autores primeiro momento modernista
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MÁRIO DE ANDRADEO PRIMEIRO MOMENTO MODERNISTA
O PAPA DO MODERNISMO
Mário Raul de Morais Andrade, nascido em São Paulo.
1893 – 1945 Obras:
Há uma gota de sangue em cada poema (retrata a I Guerra Mundial e mostra o amor ainda influenciado pelas escolas literárias anteriores à Semana de Arte Moderna)
Pauliceia desvairada (tem como objeto de análise e constatação a cidade de São Paulo e seu provincianismo, o rio Tietê, o largo do Arouche, o Anhangabaú, a burguesia, a aristocracia, o proletariado – uma cidade arlequinal)
O PAPA DO MODERNISMO
Clã do jabuti Remate dos males Amar, verbo intransitivo (um romance que penetra
na estrutura familiar da burguesia paulistana, sua moral e seus preconceitos)
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (a partir desse anti-herói, o autor enfoca o choque do índio amazônico com a tradição e a cultura europeia na cidade de São Paulo, valendo-se para tanto de profundos estudos de folclore.)
VERSOS DO POEMA “INSPIRAÇÃO” (PAULICEIA DESVAIRADA)
“São Paulo! comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...Luz e bruma... Forno e inverno morno...Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...Perfumes de Paris... Arys!Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
São Paulo! comoção de minha vida...Galicismo a berrar nos desertos da América!”
OSWALD DE ANDRADEO PRIMEIRO MOMENTO MODERNISTA
POLÊMICO, IRÔNICO, GOZADOR
José Oswald de Sousa Andrade, nascido em São Paulo 1890 – 1954 Obras:
Trilogia do exílio: Os condenados (1922) Estrela do Absinto (1927) Escada vermelha (1934)
Manifesto Antropófago Memórias sentimentais de João Miramar (romance) Serafim Ponte Grande (romance) O homem e o cavalo (peça teatral) O rei da vela (peça teatral) A morta (peça teatral)
MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR
Narra a história de um paulista de família burguesa que trilha os caminhos comuns à classe, na época: estudos, viagens à Europa, casamento, aventuras amorosas, crise financeira, falência, etc.
É um romance fragmentário, formado por 163 capítulos--relâmpago, sem preocupação com sequência lógica.
DOIS CAPÍTULOS DO LIVRO:
Gare do infinito
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.
DOIS CAPÍTULOS DO LIVRO:
Férias
Dezembro deu à luz das salas encerradas de tia Gabriela as três moças primas de óculos bem falados.
Pantico norte-americanava.
MANUEL BANDEIRAO PRIMEIRO MOMENTO MODERNISTA
LIBERDADE, SEJA DE CONTEÚDO, SEJA DE FORMA.
Manuel Carneiro de Souza Bandeira, nasceu em Recife.
1866- 1968 Obras:
A cinza das horas (1917) – influência parnasiana e simbolista
Carnaval (1919) O ritmo dissoluto (1924) Libertinagem (1930)
LIBERDADE, SEJA DE CONTEÚDO, SEJA DE FORMA.
Buscou inspiração na própria vida para seus grandes temas: de um lado, a infância no Recife, o rio Capibaribe; de outro, a constante observação da rua por onde transitam os mendigos, as prostitutas, os pobres meninos carvoeiros, as Irenes pretas, os carregadores de feira livre, todos falando o português gostoso do Brasil. E, em tudo, o humor, certo ceticismo, uma ironia por vezes amarga, a tristeza e a alegria dos homens, a idealização de um mundo melhor – enfim, um canto de solidariedade ao povo.
O BICHO
Vi ontem um bichoNa imundície do pátioCatando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão.Não era um gato,Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
ANTÔNIO ALCÂNTARA DE MACHADOO PRIMEIRO MOMENTO MODERNISTA
PORTUGUÊS-MACARRÔNICO
Antônio Castilho de Alcântara Machado, nasceu em São Paulo.
1901- 1935 Obras:
Pathé-Baby (crônicas) Brás, Bexiga e Barra Funda (contos) Laranja da China (contos)
Sua obra é um retrato crítico, anedótico, apaixonado, mas sobretudo humano da cidade de São Paulo.
TRECHO DO EDITORIAL DE “BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA”
“Do consórcio da gente imigrante com o ambiente, do consórcio do da gente imigrante com a indígena nasceram os novos mamalucos.
Nasceram os intalianinhos.O Gaetaninho.A Carmela.Brasileiros e paulistas. Até bandeirantes.E o colosso continuou rolando.No começo a arrogância indígena
perguntou meio zangada:
TRECHO DO EDITORIAL DE “BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA”
Carcamano pé-de-chumboCalcanhar de frigideiraQuem te deu a confiançaDe casar com brasileira?O pé-de-chumbo poderia responder tirando
o cachimbo da boca e cuspindo de lado: A brasileira, per Bacco! Mas não disse nada. Adaptou-se. Trabalhou. Integrou-se. Prosperou.
E o negro violeiro cantou assim:Italiano grita
TRECHO DO EDITORIAL DE “BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA”
Brasileiro falaViva o BrasilE a bandeira da Itália! Brás, Bexiga e Barra Funda, como
membro da livre imprensa que é, tenta fixar tão somente alguns aspectos da vida trabalhadeira, íntima e quotidiana desses novos mestiços nacionais e nacionalistas. É um jornal. Mais nada. Notícia. Só. Não partido nem ideal. Não comenta. Não discute. Não aprofunda.”