avaliação energética da policlínica naval nossa senhora da...

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Avaliação Energética da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória Felipe Iglesias Rosa Rio de Janeiro Março de 2014 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção de grau de Engenheiro Eletricista. Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

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Avaliação Energética da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória

Felipe Iglesias Rosa

Rio de Janeiro

Março de 2014

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários a obtenção de

grau de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

II

Avaliação Energética da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória

Felipe Iglesias Rosa

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

ELETRICISTA.

Examinado por:

________________________________

Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.

(Orientador)

___________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D.

________________________________

Prof .Gustavo da Silva Viana, Eng. Eletric

III

Rosa, Felipe Iglesias

Avaliação Energética da Policlínica Naval Nossa

Senhora da Glória / Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica / Departamento de Engenharia Elétrica, 2013.

XIII, 67 p.: il.; 29,7cm

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

Projeto de Graduação – URFJ / Escola Politécnica /

Departamento de Engenharia Elétrica, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 48-49

Avaliação Energética. 2. Sistemas de Iluminação. 3. Sistemas

de Ar Condicionado.

I. Nascimento, Jorge Luiz. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Departamento de Engenharia

Elétrica. III. Avaliação Energética da Policlínica Naval

Nossa Senhora da Glória

IV

MOTIVAÇÃO

A motivação para a realização do estudo em questão baseia-se na preocupação

com o consumo de recursos energéticos, que, em muitos setores da sociedade, os

gastos são excessivos e muito além dos necessários para um bom funcionamento de

suas atividades.

O consumo exagerado de recursos energéticos tem grande impacto tanto

individualmente quanto coletivamente. Os estabelecimentos que não se mostram

efetivos em seus gastos acabam por sofrerem cobranças financeiras superiores, mas

não só a tarifação é importante, devemos analisar os impactos que a ineficiência de

recursos pode causar ao meio ambiente, devido ao maior esforço que, pela soma, é

imposto ao sistema energético brasileiro.

Por via do estudo, pretende-se demonstrar que é possível uma melhoria

significativa na diminuição dos gastos energéticos, utilizando para isso métodos de

eficientização nos principais sistemas de carga. O estudo de caso da avaliação

energética da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória evidencia as melhorias frente

ao subsetor hospitalar.

V

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

Avaliação Energética da Policlínica Nossa Senhora da Glória

Felipe Iglesias Rosa

Março/2014

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

Curso: Engenharia Elétrica

O objetivo deste trabalho é uma avaliação do recurso de energia elétrica utilizada em

hospitais, mais especificamente na Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória,

mostrando a viabilidade técnica-econômica de atuação especifica em sistemas de

iluminação, ar condicionado e substituição do sistema de aquecimento de água feito

exclusivamente por energia elétrica por um novo sistema utilizando-se energia solar.

No estudo também será analisada a melhor tarifa a ser contratada com a distribuidora

para o menor gasto financeiro local.

Palavras-chave: 1. Avaliação Energética. 2. Sistemas de Iluminação 3. Sistemas de

arcondicionado

VI

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the Degree of Electrical Engineer.

Energy Evaluation of Policlínica Nossa Senhora da Glória

Felipe Iglesias Rosa

March/2013

Advisor: Jorge Luiz do Nascimento

Department: Electrical Engineering

The purpose of this work is an analysis of electric energy resources used at hospitals,

mainly at "Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória", showing technical-economic

feasibility of specific performance in lighting systems, air conditioning and the

replacement of water heating system, made exclusively by electric energy through a

new system using solar energy. During this study it will be also studied the best fare to

be chosen with the distributor, in order to reach lower local expenses.

Keywords: 1. Energy Evaluation. 2. Lighting Systems. 3. Air Conditioning Systems

VII

Sumário

Motivação ................................................................................................................................... IV

Resumo ........................................................................................................................................ V

Cápitulo 1 – Introdução ........................................................................................................ 1

1.1 – Local de Estudo ...................................................................................................... 3

1.2 – Estrutura do Trabalho ............................................................................................ 3

1.3 – Objetivo ................................................................................................................. 4

1.4 – Metodologia .......................................................................................................... 4

1.5 – Relevância .............................................................................................................. 5

Capítulo 2 – Principais Cargas ............................................................................................... 6

2.1 – Sistema de Iluminação ........................................................................................... 6

2.1.1– Tipos de Lâmpadas ................................................................................. 6

2.1.2– Características das Lâmpadas ................................................................. 7

2.1.3– Luminárias .............................................................................................. 8

2.1.4– Escolha Adequada do Nível de Iluminância ........................................... 9

2.2 – Sistema de Condicionamento de Ar ...................................................................... 9

2.2.1 Importância dos Sistemas de Ar Condicionado em Hospitais ................. 10

2.2.2 Impacto do Sistema de Ar Condicionado em Hospitais .......................... 10

2.2.3 Tipos de Sistemas de ar condicionado .................................................... 11

2.2.3.1 Sistemas de Expansão Direta ................................................... 11

2.2.3.2- Sistemas de Expansão Indireta ............................................... 12

2.2.3.2.1 Tudo Água ................................................................ 12

2.2.3.2.2 Ar-Água .................................................................... 13

2.2.3.2.3 Tudo Ar .................................................................... 13

2.2.3.2.3.1 Sistemas Multizona .................................. 13

2.2.3.2.3.2 Sistemas VAV ........................................... 13

VIII

2.2.4 Eficiência nos sistemas de ar condicionado ............................... 14

2.2.4.1 Coeficiente de Performance .................................................... 14

2.2.4.2 Energy EfficiencyRate .............................................................. 14

2.2.4.3 Eficiência em kW/TR ................................................................ 14

2.3 – Equipamentos Médico-Hospitalares .................................................................... 15

2.3.1 – Classificação dos Equipamentos ........................................................... 15

2.3.1.1 Equipamentos de Cirurgia ....................................................... 15

2.3.1.2 Equipamento de Terapia ......................................................... 15

2.3.1.3 Equipamento de Diagnóstico .................................................. 16

2.3.1.4 Equipamentos de Apoio .......................................................... 16

2.4 – Sistema de Aquecimento de Água ....................................................................... 17

Capítulo 3– Tarifação .......................................................................................................... 18

3.1 – Introdução ............................................................................................................ 18

3.2 – Conceitos ............................................................................................................. 18

3.3 – Classificação dos Consumidores .......................................................................... 19

3.4 – Modalidades Tarifárias ......................................................................................... 19

3.4.1– Tarifação Convenciona l......................................................................... 20

3.4.2– Tarifação horo-sazonal Verde ............................................................... 21

3.4.3– Tarifação horo-sazonal Azul .................................................................. 22

3.5 – Tarifas para Energia Reativa ................................................................................. 23

Capítulo 4 – Avaliação energética ....................................................................................... 25

4.1 – Introdução ............................................................................................................ 25

4.2 – Levantamento do Sistema de Iluminação ............................................................ 25

4.3 – Levantamento do Sistema de Ar Condicionado ................................................... 28

4.4 – Sistema de Aquecimento de Água ....................................................................... 29

4.4.1 – Introdução ............................................................................................ 29

4.4.2 – Análise do Sistema Atual ...................................................................... 30

IX

4.5 – Equipamentos Medico-Hospitalares .................................................................... 31

Capítulo 5 – Alternativas para solução ................................................................................ 36

5.1 – Alternativa para Iluminação ................................................................................. 36

5.1.1 – Avaliação da Alternativa para Iluminação ......................................................... 39

5.2 – Alternativa para Condicionamento de Ar ............................................................ 39

5.2.1 – Avaliação da Alternativa para Ar Condicionado ................................................ 40

5.3 – Alternativa para Aquecimento de Água ............................................................... 41

5.3.1-Determinação da fração solar ............................................................................. 42

5.3.2 – Avaliação da Alternativa para Aquecimento de Água ....................................... 43

5.3 – Alternativa para Tarifação .................................................................................... 44

Capítulo 6 – Conclusão ........................................................................................................ 47

Capítulo 7 – Referências Bibliográficas ................................................................................ 49

1

Capítulo 1 – Introdução

Esse estudo analisa a capacidade de melhoria de um sistema energético de um

hospital de grande porte, através de medidas de eficiência energética aplicadas

principalmente aos sistemas de iluminação, climatização e aquecimento de água.

Com o desenvolvimento tecnológico crescente, houve um grande acréscimo de

carga elétrica em diversos setores da sociedade, inclusive no de Serviços, no qual são

enquadrados os hospitais pelo Balanço Energético Nacional (BEN,2012). O gráfico

abaixo mostra o crescente consumo de energia elétrica nos setores do ano de 2010

para o ano de 2011.

Figura 1 - Variação do Consumo de Energia Elétrica Entre o Ano de 2010 e 2011 [1]

Apesar do crescimento tecnológico, muitas vezes os recursos não são aplicados

de forma correta, são utilizados equipamentos fora de suas funções específicas e

ocorrem por diversas vezes sistemas superdimensionados, devido à substituição de

equipamentos antigos por equipamentos novos de maior potência sem uma análise

profunda, gerando um gasto além do necessário.

Na grande maioria das vezes os hospitais não têm equipes de manutenção, e os

equipamentos principalmente dos sistemas de iluminação e ar condicionado acabam

sofrendo grande degradação, prejudicando sua capacidade e eficiência.

2

Além dos problemas de manutenção geralmente a instalações elétrica dos

hospitais, principalmente públicos, não são feitas corretamente, sendo colocados

muitos equipamentos num condutor, gerando assim possíveis quedas de tensão

indesejadas que podem acarretar mau funcionamento e diminuição da vida útil dos

equipamentos.

Sendo assim, é necessário um olhar mais crítico sobre esse setor que tem

grande representatividade no parâmetro geral energético, como pode ser visualizado

através da análise da porcentagem de uso da energia elétrica em diferentes setores.

Figura 2 - Utilização Energética de Diversos Setores em Percentual [1]

Os sistemas de iluminação e climatização que serão analisados costumam

corresponder juntos a aproximadamente 67% do consumo de energia elétrica dos

hospitais [2].

3

1.1 – Local de Estudo

O local a ser estudado é uma policlínica de caráter público, de grande porte

segundo Associação Brasileira de Hospitais, pois apresenta número superior a 150

leitos. Como característica do setor hospitalar público, apresenta algumas deficiências

nos setores de iluminação e condicionamento de ar que comprometem a eficiência

dos sistemas e geram gastos excessivos.

Apresenta o sistema de aquecimento de água para pacientes feito

exclusivamente por uso de energia elétrica, acrescentando assim um considerável

gasto energético.

No local de estudo, existe uma grande quantidade de equipamentos médico-

hospitalares que devem ser contabilizados, pois tem uma influência sobre o consumo

energético final da policlínica, sendo juntamente com o sistema de iluminação, ar

condicionado e aquecimento de água, para muitos desses estabelecimentos

hospitalares, as maiores cargas.

1.2 – Estrutura do Trabalho

O trabalho é dividido em sete capítulos. No primeiro capítulo é apresentada a

idéia da realização desse projeto, algumas características do setor energético frente ao

setor de serviço e aspectos gerais da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória.

No segundo capítulo são apresentados os sistemas que representam as maiores

cargas do hospital, sistemas de iluminação, condicionamento de ar, aquecimento de

água e equipamentos médico-hospitalares.

O terceiro capítulo mostra como é realizada a tarifação da energia elétrica,

apresentando diversos tipos de cobranças e para quais tipos de consumidores as

diferentes tarifas se aplicam.

No quarto capítulo são apresentadas as características levantadas da policlínica

referentes às cargas descritas nos capítulos anteriores.

O quinto capítulo engloba as propostas para as modificações do sistema de

iluminação e condicionamento de ar e o novo sistema para aquecimento de água, bem

4

como a proposta para a tarifação e serviços a serem contratados à distribuidora de

energia.

No sexto capítulo conclui-se o trabalho, mostrando quais as vantagens das

propostas apresentadas no capítulo anterior e como essa análise pode ser utilizada

para a realização de projetos futuros que visem a uma melhor utilização dos recursos

energéticos.

Por fim, são listadas as referências bibliográficas conforme as normas da ABNT

e os anexos contendo informações necessárias para a realização e análise desse

projeto.

1.3 – Objetivo do Trabalho

O trabalho em questão tem como objetivo buscar as melhores medidas de

eficientização energética que podem ser utilizadas no subsetor hospitalar, levando em

consideração as principais cargas presentes nesses estabelecimentos.

Objetiva-se atuar sobre os setores de iluminação, ar condicionado e

aquecimento de água para banho para que esses sistemas demandem e consumam

uma menor quantidade de energia elétrica.

Ao final do estudo pretende-se chegar a uma análise energética, que indicará

quais modificações podem ser feitas para uma melhor adequação do local de estudo,

tal com qual melhor tarifação a ser escolhida para o hospital.

1.4 – Metodologia

Primeiramente serão identificados os setores que apresentam maior

representatividade no consumo do setor energético hospitalar, para que assim

possamos investigá-los mais a fundo.

No passo seguinte será feito uma pesquisa sobre ações de eficientização

energética tal como as melhores medidas a serem aplicadas nos setores que

apresentam as maiores parcelas de consumo energético hospitalar.

5

Após a pesquisa, será feito um levantamento do local de estudo, quantificando

o consumo energético das suas principais atividades e aplicando os métodos

pesquisados anteriormente a cada um desses setores.

Após a aplicação dos métodos será feita uma análise dos principais resultados

adquiridos com as medidas de eficientização e serão propostas modificações no setor

energético do hospital em questão para que haja uma maior eficiência de seus

recursos, reduzindo custo com energia elétrica e demandando menos do sistema

energético. Dentro das propostas também será analisada a melhor tarifação a ser

utilizada.

1.5 – Relevância

A Avaliação Energética da Policlínica Nossa Senhora da Gloria tem como intuito

demonstrar que por muitas vezes pode-se melhorar muito a eficiência do setor

energético hospitalar, diminuindo o custo financeiro com energia elétrica e os esforços

requeridos pelo sistema.

6

Capítulo 2 – Principais Cargas

Nesse capítulo serão introduzidas as principais cargas hospitalares, aquelas que

apresentam maiores contribuições para o consumo energético e que serão estudadas

nesse trabalho.

2.1 – Sistema de Iluminação

A iluminação adequada de um ambiente é muito importante, ela deve ser

definida para cada realização de atividades, podendo ser encontrada na norma

NBR5413, não deve ser exagerada para que não haja um esforço visual grande por

parte das pessoas no local.

O sistema de iluminação é de grande importância para o setor de saúde, sendo

responsável por cerca de 23 por cento da carga de um hospital [2], podendo variar de

acordo com o porte e finalidade do hospital. Quanto menos equipado for o

estabelecimento maior será a o percentual de contribuição de carga do sistema de

iluminação.

Para um projeto de iluminação devem ser consideradas algumas opções

preliminares, escolhendo-se entre iluminação incandescente, mista ou fluorescente e

se a iluminação será direta, indireta, semi-direta, semi-concentrante direta. Estas

opções envolvem aspectos da decoração do ambiente e principalmente o

conhecimento da destinação do local e as atividades a serem desenvolvidas no local

[3].

No ambiente hospitalar a iluminação indireta é recorrentemente utilizada nos

quartos de pacientes, pois o acamado tem como visão o teto e a luz direta é fonte de

desconforto, ocasionando ofuscamento. Já a iluminação direta esta presente nos locais

de trabalho, onde se necessita de uma maior quantidade de iluminância para a

realização das tarefas.

7

2.1.1 Tipos de Lâmpadas

São elementos que transformam energia elétrica em energia luminosa e

energia térmica. Existem diversos tipos de lâmpadas, cada um com suas características

distintas, e são utilizadas com diferentes propósitos.

Os principais tipos de lâmpadas utilizadas são:

Lâmpadas incandescentes, nas quais a emissão de luz é produzida por

elemento aquecido até a incandescência, pela passagem de corrente

elétrica [2].

Lâmpadas de descarga, a energia é emitida sob forma de radiação, que

provoca uma excitação de gases ou vapores metálicos, devido à tensão

elétrica entre eletrodos especiais. Estão englobadas nessa categoria as

lâmpadas fluorescentes, luz mista, a vapor de mercúrio, a vapor de

sódio e multivapores metálicos [2].

Lâmpadas tipo LEDs (light emitting diodes - diodos emissores de luz),

que funcionam por luminescência [4].

Lâmpadas de tipos distintos costumam ter diferentes eficiências em lúmens por

watt, observa-se por meio da figura abaixo, que entre os principais tipos de tecnologia

a lâmpada LED é a que atingem melhor eficiência, enquanto a incandescente tem a

menor eficiência entre todas.

Figura 3 - Eficiência de diferentes tipos de lâmpadas [5]

8

2.1.2 Características das Lâmpadas

Algumas das principais características das lâmpadas são:

Temperatura de cor indica a cor aparente da luz emitida. Vem

quantificada em graus Kelvin; ao aumentar a temperatura de cor, a cor

da luz emitida passa de uma tonalidade quente a uma tonalidade mais

fria, isso é, do avermelhado para o azul [6].

Restituição de cores indica a capacidade de uma fonte luminosa restituir

fielmente as cores de um objeto ou de uma superfície iluminada. É

expressa por um índice chamado de “índice de restituição cromática”

(IRC). Este índice vem expresso por um número compreendido entre 0 e

100. A máxima fidelidade de restituição de cores do objeto iluminado é

por definição indicada por 100 [6].

Duração de vida média indica o número de horas após as quais

cinquenta por cento de um lote significativo de lâmpadas acesas deixa

de emitir fluxo luminoso. A duração de vida média varia entre as mil

horas, nas lâmpadas de incandescência ate as cinquenta mil horas, no

caso de lâmpadas de LED [6].

Fluxo luminoso é a radiação total emitida em todas as direções por uma

fonte de luminosa [7]. A unidade de medida do fluxo luminoso é o

lúmen, representado pelo símbolo Ø [8].

2.1.3 Luminárias

As luminárias têm um papel extremamente importante num sistema de

iluminação, comportam as lâmpadas de maneira que devam manter uma boa conexão

mecânica e elétrica entre as lâmpadas e os equipamentos auxiliares. Além de

proporcionar proteção, as luminárias atuam sobre o conforto visual , auxiliando na

orientação do facho luminoso, difundindo a luz, reduzindo a brilhança e o

ofuscamento.

Na escolha da luminária, além dos objetivos de iluminação, devem-se atender

fatores de ordem econômica, durabilidade e facilidade de manutenção [3].

9

Numa primeira análise, pode-se citar como características gerais para a utilização

das luminárias os seguintes aspectos:

Em ambientes muito grandes a reflexão nas paredes pode ser considerada

desprezível.

As luminárias com refletor de alumínio sem aletas representam a melhor

solução para redução de carga instalada, seguida pela luminária com refletor

de alumínio com aletas brancas.

Luminárias com difusor são as que exigem a maior carga instalada

2.1.4 Escolha Adequada do Nível de Iluminância

Cada ambiente tem sua peculiaridade de técnica, alguns ambientes são

utilizados para atividades que demandam muita precisão, necessitando um nível de

iluminância alto, enquanto outros ambientes somente necessitam de iluminação

suficiente para orientação básica das pessoas no local. Sendo assim a NBR-5413

classifica os ambientes e fornece o valor de nível de iluminância que deve ser escolhido

para a realização do projeto em cada circunstância.

No caso de ambientes hospitalares os ambientes gerais devem ter uma

iluminância de cerca de 200 lux, enquanto áreas de trabalho devam ser mais

iluminadas atingindo cerca de 500 lux. Alguns valores de iluminância em ambiente

hospitalar podem ser vistos na tabela 18, em anexo.

O nível de iluminância adequado é alcançado utilizando-se uma boa

composição de lâmpadas, escolhendo seus tipos e potências, juntamente com escolha

de luminárias com bons fatores de utilização.

2.2 – Sistema de Condicionamento de Ar

O sistema de condicionamento de ar é responsável pela climatização,

refrigeração e ventilação dos ambientes.

A climatização trata o ar, ajustando sua temperatura em valores geralmente de

20 °C a 22 °C no inverno e 23 °C a 25 °C no verão. Pode controlar além da temperatura

do ar no recinto, a pureza do ar e sua umidade relativa.

10

A climatização pode ser utilizada como finalidade de conforto ambiental (como

no uso residencial, em escritórios, comercio, etc.) ou Industrial, para controlar

variáveis de processo.

A refrigeração é o processo no qual se utiliza o ar como fluido para controle da

temperatura. O ar é resfriado a temperaturas próximas a 0 °C, podendo chegar a

temperaturas abaixo de -10 °C. Como aplicações típicas, o uso de câmaras ou balcões

frigoríficos.

Na ventilação o ar é introduzido num ambiente para controlar a sua

temperatura, limitando sempre em relação à temperatura do ar exterior, removendo a

energia térmica gerada no seu interior por pessoas, equipamentos, e etc. Neste caso,

não há como controlar a temperatura a um valor fixo. A ventilação é também usada

para remover poluentes e odores [11].

2.2.1 Importância dos Sistemas de Ar Condicionado em Hospitais

Condicionamento de ar em hospitais vai muito além do fato de proporcionar

conforto aos pacientes. A presença de um sistema de climatização deve ser capaz de

garantir a melhora na qualidade do ar e contribuir no tratamento das pessoas. Ao

mesmo tempo em que se mantém uma temperatura favorável, os aparelhos precisam

combater doenças de transmissão aérea, de modo que diminua o risco de infecções no

local.

A qualidade do ar de um hospital está relacionada ao seu sistema de filtragem.

Locais de tratamento a doenças podem facilmente se tornar a fonte de contaminação,

caso não possuam um sistema adequado e bem monitorado.

Por isso, quanto mais bem equipado o local, maiores são as chances de circular

um ar puro, com uma quantidade mínima de bactérias, impedindo que pacientes

debilitados sejam infectados por alguma doença originada durante a estadia no

hospital [12].

11

2.2.2 Impacto do Sistema de Ar Condicionado em Hospitais

O sistema de climatização é um dos maiores consumidores de energia elétrica

em um hospital, sua participação é cerca de 44 por cento, podendo variar de acordo

com o porte do hospital, sendo essa porcentagem característica de hospitais de maior

porte [4].

Em geral, instalações de ate 100 Toneladas de Refrigeração estão presentes em

instalações de pequeno porte e utilizam condicionadores unitários do tipo janela e/ou

condicionadores do tipo “Split”. Instalações de maior porte utilizam sistemas mais

complexos, constituídos de condicionadores tipo “self contained” (auto portante),

redes de dutos para distribuição do ar, torre de resfriamento, bomba de agua de

condensação e respectivas tubulações [4].

Nesse projeto iremos analisar um hospital de grande porte, porém iremos focar

na análise dos ar condicionados do tipo janela e split que pertencem ao

estabelecimento, analisando seu rendimento que geralmente é aquém do desejado. A

eficiência dos sistemas de condicionamento central não será avaliada.

2.2.3 Tipos de Sistemas de ar condicionado

Os sistemas de condicionamento de ar podem ser classificados quanto aos

fluidos utilizados para a remoção da carga térmica e arranjo dos equipamentos.

2.2.3.1 Sistemas de Expansão Direta

Um sistema é dito de Expansão Direta, quando o ar é diretamente resfriado pelo

fluído refrigerante. Geralmente são aplicados em instalações de pequenas e médias

capacidades, onde são usados aparelhos dos seguintes tipos:

Janela: Dotados de compressor, condensador resfriado a ar, dispositivo de

expansão, serpentina de resfriamento e desumidificação, do tipo expansão

direta, filtros e ventiladores para circulação do ar condicionado e para

resfriamento do condensador. Normalmente o aquecimento é feito por meio

de uma bateria de resistências elétricas, embora possam existir aparelhos de

janela que operam como bomba de calor, através da inversão do ciclo

12

frigorífico. Estes equipamentos são compactos e não requerem instalação

especial, são de fácil manutenção, não ocupam espaço interno (útil) e são

relativamente baratos. Suas desvantagens são: sua pequena capacidade, maior

nível de ruído, não são flexíveis, são menos eficientes, promovem a distribuição

de ar a partir de ponto único e provocam alterações na fachada da edificação.

Splits: São equipamentos que, pela capacidade e características, são um pouco

menos recorrentes que os condicionadores de janela. Estes aparelhos são

constituídos em duas unidades divididas (evaporadora e condensadora), que

devem ser interligadas por tubulações de cobre, através das quais circulará o

fluido refrigerante. São compactos e de fácil manutenção, podem promover a

distribuição do ar através de dutos ou não e também podem operar como

bomba de calor (ciclo reverso). No entanto, sua instalação requer

procedimentos de vácuo e carga em campo, não operam com renovação de ar

(exceto alguns equipamentos mais modernos) e possuem custo inicial superior

aos condicionadores de ar de janela.

Self Contained: São condicionadores de ar compactos ou divididos que

encerram em seus gabinetes todos os componentes necessários para efetuar o

tratamento do ar, tais como: filtragem, resfriamento e desumidificação,

umidificação, aquecimento e movimentação do ar. Nestes equipamentos

também se pode conectar uma rede de dutos de distribuição de ar a baixa

velocidade. Podem ser encontrados com capacidades variando entre 5 a 30 TR,

sendo TR equivalente a 12.000 BTU/h. São equipamentos simples, de fácil

instalação, com baixo custo específico (R$/TR), a sua fabricação seriada leva a

aprimoramentos técnicos constantes e resultam em grande versatilidade para

projetos (zoneamentos, variações de demanda), etc. As desvantagens destes

equipamentos é que nao são produzidos para operar como bomba de calor,

possuem capacidade limitada, e o fato dos equipamentos divididos requererem

procedimentos habituais de vácuo e carga de gás em campo [13].

13

2.2.3.2- Sistemas de Expansão Indireta

Um sistema é dito de Expansão Indireta, quando o fluido usado como

refrigerante do ar é a água. Essa, por sua vez, é resfriada num circuito de compressão,

por um “chiller”.

2.2.3.2.1 Tudo Água

É assim dito, quando a água é distribuída para os recintos, onde passa nos

condicionadores de ar. Estes são chamados de “Fancoil”. Os equipamentos são

alimentados por água fria durante a época de verão e por água quente durante o

inverno. A comutação verão/inverno é efetuada a encargo da instalação e pode ser

realizada manual ou automaticamente, desde a central frigorífica.

São aplicados a prédios de salas onde custo de dutos se torna proibitivo,

geralmente estão presente em hotéis, hospitais, escritórios e prédios profissionais

[11].

2.2.3.2.2 Ar-Água

Nestes equipamentos, o ar primário é descarregado através de bocais,

induzindo o escoamento do ar do ambiente através das serpentinas de aquecimento

ou resfriamento [14].

2.2.3.2.3 Tudo Ar

É assim dito, quando o ar é distribuído diretamente para os recintos. Dentre

outros estão os sistemas

2.2.3.2.3.1 Sistemas Multizona

Aplicado a locais com espaços com múltiplas condições de operação e função,

requerendo grandes flexibilidades de temperatura e umidade. Geralmente são locais

como escolas, escritórios, prédios com fachadas múltiplas e diferentes características

de cargas internas [11].

2.2.3.2.3.2 Sistemas VAV

É um sistema aplicado a locais com carga interna variável, que requeiram

controle de temperatura fixo, tais como prédios de escritórios com diferentes fachadas

e horários de funcionamento flexíveis.

Estes sistemas abrigam, via de regra, além de caixas reguladoras de vazão,

chamadas caixas VAV, controles de frequência nos acionadores dos ventiladores.

14

Tem como principal vantagem o controle individual de temperatura, pelo

controle de vazão de ar em caixas VAV, para diferentes recintos. Podemos citar

também como uma de suas vantagens a redução na carga de refrigeração pela

redução nos volumes de ar resfriado [11].

2.2.4 Eficiência nos sistemas de ar condicionado

A análise de eficiência de sistemas de ar condicionado pode ser feita por

diferentes indicadores, que tentam medir o rendimento dos equipamentos.

Alguns dos mais importantes e recorrentes indicadores são:

2.2.4.1 Coeficiente de Performance (COP)

Este índice é importante para avaliar o rendimento de um equipamento de

refrigeração. Relaciona a capacidade de remoção de calor de um equipamento

(Energia útil) à Potência requerida pelo Compressor (Energia Consumida). Quanto

maior o C.O.P, melhor o rendimento do equipamento. A figura 4 mostra um ciclo de

refrigeração no qual estão presentes mudanças de pressão através dos processos de

compressão e expansão, ocorre também mudança de entalpia.

Figura 4 – Diagrama pressão x entalpia (Pxh)

O índice e dado pela expressão abaixo:

15

2.2.4.2 Energy Efficiency Rate (EER)

É um indicador, que visa avaliar a eficiência do sistema, relacionando o Efeito

Frigorífico produzido e o trabalho de compressão (w) dispendido.

Em que:

C- Capacidade de refrigeração do aparelho (Btu/h);

- Demanda média do aparelho (W).

2.2.4.3 Eficiência em kW/TR

Uma forma bastante usual de indicar eficiência de um equipamento é em kW/TR.

Neste caso, estaríamos relacionando o Trabalho de Compressão com o Efeito

Frigorifico.

2.3 – Equipamentos Médico-Hospitalares

Nas ultimas décadas o número de equipamentos médico-hospitalares

dependentes de energia elétrica cresceram em larga escala dentro da maioria dos

hospitais, há diversos equipamentos que demandam considerável potência elétrica e

são fundamentais para manter um bom serviço de atendimento em todas as esferas

do serviço hospitalar.

Esse capítulo destina-se a classificar alguns dos principais equipamentos

presentes em relação a sua utilização e descrever características de consumo

energético, como avaliar o seu impacto frente ao total de consumo de um hospital.

2.3.1 – Classificação dos Equipamentos

Os equipamentos podem ser divididos em quatro grandes grupos, segundo a sua

função hospitalar

16

2.3.1.1 Equipamentos de Cirurgia É todo equipamento, aparelho ou instrumento de uso médico, destinado a fornecer

suporte a procedimentos cirúrgicos [15].

Os principais equipamentos dessa classificação que demandam energia elétrica são:

Aspirador cirúrgico, bisturi eletrônico, craniótomo, drill, eletrocautério

microprocessado, mesa cirúrgica multifuncional ortopédica elétrica.

2.3.1.2 Equipamento de Terapia É todo o equipamento, aparelho ou instrumento de uso médico ou odontológico,

destinados a tratamento de patologias, incluindo a substituição ou modificação da

anatomia ou processo fisiológico do organismo humano [15].

Os principais equipamentos dessa classificação que demandam energia elétrica são:

Berço aquecido, cardioversor básico, desfibrilador cardíaco, incubadora de transporte,

radiômetro para fototerapia, ventilador pulmonar, ventilador pulmonar de transporte.

Podemos destacar nessa lista, o berço aquecido e o ventilador pulmonar por serem

equipamentos que tendem a funcionar por maior tempo.

2.3.1.3 Equipamento de Diagnóstico É todo equipamento, aparelho ou instrumento de uso médico, odontológico ou

laboratorial, destinado a detecção de informações do organismo humano para auxílio

a procedimento clínico [15].

Os principais equipamentos dessa classificação que demandam energia elétrica são:

Tomográfica computadorizada, ressonância magnética, detector ultrassônico de

batimento cardíaco fetal, eletrocardiógrafo com display, eletroencefalógrafo, laser

odontólogico (780nm), monitor multiparamétrico, processadora de filmes radiológicos

– mamografia, conjunto radiológico fixo 500/650ma, videolaringoscopia.

17

2.3.1.4 Equipamentos de Apoio É todo o equipamento, aparelho ou instrumento de uso médico, odontológico ou

laboratorial, destinado a fornecer suporte a procedimentos diagnósticos, terapêuticos

ou cirúrgicos [15].

Os principais equipamentos dessa classificação que demandam energia elétrica são:

Analisador de desfibrilador, balança eletrônica digital, balança eletrônica digital

antropométrica, centrífuga de bancada microprocessada, citocentrífuga

microprocessada, coagulômetro automático, estufa eletrônica microprocessada,

guincho elétrico para transferência de pacientes com balança, micrótomo rotativo

manual, negatoscópio de sobrepor 5+5 corpos.

2.4 – Sistema de Aquecimento de Água

O sistema de aquecimento de água para pacientes em hospitais utilizando

exclusivamente energia elétrica apresenta um consumo bastante elevado e

consequentemente acarreta alto custo.

Os hospitais que apresentam maiores quantidades de leitos são claramente os

que possuem maiores gastos energéticos com esse recurso, haja vista que

possuem maiores quantidades de pacientes, necessitando assim aquecer uma

maior quantidade de água.

O consumo com esse sistema apresenta-se estável durante todo o período do

ano, não sendo influenciado pelas mudanças climáticas, mas sim pela quantidade

de atendimentos hospitalares.

O aquecimento solar de água é uma alternativa econômica e viável de suprir

água quente de banho, substituindo em parte o sistema que utilizam energia

elétrica.

18

Um projeto bem dimensionado pode gerar uma economia de energia superior

a 70%, em relação a sistemas convencionais, podendo se pagar em período inferior

a dois anos.

19

Capítulo 3 - Tarifação

3.1 – Introdução

O entendimento de como é cobrada a utilização da energia elétrica e como são

calculados os valores apresentados nas contas de luz é fundamental para a tomada de

decisão em relação a projetos de eficiência energética.

A conta de luz reflete o modo como a energia elétrica é utilizada, sua análise

adequada permite estabelecer relações importantes entre hábitos e consumo.

Dadas as alternativas de enquadramento tarifário disponíveis para alguns

consumidores, o conhecimento da formação da conta e dos hábitos de consumo

permite a escolha da forma de tarifação mais adequada e que resulta em menor

despesa com a energia elétrica.

3.2 – Conceitos

Demanda: Média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema

elétrico pela parcela da potência instalada em operação na unidade consumidora,

durante um intervalo de tempo [16].

Horário de ponta: Período de 3 (três) horas consecutivas exceto sábados,domingos e

feriados nacionais, definido pela concessionária em função das características de seu

sistema elétrico. Em algumas modalidades tarifárias, nesse horário a demanda e o

consumo de energia elétrica têm preços mais elevados [17].

Período seco e Período úmido: Para efeito de tarifação, o ano é dividido em dois

períodos, um período seco que compreende os meses de maio a novembro (7 meses)

e um período úmido, que compreende os meses de dezembro a abril (5 meses). Em

algumas modalidades tarifárias, no período seco o consumo tem preços mais elevados

[17].

20

3.3 – Classificação dos Consumidores

Os consumidores são classificados pelo nível de tensão em que são atendidos.

Os consumidores atendidos em baixa tensão, em geral em 127 ou 220 volts, como

residências, lojas, agências bancárias, pequenas oficinas, edifícios residenciais e boa

parte dos edifícios comerciais, são classificados no Grupo B. O Grupo B é dividido em

sub-grupos, de acordo com a atividade do consumidor. Os consumidores residenciais,

por exemplo, são classificados como B1, os rurais como B2.

Os consumidores atendidos em alta tensão, acima de 2300 volts, como

indústrias, shopping centers e alguns edifícios comerciais, são classificados no Grupo A.

Esse grupo é subdividido de acordo com a tensão de atendimento, como mostrado na

tabela 1.

Tabela 1 – Divisão de Subgrupos em relação à tensão de fornecimento [23]

Subgrupos

Tensão de Fornecimento

A1 ≥230 kV

A2 88 kV a 138 kV

A3 69 kV

A3a 30 kV a 44 kV

A4 2,3 kV a 25 kV

AS Subterrânea

3.4 – Modalidades Tarifárias

Os consumidores do Grupo B (baixa tensão) tem tarifa monômia, isto é, são

cobrados apenas pela energia que consomem. Os consumidores do Grupo A tem tarifa

binômia, isto é, são cobrados tanto pela demanda quanto pela energia que

consomem.

Esses consumidores podem enquadrar-se em uma de três alternativas

tarifárias:

21

Tarifação convencional

Tarifação horo-sazonal verde

Tarifação horo-sazonal azul

3.4.1 Tarifação Convencional

O enquadramento na tarifa Convencional exige um contrato específico com a

concessionária no qual se pactua um único valor da demanda pretendida pelo

consumidor (Demanda Contratada), independentemente da hora do dia (ponta ou fora

de ponta) ou período do ano (seco ou úmido).

Os consumidores do Grupo A, sub-grupos A3a, A4 ou AS, podem ser

enquadrados na Tarifação Convencional quando a demanda contratada for inferior a

300 kW, desde que não tenham ocorrido, nos 11 meses anteriores, 3 (três) registros

consecutivos ou 6 (seis) registros alternados de demanda superior a 300 kW.

A conta de energia elétrica desses consumidores é composta da soma de

parcelas referentes ao consumo, demanda e ultrapassagem.

A parcela relativa ao consumo é calculada de acordo com a expressão:

A parcela de demanda é calculada multiplicando-se a Tarifa de Demanda pela

Demanda Contratada ou pela demanda medida (a maior delas), caso esta não

ultrapasse em 10% a Demanda Contratada:

A parcela de ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida

ultrapassa em mais de 10% a Demanda Contratada. É calculada multiplicando-se a

Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da demanda medida que supera a Demanda

Contratada:

Na tarifação Convencional, a Tarifa de Ultrapassagem corresponde a três vezes

a Tarifa de Demanda.

22

3.4.2 Tarifação horo-sazonal Verde

Essa modalidade tarifaria exige um contrato específico com a concessionária no

qual se pactua a demanda pretendida pelo consumidor (Demanda Contratada),

independentemente da hora do dia (ponta ou fora de ponta). Embora não seja

explícita, a Resolução 456 permite que sejam contratados dois valores diferentes de

demanda, um para o período seco e outro para o período úmido.

A cobrança de energia elétrica desses consumidores é composta da soma de

parcelas referentes ao consumo, demanda e ultrapassagem.

No período de maio a novembro as tarifas de consumo na ponta e fora de

ponta são mais caras que no restante do ano, pois é quando ocorre o período seco.

A parcela de demanda é calculada multiplicando-se a Tarifa de Demanda pela

Demanda Contratada ou pela demanda medida, caso esta não ultrapasse em mais de

10% a Demanda Contratada:

A tarifa de demanda é única, independentemente do período do ano.

A parcela de ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida

ultrapassa em mais de 10% a Demanda Contratada. É calculada multiplicando-se a

Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da demanda medida que supera a Demanda

Contratada:

3.4.3 Tarifação horo-sazonal Azul

23

O enquadramento dos consumidores do Grupo A na tarifação horo-sazonal azul

é obrigatório para os consumidores dos subgrupos A1, A2 ou A3.

Essa modalidade tarifária exige um contrato específico com a concessionária no

qual se pactua tanto o valor da demanda pretendida pelo consumidor no horário de

ponta, quanto o valor pretendido nas horas fora de ponta. Embora não seja explícita, a

Resolução 456 permite que sejam contratados valores diferentes para o período seco e

para o período úmido.

A conta de energia elétrica desses consumidores e composta da soma das

parcelas referentes ao consumo, demanda e ultrapassagem. Em todas as parcelas

observasse a diferenciação entre horas de ponta e horas fora de ponta.

As tarifas de consumo na ponta e fora de ponta são diferencias por período do

ano, sendo mais cara no período seco.

A parcela de demanda é calculada somando-se o produto da Tarifa de

Demanda na ponta pela Demanda Contratada na ponta (ou pela demanda medida na

ponta, de acordo com as tolerâncias de ultrapassagem) ao produto da Tarifa de

Demanda fora da ponta pela Demanda Contratada fora de ponta (ou pela demanda

medida fora de ponta, de acordo com as tolerâncias de ultrapassagem):

As tarifas de demanda não são diferentes por período do ano.

A parcela de ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida

ultrapassa a Demanda Contratada acima dos limites de tolerância. Esses limites são de

5% para os sub-grupos A1, A2 E A3 e de 10% para os demais sub-grupos.

É calculada multiplicando-se a Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da demanda

medida que supera a Demanda contratada:

24

Em que:

TUP – Tarifa de Ultrapassagem na Ponta

TUFP- Tarifa de Ultrapassagem fora de Ponta

DMP – Demanda Medida na Ponta

DMFP – Demanda Medida fora de Ponta

DCP – Demanda Contratada na Ponta

DCFP – Demanda Contratada fora de Ponta

As tarifas de ultrapassagem são diferentes por horário, sendo mais caras nas horas de

ponta.

3.5 – Tarifas para Energia Reativa

Essa forma de energia não realiza trabalho útil, mas o excesso de potência

reativa compromete a componente ativa, que produz trabalho. Nesse caso, é possível

um melhor aproveitamento do sistema reduzindo a componente da potência reativa,

possibilitando assim um aumento da potência ativa sem a ampliação da capacidade

instalada de geração. A energia reativa tem como unidades de medidas usuais o VAR

ou kVAR.

Até certo limite, as concessionárias não são autorizadas a cobrar por essa forma

de energia e não cobram dos consumidores pertencentes ao Grupo B, mesmo quando

esse limite é excedido, porém a cobrança ocorre para os consumidores do Grupo A.

O limite de potência reativa é indicado de forma indireta, através de um

parâmetro denominado fator de potência, que reflete a relação entre as energias

ativas e reativas consumidas. Quanto maior for o fator de potência maior é a parte da

energia que está sendo utilizada pela componente ativa, que realiza trabalho. De

acordo com a Resolução 456, as instalações elétricas não devem possuir fator de

potência menor que 0,92.

25

Pela energia reativa, os consumidores do Grupo A são cobrados da mesma

forma que pela energia ativa, apenas muda a medição e o nome.

Os consumidores do Grupo A, tarifa Convencional, pagam tanto o consumo de

energia reativa (UFER) quanto à demanda reativa (UFDR):

e:

Em que :

FER – Faturamento de Energia Reativa

FDR – Faturamento de Demanda Reativa

Os consumidores do Grupo A, tarifa Verde, pagam o consumo de energia

reativa (UFER) na ponta e fora de ponta e a demanda reativa (UFDR):

26

Capítulo 4 – Avaliação Energética

4.1 – Introdução

Nesse capítulo será mostrada a situação atual de cada um dos aspectos

energéticos mais importantes para a Policlínica, dentre eles o sistema de

iluminação, condicionamento de ar, aquecimento de água e equipamentos médico-

hospitalares.

Deve-se retratar o mais fielmente possível esses aspectos, a fim de observar

quais características necessitarão de modificações para uma melhor eficiência

energética.

4.2 – Sistema de Iluminação

Para uma boa análise do sistema de iluminação é interessante que se

observe tanto os equipamentos elétricos que compõem o atual sistema, tal como

algumas características físicas do ambiente.

No caso dos hospitais tem-se uma vantagem frente à iluminação,

geralmente apresentam um alto fator de reflexão, que pode ser descrito como a

quantidade de fluxo luminoso incidente em uma superfície e o fluxo refletido por esta

mesma superfície, graças às cores claras que apresentam os tetos, chãos e paredes dos

hospitais.

Um alto valor de fator de reflexão auxilia a atingir um bom fator de utilização

razão entre o fluxo utilizado e o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas, podendo

assim exigir um menor fluxo luminoso emito pela lâmpada para gerar uma iluminância,

podendo a lâmpada ter uma potência mais baixa.

As luminárias presentes na policlínica são do tipo comercial simples,

comportam duas ou quatro lâmpadas e carecem de manutenção tal como limpeza. A

falta de manutenção influencia diretamente no fator de depreciação ( ) que vem a

ser uma relação entre o fluxo luminoso produzido por uma luminária no fim do

27

período de manutenção (tempo decorrido entre duas limpezas consecutivas de uma

luminária) e o fluxo emitido pela mesma luminária no inicio de seu funcionamento.

Os índices descritos nos parágrafos anteriores influenciam da seguinte forma

no fluxo luminoso:

Em que:

E – Iluminância média requerida (lux);

S – Área a ser iluminada ( );

– Fator de Utilização da luminária;

– Fator de Depreciação;

O sistema de iluminação é composto na sua totalidade por lâmpadas

fluorescentes tubulares comuns, com potência variando de 16, 20, 32 e 40 watts

com o intuito de emanar um fluxo luminoso capaz de gerar a iluminância adequada

para cada ambiente.

Os reatores presentes no sistema de iluminação são do tipo eletromagnético,

apresentando assim uma perda considerável, que deve ser computada. As perdas

existentes nos reatores eletromagnéticos ocorrem devido aos efeitos Joule,

Histerese e Foucalt, são da ordem de 10 à 15% da carga [7] .

A quantidade de lâmpadas que fazem parte do sistema de iluminação é

mostrada na tabela 2.

28

Tabela 2 – Quantidade de lâmpadas por potência

1 º Pavimento

Modelos de

Lâmpadas

16 W 20 W 32 W 40 W

Quantidade de

Lâmpadas

62 100 150 80

2 º Pavimento

Modelos de

Lâmpadas

16 W 20 W 32 W 40 W

Quantidade de

Lâmpadas

58 104 146 82

Total 120 204 296 162

A potência instalada referente ao sistema de iluminação não considerando a

iluminação especifica de cada um dos equipamentos médicos- hospitalares pode

ser calculada através dos dados da tabela 3.

Na qual refere-se a potência instalada das lâmpadas.

Considerando as cargas dos reatores eletromagnéticos como um acréscimo de

15% na potência instalada, podemos chegar ao valor final de potência instalada de

iluminação:

Na qual refere-se a potência instalada final de iluminação, considerando os

reatores.

29

Considerando-se a utilização do sistema de iluminação de 20 horas diárias em

todos os dias do mês, pode-se calcular o consumo mensal de energia advindo

desse sistema.

4.3 – Sistema de Ar Condicionado

O Sistema de ar condicionado atual é constituído pelos seguintes modelos de ar

condicionado: Ar condicionado tipo janela e ar condicionado tipo SPLIT.

Pode-se notar que alguns dos equipamentos não possuem boa eficiência,

sendo avaliados pelo PROCEL com etiquetas B,C e E.

O número de equipamentos, sua classificação, potência em btu/h e consumo

são mostrados na tabela 3.

Tabela 3 – Quantidade de aparelhos por rendimento e potência

Quantidade Tipo BTU/h Classificação

PROCEL

Potencia

nominal

220 V

Consumo de

Energia

(kWh/mês)

3 Split 12.000 A 1069 22,6

5 Janela 12.000 B 1230 25,8

3 Janela 12.000 C 1325 27,8

6 Janela 18.000 A 1815 38,1

6 Janela 18.000 C 2000 42,0

3 Split 18.000 C 1766 37,1

5 Janela 21.000 B 2352 49,9

6 Split 21.000 E 2221 46,6

30

14 Janela 21.000 C 2510 52,7

10 Janela 24.000 A 2180 45,8

17 Janela 24.000 B 2649 55,6

10 Janela 30.000 A 3040 63,8

12 Janela 30.000 C 3530 74,08

A potência instalada de ar condicionado pode ser calculada através da tabela 4,

através da soma das potências de cada um dos equipamentos descritos.

PIA = 241,339 kW

Considerando-se a utilização do sistema de ar condicionado como 20 horas

diárias em todos os dias do mês, pode-se calcular o consumo mensal de energia

advindo desse sistema.

Observou-se que havia alguns aparelhos com obstrução na saída de ar, tal

como cortinas e pequenas mesas, podendo provocar desperdício de até 10% do

consumo pela regulação de temperatura acima do necessário.

4.4 – Sistema de Aquecimento de Água

4.4.1 – Introdução

A fonte de energia solar pode ser usada como alternativa energética para o

aquecimento de água em hospitais, pois esses apresentam elevado consumo de

energia elétrica e conseqüentemente acarretam alto custo.

Segundo a federação brasileira dos hospitais, no Brasil há 7.540 hospitais que

juntos dispõem de 503.255 leitos, nos quais a existência de aquecimento solar é

inferior a 1%, segundo a ABRAVA.

31

O aquecimento de água é uma alternativa econômica e viável de suprir água

quente de banho, substituindo em parte o sistema que utilizam energia elétrica.

Um projeto bem dimensionado pode gerar uma economia de energia superior

a 70%, em relação a sistemas convencionais, podendo se pagar em período inferior

a dois anos.

São praticamente inexistentes os incentivos diretos a utilização de

aquecimento solar em hospitais. As iniciativas mais expressivas são resultado de

programas implementados pelas concessionárias de energia elétrica com recursos

próprios, por meio de programas de eficiência energética.

4.4.2 – Análise do Sistema Atual

O sistema atual de aquecimento de água utilizado na policlínica é

exclusivamente por energia elétrica, sendo esse um dos grandes consumos de

energia do local.

O local apresenta 240 leitos, o que caracteriza como um hospital de grande

porte segundo a ABH (Associação Brasileira de Hospitais).

Considerando-se a Norma Brasileira de Instalação Predial de Água Quente,

temos definido o consumo de litros de água aquecida por dia relativa a cada leito,

125 litros/leito.dia .

Pode-se estimar a quantidade de calor necessária para aquecer a água do

hospital analisado através da expressão:

Em que:

Q – Quantidade de calor por unidade de tempo;

m – Fluxo de massa;

Cp – Calor específico da água;

Δt – Variação de temperatura;

32

Tabela 4 – Dados para o cálculo da energia para aquecer água.

Quantidade de Energia para Aquecer Água

m (litros/dia) 30.000

Cp (calor específico da água em calorias) 1.000

T1 (temperatura ambiente- °C) 20

T2 (temperatura água aquecida- °C) 50

Q (caloria/dia) 900.000.000

Q (MJ/dia) 3762

Através dos dados da tabela 4 pode-se calcular o consumo mensal da policlínica

em energia para aquecimento de água.

Na qual CAQ denota o consumo com aquecimento de água.

4.5 – Equipamentos Médico-hospitalares

A maior demanda e consumo energético hospitalar como dito nos capítulos

anteriores é composta pelos sistemas de iluminação, condicionamento de ar e

aquecimento de água, porém quanto mais bem equipado é o estabelecimento

maior a participação dos equipamentos no consumo e demanda.

Nessa seção serão contabilizados os equipamentos médicos-hospitalares presentes

na policlínica que apresentam a maior participação na demanda e no consumo

hospitalar.

33

Tabela 5 – Dados de equipamentos da UTI-Pediatria.

UTI-Pediatria

Equipamento Quantidade Potência (W) Tempo de

Utilização (h/dia)

Monitores 15 300 24

Respirador 15 400 24

Desfribilador 2 500 1

Bomba Infusora de Seringa 15 135 10

Bomba Infusora Volumetrica 15 270 10

Tabela 6 – Dados de equipamentos da UTI-Neonatal.

UTI-NEONATAL

Equipamento Quantidade Potência (W) Tempo de

Utilização (h/dia)

UCI Neonatal 10 1000 24

Monitores 10 300 24

Respirador (inter) 10 250 24

Fototerapia 10 450 6

Sistema Monitor de óxido

Nítrico

10 110 24

Bomba Infusora de Seringa 10 135 10

Bomba Infusora Volumétrica 10 270 10

34

Tabela 7 –Dados de equipamentos da UTI- Adulta.

UTI-Adulta

Equipamento Quantidade Potência (W) Tempo de

Utilização (h/dia)

Monitor cardíaco 10 300 24

Respirador 10 250 24

Bomba infusora de seringa 10 135 10

Bomba infusora de volumétrica 10 270 10

Tabela 8 – Dados de equipamentos da enfermaria.

Enfermaria

Equipamento Quantidade Potência (W) Tempo de

Utilização (h)

Aparelho de Raio X 1 15000 0

Bomba de Infusão 18 8 10

Incubadora 2 500 24

Berço Aquecido 2 780 24

Aparelho de fototerapia 2 80 6

35

Tabela 9 – Dados de equipamentos da sala de cirurgia.

Cirurgia

Equipamento Quantidade Potência (W) Tempo de

Utilização (h/dia)

Mesa cirúrgica elétrica 1 600 5

Aparelho de anestesia 1 100 5

Bisturi microprocessado 2 400 5

Foco cirúrgico de teto 1 550 5

Foco cirúrgico auxiliar 1 210 5

Microscópio Cirúrgico 1 200 5

Aparelho de Circulação extra-

corpórea

1 2000 5

Aquecedor elétrico para

soluções

1 2100 5

Negatoscópio de 02 corpos 2 180 5

Utilizando os dados das tabelas 7, 8, 9, 10 e 11, pode-se calcular o consumo

diário da clinica multiplicando-se a potencia do aparelho pela duração da sua

utilização. Para encontrar o consumo mensal, considera-se que a policlínica

funciona em condições iguais para os 30 dias mensais.

CE representa o consumo mensal referente aos equipamentos médicos-

hospitalares da policlínica.

36

Capítulo 5 – Alternativas para solução

5.1 – Alternativa para Iluminação

Para um melhor aproveitamento do sistema de iluminação são propostas

algumas modificações nos modelos de lâmpadas utilizadas pela policlínica, tal como a

mudança de suas luminárias que não apresentam bons índices de utilização.

É proposta a mudança das lâmpadas tubulares fluorescentes comuns para

lâmpadas tubulares florescentes LUMILUX , das luminárias simples para luminárias

com refletores em alumínio anodizado de alta refletância e de reatores

eletromagnéticos para reatores eletrônicos.

As tabelas 10 e 11 mostram o comparativo entre as lâmpadas utilizadas

atualmente na Policlínica e as lâmpadas propostas.

Tabela 10– Comparativo de Fluxo Luminoso entre Lâmpadas

Tecnologia Potência (W) Fluxo Luminoso

(Lm)

IRC

Fluorescente

Comum

16 860 80-89

Fluorescente

Comum

20 1060 70-79

Fluorescente

LUMILUX

14 1200 80-89

37

Tabela 11– Comparativo de Fluxo Luminoso entre Lâmpadas

Tecnologia Potência (W) Fluxo

Luminoso (Lm)

IRC

Fluorescente

Comum

32 2350 60-69

Fluorescente

LUMILUX

21 1900 80-89

Fluorescente

Comum

40 2500 70-79

Fluorescente

LUMILUX

28 2600 80-89

É observado que pode-se substituir as lâmpadas utilizadas atualmente de

potência 16 e 20 Watts por lâmpadas tubulares fluorescentes Lumilux de potência 14

Watts, as de potência de 32 Watts podem ser substituídas por lâmpadas tubulares

fluorescentes Lumilux de potência 21 Watts e as de potência de 40 Watts substituídas

por 28 Watts.

É importante notar que não haverá perdas de iluminância, pois apesar de

possuírem uma menor potência as lâmpadas propostas apresentam maior fluxo

luminoso e a mudança de luminárias simples por luminárias com refletores em

alumínio anodizado pode gerar um ganho de 10% de fluxo.

Fica proposta a configuração de lâmpadas da tabela 12 para a policlínica.

38

Tabela 12 – Quantidade proposta de lâmpadas por modelo de lâmpadas

1 º Pavimento

Modelos de

Lâmpadas

14 W 21 W 28W

Quantidade de

Lâmpadas

162 150 80

2º Pavimento

Modelos de

Lâmpadas

14 W 21 W 28 W

Quantidade de

Lâmpadas

162 146 82

Total 324 296 162

A nova potência instalada referente ao sistema de iluminação não

considerando a iluminação especifica de cada um dos equipamentos médicos-

hospitalares pode ser calculada por meio dos dados da tabela 12.

Para ser considerado o acréscimo de carga advindo dos reatores eletrônicos

foram observadas informações de fornecedores na qual é citada a potência total

do conjunto lâmpadas com reatores, a informação pode ser observada na tabela

13.

Tabela 13 – Potência de cada conjunto de lâmpadas e reator.

Conjunto Potência do Conjunto (W)

2x14 30

2x21 46

2x28 62

39

A nova potência instalada de iluminação não considerando a iluminação

específica de cada um dos equipamentos médicos- hospitalares pode ser calculada

através dos dados da tabela 13.

Na qual PI’ é a potência instalada do sistema de iluminação considerando a

carga dos reatores eletrônicos.

Considerando-se a utilização do sistema de iluminação de 20 horas diárias em

todos os dias do mês, podemos calcular o novo consumo mensal de energia

advindo do sistema proposto.

5.1.1 – Avaliação da Alternativa para Iluminação

Fazendo um comparativo com o sistema de iluminação anterior podemos notar

que houve uma significativa redução da demanda e do consumo, sem que prejudicasse

os níveis iluminância local.

Pode-se calcular a redução energética no sistema de iluminação de acordo com

a equação:

40

5.2 – Alternativa para Ar Condicionado

O sistema atual apresenta equipamentos que não possuem uma boa eficiência,

sendo assim uma alternativa é a troca por aparelhos que possuam uma melhor

classificação PROCEL, o que significa um menor gasto energético para a retirada do

calor.

A alternativa encontrada está descrita na tabela abaixo, mostrando as

características e quantidade dos aparelhos.

Tabela 14 – Quantidade proposta de aparelhos por rendimento e potência.

Quantidade Tipo BTU/h Classificação

PROCEL

Potencia

nominal

220 V

Consumo de

Energia

(kWh/mês)

3 Split 12.000 A 1069 22,6

8 Janela 12.000 A 1125 23,6

12 Janela 18.000 A 1815 38,1

3 Split 18.000 A 1620 34,0

19 Janela 21.000 A 2144 45,0

6 Split 21.000 A 1824 38,26

27 Janela 24.000 A 2180 45,8

22 Janela 30.000 A 3040 63,8

A nova potência instalada de ar condicionado pode ser calculada através da

tabela 14, a partir da soma das potências de cada um dos equipamentos descritos.

41

Considerando a utilização do sistema de ar condicionado de 20 horas diárias em

todos os do mês, pode-se calcular o consumo mensal de energia advindo desse

sistema.

5.2.1 – Avaliação da Alternativa para Ar Condicionado

Fazendo um comparativo com o sistema de condicionamento anterior pode-se

notar que houve uma pequena redução da demanda e do consumo, sem que houvesse

alterações na capacidade de suprir a demanda térmica.

Calculando a redução energética no sistema de iluminação de acordo com a

equação:

5.3 – Alternativa para Aquecimento de Água

A alternativa proposta para o sistema de aquecimento de água da policlínica é a

implementação de um sistema solar de aquecimento de água através da instalação

de coletores na cobertura do prédio para que assim seja possível suprir em partes a

energia elétrica necessária para o aquecimento de água.

Para o cálculo da área total de coletores, tal como a sua quantidade foi

utilizado o valor de irradiação solar (Is) média para a maior média anual [20].

Que pode ser escrito em função de calorias da seguinte maneira:

42

Através dos índices de irradiação solar, dos dados do coletor e da quantidade

necessária de energia para aquecimento de água da policlínica pode-se calcular a

área total dos coletores.

Tabela 15 – Dados para o cálculo da área total dos coletores.

Área Total dos Coletores

IS (cal/cm².dia) 411,86

Rendimento do coletor 0,6

Q (cal/dia) 900.000.000

Área do coletor (m²) 1,5

Pode-se então calcular a área total dos coletores através da expressão:

Tabela 16 – Quantidade e área necessárias de coletores .

Área Coletora Necessária (m²) 364,20

Quantidade de Coletores Necessários 243

A partir dos cálculos demonstrados, conclui-se que serão necessários 243

coletores do modelo descrito. É importante observar que a área calculada remete-

se a área dos coletores, devendo ser considerado ainda o espaçamento entre os

módulos.

5.3.1-Determinação da fração solar

A existência de dias de baixa insolação e radiação solar pode interferir no

rendimento do sistema, necessitando assim de apoio para o aquecimento de água.

O cálculo de fração solar refere-se ao dimensionamento do sistema de apoio ao

43

sistema de aquecimento solar, quando esse não é capaz de exclusivamente suprir a

demanda de energia em aquecimento de água.

A fração solar é a relação entre a energia gerada pelo sistema de aquecimento

solar e a energia total necessária para atender a demanda de água aquecida.

Assim, para este cálculo, foi utilizada a metodologia F-chart [21].

F-chart:

Em que :

– Área total de coletores solares, em m².

– Produto do fator de remoção e coeficiente global de perdas térmicas do

coletor solar, expresso em W/m² °C.

– Temperatura de referência, considerada constante e igual a 100 °C.

– Temperatura ambiente média para o mês em questão, em °C.

– Duração do mês, em segundos.

– Demanda total de energia para aquecimento do volume de água (J/mês).

– Produto do fator de remoção, transmissividade e absortividade da

tinta dos coletores.

– Radiação solar diária em media mensal por unidade de área.

Utilizando-se os valores de X e Y obtidos para cada mês, pode-se obter o valor

de fração solar através da equação:

44

Tabela 17 – Fração Solar relativa a cada mês.

Mês HT

(kWh/m².dia)

N (dias mês) Qt (J/mês) Fração Solar

Janeiro 4,9 31 116.733.600.000 0,7295

Fevereiro 5,13 28 105.436.800.000 0,7594

Março 5,16 31 116.733.600.000 0,7632

Abril 4,85 30 112.968.000.000 0,7229

Maio 4,75 31 116.733.600.000 0,7094

Junho 4,22 30 112.968.000.000 0,6343

Julho 4,23 31 116.733.600.000 0,6358

Agosto 4,88 31 116.733.600.000 0,7268

Setembro 4,75 30 112.968.000.000 0,7094

Outubro 4,78 31 116.733.600.000 0,7135

Novembro 4,81 30 112.968.000.000 0,7175

Dezembro 5,11 31 116.733.600.000 0,7568

Media Anual 4,79 114.537.000.000 0,7149

5.3.2 – Avaliação da Alternativa para Aquecimento de Água

Através da análise do método F-chart chegou-se a conclusão que valor médio

anual da participação do sistema de aquecimento de solar de água para banho

45

seria de 71,49%. O restante seria suprido pelo sistema auxiliar, que nesse caso,

seria o sistema de energia elétrica.

O novo consumo com energia elétrica para o aquecimento de água para banho

seria então de 0,2851 de CAQ.

5.4 – Alternativa para Tarifação

A alternativa para a tarifação escolhida foi o enquadramento na tarifa

Convencional, a redução da demanda advinda da modificação dos sistemas de

iluminação, condicionamento de ar e principalmente de condicionamento possibilitou

que a demanda fosse inferior a 300 kW, sendo assim possível um contrato à essa

tarifa.

A conta de energia elétrica será composta por parcelas referentes ao consumo,

demanda e ultrapassagem.

O consumo medido pode ser calculado através da soma das parcelas do

consumo de cada um dos sistemas: iluminação, ar condicionado, aquecimento de água

e do consumo de equipamentos medicos-hospitalares:

A demanda pode ser calculada através da soma das parcelas das demandas de

iluminação, ar condicionado, aquecimento de água e equipamentos medicos-

hospitalares:

A parcela do custo relativa ao consumo é calculada de acordo com a expressão:

46

A parcela do custo relativa a demanda é calculada de acordo com a expressão:

47

Capítulo 6 – Conclusão Para a realização desse trabalho sobre a aplicação de eficiência energética em

hospitais, foram levadas em conta as principais cargas do subsetor: sistema de

iluminação, sistemas de condicionamento de ar, sistema de aquecimento de água e

equipamentos médico-hospitalares.

A proposta do trabalho que visava a redução de demanda e consumo de

energia elétrica do hospital foi alcançada através da redução da potência instalada no

sistema de iluminação, do sistema de ar condicionado e a implementação de um

sistema de aquecimento solar para água de banho.

O objetivo da obtenção da contratação de uma tarifa adequada foi alcançado

por via da redução da demanda, que possibilitou a escolha pela tarifação convencional,

limitada por uma demanda de 300 kW.

Durante o levantamento das cargas hospitalares teve-se dificuldade em

determinar a quantidade dos equipamentos médico-hospitalares condizentes ao

tamanho do hospital, tal como a duração das suas utilizações diárias.

Apesar da dificuldade para o levantamento de algumas cargas, pode-se

observar uma grande redução do consumo nos setores onde houve atuação.

O sistema de iluminação apresentou grande redução percentual de consumo

através da substituição de lâmpadas tubulares fluorescentes comuns por lâmpadas

tubulares florescentes LUMILUX, mostrando que apesar de ser uma medida simples a

substituição pode ser uma medida bastante efetiva.

O sistema de ar condicionado apresentou uma redução percentual significativa

do consumo, porém por ser o setor responsável pelo maior consumo, a redução

apresentou grande impacto na redução total. A troca dos equipamentos de baixo

rendimento por aparelhos de ar condicionado de melhor eficiência se mostrou uma

prática efetiva na redução do consumo e demanda.

48

A atuação frente ao sistema de aquecimento de água para banho através da

utilização de um sistema solar proporcionou uma diminuição enorme de consumo

energético para essa atividade, mostrando a viabilidade da implementação desse

sistema.

Durante a realização do trabalho notou-se que seria interessante um novo

dimensionamento do sistema de iluminação atrelado a substituição do tipo de

lâmpada, pois muitas vezes o local de atuação apresenta níveis de iluminância acima

do necessário para as atividades requeridas. Em relação ao sistema de ar

condicionado, pode-se realizar um projeto baseado na carga térmica de cada ambiente

hospitalar. Houve cargas não avaliadas tal como bombas, caldeiras e motores, sendo

interessante juntamente com os novos dimensionamentos dos sistemas de iluminação

e ar condicionado a analise em trabalhos futuros.

Nota-se através da realização desse trabalho que medidas de eficiência

energética às vezes simples contribuem muito com a diminuição do consumo e

demanda de hospitais, sendo uma prática viável para a redução do custo com

tarifação, tal como uma prática viável para menor solicitação da rede.

49

Capítulo 7 – Referências Bibliográficas [1] BEN – Balanço Energético Nacional – Relatório Síntese do Balanço Energético

Nacional. Disponível em: https://ben.epe.gov.br/

[2] Ecoluz – Eficientização Energética. Disponível em http://www.ecoluz.com.br/

[3] Niskier, Júlio; A. J. Macintyre – Instalações Elétricas, LTC, 2000.

[4] Vargas JR., R. H., 2006 – Análise do Potencial de Conservação de Energia Elétrica em

Hospitais Públicos de Pequeno Porte no Brasil: Sistemas de Iluminação e Ar

Condicionado do Tipo Janela, Rio de Janeiro – RJ, 2006.

[5] Led News. Disponível em http://lednews.com.br/

[6] Universidade Federal de Campinas – UNICAMP. Disponível

em:http://www.iar.unicamp.br/lab

[7] Site da empresa Phillips. Disponível em: http://www.lighting.philips.com.br/

[8] Wikipédia – Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_luminoso

[9] Universidade de São Paulo – Arquitetura e Urbanismo. Disponível em:

http://www.usp.br/fau

[10] Universidade Federal Fluminense – Cálculo de Iluminação. Disponível em:

http://www.professores.uff.br

[11] PROCEL – Programa Nacional de Conservação De Energia Elétrica,2002 – Sistemas

de Ar Condicionado e Refrigeração

[12] Portal Web AR Condicionado. Disponível em:

http://www.webarcondicionado.com.br/climatizacao-hospitalar

[13] BARBOSA, Diego – Análise do Potencial de Conservação de Energia Elétrica do

Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro: Sistemas de

Iluminação e Ar Condicionado – RJ, 2008.

50

[14] Eletrobrás / PROCEL Educação, 2007 – Eficiência Energética: Teoria &Prática ,1 ª

Edição, Itajubá, Minas Gerais, Brasil.

[15] ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

[16] Ampla – Cálculo de Demanda para Medição de Cliente em Baixa Tensão.

[17] PROCEL – Programa Nacional de Conservação De Energia Elétrica – Manual de

Tarifação da Energia Elétrica, 1 ª Edição.

[18] Manual de Iluminação Eficiente – Eletrobrás; 1ª Edição – Julho 2002.

[19] Site da empresa DAUTEC. Disponível em http://www.dautec.com.br.

[20] CRESB – Centro de Referencia para Energia Solar e Eólica.

[21] Duffie, J.A., Beckman W. A. – Solar Engineering of Thermal Process, 2 ª Edição,

1991;

[22] Portal Light. Disponível em http://www.light.com.br

[23] Manual de Tarifação da Energia Elétrica – Procel – Agosto 2011.

51

Anexo – Sistema de Iluminação

Valores de Iluminância para ambientes Hospitalares

Tabela 18 - Valores de Iluminância

Ambientes Atividade Iluminancia (lux)

Sala dos Medicos Geral 100-150-200

Sala dos Medicos Mesa de Trabalho 300-500-750

Farmácia Geral 150-150-300

Farmácia Mesa de Trabalho 300-500-750

Terapia Física 150-200-300

Terapia Aplicada 150-200-300

Salas de Diagnostico Geral 150-200-300

Salas de Diagnostico Mesa de Diagnostico 300-500-750

Valores de refletância

Tabela 19 - Valores de refletância

Superfície Refletância (%)

Muito Clara 70

Clara 50

Média 30

Escura 10

Preta 0