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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Centro de Ciências Agrárias Departamento de Fitotecnia e Produção Vegetal Programa de Pós-Graduação em Agronomia AVALIAÇÃO SANITÁRIA DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO E DE ALFACES (Lactuca sativa L.) PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA, PARAÍBA Rosângela Alves de Souto AREIA, PARAÍBA - ABRIL/2005 –

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Centro de Ciências Agrárias Departamento de Fitotecnia e Produção Vegetal Programa de Pós-Graduação em Agronomia

AVALIAÇÃO SANITÁRIA DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO E DE ALFACES (Lactuca sativa L.) PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO

DE LAGOA SECA, PARAÍBA

Rosângela Alves de Souto

AREIA, PARAÍBA

- ABRIL/2005 –

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ROSÂNGELA ALVES DE SOUTO

AVALIAÇÃO SANITÁRIA DAS ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO E DE ALFACES

(Lactuca sativa L.) PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA, PARAÍBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia, como parte dos requisitos para obtenção do título de “Mestre em Agronomia”. Área de concentração: Solos e Nutrição de Plantas.

Orientador: Adailson Pereira de Souza

AREIA, PARAÍBA

- ABRIL/2005 –

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ROSÂNGELA ALVES DE SOUTO

AVALIAÇÃO SANITÁRIA DAS ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO E DE ALFACES (Lactuca sativa L.) PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA, PARAÍBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Agronomia da Universidade

Federal da Paraíba, como parte dos requisitos

para a obtenção do título de “Mestre em

Agronomia”. Área de concentração: Solos e

Nutrição de Plantas.

Aprovada em 15 de abril de 2005

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Dr. Adailson Pereira de Souza - CCA/UFPB

Orientador

___________________________________________ Prof. Dr. Djail Santos - CCA/UFPB

Examinador

___________________________________________ Prof. Dr. Valderi Duarte Leite - CCT/UEPB

Examinador

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Aos meus pais, Neuvanilo Alves de Souto

e Josefa Alves de Souto, pelo amor

incondicional e bons exemplos prestados

durante toda a minha vida;

Ao meu noivo, Rodrigo Alves Nóbrega,

pela inesgotável fonte de carinho e apoio nos

momentos mais difíceis.

Agradeço

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força e perseverança que obtive para atingir este desafio;

A minha família, pelo apoio e incentivo, em especial a minha irmã Rafaela e ao meu

irmão Rinaldo pela valiosa colaboração e presteza durante toda esta caminhada;

Aos coordenadores e professores do curso de pós-graduação em Agronomia, pela

acolhida e inestimável contribuição fornecida para minha formação;

Aos colegas Arthur, Ronny, Mônica, Maria e Jeandson por saberem compartilhar o

pouco, em especial aos dois primeiros pela atenção sempre prestada;

Aos companheiros de pós-graduação, pelo intercâmbio e agradável convívio na

trajetória do curso;

As minhas amigas Márcia, Alessandra e Elessandra pelo apoio, estímulo e bons

conselhos nos momentos de desânimo;

Aos funcionários do Departamento de Solos e Engenharia Rural, pela ajuda

fornecida em alguns momentos da pesquisa;

Ao professor Alexandre Alves e a professora Sheila Rocha Gondim, pelas

importantes sugestões na realização das análises microbiológicas;

A minha amiga Maria Celina Sarmento Maracajá, pela grandiosa contribuição na

execução das análises parasitológicas;

A professora Maria de Fátima Nóbrega, pelas informações cedidas e boas conversas

ao longo desta caminhada;

A professora Karine Soares de Melo, pela colaboração no Abstract;

A todos que não foram citados, mas que, contribuíram direta ou indiretamente na

realização deste trabalho;

Por fim, quero fazer um agradecimento muito especial a mestranda Julicelly

Barbosa, pela amizade e disponibilidade na realização das análises microbiológicas. Também

quero agradecer ao meu orientador Dr. Adailson Pereira de Souza, pela imensurável

dedicação, estímulo e compreensão prestada durante toda minha jornada. Principalmente a

esses dois, quero externar minha enorme gratidão, admiração e meu sincero, muito obrigada.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ___________________________________________________ viii

LISTA DE FIGURAS____________________________________________________ ix

RESUMO______________________________________________________________ xi

ABSTRACT ___________________________________________________________ xii

1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 01

2. REVISÃO DE LITERATURA __________________________________________ 03

2.1. Agricultura orgânica ________________________________________________ 03

2.1.1. Certificado __________________________________________________ 04

2.1.2. Segurança alimentar ___________________________________________ 05

2.2. Fontes de contaminação microbiológica e parasitológica no campo ___________ 06

2.2.1. Água _______________________________________________________ 06

2.2.2. Insumos naturais______________________________________________ 08

2.2.3. Hábitos de higiene inadequados __________________________________ 10

2.3. Considerações e aspectos sanitários de cultivo de hortaliças _________________ 11

2.4. Ocorrência de enteropatógenos em hortaliças_____________________________ 12

2.5. Enteroparasitoses no Brasil ___________________________________________ 14

3. MATERIAL E MÉTODOS _____________________________________________ 16

3.1. Material __________________________________________________________ 16

3.2. Coleta do material __________________________________________________ 17

3.2.1. Água de irrigação _____________________________________________ 17

3.2.2. Hortaliças ___________________________________________________ 17

3.3. Avaliação microbiológica ____________________________________________ 17

3.3.1. Coliformes totais e fecais _______________________________________ 18

3.3.2. Bactérias mesófilas____________________________________________ 18

3.4. Avaliação parasitológica _____________________________________________ 19

3.5. Avaliação das condições ecológicas das propriedades em estudo _____________ 20

3.6. Análise estatística __________________________________________________ 20

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO _________________________________________ 22

4.1. Avaliações microbiológicas___________________________________________ 22

4.2. Avaliações parasitológicas ___________________________________________ 28

5. CONCLUSÕES_______________________________________________________ 35

6. SUGESTÕES ________________________________________________________ 36

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________ 37

8. ANEXOS ____________________________________________________________ 47

Anexo A _____________________________________________________________ 48

Anexo B _____________________________________________________________ 51

Anexo C _____________________________________________________________ 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados de identificação das cinco propriedades investigadas no município

de Lagoa Seca, PB, no período de maio a setembro de 2004_____________ 16

Tabela 2. Análise microbiológica de água e hortaliças produzidas no município de

Lagoa Seca, PB, no período de maio a setembro de 2004 _______________ 23

Tabela 3. Dados sobre manejo e condições ecológicas das diferentes hortas

analisadas no município de Lagoa Seca, PB _________________________ 25

Tabela 4. Análise parasitológica de alfaces (Lactuca sativa) produzidas em cinco

propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a

setembro de 2004 ______________________________________________ 29

Tabela 5. Freqüência de enteroparasitas (helmintos e protozoários) em alface

produzida em cinco propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no

período de agosto a setembro de 2004 ______________________________ 32

Anexo

Tabela 1C. Resumo do quadro de análise de variância para coliformes totais em água

(CTA), coliformes fecais em água (CFA), mesófilos totais em água

(MTA), coliformes totais em alface (CTAL), coliformes fecais em alface

(CFAL) e mesófilos totais em alface _______________________________ 58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação esquemática da análise parasitológica de hortaliças ______ 21

Figura 2. Valores médios de coliformes totais (CTA) e fecais (CFA) em água de

irrigação de diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no

período de maio a agosto de 2004 ________________________________ 24

Figura 3. Valores médios de coliformes totais (CTAL) e fecais (CFAL) em alfaces

produzidas em diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB,

no período de agosto a setembro de 2004 __________________________ 26

Figura 4. Valores médios de mesófilos em água de irrigação e em alfaces

produzidas em diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB,

no período de maio a setembro de 2004____________________________ 28

Figura 5. Prevalência de protozoários e helmintos em alfaces produzidas em

diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de

agosto a setembro de 2004 ______________________________________ 30

Figura 6. Prevalência de formas parasitárias em alfaces produzidas em diferentes

propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a

setembro de 2004 _____________________________________________ 33

Figura 7. Percentual de parasitos encontrados em alfaces produzidas em diferentes

propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a

setembro de 2004 _____________________________________________ 34

Anexo

Figura 1B. Declive acentuado do solo em propriedade produtora de hortaliças

orgânicas no município de Lagoa Seca, Paraíba _____________________ 52

Figura 2B. Esgoto doméstico, a céu aberto, em direção a horta orgânica no

município de Lagoa Seca, Paraíba ________________________________ 52

Figura 3B. Reservatório de água utilizado para irrigação de hortaliças orgânicas no

município de Lagoa Seca, Paraíba ________________________________ 53

Figura 4B. Lavagem do vegetal para posterior comercialização __________________ 53

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Figura 5B. Depósito de lixo, a céu aberto, próximo a horta da propriedade de cultivo

convencional no município de Lagoa Seca, PB ______________________ 54

Figura 6B. Placas para contagem de mesófilos totais __________________________ 54

Figura 7B. Líquido proveniente da trituração das amostras de alface ______________ 55

Figura 8B. Tubos múltiplos para análise de coliformes totais e fecais de alfaces e

suas águas de irrigação _________________________________________ 55

Figura 9B. Amostra da alface com água destilada esterilizada ___________________ 56

Figura 10B. Sedimentação do líquido de lavagem da alface ______________________ 56

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RESUMO ROSÂNGELA ALVES DE SOUTO. Avaliação sanitária das águas de irrigação e alfaces

(Lactuca sativa L.) produzidas no município de Lagoa Seca, Paraíba. Areia-PB, Centro de

Ciências Agrárias, UFPB, abril de 2005. 60 p.il. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em

Agronomia. Orientador. Prof. Dr. Adailson Pereira de Souza.

A procura pelo alimento orgânico tem aumentado à cada dia, devido a preocupação de

algumas pessoas com a sua própria saúde e com a preservação do meio ambiente, uma vez

que esse sistema de produção dispensa completamente o uso de agrotóxicos e adubos

minerais. Em virtude da grande utilização de adubos provenientes de fezes de animais, a

qualidade sanitária do produto orgânico tem sido bastante questionada. Por essa razão, esse

trabalho objetivou identificar os enteropatógenos presentes na água de irrigação e em

hortaliças orgânicas cultivadas no município de Lagoa Seca, PB. Cinco propriedades foram

investigadas (P1, P2, P3, P4 e P5), dentre elas, apenas a P4 adota o sistema de produção

convencional. Para tanto, utilizou-se o método do número mais provável (NMP) e a contagem

total de microrganismos aeróbios em placa, para determinação de coliformes fecais e bactérias

mesófilas, respectivamente. A análise parasitológica das alfaces foi realizada através do

método de Craig. Constatou-se, no entanto, que as alfaces e as águas de irrigação dessas

hortaliças apresentaram uma alta carga fecal, com valores bem acima do limite recomendado

pela legislação vigente. Em relação aos mesófilos totais, todas as amostras de água e alface

apresentaram concentrações acima de 107 UFC/g. Observou-se também a presença de cistos

de protozoários (50,7%) e ovos de helmintos (14,7%) nas alfaces investigadas, sendo a

Entamoeba sp (com 4 núcleos) o principal parasita evidenciado na presente pesquisa, seguido

pela Giárdia sp. Portanto, independentemente do sistema de cultivo, todas as hortas

demonstraram uma elevada contaminação de sua água de irrigação e de suas alfaces por

enteropatógenos, provavelmente desencadeada pelas condições ecológicas desfavoráveis

evidenciadas nessas propriedades.

Palavras-chave: contaminação microbiológica, enteroparasitas, hortaliças, agricultura orgânica, coliforme fecal

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ABSTRACT

SOUTO, ROSÂNGELA ALVES. Sanitary evaluation of irrigation water and lettuces

(Lactuca sativa L.) produced in the city of Lagoa Seca, Paraíba. Areia-PB, Centro de

Ciências Agrárias, UFPB, april of 2005. 60 p.il. Thesis. Programa de Pós-Graduação em

Agronomia. Adviser: Dr. Adailson Pereira de Souza.

The search for organic food has increased day by day, due to some people’s concern with

their own health and the environment, once this production system completely dismisses the

use of pesticides and mineral fertilizers. Due to the great use of fertilizers originally from

animals’ excrements, the sanitary quality of the organic product has been sufficiently

questioned. Therefore, this work aimed at identifying the enteropathogens presented in the

irrigation water and the organic vegetables grown in the city of Lagoa Seca, PB. Five

properties have been investigated (P1, P2, P3, P4 and P5), amongst them, only P4 adopts the

conventional production system. For that reason, it was used the method of the most probable

number and the total counting of aerobic microrganisms in plate, in order to determine the

fecal colliforms and mesofile bacteria, respectively. The parasitological analysis of the

lettuces was carried through the method of Craig. It was observed, however, that the lettuces

and the irrigation water of these vegetables have presented a high level of feces, with really

high values considering the limits recommended by the current law. In relation to the total

mesofile, all the water and lettuce samples have presented concentrations above 107 UFC/g. It

was also observed the presence of protozoans' cysts (50,7%) and helminths' eggs (14,7%) in

the studied lettuces, being the Entamoeba sp (with 4 nuclei) the main parasite evidenced in

the present research, followed by the Giárdia sp. Hence, independently of the cultivation

system, all the vegetable gardens have demonstrated a high contamination on their irrigation

water and lettuces by enteropathogens, probably caused by the terrible ecological conditions

found in these properties.

Key words: microbiological contamination, intestinal parasites, vegetables, organic

agriculture, fecal colliform

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1. INTRODUÇÃO

A cada dia o homem vem modificando intensamente o ambiente em que vive, com a

finalidade de aumentar a produção e a qualidade dos alimentos, porém tais mudanças

ocasionaram sérios impactos na natureza, que acabaram por refletir na saúde das populações.

A utilização de substâncias tóxicas na agricultura convencional, assim como os

alimentos excessivamente processados e geneticamente modificados, têm levado os

consumidores conscientes à busca por uma alternativa mais segura, tanto para a sua própria

saúde como para a preservação do meio ambiente. Estas razões motivaram algumas pessoas,

em todo o mundo, a utilização de alimentos organicamente cultivados (Darolt, 2003).

O principal objetivo da agricultura orgânica é criar sistemas de produção agrícola

sustentáveis e integrado sob os aspectos ambientais, econômicos e humanos, no entanto, para

alguns produtores e pesquisadores a qualidade desses alimentos é questionável quando

aspectos microbiológicos e parasitológicos são analisados (Rezende e Farina, 2001).

Na agricultura orgânica utiliza-se, em maior escala, adubos provenientes de fezes de

vários animais tornando o alimento orgânico mais suscetível à contaminação por

microrganismos patógenos, visto que nas fezes de animais, freqüentemente, estão presentes

bactérias responsáveis por surtos de toxinfecção alimentar, assim como helmintos e

protozoários causadores de diversas patologias humanas.

Independentemente do sistema de cultivo, o consumo de vegetais “in natura” constitui

um importante meio de transmissão de várias doenças infecciosas. Dentre esses alimentos, as

hortaliças folhosas se destacam como um dos veículos de contaminação mais significativos

(Nóbrega, 2002), principalmente aquelas que apresentam folhas imbricadas e de superfície

irregular, pois estas oferecem maiores condições para retenção e sobrevivência dos

organismos nelas depositados (Rolim e Torres, 1992).

Outra fonte original de contaminação de hortaliças é a água de irrigação que pode

apresentar uma grande quantidade de contaminantes como coliformes de origem fecal,

salmonelas, ovos de helmintos, cistos de protozoários e outros (Pacheco et al., 2002), quando

associada a descargas de esgotos ou até mesmo a presença de animais pastando próximo a

essas áreas.

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Considerando a importância e atualidade do tema em questão, este trabalho objetivou

avaliar a qualidade da água de irrigação e de plantas de alface produzidas em propriedades

cujos sistemas de produção são ditos agroecológicos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Agricultura orgânica

Os princípios da agricultura orgânica foram desenvolvidos a partir de 1925 na

Inglaterra e posteriormente disseminados nos Estados Unidos na década de 40, devido à

preocupação por parte desses países com os problemas ambientais gerados pela agricultura

convencional. No Brasil, o movimento expandiu-se a partir da criação, em 1989, da

Associação de Agricultura Orgânica (Ehlers, 1996).

A agricultura orgânica pode ser definida como um método de cultivo orgânico que

objetiva o estabelecimento de sistemas agrícolas ecologicamente equilibrados e estáveis, de

elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais, que resultem em alimentos

saudáveis e livres de resíduos tóxicos, produzidos em harmonia com a natureza e com vistas

ao atendimento das reais necessidades da população (Paschoal, 1994).

O sistema orgânico é um investimento do qual se espera a conservação dos recursos

naturais, garantindo a sustentabilidade do solo, da água e da biodiversidade, sem comprometer

a eficiência na meta produtiva (Ehlers, 1996). Além de favorecer uma melhor distribuição de

renda, a agricultura orgânica oferece um produto de melhor qualidade (Paschoal, 1994),

proporcionando ao consumidor a certeza de não estar ingerindo um alimento com resíduos de

agrotóxicos, uma vez que esse tipo de cultivo dispensa o uso de adubos e defensivos químicos

sintéticos (Penteado, 2000). Neste contexto, os alimentos orgânicos ganharam mais impulso e

mercado (Rezende e Farina, 2001).

Para Souza (2003) a produção de alimentos orgânicos não significa apenas a

substituição de insumos sintéticos por insumos orgânicos no manejo dos cultivos que se

pretende fazer, representa, também, o cumprimento de requisitos no âmbito dos direitos

trabalhistas, do estatuto da criança e do adolescente, dos princípios e das técnicas de produção

e, em algumas situações, da certificação dos produtos, para alcance de credibilidade do

mercado.

Autoridades sanitárias de países desenvolvidos, entre os quais, Estados Unidos e

Canadá adotaram medidas de estímulo a esse tipo de produção agrícola. Na Europa, por

exemplo, ganha força a política de criação de selos ou certificados que diferenciam os

alimentos apresentados à população como saudáveis, ambientalmente corretos, frente aos

alimentos convencionais (Spers e Chaddad, 1997).

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2.1.1. Certificado

No Brasil, a preocupação com a saúde é um dos principais motivos pelo qual o

consumidor procura por alimentos orgânicos (Darolt, 2003). Portanto, torna-se necessário

garantir a qualidade desses alimentos que chegam a mesa do consumidor (Okuda, 2000),

através de uma possível certificação realizada por uma entidade pública ou privada. Em seu

conceito amplo, a certificação é a definição de atributos de um produto, processo ou serviço e

a garantia de que eles se enquadram em normas pré-definidas (Rezende e Farina, 2001).

Em relação ao produto orgânico vegetal ou animal, há uma série de normas técnicas

exigidas para obtenção do selo verde ou orgânico. Este certificado permite o reconhecimento

do alimento como tendo sido obtido por meio de atividades que atenderam às normas

estabelecidas para a produção orgânica (Penteado, 2000).

Segundo Paschoal (1994), os selos oficiais de certificação ou de garantia têm como

objetivos principais: fomentar as práticas de agricultura orgânica; estabelecer e promover uma

marca de qualidade, para possibilitar aos consumidores uma forma de aquisição de produtos

orgânicos; proteger os consumidores contra fraudes comerciais e proteger, da ação de agentes

desonestos, os agricultores, criadores, industriais e comerciantes de alimentos orgânicos e

insumos.

Cada país possui normas próprias para o processo de produção e certificação dos

alimentos orgânicos, mesmo que estas normas estejam fundamentadas em conceitos

internacionalizados. Mas, a maioria dos países importadores de orgânicos, principalmente a

Europa, exige além do selo sob os padrões nacionais, o ISO-65, cujas normas são específicas

para certificadoras internacionais de produtos orgânicos e o selo do International Federation

of Organic Agriculture Movements – IFOAM (Rezende e Farina, 2001). IFOAM é uma

entidade internacional que estabelece regras e normas para definir o que é um produto

orgânico, assim como, credenciam em todo o mundo, órgãos responsáveis para inspeção e

certificação. Deste modo há uma rede internacional de entidades certificadoras,

comprometidas com as mesmas normas (IFOAM, 2001).

O Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural – IBD, até o momento, é a única

entidade brasileira certificadora reconhecida pelo IFOAM e pelo DAR – Círculo de

Credenciamento Alemão, órgão de renome que credencia certificadoras da Alemanha,

garantindo ao IBD acesso a toda comunidade Européia. O DAR verifica se o IBD aplica de

forma adequada as normas do ISO – 65, específicas para certificadoras internacionais de

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produtos orgânicos. O IBD é uma organização não governamental, localizada em Botucatu –

SP, que visa certificar e conceder o uso de selo de qualidade, garantindo que o

estabelecimento rural ou a indústria processadora seguiu as regras definidas pelo IFOAM,

para produtos orgânicos (Rezende e Farina, 2001).

De acordo com Okuda (2000), a certificação do IBD ocorre por meio de inspeções

periódicas (semestrais em projetos de horticultura e anuais nos demais casos). Nestas

inspeções, um técnico credenciado pelo instituto vasculha todo o projeto, analisando aspectos

ambientais, sociais e de comercialização. Ao fim da inspeção, o técnico elabora um relatório

cuja cópia é remetida ao cliente para apreciação. A cópia, após o aceite do produto, é

analisada pela comissão de certificação que é composta por três representantes: acadêmicos,

os produtores, e os consumidores. As definições da comissão determinam se o projeto já pode

receber o status de orgânico, ou se devem ser tomadas medidas para melhorar o sistema de

produção.

A marca ou selo concedido pelo IBD indica apenas a origem geográfica, o tipo de

processamento, ou a empresa processadora do alimento orgânico, não sendo realizadas

análises biológicas para verificação da inocuidade quanto a microrganismos. Normalmente o

IBD exige somente o laudo emitido pela vigilância sanitária no ato de abertura do

estabelecimento. Na verdade, todo alimento colocado à venda deveria ser seguro para o

consumo, uma vez que qualquer tipo de alimento, seja ele proveniente do sistema orgânico ou

convencional, está sujeito à contaminação microbiológica durante todas as etapas de produção

e comercialização, neste caso, normas específicas para tal garantia seriam desnecessárias.

Portanto, a verificação sobre a existência ou não de contaminantes microbiológicos, fica

sendo de responsabilidade da empresa que processa e comercializa os produtos orgânicos, e a

vigilância sanitária é responsável pela fiscalização das mesmas (Rezende e Farina, 2001).

2.1.2. Segurança alimentar

O termo segurança alimentar, sob os aspectos qualitativos, pode ser entendido como a

aquisição pelo consumidor de alimento de boa qualidade, livre de contaminantes químicos,

biológicos e físicos, ou qualquer substância que possa acarretar problemas à saúde (Spers,

1998).

Apesar de reduzido, o risco de contaminação dos alimentos orgânicos por resíduos de

produtos químicos ainda existe, em função de poluentes persistentes no meio ambiente,

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derivados de produtos utilizados na agricultura convencional. Porém, um dos pontos mais

questionados pelos críticos da agricultura orgânica é a contaminação microbiológica e

parasitológica causada pelo uso intensivo de dejetos de animais no sistema orgânico, no

entanto, devemos lembrar que o uso de esterco também é comum em sistemas convencionais

(Darolt, 2003).

Atualmente o consumidor não tem como verificar se há contaminantes

microbiológicos nos alimentos, portanto é recomendável que os envolvidos no sistema

agroindustrial dos produtos orgânicos, tomem a iniciativa de eliminar pontos de risco, visto

que este mercado é lucrativo, premiando os envolvidos com diferenciais de preço. Problemas

que comprometam a segurança do alimento pode ter um resultado desastroso no Brasil, por

ainda apresentar características de um mercado incipiente, com consumidores ainda bastantes

heterogêneos, verificando-se preocupações nem sempre coerentes quanto ao motivo da opção

de consumo. Neste caso, notícias recorrentes levando a incertezas sobre a sanidade e

seriedade no gerenciamento da cadeia de produção e comercialização podem levar a um

atraso no desenvolvimento deste mercado (Rezende e Farina, 2001).

2.2. Fontes de contaminação microbiológica e parasitológica no campo

2.2.1. Água

A água é essencial a vida, porém muitas vezes atua como veículo de doenças ao

homem, o que torna primordial a avaliação de sua qualidade microbiológica antes de ser

utilizada (Isaac–Márquez et al., 1994), tanto para fins de irrigação como para dessedentação

ou recreação.

Geralmente, a água utilizada na irrigação é proveniente de rios, córregos, lagos ou

poços adjacentes às hortas, sendo raramente encontrada a utilização de água de abastecimento

público, devido principalmente ao seu alto custo, uma vez que a demanda exigida para este

propósito é bastante elevada. Portanto, a água destinada a irrigação é transportada através de

bombas ou canais desde o rio e riacho até as hortas, sem qualquer tratamento prévio (Oliveira

e Germano, 1992), podendo vir a ser uma fonte potencial de enteropatógenos para o vegetal

que será irrigado.

Freqüentemente se observa a disposição inadequada de esgotos domésticos, como

também a deficiência de saneamento básico em alguns locais, contribuindo efetivamente para

a contaminação das coleções hídricas, inclusive dos lençóis freáticos, por matéria fecal

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(Branco, 1983; Takayanagui et al., 1996). No nordeste do Brasil, por exemplo, a escassez de

recursos hídricos tem levado ao emprego indiscriminado de águas de córregos, barreiros,

açudes e rios contaminados com material fecal (Diniz, 1994; Ceballos et al., 1997), fato este

confirmado por Barros et al. (1999) quando comprovaram através de seus trabalhos que

propriedades do agreste e brejo paraibanos reutilizaram água de esgoto para irrigação de

alfaces destinadas a consumo na forma crua.

Análises bacteriológicas demonstraram que a água de irrigação de cinco propriedades,

localizadas em Maringá-PR, estava contaminada por dejetos fecais. Posteriormente foi

evidenciado que estas propriedades tiveram suas hortaliças contaminadas devido à utilização

desta água rica em enteropatógenos (Guilherme et al., 1999).

As águas destinadas à irrigação são fontes originais de contaminação quando

comportam grande quantidade de microrganismos como coliformes de origem fecal,

aeromonas, salmonelas, parasitas intestinais e outros. Entretanto, alimentos que estão em

contato direto com águas contaminadas e são consumidos crus constituem fontes prováveis

desses microrganismos e merecem especial atenção, principalmente nos países em

desenvolvimento, onde o estado nutricional da população é precário, interferindo diretamente

nas condições imunológicas dos indivíduos. Crianças, imunodeprimidos e debilitados são

considerados grupos susceptíveis, favorecendo o aparecimento dessas enfermidades (Pacheco

et al., 2002).

Alguns estudos, no Brasil, têm identificado verduras com alto grau de contaminação

por coliformes fecais transmitidos pela água de irrigação (Guimarães et al., 2003). Em

Lavras-MG, as análises microbiológicas realizadas identificaram que quase a totalidade dos

mananciais investigados apresentava contaminação por coliformes fecais (Rocha et al., 2002).

Também foi constatada a presença acentuada desse grupo de bactérias nas águas de poços de

duas regiões do Rio de Janeiro (Freitas et al., 2001).

No município de Ribeirão Preto foi pesquisado enteropatógenos em verduras e em

água de irrigação. Por ser a água de irrigação proveniente de córregos, constatou-se que a

mesma era responsável pela contaminação de hortaliças por cistos e ovos de parasitas, visto

que a maior freqüência desses seres foi evidenciada na seca, período este que se fez

necessário à utilização da água proveniente dos córregos (Marzochi, 1977).

No meio rural, o risco de ocorrência de surtos de doenças veiculadas pela água é

bastante alto, principalmente em função da possibilidade de contaminação bacteriana de águas

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que muitas vezes são captadas em poços, inadequadamente vedados e próximos de fontes de

contaminação, como fossas e áreas de pastagem ocupadas por animais (Skutel et al., 1990).

Nos países em desenvolvimento as doenças diarréicas de veiculação hídrica são

responsáveis por vários surtos epidêmicos e pelas elevadas taxas de mortalidade infantil.

Temos como exemplos dessas enfermidades: febre tifóide, cólera, salmonelose, shigelose,

poliomielite, hepatite A, verminoses, amebíase e giardíase. Como mostra o Quadro 1, estas

doenças são causadas principalmente por microrganismos patogênicos de origem entérica,

animal, ou humana, transmitidos basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas

fezes de indivíduos infectados e ingeridos na forma de água poluída com fezes (Grabow,

1996).

Em estudo realizado no Canadá, foi possível o isolamento de Escherichia coli 0157:

H7 das fezes de uma criança com diarréia sanguinolenta e na água do poço onde ela residia.

Além disso, a mesma bactéria foi isolada nas fezes de 63% dos bovinos da fazenda (Ercole et.

al., 2003). Segundo Kouba (2003) o dejeto bovino depositado no solo representa risco de

contaminação das fontes de água, uma vez que esses animais são reservatórios de diversos

patógenos humanos.

2.2.2. Insumos naturais

O sistema orgânico apresenta como uma de suas práticas o uso de fertilizantes naturais

em grande escala. A utilização de estercos de animais, compostos orgânicos ou outra fonte

recomendada pelas normas técnicas de produção têm demonstrado uma elevada eficiência na

melhoria da fertilidade dos solos e no desempenho técnico e econômico de cultivos orgânicos

(Souza, 2003). No entanto, a incorporação no solo desses estercos mal tratados podem ser

uma fonte importante de contaminação microbiológica, tanto para os produtos provenientes

do sistema orgânico como daqueles oriundos do sistema convencional (Darolt, 2003).

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Quadro 1. Distribuição dos principais enteropatógenos transmitidos pela água, as doenças mais prevalentes e seus maiores reservatório

Patógeno Doenças mais comuns Maior reservatório

BACTÉRIAS

Salmonella typhi febre tifóide fezes humana

Salmonella paratyphi febre paratifóide fezes humana

Shigella sp disenteria bacilar fezes humana

Vibrio cholerae cólera fezes humana

Escherichia coli gastroenterites fezes humana

Yersinia enterocolitica gastroenterites fezes humana e animal

Campylobacter jejune gastroenterites fezes humana e animal

Aeromonas sp gastroenterites fezes animal e ambiente

Plesiomonas gastroenterites fezes animal e ambiente

Bacterioides sp gastroenterites fezes humana e animal

PROTOZOÁRIOS

Giárdia lamblia giardíase fezes humana e animal

Entamoeba histolítica disenteria amebiana fezes humana

Balantidium coli disenterias fezes humana

Cryptosporidium sp disenterias fezes humana

HELMINTOS

Ascaris lumbricoides ascaridíase fezes humana

Trichuris trichiura trichiuríase fezes humana

Necator americano gastroenterites fezes humana e animal

Ancylostoma duodenale gastroenterites fezes humana e animal

Taenia sp gastroenterites fezes humana e animal

Schistosoma mansoni esquistossomose fezes humana Fonte: Adaptado de Siqueira et al. (2003).

No processo de produção, os alimentos orgânicos são mais suscetíveis a contaminação

biológica do que os convencionais, por usar intensamente o adubo orgânico de origem animal.

É sabido que o sistema convencional usufrui desses insumos, embora em menor quantidade.

O ambiente úmido associado a estercos provenientes de vários animais favorece a

manutenção e proliferação de microrganismos, ao contrário do que ocorre com adubação

química granulada ou em pó adotada pelo sistema de produção convencional (Silva, 1995).

Segundo Nicholson et al. (2000) não há informações suficientes disponíveis que declarem

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categoricamente que o risco de transferência de patógenos de fazendas orgânicas difere

significativamente do risco associado com práticas de agricultura convencional. Portanto, é

indispensável a aquisição, por parte dos dois sistemas em questão, de técnicas eficientes em

reduzir o risco de contaminação microbiológica, uma vez que ambos utilizam fertilizantes

naturais (Darolt, 2003).

Freqüentemente estão presentes em fezes de animais bactérias do grupo coliformes

fecais, dentre elas as principais são Escherichia coli e Salmonella sp, as quais podem

provocar surtos de toxinfecção alimentar quando atingem quantidades elevadas nos alimentos

(Silva, 1995). A capacidade desses microrganismos de causarem infecções está diretamente

relacionada a virulência, carga parasitária ingerida, inalada ou absorvida, e fatores como

idade, estado nutricional, condições imunológicas e outras patologias associadas (Pacheco et

al., 2002).

A aplicação de medidas para controlar a contaminação dos fertilizantes na etapa de

produção, assim como a proteção das fontes de alimentos contra a contaminação fecal são

alguns dos requisitos para a obtenção do selo verde ou orgânico (Façanha et al., 2003).

A certificação orgânica assegura que o adubo orgânico é compostado em temperatura

bastante alta durante pelo menos três meses, tempo esse necessário para eliminar a maioria

dos patógenos (McMahon e Wilson, 2001), pois segundo Droffner e Brinton (1995) pesquisas

recentes indicam que alguns desses seres podem sobreviver até 59 dias em condições de

composto. Para Kouba (2003) mesmo que a compostagem seja efetiva em destruir patógeno

vegetativo, não destruirá, por exemplo, as formas esporuladas de Clostridium perfringens e

Clostridium botulinum.

2.2.3. Hábitos de higiene inadequados

Outra importante fonte de contaminação de alimentos, no campo, é o trabalhador que

está envolvido no cultivo dos produtos agrícolas. O grau de higiene pessoal do agricultor pode

exercer uma forte influência na transmissão de bactérias patógenas, visto que essas pessoas

têm contato direto com o alimento durante toda a etapa de produção e principalmente durante

a colheita (Brackett, 1999).

Estudos realizados em Araraquara, SP, demonstraram a ocorrência de práticas não

adequadas de higiene adotadas pelos horticultores, como lavagem das hortaliças, com a

finalidade de remover a terra das raízes, na própria água de irrigação ou em tanques com água

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acumulada de várias lavagens, levando conseqüentemente a um alto grau de contaminação

fecal (Bonilha, 1992).

Foi investigado a prevalência de enteroparasitas em hortaliças e horticultores de

Maringá, no Paraná. Entre os parasitas encontrados nas hortaliças dessa região, a Entamoeba

coli predominou, a qual também se fez presente no depósito subungueal de alguns

horticultores que se propuseram a fazer tal exame. Estas análises foram essenciais na

comprovação da possível contaminação fecal desses produtos pelos horticultores,

evidenciando as baixas condições higiênicas existentes entre os produtores da região

(Guilherme et al., 1999).

Sabendo que os trabalhadores agrícolas podem ter um impacto importante na

segurança sanitária dos produtos que eles cultivam, é então de extrema importância que os

mesmos adotem procedimentos sanitários formais. No entanto muitos desses trabalhadores se

recusam a empregar práticas higiênicas simples, como lavar as mãos após utilização de

sanitários públicos (Brackett, 1999), tornando indispensável a realização de ações educativas

sobre os preceitos básicos de higiene pessoal, visando sensibilizar essas pessoas em relação

aos problemas acarretados aos consumidores pelos produtos provenientes de práticas

inadequadas.

2.3. Considerações e aspectos sanitários do cultivo de hortaliças

O consumo de hortaliças é essencial para a saúde por ser uma importante fonte de

minerais na alimentação humana, entretanto, quando contaminadas, são responsáveis pela

transmissão de um grande número de doenças infecciosas, principalmente se consumidas

cruas e, ou, mal lavadas.

A alface (Lactuca sativa) é a hortaliça folhosa mais comercializada no Brasil, seu

baixo valor calórico a qualifica para diversas dietas, o que favorece o seu consumo sob a

forma crua. É cultivada durante o ano inteiro, em canteiros de terra, de maneira que as

touceiras ou pés permanecem por todo o período de desenvolvimento em contato com o solo.

Além disso, os vegetais necessitam de ambiente permanentemente úmido, o que requer a

prática de irrigação constante das culturas, especialmente nos meses de seca (Filgueira, 1982).

Estas condições, associadas a arquitetura das folhagens, propiciam a formação de ecótonos

extremamente favoráveis a sobrevivência e ao desenvolvimento das formas de transmissão de

enteroparasitas, caracterizados sobretudo por umidade elevada e luminosidade baixa (Rude et

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al., 1984; Rudolfs et al., 1951). Segundo Cristóvão et al. (1967), a alface, através das

secreções de suas folhas, pode facilitar a retenção e a sobrevivência de microrganismos pela

formação de camadas isolantes protetoras.

É importante enfatizar que a existência de formas detectáveis de enteropatógenos na

alface não significa que as mesmas sejam efetivamente meios de propagação desses agentes.

Existem diferentes fatores que podem atuar, facilitando ou dificultando a implantação destes

parasitos. Relacionados aos patógenos temos dose infectiva; viabilidade de cistos, oocistos,

ovos e larvas; ligados ao hospedeiro temos idade, imunidade e estado nutricional, entre outros

(Feachem et al., 1983; Moraes et al., 1984; Pessoa e Martins, 1988).

2.4. Ocorrência de enteropatógenos em hortaliças

Foram analisadas hortaliças “in natura”, comercializadas na região metropolitana de

São Paulo, SP, visando identificar cistos de protozoários de interesse médico. Observou-se

uma grande variedade de protozoários, cujas freqüências de ocorrência na população residente

são igualmente elevadas, indicando contaminação de origem humana. Os parasitas

encontrados com maior freqüência foram Entamoeba sp e Giárdia sp (Oliveira e Germano,

1992).

Em São Paulo, Gelli et al. (1979), investigando 113 amostras de hortaliças

comercializadas na região, identificaram que 59,3% estavam parasitadas com ovos e,ou,

larvas de helmintos. Barufaldi et al. (1984), constataram que 85% das amostras de hortaliças

provenientes do Entreposto Comercial de São Paulo, SP estavam contaminadas com

protozoários e,ou, helmintos. Na cidade do Rio Janeiro, RJ, Silva et al. (1995) evidenciaram

uma contaminação de 21,4% com ovos de helmintos e cistos de protozoários, das 220

amostras de hortaliças examinadas. Em Sorocaba, SP, Pacheco et al. (2002) evidenciaram em

32 amostras de hortaliças a presença de enteroparasitas, sendo 25 amostras com

Ancilostomídeos e 7 com Strongyloides.

Hortaliças comercializadas em Caxias do Sul, RS, apresentaram uma acentuada

contaminação com ovos e larvas de helmintos intestinais da classe Nematoda (Wollheim et

al., 1996). Em Fortaleza, CE, Ferreira et al. (1998) verificaram elevados percentuais de

contaminação por helmintos em hortaliças provenientes da Central de Abastecimento do

Estado (CEASA). Paula et al. (2003), investigando alfaces oriundas de restaurantes self-

service em Niterói, RJ, evidenciaram altos índices de contaminação por microrganismos

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mesófilos aeróbios (> 107 UFC/g), coliformes fecais acima do padrão (102 NMP/g) e cistos

de Entamoeba coli.

Investigando a prevalência de enteroparasitas em horticultores e hortaliças da feira do

produtor de Maringá, Paraná, Guilherme et al. (1999) comprovaram que as hortaliças eram

contaminadas durante o processo de produção, devido a utilização de água contaminada, com

material fecal, na irrigação. Também foi demonstrado que o Ancylostomídeo sp foi o parasita

mais comumente encontrado, tanto nas análises das fezes como dos vegetais.

De acordo com Takayanagui et al. (2000), em Ribeirão Preto, SP, hortas produtoras de

verduras apresentaram uma elevada concentração de coliformes fecais, presença de Salmonela

sp e de vários enteroparasitas (Ascaris sp; Ancylostomídeos, Strongyloides sp, Hymenolepis

nana e Giardia sp). No ano seguinte, após ter sido regularizada as condições sanitárias desses

locais, analisaram-se verduras provenientes dessas hortas, as quais eram comercializadas em

estabelecimentos fixos e ambulantes de Ribeirão Preto, SP. Estas análises demonstraram

irregularidades como: elevada concentração de coliformes fecais, presença de Salmonela sp e

enteroparasitas (Takayanagui et al., 2001), indicando uma provável contaminação desses

vegetais durante o transporte e,ou, manipulação dos mesmos nos locais de venda.

Oliveira et al. (2004) pesquisando as condições microbiológicas e parasitológicas de

alfaces comercializadas em Salvador, BA, segundo diferentes sistemas de cultivo

(hidropônico, orgânico e tradicional), evidenciaram que as alfaces provenientes do cultivo

orgânico apresentaram o maior grau de contaminação por enteropatógenos, seguida do cultivo

tradicional e hidropônico.

Investigando a ocorrência de coliformes fecais e E. coli em alface comercializada em

Goiânia, GO, Rolim e Torres (1992) evidenciaram que as amostras de alface de variedade

crespa apresentaram maiores índices de contaminação que as variedades lisas, provavelmente

por favorecerem a retenção de resíduos de esterco, de solo, de água ou outros possíveis

contaminantes em suas folhas. Estes resultados com a cultura da alface parecem confirmar as

observações de Cristóvão et al. (1967) de que as folhas imbricadas e de superfície irregular

oferecem melhores condições para sobrevivência de microrganismos nela depositados.

Bonilha (1992) comparou as condições sanitárias entre alfaces cultivadas e

comercializadas na cidade de Araraquara, SP. As amostras coletadas dos estabelecimentos

comerciais apresentaram contagens superiores de coliformes totais e fecais e de E. coli em

relação as amostras coletadas diretamente das hortas. Barros et al. (1999) analisando as

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condições sanitárias de alfaces produzidas e comercializadas nas feiras livres do Agreste e

Brejo paraibanos, constataram que os valores de coliformes fecais estavam muito acima do

padrão estabelecido pela vigilância sanitária, evidenciando deficiências higiênicas ao longo da

cadeia de produção e comercialização.

2.5. Enteroparasitoses no Brasil

O parasitismo é uma relação direta e estreita entre dois organismos geralmente bem

determinados: o hospedeiro e o parasita, que levam a produção de doenças parasitárias. As

doenças parasitárias são responsáveis por considerável morbidade e mortalidade em todo o

mundo, e freqüentemente estão presentes com sinais e sintomas não específicos (Costa et al.,

2001).

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que mais de 2 bilhões de

pessoas hoje estão infectadas com algum tipo de verme ou parasita (Dias, 2002). Atualmente

estima-se que exista 3 milhões de pacientes com helmintíase no mundo e segundo a OMS

aproximadamente 800 a 950 milhões de indivíduos são portadores de Ascaris, 700 a 900 por

Ancilostomas e 500 milhões por Trichures, 200 milhões de pessoas são infestados por Giárdia

e 500 milhões por Entamoeba histolytica (Costa et al., 2001).

No Brasil, as parasitoses intestinais ainda constituem um sério problema de saúde

pública, apresentando maior prevalência em populações de nível socioeconômico mais baixo

e condições precárias de saneamento básico, resultando em altos índices de morbidade. Em

crianças, principalmente com idades entre 0 e 5 anos, por apresentarem, normalmente, hábitos

higiênicos mais precários ou a ausência de imunidade de re-infecções, o parasitismo intestinal

torna-se mais freqüente e relevante, inclusive pela possibilidade de redução da absorção

intestinal, podendo influenciar no crescimento e desenvolvimento (Uchoa et al.,2001),

podendo levar a diminuição da imunidade, anemia, subnutrição, desnutrição e até a morte

(Dias, 2002).

Em uma população que não tem como se alimentar adequadamente o resultado da

parasitose é devastador, porém em classes mais favorecidas encontraremos doenças

cronificadas, dispepsias crônicas, alergias respiratórias etc (Dias, 2002).

Duarte et al. (2004), investingando a prevalência de enteroparasitoses em crianças de 0

a 14 anos em Recife-PE, evidenciaram um índice de 10% (2.239) de positividade das

amostras estudadas (21.946). Também observaram o predomínio de protozoários (82%),

sendo G. lamblia (38%) o mais freqüente, seguido pelo E. nana (25%), E. histolytica (10%) e

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E. coli (9,5%). Para helmintos (18%) constatou-se uma maior freqüência de A. lumbricoides

(98%), seguido por T. trichiura (2%).

Em Niterói, RJ, foi realizado um estudo coproparasitológico em 218 crianças que

freqüentam creches comunitárias e de 43 funcionários, tendo sido observada uma positividade

para enteroparasitas em 120 (55%) e 15 (34,9%), respectivamente (Uchoa et al., 2001). Em

Mirassol, SP, crianças de creches e escolas de 1° e 2° graus apresentaram altos índices de

enteroparasitas, porém nas instituições públicas evidenciou-se uma maior freqüência de

crianças com giardíase quando comparadas as instituições privadas (Machado et al., 1999).

Tavares-Dias e Grandini (1999), investigando a prevalência de enteroparasitas na

população de São José da Bela Vista, SP, constatou que dos 1032 exames fecais realizados,

458 (44,4%) apresentaram positividade, sendo que o A. lumbricoides (13,9%) foi o parasito

encontrado de maior freqüência. Em áreas rurais de Pernambuco, Pereira et al. (2000)

observaram prevalências de 75,2% de ascaridíase, enquanto que em Campina Grande, PB,

constataram uma freqüência de 54,2% (Pereira et al., 1995). Ainda em Campina Grande, PB,

Silva et al. (2003) constataram uma prevalência de ascaridíase de 56,3%. Campos et al.

(2002), pesquisando A. lumbricoides em crianças em Duque de Caxias, evidenciaram um

índice de 27,5%.

Todos esses números acima mencionados indicam que as parasitoses continuam sendo

um problema que merece atenção por parte das autoridades locais de saúde. De maneira geral,

elas estão associadas a carências socioeconômicas que precisam ser superadas ou pelo menos

minimizadas, como a falta de saneamento, condições precárias de moradia, difícil acesso a

programas de saúde e baixa escolaridade (Filho, 2003). Outro fator importante de ser

ressaltado é que no Brasil ainda se planta, principalmente hortaliças, com estrume (fezes de

animais e em alguns lugares até humanas) e irrigam plantações com água de rios ou nascentes

contaminadas, indo à nossa mesa hortaliças extremamente contaminadas, que nem cloro,

vinagre, limão, nada além do cozimento pode exterminar estes ovos e cistos de parasitas

(Dias, 2002).

É interessante enfatizar que verminose não é somente um problema que afeta crianças

de baixa renda, mas acomete todo o país. Para mudarmos este quadro é necessário que haja

uma transformação nas nossas condutas de higiene, e como formadores de opinião, devemos

exigir medidas sanitárias mais sérias tanto no saneamento básico, mais também no

treinamento e controle sanitário de restaurantes, bares, lanchonetes, escolas, agricultura e tudo

que se relacione à veiculação de água e alimentos (Oliveira e Germano, 1992).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliadas cinco propriedades situadas no município de Lagoa Seca – PB, as

quais foram denominadas P1, P2, P3, P4 e P5. Dessas propriedades apenas a P4 adota o sistema

de cultivo convencional, enquanto que as demais utilizam o sistema orgânico de produção,

como demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1. Dados de identificação das cinco propriedades investigadas no município de Lagoa Seca, PB, no período de maio a setembro de 2004.

Propriedade Proprietário Local Região Sistema agrícola P1 Guimarães Teixeira Lagoa Seca Oiti Orgânico P2 Guimarães Teixeira Lagoa Seca Oiti Orgânico P3 João Crispim Lagoa Seca Oiti Orgânico P4 José Correia Lagoa Seca Oiti Convencional P5 Paulo Ferreira Lagoa Seca Alvinho Orgânico

As análises microbiológicas e parasitológicas foram conduzidas no laboratório de

Biotecnologia do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural, pertencente ao Centro

de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campos II, Areia, PB.

3.1. Material

Nas diferentes áreas de estudo utilizou-se como material de investigação, a água de

irrigação e plantas de alface (Lactuca sativa L.) variedade crespa.

A água de irrigação utilizada nas propriedades é proveniente de açudes localizados nas

imediações das hortas.

A escolha do tipo de hortaliça a ser analisada foi realizada levando em consideração os

seguintes fatores:

a) É uma hortaliça que permanece sempre em contato com o solo e cujas folhas constituem a

parte comestível, apresentando-se imbricadas e de superfície irregular, oferecendo

condições para retenção e sobrevivência de microrganismos nelas depositados;

b) A grande aceitação e o elevado consumo por parte da população;

c) Seu volume de produção e comercialização no município;

d) A disponibilidade durante, praticamente, todos os meses do ano; e

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e) A forma de consumo, geralmente ingerida sem nenhuma cocção prévia.

3.2. Coleta do material

3.2.1. Água de irrigação

A obtenção das amostras de água realizou-se no período de maio a agosto de 2004,

sempre no turno da manhã. Foram coletadas em frascos estéreis de vidro, de boca larga, cor

âmbar, com 500 mL de capacidade. Quatro amostras foram coletadas nas fontes (açudes) de

água para irrigação, em diferentes pontos, de cada uma das cinco propriedades estudadas.

Com todos os cuidados de assepsia, removeu-se a tampa do frasco, e com uma das mãos

segurou-se o mesmo pela base, que rapidamente foi mergulhado com a boca para baixo a

aproximadamente 20 cm de profundidade da superfície da água evitando a introdução de

contaminantes superficiais. Após a inclinação do frasco para retirada do ar e enchimento total

do mesmo, desprezou-se uma pequena porção da amostra para posterior homogeneização e

armazenamento. O transporte das amostras para o laboratório foi realizado sob condições de

refrigeração, utilizando-se caixa isotérmica contendo gelo a temperatura inferior a 10°C.

Junto com a amostra preencheu-se uma ficha de registro contendo informações de

procedência, data e horário da coleta. O tempo decorrido entre a coleta e o início das análises

não ultrapassou duas horas.

3.2.2. Hortaliças

A coleta fez-se no período de agosto a setembro de 2004. Em cada horta foram

selecionadas quatro parcelas cultivadas e de cada uma delas retiraram-se dois pés de alface,

independente do tamanho ou peso que se apresentavam, compondo duas amostras de quatro

pés, uma para análise microbiológica e outra para parasitológica. Utilizando-se luvas

cirúrgicas, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos estéreis devidamente

fechados e etiquetados (tipo de análise, procedência, data e hora da coleta) e preservadas em

caixa isotérmica, contendo sacos plásticos com gelo, a temperatura inferior a 10°C.

3.3. Avaliação microbiológica

Os frascos contendo água foram externamente desinfetados com etanol 70% e

posteriormente homogeneizados antes da retirada da unidade analítica. Em relação às

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18

bactérias mesófilas, as amostras de água foram submetidas a diluições sucessivas de 10-2 a

10-3, considerando 10-1 a própria amostra de água.

As amostras da alface foram assepticamente selecionadas, retirando-se os talos e as

folhas deterioradas. As análises sucessivas foram preparadas triturando-se, em liquidificador

estéril, 25 g da amostra (pesada assepticamente) com 225 ml de água peptonada 0,1%,

obtendo a diluição 10-1, sendo em seguida preparadas às diluições 10-2 e 10-3 para bactérias

mesófilas, enquanto que para coliformes totais e fecais preparou-se diluições sucessivas de

10-2 a 10-4.

3.3.1. Coliformes totais e fecais

Utilizou-se o método do Número Mais Provável (NMP) seguindo-se as

recomendações do American Public Health Association – APHA (1995) e nas amostras de

alfaces, obedeceu-se o procedimento descrito pelo International Commission on

Microbiological Specifications for Foods – ICMSF (1983), empregando-se a técnica dos

tubos múltiplos. Para determinação de coliformes totais foram pipetadas alíquotas de 1 mL

das respectivas diluições, 10-1, 10-2 e 10-3, as quais foram inoculadas em uma série de três

tubos contendo 9mL de Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) com tubos de Durhan invertidos,

posteriormente homogeneizados e incubados a temperatura de 35°C. Para pesquisa de

coliformes fecais foram usados tubos contendo 9 mL de Caldo Escherichia coli (EC) com

tubos de Durhan invertidos, posteriormente homogeneizados e incubados a temperatura de

45°C, nos quais foram inoculadas alíquotas de 1 mL das seguintes diluições: 10-1, 10-2 e 10-3.

As leituras foram efetuadas após 48 horas, considerando como positivos os tubos que

apresentaram produção de gás, tanto para coliformes totais como fecais. Anotou-se o número

de tubos positivos e determinou-se o Número Mais Provável (NMP) em uma tabela adequada

as diluições utilizadas e o resultado foram expressos em NMP de coliformes fecais/g.

3.3.2. Bactérias mesófilas

Empregou-se o método de plaqueamento em profundidade de acordo com Vanderzant

e Splittstoesser (1996). Foram pipetadas alíquotas de 1 mL de cada uma das três diluições e

posteriormente inoculadas em placas esterilizadas, fazendo de cada diluição placas em

duplicata. Foram adicionados a cada placa 15 a 20 mL de Agar Padrão para contagem (PCA),

previamente fundido e resfriado a 45°C. Foi homogeneizado com movimentos suaves em

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19

forma de oito (cerca de 10 vezes) e deixado à temperatura ambiente até a completa

solidificação do ágar. Após 48 horas de incubação a 35°C foram consideradas para contagem

somente as placas de mesma diluição que apresentaram até 250 colônias, multiplicada a sua

média aritmética pelo respectivo fator de diluição, expressando o resultado em Unidades

Formadoras de Colônias/ 1,0 g de amostra (UFC/g).

3.4. Avaliação parasitológica

Utilizou-se o método de Craig (Lima et al., 1985) na realização destas análises que se

encontra esquematizadas na Figura 1.

No laboratório, utilizando luvas de procedimento, as amostras de alfaces foram

preparadas separando folha por folha, desprezando-se os talos e as partes deterioradas. De

cada amostra pesou-se 25 g totalizando quatro repetições.

Cada amostra foi submetida à lavagem manual em água destilada, esfregando-se as

superfícies das mesmas num recipiente de vidro (tipo pirex). Em seguida, as folhas foram

levantadas para que escorresse todo o líquido e posteriormente desprezadas.

O líquido obtido da lavagem foi filtrado através de tela de nylon com gaze cirúrgica

dobradas em quatro, e recolhido em recipientes cônicos (cálice) com capacidade para 250 mL.

O pirex utilizado no processamento das amostras foi lavado em 50 mL de água destilada e o

líquido desta lavagem foi recolhido no mesmo recipiente e protegido com papel alumínio,

onde permaneceu em repouso por 42 h para que sedimentassem.

Após a sedimentação espontânea, o líquido sobrenadante foi cuidadosamente

desprezado e o sedimento transferido para um tubo de centrífuga com capacidade para 15 mL.

O cálice foi lavado novamente com água destilada, o líquido foi recolhido no mesmo tubo e

levado para centrifugar a 3.000 rpm por 2 minutos. Finalizada a centrifugação o sobrenadante

foi desprezado e acrescido ao sedimento duas gotas de lugol a 0,5% que tem como função

corar os cistos de protozoários, propiciando uma melhor identificação dos mesmos e matar

larvas de helmintos.

Com o término da preparação do material, procedeu-se a homogeinização do

sedimento que foi transferido para uma lâmina de vidro, coberto com lamínula de 24 x 32 mm

e levado ao microscópio para que fosse analisado nas objetivas de 10x e 40x.

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20

As análises foram feitas em triplicata, sendo observadas três lâminas de cada

sedimento centrifugado, totalizando um número de 12 lâminas por propriedade.

3.5. Avaliação das condições ecológicas das propriedades em estudo

Realizou-se um levantamento das condições ambientais da área em que as hortaliças

eram cultivadas, objetivando detectar principalmente os riscos de contaminação por efluentes

de fossas, averiguar o tipo de adubo utilizado e a existência de vetores e animais domésticos

nas proximidades da horta. Com auxílio de um questionário, entrevistou-se um trabalhador ou

proprietário de cada horta para obtenção de informações que compreenderam dados de

identificação da horta e dos fatores de risco, como as condições ecológicas de cada

propriedade investigada. Após a entrevista, a horta foi inspecionada para confirmar as

respostas obtidas.

3.6. Análise estatística

As análises dos resultados obtidos das avaliações microbiológicas, tanto da água como

da alface, foram realizadas utilizando o Delineamento Inteiramente Casualizado com 5

tratamentos e 4 repetições.

Os dados foram submetidos à Análise de Variância – ANOVA, e as médias dos

tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os resultados obtidos nas análises parasitológicas e nas avaliações das condições

ecológicas das propriedades, foram submetidos a uma análise de freqüência.

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21

Figura 1. Representação esquemática da análise parasitológica de hortaliças.

COLETA

AMOSTRA (pesar 25g)

LAVAGEM (250 mL de água destilada)

FILTRAÇÃO

SEDIMENTAÇÃO ESPONTÂNEA (42h/temperatura ambiente)

DESPREZAR O SOBRENADANTE

CENTRIFUGAÇÃO DO SEDIMENTO (3.000 rpm por 2 minutos)

DESPREZAR O SOBRENADANTE

ANÁLISE MICROSCÓPICA (1 gt de lugol 0,5% + 1 gt de sedimento sob lamínula e objetiva de 10x e 40x)

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22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Avaliações microbiológicas

Os resultados da tabela 2 mostram que as concentrações médias de coliformes totais

das águas de irrigação variaram entre 3,30 x 104 a 2,40 x 106 UFC 100 mL-1. Tais valores

encontra-se acima daqueles evidenciados por Barros et al. (1999) ao investigarem as

condições sanitárias das águas de irrigação do Brejo e Agreste paraibanos.

Além da água de irrigação, as propriedades investigadas também apresentaram uma

forte contaminação de suas hortaliças, uma vez que, os valores médios de coliformes totais e

fecais variaram entre 1,30 x 106 a 1,86 x 106 e 4,10 x 104 e 2,78 x 106 NMP g-1,

respectivamente (Tabela 2). Consultando os padrões estabelecidos pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária, que estabelece o padrão de presença máxima de 200 CF g-1 (ANVISA,

2001), observou-se que as plantas de alface apresentaram níveis muito acima do recomendado

pela norma governamental. Os valores encontrados assemelham-se aos de Barros et al.

(1999), que observaram níveis de coliforme fecal de até 1,6 x 106 NMP g-1 em alfaces

produzidas no Agreste e Brejo paraibanos, enquanto que, Nascimento et al. (2003)

apresentaram valores inferiores a 104 nas hortaliças comercializadas em Campinas, SP.

Apesar da não-existência de padrões federais para níveis de coliformes totais em água

de irrigação e hortaliças, os valores médios desses microrganismos apresentaram-se bastante

elevados, com médias superiores a 104, demonstrando condições higiênicas deficientes.

Outros trabalhos (Bonilha, 1986; Barros et al., 1999) cujos resultados assemelham-se aos

obtidos nesta pesquisa, chamam atenção para os possíveis riscos à saúde pública, uma vez que

este grupo de bactérias, apesar de não causar doenças, também habita o intestino de animais

mamíferos, inclusive o homem, podendo indicar uma possível contaminação da água e

hortaliças com bactérias entéricas patogênicas. Embora o uso de coliformes fecais como

indicador de poluição sanitária seja mais significativo que o uso de coliformes totais, por

serem restritos ao trato intestinal de animais de sangue quente, a utilização das bactérias desse

último grupo é muito importante como indicadores de condições higiênicas, pois uma alta

contagem desses microrganismos no alimento significa, principalmente, contaminação

durante a produção, limpezas e sanificação deficientes, ou até mesmo multiplicação durante o

processamento ou estocagem (Cardoso et al., 2000).

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23

Tabela 2. Análise microbiológica de água e hortaliças produzidas no município de Lagoa Seca, PB, no período de maio a setembro de 2004

Água de irrigação Hortaliça (Alface)

Propriedade (horta)

Coliformes Totais

(UFC 100 mL-1)

Coliformes Fecais

(UFC 100 mL-1)

Mesófilos Totais

(UFC 100 mL-1)

Coliformes Totais (NMP/ g)

Coliformes Fecais (NMP/g)

Mesófilos Totais (UFC/g)

1a 1,42 x 106 1,36 x 105 9,48 x 108 1,53 x 106 4,06 x 105 1,45 x 109

2a 2,07 x 106 1,42 x 106 9,81 x 107 1,86 x 106 2,78 x 106 7,11 x 107

3a 1,75 x 106 4,85 x 104 7,16 x 107 1,75 x 106 8,88 x 105 1,28 x 108

4b 2,40 x 106 1,53 x 106 8,57 x 107 1,30 x 106 4,10 x 104 7,87 x 107

5a 3,30 x 104 7,75 x 103 1,76 x 107 1,40 x 106 4,73 x 105 1,14 x 108

Padrão Federalc NE A NE NE 102 NE

a - Adota o sistema de produção orgânico b - Adota o sistema de produção convencional c - Água: Resolução n° 20, 18 de junho de 1986, Conselho Nacional do Meio Ambiente Hortaliça: Resolução

n°12, 2 de janeiro de 2001, Agência Nacional de Vigilância Sanitária NE - não exigido A - ausência

Visto que o CONAMA (1986) estabelece o limite de tolerância zero para coliformes

fecais em água de irrigação de hortaliças consumidas cruas, todas as propriedades analisadas

apresentaram valores acima do limite recomendado (Figura 2). Trabalho semelhante

desenvolvido por Gonçalves et al. (2000), constatou, em 100% das fontes investigadas, níveis

de coliformes fecais bastante altos, em propriedades rurais de Agudo, RS.

Os valores médios de coliformes totais (CTA) e fecais (CFA) em águas de irrigação

obtidas nas diferentes propriedades estudadas (Figura 2), evidenciaram que as condições

ecológicas e o manejo do sistema agrícola, adotado pelos produtores, não se mostraram

adequados para o uso em uma atividade que terá seu produto consumido de forma “in natura”

pelos consumidores.

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24

0

5

10

15

20

25U

FC 1

00 m

L-1 (X

10

5 )

1 2 3 4 5

Propriedades

CTACFA

a

b

a

a

a

B

A

B

A

B

Figura 2. Valores médios de coliformes totais (CTA) e fecais (CFA) em água de irrigação de

diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de maio a agosto de 2004.

A análise estatística dos dados permite observar que as propriedades 1, 3 e 5 diferiram

das propriedades 2 e 4 para os valores de coliformes fecais em água, enquanto que para

coliformes totais, a propriedade 5 diferiu das demais (Figura 2). Apesar de não está dentro dos

padrões recomendados pela legislação vigente, as médias de coliformes totais e fecais em

água, apresentadas pela propriedade 5, foram bem inferiores quando comparadas as outras

propriedades analisadas (Tabela 2). Este fato pode ser explicado pelas melhores condições

ecológicas evidenciadas na propriedade 5 durante as coletas dos materiais. Portanto, fatores

como: declive do solo (> 10%), presença de lixões, fossas ou até mesmo currais próximos ao

reservatório de água, não foram identificados nesta propriedade (Tabela 3).

Das amostras de água analisadas, as propriedades 2 e 4 demonstraram os maiores

níveis de coliformes fecais (Figura 2), por apresentarem, dentre outros fatores acima

mencionados, um acentuado declive no solo (Tabela 3), característica que possivelmente

favoreceu o escoamento superficial de áreas agropastoris, muitas vezes originarias de regiões

circunvizinhas.

A elevada contaminação fecal dos açudes investigados nesta pesquisa, confirma os

resultados obtidos por Ceballos et al. (1998) ao analisarem a água de açudes desta mesma

localidade. Para esses autores, esta contaminação fecal justifica a permanência dos ciclos

endêmicos das doenças de veiculação hídrica na região Nordeste, visto que os açudes

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constituem a principal ou única fonte de água para usos múltiplos. Outros autores também

evidenciaram uma elevada concentração de coliformes fecais de até 90% em água de açudes

de propriedades rurais (Amaral et al., 2003 e Freitas et al., 2001).

Tabela 3. Dados sobre manejo e condições ecológicas das diferentes hortas analisadas no

município de Lagoa Seca, PB

Propriedades Condições Ecológicas P1 P2 P3 P4 P5

% Proximidade com reservatório de água + + + + + 100

+ + + + - 80 + + + - - 60 + + - + - 60 + + - - - 40

Presença de poluentes: Curral Lixão Esgoto Fossa + + - - - 40

+ + + + + 100 + + + + + 100 + + + + + 100

Vetores: Insetos Pássaros Roedores + + + - - 60

+ + + + + 100 + + + + - 80 + + + + - 80 + + - - + 60

Animais domésticos: Cão Gato Cavalo Porco + + + - - 60 Declive do solo (> 10%) - + - + - 40 Uso de adubo orgânico não tratado + + + + + 100 Água de irrigação sem tratamento prévio + + + + + 100

As condições ecológicas, das hortas investigadas, que provavelmente favoreceram a

contaminação da água de irrigação e das hortaliças cultivadas encontram-se na tabela 3.

Constatou-se que em 100% dos casos, a água de irrigação das hortaliças não recebia nenhum

tratamento prévio e eram provenientes de açudes situados nas imediações das hortas. Foram

observados animais domésticos nas proximidades das hortas, como também dos reservatórios

de água. Havia proximidades de poluentes do tipo lixão (60%), currais (60%), esgoto (40%) e

fossas (40%). Outros aspectos importantes observados como o uso de adubo orgânico não

tratado nas hortaliças e junto às fontes de água (100%), e declive acentuado do solo (40%),

aumentam a possibilidade de contaminação.

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A alta concentração fecal, evidenciada nas alfaces de todas as propriedades analisadas,

foi favorecida pela retenção de resíduos de esterco, de solo, de água ou outros possíveis

contaminantes nas folhas desta hortaliça, que cresce rente ao solo. Tal constatação está

coerente com as afirmações de Barros et al. (1999), segundo as quais folhas imbricadas,

úmidas e de superfície irregular oferecem melhores condições para sobrevivência de bactérias

nelas depositadas.

As médias de coliformes totais em alfaces das diferentes propriedades analisadas, não

diferiram estatisticamente entre si (Tukey, P ≥ 0,05), assim como os valores médios

determinados para coliformes fecais (Figura 3).

0

5

10

15

20

25

30

UFC

NM

P g-1

(X 1

0 5 )

1 2 3 4 5

Propriedades

CTALCFAL

a

A

a

A

a

A

a

A

a

A

Figura 3. Valores médios de coliformes totais (CTAL) e fecais (CFAL) em alfaces

produzidas em diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004.

A propriedade 2 apresentou uma tendência de maiores médias para coliformes totais e

fecais nas alfaces investigadas, mostrando uma correspondência entre os valores

demonstrados pelos dois grupos (Tabela 2). As demais propriedades demonstraram uma alta

contaminação de suas alfaces, principalmente em relação aos coliformes totais, sendo mais

moderados os níveis de contaminação por coliformes fecais. Os altos níveis de coliformes

totais evidenciados nas amostras de alfaces analisadas estão de acordo com os dados obtidos

por Bonilha e Falcão (1994) ao pesquisarem alfaces produzidas em Araraquara, SP. Tais

autores afirmam que estes altos índices de coliformes totais estão relacionados,

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principalmente, à maior capacidade de sobrevivência desse grupo de microrganismos no

ambiente externo, podendo, portanto, representar quantidades acumuladas pelo processo de

irrigação diária, ou mesmo por outros fatores inerentes ao próprio ambiente de cultivo, tais

como contato com o solo, insetos, animais e com o próprio adubo orgânico utilizado.

As médias apresentadas pelas cinco propriedades analisadas indicaram um alto grau de

contaminação por mesófilos aeróbios, tanto na água de irrigação como nas alfaces

investigadas (Figura 4). Valores bastante semelhantes foram identificados por Paula et al.

(2003) ao investigarem níveis de mesófilos totais em alfaces de restaurantes de Niterói, RJ. A

presença desse grupo de microrganismo nos alimentos se apresenta como um ótimo indicador

da qualidade dos alimentos, uma vez que nos permite inferir sobre o nível de contaminação da

matéria prima, se a limpeza e desinfecção do material são adequadas e se a higiene se faz

presente na produção (Siqueira, 1995).

Atualmente não existe um padrão federal para níveis aceitáveis de mesófilos em

hortaliças consumidas cruas, dificultando a discussão dos dados obtidos nessa pesquisa, como

também a aquisição de trabalhos que demonstrem a contagem desses microrganismos como

indicadores sanitários em alfaces. Segundo Franco e Landgraf (1996) um elevado número

desses microrganismos (≥106) indica que o alimento é insalubre, uma vez que todas as

bactérias patogênicas são mesófilas, mesmo que as espécies não sejam identificadas. Portanto,

é inquestionável a necessidade da realização de diferentes trabalhos que contribuam com

novas informações acerca de tal assunto, para que se possa estabelecer, brevemente, um

padrão federal para mesófilos em todo tipo de alimento, principalmente aqueles consumidos

crus. Neste contexto, levando-se em consideração os resultados obtidos (Figura 4) e o nível de

manejo e condições ecológicas (Tabela 3) apresentadas pelos produtores, seria adequado

aceitar o nível de 106 como padrão para mesófilos totais em hortaliças consumidas cruas.

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05

101520253035404550

UFC

X 1

0 7

1 2 3 4 5

Propriedades

MAMAL

a

A

b BB b b B bB

Figura 4. Valores médios de mesófilos em água (MA) de irrigação e em alfaces (MAL)

produzidas em diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de maio a setembro de 2004.

As médias reveladas pela propriedade 1 diferiram estatisticamente daquelas

apresentadas pelas demais propriedades, tanto para água de irrigação como para as alfaces.

Nota-se que os valores de mesófilos em alfaces, com exceção da propriedade 2 e 4, foram

superiores àqueles demonstrados para água de irrigação (Figura 4). Tal constatação pode ser

justificada pelas mesmas razões (acúmulo de resíduos de esterco, solo e água contaminada)

anteriormente mencionadas para os níveis de coliformes evidenciados nas alfaces das cinco

propriedades investigadas.

4.2. Avaliações parasitológicas

A identificação dos parasitas (protozoários e helmintos) foi realizada baseando-se na

morfologia, porém esta técnica encontra dificuldades na diferenciação de alguns helmintos de

vida livre do solo, e de hortaliças, como também de outros animais, cujos cistos, ovos e larvas

são semelhantes à de espécies humanas (Baruffaldi et al., 1984; Marzochi, 1970, Silva et al.,

1995). Dessa maneira os resultados foram expressos até nível de gênero, conforme o tipo.

Do ponto de vista de tempo e execução, seria interessante um melhoramento nas

técnicas dos exames parasitológicos de alimentos, com reestruturação e simplificação das

mesmas. Segundo Pessoa e Martins (1988) essas técnicas de identificação morfológica devem

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29

ser suplementadas por testes eficientes e rápidos, sorológicos e fisiológicos, com a utilização

de meios seletivos como os existentes para pesquisa de bactérias, para obtenção de uma maior

certeza na identificação.

Independente do sistema de cultivo, os resultados da análise parasitológica revelaram,

em todas as alfaces pesquisadas, elevados percentuais de contaminação por enteroparasitas.

Este fato comprova a ocorrência de contaminação fecal em altos níveis, já verificada na

análise microbiológica anteriormente mencionada. Esses dados estão de acordo com os de

Oliveira et al. (2004) ao investigarem a ocorrência de enteroparasitas em hortaliças de

Salvador, BA, segundo diferentes sistema de cultivo.

Como mostra a tabela 4, a maioria das lâminas examinadas, na análise parasitológica

das alfaces produzidas no município de Lagoa Seca, PB, apresentaram contaminação por

enteroparasitas.

Tabela 4. Análise parasitológica de alface (Lactuca sativa) produzida em cinco propriedades

do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004

Lâmina Propriedade Examinada Negativa Positiva %

P1 12 - 12 100

P2 12 - 12 100

P3 12 3 9 75

P4 12 - 12 100

P5 12 2 10 83

Média 60 5 55 92 P4 Adota o sistema de produção convencional

Foram notadas lâminas negativas apenas nas propriedades 3 e 5. Na verdade, a

presença de 3 ou 2 lâminas negativas no universo de 12 lâminas investigadas, representa um

baixo índice de negatividade das amostras analisadas. Nóbrega (2002) também alcançou uma

alta freqüência positiva (95,7%) de parasitos nas amostras de alfaces pesquisadas.

A Figura 5 mostra a prevalência de protozoários e helmintos na alface produzida em

diferentes propriedades de Lagoa Seca, PB. Foram evidenciados os seguintes parasitos:

Entamoeba sp com 04 núcleos (31,46%), Giárdia sp (23,59%), Entamoeba sp com 08 núcleos

(20,22%), Ancylostoma sp (6,74%), Ascaris sp (5,62%) e Taenia sp (1,12%). Schistosoma sp,

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30

Fascíola sp, Hymenolepis sp, Balantidium sp e Enterobius sp também foram encontrados no

presente trabalho, porém todos eles apresentaram o mesmo percentual (2,25%).

0

5

10

15

20

25

30

35

Entamoe

ba sp

*

Entamoe

ba sp

**

Giardia

sp

Ancylo

stoma s

p

Ascari

s sp

Schist

osom

a sp

Hymen

olepis

sp

Balanti

dium sp

Enterob

ius sp

Taenia

sp

Protozoários e Helmintos

%

* Protozoários com 4 núcleos ** Protozoários com 8 núcleos

Figura 5. Prevalência de protozoários e helmintos em alfaces produzidas em diferentes propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004.

Nota-se que ocorreu uma maior prevalência de protozoários sobre os helmintos. A

Entamoeba sp com 04 núcleos foi o protozoário mais presente nas amostras, seguida por

Giárdia sp e Entamoeba sp com 08 núcleos (Figura 5). Esses dados estão de acordo com os

de Oliveira e Germano (1992), no que se refere a maior incidência dessas três espécies de

protozoários dentre os parasitas encontrados, mas discordam quanto a seqüência dos mesmos,

uma vez que esses autores evidenciaram, depois de Entamoeba sp com 04 núcleos, um maior

percentual de Entamoeba sp com 08 núcleos, ao invés de Giárdia sp.

A presença de Entamoeba sp (04 núcleos) e Giárdia sp indicam contaminação fecal de

origem humana e, ou, animal. Cistos de Entamoeba sp (08 núcleos), característicos de

Entamoeba coli, embora não sejam considerados patogênicos, estes protozoários apresentam

grande valor como indicadores de contaminação fecal de origem humana nas hortaliças

(Oliveira e Germano, 1992).

Além da prevalência de cistos de protozoários em relação aos ovos de helmintos,

outros autores, como Nóbrega (2002) e Takayanagui et al. (2001), também constataram que a

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Entamoeba sp (04 núcleos) foi o principal parasita encontrado nas amostras de alfaces de

Campina Grande – PB e Ribeirão Preto – SP, respectivamente, concordando com os dados

apresentados pela atual pesquisa, embora discordem em relação aos seus percentuais.

O helminto de maior incidência neste estudo foi o Ancylostoma sp, seguido por

Ascaris sp (Figura 5), concordando com os resultados obtidos por Hernandes et al. (1981) ao

identificarem esses dois gêneros como os principais helmintos encontrados em hortaliças

produzidas no município de Biritiba – SP.

É relevante mencionar que tanto os ancilostomídeos como o Ascaris sp são

geohelmintos necessitando passar parte de sua vida no solo, o que pode justificar a elevada

prevalência destes parasitas no local de cultivo. Para Leite (2000) é indispensável a pesquisa

destes helmintos nas hortaliças, uma vez que constituem excelentes indicadores de

contaminação fecal desses alimentos.

Com relação aos Ancylostomídeos, Gelli et al. (1979) constataram um percentual de

59,2%, enquanto que Pacheco et al. (2002) encontraram esses parasitas em 28,7% das

amostras contaminadas. Esses valores estão muito acima do percentual (6,74%) evidenciado

neste estudo. No entanto, índice mais próximo foi evidenciado por Takayanagui et al. (2000)

ao investigarem verduras produzidas em Ribeirão Preto – SP.

A presença de Hemynolepis sp nas alfaces analisadas também foi verificada por

Nóbrega (2002) e Takayanagui et al. (2000), que constataram índices diferentes ao da

presente pesquisa.

Ovos de Shistosoma sp foram evidenciados apenas em amostras da propriedade 2,

enquanto que os de Hymenolepis sp apresentou-se unicamente na horta 3, e os de Enterobius

sp na 5 (Tabela 5). Apesar da baixa freqüência, o encontro desses enteroparasitas nas alfaces

investigadas, também justificam a má qualidade higiênico sanitária das hortas em questão,

provavelmente contaminadas com excretas humanas.

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Tabela 5. Freqüência de enteroparasitas (helmintos e protozoários) em alfaces produzidas em cinco propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004

Propriedades 1a 2a 3a 4b 5a Parasitas

n° % n° % n° % n° % n° %

Entamoeba sp* 10 40 9 39,1 3 27,3 6 30 - -

Entamoeba sp** 6 24 1 4,4 3 27,3 5 25 3 30

Giárdia sp 4 16 5 21,7 3 27,3 7 35 2 20

Balantidium sp - - - - - - 2 10 - -

Ancilostomídio sp 2 8 2 8,7 - - - - 2 20

Ascaris sp 3 12 2 8,7 - - - - - -

Schistosoma sp - - 2 8,7 - - - - - -

Fascíola sp - - 2 8,7 - - - - - -

Hymenolepis sp - - - - 2 18,1 - - - -

Enterobios sp - - - - - - - - 2 20

Taenia sp - - - - - - - - 1 10

* - Cistos de protozoários com 4 núcleos ** - Cistos de protozoários com 8 núcleos a - Adota o sistema de produção orgânico b - Adota o sistema de produção convencional

Também foi demonstrado na tabela 5 a presença de cistos de Balantidium sp e ovos de

Fascíola sp nas propriedades 4 e 2, respectivamente. Esses parasitas têm como hospedeiros

mais comuns alguns animais, podendo ocasionalmente parasitar o homem. Portanto é

interessante que se investigue a presença desses organismos nos alimentos, principalmente a

Fascíola sp, que é o verme causador da faciolose, doença grave com numerosos casos

registrados no Brasil. A existência de animais próximos às hortas estudadas pode justificar a

contaminação das hortaliças com esse tipo de parasita.

Merece destaque o encontro do ovo de Taenia sp numa amostra de alface pertencente

a propriedade 5 (Tabela 5). No Brasil, o ovo de Taenia sp foi evidenciado em hortaliças de

Ribeirão Preto-SP, Fortaleza-CE e Campina Grande-PB (Marzochi, 1974; Leite, 2000;

Nóbrega, 2002).

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A presença de ovos de Taenia sp na alface, caso se trate de Taenia solium, mostra a

possibilidade de veiculação daqueles ovos pelas mesmas, o que poderia ter importância na

epidemiologia da cisticercose humana (Branco Júnior et al. 1999; Marzochi, 1977).

A Figura 6 mostra a prevalência de formas parasitárias na alface produzida em

diferentes propriedades de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004.

Observa-se que em 50,7% das amostras analisadas foi identificada a presença de cistos de

protozoários, em 14,7% observaram-se ovos de helmintos, em 30,9% foram evidenciadas

larvas não identificadas e em 3,7% foram notados ovos não identificados.

0

10

20

30

40

50

60

Protozoários Helmintos Larvas nãoidentificadas

Ovos nãoidentificados

Parasitos

%

Figura 6. Prevalência de formas parasitárias em alface produzida em diferentes propriedades

do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004.

Os cistos de protozoários apresentaram o maior percentual entre todos os outros

parasitos observados, discordando de Nóbrega (2002) que constatou uma maior incidência de

larvas não identificadas dentre as formas parasitárias investigadas.

O número de ovos de helmintos identificados nesta pesquisa foi maior que os de ovos

não identificados, indicando uma maior freqüência de espécies parasitas do homem e

conseqüentemente um maior risco de contaminação para o consumidor.

Depois dos cistos de protozoários, evidenciou-se uma maior incidência de larvas não

identificadas dentre os parasitas pesquisados. Isto se deveu provavelmente a grande

quantidade de espécies de vida livre, espécies parasitas de vegetais e de animais em suas fases

de vida livre, que podem contaminar as hortaliças.

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Nas propriedades investigadas, determinou-se o percentual de parasitos presentes em

suas alfaces, no período de agosto a setembro de 2004 (Figura 7). Observa-se que a

propriedade 1 apresentou o maior índice de parasitas identificado, enquanto que a propriedade

5 demonstrou o menor percentual constatado dentre os demais.

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5

Propriedades

%

Figura 7. Percentual de parasitos encontrados em alfaces produzidas em diferentes

propriedades do município de Lagoa Seca, PB, no período de agosto a setembro de 2004

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35

5. CONCLUSÕES

Nas condições em que o trabalho foi conduzido, os resultados permitem afirmar que:

1. A água de irrigação das diferentes propriedades situadas no município de Lagoa Seca, PB,

apresentou um elevado percentual de contaminação microbiológica;

2. A propriedade 5 apresentou os menores valores de coliformes totais em água;

3. Os valores médios de coliformes fecais da água de irrigação, das cinco propriedades

estudadas, encontram-se acima dos padrões estabelecidos pela legislação vigente;

4. Independente do sistema de cultivo (convencional ou orgânica), todas as hortas avaliadas

apresentaram uma alta contaminação microbiológica e parasitológica de suas alfaces;

5. Os níveis de coliformes fecais evidenciados nas amostras de alfaces, das cinco hortas

estudadas, encontram-se fora do padrão recomendado pela legislação em vigor;

6. As alfaces analisadas apresentaram maior ocorrência de protozoários do que de helmintos;

7. A Entamoeba sp (com 4 núcleos) e o Ancylostoma sp foram os protozoários e helmintos,

respectivamente, de maior freqüência;

8. Independente do sistema de cultivo, as hortas em sua totalidade apresentaram precárias

condições ecológicas, favorecendo o crescimento e manutenção das péssimas condições

higiênico-sanitárias constatadas nestas propriedades.

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6. SUGESTÕES

Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, sugere-se:

1. O tratamento prévio da água que será utilizada na irrigação de hortaliças através de

sistemas (tanques de estabilização p. ex.) eficientes na remoção de microrganismos

patógenos;

2. O isolamento das fontes de água através de cercas com altura mínima de 3 metros;

3. Um local apropriado para o depósito de lixo, de preferência afastado dos reservatórios de

água e dos locais de cultivo;

4. A utilização de estercos que tenham sido submetidos a processos de tratamento adequados

para inativação e remoção de enteropatógenos (digestão termofilíca seguida de secagem

prolongada; estabilização após diluição em água);

5. A adoção de locais apropriados para o cultivo de hortaliças in natura, distantes de

poluentes como esgotos domésticos e currais, dentre outros;

6. A orientação dos produtores e vendedores de hortaliças quanto aos cuidados com os

hábitos de higiene pessoal e a lavagem das hortaliças com água de boa qualidade, antes da

comercialização;

7. A efetivação de programas educativos que visem orientar a população sobre a importância

da sanitização correta de hortaliças consumidas in natura, informando os procedimentos

necessários para desinfetá-las antes do consumo. Um método mais simples e eficaz na

desinfecção completa desses vegetais, consiste na imersão das folhas em água aquecida a

60°C, por dez minutos;

8. A realização de mais trabalhos desta natureza para melhor se conhecer a magnitude do

problema e com isso auxiliar na sensibilização dos órgãos governamentais competentes

para que tomem as medidas necessárias de controle sanitário e prevenção que lhes são

cabíveis, resguardando sempre a saúde do produtor e do consumidor de hortaliças.

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47

ANEXO A

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48

FICHA DE REGISTRO DA AMOSTRA 1 - N° da Propriedade: 2 - Nome do proprietário: 3 - Material coletado: 4 - N° da Amostra:

5 – Horário da colheita:

6 – Horário de chegada ao laboratório:

7 - Data da colheita:

8 - Pessoa responsável pela colheita:

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49

FORMULÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DAS PROPRIEDADES 1. Dados da propriedade

1.1. Endereço: __________________________________________________________

1.2. Proprietário: ________________________________________________________

2. Dados do trabalhador

2.1. Nome: _____________________________________________________________

2.2. Idade:

1. ( ) de 18 a 25

2. ( ) de 26 a 34

3. ( ) de 35 a 43

4. ( ) mais de 43

2.3. Sexo:

1. ( ) masculino

2. ( ) feminino

2.4. Atividade do entrevistado:

1. ( ) Trabalhador

2. ( ) Proprietário

3. ( ) Trabalhador e proprietário

3. Fatores de risco

3.1. Vetores na horta:

1. ( ) Sim

2. ( ) Não

3.1.1. Se sim, que tipo:

1. ( ) Insetos

2. ( ) Roedores

3. ( ) Pássaros

3.2. Presença de animais domésticos na horta:

1. ( ) Sim

2. ( ) Não

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50

3.2.1. Se sim, quais:

1. ( ) Cão

2. ( ) Gato

3. ( ) Suíno

4. ( ) Eqüino

5. ( ) Caprino/ Ovino

3.3. Proximidade da horta com poluentes

1. ( ) Sim

2. ( ) Não

3.3.1. Se sim, quais:

1. ( ) Fossa 2. ( ) Lixão 3. ( ) Esgotos 4. ( ) Currais

3.4. Que tipo de adubo orgânico utiliza:

1. ( ) Fezes 2. ( ) Estercos

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51

ANEXO B

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52

Figura 1B. Declive acentuado do solo em propriedade produtora de hortaliças orgânicas no

município de Lagoa Seca, PB.

Figura 2B. Esgoto doméstico a céu aberto, em direção a horta orgânica no município de

Lagoa Seca, PB.

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53

Figura 3B. Reservatório de água utilizado para irrigação de hortaliças orgânicas no

município de Lagoa Seca, PB.

Figura 4B. Lavagem do vegetal para posterior comercialização.

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54

Figura 5B. Depósito de lixo, a céu aberto, próximo a horta da propriedade de cultivo convencional no município de Lagoa Seca, PB.

Figura 6B. Placas para contagem de mesófilos totais.

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55

Figura 7B. Líquido proveniente da trituração das amostras de alface.

Figura 8B. Tubos múltiplos para análise de coliformes totais e fecais de alfaces e suas águas de irrigação.

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56

Figura 9B. Amostra da alface com água destilada esterilizada.

Figura 10B. Sedimentação do líquido de lavagem da alface.

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ANEXO C

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58

Tabela 1C. Resumo do quadro de análise de variância para coliformes totais em água (CTA), coliformes fecais em água (CFA), mesófilos totais em água (MTA), coliformes totais em alface (CTAL), coliformes fecais em alface (CFAL) e mesófilos totais em alface

Quadrado Médio Fonte de Variação GL CTA CTAL CFA CFAL MTA MTAL

Propriedades 4 33541,4** 23420,9* 24064,0** 4510,8NS 0,6E+10** 0,1E+11**

Resíduo 15 2819,8 6615,8 3171,2 5758,5 0,6E+09 0,6E+09

Coef. de Variação 34,6 82,7 89,5 146,2 106,6 66,6

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