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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde Por Carla Isabel da Cunha Rodrigues e Aragão Valga Dissertação de Mestrado em Gestão e Economia de Serviços de Saúde Orientada por: Álvaro Fernando Santos Almeida 2010

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos

Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

Por

Carla Isabel da Cunha Rodrigues e Aragão Valga

Dissertação de Mestrado em

Gestão e Economia de Serviços de Saúde

Orientada por:

Álvaro Fernando Santos Almeida

2010

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Nota Biográfica de: Carla Isabel e Aragão Valga, nascida a 01 de Outubro de 1977

“O que importa é que não passe um só dia sem haver melhorado e progredido. Ser e saber cada dia um

pouco mais. Parar aqui, como em todas as circunstâncias da vida, equivale a perder” J. W. Ford

Experiência Profissional

Desde Dezembro 2008: Consultora Interna – Hospital de Santa Maria, Porto

Elemento da Direcção Geral responsável pelos Serviços de Pessoal, de Imagiologia e Gabinete de Qualidade.

Coordenação da Unidade de Ambulatório da Consulta de Especialidade Privada. Apoio na implementação de

sistemas de informação de gestão clínica e facturação. Elaboração de estudos e análises económicas. Principais

análises desenvolvidas: Projecto de criação de uma unidade de cuidados continuados integrados; Candidatura ao

projecto solar térmico 2009; Convenção com a ADSE; Viabilidade de implementação de Unidades de Endoscopia,

Pediatria e Medicina Dentária.

Março 2007 a Abril 2009: Vogal da Direcção – Liga dos Amigos do Hospital de São João, Porto

3º Membro fundador. Elemento da Direcção: Planeamento, Desenvolvimento e Implementação de actividades de

solidariedade social; Gestão e Execução Orçamental e Gestão do secretariado.

Outubro 2005 a Dezembro 2008: Técnica Superior de Gestão – Hospital de São João, Porto

Gestora de serviços cirúrgicos da UAG de Cirurgia: Gestão e Execução Orçamental; Análise e Correcção dos

Desvios dos Orçamentos de Exploração; Construção, Apresentação e Discussão de Indicadores de Gestão; Análises

Económico-Financeiras. Principais estudos de viabilidade económica efectuados: Unidade de Diálise – Nefrologia;

Laboratório de Citogenética e Genética Molecular – Hematologia Clínica; Material: Têxtil vs Descartável – Bloco.

Desde Junho 2004: Formadora – Diversas entidades

Contabilidade Geral / Contabilidade Financeira / Contabilidade Analítica / Consolidação de Contas / Auditoria /

Fiscalidade / Controlo de Gestão / Aprovisionamento / Gestão de Stocks e Distribuição / Gestão de Tesouraria /

Construção Orçamental (1.000 horas de formação ministradas)

Setembro 2002 a Março 2004: Assessora Direcção Departamento de Aprovisionamento e Logística -

Soporgás, Sociedade Portuguesa do Gás, Lda.

Abril 2000 / Julho 2002: Assessora Direcção Geral - Silvestres, Lda. – Comércio de Artefactos de

Ourivesaria

Formação Académica: Setembro 1995 / Julho 2000: Licenciatura: Gestão - Faculdade Economia

Universidade Porto; Setembro 2000 / Fevereiro 2001: Pós-Graduação: Auditoria - ISAG

Principais Formações (3 últimos anos): 2010: 3º Fórum Nacional de Saúde – ACS/MS; Sistema de

Normalização Contabilística – IFGE; 2009: Conferência: 11ª Conferencia Nacional de Economia da Saúde – APES

2008: Conferência: A Gestão do Poder Hospitalar; Conferência: HSJ e Saúde XXI – Cenários de Futuro.

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iii

AgradeAgradeAgradeAgradecimentos cimentos cimentos cimentos

Ao meu marido, À minha filha Patrícia,

Porque o tempo não volta atrás e todos os minutos em que estivemos privados da

companhia uns dos outros são insubstituíveis. Foram a minha principal fonte de

inspiração e são tudo o que tenho de melhor.

À minha mãe, Aos meus sogros,

Incansáveis em todo o apoio que me deram ao criar a minha filha, que no decurso deste

projecto de mestrado cresceu dos 10 aos 34 meses de vida. Sem a vossa ajuda teria sido

impossível.

Aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos,

Que sempre se disponibilizaram para ajudar a atenuar a ausência da mãe à Patrícia. Por

todos os passeios, brincadeiras e entretenimentos que com ela partilharam.

Ao Professor Álvaro Almeida,

Meu professor e orientador desta dissertação, pela ajuda no traçar deste caminho que

percorremos no último ano, pela assertividade dos comentários e pelos desafios

propostos, que hoje julgo vencidos.

Às 19 instituições que permitiram que esta investigação fosse efectuada ao

responderem ao inquérito.

Ao Hospital de Santa Maria - Porto, em especial à Dr.ª Lurdes Serra Campos,

Directora-Geral da instituição, pelo espírito de colaboração, compreensão e motivação.

A todos os que me ajudaram, apoiaram ou desejaram sucesso nesta árdua tarefa que foi,

ser mulher, mãe, trabalhadora e aluna de mestrado, o meu muito obrigado por terem

acreditado e acima de tudo por me terem incentivado para o dia de hoje em que

chegamos ao fim deste projecto.

Novos desafios irei, certamente, abraçar,

mas abençoada sou por ter tantos a ajudar.

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Abstract

Esta investigação teve como objectivo principal validar a hipótese de os actuais

benefícios concedidos às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)

estarem bem atribuídos. Ou seja, estas instituições vêem reconhecidas pela sociedade

um estatuto que lhes permite usufruir de um alargado número de isenções fiscais e / ou

reduções de taxas que diminuem os seus custos. Importa testar se estas instituições

implementam medidas de beneficência, como retorno à sociedade, que compensem os

benefícios que auferem.

Através da actual legislação identificamos doze possíveis benefícios destas instituições.

De seguida, efectuamos um inquérito ao universo de IPSS identificadas na área da

Saúde, que visava testar se existia evidência de efectiva actividade de solidariedade por

parte destas entidades. Das respostas obtidas, e dado o critério estabelecido de pelo

menos 50% das instituições elencarem actividades de beneficência, não conseguimos

validar esta hipótese, tendo obtido evidência em apenas 47% da amostra.

No seguimento da não validação da hipótese anterior efectuamos um estudo de caso a

uma instituição em particular. Colocamos como hipótese aferir se no ano de 2009 a

instituição tinha verificado o “Padrão de Texas”, em que, no mínimo, a instituição deve

assumir como custo em actividades de cariz social o valor de benefício que obteve por

ser uma entidade IPSS. Identificamos toda a actividade de solidariedade que a

instituição prestou à sociedade, valorizamo-la financeiramente de acordo com a sua

estrutura de custos e calculamos todos os benefícios por si auferidos que conseguimos

valorizar. Concluímos que a instituição suportou mais custos do que obteve benefícios,

tendo, portanto, validado a hipótese.

No final, concluímos que o estudo de caso por nós efectuado deveria ser implementado

pelas entidades competentes, por forma a garantir que apenas as instituições que

verificassem o referido Padrão deveriam manter os actuais benefícios, devendo ser

revogados a todas que não cumprissem.

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Abstract

The objective of this paper was to verify whether the profits accorded to the nonprofit

charity care institutions (IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social) are

well given or not. In other words, these institutions use of a status that lets them benefit

from many tax exemptions and/or tax reductions that cut down theirs costs. It is

important to verify if these institutions implement charity care, as a payback to society,

which compensates for the benefits they get.

We identified twelve possible benefits of these institutions according to the actual laws.

We then investigated the nonprofit charity care institutions identified in the area of

healthcare to know whether these entities really did charity care or not. From the

answers we got, we couldn’t prove that because only 47% of that sample did charity

activities instead of the 50% we needed.

Because we couldn’t make our previous point, we developed a case study of a specific

institution. We wanted to know if, in 2009, that institution had followed the “Texas

Standard” according to which the institution has, at least, to invest in charity care as

much as it receives in benefits for being a nonprofit charity care entity. We took in all

the charity care done by the institution. We gave it a financial value in function of its

structure of costs and we calculated all the benefits it got and that we were able to value.

We concluded that the costs were bigger than the benefits, which confirms our point.

Finally, we concluded that the case study we did should be implemented by the

competent authorities to assure that only the institutions that follow the Standard

mentioned keep on receiving the benefits they get. Those benefits should be denied to

the institutions that don’t follow the Standard.

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Índice Introdução ......................................................................................................................... 1

Capítulo I – Instituições Particulares de Solidariedade Social ......................................... 5

1.1. Terceiro Sector ............................................................................................... 5

1.2. Entidades Privadas sem Fins Lucrativos ........................................................ 6

1.3. Regime Fiscal das IPSS .................................................................................. 7

1.4. Evolução Histórica do Sector Social em Portugal ........................................ 11

Capítulo II – Revisão da Literatura ................................................................................. 15

2.1. Perspectiva Internacional .............................................................................. 15

2.2. Benefícios das IPSS em Portugal ................................................................. 18

Capítulo III – Inquérito às IPSS na área da Saúde .......................................................... 33

3.1. Objectivos ..................................................................................................... 33

3.2. Hipótese ........................................................................................................ 33

3.3. Metodologia .................................................................................................. 34

3.4. Amostra ........................................................................................................ 34

3.5. Procedimentos .............................................................................................. 37

3.6. Apresentação e Discussão de Resultados ..................................................... 39

Capítulo IV – Estudo de Caso ......................................................................................... 47

4.1. Objectivos ..................................................................................................... 47

4.2. Hipótese ........................................................................................................ 47

4.3. Metodologia .................................................................................................. 48

4.4. Procedimentos .............................................................................................. 48

4.5. Apresentação e Discussão de Resultados ..................................................... 50

Considerações Finais ...................................................................................................... 57

Bibliografia ..................................................................................................................... 59

Anexos ............................................................................................................................ 63

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Índice de Quadros

Quadro Título Página

Quadro n.º 1 - Restituição de IVA às IPSS (adaptado de Decreto-Lei 20/90 de 13 de Janeiro) - 21

Quadro n.º 2 - Benefícios IPSS - 32

Quadro n.º 3 - Dimensão da População e Amostra por Distrito - 36

Quadro n.º 4 - Natureza Jurídica da Amostra - 37

Quadro n.º 5 - Actividade de Beneficência: Inquérito - 42

Quadro n.º 6 - Resultados do Estudo de Caso - 55

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Lista de Siglas ACDT – Actos Complementares de Diagnóstico e Terapêutica

CIMI – Código do Imposto Municipal sobre Imóveis

CIMT – Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

CIRC – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas

CIS – Código do Imposto do Selo

CISV – Código do Imposto sobre Veículos

CIUC – Código do Imposto Único de Circulação

CIVA – Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

CRP – Constituição da República Portuguesa

EBF – Estatuto dos Benefícios Fiscais

ERS – Entidade Reguladora de Saúde

IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis

IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social

IRC – Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas

IRS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

IS – Imposto de Selo

ISS – Instituto da Segurança Social

ISV – Imposto sobre Veículos

IUC – Imposto Único de Circulação

IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado

LGT – Lei Geral Tributária

OCIP - Orçamento e Contas das Instituições Particulares de Solidariedade Social

PCIPSS – Plano de Contas das Instituições Particulares de Solidariedade Social

POC – Plano Oficial de Contabilidade

SNC – Sistema de Normalização Contabilística

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SS – Segurança Social

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Introdução

“Pese embora as catástrofes naturais e até as guerras de que temos permanente notícia, é

na doença que encontrámos a mais evidente expressão de vulnerabilidade humana, quer

quando se faz sentir no corpo, quer quando altera a identidade e as relações sociais. É

sobretudo a fragilidade da existência com que somos confrontados na doença que faz

aproximar de nós a ideia da solidariedade e do encontro entre a pessoa que sofre e

aqueles que se propõem a ajudá-la.”

Câmara Municipal do Porto (2010)

Gostávamos de iniciar este nosso trabalho por reflectir sobre a solidariedade, esse gesto

caloroso, em que o indivíduo se dá ao próximo, entrega um pouco de si em cada boa

acção que faz e partilha… pode partilhar uma história, pode partilhar e utilizar os seus

conhecimentos para ajudar terceiros, pode partilhar os seus bens… seja qual for a forma

que reveste, a dádiva será sempre um verdadeiro acto de humanidade.

É neste profundo sentido que decidimos estudar o sector social da saúde. Tínhamos à

partida muitas ambições, muitas ideias e projectos. Fizemos pesquisas e delineamos o

nosso trajecto.

Descrevemos a história do sector da saúde, porque é nos primórdios da sua existência

que vamos encontrar a essência do sector social. Constatámos que os cuidados de saúde

hospitalares surgiram envolvidos na Igreja Católica e que, ainda hoje, muitas das

instituições que fazem parte deste sector pertencem a instituições religiosas.

Este é um marco que nos permite abordar e compreender esta temática, que está, à

partida, intimamente relacionada com os benefícios reconhecidos a estas instituições.

Parafraseando Rosenau e Linder (2003), a teoria económica prediz que as entidades de

saúde orientadas para o lucro são mais eficientes, com custos mais baixos e melhor

geridas que as não lucrativas, decorrente dos incentivos de mercado. Recentemente, a

distinção entre entidades lucrativas e não lucrativas tem vindo a ser questionada e

alguns economistas consideram que as diferenças têm vindo a desaparecer. A

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competição de mercado tem exigido que as não lucrativas imitem as lucrativas e

prestem menos atenção à responsabilidade social.

Também em Portugal constatamos esta evidência, em que as instituições de saúde têm

de competir no mercado com entidades com fins lucrativos, diversificando a sua

actividade e com o passar dos anos deixaram de prestar apenas cuidados de saúde

gratuitos para prestar cuidados de saúde no sector privado da saúde, de forma a obterem

recursos para poderem continuar com a sua missão.

Segundo os mesmos autores, após a análise de cerca de 149 estudos publicados

chegaram às seguintes conclusões:

• Custo / Eficiência – organizações sem fins lucrativos são melhores na relação

custo/eficiência segundo 77% dos estudos, enquanto que apenas 23%

consideram as lucrativas superiores;

• Qualidade – 59% dos estudos elegem as sem fins lucrativos como melhores,

12% as lucrativas e 29% dos estudos considera que não existem diferenças;

• Acesso – dos 149 estudos analisados, os mais recentes não evidenciam que as

não lucrativas sejam melhores neste parâmetro, o que poderá resultar da forte

concorrência de mercado;

• Caridade – 67% dos estudos considera que as sem fins lucrativos têm melhor

desempenho nesta matéria e 33% considera que não existem diferenças

relevantes.

No que respeita à caridade, refira-se que uma das razões para os hospitais sem fins

lucrativos estarem isentos de impostos, é o facto de se assumir que aplicam os

resultados em actividades socialmente benéficas, como por exemplo a prestação de

cuidados de saúde a preço zero ou a preços mais baixos aos utentes mais carenciados.

Existem igualmente outras formas das entidades contribuírem socialmente, através de

outro tipo de actividades, como programas de distribuição alimentar, acompanhamento

de pessoas com dificuldades, alojamento, entre outras. No entanto, dada a temática

desta investigação, as retribuições à sociedade, que aqui importa analisar, serão as

prestadas no âmbito da saúde.

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3

Esta presunção fundamenta-se na impossibilidade destas instituições distribuírem os

resultados pelos seus accionistas, uma vez que, como estão isentas de imposto sobre o

rendimento, devem de reinvestir os resultados obtidos na sua actividade, seja por

investimento em ampliação das instalações, melhoramento de equipamentos ou

prestação de cuidados de saúde de caridade.

Muitos estados americanos têm publicado leis impondo obrigatoriedade das instituições

sem fins lucrativos prestarem determinados serviços de caridade à sociedade (Rosenau e

Linder, 2003). Esta particularidade sobressai em estudos como o de Morrisey e outros

(1996) que, através da análise de dados de 1988 a 1991 de hospitais sem fins lucrativos

da Califórnia, concluíram que 20% destes hospitais não forneciam serviços de caridade

suficientes que compensassem os subsídios que recebiam. No artigo de Garmon (2009)

confirma-se esta mesma ideia de que alguns hospitais não lucrativos promovem poucos

cuidados de saúde sociais e facturam preços muito elevados aos utentes que não têm

seguros de saúde.

Rotarius e Liberman (2005) comparam os fornecedores de cuidados de saúde não

lucrativos com os lucrativos. Neste artigo é levantada a questão se os não lucrativos

deverão continuar a operar no mercado sem estarem sujeitos a impostos. É referido que,

até recentemente, era deixado ao critério de cada hospital sem fins lucrativos a definição

do nível de benefícios a prestar à sociedade. Em consequência, algumas instituições

promoviam muitas actividades de beneficência, enquanto outras promoviam poucas ou

nenhumas.

Esta preocupação está iminente nos EUA, tendo o Congresso recentemente convocado

audiências para investigar se as entidades sem fins lucrativos, nas quais se incluem os

hospitais, proporcionam benefícios para a sociedade proporcionais aos subsídios que

resultam do seu estatuto fiscal especial (Garmon. 2009).

Citando Needleman (2001), “Cuidados de caridade e cuidados para os que não podem

pagar”, parece ser a responsabilidade social que emerge na consciência dos americanos

relativamente ao que as instituições de saúde sem fins lucrativos deveriam de promover,

nomeadamente, numa escala relativa aos benefícios que auferem.

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Sobre o mercado português não foram encontradas significativas referências a estudos

semelhantes aos descritos. Este facto resulta, provavelmente, da escassez de informação

sobre o desempenho e resultados das organizações sem fins lucrativos, proveniente da

menor exigência declarativa a que estas instituições estão sujeitas, mas torna

extremamente aliciante caracterizar o estatuto especial português destas entidades e de

tentar discutir a legitimidade da existência de legislação proteccionista.

Resumidamente, no primeiro capítulo abordamos o terceiro sector, descrevemos as

IPSS, o seu regime fiscal e traçamos o percurso histórico. No segundo capítulo fizemos

a revisão da literatura, analisamos alguns estudos internacionais que abordam esta

temática e identificámos e caracterizámos os benefícios das instituições sem fins

lucrativos em Portugal. Estes benefícios funcionam como compensação do esforço e da

dedicação que estas entidades fazem em prol da sociedade em que estão inseridas.

O terceiro e quarto capítulos foram dedicados à nossa investigação. Um, alicerçado

sobre um inquérito remetido a todas as instituições identificadas, cujo objectivo era

validar se existia evidência de actividade de solidariedade em 2009 por parte destas

instituições, que não conseguimos validar. Outro, sobre um estudo de caso que surge no

decurso da identificação dos benefícios destas instituições (e da teoria económica que

enuncia conceitos de custos e proveitos). Tentámos, com o princípio de equidade e

justiça de mercado, valorizar a actividade social. Ou seja, depois de identificados os

benefícios surge a necessidade de os valorizar para determinar quanto é que as

instituições pouparam / beneficiaram por pertencerem ao sector social. Nesta medida

pretendíamos aferir se a instituição analisada tinha, em 2009 contribuído de forma

significativa para a sociedade, assumindo mais custos com a sociedade do que auferindo

benefícios por ser IPSS, o que se acabou por verificar. Por último, tecemos as nossas

considerações e opiniões sobre o actual mecanismo de benefícios instituído ao sector

social.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Capítulo I – Instituições Particulares de Solidariedade Social

O tema desenvolvido nesta dissertação de mestrado é o das organizações sem fins

lucrativos no sector da saúde, que se inserem no sector que vulgarmente é apelidado de

sector da economia social, terceiro sector ou sector não lucrativo. Nele estão incluídas

as organizações nas quais não há apropriação do excedente gerado pela organização

(Weisbrod, 1977), existindo um património impessoal a favor de um determinado fim

ou missão.

Iniciamos este capítulo com a caracterização do sector, das instituições, dos seus

benefícios e da evolução histórica do sector social da saúde em Portugal, para

identificarmos com clareza o objecto em estudo.

1.1. Terceiro Sector A Constituição da República Portuguesa (CRP), aprovada a 2 de Abril de 1976,

contempla no seu artigo 82º, a coexistência de três sectores de propriedade dos meios de

produção e no número 4 está devidamente explanada a abrangência do sector

cooperativo e social:

“O sector cooperativo e social compreende especificamente:

a) Os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas, em obediência aos

princípios cooperativos, sem prejuízo das especificidades estabelecidas na lei para as

cooperativas com participação pública, justificadas pela sua especial natureza;

b) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais;

c) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por trabalhadores;

d) Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem carácter

lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social, designadamente

entidades de natureza mutualista.”

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Por outro lado, uma definição plausível deste sector seria:

“Um sector entre o Estado e o Mercado, promotor de missões económicas e sociais,

que prossegue o interesse público e cujo objectivo final não é a distribuição de lucros”

(OCDE, 2003).

1.2. Entidades Privadas sem Fins Lucrativos As organizações privadas sem fins lucrativos podem ser caracterizadas como uma

iniciativa privada, que fornece serviços, no caso vertente, de saúde, para melhorarem a

qualidade de vida em sociedade, onde poderá existir trabalho voluntário e que não

remunera os detentores e fornecedores de capital.

Estas entidades passaram a ser, com a Constituição de 1976, classificadas como IPSS,

cuja finalidade é o exercício da acção social na prevenção e apoio nas diversas situações

de fragilidade, exclusão ou carência humana, promovendo a inclusão e a integração

social, desenvolvendo para tal, diversas actividades de apoio a crianças e jovens, à

família, juventude, terceira idade, invalidez e, em geral, a toda a população necessitada,

(Segurança Social, 2009). Caracterizando-se essencialmente por:

• Serem constituídas por iniciativa de particulares;

• A administração não ser exercida nem pelo Estado nem por uma Autarquia Local;

• Não terem fins lucrativos (é proibida a distribuição de lucros);

• Objectivo de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos;

• Prossecução do objecto mediante a concessão de bens e a prestação de serviços.

As IPSS podem assumir três formas jurídicas distintas: Associações (associação de

solidariedade social; associação de voluntários de acção social; associação de socorros

mútuos); Fundações (fundação de solidariedade social); Irmandades da Misericórdia

ou Santas Casas da Misericórdia (associações constituídas na ordem jurídica canónica).

As Organizações Religiosas - excepto a igreja católica, se tiverem fins de solidariedade

social estão sujeitos ao regime das fundações de solidariedade social e as Instituições da

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Igreja Católica podem revestir a forma de associações, fundações ou irmandades de

misericórdias.

Segundo a listagem de IPSS disponível no site da Segurança Social (SS), a 7 de

Outubro de 2009, existiam um total de 4.972 instituições registadas como IPSS, num

universo de vários sectores de actividade, um dos quais a saúde, objecto de estudo no

caso presente e representada com cerca de 100 (cerca de 2% do total) instituições

prestadoras de cuidados de saúde com internamento.

1.3. Regime Fiscal das IPSS As IPSS destacam-se, entre outras características, pela ausência de fins lucrativos (na

medida em que não é admitida a existência de qualquer finalidade lucrativa, ainda que

meramente acessória ou secundária, nem tão pouco é permitida a distribuição de

quaisquer resultados), surgindo “por iniciativa de particulares, com o propósito de dar

expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos”

(Almeida, 2009).

Assim, desde logo, está estatuído na CRP, no n.º 5 do seu artigo 63º que “o Estado

apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade das instituições particulares de

solidariedade social e de outras de reconhecido interesse público sem carácter

lucrativo, com vista à prossecução dos objectivos de solidariedade social”.

Tendo em conta os fins que prosseguem, as IPSS são, conforme referido por Alfaro

(2003), consideradas uma das espécies de instituições particulares de interesse público,

na medida em que sendo organizações privadas que prosseguem objectivos de interesse

público, substituem e complementam o Estado nos seus deveres de solidariedade e

protecção social. Por este facto, ficam sujeitas a um regime de tutela estatal,

encontrando-se a sua constituição e funcionamento regulados pelo Estatuto das IPSS,

aprovado pelo Decreto-Lei n.º 11/83, de 25 de Fevereiro.

As IPSS encontram-se sujeitas a registo no ministério respectivo, determinado em

função dos objectivos que, em concreto, cada uma visar. Nos termos da lei, este registo

confere automaticamente (isto é, sem necessidade da apresentação de candidatura a

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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procedimento administrativo para o efeito) o reconhecimento às IPSS do estatuto de

utilidade pública. No caso presente do objecto desta investigação, os prestadores de

cuidados de saúde hospitalares devem fazer o seu registo de IPSS no denominado Livro

das Instituições com Fins de Saúde da Direcção Geral de Segurança Social.

No plano fiscal, as IPSS “merecem, por parte da lei, uma protecção relevante, através

do estabelecimento de um regime fiscal privilegiado específico.” (Alfaro, 2003).

Segundo o mesmo autor, este regime privilegiado, vertido nos normativos fiscais

traduz-se em quatro instrumentos jurídicos, que serão explanados nos pontos seguintes.

Ou seja, existem quatro tipos de categorias em que se incluem os benefícios destas

instituições que serão abordados, pormenorizadamente, no segundo capítulo.

1.3.1. Regimes específicos de não tributação

A definição de regimes específicos de não tributação compreende o estabelecimento de

normas de não sujeição a imposto, isto é, inclui preceitos legais que retiram do campo

de incidência determinados factos ou rendimentos.

Tratam-se de situações de exclusão tributária podendo constituir delimitações negativas,

expressas face às normas de incidência, quando a letra da lei expressamente prevê essa

exclusão (por exemplo, a redacção do n.º 3 do artigo 54º do Código do Imposto sobre

Rendimento de Pessoas Colectivas (CIRC) - “Consideram-se rendimentos não sujeitos

a Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) as quotas pagas pelos

associados em conformidade com os estatutos, bem como os subsídios destinados a

financiar a realização dos fins estatutários.”), ou delimitações negativas tácitas, isto é,

situações que por não se encontrarem mencionadas ou previstas nas normas de

incidência, não verificam os factos constitutivos da obrigação de imposto, ficando assim

afastadas do campo da sua aplicação.

1.3.2. Isenções de impostos e redução de taxas

As normas de isenção (objectivas e subjectivas) tipificam algumas situações cuja

ocorrência cria uma excepção à regra de incidência, ou seja, o sujeito passivo está

sujeito ao imposto mas não incorre na obrigação de o pagar (no caso anterior o sujeito

passivo não está sequer sujeito ao imposto).

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

9

As isenções objectivas ou reais isentam factos ou rendimentos, por exemplo a isenção

de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) das prestações de serviços de saúde,

prevista no artigo 9º do respectivo Código:

“Estão isentas do imposto:

2- As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente

conexas efectuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e

similares…”.

As isenções subjectivas ou pessoais isentam da obrigação de imposto pessoas ou

sujeitos passivos específicos, como é o caso da isenção de IRC das IPSS prevista no

artigo 10º do CIRC:

“1 — Estão isentas de IRC: b) As instituições particulares de solidariedade social e

entidades anexas, bem como as pessoas colectivas àquelas legalmente equiparadas…”

As reduções de taxa traduzem-se na aplicação, a certos factos tributários ou sujeitos

passivos, de taxas de imposto inferiores às normalmente aplicadas, sendo exemplo

perfeito a taxa contributiva para a Segurança Social aplicável às IPSS (desenvolvido no

ponto 2.2.9).

1.3.3. Atribuição de benefícios fiscais específicos

De acordo com o artigo 2º do Estatuto de Benefícios Fiscais (EBF), “Consideram-se

benefícios fiscais as medidas de carácter excepcional instituídas para tutela de

interesses públicos extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da própria

tributação que impedem.”

Assim, sem prejuízo das isenções ou reduções de taxa específicas de cada imposto

consagradas nos diversos códigos tributários e aí vertidos pelo facto de revestirem um

carácter de maior permanência e estabilidade, existem outros que, por terem um carácter

menos estrutural, surgem plasmados, essencialmente, no EBF e outra legislação avulsa.

É o caso concreto da isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) aplicável às

IPSS por força do estatuído na alínea f) do n.º 1 do artigo 44º do EBF:

“1 - Estão isentos de imposto municipal sobre imóveis:…As instituições particulares de

solidariedade social e as pessoas colectivas a elas legalmente equiparadas, quanto aos

prédios ou parte de prédios destinados directamente à realização dos seus fins…”

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

10

Faz-se notar que os benefícios fiscais que favorecem certos sujeitos passivos poderão

ser interpretados como um auxílio do Estado e limitadores da livre concorrência.

Por este facto, deverão os mesmos revestir um carácter excepcional e ser concedidos e

mantidos apenas quando e enquanto, objectivamente, se justifiquem, isto é, para a sua

criação e manutenção deverão presidir considerações de índole extrafiscal, de ordem

social ou económica que, por via do respectivo benefício, o Estado pretenda defender ou

promover.

Refira-se ainda que existem benefícios fiscais previstos no EBF e em legislação avulsa

que aproveitam igualmente a qualquer sujeito passivo, não sendo exclusivos ou

tipicamente atribuídos às IPSS. Nesta medida, não constituindo uma vantagem

comparativa das IPSS, estão destituídos de qualquer interesse material no âmbito deste

trabalho, pelo que não serão aqui referenciados.

1.3.4. Regime de obrigações acessórias menos exigente

Por último, as IPSS estão sujeitas a um regime menos abrangente e menos exigente no

cumprimento de obrigações acessórias, sejam elas declarativas, contabilísticas ou

outras.

De facto, o artigo 31º da lei Geral Tributária (LGT) prevê, para além da obrigação

principal do pagamento do imposto, um conjunto de outras obrigações acessórias dos

sujeitos passivos que são “as que visam possibilitar o apuramento da obrigação de

imposto, nomeadamente a apresentação de declarações, a exibição de documentos

fiscalmente relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita, e a prestação de

informações”.

Entre algumas dessas obrigações elencam-se a apresentação das declarações de início,

alteração e cessação de actividade, declarações periódicas de rendimentos e de IVA,

Informação Empresarial Simplificada, a obrigação de dispor de contabilidade

organizada nos termos da legislação fiscal e comercial, a organização do dossier fiscal,

e a obrigação de cooperar com a administração fiscal prestando os esclarecimentos e

fornecendo os documentos que aquela solicitar, relativos à sua actividade económica e

bem assim relativa às relações comerciais mantidas com terceiros.

No entanto, as IPSS dispõem de um regime menos exigente, estando por força da

legislação aplicável, dispensadas, por exemplo, do cumprimento de algumas obrigações

declarativas em sede de IRC e IVA.

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11

Este regime de menor exigência prevê ainda a possibilidade da não obrigatoriedade de

organização contabilística conforme a legislação fiscal e comercial. Pese embora exista

esta previsão na legislação fiscal, as IPSS encontram-se obrigadas, por força do seu

estatuto próprio, à organização da sua contabilidade segundo o Plano de Contas das

Instituições Particulares de Solidariedade Social (PCIPSS), aprovado pelo Decreto-Lei

78/88 de 3 de Março.

De acordo com a Deliberação n.º 102 de 2009 do Instituto de Segurança Social (ISS) as

IPSS encontram-se, desde 1 de Janeiro de 2010, sujeitas a um conjunto de obrigações

declarativas por via electrónica através da aplicação Orçamentos e Contas das

Instituições Particulares de Solidariedade Social (OCIP). As contas anuais devem ser

submetidas até dia 30 de Abril do exercício seguinte a que dizem respeito e os

orçamentos e contas de exploração previsionais até ao dia 30 de Novembro do ano

anterior a que se reportam.

De referir ainda que as IPSS estão dispensadas da adopção do Sistema de Normalização

Contabilística (SNC), nos termos do n.º 2 do artigo 3º do Decreto-Lei, n.º 158/2009 de

13 de Julho. Este artigo determina a obrigatoriedade da sua adopção por parte de todas

as entidades anteriormente obrigadas à adopção do Plano Oficial de Contabilidade

(POC), como as IPSS não se encontravam anteriormente vinculadas ao POC, ficam

dispensadas no âmbito do SNC.

Salienta-se o facto deste benefício, obrigações declarativas menos rigorosas, não

retornar uma expressão directamente pecuniária, traduzindo-se tão só em termos da

poupança de tempo e recursos necessários ao cumprimento daquelas obrigações.

1.4. Evolução Histórica do Sector Social em Portugal Não é propósito deste estudo a investigação historiográfica sobre as instituições de

assistência e de saúde em Portugal, que requereria uma análise profunda de arquivo

documental. No entanto, consideramos que é necessário estabelecer uma ordem

cronológica que permita compreender os primórdios da actividade assistencial de saúde

no nosso país, para posicionamento actual das instituições de carácter social que

prosseguem fins de saúde. Será evidenciado que um dos pontos de partida mais

relevantes foi o hospital cristão medieval.

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12

Segundo Graça (2000), o sistema hospitalar português terá passado por três fases, que

iremos descrever de uma forma sucinta.

1.4.1. Sistema tradicional (até 1866)

Até ao final do século XV, em que foram criadas as Misericórdias, as necessidades da

população portuguesa, em matéria de saúde, deram origem a várias iniciativas de

âmbito local, ligadas a ordens religiosas, militares, devoção de vários reis e rainhas,

gente da nobreza e do clero, bem como particulares de poses abastadas.

Em 1492 D. João II iniciou um movimento que ficou conhecido como de concentração

hospitalar. Existiam muitos e pequenos estabelecimentos assistenciais, cerca de 500,

com uma lenta diferenciação funcional do hospital face a outros estabelecimentos

comerciais da época, como as albergarias ou leprosarias. Neste contexto surge este

movimento que visa estabelecer grandes unidades hospitalares que agregassem vários

dos pequenos estabelecimentos existentes à data.

De salientar, ainda, nesta fase a fundação da 1ª Misericórdia a 15 de Agosto de 1498,

que marcou o início da organização da assistência em Portugal baseada na acção das

Misericórdias, subjacente num espírito de solidariedade com um sentido religioso da

caridade em que “dar aos pobres era emprestar a Deus”. Estas instituições conseguiram

sobreviver a períodos conturbados da história, como a extinção das ordens religiosas

(1833/34), a intervenção do Estado na sua administração, ao fim da Misericórdia de

Lisboa como irmandade, à nomeação do provedor pelo poder régio em 1851 e em 1866

à desamortização dos seus bens fundiários. Com a Constituição de 1976 (artigo 63º)

surge pela primeira vez o termo IPSS, no qual se incluem as Misericórdias.

1.4.2. Sistema profissional liberal (1867 a 1970: 103 Anos)

Em 1866 as misericórdias são obrigadas a vender em hasta pública os seus patrimónios,

convertendo-os em obrigações do Estado que rapidamente se desvalorizaram. Como

consequência dá-se o colapso financeiro do hospital tradicional nascido da caridade

cristã e inicia-se a separação dos hospitais da gestão religiosa.

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13

Em 1867 é publicado o primeiro código civil, onde surge pela primeira vez o problema

do trabalho dependente ou assalariado e o reconhecimento da obrigação por parte da

entidade patronal de reparar os danos causados na saúde do trabalhador quando

resultantes de acidentes imputáveis ao empregador. Em 1903 o Dr. Ricardo Jorge lança

as bases de um sistema de saúde pública destinada a todos os cidadãos

independentemente da sua classe social.

O desenvolvimento mais recente dos serviços de saúde remonta a meados do século XX

(1946), quando surge a construção de hospitais com dinheiros públicos.

1.4.3. Sistema técnico (39 Anos até 2010)

Até 1971, o Governo nuca assumiu a responsabilidade efectiva na prestação de cuidados

de saúde à população. Nessa fase, o direito à saúde foi reconhecido aos cidadãos,

iniciando-se um processo de reestruturação dos serviços de saúde que culminou com o

estabelecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As instituições de caridade

privadas deixaram de ser os principais prestadores de cuidados de saúde à população.

É no século XX que a prestação de cuidados de saúde privados se implementa no

mercado português, inicialmente nos cuidados ambulatórios.

No Anexo n.º 1 encontra-se uma figura que tenta ilustrar de forma gráfica a evolução do

sistema hospitalar português, fazendo menção aos factos que nos pareceram mais

relevantes.

Para além do enquadramento enunciado, muitos outros autores cabimentam a origem da

prestação dos cuidados de saúde nas instituições religiosas, como é o caso de Simões

(2005), que escreve, sobre a evolução do sistema de saúde português. Segundo o autor,

antes do século XVIII, os cuidados de saúde eram prestados aos pobres apenas pelos

hospitais das obras de caridade religiosas designadas por Misericórdias. Referindo,

ainda, que durante o século XVIII, o Estado estabeleceu um número limitado de

hospitais escolares e hospitais públicos para complementar a prestação de caridade.

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No Atlas do Plano Nacional de Saúde (2010) descreve-se a oferta assistencial em

termos de serviços de saúde, à data de 31 de Janeiro de 2010, constituída por:

• 103 Hospitais Públicos;

• 86 Hospitais Privados (nos quais se incluem com e sem fins lucrativos);

• 363 Centros de Saúde;

• 230 Unidades de Saúde Familiar;

• 131 Unidades de Cuidados Continuados Integrados.

Com a descrição do enquadramento histórico da evolução do sector da saúde em

Portugal, pretendemos clarificar a origem da prestação de cuidados de saúde,

precisamente, no nosso objecto de estudo – o sector social da saúde.

É nosso entendimento que é neste sector e neste contexto de verdadeira solidariedade,

de encontro entre o indivíduo que sofre e as mãos calorosas de quem, em troca de nada,

se propõem a ajudar, que surge a prestação de cuidados de saúde em Portugal.

Queremos ainda evidenciar que algumas destas instituições ainda hoje subsistem lado a

lado com grandes grupos económicos privados, tendo cada vez mais necessidade de se

modernizarem e prosseguirem em simultâneo outros fins, nomeadamente os lucrativos,

para poderem coexistir no mercado da saúde e perpetuarem o trabalho de solidariedade

que lhes é característico.

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Capítulo II – Revisão da Literatura

Neste capítulo pretende-se descrever a investigação efectuada, delineando a forma

conceptual de análise no mercado português, tendo por referência alguns estudos sobre

o sector social da saúde de outros países. Posteriormente, fazer um levantamento

exaustivo dos benefícios reconhecidos em Portugal a este tipo de instituição através da

leitura da legislação fiscal aplicável.

2.1. Perspectiva Internacional Morrisey e outros (1996) efectuam uma análise estatística com os dados do Estado da

Califórnia, referentes aos anos de 1988 e 1991, cujo objectivo era esclarecer se os

benefícios para a comunidade prestados pelos hospitais sem fins lucrativos justificavam

o seu estatuto fiscal especial.

Para medir os benefícios para a sociedade foi utilizado o que na literatura vulgarmente

se designa de cuidados de saúde não compensados ou não pagos. Neste conceito estão

incluídos os cuidados de saúde de caridade que não são cobrados aos utentes, bem como

os cuidados de saúde que são facturados, mas que não chegam a ser recebidos pelas

instituições, que se classificam de crédito mal parado ou crédito incobrável, em que não

existe expectativa de recebimento. O custo de prestação destes serviços de saúde terá de

ser ponderado pelo preço de custo de cada unidade hospitalar e não pelo preço de

venda, que já incluiria a margem de facturação do hospital e, como tal, não poderia ser

considerada à partida um custo para o hospital.

Por outro lado, no artigo em referência, são também quantificados os benefícios a que

estes hospitais estiveram sujeitos. Para tal, numa primeira fase, são identificados os três

tipos de subsídios relevantes para estas entidades, nomeadamente, a isenção dos

impostos sobre o rendimento, a isenção de impostos sobre a propriedade e, por último, o

benefício de financiamento a taxas de juro inferiores às de mercado1. Depois de

1 Nos EUA é frequente as instituições sem fins lucrativos contraírem empréstimos a taxas de juro mais baixas (entre 2 a 3 pontos percentuais) que empresas com fins lucrativos de igual risco. Não sendo esta a prática corrente em Portugal, embora pontualmente possa ocorrer, este benefício não será analisado.

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identificadas as três categorias, as mesmas são valorizadas financeiramente. Neste

procedimento existem alguns pressupostos assumidos que importa clarificar. Ao

determinar o benefício de não pagar impostos sobre o rendimento, aplica-se a taxa de

imposto aos resultados gerados pelas instituições sem fins lucrativos, na expectativa de

aferir o benefício de não pagar este imposto. No entanto, assume-se que estes hospitais

teriam exactamente o mesmo comportamento se estivessem sujeitos a impostos, o que

poderá não corresponder à verdade. Aliás, como estas instituições não distribuem os

lucros pelos accionistas, antes reinvestem os valores gerados em obras de ampliação e

requalificação de actividade ou na promoção de prestação de cuidados de saúde

gratuitos, logo, não terão, à partida, grandes resultados no final do exercício. Por outro

lado, para calcular o benefício concedido a estas instituições na isenção de pagamento

de impostos sobre a propriedade, é identificado o valor patrimonial dos imóveis de cada

hospital e aplicada a taxa de imposto. Por último, para determinar a vantagem em

termos de taxas de juro são identificados os empréstimos, a taxa a que foram contraídos

e comparada com a taxa de juro de mercado para capitais e prazos de pagamento

semelhantes.

Depois de valorizados financeiramente os proveitos e custos associados à prestação de

cuidados de saúde por hospitais sem fins lucrativos os mesmos são comparados, ou seja,

somam-se o total de benefícios do hospital por ser uma entidade sem fins lucrativos e

compara-se este valor com os custos que o mesmo assumiu na prestação de actividade

de solidariedade social. Para ajuizar sobre os valores obtidos é utilizado o “Padrão de

Texas”. Este padrão é recorrentemente utilizado na literatura americana para determinar

se são cumpridas as regras entendidas como mínimas, em que os hospitais sem fins

lucrativos devem, pelo menos, fornecer cuidados de saúde gratuitos de montante igual

ao dos subsídios que auferem. Por exemplo, as directrizes da Comissão Estadual de

Impostos Americana exigem que os hospitais prestem serviços de caridade de, pelo

menos, igual valor ao da isenção de imposto de que beneficiaram (conceito do “Padrão

de Texas”).

Este foi, também, o critério utilizado por Morrisey e outros (1996), no Estado da

Califórnia, em que verificaram que a maioria dos hospitais efectivamente cumpria o

referido padrão, prestando à comunidade serviços de caridade superiores aos benefícios

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incorridos. No entanto, o estudo evidência que um em cada cinco hospitais (cerca de

20%) não cumpre com este padrão e que os que não cumpriam em 1988 são os mesmos

que não cumpriam em 1991. Assim é recomendado que seja obrigatório fazer uma

identificação mais explícita dos dividendos esperados para a sociedade como retorno

dos benefícios que são concedidos a estes hospitais.

No decorrer desta investigação terá que ser tido em conta que os benefícios prestados à

sociedade por estes hospitais sem fins lucrativos dependem de algumas variáveis como

as necessidades na área envolvente à que o hospital está inserido, nos recursos

existentes e nas decisões de afectação de resultados da própria instituição (Gray e

Schhlesinger, 2009).

Nicholson e outros (2000) consideram que, como os hospitais sem fins lucrativos não

têm de remunerar os seus accionistas, devem de prestar benefícios à comunidade de

valor idêntico aos resultados que os hospitais com fins lucrativos geram para os seus

accionistas. Esta visão é mais abrangente do que a anterior, uma vez que gerar

resultados semelhantes aos dos hospitais lucrativos, será à partida mais ambicioso que

prestar serviços à comunidade de valor equivalente às poupanças que auferiram.

Para quantificarem os benefícios para a comunidade, dos hospitais com e sem fins

lucrativos, estes autores estabelecem uma visão alternativa que também é útil para

delinear um modelo a implementar na investigação presente. Segundo os mesmos

existem diversos tipos de benefícios para a comunidade, como por exemplo:

• Prestação de cuidados de saúde gratuitos ou tendencialmente gratuitos aos mais carenciados (cidadão paga uma pequena parte da factura como medida inibidora de consumo excessivo)

• Prestação de serviços que não são passíveis de facturação

Podem ser exemplo os rastreios de saúde para pessoas com baixos rendimentos, aulas de preparação para o parto ou acções de formação de alimentação saudável.

• Investigação científica na área da medicina

Os hospitais que financiam a investigação prestam um bem público na medida que os resultados da investigação beneficiam toda a comunidade.

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18

Na opinião de Nicholson e outros (2000), o cálculo do benefício para a comunidade dos

hospitais com fins lucrativos seria igual a Impostos pagos (que reverteram para a

sociedade) mais Cuidados de saúde gratuitos prestados mais Lucro líquido. Depois

teríamos de ponderar este valor pelo valor do património ou dos activos, consoante o

indicador de rentabilidade pretendido, e estimar a percentagem que os hospitais sem fins

lucrativos deveriam de investir em benefícios para a sociedade para compensarem as

regalias que auferem.

2.2. Benefícios das IPSS em Portugal De seguida enumerámos os diversos benefícios que encontrámos na vasta legislação

como inerentes a este tipo de instituição. Fizemos uma pesquisa alargada e não

encontramos compilados e devidamente explanados todos estes benefícios, o que

implicou um exaustivo trabalho de consulta de inúmeros códigos tributários, Decretos-

Lei, Lei e outra legislação avulsa. Estamos convictos que, com o árduo e demoroso

trabalho que levamos a cabo, conseguimos sintetizar e sistematizar todos os benefícios

actualmente em vigor na legislação Portuguesa, considerando difícil (apesar de

possível) que não tenhamos identificado algum em particular.

2.2.1. Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas

Como já referimos, as IPSS são entidades que não visam o lucro, antes desenvolvem as

suas actividades na prossecução dos seus fins estatutários. Deste modo, nos termos da

alínea b) do n.º 1 do artigo 10º do CIRC, estão isentas de IRC “As instituições

particulares de solidariedade social e entidades anexas, bem como as pessoas

colectivas àquelas legalmente equiparadas”.

Esta isenção é pessoal e automática, não carecendo de reconhecimento pelo Ministro

das Finanças. No entanto, encontra-se condicionada ao cumprimento dos requisitos

enunciados nas alíneas do n.º 3 do artigo 10º:

• “Exercício efectivo, a título exclusivo ou predominante, de actividades dirigidas

à prossecução dos fins que justificaram o respectivo reconhecimento da

qualidade de utilidade pública”

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• “Inexistência de qualquer interesse directo ou indirecto dos membros dos

órgãos estatutários, por si mesmos ou por interposta pessoa, nos resultados da

exploração das actividades económicas por elas prosseguidas”

• “Afectação aos fins referidos na alínea anterior de, pelo menos, 50% do

rendimento global líquido que seria sujeito a tributação nos termos gerais, até

ao fim do 4.º período de tributação posterior àquele em que tenha sido obtido”.

A inobservância de qualquer dos dois primeiros requisitos determina, de acordo com o

estipulado no n.º 4, “a perda da isenção, a partir do correspondente período de

tributação, inclusive.

A não afectação prevista no terceiro requisito implica, em observância ao disposto no

n.º 5, sujeitar “a tributação, no 4.º período de tributação posterior ao da obtenção do

rendimento global líquido, a parte desse rendimento que deveria ter sido afecta aos

respectivos fins”, podendo a tributação não se verificar se for apresentado, e aceite pela

Direcção Geral dos Impostos, motivo de justo impedimento do cumprimento daquele

prazo.

Em qualquer dos casos, e nos termos do corpo do n.º 3, esta isenção “não abrange os

rendimentos empresariais derivados do exercício das actividades comerciais ou

industriais desenvolvidas fora do âmbito dos fins estatutários, bem como os

rendimentos de títulos ao portador, não registados nem depositados, nos termos da

legislação em vigor”.

Assim, se uma IPSS dispuser de rendimentos não abrangidos pela isenção, a taxa de

imposto a aplicar será de 20%, conforme artigo 87º do CIRC. Esta taxa, diferente da

prevista naquele artigo para as entidades com fins lucrativos, configurará um benefício

adicional sempre que a matéria colectável seja superior a € 31.250,002.

Acresce ainda que nos n.ºs 3 e 4 do artigo 49º do CIRC não estão sujeitos a tributação,

as quotas pagas pelos associados em conformidade com os estatutos, bem como os

subsídios e os incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito (donativos) que sejam

destinados à directa realização dos seus fins estatutários.

2 A taxa a aplicar às entidades lucrativas encontra-se seccionada em 2 escalões: até € 12.500,00 de matéria colectável aplica-se a taxa de 12,5%, ao excedente 25%. Deste modo, se a matéria colectável for € 31.250,00 o imposto apurado será de € 6.250, tal como seria no caso da IPSS.

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20

Os rendimentos pagos às IPSS (prediais ou de capitais) não serão objecto de retenção na

fonte desde que seja feita a prova da isenção em IRC, de acordo com o disposto no n.º 2

do artigo 97º do CIRC.

Em termos do cumprimento de obrigações acessórias previstas no CIRC, as IPSS estão

dispensadas, em consonância com o estatuído no n.º 6 do artigo 117º, do envio da

declaração periódica de rendimentos prevista naquele artigo, desde que não tenham

auferido rendimentos excluídos da isenção nem se encontrem sujeitas a tributação

autónoma.

2.2.2. Imposto sobre o Valor Acrescentado

O IVA é um imposto geral sobre o consumo que incide sobre as transmissões de bens,

as prestações de serviços, as aquisições intracomunitárias e as importações. Trata-se de

um imposto plurifásico incidente sobre todas as fases do circuito económico e suportado

de facto pelos consumidores finais, sendo o seu método de cálculo assente no

mecanismo de crédito de imposto. Ou seja, em cada cadeia do circuito o imposto é

liquidado pelo preço de venda, mas o sujeito passivo tem direito à dedução do imposto

que incidiu sobre o custo de aquisição ou produção dos bens ou serviços por ele

prestados. Deste modo, cada operador económico entregará ao Estado apenas a fracção

do imposto resultante daquela diferença, que no seu total corresponderá ao imposto

pago pelo consumidor final.

Como refere Almeida (2009), estas entidades estão, em regra geral, isentas de IVA

relativamente às actividades por si prestadas de acordo com os seus fins estatutários,

estando essas isenções previstas no artigo 9º do Código do Imposto sobre o Valor

Acrescentado (CIVA).

No entanto, no caso concreto das IPSS que desenvolvam actividades no domínio da

saúde, estas gozam de isenção do imposto, não por via da sua qualificação como IPSS,

mas por via da natureza da actividade. Em conformidade com o disposto no n.º 2 do

artigo 9º, estão isentas do imposto “as prestações de serviços médicos e sanitários e as

operações com elas estreitamente conexas efectuadas por estabelecimentos

hospitalares, clínicas, dispensários e similares”.

Esta isenção reveste pois um carácter objectivo, estão isentas aquelas actividades,

independentemente da qualidade do prestador das mesmas.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

21

Nesta linha de raciocínio, não se pode inferir que estejamos perante um verdadeiro

beneficio das IPSS, no exacto sentido em que esta isenção dos serviços de saúde

aproveita igualmente a qualquer prestador, com ou sem finalidade lucrativa.

Contudo, o legislador atendendo à natureza e ao papel social das IPSS, atribuiu-lhes um

regime de protecção e apoio em sede de IVA, prevendo a possibilidade de restituição do

imposto por elas suportado relativamente à aquisição de alguns bens e serviços

indispensáveis ao desenvolvimento da sua actividade.

Este regime específico encontra-se consagrado no Decreto-Lei 20/90 de 13 de Janeiro,

com as alterações introduzidas pelo n.º 5 do artigo 35º da Lei n.º 52-C/96 de 27 de

Dezembro.

Deste modo, para as IPSS, constitui o verdadeiro benefício em sede de IVA a restituição

do imposto suportado nas operações previstas nas alíneas a) a e) do n.º 1 do artigo 2º do

citado Decreto-Lei, nas condições e com os limites previsto naquele artigo, em

requerimento dirigido ao Director Geral dos Impostos, nos termos e prazos previstos no

artigo 3º, conforme seguidamente se resume no seguinte quadro:

Quadro 1 - Restituição de IVA às IPSS (adaptado de Decreto-Lei 20/90 de 13 de Janeiro)

Categoria Restrições Limites Prazos Pedidos de Reembolso

Aquisição de bens e serviços relativos à construção, manutenção e conservação dos imóveis que sejam total ou principalmente utilizados na prossecução dos fins estatutários

Facturas de valor não inferior a Euros 997,60, com exclusão do IVA.

Sem limite Um ano a contar da data da factura ou documento equivalente (ou, caso aplicável, do bilhete de importação)

Aquisição de bens e serviços relativos a elementos do activo imobilizado

Facturas de valor unitário não inferior a Euros 99,76, com exclusão do IVA.

Facturas até Euros 9.975,96, com exclusão do IVA

Um único pedido de reembolso, a apresentar durante os meses de Janeiro e de Fevereiro (operações realizadas no ano anterior)

Aquisição de veículos automóveis novos, ligeiros de passageiros ou de mercadorias ou veículos pesados, desde que:

Registados em nome da IPSS

Reembolso Máximo Euros 2.493,99 - veículos automóveis novos ligeiros Reembolso Máximo Euros 7.481,97 - veículos pesados 1 Veiculo em cada categoria por cada 4 anos (excepto se furto ou sinistro grave)

Aquisição de veículos novos, ligeiros ou pesados – Um ano a contar da data da factura ou documento equivalente (ou, caso aplicável, do bilhete de importação);

Reparações em veículos automóveis

- Veículo registado em nome da IPSS; - Veículo utilizado exclusivamente para a prossecução dos fins estatutários da IPSS.

Facturas até Euros 498,80, com exclusão do IVA

Um único pedido de reembolso, a apresentar durante os meses de Janeiro e de Fevereiro (operações realizadas no ano anterior)

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22

No plano dos benefícios em termos de cumprimento das obrigações acessórias, as IPSS

que pratiquem exclusivamente operações isentas encontram-se dispensadas, em sintonia

com a disposição do n.º 3 do artigo 29º, de:

• Emitir factura ou documento equivalente nos termos do artigo 36º, relativas às

suas transmissões de bens e prestações de serviços, devendo, no entanto, passar

documento de quitação de todas as importâncias recebidas;

• Envio das declarações periódicas;

• Apresentação da declaração de informação contabilística e fiscal e respectivos

anexos3, que faz parte integrante da declaração anual referida nos Códigos do

IRS e IRC;

• Dispor de contabilidade adequada ao apuramento e fiscalização do imposto.

2.2.3. Imposto Municipal sobre Imóveis

No que ao IMI concerne, refira-se que, nos termos do artigo 1º do Código do Imposto

Municipal sobre Imóveis (CIMI), este “incide sobre o valor patrimonial tributário dos

prédios rústicos e urbanos situados no território português, constituindo receita dos

municípios onde os mesmos se localizam”, sendo, de acordo com o vertido no n.º 1 do

artigo 8º, o imposto “devido pelo proprietário do prédio em 31 de Dezembro do ano a

que o mesmo respeitar”.

Equivale a dizer que as IPSS se encontram sujeitas ao pagamento do imposto incidente

sobre o valor patrimonial dos imóveis, localizados em território nacional, de que sejam

proprietárias em 31 de Dezembro do ano a que o imposto se reporta.

Todavia, esta sujeição encontra-se afastada ou pelo menos limitada face à isenção

pessoal conferida pela alínea f) do n.º 1 do artigo 44º do EBF:

“1 - Estão isentos de imposto municipal sobre imóveis:… As instituições particulares de

solidariedade social e as pessoas colectivas a elas legalmente equiparadas, quanto aos

prédios ou parte de prédios destinados directamente à realização dos seus fins, salvo

no que respeita às misericórdias, caso em que o benefício abrange quaisquer imóveis

de que sejam proprietárias;”

3 Como já expusemos, em sede de IRC não se opera a dispensa da apresentação da declaração anual. Assim, esta dispensa deverá ser entendida apenas em relação aos anexos referentes ao IVA.

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23

Assim, em sede de IMI as IPSS beneficiam de isenção relativamente aos imóveis de que

sejam proprietárias e que se destinem directamente à realização dos seus fins

estatutários. Se a IPSS revestir a forma de Misericórdia, então a isenção é total,

abrangendo todos os imóveis de que esta seja titular.

Estas isenções são reconhecidas oficiosamente, desde que se verifique a inscrição na

matriz em nome das entidades beneficiárias, que os prédios se destinem directamente à

realização dos seus fins e que seja feita prova da respectiva natureza jurídica e iniciam-

se a partir do ano, inclusive, em que se constitua o direito de propriedade.

2.2.4. Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

Dispõe o n.º 1 do artigo 2º do Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões

Onerosas de Imóveis (CIMT) que “ o Imposto Municipal sobre as Transmissões

Onerosas de Imóveis (IMT) incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de

propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis situados no

território nacional”, sendo, em concomitância com o corpo do artigo 4º, “devido pelas

pessoas, singulares ou colectivas, para quem se transmitam os bens imóveis”.

Uma vez mais, os normativos supra citados configuram o preenchimento dos

pressupostos de incidência do imposto, sujeitando assim, a tributação das IPSS em sede

de IMT.

Contudo, face ao controvertido na alínea e) do artigo 6º do CIMT, ficam isentos de IMT

“as instituições particulares de solidariedade social e entidades a estas legalmente

equiparadas, quanto aos bens destinados, directa e imediatamente, à realização dos

seus fins estatutários”.

Novamente nos encontramos perante uma isenção de natureza pessoal consistindo o

benefício na isenção de IMT relativamente às aquisições de imóveis efectuadas pelas

IPSS que se destinem a prossecução dos seus fins estatutários.

As isenções são reconhecidas a requerimento dos interessados, a apresentar junto dos

serviços competentes para a decisão, antes do acto ou contrato que originou a

transmissão, devendo conter a identificação e descrição dos bens, bem como o fim a que

se destinam, e ser acompanhado dos documentos demonstrativos dos pressupostos da

isenção (documento comprovativo da qualidade do adquirente e certidão ou cópia

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autenticada da deliberação sobre a aquisição onerosa dos bens, da qual conste expressa

e concretamente o destino destes).

2.2.5. Imposto do Selo

Em termos de tributação em sede de Imposto do Selo (IS), o artigo 1º do Código do

Imposto de Selo (CIS) delimita o âmbito de incidência do imposto, quer através de

normas de delimitação positiva, quer através de normas de delimitação negativa ou de

exclusão tributária.

Com efeito, de acordo com o n.º 1 consideram-se sujeitos a imposto “todos os actos,

contratos, documentos, títulos, papéis e outros factos previstos na Tabela Geral,

incluindo as transmissões gratuitas de bens”. Os n.ºs 3 e 4 vêm elencar alguns factos

específicos que se consideram abrangidos no campo de incidência, como por exemplo,

emissão de contratos de trabalho ou emissão de cheques.

Em todo o caso, face ao disposto na alínea d) do artigo 6º “são isentos de imposto do

selo, quando este constitua seu encargo, as instituições particulares de solidariedade

social e entidades a estas legalmente equiparadas”.

Por outro lado, este imposto também reveste um carácter de não tributação no que

concerne aos donativos, conforme descrito no n.º 5 do artigo 1º“não são sujeitas a

imposto do selo as seguintes transmissões gratuitas:…os donativos efectuados nos

termos da Lei do Mecenato”.

Chama-se particular atenção para o facto de que para efeitos do imposto do selo, os

sujeitos passivos não serem necessariamente quem suporta ou paga o imposto. Aqui, o

papel de sujeito passivo encontra-se circunscrito à liquidação e posterior entrega ao

estado do imposto cobrado “aos titulares do interesse económico” que, nos termos do

n.º 3, suportam o encargo do imposto.

2.2.6. Imposto sobre Veículos

O artigo 2º do Código sobre o Imposto sobre Veículos (CISV) estipula a sujeição a

Imposto sobre Veículos (ISV) definindo quais os veículos sobre que este incide e

prevendo, também, a não sujeição ao imposto de certos tipos de veículos.

Por sua vez, o artigo 3º determina a incidência pessoal do imposto, considerando como

sujeitos passivos “os operadores registados, os operadores reconhecidos e os

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particulares, tal como definidos pelo presente código, que procedam à introdução no

consumo dos veículos tributáveis, considerando-se como tais as pessoas em nome de

quem seja emitida a declaração aduaneira de veículos”.

Neste âmbito, os veículos introduzidos no consumo por via de aquisição efectuada por

IPSS estão sujeitas ao imposto.

Contudo, o artigo 52º daquele normativo legal, postula que “estão isentos do imposto os

automóveis ligeiros de passageiros com lotação de nove lugares, incluindo o do

condutor, adquiridos a título oneroso, em estado novo, por pessoas colectivas de

utilidade pública e instituições particulares de solidariedade social que se destinem ao

transporte colectivo em actividades de interesse público e que se mostrem adequados à

sua natureza e finalidades”.

Encontramo-nos aqui perante uma isenção simultaneamente real (isenta apenas um tipo

de veículo) e pessoal (referindo-se às pessoas colectivas de utilidade pública e às IPSS),

sendo esta isenção, ainda, condicionada a viatura:

• seja adquirida a título oneroso;

• nova (a isenção não se aplica a veículos usados);

• destinada a transporte colectivo em actividades de reconhecido interesse público;

• aquisição da viatura se mostre adequada à natureza e fins estatutários;

• deverá ostentar dizeres ou símbolos identificadores da entidade beneficiária,

gravados em tamanho não inferior à matricula e de forma permanente nas suas

partes laterais e posterior.

A isenção deverá ainda ser requerida à Direcção Geral das Alfandegas e dos Impostos

Especiais sobre o Consumo, anterior ou concomitante à apresentação do pedido de

introdução no consumo, acompanhada de documento actualizado comprovativo do

estatuto jurídico da instituição e documento comprovativo da aquisição.

2.2.7. Imposto Único de Circulação

O artigo 2º do Código sobre o Imposto Único de Circulação (CIUC) regula a incidência

do Imposto Único sobre Circulação (IUC) sobre os veículos, tipificando-os em diversas

categorias.

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26

Paralelamente, o artigo 3º define como sujeitos passivos do imposto “os proprietários

dos veículos, considerando-se como tais as pessoas singulares ou colectivas, de direito

público ou privado, em nome das quais os mesmos se encontrem registados”.

Reunidos os pressupostos de incidência do imposto, as IPSS são, então, sujeitas a

tributação em sede de IUC relativamente aos veículos de que sejam proprietárias.

Todavia, a alínea b) do n.º 2 do artigo 5º vem contemplar a isenção do imposto

relativamente às “pessoas colectivas de utilidade pública e instituições particulares de

solidariedade social”.

Trata-se de uma isenção de natureza pessoal que é reconhecida por despacho do

Director Geral dos Impostos a requerimento devidamente documentado a apresentar

pelas entidades interessadas.

2.2.8. Consignação Fiscal

A Lei n.º 16/2001 de 22 de Junho, denominada Lei da Liberdade Religiosa, com as

alterações introduzidas pela Lei n.º 91/2009 de 31 de Agosto, estipula, face ao disposto

no artigo 32º um conjunto de benefícios fiscais que abrangem as pessoas colectivas

religiosas.

Entre aqueles benefícios reveste especial importância a figura da consignação fiscal

prevista no n.º 4, considerando que “uma quota equivalente a 0,5% do imposto sobre o

rendimento das pessoas singulares, liquidado com base nas declarações anuais, pode

ser destinada pelo contribuinte, para fins religiosos ou de beneficência, a uma igreja ou

comunidade religiosa radicada no País, que indicará na declaração de rendimentos,

desde que essa igreja ou comunidade religiosa tenha requerido o benefício fiscal”.

Nos termos do n.º 6 daquele artigo, tal beneficio é extensível às IPSS dado que “o

contribuinte que não use a faculdade prevista no n.º 4 pode fazer uma consignação

fiscal equivalente a favor de uma pessoa colectiva de utilidade pública de fins de

beneficência ou de assistência ou humanitários ou de uma instituição particular de

solidariedade social, que indicará na sua declaração de rendimentos”.

Assim, as IPSS podem beneficiar da consignação de 0,5 % do Imposto sobre

Rendimento Pessoas Singulares (IRS) liquidado desde que previamente requeiram o

benefício através de ofício endereçado ao Director-Geral dos Impostos até ao final do ano

anterior àquele em que o pretenda usufruir.

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2.2.9. Contribuições para Sistemas de Segurança Social

Na exacta medida em que o objectivo deste trabalho é proceder ao levantamento dos

benefícios auferidos pelas IPSS, apenas serão abordadas neste ponto as contribuições

que constituem seu encargo enquanto entidades empregadoras. Negligenciando-se,

desta forma, as contribuições que constituem encargo dos respectivos colaboradores, até

porque, a contribuição de 11% dos colaboradores, é a mesma seja o hospital com ou

sem fins lucrativos.

As taxas a aplicar às remunerações pagas encontram-se previstas e reguladas pelo

Decreto-Lei 199/99 de 8 de Junho.

O artigo 3º do referido Decreto-Lei fixa o valor da “taxa contributiva global do regime

geral é de 34,75%”, e que a mesma “subdivide-se em duas parcelas, cabendo 23,75% à

entidade empregadora e 11% à quotização do trabalhador beneficiário”.

No caso das IPSS, prescreve o artigo 30º que “a taxa contributiva relativa aos

trabalhadores das instituições particulares de solidariedade social é de 30,60%, sendo,

respectivamente, de 19,60% e de 11,00% para as entidades empregadoras e para os

trabalhadores”.

Faz-se notar que, no plano das contribuições obrigatórias para sistemas de segurança

social, o benefício auferido pelas IPSS não se opera por via de uma isenção, antes

reveste a natureza de uma redução de taxa, determinada pela dedução ao valor da taxa

contributiva global da percentagem imputada à parcela da solidariedade laboral (3,20%)

prevista e regulada no Decreto-Lei 200/99 de 8 de Junho, acrescida de

aproximadamente 1%, num total de benefício de 4,15% (23,75%-19,6%).

Esta redução de taxa configura-se, assim, como um importante beneficio das IPSS,

atendendo ao peso que, normalmente, assumem os encargos com o pessoal na estrutura

de custos das instituições que prosseguem fins de saúde.

2.2.10. Mecenato Social e Donativos

O apoio e protecção de que gozam as IPSS manifesta-se, também, na possibilidade de

receberem donativos fiscalmente relevantes.

Desde logo, porque os donativos podem constituir uma importante fonte de receitas das

Instituições, e depois porque, como já focamos no ponto antecedente, na esfera

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tributária das IPSS, os donativos não são sujeitos a tributação em IRC, nem tão pouco

em IS.

Por outro lado, o Estado incentiva e fomenta a atribuição dos donativos criando

instrumentos legais que permitem aos doadores obterem, também eles, benefícios

fiscais associados aos donativos que concedem.

Tais instrumentos legais estabeleceram-se no Estatuto do Mecenato, aprovado pelo

Decreto-Lei 74/99 de 16 de Março, encontrando-se actualmente, no que ao mecenato

social (que aproveita às IPSS) diz respeito, transposto para o Capítulo X do EBF –

Benefícios fiscais relativos ao mecenato – nos seus artigos 61º a 66º.

Assim, importa desde logo clarificar o que se entende por donativo com relevância

fiscal. Tal definição, plasmada no artigo 61º do EBF, considera que “Para efeitos

fiscais, os donativos constituem entregas em dinheiro ou em espécie, concedidos, sem

contrapartidas que configurem obrigações de carácter pecuniário ou comercial, às

entidades públicas ou privadas, previstas nos artigos seguintes, cuja actividade

consista predominantemente na realização de iniciativas nas áreas social, cultural,

ambiental, desportiva ou educacional”

O EBF prevê, então, no artigo 62º, que para efeitos de determinação do lucro tributável

dos doadores “são considerados custos ou perdas do exercício, até ao limite de 8/1000

do volume de vendas ou dos serviços prestados, os donativos atribuídos às Instituições

particulares de solidariedade social”.

Aqueles donativos serão considerados por 130% do seu valor. No entanto, poderão ser

levados a custos em valores superiores no caso de se destinarem a custear as seguintes

medidas:

• Apoio à infância ou à terceira idade; apoio e tratamento de toxicodependentes ou

de doentes com sida, com cancro ou diabéticos; Promoção de iniciativas

dirigidas à criação de oportunidades de trabalho e de reinserção social de

pessoas, famílias ou grupos em situações de exclusão ou risco de exclusão

social, designadamente no âmbito do rendimento social de inserção, de

programas de luta contra a pobreza ou de programas e medidas adoptadas no

contexto do mercado social de emprego – Custo de 140%.

• Apoio pré-natal a adolescentes e a mulheres em situação de risco e à promoção

de iniciativas com esse fim; apoio a meios de informação, de aconselhamento,

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de encaminhamento e de ajuda a mulheres grávidas em situação social,

psicológica ou economicamente difícil; apoio, acolhimento e ajuda humana e

social a mães solteiras; apoio, acolhimento, ajuda social e encaminhamento de

crianças nascidas em situações de risco ou vítimas de abandono; ajuda à

instalação de centros de apoio à vida para adolescentes e mulheres grávidas cuja

situação sócio-económica ou familiar as impeça de assegurar as condições de

nascimento e educação da criança; apoio à criação de infra-estruturas e serviços

destinados a facilitar a conciliação da maternidade com a actividade profissional

dos pais – Custo 150%.

Em sede de IRS refira-se que, conforme estipula o artigo 63º, os donativos em dinheiro

atribuídos pelas pessoas singulares residentes em território nacional, às IPSS, “são

dedutíveis à colecta do IRS do ano a que digam respeito, em valor correspondente a 25

% das importâncias atribuídas, até ao limite de 15 % da colecta”, sendo que aquelas

deduções “só são efectuadas no caso de não terem sido contabilizadas como custos”.

De salientar que, nos termos da Circular 2/2004 de 20 de Janeiro emitida pela Direcção

de Serviços do IRC, as importâncias ou bens atribuídos fora do âmbito do mecenato,

conforme previsto no artigo 61º do EBF, que revistam a natureza de meras liberalidades

não são aceites como custo fiscal. Se, por outro lado, constituírem a contrapartida da

aquisição de um bem ou serviço, poderão ser consideradas custo fiscal, nos termos do

artigo 23º do CIRC, mas não conferem o direito à majoração do custo (o beneficio

fiscal).

2.2.11. Isenções de taxas municipais

Invocamos neste ponto, um benefício eventualmente residual mas que, igualmente,

poderá aproveitar às IPSS.

Trata-se da possibilidade destas instituições poderem beneficiar, de acordo com os

regulamentos aprovados pelas autarquias locais, da isenção de taxas devidas por actos e

licenciamentos municipais, tais como licenças para obras, existência de rampas,

sinalética ou placas na via pública.

Efectivamente, as autarquias locais instituem regulamentos próprios onde fixam o

pagamento de taxas que se destinam não só ao financiamento da autarquia, como

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também, ao ressarcimento do custo dos serviços por esta prestados aos seus

concidadãos.

No entanto, também as autarquias reconhecem o papel meritório e catalisador

desempenhado pelas IPSS no domínio da acção social, nomeadamente, nos concelhos

em que se inserem, e apoiam essa acção quer pela atribuição de subsídios (como

evidenciado no ponto subsequente) quer, no caso vertente, pela isenção do pagamento

das taxas referentes aos actos e factos de licenciamentos e serviços municipais que se

destinem à directa e imediata realização dos seus fins estatutários.

Da mesma forma que os regulamentos e os factos neles compreendidos, bem como as

taxas são diferentes de município para município, também as isenções e o alcance das

mesmas difere entre municípios.

Assim, a título de exemplo refira-se que o artigo G/11 do Código Regulamentar do

Município do Porto estipula que “estão isentas do pagamento de taxas as pessoas

colectivas de utilidade pública administrativa, as instituições particulares de

solidariedade social, bem como as de mera utilidade pública, relativamente aos actos e

factos que se destinem à directa e imediata realização dos seus fins”, desde que estejam

isentas de IRC.

Nos termos daquele Código Regulamentar, as isenções deverão ser solicitadas em

requerimento acompanhado dos documentos comprovativos do estatuto da instituição e

dos seus fins, bem como, se for o caso, do documento comprovativo da isenção de IRC.

2.2.12. Subsídios

Por fim, importa referir que o denominado sector social, onde se inserem as IPSS,

desempenha um papel de relevância na sociedade, abraçando funções sociais que a

Constituição da República Portuguesa atribui à competência do Estado.

A prossecução dos fins sociais e de solidariedade assenta em grande parte nas

actividades desenvolvidas pelas IPSS.

O Estado reconhece o contributo das IPSS para prossecução dos objectivos da

segurança social, delegando responsabilidades que lhe cabem com a atribuição de

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subsídios, normalmente em resultado de acordos de cooperação que a Segurança Social,

a Saúde ou a Educação estabelecem com aquelas.

Segundo Romão (2002), estes acordos assumem uma fonte de financiamento tendo em

conta os serviços prestados pelas instituições. A autora refere ainda que o financiamento

público às IPSS não se circunscreve ao apoio financeiro proveniente destes acordos,

engloba também comparticipações para equipamentos e instalações, verbas decorrentes

do programa de luta nacional contra a pobreza, subsídios concedidos pelas autarquias e

por outras entidades locais e outros apoios financeiros através do Programa de

Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC),

tendo em vista a criação ou remodelação de estabelecimentos ou de equipamentos.

Um perfeito exemplo de um destes apoios reside na extensão da Medida Solar Térmico

2009 às IPSS, que, nas palavras do Ministro de Estado e das Finanças, “ teve por base a

vontade de aumentar o conforto térmico dos respectivos utentes e colaboradores, sem

que, no entanto, tal vantagem resultasse num aumento, indesejável, dos

correspondentes encargos de tesouraria das referidas instituições”.

A referida medida subsidia a aquisição e instalação pelas IPSS de painéis solares, com

vista ao aproveitamento da energia solar térmica, através de uma comparticipação a

fundo perdido, que poderá ir até 65% do preço de aquisição dos equipamentos.

Adicionalmente, poderão ainda as instituições optar pela utilização de uma linha de

crédito, com taxas de juro mais reduzidas, instituída pelo protocolo celebrado para o

efeito com entidades bancárias, para financiamento do montante não comparticipado.

Resumidamente, face ao especial papel que assumem na sociedade, nos domínios da

solidariedade e da protecção, ao carácter não lucrativo das suas actividades e à sua

condição de pessoas colectivas de utilidade pública, as IPSS gozam de importante apoio

e protecção por parte do Estado, sintetizado da seguinte forma:

1. Estabelecimento de um regime fiscal claramente mais favorável, quer ao nível

da tributação propriamente dita, quer ao nível da exigência do cumprimento das

obrigações acessórias;

2. Capacidade de serem objecto de atribuição de donativos com relevância fiscal

para os doadores;

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3. Isenção ou redução no pagamento de taxas municipais;

4. Atribuição de subsídios.

Para finalizar, resumiram-se no quadro subsequente os diversos benefícios

identificados, classificados de acordo com os instrumentos jurídicos apresentados no

capítulo anterior.

Quadro 2 – Benefícios IPSS

N.º Benefício Não

Tributação

Isenção de Imposto e

Redução de Taxa

Benefícios Fiscais

Obrigações Acessórias Menos

Exigentes

2.2.1 IRC x x x

2.2.2 IVA x x

2.2.3 IMI x x

2.2.4 IMT x

2.2.5 IS x x

2.2.6 IV x

2.2.7 IUC x

2.2.8 Consignação Fiscal x

2.2.9 Taxa Segurança Social x

2.2.10 Donativos x

2.2.11 Taxas Municipais x

2.2.12 Subsídios n/a n/a n/a n/a

n/a - não aplicável por não resulta de legislação fiscal

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33

Capítulo III – Inquérito às IPSS na área da Saúde

3.1. Objectivos É com base na revisão da literatura apresentada que partimos para o nosso estudo.

Vimos que várias investigações têm apontado para a necessidade de monitorizar os

serviços que o sector não lucrativo presta à sociedade. Na nossa investigação e dadas as

limitações de acesso à informação financeira e fiscal discutidas no capítulo II, no ponto

das obrigações declarativas menos rigorosas do que das entidades com fins lucrativos,

não nos foi possível replicar um estudo como o de Morrisey e outros (1996).

Entendemos ser cientifica e economicamente relevante constatar a exequibilidade de

uma análise do género no mercado português, verificando se os benefícios / serviços

que os hospitais sem fins lucrativos prestam à comunidade são ou não superiores aos

benefícios que auferem, com o objectivo subjacente de determinar se existe ou não

assertividade na atribuição dos mesmos.

O objectivo principal desta investigação consistiu em aferir se os hospitais sem fins

lucrativos prestam serviços de beneficência à sociedade.

Para além deste objectivo geral, foram definidos os seguintes objectivos específicos:

• Identificar a natureza jurídica das instituições;

• Determinar a dimensão média destes hospitais;

• Determinar a actividade média, em 2009 destes hospitais;

• Identificar as diversas actividades de beneficência prestadas à sociedade.

3.2. Hipótese Tendo em consideração os objectivos definidos formulámos a seguinte hipótese de

trabalho:

H1 – Existe evidência de prestação de actividades de beneficência pelos hospitais sem

fins lucrativos.

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34

3.3. Metodologia Para testar a hipótese previamente formulada recorremos a um Plano de Investigação de

natureza Quantitativa, de segunda categoria, ou seja, um Plano Não Experimental, em

que o objectivo passou pela recolha de dados para a obtenção de descrições, relações

entre as variáveis e explicações estatísticas que permitiram recolher evidência junto da

população-alvo, da existência da prestação de benefícios à sociedade.

Neste tipo de plano de investigação não ocorreu manipulação das variáveis, nem

destinação aleatória dos sujeitos, mas sim a utilização de dados estatísticos que

quantifiquem as variáveis em estudo.

Relativamente a esta metodologia de plano de investigação quantitativo existem

algumas vantagens associadas, como a utilização de técnicas rigorosas de recolha de

dados, que permitem assegurar a validade e fidelidade da informação obtida, como é o

caso dos inquéritos que foram utilizados.

Para análise dos resultados foi assumido que se 50% dos hospitais inquiridos

apresentassem prestação de cuidados de saúde gratuitos se concluiria que existia

evidência de que estas instituições prestam serviços de caridade, caso contrário não

existiria evidência significativa.

3.4. Amostra Para determinar quais são as instituições sem fins lucrativos a actuar no mercado da

saúde foi efectuada uma pesquisa no sítio da Segurança Social, obtendo-se a listagem

das IPSS registadas, que permitiu isolar o conjunto de IPSS no sector da saúde. A

triagem foi efectuada tendo por base as entidades prestadoras de cuidados de saúde

registadas no sítio da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Foram identificadas 100 instituições – Anexo n.º2 - como prestando cuidados de saúde

que se enquadram no sector social, apresentando diversas formas jurídicas, como se

constata no Quadro n.º4.

A população alvo foi agregada por respectivo distrito para permitir uma análise da sua

dispersão geográfica a nível nacional.

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Figura 1 – Dispersão geográfica da população

Nos mapas de Portugal é possível aferir a concentração geográfica destas instituições no

litoral do país especialmente nas grandes cidades. No segundo mapa é possível verificar

o número de entidades sem fins lucrativas por distrito, com um máximo de 19

instituições no distrito de Lisboa, seguido de 17 no distrito do Porto e 10 no distrito de

Braga. De realçar que não foram identificadas instituições nos distritos de Beja e Faro.

Do universo das 100 instituições identificadas aceitaram participar na investigação, ao

responderem ao inquérito enviado, 19 instituições que consideraremos como a amostra

desta investigação. Note-se que não se trata de uma verdadeira amostra estatística, na

exacta medida em que as instituições não foram, previamente, por nós seleccionadas.

Vimo-nos, assim, na contingência de utilizar, como base de trabalho, as respostas

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daquelas que decidiram participar voluntariamente nesta investigação. Poder-se-á,

inclusive, levantar a questão de que as instituições que optaram por não participar deste

estudo, o tenham feito porque, conscientemente, entenderam ser-lhes mais vantajoso

não revelar a informação sobre a actividade de solidariedade prestada em 2009.

Face ao exposto, a nossa amostra apresenta a seguinte dispersão geográfica:

Quadro 3 – Dimensão da População e Amostra por Distrito

Distrito População % Total População

Amostra % Total Amostra

% Total População

Lisboa 19 19% 4 21% 21%

Porto 17 17% 1 5% 6%

Braga 10 10% 3 16% 30%

Leiria 8 8% 0 0% 0%

Coimbra 7 7% 1 5% 14%

Açores 7 7% 1 5% 14%

Guarda 5 5% 1 5% 20%

Santarém 4 4% 0 0% 0%

Aveiro 3 3% 2 11% 67%

Viana do Castelo 3 3% 2 11% 67%

Évora 3 3% 0 0% 0%

Madeira 3 3% 1 5% 33%

Setúbal 2 2% 0 0% 0%

Viseu 2 2% 0 0% 0%

Vila Real 2 2% 1 5% 50%

Castelo Branco 2 2% 0 0% 0%

Portalegre 2 2% 1 5% 50%

Bragança 1 1% 1 5% 100%

Totais 100 100% 19 100% 19%

Do quadro supra é possível concluir que a amostra é constituída por 19 instituições,

sendo os distritos mais representativos os de Lisboa (21%), Braga (16%), Aveiro e

Viana do Castelo ambos com 11%.

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De evidenciar, ainda, que existem alguns distritos cuja adesão ao inquérito foi bastante

significativa face ao número de instituições que agregam, nomeadamente o distrito de

Bragança com uma adesão de 100% (dado que só foi identificada uma instituição e que

a mesma aceitou participar), seguido pelos distritos de Aveiro e Viana do Castelo com

uma adesão de 67% e Vila Real de 50%.

As 19 instituições que compõem a nossa amostra revestem maioritariamente a forma

jurídica de Irmandade de Misericórdia, o que consubstancia o descrito no 1º Capítulo

sobre a predominância das Santas Casas de Misericórdia a nível nacional e a sua

permanência no mercado.

Quadro 4 – Natureza Jurídica da Amostra

Forma Jurídica N.º %

Associação

1 5%

Instituto de Organização

Religiosa

2 11%

Fundação 6 32%

Irmandade de Misericórdia

10 53%

Totais 19 100%

3.5. Procedimentos Foi elaborado um inquérito (técnica de recolha de dados) e enviado a todos os hospitais

do sector social da saúde para obter estatísticas de dados físicos sobre características

(hospital generalista ou especialista, entre outras), instalações (número de salas de

consulta externa, salas operatórias, entre outras), actividade assistencial desenvolvida

(doentes saídos totais vs fins sociais, consultas externas totais vs consultas gratuitas,

entre outras) e actividades de beneficência desenvolvidas – Anexo n.º3.

O desenho do inquérito foi elaborado tendo por base a operação estatística 263 –

Inquérito aos Hospitais - do Instituto Nacional de Estatística (INE) nas valências dos

dados físicos, uma vez que a resposta é obrigatória, por força da Lei nº 22/2008, de 13

de Maio (Lei do Sistema Estatístico Nacional), que determina sanções para os casos de

transgressão, nomeadamente por não-resposta, resposta fora dos prazos ou resposta

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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incorrecta. Ou seja, aproveitamos as sinergias criadas pela resposta ao inquérito do INE,

a que estas instituições estão condicionadas. Foi nossa intenção utilizar um desenho de

inquérito semelhante ao que já conhecem para ser de fácil compreensão e, por outro

lado, não originar consumo de recursos significativos no seu preenchimento, o que

poderia, à partida, inviabilizar o seu preenchimento.

Basicamente, partimos da estrutura do INE, mantivemos os indicadores de

equipamentos e instalações, recursos humanos e actividade, adaptando sempre que

necessário à nossa investigação e acrescentamos os capítulos V – Actividade de

Beneficência: Prestação de Cuidados de Saúde e VI – Outras Actividades de

Beneficência. Nestes dois capítulos do inquérito tivemos o cuidado de colocar notas

explicativas do que consideramos actividade de beneficência, bem como exemplos, para

que, e sendo perguntas novas, as entidades tivessem facilidade em atingir o objectivo da

questão.

Nesse contexto definimos como actividade de beneficência aquela em que o utente não

paga, ou suporta apenas um valor marginal da totalidade do custo incorrido pela

instituição. Fazendo a devida chamada de atenção para o facto de se excluírem deste

âmbito os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que só pagam taxas

moderadoras, ou de outros subsistemas, em que o remanescente da despesa é suportado

por uma qualquer entidade, sendo a instituição prestadora do cuidado de saúde

ressarcida dos custos incorridos, não devendo, portanto, ser considerada actividade de

solidariedade. Como exemplo, podemos verificar a situação em que é realizada uma

consulta a um utente com baixos rendimentos que não dispõe de recursos financeiros

para a pagar. Ficando o custo de realização da consulta a cargo da própria instituição.

O período de referência foi o ano de 2009 e o inquérito foi distribuído após o do INE

(09.04.2010), ou seja, mais uma vez tentamos aproximar as datas do nosso inquérito às

do INE para facilitar a resposta das instituições. O prazo de resposta estipulado foi o

mesmo do INE, 30.04.2010.

Aquando do envio via postal anexamos um envelope já devidamente endereçado ao

destinatário e selado, para que facilitasse a devolução do mesmo. Foram, ainda

disponibilizadas outras formas de resposta, como a electrónica, tendo também o

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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inquérito seguido uma semana antes do fim do prazo, via endereço electrónico, para

todas as instituições com e-mail público.

Também, à semelhança do INE, foram prestadas garantias que os dados recolhidos se

destinavam exclusivamente a fins estatísticos, pelo que seriam tratados como

confidenciais e não passíveis de divulgação individualizada.

Após a recepção das respostas (Anexo n.º 4 – Reprodução Integral das Respostas), os

dados foram tratados informaticamente, por forma a quantificar:

• Modalidade do hospital;

• Equipamentos e instalações;

• Recursos humanos afectos à actividade;

• Indicadores de actividade;

• Indicadores de actividade de beneficência / prestação de cuidados de saúde.

Em cada um dos indicadores foram efectuadas as estatísticas da média, moda, mediana,

máximo e mínimo para facilitar a interpretação dos dados estatísticos (o tratameto

estatístico pode ser analisado no Anexo n.º 5).

3.6. Apresentação e Discussão de Resultados Iremos, resumidamente, analisar os dados de caracterização destas instituições, do ponto

1 ao 4 e desenvolveremos com maior detalhe e espírito crítico a génese do nosso

trabalho sobre a actividade de beneficência, seja ela no âmbito dos cuidados de saúde ou

não.

3.6.1. Modalidade do Hospital

Da amostra de 19 instituições apenas 17 responderam ao item tipo de instituição. Destas

5 (29%) são instituições de saúde de carácter geral, ou seja, que integram diversas

valências, e 12 (71%) são instituições de saúde especializadas, em que predominam um

número de camas adstritas a determinada valência ou que prestam assistência, apenas ou

especialmente, a utentes de um determinado grupo etário. Dentro dos especializados 5

indicaram pertencer ao ramo da Psiquiatria.

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3.6.2. Equipamentos e Instalações

Lotação4: Em termos médios as instituições têm 119 camas, que oscilam entre um

mínimo de 4 e um máximo de 500 camas, sendo a mediana destes valores as 89 camas.

Salas Operatórias5: Apenas responderam 4 instituições estabelecendo uma média de 1

sala de cirurgia por instituição.

Gabinetes: 13 das instituições inquiridas afirmaram ter gabinetes de consulta externa,

oscilando entre 0 e 26 gabinetes de consulta. Em termos médios têm 5 gabinetes de

consulta. Relativamente aos gabinetes de enfermagem 14 instituições têm em média 3

gabinetes, variando entre 0 e 17 gabinetes de enfermagem.

Em termos médios das 19 instituições podemos concluir que a amostra do sector social

da saúde tem uma lotação de 119 camas, 1 sala operatória, 5 gabinetes de consulta e 3

de enfermagem.

3.6.3. Recursos Humanos

Do universo de recursos humanos que colaboram com estas instituições, existe um total

de 1.644 trabalhadores, maioritariamente auxiliares de acção médica (555 – 34%) do

quadro ou com contrato de trabalho, 771 prestadores de serviços, maioritariamente

médicos (349) e enfermeiros (343), o que se explica pela complementaridade de cargos

dos funcionários de hospitais públicos que prestam serviços em hospitais do sector

privado, e 106 estagiários, maioritariamente de enfermagem (64 - 60%), dados que se

podem observar no gráfico da página seguinte.

4 número de camas (incluindo berços de neonatologia e pediatria) de um estabelecimento de saúde com

internamento, discriminado por especialidade/valências. Excluem-se as camas do berçário, da Urgência, do recobro e dos hospitais de dia, nomeadamente da hemodiálise.

5 sala equipada, integrada em bloco operatório, que permite a execução de intervenções cirúrgicas e de exames que requeiram anestesia geral ou locorregional e elevado nível de assepsia. Não devem ser consideradas as salas vocacionadas para pequenas cirurgias, colocação de gessos, pensos e actividades semelhantes.

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41

Gráfico 1 – % do Vínculo Contratual dos Recursos Humanos

3.6.4. Actividade

Alguns dos inquiridos optaram por não indicar os dados de produção, o que dificulta a

generalização dos dados.

Doentes Saídos6: 15 dos inquiridos registaram 9.487 doentes saídos em 2009, com uma

média de 632, um mínimo de 3 e um máximo de 5.352.

Consulta Externa Médica7: De salientar que 13 instituições afirmaram ter gabinetes de

consulta externa, mas apenas 9 indicaram os dados de produção de 2009. Estas

instituições efectuaram em média 16.857 consultas, registando um máximo de 46.344 e

um mínimo de 30 consultas no ano.

Relativamente aos dados de cirurgias e actos complementares de diagnóstico e

terapêutica (ACDT), o número de respostas foi reduzido, pelo que consideramos que

não os deveríamos comentar.

3.6.5. Actividade de beneficência

Este era na essência da nossa investigação, o indicador que mais nos importava aferir,

no sentido de validar se efectivamente estas instituições, todas IPSS, conseguiriam

identificar a actividade de solidariedade que teriam prestado no ano de 2009, actividade

esta que justificaria, à partida, a existência do mecanismo de incentivos referido no

segundo capítulo.

6 Doentes que deixaram de permanecer internados num estabelecimento de saúde, num período.

7 Acto de assistência prestado por um médico a um indivíduo, podendo consistir em observação clínica, diagnóstico, prescrição terapêutica, aconselhamento ou verificação da evolução do seu estado de saúde.

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Importa aqui fazer duas importantes considerações.

Em primeiro lugar desconhecemos, à partida, se as 19 instituições que responderam ao

nosso inquérito possuem dados de gestão que lhes permitisse responder sobre este tipo

de actividade, ou seja, desconhecemos se elas monitorizam esta produção, se a

contabilizam e se, no final do ano, conseguem com relativa facilidade indicar toda a

actividade de beneficência, ou todo o contributo que deram à sociedade.

Em segundo lugar, julgamos que a realidade de, em Portugal, o estatuto de IPSS ser

concedido sem haver posterior monitorização sobre a actividade destas instituições, no

sentido prático de validar se efectivamente elas se comportam como instituições de

solidariedade, tem como principal consequência a falta deste tipo de raciocínio

gestionário nestas instituições, que lhes permita com clareza e objectividade indicar a

actividade de beneficência prestada num determinado período.

Das 19 instituições, apenas 8 indicaram que prestaram actividade neste domínio,

optando as outras 11 por não responder a este capítulo do inquérito. Estas 8 respostas

não representam 50% da nossa amostra, que definimos como critério para validação da

primeira hipótese por nós levantada de existência de evidência de que estas instituições

praticam na realidade actividade de cariz social.

Quadro 5 – Actividade de Beneficência: Inquérito

Instituições V - Actividade de beneficência / Prestação de Cuidados de Saúde

% Actividade de beneficência no Total da Actividade

VI - Outras Actividades de beneficência

N.º Doentes Saídos

Consultas Externas

ACDT Doentes Saídos

Consultas Externas

ACDT

1 16 28,57% 2 922 99,14% 5 3 30 21 100% 100% 100% 7 750 100%

9 2 0,04% 8.790 Litros de Sopa +

Descontos Financeiros €16.559 13 584 2,09%

14

10 Centros de Dia + 70 Apoios Domiciliários (refeição; higiene habitacional e pessoal; marcação e acompanhamento às consultas)

15 206 100%

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

43

No universo das respostas, foi possível identificar como principais prestações de

serviços à comunidade no Capítulo V - Actividades de Saúde: doentes saídos;

consultas externas e actos complementares de diagnóstico e terapêutica (ACDT).

Doentes Saídos

Relativamente a este indicador importa salientar que 4 das instituições indicaram que

praticamente 100% da sua produção foi de beneficência (instituições n.º 2, 5, 7 e 15).

Com particular relevo nas instituições:

• n.º 2 que apresenta um total de 930 doentes saídos e indica que 922 (99,14%)

foram actividade de cariz social, ou seja, que não obteve qualquer

comparticipação na despesa destes utentes;

• n.º 7 que dos 750 doentes saídos afirma que todos foram actividade de

solidariedade;

• n.º 15 cujos 206 doentes saídos são na totalidade de beneficência.

Relativamente à instituição n.º5, embora só indique que teve 3 doentes saídos e que

foram no âmbito social, apesar da grandeza do indicador não seja, por si só, suficiente

para questionar a validade do total da resposta, a mesma é colocada em causa quando

constatamos que a instituição referiu que toda a actividade desenvolvida foi de cariz

social, mesmo ao nível de outros indicadores de produção, como consultas externas e

ACDT.

Consultas Externas

Três instituições apresentaram dados sobre este indicador no âmbito do retorno prestado

à sociedade.

Os dados das instituições n.º 1 e 13, parecem-nos passíveis de aceitação, no sentido de

representarem 28,57% (16 consultas) e 2,09% (584 consultas) do total da produção

destas instituições neste indicador.

Relativamente à instituição n.º5, os dados apresentam as limitações já anteriormente

descritas.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Actos Complementares de Diagnóstico e Terapêutica8

Nesta matéria apenas a instituição n.º 5 indicou ter prestado serviços de solidariedade,

pelo que os dados, atendendo às limitações inerentes, não são relevantes.

No Capítulo VI – Outras Actividades de Beneficência - do inquérito era dado espaço

às instituições para inscreverem outro tipo de actividade que considerassem que

significava retorno efectivo à sociedade, ou seja, custos em que teriam incorrido em

proveito da comunidade da qual fazem parte. Como vimos na introdução, a

solidariedade pode-se manifestar de muitas formas, tendo por base o pilar da partilha

com o próximo, sentimento nobre e característico das instituições religiosas.

Neste contexto duas das instituições apresentaram dados nesta matéria.

A instituição n.º 9 referiu que confeccionou 8.790 litros de sopa para ser servida

gratuitamente, à população com baixos recursos da sua comunidade e concedeu

descontos financeiros aos seus utentes que ascenderam a €16.559. Para ambas as

actividades, consideramos que constituem actividade de cariz social, no sentido que

foram custos incorridos pela instituição em prol dos indivíduos da sociedade.

A instituição n.º 14 indicou várias actividades efectuadas em 2009, fora do âmbito da

saúde, mas que revestem uma dádiva da instituição à comunidade, nomeadamente a

existência de 10 indivíduos em centros de dia e o apoio domiciliário a 70 indivíduos,

que inclui muitas tarefas, como a alimentação, higiene habitacional e pessoal, ou o

simples facto de ajudarem esta população a marcar uma consulta e os acompanharem

aos centros de saúde. Muito deste trabalho pode ser efectuado por voluntários que se

propõem a ajudar o próximo e recorrente nestas instituições por saberem a necessidade

de mão-de-obra que as mesmas requerem.

No entanto, e apesar das respostas supra analisadas, não conseguimos validar a primeira

hipótese, ou seja, concluir que estas instituições prestam efectivamente serviços à

sociedade como retorno dos benefícios que auferem por pertencerem ao terceiro sector

8 Exame ou teste que fornece resultados necessários para o estabelecimento de um diagnóstico ou de uma terapêutica.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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da economia. Primeiro porque, como já referido, apenas 8 (47%) evidenciaram

actividade de cariz social.

Em segundo lugar porque algumas das respostas nos suscitam dúvidas sobre a completa

percepção pelas instituições do âmbito das questões colocadas, ao referirem que a

totalidade da produção de 2009 foi de cariz social. Poderá corresponder à realidade, mas

teriam que ser implementados outros mecanismos de validação, nomeadamente a

análise da fonte de receita destas instituições que lhes permitisse, sem qualquer tipo de

apoio, prestar toda a actividade de solidariedade descrita. Dadas as delimitações,

constrangimentos de tempo e objectivos a que nos propusemos, não validamos esta

situação e apresentamos este facto como limitador da análise dos dados do nosso

inquérito.

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Capítulo IV – Estudo de Caso

Dadas as limitações decorrentes do inquérito aplicado avançamos com outro plano

metodológico, um Estudo de Caso, com o intuito de analisar mais profundamente um

destes hospitais, que se disponibilizou a fornecer dados que permitem uma abordagem

mais minuciosa, nomeadamente, a valorização financeira dos benefícios obtidos e

serviços comunitários prestados.

4.1. Objectivos Acessoriamente e, conforme descrito anteriormente, para complementar o objectivo do

inquérito, e cientes da impossibilidade de replicar este objectivo para todos os sujeitos

da amostra, dadas as restrições de acesso à informação, foi contacto o Hospital de Santa

Maria – Porto, IPSS, que se disponibilizou a fornecer os dados financeiros necessários à

aferição dos serviços que prestou à sociedade e contabilização dos benefícios que

auferiu. Desta forma, e numa vertente de estudo de caso, tivemos como objectivo

determinar se os serviços de beneficência prestados pela instituição hospitalar sem fins

lucrativos em análise foram superiores aos benefícios que auferiu no ano de 2009.

4.2. Hipótese Neste âmbito definimos como hipótese para esta abordagem metodológica:

H2 – O hospital em análise cumpre os requisitos do Padrão de Texas relativamente aos serviços prestados à comunidade.

Nós utilizamos como referência o “Padrão de Texas” porque concordamos com a sua

aplicabilidade a este tipo de instituições, para motivar e responsabilizar as mesmas pela

prossecução dos seus fins estatutários.

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4.3. Metodologia Para testar a segunda hipótese formulada e para demonstrar a exequibilidade de um

estudo credível deste género, desde que assegurados os dados identificados como

necessários, seguiu-se, cumulativamente, uma abordagem metodológica de investigação

de natureza Mista ou Plurimetodológica. Ou seja, foi realizado um Estudo de Caso a um

prestador de cuidados de saúde do sector social.

Esta é uma abordagem que vulgarmente é incluída em planos de investigação

qualitativos, mas, como Coutinho & Chaves (2002) referem “se é verdade que na

investigação educativa em geral abundam sobretudo os estudos de caso de natureza

interpretativa/qualitativa, não menos verdade é admitir que, estudos de caso existem em

que se combinam com toda a legitimidade métodos quantitativos e qualitativos”.

Na medida em que foi analisado um prestador de cuidados de saúde, foi possível

efectuar uma abordagem mais minuciosa das fontes de informação. No entanto, o

objectivo de aferir os custos e proveitos associados à saúde de caridade esteve sempre

subjacente, fazendo a ligação à natureza quantitativa do estudo.

Esta hipótese será verdadeira se a valorização financeira dos benefícios auferidos no ano

de 2009 for menor que os custos incorridos com serviços de beneficência prestados à

comunidade, ou seja, se for verificado o “Padrão de Texas”. Este padrão, como

enunciado no segundo capítulo, estabelece que o retorno que estas instituições devem de

prestar à sociedade deve ser financeiramente superior ao benefício que a entidade logrou

por ser sem fins lucrativos.

4.4. Procedimentos Como técnica de recolha de dados manteve-se o inquérito enviado a todas as

instituições sem fins lucrativos, mas foram acrescentados dados de natureza financeira –

Capítulo VII Dados Financeiros - com o intuito de determinar os benefícios da

instituição e os custos incorridos na prestação de benefícios à sociedade – Anexo n.º6.

Para um esclarecimento mais detalhado dos dados foram utilizadas outras técnicas como

a análise documental e entrevistas, estando implícita a natureza qualitativa da

metodologia aplicada.

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Esta metodologia de investigação do Estudo de Caso implicou um contacto directo com

a realidade e permitiu recolher muito material descritivo.

Sempre que as respostas suscitavam dúvidas de interpretação foi possível esclarecê-las

com a instituição. Foram contactados os Serviços Financeiros, em matéria de proveitos

e resultados, o Serviço de Contabilidade para as restituições de IVA e o Serviço de

Pessoal para aferição do valor de remunerações pagas em 2009 e sempre que necessário

o contacto com a Direcção Geral para aferição da correcta interpretação e valorização

dos dados financeiros dos benefícios auferidos pela instituição e custos suportados com

a actividade de cariz social.

A proximidade e maior detalhe teve como principal vantagem a exaustão, pormenor e

detalhe que se obteve do caso analisado, visto que, indubitavelmente, a informação

recolhida foi mais abrangente que a passível de ser obtida através da aplicação de um

questionário. Por outro lado, a principal desvantagem foi a impossibilidade de

generalização dos resultados estatísticos obtidos para o resto do sector social da saúde.

Após a recepção da resposta do inquérito e esclarecidas todas as dúvidas, os dados

foram tratados informaticamente, de forma a quantificar:

• proveitos associados aos benefícios reconhecidos às instituições do sector social,

no ano de 2009;

• custos associados à prestação serviços comunitários;

No final, compararam-se os dados anteriormente quantificados com o objectivo de

balancear se os custos incorridos eram superiores ou inferiores aos proveitos auferidos

inerentes à actividade social prestada na área da saúde.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

50

4.5. Apresentação e Discussão de Resultados

Iniciamos a nossa apresentação de resultados com a aferição dos Benefícios em que a

instituição incorreu por ser IPSS.

IRC

Em matéria de IRC a instituição não auferiu do benefício de estar isenta de pagamento

deste imposto, uma vez que apresentou, em 2009, um resultado negativo de €195.944,

pelo que não pagaria imposto de qualquer forma, fosse ou não IPSS. No caso do

resultado ser positivo bastava aplicar a taxa de 20% aos resultados para contabilizar o

benefício em matéria de IRC.

IVA

Em matéria de IVA, trata-se, como descrito no capítulo da revisão da literatura, de um

benefício fiscal, na medida em que estas instituições podem solicitar a restituição de

algum do IVA suportado na sua actividade, mediante as regras já explanadas

anteriormente. Neste domínio a instituição solicitou o reembolso à Administração Fiscal

de €1.112.066,25, que se traduz no maior beneficio que esta instituição auferiu em 2009

por ser IPSS.

Nesta matéria, importa evidenciar que não seria de todo expectável que o valor

ascendesse àquela grandeza, tendo em consideração que a maioria das categorias do

IVA apresenta limites de restituição. No entanto, após abordagem da instituição,

concluímos que esta realidade resulta do facto do Hospital em questão ter efectuado, no

ano de 2009, elevadas obras de remodelação, que ascenderam a 14 milhões de euros, só

na edificação do edifício, que lhes permitiu ter muitas despesas elegíveis para

restituição no âmbito dos imóveis afectos à sua actividade (única categoria de

reembolso de IVA sem limite definido de restituição).

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

51

IMI

Relativamente a este imposto o valor patrimonial do imóvel inscrito na caderneta

predial urbana é de €1.454.179,65. De notar que o valor patrimonial do referido imóvel

não foi determinado por avaliação nos termos do CIMI. Assim, de acordo com o

preceituado no n.º 1 do artigo 112º daquele Código, aplicar-se-ia a taxa prevista na

alínea b). Nos termos do n.º 5 daquele artigo, a taxa é fixada, dentro do referido

intervalo, por deliberação da assembleia municipal da área de localização do prédio, isto

é, no caso vertente, pela assembleia municipal do Porto e posteriormente comunicada à

Administração Fiscal, para efeitos de liquidação. Feita a consulta, no portal das

finanças, das taxas de IMI, por município, para o ano de 2009, verificamos que, no

município do Porto, a taxa fixada foi de 0,7%.

Do exposto resulta que o benefício da isenção do pagamento de IMI equivale a

€10.179,26 (0,7% x €1.454.179,65).

A instituição não é directamente proprietária do imóvel, tendo estabelecido com o

proprietário um contrato de comodato9 que lhe permite usufruir das instalações, por um

determinado período de tempo e efectuar as obras consideradas necessárias para o

desempenho da sua actividade. No entanto, consideramos que deveríamos contabilizar

este benefício na medida que a isenção só está concedida ao proprietário (instituição da

Igreja Católica) na medida que é exercida a actividade hospitalar pela instituição de

saúde do presente estudo de caso.

Imposto do Selo

Neste domínio gostávamos de salientar apenas que este imposto incide sobre vários

actos, contratos, documentos, títulos, livros e papéis e sendo a isenção concedida no

momento de ocorrência do acto gerador de imposto, não ficando, por tanto, qualquer

registo deste valor na contabilidade das instituições, é impossível de estimar este

benefício. Aferirmos que, por exemplo, em 2009, a instituição analisada efectuou alguns

9 O comodato é um contrato gratuito em que uma das partes entrega à outra certa coisa, móvel ou imóvel,

e portanto, uma coisa não fungível, dada a obrigação imposta ao comodatário de a restituir.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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actos sujeitos a imposto de selo, nomeadamente, contratou novos colaboradores, em que

o contrato de trabalho está sujeito a imposto de selo, contraiu alguns Leasings junto de

instituições bancárias, mas não possui nenhum registo que evidencie a poupança obtida

nesta matéria. Pelo facto, não conseguimos de todo valorizar o benefício incorrido. No

entanto, e de acordo com as informações transmitidas pela instituição, este seria de

reduzida expressão, de modo que o negligenciamos.

Segurança Social

O hospital pagou, em 2009, um total de remunerações sujeitas a Segurança Social que

ascenderam a €2.379.514,03. Sabemos que estas instituições têm a seu cargo uma taxa

contributiva de 19,60%, inferior em 4,15% ao valor das entidades privadas com fins

lucrativos (23,75%). Da aplicação desta poupança percentual multiplicada pelo valor

total de remunerações pagas determinámos que o benefício, em matéria de SS, foi de

€98.749,83.

Outros Benefícios

Em sede de outros benefícios identificados no decurso da nossa investigação a

instituição não nos deu conhecimento de ter verificado nenhuma das situações em que

poderia ter beneficiado do facto de ser IPSS.

Assim, concluímos que os benefícios passíveis de mensuração financeira ascenderam a

€1.220.995,34, que representam cerca de 11% do valor total de facturação desse ano

(€11.519.579). Ou seja, face a um outro concorrente privado do sector lucrativo, a

instituição analisada seria beneficiada no montante referido.

Concluída a análise dos benefícios auferidos pela instituição tivemos de valorizar os

Custos que a instituição incorreu para prestar serviços de solidariedade à comunidade.

Identificamos 4 tipos de actividades que poderiam ser consideradas como retorno

efectivo à sociedade.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Diárias de Internamento não facturadas aos utentes

A instituição registou, em 2009, um total de 880 diárias que não foram facturadas aos

utentes, quer dizer, existiram doentes que não pagaram a totalidade ou parte dos dias de

internamento em que estiveram no hospital. Sendo o custo unitário de cada dia de

internamento neste hospital de €55, valorizamos o custo para a entidade em €48.400

(€55*880).

Descontos Financeiros

A instituição tem evidenciado na sua contabilidade que efectuou descontos a utentes

com dificuldades financeiras que ascenderam a €16.559. Por outras palavras, a

instituição deixou de receber esta verba, em benefício da sociedade, que não teve de

suportar este custo.

Confecção de Sopa – Porta Solidária

O hospital colabora no projecto Porta Solidária através da confecção diária de sopa para

ser servida aos mais necessitados. Segundo foi possível aferir com o Serviço de Cozinha

do Hospital, em dias úteis são confeccionados 30 litros de sopa e nos feriados este valor

ascende aos 90 litros diários. Tendo em conta o número de dias úteis de 2009 e os 11

feriados, consideramos que foram preparados 8.790 litros de sopa na instituição. De

seguida aceitamos as indicações dos Serviços Financeiros, que estimam que, em 2009, o

custo de produção de cada litro de sopa foi de €1, fazendo com que o custo total do

hospital com esta actividade de solidariedade fosse valorizado em €8.790.

“Bad Debt”

Uma vez que a metodologia por nós escolhida para valorizar os benefícios e custos da

instituição foi a seguida por Morrisey e outros (1996), consideramos acessoriamente os

valores contabilizados em uncompensated care. Os autores consideraram na sua

investigação que os cuidados de saúde prestados sobre os quais não existe qualquer

expectativa de pagamento, desde que devidamente classificados contabilisticamente

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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como bad debt, deveriam ser acrescidos ao valor total de benefícios prestados à

comunidade, uma vez que efectivamente a instituição não os iria receber.

Nós seguimos a mesma linha de raciocínio por dois motivos: à partida, porque o estudo

de caso por nós efectuado seguiu a mesma metodologia, em que a má divida é

considerada retorno efectivo à sociedade e porque considerámos que as instituições de

cariz social não efectuam a devida análise de risco dos seus potenciais clientes, análise

esta usual nas empresas com fins lucrativos, nem possuem, geralmente, equipas de

gestão diferenciadas que lhes permitam ajuizar previamente sobre a credibilidade

financeira e risco implícito de um novo cliente. De acordo com o normativo

contabilístico em vigor, consideramos o valor contabilizado na conta de ajustamentos de

cobranças duvidosas como um serviço de caridade prestado à sociedade e que ascendeu,

em 2009, a €1.357.292.

Relativamente a este custo, que já justificámos porque assumimos como benéfico para a

sociedade que deixou de o pagar e nesta exacta medida beneficiou com ele, importa-nos

referir que, à semelhança do maior benefício auferido pela instituição em sede de

restituição de IVA, também este custo se revela o de maior expressão financeira e não

seria à partida expectável que ocorresse. O ajustamento de cobranças duvidosas

efectuado ascendeu a 12% do valor total de proveitos operacionais do ano,

comportamento que as empresas tentam evitar, por forma a assegurar a sua

sustentabilidade financeira.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Quadro 6 – Resultados do Estudo de Caso

Em síntese, identificamos um valor de €1.431.041,00 de custos incorridos na prestação

de cuidados a favor da comunidade.

Do balanço de valores, constatámos que os custos incorridos foram superiores aos

benefícios da instituição em €210.045,66, o que significa que a instituição promoveu

cuidados de saúde de beneficência superiores aos benefícios que auferiu enquanto IPSS,

portanto, dá-se como validada a segunda hipótese colocada, ao verificar-se o “Padrão de

Texas”, em que a instituição conseguiu dar um contributo à sociedade que lhe custou

mais do que o valor que beneficiou por pertencer ao terceiro sector.

Benefício para Entidades IPSS

Valorização Financeira do

BeneficioObservações

IRC 0,00 € Resultado Líquido NegativoIVA 1.112.066,25 € Reembolsos IVA ObtidosIMI 10.179,26 €

Taxa Segurança Social 98.749,83 € Redução de taxa de SS de 23,75% para 19,60%

Total de Benefícios 1.220.995,34 €

Serviços PrestadosValorização

Financeira dos Custos Incorridos

Observações

880 Diárias de Internamento 48.400,00 € Custo unitário da diária de €55Descontos financeiros efectuados 16.559,00 €

Porta Solidária: Sopa dos Pobres 8.790,00 €Confecção de 30 litros de sopa em dias úteis e90 litros em dias de feriado - Custo de €1,00 porlitro de sopa

Má dívida - Ajustamentos de cobranças duvidosas

1.357.292,00 €

Total de Custos 1.431.041,00 €

Total de Benefícios 1.220.995,34 €Total de Custos -1.431.041,00 €

Saldo -210.045,66 €

Resumo

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Considerações Finais

Conseguimos identificar 12 benefícios característicos do sector social e que se aplicam

ao sector da saúde. Alguns seriam, à partida, de fácil valorização financeira, como por

exemplo, o benefício de não pagar IRC, uma vez que o benefício resultaria da aplicação

da taxa de IRC aos rendimentos da instituição. Outros são de valorização mais difícil,

como por exemplo em matéria do IS que se aplica a tantas e diversas situações, como

por exemplo a simples emissão de cheques e que por ser uma isenção não é efectuado

registo da sua valorização pecuniária. Julgámos até que a própria Administração Fiscal

desconhece, em sede de IS, qual a valorização financeira da isenção nesta matéria.

Consideramos que seria mais fácil e proveitoso que as isenções fiscais funcionassem

como o IVA, em que estas instituições têm o direito a algumas restituições, ou seja,

suportam à priori o imposto, registando contabilisticamente o seu valor, e só depois, e

em determinados períodos do ano, podem solicitar o seu reembolso, assim permitindo

mensurar quanto é que a Administração Fiscal concedeu anualmente de benefícios a

este tipo de instituições, por tipologia de imposto.

Da aplicação do inquérito ao universo das instituições de solidariedade da saúde não nos

foi possível validar a primeira hipótese de existência de evidência sobre a actividade de

beneficência. Nesta matéria, somos da opinião que, para além destas instituições não

estarem habituadas a que lhes seja inquirido este tipo de dados, ao contrário do descrito

nos EUA, poderão, também, não ter ferramentas implementadas de gestão que lhes

permitam aferir estes indicadores. No entanto, em nossa opinião seria fácil implementar

mecanismos de registo em que estas instituições tivessem de reportar toda a actividade

que efectuam no domínio da solidariedade.

Do estudo de caso, e relativamente à instituição que aceitou fornecer dados mais

detalhados sobre a expressão financeira dos seus custos e proveitos, salientamos que o

resultado a que chegamos – verificação do “Padrão de Texas” – não é o âmago desta

investigação. Pensamos que não importa, à partida, o resultado a que chegamos, uma

vez que se trata da análise de apenas uma instituição, desconhecendo a realidade de

mercado. A evidência que gostávamos de realçar é a possibilidade de aplicação de um

inquérito semelhante ao que aplicamos – Anexo n.º 6 Capítulo VII – Dados Financeiros

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– ou seja, demonstrámos que é possível e, em nossa opinião, deveria de ser feita esta

monitorização pelas autoridades competentes.

A nossa principal convicção é que, sendo à priori de todo justo que a sociedade

reconheça o trabalho destas instituições através de mecanismos e benefícios que lhes

sejam atribuídos, também é de todo justo para com a sociedade que estes benefícios

sejam monitorizados, contabilizados e que sejam criadas regras que permitam que as

instituições, cujo retorno à sociedade é superior ao benefício auferido, continuem a

receber incentivos para que a sua actividade continue a ser possível. Devendo, por outro

lado, ser ponderada a revogação dos benefícios às instituições que não promovem

actividade social compatível com os apoios que recebem.

Na CR, art. 63º n.º5 é referido que o Estado apoia a fiscaliza a actividade das IPSS e,

por exemplo, no CIRC art. 10º n.º3 é referido que a isenção de IRC depende do efectivo

exercício de actividades dirigidas à prossecução dos fins estatutários. A legislação prevê

a existência de mecanismos de controlo, ou seja, foram delineadas isenções

condicionados ao efectivo exercício das funções estatutárias, faltará, em nossa opinião,

a sua efectiva implementação. Mecanismos estes, já existentes noutros países, e que

consideramos que terão os mesmos resultados, em que efectivamente se encontra

evidência que a maioria das instituições do sector social tem mais custos com a

actividade social do que benefícios por pertencer ao sector. E, para estas instituições, a

sociedade concluirá que os benefícios instituídos estão correctamente implementados.

Mas, não podemos esquecer os que não cumprirem, vimos, por exemplo, estudos que

relatam que em anos diferentes as instituições que não cumpriam os requisitos de ter

mais custos que proveitos com esta actividade eram as mesmas, denotando,

simplesmente, que ano após ano beneficiavam mais por pertencerem ao sector social do

que gastavam com a prestação de cuidados de beneficência. Nestes casos os benefícios

deveriam ser efectivamente retirados a estas instituições, não fazendo sentido manter

benefícios a instituições que competem no mercado com outras em regime privilegiado,

mas que depois não cumprem os requisitos mínimos. E, em nossa opinião, os requisitos

mínimos são os de as instituições assumirem custos com a prestação de cuidados de

saúde pelo menos iguais ao montante de benefícios que auferirem por pertencerem ao

sector social.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

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Anexos

Nos anexos encontram-se todos os documentos que

serviram de suporte à presente dissertação:

• Figura ilustrativa da evolução do sistema hospitalar

português;

• Lista de instituições prestadoras de cuidados de saúde

com internamento identificadas;

• Carta e Inquérito enviado a todas as 100 instituições;

• Respostas ao inquérito das instituições;

• Tratamento estatístico do inquérito;

• Inquérito de base ao Estudo de Caso.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

64

omko

1492 Concentração

Hospitalar (D. João II)

1498 1ª Misericórdia

Lisboa

1508151215151520

1799 1834 Lei 22-06-18661903

Dr. Ricardo Jorge

1910 British Hospital de Campo de Ourique

1968

Hospital Real de Todos os Santos

(agregou 40 hospitais cada um com um Santo Padroeiro)

Emergência de um novo modelo

assistencial

H. G. CoimbraH. Termal

Caldas RainhaH. de ÉvoraH. de Braga

Hospital Geral St. António

Porto

Tutela do Estado sobre

Misericórdia de

Lisboa

Transf. do património das Misericórdias para o Estado

Lança as bases dum sistema de saúde pública

1ª Unidade de Saúde Privada

com Fins Lucrativos

Decreto nº 48357 - Estatuto HospitalarDecreto nº 48358 - Regulamento Geral

dos Hospitais

1976Constituição

República Portuguesa

19791990

Lei 48/90 de 24/08

1995/19961999

DL nº 207, de 09 de Junho

2010

Artº n.º 63 Definição de

IPSS

Criação Serviço Nacional de Saúde

Lei de Bases da Saúde

Contrato de gestão

privada do Hospital

Fernando da Fonseca

Agregação:Cuidados

primários ehospitalares

(ULSM)

Capacidade instalada• 103 Hospitais

Públicos• 86 Hospitais

Privados• 363 CS

• 230 USF• 131 UCCI

1º Código Civil Português: aborda o problema do trabalho assalariado (reconhecimento e

reparação dos danos para a saúde do trabalhador

provocados por acidente)

1998 DL nº 151/98, 5 de Junho

Hospital São Sebastião - Gestão privada:

Contrato Individual de TrabalhoInstrumentos de direito privado

1974-1977

Transferência de unidades de saúde das Misericórdias para a

alçada do Estado (1974: Hospitais Distritais e Centrais + 1975 - Hospitais Locais + 1977

2.000 unidades médicas ou postos de saúde)

Fontes: Luís Graça Texto 86: História dos Hospitais

Luís Graça Texto 58: História das Misericórdias PortuguesasLuís Graça Texto 59: Hospital Real de Todos os Santos

Jorge Simões, Retrato Político da Saúde, 2004Atlas do Plano Nacional de Saúde (2010)

Figura 1 - Evolução Sistema Hospitalar

Construção de hospitais com dinheiros públicos

(gestão das Misericórdias); Bases de organização

hospitalar;

1946

Transformação Hospitais do Sector Público

Administrativo em Entidades Públicas Empresariais

Maior intervenção da Direcção Geral de Saúde na Política Nacional de Saúde e estruturação

das carreiras profissionais de saúde

1096 a 1492 Proliferação de pequenos

estabelecimentos assistenciais sem

diferenciação técnica (máximo de 12 camas

por hospício)

2005 DL nº 93, de 7 Junho e DL nº

233, de 29 Dezembro

1971DL nº 413 e 414, de 27 de Setembro

3ª Fase: Sistema Técnico 1971 a 2010 (39 anos)

1ª Fase: Sistema Tradicional 1096 a 1866 (770 anos) 2ª Fase: Sistema Profissional Liberal 1867 a 1970 (103 anos)

1867 2º Período da Regeneração

Fundação HRTS - Pia Causa: "movido com boa intenção, para que os Pobres, e pessoas Miseráveis tivessem algum mais certo Recolhimento, e Remédio de suas necessidades em esta cidade do q nella para elles até então havia".

O hospital português é e continuará a ser até finais do Séc. XIX: * um estabelecimento assistencial;* com fraca ou nula diferenciação técnica;* vocacionado para o acolhimento de doentes pobres;* sob a administração quase exclusiva das misericórdias.

Origem do HSA: finais do Séc. XII, quando se chamava "Esprital do Rocamador". Em 1502 os burgueses da cidade do Porto, não permitiram a tentativa real de concentração hospitalar com outras duas unidades locais, impedindo a construção de um grande hospital na cidade.

+- 500 Hospitais

Hospital como Pia Causa;Controlo Politico, Ideológico e Administrativo da Igreja (400 Anos); Hospital Monumental Renascentista: magnificência do príncipe e ostentação da caridade;

Até 1903 os cuidados de saúde eram privados. O

Estado só promovia assistência aos pobres.

sistema de saúde constituído por vários

subsistemas independentes

A mudança para uma maior responsabilidade na prestação pública de cuidados de saúde e um empenho na universalidade foram concretizados na legislação aprovada em 1971.

Anexo n.º1: Evolução do

Sistema Hospitalar Português

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65

Anexo n.º2: Listagem de instituições prestadoras de cuidados de saúde com

internamento identificadas como IPSS no decurso da investigação

Instituição Hospitalar Código Postal AMETIC - Apoio Móvel Especial à Terceira Idade e Convalescentes 1950 - 152 Lisboa

Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comércio e Indústria 1100 - 391 LISBOA

Casa de Repouso de Coimbra 3001 - 904 Coimbra

Casa de Saúde da Boavista 4250-201 PORTO

Casa de Saúde da Idanha do Sagrado Coração de Jesus 2605 - 119 Belas

Casa de Saúde de Bento Menni 6300 - 575 Guarda

Casa de Saúde de Câmara Pestana 9060-021 Funchal

Casa de Saúde de Nossa Senhora da Conceição 9500 - 167 Ponta Delgada

Casa de Saúde de S. João de Deus (Funchal) 9020-126 FUNCHAL

Casa de Saúde de S. Rafael 9701-902 ANGRA DO

HEROÍSMO

Casa de Saúde do Bom Jesus 4715 - 308 Braga

Casa de Saúde do Espírito Santo 9701-872 Angra do

Heroísmo

Casa de Saúde do Telhal 2725 - 588 Mem Martins

Casa de Saúde Rainha Santa Isabel 3150 - 146 Condeixa-a-Nova

Casa de Saúde Santa Rosa de Lima 2605 - 021 Belas

Casa de Saúde São João de Deus 4750 - 194 Barcelos

Casa de Saúde São José 4754-044 AREIAS DE

VILAR

Casa de Saúde São Miguel 9501-902 PONTA

DELGADA

Centro de Apoio e Reabilitação de Pessoas com Deficiência 4480 - Touguinha

Centro de Bem-Estar Social de Alcanena - Hospital 2380 - 013 ALCANENA

Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa

2649-506 Alcabideche

Centro de Reabilitação Psicopedagógico da Sagrada Família 9020 - 105 Funchal

Centro de Recuperação de Menores D. Manuel Trindade Salgueiro 7450 - 030 Assumar

Centro Hospitalar Conde de Ferreira 4200 - 227 PORTO

Centro Hospitalar Nossa Senhora da Conceição - Unidade de Cuidados Continuados

2440 - 090 Batalha

Centro Psicogeriátrico N. Sra de Fátima 2775 - 236 Parede

Centro Social e Cultural Nossa Senhora do Ó Aguim 3780 - 621 Aguim

Clínica de Medicina Física e Reabilitação da Associação de Beneficência Popular de Gouveia

6290 - 909 GOUVEIA

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66

Instituição Hospitalar Código Postal

Clínica do Bom Jesus 9500 - 237 Ponta Delgada

Clínica Médica e Reabilitação Hospital Dom Manuel de Aguiar da Santa Casa de Misericórdia de Leiria

2410 - 104 Leiria

Clínica Psiquiátrica de S. José 1600 - 774 Lisboa

CLÍNICA SOCIAL RAINHA SANTA ACE 7100-137 Estremoz

HMP - HOSPITAL DA MISERICÓRDIA DE PAREDES S.A. 4580-085 PAREDES

Hospital (Infantil) São João de Deus 7050-089 MONTEMOR-O-

NOVO

Hospital Agostinho Ribeiro da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Felgueiras

4610 - 106 FELGUEIRAS

Hospital Casimiro da Silva Marques da Santa Casa da Misericórdia do Bombarral

2540 - 003 Bombarral

Hospital da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade 4000-451 PORTO

Hospital da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré 2450-065 NAZARÉ

Hospital da Fundação Aurélio Amaro Diniz - IPSS 3400 - 083 OLIVEIRA DO

HOSPITAL

Hospital da Fundação de Nossa Senhora da Guia, IPSS 3240 - 334 AVELAR

Hospital da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Resende 4660 - 213 Resende

Hospital da Misericórdia da Mealhada 3050 - 787 Mealhada

Hospital da Misericórdia de Mourão 7240-233 MOURÃO

Hospital da Prelada - Dr. Domingos Braga da Cruz 4250-449 PORTO

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Amares 4720-257 CALDELAS

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos 2630-248 ARRUDA DOS

VINHOS

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Paiva 4550 - 146 CASTELO DE

PAIVA

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Lousada 4620-697 LOUSADA

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos 2510-216 ÓBIDOS

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Paredes de Coura 4940 - 530 PAREDES DE

COURA

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca 4980 - 619 PONTE DA

BARCA

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde 4480 - 247 VILA DO

CONDE

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde 4730-716 Vila Verde

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67

Instituição Hospitalar Código Postal

Hospital da Venerável Irmandade de Nossa Senhora Lapa 4050 - 069 PORTO

Hospital da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade 1249-203 LISBOA

Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco 4050-116 PORTO

Hospital de António Lopes da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso

4830 - 514 PÓVOA DO LANHOSO

Hospital de Jesus - Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco a Jesus

1200-032 LISBOA

Hospital de Narciso Ferreira da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Riba d'Ave

4765-916 RIBA DE AVE

Hospital de Santa Cecília da Santa Casa da Misericórdia de Alvaiázere 3250-115 ALVAIÁZERE

Hospital de Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia de Marco de Canavezes

4630-200 MARCO DE CANAVESES

Hospital de Santa Maria do Porto - Fundação de Sant Maria 4049-025 PORTO

Hospital de Sant'Ana da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa 2779 - 501 PAREDE

Hospital de São João Baptista da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento

2334 - 909 ENTRONCAMENTO

Hospital do Terço 4000-171 PORTO

Hospital dos Serviços de Assistência Médico Social (SAMS) do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas

1849-017 LISBOA

Hospital e Lar de São João de Deus da Santa Casa da Misericórdia de Fão 4740-325 FÃO

Hospital O Samaritano - Santa Casa de Misericórdia de Mirandela 5370 Mirandela

Hospital Paroquial de Santo António de Couço 2100-127 CORUCHE

Hospital Santa Casa da Misericórdia de Benavente 2130 - 046 BENAVENTE

Hospital St.Louis da Societé Française de Bienfaisance 1200-249 LISBOA

Hospital Valentim Ribeiro da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Esposende

4740 - 203 Esposende

Instituto Português de Reumatologia 1000 - 154 Lisboa

Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Bom Jesus de Matosinhos 4450-014 MATOSINHOS

Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades 3350 - 094 Vila Nova de

Poiares

Montepio Rainha Dona Leonor - Associação Mutualista 2500 - 140 Caldas da Rainha

Residência São João de Ávila 1600 - 871 Lisboa

Santa Casa da Misericórdia de Cabeço de Vide 7460-032 CABEÇO DE

VIDE Santa Casa da Misericórdia de Chaves 5400-581 CHAVES

Santa Casa da Misericórdia de Cinfães 4690-040 CINFÃES

(VISEU) Santa Casa da Misericórdia de Espinho - Clínica Obstétrica e Ginecológica de Espinho

4501 - 908 ESPINHO

Santa Casa da Misericórdia de Meda 6430-183 MEDA

Santa Casa da Misericórdia de Monção 4950 - 404 MONÇÃO

SANTA CASA DA MISERICORDIA DE PEDROGÃO PEQUENO 6100-555 Pedrógão Pequeno

Santa Casa da Misericórdia de Ribeira de Pena - Unidade de Longa Duração e Manutenção

4870-150 Ribeira de Pena

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68

Instituição Hospitalar Código Postal

Santa Casa da Misericórdia de São Vicente da Beira (Castelo Branco) 6005-270 SÃO VICENTE

DA BEIRA

Santa Casa da Misericórdia do Cadaval 2550-168 CADAVAL

Santa Casa da Misericórdia do Divino Espírito Santo da Maia 9625 MAIA (SÃO

MIGUEL)

Santa Casa da Misericórdia do Seixal 2840-503 SEIXAL

Santa Casa Misericórdia de Aldeia Galega Merceana 2580 ALDEIA GALEGA

DA MERCEANA

Saúde Mútua - Clínica de São Cristóvão da Associação de Socorros Mútuos de Empregados no Comércio de Lisboa

1149 - 053 LISBOA

UCCI - ABPG 6290-322 Gouveia

UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS DE AGUIAR DA BEIRA 3570-014 Aguiar da Beira

Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco 3000 COIMBRA

Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco Coimbra

Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da Ilha Terceira SÃO MATEUS 9700-567

ANGRA DO HEROÍSMO

Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo do Porto 4099-005 PORTO

Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Setúbal

2900-669 SETÚBAL

Venerável Ordem Terceira de São Domingos GUIMARÃES 4810-275

Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Vila do Conde 4480-952 VILA DO

CONDE

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

69

Anexo n.º3: Carta e Inquérito enviado às instituições

Carta

Exmo. Sr. Dr.

Director Geral do Hospital….

Eu, Carla Isabel e Aragão Valga, aluna do Mestrado em Gestão e Economia de Serviços de Saúde, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, sob a orientação do Professor Doutor Álvaro Almeida, encontro-me a fazer uma dissertação de mestrado subordinada ao tema “Sector Social da Saúde”.

Neste sentido gostaria de contar com a preciosa colaboração da vossa digníssima instituição nesta investigação.

Esta investigação tem como objectivo estudar e caracterizar o actual sector social da saúde, tendo presente que os primórdios da prestação dos cuidados de saúde começaram pelas mãos de quem queria ajudar o próximo, dar sem esperar receber nada em troca. Nos dias de hoje subsistem Instituições, como a vossa, a quem a sociedade reconheceu o seu devido valor estabelecendo regimes jurídicos que permitem que as mesmas possam desempenhar a sua acção num espírito humanitário e de missão social.

No 3º Fórum Nacional de Saúde, realizado pelo Alto Comissariado da Saúde, realizado nos passados dias 8 e 9 de Março do corrente ano, foi dedicada uma sessão subordinada ao tema “O Contributo do Sector Social para o Plano Nacional da Saúde”. Neste debate o Padre Lino Maia, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, salientou o elevado número destas instituições, a relevância do seu papel social, o elevado número de voluntários, agentes e profissionais afectos a este sector. Foi evidenciada a importância capital que o Sector Social assume na área da saúde, em articulação com o Serviço Nacional de Saúde, e que se deixasse de existir o Ministério da Saúde ficaria com um grave problema de tratamento dos utentes que recorrentemente são assistidos por estas instituições. O Padre Lino Maia referiu ainda que o Estado deveria reconhecer o papel destas instituições, promovendo uma maior coordenação na acção social do país.

Parece consensual que o Sector Social está devidamente implementado na nossa sociedade, no entanto, a literatura não o tem descrito, quem são, o que fazem, nem realçado o seu contributo no sector da saúde.

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

70

Por ser um tema pouco investigado torna-se aliciante estudá-lo e descrevê-lo. Mas, tal só será possível com a ajuda das próprias Instituições, ao facultarem os dados que permitam estudar e caracterizar o sector. Espero que colaborem nesta investigação e bem-hajam pelo tempo dispendido.

Antes de avançar com as indicações propriamente ditas importa salvaguardar desde já que todas as informações prestadas estão sujeitas a um rigoroso sigilo. É garantida total confidencialidade das respostas, assim como um tratamento estatístico que observe o anonimato das Instituições envolvidas.

Notas Prévias:

• Para esclarecimento de qualquer dúvida, agradece-se o contacto com Carla Valga (telemóvel 91.323.0703 e-mail: [email protected]);

• O questionário reporta-se ao exercício de 2009 (dados de 31.12.2009);

• O questionário deverá ser devolvido até 30.04.2010, utilizando para o efeito uma das duas vias disponíveis: No envelope selado anexo ou por e-mail: [email protected];

• O questionário é constituído por duas páginas. Na frente solicitam-se alguns dados para caracterização do sector social da saúde, como recursos existentes (II e III) e total da actividade desenvolvida (IV).

• No verso, solicita-se informação sobre a actividade prestada em termos de beneficência (V e VI). Entende-se actividade de beneficência aquela em que o utente não paga pelos serviços de saúde que recebeu, ou paga valores residuais, inferiores aos custos que a instituição suportou para os prestar (excluem-se os utentes que não pagam por beneficiarem de subsistemas de saúde, como é o caso do SNS, ADSE, entre outros, ou seja, aqui o utente paga apenas a taxa moderadora, mas o subsistema suporta o custo remanescente, ficando a entidade hospitalar devidamente ressarcida dos custos incorridos). Pode ser exemplo, consultas efectuadas por médicos a pessoas carenciadas em que não foi cobrada o valor de tabela da consulta. O objectivo é que as instituições consigam determinar quantas consultas efectuaram que não cobraram aos utentes, pelo facto dos mesmos não possuírem rendimentos para as pagarem.

Conto com a vossa disponibilidade e espírito de cooperação para que esta investigação atinja os objectivos a que se propôs.

Desde já me coloco ao dispor para qualquer esclarecimento adicional e agradeço a atenção dispensada a esta matéria.

Com os melhores cumprimentos,

Faculdade de Economia da Universidade do Porto, 10 de Abril de 2010

______________________

Carla Isabel e Aragão Valga

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71

Inquérito aos Prestadores de Cuidados de

Saúde com Internamento

Sector Social da Saúde

Ano a que respeitam os dados: 2009

Identificação da Entidade

Designação:

NPC:

Forma Jurídica:

I - Modalidade do Hospital II - Equipamento e Instalações (N.º)

Geral

Especializado: Enfermarias

Maternidade Quarto Particulares

Oftalmologia Unidade de Cuidados Intermédios

Ortopedia Outras Unidades ________________________

Pediatria Outras Camas:

Psiquiatria Berçário

Outros (discriminar) ____________________ Recobro de Cirurgia

Lar

III - Recursos Humanos (N.º) RNCCI (Cuidados Continuados Integrados)

Contrato de Trabalho ou Quadro: Outras (discriminar) ____________________

Pessoal Médico Salas Operatórias Convencional

Pessoal Técnico Superior de Saúde Salas Operatórias de Ambulatório (se exclusivas)

Outro Pessoal Técnico Superior Sala de Partos

Pessoal de Enfermagem Gabinetes de Consulta Externa

Pessoal Técnico de Diagnóstico e Terapeutica Gabinetes de Enfermagem

Pessoal de Administração / Direcção

Pessoal Administrativo IV - Actividade Total (N.º)

Pessoal Auxiliar de Acção Médica Doentes Saídos

Outro Pessoal Partos

Prestadores de Serviço: Consultas Externas

Pessoal Médico Intervenções Cirúrgicas:

Pessoal de Enfermagem Convencionais

Pessoal Técnico de Diagnóstico e Terapeutica Ambulatórias

Pessoal Administrativo Pequenas Cirurgias:

Pessoal Auxiliar de Acção Médica

Outro Pessoal (discriminar) ______________ Análises Clínicas

Estagiários: Imagiologia (Rx, TAC, RMN)

Pessoal de Enfermagem Fisioterapia (N.º Sessões)

Outro Pessoal (discriminar) ______________ Outros (total - não descriminar)

Actos Complementares de Diagnóstico e Terapeutica:

Devolver até 30.04.2010

N.º de Camas (Internamento / lotação a 31.12.2009):

AssociaçãoIrmandade de Misericórdia

Fundação Outra __________________

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72

V - Actividade de Beneficência

Prestação de Cuidados de SaúdeN.º Notas

Doentes Saídos

Consultas Externas

Intervenções Cirúrgicas:

Convencionais

Ambulatórias

Pequenas Cirurgias:

Descriminar: ____________________________

Descriminar: ____________________________

Outras Actividades de Saúde:

Descriminar: ____________________________

Descriminar: ____________________________

VI - Outras Actividade de Beneficência

(descriminar)N.º

__________________________________________

__________________________________________

__________________________________________

E-mail de contacto: ______________________________________________@________________________________________

(Nome: _______________________________________________ / Contacto Telefónico: _____________________________)

Se desejarem receber as conclusões do presente estudo, por favor, indiquem um

Muito obrigada pela vossa colaboração.

Indicar o n.º de Doentes Saídos ou Consultas ou Cirurgias, ou

ACDT, do total do referido no ponto IV, que foram

considerados como actividade de beneficência, ou seja, que

o utente não pagou, ou suportou apenas um valor marginal

da totalidade do custo incorrido pela instituição, (excluem-

se os utentes do SNS ou de outros subsistemas).

Exemplo: Consulta realizada a utente com baixos

rendimentos e que não dispõe de recursos financeiros para

a pagar. Ficando o custo de realização da consulta a cargo da

própria instituição. (a instituição poderá auferir de subsídios

do Estado para comparticipar parte destes custos, ou

beneficiar de trabalho de voluntariado para garantir estes

serviços).

Indicar outras actividades realizadas no âmbito da saúde que

tenham sido prestadas a utentes carenciados, com poucos

recursos e a título gratuito ou custo residual.

Pode ser anexada informação complementar, que a Instituição considere relevante, para a compreensão dos dados acima

referidos.

Indicar outras actividades realizadas que tenham sido

prestadas a individuos carenciados, com poucos recursos e a

título gratuito ou custo residual.

Por exemplo: Fornecimento de sopas a individuos com

baixos recursos financeiros (indicar n.º de litros de sopas

servidos no ano)

Actos Complementares de Diagnóstico e Terapeutica:

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73

Anexo n.º4: Respostas ao inquérito das instituições

Existe uma grelha de identificação das 19 instituições que responderam ao inquérito, no entanto, dada a confidencialidade garantida aos inquiridos a mesma não consta

dos anexos, tendo os dados sido tratados da instituição 1 à 19 por ordem puramente aleatória. No entanto, mediante solicitação, e desde que garantida a

confidencialidade, a grelha poderá ser facultada a terceiros.

EnfermariasQuartos

Particulares

UCIntermd.

Outras Unidades

Outras Camas

LotaçãoConvenci

onaisAmbulató

rioPartos Total

1 Fundação x 146 14 5 165 0 0 0

2 Fundação x 360 25 385 0 0 0

3 Fundação x 418 72 10 500 0 4 17

4 Fundação x 120 120 0 0 4

5 Fundação x 47 39 4 90 0 2 1

6 Associação x 8 25 33 0 13 9

7Instituto de Organização

Religiosax 240 23 263 0 2 6

8Instituto de Organização

Religiosax 200 200 0 5 4

9 Fundação x 70 24 4 98 5 1 6 26 4

10 Irmandade de Misericórdia x 33 33 0 5 1

11 Irmandade de Misericórdia x 3 3 6 0 0 0

12 Irmandade de Misericórdia x 1 10 3 14 1 1 1 3 6 0

13 Irmandade de Misericórdia x 12 4 30 46 1 1 10 4

14 Irmandade de Misericórdia x 15 74 89 0 1 1

15 Irmandade de Misericórdia 4 4 0 0 1

16 Irmandade de Misericórdia x 55 55 0 0 0

17 Irmandade de Misericórdia x 10 1 23 34 0 3 2

18 Irmandade de Misericórdia x 34 8 6 43 91 2 2 12 6

19 Irmandade de Misericórdia 17 9 26 0 2 1

N.º

Dados InstituiçõesI - Modalidade do

HospitalII - Equipamento e Instalações

Salas OperatóriasN.º de Camas

GeralEspecializ

adoGabinetes

de CEGabinetes de EnfermagemForma Jurídica

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74

MédicoTécnico Superior

Saúde

Outro pessoal Técnico Superior

Enfermagem

Técnico Diagnósti

co e terapêutic

a

Administração /

Direcção

Administrativo

Auxiliar de Acção Médica

Outros Total MédicoEnfermag

em

Técnico Diagnósti

co e terapêutic

a

Administrativo

Auxiliar de Acção Médica

Outros TotalEnfermag

emOutros Total

1 3 2 4 5 2 5 39 29 89 1 10 2 3 16 39 4 43

2 12 4 12 60 4 8 60 25 185 4 15 19 03 16 7 3 43 6 5 19 128 31 258 4 52 2 1 5 64 13 18 31

4 3 1 1 5 2 2 27 16 57 8 2 1 11 2 2 4

5 2 2 9 2 3 6 31 15 70 1 4 1 6 8 8

6 37 40 1 8 10 5 27 12 4 144 0 0

7 8 6 32 6 8 60 0 0

8 2 8 25 6 7 37 26 111 2 6 1 9 0

9 1 13 8 5 43 71 34 175 52 77 12 5 2 3 151 1 1

10 1 3 1 15 7 15 12 54 7 14 21 0

11 2 3 15 2 2 9 33 8 15 23 0

12 6 6 12 17 9 2 28 0

13 1 2 1 10 18 20 52 78 36 9 5 128 2 2 4

14 2 1 1 40 44 1 3 4 6 6

15 0 1 13 4 18 0

16 2 2 18 2 1 22 5 52 0 3 3

17 1 2 4 6 13 3 16 19 1 1 2

18 3 5 2 25 23 3 47 67 39 214 168 65 18 251 1 1

19 2 5 1 1 9 3 21 2 1 3 3 3

EstagiáriosIII - Recursos Humanos

Contrato de Trabalho ou Quadro Prestadores de ServiçosDado

N.º

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

75

jjjj

Convencionais

Ambulatórias

Análises Clínicas

Imagiologia

Fisioterapia

OutrosConvenci

onaisAmbulató

rias

1 22 56 38 16

2 930 9223 454 1.737 2.974

4 4 1.740

5 3 30 21 3 30 21

6 607 31.412 129.039 4.934

7 750 750

8 154 2.353

9 5.352 9 46.344 4.417 137 581 31.993 45.442 4.767 2880 Diárias + 8.790 Litros de Sopa + Descontos Financeiros

€16.559

10 123 8.207 4.330 561

11

12

13 620 27.884 338 697 12.705 7.456 61.371 905 584

14

10 Centros de Dia + 70 Apoios Domiciliários (refeição; higiene

habitacional e pessoal; marcação e acompanhamento às consultas)

15 206 206

16 21

17 178 1.500

18 33.693 5.420 3.435 1.730 69.793 315.052

19 63

Cirurgias

Pequenas Cirurgias

ACDT

V - Actividade de beneficência / Prestação de Cuidados de Saúde

VI - Outras Actividades de beneficência

Outras Actividad

es de Saúde

Consultas Externas

Doentes Saídos

Pequenas Cirurgias

Cirurgias ACDTIV - Actividade

Consultas Externas

PartosDoentes Saídos

Dado

N.º

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

76

Anexo n.º5: Tratamento estatístico do Inquérito

Enfermarias

Quartos Particulares

UCIntermd.

Outras Unidades

Outras Camas

LotaçãoConvencio

naisAmbulató

rioPartos Total

5 12 16 11 0 5 10 19 4 2 1 4 13 14

5 12 1.711 217 0 52 272 2.252 9 2 1 12 91 61

29% 71% 76% 10% 0% 2% 12% 100% 75% 17% 8% 100%

107 20 10 27 119 2 1 1 1 5 3

41 12 6 24 89 2 1 1 2 1

4 33 1 1 0 0

418 72 23 74 500 5 1 1 6 26 17

1 1 4 3 4 1 1 1 0 0

Estatísticas

I - Modalidade do Hospital

II - Equipamento e Instalações

Salas OperatóriasN.º de Camas

GeralEspecializ

adoGabinetes

de CEGabinetes de Enfermagem

Totais

Média

Modas

Máximo

Mínimo

N.º Respostas

% Totais

Mediana

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Avaliação do Retorno para a Sociedade dos Benefícios Concedidos a IPSS na Área da Saúde

77

MédicoTécnico Superior

Saúde

Outro pessoal Técnico Superior

Enfermagem

Técnico Diagnósti

co e terapêutic

a

Administração /

Direcção

Administrativo

Auxiliar de Acção Médica

Outros Total MédicoEnfermag

em

Técnico Diagnósti

co e terapêutic

a

Administrativo

Auxiliar de Acção Médica

Outros TotalEnfermag

emOutros Total

12 11 12 14 7 15 18 16 15 18 15 15 7 2 2 8 16 8 8 11

91 78 36 264 66 47 202 555 305 1.644 349 343 46 6 6 21 771 64 42 106

6% 5% 2% 16% 4% 3% 12% 34% 19% 100% 45% 44% 6% 1% 1% 3% 100% 60% 40% 100%

8 7 3 19 9 3 11 35 20 87 23 23 7 3 3 3 41 8 5 6

3 4 2 14 8 3 7 25 20 57 4 14 2 3 3 3 18 3 3 1

2 1 2 5 2 1 2 9 52 1 15 2 1 2 2 0

37 40 12 60 23 6 47 128 40 258 168 77 18 5 4 5 251 39 18 43

1 1 1 1 2 1 1 4 3 0 1 3 1 1 2 1 1 1 0

Estatísticas

Estagiários

III - Recursos Humanos

Contrato de Trabalho ou Quadro Prestadores de Serviços

Totais

Média

Modas

Máximo

Mínimo

N.º Respostas

% Totais

Mediana

Convencionais

Ambulatórias

Análises Clínicas

Imagiologia

Fisioterapia

Outros

15 1 9 3 3 2 3 3 6 6

9.487 9 151.716 10.175 4.269 2.311 18.535 109.242 555.618 11.226

632 9 16.857 3.392 1.423 1.156 6.178 36.414 92.603 1.871

178 9 8.207 4.417 697 1.156 4.330 31.993 53.407 733

5.352 9 46.344 5.420 3.435 1.730 12.705 69.793 315.052 4.934

3 9 30 338 137 581 1.500 7.456 1.740 21

EstatísticasPequenas Cirurgias

Cirurgias ACDT

IV - Actividade

Consultas Externas

PartosDoentes Saídos

Totais

Média

Máximo

Mínimo

N.º Respostas

Mediana

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78

Convencionais

Ambulatórias

5 3 0 0 0 1 0 2

1.883 630 0 0 0 21 0

377 210 21

206 30 21

922 584 21

2 16 21

Estatísticas

Cirurgias

Pequenas Cirurgias

ACDT

V - Actividade de beneficência / Prestação de Cuidados de Saúde

VI - Outras Actividades de beneficência

Outras Actividad

es de Saúde

Consultas Externas

Doentes Saídos

Totais

Média

Máximo

Mínimo

N.º Respostas

Mediana

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79

Anexo n.º6: Inquérito Estudo de Caso

Inquérito aos Prestadores de Cuidados de

Saúde com Internamento

Sector Social da Saúde

Ano a que respeitam os dados: 2009

NPC:

I - Modalidade do Hospital II - Equipamento e Instalações (N.º)

Geral

Especializado: Enfermarias (n.º Camas)

Maternidade Quarto Particulares (n.º Camas)

Oftalmologia Unidade de Cuidados Intermédios

Ortopedia Unidade de Queimados

Pediatria Outras Unidades

Psiquiatria Outras Camas:

Outros (discriminar) ____________________ Berçário

Recobro de Cirurgia Convencional

III - Recursos Humanos (N.º) Recobro de Ambulatório (se exclusivo)

Contrato de Trabalho ou Quadro: Outras (discriminar) ____________________

Pessoal Médico Salas Operatórias Convencional

Pessoal Técnico Superior de Saúde Salas Operatórias de Ambulatório

Outro Pessoal Técnico Superior Sala de Partos

Pessoal de Enfermagem Gabinetes de Consulta Externa

Pessoal Técnico de Diagnóstico e Terapeutica Gabinetes de Enfermagem

Pessoal de Administração / Direcção

Pessoal Administrativo IV - Actividade Total (N.º)

Pessoal Auxiliar de Acção Médica Doentes Saídos

Outro Pessoal Partos

Prestadores de Serviço: Consultas Externas

Pessoal Médico Intervenções Cirúrgicas:

Pessoal de Enfermagem Convencionais

Pessoal Técnico de Diagnóstico e Terapeutica Ambulatórias

Pessoal Administrativo Pequenas Cirurgias:

Pessoal Auxiliar de Acção Médica

Outro Pessoal (discriminar) ______________ Análises Clínicas

Estagiários: Imagiologia

Pessoal de Enfermagem Fisioterapia (N.º Sessões)

Outro Pessoal (discriminar) ______________ Outros (total - não descriminar)

Actos Complementares de Diagnóstico e Terapeutica:

Designação:

Internamento (n.º camas / lotação a 31.12.2009):

Endereço:

Identificação da Entidade (caso deseje o anonimato deixar estes campos em branco)

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80

llll

V - Actividade de Beneficência

Prestação de Cuidados de SaúdeN.º

Custo Total para

a Entidade (€)VII - Dados Financeiros (S/N) Valor (€)

Doentes Saídos € Proveitos Operacionais €

Consultas Externas € Resultado Líquido do Exercício €

Intervenções Cirúrgicas: Restituições de IVA (se possivel descriminar): €

Convencionais € Construção, manutenção e conservação de imóveis €

Ambulatórias € Elementos do imobilizado €

Pequenas Cirurgias: € Aquisição de veículos automoveis €

Reparações em veículos automóveis €

Descriminar: Imagiologia (Rx's) € Consignação de IRS Recebido em 2009 €

Descriminar: ____________________________ €

Outras Actividades de Saúde: Prédios Rústicos €

Descriminar: ____________________________ € Prédios Urbanos

Descriminar: ____________________________ €

Descriminar: ____________________________ € Prédios Rústicos €

Prédios Urbanos €

VI - Outras Actividade de Beneficência

(descriminar)N.º

Custo Total para

a Entidade (€)€

Receberam donativos abrangidos pelo Mecenato Social?Se Sim, indique o respectivo montante

__________________________________________ €

Se Sim, indique o respectivo montante (exemplo: financiamento a fundo perdido

para aquisição de equipamentos novos de energias renováveis)€

__________________________________________ €

Contratos de Trabalho Efectuados

__________________________________________ € Empréstimos Obtidos

Emissão de Cheques

__________________________________________ € Outros (Descriminar): ______________________________________

Beneficiou em 2009 da Isenção do Imposto Único de

__________________________________________ € Circulação sobre Veículos da Instituição?

Adquiriu viaturas em 2009 Isentas de Imposto s/ Veículos?

__________________________________________ € Mobilizou a Classe 6 para Ajustamentos de Cobranças Duvidosas? €

Pode ser anexada informação complementar, que a Instituição considere relevante, para a compreensão dos dados acima referidos.

Se d

esej

arem

rec

eber

as

con

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sões

do

pre

sen

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stu

do

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)

Efectuou algum destes actos em 2009 Isentos de Imposto de Selo?

Valor Patrimonial (Caderneta Predial) dos Imóveis adquiridos em 2009 para fins estatutários:

Actos Complementares de Diagnóstico e Terapeutica:

Receberam subsídios atribuídos por Entidades Públicas ou Privadas?

Total anual das remunerações pagas sujeitas a Segurança Social

Mu

ito

ob

rig

ad

a p

ela

vo

ssa

co

lab

ora

ção

.

Valor Patrimonial (Caderneta Predial) de todos os Imóveis afectos aos fins estatutários: