avaliaÇÃo da prevalÊncia dos anticorpos anti-tpo … · complicações. 5. ... tireoidite de...

38
Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO E ANTI 21- HIDROXILASE EM UM GRUPO DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 REINALDO CAVALCANTE NUNES Rio de Janeiro 2008

Upload: doandiep

Post on 25-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO E ANTI 21-

HIDROXILASE EM UM GRUPO DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1

REINALDO CAVALCANTE NUNES

Rio de Janeiro 2008

Page 2: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

2

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia

Avaliação da prevalência dos anticorpos anti-Tpo e anti 21-hidroxilase em grupo de pacientes com

diabetes mellitus tipo 1

Aluno: REINALDO CAVALCANTE NUNES

Dissertação de Mestrado submetida ao programa de pós-graduação em Endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia .

Orientadores: MÁRIO VAISMAN JOSÉ EGIDIO PAULO DE OLIVEIRA

Rio de Janeiro

2008

Page 3: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

3

Avaliação da prevalência dos anticorpos anti-tpo e

anti 21-hidroxilase em grupo de pacientes com diabetes mellitus tipo 1

REINALDO CAVALCANTE NUNES

Orientadores: Prof. Mário Vaisman Profª.José Egídio Paulo de Oliveira

Dissertação de Mestrado submetida ao programa de pós-graduação em Endocrinologia

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia .

Banca Examinadora:

________________________________________________

PRESIDENTE

________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

Rio de Janeiro 2008

Page 4: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

4

DEDICATÓRIA A minha mãe e meus irmãos que estiveram sempre ao meu lado, ao meu pai, meu grande incentivador e minha noiva Patrícia, fundamentais para conclusão deste trabalho.

Page 5: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

5

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Mário Vaisman, pela sua compreensão e paciência, fundamentais para realização deste trabalho. À Rosângela Aparecida Noé, responsável pela análise estatística deste trabalho. Ao professor José Egidio, meu orientador. Aos amigos Wagner Cassoli e Luís Felipe Osório, pela colaboração sempre bem vinda. À colega Mirella Hansen pela grande ajuda na coleta de dados. À secretária Nadia Glória Penna Queiroz pela paciência e boa vontade. À secretária Maria de Fátima Silva Feitosa pelo empenho. Aos pacientes do ambulatório de Nutrologia, essenciais ao estudo. À Maria Rocio Bencke e o Laboratório do Serviço de Medicina Nuclear do HUCFF pela realização das dosagens dos anticorpos. Ao laboratório de hormônio e de imunologia do HUCFF pelas dosagens hormonais e de anticorpos. À enfermeira Mariangélica Oliveira de Souza, sempre prestativa e bem humorada. A técnica de enfermagem Ana Maria Souza e a auxiliar de enfermagem Sueli Monteiro de Lima de grande importância na coleta de dados.

Page 6: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

6

FICHA CATALOGRÁFICA

Nunes, Reinaldo Cavalcante

Avaliação da prevalência dos anticorpos anti-tpo e anti 21-hidroxilase em um grupo de

pacientes com diabetes mellitus tipo 1 / Reinaldo Cavalcante Nunes. – Rio de Janeiro:

UFRJ / Faculdade de Medicina, 2008.

x, 38 f. : il. ; 31 cm Orientadores: Mário Vaisman e José Egidio Paulo de Oliveira

Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Endocrinologia, 2008.

Referências bibliográficas: f. 35-38 1. Diabetes mellitus tipo 1 - complicações. 2. Diabetes mellitus tipo 1 -

genética. 3. Diabetes mellitus tipo 1 - imunologia. 4. Doenças da glândula tireóide - complicações. 5. Doenças da glândula tireóide - genética. 6. Doenças da glândula tireóide - imunologia. 7. Doença de addison - complicações. 8. Doença de addison - genética. 9. Doença de addison – imunologia. 10. Poliendocrinopatias auto-imunes – etiologia. 11. Poliendocrinopatias auto-imunes – diagnóstico. 12. Poliendocrinopatias auto-imunes – imunologia. 13. Prevalência. 14. Endocrinologia - Tese. I. Vaisman, Mário. II. Oliveira, José Egidio Paulo de. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Endocrinologia. IV. Título.

Page 7: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

7

RESUMO

A presença de auto-imunidade tireoidiana e adrenal é mais freqüente em pacientes com

diabetes mellitus tipo 1 do que na população geral. Entretanto não existe um consenso quanto

a necessidadade de triagem para auto-imunidade e o seguimento desses pacientes. Neste

estudo, foram avaliadas as prevalências de positividade para auto-anticorpos anti-tireoidianos

(Anti-TPO) e anti-adrenal (Anti 21- Hidroxilase) bem como a presença ou não de disfunção

tireoidiana e adrenal. Foi realizada análise descritiva das variáveis qualitativas (sexo e tempo

de diagnóstico > 10 anos ou ≤ 10anos) e numéricas (idade, tempo de diagnóstico e níveis de

TSH, T4 livre e cortisol) nos pacientes com Anti-TPO positivo e negativo. Trata-se de estudo

transversal com 40 pacientes do ambulatório de Nutrologia (26 do sexo feminino) do Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho com média de idade de 27,1 ± 10,3 anos. A presença do

auto-anticorpos tireoidianos foi encontrada em 10 pacientes (25%) e do A21-Hidroxilase em 3

(7,5%). Entre os 10 pacientes com Anti-TPO positivos, 50% apresentaram alguma disfunção

tireoidiana. Observamos que existiu diferença significativa na idade (p = 0,009) e no TSH (p =

0,034) dos pacientes com Anti-TPO positivo em relação aos com anticorpos negativos. Nos

pacientes com Anti 21-OH positivos, não foi observada alteração na função adrenal e não foi

realizada analise estatística quanto as variáveis devido ao pequeno número de casos. Face aos

resultados encontrados, recomendamos que seja realizada o screening anual para auto-

imunidade tireoidiana nos pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1. Em relação a auto-

imunidade adrenal, julgamos necessários maiores estudos para conclusão do screening e o

seguimento desses pacientes.

Page 8: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

8

ABSTRACT

Thyroid and adrenal autoimmunity are more frequent in subjects with type 1 diabetes than in

the general population. Nevertheless, screening for auto-immunity in these subjects remains

controversial. The aim of this study is to investigate if all patients with type 1 diabetes should

be submitted to screening. We measured serum antithyroid autoantibodies (antithyroid

peroxidase-TPO) and antiadrenal autoantibodies (21-hidroxilase-A21-OH) to evaluated

glandular dysfunction. A seccional descriptive analysis of qualitatives (gender, diagnostic time

> 10 years or ≤ 10 years) and numeric (age, DM duration and TSH,T4 live and cortisol level)

variables in two groups, those with ATPO positive and negative, was performed. Our study

group consisted of 40 patients (26 female) with mean age 27,3 ± 10,3 years. Thyroid

autoantibodies were found in 10 subjects (25%) and adrenal autoantibodies in 3(7,5%).

Among the patients with positive TPO, 50% had thyroid dysfunction. We observed a

statistically significant difference in age (p= 0,009) and in TSH levels (p=0,0034) in subjects

with TPO autoantibodies versus subjects with negative TPO autoantibodies. In the diabetics

with 21-OH autoantibodies, adrenal dysfunction was not detected. According to our data, we

recommend screening for TPO autoantibodies in subjects with type 1 diabetes mellitus.

However, to clarify the need for screening adrenal autoimmunity for screening adrenal

autoimmunity, larger studies are necessary.

Page 9: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

9

GLOSSÁRIO

Anticorpo Anti-peroxidase tireoidiana - Anti-TPO

Anticorpo anti 21-hidroxilase - Anti-21 OH

Diabetes Mellitus tipo 1 - DM 1

Doença de Addison - DA

Doença de Graves -

DG

Doença Tireoidiana Auto-Imune - DAT

Hormônio tireostimulante - TSH

Síndrome Poliglandular Auto-Imune tipo 1 - SPGA1

Síndrome Poliglandular Auto-Imune tipo 2 - SPGA2

Tireoidite de Hashimoto

-

TH

Tiroxina livre - T 4 livre

Page 10: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

10

SUMÁRIO

1. Introdução e relevância do tema .............................................. 11

2. Objetivos do Estudo................................................................. 12

3. Revisão da Literatura ............................................................ 14

3.1 Imnunogenética no Diabetes Mellitus tipo 1 ......................... 14

3.2 Associação do DM1 com as doenças auto-imunes ................. 17

3.2.1 Doenca Tireoidiana ................................................................. 17

3.2.2 Doença de Addison ................................................................. 19

3.3 Síndrome Poliglandular Auto-Imune ...................................... 20

3.3.1 SPG1 ...................................................................................... 21

3.3.2 SPG2 ...................................................................................... 22

4. Metodologia da pesquisa ......................................................... 23

4.1 Pacientes e Métodos ................................................................ 23

4.2 Análise de dados ..................................................................... 25

5. Resultados ................................................................................ 26

6. Discussão ................................................................................. 30

7. Referências Bibliográficas ....................................................... 35

Anexo 1. Resultados ........................................................................ 40

Page 11: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

11

1. INTRODUÇÃO

A ocorrência de múltiplas doenças auto-imunes em um mesmo indivíduo e de diversos

casos dentro de uma família é bem conhecida. Algumas destas entidades são agrupadas como

Síndrome Poliglandular Auto-Imune (SPG) tipo 1 e tipo 2, sendo a tipo 2 mais freqüente e

relacionada com a presença de determinado alelos HLA (1).

Nestes pacientes, verificamos a existência de anticorpos contra órgãos e tecidos

específicos, que podem surgir anos antes da manifestação clínica da doença ou mesmo estar

presentes em pessoas que não desenvolverão doença clínica durante toda a vida.(2,3). O papel

destes anticorpos na patogênese da doença não é claro, podendo ser marcadores da auto-

imunidade e não participantes diretos das alterações em órgãos específicos que levam aos

sinais e sintomas (2,4).A possibilidade de evolução para a doença ou não também parece estar

ligada a diferentes perfis de HLA, com alguns fornecendo proteção a despeito da presença de

anticorpos e outros parecendo aumentar a suscetibilidade a ele (5,6,7).

A presença de anticorpos anti-tiroidianos é mais freqüente em grupos de pacientes com

DM1 quando comparados a população geral (2,8), com prevalência de 3 a 50% (7), sendo

considerada como fator de risco para desenvolvimento da doença clínica futura. Muitos autores

sugerem como rotina no seguimento do DM1 a dosagem de anticorpos para detectar o

desenvolvimento inicial de tireoidite auto-imune.(7,8,9).

Page 12: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

12

Sabemos que 1 em 50 pacientes com DM1 tem anticorpos anti-21 hidroxilase e cerca

de 25% destes evoluirão para DA (1). Embora o tratamento deste quadro seja eficaz, o paciente

pode ficar anos sem diagnóstico, mas com sintomas e prejuízo em sua vida diária, e pode ainda

evoluir para o óbito devido a uma crise adrenal desencadeada por situações de estresse

(1,10,11). Torna-se, portanto, importante, que nestes pacientes seja definido um método de

screening para hipocortisolismo. Nos grupos em que isso já é feito de rotina, pesquisam-se os

anticorpos anti-21 hidroxilase e, nos positivos, é realizada avaliação anual da reserva adrenal

com testes de resposta ao ACTH.(11).

Page 13: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

13

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

1- Definir a prevalência de e auto-imunidade tireoidiana (ATPO) e auto-imunidade

adrenal ( A 21-OH ) em um grupo de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1.

2- Avaliar a função tireoidiana nos pacientes com ATPO positivos e a função adrenal nos

pacientes com A21 OH positivos.

Page 14: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

14

3. REVISÃO DA LITERATURA

As Doenças auto-imunes endócrinas afetam 5 a 10 % da população geral. Muitas dessas

doenças possuem mecanismos complexos com participação de vários fatores, incluindo

suscetibilidade genética principalmente pela associação dos genes HLA, eventos ambientais e

resposta auto-imune com a presença de auto-anticorpos e/ou linfócitos auto-reativos, resultando

em anormalidades metabólicas.(12 )

3.1.1 IMUNOGENÉTICA NO DM 1

A DM1 é considerada uma doença com herança poligênica complexa. Cerca de 20

genes podem estar associados com suscetibilidade a doença, mais apenas 13 apresentam

evidência significativa de associação. A maior contribuição vem da região onde estão

localizados os genes do MHC situado (major histocompatibility Complex-MHC), situados

no cromossomo 6p21, contribuindo em cerca de 40% na suscetibilidae à doença.

Diferentes genótipos de HLA classe II podem estar associados com o desenvolvimento

dessa doença.(13). Do mesmo modo, existem genótipos de HLA classe II que estão

sabidamente descritos como sendo protetores do surgimento de DM1. Entre os HLA classe

II protetores, alguns são considerados como de forte proteção para esta doença como o

HLA-DR2, DQA1*0201-DQB1*0602 (24). Mesmo em indivíduos com alelos para outros

HLA DQ de risco, o efeito protetor desses HLA parecem ter um efeito dominante à

suscetibilidade proporcionada pelos HLA de risco para DM1 (14,15,16 ).

A Tabela 1 esquematiza os principais HLA de risco e protetores.

Page 15: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

15

Tabela 1 – Haplotipos de HLA classe II associados ao DM1

HLA Associação com DM1

HLA DRB1 HLA DQA1 HLA DQB1

0401, 0402, 0405 0301 0302 (DQ8) Alto risco

0301 0501 0201 (DQ2)

0801 0401 0402

0101 0101 0501

0404 0301 0302 (DQ8) Médio risco

0901 0301 0303

0401 0301 0301

0403 0301 0302 (DQ8)

0701 0201 0201

Proteção fraca ou moderada

1101 0501 0301

1501 0102 0602 (DQ6)

1401 0101 0503 Forte proteção

0701 0201 0303

Adaptado de Atkinson & Eisenbarth, 2001 e Eisenbarth, 2006

Tabela 2 – Comparação do perfil de expressão do HLA classe II entre diversas etnias

Page 16: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

16

Etnia HLA de risco para DM1

Orientais Japoneses

DRB1*0405-DQA1*0301-DQB1*0302, DRB1* 0405-DQA1*0301-DQB1*0401; DRB1*0802-DQA1*0301-DQB1*0302; DR9-DQA1*0301-DQB1*0303

Orientais Chineses Heterozigosidade para DRB1*03/9

Afro-descendentes DR9- DQA1*301-DQB1*0201; DR7- DQA1*0301;

Caucasianos DR9-DQA1*0301-DQB1*0303

Europeus do sul do continente (Sardenha)

DRB1*0301-DQA1*0501-DQB1*0201

Brasileiros ♦♦♦♦ DQA1*0501-DQB1*0201/ DQA1*0301-DQB1*0302, DRB1*03/ DRB1*04

Adaptado de Reijoken & Concannon, 2005

♦♦♦♦ Marques et al., 1998(15); Fernandes et al., 2002( 6) e Palatnik et al., 2002( 16)

Mais de 90% dos pacientes com DM1 caucasianos apresentam HLA classe II do tipo

DR3B1*03 e/ou DRB1*04. A associação torna-se ainda maior em caucasianos quando o loci

DQ (DQA e DQB) encontra-se associado com o loci DR, principalmente se o genótipo for

HLA DRB1*03, DQB1*0201 ou HLA-DRB1*04, DQB1*0302. Entretanto, a maior associação

entre DM1 e HLA classe II é com a combinação DQA-DQB com DQA1*0501-DQB1*0302

(16) 16.

Em caucasianos, os haplotipos mais associados com o desenvolvimento de auto-

anticorpos pancreáticos positivos e com o DM1 são o HLA DRB1*03-DQ2 e o HLA

DRB1*04-DQ8. Cerca de 20 a 30% dos pacientes com DM1 apresentam tais genótipos. Essa

proporção torna-se ainda maior no grupo de pacientes cujo diagnóstico de DM1 ocorreu

precocemente durante a infância, no qual esse genótipo pode ser encontrado em até 50% dos

pacientes (16,18 ). 27

Page 17: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

17

Embora haja produção de anticorpos, estes não parecem ter papel direto na destruição

das ilhotas pancreáticas. Quando ocorre destruição das ilhotas há liberação de antígenos na

corrente sanguínea, onde são detectados pelo sistema imune, levando a uma ativação

imunológica e favorecendo a geração de anticorpos contra os componentes pancreáticos. Assim

esses anticorpos parecem ser marcadores de ativação imunológica e de destruição da célula

beta e não causadores da lesão ( ).

Em muitos indivíduos, nota-se uma freqüência comum dos auto-anticorpos pancreáticos

associados ao DM1. Na maioria das vezes o primeiro a positivar é o IAA (anticorpos contra a

insulina), com aparecimento subseqüente ou concomitante do anti-GAD (contra a

descarboxilase do ácido glutâmico) (85). Já os anti-IA-2 (aqueles contra a tirosina fosfatase) e

o anti-IA2β são usualmente os últimos a aparecerem (85,88). Entretanto os anti-IA-2, podem

ser os únicos anticorpos a serem detectados em estágios de pré-diabetes.

Membros de familiares portadores de DM1 que expressam auto-anticorpos anti-GAD e

anti-IA2 tem 75% de chance de se tornarem diabéticos em 5 anos, comparados com 25% de

risco para pacientes que expressam apenas um desses anticorpos (54). Esses anto-anticorpos

podem estar presentes durante anos antes do diagnóstico do diabetes (55-57).

3.2. ASSOCIAÇÃO DO DM1 COM DOENÇAS AUTO-IMUNES

3.2.1 Doença Tireoidiana

O Hipotiroidismo afeta 5 a 10 % da população geral com aumento da prevalência em

mulheres e em indivíduos mais velhos, enquanto o hipertiroidismo é menos comum, ocorrendo

em cerca de 1% da população. A Doença Tireioiana Auto-imune está associdadaos anticorpos

Page 18: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

18

Anti-Tpo e anti-Tireoglobulina, sendo que esses anticorpos podem estar presentes em 13% e

11% da população geral respectivamente (18,19).

Estudos transversais tem demonstrado que o hipotiroidismo está presente em 4 a 18%

dos pacientes com DM1 (18). Seguimentos de longo prazo segurem que mais de 30% dos

pacientes com DM1 desenvolverão Doença Tireoidiana Auto-Imune.A. Cerca de 20 a 30 % da

população com DM1 expressam anticorpos ATpo e/ou Anti-Tireoglobulina e auto-imunidade

tireoidiana é aumentada com em mulheres e com a duração do Diabetes(19,20,21)

.Seguimentos prospectivos mostram que o desenvolvimento de doença tireoidiana é relatado

no sexo feminino na presença de anticorpos.

Estudos em diversas populações demonstraram associações entre DG e o pilimorfismo

dos genes de MHC, principalmente com genes de classe II, especialmente DR3 em populações

caucasianas, procedentes da Europa, Austrália e dos Estados Unidos (18). Na polpulação

brasileira, os alelos HLA-DRB1*0301 e DQA1*0501 mostram maior envovimento,

conferiindo suscetibiliadde à doença, com risco relativo de 2,8 e 3,74, respectivamente. Na

Tireoidite de Hashimoto Jenkins e cols, encontraram evidência para associação entre TH e

HLA-DR3e DR4 com RR de 2,3 e 1,6 respectivamente, em caucasianos.(18,20,22).

A presença de Doença Tireoidiana Auto-imune na população com DM1 tem potencil

de afetar o crescimento, o ganho de peso, o controle do diabetes e a regularidade da

menstruação bem como o bem estar geral. A ADA recomenda o screening com o TSH após a

estabilização do início do quadro de diabetes,pacientes com sintomas de hipo ou

hipertiroidismo e depois a cada 1 a 2 anos.(18) As recomendações apontam que a presença de

anticorpos podem aumentar o risco de doença tireoidiana nessa população,mas não há

consenso em relação ao screening comAutoanticorpo tireoidianos (23,24). Porém na prática

muitos centros avaliam pacientes com DM1 com Anti-tpo,TSH e T4 livre no início do quadro

Page 19: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

19

e cada 1 a 2 anos.Pacientes com Anti-Tpo positivos e com função tireoidiana normal são

avaliadas com maior freqüência (a cada 6 meses a 1 ano).(18 )

3.2.2. Doença de Addison

A AD afeta aproximadamente 1 em 10000 na população mundial ( ). O processo

de Auto-imunidade que resulta em AD pode ser detectada pela presença de Auto-

anticorpos contra o córtex da adrenal. A presença dos A21OH são sensíveis marcadores

do processo auto imune,estando geralmente ausentes em outras formas de Insuficiência

Adrenal Primária e estão presentes em 64% a 89% dos pacientes com Adrenalie Auto-

imune ( ) .A presença desses anticorpos na população geral é muito rara. Eles estão

presentes em aproximadamente 1 a 2% dos pacientes com DM1 (18,24,25,). Em

populações caucasianas com DM1,aproximadamente 1,5 % expressam A21OH, 15%

desses positivos que não tinham AD desenvolvem AD em um tempo relativamente curto.

A presença de auto-imunidade adrenal foi associada com auto-imunidade tireoidiana e

aproximadamente 70% da população com A21OH positivo também apresentam

anticorpos anti-Tireoidianos (24,25).

A DA está associada com alelos DR3.Outros marcadores HLA também tem

sido identificados, apresentando uma freqüência aumentada e positavente

correlacionadaos com os haplotipos DR3-DQ2 e DR4-DR8(19). Por outro lado foi

identificado o haplotipo DR1-DQ5, negativamente associado com a doença (20), Betterle

e colaboradores (22) estudaram um grande grupo de pacientes com A21OH que

desenvolveram AD. Eles descreveram a progressão que se inicia com o aumento da

atividade da renina plasmática, progredindo com o aumento do ACTH, diminuição da

estimulação do cortisol e eventualmente anormalidades no cortisol de jejum, ficando

Page 20: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

20

caracterizado 5 estágios para disfunção adrenal. O estágio 0 é caracterizado por função

adrenal normal, o estágio 1 pelo aumento da atividade da reninia com ou sem queda dos

níveis séricos da aldosterona.(27,28) No estágio 2 há queda do cortisol, porém ainda

responsivo ao ACTH. O estágio 3 há aumento dos níveis de ACTH e o estagio 4 por

queda do cortisol plasmático e aparecimento dos sintomas de Insuficiência adrenal.

Apesar de muito controverso, algumas instituições praticam screening de

pacientes DM1 com A21OH. Esses pacientes com anticorpos positivos são acompanhados

com avaliação para da função adrenal pela estimulação com ACTH.AD. Os pacientes são

muitas vezes moderadamente sintomáticos com diminuição da dose de insulina ou dos

níveis de hemoglobina glicada. (29.30).

Tabela 3

Doença Autoanticorpo

s Anticorpos

em DM1 Doença:

DM1

Anticorpo: população

geral

Doença: população

geral

TPO 17 – 27% 28% 13% < 1% Hipotiroidismo

TG 8 – 16% 11% 5% subclinico

EMA 10% 4,9% < 1% 0,9 - 1% CD

TTG 12% 1,5%

DA 21-OH 1,5% < 0,5% Raro 0.005%

Adapatado de Barker 2006

3.3 Síndrome Poliglandular Auto-imune

A SPA consiste em grupo de múltiplas disfunções endócrinas de origem imunológica

num individuo geneticamente suscetível (25). Ocorre uma destruição mediada pelo sistema

imunológico de várias glândulas endócrinas, assim como de outros órgãos não endócrinos.

Caracteriza-se pela coexistência de no mínimo, duas glândulas endócrinas insuficientes,

destruídas por mecanismos auto-imonológicos (25,21).

Page 21: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

21

TABELA 4 - Classificação da Síndrome Poliglandular Auto-imune

SPGA tipo 1 Candidíase Crônica, hipoparatiroidismo, doença de Addison (DA) (pelo menos dois estão presentes)

SPGA tipo 2 DA auto-imune ( precisa sempre estar presente) + doença tireoidiana auto-imune e/ou diabetes mellitus tipo 1

SPGA tipo 3 Doença tireoidiana auto-imune + outras doenças auto-imunes (exceto DA, hipoparatiroidismo e candidíase crônica.

SPGA tipo 4 Duas ou mais doenças auto-imunes órgão específicas ( exceto hipoparatiroidismo, candidíase mucocutânea crônica Doença tireoidiana auto-imune ou DM tipo 1)

Adapatado ref 3

3.3.1. Síndrome Poliglandular Auto-Imune Tipo 1 (SPGA1)

A SPA tipo 1 é entidade rara, exceto na Finlândia, na Sardenha e em Judeos iranianos.

É herdada com padrão autossômico recessivo e resulta de mutação no gene AIRE

(autoimmume regulator), localizado no braço longo do cromossomo 21q22.3 (28).

Geralmente manifesta-se na infância (905 com idade média de 7,4 anos) e apenas 10% dos

casos ocorrem na vida adulta. Caracteriza-se pela tríade de hipoparatiroidismo, da e

Candidíase Mucocutânea Crônica (CMC), além de ceratoconjuntivite, distrofia ungueal e

formação defeituosa do esmalte dentário.ACMC geralmente é a manifestação inicial da

síndrome e envolve habitualmente mucosa oral, unhas e menos comumente pele e esôfago.

Na SPA a AD é encontrada em 60 a 100 % dos casos geralmente ocorre após a Candidíase

crônica e o hipoparatiroidismo (29,30,31).

3.3.2 Síndrome Poliglandular Auto-Imune Tipo 2 (SPGA2)

Page 22: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

22

A SPA tipo 2 apresenta prevalência de 1,4-2,0 por 100.000 habitantes.é mais comum

em mulheres de meia idade(20 e 40 anos) .É herdada de forma autossômica dominate com

penetrância imcompleta e se caracteriza pela presença de DA auto-imune(100% dos casos)

em associação com doenças tireoidianas auto-imunes (69-82%, síndrome de Schimdt) e /ou

DM1 (30-52%,síndrome de Carpenter). O DM1 e DG geralmente se manifestam antes da DA

e a Tireodite de Hashimoto aparece simultaneamente ou após o início da DA (31,32).

A SPA pode ser incompleta e subclínica quando houver presença de uma doença

característica da síndrome, com um ou mais marcadores sorológicos de outros componentes e

alteração subclínica da função do órgão–alvo. Indivíduos portadores de uma doença auto-

imune clínica e marcadores sorológicos de outra doença que compõem a SPA2, mas com

função normal dos órgãos alvos, são portadores de SPA2 incompleta e subclínica (25,28,33).

Outras doenças auto-imunes também podem estar presentes nesta síndrome como:

hipogonadismo hipergonadotrófico (4-9%), vitiligo (4,5-11%), alopécia (1 a 4%), hepatite

crônica (4%), gastrite crônica atrófica com ou sem anemia perniciosa (4,5-11%) e hipofisite

(34,35).

A apresentação clínica da SPGAII é frequentemente precedida de períodos longos de

meses ou anos com o paciente assintomáticio. Autoanticorpos são usados para predizer o

desenvolvimento da SPGAII, porém a ausência deles não exclui a doença porque nem todos

os pacientes apresentam anticorpos. Dittmar e Kahaly após estudos prospectivo na Alemanha

(36), sugerem screenig funcional para pacientes com doença Auto-imune monoglandular a

cada 3 anos. Na presença de uma segunda doença endócrina autoimune diagnosticada,

recomenda o screening anual com auto-anticorpos.

Page 23: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

23

4. METODOLOGIA DA PESQUISA 4.1 PACIENTES E MÉTODOS

Foi avaliado um grupo de 40 pacientes com diagnóstico de DM1, acompanhados no

ambulatório de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O

diagnóstico foi realizado por critérios clínicos (presença de Cetoacidose Diabética e/ou

ausência de resposta ao tratamento com hipogliceminantes orais). Trata-se de estudo

transversal, sem restrição de idade,de ambos os sexos, independente do tempo de diagnóstico.

O protocolo está aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HUCFF Faculdade de

Medicina e todos os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Inicialmente todos os indivíduos selecionados foram submetidos à coleta de 20 ml de

sangue total. Destes, 5 ml foram encaminhados para o laboratório de hormônios, para as

dosagens de TSH, T4livre e cortisol e 5 ml foram encaminhados ao laboratório de imunologia

para dosagem de ATPO. Os outros 10 ml de sangue foram submetidos a centrifugação não-

refrigerada por cerca de 05 minutos, para separação do soro, que em seguida foi armazenado

em eppendorfs de 1,5 ml, sendo então estocados à temperatura de aproximadamente -80oC.

Posteriormente esse soro congelado foi encaminhado ao Serviço de Medicina Nuclear para

dosagem dos A21OH.

A avaliação da auto-imunidade tireoidiana foi realizada pela determinação do auto

anticorpo ATP0 por quimioluminescência. (DPC-Diagnostic Prodctus Co Los Angeles) com

cut off < 35.A sensibilidade analítica deste método é de 10 UI/ml. Já a avaliação da auto-

Page 24: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

24

imunidade adrenal foi realizada pela realização da dosagem do A21OH por radioimunoensaio

(RSR Limited-Genese) com níveis de CUT OFF de ≤ 1,0 considerado negativo e > 1,0

considerado positivo, com sensibilidade analítica de 0,16 u/ml.

As dosagens de TSH, T4 livre e cortisol foram realizadas por quimioluminescência

(IMMULITE-DPC) no laboratório de hormônio do HUCFF.Os valores de referência para o

TSH são 0,4 - 4µIU/ml e para o T4L são 0,8 a 1,9 ng/dl. Já para o cortisol basal plasmático

pela manhã os valores de referência são 5 a 25µg/dl com sensibilidade analítica de 0,20 µg/dl.

A paciente que apresenta o AOH positivo e cortisol basal abaixo de 10µ/dl ,foi

submetida a estimulação com 0,25 mg de Synacthène® e dosagem de cortisol após 30 e 60

minutos.

Os dados foram tabulados no software Microsoft Excel 9.0 (microsoft,2000),sendo

avaliada a prevalência de A21OH e ATPO na população estudada e a análise da função

hormonal nesses pacientes.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

Page 25: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

25

A análise estatística foi realizada pelo teste exato de Fisher para comparação de dados

qualitativos entre dois subgrupos de pacientes (Anti-TPO positivo e negativo), e para

comparação de dados quantitativos (numéricos) foi aplicado teste de Mann-Whitney (não

paramétrico). Os dados qualitativos foram sumarizados através de freqüência (n) e percentual

(%), e os dados numéricos foram expressos através das medidas de tendência central (média e

mediana) e de dispersão (desvio padrão, mínimo e máximo).

O nível de significância adotado foio de 5%. A análise estatística foi processada

pelo software SAS 6.04 (SASInstitute, Inc., Cary, North Carolina).

5. RESULTADOS

Page 26: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

26

Na Tabela 5 é apresentado um perfil geral dos 40 pacientes estudados. Destes 26 são

do sexo feminino e 14 do sexo masculino. A média de idade é de 27,1 + 10,3, variando de 13 a

63 anos. O tempo de diagnóstico foi de 13,3 anos +7,7 (1 a 30 anos).

Tabela 5. Descritiva geral das variáveis numéricas.

Variável Média DP Mediana Mínimo Máximo

Idade 27,1 10,3 24 13 63

Tempo diagnóstico 13,3 7,7 12,5 1 30

TSH 3,0 1,8 2,52 0,68 12

T4 livre 1,2 0,3 1,17 0,2 1,77

Cortisol 13,4 3,7 12,95 1,1 24,3

DP: Desvio Padrão

Tabela 5.1. Descritiva geral das variáveis qualitativas.

Variável Categoria nº %

masculino 14 35,0 Sexo

feminino 26 65,0

positivo 10 25,0 Anti-TPO

negativo 30 75,0

positivo 3 7,5 Anti-OH

negativo 37 92,5

> 10 a 26 65,0 Tempo diagnóstico

≤ 10 a 14 35,0

A Tabela 5.1 fornece a freqüência (n) e o percentual (%) das variáveis qualitativas para

amostra geral. A presença de positividade dos ATPO foi encontrada em 10 dos 40 pacientes

(25%) sendo observada em 8 (30,7%) do sexo feminino e em 2 (20 %) no sexo masculino.Já a

presença de positividade para o AOH foi de 3 (7,5%) casos no total da amostra.

Page 27: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

27

Na tabela 2.1 encontramos a análise das variáveis sexo e do tempo de diagnóstico maior

que 10 anos dos pacientes com ATPO (positivo e negativo). A análise estatística foi realizada

pelo teste exato de Fisher.Observou-se que não existe diferença significativa no sexo (p = 0,22)

e no tempo de diagnóstico maior que 10 anos (p= 0,22) entre os pacientes com ATPO positivo

e negativo. Entretanto, observou-se que existe diferença significativa na idade (p= 0,009) e no

TSH (p= 0,034) entre os dois subgrupos de pacientes,conforme tabela 2.2A análise estatística

foi realizada pelo teste de Mann-Whitney.Isto significa, que no subgrupo de pacientes com

ATPO positivo apresentou idade e TSH significativamente maior que o subgrupo com ATPO

negativo.

Entre os pacientes com ATPO positivos, 5 (50 %) eram portadores de doença

Tireoidiana, sendo 3 com diagnóstico de hipotiroidismo em tratamento com levotiroxina e 1

com hipertiroidismo em uso de Tapazol.Ainda havia um paciente com hipotiroidismo

subclínico apenas em acompanhamento.

Tabela 5.2. Análise estatística das variáveis qualitativas segundo o Anti-TPO.

Anti-TPO positivo Anti-TPO negativo Variável Categoria

nº % nº % P valor

masculino 2 20,0 12 40,0 Sexo

feminino 8 80,0 18 60,0 0,22

Tempo de diagnóstico

> 10 a 8 80,0 18 60,0 0,22

Page 28: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

28

≤ 10 a 2 20,0 12 40,0

Tabela 5.3. Análise da estatística das variáveis numéricas segundo o Anti-TPO.

Variável Anti-TPO n Média

DP Mediana

Mínimo Máximo P valor

positivo 10 33,4 10,6 32 16 50 Idade

negativo 30 25,0 9,4 22 13 63 0,009

positivo 10 17,1 9,3 18,5 1 28 Tempo diagnóstico negativo 30 12,0 6,8 11,5 1 30

0,077

positivo 10 4,4 3,0 3,56 1,6 12 TSH

negativo 30 2,5 0,9 2,44 0,68 4,31 0,034

positivo 10 1,1 0,3 1,165 0,2 1,34 T4 livre

negativo 30 1,2 0,2 1,17 0,82 1,77 0,75

positivo 10 14,1 3,4 13,7 8,5 19,3 Cortisol

negativo 30 13,2 3,8 12,9 1,1 24,3 0,52

DP: Desvio Padrão

A tabela 5.4 fornece a freqüência (n) e o percentual (%) do sexo e do tempo de

diagnóstico >10 anos segundo o AOH (positivo e negativo). A análise estatística não foi

processada devido ao número muito pequeno de casos (n=3). Esta análise é apenas de caráter

descritivo . Dos 3 casos com AOH , apenas 1 (33,3%) apresentou cortisol basal abaixo de 8,4

µg/dl sendo submetida a estímulo com Synacthene®, e cortisol após 30 e 60 minutos de

22,7µg/dl e 30,4µg/dl respectivamente. Não apresentando, portanto disfunção adrenal. Esta

paciente é portadora de Doença de Graves e Vitiligo, em tratameto com Metimazole 10 mg/dia.

Tabela 5.4. Análise descritiva das variáveis qualitativas segundo o Anti-OH.

Anti-OH positivo Anti-OH negativo Variável Categoria

n % n %

Page 29: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

29

masculino 1 33,3 13 35,1 Sexo

Feminino 2 66,7 24 64,9

> 10 a 2 66,7 24 64,9 Tempo diagnóstico

≤ 10 a 1 33,3 13 35,1

6. DISCUSSÃO

Page 30: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

30

No presente estudo a positividade para auto-imunidade tireoidiana foi encontrada em

25% dos pacientes. A presença de auto-anticorpos tireoidianos em diabetes mellitus tipo 1

possui grande variação na literatura. Estudos em diferentes populações descrevem prevalência

de 3 a 50% ,sendo maior que a encontrada em indivíduos sem DM1. (18). Na Alemanha, foi

relata prevalência de 18,4% (7) e 21,8% (9 ) semelhantes as encontradas na Itália 9% (11 ) e

14,1% (23) e Dinamarca 16,2% (25). Já nos Estados Unidos chegou a 50% (28 ). No Brasil

estudos mostraram prevalências de 20,6% (37), 20% (38) e 33% (39). A ampla diferença de

positividade para auto-anticorpos tireoidianos pode ser explicada pelas variações étnicas,

metodologia laboratorial, faixa etária e diferenças na ingesta de iodo (32). Sabe-se que estudos

em populações européias e americanas tem sua composição constituída preferencialmente por

crianças e adolescentes, enquanto no interior do Brasil, Ramos e col. (19) incluíram pacientes

com idade maior que 18 anos, e encontraram prevalência de 20,6%, mais semelhantes a

encontrada em nosso estudo.

A presença de positividade para o Anti-Tpo em relação ao sexo não apresentou

diferença significativa,concordando com Ramos e cols, porém vários estudos revelaram

predomínio do sexo feminino (37,38). Lorini e cols (39) relataram a presença de anticorpos

anti-tiroidianos num grupo de crianças e adolescentes em 23,7% das meninas e 10,9% dos

meninos. Pelo fato de a Doença de Hashimoto ser mais comum em mulheres, seria esperado a

maior ocorrência de tireoideopatia auto-imune em mulheres, porém em uma população já

acometida por uma doença auto-imune esta diferença não parece ser tão evidente (18). Ainda

não tivemos diferença significativa no subgrupo de pacientes com mais de 10 ou mais anos de

diagnóstico de dm1 em relação ao grupo com menos de 10 anos de doença, porém existiu uma

tendência (p = 0,077) do grupo de pacientes com anticorpos positivos, apresentar tempo de

diagnóstico maior que o negativo. Radetti e cols (40) ao estudar uma população, demonstraram

que a positividade dos anticorpos foi mais evidente quanto maior a duração do diabetes.

Page 31: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

31

O subgrupo de pacientes com ATPO positivo apresentou idade e TSH

siginificativamente maior que o subgrupo de pacientes com ATPO negativo. Esses achados são

concordantes com vários resultado da literatura. Lorini e cols (41,42) encontraram anticorpos

apenas em crianças maiores de 10 anos.Kordonouri e cols (23) em grande estudo multicêntrico

observaram aumento da freqüência de anticorpos anti-tireoidianos conforme o aumento da

idade. Ele também encontrou níveis significativamente mais altos de TSH no DM1,

principalmente naqueles com mais de um anticorpo positivo.Já Holl e cols. (43) observaram

não haver diferença significativa nos níveis de TSH quando comparados os pacientes com e

sem anticorpos.

Na avaliação da função tireoidiana, observamos disfunção em 5 (50%) dos 10

pacientes. Desses, 3 apresentavam hipotiroidismo clínico em uso de levotiroxina, 1 apresentava

Hipertiroidismo clínico em uso de metimazole e 1 hipotiroidismo subclínico. Radetti e cols (44

) avaliando 55 pacientes com anticorpos presentes, encontraram 20 (36,6%) com disfunção,

sendo a maioria com hipotoroidismo subclínico. Em outro artigo de revisão e publicado em

2004 sobre síndrome poliglandular auto-imune, os autores relataram que cerca de 50% dos

pacientes com DM 1 com ATPO positivos evolui para hipotiroidismo dentro de 10 anos. Silva

e cols (25) avaliaram a relação cronológica entre o aparecimento de DM1 e da Tireoideopatia

auto-imune,chegando a conclusão de a Doença de Graves geralmente precede o diabetes

enquanto a tireoidite de hashimoto comumente surge após o diagnóstico de DM1. No presente

estudo, tivemos os 3 pacientes portadores de Hashimoto diagnosticados após o diabetes e 1

paciente portador de Doença de Graves com diagnóstico de Doença de graves simultaneamente

ao de DM1.

Em relação a auto-imunidade adrenal, a positividade para o A21OH foi encontrada em

3(7,5%). Esse achado diverge com alguns estudos encontrados na literatura, onde a prevalência

de A21OH é de 1 a 2 % dos pacientes diabéticos (19). Porém é grande a variabilidade (0,2-

Page 32: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

32

13,5%) de anticorpos anti-adrenais em populações portadoras de outras doenças auto-imunes,

(22,24,31 ). Beterle e cols (24) avaliaram a prevalência de anticorpos anti-adrenais e avaliou

8840 indivíduos, achando positividade nesses anticorpo em 0,4% dos DM1, 1% dos pacientes

com doença tireoidiana e em 8,9% dos pacientes com falência ovariana precoce. Já Ketchum e

cols (45) encontrou prevalência de 1,8% em 1675 pacientes portadores de DM1 e encontrou

diferença significativa (p < 0,011). Não existem estudos em populações brasileiras e mesmo

em outros países, estas citações são escassos. Podemos atribuir essas diferenças além das

variações étnicas, a metodologia laboratorial, faixa etária, sexo e a presença de outras doenças

auto-imunes. Não foi realizada análise estatística nas variáveis dos pacientes com positividade

para os anticorpos anti-adrenais pelo pequeno número de pacientes (n = 3).

A avaliação funcional foi realizada em apenas em uma paciente que também era

portadora de Doença de Graves, vitiligo e apresentava cortisol basal < 10µg/dl. Após

estimulação com synacthene® 0,25 mg, não sendo encontrada alteração funcional.

Embora a presença de A21OH tenha sido relacionada ao risco de desenvolvimento de

IA, podendo inclusive ser detectado antes mesmo do diagnóstico, alguns estudos em adultos

mostraram que a presença desses anticorpos foram marcadores de baixa progressão para IA.

Betterle e cols (24) analisaram 8840 pacientes adultos em estudo prospectivo com outras

doenças autoimunes, com prevalência inicial de 0,8% de positividade para anticorpos anti-

adrenais. Após o estudo verificou-se que 50% dos pacientes permaneceram com função adrenal

normal, 29% desenvolveram hipoadrenalismo subclínico e 21% evoluíram IA. Esta progressão

para IA foi mais freqüente em indivíduos em pacientes hipoadrenalismo subclínico inicial,altos

títulos de anticorpos e em pacientes com status HLA-DR3. O mesmo autor realizou outro

estudo prospectivo com 808 crianças e 1,7% de positividade para o AOH. Após 10 anos

encontrou 90% de progressão para IA nos pacientes com AOH positivos e 10% de

hipoadrenalismo, concluindo que a presença de A21OH são importantes marcadores para

Page 33: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

33

desenvolvimento de IA em crianças independente de sexo, títulos dos snticorpos, função

adrenal prévia, status de HLA e doença auto-imune preexistente. Esta diferença da progressão

da doença entre crianças e adultos com A21OH permanece pouco clara. Alguns autores

acreditam que possa ser explicada pelas diferenças na imunidade celular. Ainda Coco e cols

(23) estudaram prospectivamente por até 21 anos 100 pacientes com anticorpos anti- adrenais

positivos e 63 negativos para estimar o risco de desenvolvimento de IA. Ao final, encontrou

maior risco em crianças do que adultos, em homens do que mulheres, pacientes com

hipoadrenalismo subclínico em relação a função adrenal normal inicial, pacientes portadores de

hipoparatiroidismo ou candidiase do que outras doenças auto-imunes ou não e naqueles com

altos títulos de anticorpos.

Sabe-se que a freqüência de screening e o seguimento de pacientes diabéticos tipo

portadores de anto anticorpos permanece controversa. Alguns autores advogam um screening

regular, enquanto outros preferem faze-lo apenas na presença de sintomas clínicos. A ADA

recomenda screening para doença tireoidiana usando o TSH sérico anual e não recomenda de

rotina o screning para a autoimunidade adrenal. Muitos autores ( ) recomendam avaliação da

auto-imunidade adrenal a cada 2 anos e a mensuração do TSH e ATO anualmente.

Apesar do número pequeno de participantes, nosso estudo observou dados semelhantes

ao da literatura em relação a auto-imunidade e função tireoidiana, e revelou diferenças em

relação a prevalência de auto-imunidade adrenal numa população de DM1. Estudos

prospectivos são necessários para esclarecer o screening e o seguimento desses pacientes.

Page 34: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

34

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Ahonen P, Miettinen A, Perheentupa J. 1987 Adrenal and steroidal cell antibodies in

patients with autoimmune polyglandular disease Type I and risk of adrenocortical and ovarian failure. J Clin Endocrinol Metab. 64:494-500.

2. Barker CC, Milton C, Jevon G, Mock T 2005 Can tissue transglutaminase antibody titers

replace small-bowel biopsy to diagnose celiac disease in select pediatric populationss? Pediatrics 115:1341-1346.

3. Barker JM, Ide A, Hostetler C, Yu L, Miao D, Fain PR, Eisenbarth GS, Gottilieb PA,

2005. Endocrine and immunogenetic testing in individuals with type 1 diabetes and 21-

Page 35: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

35

hydroxylase autoantibodies: Addison`s disease in a high risk population. J Clin Endocrinol Metab 90:128-134.

4. Betterle C, Coco G., Zanchetta R. 2005 Adrenal cortex autoantibodies in subjects with

normal adrenal function. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab 19:85-99.

5. Betterle C, Pedini B, Presottto F. 1994. Serological markers in Addison's disease. In: Bhatt HR, James VHT, Besser GM, Bottazzo GF, Keen H, eds. Advances in Thomas Addison's diseases. Vol. 2. Bristol: Journal of Endocrinology Ltd; 67-84.

6. Betterle C, Scalici C, Presotto F, Pedini B, Moro L, Rigon F, Mantero F. 1988, The

natural history of adrenal function in autoimmune patientes with adrenal autoantibodies. J Endocrinol 117:467-475.

7. Betterle C, Scalici C, Presotto F, Pedrini B, Moro L, Rigon F, Mnatero F, 1988. 8. Betterle C, Volpato M, Rees Smith B, Furmaniak J, Chen S, Zanchetta R, Greggio NA,

Pedini B, Boscaro M, Presotto F 1977 II. Adrenal cortex and steroid 21-hydroxylase autoantibodies in children with organ-specific auto-immune diseases: markes of high progression to clinical Addison`s disease. J Clin Endocrinol Metab 82:939-942.

9. Betterle C, Zanchetta R, Trevisan A, et al. 1983 Complement-fixing adrenal

autoantibodies as a marker for predicting onset of idiopathic Addison's disease. Lancet 1.1238-1240.

10. De Bellis A, Bizzarro A, Rossi R, Amoresano Paglionico V, Criscuolo T, Lombardi G,

Bellastella A 1993. Remission of subclinical adrenocortical failure in subjects with adrenal autoantibodies. J Clin Endocrinol Metab 76:1002-1007.

11. De Block CE, De Leeuw IH. Vertommen JJ Roman RP, Du Caju MV, Van Cmapenhout

CM, Weyler JJ, Winnck F, Van Autreve J, Gorus FK Beta-cell, thyroid, gastric, adrenal and coeliac autoimmunity and HLA-DQ types in type 1 diabetes Clin Exp Immunol 2001 Nov; 126(2):236-41

12. De Beilis A, Bizzarro A, Rossi R, et al. 1993 Remission of subclinical adrenocortical

failure in subjects with adrenal autoantibodies. J Clin Endocrinol Metab. 76:1002-1017. 13. Diabetes Prevention Trial-Type 1 Diabetes Study Group 2002 Effect of insulin in

relatives of patients with type 1 diabetes mellitus N Engl J Med 346:1685-1691. 14. Eisenbarth GS, Gottlieb PA. Autoimmune polyendocrine syndromes. N Engl J Med

2004; 350:2068-79.

Page 36: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

36

15. Eisenbarth GS, Gottlieb PA 2004. Autoimmune polyendocrine syndromes. New Engl J Med 350:36-47.

16. Falorni A, Nikoshkov A, Laureti S, Grenbäck E, Hulting A-L, Casucci G, Santeusanio F,

Brunetti P, Luthman H, Lernmark A 1995 High diagnostic accuracy for idiopathic Addison`s disease with a sensitive radiobinding assay for autoantibodies against recombiant human 21-hydroxylase. J Clin Endocrinol Metab 80:2752-2755.

17. G. Coco et al. Estimated Risk for developing Autoimune Addison`s Disease in Patients

with Adrenal Cortex Autoantibodies. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2006; 91:1637-1645. 18. Holl RW, Böhm B. Loos U. Grabert M, Heinze E, Homoki J. Thyroid autoimmunity in

children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. Horm Res 1999; 52:113-8. 19. Huang W, Connor E, Rosa TD, Schatz D, Silverstein J, Crockett S, She JX, Maclaren

NK 1996 Although DR3-DQBl*0201 may be associated with multipli component diseases of the autoimmune polyglandular syndromes, the human leukocyte antigen DR4-DQB1*0302 haplotype is implicated only in beta-cell autoimmunity. J Clin Endocrinol Metab 81:2559-563.

20. Kordonouri O, Deiss D, Dannet T, Dorow D, Bassir C., Grüters-Kieslich A., Predictivity

of thyroid autoantibodies for the development of thyroid disorders in children and adolescentes with type 1 diabetes. Diabete Med. 2002; 19:518-21.

21. Kordonouri O, Klinghammer A., Lang EB, Grüters-Kieslich A., Grabert M, Holl RW, et

al. Thyroid autoimmunity in children and adolescents with type 1 diabetes: a multicenter survey. Diabetes Care, 2002; 25:1346-50.

22. Laureti S, Arvat E, Candeloro P, Di Vito L, Ghigo E, Santeusanio F, Falorni A 2000 Low

dose (1 g) ACTH test in the evaluation of adrenal dysfunction in pre-clinical Addison`s disease. Clin Endocrinol (Oxf) 53:107-115.

23. Laureti S, De Bellis A, Muccitelli VI, Calcinaro F, Bizzarro A, Rossi R, Bellastella A,

Santeusanio F, Falorni A. 1988 Levels of adrenocortical autoantibodies correlate with the degree of adrenal dysfunction in subjects with preclinical Addison´s disease. J Clin Endocrinol Metab 83?3507-3511.

24. Lorini R, Larizza D, Livieri C, Cammareri V, Martini A, Plebani P, et al. Autoimmunity

in children with diabetes mellitus and in their relatives. Eur J. Pediatria 1986; 145:182-4. 25. Maclaren NK, Riley WJ Inherited susceptibillity to autoimmune Addison`s disease is

linked to human leukocyte antigens-DR3 and/or DR4, except when associated with type I autoimmune polyglandular syndrome. J Clin Endocrinol Metab 1986 62:455-459.

26. Oelkers W, 1996 Adrenal insufficiency. N Engl J Med 335:1206-1212.

Page 37: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

37

27. Papadopoulos KI,, Hallengren B. 1993 Polyglandular autoimmune syndrome Type III associated with coeliac disease and sarcoidosis. Post Grad Med J. 69:72 75.

28. Radetti G, Paganini C, Gentili L, Bernasconi S, Betterle C, Borkenstein M, et al.

Frequency of Hashimoto´s thyroiditis in children with type 1 diabetes mellitus. Acta Diabetol 1995; 32:121-4.

29. Radetti G, Paganini C, Gentili L, Bernasconi S, Beterle C, Borkenstein M, Cvijovic K,

Kadmka-Lovrencic M, Krzisnic C, Battelino T, Lorini R, Marinoni S, Rigon F, Tató L, Pinelli L, Tonini G, 1995. Frequency of Hashimoto´s thyroiditis in children with type 1 diabetes mellitus. Acta Diabetol 32:121-124.

30. Ramos AJS, Costa ADM, Benício AVL, Ramos ALC, Silva CRA, Carvalho CR, et al.

Prevalência de doença tireoidiana em pacientes com diabetes tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47:177-82.

31. Riley W, Maclaren N, Rosenbloom A. 1982 Thyroid disease in young diabetics. Lancet.

2:489-490. 32. Silva RC, Monteagudo PT, Dib AS. Relação cronológica entre o aparecimento do

diabetes mellitus tipo 1 e das tiroidopatias nas síndromes poliglandulares auto-imunes (SPAS). Arq Bras Endocrinol Metab 1996; 40:180-6.

33. Scherbaum WA, Berg PA. 1982 Development of adrenocortical failure in non-addisonian

patients with antibodies to adrenal córtex. Clin Endocrinol (Oxf.), 16:345-352. 34. Yanagawa T, Mangklabruks A, DeGroot LJ. Strong association between HLA-

DQA1*0501 and Graves disease in a male Caucasian population. J Clin Endocrinol Metab 1994; 79:227-9.

35. Coco G, Dal P C, Pesoto F, Albergoni MP. Estimated Risk for Developing Autoimmune

Addison`s Disease in Patients with Adrenal Cortex :. J Clin Endocrinol Metab 2006; 86(3): 1637-1642.

36. Dittmar M., Kahaly . Polyglandular Autoimmune Syndromes: Immunegenetis amd Long-

Trm Follow – Up. J Clin Endocrinol Metab 2003;88(07):2983-2992. 37. Barker M J. Clinical Review : Type 1 Diabetes- Associated Auotoimmunity: Natural

History, Genetic Associations and Screening. J Clin Endocrinol Metab 2006;91(4): 1210-1217.

38. Fernanades, A.P.M., Maciel LMZ , Foss M C, Donaldi E A . Como entender a associação

entre o sistema HLA e as doenças auto-imunes endócrinas.Arqs Bras Enocrinol Metab 2003;47 (11) 601-611.

Page 38: AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOS ANTICORPOS ANTI-TPO … · complicações. 5. ... Tireoidite de Hashimoto - TH Tiroxina livre - T 4 livre. 10 SUMÁRIO 1. Introdução e relevância

38

39. Goldenstein DE, Drash A, Gibbs J, Blizzard RM. Diabetes Mellitus : The incidence of circulation antibodies against thyroid, gastric, and adrenal tissue. J Pediatr 77:1997(3) 304-306.

40. Souza LRO, Diehl LA, Carleto Jr DL, Garcia V, Carrilho JFA, Oliveira MF, Almeida

HGG. Prevalência de Auto-Imunidade Tireoidiana em grupo de pacientes com Diabetes mellitus Tipo 1 em Londrina, PR. Arqs Bras Endocrinol Metab 49(4)228-234.

41. Diagnosis and Classification/ Pathogenesis. In: Bode BW. Medical Management of Type

I Diabetes. 4a ed. Alexandria (Virginia): American Diabetes Association; 2004. p. 4-18. 42. Redondo MJ, Eisenbarth GS. Genetic control of autoimmunity in Type I diabetes and

associated disorders. Diabetologia 2002; 45 (5): 605-22. 43. Ziegler AG, Hummel M, Schenker M et al. Autoantibody appearance and risk for

development of childhood diabetes in offspring of parents with type 1 diabetes: the 2-year analysis of the German BABYDIAB Study. Diabetes 1999; 48 (3): 460-8.

44. Kimpimaki T, Kulmala P, Savola K et al. Natural history of beta-cell autoimmunity in

young children with increased genetic susceptibility to type 1 diabetes recruited from the general population. J Clin Endocrinol Metab 2002; 87 (10): 4572-9.

45. Ketchum CH, riley WJ, Maclaren NK. Adrenal dysfunction in asymptomatic patients

with adrencortical autoantibodies; J Clin Endocrinol Metab 2001 53(6): 913-918 46. Steck AK, Bugawan TL, Valdes AM et al. Association of non-HLA genes with type 1

diabetes autoimmunity. Diabetes 2005; 54 (8): 2482-6.