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AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA MÉDIO RIO CHAPECÓ CAPÍTULO 04 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS Dezembro de 2016 887

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AVALIAÇÃO AMBIENTAL

INTEGRADA

MÉDIO RIO CHAPECÓ

CAPÍTULO 04

IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

Dezembro de 2016

887

AAI – Médio Rio Chapecó

CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

DESENVOLVER – Engenharia e Meio Ambiente. CNPJ/MF: 19.335.965/0001-63. Rua 7 de Abril, 3489. Bairro Parque Jardim Ouro – Ouro/SC. CEP: 89.663-000. Fone: 49 9927-2232 ou 49 3555-5940.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAI Avaliação Ambiental Integrada

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APP Área de Preservação Permanente

CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CGH Central Geradora Hidrelétrica

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

FATMA Fundação do Meio Ambiente

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

NA Nível de Água

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PIB Produto Interno Bruto

TVR Trecho de Vazão Reduzida

UHE Usina Hidrelétrica

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Níveis de água atual (rio atual) e posteriormente com a instalação das PCHs em

vazão normal (QMLT)......................................................................................................... 566

Figura 2 - Gráfico dos níveis d'água e velocidade - Cenário 50% da Q98% ...................... 567

Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média–

Nitrito e Nitrato. .................................................................................................................. 568

Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média -

Fósforo. .............................................................................................................................. 569

Figura 4. Riqueza potencial de vertebrados no alto rio Uruguai, vermelho indica alto

potencial, lilás baixo potencial. ........................................................................................... 571

Figura 6 - Alteração no MQA entre a análise de não instalação e instalação das PCHs no

trecho de inventário, mostrando que com a recomposição das APPs, algumas regiões de

análise apresentam melhoria nas métricas da paisagem em relação ao Cenário atual. ..... 574

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo dos aproveitamentos hidrelétricos no trecho de estudo, e suas

respectivas áreas de reservatório, APP e potência. ........................................................... 573

Tabela 3 - Proporção de área de preservação projetada por área efetiva alagada das PCHs

propostas no trecho de estudo do Rio Chapecó. ................................................................ 573

Tabela 4 - Relação entre as áreas alagadas e a potência média instalada dos

empreendimentos propostos. ............................................................................................. 575

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SUMÁRIO

10 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS ......................................................... 558

10.1 USO DOS RECURSOS HÍDRICOS ....................................................... 559

10.1.1 Aspectos quantitativos ................................................................. 559

10.1.2 Aspectos qualitativos .................................................................... 560

10.1.3 Aspectos ecológicos ..................................................................... 561

10.2 Fauna relacionada ao ecossistema aquático ......................................... 561

10.2.1 Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a

ictiofauna migradora...................................................................................... 561

10.3 FAUNA RELACIONADA AOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES .......... 570

10.4 Flora relacionada ao ecossistema terrestre ........................................... 571

10.5 Flora relacionada ao ecossistema aquático ........................................... 577

10.5.1 Flora Reofítica ................................................................................ 577

10.5.2 Macrófitas Aquáticas ..................................................................... 577

10.6 INFRAESTRUTURA............................................................................... 578

10.6.1 Atividades turísticas e Impacto em áreas de relevância cênica 578

10.6.2 Alteração na taxa de emprego ...................................................... 579

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10 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

A gestão de recursos naturais no Brasil é voltada principalmente para a

garantia de padrões de qualidade ambiental. Essa visão foi solidificada na Constituição

de 1988, e baseia-se na premissa da existência de um estado ideal da natureza. Essa

visão da natureza estanque atribui à ação humana um papel de modificador da

natureza, como se o homo sapiens fosse de alguma forma dissociado dela; e não

parte integrante e fundamental da natureza (vide BOTKIN, 2012, e BOTKIN, 1990).

Segundo ANDERSON & LEAL (2001), um conflito ocorre quando há demandas

concorrentes de usos dos mesmos recursos. E é deste assunto que trata esse

capítulo: a identificação de usos concorrentes de recursos naturais na bacia do Médio

e Alto Rio Chapecó, os quais serão avaliados nos próximos capítulos.

A pesquisa e a análise de dados diagnosticadas nesta AAI, possibilitou a

equipe multidisciplinar, obter uma visão clara e objetiva dos principais conflitos

potenciais decorrentes das ações para promover os aproveitamentos hidrelétricos do

Médio Rio Chapecó (PCH Barreiros, PCH Criciúma, PCH Araçá e Aparecida). Sendo

ferramenta de análise fundamental para identificar a ocorrência de possíveis impactos

sinérgicos e cumulativos que poderão ocorrer com a instalação dos empreendimentos

hidrelétricos supracitados.

A interface firmada com os órgãos de gestão de recursos hídricos, em especial

CASAN e FATMA, também foi um fator fundamental para incorporar e aprofundar

esses aspectos conflitantes no estudo de AAI. Dentre as características sociais e

ambientais do Médio e Alto Rio Chapecó, foram identificados os seguintes aspectos

potencialmente conflitantes com os aproveitamentos hidrelétricos propostos no trecho

entre os níveis 835,00 m e 757,00 m.

Uso dos recursos hídricos

Aspectos quantitativos

Aspectos qualitativos

Aspectos ecológicos

Fauna relacionada ao ecossistema aquático

Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a ictiofauna

migradora

Espécies da ictiofauna de interesse pesqueiro

Impactos das PCHs na composição da ictiofauna e correlação com

aspectos quantitativos e qualitativos dos recursos hídricos

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não nas referências

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Impactos das PCHs na composição da comunidade de Phrynops

williamsi do médio e alto Rio Chapecó

Fauna relacionada aos ecossistemas terrestres

Flora relacionada ao ecossistema terrestre

Flora relacionada ao ecossistema aquático

Infraestrutura

Atividades turísticas e impacto em áreas de relevância cênica

Conflitos de uso da terra

Alteração na taxa de emprego

Incremento do valor adicionado fiscal municipal

10.1 USO DOS RECURSOS HÍDRICOS

10.1.1 Aspectos quantitativos

Destaca-se que as PCHs inventariadas nas cotas 835,00 m e 757,00 m, que

são os principais objetos de análise nesta AAI, são PCHs a “fio d'água”, ou seja, não

possuem capacidade de armazenamento de água, o que, dessa forma, não afeta a

disponibilidade do recursos hídrico em aspecto quantitativo. A exceção de alguma

forma pode ser o lago da PCH Barreiros que possui 207,85 ha de área alagada

incluindo a calha do rio, sendo 76, 10 de calha natural do rio e 131,75 ha de área

efetivamente alagada, segundo informações do projeto básico (CONSTRUNÍVEL,

2015).

A demanda hídrica para uso consuntivo na região do inventário do médio

Chapecó é bastante reduzida, com vazão de retirada estimada em 0,1237 m²/s no

cenário atual, o que representa aproximadamente 1% da vazão disponível em 98% do

tempo (Q98 equivalente a 10,8 m²/s). Mesmo considerando as projeções de demanda

hídrica futura na região, para o ano de 2047, estima-se que o percentual entre

demanda e disponibilidade fique inferior a 3% da vazão de referência.

Segundo ANA (2015), o balanço hídrico entre disponibilidade e demanda

hídrica é bastante confortável em todo o Rio Chapecó é classificado como “Excelente”.

No trecho específico do inventário em análise pode-se confirmar, através dos estudos

apresentados anteriormente, que o balanço hídrico de fato não é um aspecto

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não citada no texto da AAI. Na tabela 28 é citada Phrynops hilarii em dados secundários
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preocupante e relevante em escala regional. Não se identificou qualquer conflito de

uso dos recursos hídricos quanto ao aspecto quantitativo no cenário atual.

Com a implantação dos empreendimentos hidrelétricos inventariados no médio

Chapecó a condição entre disponibilidade e demanda não será alterada em escala

regional uma vez que empreendimentos hidrelétricos não consomem água

efetivamente. Em alguns arranjos inventariados, com trecho de vazão reduzida, há um

desvio de grande parte da água de um ponto ao outro do rio, podendo haver nesses

casos conflitos locais em termos quantitativos (somente nos TVRs). Porém, no cenário

atual, não se identificou qualquer uso relevante nesses trechos de vazão reduzida que

pudesse gerar conflitos quanto ao aspecto quantitativo. O único ponto de captação de

água para abastecimento público na região se localiza a jusante dos empreendimento,

em Abelardo Luz, onde o balanço hídrico não é alterado pelos empreendimentos.

Mesmo que haja conflitos ao longo dos trechos de vazão reduzida, esses conflitos

serão pontuais e deverão ser identificados e minimizados durante sua fase de

licenciamento (EIA-RIMA) e operação.

10.1.2 Aspectos qualitativos

A criação de reservatórios altera os aspectos hidráulicos, e consequentemente

as condições de qualidade das águas. Dadas as características ocupacionais,

atividades socioeconômicas e turísticas relacionadas com a qualidade dos recursos

hídricos da bacia e, caracterizadas nesta AAI, destacando ainda, a existência da

captação de água para abastecimento público da CASAN instalada no município de

Abelardo Luz, os impactos sobre as possíveis alterações de qualidade da água foram

tratados de maneira especial na AAI.

De forma genérica, além do aspecto quantitativo, conflitos de uso dos recursos

hídricos podem ocorrer pelos aspectos qualitativos, em que o desenvolvimento de uma

atividade pode alterar o padrão de qualidade de água a tal ponto que prejudique ou

inviabilize outro uso requerido na bacia.

O diagnóstico do padrão de qualidade de água no cenário atual indicou que a

qualidade na região dos empreendimentos inventariados possuem padrão de

qualidade “Boa”, mesmo com valores elevados de coliformes e algumas violações das

concentrações de DBO. Observou-se ainda que o nível trófico na região tenha

variações entre ultraoligotrófico a mesotrófico, com concentrações de fósforo e

clorofila a abaixo do limite da classe do rio.

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Os resultados da modelagem de qualidade de água indicam que a implantação

das PCHs não irá alterar a qualidade de água de forma significativa e negativa. Porém,

é importante ainda destacar que poderá haver impactos negativos sobre a qualidade

de água de forma localizada em algumas regiões do reservatório não identificadas

nesta escala de análise e também nos trechos de vazão reduzida que possuírem

aportes significativos de matéria orgânica e nutrientes.

Conforme mostrado no diagnóstico, que analisou dados históricos de qualidade

de água em diversas regiões do Rio Chapecó, não foram observadas qualquer

alteração da qualidade de água significativas nas regiões com empreendimentos

hidrelétricos em operação, com exceção do oxigênio dissolvido nos grandes

reservatórios que apresentou certa estratificação, como UHE Quebra-Queixo. Por se

tratar de reservatórios ainda menores, os resultados apontam que as PCHs

inventariadas no trecho médio do Rio Chapecó não trarão impactos negativos de

forma significativa em seu trecho e no trecho de captação de água de Abelardo Luz, e

nem possuem capacidade de inviabilizar outros usos quanto ao aspecto qualitativo.

10.1.3 Aspectos ecológicos

Os potenciais conflitos vinculados a qualidade ecológica da bacia foram

analisados tendo em vista as interfaces com a fauna aquática e terrestre, as quais são

abordadas nos itens a seguir.

10.2 FAUNA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA AQUÁTICO

10.2.1 Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a ictiofauna

migradora

Espécies migradoras de peixes necessitam de longos trechos de rio livre,

utilizando basicamente três tipos de ambiente dentro da bacia hidrográfica, para

completar seu ciclo de vida: área de desova, de crescimento e alimentação. As

chamadas áreas de desova correspondem normalmente às áreas de cabeceira dos

rios e é nessa direção que ocorre o movimento migratório no período reprodutivo. A

desova ocorre sempre no mesmo local, geralmente acima do local de alimentação dos

adultos. A corrente predominante carrega os ovos e as larvas para áreas onde se

desenvolverão. Neste local, os jovens se alimentarão e crescerão até atingirem

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discutir gráfico de comparação das vazões

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determinado tamanho para se unirem ao estoque principal. A característica cíclica

desses eventos é o que assegura a manutenção das populações.

Esses movimentos migratórios ocorrem sazonalmente e são, normalmente,

modulados por fatores ambientais, dentre eles, a qualidade da água, temperatura e o

regime de chuvas, definindo dessa forma a reprodução em espécies migradoras

tropicais e subtropicais em períodos que variam entre setembro e março, época que

coincide com temperaturas mais elevadas e regime hídrico mais intenso (HILSDORF &

MOREIRA, 2008). Existem ainda diferenças pronunciadas em relação à distância de

migração e podemos considerar que o trecho mínimo necessário para uma espécie

migrar e completar o seu ciclo reprodutivo varia entre espécies e a bacia considerada.

A migração é necessária para o desenvolvimento das gônadas (ovários e testículos),

maturação dos gametas e posterior desova. Além disso, sabe-se que a migração

reprodutiva, rio acima, ocorre para permitir a dispersão dos ovos e larvas dos peixes

(Hilsdorf & Moreira, 2008).

Neste aspecto, a jusante do trecho da bacia em análise encontra-se como

ponto inicial utilizado neste estudo a UHE Quebra-Queixo que com sua instalação

criou uma grande barreira para a ictiofauna migradora no Rio Chapecó e a jusante

desta o Salto Saudades, que já age como uma barreira natural para o processo de

migração de diversas espécies de peixes. Desta forma, não esperados impactos sobre

espécies migradoras de longa distância no trecho em análise do Rio Chapecó, tendo

em vista que este já se encontra compartimentado a jusante do trecho analisado.

Deve-se atentar para os processos de isolamento populacional gerados por

esta compartimentação, pois mesmo sem processo migratórios de longa distância, os

processos de deslocamentos populacionais contribuem para a manutenção gênica das

populações. Desta forma, aumentando sua variabilidade e tornando-as menos

suscetíveis á doenças e defeitos genéticos, ou processos de extinção local de

espécies (GOUSKOV, 2016). Ressalta-se que processos de solturas de peixes,

podem não ser benéficos para resolver o problema de variabilidade genética, podendo

até mesmo prejudicar as populações locais (HSU et al., 2015).

Dentre as espécies de peixes migradoras de longa distância e/ou ameaçadas

de extinção presentes no baixo Rio Chapecó e ausentes no médio Rio Chapecó,

destaca-se o dourado (Salminus brasiliensis) registrado apenas a jusante do

barramento da UHE Quebra-Queixo e Salto Saudades, na foz do rio Chapecozinho,

tendo ocorrido a captura de apenas um exemplar por Meurer et al. (2008). Local onde

também foram capturados os exemplares de suruvi (Steindachneridion scriptum;

Meurer et al., 2008). Assim, as espécies ameaçadas e migradoras de longa distância

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de que modo a alteração drástica incluiencia no movimento migratorio, uma vez que, a diminuição da vazão em certos trecho poderá limitar ou impedir o carregamento dos os ovos e das larvas para áreas onde se normalmente se desenvolverão.
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proposta de medida mitigadora?

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registradas no trecho de bacia em análise encontram-se impedidas de deslocar-se

para áreas do alto Rio Uruguai.

10.2.1.1 Espécies da ictiofauna de interesse pesqueiro

Dentre as espécies registradas no trecho da bacia em análise há oito espécies

consideradas como de interesse pesqueiro: Acestrorhynchos pantaneiro, Oligosarcus

jenynsii, Salminus brasiliensis, Rhamdia quelen, Steindachneridion scriptum,

Pimelodus maculatus, Prochilodus lineatus e Pseudopimelodus mangurus (ZANIBONI-

FILHO et al., 2004). Quase todos registrados entre os municípios de Ipuaçu e São

Domingos nas áreas de influência da UHE Quebra-Queixo (MEURER et al., 2008),

onde cabe destacar que as espécies migradoras de longa distância foram levantadas

somente no ponto de coleta e monitoramento da UHE Quebra Queixo a jusante do

Salto Saudades (baixo Rio Chapecó).

Destas espécies 87,5% (s=7) tiveram uma constância de 33,33%, sendo

consideradas espécies acessórias. Apenas uma espécie é considerada constante,

com uma constância de 66,67%, sendo Rhamdia quelen. Desta forma, não são

esperados grandes conflitos devido aos impactos de empreendimentos hidrelétricos

sobre estoque pesqueiros usados para fins comerciais no médio e alto Rio Chapecó.

10.2.1.2 Impactos das PCHs na composição da ictiofauna e Correlação com aspectos quantitativos e qualitativos do recursos hídricos

A natureza e a intensidade dos impactos decorrentes das modificações

hidrológicas impostas pelos represamentos dependem das peculiaridades da fauna

local, tais como padrões de migração e pré-adaptações a ambientes lacustres, e das

características do reservatório, tais como localização, morfologia, hidrologia, desenho

da barragem, vazão e tipo de barramento. Nesse sentido, cada lago, depois de

formado afeta a comunidade íctica de uma forma particular, e em geral, de uma forma

imprevisível, embora algumas características do empreendimento possam ajudar a

dimensionar de alguma forma a magnitude dos impactos.

Em decorrência do represamento, ocorrem alterações na dinâmica do corpo

hídrico, como: tempo de residência, profundidade, nível de água, ocasionando assim

maior retenção de nutrientes e como consequência alterações nas comunidades.

Rodrigues & Bicudo (2001) citam que distúrbios de intensidade baixa a moderada

promovem o aparecimento de novas espécies, bem como a substituição de outras. A

formação de barragens fragmenta habitats, isolando populações, interferindo no fluxo

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gênico. Em ambiente represado, um efeito inevitável é a alteração na abundância de

espécies com a eventual eliminação de alguns componentes ictiofaunísticos e

favorecimento de outros (Novakowski et al., 2007).

De acordo com os projetos de engenharia do conjunto das PCHs estudadas

neste trecho do rio, verifica-se que os barramentos são projetados com vertedouro que

serão do tipo soleira livre localizado no trecho de concreto do Barramento, não

permitindo, portanto conexão montante-jusante.

Muitos empreendimentos a fim de auxiliar no deslocamento reprodutivo contam

com escada de peixe, para manter o contato jusante-montante. Na ausência de

barragens, essas espécies nadam rio acima em busca de áreas adequadas para a

desova, normalmente situadas em afluentes nas cabeceiras dos rios: é a chamada

piracema. Os ovos e larvas fazem a viagem em sentido contrário, levados pela

correnteza, amadurecendo ao longo do caminho de água turbulenta. Entretanto

estudos indicam que tais escadas são uma armadilha para espécies tropicais,

aumentando o risco de extinção das populações que vivem rio abaixo nas barragens.

O principal problema relacionado às escadas é que depois de subir os peixes não

voltam mais, não completam seu ciclo reprodutivo, eles acabam confinados no trecho

acima do reservatório, onde é o ambiente mais pobre para reprodução. O

deslocamento de ovos e larvas rio abaixo também é complicado, haja vista que muitos

morrem no lago, ou acabam nas turbinas. A área a jusante também se torna refeitório

para predadores como aves aquáticas e peixes carnívoros (AGOSTINHO et al., 2007).

No ecossistema do rio, os diferentes habitats contidos neste, desempenham

importante papel na integridade ecológica, sendo que os peixes utilizam as dimensões

espacial e temporal do nicho de várias maneiras (TEIXEIRA et al., 2005). Como a

diversidade de peixes nos riachos é função da diversidade de habitats, habitats

aquáticos com alta heterogeneidade espacial favorecem a estrutura das comunidades

com alta diversidade já que permite a presença de diferentes organismos, em termos

morfológicos e estruturais, para explorar com sucesso os nichos disponíveis (FREITAS

et al., 2005). Como a regulação do fluxo pode provocar o decréscimo da velocidade e

profundidade de um rio, a perda imediata de habitats (BRASHER, 2003) e

consequentemente de diversidade são esperadas. O ambiente lêntico formado pelo

represamento propicia o predomínio de espécies generalistas de pequeno e médio

porte, especialmente das ordens Characiformes, com hábitos sedentários e elevado

potencial reprodutivo, as quais encontram no ambiente represado elevada

disponibilidade de recursos alimentares.

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Dentre as espécies ressalta-se um possível incremento nas populações das

“piranhas” Serrasalmus maculatus (a qual não foi capturada na área, mas encontra-se

presente na bacia), uma vez que a história de colonização destas em reservatórios da

região é descrita, em especial, para a UHE Itá, onde houve um rápido aumento de

suas populações (ZANIBONI-FILHO & NUÑER, 2008). Também poderá haver um

incremento na população de Acestrorhynchus pantaneiro (nativa). No reservatório de

Itá, está espécie apresentou um crescimento de 130 vezes na sua participação na

estrutura da comunidade de peixes (ZANIBONI-FILHO & NUÑER, 2008). Espécies

como Oligosarcus brevioris e Oligosarcus jenynsii também tendem a ter um aumento

populacional. Estas espécies de peixe-cachorro obtêm vantagens em ambientes de

águas lênticas, devido seu habito alimentar piscívoro, pois espécies utilizadas para

sua alimentação como os lambaris: Astyanax fasciatus, Astyanax scabrippinis e

Astyanax bimaculatas também apresentarão aumento de sua população. Ademais, a

alteração do ambiente provoca o inverso a outras espécies, as quais dependem de

condições específicas para sua sobrevivência e conclusão de seu ciclo de vida. Dentre

estas, pode-se citar os “cascudos”, os quais são dependentes de locais com fundo

pedregoso para o forrageamento, abrigo e deposição de ovos.

As alterações na hidrologia proporcionadas pelos processos de

operação das usinas em efeito cascata causam instabilidade na comunidade de peixes

de montante e jusante, especialmente durante os primeiros anos após o barramento,

resultando, geralmente na diminuição de sua diversidade (AGOSTINHO et al., 2007;

ARAÚJO & SANTOS, 2001). Os reservatórios são caracteristicamente muito

produtivos nos primeiros anos após o represamento, especialmente se as áreas

inundadas forem de pastagem ou de agricultura. A fase de enchimento é um período

que requer observação constante visto que os fenômenos físico-químicos são muito

rápidos e as consequências sobre as comunidades biológicas podem ser dramáticas.

De maneira geral, é esperado que a comunidade ictiofaunística a montante

(futuros lagos) seja alterada, em especial com a diminuição de algumas populações

com menor pré-adaptação a ambientes lênticos como cascudos e um aumento

populacional de lambaris, peixe-cachorro e talvez piranhas. Também deve ser levado

em consideração que este trecho de rio avaliado apresenta várias corredeiras as quais

serão afogadas com a formação do reservatórios, salienta-se que os efeitos

supracitados serão diminutos na PCH Aparecida a qual não possui área alagada e de

maiores magnitudes nos demais lagos das propostas PCHs, conforme ilustrado na

imagem abaixo onde o mesmo ilustra os níveis de água atual (rio atual) e

posteriormente com a instalação das PCHs em vazão normal (QMLT).

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CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

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Figura 1 - Níveis de água atual (rio atual) e posteriormente com a instalação das PCHs em vazão normal (QMLT).

720

740

760

780

800

820

840

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Co

ta (

m)

Distância (km)

Nivel d'água (NA) - QMLT

NA sem PCHs

NA com PCHs

Fundo do canal sem PCHs

Fundo do canal com PCHs

Eixo da PCH Barreiros

Eixo da PCH Criciúma

Eixo da PCH Araçá

Eixo da PCH Aparecida

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.

Do conjunto de PCHs avaliadas neste estudo, todas possuem trechos de vazão

reduzida. O fluxo da correnteza dos ecossistemas lóticos é o maior determinante de

habitats e, consequentemente, o principal determinante da composição biótica nestes

ambientes. Em rios pode ser encontrada uma intima associação entre habitat físico,

algas, plantas aquáticas, invertebrados e peixes.

Dentre os efeitos negativos reportados no trecho de vazão reduzida, destacam-

se alterações na composição taxonômica, declínio da riqueza e densidade, aumento

da competição por espaço físico e alimento, favorecimento da predação, diminuição de

habitats (DEWSON et al., 2007). Nos trechos a jusante dos reservatórios as vazões

residuais de baixa magnitude alteram a qualidade da água e a disponibilidade de

habitats para crescimento e forrageamento da biota sendo responsáveis pela redução

ou mesmo eliminação de algumas comunidades aquáticas. O fluxo de água lento e

constante interfere nos fatores abióticos mais importantes para a estrutura das

comunidades destacando-se a textura do sedimento, a temperatura e os teores de

oxigênio dissolvido na água, conforme simulações de nível e qualidade da água

realizados neste estudo e ilustrados abaixo.

As PCHs Barreiros, Criciúma e Araçá possuem um trecho de vazão reduzida

significativo, com 5070 metros, 2760 metros e 3500 metros, respectivamente. Já na

PCH Aparecida a distância é curta, de pouco mais de 500 metros.

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Com a análise de modelagem hidráulica, constatou-se que as maiores

influências com relação a diminuição dos níveis de água nos TVRs, será com a vazão

de QMLT, onde boa parte das vazões é desviada do rio para a geração de energia nas

PCHs. Com a implantação dos barramentos e consequente formação dos trechos de

vazão reduzida, observam-se reduções do nível d’água nas PCHs. Dentre estas, a

redução mais acentuada encontra-se no trecho de vazão reduzida da PCH Araçá, com

uma diminuição de 97 centímetros no nível d’água

Já em épocas de estiagem, em que a vazão do Rio Chapecó é igual a 50% da

Q98%, não há vazão sendo turbinada pelas PCHs, logo não há desvio de vazão,

sendo geralmente as vazões de estiagens com reservatórios de PCHs, maiores do

que atualmente quando situação natural de rio.

Figura 2 - Gráfico dos níveis d'água e velocidade - Cenário 50% da Q98%

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

710

730

750

770

790

810

830

850

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Ve

loci

dad

e (

m/s

)

Co

ta (

m)

Distância (km)

Nivel d'água (NA) x Velocidade - 50% da Q98%

Fundo do canal NA sem PCHs NA com PCHs Velocidade no canal sem PCHs Velocidade no canal com PCHs

Eixo da PCH Aparecida

Eixo da PCH Araçá

Eixo da PCH Criciúma

Eixo da PCH Barreiros

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.

Em geral, os resultados da modelagem indicaram que a implantação das PCHs

inventariada não irá alterar de maneira negativa as concentrações de oxigênio

dissolvido, DBO, nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e fósforo.

É importante, ainda, destacar que poderá haver impactos negativos sobre a

qualidade de água de forma localizada em algumas regiões do reservatório não

identificadas nesta escala de análise e, também, nos trechos de vazão reduzida que

possuírem aportes significativos de matéria orgânica e nutrientes. Com a criação de

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trechos de vazões reduzidas, a qualidade de água nesses trechos fica condicionada

às concentrações dos tributários presentes neles.

Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média– Nitrito e Nitrato.

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.

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Figura 4 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média - Fósforo.

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.

A jusante da casa de máquinas com a vazão turbinada os impactos com a

fauna aquática tendem a ser menores, entretanto toda a distribuição de nutrientes é

afetada no sentido longitudinal do rio, interferindo no equilíbrio da biota aquática.

Para minimizar os efeitos supracitados, sugere-se que trechos livres eleitos no

inventário hidrelétrico em questão, sejam mantidos e consequentemente a diversidade

e riqueza de espécies que dependam destes ambientes para manter seu ciclo de vida.

Também se percebe que atualmente a jusante da proposta PCH Aparecida

existe trecho livre de rio com aproximadamente 15.000,00 metros até o remanso do

lago da PCH São Domingos e a montante da PCH Barreiros também de 15.000,00

metros até a casa de força da PCH Rondinha em operação. Entre as PCHs

inventariadas e em estudo o maior trecho livre de rio esta entre o final da PCH

Aparecida e a casa de força da PCH Araçá com 11.035,00 metros.

10.2.1.3 Impactos das PCHs na composição da comunidade de Phrynops williamsi do Médio e Alto Rio Chapecó

Na bacia do Rio Chapecó há o registro de duas espécies de cágados,

Phrynops hilarii e Phrynops williamsii, a primeira espécie foi registrada durante o

enchimento do lago na UHE Quebra-Queixo (HARTMANN E GIASSON, 2008) e a

segunda foi registrada entre os municípios de Quilombo e Marema, abaixo da

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confluência do rio Chapecozinho (SPIER et al., 2011). Assim é possível que parte do

deslocamento destas espécies para áreas a montante do UHE Quebra-Queixo estão

agora dificultadas devido à implantação deste empreendimento, além de

provavelmente as temperaturas mais baixas nas áreas do alto Rio Chapecó

dificultarem a sobrevivência de répteis aquáticos.

Desta forma, não são esperados conflitos dos empreendimentos com répteis

deste gênero. No entanto, para instalação de novos empreendimentos na bacia estes

devem atentar-se para a possível presença de Phrynops williamsi, devido à esta

espécie ser Vulnerável de extinção em Santa Catarina e também por ser espécie alvo

do Plano de Ação Nacional para Conservação de Anfíbios e Répteis do Sul do Brasil

(PORTARIA ICMBio nº 25/2012).

10.3 FAUNA RELACIONADA AOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES

A instalação de empreendimentos hidrelétricos também pode gerar conflitos no

âmbito da conservação ambiental. Especialmente devido ao trecho da bacia abranger

remanescentes de áreas florestais e campos naturais, abrigando diversas espécies

ameaçadas ou em declínio populacional conforme o diagnóstico apresentado no

capítulo sobre ecossistemas terrestres.

Porém conforme observado na análise de ecologia da paisagem que os

impactos relacionados a implantação das quatro PCHs inventariadas e aqui

analisadas, são irrelevantes com relação a fragmentação florestal da bacia como um

todo.

A instalação de empreendimentos pode resultar na supressão de áreas usadas

por diversas dessas espécies. Porém, deve-se atentar também que muitos locais da

bacia são usados para fins agropecuários, muitas vezes em áreas que seriam APPs.

Desta forma, um controle adequado e planejado do uso do solo, poderia resultar em

uma melhor sustentabilidade entre empreendimentos hidrelétricos, APPs e áreas

agrícolas.

Ainda conforme o projeto FRAG-RIO o trecho de bacia hidrográfica abordado

no presente estudo está localizado em área intermediária entre as consideradas de

alto e baixo potencial de riqueza de espécies conforme demonstra a figura abaixo.

Fato também reforçado pelos dados obtidos no diagnóstico apresentado no capítulo

do meio biótico, em que quase todos os grupos taxonômicos estudados tiveram

registros de elevadas riquezas de espécies. Com a avifauna possuindo 351 espécies,

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das quais 4,27% apresentam algum grau de ameaça; herpetofauna com 76 espécies e

uma vulnerável de extinção; e mastofauna com 71 espécies, das quais 19,71%

possuem algum grau de ameaça.

Esses dados refletem a importância da região do médio e alto Rio Chapecó

para fins de conservação destes grupos, o fato de nenhuma destas espécies

ameaçadas serem considerada como constantes, ou seja, registradas em mais de

50% dos municípios do trecho em análise, reflete que estas já possuem uma elevada

raridade na bacia. Desta forma, a inserção de empreendimentos em áreas que

possam já ter o registro de ocorrência de espécies ameaçadas na bacia pode

potencializar seus impactos ambientais, devendo tais instalações incidir

preferencialmente em áreas sem a proximidade de tais espécies.

Figura 5. Riqueza potencial de vertebrados no alto rio Uruguai, vermelho indica alto potencial, lilás baixo potencial.

Fonte: Projeto Frag-Rio.

10.4 FLORA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA TERRESTRE

A partir das considerações da flora arbórea, apontadas no capítulo de

ecossistemas terrestres, onde se afirma que os fragmentos presentes nas áreas

estudadas sob influência dos empreendimentos projetados configuram-se de

ambientes perturbados florísticamente e com visíveis sinais de degradação das

florestas.

O cenário atual é produto do desenvolvimento humano, o qual seja pela

abertura das florestas para exploração dos recursos naturais, seja pelo avanço das

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fronteiras agrícolas, acarreta na diminuição das áreas de preservação e fragmentos de

matas e consequentemente na perda da biodiversidade regional. Em contexto geral,

este panorama da paisagem repercute diretamente em uma visão de áreas

fragmentadas, configurando um mosaico de múltiplos uso do solo pela economia

agrossilvipastoril predominante na região.

Neste sentido, visando a manutenção e conservação biológica, a atual

legislação em vigor, exige a delimitação das Áreas de Preservação Permanente ao

longo dos cursos hídricos em território nacional. Esta exigência, além de promover a

proteção da biodiversidade, dirige também a preservação da qualidade das águas dos

rios, em função do papel ecológico da vegetação ciliar. As áreas de preservação

permanente promovem também a interação e migração da fauna ao longo dos rios,

uma vez que, é desenvolvida uma faixa de vegetação que acompanha os gradientes

do curso hídrico.

De acordo com o novo Código Florestal, lei nº: 12.651 e lei n°:12.727 (BRASIL,

2012):

Art. 4o: Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou

urbanas, para os efeitos desta Lei:

(...) II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;

Pelo exposto, os empreendimentos projetados ao longo do trecho do médio Rio

Chapecó, estão submetidos à legislação citada, sendo portanto necessária a criação

de uma faixa de 30 metros de APP em cada margem, a partir do limite normal do nível

dos reservatórios.

A partir dos projetos básicos de cada empreendimento, as áreas de

reservatório, APP’s das margens e potências seguem resumidas na tabela abaixo.

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Tabela 1 - Resumo dos aproveitamentos hidrelétricos no trecho de estudo, e suas respectivas áreas de reservatório, APP e potência.

Aproveitamento Área do

Reservatório (ha)

Calha do rio

Área alagada

(ha)

Área da APP30m

(ha)

Potência Instalada

(MW)

Potência Média

Gerada (MW)

PCH Barreiros 207,85 76,10 131,75 98,82 22,14 12,48

PCH Criciúma 77,23 37,36 39,84 42,5 6,70 3,74

PCH Araçá 54,71 41,25 13,46 50,66 3,30 1,79

PCH Aparecida 1,16 0,28 0 0,38 7,60 4,19

TOTAL 340,04 153,46 186,58 192,36 39,74 22,20

* incluso área da calha do rio Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.

Observa-se que em conjunto, os empreendimentos promoverão uma área

alagada de 340,04 hectares, a qual corresponderá uma área de preservação de

192,36 hectares. De forma individualizada, as PCHS Araçá, Criciúma e Aparecida,

configuram as menores áreas de preservação (93,54), distinto caso da PCH Barreiros,

cuja influência do proposto reservatório proporcionará uma área de preservação de

98,82 hectares.

A tabela abaixo ilustra a proporção de APP criada por área efetiva alagada, a

qual inclui as áreas dos reservatórios com as áreas das calhas do rio. Pode ser

registrado que as PCHs Aparecida e Araçá configuram valores mais elevados de área

preservada por área efetiva alagada. Já as PCHs Criciúma e Barreiros envolvem

menores proporções, isso se deve ao fato do elevado tamanho dos reservatórios

propostos influenciarem maiores áreas de preservação, o que afeta a média calculada.

Tabela 2 - Proporção de área de preservação projetada por área efetiva alagada das PCHs propostas no trecho de estudo do Rio Chapecó.

Aproveitamento

Potência

Média Gerada

(MW)

Área

alagada

(ha)

Área efetiva

alagada

Área da

APP30m

(ha)

APP criada

/Área

Efetiva

Alagada

PCH Barreiros 12,48 207,85 131,75 98,82 0,75

PCH Criciúma 3,74 77,23 39,84 42,5 1,07

PCH Araçá 1,79 54,71 13,46 50,66 3,76

PCH Aparecida 4,19 1,16 0 0,38 0,00

Total 22,20 340,04 185,05 192,36 1,03

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.

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Para melhor explicar a tabela acima, obtemos em paralelo resultados de

métricas da paisagem, onde foi calculada a alteração nas métricas da paisagem após

a devida recomposição das APPs no entorno dos aproveitamentos (PCHs do

inventário em questão). Para os fins da análise, se considerou a recomposição mais

conservadora possível, com APPs de 30m. Os resultados são apresentados abaixo:

Figura 6 - Alteração no MQA entre a análise de não instalação e instalação das PCHs no trecho de inventário, mostrando que com a recomposição das APPs, algumas regiões de análise apresentam melhoria nas métricas da paisagem em relação ao Cenário atual.

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.

Analisando os resultados, das alterações imediatas após a implantação dos

aproveitamentos, 70 regiões de análise na bacia tem resultados negativos; após a

recomposição das APPs 46 regiões de análise continuam com resultados negativos,

ao passo que 24 regiões de análise apresentam melhorias dos indicadores da

paisagem. Contudo, ainda que os resultados apresentem mais regiões com pior dos

indicadores da paisagem que regiões com efetiva melhoria, alguns pontos merecem

atenção:

Mesmo considerando-se o as alterações ocorridas entre o Cenário atual e logo

após a implantação dos aproveitamentos, somente 70 (2,01%) das 3.470 regiões de

análise são impactadas, demonstrando que os impactos são localizados.

A recomposição das APPs afeta positivamente 24 regiões de análise (0,7% do

total). Porém, esse porcentual considera a recomposição de apenas 30m de APP,

indiscriminadamente. Estudos mais aprofundados no licenciamento ambiental de cada

empreendimento, realizados em escalas maiores, podem apontar oportunidades de

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melhoria de conectividade, diminuição da fragmentação, e efetiva compensação da

perda de cobertura existente.

Com base nos dados apresentados, algumas conclusões podem ser tomadas

nesse presente momento:

Os impactos sobre a paisagem são localizados, e afetam parte reduzida da

bacia.

Parte desses impactos são compensados mesmo se tomando como base uma

recomposição mínima das APPs, sem otimização das mesmas.

Estudos subsequentes podem apontar otimizações nas APPs, melhorando os

indicadores de conectividade, cobertura florestal e fragmentação. Esses estudos

devem ser realizados em escalas maiores para cada aproveitamento.

A próxima tabela exibe a relação entre área alagada e a potência média do

aproveitamento instalado, onde se observa um melhor aproveitamento de área

alagada em termos energéticos da PCH Barreiros, em relação às demais.

Tabela 3 - Relação entre as áreas alagadas e a potência média instalada dos empreendimentos propostos.

Aproveitamento

Potência

Média

Gerada

(MW)

Área

reservatório

Área efetiva

alagada

Relação Área Alagada/

Potência Média

PCH Barreiros 12,48 207,85 131,75 10,55

PCH Criciúma 3,74 77,23 39,84 10,65

PCH Araçá 1,79 54,71 13,46 7,51

PCH Aparecida 4,19 1,16 0,00 0,00

Total 22,20 340,04 185,05 8,33

Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.

Cabe ainda, aos empreendimentos propostos de acordo com os projetos

básicos a definição das áreas de supressão de vegetação, para instalação dos

reservatórios e estruturas, as quais afetam as comunidades vegetais e ecossistemas

associados. De acordo com a lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006 em seu Artigo

14:

Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto no inciso I

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do art. 30 e nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei (BRASIL, 2006).

Neste aspecto o artigo 17 define a compensação ambiental:

Art. 14. O corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária nos estágios médio ou avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica, autorizados por esta Lei, ficam condicionados à compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na mesma microbacia hidrográfica, e, nos casos previstos nos arts. 30 e 31, ambos desta Lei, em áreas localizadas no mesmo Município ou região metropolitana. (BRASIL, 2006).

Para efeitos, a legislação é complementada pela Resolução CONAMA nº 388,

de 23 de fevereiro de 2007 a qual “convalida as resoluções estaduais sobre as

definições de estágio sucessional do bioma Mata Atlântica” (CONAMA, 2007), sendo

no estado de Santa Catarina a definição na resolução nº 04 de 4 de maio de 1994

(CONAMA, 1994).

Neste aspecto com a instalação dos empreendimentos propostos, projeta-se a

criação de uma grande área de compensação ambiental, relativa às suas áreas de

supressão, e destinada à proteção dos ecossistemas regionais e manutenção da

biodiversidade. Caso a aplicabilidade incida sobre a bacia do Rio Chapecó, que se

caracteriza de forma mais adequada em virtude dos empreendimentos influenciarem o

corpo hídrico, pode-se prever a possibilidade de ampliação de fragmentos protegidos e

complementarem o Corredor do Rio Chapecó, estabelecido de acordo com o decreto

estadual nº 2.957/2010 (SANTA CATARINA, 2010).

Ressalta-se que a supressão e a compensação ambiental são melhores

esclarecidas nas etapas de licenciamento cabíveis, sendo de escopo dos

empreendedores o protocolo dos respectivos estudos e do órgão ambiental a análise e

fiscalização.

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10.5 FLORA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA AQUÁTICO

10.5.1 Flora Reofítica

Conforme os resultados observados no Capítulo 3.1, referente aos

ecossistemas terrestres e componente florístico, o Rio Chapecó abriga uma distinta

composição florística de espécies reófitas. Ao longo do trecho de estudo, dos

empreendimentos inventariados, foram registradas espécies das duas classes de

reófitas, algumas as quais são citadas como endêmicas e com poucos registros de

ocorrência para o estado (Colliguaja brasiliensis, Mourera cf weddelliana, Marathrum

azarensis, Echinodorus cf reptiles).

Neste aspecto, são necessários estudos mais detalhados para o

reconhecimento das interferências dos empreendimentos sobre as espécies reófitas

citadas, visando salvaguardar a biodiversidade deste componente biótico e

manutenção do ecossistema reofítico. Ações como levantamento das espécies, coleta

de propágulos e realocação para ambientes que favoreçam o desenvolvimento destas

espécies são alternativas; contudo, devem ser avaliadas por profissional com

experiência na área sobre sua eficácia. Existem alternativas que envolvem a

necessidade da criação de trechos livres do rio, com ambientes de corredeiras e

lajeados que favoreçam a colonização do componente reofítico, funcionando como

refúgio das populações de flora afetadas.

10.5.2 Macrófitas Aquáticas

Citado no capítulo 3.1, o levantamento de macrófitas aquáticas identificou uma

riqueza de espécies com potencialidade invasora ao longo do trecho de interesse do

Rio Chapecó. Como é conhecida, a problemática das populações de macrófitas

aquáticas afeta diretamente a qualidade da água e ecologia dos ecossistemas

aquáticos, podendo levar em casos graves de eutrofização.

Neste aspecto, as PCHs previstas para instalação ao longo do Rio Chapecó

devem apresentar plano de monitoramento de macrófitas aquáticas trimestral, ao

longo das fases de instalação e operação, sendo estendido durante a operação

conforme o comportamento das populações. Essa necessidade se dá ao fato, do Rio

Chapecó apresentar ocorrência de espécies potenciais invasoras de macrófitas, e

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CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

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DESENVOLVER – Engenharia e Meio Ambiente. CNPJ/MF: 19.335.965/0001-63. Rua 7 de Abril, 3489. Bairro Parque Jardim Ouro – Ouro/SC. CEP: 89.663-000. Fone: 49 9927-2232 ou 49 3555-5940.

empreendimentos locados a montante e jusante do trecho já terem apresentado

problemáticas com a questão de explosões populacionais destas espécies.

10.6 INFRAESTRUTURA

Analisando as características histórias de ocupação, diversos núcleos urbanos

foram se desenvolvendo ao longo dos rios devido as necessidades de sobrevivência,

como no caso do Rio Chapecó.

Convém destacar que os empreendimentos não afetam aglomerados

populacionais ao trecho do inventario. Pode-se afirmar que os impactos decorrentes

da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos é baixo, podendo ocorrer a primeira

vista em estradas vicinais e estruturas de algumas propriedades, que conforme

analisado, são de baixa magnitude, não havendo necessidade de deslocamento

populacional.

Outro possível impacto está relacionado à chegada de trabalhadores e da

população associada, provocando uma pressão adicional sobre a infraestrutura urbana

e de serviços.

O aumento de pressão sobre a infraestrutura de saúde é outro impacto

decorrente do aumento da população com a implantação das obras, impondo risco de

alteração no quadro de saúde pública.

10.6.1 Atividades turísticas e Impacto em áreas de relevância cênica

A Bacia do Rio Chapecó é um importante polo turístico em decorrência das

belezas naturais. No trecho de inventário um dos principais polos turísticos da região é

o município de Abelardo Luz.

Os aspectos de possíveis conflitos estão relacionados aos impactos em áreas

de relevância cênica e perturbação durante as obras, nesse sentido se destaca

principalmente o conflito com a futura PCH Aparecida e Parque Aquático Prainha

Camping. Apesar de não atingir diretamente o parque-camping, e seu projeto de

engenharia propor maior vazão sanitária do que a exigida, diminuição significativa de

supressão vegetacional, mesmo assim, a implantação desta PCH, poderá influenciar

alterando a beleza cênica original, por mais diminuta que esta alteração seja.

Entretanto, a implantação da PCH Aparecida, poderá ser mais um atrativo turístico no

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AAI – Médio Rio Chapecó

CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS

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DESENVOLVER – Engenharia e Meio Ambiente. CNPJ/MF: 19.335.965/0001-63. Rua 7 de Abril, 3489. Bairro Parque Jardim Ouro – Ouro/SC. CEP: 89.663-000. Fone: 49 9927-2232 ou 49 3555-5940.

local, onde já ocorre turismo, atraindo mais turistas e potencializando a visitação deste

ambiente do município e região.

Conflitos de uso da terra

O conflito de uso da terra está relacionado a alteração de relações econômico-

sociais das quais os grupos sociais dependem e dispõem para garantir sua

sobrevivência.

Nesse sentido, o conflito está relacionado com as áreas agricultáveis,

observando que conforme Nota Técnica n° 080/2011-SGH/ANEEL de solicitação da

revisão de inventário hidrelétrico determinava que evitasse a inundação de áreas

utilizadas para lavoura, que no trecho chegam a R$ 25.000,00 por hectare, optando

em caso de possibilidade de escolha, pela inundação de áreas de terreno pedregoso

normalmente usadas para atividades de reflorestamento e valor bem inferior.

Outro conflito observado está relacionado com as áreas pertencentes ao

INCRA, situadas no trecho em análise, que segundo a Nota Técnica da ANEEL

supracitada, que propõe evitar ao máximo a inundação de áreas de assentamentos do

Programa Nacional de Reforma Agrária, alguns instalados há mais de 15 anos.

10.6.2 Alteração na taxa de emprego

A construção da usina, abrange um imenso de conjunto materiais,

equipamentos, que serão adquiridos, fortalecendo vários segmentos econômicos,

além de bens e serviços regionalmente e localmente providos.

Prevê também um aumento da oferta de emprego durante a construção e

operação do projeto, acarretando no aquecimento das economias municipais.

Incremento do valor adicionado fiscal municipal e estadual.

As hidrelétricas, na qualidade de empreendimentos produtores de energia

elétrica, aumentam o PIB municipal e incrementam as receitas públicas municipais.

Esse impacto é considerado de natureza positiva, considerando que ocorre o aumento

expressivo na arrecadação de ISS e ICMS (retorno do ICMS estadual aos municípios),

no município que sedia a casa de máquinas.

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