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AVALIAÇÃO DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS DE TERRA NO MUNICÍPIO DE RECIFE - PE Anderson Reis Soares Monografia exigida para a obtenção parcial de nota na disciplina de Introdução ao Geoprocessamento 2015

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AVALIAÇÃO DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS DE TERRA NO

MUNICÍPIO DE RECIFE - PE

Anderson Reis Soares

Monografia exigida para a obtenção

parcial de nota na disciplina de

Introdução ao Geoprocessamento

2015

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RESUMO

Os movimentos de massa são eventos naturais desencadeados, principalmente no Brasil,

pela influência dos fatores climáticos, sendo favorecida também pelos fatores endógenos,

como declividade, tipo, uso e cobertura do solo, geologia, entre outros fatores. Os

impactos da ocorrência deste tipo de evento são devastadores especialmente nos

movimentos rápidos de massa tornando dessa forma seu monitoramento e previsão uma

tarefa essencial para a prevenção dos desastres causados pela a ocorrência destes eventos

Portanto, neste trabalho é utilizada a lógica Fuzzy como forma de avaliação de áreas

suscetíveis a deslizamentos de terra no município do Recife.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 6

2.1 MOVIMENTOS DE MASSA ....................................................................................... 6

2.2 LÓGICA FUZZY ........................................................................................................... 6

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 8

3.1 Área de Estudo .............................................................................................................. 8

3.2 Dados .............................................................................................................................. 8

3.3 Metodologia.................................................................................................................... 8

4 RESULTADOS .............................................................................................................. 14

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 18

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1 INTRODUÇÃO

Os deslizamentos são fenômenos dinâmicos que geram rupturas definidas entre a região

movimentada e a não movimentada, esse tipo de movimento de massa ocorrem em função

principalmente de fenômenos climatológicos. Segundo Guidicini e Nieble (1984), um

deslizamento ocorre quando a relação entre a resistência ao cisalhamento do material que

compõe o solo e a tensão de cisalhamento na superfície decresce até atingir uma unidade

no momento do escorregamento, ou seja, no momento em que a força gravitacional vence

o atrito interno das partículas, que é o que torna a superfície estável, a massa de solo então

desliza encosta abaixo.

De acordo com Guerra (1993), os deslizamentos dependem de vários fatores, mas

principalmente: inclinação das vertentes, quantidade e frequência das precipitações,

presença ou não da vegetação e da consolidação do material. Segundo Vestena (2010),

no Brasil esse tipo de evento está quase sempre associado a eventos pluviométricos

extremos.

Dentre os diversos tipos e classificações de movimentos de massa, utiliza-se o termo

deslizamento, de modo geral, para designar movimentos de massas de solo e/ou rocha,

compreendendo rastejos, corridas de massa, escorregamentos e quedas/tombamentos.

Segundo a Codificação e Classificação Brasileira de Desastres (COBRADE) o

deslizamento de terra/solo ou rocha é um tipo de desastre natural do grupo dos desastres

geofísicos. Em 2013, segundo os dados Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Desastres

da Bélgica (GUHA-SAPIR et. al, 2013), foram registrados em todo o mundo 32 desastres

desse tipo em grande escala, desde de 2003 esse tipo de fenômeno já causou mais de 7

milhões de vítimas. No Brasil, segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, de 1991

até 2010, o Brasil sofreu cerca de 454 eventos envolvendo movimentos de massa,

afetando mais de 2 milhões de pessoas (BRASIL, 2012).

Segundo Gusmão (1997), os efeitos dos deslizamentos de terras no município do Recife,

tornaram-se mais graves a partir da década de 1980, quando foram registradas dezenas de

escorregamentos na zona norte do município de Recife. Entre o período de 1993 a 1996,

foram registrados dezenas de escorregamentos, que resultaram em mais de 50 mortes,

apenas na cidade do Recife.

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Segundo Pfaltzgraff (2007), as principais causas desses deslizamentos decorrem da forma

inadequada de ocupação das encostas, que são agravadas pelas características naturais da

região. Ainda segundo o autor o acumulo de lixo, cortes inadequados dos taludes, de

material proveniente desse corte além da inexistência de rede de drenagem planejada, são

as causas que mais concorrem para instalação de processos erosivos e de movimentos de

massa.

O geoprocessamento vem sendo amplamente utilizado para a avaliação e estudo de

eventos ambientais, principalmente, na predição de desastres e mapeamento de áreas de

risco. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo identificar as áreas com

suscetibilidade a movimentos de massa no município de Recife, capital do estado de

Pernambuco, através do processo de inferência geográfica.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MOVIMENTOS DE MASSA

Os movimentos de massa são eventos geológicos originados a partir de movimentos

gravitacionais do solo, de sedimentos e de rochas, que ocorrem devido a ação de agentes

naturais que podem ser de origem geológica, geomecânicas, climáticas ou antrópicas.

Segundo Pfaltzgraff (2007), além dos agentes deflagradores, as características

geotécnicas dos materiais, como a granulometria, a coesão do material, cobertura vegetal,

o relevo, a água e da forma e ocupação das encostas, tem papel importante no

desencadeamento de movimentos das massas.

Nas áreas urbanas a geometria inadequada dos taludes de corte com relações de altura e

inclinação; lançamento de aterros sem compactação; impermeabilização do terreno;

plantio de vegetação inadequada; alteração das drenagens naturais e, descartes

inadequados das águas servidas, são os principais fatores que desencadeiam os

deslizamentos de terra.

Segundo Pfaltzgraff (2007), na RMR os deslizamentos são basicamente do tipo planar e

se localizam principalmente sobre as áreas constituídas por sedimentos da Formação

Barreiras, que é caracterizada por depósitos de areias grossas, intercaladas por estratos

rítmicos de areia fina e/ou argila, que por suas próprias características granulométricas e

mineralógicas são facilmente suscetíveis a erosão.

2.2 LÓGICA FUZZY

Segundo Mário (2014) a utilização da lógica fuzzy permite realizar a construção de

análises que não se baseiam na lógica booleana, do “verdadeiro” e “falso”, 0 ou 1, mas

no tratamento de variações sucintas entre as classes que se queira estudar. Um dos

benefícios dessa abordagem, segundo Ruhoff (2004), está na sua habilidade de

codificação de conhecimentos inexatos, numa forma que se aproxima muito ao processo

de decisão.

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Basicamente, um sistema baseado em lógica fuzzy é constituído de três fases. Segundo

Silva (2008) a primeira é a fuzzificação, onde se transformam as variáveis que estão em

formato mais rígido para um formato flexível através de funções de pertinência. Com

essas funções os dados de entrada são normalizados e são espacializados de forma

contínua. Na segunda etapa é realizada a inferência, nela é construída um conjunto de

regras através de operadores lógicos, que analisaram os dados de entrada e definiram os

dados de saída, a partir das características de cada operador. De acordo com Moreira et.

al (2003) as operações básicas sobre subconjuntos fuzzy são similares as operações

básicas da lógica binária, contudo os operadores fuzzy tem capacidades distintas de criar

cenários mais ou menos restritivos, em função das suas características, nesse trabalho

foram utilizados dois operadores, o E e Operador Gama.

O operador fuzzy E define que um ponto do plano de informação resultante terá como

valor o menor valor dos membros fuzzy de entrada. Dessa forma a inferência torna-se

mais restritiva, já que o valor indicado será alto apenas quando o menor valor dos

diferentes dados de entrada forem todos altos. O operador E pode ser expresso por:

µ=Min(µa,µb, µc, . . .)

onde: µa µb e µc correspondem ao valor do membro fuzzy para um particular ponto de

diferentes planos de informação.

Segundo Moreira et. al (2003), o operador Gama realiza a multiplicação dos membros

dos diferentes dados de entrada, sendo que o valor de saída definido é sempre menor ou

igual ao valor do menor dado de entrada fuzzy. Isto ocorre devido a multiplicação de

valores iguais ou menores que 1. A importância de cada termo no operador gama é

definida atribuindo-se valores entre (0,1) para o expoente “γ”.

µ = (soma algébrica Fuzzy)γ x (produto algébrico Fuzzy)1-γ

O respectivo ajuste é realizado pela modificação de gama (γ), valores próximos de 0

representa cenários mais otimistas, enquanto de valores próximos de 1 admitem cenários

mais pessimistas.

A última etapa é a defuzzificação, que é o inverso do processo de fuzzificação. Nela,

segundo Silva (2008), as variáveis que estão em formato de função de pertinência, tornam

para o formato quantitativo, determinando o valor final de saída do fenômeno em estudo.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

A cidade do Recife está na região tropical com chuvas de monções durante quase todo o

ano, de acordo com a classificação climática de Köppen seu clima é do tipo Ams’, quente

e úmido. De acordo as normais climatológicas obtidas através de uma série de 30 anos, a

taxa de precipitação pluviométrica anual é em média de 2450mm, sendo o período mais

chuvoso entre abril e julho.

3.2 Dados

Os dados utilizados para este trabalho foram obtidos junto a prefeitura da cidade do

Recife. Foram utilizados dados sobre o solo, geologia, geormorfologia, base hidrográfica,

e curvas de nível todos na escala de 1:100.000.

As curvas de nível utilizadas foram obtidas através de levantamento aéreo utilizando a

técnica LiDAR. Os levantamentos de solo, geomorfológico e geológico foi realizado pela

Cia Pesquisa Recursos Minerais (CPRM), para toda a região metropolitana do Recife

(RMR). Na tabela abaixo, estão descritas os dados utilizados e a forma como foram

modelados no espaço matemático.

Tabela 1. Modelagem dos dados utilizados

Dados Geo-campo

Declividade MDE

Fatiamento Declividade Temático

Uso do Solo Temático

Geologia Temático

Solos Temático

Suscetibilidade Temáticos

3.3 Metodologia

Para processamento dos dados e aplicação da técnica de inferência espacial foi utilizado

o software ArcGIS 10.2 para aplicação da lógica fuzzy e tratamento dos dados obtidos

junto a prefeitura do Recife e CPRM. Os dados temáticos foram transformados para a

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escala de 0 a 1, onde 0 foi convencionado as classes menos suscetíveis a causar

deslizamentos e 1 os mais suscetíveis a causar este fenômeno.

A definição dos pesos referentes aos tipos de solo, foi baseada nas definições de Bigarella

et al. (2003), que afirma que os solos com maior teor de argila são mais suscetíveis a

deslizamento, por apresentarem descontinuidades dentro do próprio perfil, possuindo

horizonte inferior com maior capacidade de armazenamento de água, que resulta em

maior facilidade de saturação e consequentemente de movimentação da camada

superficial.

Figura 1. Mapas de Tipos de Solo e mapa de Suscetibilidade para o Tipo de Solo.

Para as classes pedológicas, os pesos foram definidos baseados nas classes pedológicas

mapeadas pela CPRM e no trabalho de Crepani et. al (2001). Segundo os autores rochas

pouco coesas podem prevalecer os processos erosivos, modificadores das formas de

relevo, enquanto que nas rochas bastante coesas devem prevalecer os processos de

intemperismo e formação de solos.

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Figura 2. Mapas de Formação Geológica e mapa de Suscetibilidade para a Formação

Geológica.

A partir das curvas de nível foi realizada uma interpolação para criação de uma rede

triangular (TIN), que foi utilizada para o cálculo da declividade. Para a interpolação foi

utilizado o método do inverso do quadrado da distância. A declividade foi fatiada em 5

classes, conforme sugeridas por Canavesi et. al (2013), sendo as áreas com maior

declividade a com maior peso.

Para as unidades geomorfológicas presentes na área de estudo, os pesos atribuídos se

basearam nas características da forma do relevo, dissecação e declividade presente em

cada classe geomorfológica.

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Figura 3. Mapa de Altimetria e Mapa de Suscetibilidade em função da Declividade.

Figura 4. Mapa de Feições Geomorfológicas e Mapa de Suscetibilidade em função da

Feição Geomorfológica.

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Para a obtenção do uso do solo foi realizada uma classificação orientada a objetos, em

imagem do sensor OLI de 23/01/2015. A confusão gerada pela classificação foi em média

de 3,74%, e a abstenção foi de 3,17%, já o desempenho geral foi de 93,09%.

Para o uso do solo os pesos foram definidos baseado na classificação de Catani et al.

(2005), que ressalta a importância da vegetação para manutenção da segurança das

encostas pela vegetação, dessa forma as áreas com vegetação apresentam menor

suscetibilidade a movimentos de terra e áreas de solo exposto e antropizadas apresentam

alta suscetibilidade. Os pesos atribuídos as classes de cada tema estão descritos na Tabela

2.

Figura 5. Mapa de Uso do Solo e Mapa de Suscetibilidade em função do Uso do Solo.

Além da definição dos pesos, para realização da álgebra de geo-campos, com resolução

espacial compatível com os dados de declividade gerada a partir das curvas de nível. Após

a transformação e espacialização dos dados foram utilizados os operadores E e Gama.

Para o operador Gama foram utilizados os valores 0.3, 0.7 e 0.8, dessa forma foi possível

gerar diferentes cenários para a área de estudo.

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Tabela 2. Pesos aplicados aos diferentes temas analisados.

Uso do Solo Suscetibilidade Formação Geológica Suscetibilidade

Água 0 Compl. Bélem S Fco 0,2

Vegetação Densa 0,2 Dep. Aluvionares 0,2

Vegetação Espaça 0,4 Terr. Marinhos Pleistocênicos 0,2

Urbano 0,8 Sed. Flúvio-lagunares 0,2

Solo Exposto 1 Fm Algodoais 0,5

Terr. Marinhos Holocênicos 0,5

Declividade Suscetibilidade Sedimentos de mangues 0,5

0 – 3° 0,2 Fm Gramame 0,8

3 – 8° 0,3 Fm Beberibe 0,8

8 – 20° 0,5 Fm Cabo 0,8

20 – 45° 0,8 Compl. Gnáissico

Migmatítico

0,8

> 45° 1 Gr Barreiras 0,8

Feição

Geomorfológica

Suscetibilidade Tipo de Solo Suscetibilidade

Planícies

Aluvionares

0,2 SM 0,2

Terraços holocênicos 0,2 GXbd1 0,2

Baixo de Maré 0,2 ESo2 0,2

Morros Gnáissicos

Migmatíticos

0,6 GXbd3 0,2

Colinas Cretáceas 0,8 RUve2 0,3

Tabuleiros Barreiras 1 LAd6 0,5

LAd2 0,5

PAd4 0,8

PAd2 0,8

PAd11 0,8

PAd6 0,8

PVAd5 0,8

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4 RESULTADOS

A partir dos operadores E e Gama foram realizadas 4 inferências, sendo que através do

operador Gama, foram construídos cenários mais pessimistas e otimistas. A Figura 6

apresentam os resultados obtidos com a aplicação dos cenários de γ = 0.3, 0.7 e 0.8 e

através do operador E.

Na Figura 6 a), está representado o resultado obtido para o operador E, como pode ser

observado grande parte da parte norte do município do Recife foi classificado como área

de suscetibilidade moderada e alta, como este é um operador mais restritivo, essas áreas

apresentaram como menor valor essas classes, com um operador mais rígido essas áreas

poderiam ser classificadas como áreas até de alto risco.

Como pode ser observado na Figura 6 b), onde o valor gama utilizado foi de 0.3, grande

parte do município do Recife foi classificada com suscetibilidade muito baixa, sendo a

maior parte da região norte do município classificada como de suscetibilidade moderada

e baixa, sendo limitada basicamente pela formação geológica Barreiras. Já quando o valor

gama utilizado foi de 0.7, as classes moderada e alta suscetibilidade apresentaram um

grande aumento. Mais uma vez a maior parte norte do Recife concentrou as áreas mais

suscetíveis a deslizamentos, apresentando também nessa região pela primeira vez a

classificação de suscetibilidade muito alta, apesar dessa área ser muito pequena, apenas

alguns metros quadros.

Para o valor gama igual a 0.8, Figura 6 d), toda a porção norte do município foi

classificada como de suscetibilidade moderada a alta, assim como os extremos oeste e

sudoeste do município, onde as feições geológicas e geomorfológicas, além da

declividade, apresentam maior suscetibilidade a deslizamento.

Apesar da porção central da cidade não apresentar suscetibilidade a deslizamento, essa

área sofre constantemente com alagamentos, causadas especialmente pelo Rio

Capibaribe, como ocorreu de forma catastrófica na década de 70, onde grande parte da

cidade do Recife ficou alagada.

Na Tabela 3, estão descritos os percentuais de área de cada classe para o município do

Recife. Como pode ser observado à medida que o valor gama aumentou a área das classes

com maior suscetibilidade a deslizamentos também aumentou. No cenário mais otimista,

quando o gama é igual a 0.3, quase 79% da área do município possui suscetibilidade

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muito baixa a deslizamento, sendo que essa área cai bruscamente para 55% quando o

gama é igual a 0,8. Já a classe Alta, que apresentou áreas abaixo de 1% da área total do

município, no cenário mais otimista, subiu para quase 22% no cenário mais restritivo.

Tabela 3. Percentual das áreas de cada classe no munícipio do Recife.

Fuzzy 0,3 Fuzzy 0,7 Fuzzy 0,8 Fuzzy E

Classe Área (%) Área (%) Área (%) Área (%)

Muito Baixa 78,95% 60,47% 55,76% 55,25%

Baixa 19,88% 10,40% 7,95% 22,49%

Moderada 1,23% 21,93% 14,55% 16,77%

Alta 0,00% 7,27% 21,79% 5,53%

Muito Alta - 0,00% 0,01% 0,02%

Como última análise foi realizada uma sobreposição com os aglomerados subnormais

mapeadas pelo IBGE. Como pode ser observado na Figura 7, parte dos aglomerados estão

em áreas de suscetibilidade a deslizamentos, contudo parte das áreas mapeadas

especialmente nas áreas centrais não estão em área de suscetibilidade de deslizamento,

mas dada a proximidade com rios de córregos, essas áreas podem ser suscetíveis a

alagamentos.

Como pode ser observado na Tabela 4, os aglomerados subnormais no município do

recife, estão de principalmente em áreas de suscetibilidade baixa, contudo

aproximadamente 3% dessas áreas estão em áreas de suscetibilidade.

Tabela 4. Percentual das áreas de cada classe no munícipio do Recife.

Classes Área (%)

Muito Baixa 53,48%

Baixa 19,89%

Moderada 23,32%

Alta 2,91%

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Figura 6. Mapas de Suscetibilidade a Deslizamentos. a) Fuzzy E, b) Gama = 0.3,

c) Gama = 0.7 d) Gama = 0.8

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Figura 7. Aglomerados subnormais e suscetibilidade obtida pelo operador E.

5 CONCLUSÃO

A lógica Fuzzy demonstrou ser uma técnica bastante flexível, devido especialmente a sua

diversidade de operadores, podendo trabalhar em análises mais ou menos rígidas,

possibilitando a geração de cenários. Essa possibilidade torna-se bastante útil em análises

como o de suscetibilidade a movimentos de massa, onde seria possível simular o efeito

da chuva em diferentes situações.

As análises geradas pelos operadores E e Gama, não identificaram áreas de grande risco

no município de Recife, a ocorrência dessas áreas pode ser detectada com a utilização de

outros dados como o aspecto e forma das encostas, além da aplicação de uma maior

rigidez na definição dos pesos para cada um dos temas estudados.

Cabe ressaltar que não foi realizada a etapa de validação dos resultados em virtude da

indisponibilidade de dados de referência.

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