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AutoraDagma Ferreira AlvesProfessora de Psicologia aplicada à Saúde, Ética na Saúde e Relações Humanas nos cursos de Saúde no CEP/ITESP. Psicóloga clínica e pedagoga, professora há 23 anos na rede pública de educação, atuou em diversos segmentos, sendo multiplicadora nas abordagens de humanização de educação e saúde. Pós-graduada em Psicossomática, com temáticas de saúde e consciência corporal, adequação e proati-vidade intrapessoal e interpessoal.

RevisãoMarcos Sugizaki

Projeto GráficoNT Editora

Editoração EletrônicaNT Editora

IlustraçãoNT Editora

CapaNT Editora

NT Editora, uma empresa do Grupo NTEnd.: SCS Quadra 2 – Ed. Cedro II – 4º Andar CEP: 70302-914 - Brasília - DFFone: (61) [email protected]

Psicologia Aplicada à Saúde. / NT Editora.

-- Brasília: 2015. 146p. : il. ; 21,0 X 29,7 cm.

ISBN 978-85-8416-116-4

1 O conceito de saúde e psicologia. 2 Estudo da personalidade e psicopatologia. 3 Constituição e prevenção no ambiente estressor do profissional de saúde. 4 Emoção, motivação e inteligência emocional. 5 Psicossomática e desenvolvimento humano.

Copyright © 2015 por NT Editora.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por

qualquer modo ou meio, seja eletrônico, fotográfico, mecânico ou outros, sem autorização prévia e escrita da NT Editora.

LEGENDA

ÍCONES

Prezado(a) aluno(a),Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material didático. A presença desses ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor-dado e a fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:

Saiba maisEsse ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.

ImportanteO conteúdo indicado com esse ícone tem bastante importância para seus es-tudos. Leia-o com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.

DicasEsse ícone apresenta dicas de estudo.

Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.

Exercícios Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.

Bons estudos!

4 NT Editora

Sumário

1 O CONCEITO DE SAÚDE E PSICOLOGIA .................................................................71.1 O conceito de saúde e suas concepções culturais e históricas ......................................... 71.2 Psicologia do senso comum e psicologia científica ............................................................191.3 Psicologia, psiquiatria e psicanálise ..........................................................................................23

2 ESTUDO DA PERSONALIDADE E PSICOPATOLOGIA ...........................................332.1 O conceito de personalidade ......................................................................................................332.2 Comportamentos inatos e comportamentos adquiridos ................................................392.3 Normal × anormal ..........................................................................................................................422.4 A influência do ambiente nos comportamentos humanos e a evolução do estresse ........492.5 Noções básicas de psicopatologia ............................................................................................56

3 CONSTITUIÇÃO E PREVENÇÃO NO AMBIENTE ESTRESSOR DO PROFISSIONAL DE SAÚDE ...................................................................................................................653.1 A formação humanizadora do profissional de saúde ........................................................653.2 Relações intrapessoais e interpessoais do profissional de saúde ..................................723.3 Empatia e comunicabilidade na área de saúde....................................................................763.4 Comunicação interpessoal entre paciente e profissional de saúde .............................80

4 EMOÇÃO, MOTIVAÇÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ......................................874.1 O conceito de emoção e como as emoções podem afetar a saúde .............................874.2 Aspectos motivacionais na constituição do ser biopsicossocial ....................................934.3 O que é inteligência emocional e sua relação com a maturidade psíquica ...............974.4 Promoção de saúde, vida gratificante e correlação com emoção, motivação e inteli-gência emocional .................................................................................................................................101

5 PSICOSSOMÁTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO ...................................... 1085.1 Os conceitos de psicossomática e saúde integral .............................................................1085.2 O desenvolvimento humano nas fases da vida ..................................................................1175.3 Envelhecimento saudável e psicossomático .......................................................................1235.4 O vínculo do profissional de saúde e o enfrentamento da morte ...............................1295.5 Humanização ..................................................................................................................................134

GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 139

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 142

APRESENTAÇÃO

5Psicologia Aplicada à Saúde

Qual o seu conceito de saúde? Você acredita que a psicologia seja uma importante aliada à promoção de saúde? Qual o papel de cada

um de nós? Qual o papel do profissional de saúde?

Vivemos em uma sociedade bastante célere na qual temos a impressão de que todas as pes-soas estão apressadas e extremamente atarefadas. Tão atarefadas que normalmente não dispensam tem po em suas rotinas para cuidados bastante simples consigo mesmas. Poucas pessoas reservam mo mentos em seu dia, por poucos instantes que seja para se distanciar da agitação, do tumulto exte-rior e entrar em contato com suas próprias emoções, com suas necessidades individuais de afeto, de com preensão e autoconhecimento. Normalmente, a maioria dessas pessoas não encontra também, em meio ao tumulto, a escuta necessária para perceber fatores bastante evidentes que podem, com o passar do tempo, promover o desajuste emocional e, em consequência, o adoecimento.

É comum vermos até crianças expressarem que se sentem agitadas ou até mesmo estressadas. É como se essas palavras já estivessem incutidas em nosso vocabulário e como se viver fosse mesmo assim: estar sempre bastante envolvido em inúmeras tarefas ao mesmo tempo e fatalmente suscetível aos males da modernidade que conhecemos como estresse, angústia vital, ansiedade, fadiga, agitação e até mesmo o estranho mais temido mal chamado depressão.

O profissional de saúde não é um sujeito imune ao adoecimento correlacionado às pressões, ao estresse e a um conjunto de variáveis que constituem o seu ambiente de interação.

É justamente quando padecemos emocionalmente que pensamos que talvez a psicologia pos-sa colaborar para a reabilitação de nossa saúde e raramente fazemos essa associação a um sintoma que consideramos apenas físico e quando isso acontece, procuramos o hospital, uma prescrição me-dicamentosa e aguardamos que a nossa saúde seja restabelecida.

Infelizmente, poucas pessoas que adoecem conseguem reconhecer que a forma como vivem pode, sim, estar colaborando para seu adoecimento ou para a somatização, na qual o corpo acaba por recolher em si as impressões indevidas de uma vida desordenada e com poucos cuidados necessários à prevenção de doenças.

Além disso, vemos, cada vez mais, a dificuldade dos sistemas públicos ou privados em atender à imensa demanda de pessoas que cada vez mais buscam a reabilitação. Muitas delas pouco conhecem a prevenção como promoção de saúde e práticas saudáveis na qualidade de vida.

Célere: ligeiro, apresado, acelerado.

Autoconhe-cimento: conhecer a si mesmo.

Incutida: relativo a in-cutir, provocar, estimular.

Suscetível: apto, capaz; que tem possi-bilidades.

Estresse: esgo-tamento físico e mental.

Angústia vital: sensação de desconforto e pânico perante a vida.

Imune: que não se contagia, não propenso, fortalecido.

Correlaciona-do: correlação, analogia, cor-respondente.

Variável: diver-sificado; que varia.

Reabilitação: tornar apto novamente, recuperação, reparação.

Somatização: sofrer no corpo as sensações psíquicas.

Prevenção: prevenir antes do aconteci-mento em si.

Demanda: gru-po de pessoas interessadas em algo, pleito, processo.

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A psicologia, uma ciência recente, mas bastante antiga quanto aos seus postulados inerentes às concepções do comportamento humano, é uma grande aliada à saúde e visa ao autoconhecimento, à reflexão, à busca de qualidade nas interações humanas como prevenção e afirmação do ser humano como promovedor de auxílio aos seus próprios interesses e anseios.

O conceito de paciente não é mais um conceito simplificado de sujeito que apenas aguarda cuidados de um especialista de saúde, normalmente um médico, um enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem. O paciente hoje é aquele que reconhece que um programa multidisciplinar é o aten-dimento necessário não apenas para a cura de um mal físico, mas para a reprogramação individual no sentido de conquistar conhecimento o bastante para alcançar uma vida equilibrada em seus diversos setores: emocional, social, nutricional, espiritual, cultural e demais setores que, reunidos, representam os anseios e as necessidades humanas.

Se o sujeito que cuida de si mesmo, planeja sua alimentação, busca informação, reconhece que o seu pensamento e suas atitudes também são fatores associados à saúde psíquica e física busca interagir com as pessoas e desenvolver atitudes proativas em todos os ambientes dos quais participa, então ele se torna capaz de superar muitas de suas limitações, conviver com a perspectiva de envelhe-cer e a finitude inerente à vida.

Postulado: teoria funda-mentada em es-tudos científicos; princípios.

Reflexão: pensar com profundida-de, subjetivida-de, argumento, observação.

Auxílio: ajuda, contribuição, colaboração.

Multidiscipli-nar: que tem o foco e a atenção de várias discipli-nas, várias áreas do conheci-mento.

Reprograma-ção: programar novamente, planejar.

Perspectiva: expectativa, dimensão, possi-bilidade.

Inerente: próprio de, característico, específico.

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Objetivos

Conceituar psicologia e a importância de seus postulados na compreensão do comportamento humano e na busca de qualidade de vida.

Ao finalizar esta lição você deverá ser capaz de:

• compreender o conceito e a importância da psicologia na constituição humana;

• compreender que a psicologia sempre fez parte da história e dos postulados filosóficos acerca da busca do homem pelo autoconhecimento;

• diferenciar psicologia científica da psicologia do senso comum, desmitificando, assim, os tabus acerca dos instrumentos de estudos utilizados e a linguagem leiga e popular;

• diferenciar psicologia de psiquiatria e psicanálise, confirmando o papel de cada uma na so-ciedade e para a saúde.

1.1 O conceito de saúde e suas concepções culturais e históricas

Saúde, para nossa sociedade, é uma palavra sagrada. É bastante comum entre nós utilizar o ter-mo como forma de bênção, de se referir a bons acontecimentos ou a realizações pessoais.

1 O CONCEITO DE SAÚDE E PSICOLOGIA

Tabus: re-ceios, medos, preconceitos, barreiras psico lógicas.

Leiga: ama-dora, apren-diz; que não conhece algo com profundi-dade.

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Todos nós desejamos, antes de tudo em nossas vidas, ter saúde, porque ela representa para nós equilíbrio, paz. É o ponto chave para que possamos realizar sonhos e metas.

Etimologicamente falando, o termo deriva de “salus”, do latim, que significa intacto, íntegro, inteiro.

Por ser a saúde algo tão precioso, tão imaculado, sonhamos com sua perfeição, com um corpo perfeito, sem sinais ou sintomas que possam de alguma forma vir a roubar o nosso mais importante tesouro, a vida.

Mas o que é realmente saúde? O que nos rouba a saúde? Saú-de é realmente a ausência de

qualquer sintoma ou dor?

Falamos de saúde como se ela fosse um objeto externo a nós. Precisaríamos alcan çá-la a qual-quer custo, como se ela não nos pertencesse, como se fosse conquistada apenas às custas de inúme-ros sacrifícios.

Exercitando o conhecimento

Antes de conceituarmos a palavra saúde, pense um pouco sobre sua saúde:

1. Como é sua saúde?

a) Ótima

b) Boa

c) Regular

d) Ruim

Comente:

Íntegro: intei-ro, verdadeiro, honrado.

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2. Marque com um “x” o que você considera que faz parte dos seus hábitos.

a) ( ) Dormir cedo

b) ( ) Consultar o médico

c) ( ) Praticar esportes

d) ( ) Ter horários definidos para as refeições.

e) ( ) Ler bons livros

f ) ( ) Tirar momentos diários para relaxar.

g) ( ) Ter um hobby

3. Você considera que todos os itens acima caracterizam cuidados de saúde?

( ) sim ( ) não

Por quê?

Pois bem, a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que saúde seja "a situação de per-feito bem-estar físico, mental e social” da pessoa.

Esse conceito tornou-se um pouco questionável por ser considerado bastante utópico e inatingível. Assim, voltamos a um conceito como o referido no início, imaculado, algo que de tão precioso é como um tesouro. Porém, de tesouros a gente só ouve falar nas histórias de contos de fadas ou de ficção científica.

O conceito de saúde prevê que o ser humano esteja equilibrado em todos os aspectos de suas vivências e não dicotomize corpo e mente ou outros fatores associados a essas mesmas vivências.

Assim, nem inatingível, utópico, ou algo externo à pessoa, saúde é qualidade de vida, é o equi-líbrio entre o conhecimento e a percepção dos sintomas e a compreensão de que o organismo faz parte de um sistema, de uma integralidade na qual existem polaridades. Enfim, o que chamamos de saúde, podemos também chamar de equilíbrio. Não se trata de uma ausência total de sintomas, mas do equilíbrio entre sintoma e bem-estar, dor e prazer, incômodo e comodidade.

Hobby: hábito por diversão ou entreteni-mento.

Utópico: imaginário, ilusório.

Inatingível: que não se pode atingir.

Percepção: forma de perceber algo, discriminar.

Organismo: constituição, corpo, estru-tura.

Integralida-de: plenitude, soma, totali-dade.

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Leia os trechos de uma música que fala bem sobre polaridades que existem na existência hu-mana e depois faça uma atividade de reflexão.

Certas coisasLulu Santos

Não existiria som

Se não houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim

Dia e noite, não e sim

Eu te amo calado

Como quem ouve uma sinfonia

De silêncios e de luz

Nós somos medo e desejo

Somos feitos de silêncio e som

Tem certas coisas que eu não sei dizer

A vida é mesmo assim

Dia e noite, não e sim (SANTOS, 2014).

Exercitando o conhecimentoDia/noite, não/sim, luz/escuridão.

Responda à pergunta e justifique sua resposta.

Saúde/doença, dor/prazer.

Você concorda que o ser integral deve estar sujeito às adversidades, por elas estarem presen tes todo o tempo em nossas vivências? Concorda que o que diferencia cada um de nós é a forma como lidamos com todos os eventos?

( ) concordo ( ) discordo

Justifique abaixo:

Adversidade: desventura, situação incomum e inesperada.

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Comentário: Nessa atividade propomos que você reflita sobre as polaridades presen-tes em nosso dia a dia. Nesse caso, uma reflexão para lidarmos com os eventos negativos como dor e doença como parte dos repertórios de nossas vivências.

Para ampliarmos melhor as nossas concepções de saúde, vale lembrar um momento muito es pecial que reforça uma nova forma de se observar o ser humano integral e sua qualidade de vida. Estamos falando da primeira Conferência Internacional de Saúde, que se realizou em Otawa, no Cana-dá, no ano de 1986. Essa conferência entre alguns países industrializados discutia novas expectativas em relação ao papel de cada um na promoção de saúde, considerando que promoção de saúde é a capacidade de unir forças, deliberar sobre autonomia e consciência para cada cidadão para que este reconheça e atue de forma proativa na qualidade de sua própria vida. Esse momento foi muito impor-tante porque trouxe uma nova reflexão sobre os paradigmas que já existiam e deixou bem claro que o maior interessado deve ser o próprio indivíduo. Somente o autoconhecimento pode fazer com que as pessoas percebam como preservar sua saúde e ter uma vida saudável e prazerosa.

Cultura

Serviços de Saúde

SAÚDE RendaMeio Ambiente

Alimentação

Trabalho

Habitação

Lazer

Nesta ilustração, percebemos que a saúde é o centro do equilíbrio entre diversos fatores.

Ao Estado pertence todo o aparato necessário para que a população receba cuidados de especia listas nas mais diversas áreas da medicina e em áreas consideradas de saúde. Porém, as po-líticas públicas não possibilitaram uma profunda discussão que desse às pessoas os conhecimentos neces sários para o equilíbrio nos mais diversos setores das vivências humanas. Também não possibi-litaram que as experiências sejam compartilhadas, que princípios humanitários sejam introduzidos para uma concepção consistente e fortalecida de qualidade de vida.

Ir ao hospital quando adoecemos não é uma prática de saúde, é justamente uma tentativa de reabilitação da saúde. Veja abaixo quais são os requisitos para a saúde e, para finalizarmos essa refle-xão sobre o conceito de saúde, cuja amplitude você pôde vislumbrar, escreva um pará grafo sobre cada um desses requisitos e como você considera que eles devem estar presentes na vida de cada sujeito.

Conferência: apresentação, exposição de ideias.

Autonomia: capacidade de prover suas necessi-dades.

Paradigma: padrão, nor-ma, regra.

Concepção: compreen-são, criação, percepção.

Consistente: duro, sólido, rígido.

Requisi tos: condições mínimas ne-cessárias para algo.

Vislumbrar: perceber, distinguir, compreender.

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Requisitos para a saúde:

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13Psicologia Aplicada à Saúde

Platão

Reflexão

Agora, pense sobre o conceito de saúde, falando sobre os seus requisitos. Não tenho dúvidas de que já estamos começando essa unidade com um pensamento bastante promis sor para todas as outras unidades desta lição.

Vamos seguir adiante:

Agora que pudemos refletir sobre o conceito de saúde, vamos falar um pouquinho da relação da saúde com a psicologia, mas para isso precisamos conhecer também mais um pouquinho sobre o con ceito de psicologia e seus paradigmas.

O conceito de psicologia e sua história

Ainda na era clássica, antes de Cristo, Platão (428-347 a. C), filósofo grego, já inda-

gava sobre o dualismo entre corpo e alma (psyche).

Onde fica a consciência do homem e onde

fica a razão?

Para Platão, a psyche seria a principal responsável por fenôme nos que hoje designamos à mente, como o pensamento, a percep ção, a emoção.

Platão considerava também que a psyche abandonaria o corpo quando a gente morresse e, assim, continuaria existindo. Essa mesma alma possuiria níveis hierárquicos, existentes em fun-ção dos sentimentos nobres e dos sentimentos impuros.

Sucessor de Platão, Aristóteles (384-328 a.C) tinha concep-ções que ele considerava bem mais realistas. Ele não separava corpo de alma e a alma seria o princípio de um corpo vivo. Assim, tudo o que tem vida também teria alma. Contudo, nas plantas, por exem-

plo, a alma teria apenas um caráter nutritivo, enquanto no homem ela já teria passado por um processo de aperfeiçoamento. Aristóte-

les conduziu os seus postulados para um direcionamento entrelaçado

Fenômeno: ocorrência incomum, improvável.

Promissor: favorável, próspero, vantajoso.

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Aristóteles

à biologia, considerando que todos os viventes devem, ine rentemente, nascer, cres-cer e se reproduzir para preservar a espécie.

Podemos perceber nitidamente que, na história da psicolo-gia, as crenças relacionadas a corpo e mente ou alma são carrega-das de con cepções também religiosas. Até aquela época, a psico-logia não era uma ciência propriamente dita e Platão e Aristóteles não eram psicólogos, mas filósofos que tinham concepções acer ca do homem, assim como temos hoje as nossas. Eles tinham a preo-cupação de desvendar o comportamento humano e por isso po-demos dizer que foram precursores da ciência do comportamento humano.

O homem sempre teve a necessidade de buscar a plenitude e, assim, ele constituiu nessa busca inúmeras crenças que pudessem jus-tificar essa ânsia ou necessidade. A partir daí, já podemos dizer que se trata de um homem com o que denominamos de angústia vital, ou seja, a angústia ge rada pela incapacidade humana de explicar a sua totalidade, a sua impotência perante a finitude e o envelheci-mento, assim como a sua impotência perante a loucura ou o adoecimento.

De onde viemos? Para onde vamos? Por que envelhecemos? Por que morremos? O que é felicidade?

Todos nós já fizemos essas perguntas.

O próprio homem sempre foi o seu maior objeto na busca pelo conhecimento e todos os questionamentos não res pondidos sempre estiveram entrelaçados à condição hu mana e à condição divina.

No início, o homem cultivava a crença em vários deu-ses. É o que chamamos de politeísmo.

Cada Deus seria responsável por uma manifestação. As sim, a deusa do amor era Afrodite, Zeus era o deus dos deu-ses, Apolo deus da beleza e da juventude. Enfim, podemos perce ber que sentimentos emoções, assim como inúme-ros fenô menos inexplicados pelo homem, eram justifica-dos pelas crenças divinas.

Crença: fé, confiança, acreditar.

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15Psicologia Aplicada à Saúde

Reflexão

Estamos falando de conceitos que existiram antes mesmo da nossa atual contagem do tempo. Os primórdios da psicologia vêm de muito antes de Cristo, o que a torna um pos-tulado bastante antigo. Porém, a psicologia somente foi considerada e oficilizada como ciência no século XIX. Por que ela demorou tanto a se tornar uma ciência?

O tempo passa e avançamos até a Idade Média. Nesse período, no Ocidente, transitamos para uma sociedade com característica marcadamente monoteísta, com culto a um só Deus.

A Igreja Católica exerce então grande poder em todas as áreas do pensamento humano e tem consis-tente expressividade no pensamento filosófico, nas artes, nas ciências e na formação cultural e religiosa.

Muitos historiadores chegaram a citar esse período como o período das Trevas, por considera-rem haver existido poucos avanços nos campos científicos e tecnológicos em virtude do domínio exa cerbado da Igreja, que punia aqueles que não seguiam os seus dogmas. Aqueles que eram encami-nhados para uma espécie de tribunal, onde eram registrados os crimes contra a fé cristã, podiam ser condenados à prisão ou até mesmo à fogueira como hereges, ou seja, como contrariadores da fé.

Assim sendo, o conhecimento era mantido a sete chaves pela Igreja e qualquer novo postulado, experimento ou observação comportamental também deveria ser autorizado por ela para não ser considerado uma crítica aos dogmas expressos na tradição religiosa.

O fato é que apenas no século XVI Descartes (René Descartes, 1596-1650) fez avan ços mais significativos para o desenvolvimento da psicologia, na tentativa de resolver o problema mente-cor-po. Considerava que ambos se distinguiam, pois a mente influenciaria o corpo, e que a influência do corpo sobre a mente seria bastante significativa. Assim, abandonava nessa observação um conceito meramente teológico para abraçar um conceito mais cientifico da mente e dos pro cessos mentais envolvidos nela.

Exercitando o conhecimento

Para falar de psicologia ou de qualquer outra ciência, é impossível desconsiderar fatos históricos e crenças culturais do povo. Como sujeito moderno, você acredita que as con-cepções do ser humano ainda são carregadas de crenças religiosas ou é possível separar nitidamente ciência de religião? Não se esqueça de justificar sua resposta.

Monoteísta: quem crê em um único deus.

Exacerbado: exagerado, exigente, demasiado.

Dogma: cren-ça, doutrina indiscutível.

Tradição: que é feito por costume.

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Comentário: O nosso conhecimento, as nossas ideias e opiniões são construídos ao longo de nossas vidas e são carregados de crenças e valores, alguns desses valores, reli-giosos. Nessa atividade, solicitamos que você reflita sobre isso. Até onde é possível separar a religiosidade da ciência? Isso é possível ou você acredita que os dois caminham juntos?

Obrigado por expressar suas ideias e opiniões, é as-sim que podemos interagir.

E quando finalmente a psicologia se tonou ciência?

Tudo o que relatamos até agora foi o caminho percorrido para que a psicologia se tornasse ciên-cia, porém, em toda a sua jornada, observamos que os seus postulados tinham um caráter mais subje-tivo, mais especulativo. Descartes insere uma objetividade maior nessa observação e, com o decorrer do tempo, cresce o interesse de se conhecer os mecanismos fisiológicos relacionados aos fenô menos mentais. Assim, a fisiologia ganha espaço para os estudos do comportamento humano.

Em 1879, Wilhelm Wundt (1832-1920), médico, filósofo e psicólogo alemão cria o primeiro la-boratório para estudos do comportamento humano na Universidade de Leipzig na Alemanha, confe-rindo, assim, o título de ciência à psicologia. Isso foi possível por se atender perante os estudiosos os critérios inerentes a uma metodologia científica.

Mas antes de deixarmos aqui o conceito de psi-cologia, quero que, após essa viagem na estru-

turação dessa ciência, você possa viajar também um pouco na concepção desse conceito e assim perceber que a psicologia está muito mais próxi-

ma de nós do que imaginamos.

Fisiológico: que estuda as funções mecânicas do corpo, estru-tura física.

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17Psicologia Aplicada à Saúde

Nada melhor que um pouco de música para refletirmos sobre algo não é mesmo?

Acesse os links e escute com atenção as músicas e depois faça um exercício.

A primeira canção é de Roberto Carlos e se chama “Emoções”.https://www.youtube.com/watch?v=xMor94rsp6g

A segunda canção é de Milton Nascimento e se chama “Caçador de Mim”.http://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y

Sugiro que você siga os links e ouça as canções para que depois você possa comentar. Assim, mais que perceber você poderá sentir o que a letra e a melodia falam de psicologia.

Exercitando o conhecimento

Quais aspectos nas duas canções podemos considerar que se relacionam ao conceito de psicologia?

Comentário: As duas canções falam de amor, de sentimentos, da busca do homem em conhecer e interpretar sua trajetória, a busca pelo autoconhecimento, pela felicidade.

Quem é esse sujeito caçador de si? O que ele busca?

Comentário: É o sujeito que busca o autoconhecimento, que busca interpretar seus próprios sentimentos.

Ao falar de emoções, estamos falando de um sujeito que se reporta a sentimentos inusi-tados que lhe trouxeram apenas prazer ou em sua trajetória ele vivenciou momentos bons e momentos ruins? Justifique.

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Comentário: É um sujeito que experimentou tudo o que a vida proporciona. Ele vive o dualismo dor /prazer, alegria/sofrimento.

Você acredita que todos nós buscamos o autoconhecimento? Por quê?

Comentário: O autoconhecimento, mesmo quando não consciente, é a maior busca do ser humano.

"Doce ou atroz, manso ou feroz." Esse é o conceito de um ser humano único explicita-do na canção ou podemos considerar que todos nós como indivíduos somos providos de sentimentos por vezes contraditórios e por isso estamos sempre buscando maiores ex-plicações para o que somos, como nos constituímos e o que realmente desejamos como plenitude? Justifique.

Comentário: É fato que buscamos nossas próprias evolução e perfeição, mas somos constituídos por senti mentos contraditórios.

Comentários:

As duas canções falam de sentimentos, de conquistas, de perdas, de alguém que reco-nhece que em toda sua trajetória ele esteve todo o tempo em busca de algo que ele não reconhecia. Um sujeito perdido em sua prolixidade.

Obrigado por suas colocações. Eu sei que para respondê-las, você teve que refletir, buscar em sua subjetividade uma forma de se expressar e esse é um dos objetivos da psicologia, fazer com que as

pessoas reflitam sobre si mesmas, sobre seu ambien-te, sobre outras pessoas, sempre no intuito de se

viver melhor e também de se interagir positivamen-te com quem está ao redor.

Atroz: cruel, desumano, sádico.

Contraditó-rio: conflitan-te, incoerente.

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19Psicologia Aplicada à Saúde

Saiba mais

Sendo a psicologia a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais como razão, pensamento, sentimentos e emoções, ela proporciona ao indivíduo a busca do autoconhe cimento e a percepção do outro em seu contexto no intuito de melhor condição exis-tencial. O nome da disciplina deriva das palavras gregas: “psyche”, que significa “alma”, e "logia", que significa “estudo de”. 

1.2 Psicologia do senso comum e psicologia científicaLeia os textos abaixo:

Texto 1

O termo depressão, na linguagem corrente, tem sido empregado para designar tanto um estado afetivo normal (a tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias) doença(s).

Os sentimentos de tristeza e alegria colorem o fundo afetivo da vida psíquica normal. A tristeza constitui-se na resposta humana universal às situações de per-da, derrota, desapontamento e outras adversidades. Cumpre lembrar que essa resposta tem valor adaptativo, do ponto de vista evolucionário, uma vez que, através do retraimento, poupa energia e recursos para o futuro. Por outro lado, constitui-se em sinal de alerta, para os demais, de que a pessoa está precisando de companhia e ajuda. As reações de luto, que se estabelecem em resposta à perda de pessoas queridas, caracterizam-se pelo sentimento de profunda tris-teza, exacerbação da atividade simpática e inquietude. As reações de luto nor-mal podem estender-se até por um ou dois anos, devendo ser diferenciadas dos quadros depressivos propriamente ditos. No luto normal a pessoa usualmente preserva certos interesses e reage positivamente ao ambiente, quando devida-mente estimulada. Não se observa, no luto, a inibição psicomotora característica dos estados melancólicos. Os sentimentos de culpa, no luto, limitam-se a não ter feito todo o possível para auxiliar a pessoa que morreu; outras ideias de culpa estão geralmente ausentes (PORTO, 1999).

Texto 2

Eu tentava sair mais de casa, mas a maioria das atividades divertidas me deixava existencialmente confusa ou frustrada com a minha incapacidade de aproveitá--las.

Meses foram se passando e eu lentamente comecei a aceitar que talvez nunca mais pudesse me divertir. Mas eu não queria que ninguém soubesse. Eu ainda es-tava meio constrangida de ficar entediada ao lado das pessoas, e tinha esperan-ças de que as coisas fossem se resolver sozinhas. Se eu conseguisse não afastar os outros, tudo poderia ficar bem!

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Mas eu não conseguia mais me basear em emoções reais para controlar as mi-nhas expressões faciais e quando você tem de ficar manipulando consciente-mente o seu rosto para ter uma conversa, as pessoas acabam se afastando.

É esquisito para as pessoas que ainda têm sentimentos conviver com pessoas deprimidas. Elas tentam fazer você sentir as coisas para que tudo volte ao normal e é frustrante quando isso não acontece. Para elas, parece que tem de haver uma fonte escondida de felicidade em algum lugar dentro de você que você simples-mente perdeu.

“É que se você apenas pudesse ver como o mundo é bonito…” (2014, UMA IN-VESTIGAÇÃO).

.

Exercitando o conhecimento

1. Posso afirmar que os dois textos falam sobre o mesmo tema?

a) sim. b) não.

2. Os dois textos apresentam o mesmo tipo de linguagem?

a) sim. b) não.

Comentário: Os dois textos falam de um mesmo tema: Depressão. Porém, utilizam lingua-gens diferentes, porque temos contextos diferentes de comunicação. No primeiro texto, te-mos um contexto formal no qual a linguagem é bastante precisa e objetiva. Ele não pode deixar margem a uma interpretação errônea, porque tem a função de informar pessoas e assim cumpre um papel científico e profissional. O segundo texto é um relato de uma pessoa que vivencia um quadro de depressão. Ela utiliza vocabulário informal, não tem uma preo-cupação rigorosa em trazer infor mações precisas e utiliza termos a partir dos quais descreve subjetivamente as suas sensações e sentimentos.

O primeiro texto apresenta informações científicas e o segundo apresenta informações do senso comum. O conhecimento científico depende de comprovação rigorosa de fatos testados, observados e adequados a uma metodologia científica sob enfoque e aprova-ção de pesquisa dores e cientistas que se dedicam a esses estudos. O senso comum trata de situações vividas, vivenciadas e adquiridas na observação do dia a dia, ou de conheci-mentos transmitidos de pai para filhos, de geração para geração. A isso chamamos de co-nhecimento empírico, ou seja, não se baseia em estudos metodológicos ou constatações científicas.

Podemos dizer que o conteúdo do primeiro texto é um dos tratados pela psicolo gia cien-tífica, e o segundo texto traz a vivência do senso comum. Como todo conteúdo da subjeti-vidade é valorizado pela psicologia, tratamos de chamar discursos como o segundo de psi-cologia do senso comum.

Empírico: que foi vivido, experiência sem cunho científico baseada em experiências pessoais.

Subjetivida-de: relativo à introspecção, à intrapes-soalidade; psiquismo individual.

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Saiba mais

Já conversamos anteriormente sobre a pouca idade da psicologia como ciência. Muito do que sabemos de psicologia aprendemos ou ouvimos em programas de televisão, nos filmes, nas experiências relatadas por outras pessoas. Muito desse conhecimento realmente é válido para muitas pessoas. Porém, o que poucos acreditam é que o conhecimento expresso em psicolo-gia tenha realmente cunho científico e que, como qualquer outro conhecimento, necessite de validação. É muito comum ouvirmos pessoas dizerem que elas são seu próprio psicólogo, que o melhor psicólogo é Deus ou que quem tem fé não precisa de nenhuma ajuda psicológica. Não quero de forma alguma desprezar as pessoas ou intimidá-las a ter fé ou crenças que cons-tituem um padrão de respostas válido para viverem melhor. Contudo, poucas ciências têm um desdobramento no senso comum tão presente nas falas e no conhecimento empírico quanto a psicologia.

Todo psicólogo tem como objeto de observação o comportamento, mas inúmeras são as abor-dagens que a norteiam. Isso faz com que se torne imensamente difícil ter uma vertente que clareie a disciplina como ciência.

Fletcher (1984) citado por Pinto, afirma que “o senso comum é um corpo de cren ças e conhecimentos culturais partilhados por um grupo ou comunidade acerca do fun-cionamento das pessoas e do mundo que as rodeia”.

Se, por um lado, o senso comum é objeto de investigação do comportamento, por outro, ele pode fazer com que as pessoas deixem de buscar informações mais objetivas que tragam contribui-ção para a resolução de problemas de comportamentos inadequados e dificuldades em lidar com situações acerca da realidade. Se voltarmos aos dois textos citados, poderemos perceber que no texto em que um sujeito relata situações do senso comum, ele procura compreender com dificuldade o que está vivenciando e precisa de ajuda de especialistas para que possa ter mais informações, técni cas e instrumentos para avaliar essa situação. Enfim, senso comum não é ciência.

Exercitando o conhecimento

Vamos testar um pouquinho sua percepção para o tema. Marque V para "verdadeiro" e F para "falso" nas alternativas abaixo. Elas dissertam sobre psicologia do senso comum e psico logia científica.

a) a psicologia é uma ciência. Porém, ela não tem objeto de estudo;

b) por ser uma ciência muito recente, a psicologia é bastante confundida com o senso comum;

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c) o senso comum é também utilizado como instrumento para a observação do compor-tamento no campo científico;

d) podemos diferenciar a psicologia do senso comum da psicologia científica pela lon-gevidade da informação. Esta última tem informações que vêm sendo transmitidas através de várias gera ções e tornam-se científicas por seu teor cultural;

e) muitas pessoas, por desconhecimento, utilizam o senso comum como fonte fidedig-na e segura do conhecimento. Isso pode prejudicar o acesso ao atendimento de um profis-sional especializado;

f ) em relação à saúde, podemos dizer que a automedicação (consumo de medicamen-tos industriais ou caseiros com o objetivo de tratar ou aliviar sintomas ou doenças no intui-to de promover a saúde, dispensando a orientação adequada de um profis sional (LOYOLA FILHO et al., 2002.) é uma postura do senso comum;

g) fitoterapia – do grego tratamento (therapeia) vegetal (phyton), ou ainda “a terapêutica das doenças através das plantas”. Nesse caso, estamos falando de conhecimento científico;

h) há uma música que me acalma que ouço sempre pela manhã. Tenho diagnóstico de esquizofrenia. Não posso despertar sem ouvir essa canção, pois quando isso acontece sinto ansiedade. Ela funcio na para mim como uma terapia, assim posso dispensar a medi-cação que o psiquiatra me prescreveu como ansiolítico.

Comentários:

a) falso. A psicologia é uma ciência e seu objeto de estudo é o comportamento. Não existe ciência sem um objeto de estudo;

b) verdadeiro. A psicologia é uma ciência recente e os seus postulados, por possuírem características abrangentes e complexas, ainda são bastante confundidos com o senso co-mum. Ouvimos, inclusive, frases do senso comum como "de psicólogo e louco todo mun-do tem um pouco". Você provavelmente já ouviu isso;

c) verdadeiro. O senso comum é um instrumento bastante importante para a observa-ção do comportamento, assim, bastante importante para a psicologia científica;

d) falso. O que diferencia com precisão uma informação cientifica de uma informação do senso comum não é a longevidade no tempo com que uma informação se propaga, mas se essa informação foi objeto de estudo, passando por rigorosas etapas de uma metodologia científica;

e) verdadeiro. Quando desprezamos o conhecimento científico em função de conhecimen-tos do senso comum, considerando que este terá a mesma fidedignidade, deixamos de pro-curar especialistas e profissionais devidamente preparados para lidar com a situação, cor-rendo o risco de não estar sendo devidamente atendidos em nossas necessidades;

f ) verdadeiro. A automedicação é uma prática bastante clássica do conhecimento do senso comum, o que pode gerar graves danos à saúde física ou mental de quem comete esse erro;

g) verdadeiro. Vimos uma linguagem científica tratando de um conhecimento com me-todologia científica nos rigores de suas características;

h) falso. Vimos aí uma constatação bastante clássica da psicologia do senso comum, na qual se utiliza de situações de vivência como terapêutica e fato científico.

Fidedignida-de: com auten-ticidade, rigor e precisão.

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1.3 Psicologia, psiquiatria e psicanáliseFalamos sobre o conceito de saúde, sobre o conceito de psicologia e também sobre o que é

senso comum e o que é conhecimento científico. Vimos que muitas informações que chegam às pes-soas não possuem nenhum teor científico e jamais foram comprovadas cientificamen te. São apenas concepções empíricas, criadas pelas pessoas em suas próprias vivências. Sabe mos que cada pessoa é única em sua constituição e subjetividade e que por mais que a situação de alguém seja parecida com a de outra pessoa, não podemos considerar que sejam iguais. O que é bom para determinada pessoa pode não ser bom para mim.

Vou contar a você uma história, não vou dizer se ela é verídica ou não e ao final quero que você utilize os conhecimentos que você tem para ajudar o personagem. Então preste bastante atenção.

Quem eu procuro: um psicólogo, um psicanalista

ou um psiquiatra?

A história de Jonas

Jonas acordou bastante tenso, dormira pouco, tinha frequentes pesadelos, em alguns momentos ouvia vozes, tinha calafrios e ao mesmo transpirava muito. O coração batia descompassadamente, sentia um perigo iminente, uma sensação de que algo muito ruim logo aconteceria, tinha vontade de correr e pedir socorro, mas algo o imobilizava, o que fazia com que o coração acelerasse mais.

No início essas sensações iam e vinham por alguns momentos, quando isso acontecia, bas-tava se isolar em algum lugar recluso e depois tudo ficava bem e voltava à normalidade.

Com o passar do tempo, a frequência dessas sensações foi aumentando e o isolamento já não era o bastante para que tudo voltasse ao normal. Um sentimento de menos valia pas-sou a acompanhá-lo. Antes era uma pessoa agradável, comunicativo, tinha bons amigos e gostava de estar com eles. No trabalho tinha um bom relacionamento com os colegas, por vezes participava de eventos familiares deles ou os convidava para vir a sua casa quando acontecia algum tipo de comemoração. Convivia bem com a vizinhança e com os familiares, procurando telefonar de vez em quando, estar com a família nos almoços dominicais ou em outros momentos de reunião.

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Porém, agora se sentia outra pessoa, não gostava de conversar e tampouco de in teragir com as pessoas. Os calafrios e a sensação de iminente perigo aconteciam cada vez mais. Acreditava que o perigo poderia estar em qualquer lugar, poderia ser no seu local de tra-balho, poderia ser em sua própria casa e qualquer pessoa com quem convi vesse poderia ser a responsável. Enxergava cada pessoa como um provável inimigo que poderia a qual-quer momento apunhalá-lo pelas costas. Tudo isso provocava um enorme sofrimento que já havia tirado a sua vontade de comer, de dormir, de se relacionar e até mesmo de conviver com seus filhos e com sua esposa. No início, ela considerou que ele não estivesse bem e que deveria procurar um médico. Com o passar do tempo, ela também foi se afas-tando e começando a julgar que eram apenas esquisitices e que mui tas pessoas ficam assim depois de certo tempo de convívio. Mas as esquisitices foram se tornando mais frequentes e sem perceber ele se tornara também agressivo e hostil, não somente com sua esposa, mas também com seus dois filhos. Logo, o inevitável aconteceu. Sua esposa pediu a separação.

Apesar do sentimento de tristeza e impotência, Jonas sentiu certo alívio, pois teria menos o que justificar quanto à necessidade de isolamento e mais tempo para ficar sozinho.

As noites eram intermináveis e sempre considerava que em uma delas tudo acabaria. Car-regava no peito a certeza de que não sobreviveria a uma nova noite, a uma nova tortura de pesadelos, calafrios, medo e extrema exaustão.

Quando, naquela manhã, o telefone tocou logo cedo, Jonas atendeu. Era Sueli, sua chefe. Ela questionou sua ausência no trabalho há dois dias, sem atender ao telefone ou justifi-car-se. "Você está bem? Posso te ajudar em alguma coisa?"

Viu naquela pergunta a sua última chance. Seu sofrimento era tão forte que o desejo in-tenso de tirar a própria vida já era constante. Pensou em pedir ajuda algumas vezes, mas não conseguiu unir forças para isso. Pela primeira vez, ao ouvir aquela pergunta, teve vontade de pedir socorro e, com muita dificuldade, falou com uma voz entrecortada que Sueli ou viu com dificuldade: "eu preciso de ajuda, Sueli! Por favor, me ajude!"

Exercitando o conhecimento

O que você faria para ajudar essa pessoa, no caso, ajudar o Jonas?

1. Você o aconselharia a procurar:

a) um psicólogo;

b) um psiquiatra;

c) um psicanalista.

Por favor, justifique sua resposta:

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25Psicologia Aplicada à Saúde

Você sabe como atua cada profissional acima citado? Quais as

semelhanças e as diferenças nas suas atuações? Caso não saiba,

vou lhe apresentar um profissional de cada uma dessas áreas, assim

vamos conhecer melhor as funções de cada um.

Conheça o Carlos, psicólogo.

Meu nome é Carlos. Sou psicólogo, fiz um curso superior na área de psicologia. É um curso com dez semestres ou cinco anos de duração. Nele, estudamos o comportamento humano e disciplinas afins para

que possamos lidar com pessoas que buscam autoconhecimen-to ou que estejam passando por dificuldades em se relacionarem

com outras pessoas ou com seus próprios sentimentos e emoções. Estudamos também disciplinas que trazem técnicas e conteúdos

adequados para lidarmos com pessoas que tenham algum tipo de distúrbio ou transtorno e também pessoas que queiram aprimorar algum aspecto emocional. Para atuar como profissionais, necessita-mos ter registro no Conselho de Psicologia, o órgão que normatiza e

orienta os profissionais da área.

Podemos trabalhar em vários campos de atuação: em hospitais, somos psicólogos hospitalares, na educação, somos

psicólogos escolares, nos esportes, psicólogos do esporte, na área clí-nica, psicólogos clínicos e assim por diante. Os psicólogos que aten-dem em um consultório e realizam psicoterapias são normalmente os psicólogos clínicos. Dentro da área clínica, um psicólogo pode

escolher entre inúmeras abordagens, que consistem em métodos de trabalho ou teorias de estudos. Dentre elas há a comportamental, a cognitivista, a sistêmica e outras. A partir da abordagem, o profissio-nal pode prever e planejar o trabalho que necessita desenvolver com

o paciente. Ah! Algo muito importante e relevante: nós psicólogos não podemos prescrever medicação, por isso sempre precisamos

aliar o nosso trabalho ao de um psiquiatra, que tem formação para fazer a prescrição medicamentosa.

Conheça a Débora, psiquiatra.

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Meu nome é Débora. Sou psiquiatra, me formei em medicina e fiz residência em psiquiatria em uma instituição regulamentada pelo Conselho de Medici-na. A minha formação como psiquiatra atende principalmente aos aspectos biológicos e fisiológicos do adoecimento, ou seja, se alguém apresenta um

transtorno de humor, por exemplo, provavelmente utilizarei uma prescrição do repositor químico para a deficiência a qual essa pessoa esteja apresentan-do em sua constituição física. Avalio cuidadosamente os sintomas descritos e como o paciente reage à medicação. Os diagnósticos são baseados em um

documento, que é uma espécie de catálogo das doenças, distúrbios e transtor-nos mentais. Um desses catálogos é o DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico

de Transtornos Mentais, outro é a CID, Classificação Internacional de Doenças. Esses catálogos ou manuais por vezes são alterados, por isso já estamos no

DSM IV e no CID 10.

Normalmente, após o acompanhamento adequado ao paciente e quando percebermos

que a medicação está fazendo o efeito esperado, recomendamos a esse paciente que procure um

psicólogo. Este profissional é bastante importante para dar continuidade ao nosso trabalho de psi-

quiatria. Com ele, o paciente irá discutir e analisar as condições que o levaram ao adoecimento e irá

repensar atitudes e comportamentos para mudan-ças de padrões de comportamento e de

qualidade de vida.

Meu nome é Patrícia, sou psicanalista. Eu fiz um curso superior e posteriormente ingressei num curso de formação de psicanalistas. Um psicanalista não precisa necessariamente ter se formado em

psicologia ou em psiquiatria, embora muitos psicólogos e psiquia-tras busquem essa formação para ampliar sua área de conhecimen-

tos sobre a análise do pensamento humano, sobre autoconheci-mento e trato com pessoas. Atuamos principalmente nos conflitos íntimos e situações intrapsíquicas, ou seja, em questões do mundo interior das pessoas. Nosso método é baseado nas teorias de Freud

e seus seguidores, como Melanie Klein, Jacques Lacan e outros. Os psicólogos têm uma formação mais ampla no que se refere aos

comportamentos e sentimentos e têm um repertório maior de informações para compreensão do ser humano, por terem em sua grade de formação um leque maior de conhecimentos em várias

áreas do comportamento.

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Comentário:

Pudemos perceber que esses profissionais lidam com comportamentos humanos. Para a saúde, dificilmente poderemos estabelecer qual a área mais importante, porque ela é um conjunto de fatores em que se busca um equilíbrio constante de bem estar e de qualidade de vida. A escolha do profissional é uma decisão que depende das necessidades de cada pessoa, envol ve empatia, uma análise pormenorizada da situação e do provável diagnóstico.

Exercitando o conhecimento

Complete as lacunas com a melhor designação da ocupação profissional, escolhendo entre psicólo go, psiquiatra ou psicanalista:

a) meu pai saiu da sala do profissional com um diagnóstico e um receituário na mão. Naquele dia, soubemos que as crises que o faziam perder a noção de realidade e muitas vezes levavam-no até à automutilação tinham nome: esquizofrenia;

( )

b) descobri na terapia que eu ainda poderia ser muito feliz. Embora carregasse comigo a dificuldade em me situar na vida, já havia abandonado vários empregos, iniciado vários cursos, havia criado uma resistência a conviver com pessoas. Agora, na terapia, eu preci-sava traçar metas para mim, eu precisava vencer meus próprios limites. Mas tudo deveria acontecer dentro do meu próprio ritmo. Eu estava vivenciando as técnicas de uma aborda-gem terapêutica chamada comportamentalista.

( )

c) eu estava num processo de análise há mais ou menos oito semanas. Descobri, nesse processo, vários aspectos que ainda desconhecia de minha vida psíquica. Busquei longe em cenas que rememoravam minhas relações paterna e materna. Pude rever também a criança que eu fui e o jovem que me tornei. Os conceitos freudianos me surgiam como autodes coberta e tudo o que eu aprendia sobre mim mesmo me revelava uma nova forma de viver consciente e muito, muito mais significativa.

( )

Comentários:

a) o receituário já deixa claro que ele consultou um psiquiatra, pois é o profissional de saú de mental que tem habilitação para prescrever;

b) a terapia comportamentalista é uma das abordagens da psicologia comportamental;

c) a análise através de conceitos freudianos é uma perspectiva da psicanálise.

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Resumindo

Vimos que saúde não é apenas a ausência de sintomas, mas uma integração de fatores rela-cionados ao bem-estar e à qualidade de vida. Na conferência de Otawa, em 1986, discutiu-se pela primeira vez o termo promoção de saúde e critérios foram caracterizados para ela ocorresse em todo o mundo.

A psicologia entrelaça-se em seus fundamentos ao conceito de saúde, pois envolve concep ções na busca de bem-estar e, consequentemente, de promoção de saúde. É um saber com postulados bastante antigos, porém, ainda jovem como ciência, pois apenas no final do século XIX conse guiu estabelecer-se como tal, após toda uma trajetória de questionamentos, dualismos teóricos sobre a existência, o psiquismo, o corpo, a alma, a mente e o espírito.

Muitas concepções existentes da psicologia estão enraizadas em conceitos empíricos. Vivencia-dos e passados de geração a geração, são considerados psicologia do senso comum. Para que os fa tos possam ser denominados científicos, precisam atender a critérios da metodologia cientifica, com ri gor, precisão, clareza e objetividade. Só assim podemos considerar que são fatos da psicologia científica.

Sempre tendo em mente a psicologia científica, profissionais se especializam para aten der às demandas do psiquismo. Assim, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas são os profissionais que se de-dicam ao comportamento humano e estão preparados para promover melhorias na qualidade de vida das pessoas, com técnicas e abordagens adequadas para as especificidades do indivíduo.

Estamos chegando ao final desta lição. Espero que você possa ter:

• compreendido a complexidade do conceito de saúde, as questões culturais que envolvem essa compreensão, além dos aspectos de nossa vida que estão relacionados à promoção de saúde;

• o conceito de psicologia, a sua história como ciência, a busca do homem pelo autoconheci-mento e o reconhecimento de sua própria natureza psíquica;

• a diferença entre ciência e senso comum, o que os dois têm em comum e sua distinção no conhecimento humano;

• o papel do psicólogo, do psiquiatra e do psicanalista na promoção de saúde.

Antes de você fazer uma atividade demonstrando os seus conhecimentos,

quero lhe presentear com um lindo texto de Paulo Roberto Gaefke que fala de sen-

timentos, de pessoas, de vida saudável, de viver com significado:

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29Psicologia Aplicada à Saúde

Recomeçar

Paulo Roberto Gaefke

Não importa onde você parou Em que momento da vida você se cansou O que importa

é que sempre é possível e necessário recomeçar.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo

É renovar as esperanças na vida e, o mais importante: acreditar em você novamente.

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado

Chorou muito? Foi limpeza da alma

Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia

Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechou a porta até para os anjos

Está se sentindo sozinho? Talvez você tenha afastado as pessoas no seu “período de isolamento”..

Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da sua melhora

Pois bem, agora é hora de reiniciar, de pensar na luz de encontrar prazer nas coisas sim-

ples de novo.

Tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para se aproximar.

Que tal dar um jeito no visual, fazer um novo curso ou realizar aquele velho desejo de

aprender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa?

Observe quantos desafios a vida está a lhe oferecer!

Quanta coisa nova está esperando para ser descoberta!

Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos, ficamos horríveis.

O mau humor vai minando nosso fígado, até a boca ficar amarga.

Se você está se sentindo assim, com a sensação de derrota, é hora de recomeçar

E hoje é um bom dia para enfrentar novos desafios.

Defina aonde você quer chegar e dê o primeiro passo.

Comece por fazer uma faxina mental, jogando fora todos esses pensamentos e senti-

mentos pessimistas que se acumularam ao longo do tempo.

Atire para longe os ressentimentos, as mágoas, os melindres que impedem a felicidade

de entrar.

Desfaça-se desse sentimento de inferioridade, de incapacidade, e valorize-se. Você é o

que fizer de você.

Em seguida, faça uma faxina no seu quarto. Jogue fora todo aquele lixo que você acumu-

la há tempos, só como recordação do passado.

Papéis velhos dos quais você nunca precisou. Disco e fitas que você não irá mais ouvir,

ingressos de cinema, bilhetes de viagens, e tudo aquilo que só traz recordações tristes.

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Parabéns,

você finalizou esta lição!

Agora responda às questões ao lado.

Abra seu guarda-roupa e retire tudo o que não usa mais. Doe para alguém que precisa.

Doe os calçados que apertam seus pés ou que não servem porque seu número não é

mais o mesmo.

Para recomeçar é preciso abrir espaços mentais e físicos

Depois que tomar essas providências, leia um bom livro, assista um bom filme, para ali-

mentar sua mente com ideias positivas e otimistas.

Aproxime-se dos amigos, dos familiares, das pessoas alegres que ajudarão você a sus-

tentar o bom ânimo e a coragem.

Evite, enquanto se restabelece, a presença de pessoas pessimistas e desanimadas. Só as

busque quando estiver forte o bastante puder ajudá-las.

Busque um lugar calmo e eleve a Deus uma prece.

Mas comece agradecendo pela vida, pelas oportunidades renovadas, pelos obstáculos

e desafios que surgem no caminho. Eles nos fazem mais forte quando os superamos.

Lembre-se: o dia de hoje é uma página em branco que o Criador lhe oferece para que

você escreva um novo capítulo da sua história.

Recomeçar é só uma questão de querer. Se você quer, Deus quer. É por isso que Ele ace-

na sempre com essa nova chance chamada presente.

Pense nisso e não perca nem mais um minuto. (GAEFKE, 2014).

Exercícios

Questão 1 – Numa visão sistêmica e integral, o que chamamos de saúde teria perfeita correlação com a palavra:

a) medicação;

b) internação;

c) equilíbrio;

d) dissociação.

Questão 2 – Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o conceito de saúde é “perfeito bem-estar físico, mental e social” da pessoa. Conceito questionável por ser con-siderado utópico e inatingível. Hoje em dia, considera-se que a saúde está relacionada ao mecanismo de polaridades, isso quer dizer que:

a) saúde é ausência total de sintomas. Para que isso ocorra, é necessário reeducação alimentar e preparação física;

b) saúde não é ausência total de sintomas, mas a consciência de um organismo no qual coexistem polaridades, como todo sistema existente. Assim como existem o Sol e a Lua, o fogo e água;

c) saúde é um conjunto de procedimentos externos a nós, pelos quais os especialistas são responsáveis;

d) saúde é o que buscamos apenas quando a máquina do corpo humano envelhece e apresenta sintomas, como desgaste natural.

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31Psicologia Aplicada à Saúde

Questão 3 – A Conferência Internacional de Otawa, que ocorreu em 1986, trouxe à dis-cussão, pela primeira vez, o que seria a promoção de saúde. Assim, convencionou-se que existem requisitos para ela existir. Marque a alternativa em que todos os itens são consi-derados requisitos para a promoção de saúde:

a) justiça social, ecossistema estável e controle da natalidade;

b) plano de saúde, educação e ecossistema estável;

c) industrialização, alimentação e biodiversidade;

d) recursos econômicos, abrigo e equidade.

Questão 4 – Marque a alternativa que apresenta informações falsas sobre a psicologia:

a) é uma disciplina que apresenta postulados bastante antigos e que, ainda antes de Cristo, já apresentava grandes teorias e indagações que a fortaleceram e consoli daram como ciência;

b) alcançou sua condição de ciência paulatinamente;

c) é uma ciência embrionária, embora suas teorias datem de milênios;

d) é uma ciência que se apresentava, teoricamente, entrelaçada aos questionamen-tos humanos do dualismo entre corpo e mente e que encontrou na fisiologia um grande sustentá culo para fortalecer a objetividade das observações metodológicas.

Questão 5 – Marque a alternativa que apresenta o nome do filósofo que, na era clás-sica, conduziu os seus postulados para um direcionamento entrelaçado à biologia, consi-derando que todos os viventes devem, inerentemente, nascer, crescer e se reproduzir para preservar a espécie:

a) Platão; c) Sócrates;

b) Aristóteles; d) Descartes.

Questão 6 – Marque a alternativa que apresenta o período da história conside rado por alguns autores como intermediário e pouco produtivo para as ci ências, pelo fato de todo conhecimento ser necessariamente apreciado pelo crivo da Igreja:

a) Idade Antiga; c) Idade Contemporânea;

b) Idade Média; d) Nenhuma das outras alternativas está correta.

Questão 7 – Marque a alternativa que contém informações sobre o marco histórico para a consolidação da psicologia como ciência:

a) a primeira teoria do aparelho psíquico, criada por Sigmund Freud;

b) a segunda teoria do aparelho psíquico, criada por Sigmund Freud;

c) a criação do primeiro laboratório de psicologia por Wilhelm Wundt, em 1879;

d) a transição da Idade Média para o Renascimento, na qual a ciência encontrou fortaleci-mento, assim como surgiu o método científico.

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Questão 8 – Marque a alternativa que contém o principal objeto de estudo da psicologia:

a) o comportamento;

b) a emoção;

c) o sentimento;

d) o ego.

Questão 9 – Marque a alternativa que mostra uma afirmativa correta sobre a psicolo gia científica:

a) psicologia cientifica e psicologia do senso comum definem o mesmo conhecimento;

b) são conhecimentos empíricos passados de geração a geração e que se consolidam como ciência;

c) não possui uma metodologia específica por tratar da subjetividade e de comporta-mentos não definidos.

d) possui postulados observáveis em laboratório amparados pela metodologia científica, em-bora estes tratem da subjetividade e também utilizem o senso comum como objeto de estudo.

Questão 10 – Tanto o psicólogo quanto o psiquiatra e o psicanalista são profissionais que se especializam em comportamentos humanos. Nas afirmativas abaixo, marque aque-la que define corretamente a diferença de seu procedimento:

a) apenas o psiquiatra pode incluir no tratamento prescrição medicamentosa;

b) apenas o psicanalista pode incluir no tratamento prescrição medicamentosa;

c) apenas o psicólogo pode incluir no tratamento prescrição medicamentosa;

d) com autorização de seus respectivos conselhos legais, tanto o psiquiatra quanto o psicanalista e o psicólogo podem incluir no tratamento prescrição medicamentosa.

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