avaliaÇÃo tomogrÁfica da inclinaÇÃo e das tÁbuas...

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ORTODONTIA AVALIAÇÃO TOMOGRÁFICA DA INCLINAÇÃO E DAS TÁBUAS ÓSSEAS VESTIBULAR E LINGUAL DE INCISIVOS NO TRATAMENTO DA CLASSE II DIVISÃO 1 COM O APARELHO FORSUS ® VITOR WANDERLEY CORDEIRO SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA ORTODONTIA

AVALIAÇÃO TOMOGRÁFICA DA INCLINAÇÃO E DAS TÁBUAS ÓSSEAS VESTIBULAR E LINGUAL DE INCISIVOS NO

TRATAMENTO DA CLASSE II DIVISÃO 1 COM O APARELHO FORSUS®

VITOR WANDERLEY CORDEIRO

SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

AVALIAÇÃO TOMOGRÁFICA DA INCLINAÇÃO E DAS TÁBUAS ÓSSEAS VESTIBULAR E LINGUAL DE INCISIVOS NO

TRATAMENTO DA CLASSE II DIVISÃO 1 COM O APARELHO FORSUS®

VITOR WANDERLEY CORDEIRO

Dissertação apresentada ao curso de Odontologia, da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração em ORTODONTIA.

ORIENTADOR: Prof.: Dr. Fernando César Torres

SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011

FICHA CATALOGRÁFICA

C811a

Cordeiro, Vitor Wanderley Avaliação tomográfica da inclinação e das tábuas ósseas vestibular e lingual de incisivos no tratamento da classe II divisão 1 com o aparelho Forsus® / Vitor Wanderley Cordeiro. 2011. 79 f. Dissertação (mestrado em Ortodontia) --Faculdade de Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011. Orientação: Fernando César Torres 1. Má oclusão de Angle Classe II 2. Tomografia computadorizada - Odontologia 3. Aparelhos ortopédicos fixos I. Título.

D. Black D4

Agradeço e dedico este trabalho

aos meus pais Jorge e Denise

Muito Obrigado pelo carinho e atenção,

Amo muito vocês !

Agradeço em especial

As minhas irmãs Layla e Cristiane pelo carinho e torcida

Amo Vocês!

A minha namorada Ingrid, pelo incentivo e carinho, sei que não foram fáceis esse dois anos.

Te Amo.

Aos meus cunhados Alysson, Diego e Irving pelo apoio.

Aos meus sogros Jonaldo e Ieda, pela torcida.

Ao meu orientador Prof Dr Fernando Torres, pelo

apoio e suporte nessa jornada, que não foi fácil. Muito obrigado.

Ao prof. Dr. Marco Antonio Scanavini, por tudo o que fez e faz pelo mestrado da Metodista.

Meu sincero agradecimento aos professores Dra. Cláudia Toyama, Dr. Danilo Furquim, Dr. Eduardo Kazuo e Dra. Fernanda Angelieri. Em especial aos

professores Dra. Renata Castro e Dr. Luís Paranhos não só pelos conhecimentos transmitidos, mas também

pelo convívio fora da sala de aula, estreitando ainda mais os laços aluno-professor

Aos funcionários da Metodista, Edi, Mari e Celinha, pela atenção e contribuição nesta jornada. Em

especial a Aninha sempre solícita em nos receber e solucionar qualquer dificuldade.

Aos meus amigos de MESTRADO, pelo companheirismo e amizade, tenho certeza que levarei

muitos de vocês para minha vida, muito obrigado!.

Aos meus queridos professores, Dra Lídia Martins, Dr. Helder Jacob, Dr. Ary dos Santos Pinto, Dr. Renato

Martins, Dr. Dirceu Ravelli e Dr. Eduardo Gotardo, responsáveis pela minha formação em ortodontia, o meu

eterno agradecimento. Agradeço em especial Prof. Dr. Luiz Gandini Jr. e Profa. Dra. Márcia Gandini pela

oportunidade do convívio na clínica privada, experiência única, o meu eterno agradecimento.

A Bete, pela atenção dada durante esses dois anos, muito obrigado pelo carinho.

Aos meus amigos Júlio, Djalmyr, Gabriel, sempre por perto compartilhando os bons e os maus momentos,

muito obrigado pela amizade.

A todos os meus familiares.

Enfim, a todos que de alguma forma, contribuíram para a realização deste sonho,

meu muito obrigado  

RESUMO

RESUMO

O objetivo deste estudo prospectivo foi avaliar os efeitos do aparelho

Forsus® nos incisivos centrais superiores e inferiores. A amostra constituiu-se de 22

tomografias computadorizadas de 11 pacientes (sexo masculino e feminino) idade

média de 15,8 anos com má oclusão de Classe II que foram tratados com o aparelho

Forsus® na clínica do programa de pós-graduação em Odontologia, área de

concentração Ortodontia, da Universidade Metodista de São Paulo. As tomografias

foram obtidas em dois momentos T1 (final de nivelamento e antes da instalação do

Forsus® e T2 (remoção do Forsus®). Para avaliar a distância do ápice até a tábua

óssea, as imagens a serem examinadas foram obtidas com o auxílio do viewer do

próprio i-CAT® , o iCATVision® e examinadas com o CorelDRAW X5® já para as

medidas cefalométricas IMPA e 1.PP as imagens cefalométricas ortogonais foram

obtidas em proporção 1:1 com auxílio do software Dolphin 3D® (Dolphin Imaging and

Management Solutions, Chatsworth, EUA) e em seguida examinadas com o

software Radiocef Studio 2 (Radio Memory, Belo Horizonte, Brasil). Para a obtenção

do erro intra-examinador foi feito o teste “t” de Student pareado para o erro

sistemático e a fórmula de DAHLBERG para estimar a ordem de grandeza dos erros

casuais e na análise estatística dos resultados utilizou-se: o teste “t” para a

determinação das diferenças entres as fases de observação e o teste de correlação

de Pearson para avaliar a correlação entres as alterações. Observou-se: um

aumento significativo (p<0,05) tanto no IMPA quanto no 1.PP, aproximação do ápice

dos incisivos inferiores da tábua óssea lingual, aproximação do ápice dos incisivos

superiores da tábua óssea vestibular, uma correlação negativa muito forte entre o

IMPA e a distância do ápice do incisivo até a tábua óssea lingual e uma correlação

negativa moderada entre 1.PP e a distância do ápice do incisivo até a tábua óssea

vestibular. Sendo assim o aparelho Forsus® no tratamento da Classe II teve como

efeito: vestibularização significativa dos incisivos centrais inferiores, uma

verticalização significativa dos incisivos centrais superiores, aproximação do ápice

dos incisivos inferiores da cortical óssea lingual e aproximação do ápice dos

incisivos superiores da cortical óssea vestibular.

Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II; Tomografia Computadorizada; Aparelhos Ortopédicos Fixos

ABSTRACT

ABSTRACT

COMPUTED TOMOGRAPHY EVALUATION OF INCISOR INCLINATION AND VESTIBULAR AND LINGUAL CORTICAL BONE IN THE TREATMENT OF CLASS II DIVISION 1 WITH THE FORSUSTM APPLIANCE

The aim of this prospective study was to investigate the ForsusTM ‘s effects on

the upper and lower central incisors. The sample consisted of 22 computed

tomography from 11 patients (7 boys and 4 girls, average age 15,8 years), Class II

malocclusion that were treated with ForsusTM at the clinic of the Orthodontics

graduate program with a concentration area in orthodontics at the Methodist

University of São Paulo. Cone beam computed tomographic were obtained from

each patient at T1 (after the leveling phase and before the ForsusTM) and T2

(immediately after ForsusTM). To measure the distance between the root apex to the

bone plate, the images were obtained with iCATVisionTM and examined with

CorelDRAW X5TM. The cephalometric measurements IMPA and 1.PP were traced in

images obtained with Dolphin 3DTM (Dolphin Imaging and Management Solutions,

Chatsworth, EUA) with software Radiocef Studio 2 (Radio Memory, Belo Horizonte,

Brazil). Systematic errors were estimated by paired t test (p<0,05), and casual errors

were calculated according to Dahlberg’s formula. The statistical analysis of the

results was performed using the t test (p<0,05) to determinate the difference of T1

and T2 and to evaluate the correlation of the alterations observed the test of

correlation of Pearson was made. The results demonstrated a significant increase

(p<0,05) in IMPA and 1.PP, the root apex of lower incisors approached the lingual

bone plate and the root apex of upper incisors approached the buccal bone plate.

The treatment results of the ForsusTM proclined the lower central incisors and

uprighted the upper central incisors.

Keywords: Angle Class II Malocclusion; Computed Tomography; Fixed functional appliance

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Prescrição MBT - braquetes GeminiTM (3M-Unitek). ............................. 40

FIGURA 2 – Forsus® L-PIN ...................................................................................... 42

Fonte: Catálogo 3M Unitek ........................................................................................ 42

FIGURA 3 – Forsus® módulo EZ .............................................................................. 43

Fonte: Catálogo 3M Unitek ........................................................................................ 43

FIGURA 4 - Régua para medir o tamanho ideal do aparelho Forsus® ..................... 42

Fonte: Catálogo 3M Unitek ........................................................................................ 42

FIGURA 6 - Fio de amarrilho conjugado em todo o arco .......................................... 43

FIGURA 5 - Fio ortodôntico dobrado na distal do tubo ............................................. 43

FIGURA 7. Fonte: www.imagingsciences.com Aparelho de tomografia

computadorizada de feixe cônico, marca comercial I-cat, Imaging sciences

Internacional, Halfield, Pennsylvania, EUA ............................................................... 46

FIGURA 8 – Tomografia aberta no iCATVision ........................................................ 47

FIGURA 9 – Correção do Posicionamento da Cabeça no Programa iCATVision ... 48

FIGURA 10 – Implant screen ................................................................................... 48

FIGURA 11 – Imagem a ser estudada da unidade 21(incisivo central superior

esquerdo) .................................................................................................................. 49

FIGURA 12 – Imagem no CorelDRAW da unidade 21(incisivo central superior

esquerdo) .................................................................................................................. 50

FIGURA 13 – Medição da distância do ápice do incisivo central superior esquerdo à

tábua óssea vestibular e do incisivo central inferior esquerdo à tábua óssea

vestibular e lingual ..................................................................................................... 51

FIGURA 14 – Imagem radiográfica gerada pelo software Dolphin 3D® ................... 51

FIGURA 15 - Tela do Software Radiocef Studio 2 com respectivo traçado

cefalométrico computadorizado. ............................................................................... 52

FIGURA 16 - Desenho anatômico das estruturas dentoesqueléticas e do perfil

tegumentar. ............................................................................................................... 53

 

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Idade inicial dos pacientes ................................................................... 57

TABELA 2 – Idade média inicial ................................................................................ 58

TABELA 3 - Cálculo do erro sistemático (teste t pareado) e casual (Dahlberg) intra-

examinador. ............................................................................................................... 58

TABELA 4 – Medida inicial (antes da instalação do Forsus) .................................... 59

TABELA 5 – Medida final (após remoção do Forsus) ............................................... 59

TABELA 6 – Alteração observada ............................................................................. 60

TABELA 7 – Correlação entre a alteração do IMPA e média da alteração da

distância do ápice da u.d 31 e 41 até a tábua óssea lingual (teste de correlação de

Pearson) .................................................................................................................... 61

TABELA 8 – Correlação entre a alteração do IMPA e média da alteração da

distância do ápice da u.d 31 e 41 até a tábua óssea vestibular (teste de correlação

de Pearson) ............................................................................................................... 62

TABELA 9 – Correlação entre a alteração do 1.PP e média da alteração da distância

do ápice da u.d 11 e 21 até a tábua óssea vestibular (teste de correlação de

Pearson) .................................................................................................................... 63

LISTA DE ABREVIATURAS

TCFC Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico TC Tomografia Computadorizada V Vestibular L Lingual

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 22

2.1. Tomografia computadorizada na ortodontia ................................................... 22 2.2. Aparelhos ortodônticos e ortopédicos fixos para avanço mandibular e seus efeitos .................................................................................................................... 29

3. PROPOSIÇÃO ...................................................................................................... 38 4. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................ 40

4.1. MATERIAL ...................................................................................................... 40 4.1.1. Amostra .................................................................................................... 40 4.1.2. Descrição do aparelho FORSUS ® .......................................................... 41

4.2. MÉTODO ........................................................................................................ 45 4.2.1. Documentação Ortodôntica ..................................................................... 45 4.2.2. Obtenção das imagens ............................................................................ 45 4.2.3. Análise das Tomografias Computadorizadas .......................................... 46 4.2.4. Erro do método ........................................................................................ 55 4.2.5. Análise Estatística .................................................................................... 55

5. RESULTADOS ...................................................................................................... 57 5.1. Idade Inicial ..................................................................................................... 57 5.2. Erro do Método ............................................................................................... 58

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 65 6.1. AMOSTRA ....................................................................................................... 65 6.2. METODOLOGIA .............................................................................................. 66

6.2.1. Análise das Tomografias Computadorizadas .......................................... 66 6.2.2. Erro do Método ........................................................................................ 67

6.3. INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 67 6.3.1. Incisivos Centrais Inferiores ..................................................................... 67 6.3.2. Incisivos Centrais Superiores ................................................................... 68 6.3.3. Considerações Clínicas ........................................................................... 69

6.4. PROPOSTAS PARA NOVOS TRABALHOS .................................................. 70 7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................74

ANEXO.......................................................................................................................79

INTRODUÇÃO

Introdução

19

1. INTRODUÇÃO

A má oclusão de Classe II apesar de ser a segunda mais prevalente na

população (42%), é a mais procurada para ser tratada, devido principalmente ao

grande comprometimento estético11,40. Esta pode ocorrer devido a diversos fatores,

desde dentários até esqueléticos, ou a combinação de ambos sendo a deficiência

mandibular um dos principais fatores etiológicos30,38.

Consequentemente existem inúmeros aparelhos para tratamento da Classe II

devido à deficiência mandibular (Herbst, Jasper Jumper®, Aparelho de Protração

Mandibular (APM), Twin Block, Forsus® e Twin Force Bite Corrector®)5,6,21,25,36,41.

Dentre estes se destaca o Forsus®, um aparelho ortopédico fixo semi-rígido,

composto por uma mola resistente a fadiga, a qual é ativada por um êmbolo com a

função de protrair a mandíbula, promovendo uma correção da má oclusão

principalmente por alterações dentoalveolares, sendo o avanço mandibular gradual

sua principal vantagem, já que proporciona menos desconforto para o paciente 19.

Estudos têm demonstrado que a inclinação dos incisivos durante e após o uso

do Forsus® é alterada, observando uma verticalização dos incisivos superiores e

vestibularização dos incisivos inferiores. Apesar de conhecidas essas alterações,

não existem trabalhos na literatura avaliando de forma tridimensional os efeitos

dessa inclinação no posicionamento do ápice dos incisivos em relação às tábuas

ósseas vestibular e lingual 24,25,19.

Por muito tempo um dos principais problemas encontrados para avaliação

dos efeitos dos aparelhos ortodônticos foi o tipo de exame utilizado: radiografias

periapicais, panorâmicas e telerradiografias. Uma vez que são exames

bidimensionais para avaliação de estruturas tridimensionais, o que muitas vezes

dificulta a clara visualização das estruturas a serem estudadas. Mas atualmente com

a utilização das tomografias computadorizadas (TC) na ortodontia esta dificuldade

Introdução

20

tem sido contornada. Estudos têm demonstrado que a tomografia computadorizada

é um exame que fornece alto grau de reprodutibilidade das estruturas dentárias e

esqueléticas do complexo craniofacial 2,3,8,9,15,16.27,28.

Sendo assim, este estudo se propõe a analisar por meio de Tomografia

Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) os efeitos do aparelho Forsus® nos

incisivos centrais superiores e inferiores, avaliando inclinação e distância do ápice às

tábuas ósseas vestibular e lingual.

REVISÃO DE LITERATURA

Revisão de Literatura

22

2. REVISÃO DA LITERATURA

Para facilitar a leitura e compreensão do assunto proposto, esta será dividida

em dois tópicos assim dispostos:

2.1 . Tomografia computadorizada na ortodontia;

2.2 . Aparelhos ortodônticos e ortopédicos fixos para avanço mandibular e

seus efeitos

2.1. Tomografia computadorizada na ortodontia

FHURMAN em 200212 com o objetivo de investigar, por meio de tomografia

computadorizada, a incidência de deiscências, fenestrações, reabsorção e

remodelação ósseas durante e após o tratamento ortodôntico em pacientes adultos,

selecionaram 21 pacientes com comprometimento periodontal reduzido. Em 15

pacientes as primeiras TC foram obtidas antes do início do tratamento, e nos 6

restantes após a primeira fase do tratamento ortodôntico. O segundo exame

tomográfico foi realizado após a remoção do aparelho fixo (de 12 a 36 meses) e em

6 pacientes uma terceira TC foi realizada após um período de contenção que variou

de 6 a 36 meses. Concluíram que o tratamento ortodôntico provoca defeitos ósseos,

mas que estes são parcialmente reparados no período de contenção.

GARIB et al.14, em 2005 avaliaram por meio da tomografia computadorizada

os efeitos dentoesqueléticos e periodontais da expansão rápida da maxila em uma

jovem na fase de dentadura permanente. As tomografias foram obtidas antes da

expansão e logo após a remoção do expansor (03 meses de contenção), por meio

de um aparelho de tomografia computadorizada helicoidal Toshiba, modelo Xvision

EX (Toshiba Corporation Medi-cal Systems Company, Otawara-Shi, Japão),

trabalhando com 120kV, 100mA e tempo de exposição de um segundo por corte.

Utilizou-se o filtro 30 para melhor evidenciação dos tecidos duros. A dimensão da

Revisão de Literatura

23

matriz equivaleu a 512 X 512 pixels, com campo de visão (FOV) de 12,6 X 12,6cm.

Foram realizados cortes axiais, de um milímetro de espessura, paralelamente ao

plano palatino, englobando as regiões dentoalveolar e basal da maxila, até o terço

inferior da cavidade nasal. A extensão escaneada totalizou 40mm, e portanto, 40

cortes. Como resultados observaram que: a expansão rápida da maxila mostrou

muita eficiência em aumentar as dimensões transversais maxilares, em todas as

áreas aferidas, com efeito decrescente em direção superior, o aumento mensurado

ao nível das pontas de cúspide vestibular, excedeu a expansão do parafuso,

provavelmente devido a inclinação dentária, nos dentes que receberam as bandas

observou uma redução na espessura do osso alveolar por vestibular, já nos dentes

vizinhos, caninos e segundos pré-molares a tábua óssea permaneceu praticamente

inalterada e não foi observado clinicamente recessões gengivais imediatamente

após a expansão.

GARIB et al.13 em 2006 avaliaram e compararam por meio de tomografia

computadorizada os efeitos periodontais da expansão rápida da maxila utilizando

expansores dento-muco suportados e dento suportados. Para isso selecionaram 08

garotas de um grupo de 87 pessoas, com idade entre 11 e 14 anos. Estas foram

divididas em dois grupos: grupo 1 disjuntor dentomucosuportado e grupo 2 disjuntor

dento suportado, as tomografias foram obtidas antes da disjunção e após o período

de contenção de 3 meses. Uma máquina de tomografia helicoidal (modelo Xvision

EX, Toshiba Medical Systems Corporation Companhia, Otawara-Shi, Japão) foi

usada em 120 kV e 100 mA, com tempo de varredura de 1 seg por seção, filtro de

vista de 12,6 x 12,6 cm, e uma matriz de 512 x 512 pixels foram utilizados. A

medição da espessura do osso alveolar vestibular e lingual dos dentes posteriores

superiores foram feitas num corte axial paralelo ao plano palatino, ao nível da furca

do primeiro molar permanente do lado direito. Na presença de rotações dentárias a

espessura da tábua óssea foi mensurada onde a raiz estava mais próxima.

Observaram que: a expansão rápida da maxila causa deiscências ósseas na face

vestibular principalmente nos dentes de suporte; clinicamente não foram observadas

recessões gengivais imediatamente após a expansão; o grupo do disjuntor

dentosuportado produziu maior reabsorção da crista alveolar marginal vestibular nos

dentes de suporte quando comparados ao grupo do disjuntor dentomucosuportado.

Revisão de Literatura

24

Devido às limitações da análise cefalométrica por meio de telerradiografias, a

qual analisa imagem tridimensional (3D) de forma bidimensional, PARK et al.35 em

2006 propuseram um novo método de análise cefalométrica utilizando a tomografia

computadorizada (TC) 3D para avaliar sua precisão. Selecionaram 30 indivíduos,

obtiveram imagens 3D destes, e em seguida analisaram o osso zigomático, maxilar,

mandibular e a convexidade facial. Depois de comparada as medidas obtidas com

as médias normais dos coreanos, não foram observadas diferenças significativas.

Sendo assim eles concluíram que as imagens 3D, obtidas por meio de TC fornecem

informações confiáveis e que estas podem ser utilizadas no diagnóstico e

planejamento dos casos .

 

BERCO et al.2 em 2009 objetivando determinar a precisão e confiabilidade

das tomografias computadorizada de feixe cônico (TCFC), identificaram 17 pontos

de referência no crânio seco e vinte e nove medidas lineares de Interlandi foram

obtidas diretamente e comparadas com as mesmas medidas obtidas nas

tomografias computadorizadas, as quais foram avaliadas com o auxílio de um

software de imagens 3D (Dolphin Imaging). Todas as medições foram feitas por dois

operadores em 4 ocasiões. A precisão das medidas foi limitada ao tamanho de voxel

de 0,4 mm. Concluíram que a TCFC é confiável na medição linear do complexo

craniofacial, além disso, a orientação do crânio durante a varredura não influencia a

precisão das medidas.

DE VOS et al.8 em 2009, realizaram uma revisão sistemática da literatura

sobre TCFC na obtenção de imagens da região bucomaxilofacial, com o intuito de

avaliar dados sobre aplicação clínica, parâmetros técnicos e dose de radiação. Para

isso foi feita uma pesquisa na PubMED (National Library of Medicine, NCBI, Nova

Pubmed System; revista 01 de dezembro 2007) sobre imagem de CBCT na região

bucomaxilofacial. 117 trabalhos foram selecionados e analisados, sendo que destes

86 (49%) estavam relacionados com aplicações clínicas; 65 (37%) com a técnica; 16

(9%) dose de radiação e 26 (15%) resumos dos artigos (sinopse papers). Como

resultado observarm que a imagem da TCFC foi mais solicitada para planejamentos

e diagnósticos de: patologias dento alveolares, casos cirúrgicos, casos ortodônticos

e caso de implantes. Concluíram que faltam dados baseados em evidências

Revisão de Literatura

25

científicas sobre a TCFC e que a elaboração de um conjuto mínimo de parâmetors

relacionados deve ser alvo de futuro estudos.

BROWN et al.3 em 2009 com o intuito de avaliar a precisão das medições

lineares entre pontos cefalométricos marcados nas imagens produzidas pela TCFC

3D, compararam medidas lineares entre 24 pontos anatômicos marcados e medidos

diretamente em 19 crânios humanos com as imagens conseguidas com TCFC (i-

CAT, Imaging Sciences International, Hatfield, Pa), Feita a análise dos resultados

concluíram que medidas lineares feitas em imagens 3D (TCFC) são precisas quando

comparadas com as medidas feitas diretamente no crânio e que reduzidas projeções

para reconstrução em 3D não leva a perda de precisão dimensional sendo o

paciente beneficiado, uma vez que há necessidade de menos exposição a radiação.

CHEN et al.4 em 2010 com o objetivo de avaliar a espessura óssea em

pacientes com diferentes ângulos FMA (ângulo formado pelo plano horizontal de

Frankfort e pelo plano mandibular) selecionaram vinte pacientes adultas do sexo

feminino com má oclusão de Classe II, estes foram divididas em três grupos: grupo

FMA alto 37,5 + 2,0 (7 casos); grupo FMA médio 28,8 + 1,8 (8 casos) e grupo FMA

baixo 20,6 + 2,5 (5 casos). Todas as tomografias computadorizadas de feixe cônico

foram obtidas com a mesma máquina (CBMercuRay, Japão, HitachiMedical 120kV,

15 mA, 12min) e salvas em formato DICOM (Digital Imaging and Communications in

Medicine). A espessura do osso cortical foi medida em cinco regiões anatômicas.

Entre os diferentes grupos não foi observado diferença estatisticamente significante

nas cinco regiões observadas, entretanto quando comparado as espessuras do osso

cortical da região anterior e posterior da maxila com as mesmas regiões da

mandíbula, a maxila apresentou valores maiores. Com os resultados observados

nesse estudo, a medida do ângulo FMA não indica que será observada uma

diferença estatisticamente significante na espessura do osso cortical.

EVANGELISTA et al.9 em 2010 compararam por meio de tomografia

computadorizada de feixe cônico (TCFC) a presença de deiscência e fenestração

entre pacientes com diferentes tipos faciais que apresentavam má oclusão de

Classe II e Classe I Divisão 1ª. Os critérios de inclusão foram: TCFC de pacientes

maiores de 18 anos, sem histórico de tratamento ortodôntico, ambos os sexos,

Revisão de Literatura

26

Classe I ou Classe II Divisão 1ª, leve a moderado apinhamento e diferentes tipos

faciais. Dessa forma foram selecionados 79 pacientes Classe I e 80 Classe II

Divisão 1ª, dando um total de 4319 dentes. As imagens foram obtidas pelo aparelho

de tomografia i-CAT com 47,7 de mA, 120 kV, tempo de exposição de 40 segundos

e um tamanho de voxel isotrópico de 0,25 x 0,25 x 0,25 mm. Os arquivos foram

exportados em formato DICOM 3 como resolução de 512 x 512 pixels e processados

usando software InVivoDental. Na tomada a cabeça do paciente era posicionado de

forma que o plano de Frankfurt estivesse paralelo ao chão e os dentes em oclusão

cêntrica. Dois examinadores calibrados examinaram visualmente os cortes das

imagens em um sala escura, usando um monitor de LCD com 24,1 polegadas e

resolução de 1920 x 1200 pixels. As imagens tomográficas eram analisadas de

forma cega sem que os observadores soubessem a má oclusão, tipo facial ou um

dos outros resultados. Era considerado deiscência quando a distância da junção

cemento-esmalte até a altura do osso alveolar era maior que 2 mm e fenestração

quando o defeito não envolvia a crista alveolar. O comprimento radicular foi dividido

em três partes iguais a partir da junção cemento esmalte até o ápice, para localizar o

terço da raiz com defeito alveolar. A expectativa de encontrar diferença na

prevalência de defeitos ósseos entre os diferentes tipos faciais não foi confirmada, a

amostra com má oclusão de Classe I teve uma maior prevalência de defeitos ósseos

quando comparado com os pacientes Classe II. Sendo assim concluíram que :

defeitos ósseos são um achado comum antes do tratamento ortodôntico,

principalmente em pacientes Classe I, não estando relacionado ao tipos faciais e

que a TCFC é especialmente recomendada nos casos ortodônticos onde o

movimento do dente para vestibular será necessário para correção da má colusão.

GARIB et al.16 em 2010 com o objetivo de expor e discutir as implicações da

morfologia do osso alveolar visualizado por meio da TC, sobre o diagnóstico e plano

de tratamento ortodôntico. Pesquisaram e avaliaram as evidências cientificas sobre

a inter-relação entre características dentofaciais e a morfologia das tábuas ósseas

vestibular e lingual, assim como evidências sobre a repercussão da movimentação

ortodôntica sobre o nível e espessura dessas estruturas periodontais. Observaram

que: pacientes adultos podem apresentar deiscências ósseas previamente ao

tratamento ortodôntico, principalmente na região dos incisivos inferiores; nos

incisivos superiores a tábua óssea vestibular é mais delgada quando comparada à

Revisão de Literatura

27

lingual; já nos incisivos inferiores tanto a tábua óssea vestibular como a lingual

apresentam-se bastante delgada; os pacientes com padrão de crescimento vertical

parecem apresentar menor espessura das tábuas ósseas vestibular e lingual no

nível do ápice dos dentes permanentes; o movimento dentário vestibulolingual

descentraliza os dentes do rebordo alveolar ocasionando deiscências ósseas. Sendo

assim, concluíram que a tomografia computarorizada apontará os limites da

Ortodontia, definindo os procedimentos que poderam ser implementados em cada

paciente individualmente

GRACCO et al.17 em 2010 avaliaram se existe correlação entre a

morfologia da sínfise mandibular entre os diferentes tipos faciais por meio de

tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC). Para isso selecionaram 80

TCFC de pacientes (Classe I e Classe II ) com idade entre 19 e 37 anos. Essas

tomografias foram obtidos através de um scanner Newtom volume 3G (QRsr1,

Verona, Itália) com as seguintes configurações: 110 kV (AP-LL); 2,00 mA (AP) e

1,00 mA (LL); tempo de exposição de 5,4 segundos, e secção do voxel de 0,50 mm.

Obtidas as tomografias avaliou-se na região dos quatro incisivos inferiores:

espessura e altura da sínfise; espessura, altura e área do osso esponjoso da sínfise;

distância dos ápices dos quatro incisivos até a cortical óssea vestibular e lingual e

inclinação de cada incisivo inferior. Concluíram que a TCFC permite examinar as

tábuas ósseas vestibular e lingual sem as desvantagens de sobreposição das

radiografias convencionais; a espessura total da sínfise em indivíduos face curta é

quase sempre maior quando comparado aos indivíduos face longa e que na região

dos incisivos centrais inferiores a sínfise apresenta-se substancialmente maior

quando comparando com as áreas circundantes.

LEUNG et al.27 em 2010 teve como objetivo avaliar a precisão e

confiabilidade da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) no diagnóstico

de fenestrações e deiscências ósseas naturais e na medição da altura da crista

óssea marginal. Os crânios secos foram digitalizadas TCFC(CB MercuRay, Hitachi

Medical Systems americano, Twinsburg, Ohio). Os parâmetros para a digitalização

de imagem foram 110 kVp, 2 mA, 9,6 segundos por volta, e 12 cm em campo de

visão (FOV) com voxel de 0,38mm. Este estudo mostrou que as medições feitas na

TCFC não são tão precisas como as medições diretas em crânios. As diferenças

Revisão de Literatura

28

entre os métodos diretos e TCFC foram provavelmente devido às limitações da

resolução espacial das imagens. A localização do junção cemento esmalte (JCE)

teve uma precisão de 0,4 mm, e a localização da crista marginal de 0,6 mm.

SHERRARD et al.39 em 2010 objetivando analisar a precisão e a

confiabilidade de medidas do comprimento do dente e da raiz em radiografias

periapicais e comparando estas com imagens obtidas por meio de tomografia

computadorizada de feixe cônico (TCFC), selecionaram sete cabeças de porcos

(Sus domestica) com idade entre 2 e 3 anos, uma vez que essa espécie de porco

tem os dentes com formato comparáveis com os dos seres humanos. Imagens

radiográficas de 96 dentes foram obtidas, mas destas 56 foram selecionadas: 17

primeiros e segundos pré-molares superiores; 11 primeiros e segundos pré-molares

inferiores; 14 primeiros e segundos incisivos superiores e 10 primeiros e segundos

incisivos inferiores. Os exames tomográficos foram obtidos com i-CAT (Imaging

Sciences International, Hatfield,PA), com as seguintes especificações: 120 kVp, 03-

08 mA. Dois exames de cada amostra foram realizados em três tamanhos de voxel

(0,2; 0,3 e 0,4 mm), sendo que o tempo de exposição foi de 40 segundos para 0,2

mm de voxel e 20 segundos para 0,3 e 0,4 mm de voxel. As seguintes distâncias

lineares foram medidas para cada dente: MCEJ – DCEJ, distância da junção amelo-

cementária mais mesial para a mais distal; MCEJ – RA, distância da junção amelo-

cementária mais mesial até o ápice radicular; DCEJ – RA, distância da junção

amelo-cementária mais distal até o ápice radicular, IE – RA, distância da borda

incisal (incisivos), ou ponta de cúspide vestibular (pré-molares), para o ápice

radicular ou para o ápice radicular mesial (pré-molares). Para cada dente removido

do osso, as medidas foram tomadas duas vezes com um parquímetro digital Vernier

6 (Ningbo Foison Housewares, Zhejiang, China) com precisão de 0,01 mm.

Concluíram que não existe diferença estatisticamente significante nas medidas

obtidas nos diferentes tamanhos de voxel, entretanto quando comparado a TCFC

com as radiografias periapicais, estas foram menos precisas devido a sobreposição

de imagens o que dificulta a visualização de estruturas.

Revisão de Literatura

29

2.2. Aparelhos ortodônticos e ortopédicos fixos para avanço mandibular e seus efeitos

Atualmente na Ortodontia e Ortopedia Facial existem diversos tipos de

aparelhos para avanço mandibular, podendo ser fixos ou removíveis. Sendo os fixos

mais eficientes, uma vez que agem 24 horas por dia e praticamente não dependem

da colaboração do paciente. O primeiro idealizador de um aparelho de avanço

mandibular fixo foi Emil Herbst, em 1905. Ele apresentou este aparelho no 5°

Congresso Internacional de Odontologia em Berlim. O aparelho caracterizava-se por

apresentar um sistema telescópico bilateral que exigia ancoragem interarcos para

manutenção da mandíbula em posição continuamente avançada21,31. Após algum

tempo esquecido, este aparelho foi reintroduzido por Pancherz (1979) e aceito na

comunidade ortodôntica como um meio efetivo para correção da Classe II, 1ª divisão

com retrognatismo mandibular.

RUF et al.37 com intuito de avaliar se a vestibularização dos incisivos

inferiores durante o tratamento com o aparelho Herbst desenvolve recessão

gengival, selecionaram um grupo de 98 crianças, e por meio das telerradiografias,

fotos, modelos de estudo, pesquisaram por recessões gengivais. A média de

vestibularização dos 392 incisivos estudados foi de 8,9°, em 380 não foram

observadas novas recessões e nem agravamento naqueles casos que já

apresentavam, e somente em 12 dentes surgiram novas recessões ou as que já

estavam presentes se agravaram. Com esses resultados, concluíram que não existe

correlação entre recessão gengival e vestibularização dos incisivos em crianças.

ALMEIDA et al.1 em um estudo clínico prospectivo, investigaram os efeitos

da terapêutica com o aparelho de Herbst na dentadura mista e compararam com

uma amostra controle pareada por meio de telerradiografia em norma lateral. A

amostra final foi composta por 30 jovens (15 do gênero masculino e 15 do gênero

feminino) com má oclusão de Classe II divisão 1 (bilateral maior que ½ cúspide),

idade média inicial de 9 anos e 10 meses, a amostra controle foi constituída por 30

jovens (15 do gênero masculino e 15 do gênero feminino) que apresentavam má

oclusão de Classe II divisão 1, não submetidos a nenhum tipo de tratamento

Revisão de Literatura

30

ortodôntico, com idade média inicial de 9 anos e 8 meses. Observaram que: não

houve alteração na maxila estatisticamente significante entre os grupos; o

comprimento mandibular aumentou 3,2 mm no grupo controle e 4,8 mm no grupo

Herbst; o ângulo ANB reduziu no grupo Herbst já no grupo controle esta variável

permaneceu inalterada, os incisivos superiores foram lingualizados (4,9°) e retraídos

(1,1mm) e os incisivos inferiores protuíram (1,2mm) e vestibularizaram (5,7º)

significativamente no grupo Herbst. Sendo assim, concluíram que a correção da má

oclusão de Classe II ocorreu principalmente devido a alterações dentárias.

FLORES-MIR et al.10 , fizeram uma revisão de artigos, na qual pesquisaram

sobre as alterações dento-esqueléticas de indivíduos com má oclusão de Classe II

em crescimento por meio de telerradiografias laterais que utilizaram o aparelho

Splint-Type Herbst. Para isso, pesquisaram vários artigos e após uma análise

criteriosa foram selecionados três. Observaram que após o tratamento com o

aparelho Splint-Type Herbst, nos trabalhos estudados, ocorreu: um aumento

significante do comprimento mandibular anteroposterior, vestibularização dos

incisivos mandibular, aumento do terço inferior da face, movimento mesial dos

molares inferiores.

O aparelho Jasper Jumper® foi idealizado pelo Dr. James Jasper em 1987

como um aparelho ortopédico fixo para correção da má oclusão de Classe II que

poderia ser usado em conjunto com o aparelho fixo, não necessitando de duas fases

de tratamento, ortopédica e corretiva, e nem da fase laboratorial como no aparelho

de Herbst. É composto por dois módulos de força flexíveis (direito e esquerdo)

revestidas por uma capa de poliuretano, pinos com extremidade esférica que

promovem a fixação do diapositivo no arco superior e esferas de acrílico que

promovem o stop do aparelho no arco inferior. O Jasper Jumper® encontra-se

disponível em 7 diferentes comprimentos, de 26mm (tamanho 1) a 38mm (tamanho

7), com intervalos de 2mm, que promovem uma força leve e contínua, sendo fácil de

instalar, ativar e remover 22.

HENRIQUES et al.20, tiveram como objetivo avaliar por meio de

telerradiografias as alterações esqueléticas e dento-alveolares de pacientes com má

oclusão de Classe II tratados com o aparelho Jasper Jumper® e comparar a um

Revisão de Literatura

31

grupo controle não-tratado. Para isso selecionaram um grupo de 47 jovens e estes

foram divididos em dois grupos : Grupo 1 – Jasper Jumper® (25 pacientes com idade

média de 12,72 anos) e Grupo 2 – Controle (22 pacientes com idade média de 12,67

anos), sendo todos os pacientes selecionados Classe II divisão 1. Para o estudo

utilizou-se duas telerradiografias em norma lateral de cada indivíduo (T1 inicial e T2

final). Observaram que: o grupo Jasper Jumper® apresentou uma maior retrusão e

restrição do crescimento e desenvolvimento da maxila quando comparado ao grupo

Controle; o Jasper Jumper® promoveu intrusão e distalização dos molares

superiores, extrusão e retrusão dos incisivos superiores, resultando em uma rotação

horária do plano palatino; comparando com o grupo controle não houve uma

protusão significativa da mandíbula nem um aumento significativo de seu

comprimento efetivo com o uso do aparelho Jasper Jumper®; o grupo Jasper

Jumper® apresentou uma maior inclinação para vestibular dos incisivos inferiores; o

grupo tratado apresentou uma diminuição significativa dos trespasses horizontal e

vertical e uma melhora também significativa da relação molar. Concluíram que a

correção da Classe II no grupo tratado se deu principalmente devido a restrição do

crescimento maxilar, protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e à extrusão dos

molares inferiores

KU ̈C ̧U ̈KKELES et al.26, avaliaram os efeitos do tratamento da má oclusão

de Classe II esquelética devido a um retrognatismo mandibular com o aparelho

Jasper Jumper® e compararam com os resultados já existentes na literatura. Para

isso selecionaram 45 pacientes em um estágio semelhante de desenvolvimento

esquelético (22 do sexo masculino e 23 do sexo feminino). Destes 45 pacientes, 25

foram tratados com o aparelho Jasper Jumper® e 20 pacientes participaram do grupo

controle. Os critérios de seleção adotados foram: relação de Classe II esquelética e

dentária; IMPA normal ou reduzido, arco inferior alinhado, pacientes no pico de

crescimento, padrão de crescimento normal. A média de idade do grupo tratado era

de 11,83 anos e do grupo controle de 11,3 anos. No grupo controle as

telerradiografias laterais foram obtidas no início e no final do período de observação

(6 meses) e no grupo tratado três telerradiografias laterais foram obtidas: inicial (T1),

antes da inserção do Jasper Jumper® (T2) e após a remoção do Jasper Jumper®

(T3). Observaram durante o uso do Jasper Jumper®, uma verticalização do incisivos

superiores, vestibularização dos incisivos inferiores, distalização do molares

Revisão de Literatura

32

superiores, mesialização dos molares inferiores. Concluíram que: o maior

responsável pelas correções da má oclusão de Classe II esquelética foram as

mudanças dentoalveolares; o aparelhos Jasper Jumper® devido ao seu maior efeito

dentoalveolar também pode ser utilizado em pacientes adultos.

O Twin Force Bite Corrector® é um aparelho ortopédico funcional fixo

híbrido utilizado conjuntamente com os braquetes, ele é composto por dois êmbolos

que contêm molas espirais de níquel-titânio ao longo do seu eixo axial que

proporcionam uma combinação de sistema de força flexível e rígido, nas suas

extremidades encontram-se duas porcas que devem ser presas no arco ortodôntico

na mesial dos molares superiores e na distal dos caninos inferiores. Quando

instalado proporciona uma força de propulsão leve e continua de aproximadamente

210 g. É de fácil instalação, não limita os movimento de lateralidade e não requer

fase laboratorial. Pode ser usado na correção da má oclusão de classe II ou classe

III36.

TRENOUTH43 avaliou por meio de telerradiografias os efeitos do aparelho

Twin-block em pacientes Classe II Divisão 1a de Angle e compararam com um grupo

controle. Para isso selecionaram 30 pacientes (14 sexo masculino e 16 sexo

feminino) com má oclusão de Classe II Divisão 1a e idade média de 12 anos e 6

meses. As tomadas radiográficas foram obtidas em dois momentos, antes do

tratamento e logo após. Utilizando o teste estatístico de Mann Whitney, as

mudanças observadas durante o tratamento no grupo Twin-block foram comparadas

com as alterações do grupo controle. O efeito do tratamento foi calculado

subtraindo-se a alteração grupo Twin-block do crescimento natural do grupo

controle. Observaram uma redução significante na angulação do incisivo superior e

não houve uma alteração significativa na angulação dos incisivos inferiores.

Concluíram que o aparelho Twin-block é efetivo na correção da má oclusão de

Classe II e que sua melhor efetividade quando comparado a outros aparelhos

funcionais se da pelo fato dele ser fixo, ou seja: estar ativo 24 horas por dia.

O Aparelho de Protração Mandibular (APM), também é um aparelho

intrabucal fixo, que não necessita da colaboração do paciente para a correção da má

Revisão de Literatura

33

olcusão de classe II. Foi desenvolvido por um ortodontista brasileiro chamado Carlos

Martins Coelho Filho que buscava um aparelho que apresentasse as seguintes

características: 1) força distal sobre a maxila; 2) posicionamento mesial da

mandíbula; 3) fixo, não dependendo da colaboração do paciente; 4) apesar de fixo e

de uso contínuo, permitisse a abertura e o fechamento da boca, a fala e a

mastigação eficiente. O APM I era confeccionado com fio 0,032", sua instalação era

da porção mesial dos tubos dos primeiros molares superiores, até a dobra na distal

dos caninos inferiores, devido ao seu posicionamento não permitia a colagem de

braquetes nos pré molares. Atualmente, as principais características do APM são: 1)

possibilidade de fabricação pelo próprio profissional ou auxiliar; 2) fácil instalação; 3)

baixo custo; 4) pode ser utilizado concomitantemente com qualquer mecânica,

associado ao aparelho fixo, não necessitando de um estádio à parte, o que, além de

expandir o seu leque de possibilidades de uso, contribui para a redução do tempo

total de tratamento. Este aparelho é muito versátil, sendo indicado para vários tipos

de problemas: 1) Classe II esquelética com retrusão mandibular; 2) Classe II

dentária - distalização de molares superiores; 3) emprego unilateral ou com ativação

diferenciada para a correção de desvios de linhas médias; 4) preservação de

ancoragem póstero-superior; 5) preservação de ancoragem ântero-inferior5.

SIQUEIRA41 et al. comparou as mudanças esqueléticas e do tecido mole por

meio de telerradiografias de dois grupos de 25 pacientes, um tratado com Aparelho

Extrabucal Cervical (AEB) e o outro tratado com Aparelho de Protração Mandibular

(APM). Para avaliar as alterações entre os grupos o teste T pareado com nível de

significância de 0,05 foi aplicado. As telerradiografias foram obtidas em dois tempos

T1- antes de iniciar o tratamento e T2- pós tratamento. O grupo AEB mostrou

estatisticamente maior restrição do deslocamento anterior da maxila, melhoria da

relação esquelética de Classe II, diminuição da convexidade facial, extrusão e

distalização do primeiro molar superior e extrusão dos incisivos inferiores. No grupo

APM foi observado um aumento estatisticamente maior no comprimento da maxila,

protrusão mandibular, retrusão dos incisivos superiores, mesialização dos primeiros

molares inferiores, vestibularização dos incisivos inferiores e protrusão do lábio

inferior. Com isso concluíram que no grupo tratado com AEB a correção da má

oclusão de Classe II ocorreu devido uma maior restrição do crescimento maxilar e

Revisão de Literatura

34

distalização dos molares, enquanto no grupo tratado com APM a correção ocorreu

devido a um deslocamento mesial dos molares.

O aparelho reposicionador mandibular MARA é um aparelho funcional fixo

que é mais utilizado durante a dentadura permanente jovem. Foi desenvolvido por

Douglas Toll, em 1991, redesenhado em 1995 e popularizado nos Estados Unidos

por Eckhart no ano de 1997. O aparelho é construído com coroas de aço inoxidável

¾ nos primeiros molares permanentes superiores e inferiores, nessas coroas

encontram-se barras de aço inoxidável, sendo que nos molares superiores as barras

são posicionadas verticalmente e nos inferiores horizontalmente de forma que

quando instaladas fazem a propulsão mandibular33. PANGRAZIO-KULBERSH34, avaliaram por meio de telerradiografias os

efeitos dentários e esqueléticos no sentido anteroposterior e vertical do aparelho

MARA em 30 pacientes Classe II, com média de idade de 11,2 anos, sendo 12 do

sexo masculino e 18 do feminino, a média de tempo de tratamento foi de 10,7

meses. Os resultados obtidos foram comparados com um grupo controle, um grupo

Herbst e um grupo Fränkel. Resultados : não foi observado efeito esquelético na

maxila nos pacientes tratados com MARA, ocorreu um grande movimento distal dos

molares superiores, os molares mandibulares moveram-se para mesial cerca de 0.7

mm, os incisivos inferiores foram significativamente afetados pelo tratamento, estes

se moveram 1mm horizontalmente para frente e o IMPA aumentou em média cerca

de 3.6°. Este estudo demonstrou que o aparelho MARA é efetivo no tratamento de

pacientes com má oclusão de Classe II por meio de alterações dentárias e

esqueléticas. A correção da Classe II de molar de 5.8 mm foi obtida por 47 % de

mudança esquelética (2,7mm) e 53 % de mudança dentária (3,1mm). O aparelho

MARA produziu mudanças dentoalveolares similares ao Herbst e maiores quando

comparado ao grupo Fränkel II.

O aparelho Forsus® (3M UNITEK) consiste em uma mola ativada por um

êmbolo que resiste à compressão intensa, com a função de protrair a mandíbula.

Quando comparado a outros sistemas, o Forsus® diferencia-se na facilidade de

instalação, cooperação mínima do paciente, proporciona melhor estética e maior

Revisão de Literatura

35

conforto ao paciente.

KARACAY et al.25, com o objetivo de comparar os efeitos dos aparelhos

Forsus® e o Jasper Jumper® na correção da má oculsão de Classe II divisão 1ª,

tratou uma amostra composta por 48 adolescentes com padrão de crescimento

normal ou horizontal, retrusão mandibular, overjet de no máximo 7mm. Os pacientes

foram divididos aleatoriamente em três grupos (grupo tratado com o Forsus®; grupo

tratado com Jasper Jumper® e um grupo controle). Telerradiografias laterais e

modelos de estudos foram obtidos após a fase de alinhamento e nivelamento e logo

após a remoção do aparelho. Após o uso dos aparelhos observaram: relação molar

de Classe I; os incisivos superiores extruíram e verticalizaram; os incisivos inferiores

instruíram e vestibularizaram. Sendo assim, concluíram que a maior parte da

correção da Classe II obtida tanto com o Forsus® como com Jasper Jumper® são

devida às mudanças dentárias e não esqueléticas.

HEINIG e GÖZ19, com o objetivo de esclarecer quais as mudanças ocorridas

após o uso do Forsus® spring por meio de modelos de gesso e radiografias

selecionaram um grupo de 13 pacientes (cinco mulheres e oito homens), com má

oclusão de Classe II, a idade média dos pacientes no momento da inserção era de

14,2 anos (12 anos e 6 meses o mais novo e 17 anos o mais velho). Modelos de

gesso, fotografias e uma radiografia lateral foram obtidos antes da inserção do

Forsus® spring e logo após a sua remoção (após 4 meses de uso). Observaram que:

os efeitos dentários foram responsáveis por 66% da correção sagital, os incisivos

superiores verticalizaram, vestibularização dos incisivos inferiores, rotação horaria

do plano oclusal, redução do overjet e overbite. O Forsus® spring pode ser utilizado

como uma alternativa a outros aparelhos ortopédicos funcionais fixos para

tratamento da má oclusão de Classe II.

JONES et al.24, com o objetivo de avaliar e comparar os efeitos dentários e

esqueléticos do tratamento com elástico de Classe II e com Forsus®, selecionaram

uma amostra de 34 pacientes (14 mulheres, 20 homens) que foram tratados com

Revisão de Literatura

36

Forsus® e compararam com 34 pacientes (14 mulheres, 20 homens) que foram

tratados com elástico de Classe II, e avaliaram as seguintes variáveis ( ANB, L1-

GoMe, SN-GoMe, e a duração do tratamento). Observaram que: o grupo tratado

com Forsus apresentou menos alterações verticais quando comparado com o grupo

tratado com elástico de Classe II; a correção da Classe II no grupo tratado com

Forsus® foi predominantemente conseqüência de um posicionamento esquelético e

dentário mandibular mais para mesial; os incisivos inferiores em ambos os grupos

terminaram numa posição mais vestibular. Concluíram: o Forsus® é uma alternativa

para pacientes não colaboradores e que o deslocamento anterior da mandíbula é o

fator predominante no sucesso do tratamento dos pacientes Classe II seja com o

uso de elástico de Classe II ou Forsus®.

PROPOSIÇÃO

Proposição

38

3. PROPOSIÇÃO

A proposta desta investigação consistiu em estudar os efeitos do aparelho

Forsus® no tratamento da Classe II Divisão 1, avaliando por meio de tomografias

computadorizadas de feixe cônico (TCFC):

- 1.PP: ângulo formado pelo longo eixo do incisivo central superior com o

plano palatino, medido no ângulo formado na região anterior;

- IMPA: ângulo formado pelo longo eixo do incisivo inferior com o plano

mandibular;

- Distância do ápice do incisivo inferior à tábua óssea lingual;

- Distância do ápice do incisivo inferior à tábua óssea vestibular;

- Distância do ápice do incisivo superior à tábua óssea vestibular;

- Correlação entre alteração do IMPA e a distância do ápice dos incisivos

centrais inferiores à tábua óssea lingual.

- Correlação entre alteração do 1.PP e a distância do ápice dos incisivos

centrais superiores à tábua óssea vestibular.

MATERIAL E MÉTODO

Material e Método 40

4. MATERIAL E MÉTODO 4.1. MATERIAL 4.1.1. AMOSTRA

A amostra foi selecionada após devida aprovação do projeto de pesquisa pelo

comitê de ética em pesquisa (CEP 366310-10), da Universidade Metodista de São

Paulo, sendo esta constituída por 22 tomografias computadorizadas, de 11 jovens

brasileiros, sendo 7 do gênero masculino e 4 do gênero feminino, com idade média

inicial de 15,8 anos, ou seja, eram adultos jovens na fase final do crescimento

puberal, quando na data de instalação do aparelho Forsus®. Alguns critérios foram

observados para a seleção dos pacientes.

Critérios de Inclusão :

1. Idade inicial entre 13 e 18 anos;

2. Má oclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle, com severidade mínima de ½

Classe II, avaliada por meio de exame clínico em relação cêntrica;

3. Trespasse horizontal mínimo de 5 mm em relação cêntrica;

4. Ausência de agenesias, supranumerários ou perdas de dentes permanentes;

5. Arco inferior exibindo apinhamento de no máximo 4 mm ou nenhum;

6. Ausência de tratamento ortodôntico prévio;

7. Perfil facial convexo;

Critérios de exclusão :

1. Pacientes com ausência de selamento labial passivo;