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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA ELISEU OLIVEIRA FERRAZ AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM CONDOMÍNIO HABITACIONAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA FEIRA DE SANTANA 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

COLEGIADO DE ENGENHARIA

ELISEU OLIVEIRA FERRAZ

AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM

CONDOMÍNIO HABITACIONAL NA CIDADE DE FEIRA DE

SANTANA

FEIRA DE SANTANA

2010

ELISEU OLIVEIRA FERRAZ

AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO : ESTUDO DE CASO EM

CONDOMÍNIO HABITACIONAL NA CIDADE DE FEIRA DE

SANTANA

Monografia apresentada ao curso de

Engenharia Civil da Universidade Estadual

de Feira de Santana como pré – requisito

para a aprovação na disciplina Projeto Final

II.

Orientadora: Prof. Mestre Eufrosina de

Azevedo Cerqueira

FEIRA DE SANTANA

2010

ELISEU OLIVEIRA FERRAZ

AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM CONDOMÍNIO

HABITACIONAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Civil Departamento de Tecnologia, Colegiado de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Civil aprovada pela seguinte banca examinadora:

Aprovada em _____/_____/______

Prof(a). Mestre Eufrozina de Azevedo Cerqueira

Orientadora

Prof. Mestre Élvio Antonino Guimarães

Prof. Esp. Gerinaldo Costa Alves

AGRADECIMENTOS

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele

eternamente. Rm11: 36.

Agradeço a Deus por até aqui ter me sustentado, por ter providenciado a conclusão

deste trabalho. A Ele todo louvor e adoração.

Agradeço a minha família que dividiu comigo a caminhada. A minha mãe

principalmente que me incentivou neste longo caminho.

Agradeço a minha namorada Nilza que transformou estes dias em dias mais belos

e me trouxe maior desejo de Sonhar.

Agradeço aos meus Pastores por terem me ensinado a buscar a verdade e oraram

por pelo meu sucesso.

Não posso esquecer de agradecer a minha amiga Leidiane, que me ajudou na reta

final deste trabalho.

Agradeço a professora Eufrozina de Azevedo Cerqueira por ter acreditado no meu

trabalho, me incentivando e cobrando resultados, o que ao final contribui para meu

sucesso.

A todos os amigos e amigas que me ajudaram neste longo caminho, muito

obrigado

Deus seja louvado!

“Habitar com qualidade constitui uma possibilidade que marca o

habitante desde o processo que segue na procura e escolha sua casa e

dos espaços que a envolvem e a constituem, até à vivência que ai pode

ter.”

Antônio Baptista Coelho, 2003.

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE SIMBOLOS

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13

1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 14

1.2 OBJETIVOS............................................................................................ 15

1.2.1 Objetivo Geral................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos Específicos..................................................................... 16

1.3 METODOLOGIA..................................................................................... 16

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA.......................................................... 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 17

2.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)................................................... 17

2.2 ABORDAGEM SOBRE DESEMPENHO................................................ 25

2.3 CONFORTO AMBIENTAL..................................................................... 28

2.3.1 Conforto Térmico............................................................................ 29

2.3.1.1 Mecanismos de Termo-Regulação....................................... 30

2.3.2 Conforto Acústico........................................................................... 38

2.3.3 Conforto Luminico........................................................................... 42

2.4 DESEMPENHO FUNCIONAL................................................................. 47

2.4.1 Flexibilidade.................................................................................... 50

2.5 PSICOLOGIA AMBIENTAL..................................................................... 52

3 O CONTEXTO DA PESQUISA................................................................... 55

3.1 CARACTERIZAÇÃO DE FEIRA DE SANTANA...................................... 55

3.2 ESTUDO EXPLORATÓRIO.................................................................... 56

3.3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO..................................................... 56

3.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUIDO DO CONDOMÍNIO.......... 60

3.4.1 Subsídio......................................................................................... 60

3.4.2 Levantamento da População Total e Amostral.............................. 61

3.4.2.1 Nível de satisfação do usuário.......................................... 61

3.4.3 Elaboração e Aplicação dos Questionários.................................... 61

4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS....................................................... 63

4.1 ATRAVÉS DE ENTREVISTAS................................................................. 63

4.2 AVALIAÇÃO TÉCNICA............................................................................. 64

4.3 ATRAVÉS DOS QUESTIONÁRIOS......................................................... 65 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................................................................ 74

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 74

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...................................... 75

REFERÊNCIAS................................................................................................ 76 APÊNDICE

RESUMO

Este trabalho apresenta a Avaliação Pós Ocupação (APO), como uma metodologia de avaliação dos ambientes construídos. O objetivo do trabalho foi realizar uma APO em um condomínio habitacional na cidade de Feira de Santana. Também foi avaliado o desempenho funcional da edificação, estudada satisfação do usuário em relação ao conforto ambiental e pesquisada a flexibilidade do ambiente. O condomínio é composto de 86 unidades, sendo 81 habitadas, sendo que a população amostral foi de 18,5%. A metodologia fundamentou-se na Avaliação Pós Ocupação (APO) por meio de observações técnicas, entrevistas, questionários, registros fotográficos. Através da Avaliação Pós-Ocupação é possível recomendar melhorias nos ambientes construídos a fim de aumentar a satisfação dos usuários desses espaços e retroalimentar o processo de produção do edifício. Os resultados obtidos foram coletados através dos questionários e foram apresentados através de gráficos, onde se observou que o conforto térmico teve uma considerável insatisfação no período de verão e no desempenho funcional verificou-se que os usuários têm dificuldade em se adequar ao projeto padrão, modificando sua unidade habitacional.

PALAVRAS- CHAVE: Avaliação Pós Ocupação, Ambiente - Comportamento, Desempenho.

ABSTRACT

This paper presents the Post Occupancy Evaluation (POE) as a methodology for assessing the built environment. The aim of this study was to POE in a condominium housing in the city of Feira de Santana. Also evaluated the functional performance of the construction, studied user satisfaction in relation to environmental comfort and searched the flexibility of the environment. The condo is comprised of 86 units, with 81 inhabited, and the sample population was 18.5%. The methodology was based on the Post Occupancy Evaluation (POE) through technical observations, interviews, questionnaires, photographic records. Through Post-Occupancy Evaluation is possible to recommend improvements in the built environment to increase user satisfaction feedback for these spaces and the production process of the building. The results were collected through questionnaires and were presented through charts, where it was observed that the thermal comfort was considerable dissatisfaction in the summer and functional performance found that users have difficulty in adjusting to the standard design, modifying their housing units. KEY WORDS: Post-Occupancy Evaluation, Environment - Behavior, Performance.

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de atividades...................................................... 24

Figura 2 - Desempenho Ambiental ........................................................ 28

Figura 3 - PMV E PPD............................................................................ 36

Figura 4 - Equilíbrio no balanço térmico gera a sensação de conforto.. 37

Figura 5 - Desempenho Funcional ........................................................ 49

Figura 6 - Mapa de Feira de Santana .................................................... 55

Figura 7 - Planta Baixa .......................................................................... 57

Figura 8 - Área comum .......................................................................... 58

Figura 9 -Tipologia Construtiva .............................................................. 58

Figura 10 – Tipologia Construtiva........................................................... 59

Figura 11- Estacionamento e garagem ................................................. 66

Figura 12 - Áreas Sociais e de Lazer .................................................... 67

Figura 13 - Acessos Principais .............................................................. 68

Figura 14 - Cômodos ............................................................................. 69

Figura 15 - Adequação do espaço ao imobiliário .................................. 70

Figura 16 - Condições de conforto – Temperatura................................. 71

Figura 17 - Condições de conforto – Ruido............................................ 71

Figura 18 - Condições de conforto – Iluminação.................................... 72

Figura 19 - Condições de conforto - Ventilação .................................... 72

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 - Necessidades dos usuários ................................................. 27

Quadro 2 - Escala Térmica de Fanger................................................... 35

Quadro 3 - Níveis de Iluminação............................................................ 46

Quadro 4 - Intervalos de Desempenho Funciona................................... 48

Quadro 5 - Amostra e Porcentagem....................................................... 61

Quadro 6 - Percentuais para conforto térmico........................................ 73

LISTA DE SÍMBOLOS

APO - Avaliação Pós-Ocupação

RAC – Relação Ambiente Comportamento

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas

NORIE - Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação

GEPA - Grupo de Estudos Pessoa-Ambiente

CTE - Centro de Tecnologia de Edificações

FAUFBA - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

NUTAU/USP - Núcleo de pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da

Universidade de São Paulo

FAUUSP - Faculdade e Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

PMV - Predicted Mean Vote

VME - Voto Médio Estimado

PPD – Predicted Percentage of Dissatisfied

PEI - Porcentagem Estimada de Insatisfeitos

13

1 INTRODUÇÃO

A Avaliação Pós-Ocupação (APO) vem sendo aplicada sistematicamente nos

países desenvolvidos há mais de 40 anos a exemplo dos EUA, Canadá, França,

Inglaterra e Japão, como realimentação do processo projetual, definindo diretrizes

para novos projetos semelhantes e como instrumento de correção de problemas

encontrados no ambiente construído. Analisa o ambiente construído e ocupado e é

um mecanismo eficiente de realimentação de projetos e de controle da qualidade do

ambiente no decorrer de sua vida útil.

Apresenta também como princípio o fato de que os edifícios e espaços livres

postos em uso, qualquer que seja sua função, devem estar em permanente

avaliação, quer do ponto de vista construtivo e espacial, quer do ponto de vista de

seus usuários.

Em um mercado cada vez mais competitivo, a meta do fabricante ou do

projetista passa a ser a criação de produtos com desempenhos que atendam às

expectativas de mercado, com preços acessíveis e que apresentem o mínimo

possível de defeitos. Neste sentido, pretende-se analisar a performance dos

edifícios, através da APO segundo critérios de desempenho pré-estabelecidos

(RHEINGANTZ et al. 1997, p. 01).

Esse método tem abordado de forma interdisciplinar, sob o enfoque das

relações Ambiente – Comportamento o tema de edificações escolares, prédios de

escritório, casas bancárias, espaços institucionais como universidades e museus,

habitações de interesse social, empreendimentos habitacionais, espaços públicos,

entre outros.

A APO visa também detectar problemas construtivos, ergonômicos, estéticos e

de conforto numa edificação já em uso. Utilizando ferramentas específicas da APO,

podemos propor soluções que minimizem estes problemas, melhorando o ambiente

e proporcionando maior conforto aos usuários.

Ela possibilita a confrontação entre as características que o edifício pretendia

apresentar, e o real aspecto ou uso que o ambiente adquiriu após sua edificação.

Dentro de uma visão mais ampla, o usuário tem a oportunidade de expor a

14

satisfação ou insatisfação frente ao ambiente que utiliza. Isso pode auxiliar na

correção de aspectos negativos da edificação e até na concepção coerente de

projetos similares futuros (LEMBI e VALQUES,2005. p.02).

A APO pode ser conduzida através de questionários, entrevistas e observações

controladas. Nos questionários, são abordados junto aos usuários temas como

conforto, adequação de layout, ergonomia, acessibilidade, etc. Os dados são

tabulados em forma de gráficos e as necessidades, ou as áreas mais críticas, são

detectadas e a partir da análise destes dados, as soluções são propostas.

Também é importante como ferramenta após a intervenção através de

pesquisa por meio de questionários para verificar se os objetivos traçados durante a

intervenção melhorou o nível de satisfação dos usuários ao projeto implantado e

retroalimentar um próximo projeto com novos dados, permitindo monitorar de forma

eficiente o cumprimento dos objetivos propostos.

Segundo Ornstein e Romero (1992), a APO é uma das metodologias correntes

de avaliação de ambientes construídos. Difere de outras metodologias (por exemplo,

daquelas que se detêm nas questões relativas ao projeto e à construção), pois

mesmo resgatando como subsídios de análise a memória da produção do edifício,

prioriza aspectos de uso, manutenção, considerando essencial o ponto de vista dos

usuários, in loco. Em outras palavras, as metas de uma APO são:

Promover a ação (ou intervenção) que propicie a melhoria da qualidade de

vida daqueles que usam um dado ambiente.

Produzir informação na forma de banco de dados, gerar conhecimento

sistematizado sobre o ambiente e as relações ambiente – comportamento.

Segundo os mesmos autores, no Brasil a fase de produção de um edifício é

razoavelmente bem conhecida, mas a visão sistêmica do processo se torna

incompleta, na medida em que existem, ainda, poucas pesquisas voltadas para a

fase de uso, operação e manutenção, o que faz com que seja reduzida a vida útil

destes ambientes construídos, pela ausência, desde o projeto, desse tipo de análise

preventiva. Além disto, ocorre a repetição de falhas em projetos futuros de edifícios

15

semelhantes, devido à ignorância dos fatos ocorridos em ambientes já em uso. Ela

afirma que esse círculo vicioso pode ser rompido, na medida em que se procure

conhecer essas edificações, tanto do ponto de vista técnico, quanto do ponto de

vista dos usuários.

“Assim é que a APO é um dos mecanismos eficientes de realimentação de

projetos semelhantes e de controle de qualidade global do ambiente construído no

decorrer de sua vida útil” (ORNSTEIN e ROMERO, 1992, p.20).

1.1 JUSTIFICATIVA

Com o surgimento das exigências de implantação de qualidade, as empresas de

construção civil, principalmente no ramo imobiliário, se esforçam para implantar

programas de qualidade, visando a satisfação do cliente com o aumento do seu

nível de exigência e com isso essas empresas buscam qualidade dos produtos

oferecidos através da melhoria dos processos, contribuindo para o surgimento de

uma nova mentalidade que valoriza a qualidade e a eficiência, onde a determinação

das necessidades dos clientes passa a ser uma das principais variáveis do processo

de produção de bens e serviços.

Neste contexto, a APO pode tornar-se um eficiente instrumento no

desenvolvimento desse produto e também do seu processo através do

conhecimento prévio do padrão cultural e as necessidades dos clientes através do

estudo de análise de desempenho funcional referente à interação funcional,

flexibilidade e acessibilidade, e desempenho ambiental identificando suas

insatisfações, suas mudanças de hábitos, ou até mesmo as suas necessidades.

Também tem a vantagem de dar recomendações para a melhoria nos

processos construtivos envolvendo projetistas, conscientizando os usuários,

controlar a qualidade do ambiente construído, auxiliando no desenvolvimento de

manuais de manutenção, operação e projeto

16

Geralmente as empresas estão se conscientizando da necessidade de garantir

que o seu produto venha satisfazer as necessidades dos usuários. Para isso

procuram aumentar sua produtividade melhorando a qualidade do processo,

melhorando a qualidade do ambiente construído.

As empresas têm investido em programas de aperfeiçoamento de seus

produtos aplicados em seus empreendimentos, permitindo que as informações, os

dados e a metodologia entrem como meio de realimentar os projetos, dando

qualidade e otimizando seus processos.

A importância de um ambiente físico bem planejado vem sendo reforçada com

resultados de pesquisas na área de Arquitetura, usando conceitos da Psicologia

Ambiental, desenvolvidas em diversos países.

As relações Ambiente – Comportamento não são plenamente conhecidas dos

usuários, ou seja o comportamento do ser humano com relação ao ambiente

construído ou vice-versa.

A APO, se efetuada sistematicamente pode trazer resultados importantes para

as decisões da empresa estudada.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Realizar uma APO em um condomínio de padrão médio na cidade de Feira de

Santana

1.2.2 Objetivos Específicos

Avaliar o desempenho Funcional da Edificação

Estudar o Conforto Ambiental

Pesquisar sobre a Flexibilidade do Ambiente

17

1.4 METODOLOGIA

Revisão Bibliográfica

Definição do Estudo de Caso

Levantamento dos dados – arquivos (através de projetos e especificações, etc) e de campo (questionário, entrevista, recursos fotográficos, observação).

Análise dos dados através de gráficos, planilhas e tabelas, etc.

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro consiste

na introdução com a justificativa, objetivos, metodologia e a estrutura da monografia.

O capitulo 2 aborda a revisão bibliográfica, apresentando conceitos de APO e

os métodos de aplicação, uma abordagem sobre Desempenho, Conforto Ambiental,

Desempenho Funcional e Psicologia Ambiental.

No capitulo 3 será realizado o estudo de caso no condomínio em estudo.No

capítulo 4 e será realizada a análise dos dados coletados com os respectivos

resultados obtidos.

O capitulo 5 abordará as considerações finais e sugestões para trabalhos

futuros.

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O ambiente construído é o espaço físico de vivência provido pelo homem,onde

se desenvolve a maior parte de sua existência. Para os educadores ambientais o

conceito de ambiente construído engloba todo o entorno físico, biológico e social de

um determinado ser, seja esse ser físico, biológico ou social, considerando em

amplitude singular ou coletiva.

A relação ambiente construído e comportamento humano estão estreitamente

ligados às estruturas sociais e culturais e às tecnologias de uma época. As

condições geradas no ambiente alteram o modo de vida das pessoas renovando-se

com as próprias transformações, face às necessidades do homem usuário

(ORNSTEIN, 1995).

As pesquisas sobre esse ambiente abordam a relação de comportamento

humano e o espaço. Cada vez mais, estudos sobre a relação do homem com o

espaço vêm aumentando como, por exemplo, pesquisas relacionadas ao impacto

ambiental das interferências dos homens, pesquisas de sociólogos e psicólogos

sobre as relações ambiente comportamento e a ergonomia do ambiente.

O estudo do ambiente construído quando passa a ter um papel social pleno

com sua eficiência sendo medida pela satisfação do usuário e buscando, através da

avaliação física do desempenho da edificação promover uma intervenção que

propicie uma melhoria da qualidade do ambiente, contribui para que os novos

projetos arquitetônicos contemplem melhor os requisitos de desempenho

necessários ao bom funcionamento da edificação (CERQUEIRA, 2001 p.09).

2.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ( APO)

As pesquisas existentes na área de Avaliação Pós-Ocupação (APO) de

edificações concentram-se principalmente nas deficiências de projeto enquanto

problemas de dimensionamento, conforto, manutenção e sistemas construtivos.

19

É uma alternativa metodológica amplamente utilizada por pesquisadores da

área Ambiente – Comportamento, para avaliar o desempenho de ambientes

construídos, e um instrumental capaz de, face a uma avaliação rigorosa e

sistemática de ambientes construídos e ocupados por um certo período de tempo,

aferir, por realimentação, os erros e acertos de projeto encontrados no objeto de

estudo avaliado, a partir do ponto de vista do usuário (REIS e LAY, 1995).

A APO vem sendo aplicada sistematicamente nos países desenvolvidos, a

exemplo dos EUA, França, Japão, além de outros como a Nova Zelândia, tendo

como princípio, o fato de que edificações e espaços livres postos em uso, qualquer

que seja a função, devem estar em permanente avaliação, quer do ponto de vista

construtivo e espacial, quer do ponto de vista de seus usuários para corrigir

sistematicamente falhas, se necessário, e aferir eventuais acertos, bem como a

partir da realimentação do processo projetual, definir diretrizes para novos projetos

semelhantes.

A APO é um área do conhecimento da Arquitetura relativamente novo no

Brasil. Segundo Ornstein (2006, p. 28), o desenvolvimento de pesquisas nessa área

iniciou-se no período de 1972 realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnológicas

(IPT) no Estado de São Paulo e atualmente na Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo; no Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE),

Universidade Federal do Rio Grande do Sul;na Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco; no Grupo de Estudos Pessoa-

Ambiente (GEPA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; na Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e no

Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade der Brasília, alem de algumas

atividades nesse campo realizadas pela empresa particular Centro de Tecnologia de

Edificações (CTE), com sede na cidade de São Paulo.

Na Bahia, as pesquisas na linha de APO são realizadas na Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo (FAUFBA), porém é o Núcleo de pesquisa em Tecnologia

da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (NUTAU/USP) que hoje

abriga os pesquisadores da Faculdade e Arquitetura e Urbanismo da Universidade

de São Paulo (FAUUSP) na área e que possui, provavelmente, a mais longa e

sistemática experiência nessa área no Brasil.

20

A Avaliação Pós-Ocupação constitui-se de um método de levantamento e

análise do comportamento dos ambientes construídos após a ocupação destes

ambientes por seus usuários, ao longo de toda a sua vida útil. Embora seja um

método utilizado em vários países desenvolvidos há mais de 40 anos, no Brasil, seu

emprego teve início no final da década de 70 e foi restrito à avaliação do

comportamento de empreendimentos promovidos pelo Estado de São Paulo,

focalizando especialmente a avaliação de edificações, tratando predominantemente

de habitações de interesse social, de edifícios institucionais como escolas e

hospitais, de edifícios de escritório e de áreas livres como praças e parques

(ROMERO e ORNSTEIN, 1992).

É uma modalidade de avaliação que parte do princípio de que as edificações e

os espaços livres precisam ser sistematicamente avaliados, quer do ponto de vista

funcional, composição espacial, conforto e bem-estar humano, assim como do ponto

de vista técnico-construtivo.

O aspecto novo desta ferramenta que podemos analisar é a participação ativa

dos usuários no processo atribuição de valor, através de questionários, apontando

falhas e acertos percebidos nos espaços após o recebimento definitivo da

construção e com a edificação em uso.

Com a constatação de problemas e também de aspectos positivos, sempre a

partir da opinião dos usuários, o profissional pode aferir as decisões tomadas nas

etapas de projeto e da execução da obra, para ratificar ou não os procedimentos

usados pelo projetista e pelo construtor. Isso se dá através de um relatório geral de

avaliação e laudos técnicos, devidamente embasados e referendados pelos

profissionais, indicando as diretrizes para novos projetos e obras, também para os

casos de mudanças de uso, revitalização, ampliações, reformas e demais

intervenções arquitetônicas necessárias fornecendo sempre dados para o processo

que realimentará um novo projeto.

A avaliação do ambiente construído é relativamente recente, mas mostra-se de

forma eficaz como orientar as estratégias dos empresários da construção civil,

otimizando todo o processo de elaboração dos projetos. Podemos observar que

qualquer edificação, independentemente do seu porte, uso e destino, pode ser

21

avaliada por meio do procedimento da APO, desde que os profissionais assumam

por inteiro o método, uma postura que exige, segundo Campos (2009), de:

planejamento do escritório, organização e comando reativo nos canteiros de

construção, além do devido acompanhamento e registro da “vida” das obras.

A APO, segundo Ornstein (1995), ocupa-se de fazer avaliações

comportamentais e avaliações técnicas. A autora organiza esses enfoques da

seguinte forma:

Avaliação Técnico-Construtiva e Conforto Ambiental – Item dividido em dois

sub itens:

a) Materiais e técnicas construtivas, que relaciona pontos como: estrutura,

junta de dilatação, cobertura, impermeabilização etc.;

b) Conforto ambiental, que demonstra preocupação com: iluminação e

ventilação (naturais e artificiais), conforto acústico e térmico, conservação

de energia etc.

Avaliação Técnico-Funcional – Procura avaliar o desempenho funcional do

espaço resultante entre aquele proposto originalmente e aquele construído.

Podemos relacionar: áreas de lazer, de descanso, de circulação, ocupadas,

em uso etc.; fluxos de trabalho, sinalização, orientação etc.

Avaliação Técnico-Econômica – Relação custo versus benefício; variações de

custo por área construída, em função da largura ou comprimento da planta-

tipo, da altura etc.; custos com manutenção do edifício etc.

Avaliação Técnico-Estética – Cores, texturas, volumetria etc.

Avaliação Comportamental – São as variáveis que lidam com o ponto de vista

do usuário: privacidade, território, adequação ao uso e à escala humana etc.

Estrutura Organizacional – Preocupa-se com as subvariáveis não

necessariamente de ordem física. Podem fazer referência a problemas de

ordem funcional ou gerencial de uma empresa.

22

De acordo com Ornstein e Romero (1992, p.41), são propostos três níveis de

APO, os quais diferem entre si, em virtude da profundidade do desenvolvimento da

pesquisa, pela finalidade, pelos prazos e recursos disponíveis. Os níveis propóstos

são:

Melhorias de curto prazo: a possibilidade de identificar e solucionar e

problemas nos diversos sistemas/serviços, otimizar o uso do espaço interno e

feedback da performance do edifício, otimizar as atitudes dos ocupantes do

edifício, através do seu envolvimento efetivo no processo de avaliação,

conhecer a influência das modificações ditadas pela redução dos custos na

performance do edifício, informar decisões tomadas e melhorar a

compreensão das conseqüências das decisões projetuais na performance do

edifício.

Melhorias de médio prazo: flexibilidade e facilidade de adaptação às

modificações organizacionais e crescimento contínuo, incluindo reciclagem de

serviços/sistemas para novos usos; redução significativa nos custos de

construção e de manutenção do ciclo vital do edifício; acompanhamento

permanente da performance do edifício, por profissionais e usuários;

Melhorias a longo prazo: aperfeiçoamentos na performance a longo prazo do

edifício; otimizar dados de projeto, padrões, critérios, e produção de literatura

técnica; otimizar e quantificar as medições de performance do edifício.

Ainda segundo estes autores, em termos nacionais, os pesquisadores na área,

com base nas diversas pesquisas aplicadas no âmbito da APO até o momento,

propõem o desdobramento destes três níveis em seis outros, os quais se coadunam

com a nossa realidade. Destes níveis propostos, três deles são avaliações físicas

realizadas pelos pesquisadores, os outros três referem-se às APOs propriamente

ditas, considerando tanto de vista dos técnicos ou pesquisadores, como dos

usuários do ambiente construído.

Esse seis índices não são rígidos mas, sim, pretendem apenas servir como

referência, particularmente no caso de edifícios ou ambientes construídos

convencionais. Por outro lado, as vantagens dos serviços de avaliação, de um modo

23

geral, observado o nível de profundidade de cada um e as APOs de forma

específica, são:

Propor recomendações sobre problemas técnicos-construtivos, funcionais e

comportamentais para o objeto de estudo;

Envolver projetistas, clientes e usuários no próprio processo de avaliação, e

de decisão sejam elas de caráter físico ou organizacionais;

Conscientizar os principais agentes (usuários-chave) envolvidos no uso,

operação e manutenção do ambiente objeto de avaliação, no sentido da

conservação e otimização do desempenho do patrimônio imóvel, pois este

fator está associado ao bem estar e a produtividade dos ocupantes;

Controlar a qualidade do ambiente construído no decorrer de seu uso,

minimizando custos de manutenção e de intervenções físicas propostas;

Desenvolver manuais de manutenção e operação para ambientes construídos

já em uso, para maior adequação destes a funções diferenciadas e a avanços

tecnológicos na área de comunicação e de informática;

Desenvolver manuais/diretrizes de projeto, critérios, padrões e normas para

projetos futuros de ambientes construídos semelhantes.

Qualquer APO deve ser previa e cuidadosamente formulada. O planejamento

adequado da pesquisa implica no levantamento adequado dos dados e no alcance

das metas dentro dos prazos previstos. Na APO de ambientes construidos pode ser

adotado um fluxograma de atividades, que encontra-se dividido em etapas de coleta

ou levantamento de dados, diagnóstico, recomendações para o ambiente – estudo

de caso e, finalmente, insumos para novos projetos (ORNSTEIN e ROMERO, 1992).

A coleta de dados é constituída, basicamente, de sete subetapas, flexíveis

porem decisivas para formulação das recomendações, que são

Levantamento da memória do projeto e da construção;

24

Cadastro atualizado dos ambientes construídos (as built);

Cadastro atualizado do mobiliário e dos equipamentos;

Levantamento, tabulação de dados e informações coletadas junto aos

usuários;

Levantamento técinico-construtivo, conforto ambiental e funcional;

Levantamento de normas, códigos, especificações técnicas existentes;

Estabelecimento de critérios e padrões, quando não existirem normas para

efeito comparativo. Conforme mostra a Figura 1.

25

Figura 1 – Fluxograma de atividades

Fonte: ORNSTEIN e ROMERO. P. 63

PLANEJAMENTO

PROJETO

CONSTRUÇÃO

USO E

MANUTENÇÃO

LEVANTAMENTO DE

NORMAS CÓDIGOS E

ESPECIFICAÇÕES

EXISTENTES

DETERMINAÇÃO DE

ÍNDICES

COMPARATIVOS E PADÕES

REFERÊNCIAS

QUANDO NÃO

EXISTIREM NORMAS

PARA EFETIVO COMPARATIVO

DIAGNÓSTICO

LEVANTAMENTO DA

MEMÓRIA DO

PROJETO E CONSTRUÇÃO

CADASTRO

ATUALIZADO DOS

AMBIENTES

CONSTRUÍDOS

CADASTRO

ATUALIZADOS DO

MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS

LEVANTAMENTO E

TABULAÇÃO DE

DADOS/INFORMAÇÕES

COLETADAS JUNTO AOS

USUÁRIOS

LEVANTAMENTO TÉCNICO

FUNCIONAL

/CONSTRUÇÃO

INSUMO

/RECOMENDAÇÕES

PARA O AMBIENTE

CONSTRUÍDO /

ESTUDO DE CASO

RECOMENDAÇÕES E

DIRETRIZES PARA

FUTUROS PROJETOS

SEMELHANTES E

NORMAS TÉCNICAS

REALIMENTAÇÃO DO PROCESSO PROJETUAL

26

O diagnóstico é a etapa mais importante da APO, devendo ser cuidadosamente

dimensionado. É a partir dele que serão extraídas as recomendações a curto, médio

e longos prazos.

Vários insumos podem ser obtidos deste diagnóstico. Estes insumos podem

ser recomendações construtivas, funcionais, comportamentais ou ainda que

orientem a implementação de um plano diretor para ampliação e flexibilização dos

espaços, dentre outros.

2.2 ABORDAGEM SOBRE DESEMPENHO

O conceito de desempenho pode ser utilizado, para se avaliar o

comportamento em uso das técnicas construtivas tradicionais criando uma

referência inicial necessária para otimização do processo de produção das

edificações (SILVA, 2007, p.31).

A aplicação da APO para avaliar a aceitação pelos usuários parte de um

estudo de suas necessidades, Ornstein e Romero (1992), mencionam que o CSTB

(Paris) foi uns dos pioneiros nesta iniciativa de pesquisa e adaptado para o contexto

do pais, essa pesquisa tem um roteiro base que deve ser considerada para o

desempenho da edificação.

Segundo menciona Cerqueira (2001), esse roteiro foi produzido a partir da

identificação de cinco grupos de necessidades dos usuários das edificações

(segurança, habitabilidade, adequação ao uso, durabilidade e economia), que foram

detalhadas em quartoze categorias de requisitos dos usuários, para as quais foram

definidos aspectos a serem considerados na avaliação de desempenho. Esta lista

pretendeu ser ampla e abranger globalmente as exigências de funcionalidade das

edificações, mas se observa que nela foram omitidos aspectos importantes, como a

percepção sensorial e simbólica da edificação e de suas partes pelos usuários, fator

determinante para a aceitação cultural da edificação construída para os seus futuros

usuário.

27

Este fato é causado, provavelmente, pela pretendida objetividade na avaliação

de desempenho, que seria prejudicada por julgamentos subjetivos da percepção da

edificação pelos usuários. Não se pode esquecer, entretanto, que esta mesma

restrição foi enfrentada nos requisitos relacionados com o conforto dos ambientes

construídos, onde a sensação de conforto, em ultima analise, também é um

julgamento subjetivo (BONIN, 1998).

Segundo afirmam Azevedo e Rheingantz (2007), o surgimento da avaliação de

desempenho está relacionado às transformações desencadeadas pelo processo de

globalização da economia a partir de meados do século XX. No Brasil os estudos

sobre desempenho das edificações têm sido produzidas desde meados de 1970.

Para Borges (2008, p 04), o conceito de desempenho apesar de ser simples,

sua aplicação prática por todas as partes envolvidas na Construção Civil é bastante

difícil, pois além de envolver questões técnicas complexas e interesses políticos e

econômicos, procura atender as exigências dos usuários de imóveis que são

subjetivas, variáveis, crescentes e de difícil mensuração.

Para a avaliação física do desempenho da edificação em estudo é muito

importante que as necessidades dos usuários sejam consideradas como já vimos

anteriormente. É importante também como menciona Cerqueira (2001), que o

contexto que a edificação está inserida tenha que satisfazer as necessidades do

usuário, assim como os métodos para a avaliação do comportamento em uso sejam

utilizados.

Essas necessidades como tal definidas devem atender ao grau de satisfação

com que o produto construído atende às funções para as quais ele foi projetado.

Essa análise, em grande parte, independe da solução material adotada. O Quadro 1

apresenta as necessidades dos usuários, tal como definidas pela ISO 6241/83 para

edifícios, que incluem durabilidade e economia.

28

QUADRO 1 - Necessidades dos usuários

Segurança Adaptação ao uso

Estrutural Conforto

Ao fogo Acústico

No uso Tátil

Estanqueidade Antropodinâmico

Ar Higrotérmico

Água Adaptação ao uso

Pureza do ar Economia

Higiene Durabilidade

Fonte:Adaptado de Coletânea Habitare – Construção e meio ambiente. P. 28

Como afirmam Monteiro e Oliveira (2004), o desempenho pode ser entendido

como um conjunto de características referentes ao comportamento ou atuação de

um sistema. Para o ambiente construído, o desempenho é dado por inúmeros

fatores que interferem na qualidade do mesmo e na satisfação dos seus usuários.

Em particular, a abordagem de desempenho implica:

Reunir dados e critérios de diferentes origens para o projeto global e tentar

formulá-los em termos comuns;

Estender a análise quantitativa para aspectos de desempenho anteriormente

entendidos como isentos de questionamentos (particularmente importante

quando se trabalha com produtos e projetos inovadores);

Definir todos objetivos de projeto claramente;

Exigir prova de atendimento aos requisitos, por meio de métodos de teste e

avaliação comprovados;

29

Onde produtos ou projetos estão sendo comparados com critérios de

desempenho, definir métodos para classificar ou ponderar aspectos isolados

de desempenho, para obter uma medida global do desempenho.

2.3 CONFORTO AMBIENTAL

A avaliação do desempenho ambiental de edifícios é uma das medidas

adotadas internacionalmente com o objetivo de medir a sustentabilidade do

ambiente construído. Esta aparente classificação de empreendimentos tem uma

pretensão superior de encorajar a demanda do mercado por níveis de desempenho

ambiental crescentes no setor da construção civil, caracterizando então o seu

desenvolvimento sustentável (CARDOSO e DEGANI, 2004, p. 01).

A Figura 2 nos mostra que o desempenho ambiental pode ser avaliado pela

maneira como o espaço construído está inserido ao meio ambiente, ou pelo nível de

integração e convivência entre estes dois ambientes. (MONTEIRO e OLIVEIRA,

2004, p. 8).

FIgura 2 Desempenho Ambiental Fonte: (MONTEIRO e OLIVEIRA, 2004, p. 8).

30

O usuário através das percepções como a sensação de bem-estar dada a partir

da captação das informações do ambiente como temperatura, formas e dimensões,

cores, texturas, sons, odores, umidade, iluminação e brilho, sombra, depende muito

de cada indivíduo que está recebendo essas informações, e da maneira como ele

recebe essas informações do ambiente natural podendo proporcionar conforto, e

podendo também gerar impactos ao meio ambiente e ao entorno.

2.3.1 Conforto Térmico

Conforto é uma palavra que pertence ao senso comum; a maioria das pessoas

tem uma noção do que é, entende do que se trata. Segundo o dicionário Aurélio da

Língua Portuguesa, o conforto é a comodidade ou a sensação de bem-estar físico.

Os estudos sobre este assunto se multiplicam em todas as partes do mundo.

De uma forma geral o conforto tem sido uma busca inexorável e se alastra por todos

os aspectos da vida humana. Daí a necessidade de desenvolver os estudos das

edificações, veículos, vestimentas e processos, a cada ano, com modelamentos

tecnologicamente mais eficazes quanto ao conforto.

O homem sempre vem procurando melhorar o ambiente onde vive, atraves da

utilização, as vezes de maneira incorreta,dos recursos que a natureza colocou ao

seu alcance. Aliado ao uso dos recursos da natureza nem sempre feito de maneira

adequada, o homem vem aperfeiçoando equipamentos que lhe proporcionem o

conforto térmico no ambiente em que vive ou trabalha.

A necessidade de se conhecer a sensação térmica experimentada pelas

pessoas, quando expostas a determinadas combinações de variáveis ambientais

(temperatura radiante média, velocidade relativa, umidade relativa e temperatura do

ar) e pessoais (vestimenta e taxa de metabolismo) levou ao desenvolvimento de

índices de conforto que possibilitam avaliar a situação de conforto térmico de um

ambiente, bem como obter subsídios para melhor adequá-lo às necessidades

humanas. Tais índices representam tentativas de indicar, através de um único

parâmetro, o efeito conjugado das diversas variáveis sobre a sensação térmica.

31

As sensações de calor do ser humano dependem não só da temperatura do

ambiente, mas também da umidade, do movimento da massa de ar, dos efeitos da

radiação das paredes ou outras superfícies, e das características individuais como

idade, saúde, sexo, grau de atividade e alimentação (MORAES, 1999, p. 02)

O corpo humano, como uma máquina bioquímica que é, precisa dissipar calor

para funcionar. A sensação de conforto vem quando o calor dissipado é exatamente

aquele de que se necessita, o que varia de pessoa para pessoa e de momento para

momento. Assim, têm-se sensações de frio, conforto e calor, dependendo da

dissipação de calor no corpo. A dissipação de calor depende da temperatura, da

ventilação e da umidade.

A temperatura do ar, a temperatura radiante, a umidade relativa e a

movimentação do ar influem na sensação térmica do homem. O ser humano é

homeotérmico, isso é, mantém a temperatura corpórea num valor praticamente

constante, próximo de 37ºC, e possui um mecanismo de termorregulação que lhe

permite adaptar-se às variações climáticas. A termorregulação, apesar de ser o meio

natural de controle das perdas e ganhos de calor pelo organismo, representa um

esforço extra e, por conseguinte, uma queda de potencialidade de trabalho

(RUAS,1999).

2.3.1.1 Mecanismos de Termo-Regulação

A manutenção da temperatura interna do organismo humano relativamente

constante, em ambientes cujas condições termo – higrométricas são as mais

variadas e variaveis, se faz por intermédios de seu aparelho termoregulador, que

comanda a redução dos ganhos ou o aumento das perdas de calor através de

alguns mecanismos de controle.

A termoregulação, apesar de ser o meio natural de controle de perdas de calor

pelo organismo, representa um esforço extra e, por conseguinte, uma queda de

potencilalidade de trabalho.

32

O organismo humano experimenta a sensação de conforto térmico quando seu

organismo está em equilíbrio térmico com o ambiente, sem recorrer a nenhum

mecanismo de termorregulação. A quantidade de calor que é produzida por nosso

corpo, em certo ambiente, depende do tipo e intensidade da atividade e estrutura do

individuo, e em menor escala, da idade, sexo e adaptação ao clima (Romero, 1988).

Segundo Frota (2003), essa quantidade de calor produzida pelo organismo

humano experimenta sensação de conforto térmico quando perde para o ambiente,

quando o calor produzido pelo metabolismo é compatível com sua atividade.

Ainda segundo esse autor, essa sensação de conforto se dá pelos seguintes

fatores:

Reação ao calor

Quando as perdas de calor são inferiores às necessárias para a manutenção

de sua temperatura interna constante, o organismo reage por meio de seus

mecanismos automáticos, proporcionando condições de troca de calor mais intensa

entre o organismo e o ambiente e reduzindo as combustões internas.

O incremento das perdas de calor para o ambiente ocorre por meio da

vasodilatação e da exudação.

Com o verão existem dificuldades para eliminar o calor devido a alta

temperatura do meio. Desta forma, origina-se a vasodilatação. Esta aumenta o

volume de sangue acelerando o ritmo cardíaco provocando a transpiração.

Reação ao frio

Quando as condições ambientais proporcionam perdas de calor do corpo além

das necessárias para a manutenção de sua temperatura interna constante, o

organismo reage por meio de seus mecanismos automáticos – sistema nervoso

simpático, buscando reduzir as perdas e aumentar as combustões internas.

33

A redução de trocas térmicas entre o individuo e o ambiente se faz através do

aumento da resistência térmica da pele por meio da vasoconstrição, do arrepio, do

tiritar.

Com o frio existem as dificuldades para manter o calor devido a baixa

temperatura do meio. Desta forma origina-se a vasoconstrição. Esta provoca a

diminuição do volume de sangue e do ritmo cardíaco. O arrepio e o tiritar provocam

atividade, gerando calor.

Em função do que já foi visto, pode-se afirmar que é através da pele que se

realizam as trocas de calor, ou seja, a pele é o principal órgão termo-regulador do

organismo humano. A temperatura da pele é regulada pelo fluxo sangüíneo que a

percorre, ou seja, quanto mais intenso o fluxo, mais elevada sua temperatura. Ao

sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser ativado é a

regulagem vasomotora do fluxo sangüíneo da camada periférica do corpo, a camada

subcutânea, através da vasodilatação ou vasoconstrição, reduzindo ou aumentando

a resistência térmica dessa camada subcutânea.

Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração, que tem início

quando as perdas por convecção e radiação são inferiores às perdas necessárias à

termo-regulação ( LAMBERTS et al, 2005, p. 5).

É uma sensação subjetiva que depende de aspectos biológicos, físicos e

emocionais dos ocupantes, não sendo desta forma, possível satisfazer a todos os

indivíduos que ocupam um recinto, com uma determinada condição térmica. Um

ambiente neutro ou confortável é um ambiente que permite que a produção de calor

metabólico, se equilibre com as trocas de calor (perdas e/ou ganhos) provenientes

do ar à volta do individuo. Fora desta situação de equilíbrio, podem existir situações

adversas em que a troca de energia calorífica constitui um risco para a saúde da

pessoa, pois mesmo tendo em conta os mecanismos de termoregulação do

organismo, não conseguem manter a temperatura interna constante e adequada.

Nestas situações pode-se falar de stress térmico, por calor ou frio.

As condições de conforto térmico são função, portanto, de uma série de

variáveis. Para avaliar tais condições, o individuo deve estar apropriadamente

34

vestido e sem problemas de saúde ou de aclimatação. É certo que as condições

ambientais capazes de proporcionar sensação de conforto térmico em habitantes de

clima quente e úmido não são as mesmas que proporcionam sensação de conforto

em habitantes de clima quente e seco e, muito menos, em habitantes de regiões de

clima temperado ou frio (FROTA, 2003, p. 23).

A partir das variáveis climáticas do conforto térmico, e de outras variáveis como

atividade desenvolvida pelo individuo considerando aclimatado e saudável e sua

vestimenta, vem sendo desenvolvida uma série de estudos que procuram determinar

as condições de conforto térmico e os vários graus de conforto ou desconforto por

frio ou por calor. As variáveis do conforto térmico são diversas e variando

diferentemente algumas delas ou até todas, as condições finais podem proporcionar

sensações ou respostas semelhantes ou até iguais. Isso levou os estudiosos a

desenvolver índices que agrupam as condições que proporcionam as mesmas

respostas – os índices de conforto térmico.

Segundo Frota (2003), os índices de conforto térmico foram desenvolvidos com

base em diferentes aspectos do conforto e podem ser classificados como a seguir:

Índices biofísicos – que se baseiam nas trocas de calor entre o corpo e o

ambiente, correlacionando os elementos do conforto com as trocas de calor

que dão origem a esses elementos;

Índices fisiológicos – que se baseiam nas reações fisiológicas originadas por

condições conhecidas de temperatura seca do ar, temperatura radiante

média, umidade do ar e velocidade do ar;

Índices subjetivos – que se baseiam nas sensações subjetivas de conforto

experimentadas em condições em que os elementos de conforto térmico

variam.

Segundo Lamberts et al (2005), as variáveis de conforto térmico estão divididas

em variáveis ambientais e variáveis humanas. As variáveis humanas são:

metabolismo gerado pela atividade física

resistência térmica oferecida pela vestimenta

35

E as ambientais são:

temperatura do ar;

temperatura radiante média;

velocidade do ar;

umidade relativa do ar.

Além disso, variáveis como sexo, idade, raça, hábitos alimentares, peso, altura

etc podem exercer influência nas condições de conforto de cada pessoa e devem

ser consideradas.

Com o intuito de avaliar o efeito conjunto das variáveis de conforto térmico,

alguns pesquisadores sugerem diferentes índices de conforto térmico. De forma

geral, estes índices são desenvolvidos fixando um tipo de atividade e a vestimenta

do indivíduo para, a partir daí, relacionar as variáveis do ambiente e reunir, sob a

forma de cartas ou nomogramas, as diversas condições ambientais que

proporcionam respostas iguais por parte dos indivíduos. Existem vários índices de

conforto térmico, porém, para fins de aplicação às condições ambientais correntes

nos edifícios e para as condições climáticas brasileiras, será apresentado apenas o

Voto Médio Predito.

O método mais conhecido e amplamente aceito para a avaliação do conforto

térmico é o Predicted Mean Vote (PMV) ou Voto Médio Estimado (VME),

desenvolvido pelo professor dinamarquês Ole Fanger, razão pela qual foi adotado

como base para o desenvolvimento de uma norma internacional que especifica

condições de conforto térmico para ambientes termicamente moderados, a ISO 7730

(1994).

Índice do Voto Médio Estimado

O corpo deve estar em equilíbrio térmico com o ambiente, ou seja, a taxa de

calor perdido para o ambiente deve equilibrar a taxa de calor produzida pelo

organismo, que implica em um estado estacionário dinâmico.

36

A temperatura média da pele deve estar em um nível apropriado, já que a

sensação térmica está relacionada à temperatura da pele. As medidas

demonstram que a temperatura média decresce com o aumento da taxa

metabólica.

A taxa de transpiração deve ser adequada, por exemplo, pessoas em

atividade sedentária não tendem a suar. A taxa de transpiração aumenta com

a taxa metabólica.

Fanger (1972) apud Lamberts et al (2005), desenvolveu um método que é

considerado o mais completo dos índices de conforto pois analisa a sensação de

conforto em função das 6 variáveis. Faz uma relação das 6 unidades com o voto

médio predito (PMV – Predicted Mean Vote) deste com a porcentagem de pessoas

insatisfeitas (PPD – Predicted Percentage of Dissatisfied). É o método usado na ISO

7730. Este prevê o voto de um grande grupo de pessoas através da escala

mostrada no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2. Escala térmica de Fanger

ESCALA SENSAÇÃO

+ 3 Muito quente

+ 2 Quente

+ 1 Levemente quente

0 Neutro

- 1 Levemente frio

- 2 Frio

- 3 Muito frio

Fonte: LAMBERTS, (2005)

Segundo Lamberts ( 2005), este índice deve ser usado apenas para valores

entre –2 e +2, pois acima destes limites teríamos aproximadamente mais de 80%

das pessoas insatisfeitas (ISO 7730, 1984), como pode-se perceber na figura 3.

37

Figura 3 . PMV E PPD. Fonte: LAMBERTS, 2005 p. 15

De acordo com a norma ISO 7730 (1994) que possibilita avaliar o conforto

térmico através dos índices Voto Médio Estimado (VME) e Porcentagem Estimada

de Insatisfeitos (PEI), o conforto térmico pode ser definido como “o estado de

espírito que exprime a satisfação do homem em relação ao ambiente térmico”. A

insatisfação pode ter sua causa na sensação de desconforto por calor ou frio para

todo o corpo ou para uma parte definida dele.

Existem vários estudos sobre o Índice Térmico, que combinam muitos fatores

diferentes (temperatura, umidade, temperatura radiante média e velocidade do ar)

porém as diferenças entre os diversos índices se encontram na aproximação de

cada um ao problema, nas unidades usadas para expressar a combinação dos

fatores, na faixa de condição de aplicação e na importância relativa atribuída a cada

uma das variáveis e suas interdependências (PAULA,2004, p. 20).

Ao conceber o projeto de uma edificação, o projetista não deve ignorar nem

menosprezar o clima da região onde a edificação será implantada. A edificação deve

se adaptar às mudanças climáticas (outono, inverno, primavera e verão) que

ocorrem na região onde será construída, com o aproveitamento das condições

favoráveis para o condicionamento natural do ambiente interno, obtendo dessa

forma uma melhora substancial do conforto térmico no interior das habitações.

38

O desempenho térmico de um projeto ou de uma edificação existente pode ser

predito por meios de cálculos relacionados com as trocas de calor entre o ambiente

interno e o externo, que podem ser efetuados através dos muitos programas de

simulação computacional existentes.

Define-se Conforto Térmico como o estado mental que expressa a satisfação

do homem com o ambiente térmico que o circunda. A não satisfação pode ser

causada pela sensação de desconforto pelo calor ou pelo frio, quando o balanço

térmico não é estável, ou seja, quando há diferenças entre o calor produzido pelo

corpo e o calor perdido para o ambiente (figura 4). A norma internacional para

averiguar o conforto témico em ambientes é a ISO 7730 de 1994 (LAMBERTS et al

,2005).

Figura 4: Equilíbrio no balanço térmico gera a sensação de conforto. Fonte: LAMBERTS et al, 2005

O desempenho térmico da edificação é resultante da interação de um conjunto

de fatores que podem ser classificados como externos internos e intrínsecos à

edificação. Dentre os últimos encontram-se a influência da cor utilizada na

envolvente da construção, que em conjunto com os demais fatores é capaz de

modelar as condições ambientais e influir no consumo energético (ROSADO, 1996).

Calor

produzido

Calor

perdido

39

Deve-se considerar ainda que as edificações podem ser projetadas de maneira

a se tornar confortáveis para seus ocupantes. Para tanto, arquitetos e engenheiros

devem seguir alguns pontos que tendem a facilitar o sucesso da ação adaptativa:

prognóstico e normalidade, variabilidade da temperatura no espaço, e uma escolha

correta para que esta não imponha variações nas atitudes dos ocupantes.

2.3.2 Conforto Acústico

O som é a mais antiga e importante forma de comunicação humana por

intermédio da palavra falada. Fonte de prazer estético através da música, da oratória

e dos sons agradáveis do ambiente natural, também comporta valores negativos

trazidos por ruídos desagradáveis ou muito intensos, que podem vir a perturbar a

comunicação sonora, a privacidade, o repouso e o sono das pessoas e em situações

críticas, provocar danos físicos e mentais em indivíduos expostos a ruídos intensos

durante longo tempo (SEDREZ,2006).

Segundo Coelho e Freire (2001), a produção do som identifica a fonte de

origem que foi gerado, sons gerados no ar, ou sons gerados através do impacto ou

vibração sonora, enquanto a propagação do som está relacionado ao caminho que

este percorre, até chegar a um receptor. Na acústica arquitetônica será considerado

o ar para propagação do som e o homem como receptor.

O som interage com os edifícios em todos os aspectos: a acústica de uma sala,

qualquer que seja a sua destinação de uso, depende integralmente de sua

arquitetura. O projeto executivo de acústica de uma sala é, portanto, um projeto de

arquitetura de interiores com qualidades técnicas precisas, exigindo uma perfeita

interação entre a concepção arquitetônica e o especialista na área.

Segundo Neto e Bertolli (2008), O conforto acústico em edifícios residenciais é

uma preocupação que está constantemente presente e independe do nível sócio-

econômico ou da cultura do usuário.

Segundo Sedrez (2006), o conforto acústico em um recinto qualquer que seja

sua destinação está ligado tanto à eficiência da comunicação sonora no seu interior,

imprescindível em todas as atividades humanas, como pela ausência de ruídos

40

perturbadores. O conforto acústico será obtido quando as duas condições

comunicação e ausência de ruídos perturbadores forem atingidas, de acordo com as

exigências específicas do uso de cada ambiente.

Ainda segundo esse autor a acústica arquitetônica trata das técnicas passivas

de controle dos sons nos edifícios, utilizando a disposição dos componentes

espaciais e as propriedades físicas das edificações para atender critérios de

audibilidade, proteção contra ruídos e conforto requeridos para as diferentes

categorias de salas. Divide-se nas seguintes áreas de estudo:

Acústica subjetiva : estuda a audição, a percepção sonora e os parâmetros de

conforto acústico aceitáveis para as diferentes categorias de dependências;

Acústica física : estuda o som como forma de energia e a sua distribuição e

permanência nos espaços da construção. Estabelece padrões de qualidade

sonora das dependências e de proteção contra ruídos;

Acústica ondulatória : estuda o som como fenômeno ondulatório, cujos efeitos

podem criar campos acústicos irregulares devido a fenômenos de

interferência e ressonância, que podem vir a causar o reforço ou o

enfraquecimento do som em determinados pontos no interior das

dependências;

Acústica geométrica : estuda a distribuição do som nas dependências,

utilizando métodos gráficos e analíticos baseados na reflexão dirigida do som

e o risco de formação de interferência sonora, ecos e focalização do som.

Na arquitetura o conforto acústico é estudado como um conceito de caráter

subjetivo mas, cada vez mais, procura-se traduzir essa subjetividade em parâmetros

de caráter objetivo, isto é, mensurável. De uma forma ou de outra, o conforto

acústico tem sido cada vez mais exigido por proprietários ou usuários de

edificações. Talvez a maioria de população não saiba como avaliar esse conforto,

mas a sua ausência está cada vez mais perceptível e, por isso, a exigência de morar

ou trabalhar em ambientes acusticamente confortáveis está se tornando cada vez

mais frequente.

41

A Acústica Arquitetônica estuda as relações entre as variáveis do som que

interagem com os espaços edificados e o meio sonoro resultante da geração,

propagação e percepção sonora, com enfoque no conforto humano.

A Acústica arquitetônica estuda o fenômeno sonoro que consiste na produção,

propagação e recepção, abrangendo os conhecimentos da Acústica física – estudo

da produção e propagação do som, e os conhecimentos da psico – Acústica –

estudo da recepção do som, que define como o homem percebe o som em seu

entorno (COELHO e FREIRE, p.01. 2001).

Na acústica arquitetônica trabalha-se com o tratamento acústico, modo pelo

qual se procura dar aos ambientes boas condições de clareza e inteligibilidade, de

acordo com a atividade desenvolvida. O tratamento engloba isolamento e

condicionamento acústicos. O isolamento acústico procura garantir o nível sonoro

interno ideal; e o condicionamento acústico trata da distribuição do som no

ambiente.

Nas decisões do projeto arquitetônico os aspectos relacionados com a

implantação, o uso, a composição formal e construtiva de um edifício vão contribuir

em maior ou menor grau para o comportamento sonoro de seus recintos. Sedrez

(2006), lista alguns fatores que devem ser verificados:

A implantação e orientação do edifício e de suas aberturas em relação às

fontes externas podem favorecer ou dificultar o controle dos ruídos gerados

no meio urbano;

A ocupação das dependências define as exigências de conforto acústico que

as atividades que abriga requerem, assim como podem possuir fontes de

ruídos e, portanto, serem parte do problema;

A organização espacial condiciona a propagação do som no edifício pela

relação topológica entre os ambientes ruidosos e os que requerem controle

de ruídos, bem como pela compartimentalização das salas ou pela existência

de continuidade espacial entre recintos;

A forma, as proporções e as dimensões dos recintos têm um importante papel

na distribuição do som e na formação do campo acústico, assim como pelo

42

risco de formação de fenômenos de interferência sonora perceptível,

ressonância, ecos e focalizações;

O sistema construtivo, os materiais de vedação e os revestimentos definem a

capacidade de isolamento acústico das superfícies da construção e a

capacidade da estrutura em absorver energia sonora, contribuindo para o

volume audível e o tempo de permanência do som nos recintos;

Os componentes agregados às salas como o mobiliário, painéis, tapetes,

máquinas e equipamentos, instrumentos musicais, cortinas e pessoas por

contribuírem para a reflexão, a absorção e a difusão do som nos recintos.

Para o profissional preocupado com a qualidade de seus projetos em todos os

aspectos, a solução dos problemas acústicos em uma edificação qualquer pertence

a duas categorias de técnicas interdependentes (SEDREZ, 2006, p. 05 )

À Proteção contra os ruídos, tendo em vista o conforto, o repouso, a saúde, a

satisfação e a eficiência do desempenho das pessoas em suas atividades;

Condicionamento acústico, obtido pelo controle da energia sonora e da

propagação do som nos recintos, tendo em vista a qualidade da comunicação

e a boa audição.

Coelho e Freire (2001), afirmam que o tratamento acústico dos espaços

destinados ao homem, visando o conforto ambiental requer duas etapas:

Isolamento sonoro dos sons indesejáveis – Proteção contra ruídos, tendo em

vista o sossego, a saúde e a capacidade de trabalho do homem.

Controle do som nos ambientes – que esta relacionado ao conhecimento

acústico, tendo em vista a boa audição.

No primeiro caso é necessário identificar a fonte sonora, para que se determine a

técnica e os materiais adequados à proteção do ambiente. No segundo caso, é

indispensável a identificação da finalidade de uso, para condicionamento da boa

audição, visando que os sons emitidos neste ambiente sejam bem ouvidos, com

intensidade suficiente, e sem distorções.

43

É no projeto da edificação que se determina o bom desempenho acústico dos

ambientes. A questão de uma boa acústica está associada às formas arquitetônicas,

a maneira como as superfícies atuam na reflexão ou absorção sonora, a distribuição

uniforme do som através de uma boa difusão e a um adequado isolamento. Todo

esse conjunto de variáveis tem como objetivo final o conforto acústico do ambiente

(ROSA, 2003, pg 16).

2.3.3 Conforto Lumínico

O olho humano precisa de luz para observar cada atividade visual que nos

propomos a executar. A quantidade e a qualidade da iluminação do ambiente estão

relacionadas com o desempenho visual. Quanto menor for à tarefa visual ou mais

baixo o contraste, maior a quantidade de luz necessária para iluminar a tarefa a ser

executada, a fim de que o desempenho visual seja confortável para o homem, sem

exigir esforço mental e cansaço para a visão.

A análise econômica da iluminação tem dois aspectos: consumo de energia e

produtividade. Boa iluminação nos ambientes de trabalho ajuda a aumentar a

produtividade contribuindo também para uma sensação de bem estar; entretanto, a

conservação de energia não deve ser o enfoque principal do projeto de iluminação

natural, em exclusão de considerações quanto à percepção visual (CERQUEIRA,

2001)

A iluminância necessária para o desempenho visual varia com a tarefa visual, a

idade dos usuários de cada ambiente e também com o tempo de duração do

trabalho sob iluminação artificial, devendo ser mais elevada para longas jornadas

cujos níveis são recomendados por Normas Brasileiras e Internacionais para quase

todas as tarefas (SOUZA, 2002).

Nos últimos anos, as questões ambientais no Brasil e no mundo têm

evidenciado a importância da utilização consciente da energia elétrica. O setor

residencial corresponde a uma fatia considerável do consumo de energia no país. A

44

iluminação é um dos grandes responsáveis pelo consumo de energia elétrica nas

edificações e é um dos itens que permite maior facilidade de redução de consumo,

se for utilizada de maneira racional (NOGUEIRA, 2009, p.01).

O projeto de iluminação artificial deve visar a complementação da iluminação

natural diurna de modo satisfatório, constituindo-se então no sistema integrado de

iluminação, e ao mesmo tempo atender a iluminação necessária para o período

noturno de forma a permitir o desempenho das tarefas visuais, sem prejudicar as

atividades afins, em qualquer horário (SILVA, 2007, p.37).

Conforto visual é o principal determinante da necessidade de iluminação em

um edifício. A boa iluminação deve ter direcionamento adequado e intensidade

suficiente sobre o local de trabalho, bem como proporcionar boa definição de cores e

ausência de ofuscamento. Os ambientes construídos (internos e externos) são

iluminados para permitir o desenvolvimento de tarefas visuais (leitura, visão,

manufatura, consertos, etc.) a consideração dos aspectos fundamentais a respeito

da iluminação de ambientes no nível de projeto, é sem dúvida, a medida mais efetiva

no controle das qualidades visuais destes ambientes (LAMBERTS et al, 1997).

Ainda segundo esse autor, o consumo de energia elétrica no setor residencial

foi o que mais cresceu nos últimos anos, sendo que o consumo total de energia no

país quase triplicou nos últimos dezoito anos. Neste ritmo, o potencial elétrico

instalado no Brasil se tornará insuficiente em breve.

A luz natural aparece como importante alternativa para buscar-se a eficiência

energética. Além de oferecer enormes vantagens como estratégia para obter maior

qualidade ambiental, ela também contribui para o conforto visual e bem-estar das

pessoas.

Os ambientes construídos são iluminados para permitir o desenvolvimento de

tarefas visuais. Cada tarefa visual, em função do nível de detalhes envolvidos

merece ser iluminada adequadamente. Embora possa variar de um indivíduo a

outro, pode-se dizer que, a ausência de uma situação mínima de conforto, traz

fadiga e desgaste dos órgãos visuais, reduzindo a acuidade visual e trazendo o mau

desempenho das tarefas propostas.

45

Na arquitetura Vernacular, as residências faziam pouco uso da luz natural no

espaço interno, em função dos lotes retangulares, com pouca dimensão frontal,

janelas apenas na fachada da frente e no fundo e sem recuos laterais (SOUZA,

2002).

Para Lamberts et al (1997), o conforto visual é entendido como a existência de

um conjunto de condições de determinado ambiente, no qual o homem pode

desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual, com

o menor esforço, com menor risco de prejuízos à vista e com reduzidos riscos de

acidentes. A iluminação insuficiente pode causar fadiga, dor de cabeça e

irritabilidade, além de provocar erros e acidentes.

O conforto luminoso em habitação pode ser definido de uma forma geral como

a situação em que o usuário pode desenvolver suas atividades sem depender de um

esforço visual excessivo e livre de obscurecimento.

A economia da luz solar, interação da luz solar direta com o projeto da

edificação ao invés de sua simples rejeição, é descrita por Lam (1996), apud

Cerqueira (2001) como apresentando dois aspectos distintos: produção de um

ambiente interno mais confortável e produtivo, e economia de energia na edificação.

Segundo definição de Lam (1996), apud Cerqueira (2001), a economia da luz

solar como atendendo a trindade de Vitruvius – solidez, encanto e valor comercial:

Solidez: levar em conta a luz solar não se trata de um estilo arquitetônico de

moda, o resultado final não é transiente, mas duradouro, simplesmente

porque é produzido através da consideração inteligente de princípios básicos

do meio ambiente natural. A história da arquitetura tem mostrado edificações

belas e sólidas que foram concebidas de acordo com este enfoque.

Encanto: a luz solar satisfaz não somente nossas necessidades psico –

fisiológicas e produz um ambiente confortável e produtivo, mas também

proporciona um ambiente luminoso, prazeroso e encantador, cheio de cores,

volume e contraste.

Valor comercial: a energia utilizada para atender a iluminação artificial e a

remoção do ganho de calor associado podem assumir uma percentagem

46

considerável da energia consumida em modernos edifícios de escritórios.

Desta forma, a luz solar, como várias outras técnicas de iluminação natural,

têm recebido, nos últimos anos, atenção especial no sentido de conservar

energia na operação de edifícios.

A direção da luz refletida pelo entorno pode ser utilizada mais eficientemente

no espaço interior, especialmente naqueles pontos localizados nas zonas próximas

à janela. Esta luz proveniente do entorno pode ser controlada – dentro de certos

limites – pelo projetista. Por exemplo: por meio de utilização da cor nas superfícies

próximas ao edifício pode-se aumentar a luz incidente, na zona das janelas em

sombra, como no interior do local (MASCARÓ, 1983).

De acordo com Pereira (1995), embora consideremos a luz natural como a

fonte de luz fundamental, cabe lembrar que as fontes de luz artificiais sempre

estiveram presentes, na forma do fogo, nas edificações mais primitivas. Entretanto,

nos últimos tempos a iluminação artificial tem sido considerada não somente como

uma alternativa à escuridão da noite. Analisando a humanidade na ultima metade do

século XX, vemos que a maioria das pessoas passa grande parte do dia (trabalho ou

lazer) em ambientes iluminados artificialmente.

Ainda segundo Pereira (1995), a iluminação artificial pode conferir uma ênfase

especial em partes da edificação com pouco acesso à luz natural; pode garantir

níveis de iluminação para uso funcional quando eles não podem ser atingidos com

luz natural. Entretanto, não existe nenhum fato arquitetônico no qual a presença da

luz se configure num beneficio para seus ocupantes.

A preocupação com a luz natural influencia de modo substancial os projetos de

arquitetura. A profundidade das salas, o pé-direito, a localizações das circulações, a

forma das edificações e, evidentemente, a disposição das aberturas, são fatores

determinantes para se obter o melhor aproveitamento da luz natural. No caso dos

edifícios escolares, essa preocupação deve ser priorizada, tendo em vista o período

de permanência dos usuários (MAGALHÃES, 1995).

47

No Brasil, a associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da

NBR 5413/92, fixa as iluminâncias mínimas a serem atingidas, em função do tipo de

tarefa visual.

De forma simplificada, pode ser feita uma verificação inicial do nível de

iluminação necessário em ambiente conforme o Quadro 3.

QUADRO 3: Níveis de Iluminação

Classificação Nível de iluminação Tarefa

Baixa 100 a 200 lux Circulação

Reconhecimento facial

Leitura casual

Armazenamento

Refeição

Terminais de vídeo

Média 300 a 500 lux Leitura/escrita de documentos com alto contraste

Participação de conferencias

Alta 500 a 1000 lux Leitura/escrita de documentos com fontes pequenas e de baixo contraste

Desenho técnico

Fonte: adaptado da NBR 5413/92

Segundo Cerqueira (2001), Vários sistemas inovativos de aberturas têm sido

propostos: dutos de luz, bancadas de luz (lightshelves), sistemas de deflexão da luz.

Os dutos ou canais de luz foram provavelmente introduzidos nas edificações numa

tentativa de projetistas e engenheiros em controlar a distribuição da luz natural para

necessidades específicas e para trazer luz natural até em áreas sem direito a ela

48

Um bom sistema de iluminação, com o uso adequado de cores, criação de

contrastes e escolha adequada de lâmpadas/luminárias e aproveitamento da luz

solar pode produzir ambientes que promovem o bem estar, resultando em um

conforto visual perfeito.

2.3 DESEMPENHO FUNCIONAL

O conceito de função citado por Csillag (1995), apud Reis (2003) é “a

característica obtida do desempenho de um item, caso o item realize sua finalidade,

objetivo ou meta. É a finalidade ou razão de um item ou parte dele”, O desempenho

de um produto define-se como sendo o “conjunto de habilidades funcionais ou

propriedades específicas que o tornam adequado a uma finalidade específica”.

A Avaliação da Funcionalidade das Habitações segundo Leite (2003), investiga

as habilidades funcionais ou propriedades específicas que se recomenda que uma

habitação deva possuir para que atenda a sua finalidade ou razão de existir frente a

referências mínimas de espaço e de mobiliário e equipamentos para o uso da

moradia. A Avaliação pauta-se em ampla pesquisa bibliográfica, entrevistas e

levantamentos de campo com os usuários.

A Funcionalidade da Habitação é o resultado da composição da Funcionalidade

dos Compartimentos que por sua vez é o resultado da composição da

Funcionalidade dos Quesitos. Isto significa que a condição de adequação da

funcionalidade do quesito determina a condição de adequação do compartimento e

assim por diante, vindo a determinar a condição de adequação, ou habitabilidade da

habitação (LEITE, 2007).

Cada um dos compartimentos é avaliado segundo quesitos funcionais,

contemplando quesitos com critérios quantitativos e outros com critérios qualitativos.

Cada quesito comporta variáveis específicas referentes à quantidade e a qualidade

do arranjo do compartimento examinado. Dentre outros, as variáveis quantitativas

para “mobiliário” ou “equipamentos” são analisadas com relação ao tipo, à

49

quantidade e suas dimensões, capacidade de armazenamento, dentre outras

características.

As variáveis qualitativas envolvem, por exemplo, a localização do mobiliário e

equipamentos no compartimento, sua posição relativa aos demais móveis, janelas e

portas, espaços para acesso, superposição de espaços, fluxos, passagens, espaços

confinados, espaços ociosos, incompatibilidade funcional de equipamentos,

privacidade interna, privacidade externa, iluminação, ventilação, uso simultâneo ou

multivariado dos compartimentos. Em um terceiro nível são examinadas as

interrelações no próprio setor e entre os setores que compõem a habitação – setor

serviço, setor social e setor íntimo (LEITE, 2007).

A Avaliação da Funcionalidade é apresentada em níveis que determinam o

desempenho dos espaços e da própria habitação, como mostra o Quadro 4.

QUADRO 4: Intervalos de Desempenho Funcional

Desem

penho d

a e

dific

ação

Escala Conceitual

Estremamente inadequado

Muito precariamente

adequado

Precariamente adequado

Parcialmente adequado

Plenamente adequado ou atende

Atende mais que

plenamente

Extremamente adequado

Muito Precário Precário Parcial Atende Supera

Escala Numérica

20 40 60 80 100 120

Fonte: LEITE. 2007, p. 04

Desempenho pode ser entendido como um conjunto de características

referentes ao comportamento ou atuação de um sistema. Para o ambiente

construído, o desempenho é dado por inúmeros fatores que interferem na qualidade

do mesmo e na satisfação dos seus usuários (MONTEIRO e OLIVEIRA, 2004).

Os desempenhos (ou performances) do ambiente construído foram inicialmente

classificados e conceituados por Handler, citado por Oliveira (1994) e organizados

50

em quatro categorias: principais: Técnica e Ambiental, Humana, Simbólica e

Econômica.

O desempenho técnico pode ser mensurado, a partir de dois comportamentos:

Construtivo e Físico-ambiental. O comportamento construtivo refere-se aos atributos

de resistência, rigidez, durabilidade e eficiência, dados à estrutura, materiais,

sistemas mecânicos e demais elementos da construção. O comportamento físico-

ambiental é dado pela forma (ou maneira) como o ambiente reage com relação aos

efeitos (externos e internos) de temperatura, umidade, iluminação, brilho e sombra,

ventos e ondas sonoras.

Leite, (2003) avaliou o desempenho funcional dos espaços em moradias

direcionadas à população de baixa renda. A funcionalidade dos espaços é muito

importante para o desenvolvimento das tarefas, para o uso e operação do produto

habitação. O rendimento de trabalho, a postura o desenvolvimento de funções

essenciais à vida cotidiana podem ser prejudicados se não houver um mínimo de

funcionalidade garantida nos espaços.

A Figura 5 demonstra o desempenho funcional como fruto da composição

espacial do ambiente, dada pelos elementos tridimensionais, equipamentos e

objetos, mas sobretudo a partir das condições e cultura humana. É necessário

avaliar a capacidade física e mental, o estado de saúde e a idade do usuário, o qual

terá o desempenho funcional condicionado a estes fatores.

Figura 5 : Desempenho Funcional

Fonte MONTEIRO e OLIVEIRA, 2004. p. 06

51

Monteiro e Oliveira (2004), afirmam que dependendo do contexto em que se

realiza a APO, alguns desempenhos podem ter prioridade sobre outros, podendo

também ser completados, reduzidos e/ou alterados, se necessário, em função da

tipologia edificada, denotando assim o caráter referencial de tais variáveis.

No geral, as categorias de elementos de desempenho técnico-ambiental e

funcional parecem ser as mais freqüentemente avaliadas. Independente dos

elementos de desempenho selecionados para a investigação, salienta-se novamente

a necessidade desses passarem por um processo avaliatório amplo, envolvendo

avaliação técnica e comportamental.

2.4.1 FLEXIBILIDADE

A flexibilidade vem sendo utilizada pelo usuário para adaptar o imóvel

residencial às suas necessidades, melhorando assim o desempenho do ambiente

construído. As Imobiliárias oferecem formas de flexibilização variadas, porém,

encontram problemas e dificuldades no processo de flexibilização inicial dos

apartamentos. Acredita-se que a observação da forma de flexibilização ofertada e

das modificações realizadas nos ambientes personalizados pode evidenciar

aspectos que poderiam ser contemplados no projeto, para facilitar e/ou minimizar as

alterações durante a obra, aumentando a satisfação dos clientes e diminuindo

desperdícios.

O conceito de flexibilidade vem sendo interpretado de forma variada, por

diversos autores, associada a diferentes modos de adaptação do espaço

arquitetônico. Assim, alguns autores defendem a importância da flexibilidade na

ocupação inicial dos espaços (flexibilidade inicial ) e/ou ao longo de sua utilização

(flexibilidade continua, funcional ou permanente), justificada, principalmente, pela

necessidade continua de novos sistemas de serviço, instalações e equipamentos

(BRANDÂO e HEINECK, 2003).

52

Para Scuz (2002) apud Marroquim (2007), prover flexibilidade ao espaço

habitacional é torná-lo permeável, permiti-lhe adequar-se às demandas familiares de

espaço, é ampliar-lhe a capacidade de responder às incertezas sobre os usos que

virão e torná-lo verdadeiramente útil durante um período de tempo que deve

ultrapassar uma geração, fazendo valer o investimento inicial da família.

Diversos autores concordam que muitas decisões de projeto, podem talvez ser

feitas mais eficientemente, não pelo profissional projetista no estágio inicial do

projeto, mas subseqüentemente, pelo próprio usuário, pois, é possível encontrar

diferentes formas de solução de uma necessidade básica do homem em uma

mesma cultura ( como por exemplo, nos diferentes hábitos de comer das famílias –

refeições formais, em horários fixos, em uma sala de jantar ou refeições informais,

em qualquer hora do dia, na cozinha ( BRANDÃO eHEINECK, 2003).

Segundo Dluhosch (1973) apud Reis, (1995), os usuários desejam um maior

grau de flexibilidade, que se relacionam principalmente as possibilidades de trocar o

uso de algumas peças. O custo dessa alteração, tende a ser superior ao de prover

espaços com características similares nos projetos originais. Daí a importância de se

procurar e obter um melhor entendimento sobre a reais causas das alterações pelos

usuários.

A flexibilidade é a liberdade de reformular a organização do espaço interno,

entende-se, como flexibilidade inicial, aquela que possibilita ao cliente fazer

adaptações durante a construção. Considera-se importante também, os conceitos

estabelecidos por Brandão (2003), que podem ser associados à flexibilidade inicial:

flexibilidade permitida, quando apenas uma opção é dada ao cliente, seja de

layout ou de acabamentos, a construtora atende aos pedidos viáveis de

modificações de projeto. Neste caso, portanto, é permitido que o cliente faça

uma personalização do seu apartamento, adaptando o layout às suas

necessidades, e os acabamentos à sua preferência;

flexibilidade planejada, na etapa de projeto se concebe mais de uma opção ao

cliente para sua escolha no ato da compra.

53

E quanto aos tipos de flexibilizações possíveis, Brandão ( 2003) estabeleceu

cinco grupos fundamentais de estratégias de flexibilidade:

Diversidade Tipológica – proporciona opções de escolha de layout ao cliente;

Flexibilidade propriamente dita – liberdade de reformular a organização do

espaço interno, definido rigidamente por um vedo perimetral;

Adaptabilidade – possibilitar funções simultâneas para o mesmo ambiente ou,

ainda, a troca de função, com facilidade e rapidez sem construção;

Ampliabilidade – ampliação externa e interna da casa minima ou da habitação

embrião;

Junção/Desmembramento – junção de duas unidades residenciais para

formar uma maior, e também, o caso contrario, quando uma unidade é

desmembrada em duas.

2.5 PSICOLOGIA AMBIENTAL

A forma como as pessoas percebem o ambiente, através das sensações que

lhe são transmitidas no espaço em que se encontram, é uma característica de

fundamental importância para os projetistas e estudiosos do ambiente construído

.

Segundo Mello (1991), a Psicologia Ambiental surgiu inicialmente com o nome

de “Psicologia da Arquitetura” (Architectural Psychology), nos fins dos anos 50 e

começo dos anos 60. A partir daí, ela foi reconhecida como um ramo distinto da

psicologia. Muito embora, mesmo antes de sua existência como um campo distinto,

tenha havido alguns trabalhos oriundos de diferentes áreas, que por sua própria

natureza, deram grandes contribuições a esse novo ramo da psicologia.

Ainda, segundo Mello (1991), o surgimento da psicologia da Arquitetura se deu

a partir da necessidade dos arquitetos de entenderem os requisitos e as

necessidades dos futuros ocupantes de grandes obras publicas vinculadas à

construção das cidades, uma vez que eles estavam acostumados a trabalhar

diretamente com clientes privados e como eles tinham que proporcionar o maior

54

numero de habitações possível para acomodar os desabrigados da guerra, partiram

para a construção de blocos de apartamentos. E dessa forma, se viram numa

situação em que teriam que lidar com diversos clientes e atender a diferentes

necessidades ao mesmo tempo. Alem, é claro, de que a utilização de uma

tecnologia relativamente nova no manejo dos edifícios pós-guerra iria requerer uma

compreensão dos efeitos dos aspectos físicos dos ambientes, tais como, a

iluminação, conforto térmico, as funções das janelas, a falta de controle pessoal do

ambiente sobre as atividades e o comportamento humano.

Além dos requisitos de desempenho a serem cumpridos por componentes e

pelo edifício como um todo, é importante para o sucesso do empreendimento que a

concepção satisfaça as necessidades do público alvo. Embora, para a completa

satisfação do usuário, seja importante também atender aos aspectos de caráter

psicológico e afetivo do usuário com o ambiente concebido.

Cada pessoa percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu

ambiente físico e social. Por outro lado, inter-relação também quer dizer que se

estuda os efeitos desse ambiente físico particular sobre as condutas humanas

.Então, há uma reciprocidade entre pessoa e ambiente. Essa inter-relação é

dinâmica, tanto nos ambientes naturais quanto nos construídos. Ela é dinâmica

porque os indivíduos agem sobre o ambiente (por exemplo, construindo-o), e esse

ambiente acaba modificando e influenciando as condutas humanas.

Através do estudo da percepção dos usuários podemos retroalimentar os

projetos, buscando a satisfação do ser humano por viver num ambiente mais

confortável e apropriado as suas necessidades, fugindo de projetos repetitivos e

incoerentes a muitas realidades (CERQUEIRA, 2001).

A percepção define-se como o processo de organizar e interpretar dados

sensoriais recebidos (sensações) para desenvolvermos a consciência do ambiente

que nos cerca e de nós mesmos. A percepção implica interpretação, a sensação

não. Para os seres humanos a percepção é uma atividade flexível que pode lidar

com informações recebidas mutantes. No curso da vida diária, as percepções das

pessoas se adaptam continuamente ao meio que cerca (DAVIDOFF,1983).

55

Embora o estudo da percepção ambiental ainda esteja comumente situado

dentro do campo da psicologia, ele tem-se desenvolvido principalmente pelas

pesquisas em outros campos. Disciplinas como a arquitetura, o urbanismo e a

geografia souberam compreender rapidamente a importância da psicologia aplicada

ao espaço, tanto pelo estudo da percepção como pelo comportamento humano.

Essa percepção é uma forma de conhecimento que não pode deixar de ser

usada na elaboração de projetos arquitetônicos.

Segundo Ornstein (2005), as pesquisas desenvolvidas nas últimas décadas

não se pode dizer que existe uma especificidade metodológica na Psicologia

Ambiental no que diz respeito aos estudos das biunívocas Relações Ambiente

Construído - Comportamento Humano (RACs) e, sim, uma especificidade conceitual

e teórica com relação aos demais campos do conhecimento no contexto das

ciências sociais aplicadas aos sistemas ambientais.

Embora o estudo da percepção ambiental ainda esteja comumente situado

dentro do campo da psicologia, ele tem-se desenvolvido principalmente pelas

pesquisas em outros campos. Disciplinas como a arquitetura, o urbanismo e a

geografia souberam compreender rapidamente a importância da psicologia aplicada

ao espaço, tanto pelo estudo da percepção como pelo comportamento humano. No

Brasil, essa situação também ocorre, uma vez que aqui a psicologia tem-se

concentrado nos campos clinico, social, industrial e do desenvolvimento.

A percepção é uma forma de conhecimento que não pode deixar de ser usada

na eleboração de projetos arquitetônicos. Cada povo, com sua cultura e história tem

uma visão diferenciada do ambiente, sendo de fundamental importância estudar os

requisitos dos usuários é quando estudamos o usuário e o seu relacionamento com

o a psicologia ambiental.

56

2 O CONTEXTO DA PESQUISA

Antes do desenvolvimento da pesquisa, deve-se ter como premissa um estudo

do ambiente em que a edificação se encontra. Este estudo é muito importante para

permitir o desenvolvimento de um projeto de intervenção que possibilite melhorias

ao ambiente físico do condomínio em estudo.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DE FEIRA DE SANTANA

Feira de Santana, a segunda maior cidade do estado da Bahia, carateriza-se

por atividades na industria, no setor de comercio e serviços. O município está

situado no polígono das secas e possui uma área de 1.338,00 Km2 (Figura 6). A

população de Feira de Santana, segundo o ultimo censo, perfaz um total de 591.707

mil habitantes. É considerada cidade de porte médio e a sua economia abrange

principalmente atividades agropecuárias, industriais e comerciais (IBGE, 2009).

Figura 06 – Mapa de Feira de Santana Fonte: Google Mapas, 2010

57

Atualmente temos percebido o crescimento imobiliário, que faz com que a

cidade se torne alvo de grandes construtoras de outros Estados, além das empresas

que já existem. Muitos condomínios, conjuntos habitacionais e prédios foram

construídos. Segundo dados do IBGE (2009), desde a década de 80, quando foram

construídos os primeiros prédios de grande porte na cidade, Feira de Santana

passou a desenvolver seu setor imobiliário de forma vagarosa. Porém, nos últimos

10 anos, houve uma avanço considerável nas construções e financiamentos de

imóveis, proporcionando uma expansão física da cidade, que aos poucos se desloca

do centro para as periferias. O motivo desse avanço foi a estabilidade econômica do

país, a redução das taxas de juros e o incentivo ao setor imobiliário por parte do

Governo Federal e de bancos privados, através dos financiamentos.

3.2 ESTUDO EXPLORATORIO

A pesquisa começou com visitas exploratórias do ambiente em questão e

entrevistas orais agendadas com usuários-chave, para se ter uma percepção visual

do ambiente, indicando os principais aspectos positivos e negativos do objeto de

estudo. Os usuários-chave foram um casal que reside na alameda B número 4.

No condomínio foram aplicadas entrevistas com usuário-chave, visando buscar

informações que possibilitassem a definição do condomínio objeto da monografia.

Foram feitos registros fotográficos e observações técnicas.

Após a visita a sindica do condomínio autorizou a realização da pesquisa junto

aos moradores.

3.3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO

O condomínio Habitacional está situado à Rua Mananguape no Bairro

Conceição. A área do terreno do empreendimento é de 25.439,19 m2. É composto

de 86 unidades residenciais com 01(um) pavimento, com casas de 46,22 m2 de área

58

privativa. Cada unidade apresenta os seguintes espaços: sala de estar e jantar,

circulação, dois quartos, sanitário, cozinha e área de serviço, em lotes de área

mínima de 171,25 m2(Figura 7).

Figura 7 – Planta baixa Fonte: Manual do Proprietário

A área comum é constituída pela guarita de segurança com sanitário, casa de

lixo, quiosque multi-uso para festas e jogos, com bar, churrasqueira e dois

sanitários, duas piscinas com deck, quadra esportiva, parque infantil, jardins,

passeios, ruas e estacionamento e estacionamento para visitantes ( Figura 8).

59

Figura 8 – Área comum A tipologia construtiva das casas é a seguinte: fundação em alvenaria de pedra

e alvenaria de bloco cerâmico, cobertura com telhado de madeira e telhas

cerâmicas, alvenaria de bloco cerâmico, lajes pré-moldadas, piso cerârmico,

esquadria de madeira, iluminação artificial e pintura látex PVA na cor branca (Figura

9).

Figura 9 – Tipologia construtiva A posição das janelas, do lado nascente do sol, na posição dos quartos, é

verificado em todas as casas (Figura 10).

60

Figura 10 – Tipologia construtiva

Utilizou-se para aplicação da APO no condominio pesquisado, algumas

ferramentas próprias como entrevistas com usuário-chave, questionários e

observações in loco, metodologia que pode ser aplicada, mesmo com recursos

escassos.

A APO a ser aplicada no condomínio foi do tipo indicativa de curto prazo, e

definirá aspectos de conforto ambiental que afetam o uso do ambiente pela

população do condomínio.

A avaliação do desempenho do ambiente construído está inserida no conjunto

de avaliação técnico-construtiva e conforto ambiental, cuja preparação é feita,

visando o reconhecimento especializado do ambiente, estudo de caso, o qual

fornecerá por sua vez subsídios para interpretação da avaliação do ponto de vista

dos usuários (comportamental).

O conjunto de variáveis que foram avaliadas, dentro do ambiente/ estudo de

caso, são aquelas referentes à funcionalidade da edificação, flexibilidade do

ambiente, conforto térmico, conforto luminico e conforto acústico.

Para medição dessas variáveis existem vários equipamentos de coleta de

medição associado a programas de computador, e também a cálculos manuais.

61

Para o desempenho funcional é preciso entender que a habitação tem várias

funções e nela são desempenhadas diferentes atividades afetando diretamente o

usuário.

A análise da flexibilidade permite que os usuários adaptem a habitação de

acordo com seus desejos e necessidades.

Quanto ao Conforto térmico, primeiramente é necessário fazer uma seleção

adequada dos ambientes. Nesta avaliação é sempre recomendável analisar os

ambientes de canto, ou seja, aquelas que apresentam fachadas com orientação

solar diferenciadas.

O Conforto lumínico é importante ser observado pois é determinante na

necessidade de iluminação de um edifício. A boa iluminação deve ter

direcionamento adequado e intensidade suficiente sobre o local de trabalho, bem

como proporcionar boa definição de cores e ausência de ofuscamento. Alem disso,

busca a eficiência energética e contribui para o conforto visual e bem estar dos

usuários da habitação.

O Conforto acústico depende do projeto arquitetônico, do ambiente onde está

inserido a edificação no condomínio e da presença de fontes sonoras.

3.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUIDO DO CONDOMINIO

3.4.1Subsídio

Esta etapa foi caracterizada pela delimitação da quantidade de ruas existentes

no condomínio e a escolha do número de unidades habitacionais em que foram

coletados os dados. Essa escolha foi feita de forma que contemplasse as casas dos

dois lados da rua.

Em seguida procurou-se junto com a síndica estabelecer um agendamento

com alguns usuários, No entanto com as dificuldades com alguns usuários a

amostragem foi de 17 unidades pré-agendadas e confirmadas

62

3.4.2 LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO TOTAL E AMOSTRAL

3.4.2.1 Nível de Satisfação do Usuário

Pesquisar a satisfação do usuário com a infra-estrutura do apartamento é muito

importante, já que a edificação passa a ter um papel social pleno após sua

construção, sendo a fase de uso de longa duração e raramente contemplada pelas

pesquisas de avaliação exclusivamente física, que convencionalmente acontecem

nestas edificações

O levantamento foi feito após visitas técnicas ao condomínio, acompanhado da

síndica, que nos forneceu a quantidade de casas habitadas e o número de ruas.

Foram feitas observações técnicas e registros fotográficos.

O resultado do levantamento das unidades habitacionais e amostragem

encontram-se quadro 5.

QUADRO 5– Amostra e Porcentagem

Quantidade Total

de Unidades

Habitacionais

Unidades

habitadas

Amostragem Porcentagem

da Amostra %

86 81 15 18,5

De um total de 86 casas, somente 81 estavam ocupadas. Neste universo da

pesquisa, 15 usuários responderam aos questionários, perfazendo um total de

18,5% do total.

3.4.3 Elaboração e Aplicação dos Questionários

Questionários foram formulados com o intuito de medir de forma indireta, através

das informações comparáveis e quantificáveis, as reações comportamentais e

63

emocionais que revelem atitudes e níveis de satisfação dos usuários em relação à

diversos aspectos técnicos, funcionais ou comportamentais do ambiente construído

(REIS E LAY,1995).

A analise da percepção do usuário é muito importante em algumas situações,

pois a coleta de impressões fornecidas pode significar mais do que a quantificação

das respostas, para caracterizar o ambiente e as aspirações das pessoas que o

utilizam (CERQUEIRA, 2001).

A aplicação de questionários tem sido um dos procedimentos mais comuns

para coleta de informações, devido a sua adequação para coletar uma quantidade

significativa de dados, podendo ser comparados e analisados estaticamente,

fornecendo resultados que refletem com uma considerável margem de segurança,

permitindo descrever, explicar e testar as relações existentes entre as variáveis

analisadas. Por essa razão, questionários tem assumido crescente importância em

APOs.

Experiências anteriores indicam que o contato pessoal entre o pesquisador e o

respondente durante a aplicação do questionário parece ser a forma mais

apropriada de garantir o entendimento, o preenchimento correto e o retorno de 100%

dos questionários, como foi nesse estudo de caso.

O modelo de questionário elaborado para ser aplicado com os condôminos não

sofreu alterações, visto que durante as entrevistas foi observado o fácil

entendimento das questões abordadas ( APÊNDICE A).

64

4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Após a pesquisa realizada serão apresentados e comentados os resultados

obtidos no trabalho. A metodologia proposta possibilita o melhor entendimento da

satisfação do cliente. Essa analise foi realizada através de entrevistas, avaliação

técnica e utilizando também a aplicação de questionários.

4.1 ATRAVÉS DE ENTREVISTAS

As entrevistas orais foram feitas com dois usuários-chave, abordando questões

sobre a funcionalidade da edificação, onde as respostas foram similares, houve

consenso em relação a cozinha, que tinha que ter dimensões maiores. A área de

serviço e sua posição na casa não foi aceita por um dos usuários. O tamanho dos

cômodos foi aceito como satisfatório, porém um disse que sua posição deveria ser

no lado da cozinha e que o banheiro fosse relocado.

Em relação a flexibilidade, a cozinha com seus moveis teve questionamentos

em relação ao fluxo, por ter pouca largura e dificultar a presença de mais de uma

pessoa ao mesmo tempo. A posição e adequação do fogão ao espaço ficaram

comprometidos e o uso de uma mesa que foi colocada na sala.

Em relação ao conforto térmico, teve uma aceitação de ambos os usuários no

período de estudo que foi o inverno.

No aspecto do conforto acustico, eles responderam que não tinham problemas

com ruídos externos, de vizinhos, e de áreas comuns, como o salão de festas,

mesmo que as casas deles estavam próximas dessa área comum.

A iluminação natural foi aceita como satisfatória e que as iluminarias eram de

boa qualidade e atendia as suas necessidades, porem um dos entrevistados disse

que deveria ter outra luminária no corredor, que dá acesso ao quarto.

65

Ainda foram feitas perguntas sobre qualidade de acabamento e qualidade dos

materiais empregados, mas não foi inserido nos questionários, por fugir do objetivo

deste trabalho e do possível desconhecimento técnico dos usuários.

4.2 AVALIAÇÃO TÉCNICA

As visitas exploratórias ao condomínio foram importantes para se obter

informações sobre as características, o padrão das unidades, qual a população

domiciliada, a sua localização em relação ao contexto que está inserido, a

localização das áreas comuns e sua posição dentro do condomínio.

Foi observado que o condomínio se situa em uma área de difícil acesso, sem

pavimentação e/ou pavimentação precária. Na casa dos usuários-chave, não houve

modificação no projeto original, contribuindo melhor para avaliar as outras unidades.

Essas unidades permitiam ampliações, mas as modificações na estrutura da casa

eram impedidos e/ou condicionados a inspeção técnica do responsável pelo projeto.

Na funcionalidade da edificação verificou-se que a cozinha traz um certo

desconforto por não ter requisitos mínimos de espaço que é vital para a realização

das atividades domesticas, importante para o conforto ergonômico do usuário. Na

flexibilidade verificou-se que nos cômodos, a posição dos moveis também é um fator

para a que a unidade tenha suas funções adequadas as condições de uso, acesso e

articulação. Percebeu-se que os espaços, principalmente da cozinha, do quarto e da

área de serviço, comprometiam o fluxo dos usuários.

As unidades habitacionais padrão, foram modificadas pelos usuários, mesmo

com as recomendações contidas no Manual do Proprietário.

O conforto térmico no inverno é satisfatório em todas as unidades, como não

houve visitas no período de verão, não foi avaliado a percepção dos usuários em

relação ao conforto térmico da unidade habitacional. Em relação a temperatura

constatou-se que as unidades possuem um isolamento aceitável para o inverno

66

segundo os usuários. A posição das casas, o ordenamento das ruas, a posição das

janelas e portas é um dos fatores determinantes para isso.

Em relação ao conforto acústico, não houve, problemas segundo os usuários,

mesmo sem equipamentos de medição, em relação ao ruído externo, nem com o

ruído oriundo de vizinhos.

A unidade habitacional no aspecto da iluminação natural é satisfatória, não

havendo a necessidade de acender as luminárias durante o dia.

As áreas comuns se localizam próximo da guarita, afastada das casas, em

posição estratégica para se evitar incômodos aos condôminos em relação ao ruído.

4.3 ATRAVÉS DOS QUESTIONÁRIOS

Os resultados obtidos nesta etapa foram coletados através dos questionários e

foram apresentados através de gráficos. Na tabulação destes dados foi adotada a

seguinte legenda:

Fortemente Insatisfeito..................

Insatisfeito.....................................

Nem satisfeito nem insatisfeito....

Satisfeito.......................................

Fortemente Satisfeito...................

O questionário se dividiu em 3 (três) partes, sendo na parte A, a qualidade da

edificação como todo enfatizando a funcionalidade do ambiente, na parte B, a

qualidade da edificação, enfatizando a flexibilidade e na parte C, o conforto geral e

1(uma) abordando aspectos gerais de conforto térmico, lumínico e visual.

O condomínio foi entregue aos usuários em 2008. Em 66,7% das unidades

pesquisadas, os moradores residem a mais de um ano e cinco meses. Em 66,7%

dos imóveis o usuário é o proprietário e em 33,3% são locatários.

67

No estacionamento ou garagem, 93,3% ficaram satisfeitos com a facilidade de

manobra e não houve insatisfação por parte dos condôminos em relação a

funcionalidade da garagem, mas 20% demonstraram insatisfação com o

acabamento e somente 46,7% satisfeitos com a qualidade dos acabamentos (Figura

11).

Figura 11 – Estacionamento e Garagem

Nas áreas sociais e de lazer, 73,3% estavam satisfeitos com o tamanho e a

localização, que é citada como decisiva para aquisição do imóvel. Também, 26,7%

dos usuários, ficaram insatisfeitos quanto à qualidade das áreas verdes. Houve uma

significativa insatisfação em relação a localização e o acabamento de 20% dos

condôminos, mas 60% dos usuários se mostraram satisfeitos com o acabamento

(Figura 12).

68

Figura 12 – Áreas Sociais e de Lazer

O tamanho dos acessos principais, com destaque para a guarita, teve 93.3%

de índice de satisfação pelos usuários. Em relação a localização dos acessos

principais, houve uma certo equilíbrio, cerca de 26,7% nem estavam satisfeitos e

nem insatisfeitos e 53,3% dos usuários mostraram-se satisfeitos. Cabe aqui enfatizar

também, que houve questionamentos em relação a mudança por parte da empresa

construtora do acesso previsto e o recuo da guarita em relação a rua. Os acessos

ao condomínio foram colocados por alguns usuários como precários, mas este item

não fez parte do objeto de estudo deste trabalho. Verificou-se 20% de insatisfação

dos usuários em relação ao acabamento dos acessos principais. Na segurança

notou-se que 93,3% estavam satisfeitos (Figura 13).

69

Figura 13 – Acessos Principais

Foi observado em relação a funcionalidade dos cômodos que a largura e o

tamanho foram aceitos como satisfatório por uma população de 66,7%, o percentual

de insatisfação de 20% se deu pela dificuldade de locomoção, com a presença do

mobiliário e com esse fato, muitos dos condôminos aumentaram seus cômodos para

melhorar o fluxo e adequar as suas atividades cotidianas. 73,7% estavam satisfeitos

com o acabamento. 20% dos condôminos estavam insatisfeitos com a largura do

banheiro e cozinha. 26,7% se mostraram nem insatisfeitos e nem satisfeitos em

relação a aparência da casa (Figura 14).

70

Figura 14 – Cômodos

Na Parte B, foi verificada a qualidade da unidade habitacional em relação a

adequação do espaço ao mobiliário e às atividades programadas.

Na área de serviço verificou-se que 53,3% dos usuários ficaram insatisfeitos

devido ao pequeno espaço. Na sala de estar em relação ao espaço e a adequação

do mobiliário, houve um equilíbrio entre os entrevistados, sendo que 40% estavam

satisfeitos e cerca de 46,7% insatisfeitos. Pelo fato da cozinha ter 46,7% de

insatisfação, muitos adequaram a sala de estar para sala de jantar e isso se mostrou

também um fator determinante. A maior insatisfação registrada no questionário foi

com relação ao tamanho dos dormitórios, dos banheiros e da cozinha, no dormitório

a insatisfação foi de 53,3%, os usuários reclamaram pela falta de mobilidade em

relação a cama e guarda roupa, restringindo a circulação, justificando a insatisfação

apresentada neste item. Cabe aqui salientar que houve entre os usuários uma forte

insatisfação em relação ao banheiro e cozinha, com 26,7% fortemente insatisfeitos.

Com isso, muitos condôminos modificaram a casa, adequando o espaço para poder

melhorar a sua qualidade de vida (Figura 15).

71

Figura 15 – Adequação do espaço ao imobiliário

Nas condições de conforto a temperatura foi o aspecto que foi determinante

das condições naturais. No verão 26,7% dos usuários demonstraram insatisfação

com a temperatura interna da casa. 80% dos usuários demonstraram estarem

satisfeitos com a temperatura da casa no inverno. Houve um certo equilíbrio em

relação ao verão onde 46,7% se mostraram de alguma forma insatisfeitos com a

temperatura no verão e 53,3% satisfeitos (Figura 16).

72

Figura 16 – Condições de Conforto – Temperatura

Verificou-se a aceitação de todos os usuários em relação ao ruído oriundo de

vizinhos. Poucos usuários demonstraram-se fortemente insatisfeitos com o ruído das

áreas de uso comum, sendo apenas 6,7% por causa da proximidade de suas casas

em relação ao salão de festas (Figura 17).

Figura 17 – Condições de Conforto – Ruído

73

Em relação a iluminação natural do ambiente, foi observado que 93,3%

afirmaram que estavam satisfeitos. Observou-se também que 76,7% dos usuários

também se mostraram satisfeitos com a iluminação artificial do ambiente. Apenas

13,3% dos usuários estavam insatisfeitos com a iluminação artificial do ambiente.

Verificou-se que os usuários substituíram as luminárias ou aumentaram a

quantidade (Figura 18)

Figura 18 – Condições de Conforto – Iluminação

A ventilação na unidade habitacional, em geral, obteve uma media de 80%,

de satisfação. Na cozinha 13,3% dos usuários demonstram grande insatisfação por

causa da localização da cozinha (Figura 19).

Figura 19 – Condições de Conforto – Ventilação

74

A avaliação geral do imóvel complementa o questionário, trazendo uma

análise e opinião geral do usuário em relação a condições gerais de conforto.

0s usuários acharam que para o período de inverno, os níveis de conforto

térmico, estavam bem definidas conforme percentuais indicados no Quadro 6.

Observou-se que os usuários achavam as unidades habitacionais aceitáveis com

86,7% considerando as casas confortáveis no período de inverno. Já para o período

de verão, tendência de considerar as casas como quentes, somando-se os

percentuais dos níveis “com calor” e com “calor insuportáveis” verificaram-se valores

de 66,7%. Este maior desconforto das casas no verão poderia ser justificado por

piores condições de ventilação, entretanto, praticamente todos entrevistados

consideraram que é possível ventilar bem todos os cômodos da unidade.

Níveis de conforto

ou desconforto

Verão Níveis de

conforto ou

desconforto

Inverno

1.Confortável 20% 1.Confortável 86,7%

2.Com um pouco de

calor

13,3% 2. Com um pouco

de frio

6,7%

3. Com calor 40% 3. Com frio 6,7%

4. Calor insuportável 26,7% 4. Frio insuportável 0,0

QUADRO 6 – Percentuais para conforto térmico.

75

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação da satisfação do cliente, realizada no contexto da avaliação pós-

ocupação, é fundamental para a retroalimentação de todo o processo de projeto e

construção das edificações, e deve fornecer indicadores consistentes para avaliar a

eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade.

Com este trabalho de final de curso espera-se contribuir para o aprimoramento

e difusão de uma forma de avaliar a satisfação do usuário da habitação, que

promova uma melhor adequação da unidade habitacional.

A iniciativa de dirigir-se ao usuário da habitação, através de perguntas em

questionários padronizados, é uma forma de medir a sua satisfação. A metodologia

baseada na Avaliação pós Ocupação (APO) possibilitou um aprofundamento

comparativo entre as moradias e a quantidade de moradias definida para a análise

permitiu um melhor enfoque dos aspectos desempenho ambiental, flexibilidade e

desempenho funcional e medir o nivel de satisfação do cliente.

Quanto ao desempenho funcional, constatou-se que os ambientes cozinha,

dormitórios e banheiros tiveram uma insatisfação de 20%. Os moradores em geral

fizeram modificações nos cômodos.

Na parte de conforto ambiental, verificou-se um alto índice de insatisfação em

relação ao conforto térmico no verão. Isso demonstra que o conforto térmico é

determinante para que as empresas busquem melhorar as características

termofísicas da habitação. Mas houve uma media de 80% satisfeitos com a

ventilação nos cômodos.

Em relação ao conforto acústico houve consenso entre os usuários, no que diz

respeito ao ruído, uma considerável satisfação dada segundo eles pela distancia das

76

casas em relação ao salão de festas, já que o ruído oriundo de vizinhos foi

satisfatório.

No conforto luminico observou-se uma grande satisfação em relação a

iluminação natural e artificial. Houve uma pequena porcentagem dos usuários que

modificaram as luminárias ou aumentaram a quantidade.

A pesquisa mostrou que os usuários tem dificuldade em se adequar ao projeto

padrão necessitando que os projetos tenham propostas de ” layouts” fornecidos pela

empresa para que não comprometa a qualidade e solidez da edificação.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A aplicação dos métodos e técnicas da APO nas unidades residenciais do

condominio em estudo, permitiu a identificação de novos enfoques a serem

abordados em trabalhos futuros. Desta forma sugerem-se os seguintes tópicos.

Analisar a funcionalidade das unidades habitacionais, bem como sua área

mínima, de modo a verificar como esta interfere no desempenho.

Analisar a flexibilidade das unidades habitacionais, de modo a verificar como

estas interferem nas modificações e ampliações feitas pelos usuários.

Verificar os critérios de desempenho da NBR 15575 aplicados em um

condomínio habitacional.

77

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APÊNDICE

APÊNDICE A - NÍVEL DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE - CONDOMINIO Questionário n°

Dados gerais:

01. Data:

02. Tempo de moradia em meses:

03. O imovel é de sua propriedade sim ( ) não ( )

04. Quantas pessoas residem no imóvel

FI I N S FS NA Fortemente Insatisfeito

Insatisfeito Nem satisfeito nem

insatisfeito Satisfeito

Fortemente satisfeito

Não se aplica

Marque com X a coluna correspondente a sua opinião

PARTE A - QUALIDADE DA EDIFICAÇÃO COMO UM TODO - Como você classifica a qualidade da edificação como um todo em relação aos seguintes aspectos:

FI I N S FS NA

Estacionamento e/ou garagens: 05. Facilidade de acesso e manobra

06. Qualidade dos acabamentos

Áreas sociais e de lazer:

07. Tamanho

08. Localização

09. Qualidade dos acabamentos

10. Paisagismo Acessos principais:

11. Tamanho

12. Localização

13. Qualidade dos acabamentos

14. Segurança

Cômodos

15. Largura 16. Sistema de iluminação

17. Qualidade dos acabamentos

18. Aparência externa do edificio

PARTE B - QUALIDADE DO APARTAMENTO - Como você classifica a qualidade do seu apartamento em relação aos seguintes aspectos:

FI I N S FS NA

Adequação do espaço ao mobiliario e às atividades programadas:

19. Estar e jantar

20. Cozinha 21. Área de serviço

22. dormitórios

23. Banheiros

PARTE C - CONFORTO - Como você classifica o conforto do seu apartamento em relação aos seguintes aspectos:

FI I N S FS NA

24. Temperatura interna no inverno

25. Temperatura interna no verão

26. Ruido Externo ( da rua) 27. Oriundo das áreas de uso comum (salão de festas, área de lazer, garagens)

28. Oriundo de corredor ou vizinhos

29. Iluminação natural dos ambientes

30. Iluminação artificial nas áreas comuns do apartamento

31. Iluminação artificial nas vias públicas do condomínio

32. Ventilação na cozinha

33. Ventilação no banheiro 34. Ventilação na área de serviço

Avaliação geral do imovel:

35. No verão, de um modo geral, dentro da casa, você se sente

Confortável

Com um pouco de calor

Com calor

Calor insuportável

36. No inverno, de um modo geral, dentro da casa, você se sente

Confortável

Com um pouco de frio Com frio

Frio insuportável

Muito Obrigado pela Atenção