecto das curvas indica

que para mesma quantidade de fluido injetado, a injeção de polímero produz um volume maior

de óleo do que a injeção de água. Tal afirmação é corroborada quando se observa as curvas de

corte de água na Figura 4.22, as quais indicam que para o mesmo PVinj tem-se um maior volume

de água produzida durante a injeção convencional de água.

A partir dos gráficos da Figura 4.23, pode-se fazer uma análise direta entre o corte de

água e a fração de óleo recuperado para os três testes. Destes gráficos constata-se que a curva

referente à injeção de polímero está sempre abaixo da curva que representa a injeção de água,

indicando que para recuperar quantidades equivalentes de óleo, a injeção de polímeros, nos

diferentes casos analisados, produz um volume de água menor.

Figura 4.22: RAO acumulada e WCUT para 2,5 PVinj - injeção de água e polímero. (A) Teste 1

(B) Teste 2 (C) Teste 3.

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105

Figura 4.23:Wcut em função do fator de recuperação - injeção de água e polímero (A) Teste

1 (B) Teste 2 (C) Teste 3.

4.6 Comparação entre os Métodos de Injeção de Polímeros

Esta seção do trabalho é voltada a comparar os métodos de injeção de polímero, isto é,

a injeção contínua de polímeros e a injeção dos bancos de gradação polimérica nas duas

configurações propostas.

4.6.1 Fator de Recuperação

Como primeira análise foram comparados os gráficos de fator de recuperação em função

do volume poroso injetado para cada um dos métodos de injeção de polímeros (Figura 4.24).

Conforme já exposto na Tabela 4.21 e como é indicado na Figura 4.24, o teste de injeção

contínua foi o que apresentou o maior fator de recuperação final (FR Final), sendo este igual a

72,9%. Os testes 2 e 3 tiveram FR finais equivalentes a 71,9 e 68,0%, respectivamente.

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106

Figura 4.24: Fator de recuperação dos diferentes métodos de injeção de polímeros.

A fim de analisar a evolução do FR de cada um dos testes em conjunto com os eventos

ocorridos ao longo da injeção, os FR foram comparados em momentos chaves da injeção. Estes

momentos foram nomeados da seguinte forma:

Irrupção: refere-se à irrupção do primeiro banco polimérico.

Banco I – Banco II: refere-se à entrada do segundo de polímero no meio poroso

(apenas para os testes 2 e 3).

Banco II – Água: refere-se à entrada da água que segue o segundo banco

polimérico no meio poroso (apenas para o teste 2).

Banco II – Banco III: refere-se à entrada do terceiro banco polimérico no meio

poroso (apenas para o teste 3);

Água pós Bancos: refere-se ao momento do teste em que se identificou o

deslocamento completo dos bancos poliméricos do meio poroso.

Na Tabela 4.23 são apresentados os valores dos FR em cada um dos momentos chave

para os três testes analisados.

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107

Tabela 4.23: Fator de Recuperação nos momentos chave.

FR – Teste 1 FR – Teste 2 FR – Teste 3

Irrupção 41,9% 42,9% 39,4%

Banco I – Banco II 42,9% 43,6% 40,0%

Banco II – Banco

III 48,2% 51,2% 47,1%

Banco II - Água 52,3% 55,7% 51,8%

Banco III – Água 54,1% 56,3% 52,2%

Água Pós Bancos 60,1% 59,2% 54,9%

Banco I – II: 0.31 PVinj; Banco II – III: 0.65 PVinj; Banco II – Água: 0.92 PVinj; Banco III – Água: 1.04

PVinj; Água pós Bancos– 1.8 PVinj;

Embora alguns dos eventos chave não ocorram em todos os testes (tal como a entrada

dos bancos poliméricos no teste de injeção contínua), manteve-se a nomenclatura indicada

acima para análise comparativa entre os testes associando-se a cada um destes eventos um PVinj

como referência. O PVinj de referência é aquele em que o evento ocorre no teste em que o mesmo

acontece. Desta forma, para um teste que não possui determinado evento, o FR apresentado

refere-se ao FR no PVinj de referência, conforme indicado no rodapé da Tabela 4.23.

Constatou-se que a partir da irrupção até o momento “Banco III-Água”, o teste 2 foi o

que apresentou os maiores FR. Além disso, notou-se que os FR do teste 1 foram mais expressivos

se comparados ao teste 3 para este mesmo intervalo de injeção.

Analisando o momento “Água Pós Bancos” é possível avaliar o desempenho da água

injetada pós bancos poliméricos em ambas as configurações do processo de gradação viscosa.

O momento chave referido foi definido como aquele correspondente à injeção de cerca de 1.8

PVinj, onde notou-se por meio das Figura 4.25 e Figura 4.26 que, após o início da injeção de

água nos testes 2 e 3, as pressões indicadas pelos transdutores estabilizavam-se. Embora seja

difícil discernir o exato momento em que houve o deslocamento total dos bancos poliméricos

do meio poroso, as pressões servem como um bom indicativo dos instantes dos eventos, tal

como o deslocamento completo dos bancos poliméricos através das amostras.

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108

Figura 4.25: Histórico de Pressão indicando o momento chave "Água pós bancos"; Variação

do FR entre o início da injeção de água e o momento chave " Água pós bancos"- Teste 2.

Figura 4.26: Histórico de Pressão indicando o momento chave "Água pós bancos"; Variação

do FR entre o início da injeção de água e o momento chave " Água pós bancos"- Teste 3.

Como apresentado na Tabela 4.23 e nas Figura 4.25 e 4.26, os FR obtidos no momento

“Água pós bancos” para os testes 2 e 3 foram, respectivamente, 59,2% e 54,9%. Avaliando a

variação do FR entre o início da injeção de água (momento banco II – água no teste 2; momento

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109

banco III – água no teste 3) e o momento “Água pós bancos” obteve-se um aumento de 3,5% e

2,7% nos testes 2 e 3, respectivamente. A análise desta variação é particularmente importante

para o processo de gradação viscosa pois está se avaliando a forma como a água de injeção está

interagindo com os bancos poliméricos à frente dela. Neste caso, os valores indicam que o

banco de polímero empurrado pela água no teste 2 foi mais eficiente na recuperação de óleo do

que no teste 3. Embora seja importante destacar que este aumento do FR neste intervalo refere-

se à injeção de um volume de água equivalente a 0,88 PVinj e 0,76 PVinj para os testes 2 e 3,

respectivamente. Ainda que haja esta distinção entre a quantidade de água injetada entre o início

da injeção água e o momento “Água pós bancos” nos testes 2 e 3, constatou-se que se houvesse

um aumento do volume de água injetada para 0,88 PVinj no teste 3 a variação do fator de

recuperação entre os momentos referidos seria de 2,8%, permanecendo menor do que a

observada no teste 2.

Em uma análise comparativa entre o teste 1 e os testes 2 e 3 notou-se que a variação do

FR após o primeiro VPinj (ponto onde aproximadamente se inicia a injeção de água nos processos

de gradação viscosa) e o final da injeção não apresenta diferenças consideráveis. Conforme

demonstra a Tabela 4.24, a variação do FR entre o início da injeção da água e o final da injeção

nos testes 2 e 3 foi de 16,2 e 15,8%, respectivamente. Enquanto que no teste 1, as variações do

FR para os intervalos avaliados nos testes 2 e 3 corresponderam a 20,6 e 18,8 % (Tabela 4.24).

Embora a injeção contínua de polímeros tenha apresentado um FR maior para os intervalos

analisados, é notório que a quantidade de polímero injetado no decurso dos períodos de injeção

avaliados é consideravelmente maior, podendo ser inviável em situações de campo.

Tabela 4.24: Fator de recuperação e variação do fator de recuperação

Testes Fr Final FR (Banco

II – Água)

FR (Banco

III - Água)

Variação

FR Final – FR

(Banco II –

Água)

FR Final – FR

(Banco III –

Água)

Teste 1 72.9% 51.3% 53.2% 20.6% 18.8%

Teste 2 71.9% 55.7% - 16.2% -

Teste 3 68.0% - 52.2% - 15.8%

4.6.2 Incremento de Recuperação

A Figura 4.27 apresenta o incremento de recuperação da injeção de polímero em relação

à injeção de água em função do PVinj para cada um dos testes analisados. Nota-se que os maiores

incrementos de recuperação obtidos durante os testes 2 e 3 ocorreram no momento da irrupção

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110

do fluido injetado (polímero), sendo estes iguais a 18,1% e 14,3%, respectivamente. Após isso,

à medida que os bancos poliméricos menos concentrados (menos viscosos) se deslocavam

através do meio poroso observou-se uma queda dos incrementos de recuperação até que fosse

atingida uma estabilização ao final do processo de injeção.

No que diz respeito ao teste 1, o maior incremento de recuperação, ocorreu após ter sido

injetado um volume de solução polimérica equivalente a 1,2 VP, sendo este igual a 18.9%.

Além disso, é possível constatar que em grande do processo de injeção, os incrementos de

recuperação atrelados ao teste 1, foram superiores àqueles dos testes 2 e 3. Isto está associado

ao fato de a injeção contínua manter um fluido de injeção com baixa mobilidade durante todo

experimento, enquanto que no processo de gradação viscosa há a substituição por fluidos de

maior mobilidade (viscosidades menores).

Figura 4.27: Incremento de recuperação (ΔFR) dos testes 1, 2 e 3.

Teoricamente, até o momento “Banco I – Banco II” (0,31 PVinj), os incrementos e os

fatores de recuperação obtidos em cada um dos testes deveriam ser semelhantes, uma vez que

está se injetando a mesma solução polimérica para deslocar óleos de viscosidades similares

(240 cP). Porém, de acordo com a Figura 4.27 e a Tabela 4.23, os incrementos e o fatores de

recuperação obtidos no teste 2 até o momento chave referido foram maiores se comparado aos

testes 1 e 3. Esta dissonância entre os testes é devida às distintas permeabilidades efetivas ao

óleo (koef-2D) e à água (kwef-Wat) apresentada pela amostra utilizada no teste 2. Conforme dados

da Tabela 4.25, a razão entre as permeabilidades efetivas à água e ao óleo calculada ao final do

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111

teste 2 é menor do que aquela estimada no teste 3, indicando assim razões de mobilidade

terminais (MT) menores, i.e. mais favoráveis. Salienta-se que apesar dos valores de

permeabilidade efetivas serem estimados para as saturações residuais, eles servem como um

bom indicativo do que possivelmente possa ter acontecido durante toda injeção.

Tabela 4.25: Permeabilidades efetivas aos fluidos, razão entre as permeabilidades efetivas e

mobilidade terminal

Testes

Permeabilidade

Efetiva ao Óleo

(koef – 2D)

Permeabilidade

Efetiva à Água

(kweff-Wat)

𝒌𝒘𝒆𝒇−𝑾𝒂𝒕

𝒌𝒐𝒆𝒇−𝟐𝑫 MT

Teste 2 3138.3 29.6 0.009 3.32

Teste 3 2584.3 33.4 0.013 4.62

Em função da maior estabilidade entre a água injetada e o banco polimérico à frente

dela, eram esperados fatores e incrementos de recuperação maiores no decorrer do teste 3

quando comparado ao teste 2, conforme a literatura (MUNGAN, 1971; STONERBERGUER

& CLARIDGE, 1988). Entretanto, como demonstrado pelos gráficos da Figura 4.24 e Figura

4.27 bem como pela análise da variação do FR entre o início do processo de injeção de água e

o momento chave “água pós bancos”, o teste 2 mostrou-se mais eficiente do que o teste 3 nas

condições representadas pelos experimentos realizados neste trabalho. Este resultado

aparentemente contraditório é provavelmente devido às diferentes permeabilidades

apresentadas pelas amostras utilizadas nos testes 2 e 3, conforme apresentado pela Tabela 4.25.

4.6.3 Razão Incremento de Recuperação e Massa de Polímero Injetada – ΔFR/MPINJ

Tendo em vista que a distinção entre a injeção contínua (teste 1) e o processos de

gradação viscosa (testes 2 e 3) baseia-se na quantidade de polímero injetado, elaborou-se o

gráfico da Figura 4.28, que apresenta a razão entre o incremento de recuperação e a massa de

polímero injetada (ΔFR/MPINJ) em função do PVinj para cada um dos testes. Conforme

demonstra esta mesma figura, o valor máximo para a razão avaliada nos três testes ocorre no

ponto da irrupção da solução polimérica. Pelo gráfico da Figura 4.27, constata-se que na

irrupção os incrementos de recuperação obtidos pelos testes 1 e 3 são similares, entretanto, após

isso, o teste 1 apresenta ΔFR maiores que o teste 3. Embora apresente incrementos de

recuperação superiores, o teste 1 apresenta valores menores para a razão ΔFR/MPINJ quando

comparado ao teste 3 após a irrupção. Os maiores valores desta razão no teste 3 está atrelado

ao deslocamento dos bancos poliméricos menos concentrados (menor massa de polímero) na

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112

amostra ao longo do primeiro PVinj. Esta razão ΔFR/MPINJ indica uma possível melhora na

economicidade do projeto de gradação viscosa quando comparado ao processo de injeção

contínua.

No que diz respeito ao teste 2 em relação aos demais, a razão ΔFR/MPINJ sempre foi

maior para este uma vez que ao longo do intervalo avaliado os incrementos de recuperação

foram maiores em relação aos testes 1 e 3 e a massa de polímero de injetada é igual ao do teste

3. O maior ΔFR está provavelmente associado à uma condição de mobilidade mais favorável no

teste 2 devido às diferentes condições de permeabilidade já explicitadas na Tabela 4.25.

Figura 4.28: Razão ΔFR/MPinj dos testes 1,2 e 3.

4.7 Tabela Resumo

A Tabela 4.26 traz os principais dados dos fluidos, amostras utilizadas nos testes bem

como das diferentes etapas dos testes de deslocamento.

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113

Tabela 4.26: Resumo dos principais dados obtidos ao longo dos experimentos. D

ad

os

de

Flu

idos Parâmetros Legenda Teste 1 Teste 2 Teste 3 Unidades

Densidade da água ρw 1.06 1.06 1.06 g/cm³

Densidade do Óleo ρo 0.981 0.981 0.981 g/cm³

Viscosidade da Água µw 0.68 0.67 0.67 cP

Viscosidade Óleo µo 241.8 240.6 240.5 cP

Viscosidade Polímero µ B1/B2 /B3 23.5 23.5/12.5 23.5/12.5

/6.9 cP

Dim

ensõ

es e

Petr

ofí

sica

Bási

ca

Comprimento L 26.7 26.8 27.0 cm

Diâmetro D 3.73 3.72 3.72 cm

Área A 10.9 10.9 10.9 cm²

Volume Poroso PV 86.9 87.0 87.4 cm³

Permeabilidade ao Gás Kg 5611 5665 5710 mD

Porosidade ϕ 30.0 30.0 30.0 %

Permeabilidade Absoluta à Água Kw 5586 5429 2601 mD

Pri

mei

ra D

ren

agem

Volume Poroso Injetado até a

Irrupção de Òleo

PVinj BT-

1D 0.71 0.70 0.65 -

Volume Poroso Injetado até o

final da etapa PVinj final 6.68 7.09 7.21 -

Saturação de Água Residual Swi-1D 28.0 29.7 27.7 %

Saturação de Óleo So-1D 72.0 70.3 72.3 %

Permeabilidade Efetiva ao óleo na

saturação de água residual koef-1D 3628.5 4146.9 3436.9 mD

Seg

un

da E

mb

ebiç

ão

Volume Poroso Injetado até a

Irrupção de Água

PVinj BT-

2E 0.190 0.156 0.166 -

Fator de Recuperação na Irrupção FRBT-2E 26.3 22.2 22.7 %

Volume Poroso Injetado até 80%

Wcut

PVinj

Wcut-80 1.51 1.50 1.50 -

Fator de Recuperação até 80%

Wcut FR Wcut-80 40.4 44.7 41.7 %

Volume Poroso Injetado até 95%

Wcut

PVinj

Wcut-95 8.00 8.36 8.32 -

Fator de Recuperação até 95%

Wcut FR Wcut-95 60.7 62.9 58.2 %

Volume Poroso Injetado até o

Final do Teste PVinj final 20.0 19.9 19.8 -

Fator de Recuperação no Final do

Teste FR Final 65.5 68.0 62.9 %

Saturação de Óleo Residual Sor – 2E 24.8 21.4 26.5 %

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114

Saturação de Água Sw – 2E 74.0 78.6 73.5 %

Permeabilidade Efetiva à água na

saturação de óleo residual kwef-2E 85.3 74.4 91.3 mD

Razão de Mobilidade Terminal MT w,o 8.25 6.36 9.50 -

Seg

un

da D

ren

agem

Volume Poroso Injetado até a

Irrupção de Òleo

PVinj BT-

2D 0.38 0.38 0.38 -

Volume Poroso Injetado até o

final da etapa PVinj final 6.91 6.89 6.96 -

Saturação de Água Residual Swi-2D 34.3 37.7 30.0 %

Saturação de Óleo So-2D 74.0 78.6 73.5 %

Permeabilidade Efetiva ao óleo na

saturação de água residual koef-2D 2823.3 3138.3 2584.3 mD

Inje

ção d

e P

olí

mer

os

Volume Poroso Injetado até

Irrupção do Polímero PVinj - P 0.275 0.272 0.275 -

Fator de Recuperação até a

Irrupção de Polímero FR BT - P 41.9 42.9 39.4 %

Volume Poroso Injetado até o fim

do Banco 1 e o início do Banco 2

PVinj B1-

B2 0.306 0.306 0.309 -

Fator de Recuperação até o fim do

Banco 1 e o início do Banco 2 FR B1-B2 42.9 43.6 40.0 %

Wcut até o fim do Banco 1 e início

do Banco 2

Wcut B1-

B2 9.09 9.74 9.39 %

Volume Poroso Injetado até o fim

do Banco 2 e o início do Banco 3

PVinj B2-

B3 0.653 0.653 0.653 -

Fator de Recuperação até o fim do

Banco 2 e o início do Banco 3 FR B2-B3 48.2 51.2 47.0 %

Corte de Água até o fim do Banco

2 e início do Banco 3

Wcut B2-

B3 51.4 51.0 49.6 %

Volume Poroso Injetado até o fim

do banco 2 e o início da injeção

de água

PVinj B2-W 0.92 0.92 0.92 -

Fator de Recuperação até o fim do

banco 2 e o início da injeção de

água

FR B2-W 52.3 55.7 51.8 %

Wcut até o fim do banco 2 e o

início da injeção de água

Wcut B2-

W 62.6 61.4 60.6 %

Volume Poroso Injetado até o fim

do banco 3 e o início da injeção

de água

PVinj B3-W 1.04 1.04 1.04 -

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115

Fator de Recuperação até o fim do

banco 3 e o início da injeção de

água

FR B3-W 54.1 56.3 52.2 %

Wcut até o fim do banco 3 e o

início da injeção de água

Wcut B3-

W 65.8 65.7 64.9 %

Volume Poroso Injetado até 80%

Wcut

PVinj Wcut-

80

Não

consta 1.85 1.85 -

Fator de Recuperação até 80%

Wcut FR Wcut-80

Não

consta 59.2 54.9 %

Volume Poroso Injetado até 95%

Wcut

PVinj Wcut-

95 9.70 8.11 8.07 %

Fator de Recuperação até 95%

Wcut FR Wcut-95 74.2 68.3 64.7 %

Volume Poroso Injetado até o

Final do Teste PVinj final 14.9 14.8 14.3 -

Fator de Recuperação no Final do

Teste FR final 74.2 71.9 68.0 %

Saturação de Óleo Residual Sor –P 17.8 17.9 23.5 %

Saturação de Água Sw - P 82.2 82.1 76.5 %

Razão de Mobilidade Terminal MT p,o 1.10 3.32 4.62 -

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116

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Este capítulo apresenta as principais conclusões encontradas ao longo do

desenvolvimento deste trabalho e sugestões para futuros trabalhos.

O presente projeto visou a análise da injeção de polímeros como método de recuperação

melhorada de óleo pesado, por meio da técnica de gradação viscosa. Os resultados foram

avaliados e comparados com a injeção convencional de água e a injeção contínua de polímero.

O trabalho experimental foi dividido em três etapas: seleção e caracterização petrofísica das

amostras, projeto e caracterização reológica dos fluidos e, por fim, o desenvolvimento dos testes

de deslocamento.

5.1 Conclusões

A partir dos resultados foi possível compilar as seguintes conclusões para cada uma das

etapas citadas:

- Caracterização Petrofísica das Amostras:

As amostras selecionadas para os testes de deslocamento apresentaram porosidades (30%)

e permeabilidades absolutas semelhantes (≈5700 mD), e os respectivos valores estavam

dentro dos critérios de seleção para injeção de polímeros.

- Caracterização Reológica dos Fluidos:

Tanto a mistura óleo querosene quanto a solução salina utilizada nos testes de deslocamento

apresentaram comportamento Newtoniano, cujos valores de viscosidade corresponderam a

aproximadamente 240 e 0,7 cP na temperatura do teste (40°C);

Todas as soluções poliméricas de Floopam 5115SH apresentaram comportamento

pseudoplástico, tendo suas curvas de fluxo bem ajustadas pelo modelo de Ostwald-de-

Waele.

A diminuição da concentração de polímero reflete em viscosidades aparente mais diminutas

e uma redução do comportamento pseudoplástico das soluções poliméricas.

Os valores de concentração crítica determinados neste trabalho foram da ordem de 400 ppm

e estão de acordo com a literatura.

Os valores de viscosidade aparente (@ 7.8 s-1) das soluções poliméricas utilizadas nos testes

de deslocamento corresponderam a 23,7, 12,5 e 6,9 cP para os bancos 1, 2 e 3,

respectivamente, na temperatura do teste (40°C).

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117

- Testes de Deslocamento:

Os valores de permeabilidade absoluta medidos a partir da injeção de solução salina foram

similares àqueles medidos pela injeção de nitrogênio para amostras utilizadas no teste 1

(13C11) e 2 (13C7). A amostra utilizada no teste 3 (13C10), contudo, apresentou valores

de permeabilidade absoluta ao gás e à água bastante distintos. Esta diferença foi atribuída à

movimentação de finos ao longo das medidas com água.

Baseadas nas constatações realizadas por Craig (1971) e nas curvas de permeabilidade

relativa obtidas pelo método JBN, constatou-se que os arenitos utilizados durante os testes

de deslocamento são fortemente molháveis à água.

Os deslocamentos de água por óleo caracterizaram-se por ser do tipo pistão, tendo grande

parte do fluido deslocado produzido no momento da irrupção.

A injeção de polímeros, nas diferentes perspectivas avaliadas, apresentou fatores de

recuperação finais (≈ 71%) maiores do que a injeção convencional de água (≈ 65%). As

maiores diferenças entre os fatores de recuperação dos métodos avaliados ocorreram ao

início do processo de injeção, sendo estas da ordem de 18,9, 18,1 e 14,3% para os testes 1,

2 e 3, respectivamente.

A água injetada após os bancos poliméricos nos testes 2 e 3 mostrou-se ser mais eficiente

do que a injeção convencional de água, apresentando mobilidades terminais 50% menores

em relação à injeção de água. Atribui-se este resultado à retenção polimérica no meio poroso

(com fatores de resistência residual de aproximadamente 2.5) a qual reduz a permeabilidade

efetiva à água após a injeção dos bancos de gradação polimérica.

A injeção de polímeros promoveu um atraso na irrupção do fluido injetado quando

comparada à injeção de água. Enquanto que na injeção de polímeros a irrupção do fluido

injetado ocorreu após ter sido injetado um volume equivalente a 27% do VP, na injeção de

água isto ocorreu quando foi injetado cerca de 16% do VP.

A injeção contínua de polímeros (teste 1) bem como a passagem das soluções poliméricas,

no meio poroso, durante os processos de gradação viscosa, proporcionaram uma redução

das razões de mobilidade terminais em relação à injeção de água. As razões de mobilidade

terminais menores refletem em uma melhora na eficiência de deslocamento durante a

injeção de polímeros nas diferentes perspectivas avaliadas, bem como uma redução do

volume fluido injetado necessário para recuperar uma dada quantidade de óleo.

Os resultados determinados para o processo de gradação viscosa indicaram que este

esquema de injeção de polímeros pode ser mais viável do ponto vista econômico do que a

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118

injeção de contínua. Esta constatação fundamenta-se nos valores encontrados para a razão

entre o incremento do fator de recuperação e a massa de polímero utilizada (ΔFR/MPinj) bem

como na similaridade entre o desempenho da água pós bancos poliméricos (aumento do FR

de cerca de 16%), durante o processo de gradação viscosa, e da solução polimérica durante

o teste de injeção contínua (aumento do FR de aproximadamente 20%).

A análise dos fatores de recuperação em momentos chaves da injeção, do fator de

recuperação final bem como dos incrementos de recuperação de óleo demonstraram que o

teste 2, referente à configuração I do processo de gradação viscosa, mostrou-se mais

eficiente que o teste 3 (configuração II do processo de gradação viscosa). A maior eficiência

atrelada ao teste 2 foi atribuída às diferenças nos valores de permeabilidades efetiva ao óleo

e à água apresentada pela amostra 13C7 (utilizada no teste 2), não a configuração adotada

para o processo de gradação viscosa propriamente dita.

A mudança do volume do primeiro banco polimérico a partir do modelo de Claridge (1978)

foi considerada bem-sucedida, uma vez que se fosse adotado o valor indicado (9.51 PVinj)

pelo modelo, o processo de gradação viscosa não teria sentido pois o sistema já se

encontraria na saturação de óleo residual após a injeção do primeiro banco, conforme

indicado no teste de injeção contínua.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

Para trabalhos futuros, sugere-se:

A réplica do teste 2 em uma amostra que possua condições de escoamento mais

similares àquelas das amostras utilizadas nos testes 1 e 3. Desta forma, é possível avaliar

qual configuração do processo de gradação viscosa mostra-se mais eficiente na

recuperação de óleo pesado isolando-se eventuais heterogeneidades que influenciem no

desempenho dos métodos avaliados.

Realizar um teste de deslocamento com um banco polimérico seguido da injeção de

água e compará-lo com as configurações dos processos de gradação viscosa realizada

neste trabalho.

A inclusão de um viscosímetro capilar ao final do sistema a fim verificar as irrupções

das soluções poliméricas injetadas.

Modelar o processo de gradação viscosa em simuladores comerciais, reproduzir

numericamente os experimentos realizados e comparar os resultados simulados com os

resultados experimentais.

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119

Realizar uma análise econômica dos processos de gradação viscosa avaliados neste

trabalho em escala de campo, comparando-a com a injeção contínua de polímeros e com

outras configurações do processo citado.

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127

APÊNDICE A – CORREÇÃO DAS MEDIDAS DE VISCOSIDADE

De modo a verificar o erro sistemático do reômetro foram realizadas medidas de

viscosidade com fluidos padrões. Estes fluidos são óleo minerais que possuem valores de

viscosidade tabelados em diferentes níveis de temperatura. A comparação entre os valores de

viscosidade tabelados com os medidos pelo reômetro indicam o erro sistemático do

equipamento. A depender da faixa de viscosidade onde se encontra o fluido analisado, o erro

sistemático do reômetro pode ser diferente.

No caso da mistura óleo – querosene, analisou-se o óleo padrão OP100-IPT 83 a

temperatura de 20°C porque o valor de viscosidade tabelado atribuído a ele nesta condição

assemelhava-se à viscosidade da mistura óleo querosene na temperatura do teste. A correção da

viscosidade da solução salina não foi realizada uma vez que os valores de viscosidade

encontrados para a mesma eram baixos e as viscosidades dos fluidos padrões não

compreendiam valores desta magnitude.

No que tange às correções das viscosidades das soluções poliméricas utilizadas nos

testes de deslocamento, foi feita a caracterização reológica dos óleos padrões (OP 10-IPT 78;

OP 100-IPT 83) em faixas de viscosidade diferentes de modo que eles compreendessem

determinados intervalos de viscosidades e taxas de cisalhamento das soluções poliméricas

analisadas. Assim, a partir dos valores de viscosidade e taxa de cisalhamento compreendidos

no intervalo, era levantada uma curva de tendência associada à solução polimérica analisada e

esta, por sua vez, era corrigida pelo erro sistemático obtido da análise dos óleos padrões. Este

procedimento era realizado a partir da correção de três valores de viscosidades, e com base

nestes pontos era levantada a curva de tendência corrigida.

Destaca-se que nenhum dos valores de viscosidade corrigidos e necessários para

levantar a curva de tendência corrigida referia-se à viscosidade em 7.484 s-1 (tomada como

viscosidade da solução polimérica no reservatório). A viscosidade nesta taxa de cisalhamento

era corrigida a partir da nova curva de tendência. O erro sistemático, utilizado nas correções

das viscosidades necessárias para levantar a nova curva de tendência, foi tomado como sendo

a média dos erros sistemáticos de cada uma das faixas de viscosidade dos óleos padrões

analisados. A Figura A.1 apresenta um esquema do procedimento usado para corrigir a

viscosidade das soluções poliméricas usadas durante os testes de deslocamento.

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128

Figura A.1: Esquema demonstrando as principais etapas para a correção das viscosidades das

soluções poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento.

A.1 Mistura Óleo Querosene

A curva de fluxo do óleo padrão IPT 83-OP100 na temperatura de 20°C (Figura A.2)

demonstrou que, para a faixa de viscosidade analisada, há uma superestima dos valores de

viscosidade. Enquanto que o valor de viscosidade tabelado é de 285.8 cP, a média dos valores

de viscosidade obtidos pelo reômetro para óleo padrão é de aproximadamente 300 cP. Portanto,

tem-se um erro sistemático de aproximadamente 4.9%.

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129

Diante disso, houve uma redução dos valores de viscosidade da mistura óleo querosene

na temperatura do teste proporcional ao erro sistemático obtido. A Figura A.3 apresenta as

curvas de fluxo da mistura óleo querosene originais e as corrigidas para cada um dos testes. De

um modo geral, após a correção, as misturas óleo-querosene utilizadas nos testes de

deslocamento apresentaram uma viscosidade média equivalente a 240 cP.

Figura A.3: Curvas de fluxo das misturas óleo querosene originais e corrigidas (40°C). (A)

Teste 1;(B) Teste 2; (C) Teste 3.

Figura A.2: Curva de fluxo do óleo padrão IPT 83 – OP100 (20°C).

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130

A Tabela A.1 exibe as viscosidades médias da mistura óleo querosene antes e depois da

correção pelo erro sistemático.

Tabela A.1: Viscosidade médias das misturas óleo querosene originais e corrigidas.

Testes Erro

Sistemático

Viscosidade Média

Original (cP)

Viscosidade Média

Corrigida (cP)

Teste 1

4.9%

254.3 241.8

Teste 2 253.0 240.6

Teste 3 252.9 240.5

A.2 Soluções Poliméricas

As medidas de viscosidade das soluções poliméricas foram corrigidas a partir do

levantamento de uma nova curva de tendência em uma determinada região de valores de

viscosidade. Tratando-se das soluções poliméricas de 850 e 1250 ppm, foi utilizado o óleo

padrão OP10-IPT78 para a medição dos erros sistemáticos. As curvas de fluxo referentes às

três faixas de valores investigadas para a correção da viscosidade da solução de 850 ppm

apresentaram valores de viscosidade acima daqueles tabelados (Fiigura A.4-A), resultando em

um erro sistemático equivalente a 6.83%. O mesmo comportamento foi notado para os valores

de viscosidade utilizados para corrigir a viscosidade da solução de 1250 ppm (Figura A.4-B),

contudo, o erro sistemático foi de aproximadamente 6.92%. No que concerne à correção da

solução de 1850 ppm, foi utilizado o óleo padrão OP100-IPT83 para determinar o erro

sistemático. Similarmente ao óleo padrão OP10-IPT78, os valores de viscosidade indicados

pelo reômetro para OP100-IPT83 eram superestimados em cerca de 7.67% (Figura A.4-C).

As novas curvas de tendência para os diferentes intervalos investigados foram obtidas a

partir de uma redução, proporcional aos erros sistemáticos, dos valores de viscosidade

selecionados. A Figura A.5 apresenta as curvas de tendência originais e corrigidas das soluções

poliméricas utilizadas nos testes de deslocamento.

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131

Figura A.4: Curvas de fluxo dos óleos padrões OP10-IPT78 e OP100-IPT83 utilizadas para corrigir as

viscosidades das soluções poliméricas usadas nos testes de deslocamento. (A) Solução Polimérica 850

ppm (B) Solução Polimérica 1250 ppm (C) Solução Polimérica 1850 ppm

Figura A.5: Curvas do Polímero Original e Corrigida (A) Solução Polimérica 1850 ppm (B)

Solução Polimérica 1250 ppm (C) Solução Polimérica 850 ppm

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132

Na Tabela A.2 são expressas as viscosidades originais e corrigidas das soluções

poliméricas selecionadas para os testes de deslocamento. Além disso, também são exibidas as

equações associadas às curvas das soluções poliméricas, nos intervalos de viscosidade

avaliados, antes e após a correção pelos erros sistemáticos.

Tabela A.2: Valores das viscosidades originais e corrigidas das solução poliméricas usadas

no testes de deslocamento

Solução

Polimérica

(ppm)

Erro

Sistemático

Equações (𝜇 = 𝐴 ∗ 𝛾𝐵) µoriginal

(cP)

µcorrigida

(cP) Curva do Polímero Curva do Polímero

Corrigida

850 6.83% 𝜇 = 11.341 ∗ 𝛾−0,201 𝜇 = 10.339 ∗ 𝛾−0,207 25.6 23.7

1250 6.92% 𝜇 = 23.291 ∗ 𝛾−0,269 𝜇 = 21.679 ∗ 𝛾−0,269 13.4 12.5

1850 7.67% 𝜇 = 52.286 ∗ 𝛾−0,346 𝜇 = 48.276 ∗ 𝛾−0,346 7.40 6.90

µ– viscosidade aparente (cP); γ – taxa de cisalhamento (s-1)

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133

APÊNDICE B – CORREÇÕES EM RAZÃO DOS VOLUMES

MORTOS

A representação correta do histórico volumétrico e dos tempos medidos passa

necessariamente pelas suas respectivas correções devido à presença dos volumes mortos de

saída (VMS) e entrada (VME) da amostra. O volume morto de entrada é o volume que o fluido

necessita percorrer antes de atingir a face de entrada na amostra, enquanto que o volume morto

de saída é o volume existente entre a face de saída da amostra e a proveta.

Necessita-se a retirada destes volumes da contabilidade dos volumes produzidos nos

testes pois eles não representam o volume de fluidos provindos da amostra. Além disso, deve-

se considerar os tempos associados a cada um dos volumes mortos, isto é, o tempo que o fluido

injetado leva para atingir a face de entrada da amostra (ΔTME) assim como o tempo que o fluido

demora até ser coletado (ΔTMS) (BENTO, 2015).

Este procedimento é aplicado desde da primeira drenagem até a injeção de polímeros.

A fim de melhor esclarecer o processo, toma-se como exemplo a segunda embebição. Antes de

iniciar a segunda embebição, o VME e VMS da amostra estão totalmente preenchidos com o óleo,

decorrente da primeira drenagem. Diante disso, não se deve considerar o óleo produzido pela

injeção de água antes que esta tenha atingido face de entrada amostra, ou seja, que seja

produzido um volume VME de óleo (RIOS, 2014). Além do VME, também é necessário

contabilizar um volume de óleo equivalente ao VMS, uma vez que este representa um volume

que não estava dentro da amostra.

O início da produção de óleo somente deve ser considerado após um intervalo de tempo

ΔTME, referente à produção de um volume VME de óleo. Diferentemente do tempo referente ao

VME, o intervalo de tempo relacionado ao VMS não precisa ser necessariamente desconsiderado

ao início do teste. A retirada deste intervalo de tempo, assim como do VMS, pode ser realizada

a qualquer momento até a irrupção do fluido injetado, no caso do exemplo utilizado, até a

irrupção da água (RIOS, 2014). Neste trabalho, determinou-se que a retirada do VMS e por

consequência do ΔTMS deveria ocorrer no momento da irrupção do fluido injetado.

Assim, em suma, quando se inicia o processo de injeção e coleta de fluidos, estes na

verdade referem-se a um volume e tempo antecedentes à chegada do fluido na amostra e um

tempo e volume posteriores a irrupção do fluido injetado na face de saída da amostra (BENTO,

2015). A contabilidade dos volumes mortos bem como dos instantes de tempo relacionados a

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134

eles é demonstrada nas equações B.1 a B.6. A Figura B.1 mostra o balanço volumétrico antes

e depois da correção dos volumes mortos.

Para Segunda Embebição e Injeção de Polímeros:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜∗ = {𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 − ∆𝑇𝑚𝑒 − ∆𝑇𝑚𝑠, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 ≥ ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

𝑂, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 < ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

Equação B.1

𝑁𝑝∗ = {

𝑁𝑝 − 𝑉𝑀𝐸 − 𝑉𝑀𝑆, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 ≥ ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

𝑂, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 < ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

Equação B.2

𝑊𝑝∗ = 𝑊𝑝 Equação B.3

Para as Drenagens:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜∗ = {𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 − ∆𝑇𝑚𝑒 − ∆𝑇𝑚𝑠, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 ≥ ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

𝑂, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 < ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

Equação B.4

𝑊𝑝∗ = {

𝑊𝑝 − 𝑉𝑀𝐸 − 𝑉𝑀𝑆, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 ≥ ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

𝑂, 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 < ∆𝑇𝑚𝑒 + ∆𝑇𝑚𝑠

Equação B.5

𝑁𝑝∗ = 𝑁𝑝 Equação B.6

Figura B.1: Exemplo de correção dos volumes mortos (A) Primeira Drenagem; (B) Segunda

Embebição

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135

ANEXO A – SELEÇÃO DA VAZÃO DOS TESTES DE

DESLOCAMENTO

A vazão utilizada nos testes de deslocamento foi determinada por meio do critério de Dos

Santos et al.. (1997). Em seu trabalho, os autores desenvolveram um sistema de desigualdades,

em termos de parâmetros adimensionais, que delimitam uma região de validade do método JBN

(Anexo B). Nesta região ou área é possível selecionar intervalos de velocidade, e portanto

vazões, para um dado comprimento de amostra, nos quais características físicas do escoamento,

necessárias para determinar as curvas de permeabilidade relativa pelo método JBN, e condições

operacionais do procedimento experimental, relativas às precisões das medidas das variáveis

indispensáveis para a utilização do método mencionado, são contempladas. De acordo com Dos

Santos et al.. (1997), as características físicas do escoamento e as condições operacionais do

experimento podem ser determinadas pelas seguintes inequações adimensionais:

Número Capilar (NC): A queda de pressão ao longo do testemunho deve ser insuficiente

para deslocar o óleo residual, que permanece imóvel. Assim, o número capilar, Equação

A.1, representa a condição de imobilidade de uma gota de óleo saturando o meio poroso

depois do deslocamento.

𝑁𝑐 =𝑈 ∗ 𝜇𝑜

𝜎<

√𝑘 ∗ ∅

𝑅 Equação A.1

R -raio do poro; k – permeabilidade absoluta da amostra; Ø – porosidade;

Razão Capilar-Viscosa (εc): Durante o escoamento, o gradiente de pressão capilar deve

ser pequeno quando comparada às influências das forças viscosas. Assim sendo, conforme

apresenta a Equação A.2, a razão capilar viscosa deve possuir um valor menor do que um.

𝜀𝑐 =𝜎 ∗ √𝑘 ∗ ∅

𝜇𝑜 ∗ 𝐿 ∗ 𝑈≪ 1 Equação A.2

σ – Tensão Interfacial água –óleo; µo – viscosidade do óleo; L – comprimento da

amostra; U – velocidade de deslocamento no meio poroso;

Razão Gravitacional-Viscosa (εg): A queda de pressão ao longo do testemunho devido às

forças viscosas deve ser consideravelmente maior que a diferença entre as pressões

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hidrostáticas dos fluidos presentes no meio poroso. Portanto, a razão gravitacional-viscosa,

Equação A.3, deve ser menor do que um.

𝜀𝑔 =(𝜌𝑤 − 𝜌𝑜) ∗ 2 ∗ 𝑔 ∗ 𝑟 ∗ 𝑘 ∗ 𝑘𝑟𝑜

𝜇𝑜 ∗ 𝐿 ∗ 𝑈≪ 1 Equação A.3

ρw – massa específica da água; ρo – massa específica do óleo; g – aceleração da

gravidade; kro – permeabilidade relativa ao óleo na saturação de água irredutível; r – raio da

amostra;

Representatividade Amostral (εs): Este parâmetro busca estabelecer um tempo mínimo

em que medidas de volume de fluidos devem ser tomadas. Caso a frequência de amostragem

seja baixa, o período de produção após a irrupção, o qual é fonte de informações sobre a

variação da permeabilidade relativa, será representado por poucos pontos. Esta baixa

amostragem pode ser insuficiente para representar a variação da saturação desde da frente

de avanço até o óleo residual. Portanto, a razão entre a amostragem volumétrica dos fluidos

e o volume poroso deve ser menor que um dado número α, conforme apresenta a Equação

A.4.

𝜀𝑠 =𝑈 ∗ 𝜋 ∗ 𝑟2 ∗ ∅ ∗ ∆𝑡∗

𝜋 ∗ 𝑟2 ∗ ∅ ∗ 𝐿≪ 𝛼

Equação A.4

Δt* - tempo de amostragem; α – 0.01 – 0.1;

O número capilar, a razão capilar viscosa e a razão gravitacional viscosa são parâmetros

que estão diretamente associados às características físicas do escoamento. Enquanto que a

representatividade amostral é um parâmetro atrelado às condições operacionais do

procedimento experimental. Embora haja a existência de outros parâmetros que exprimam

outras condições operacionais, neste trabalho, eles foram negligenciados. Segundo Dos Santos

et al.. (1997), durante a injeção convencional de água, estes parâmetros não possuem influência

na delimitação da área de validade para amostras com comprimento entre 0 e 1 m e velocidades

de escoamento entre 10-7 e 10-5 m/s.

A Figura A.1 apresenta a região de validade do método JBN quando se leva conta os

requisitos discutidos acima. Nesta figura, nota-se que a região de validade, pintada em azul, é

definida como sendo uma área comum às curvas dos parâmetros mencionados. A linha preta

pontilhada indica um intervalo de velocidade que possa ser adotado, para um dado comprimento

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137

de amostra, em que as condições físicas do escoamento e operacionais do experimento são

satisfeitas.

Os valores das variáveis necessárias para calcular os principais números adimensionais são

apresentados na Tabela A.1.

Tabela A.1: Valores das principais propriedades utilizadas para a determinação da vazão de

deslocamento pelo critério de Dos Santos et al. (1997).

Variável Unidades Teste 1 Teste 2 Teste 3

Tensão Interfacial N/m (0.015-0.03)

Porosidade % 0.30 0.30 0.30

Permeabilidade mD 5611 5665 5710

Massa Específica do Óleo (ρo) g/cm³ 0.931 0.931 0.931

Massa Específica da Água (ρw) g/cm³ 1.06 1.06 1.06

Raio do Poro µm 1.0 1.0 1.0

Diâmetro da Amostra cm 3.73 3.72 3.72

Viscosidade do Óleo cP 240 240 240

εc - 0.4 0.4 0.4

εg - 0.3 0.3 0.3

α - 0.1 0.1 0.1

Kro (swi) - 0.9 0.9 0.9

Tempo de Amostragem (Δt*) min 1125 1125 1125

Figura A.1: Critério Dos Santos et al. (1997) para a definição da vazão de deslocamento

dos testes

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138

Em função da indisponibilidade de equipamentos para medir a tensão interfacial entre a

água e o óleo na temperatura do teste, foi realizada uma análise de sensibilidade desta variável.

Este procedimento foi realizado uma vez que a tensão interfacial entre as diferentes fases no

meio poroso varia com a temperatura. Uma seleção errônea do valor de tensão interfacial

poderia inferir em vazões deslocamento que não permitissem a validação do método JBN.

Diante disso, a análise de sensibilidade foi realizada, utilizando 4 valores de tensão interfacial,

de modo a encontrar uma área de validade comum às diversas curvas de razão capilar viscosa

(εc) e número capilar (Nc).

A área em azul na Figura A.2 representa a área de validade comum às curvas obtidas

pela variação da tensão interfacial entre 0.015 e 0.03 N/m. Além dos parâmetros dependentes

da tensão interfacial, uma pequena parte da área de validade também é delimitada pela curva

referente à representatividade amostral, entretanto, isto se dá para amostras pequenas. A razão

gravitacional viscosa não teve influência na delimitação da área de validade, pois, de acordo

com DOS SANTOS et al. (1997), esta somente se sobrepõe à razão capilar viscosa (εc) em casos

que os meios porosos investigados apresentem altas permeabilidades (> 5*10-8 m

2).

Figura A.2: Área de Validade e Seleção da Vazão dos testes de escoamento através dos critérios

de Dos Santos et al. (1997)

A linha pontilhada e o ponto preto na Figura A.2 indicam o intervalo de velocidades,

para o comprimento das amostras dos testes, que satisfazem as condições físicas e operacionais

necessárias à validação do método JBN e a velocidade de escoamento utilizada nos testes de

deslocamento, respectivamente. As vazões alusivas às velocidades dos pontos terminal e final

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da linha pontilhada são apresentadas na Tabela A.2 bem como a vazão selecionada para os

testes de deslocamento.

Tabela A.2: Vazão dos Testes de Deslocamento

Vazão Mínima (cm³/min) Vazão Máxima (cm³/min) Vazão Escolhida (cm³/min)

0.10 0.53 0.40

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140

ANEXO B – DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE

PERMEABILIDADE RELATIVA

Através das curvas de permeabilidade relativa é possível representar a dinâmica de um

escoamento multifásico no meio poroso e, portanto, inferir a eficiência de um determinado

método de recuperação (vide a formulação relativa à razão de mobilidade) considerando a

saturação dos fluidos no meio analisado (SANABRIA, 2013). Os métodos laboratoriais para

levantar as curvas de permeabilidade relativa podem ser divididos em duas categorias: métodos

em regime permanente e transiente (HONARPOUR et al. 1986; DONALDSON, et al.,1985;

EZEKWE, 2010).

Segundo DONALDSON et al., 1985; EZEKWE, 2010; os métodos em regime

permanente fornecem resultados mais confiáveis quando comparados aos métodos em regime

transiente. Apesar do maior grau de confiabilidade atrelado aos métodos em regime

permanente, os seus experimentos são extremamente demorados levando horas ou até mesmo

dias para que as condições de equilíbrio sejam atingidas em cada uma das saturações avaliadas.

Basicamente, os experimentos dos métodos em regime permanente consistem na injeção

contínua e simultânea de dois ou mais fluidos na amostra do teste à pressão ou à vazão constante

até que seja atingido o equilíbrio de saturação e de pressão (HONARPOUR et al.. 1986;

EZEKWE, 2010).

A obtenção das curvas de permeabilidade relativa pelos métodos em regime transiente

é muito mais rápida, porém, exige cálculos matemáticos mais complexos. Um dos métodos em

regime transiente mais difundidos na literatura é o desenvolvido por Johnson et al.. (1959),

conhecido como método JBN, que calcula as curvas de permeabilidade relativa individualmente

mediante dados de produção e pressão coletados durante um teste de deslocamento. As bases

teóricas para o desenvolvimento deste método são fundamentadas na teoria de deslocamento

Buckley & Leverret (1942) e nas modificações apresentadas por Welge (1952).

Neste trabalho, em função do protocolo de testes desenvolvido, a determinação das

curvas de permeabilidade relativa restringiu-se aos métodos em regime transiente, mais

precisamente ao método JBN. O fluxograma da Figura B.1 apresenta os dados necessários e as

equações utilizadas para determinar as curvas de permeabilidade relativa durante a segunda

embebição.

Os históricos de pressão e produção apresentam imprecisões inerentes as suas

respectivas aquisições de modo que a aplicação direta destes dados no método JBN pode gerar

Page 141: AVALIAÇÃO DE BANCOS DE GRADAÇÃO VISCOSA NA ...repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/331326/1/...deslocamento a 40 C, utilizando arenitos altamente permeáveis provindos da formação

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curvas de permeabilidade relativa com formato irregular (RIOS, 2014). Neste sentido, utilizou-

se as equações B.1 e B.2 , desenvolvidas por Rios (2014), para suavizar os dados de produção

de óleo (Np) e pressão (P) e posteriormente calcular as curvas de permeabilidade relativa.

𝑁𝑝 = 𝑁𝑝0 +(𝑡 − 𝑡𝑜)𝐴2 ∗ (𝑁𝑝𝑓 − 𝑁𝑝𝑜)

𝐴1 ∗ (𝑡 − 𝑡𝑜)𝐴2 + (1 − 𝐴1) ∗ (𝑡𝑓 − 𝑡𝑜)𝐴2

Equação B.1

𝑃 = 𝑃𝑜 +(𝑡 − 𝑡𝑜)𝐴4 ∗ (𝑃𝑓 − 𝑃𝑜)

𝐴3 ∗ (𝑡 − 𝑡𝑜)𝐴4 + (1 − 𝐴3) ∗ (𝑡𝑓 − 𝑡𝑜)𝐴4

Equação B.2

Nas equações B.1 e B.2, P e t representam os dados de pressão obtidos e o tempo

medido, respectivamente. Os índices ()o e ()f referem-se, nesta ordem, a valores iniciais e finais

das variáveis. Os termos A1, A2, A3 e A4 são constantes definidas a partir da minimização dos

quadrados das diferenças entre os valores experimentais e os calculados pelas equações B.1 e

B.2.

Figura B.1: Fluxograma com dados e formulações utilizadas para obtenção das curvas de

permeabilidade relativa através do método JBN