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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL - UNIDERP ANGÉLICA BARROS LOPES BUAINAIN AVALIAÇÃO DO PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDE ANIMAL EM MATO GROSSO DO SUL CAMPO GRANDE – MS 2006

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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DAREGIÃO DO PANTANAL - UNIDERP

ANGÉLICA BARROS LOPES BUAINAIN

AVALIAÇÃO DO PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDEANIMAL EM MATO GROSSO DO SUL

CAMPO GRANDE – MS2006

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ANGÉLICA BARROS LOPES BUAINAIN

AVALIAÇÃO DO PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDEANIMAL EM MATO GROSSO DO SUL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em nível de MestradoProfissionalizante em Produção e GestãoAgroindustrial da Universidade para oDesenvolvimento do Estado e da Região doPantanal, como parte dos requisitos para aobtenção do título de Mestre em Produção eGestão Agroindustrial.

Comitê de Orientação:Prof. Dr. Francisco Carlos Trindade LeiteProf. Dr. Olímpio Crisóstomo RibeiroProf. Dr. Pedro Paulo Pires

CAMPO GRANDE – MS2006

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidata: Angélica Barros Lopes Buainain

Dissertação defendida e aprovada em 21 de dezembro de 2006 pela BancaExaminadora:

__________________________________________________________Prof. Doutor Francisco Carlos Trindade Leite (Orientador)

__________________________________________________________Prof. Doutor Cláudio Roberto Madruga (EMBRAPA)

__________________________________________________________Prof. Doutor Olímpio Crisóstomo Ribeiro (UNIDERP)

_________________________________________________Prof. Doutor Luiz Eustáquio Lopes Pinheiro

Coordenador do Programa de Pós-Graduaçãoem Produção e Gestão Agroindustrial

________________________________________________Prof. Doutor Raysildo Barbosa Lôbo

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP

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Dedico este trabalho ao meu marido,Paulo pela paciência, compreensão ecarinho e a minha filhinha, Marina que

me ensina a admirar o essencial davida.

Aos meus pais José e Irani quesempre apoiaram minhas escolhas.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por guiar meus passos e iluminar meus caminhos.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Carlos Trindade Leite pela fundamentalcontribuição na organização do texto nesta pesquisa, pela orientação e, acima detudo, amizade.

Ao Prof. Dr. Olímpio Crisóstomo Ribeiro que, com sua sabedoria, estevesempre disposto a contribuir na elaboração desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. Pedro Paulo Pires da EMBRAPA que me incentivou com o seuentusiasmo.

Ao Prof. Dr. Edson Rubens Arrabal Arias que não mediu esforços para meajudar quando precisei.

Ao Prof. Dr. Gete Otaño da Rosa que sempre me inspirou a buscar novoshorizontes no campo do conhecimento.

Aos colegas da IAGRO pelos materiais gentilmente fornecidos, em especial aoGelson Sandoval Jr.

Aos colegas do SENAR, pela atenção que me foi dedicada, em especial ao DrElúsio Guerreiro, que inspirou o desenvolvimento deste estudo e ao RobsonPaulitsch.

À todos aqueles que me deram apoio e torceram para que esse trabalho fosserealizado.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. vi

LISTA DE FIGURAS............................................................................................. vii

RESUMO .............................................................................................................viii

ABSTRACT ........................................................................................................... ix

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................11

1.1 OBJETO DE ESTUDO: O PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES DE

SAÚDE ANIMAL ...............................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................16

2.1 PANORAMA DA PECUÁRIA EM MATO GROSSO DO SUL......................19

2.2 FEBRE AFTOSA.........................................................................................21

2.2.1 Impactos econômicos e sociais decorrentes da febre aftosano estado.....................................................................................................26

2.3 EDUCAÇÃO SANITÁRIA ...........................................................................27

2.3.1 Programas de educação sanitária........................................................332.4 ESTRUTURA DAS INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DO PROGRAMA DEFORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDE ANIMAL..........................................36

2.4.1 Estrutura do SENAR-AR/MS ...............................................................362.4.2 Estrutura da IAGRO.............................................................................38

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................42

3.1 O MODELO LÓGICO..................................................................................43

3.2 A HIERARQUIA DE BENNET.....................................................................44

3.3 A REFERÊNCIA TEÓRICO-METODOLÓGICA DO ESTUDO....................45

3.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS............................................................46

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................48

4.1 A IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS E O ATINGIMENTO DAS

METAS DO PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDE ANIMAL......48

4.1.1 Realização de seminários para mobilização da sociedade............48

4.1.2 Formação agentes de saúde animal, priorizando áreas demaior risco ..................................................................................................51

4.1.3 Capacitar técnicos do Paraguai .......................................................55

4.2 AVALIAÇÃO PELOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DE BENNET (1975).........55

4.2.1 Recursos ............................................................................................55

4.2.2 Atividades...........................................................................................59

4.2.3 Participação .......................................................................................61

4.2.4 Reações ..............................................................................................64

4.2.5 Conhecimentos e habilidades ..........................................................66

4.3 OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................67

5 CONCLUSÕES..................................................................................................70

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................73

ANEXOS ...............................................................................................................77

ANEXO A - FICHA DE INSCRIÇÃO (SENAR)................................................78

ANEXO B – AVALIAÇÃO FEIA PELO PARCEIRO (SENAR).........................79

ANEXO C – AVALIAÇÃO FEITA PELO PARCEIRO (SENAR).......................80

ANEXO D – PRÉ E PÓS-TESTE (IAGRO) ......................................................81

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Seminários de Sensibilização nos Municípios. ...................................49

TABELA 2. Avaliação do educador pelos educandos. ..........................................60

TABELA 3. Avaliação do educador pelo parceiro. ................................................61

TABELA 4. Escolaridade dos educandos. ............................................................64

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Circuitos pecuários.................................................................................24

Figura 2. Organograma da IAGRO, 2006 .............................................................39

Figura 3. Organograma sugerido da IAGRO.........................................................39

Figura 4. Modelo Lógico (Adaptado de Kellogg Foundation, 2004). .....................43

Figura 5. Hierarquia de Bennet (Adaptado de Bennet, 1975). ..............................45

Figura 6. Modelo Lógico X Hierarquia de Bennett: convergências........................46

Figura 7. Treinados e eventos: Previsto X Realizado. ..........................................52

Figura 8. Áreas prioritárias e treinamentos realizados. .........................................54

Figura 9. Locais de realização dos treinamentos ..................................................56

Figura 10. Avaliação do local do evento pelos educandos. ..................................56

Figura 11. Instalações do evento. .........................................................................57

Figura 12. Qualidade do material. .........................................................................58

Figura 13. Equipamentos e recursos disponibilizados. .........................................59

Figura 14. Avaliação do educador pelos educandos.............................................60

Figura 15. Forma de divulgação (parceiro) e forma de conhecimento do evento

(educando). ...........................................................................................................62

Figura 16. Tipo de público.....................................................................................64

Figura 17. Atingimento das expectativas (parceiros e educandos) .......................65

Figura 18. Contribuição do evento à aquisição de novos conhecimentos.............66

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RESUMO

O presente trabalho avalia os resultados das ações desenvolvidas pelo ProjetoFormação de Agentes em Saúde Animal durante o ano de 2004 no estado deMato Grosso do Sul. O projeto, executado pelo SENAR-AR/MS e pela IAGROpautou-se em três grandes metas: a realização de seminários municipais desensibilização, a formação de agentes de saúde animal e a capacitação detécnicos do Paraguai. O trabalho baseou-se em matriz metodológica adaptada domodelo lógico, desenvolvido pela Fundação Kellogg e da Hierarquia de Bennet(1975). Avaliados cinco níveis da hierarquia de Bennet (recursos, atividades,participação, reações e conhecimentos e habilidades). Os resultados apontampara o não cumprimento dos objetivos e metas propostas pelo projeto em funçãode alguns fatores: limitações em recursos financeiros e equipamentos,dissociação entre as ações das duas instituições executoras do projeto, adesobediência às áreas prioritárias para a realização dos treinamentos e àausência de critérios metodológicos para a coleta e o registro dos dados daexecução do projeto, o que limitou as possibilidades de análise. O estudodetectou limitações sérias na construção e aplicação dos instrumentos de coletade informações, bem como a ausência de um planejamento de acompanhamentoa posteriori dos agentes de saúde animal treinados pelo projeto.

Palavras-chave: educação sanitária – avaliação de programas educacionais –defesa sanitária animal – agente de saúde

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ABSTRACT

This study evaluates the results of the Animal Health Agent Preparation Project,as related to its 2004 activities in Mato Grosso do Sul, Brazil. The project,developed and implemented jointly by SENAR-AR/MS and IAGRO, was based onthree goals: sensitiveness seminars, animal health agents preparation, andParaguayan technicians training. The study was based on a methodological matrixadapted from Kellogg Foundation’s logic model and Bennet’s Hierarchy(resources, activities, participation, reactions, and knowledge and skills). Theresults indicate the expected goals were not fully achieved due to someconstraints such as: financial and equipment availability limitations, dissociationbetween SENAR and IAGRO actions on the project, failure in following the priorityareas to deliver the courses as indicated in the project, and the absence ofmethodological criteria for gathering and registering data from the project actions.This has been a constraint for allowing a better evaluation of the project. The studyhas also detected serious problems on the construction and application of thequestionnaires, as well as a lack of follow-up activities with the animal healthagents trained by the project.

Key-words: sanitary education – educational programs evaluation – animalsanitary defense – health agent.

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui condições privilegiadas para produção de alimentos de

origem animal, como clima, variedade e qualidade do rebanho, e abundância de

pastagens. Entretanto, não obstante os contínuos avanços registrados no

passado recente, o rebanho brasileiro ainda é acometido por várias enfermidades

o que leva a uma certa estagnação do setor. Tal situação reflete-se na economia,

especialmente na forma de restrições comerciais à exportação em virtude de

condições sanitárias, bem como na condição social da parcela da população que

depende direta ou indiretamente da atividade pecuária. A exemplo disto, temos

tido no estado de Mato Grosso do Sul, desde Outubro de 2005, focos recorrentes

de febre aftosa que têm acarretado sérios impactos sócio-econômicos, levando o

estado a perder milhões de reais em arrecadação e deixando centenas de

famílias sem meios de sobreviver (GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

DO SUL, 2005).

De acordo com Lyra (2002), a condição de saúde animal é determinada

pelas formas de organização da pecuária, e pelo acesso de seus atores sociais

aos serviços e tecnologias desenvolvidos pela sociedade. Ultimamente predomina

o paradigma de que o processo saúde-doença é um problema coletivo e, portanto

social, o que explica os riscos diferenciados de ocorrência de doenças nos

diversos estratos sociais.

A experiência acumulada durante anos nos países mais evoluídos, tem

demonstrado que a saúde animal constitui-se em um dos fatores críticos para o

sucesso de programas de desenvolvimento da pecuária. Para que prioridades e

linhas de ação voltadas a uma correta planificação e programação em saúde

animal, sejam estabelecidas, é indispensável que se disponha de informações as

mais completas, fidedignas e atualizadas possíveis, sobre todos os fatores que

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devem ser considerados para tal fim (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA

SAÚDE, 1983).

Em Mato Grosso do Sul, desde 1996, o SENAR–AR/MS, instituição do

sistema nacional de formação profissional, desenvolve o Projeto Formação de

Agentes em Saúde Animal (AGS), em parceria com os três níveis de governo e o

sistema sindical. O programa visa a capacitação de trabalhadores rurais para que

se habilitem como em Agentes em Saúde Animal. Estes Agentes desenvolveriam

ações de maneira pontual e integrada, sob a coordenação de órgãos oficiais de

defesa sanitária, na área preventiva e na vigilância epidemiológica, através da

observação de qualquer alteração do comportamento do rebanho e comunicação

aos órgãos oficiais (SENAR-AR/MS, 2004). Aspecto relevante no programa, que

vem de encontro às tendências nacionais e mundiais, é o envolvimento ativo da

sociedade na operacionalização das ações indispensáveis ao controle eficaz e

contínuo das doenças infecto-contagiosas que afetam o rebanho nacional.

Apesar do tempo de execução do programa, ainda não foram

disponibilizados dados que permitam avaliá-lo de forma segura. Os dados

existentes, ainda são desagregados e somente tabulados de acordo com os

critérios próprios de cada parceiro. Desta forma não permitem gerar relatórios

consolidados com base em parâmetros uniformes que possibilitem uma avaliação

global do programa.

Uma avaliação é importante não apenas para definir rumos e perspectivas

de futuro, mas também para aquilatar a eficácia dos investimentos realizados.

Mais que isso, uma avaliação consistente estende seus reflexos no bem-estar

coletivo, na medida em que possibilita a obtenção de informações contínuas e

sistemáticas que fortalecem o próprio programa através da análise de seu ciclo de

vida e da contribuição social de seus resultados. Ratificando essas afirmações,

Rodrigues (2004) indica que não é concebível levar avante um programa

sanitário, sem que haja convicção dos benefícios que gerão à saúde pública e à

economia.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar os resultados do Projeto

Formação de Agentes em Saúde Animal (AGS), enfocando três componentes:

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seu contexto, sua implementação e seus resultados (KELLOGG FOUNDATION,

2004). O ponto de referência para o delineamento do estudo foram os objetivos e

metas formalmente estabelecidos para o programa, ancorados nos mesmos

parâmetros estabelecidos a nível macro pelos órgãos reguladores nos três níveis

de governo. Seus resultados terão potencial para constituir-se em referência

direta para a análise e avaliação de programas correlatos de educação sanitária.

Indiretamente poderão contribuir para a definição de ações para o

desenvolvimento sustentável do Estado, na medida em que possibilitará o

estabelecimento de prioridades e linhas de ação voltadas a uma correta

planificação e programação em saúde animal, fatores decisivos para o sucesso

de programas de desenvolvimento da pecuária.

1.1 OBJETO DE ESTUDO: O PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES

DE SAÚDE ANIMAL

O Projeto Formação de Agentes de Saúde Animal é um trabalho de

educação sanitária animal, desenvolvido pelo SENAR–MS em parceria com a

IAGRO. A justificativa da ação pelo SENAR para o ano de 2004 está baseada na

constatação de que

as áreas de risco, como as fronteiras internacionais, divisas comos Estados e a movimentação de gado de forma permanente,necessitam do envolvimento da sociedade na operacionalizaçãodas ações indispensáveis ao controle eficaz e contínuo da aftosae demais doenças infecto-contagiosas que afetam o rebanhonacional (SENAR-AR/MS, 2004, p.10).

A partir de tal constatação, justifica que

se faz necessária a capacitação de trabalhadores rurais para quese transformem em Agentes em Saúde Animal e, de maneirapontual e integrada, desenvolvam ações efetivas, coordenadaspelos órgãos oficiais de defesa sanitária, na área preventiva(vacinação), e vigilância epidemiológica, observando,comunicando aos órgãos oficiais toda e qualquer alteração docomportamento do rebanho e suspeita da ocorrência de focos dedoenças dos animais, no meio rural. (Doenças pertencentes aosgrupos A e B da nomenclatura utilizada pela OIE) (SENAR-AR/MS, 2004, p.10).

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Em sua concepção, o projeto possui o objetivo geral de “participar

efetivamente dos trabalhos de defesa sanitária animal, contribuindo para a

execução de serviços de prevenção (vacinações) e de vigilância epidemiológica”

(SENAR-AR/MS, 2004, p.11). Esse objetivo geral é dividido em três objetivos

específicos, conforme se segue:

• Informar e discutir com pecuaristas, dirigentes e/ou líderesrurais, os temas que compõem a Proposta Nacional para aárea de Sanidade Animal, pela participação efetiva emreuniões (seminários municipais), para que se comprometamde forma consciente com a gestão do Projeto em suas áreasde influência.

• Comprometer pecuaristas com a proposta de formação deagentes de saúde animal, pelo estabelecimento de contatosindividuais e pela participação efetiva em reuniões a seremrealizadas nos municípios envolvidos, onde cada produtor jáconscientizado e com os conhecimentos suficientes deverádisponibilizar um empregado que atenda os pré-requisitos paraser treinado.

• Capacitar trabalhadores rurais e de outros setores envolvidosna cadeia de produção de alimentos (Agentes em SaúdeAnimal) conscientes de sua função, pela participação efetivaem cursos de curta duração de Formação Profissional Rural(FPR) — método de aprender a fazer fazendo — habilitando-osà execução de práticas de defesa e vigilância epidemiológica,em campo (SENAR–AR/MS, 2004, p.11).

Os objetivos do projeto foram desdobrados em três metas para o ano de

2004, conforme transcrevemos abaixo, as quais constituem-se o ponto de

referência para o delineamento do presente estudo:

• Realizar 50 seminários municipais (um por município) comprodutores, dirigentes e/ou líderes rurais, envolvendo nomínimo 50 produtores por seminário, no ano de 2004.

• Capacitar 4.500 trabalhadores rurais como Agentes em SaúdeAnimal, 300 eventos, realizados nos municípios de fronteirainternacional e outros a critério do IAGRO e da DFA/MS, em2004.

• Capacitar 20 técnicos do Paraguai, em março de 2004(SENAR-AR/MS, 2004, p.12).

Importante salientar que, dada sua importância para o Estado, o programa

está amparado legalmente pelo Decreto no. 11.710 de 28 de outubro de 2004 que

determina, na alínea “c” do parágrafo 2º de seu Art. 43, que só serão pagas

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indenizações com recursos do Fundo Emergencial para a Defesa da Saúde

Animal de Mato Grosso do Sul (FESA/MS) aos titulares de estabelecimentos

rurais que tenham participado do Projeto Formação de Agentes em Saúde

Animal, permitindo a capacitação e habilitação de um ou mais de seus

empregados como Agentes em Saúde Animal (MATO GROSSO DO SUL, 2004).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Durante séculos os bovinos transitaram sem maiores restrições sanitárias

entre as nações. Isto se deu em função de sua serventia como transporte,

alimentação e vestuário.Foi que em meados do século XIX, que a questão

sanitária começou a ser entendida de forma diferente: considerando a dimensão e

a importância desses deslocamentos e o aumento do significado econômico da

atividade, as questões sanitárias passaram a ser razão de preocupação, tanto

para a saúde humana quanto para o próprio desenvolvimento e manutenção dos

rebanhos bovinos (MICHELS et al, 2001).

O rebanho bovino mundial, incluindo bubalinos, totalizava em 2004

aproximadamente 1 bilhão e 23 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2004). Deste

total, o rebanho indiano, embora numericamente o maior do mundo, com 332

milhões de cabeças, não possui grande expressão econômica, já que o hindu não

consome carne bovina. Também, por falta de melhoramento zootécnico e de

melhor alimentação e manejo, o gado indiano é tardio e pouco produtivo. Desta

forma o Brasil é considerado detentor do maior rebanho comercial mundial, com

195 milhões de cabeças de bovinos no país (IBGE, 2003).

No Brasil, na época do descobrimento, não havia gado bovino. A primeira

introdução foi feita por Tomé de Souza, que trouxe de Cabo Verde para a Bahia

gado de origem ibérica. No fim do século XIX teve início a importação de raças

nobres européias para o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, assim

como de zebuínos para a Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais (FERREIRA,

2000).

Com área de 8.547.403 Km2, o Brasil é o quinto país do mundo em

extensão territorial, o que resulta em diferenças geográficas significativas. Assim,

o país possui influência de vários climas e diferentes características de solos e

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vegetação. As regiões brasileiras apresentam não só disparidades naturais, mas

também sócio-econômicas. Desta forma pode-se vislumbrar a complexidade da

atividade pecuária no Brasil. A diversidade natural, por exemplo, tem motivado

inúmeros estudos ligados a questão comercial e industrial, tendo em vista as

espécies de pastagens, solo, manejo, novas tecnologias e o cruzamento industrial

(FERREIRA, 2000).

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA, 2004), o Brasil

possui um total de 750 indústrias frigoríficas, responsáveis pelo abate anual de 31

milhões de cabeças de bovinos, produzindo 6,8 milhões de toneladas de carne.

Esse nível de industrialização torna a cadeia produtiva da Pecuária de Corte

estruturada, composta pela indústria, pelo comércio de carne e couros

(distribuição e varejo) e pelos consumidores, gerando 7 milhões de empregos

diretos.

A enorme expansão das exportações de carne verificada no período de

1995 a 2004 depende-se quase exclusivamente à abertura de novos mercados

(em especial Rússia, Chile e Egito) além do aumento no volume exportado para

países onde o Brasil já detinha a liderança (Arábia Saudita e Líbano). O total

exportado para esses países passou de pouco mais de 200.000 toneladas em

1995 para 1.200.000 em 2004 (LOPES, 2004).

Os países da União Européia são os principais destinos das exportaçõesdo Brasil, tanto de carne in natura quanto de carne industrializada. O segundomaior mercado das exportações brasileiras de carne industrializada é a Américado Norte. Contudo esses países não importam carne in natura do Brasil. A carnebovina industrializada tem prevalecido nas exportações brasileiras com tendênciadecrescente nas exportações de carne in natura (IEL, 2000). Em estudo maisrecente, Lopes (2004) afirma que o aumento das exportações se dará através docrescimento do volume negociado, principalmente da carne in natura. Segundo oautor, esta expansão se dará tanto para os mercados onde a carne já écomercializada, quanto para os que estão sendo abertos, como Estados Unidos,Canadá, México e possivelmente, em um horizonte de médio prazo, Japão,Coréia do Sul e Taiwan.

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O aumento da produção está diretamente relacionado ao aumento dasexportações, já que tanto o consumo interno quanto às importações mantiveram-se em patamares praticamente constantes. O autor alerta que se houver umaqueda significativa nas exportações, o mercado interno não absorve toda a carneproduzida (CERVIERI, 2005).

Criado em regime de pasto por mais de 90 por cento dos criadores do país,a bovinocultura brasileira desfruta de vantagens em relação à produção pecuáriainternacional. De fato, essa forma de produção coloca a carne brasileira emvantagem competitiva no mercado externo (LOPES, 2004). Para Harada (2004), aalimentação a pasto confere à carne uma imagem de produto mais saudável.Argumenta o autor que, além do baixo custo, essa forma de produção reduz,ainda, os problemas sanitários típicos da criação intensiva.

Com vistas a erradicação da febre aftosa o Brasil vem desenvolvendo,desde 1994, uma maciça campanha de vacinação, permitindo ao país umasegurança compatível com os níveis de sanidade do rebanho solicitada pelospaíses importadores. A meta para a erradicação da febre aftosa em todo oterritório nacional, segundo o Programa Nacional de Erradicação de febre aftosa(PNEFA), era o ano de 2005 (LOPES, 2004).

Preocupado com a segurança de seus rebanhos o Brasil tem adotadoestratégias de atividades conjuntas com países vizinhos para o combate da febreaftosa. A mobilização do exército nas fronteiras é uma dessas estratégias paraimpedir a movimentação ilegal de animais para nosso território. Ainda como metade proteção de seus rebanhos, o Brasil vem colaborando ativamente no controleda doenças nos países limítrofes, através da prestação de apoio técnico pelacessão de pessoal qualificado, assim como pela doação de vacinas (LOPES,2004).

Como parte do programa de erradicação da febre aftosa, foi criado em2002 pelo Ministério da Agricultura, o Sistema Brasileiro de Identificação eCertificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV). Para Lopes (2004), osfatores responsáveis pelo aumento das exportações de carne bovina brasileirasão o investimento em marketing (Brazilian Beef), o sistema de produção a pasto(Boi Verde), a melhoria da sanidade do rebanho (PNEFA), um sistema derastreabilidade (SISBOV), a abertura de novos mercados e a dificuldade de

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crescimento da produção de outros países aliado à ocorrência de enfermidadesnos mesmos.

2.1 PANORAMA DA PECUÁRIA EM MATO GROSSO DO SUL

O estado de Mato Grosso do Sul, localizado na região Centro-Oeste, comárea territorial de 357.124,96 km2, encontra-se numa posição privilegiada emfunção da proximidade dos grandes centros consumidores e distribuidores doPaís. A localização geográfica aliada à infra-estrutura econômica já existentepermite ao Estado exercer o papel de centro redistribuidor de insumos e produtosoriundos dos grandes centros de produção para a região Centro-Oeste e Norte doBrasil (SEPLANCT-MS, 2003).

Mato Grosso do Sul limita-se a Leste com os Estados de Minas Gerais,São Paulo e Paraná; ao Norte, com os Estados de Mato Grosso e Goiás,possibilitando, através da BR-163, a saída para Cuiabá, Goiânia, Brasília, PortoVelho, Rio Branco e Manaus. O Estado possui também fronteiras com o Paraguaie a Bolívia. O Rio Paraguai, que lhe faz fronteira, permite o intercâmbio comercialpor via navegável com os países do MERCOSUL e o resto do mundo(SEPLANCT-MS, 2003).

O Estado destaca-se pelo agronegócio o qual, de forma direta ou indireta,uma importante base de seu desenvolvimento socioeconômico. No que se refereespecificamente à pecuária (produção de bovinos, ovinos, caprinos, suínos ebubalinos) a bovinocultura se sobrepõe, apresentando-se como a exploraçãoanimal mais importante e representativa.

A pecuária representa a atividade mais tradicional da economia sul-mato-grossense, destacando-se os rebanhos de: bovinos com 23,2 milhões decabeças, aves com 23,8 milhões de animais, e suínos com 787.960 cabeças.Estes segmentos da pecuária desempenham expressivo papel na ocupaçãoeconômica e produção de carnes e outros produtos de origem animal, comolácteos, couro e ovos (SEPLANCT - MS, 2003).

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Dados do IBGE (2004) apontam para a pecuária bovina nacional umrebanho de 195.552.000 de cabeças, onde Mato Grosso do Sul, aparece com24.984.000, o equivalente a 12,8% do efetivo nacional.

A modernização da atividade pecuária, com a introdução de tecnologias demecanização e correção do solo na década de 70, possibilitou a expansão dasáreas com pastagem plantada a uma taxa de 3,5% a.a. Ao mesmo tempo,possibilitou um crescimento médio anual de 3,23% no rebanho bovino no períodode 1980-1996 e de 2,69% no período de 1996-2002 (SEPLANCT-MS, 2003).Assim, paralelamente a atividade pecuária de Mato Grosso do Sul, expande-se aprodução de carne, com evolução de 2.189.792 bovinos abatidos em 1990 para4.042.093 em 2004.

O crescimento de abates de bovinos acumulado, chega a 53,8% nos

últimos dez anos, já que passou de pouco mais de 2,6 milhões de cabeças

abatidas em 1992 para mais de 4 milhões em 2002. Assim, o percentual de

animais abatidos dentro do Estado cresceu, em média, 4,4% a.a. Michels et al

(2001) creditam a diminuição de exportação do gado em pé ao resultado de

maciça instalação de frigoríficos no Estado. Além da aproximação da indústria à

matéria prima, esse deslocamento deveu-se, ainda, à perspectiva de redução dos

custos com transportes. Os autores concluíram que, isolada ou agregadamente, a

indústria frigorífica sul-mato-grossense tornou-se mais competitiva. Ainda assim

Mato Grosso do Sul caracteriza-se como fornecedor de animais para abate em

outros estados e principalmente como fornecedor de carne bovina para os

grandes centros consumidores como São Paulo e Rio de Janeiro já que é muito

grande o seu superávit de produção (FERREIRA, 2000).

Apesar desse cenário, o foco de febre aftosa ocorrido no Estado, em

outubro de 2005, resultou em uma queda de 55% no abate de bovinos nesse

mesmo mês Já que dos 323.133 animais abatidos em setembro, caiu para

144.683 em outubro, conforme dados obtidos junto à Superintendência Federal de

Agricultura em MS. Houve uma recuperação no abate nos mêses de novembro e

dezembro, com 243.047 e 300.749 animais abatidos respectivamente. No ano de

2005 , o total de bovinos abatidos foi 3.632.189.

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Nos anos de 2001 a 2003 a economia sul-mato-grossense evoluiu a uma

taxa média de 5,9%, com ganho acumulado de 18,8% principalmente, em razão

da atividade agropecuária que cresceu a uma taxa superior a 10,0% ao ano. Esta

mesma atividade foi responsável, em 2003, por 37,5% do PIB do Estado, somente

estando atrás do setor de serviços que respondeu por 41,32%.

2.2 FEBRE AFTOSA

A economia do estado de Mato Grosso do Sul tem suas atividades

centradas na agropecuária, segmento este que vem enfrentando dificuldades

desde 2004, com perdas expressivas em safras agrícolas de suas principais

culturas, o que já vinha penalizando o produtor; concomitantemente à pecuária

que vinha atravessando momentos de dificuldades, decorrentes das estiagens

prolongadas e redução nos preços recebidos (GOVERNO DO ESTADO DE

MATO GROSSO DO SUL, 2005).

Este quadro, já crítico, foi agravado pela ocorrência de focos de Febre

Aftosa em três municípios da região Sul do Estado, em outubro de 2005, com a

interrupção dos fluxos de comércio dos produtos das cadeias da carne e dos

lácteos, que resultou no impedimento da comercialização interestadual e

internacional.

Mato Grosso do Sul é o maior produtor de carne bovina do país,

destinando sua produção para o comércio nacional e internacional. Em

decorrência da febre aftosa, em municípios da região de fronteira com o Paraguai,

houve forte retração no abate interno e interrupção da saída de gado em pé para

outros Estados, destinados ao abate e outras finalidades (GOVERNO DO

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, 2005)

Como enfermidade da lista A, cuja ocorrência impõe restrições ao comércio

internacional de animais e de seus produtos, focos detectados em área livre com

vacinação resultam em conseqüências sócio-econômicas de incalculável

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dimensão. Assim, o impacto dos recentes focos de febre aftosa na cadeia

produtiva da carne bovina em Mato Grosso do Sul e a importância econômica e

social do setor para o estado justificam a conveniência de abordagem dessa

enfermidade no presente trabalho.

A febre aftosa foi relatada no Brasil em 1895 após sua descrição na

Argentina e Uruguai, coincidindo com a importação sistemática de reprodutores

bovinos de raças européias e com o surgimento da indústria frigorífica no país

(LYRA, 2004). Segundo a autora, a ocorrência da enfermidade contribuiu para a

criação do Ministério da Agricultura, em 1909. Por longos anos pesquisadores e

criadores estiveram indiferentes à presença da doença no território nacional. Essa

indiferença era motivada por características próprias da doença, como curso de

curta duração e baixa letalidade, pela falta de conhecimento de seus aspectos

epidemiológicos e pelo fato de tratar-se de uma zoonose menor (CORRÊA e

CORRÊA,1992). Foi a partir de estudos relacionados ao impacto sócio-econômico

dessa enfermidade nos primórdios do século XX, que os pesquisadores alertaram

para a necessidade de combatê-la vigorosamente. Logo ficou evidente que,

apesar de sua breve evolução, a apresentação clínica a colocava como uma das

principais barreiras à exportação de carne e seus subprodutos, e até mesmo de

alguns produtos de origem vegetal, para mercados consumidores internacionais

(CENTRO PANAMERICANO DE FIEBRE AFTOSA, citado por KRZYZANIAK,

2004).

A eliminação da presença clínica da doença em área endêmica está

condicionada a três critérios: a) cobertura vacinal elevada (superior a 95% do

rebanho); b) controle do trânsito de animais; c) controle sanitário, através de

sorologia, para verificação de atividade viral na região. Eliminada a presença do

vírus, a etapa seguinte é o estabelecimento de programas de vigilância e

prevenção de sua reintrodução, principalmente em região de fronteira (DBO,

2005). Lyra (2004) afirma que a manutenção desses programas precisa estar

respaldada no conhecimento da situação sanitária internacional, na manutenção

da soro-epidemiologia, na realização de análise histórica dos fatores

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determinantes da ocorrência da enfermidade e na elaboração de planos de

contingência.

A manutenção do status de zona livre de febre aftosa com vacinação é

responsabilidade de cada estado. Atividades que garantem esse status são: a)

controle da vacinação; b) cadastramento e atualização de cadastro de

propriedades, de forma geral; c) cadastramento de propriedades, com fins

epidemiológicos, nas áreas de risco; d) controle de aglomerações (leilões, feiras,

exposições e outras); e) controle dos estabelecimentos de revenda de produtos

biológicos e quimioterápicos; f) controle de trânsito; g) fiscalização de animais,

produtos e subprodutos; h) atividades laboratoriais; i) programas de educação

sanitária (INDEA, 2004).

O controle da febre aftosa através da vacinação depende de aspectos

inerentes à vacina, mas o inter-relacionamento entre múltiplos fatores zoo-

sanitários também deve ser levado em consideração (GARLAND, 1999 citado por

MODOLO, 2002). Por fatores zoo-sanitários entende-se o planejamento e o

controle centralizados no plano governamental, a capacidade de diagnóstico e

vigilância, as relações públicas e, principalmente, o treinamento e a educação

continuada de pessoal técnico e dos produtores rurais (MODOLO, 2002).

Para Gelson Sandoval Jr. da IAGRO (comunicação pessoal), não basta ter

uma cobertura vacinal elevada, é preciso saber se há também uma imunidade

elevada no rebanho, pois é possível que as vacinações possam estar sendo feitas

de modo incorreto. Isto seria mais um importante motivo para orientar

devidamente o trabalhador rural que atua no processo de vacinação.

Os anos 90 representam um marco no combate à febre aftosa no Brasil

com a implantação do programa de erradicação em 1992, a regionalização das

atividades, baseada no conceito de circuitos pecuários, o estabelecimento de

metas e prazos para seu cumprimento, e com a previsão de erradicação da

doença para o ano de 2005 (LYRA, 2004). Para Michels et al (2001), os circuitos

pecuários foram originados a partir da situação da bovinocultura brasileira em

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termos das formas de produção, das relações econômicas entre as regiões e das

condições sanitárias nos diversos estados. Um circuito é uma região produtora de

bovinos na qual existam relações comerciais de bovinocultura e na qual a

situação sanitária seja relativamente homogênea. Os critérios adotados para a

conformação dos Circuitos Pecuários foram: similaridades técnicas de produção,

trânsito de animais, produtos e subprodutos, estruturação dos sistemas estaduais

de combate a febre aftosa e números de casos registrados nos últimos anos

(MICHELS et al, 2001).

Caracterizados por regiões de economia pecuária relativamente

independentes, os circuitos pecuários possuem formas produtivas específicas. O

mapa a seguir reproduz os circuitos pecuários estabelecidos no território

brasileiro.

Figura 1. Regionalização da febre aftosa no Brasil segundo os circuitos pecuários.

Fonte: IAGRO, 2004

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A zona livre de febre aftosa com vacinação é composta por Bahia, Distrito

Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,

Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe, Tocantins,

Rondônia e Santa Catarina, sendo este último Estado, considerado livre sem

vacinação. A área total abrange 49% do território brasileiro, 81% dos criadores de

bovinos, 79% da população bovina e, praticamente, 100% do rebanho comercial

de suínos. Uma zona "tampão" a separa das demais. Dotada de postos fixos de

fiscalização localizados entre a zona infectada e a zona "tampão" e entre esta e a

zona livre, o sistema de vigilância e de defesa sanitária na área tampão equivale

ao da zona livre. Os procedimentos para autorização de importação de animais,

produtos derivados e material de multiplicação são fundamentados em análise de

risco (LYRA, 2004).

De acordo com a Médica Veterinária Gisele Torres de Deus (comunicação

pessoal), a participação do Departamento de Educação Sanitária da IAGRO no

episódio foi caracterizada pelas seguintes ações:

- Repasse de instruções teóricas sobre a febre aftosa onde havia

oportunidade como casas religiosas, assentamentos rurais e aldeias indígenas.

Nas escolas houve a participação dos professores com distribuição de cartilhas

educativas. Também foram envolvidas pessoas ligadas a atividade pecuária e

lideranças locais.

- Uso de meios de comunicação como jornais, rádios e televisão local

O conteúdo das palestras envolvia noções gerais da doença como

etiologia, mecanismos de transmissão, sinais clínicos, medidas de prevenção e

controle, situação do problema a nível local e nacional, a importância econômica e

social da situação e as responsabilidades da comunidade.

A equipe de educação sanitária também contou com o apoio de

profissionais de outros Estados que estavam presentes no contato direto e

rotineiro com a população. Além disso houve a participação de equipes de

assistência social em visitas a propriedades.

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Estas ações ocorreram tanto nos municípios onde houve o registro da

doença - Eldorado, Japorã e Mundo Novo, como nos municípios interditados,

devido ao foco - Iguatemi e Itaquiraí. Para Gisele, coordenadora do depto de

educação sanitária da IAGRO, estas ações educativas são de grande valia, pois

permitem que a população entenda os diversos fatores que envolvem a doença e

a importância de cada cidadão no processo de erradicação da febre aftosa.

Os problemas encontrados pelo Brasil para controlar a febre aftosa

esbarram em escassos recursos para o serviço de defesa e, principalmente,

falhas no monitoramento contínuo das áreas de risco (DBO, 2005).

Esta situação traz de volta a discussão sobre rastreabilidade da carne

bovina que, para Zylbersztajn e Scare (2003) citado por Cervieri (2005), é um

conceito entendido como a capacidade de reencontrar o histórico, a utilização ou

localização de um produto qualquer através de meios de identificação registrados,

ou seja uma forma organizacional que permite a estreita ligação de todas as

etapas da cadeia agroalimentar, do produtor ao consumidor final, permitindo

traçar etapas anteriores, até a origem do produto, seu histórico e seus

componentes.

Há pelo menos 4 anos, as regiões brasileiras consideradas livres de febre

aftosa com vacinação não registravam um foco da doença. Isto corresponde há

um rebanho de aproximadamente 140 milhões de cabeças (80% do território

nacional). Os últimos focos no Estado foram em Porto Murtinho em 1998 , Naviraí

em 1999 e Eldorado em 2005.

2.2.1 Impactos econômicos e sociais decorrentes da febre aftosa noEstado

A ocorrência de focos de febre aftosa no estado a partir de outubro de 2005

altera o contexto no qual vinha se desenvolvendo o Projeto. Como essa nova

variável surgiu após o período do estudo, ela não faz parte da análise do objeto

propriamente dito. Dessa forma, não obstante ser importante discutir seus

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impactos na contextualização do estudo, não cabe no delineamento do objeto

qualquer relação de associação direta com seus resultados.

Após a comprovação dos focos de febre aftosa na região do Cone-Sul do

Estado, os fluxos de comércio de produtos vinculados às cadeias produtivas da

carne e de lácteos, bem como de produtos vegetais, estiveram impedidos de

circular entre essa e as demais regiões, estendendo a interdição desses produtos

para os mercados nacional e internacional. O impedimento da saída do gado em

pé, acarretou ao Estado, somente no mês de outubro, uma perda de arrecadação

de ICMS de quase R$10 milhões de reais.

Com os abates sanitários de animais na região impactada no Cone-Sul do

Estado, o setor produtivo perdeu diretamente 22.000 bovinos de seus estoques e

o poder público desembolsou aproximadamente R$16 milhões para indenização

aos produtores daquela área. Além disso houve a paralisação temporária das

atividades de três frigoríficos com repercussão na suspensão do trabalho para

aproximadamente 1.900 pessoas (GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

DO SUL, 2005).

2.3 EDUCAÇÃO SANITÁRIA

Educação é um processo de mobilização de talentos e de potencial

humano. O processo deve descartar imposições externas e empregar a estratégia

do convite e da empatia de almas humanas comprometidas com uma causa que

beneficie a coletividade (PERINI, 2005). A educação, fundamentalmente, deve

reforçar a confiança das pessoas em si mesmas pois, segundo Briceño-Leon

(2002), se um indivíduo realmente crê que alcançará determinado objetivo fará

um esforço especial para tal, enquanto que se não acredita que possa alcançar tal

objetivo, nada fará. Ainda, a educação pressupõe aprendizagem. Esta pode ser

definida como um processo em que o comportamento é modificado pela

experiência resultante da incorporação de uma nova situação ou da mudança de

um comportamento adquirido anteriormente. Mas para aprender é preciso querer,

ter vontade de adquirir novos conhecimentos, colocar em prática o que aprendeu,

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através de ações concretas, que poderão resultar em mudança de

comportamento (ALBUQUERQUE, 2000).

A significância social e econômica do rebanho bovino de Mato Grosso do

Sul enseja programas de educação sanitária. Para Ferreira (2000), um rebanho

tão expressivo quantitativamente pode não ter a desejada expressão comercial se

medidas sanitárias de proteção não forem adotadas. De fato, a defesa sanitária

animal é o principal instrumento através do qual as nações responsáveis

estabelecem seus programas de qualidade dos produtos e de proteção sanitária

dentro da cadeia produtiva agropecuária.

É de Perini (2005) a conclusão de que as estruturas de defesa sanitária,

pesquisa e extensão trabalham isoladamente, cada um com suas próprias

prioridades, ignorando a necessidade de ações integradas no âmbito da vigilância

sanitária, educação em saúde, assistência, laboratórios de saúde pública e

população. Nessa mesma direção, Miranda (2000) exalta a importância do

aprofundamento de parcerias e alianças entre os diferentes setores e segmentos

da sociedade na perspectiva da necessária sustentabilidade sócio-ambiental. O

autor reconhece múltiplos desafios a serem vencidos, dentre eles a dificuldade de

diálogo entre segmentos da sociedade, dada a cultura corporativa e tecnocrata de

isolamento e competição reinante, e as diferentes linguagens institucionais que

norteiam os setores envolvidos com a temática ambiental. Esses últimos, segundo

o autor, têm inviabilizado a formulação e implementação de propostas integradas

no país, destinadas a envolver a sociedade na busca de alternativas de

desenvolvimento, que levem em consideração as especificidades locais.

Lyra (2002) postula que os órgãos governamentais, cuja missão é

coordenar e conduzir programas e planos de saúde animal, devem estabelecer

objetivos claros e precisos bem como os caminhos para alcançá-los. Os meios

para realizá-los incluem recursos materiais e os indispensáveis recursos humanos

qualificados e adequadamente ajustados às correspondentes funções. A autora

considera a saúde animal como um sistema aberto, constituído por múltiplos e

complexos componentes onde cada um deles se relaciona com algum outro, de

forma mais ou menos estável em um dado período de tempo.

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Até o começo da década de 80 a formação médico-veterinária esteve

direcionada para a clínica, sem considerar os múltiplos aspectos que podiam

influenciar a formulação de um diagnóstico situacional. Assim, a necessidade de

atuação mais eficiente do médico veterinário motivou Torres (1997) a defender a

inserção de análises dos problemas de saúde animal na formulação dos

currículos médico-veterinários. Para tanto, esse novo cenário exigiria maior

participação e co-responsabilidade de todos os envolvidos no processo, incluindo

agentes de todas as esferas sociais. A estratégia resultaria em melhor preparação

do médico veterinário para a função de cidadania que o CRMV-MS (1999)

considera como dever inerente às suas funções, qual seja a de contribuir para a

educação no meio rural, especialmente naquilo que diz respeito à pecuária. Por

outro lado, essa integração do médico veterinário com a comunidade favoreceria

seu próprio desenvolvimento e a conquista de melhores condições de vida para a

população (TORRES, 1997).

A educação sanitária é um instrumento indispensável na área da defesa

sanitária animal e, por conseguinte, no desenvolvimento de uma pecuária mais

competitiva. Nesse sentido, Modolo (2002) afirma que o processo de educação

continuada é fundamental para a sensibilização do produtor rural sobre diversos

assuntos, inclusive a sanidade animal. Sensibilizado a reconhecer a importância

da prevenção de enfermidades, o produtor trabalha em favor de um melhor nível

sanitário do seu rebanho e de correspondente agregação de valor ao seu produto.

Assim, investimentos em educação sanitária e comunicação resultam em

benefício para o progresso da agropecuária. Em termos gerais, a comunicação na

educação sanitária favorece o trabalho de controle de focos, trânsito de animais,

conservação, transporte e aplicação de vacina, principalmente nas fronteiras

internacionais do Brasil (BRASIL, 2004). Ainda a esse respeito, a mesma fonte

informa que a educação sanitária e comunicação eficientes estimulam a

participação do produtor nos conselhos e comitês, fortalecendo as estruturas

oficiais, retornando em lucros financeiros e sociais para as comunidades. Uma

abordagem mais específica da educação sanitária requer uma breve revisão dos

conceitos básicos da epidemiologia, dado o estreito relacionamento entre os dois

temas.

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Segundo Cortês (2002), a vigilância epidemiológica está apoiada em três

tipos de levantamento de dados, classificados de acordo com sua natureza:

levantamento contínuo, levantamento periódico e levantamento ocasional. São

desse autor os ensinamentos que vão compilados a seguir.

No levantamento contínuo registra-se o fato na medida em que ele ocorre e

as informações colhidas permitem análises que refletem a realidade da situação.

Este procedimento constitui a base da vigilância epidemiológica e tem propiciado

aos serviços de atenção veterinária dos países, subsídios valiosos para o

atendimento das normas exigidas pela “rastreabilidade”, condição de certificação

de origem que exige a caracterização das unidades de criação, com a

correspondente identificação dos animais, tanto individualmente como segundo

seus diferentes estratos, bem como das condições ambientais e do manejo dos

respectivos rebanhos.

Cortês (2002) explica ainda que quando esses dados não se encontram

disponíveis nos registros contínuos, recorre-se então aos outros tipos de

levantamento: o periódico e o ocasional.

O levantamento periódico é caracterizado pela periodicidade dos intervalos

de sua realização. O exemplo mais comum deste tipo de levantamento são os

censos, como o censo demográfico, por exemplo, realizado regularmente pelos

países tanto em populações humanas como em animais.

Levantamento ocasional é realizado quando em determinado momento

precisamos obter informações sobre uma situação epidemiológica peculiar e por

algum motivo inexistam nos levantamentos citados anteriormente.

Quando utilizado em áreas desprovidas de infra-estrutura sanitária ou

mesmo quando as informações disponíveis são muito escassas, é usual a

aplicação de enquete, e, quando destinado ao estudo de situações específicas

relativas ao episódio de uma doença em particular ou de uma epidemia, mesmo

em áreas servidas por sistema de vigilância epidemiológica regular é, usualmente,

denominado de inquérito epidemiológico ou de investigação epidemiológica.

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Nos diferentes tipos de levantamento existem, ainda, diferentes forma de

obtenção de dados que aparecem em duas principais modalidades de vigilância.

A) Vigilância passiva que se baseia em informações relativas a ocorrência

de doenças ou episódios afins, com propósito de obter dados relativos à situação

sanitária dos rebanhos da correspondente área. As informações podem ser

obtidas através de entrevistas feitas por veterinários, relatos de proprietários de

rebanho ou de outros membros da comunidade, particularmente de médicos

veterinários, referentes à ocorrência de doenças ou outros atributos pertinentes.

Entre os recursos operacionais utilizados na vigilância passiva aparecem a

notificação e as enquetes.

A notificação é a informação relativa a suspeita de ocorrência de

anormalidades sanitárias. Deverá ser prontamente investigada, comprovada no

local e, quando indicado, confirmada por exames laboratoriais. A comunidade

ainda encontra certa resistência a este recurso, pois ainda precisa compreender

melhor o importante papel que possui nesse sistema.

A tarefa de notificação deve ser extremamente facilitada, de tal forma que

seus instrumentos sejam simples e que seu encaminhamento esteja ao alcance

de todos. Os postos subsidiários de notificação devem estar distribuídos

adequadamente, de modo a permitir que a mensagem notificada chegue ao seu

destino. Esse mesmo mecanismo deve ser ágil também no sentido inverso, ou

seja, de informar os participantes do sistema acerca do andamento das atividades

e da evolução do programa. Teixeira (1999) também enfatiza a importância deste

tipo de “feed back” quando afirma que o compromisso de responder aos

informantes, de forma adequada e oportuna, é um dos pilares do funcionamento

do sistema de vigilância. O conteúdo das informações deve corresponder as

expectativas criadas nas fontes, podendo variar desde a simples consolidação

dos dados, até análises epidemiológicas complexas correlacionadas com ações

de controle. Para o autor, além de motivar os notificantes, a retroalimentação do

sistema propicia a coleta de subsídios para reformular normas e ações nos seus

diversos níveis, assegurando continuidade e aperfeiçoamento do processo.

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Enquetes: são procedimentos, usualmente eventuais, que buscam obter

informações relativas às características dos rebanhos, à ocorrência de alguma

doença, ao funcionamento e cobertura dos serviços de saúde animal, entre

outras, e sua adoção está indicada quando os dados disponíveis, obtidos por

outros mecanismos, são pouco confiáveis ou incompletos, ou, ainda, quando há

ausência de registros. A idéia básica, nestes casos, é criar mecanismos para

obtenção de dados que, de outra forma não seriam obtidos.

B) Vigilância ativa é configurada como uma atividade permanente,

freqüente, intensiva e que tem como propósito estabelecer a presença ou

ausência de uma doença específica.

Na dependência dos recursos utilizados na obtenção de dados, a vigilância

ativa pode ser caracterizada como direta, em que a equipe oficial visita todos ou

quase todos os proprietários dos rebanhos de uma determinada área; e indireta,

em que o apoio de recursos tecnológicos adicionais propicia meios para pôr em

evidência indícios relativos a existência de doença no rebanho.

Com relação à vigilância ativa, é evidente que esta, não se restringe

somente, às visitas de inspeção às propriedades pecuárias ou a tomada de

amostras para exames laboratoriais, ela requer que a equipe de vigilância esteja

envolvida no processo permanente de informação e educação aos proprietários

para que eles possam reconhecer os sinais da doença e comunicar sua presença

sem demora. Material informativo, sobre as doenças e problemas de maior

importância na área deve ser incluído como atividade educativa.

Na vigilância indireta, muitas vezes as doenças não apresentam sinais

aparentes de sua ocorrência, escapando dessa forma, à observação visual direta.

Nesses casos é importante lançar mão de recursos diagnósticos para um

resultado mais objetivo da vigilância epidemiológica. Entre eles estão,

principalmente, os recursos epidemiológicos e anátomo-histopatológico.

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2.3.1 Programas de educação sanitária

No campo da saúde animal, a luta contra a febre aftosa apresenta-se como

exemplo de evolução da forma de pensar e atuar do processo saúde-doença,

contribuindo na busca de metodologia e indicadores que permitam compreender a

dinâmica deste processo num contexto global (MORAES, 1993).

Salienta-se que ao se falar em educação sanitária existe diversas linhas de

programas sendo elas determinadas por dois fatores fundamentais: a divisão

geopolítica do pais e as respectivas doenças presentes em cada região. Desta

forma, pode-se pensar em programas de âmbito nacional e estadual como

também aqueles que abrangem diferentes doenças, dependendo da realidade de

cada região.

O primeiro programa de luta contra a febre aftosa deu-se na década de 60,

tendo o Banco do Brasil como financiador de linhas de créditos a todos que

desejassem aderir às ações da campanha. Ressalta-se que nesse mesmo

período a infra-estrutura laboratorial foi implantada, bem como capacitações de

recursos humanos, com ênfase na conscientização dos produtores. Dessa forma,

com a produção da vacina, teve início o controle sistêmico da referida doença,

buscando o diagnóstico da mesma, bem como a notificação de focos (LYRA,

2004).

Em virtude da vigilância e capacidade de identificação mais apurada,

devido à implantação do sistema de informação na década de 70, foi detectado

um maior número de focos. Pode-se observar que o fator determinante do

sucesso dessa operação, foi, primeiramente, a identificação das áreas que

apresentavam problemas, mediante o estudo da comparação da ocorrência da

doença e a movimentação dos animais. Em segundo lugar a implantação do

controle de qualidade da vacina (LYRA, 2004). A vacinação em massa compõe

uma das medidas mais eficazes para a erradicação de enfermidades cuja

prevenção pode ser feita por imunizantes biológicos (FERREIRA, 2000).

Convém ressaltar, também, o ápice da campanha nas décadas seguintes.

Nas de 80 e 90 observa-se que a ênfase maior estava na caracterização da

estrutura de produção e dos ecossistemas como causadores da doença, levando

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34

a um maior apoio ao programa, principalmente em virtude das novas exigências

internacionais, atreladas ao processo de globalização, implantados no início da

década de 90 (LYRA, 2004). Nesse último decênio com a regionalização das

ações e meta de país livre, foi implantada a política de erradicação, fato que era

previsto no ano de 2005 (LYRA,2004).

Em vários estados do país, são desenvolvidas ações e programas de

educação na área de sanidade animal. Estes programas, embora com nomes

semelhantes, possuem diferentes características metodológicas, dependendo da

realidade de cada região .Em 1995 foi desenvolvido em Santa Catarina, pelo

Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina - CIDASC,

o Programa de formação de instrutores em saúde animal. Este programa treinou

mais de 2.500 agentes que eram escolhidos pela comunidade e aderiam

voluntariamente ao projeto, recebendo informações sobre vigilância ativa e

passiva.

O Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA, firmou, em 2002, uma parceria

com o Laboratório Vallée, que deu origem ao programa de agentes em saúde

animal – PASA, tendo como objetivo a capacitação de agentes de saúde

agropecuária para promoverem a integração dos serviços de defesa sanitária

desenvolvidos pelo IMA com a comunidade, buscando a notificação de

enfermidades dos animais, bem como sua prevenção e seu controle, com

enfoque especial para a preservação da saúde pública, a conservação do meio

ambiente e geração de empregos. No período de três anos, entre 2002 e 2005,

foram formados 750 agentes em 50 cursos em Minas Gerais (IMA, 2006).

No Estado da Bahia, há um projeto semelhante onde o laboratório Vallée, a

Federação da Agricultura do Estado da Bahia - FAEB, e a Agência de Defesa

Agropecuária da Bahia - ADAB, estão atuando em conjunto para garantir a

sanidade do rebanho baiano. O Projeto para Formação de Agentes Vacinadores,

PAV, já selecionou 952 pessoas e treinou 1.494 profissionais. No total, 84 cursos

foram realizados em diversos municípios baianos. Os cursos são realizados em

parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, SENAR. O PAV está

inserido no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e

Tuberculose Animal (PNCEBT) (IMA, 2006).

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35

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do Decreto

N 5.741 de 30 de março de 2006, desenvolveu o Programa de Educação

Sanitária em Defesa Agropecuária. O programa tem, entre outras, as seguintes

diretrizes:

-Promoção da compreensão e aplicação da legislação de defesa

agropecuária;

- Promoção de cursos de educação sanitária;

- Formação de multiplicadores;

- Promoção de intercâmbios e experiências;

- Utilização dos meios de comunicação como instrumento de informação e

de educação;

Os programas de educação sanitária alcançam o seu êxito somente com a

colaboração efetiva da comunidade. Para Briceño-Leon (2002) este envolvimento

acontece sob duas teorias:as pessoas agem de acordo com as circunstâncias ou

que a pessoas agem de acordo com os seus valores e crenças, independendo da

situação que vivem. Para o autor a segunda teoria lhe parece mais convincente e

sendo assim afirma se a explicação do comportamento se baseia nas

circunstâncias internas do indivíduo, o mais importante é a educação, porque só

se mudam as circunstâncias ao mudarem-se as pessoas (BRICEÑO-LEON,

2002).

Também se faz importante no controle sanitário, o conhecimento do

território, ou seja, identificar e interpretar a organização e a dinâmica das

populações que nele habitam, bem como compreender a forma como articulam as

condições econômicas, sociais e culturais, quais os atores sociais em questão e a

relação destes com seus espaços de vida e trabalho (PIOVESAN, 2005).

Nesta mesma linha de interpretação, Moraes (1993) afirma que as décadas

de 60 e 70 foram marcos na área de conhecimento da saúde. Nestes anos

prosperaram as críticas ao paradigma médico-biológico, procurando-se

compreender o processo saúde-doença como um processo social, intimamente

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36

ligado à estrutura e as relações sociais de produção. A partir dos anos 80,

iniciam-se as observações sobre a epidemiologia e a estrutura social (LYRA,

2002).

A chave para o sucesso no manejo de doenças epidêmicas, em

populações animais, é a sua detecção precoce. Se a doença for detectada bem

no início da fase de desenvolvimento da epidemia, torna possível a adoção de

medidas capazes de detê-la ou mesmo eliminá-la antes que possa efetivamente

acarretar os danos usuais (CORTES, 2002).

2.4 ESTRUTURA DAS INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DO PROGRAMA

DE FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDE ANIMAL

Importante, neste ponto do estudo, uma rápida descrição das estruturas do

SENAR-AR/MS e da IAGRO, instituições parceiras na operacionalização do

Projeto Formação de Agentes de Saúde Animal. O conhecimento das estruturas

proporcionará melhor compreensão das análises efetuadas sob a Hierarquia de

Bennet.

2.4.1 Estrutura do SENAR-AR/MS

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR foi criado pela Lei

8.315 de 23 de dezembro de 1991, nos termos do Artigo 62 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, onde previa sua criação nos moldes do

SENAI e SENAC e regulamentado pelo Decreto nº 566, de 10 de junho de 1992.

É uma Instituição de direito privado, paraestatal, mantida pela classe patronal

rural, vinculada à Confederação Nacional da Agricultura-CNA e dirigida por um

Conselho Deliberativo, de composição tripartite e paritária, por ser composto por

representantes do governo, da classe patronal rural e da classe trabalhadora, com

igual número de conselheiros.

O SENAR baseia suas ações em princípios e diretrizes estabelecidas pela

Organização Internacional do Trabalho - OIT, nas políticas do Centro

Interamericano de Investigação e Documentação sobre Formação Profissional -

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CINTERFOR, formuladas durante reuniões de comissões técnicas, nas políticas

dos Ministérios do Trabalho e da Agricultura e nas diretrizes emanadas da CNA e

suas Federações vinculadas.

O objetivo do SENAR é organizar, administrar e executar, em todo território

nacional, a Formação Profissional Rural (FPR) e a Promoção Social (PS) de

jovens e adultos, homens e mulheres que exerçam atividades no meio rural.

As ações do SENAR são organizadas e desenvolvidas de forma

sistematizada, seguindo um processo de planejamento, execução,

acompanhamento, avaliação e controle. São ações educativas, que visam o

desenvolvimento do homem rural, como cidadão e como trabalhador, numa

perspectiva de crescimento e bem-estar social. Para isso, o SENAR conta com

equipe técnica, multidisciplinar, responsável pela condução dos trabalhos e com

equipe de instrutores, previamente preparados em uma metodologia de ensino

ideal para repassar seus conhecimentos técnicos ao trabalhador e produtor rural.

"Formando e Promovendo o Homem do Campo". Este é o princípio

metodológico do SENAR, que enfatiza a necessidade de atuação através de um

processo de ensino onde a atividade prática se torna de vital importância à

aprendizagem. Para isto, os locais escolhidos para a execução das ações sempre

estão relacionados a uma situação real de trabalho, onde os treinandos

participam ativamente das ações e assimilam com maior rapidez o que lhes é

repassado, já que a aprendizagem é adquirida daquilo que as pessoas vêem,

escutam, discutem e, principalmente, praticam.

O SENAR tem como missão participar, efetivamente, na formação

profissional e na promoção social dos trabalhadores e/ou dos pequenos

produtores rurais que trabalham em regime de economia familiar de maneira

harmônica, construindo conhecimentos que permitam ao trabalhador se situar

melhor em seu ambiente e ter consciência do seu importante papel social, no

mundo em que vive.

Consciente do importante papel da educação sanitária o SENAR-AR/MS –

Administração Regional de MS – desenvolveu em 1996 o Programa de

Capacitação de Agentes em Saúde animal que visa criar uma grande e eficiente

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rede estadual de Vigilância e Defesa Sanitária Animal, baseado em algumas

doenças pertencentes aos grupos A e B da nomenclatura utilizada pela OIE.1 Os

agentes capacitados atuam nas propriedades, como sensores do órgão oficial de

defesa em suas respectivas áreas de abrangência, para reforçar os serviços

necessários a manutenção do “status sanitário” do rebanho em todo o País

(SENAR-AR/MS, 2004).

2.4.2 Estrutura da IAGRO

A IAGRO, autarquia estadual, foi criada pelo Decreto-Lei número 9, de 1 de

janeiro de 1977, sob a denominação de Departamento de Inspeção e Defesa

Agropecuária. Em 26 de abril de 2001, através do decreto número 10.342, passou

a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal. Este mesmo diploma

legal diz que a IAGRO tem por finalidade promover, manter e recuperar a saúde

animal e vegetal, a qualidade de seus produtos e subprodutos, por meio da

defesa sanitária animal e vegetal, do controle, da fiscalização e da inspeção dos

produtos e subprodutos de origem agropecuária, da fiscalização dos insumos

agropecuários e das atividades de biossegurança, para assegurar a saúde

humana (MATO GROSSSO DO SUL, 2001). Com estrutura variável de acordo

com as necessidades, os dados disponíveis no momento indicam que a IAGRO

possui 81 escritórios, sendo que 78 são locais, 07 são postos fixos e 03 postos

avançados, distribuídos em 76 municípios. A estrutura também engloba três

laboratórios.A frota da IAGRO é composta de 287 veículos, sendo que parte

desses carros são cedidos pelo Governo Federal por força de convênio.

Atualmente trabalham na IAGRO 767 pessoas, sendo que 217 são veterinários.

De acordo com o citado diploma e legislação complementar, a IAGRO é

administrada por um conselho de administração, uma diretoria executiva e pela

presidência que é assessorada por gestores de Inspeção e defesa sanitária

1 Definição de doença da lista A: doença transmissível com grande poder de difusão e especialgravidade que podem estender-se além das fronteiras nacionais, que tem conseqüências sócio-econômicas e sanitárias graves e cuja incidência no comércio internacional de animais e produtospecuários é muito importante.Definição lista B: enfermidade transmissível considerada importante sob o ponto de vista sócio-econômico e/ou sanitário cuja repercussão no comércio internacional de animais e produtos deorigem animal são consideráveis (Manual de Legislação Sanitária Animal e Vegetal).

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animal, de inspeção e defesa sanitária vegetal, de planejamento avaliação

controle e negócios e de administração e finanças (Figura 2).

Figura 2. Organograma em vigor da IAGRO, 2006.

Um novo organograma encontrava-se em fase de estudo por ocasião da

realização deste estudo. Nele encontra-se inserida a unidade de gestão de

educação animal e vegetal, subordinada à diretoria adjunta da presidência (Figura

3).

Figura 3. Organograma sugerido da IAGRO.

Gerência de Inspeçãoe Defesa Sanitária

Animal

Gerência de Inspeçãoe Defesa Sanitária

Vegetal

Gerência de Planejamento,Avaliação, Controle e

Negócios

Gerência de Administração eFinanças

PRESIDÊNCIA

DIRETORIA EXECUTIVA

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

CONSELHO DE

DIRETOR PRESIDENTE

PROCURADORIA JURÍDICA

ASSESSORIA DE IMPRENSAE COMUNICAÇÃO

GESTORIA DE ASSUNTOSINTERNACIONAIS

GEASEGESTORIA DE TECNOLOGIADA INFORMAÇÃO

UNIDADES LOCAISPOSTOS DE FISCALIZAÇÃOSANITARIA FIXOS E MÓVEISUNIDADES

DIRETORIA ADJUNTA DAPRESIDÊNCIA

GERÊNCIA DE INSPEÇÃO EDEFESA SANITÁRIA

GERÊNCIA DE INSPEÇÃO EDEFESA SANITÁRIA GERÊNCIA DE

Ó

GERÊNCIA DEADMINISTRAÇÃO E

GEASE

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As atribuições específicas da unidade de gestão de educação sanitária

animal e vegetal, estão previstas na proposta do novo regimento da Agência,

conforme abaixo.

b2) Unidade de gestão de educação sanitária animal e vegetal:

planejar, organizar, conduzir, controlar e avaliar osprocedimentos relacionados à sua competência;

promover ações junto ao ensino fundamental da educaçãoformal, trabalhando em conjunto com as Secretarias Municipaise Estaduais de Educação as questões de interesse da defesasanitária animal e vegetal e do serviço de inspeção estadual,promovendo a capacitação de professores e fornecendomaterial didático de apoio;

promover seminários nos municípios para esclarecimentos ediscussões sobre os programas oficiais de Governo,trabalhando a sociedade em geral ou grupos específicos deinteresse;

realizar cursos para qualificação da mão de obra rural,atendendo as prioridades da defesa sanitária;

promover palestras e reuniões que atendam a sociedade egrupos específicos de interesse dentro das prioridades daAgência;

promover dias de campo para trabalhar grupos específicos eem época própria;

promover treinamentos aos Fiscais Estaduais Agropecuários ea outros servidores do IAGRO, nas respectivas áreas deatuação;

incorporar aos projetos da área animal e vegetal, enviados aoMAPA, o item de Educação Sanitária para ser desenvolvido emcada projeto;

por meio de convênio IAGRO-SENAR ou outras entidadesafins, capacitar os Fiscais Estaduais Agropecuários para sereminstrutores e ministrar cursos visando a capacitação dascomunidades nas áreas de inspeção e defesa sanitária animale vegetal;

atender instituições públicas e privadas nas solicitações paraministrar palestras dentro da área de inspeção e defesasanitária animal e vegetal, e,

propor à Diretoria Executiva da Agência o desenvolvimento decampanhas educativas e elaboração de materiais informativose de divulgação de assuntos relacionados à defesa sanitáriaanimal e vegetal.

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41

estar sempre que necessário, interagindo com o Grupoespecial de atenção a suspeita de enfermidades emergenciaisou exóticas – GEASE, nos casos de suspeitas e atendimentosa focos de enfermidade animal;

propor à Diretoria Executiva o estabelecimento de parceriascom entidades públicas ou privadas.

Atualmente, não obstante existir fisicamente a unidade de gestão de

educação sanitária, a mesma não está contemplada nos documentos constitutivos

da IAGRO. Assim, tal unidade não possui diretrizes programáticas

deliberadamente planejadas.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho visou avaliar formativamente os resultados do

Programa de Formação de Agentes em Saúde Animal, relativos ao ano civil de

2004, enfocando três componentes: seu contexto, sua implementação e seus

resultados (KELLOGG FOUNDATION, 2004). O ponto de referência para o

delineamento do estudo foram os objetivos e metas formalmente estabelecidas

para o programa. O estudo ancorou-se na teoria dos modelos lógicos (KELLOGG

FOUNDATION, 2001) e na hierarquia de Bennet (1975).

Trata-se de estudo de caráter exploratório-descritivo, cujo propósito

metodológico foi o de explorar e descrever o objeto de estudo a partir da

tabulação dos dados coletados pelos parceiros. O estudo envolve dados

secundários, uma vez que não houve pesquisa de campo para gerar dados

primários. Assim, o presente trabalho permitiu descrever a realidade do programa

no período de referência (ano civil de 2004), identificando pontos fracos, pontos

fortes e potencialidades, além de compreender os significados do conjunto de

suas atividades para indicar caminhos visando aprimorar sua qualidade e

alcançar maior relevância social.

Este trabalho enfoca a exploração e descrição do seguinte aspecto relativo

ao Projeto Formação de Agentes em Saúde Animal, conforme declarado pelo

SENAR-AR/MS (2004):

Capacitar trabalhadores rurais e de outros setores envolvidos nacadeia de produção de alimentos (Agentes em Saúde Animal)conscientes de sua função, pela participação efetiva em cursos decurta duração de Formação Profissional Rural (FPR) – método deaprender a fazer fazendo – habilitando-os à execução de práticasde defesa e vigilância epidemiológica, em campo (SENAR-AR/MS,2004, p.11).

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3.1 O MODELO LÓGICO

O Modelo Lógico, conforme definido pela Kellogg Foundation (2004) é uma

forma visual sistemática de apresentar e compartilhar a compreensão das

relações existentes entre os recursos disponíveis para operacionalizar um

programa, as atividades planejadas e os resultados esperados. Dito de forma

diferente, o modelo lógico é a representação visual de como você acredita que

determinado programa deva funcionar. A Figura 4 apresenta o fluxograma do

modelo lógico.

Figura 4. Modelo Lógico (Adaptado de Kellogg Foundation, 2004).

As etapas da fase do “trabalho planejado” no modelo lógico, sob a

perspectiva da avaliação, contemplam os recursos necessários à execução do

programa e suas relações com as atividades programadas. Trata-se de fase na

qual se avalia de forma recorrente se as atividades planejadas o foram de acordo

com os recursos disponíveis e vice-versa.

A fase dos “resultados esperados” contempla a avaliação de todos os

resultados esperados do programa, a partir da análise dos produtos e/ou serviços.

É de especial importância metodológica para este estudo a etapa 4 do Modelo

Lógico (Benefícios ou Resultados), pois representam especificamente as

mudanças ocorridas no comportamento, conhecimento e habilidades dos

indivíduos participantes do programa. Segundo a Kellogg Foundation (2004), os

benefícios ou resultados são avaliados em dois grupos: aqueles de curto prazo

(de um a três anos) e aqueles de longo prazo ( de quatro a seis anos). Já os

impactos de qualquer programa representam as mudanças fundamentais,

previstas ou não, ocorridas no prazo de sete a dez anos em decorrência das

ações do programa (KELLOGG FOUNDATION, 2004, p.2).

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Dessa forma, da perspectiva teórica do Modelo Lógico, o presente estudo

está focado nos resultados ou benefícios de curto prazo do Programa de

Formação de Agentes em Saúde Animal, conforme etapa 4 do modelo. Não

pretende, assim, avaliar qualquer impacto do referido programa, por não ter

trabalhado com dados referentes a um espaço temporal mínimo de sete anos.

3.2 A HIERARQUIA DE BENNET

Em 1975, Claude Bennet, do serviço de extensão dos Estados Unidos

propôs um modelo de avaliação baseado em uma cadeia de eventos com sete

níveis, alguns dos quais baseados no trabalho anterior de Kirkpatrick. O modelo

de Bennet tem sido largamente utilizado até os dias atuais.

Os níveis no modelo de Bennet são hierarquizados em direção à solução

esperada de um ou mais problemas em seu sétimo nível. A cadeia de eventos

inicia-se com os recursos necessários ao planejamento e implementação do

programa, os quais produzem atividades que requerem participação do público-

alvo que, por sua vez, reagem positiva ou negativamente ao programa. Os

participantes do programa podem mudar seus conhecimentos, atitudes,

habilidades e aspirações (C.A.H.A) em função de sua participação, o que por sua

vez pode conduzir a mudanças em suas práticas de trabalho e vida. O resultado

final é a mudança nas condições sociais econômicas e/ou ambientais (S.E.A) do

indivíduo, da organização, da comunidade ou da sociedade em geral (BENNET,

1975). A Figura 5 representa visualmente o modelo da hierarquia de Bennet.

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Figura 5. Níveis que compõem a Hierarquia de Bennet (Adaptado de Bennet,

1975).

Pela natureza de seus dados, o presente estudo abrange os níveis 1 a 5,

sendo que o último nível (5) é avaliado apenas parcialmente, quanto às mudanças

nos conhecimentos e habilidades. Assim, é importante ressaltar que, segundo

Bennet (1975), os níveis 1 e 2 de sua hierarquia não oferecem evidências de

benefícios para a clientela; eles abordam o programa como um fim em si mesmo.

Já o nível 3 fornece indicativos para avaliar a oportunidade da ocorrência do

processo educativo. Os níveis 4 e 5, apesar de fornecerem dados sobre reações

e mudanças nos indivíduos, são apenas indicativos de que os mesmos irão adotar

as práticas objeto do programa. Assim, o presente estudo avalia tão somente as

reações e potenciais mudanças no aspecto de conhecimento dos participantes do

Projeto Formação de Agentes em Saúde Animal, não oferecendo qualquer

evidência da adoção das práticas nele preconizadas.

3.3 A REFERÊNCIA TEÓRICO-METODOLÓGICA DO ESTUDO

Conforme dito anteriormente, o presente estudo ancora-se em dois

modelos teóricos de avaliação de programas de extensão, largamente utilizados

internacionalmente: o Modelo Lógico (KELLOGG FOUNDATION, 2004) e a

Hierarquia de Bennet (BENNET, 1975), ambos sumariamente descritos nas

seções anteriores. Quando combinados, percebe-se claramente uma

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convergência de etapas entre ambos os modelos, sendo a Hierarquia de Bennet

mais detalhada em termos das etapas avaliativas, conforme indicado na Figura 6.

Figura 6. Modelo Lógico X Hierarquia de Bennett: convergências.

O presente estudo focaliza a avaliação do Projeto Formação de Agentes

em Saúde Animal, durante o ano de 2004, considerando seus resultados ou

benefícios de curto prazo (etapa 4 do Modelo Lógico) combinados com as

mudanças nos conhecimentos e habilidades de seus participantes (nível 5 da

Hierarquia de Bennet). Para tanto, considerando que ambos os modelos

assumem as etapas em forma de hierarquia, é necessário avaliar os recursos,

atividades, a participação e as reações dos participantes ao programa.

3.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Foram utilizados dados secundários obtidos através dos relatórios e das

bases de dados do SENAR-AR/MS, e da IAGRO relativos ao período do estudo,

bem como dados oficiais do estado e do IBGE para a discussão do contexto. Para

este estudo, foram utilizados os dados relativos aos seguintes instrumentos, em

sua forma bruta, obtidos junto ao SENAR-AR/MS:

a) 511 Fichas de inscrição do SENAR (Anexo A)

b) 50 Avaliações feita pelo parceiro (Anexo B)

c) 620 Avaliações feita pelo educando (Anexo C)

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Foram tabulados os dados de 35 treinamentos realizados no período

compreendido entre os meses de janeiro a agosto de 2004, atingindo 20

municípios no estado de Mato Grosso do Sul.

Foram utilizados também dados dos questionários de pré e pós-testes

(Anexo D) realizados em 98 treinamentos (no início e no término do evento), com

10 questões. Tais dados foram obtidos junto ao IAGRO, já tabulados para o

número de acertos e erros por questão.

Os dados foram analisados utilizando-se das ferramentas de estatística

descritiva por meio do programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences)

versão 12.0. A análise dos dados, após a discussão do contexto, seguiu a lógica

dos níveis da Hierarquia de Bennet.

Para complementar o estudo em questão, foi utilizado o projeto editado

pelo SENAR que fala sobre o trabalho da Formação de Agentes em Saúde

Animal.

Além disso, foram entrevistados representantes tanto do SENAR-AR/MS

quanto da IAGRO, visando o preenchimento de lacunas surgidas no processo de

análise dos dados e uma melhor compreensão do processo de execução do

projeto.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Consoante o propósito deste trabalho, o presente capítulo organiza-se

segundo dois critérios: os objetivos do Projeto Formação de Agentes de Saúde

Animal e os níveis de avaliação da Hierarquia de Bennet (1975). Assim é que em

sua primeira seção são apresentados e discutidos os resultados segundo os

objetivos, desdobrados nas três grandes metas do projeto conforme declaradas

no item 1.1 do presente estudo. A segunda seção organiza-se em cinco sub-

seções, cada uma delas abordando o processo avaliativo segundo os níveis da

Hierarquia de Bennet (1975). Finalmente, uma terceira seção aborda um aspecto

inesperado quando do delineamento inicial do estudo: os instrumentos de coleta

dos dados utilizados pelas instituições executoras do projeto.

4.1 A IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS E O ATINGIMENTO

DAS METAS DO PROJETO FORMAÇÃO DE AGENTES EM SAÚDE

ANIMAL

Nesta seção são abordados os resultados-macro das três grandes metas

do Projeto, consoante os três objetivos específicos declarados na seção 1.1 deste

estudo.

4.1.1 Realização de seminários para mobilização da sociedade

O Programa previa realizar 58 seminários municipais (um por município)

com quatro horas de duração cada um, com produtores, dirigentes e/ou líderes

rurais, envolvendo no mínimo 50 produtores por seminário, no ano de 2004, o que

totalizaria uma população de 2.900 participantes. Os seminários atingiriam 74,4%

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49

dos municípios de Mato Grosso do Sul. A Tabela 1 indica os municípios a serem

beneficiados com tais seminários, segundo previsto no Programa.

TABELA 1. Seminários de Sensibilização nos Municípios.

Meses / Dia Total

Municípios

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov.No deevent

osCarga

horáriaNo de

particip

PORTOMURTINHO 15 1 4 50

CARACOL 16 1 4 50

BELA VISTA 17 1 4 50

ANTONIO JOÃO 18 1 4 50

CORUMBÁ 30 1 4 50

LADÁRIO 31 1 4 50

MIRANDA 02 1 4 50LAGUNACAARAPÃ 12 1 4 50

AMAMBAI 14 1 4 50CORONELSAPUCAIA 15 1 4 50

ARAL MOREIRA 13 1 4 50

RIO NEGRO 20 1 4 50

AQUIDAUANA 23 1 4 50PORTOMURTINHO 04 1 4 50

CARACOL 06 1 4 50

BELA VISTA 07 1 4 50

PARANHOS 24 1 4 50

TACURU 25 1 4 50

SETE QUEDAS 26 1 4 50

IGUATEMI 27 1 4 50

SONORA 01 1 4 50

COXIM 02 1 4 50

RIO VERDE 03 1 4 50

ITAQUIRAI 17 1 4 50

ELDORADO 14 1 4 50

JAPORÃ 15 1 4 50

MUNDO NOVO 16 1 4 50

JARDIM 22 1 4 50

BONITO 23 1 4 50

BODOQUENA 24 1 4 50

NOVA ANDRADINA 26 1 4 50

TAQUARUSSU 27 1 4 50

BATAYPORÃ 28 1 4 50

NAVIRAI 29 1 4 50

ANTÔNIO JOÃO 03 1 4 50

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50

TABELA 1. Seminários de Sensibilização nos Municípios. Cont.

Meses / Dia Total

Municípios

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov.No deevent

osCarga

horáriaNo de

particip

ARAL MOREIRA 04 1 4 50

PONTA PORÃ 05 1 4 50

ANAURILANDIA 09 1 4 50

BATAGUASSU 10 1 4 50

BRASILANDIA 11 1 4 50

TRES LAGOAS 12 1 4 50

SELVIRIA 27 1 4 50APARECIDA DOTABUADO 28 1 4 50

PARANAIBA 29 1 4 50

INOCENCIA 30 1 4 50

SETE QUEDAS 31 1 4 50

PARANHOS 01 1 4 50

CORON SAPUCAIA 02 1 4 50

CASSILANDIA 1 4 50

CHAPADÃO DOSUL

19 1 4 50

COSTA RICA 20 1 4 50

CAMAPUÃ 21 1 4 50

S0NORA 08 1 4 50

PEDRO GOMES 11 1 4 50

ALCINOPOLIS 10 1 4 50

COXIM 09 1 4 50

CORUMBÁ 18 1 4 50

PONTA PORÃ 16 1 4 50

Total 0 6 7 7 10 4 8 6 4 6 58 232 2.900

Foram realizados 45 seminários municipais, dos 58 previstos,

representando o cumprimento de 77,6% da meta. Tais seminários obtiveram a

participação de um total de 2.728 pessoas, com uma média de 60,6 participantes

por evento, superando a média de participantes projetada (50 participantes por

evento), em 21,2%. Em relação ao total de participantes, atingiu-se 94,1% da

meta de 2.900 participantes total nos seminários. Essa diferença entre 77,6% de

atingimento da meta do número de treinamentos e 94,1% do total de participantes

deve-se ao número médio de participantes por evento ter sido superior ao

projetado.

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51

É importante registrar que, em entrevistas com representantes da IAGRO e

do SENAR ficou claro que os seminários não foram realizados na forma como

estava originalmente planejado; grande parte dos seminários foram realizados

com outro nome, abordando mais genericamente a cadeia da carne e seus

aspectos sanitários. Muitos dos seminários realizados eram de “segurança

alimentar”, sem vinculação direta com o projeto Formação de Agentes em Saúde

Animal. Ainda que indiretamente, supõe-se que tais seminários colaboraram no

processo de mobilização e sensibilização para o projeto, uma vez que abordavam

os aspectos da importância da sanidade da carne.

4.1.2 Formação agentes de saúde animal, com prioridade em áreas demaior risco

Esta era a estratégia central de todo o programa, pois preconizava ações

ordenadas priorizando municípios segundo a ordem decrescente de risco,

escolhidos de acordo com critérios estabelecidos conjuntamente pela IAGRO e

pela DFA/MS, atual SFA (Superintendência Federal da Agricultura). A meta, para

2004, era a capacitação de 4.500 trabalhadores rurais em 300 treinamentos, o

que considerava uma média de participação de 15 pessoas em cada treinamento.

Dos 300 treinamentos previstos para o ano de 2004, foram efetivamente

realizados 114, indicando o cumprimento de 38% da meta prevista. Da mesma

forma, foram treinados 1.500 trabalhadores rurais, dos 4.500 previstos, o que

representa o cumprimento de 33% da meta prevista. O número médio de

treinados por treinamento foi de 13 participantes, representando 87% do previsto.

A Figura 7 ilustra o desempenho do programa em relação à formação dos

Agentes de Saúde Animal.

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52

0 1000 2000 3000 4000 5000

Eventos

Treinados

Figura 7. Treinados e eventos: Previsto X Realizado.

Percebe-se nitidamente o baixo atingimento das metas propostas para o

ano de 2004, tanto em relação ao número de treinados, quanto em relação ao

número de eventos, ambos tendo atingido algo em torno de 1/3 (um terço) daquilo

que foi proposto. As informações obtidas por meio das entrevistas com

representantes do SENAR e da IAGRO são elucidadoras. Alguns pontos

importantes foram levantados, conforme se segue.

O fato de que nem todos os veterinários da IAGRO terem recebido o

treinamento específico criou a necessidade de deslocamento de profissionais de

uma cidade a outra, o que interferia no cumprimento das demais atividades do

órgão. Não obstantes os veterinários treinados tenham passado por processo

avaliativo pelo SENAR na ocasião do treinamento, nem todos, na prática,

segundo informou um dos entrevistados, possuíam didática adequada para levar

as informações ao público. Ao mesmo tempo não foi oferecida à área de

educação sanitária da IAGRO estrutura suficiente para o atendimento nos moldes

propostos pelo projeto.

Conforme evidenciado nas entrevistas, dois outros aspectos merecem

registro diferenciado: o fato de que o público que participava dos treinamentos

algumas vezes não era exatamente o público-alvo do projeto. Não raramente,

Previsto: 4.500

Realizado:1.500

Previsto: 300

Realizado: 114

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53

segundo um dos entrevistados, os veterinários chamavam frentistas,

caminhoneiros e donas de casa para participarem dos treinamentos, devido à

facilidade em reunir essas pessoas. Além disso, também segundo um dos

entrevistados, a troca freqüente de diretoria na IAGRO dificultou um pouco o

andamento da parceria e pode ter interferido no cronograma de realização dos

treinamentos previstos.

Um último aspecto importante a ser registrado, é que a realização dos

treinamentos no ano de 2004 não obedeceu a critérios de priorizar municípios em

ordem decrescente de risco, conforme previsto. Municípios importantes na área

de fronteira com o Paraguai tais como Caracol, Antônio João, Ponta Porã, Aral

Moreira, Paranhos, Sete Quedas, Japorã e Mundo Novo não foram contemplados

com ações do projeto. Além disso, município limítrofe, como Eldorado também

não foi beneficiário das ações do projeto no período. Coincidentemente os

primeiros focos de Febre Aftosa em Outubro de 2005 apareceram justamente em

municípios não contemplados com ações do Projeto (Japorã, Eldorado e Mundo

Novo). A Figura 8 ilustra os critérios de prioridade estabelecidos e os municípios

nos quais as ações foram efetivamente realizadas.

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54

Figura 8. Áreas prioritárias e treinamentos realizados.

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55

4.1.3 Capacitar técnicos do Paraguai

Não obstante não figurar como uma estratégia de ação no Projeto

Formação de Agentes de Saúde Animal, foi prevista a capacitação de 20 técnicos

do serviço de defesa sanitária animal do Paraguai dentro das metas, em

consonância com um dos objetivos específicos do projeto. Trata-se de ação

estratégica importante, considerando a extensão da área de fronteira seca entre o

estado de Mato Grosso do Sul e aquele país, e a movimentação de animais entre

os dois.

Foram capacitados, no período de 8 a 12 de março de 2004, um total de 20

técnicos paraguaios, em Ponta Porã, representando o cumprimento de 100% da

meta prevista no projeto. A capacitação foi realizada por veterinários da IAGRO,

que abordaram a parte técnica e por profissionais do SENAR, que abordaram a

parte metodológica. Não houve acompanhamento posterior dos técnicos

treinados.

4.2 AVALIAÇÃO PELOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DE BENNET

(1975)

As análises dos níveis hierárquicos de Bennet (1975) foram efetuadas a

partir da tabulação dos dados das fichas de inscrição do educandos (N = 511),

dos questionários de avaliação respondidos pelos educandos (N = 620) e pelos

parceiros (N = 50). Dados desses questionários foram confrontados e

complementados com as entrevistas feitas com representantes do SENAR e da

IAGRO, bem como pela comparação dos questionários de pré e pós-testes

aplicados nos treinados.

4.2.1 Recursos

Neste nível são avaliados os recursos necessários ao planejamento,

promoção, implementação e avaliação das ações. Assim é que o primeiro quesito

considerado foi o local de realização do evento. Dos 114 eventos efetivamente

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56

realizados no período deste estudo pouco mais de 40% foram realizados em

propriedades rurais, enquanto aproximadamente 10% deram-se em parques de

exposição e 8% nas sedes dos sindicatos rurais (Figura 9). Chama a atenção o

fato de que mais de 39% dos eventos terem sido realizados em locais outros que

não os relacionados anteriormente (questão 3 do questionário de avaliação feita

pelo parceiro).

Figura 9. Locais de realização dos treinamentos.

Os treinados avaliaram positivamente o local de realização do evento

(questão 5.d do questionário de avaliação pelo educando). Sua quase totalidade

(93,3%) avaliou o local do treinamento como muito bom ou bom, e apenas 6,7% o

consideraram entre regular e ruim ( Figura 10 ).

Figura 10. Avaliação do local do evento pelos educandos.

PropriedadeRural (41,7%)

Pq. Exposição(10,4%)

Sind. Rural(8,3%)

Outros locais(39,6%)

0

10

20

30

40

50

60

Muito bom Bom Regular Fraco

56,4%

36,9%

5,5%

1,2%

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57

0

10

20

30

40

50

60

Muito bom Bom Regular Fraco

Outro aspecto relacionado diretamente ao local do evento são as

instalações. O item “a” da questão 5 solicita aos educandos a avaliação das

instalações onde se realizaram os treinamentos. Foi observado que, para 93,5%

dos educandos, as instalações foram consideradas de boas a muito boas,

enquando que 6,5% as avaliaram de regular a ruim (Figura 11).

Figura 11. Instalações do evento.

Quando tomados em seu conjunto, o local e as instalações do evento

foram avaliados de forma bastante positiva. Os educandos consideraram

acertadas a escolha dos locais para os treinamentos, pois além de sua

localização geográfica, as instalações eram adequadas à realização dos eventos.

Outro aspecto avaliado pelos treinados foi a qualidade do material

didático (pasta, apostila) utilizado no treinamento. Este aspecto foi avaliado por

meio da questão 3 do questionário de avaliação feita pelo educando. Novamente

outra quase-unanimidade de avaliação positiva. Para 98,7% dos respondentes, a

qualidade do material era de muito boa a boa. Apenas 1,3% declarou ser a

qualidade do material regular ou fraca (Figura 12).

55,8%

37,7%

5,8%0,7%

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58

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Muito boa Boa Regular Fraca

Figura 12. Qualidade do material.

É relevante registrar, neste ponto, que a questão que avalia a qualidade do

material apresenta problema sério em sua construção, conforme abordaremos

mais adiante. A questão aborda a “qualidade do material didático (pasta, apostila)

utilizado”, caracterizando-se como uma construção ambígua, com duplo

propósito, o que prejudica profundamente a fidedignidade das respostas

(DILLMAN, 2000).

Um último aspecto avaliado pelos educandos relativo aos recursos, diz

respeito aos equipamentos disponibilizados nos eventos (questão 5, item “b”

noquestionário dos educandos). Da mesma forma que indicado no parágrafo

anterior, nesta questão também existe um problema de construção, uma vez que

a mesma solicita a avaliação dos “equipamentos e recursos” disponibilizados no

treinamento. Não obstante, 96,7% dos educandos consideraram os equipamentos

e recursos disponibilizados para o treinamento como bons a muito bons, enquanto

apenas 3,3% os consideraram de regular a fraco (Figura 13 ).

72,5%

26,2

0,8% 0,5%

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59

0 10 20 30 40 50 60 70

Fraco

Regular

Bom

Muito bom

Figura 13. Equipamentos e recursos disponibilizados.

4.2.2 Atividades

Neste item foram avaliados os quesitos que tratam da execução da

atividade propriamente dita, a partir da utilização dos recursos disponíveis para a

obtenção dos resultados planejados. Assim, em função da estrutura dos

questionários aplicados tanto aos educandos quanto aos parceiros, a avaliação

da execução da atividade restringiu-se à avaliação do próprio educador (na

percepção dos educandos e dos parceiros) e do cumprimento da carga horária

(na percepção do parceiro).

Os resultados aqui apresentados acerca do desempenho do educador,

feita pelos educandos, contemplam cinco aspectos, conforme contido na questão

número 4 do questionário de avaliação do educando: domínio dos assuntos

motivou e valorizou a participação (aqui novamente uma questão com duplo

propósito), forma de explicar o assunto, cumprimento do programa e

pontualidade. Os resultados consolidados dos cinco aspectos encontram-se

ilustrados na Figura 14.

65,5%

31,2%

3,0%

0,3%

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60

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

Muito bom Bom Regular Fraco

Figura 14. Avaliação do educador pelos educandos.

Pela observação da Figura 14, verifica-se que 99,10% dos educandos

avaliaram o desempenho dos educadores como sendo de bom a muito bom,

restando irrisórios 0,9% para regular e fraco. Analisando individualmente os

quesitos, constata-se que apenas no quesito pontualidade aparece avaliação

como fraco (Tabela 2).

TABELA 2. Avaliação do educador pelos educandos.

QuesitosMuitobom Bom Regular Fraco% % % %

Dominio dos assuntos 81,2 18,3 0,5 0Motivou e valorizou a participação 76,6 22,9 0,5 0Forma de explicar o assunto 80,5 18,7 0,8 0Cumpriu o programa 79,1 20,4 0,5 0Pontualidade 74,4 23,4 1,5 0,7

Do ponto de vista dos parceiros, a avaliação do educador obteve

unanimidade surpreendente, não havendo qualquer menção avaliativa para o

desempenho do educador como regular ou fraco. A Tabela 3 apresenta dos

resultados da avaliação dos educadores pelos parceiros, individualizada por

quesito.

78,4%

20,7%

0,8% 0,1%

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61

TABELA 3. Avaliação do educador pelo parceiro.

QuesitosMuitobom Bom Regular Fraco% % % %

Motivou e valorizou a participação 87,8 12,2 0 0Forma de explicar o assunto 89,6 10,4 0 0Cumpriu o programa 91,8 8,2 0 0Pontualidade 87,8 12,2 0 0

Ao analisar-se o conjunto das avaliações dos educadores pelos educandos

e pelos parceiros, constata-se que houve convergência nas opiniões de ambos os

segmentos, sendo a avaliação altamente positiva. Tais resultados devem ser

considerados com prudência. Além de existirem problemas de construção de uma

das questões, pode existir problemas na própria forma de os educandos

responderem ao questionário, conforme levantado por um dos entrevistados: “as

vezes o peão tem receio de preencher o questionário e com isso prejudicar o

educador.”

4.2.3 Participação

O terceiro nível da Hierarquia de Bennet (1975) fornece indicativos para a

avaliação da oportunidade da ocorrência da ação educativa; tratam-se de

indicativos por tratar-se de forma indireta de avaliação, através da participação da

comunidade nas ações. Assim é que adquire importância nesta fase, o

conhecimento das eventuais ações de mobilização do público-alvo.

O primeiro aspecto avaliado no nível de participação foi, por um lado, a

forma de divulgação do evento, e por outro a forma como os educandos tomaram

conhecimento do evento. Tais aspectos correspondem às questões 2 do

questionário de avaliação feita pelo parceiro e 1 do questionário de avaliação feita

pelo educando, respectivamente.

Da perspectiva dos parceiros, as visitas foram a principal forma de

divulgação dos eventos (38,8%), seguida pelas reuniões informais (20,4%) e

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62

0

10

20

30

40

50

60

Cartaz Jornal Rádio Solicit.empresa

Reuniãoinformal

SindicatoRural

Telefone Outros Visitas

pelos jornais (18,4%). Telefone (12,2%), cartazes (6,1%) e radio (4,1%)

respondem, em seu conjunto, por pouco menos de 25% das estratégias de

divulgação dos eventos. Já os educandos tomaram conhecimento do evento

através dos sindicatos rurais (22,1%), da empresa onde trabalha (10,1%), dos

jornais (9,9%), por meio de cartazes (4,1%) e pelo rádio (0,7%). Entretanto, 52,8%

dos educandos declararam que tomaram conhecimento do treinamento por outros

meios que não os citados anteriormente.

O fato de 52,8% dos educandos declararem que tomaram conhecimento do

evento por “outros” meios praticamente invalida a análise das respostas e

constitui-se em forte indicativo de que as alternativas oferecidas à resposta da

questão fechada não foram adequadas. A Figura 15 ilustra comparativamente a

forma de divulgação (pelo parceiro) e a forma do conhecimento do evento pelo

educando.

Figura 15. Forma de divulgação (parceiro) e forma de conhecimento do evento(educando).

É notória a dessintonia entre a forma de divulgação do evento pelos

parceiros e as formas (veículos) pelas quais os educandos tomam conhecimento

da realização do evento (Figura 15). É ainda evidente que a construção das

questões para os parceiros e para os educandos apresenta equívoco quando

Parceiro

Educando

6,1%

18,4%

4,1%

20,4%

12,2%

38,8%

4,1%

9,9%

0,7%

10,1%

22,1%

52,8%

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63

oferece alternativas diversas para um e outro, o que inviabiliza o cruzamento dos

dados com maior precisão.

Quando se observa que os parceiros indicam as visitas como a forma mais

freqüente de divulgação e os educandos declaram que são “outras” as formas

mais freqüentes de tomar conhecimento acerca dos eventos, que não as demais

alternativas apresentadas, podem ser justamente as visitas que estejam sendo as

responsáveis pelo alto índice de declaração da opção “outras”. Isso remete

novamente a um problema de formulação das questões, sob dois aspectos:

desuniformidade de opções de respostas para os dois grupos e seleção

equivocada das alternativas oferecidas aos educandos.

Há que se considerar, neste ponto, sob a ótica do quesito “participação” na

hierarquia de Bennet (1975), que o número médio de educandos por evento ficou

abaixo da meta prevista, tendo atingido 87% daquilo que era esperado e

declarado no projeto. Esse aspecto, especificamente, requer uma investigação

mais aprofundada para verificar se o problema localiza-se nas formas de

divulgação ou no processo de sensibilização para a importância do tema.

Resta, finalmente, no nível “participação”, responder à questão: Quem

foram os educandos que participaram dos treinamentos no âmbito do Projeto

Formação de Agentes de Saúde Animal no ano de 2004? Em sua absoluta

maioria foram trabalhadores rurais assalariados e produtores rurais em regime de

economia familiar (80,0%). Além deles, participaram alguns empregadores rurais

(3,3%) e trabalhadores na pesca (0,4%). Outras categorias (não declaradas

especificamente) representaram 16,3% dos participantes (Figura 16). Talvez

nelas estejam os eventuais frentistas, caminhoneiros e donas de casa que

tenham participado dos eventos, segundo declarou um dos entrevistados, cujo

comentário já fizemos anteriormente neste trabalho.

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64

Figura 16 Tipo de público presente nos treinamentos

Quanto à escolaridade, pouco mais de dois terços dos treinados possuiam

apenas o ensino fundamental, enquanto 26,8% declararam possuir o ensino

médio. Chama atenção o fato de que apenas 1,0% dos eduandos declararam-se

como “sem escolaridade” e a participação de 5,!% de educandos com nível

superior. (Tabela 4).

TABELA 4. Escolaridade dos educandos.

Sem escolaridade 1,0%Ensino fundamental 1 a 4 31,9%Ensino fundamental 5 a 8 35,2%Ensino médio 26,8%Ensino superior 5,1%

4.2.4 Reações

O quarto nível analítico da hierarquia de Bennett (1975) trata das reações

das pessoas envolvidas no processo educativo, quanto aos assuntos, atividades e

métodos envolvidos em sua execução. Neste estudo, por trabalhar unicamente

com dados secundários, uma análise mais aprofundada fica prejudicada.

Prod. Rural Familiar34,6%

Trabalhador Rural45,4%

Outros16,3%

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65

0

10

20

30

40

50

60

Superou Atendeu Atendeuparcialmente

Não atendeu

Perguntados se o evento correspondeu às expectativas, tanto parceiros

(questão 11 no questionário de avaliação feita pelo parceiro) quanto educandos

(questão 6 do questionário de avaliação feita pelo educando) manifestaram-se

que os eventos atingiram ou superaram as expectativas (Figura 17). A questão é

que, em função das limitações dos dados disponíveis, não foram previamente

registradas as expectativas de cada grupo, que podem ser bastante diferentes, o

que permitiria uma avaliação mais apropriada.

Figura 17. Atingimento das expectativas (parceiros e educandos)

A questão 7 do questionário de avaliação feita pelo educando mediu a

reação dos educandos quanto à aquisição dos conhecimentos esperados pelo

evento. Novamente, não existem dados que indiquem a expectativa dos

educandos quanto a quais seriam os novos conhecimentos esperados com a

participação no evento. Tal informação seria de grande valia, não apenas para

aquilatar a reação, como também para uma avaliação mais precisa do processo

de sensibilização e mobilização do público-alvo. A Figura 18 retrata a opinião dos

educandos quanto à sua percepção em relação à contribuição do evento para a

aquisição de novos conhecimentos.

Parceiro

Educando46,9%

38,8%

53,1% 52,2%

8,0%

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66

0 20 40 60 80 100

Contribuiu

Contribuiuparcialmente

Não contribuiu

Figura 18. Contribuição do evento à aquisição de novos conhecimentos.

4.2.5 Conhecimentos e habilidades

Neste último nível de avaliação da hierarquia de Bennet (1975) aplicado a

este trabalho, dedica-se a avaliar as mudanças nos conhecimentos e habilidades

dos participantes do processo educativo. No caso deste estudo, considerando os

dados disponíveis, avaliou-se estatisticamente a mudança nos conhecimentos

dos educandos, utilizando-se para isso de instrumento dedsenvolvido e aplicado

pela IAGRO aos partiripantes.

Trata-se de questionário com 10 questões abordando os diversos temas

constantes no plano de ensino do evento. O mesmo questionário é aplicado como

pré-teste (logo no início do treinamento) e novamente ao final do treinamento,

como pós-teste. Os resultados da análise devem ser considerados

cautelosamente, uma vez que a diferença temporal entre as duas aplicações está

sujeita ao fator de risco para a validade interna denominado interação pré e pós-

teste, conforme estudado no clássico de Campbell e Stanley (1966). Segundo os

autores, a interação pré e pós-teste coloca em risco a validade interna da

pesquisa, a não ser que o intervalo entre eles seja superior a um período de dois

a seis meses.

10,7%

89,0%

0,3%

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67

Ao aplicar o teste “t” pareado, de comparação de médias, ao questionário

de pré e pós-teste, o resultado apresentou diferença estatisticamente significante

(p < .001; t = - 4,824) entre os acertos no pré e pós-teste. Isso indica uma

mudança no padrão de conhecimentos dos educandos sobre os temas abordados

no evento, antes e depois de sua participação; novamente, esse resultado

necessita ser considerado cuidadosamente, em função do fator de interação pré e

pós-teste.

Finalmente, há que se registrar que a média de acertos no pré-teste foi

bastante alta (76,7%), o que nos sugere alguns indicativos, entre outros: o

público-alvo já estava satisfatoriamente preparado sobre o assunto ou as

questões contidas no instrumento não refletiam o nível de profundidade dos

temas abordados durante o evento. De qualquer forma, é recomendável que a

mesma equipe que prepara os conteúdos a serem ministrados, também prepare o

instrumento do pré e pós-teste, consoante os objetivos cognitivos. Além disso, é

recomendável que sejam criados mecanismos de acompanhamento dos egressos

de forma a aplicar os pós-testes após um mínimo de dois meses da participação

no evento.

No dizer de um dos entrevistados (representantes do SENAR e da IAGRO),

os questionários “não atendem às finalidades de avaliação do projeto. Eles

servem apenas para uma análise superficial da infra-estrutura, e não do processo

de ensino e aprendizagem”.

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Este foi um ponto deficiente percebido na medida em que o estudo evoluia.

Como foi expresso em várias oportunidades ao longo deste trabalho, existem

sérios problemas na construção dos questionários de avaliação feita pelo parceiro

e pelo educando, que merecem uma seção própria neste estudo, para sua

discussão.

Em vários pontos em ambos os questionários percebe-se a existência de

questões ambíguas, de duplo sentido, medindo dos construtos numa mesma

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pergunta (DILLMAN, 2000). Para ilustrar este ponto, tem-se a questão 3 da

avaliação feita pelo educando:

3. A qualidade do material didático (pasta, apostila) utilizado foi: ( ) muito boa ( ) boa ( ) regular ( ) fraca

Em relação a essa questão, “material didático” está automaticamente

definido como “pasta e apostila”; esse é apenas um ponto. Além disso, qual a

resposta que daria um educando que tenha achado a apostila muito boa, mas a

pasta fraca, ou vice-versa? Marcaria ambas as alternativas? Outros pontos

de ambiguidade encontram-se nas questões 4 (“motivou e valorizou” a

participação) e 5 (“equipamentos e recursos” disponibilizados) do questionário de

avaliação feita pelo educando.

Outro aspecto a considerar é a construção das escalas atitudinais nos

questionários. Nas questões 2, 3, 4 e 5 do questionário do educando, e na

questão 10 do questionário do parceiro, são utilizadas escalas do tipo “Likert”,

com quatro itens: muito bom, bom, regular e fraco. Tem-se, neste caso, um

problema fatal na construção da escala, conforme discussão a seguir.

O pressuposto básico de uma escala atitudinal do tipo Likert é a utiização

de um número ímpar de pontos (ou ítens), tipicamente cinco (ARY et al, 1996),

que constituem-se em um contínuo cujos extremos são antônimos (REA e

PARKER, 2000; RICHARDSON, 1999), normalmente compreendendo alternativas

entre altamente favoráveis e altamente desfavoráveis, com igual número de itens

positivos e negativos (REA e PARKER, 2000). Não é o que acontece nos

questionários em estudo. Neles as escalas, além de terem número par de ítens

(quatro), possuem dois ítens com conotação positiva (muito bom e bom), um ítem

cuja conotação não é nem positiva, nem negativa (regular) e apenas um ítem com

conotação claramente negativa (fraco). Além do mais, seus extremos não

constituem-se em antônimos (muito bom e fraco). Assim, as escalas atitudinais

representadas nos questionários de avaliação feita pelo parceiro e pelo educando,

comprometem seriamente a própria validade dos questionários.

Além desses aspectos é importante repetir o fato de que algumas

alternativas oferecidas como respostas em algumas questões não se

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caracterizam como as mais adequadas (especialmente aquelas apresentadas na

questão 1 do questionário de avaliação feita pelo educando), por ensejarem um

número de opções pela alternativa “outros” maior do que qualquer opção pelas

outras alternativas apresentadas.

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5 CONCLUSÕES

Pelos dados quantitativos e qualitativos disponíveis e analisados verificou-

se dois pontos centrais em relação ao desempenho do Projeto Formação de

Agentes de Saúde Animal: uma certa dissociação entre as ações das duas

instituições executoras (SENAR e IAGRO) e a ausência de critérios

metodológicos mais rigorosos para a coleta e o registro dos dados da execução

do projeto.

A partir do processo de mobilização para a realização dos seminários

previstos no projeto observam-se indicadores da dissociação das atividades,

considerando que muitos dos seminários realizados o foram de forma diferente

daquela planejada originalmente. A falta de apoio financeiro de algumas

instituições envolvidas na execução do projeto foi certamente um fator que

contribuiu para o acanhado atingimento das metas físicas no decorrer do ano de

2004.

No entanto, um fator decisivo para que as metas físicas não fossem

atingidas em sua plenitude residiu no processo de treinamento dos médicos-

veterinários da IAGRO. Não foram treinados veterinários em número suficiente

para a realização dos treinamentos, conforme já abordado no corpo do trabalho.

Além disso, não obstante a avaliação feita pelo SENAR durante o processo de

treinamento metodológico, persistiu em certo grau a inaptidão didática de alguns

treinados. Aliado a isso, algumas restrições na disponibilidade de equipamentos

para a realização dos eventos também contribuíram para o fraco atingimento das

metas físicas de treinamentos.

A efetiva realização dos treinamentos durante o ano de 2004 não obedeceu

aos critérios de municípios prioritários por área de risco, conforme estabelecidos

na concepção do projeto. Oito municípios importantíssimos na fronteira

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internacional com o Paraguai não foram beneficiados com as ações do projeto,

não obstante estarem listados como de maior prioridade. Aliados a esses, outros

três municípios limítrofes, também em área definida como de maior prioridade não

foram contemplados com ações do projeto no mesmo período.

O programa não contempla a sistematização de um acompanhamento “a

posteriori” dos agentes de saúde animal treinados pelo projeto. Isso seria

fundamental, inclusive para que fosse proporcionada uma troca de informações

mais eficaz entre o agente e o veterinário do órgão de defesa. Após o

treinamento, os agentes não foram valorizados e estimulados a atuar como tal;

ele, na verdade, fica à mercê do próprio produtor, sem uma ação educativa e de

sensibilização efetiva. Por ocasião da ocorrência dos focos de febre aftosa no

Estado, nem mesmo o poder executivo estadual preocupou-se com o

cumprimento do estabelecido no Decreto 11.710 de 28/10/2004 que determina

que, em caso de foco de alguma doença, a propriedade só será ressarcida se

tiver um agente de saúde animal no local.

A ausência de critérios metodológicos mais rígidos para a coleta e o

registro dos dados é uma lacuna séria a ser preenchida, que vem em prejuízo da

própria história do projeto, uma vez que limita as possibilidades de uma avaliação

mais aprofundada. Notadamente, os problemas apontados na construção dos

questionários e, novamente, à dissociação entre os dados coletados e tabulados

pelo SENAR e pela IAGRO.

É necessário que projetos desse tipo e relevância originem-se de

levantamentos preliminares de necessidades e percepções da comunidade

envolvida, que ao mesmo tempo constitui-se em forma de sensibilização. A partir

daí, é fundamental que sejam utilizadas estratégias participativas para o

delineamento e a operacionalização das ações envolvendo, além das instituições

parceiras (em forte integração), as demais organizações sociais e membros das

comunidades beneficiadas. Assim procedendo, aumenta-se a possibilidade de

que ações pontuais transformem-se em desenvolvimento social de longo prazo.

Além desses aspectos, é imprescindível e urgente que as instituições

parceiras reformulem na íntegra seus instrumentos de coleta de dados. Tais

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reformulações devem contemplar a inclusão de aspectos que permitam avaliar o

processo ensino-aprendizagem, baseados na aquisição de conhecimentos,

atitudes, habilidades e aspirações dos participantes do processo educativo.

Mecanismos de acompanhamento das mudanças nas práticas adotadas no pós-

treinamento, bem como que proporcionem uma avaliação segura do impacto do

programa nas condições sociais, econômicas e ambientais das comunidades

envolvidas, devem ser conjuntamente delineados e implementados pelas

instituições parceiras.

Finalmente, é indispensável que ações de educação sanitária transformem-

se em processos de educação continuada, mediante o engajamento de órgãos e

instituições das esferas governamental e não-governamental. Ações pontuais e

descontínuas de educação sanitária são efêmeras, e como tal não produzem na

sociedade o impacto desejado.

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ANEXOS

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ANEXO A - FICHA DE INSCRIÇÃO (SENAR)

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ANEXO B – AVALIAÇÃO FEITA PELO PARCEIRO (SENAR)

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ANEXO C – AVALIAÇÃO FEITA PELO EDUCANDO (SENAR)

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ANEXO D – PRÉ E PÓS-TESTE (IAGRO)

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