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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS VEGETAIS EM BIODIESEL DE SOJA BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL NOELLEN CAROLINE CAVALCANTI DE ARAUJO Rondonópolis, MT 2019

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS VEGETAIS EM

BIODIESEL DE SOJA

BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

NOELLEN CAROLINE CAVALCANTI DE ARAUJO

Rondonópolis, MT – 2019

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AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE

EXTRATOS VEGETAIS EM BIODIESEL DE SOJA

por

Noellen Caroline Cavalcanti de Araujo

Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como

parte dos requisitos do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e

Ambiental para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola e

Ambiental

Orientadora: Prof.ª Dra. Silmara Bispo dos Santos

Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil

2019

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela oportunidade e força para chegar até o final deste sonho.

À toda a minha família, principalmente aos meus pais, pelo amor, apoio, ensinamentos

e por sempre estarem presentes.

À Professora Silmara Bispo dos Santos por toda dedicação, confiança, orientação,

inspiração, carinho e amizade.

À Maria Aparecida e sua mãe Maria Josefa por todo carinho, apoio e amizade.

À Ellen Fontana pelo exemplo, paciência, amizade, ensinamentos e carinho.

Aos meus amigos Aghton Dourado, Fernanda Vilas, Paloma Mendes, Fabrício Siqueira,

Karoline Yasmim, Rílary Abreu, Luana Menegaz e Gean Marcos.

A todos do Laboratório de Simulação e Biocombustíveis, Henrique MT, Emanuel,

Chico e Eduardo.

Aos professores do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental.

E a todos aqueles que me auxiliaram de alguma forma durante todo este período.

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“Sonhar grande e pequeno dá o mesmo trabalho.”

J. P. Lemann

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RESUMO

O biodiesel é um combustível considerado como alternativa ao diesel derivado do petróleo,

exatamente por não conter enxofre e gerar baixos níveis de poluição. Entretanto, uma das

limitações atualmente encontrada para o aumento do uso do biodiesel em motores está

relacionada com a estabilidade oxidativa durante o armazenamento. O objetivo deste trabalho

foi analisar o efeito do uso de extratos vegetais de alecrim (Rosmarinus officinalis L.), mostarda

(Brassica Juncea) e tomilho (Thymus vulgaris) sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel de

soja. Foram utilizadas duas metodologias de obtenção dos extratos vegetais, em que a primeira

consistiu na extração por Soxhlet com hexano, utilizando o alecrim e a mostarda como

tratamentos, e a outra com a extração a frio com etanol, empregando o alecrim e o tomilho

como tratamentos. Foi realizado um teste preliminar com os extratos de mostarda e alecrim em

diferentes doses, a fim de selecionar um produto para avaliação ao longo de 147 dias de

armazenamento, em que foi escolhido o extrato de alecrim com a dose de 10000 ppm. Em

seguida, foi avaliada a dose de 10000 ppm dos extratos de alecrim e tomilho, obtidos com

etanol, e o cruzamento destes tratamentos, em dois períodos, 24 horas e 15 dias. O extrato de

alecrim não foi efetivo no aumento do período de indução durante o armazenamento, entretanto

apresentou efeito estabilizante. O extrato de tomilho apresentou efeito antioxidante imediato,

no entanto, indicou a redução do seu potencial ao longo do tempo, assim como o cruzamento

dos tratamentos. O extrato de alecrim, obtido com etanol, indicou potencial ao longo do tempo.

Palavras-chave: Biodiesel; Extratos vegetais; Antioxidante.

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ABSTRACT

The Biodiesel is a fuel seen as an alternative to diesel coming from petroleum because it does

not contain sulfur in its composition and generate low levels of pollution. However, one of the

limitations found nowadays for the increase of Biodiesel using in engines is related with the

oxidative stability during storage. The goal in this assignment was to analyze the effect of the

use of Rosemary (Rosmarinus officinalis L.), mustard (Brassica juncea) and thyme (Thymus

vulgaris). Two plant extraction methodologies were used, which initially consisted of a Soxhlet

extraction with hexane, using rosemary and most treatments, and another with plant extraction

using alcohol, allergy and care as treatment. A preliminary test was performed with mustard

extracts and foundations at different doses, with the objective of selecting a product for

evaluation over 147 days of storage, in which the rosemary extract at a dose of 10000 ppm was

chosen. Then, a dose of 10,000 ppm of rosemary and thyme extracts was evaluated, with the

drug appearing in two days, 24 hours and 15 days. Rosemary extract was not effective in

increasing the induction period during the storage process, in all the stabilizing effect state. The

thyme extract released immediate antioxidant effect, however, indicated the reduction of its

potential over time, as well as the intersection of treatments. Rosemary extract, obtained with

ethanol, indicated potential over time.

Keywords: Biodiesel; Vegetable extract; Antioxidant.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema geral do mecanismo de auto-oxidação. RH - ácido graxo insaturado; R* -

radical livre; ROO* - radical peróxido e ROOH – hidroperóxido (Frankel, 1980). ................. 20

Figura 2 Mecanismo de ação para os antioxidantes. ROO* e R* - radicais livres; AH -

antioxidante com um átomo de hidrogênio ativo e A* - radical inerte. .................................... 21

Figura 3 Obtenção do extrato de alecrim em Soxhlet .............................................................. 24

Figura 4 Processos de agitação (A) e filtragem (B).................................................................. 25

Figura 5 Rotaevaporador .......................................................................................................... 26

Figura 6 Extração do óleo de soja ............................................................................................ 27

Figura 7 Transesterificação do óleo de soja ............................................................................. 27

Figura 8 Separação do biodiesel e glicerina por decantação .................................................... 28

Figura 9 Processo de lavagem do biodiesel .............................................................................. 29

Figura 10 Amostras de biodiesel puro com sílica em gel ......................................................... 30

Figura 11 Montagem do experimento de estabilidade oxidativa .............................................. 31

Figura 12 Índice de Acidez ao longo do teste de envelhecimento em estufa ........................... 35

Figura 13 Resultados do período de indução do biodiesel de soja puro e tratado com extrato de

alcoólico de alecrim ao longo do armazenamento.................................................................... 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Propriedades da amostra de biodiesel de soja puro (B100) – Metodologia I ............ 33

Tabela 2 Médias e desvios padrões para índice de acidez, índice de iodo, densidade relativa a

20 °C, viscosidade cinemática a 40 °C e índice de oxidação para o biodiesel puro e tratado com

extrato alcoólico de alecrim ao longo o armazenamento ......................................................... 37

Tabela 3 Propriedades da amostra de biodiesel de soja puro (B100) – Metodologia II ........... 39

Tabela 4 Médias e desvio padrões para os períodos de indução (h) 24 horas e 15 dias após a

aplicação dos tratamentos ......................................................................................................... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

EA Extrato de Alecrim

EAA Extrato Alcoólico de Alecrim

ET Extrato de Tomilho

EM Extrato de Mostarda

AITC Allyl Isotiocianato

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 15

Gerais .................................................................................................................................... 15

Específicos ............................................................................................................................ 15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 16

3.1. Biodiesel .................................................................................................................... 16

3.2. Parâmetros de qualidade do biodiesel ........................................................................ 18

3.3. Degradação do biodiesel e problemas associados ..................................................... 19

3.4. Controle da degradação do biodiesel ......................................................................... 20

3.5. Uso de extratos vegetais no controle da degradação do biodiesel ............................. 22

4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 23

4.1. Extratos obtidos por Soxhlet com hexano ................................................................. 23

4.2. Extratos obtidos por decocção seguido de agitação a frio com etanol ...................... 25

4.2.1. Produção do biodiesel ......................................................................................... 26

4.3. Análise da estabilidade oxidativa .............................................................................. 30

4.4. Análise do índice de acidez ....................................................................................... 31

4.5. Análise do índice de iodo ........................................................................................... 31

4.6. Análise da densidade relativa a 20 °C ....................................................................... 31

4.7. Análise da viscosidade cinemática a 40 °C ............................................................... 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 33

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 42

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a ANP, biocombustíveis são “derivados de biomassa renovável que podem

substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores

a combustão ou em outro tipo de geração de energia”. Além disso, ainda segundo a ANP, os

dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol, obtido a partir de cana-

de-açúcar e, em escala crescente, o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais ou de

gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis.

Após a extração, os óleos de origem vegetal possuem determinada estabilidade química,

relacionada, principalmente, à presença de antioxidantes naturais (FERRARI e SOUZA, 2009).

Entretanto, durante o processamento desse óleo, os compostos antioxidantes naturalmente

presentes são eliminados e o biodiesel obtido possui menor estabilidade quando comparado ao

óleo que o originou.

O biodiesel tende a se deteriorar devido a reações hidrolíticas e oxidativas, o que pode

levar à formação de produtos insolúveis causando problemas no sistema de injeção de

combustível. De acordo com Schober e Mittelbach (2004), a formação de ácidos orgânicos

aumenta a acidez total do combustível e consequentemente, o risco de corrosão do motor e do

sistema de distribuição do combustível.

Segundo Ferrari (2005), os processos de degradação oxidativa do biodiesel são

determinados conforme a natureza dos ácidos graxos utilizados em sua produção, o grau de

insaturação dos ésteres que o compõem, o processo de produção adotado e fatores externos.

Desta maneira, diversos pesquisadores estudaram o efeito de fatores como exposição à

luz, exposição ao ar, temperatura e presença de umidade e/ou contaminantes sobre os processos

oxidativos que ocorrem durante o armazenamento de biodiesel obtido de diferentes oleaginosas

(BONDIOLI et al., 1995; PRANKL e SCHINDBAUER, 1998; MITTELBACH e GANGL,

2001; BOUAID et al., 2007). Além do controle destes fatores, o uso de aditivos com

propriedades antioxidantes é uma alternativa na busca pela manutenção da qualidade do

biodiesel por períodos mais prolongados de armazenamento.

Em óleos e gorduras e em biodiesel obtido a partir deles, os antioxidantes utilizados

podem ser de dois tipos, naturais e sintéticos (JAIN e SHARMA, 2010).

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Os antioxidantes naturais extraídos de plantas são renováveis, seguros e têm sido

amplamente aplicados na indústria de alimentos. As concentrações ideais e os efeitos do uso de

diferentes antioxidantes naturais sobre as propriedades físico-químicas do biodiesel obtido a

partir de óleos vegetais e sobre sua estabilidade à oxidação ainda não estão completamente

estabelecidas. Diversos extratos e óleos essenciais obtidos de plantas e/ou sementes têm sido

utilizados com sucesso no controle da oxidação em diferentes tipos de aplicações. Entre estes

produtos têm destaque os que são obtidos a partir de plantas como o tomilho (Thymus vulgaris)

e alecrim (Rosmarinus officinalis L.) (TENORE et al., 2012; MILADI et al., 2013). A aplicação

destes extratos naturais no biodiesel para controlar a oxidação pode favorecer a manutenção da

qualidade do combustível com a vantagem de apresentar menor toxidez ao organismo humano

e ao ambiente, devendo, portanto, ser avaliada.

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2. OBJETIVOS

Gerais

Analisar o efeito do uso de extratos vegetais de alecrim, mostarda e tomilho sobre a

estabilidade oxidativa do biodiesel de soja.

Específicos

• Avaliar o efeito do uso de extratos de alecrim e de mostarda extraídos por Soxhlet com

uso de hexano como solvente sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel;

• Avaliar o efeito do uso de extrato de alecrim sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel

durante o período armazenamento;

• Avaliar o efeito do uso de extratos de alecrim e tomilho extraídos por decocção seguido

de agitação a frio com uso de etanol como solvente sobre a estabilidade oxidativa do

biodiesel;

• Avaliar o efeito sinérgico da mistura de extrato de alecrim com extrato de tomilho

extraídos por decocção seguido de agitação com uso de etanol como solvente sobre a

estabilidade oxidativa do biodiesel.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Biodiesel

O petróleo, carvão e gás natural são fontes de energia limitadas, que podem se esgotar

no futuro, sendo que a maior parte da energia consumida no mundo é derivada dessas fontes

(CAMPOLINA, 2011). Por este motivo, os óleos vegetais estão sendo estudados como

alternativa para substituição do óleo diesel em motores de ignição por compressão (FERRARI

et al., 2005).

O biodiesel pode ser definido como um combustível renovável que substitui o derivado

do petróleo, obtido através de óleos vegetais ou gordura animal (RAMOS et al., 2007).

De acordo com o art. 4º, da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, com acréscimo do

inciso XXV à Lei nº 9.478, art. 6ª, de 6 de agosto de 1997, o biodiesel é definido como

[...] biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento,

para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou

totalmente combustíveis de origem fóssil. (NR)

O biodiesel é obtido através da transesterificação e/ou esterificação de matérias graxas

e constituído por uma mistura de alquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa,

necessitando atender aos parâmetros de qualidade especificados pela Resolução nº 45 da ANP

(BRASIL, 2014).

Em 1895, Rudolf Diesel e Henry Ford encontraram em óleos vegetais um combustível

e um caminho para o desenvolvimento industrial. Estes dois visionários pesquisaram muitos

combustíveis que poderiam ser utilizados nos motores, dentre estes, o álcool a partir de

biomassa (PACHECO, 2006).

No Brasil, após a Primeira Guerra Mundial iniciaram-se as primeiras pesquisas

relacionados ao uso de óleos vegetais e seus derivados como combustíveis alternativos ao diesel

de petróleo, por questões de segurança (RICO e SAUER, 2015). Essas, levaram à criação do

Programa Pro-óleo na década de 70, que teve seus resultados registrados na forma de relatórios

oficiais do governo brasileiro (RAMOS et al., 2017). Para a realização dos estudos foram

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utilizados diversos óleos virgens e ultrapassada a meta de um milhão de quilômetros rodados,

nos testes em caminhões e máquinas agrícolas.

Entretanto, os resultados apontaram a existência de desvantagens no uso direto de óleos

virgens, como a ocorrência de excessivos depósitos de carbono no motor, a obstrução nos filtros

de óleo e bicos injetores, a diluição parcial do combustível no lubrificante, o comprometimento

da durabilidade do motor e um aumento considerável em seus custos de manutenção (RAMOS

et al., 2017). Ainda, foram realizados testes com ésteres metílicos de óleos vegetais e, a partir

daí, comprovaram-se as vantagens da reação de transesterificação, que fornece menor

viscosidade e melhores propriedades em relação aos óleos vegetais virgens

A implantação deste modelo de energia renovável para o setor de transportes não pode

progredir inicialmente como esperado pelos seus criadores, devido aos preços internacionais do

petróleo, ao contrário do Proálcool. Somente em 1998, o combustível voltou a ser testado no

Brasil, quando a American Soybean Association cedeu aproximadamente 80 mil litros de

biodiesel para testes em transporte urbano da cidade de Curitiba. A mistura estudada de 20%

de biodiesel em diesel de petróleo (B20) apresentou resultados satisfatórios, como a redução de

35% da fumaça emitida pelos veículos (RAMOS et al., 2017).

Em outubro de 2002, foi criado o Programa Nacional de Biocombustíveis

(PROBIODIESEL), que possuía o intuito de facultar a utilização de misturas na proporção de

até 5% de biodiesel em diesel de petróleo, limitando o uso de biodiesel puro a situações

especiais como a geração de energia elétrica em grupos geradores (RAMOS et al., 2017). No

entanto, somente em 2005 a ANP regulamentou o uso de biodiesel em mistura ao diesel de

petróleo por meio da Lei 11.097, que autorizou misturas na proporção de 2% de biodiesel

(BRASIL, 2005).

Em relação aos demais países o Brasil possui vantagens significativas, pois possui

amplo território com clima tropical e subtropical, estes favoráveis ao cultivo de diversas

variedades de matérias-primas potenciais para a produção do biodiesel. Vale destacar que

devido aos elevados preços do petróleo e a questão de preocupação com o meio ambiente, a

produção do biodiesel tem aumentado exponencialmente (SILVA, 2014).

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3.2. Parâmetros de qualidade do biodiesel

Com o surgimento do biocombustível, houve a necessidade de criar normas que

garantissem a qualidade do combustível, pois a natureza da matéria prima utilizada influencia

nas propriedades e na estrutura que este irá apresentar (GATO, 2016). Substâncias como a

glicerina, por exemplo, em grande quantidade pode causar entupimento de bombas e injetores,

corrosão dos tanques de armazenamento, além de liberar acroleína quando submetida a altas

temperaturas, uma substância nociva (SPUDEIT, 2009).

Vale ressaltar que a ANP, definiu como 0,02% e 0,25%, respectivamente, as

quantidades máximas de glicerina livre e total (SPUDEIT, 2009).

Para determinar a quantidade de glicerina livre e total que está contida em uma amostra

de biodiesel, pode ser utilizada diversas técnicas analíticas (SPUDEIT, 2009). A ANP

recomenda dois métodos, o ASTM e o método baseado na iodometria (SPUDEIT, 2009). Existe

na literatura diversos outros métodos para determinação da glicerina livre e ligada em amostras

do biodiesel.

A qualidade do biodiesel é de suma importância, por isso, a norma EN 14214 tem por

objetivo assegurar a produção de um biodiesel com qualidade boa o suficiente para ser

adicionado ao diesel com a finalidade de obter segurança e qualidade quando for utilizado nos

motores de ignição por compressão, sem prejudicar o rendimento do veículo (SILVA, 2014).

Entre os parâmetros de qualidade do biodiesel da norma EN 14214, está a massa

volúmica (relação entre a massa de uma substância e o volume que ocupa). Quando a mesma

está com um valor acima do máximo estipulado pela norma, aumenta a emissão de poluentes.

Quando está abaixo do mínimo estipulado, ocorre a perda de potência por conta do excesso de

álcool que produz uma mistura podre, e assim, aumenta o consumo do combustível (SILVA,

2014).

Ainda há outros parâmetros de qualidade do biodiesel de acordo com a norma EN

14214, são eles a viscosidade, conteúdo em água, índice de acidez, índice de iodo, éster metílico

do ácido linolênico, conteúdo em metanol e análise qualitativa por raios infravermelhos (FT-

IR), esta última não é uma técnica referida pela norma, porém, é muito usada para encontrar

e/ou identificar determinado composto ou investigar a composição de uma amostra (SILVA,

2014).

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De acordo com a Resolução da ANP n°45 de 2014, a estabilidade à oxidação está entre

as propriedades determinantes dos padrões de identidade e qualidade do biodiesel. A resolução

indica como limite para esse parâmetro a 110 °C em um tempo mínimo de 8 horas. Esta

propriedade é dada pela resistência do combustível a alterações físico-químicas causada por

condições oxidantes em interações com o meio ambiente (RAMOS et al., 2017).

3.3. Degradação do biodiesel e problemas associados

Os impactos decorrentes do biodiesel podem ser tanto positivos quanto negativos, e

estes, estão relacionados a questões ambientais, econômicas e sociais, cada um relacionado a

determinada parte do ciclo de produção do biodiesel, passando desde a etapa do cultivo da

matéria prima, até a queima em veículos automotores (SARTÓRIO, 2010).

Em relação aos fatores negativos do biodiesel, estão entre os impactos o aumento nas

emissões de óxidos de nitrogênio (precursores do ozônio troposférico, que tem alto poder de

oxidação, prejudicial à saúde de seres vivos) e também o resíduo que fica no processo de

produção, a glicerina, esta, ainda não possui destinação final definida (SARTÓRIO, 2010).

Os principais processos que existem de degradação sofrida pelo combustível são

degradação térmica, oxidativa e hidrolítica (ZIMMER, 2014). Há também a auto-oxidação, que

pode ser definida como um dos processos mais comuns de degradação do biodiesel, segundo

estudos sobre a estabilidade do biodiesel (GODOY, 2013). Vale ressaltar que o biodiesel

armazenado de forma inadequada ou por um período muito grande está sujeito a degradação.

A reação de auto-oxidação no biodiesel está relacionada à presença de ligações duplas

nas cadeias de substâncias graxas insaturadas, procedendo a diferentes velocidades, que estão

sujeitas ao número e a posição das ligações (FREEDMAN; BAGBY, 1989). As posições CH2-

alílicas são efetivamente susceptíveis à oxidação, no entanto, as posições bis-alílicas em ácidos

graxos poli-insaturados de ocorrência natural são mais propensos a auto-oxidação do que as

posições meramente alílicas (GALVÃO, 2007).

O mecanismo é descrito como uma reação em cadeia, que se dá em três etapas distintas,

como é esquematizado na Figura 1.

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Durante a etapa de iniciação ocorre a formação dos radicais livres do ácido graxo devido

à retirada de um hidrogênio do carbono alílico na molécula do ácido graxo, em condições

favorecidas por luz e calor. Em seguida, na propagação, os radicais livres são convertidos em

outros radicais, apresentando os produtos primários de oxidação (peróxidos e hidroperóxidos).

Os radicais livres formados nesta fase atuam como propagadores da reação, resultando em um

processo autocatalítico (TOLEDO et al., 1985). Por fim, há o término, em que dois radicais se

combinam, com a formação de produtos estáveis obtidos por cisão e rearranjo dos peróxidos

(SILVA et al., 2014; BERGER et al., 1995).

Existem diversos problemas que ocorrem devido a oxidação do biodiesel, como a

resinificação. Esta, por aderência, é uma das principais causas da formação de depósitos nos

equipamentos de injeção (DABAGUE, 2003). Esta resinificação causa aumento da

susceptibilidade à corrosão, perda da vida útil e baixa o desempenho dos motores. Além disso,

foram comprovados outros problemas em relação a oxidação do biodiesel, como maior

frequência na troca de filtros, problemas com os bicos injetores e aumento do consumo

(GODOY, 2013).

3.4. Controle da degradação do biodiesel

Para o controle da degradação do biodiesel, utilizam-se comumente os antioxidantes.

Estes são substâncias que retardam a auto-oxidação, por meio de vários mecanismos, como

Figura 1 Esquema geral do mecanismo de auto-oxidação. RH - ácido graxo insaturado; R* -

radical livre; ROO* - radical peróxido e ROOH – hidroperóxido (Frankel, 1980).

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inibição da formação de radicais livres, eliminação de compostos que iniciam a peroxidação,

entre outros (BREWER, 2011). A Figura 2 indica o mecanismo de ação dos antioxidantes.

Figura 2 Mecanismo de ação para os antioxidantes. ROO* e R* - radicais livres; AH - antioxidante com um átomo

de hidrogênio ativo e A* - radical inerte.

Fonte: Frankel, 1980.

O átomo de hidrogênio ativo do antioxidante é abstraído pelos radicais livres ROO* e

R* com maior facilidade que os hidrogênios alílicos das moléculas insaturadas, formando

espécies inativas para reação em cadeia e um radical inerte (A*) procedente do antioxidante.

Este radical não tem a capacidade de iniciar ou propagar as reações oxidativas, pois foi

estabilizado por ressonância (GALVÃO, 2007).

Dentre os antioxidantes existem os naturais, que podem ser encontrados em grãos, frutas

e legumes, como exemplo o ácido ascórbico, e os antioxidantes sintéticos, sendo que os mais

utilizados são o butil – hidroxitolueno (BHT), butil – hidroxianisol (BHA), o galhato de propilo

(GP) e o terc – butil – hidroquinona (TBHQ) (PRETO, 2012). Vale ressaltar que geralmente é

empregado antioxidantes sintéticos para retardar a oxidação do biodiesel, devido à alta eficácia

sem alterar as propriedades físico-químicas do biodiesel (PAVANELLO, 2017).

Outro método utilizado no controle da suscetibilidade à deterioração dos combustíveis

é o uso de biocidas (agentes antimicrobianos), que tem por objetivo reduzir ou eliminar o

desenvolvimento de contaminantes microbiológicos, além de ser um método muito eficiente

para prevenir a oxidação do biodiesel (BÜCKER, 2009). Os biocidas são produtos utilizados

para esterilizar objetos e/ou superfícies e preservar os materiais e processos da degradação

microbiana (BÜCKER, 2009).

Segundo Comin (2016), a adição de concentrações dos metais Fe3+, Ni2+, Co2+ e Cu2+

em uma amostra de biodiesel, resulta na redução da estabilidade oxidativa do mesmo. Esses

metais agem como catalisadores. A estabilidade à oxidação é de suma importância para se ter

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uma boa qualidade do biodiesel, por isso, utiliza-se métodos que evitam a oxidação do mesmo

(COMIN, 2016).

3.5. Uso de extratos vegetais no controle da degradação do biodiesel

Existem extratos vegetais que são utilizados comumente no controle da degradação de

produtos alimentícios diversos, como por exemplo o tomilho, alecrim, orégano, coentro, entre

outros. O alecrim é conhecido por ter atividades antioxidantes, que pode ser explicado devido

a presença de compostos fenólicos (MEDEIROS, 2013). Além disso, é uma fonte promissora

antioxidante capaz de proteger as matrizes oleaginosas dos processos oxidativos (MEDEIROS,

2013).

O extrato de alecrim pode ser uma alternativa para diminuir a quantidade de aditivos

sintéticos antioxidantes no biodiesel, dado que esse apresenta alta atividade oxidante,

conseguindo aumentar em 96% o período de indução do biodiesel (MEIRA et al., 2016).

O tomilho também é um antioxidante natural, que retarda a rancidez oxidativa por meio

da captura de radicais livres e remoção do oxigênio, além da desoxidação de peróxidos (LIMA,

2017). O óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris) tem em sua composição compostos

fenólicos como o timol e o carvacrol, os mesmos fazem com que o óleo do tomilho tenha alto

potencial antioxidante (SACCHETTI et al., 2005). Apesar de bastante testados em alimentos e

com efetividade comprovada no aumento da estabilidade oxidativa em diferentes tipos de

produtos alimentícios, poucos estudos relatam resultados sobre a aplicação dos extratos de

alecrim e tomilho em biodiesel e sua eficiência no aumento da estabilidade oxidativa do mesmo.

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4. METODOLOGIA

O experimento foi realizado no Laboratório de Simulação e Biocombustíveis do

Departamento de Engenharia Mecânica, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),

campus universitário de Rondonópolis.

Esse foi dividido entre duas metodologias de obtenção dos extratos vegetais, em que a

primeira consistiu na extração por Soxhlet com hexano, utilizando o alecrim e a mostarda como

tratamentos, e a outra com a extração a frio com etanol, empregando o alecrim e o tomilho

como tratamentos.

4.1.Extratos obtidos por Soxhlet com hexano

Para a obtenção dos extratos com a primeira metodologia, utilizou-se alecrim medicinal,

da marca Bio Botica, e mostarda marrom, adquirida em feira local, que foram secos em estufa

a 50 °C até massa constante, posteriormente, triturado em liquidificador e submetido ao

processo de extração simples utilizando o equipamento Soxhlet e hexano como solvente,

conforme a Figura 3, sendo o tempo fixado em 10 horas. Em seguida, as micelas obtidas (extrato

mais solvente) foram submetidas ao processo de destilação a vácuo em temperatura de 50 °C,

sendo o extrato resultante submetido ainda ao processo de secagem em estufa na mesma

temperatura até massa constante, obtendo-se o extrato seco de alecrim e o extrato de mostarda

(óleo de mostarda). Para facilitar a aplicação do tratamento com alecrim posteriormente, foi

preparada uma diluição do extrato seco em etanol a 99,5% de pureza, obtendo-se o extrato na

concentração de 0,5 g de extrato/g de solução. A solução obtida foi mantida congelada até o

momento da aplicação dos tratamentos.

Inicialmente, foi realizado um teste preliminar (envelhecimento acelerado em estufa a

110°C) avaliando as doses de 5.000 e 10.000 ppm adicionadas ao biodiesel dos extratos de

mostarda e alecrim. Nesta etapa também foi avaliado o Allyl Isotiocianato, que é um

componente presente no óleo essencial da mostarda, da marca Sigma Aldrich com 95% de

pureza.

O teste de envelhecimento acelerado foi realizado com o intuito de avaliar a estabilidade

à oxidação das amostras, medindo o nível de acidez em cada tratamento ao longo do tempo de

exposição à temperatura de 110 °C, em estufa com circulação de ar. Com os resultados deste

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24

teste, o produto e dosagem com maior efeito sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel foram

selecionados para serem avaliados ao longo do armazenamento.

A dosagem avaliada ao longo do armazenamento foi o de 10.000 ppm de extrato

alcoólico de alecrim (EAA), sendo que para a aplicação do tratamento, quatro amostras de 300

mL de B100 foram acondicionadas em quatro recipientes, sendo dois frascos contendo B100

puro e dois contendo B100 com tratamento (10.000 ppm de EAA). Esses, foram

hermeticamente vedados, para evitar a evaporação de compostos voláteis, e armazenados em

temperatura ambiente durante um período de 147 dias. Foram coletadas amostras nos tempos

0, 30, 60, 102 e 147 dias de armazenamento tanto do B100 puro, como do B100 tratado com

alecrim e efetuou-se as análises de estabilidade oxidativa.

O biodiesel utilizado nesta primeira etapa foi coletado em uma indústria de biodiesel

localizada no município de Rondonópolis. Esta coleta foi feita anteriormente à adição de

Figura 3 Obtenção do extrato de alecrim em Soxhlet

Fonte: A autora (2019)

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25

qualquer antioxidante pela indústria, para garantir a avaliação do efeito antioxidante dos

extratos.

As análises de estabilidade oxidativa, índice de acidez, índice de iodo, densidade relativa

a 20 ºC e viscosidade cinemática a 40 ºC foram realizadas para a caracterização inicial do

biodiesel e também para acompanhamento ao longo do armazenamento.

Os resultados obtidos foram submetidos a análises estatísticas aplicando o teste de

comparação Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa ASSYSTAT 7.7.

4.2. Extratos obtidos por decocção seguido de agitação a frio com etanol

Para a obtenção dos extratos de alecrim e tomilho, através do segundo método, as folhas

e ramos foram adquiridos na feira de produtores rurais de Rondonópolis. A obtenção dos

extratos foi realizada através da metodologia por decocção seguido pela extração a frio,

utilizando etanol como solvente. Inicialmente, as folhas e ramos foram secos em estufa com

circulação forçada de ar a 40 ºC, em seguida triturados e transferidos para frascos de vidro, que

continham solvente com a relação sólido/solvente igual a 1:8, e deixados em banho-maria a 90

°C por um período de 15 minutos.

Após, os frascos foram colocados em agitador magnético a frio (temperatura ambiente)

e agitados durante 1 hora (Figura 4A). Posteriormente, a micela resultante foi filtrada em filtro

de papel (Figura 4B) e o material retido, novamente transferido ao recipiente, pesado em

balança e adicionado mais uma vez o solvente, aproximadamente na mesma relação de 1:8, e o

processo foi repetido.

B A

Figura 4 Processos de agitação (A) e filtragem (B)

Fonte: A autora (2019)

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Ao final, a micela foi novamente filtrada e todo o material resultante colocado no

rotaevaporador (Figura 4) sob condição de vácuo para que ocorresse a recuperação do solvente.

Posteriormente, os extratos foram armazenados em recipientes âmbar e mantidos lacrados em

freezer até o momento de utilização.

As diferentes doses dos extratos secos foram adicionadas ao biodiesel 24 horas antes do

início do primeiro teste e em seguida as misturas foram fechadas e identificadas como: B100 +

10.000 ppm ET; B100 + 10.000 ppm EA; B100 + 5.000 ppm EA + 5.000 ppm ET. Além disso,

os extratos foram avaliados no período de 15 dias de armazenamento.

4.2.1. Produção do biodiesel

O biodiesel utilizado para os testes com a metodologia de extração a frio, foi produzido

em laboratório a partir do óleo de soja por meio de transesterificação, dado que o biodiesel

utilizado na primeira etapa ao realizar análise microbiológica verificou-se a existência do alto

númerob de microorganismos. Inicialmente, foi realizada a extração do óleo de soja através da

mesma metodologia de extração dos extratos vegetais com o equipamento Soxhlet (Figura 6).

Figura 5 Rotaevaporador

Fonte: A autora (2019)

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A transesterificação foi realizada submetendo o óleo de soja a agitação sob 50 °C, com

álcool metílico a 99,5% de pureza e um catalisador, solução alcoólica (30%) de metilato de

sódio, conforme mostra a Figura 7.

Figura 6 Extração do óleo de soja

Fonte: A autora (2019)

Figura 7 Transesterificação do óleo de soja

Fonte: A autora (2019)

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Durante a transesterificação, há a mudança brusca de tonalidade da mistura, o que indica

que a reação está ocorrendo, correspondendo a uma proporção entre 50 e 60% do total da

reação, que continua mais lentamente, por volta de 40 minutos.

Os resultados desse processo são o biodiesel, a glicerina e os resíduos de catalisador e

etanol. A glicerina é removida por decantação, empregando um funil (Figura 8).

Em seguida, realizou-se o processo de secagem para a remoção do etanol, em que se

colocou o biodiesel em um Becker aberto sobre a chapa aquecedora até a completa evaporação

do resíduo de etanol.

Depois, para eliminar os resíduos do catalisador, o biodiesel passou pelo processo de

lavagem. Para isso, foi utilizada água destilada aquecida a 50 °C, que foi aspergida na mistura

que estava em um funil a fim de promover uma fácil separação por decantação, com o auxílio

Figura 8 Separação do biodiesel e glicerina

por decantação

Fonte: A autora (2019)

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de um borrifador. Desta maneira, os resíduos foram carregados pela água, durante sua passagem

pelo biodiesel. O processo foi repetido por 4 vezes, de forma a assegurar que todos os resíduos

fossem eliminados. O biodiesel passou a possuir um aspecto turvo (Figura 9), devido à umidade,

durante esse processo.

Por fim, para a obtenção do biodiesel puro foi realizada uma última secagem em chapa

aquecedora a 100 °C, com o intuito de eliminar completamente a água adicionada para lavagem.

Antes dos experimentos, para garantir que a amostra estivesse desidratada adicionou-se

sílica em gel nos recipientes (Figura 10), que ficaram armazenados em geladeira durante sete

dias, pois o biodiesel é potencialmente susceptível à degradação hidrolítica (GALVÃO, 2007).

Figura 9 Processo de lavagem do biodiesel

Fonte: A autora (2019)

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Foram efetuadas as análises iniciais de estabilidade oxidativa, índice de acidez, índice

de iodo, densidade relativa a 20 ºC e viscosidade cinemática a 40 ºC para caracterização das

amostras do biodiesel utilizadas.

4.3. Análise da estabilidade oxidativa

A estabilidade a oxidação foi determinada baseando-se no teste Rancimat (Figura 11).

Este teste constitui-se em expor a amostra a um fluxo de ar com vazão de 10 L h-1 a 110 ± 2 °C.

Nestas condições, a formação de compostos de oxidação é intensificada, sendo os gases

carreados para a célula de medição contendo água destilada, cuja condutividade será então

monitorada continuamente. Um súbito incremento da condutividade será observado indicando

o período de indução (PI), quando então se inicia o processo de propagação da reação de

oxidação.

Figura 10 Amostras de biodiesel puro com sílica em gel

Fonte: A autora (2019)

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4.4. Análise do índice de acidez

O índice de acidez foi definido a partir da aplicação da metodologia descrita pela NBR

14.448. Utilizou-se a massa das amostras próxima a 2 g, em erlenmeyers de 250 mL,

adicionando 25 mL de solução neutra de duas partes de éter etílico para uma parte de álcool,

duas gotas de indicador fenolftaleína e, finalmente, a amostra será titulada om solução

padronizada de 0,1 mol/L de NaOH.

4.5. Análise do índice de iodo

O índice de iodo foi determinado utilizando a metodologia de Wijis, de acordo com a

norma EN14111. Desta forma, foram adicionados 0,2 g da amostra, 10 mL de clorofórmio p.a

e 25 mL de reagente Wijis em um Erlenmeyer de 250 mL, que foi fechado, agitado e colocado

em repouso, encoberto por papel alumínio, durante 30 minutos. Após o repouso, foram

adicionados 10 mL de água destilada fria e feita a titulação com tiossulfato de sódio (Na2S2O3)

a 0,1 N, até que a mistura obtenha uma cor alaranjada. Então, foi acrescentada à mistura 2 mL

de solução de amido de milho a 0,5% e continuou-se a titulação até que a coloração azulada

desapareça.

4.6. Análise da densidade relativa a 20 °C

A densidade relativa foi obtida pela razão entre a massa específica de uma amostra a 20

°C e a massa especifica da água a 4 °C. A massa específica do óleo e da água foi determinada

Figura 11 Montagem do experimento de estabilidade oxidativa

Fonte: A autora (2019)

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seguindo as normas AOCS (1998), método Cc 10a-25, utilizando-se um picnômetro com junta

esmerilhada de 20 mL da marca Pirex.

4.7. Análise da viscosidade cinemática a 40 °C

O teste de viscosidade foi realizado empregando um viscosímetro do tipo Cannon-

Fenske em banho ultra-termostático de temperatura controlada a 40°C.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaios preliminares com extratos obtidos por Soxhlet com hexano

Para a caracterização prévia do biodiesel de soja utilizado nas análises, foram

estabelecidos parâmetros iniciais da amostra, esses parâmetros estão mostrados na Tabela 1. O

biodiesel utilizado foi cedido por uma fábrica de biodiesel localizada no município de

Rondonópolis.

Tabela 1 Propriedades da amostra de biodiesel de soja puro (B100) – Metodologia I

Características Valores Estabelecidos

pela ANP

Amostra (média ± desvio

padrão)

Massa específica a 20 °C (ρ) –

kg/m3 850 – 900 994,2 ± 1,13

Viscosidade cinemática a 40 °C

(υ) – mm2/s 3,0 – 6,0 5,44 ± 0,16

Estabilidade à oxidação a 110 °C –

h Mínimo 8 3,08 ± 0,12

Índice de acidez – mg KOH/g Máximo 0,50 0,78 ± 0,044

Índice de Iodo (II) – g I2/100 g Anotar 118,78 ± 1,62

Fonte: A autora (2019)

A amostra teve os parâmetros massa específica e índice de acidez acima dos limites

estabelecidos pela ANP. O índice de acidez é uma medida para estabilidade a longo prazo da

corrosividade do combustível, segundo Haider et al. (2008), quanto menor for o valor, maior

será a qualidade do produto. A viscosidade cinemática foi o único parâmetro em que a amostra

estava dentro da faixa recomendada pela ANP.

Quanto à estabilidade oxidativa, o valor médio encontrado foi de 3,08 horas. Sarin et al.

(2007), obtiveram para o biodiesel metílico de pinhão-manso um período de indução de 3,23 h,

considerado baixo quando comparado ao biodiesel metílico de palma que foi de 13,37 h. Os

mesmos autores avaliaram a estabilidade oxidativa para biodiesel metílico de girassol e de soja,

os quais apresentaram períodos de indução de 1,73 e 3,80 h, respectivamente.

Diversos trabalhos têm confirmado que, de um modo geral, o biodiesel de natureza

metílica, como o que foi utilizado neste experimento, se oxida após curtos períodos de

estocagem e que sua inércia química está diretamente relacionada com a composição em ácidos

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graxos dos óleos utilizados na sua produção. O limite mínimo estabelecido pela ANP é de 8

horas, no entanto, para biodieseis obtidos de diversas oleaginosas, torna-se necessário a adição

de antioxidantes para aumentar o período de indução e a estabilidade oxidativa a altas

temperaturas.

Não há limite determinado pela ANP para o índice de iodo, porém, de acordo com as

especificações europeia EN214 e alemã DIN 51606, esse índice deve ser no máximo 120 e 115

g I2 100 g-1, respectivamente. Assim, o índice observado está dentro do limite estabelecido pela

norma europeia.

No teste de estabilidade oxidativa preliminar, foram testados o extrato de alecrim, o

extrato de mostarda (óleo de mostarda), e o Allyl Isotiocianato. Observou-se por meio deste

teste que todos os tratamentos apresentaram efeito positivo, quando comparados ao período de

indução do biodiesel puro. No entanto, devido à dificuldade de estabilização das temperaturas

para a realização do teste, ou seja, com o uso do aparato experimental montado para a realização

do teste de estabilidade oxidativa desta etapa, não se conseguiu padronizar a temperatura de

110°C para todos os tratamentos. Como a temperatura utilizada no teste é um parâmetro que

influencia fortemente os resultados, optou-se por realizar o teste de envelhecimento acelerado

em estufa a 110°C. Neste teste, a estufa foi mantida a 110°C durante todo o processo de modo

que todos os tratamentos com repetições foram submetidos exatamente às mesmas condições.

Durante esta etapa, amostras eram coletadas e realizadas a determinação do índice de acidez.

A partir do teste de envelhecimento acelerado, notou-se que o biodiesel tratado com o

óleo de mostarda e com o Allyl Isotiocianato, sofreram maiores alterações nos valores de índice

de acidez ao longo da avaliação, entretanto o biodiesel tratado com o extrato alcoólico de

alecrim na dose de 10.000 ppm apresentou menor aumento da acidez tendendo a manter sua

estabilidade por maior período, conforme a Figura 12. Além disso, em todo período de teste a

temperatura esteve controlada, o que resultou em desvios padrões mais baixos quando

comparados ao teste de estabilidade oxidativa. Após estes resultados, o extrato de alecrim foi

selecionado para ser aplicado e avaliado ao longo do armazenamento do biodiesel.

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Figura 12 Índice de Acidez ao longo do teste de envelhecimento em estufa

Fonte: A autora (2019)

Efeito do extrato de alecrim obtido por Soxhlet com hexano sobre a estabilidade oxidativa

do biodiesel ao longo do armazenamento

O efeito do uso de extrato de alecrim extraído por Soxhlet com hexano durante o período

de armazenamento do biodiesel foi avaliado analisando-se diferentes parâmetros deste

combustível ao longo de 147 dias. Para a realização do teste de oxidação e determinação do

período de indução foi necessário a adequação do aparato experimental com isolamento térmico

dos frascos contendo as amostras de modo que se garantisse uma melhor estabilização da

temperatura em 110 °C durante os ensaios.

Os resultados obtidos para os parâmetros avaliados durante o armazenamento estão

apresentados na Tabela 2.

À medida em que ocorre o processo de oxidação das amostras, observa-se que há um

aumento nos valores de índice de acidez. Segundo Bouiad et al. (2007), os ésteres podem sofrer

oxidação com formação de peróxidos durante o armazenamento, resultando na formação de

aldeídos reativos, que são oxidados a ácidos.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 2 4 7 32 72 104 145 193

Índ

ice

de

Aci

dez

mg

KO

H/g

Tempo (horas)

B100 + 5000 ppm EAA B100 + 10000 ppm EAA B100 Puro

B100 + 5000 ppm AITC B100 + 10000 ppm AITC B100 + 5000 ppm OM

B100 + 10000 ppm OM

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36

O índice de iodo sofreu uma redução durante o período estudado. Assim como foi

observado por Bouaid, Martínez e Aracil (2007, 2009), para o biodiesel de Brassica carinata e

do girassol, em que esse comportamento foi influenciado pela composição em ácidos graxos

poli-insaturados do biodiesel.

A massa específica não apresentou grandes variações ao longo do armazenamento,

enquanto a viscosidade cinemática apresentou pequenas variações, com a tendência de redução,

porém manteve-se dentro do limite estabelecido pela ANP.

Ainda conforme a Tabela 2, observa-se que o biodiesel que recebeu adição de 10.000

ppm de extrato alcoólico de alecrim manteve constante seu período de indução, conforme a

Figura 13.

Por outro lado, o biodiesel B100 armazenado sem adição de qualquer produto

antioxidante teve uma redução significativa do seu período de indução ao longo dos 147 dias

de armazenamento. A relação entre o período de indução e o tempo de armazenamento pode

ser representada adequadamente por um modelo linear com todos os parâmetros do modelo

significativo ao nível de 1% de significância.

À medida em que ocorre o processo de oxidação das amostras, observa-se na Tabela 2

que há um aumento nos valores de índice de acidez e uma redução no índice de iodo.

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Tabela 2 Médias e desvios padrões para índice de acidez, índice de iodo, densidade relativa a

20 °C, viscosidade cinemática a 40 °C e índice de oxidação para o biodiesel puro e tratado

com extrato alcoólico de alecrim ao longo o armazenamento

Produto Tempo de Armazenamento (dias)

0 30 60 102 147

Índice de Acidez – mg KOH/g

B100 0,78 ± 0,044 0,96 ± 0,065 0,87 ± 0,072 0,92 ± 0,01 1,61 ± 0,12

B100 + EAA 0,68 ± 0,039 1,19 ± 0,033 0,86 ± 0,009 1,55 ± 0,22 1,52 ± 0,12

Índice de Iodo - g I2/100 g

B100 118,78 ± 1,62 119,31 ± 0,42 110,24 ± 5,47 104,76 ± 1,97 109,58 ± 3,87

B100 + EAA 119,13 ± 0,32 118,49 ± 0,25 110,91 ± 4,02 107,15 ± 3,65 103,88 ± 5,56

Massa específica – kg/m3

B100 990 ± 1,1 990 ± 1,1 990 ± 1,4 - 990 ± 1,6

B100 + EAA 990 ± 1,5 990 ± 1,1 990 ± 1,1 - 990 ± 3,6

Viscosidade Cinemática – mm2/s

B100 5,44 ± 0,166 4,85 ± 0,3267 4,31 ± 0,026 4,82 ± 0,022 4,85 ± 0,026

B100 + EAA 5,07 ± 0,115 4,74 ± 0,023 4,71 ± 0,049 5,2 ± 0,276 4,97 ± 0,072

Índice de oxidação – h

B100 3,08a ± 0,12 2,97 ± 0,31 2,83a ± 0,59 2,63b ± 0,26 2,37b ± 0,17

B100 + EAA 3,73a ± 0,47 3,69 3,50a ± 0,49 3,97a ± 0,27 3,89a ± 0,43

Médias seguidas de mesma letra numa mesma coluna não diferem entre si pelo teste t a 5% de

probabilidade.

Fonte: A autora (2019)

Ainda na Tabela 2, pode-se observar que ao longo dos 60 dias iniciais de

armazenamento, não houve diferença significativa entre as médias para B100 puro e B100

tratado com extrato alcoólico de alecrim. Entretanto, na análise do período de 102 e 147 dias,

nota-se a diferença entre os valores para o B100 e para o B100 + EAA, a partir do teste de

Tukey ao nível de 5% de significância. Isso indica que o extrato testado não foi efetivo no

aumento do período de indução, porém apresentou efeito estabilizante.

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38

A Figura 13 mostra que o B100 puro apresentou o coeficiente de determinação de

0,9732, indicando que o tempo possui influência no período de indução, ou seja, o aumento do

tempo de armazenamento ocasiona diminuição da estabilidade oxidativa indicado pela redução

do período de indução. Entretanto, o B100 com extrato alcoólico de alecrim apresentou apenas

uma leve tendência de aumentar com o tempo de armazenamento. Na análise de regressão,

verificou-se um baixo coeficiente de determinação com o parâmetro dependente igual a 0,0015

sendo um valor pouco significativo. Estes resultados mostram que houve um efeito estabilizante

do tratamento com alecrim.

y = -0,0045x + 3,0665R² = 0,9732

y = 0,0015x + 3,6319R² = 0,3203

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 40 80 120 160

Perí

od

o d

e In

du

ção

(h

ora

s)

Tempo de Armazenamento (dias)

B100

B100 + EAA

Figura 13 Resultados do período de indução do biodiesel de soja puro e tratado com extrato

alcoólico de alecrim ao longo do armazenamento

Fonte: A autora (2019)

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Efeito do uso de extratos de alecrim e tomilho obtidos por decocção seguido de agitação a

frio com etanol sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel

Na Tabela 3 estão contidos os parâmetros iniciais do biodiesel nos testes utilizando os

extratos provenientes da segunda metodologia de obtenção.

Tabela 3 Propriedades da amostra de biodiesel de soja puro (B100) – Metodologia II

Características Valores Estabelecidos

pela ANP

Amostra (média ± desvio

padrão)

Massa específica a 20 °C (ρ) –

kg/m3 850 – 900 999,6 ± 4,525

Viscosidade cinemática a 40 °C

(υ) – mm2/s 3,0 – 6,0 5,28 ± 0,374

Estabilidade à oxidação a 110 °C

– h Mínimo 8 4,22 ± 0,024

Índice de acidez – mg KOH/g Máximo 0,50 0,53 ± 0,050

Índice de Iodo (II) – g I2/100 g Anotar 93,33 ± 1,929

Fonte: A autora (2019)

Assim como a amostra utilizada na primeira etapa do estudo, esta apresentou as

propriedades massa específica e índice de acidez acima do recomendado e o período de indução

abaixo do estabelecido pela norma. Entretanto, o parâmetro viscosidade cinemática não

ultrapassou a faixa estabelecida. O índice de iodo esteve dentro da faixa admitida pelas normas

EN214 e DIN 51606, em que o índice deve ser, no máximo, 120 e 115 g I2 100 g-1,

respectivamente.

Os resultados dos ensaios de estabilidade oxidativa realizados nos tempos avaliados são

mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 Médias e desvio padrões para os períodos de indução (h) 24 horas e 15 dias após a

aplicação dos tratamentos

Período Tratamentos

B100 + EA B100 + ET B100 + EA + ET

24 horas 3,53 ± 0,23 5,70 ± 0,12 5,94 ± 0,70

15 dias 5,29 ± 0,65 4,06 ± 0,088 4,11 ± 0,017

Fonte: A autora (2019)

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O biodiesel com a aplicação de 10.000 ppm de extrato de alecrim extraído por decocção

com etanol, 24 horas após a aplicação, apresentou um valor de período de indução 16,35%

menor quando comparado ao biodiesel sem tratamento. Entretanto, a partir dos resultados

obtidos 15 dias após a aplicação, o período de indução foi 20,23% maior do que o B100 puro,

isso indica que o extrato seco de alecrim não possui efeito imediato, mas que pode ter um efeito

maior à medida que for mantido imerso no combustível.

O biodiesel tratado com 10.000 ppm de extrato de tomilho obtido por decocção com

etanol, 24 horas após a aplicação, apresentou um período de indução de 5,70 horas, 35,07%

maior quando comparado ao biodiesel sem tratamento (4,22 horas), no entanto 15 dias após a

aplicação, o período de indução verificado para o biodiesel tratado com tomilho foi de 4,06

horas.

O período de indução observado para o biodiesel tratado com a mistura de 5.000 ppm

de alecrim com 5.000 ppm de tomilho, 24 horas após a aplicação foi o maior (5,94 horas)

quando comparado com os demais. Assim como verificado para o biodiesel tratado com o

tomilho puro, após 15 dias da aplicação as amostras de biodiesel tratadas com a mistura dos

dois produtos apresentaram período de indução menor do que 24 horas após a aplicação do

tratamento.

O cruzamento dos tratamentos foi o que apresentou melhor resultado imediato sobre o

período de indução, indicando um possível efeito sinérgico (período de indução 40,75% maior

quando comparado a amostra de biodiesel puro). Na comparação individual dos tratamentos, o

extrato de tomilho foi o tratamento que causou um maior efeito sobre o aumento do período de

indução, porém este mesmo efeito não foi verificado 15 dias após o tratamento.

Diante dos resultados, verifica-se a necessidade de maiores investigações em relação ao

mecanismo de ação destes extratos, além de avaliar com cautela, tanto as metodologias de

extração como as metodologias de aplicação dos tratamentos, uma vez que estes fatores podem

influenciar significativamente os resultados de oxidação do biodiesel.

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6. CONCLUSÃO

Todos os tratamentos estudados apresentaram determinado efeito indicado pelos

resultados de período de indução, entretanto nenhum deles promoveu a obtenção de valores de

período de indução acima do limite mínimo estabelecido pela ANP.

O extrato alcoólico de alecrim extraído por Soxhlet com hexano na dose de 10.000 ppm

não foi efetivo no aumento do período de indução durante os 147 dias de armazenamento,

porém apresentou efeito estabilizante. Enquanto, no biodiesel puro houve a redução do índice

de oxidação.

O extrato seco de alecrim extraído por decocção com etanol promoveu aumento do

período de indução do biodiesel apenas após 15 dias após o tratamento, não tendo tido efeito

inicial (24 horas após aplicação).

O extrato seco de tomilho extraído por decocção com etanol apresentou aumento no

período de indução 24 horas após aplicação, no entanto, após 15 dias após a aplicação o período

de indução foi menor.

Para a metodologia de extração por decocção com etanol, o uso de mistura alecrim com

tomilho (cruzamento dos tratamentos) mostrou possível efeito sinérgico.

Os produtos obtidos por decocção com etanol não foram avaliados ao longo do

armazenamento para se verificar sobre como se comporta em maiores períodos de contato com

o biodiesel e se obter uma comparação com o extrato de alecrim extraído por Soxhlet com

hexano.

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